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QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

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QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
Revisão Ortográfica: Clarice Virgilio Gomes

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
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dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a


ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
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qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professores: Thiely Rodrigues Ott


Cristiane Wachesk

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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Esta unidade irá abordar os principais aspectos da área da
gestão farmacêutica. A gestão farmacêutica preocupa-se com aspec-
tos administrativos gerenciais e humano, transformando o profissional
de forma ampla e integral. Especificamente, será focado: a) atenção
e assistência farmacêutica, atenção farmacêutica em situações e con-
dições comuns e organização da atenção à saúde; b) condutas com
medicamentos e problemas relacionados aos medicamentos; e c) pla-
nos de atenção farmacêutica, estratégia de ação, farmacovigilância e
seus aspectos históricos e prescrições. Você sairá desta unidade com
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um amplo conhecimento sobre os aspectos da gestão farmacêutica


em nível nacional.

Atenção e Assistência Farmacêutica. Conduta com Medicamentos.


Farmacovigilância.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
ATENÇÃO E ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Estudo da Atenção e Assistência Farmacêutica __________________ 12

Atenção Farmacêutica nas Situações/Condições Clínicas Comuns _ 14

Organização da Atenção à Saúde no Nível Local e Inserção do


Farmacêutico na Equipe Multidisciplinar da Atenção Primária à
Saúde _________________________________________________________ 16

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Orientação Farmacêutica x Aconselhamento ao Paciente ________ 18

Acesso à Informação sobre Medicamentos ______________________ 20

Recapitulando ________________________________________________ 25

CAPÍTULO 02
CONDUTAS COM MEDICAMENTOS

Serviços Farmacêuticos e Atenção Farmacêutica _______________ 29

Resultados Negativos a Medicamentos (RNM) e Problemas Rela-


cionados com Medicamentos (PRM): Detecção, Avaliação e Pre-
venção ________________________________________________________ 34

Comunicação entre Profissional da Saúde e Paciente e Interpro-


fissionais ______________________________________________________ 40

Recapitulando _________________________________________________ 42

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CAPÍTULO 03
PLANOS DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA

Planos de Atenção Farmacêutica ________________________________ 46

Estratégia de Ação ______________________________________________ 50

Farmacovigilância ______________________________________________ 53

Erros de Prescrição ______________________________________________ 55

Recapitulando __________________________________________________ 60

Fechando a Unidade ____________________________________________ 63

Referências _____________________________________________________ 66
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Os serviços farmacêuticos têm por objetivo melhorar a saúde
da população e gerar resultados para a empresa, criando valor para to-
dos os envolvidos. O farmacêutico deve possuir uma visão organizacio-
nal, uma visão da unidade de negócio, onde os serviços farmacêuticos
devem ser gerenciados como uma nova unidade de negócios dentro da
empresa, com resultados, estratégias e gestores distintos.
A unidade de serviços farmacêuticos deve ter uma liderança
técnica, focada nas exigências regulatórias, treinamento e qualidade dos
processos, e uma liderança executiva, focada em comercial e marketing.
Esses dois papéis dificilmente poderão ser ocupados pela mesma pessoa.
Neste módulo você aprenderá informações importantes para o
seu desenvolvimento profissional como no primeiro capítulo, que iremos
realizar uma abordagem sobre a atenção na assistência farmacêutica,
tratando inclusive sobre as condições das clínicas e o acesso à informa-
ção sobre medicamento.
Indo além, no capítulo 2, nos dedicaremos ao estudo dos conhe-
cimentos na área de conduta com medicamentos, retratando sobre os
serviços e a atenção farmacêutica e como se dá a comunicação entre o

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profissional de saúde e o paciente. Por fim, nos dedicaremos no capítulo 3
a tratar do plano de atenção farmacêutica, elencando as suas estratégias.
Este curso será capaz de fornecer as ferramentas necessárias
para que você seja um profissional capaz de atualizar-se e destacar-se
no mercado de trabalho que atualmente é amplamente competitivo.

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ATENÇÃO E ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA

ESTUDO DA ATENÇÃO E ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

A Atenção Básica à Saúde (ABS) caracteriza-se por um con-


junto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a
promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnósti-
co, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da
saúde, com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte
na situação de saúde e de autonomia das pessoas e nos determinantes
e condicionantes de saúde das coletividades (Costa et al. 2014).
A atenção básica é desenvolvida por meio do exercício de prá-
ticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob a forma
de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios, pelas quais
assume a responsabilidade sanitária. Considerada o contato preferen-
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cial dos usuários e a principal porta de entrada do sistema de saúde,
a Atenção Básica à Saúde é o centro de comunicação das Redes de
Atenção à Saúde (RAS) e tem um papel chave na sua estruturação,
como ordenadora da RAS e coordenadora do cuidado. Observe a figura
1 (Costa et al. 2014):

Figura 1: Redes de Atenção à Saúde (RAS).

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Fonte: (REMONDI, 2014).

A Assistência Farmacêutica exerce um importante papel na


Atenção Básica à Saúde, na medida em que busca garantir o acesso e a
promoção do uso racional de medicamentos. A disponibilidade dos medi-
camentos na ABS deve atender às necessidades epidemiológicas, com
ciência, regularidade e qualidade apropriadas, de forma integrada com
uma orientação para o uso racional de medicamentos, por meio de dife-
rentes serviços ofertados no território. A Assistência Farmacêutica (AF)
apresenta componentes de natureza técnica, cientí¬fica, de inovação tec-
nológica e operativa, tendo por objeto a relação com o usuário, organiza-
da de acordo com a complexidade, as necessidades da população e as
funcionalidades dos serviços de saúde (Barreira Filho et al. 2013).
As diretrizes da Política Nacional de Assistência Farmacêutica
são aplicadas no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio dos serviços
farmacêuticos, como um conjunto de ações no sistema de saúde, que
buscam garantir uma atenção integral, coordenada, contínua, segura e
efetiva às necessidades e aos problemas de saúde dos usuários, das
famílias e da comunidade. A AF tem o medicamento como um de seus
elementos essenciais e contribui para seu acesso equitativo e seu uso
racional (Patriota et al. 2014).
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ATENÇÃO FARMACÊUTICA NAS SITUAÇÕES/CONDIÇÕES CLÍNI-
CAS COMUNS

O cuidado farmacêutico constitui a ação integrada do farmacêu-


tico com a equipe de saúde, centrada no usuário, para promoção, prote-
ção e recuperação da saúde e prevenção de agravos. Visa à educação
em saúde e à promoção do uso racional de medicamentos prescritos e
não prescritos, de terapias alternativas e complementares, por meio dos
serviços da clínica farmacêutica e das atividades técnico-pedagógicas
voltadas ao indivíduo, à família, à comunidade e à equipe de saúde.
Do ponto de vista histórico, a prática farmacêutica assistencial
e centrada no paciente inicia-se em meados de 60, com o movimento da
farmácia clínica nos serviços hospitalares (Nicoletti et al. 2007). Algumas
décadas depois, a farmácia clínica passou a abranger, enquanto área
de atuação farmacêutica, todos os pontos e níveis de atenção à saúde,
e incluir todas as atividades clínicas do farmacêutico, tanto de suporte à
equipe de saúde, como voltadas ao cuidado direto do paciente.
Assim, a farmácia clínica contemporânea incorpora a prática
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que ficou conhecida no Brasil como atenção farmacêutica ou cuidado


farmacêutico, do termo original em inglês “pharmaceutical care”. Obser-
ve a figura 2 (Fleith Otuki et al., 2014).

Figura 2: Estrutura, processos e resultados do cuidado farmacêutico.

Fonte: (AUTORA, 2020).


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O cuidado farmacêutico ao usuário visa promover a utilização
adequada dos medicamentos, com foco no alcance de resultados te-
rapêuticos concretos. Essas ações são desenvolvidas no interior dos
pontos de atenção à saúde, primários, secundários e terciários, de for-
ma colaborativa com a equipe de saúde, e situam-se no campo do uso
racional dos medicamentos (Costa et al. 2014).
A participação ativa do farmacêutico nas equipes multipro¬fissio-
nais é vista como necessidade para o redesenho do modelo de atenção às
condições crônicas e para melhoria dos resultados em saúde, particular-
mente no nível dos cuidados primários. Como cita o próprio Ministério da
Saúde: “é importante destacar que a melhoria do sistema de saúde, com
ênfase na qualidade da atenção primária em saúde, com investimentos na
educação continuada de recursos humanos, na atenção farmacêutica e em
outras áreas estratégicas, resultará em melhora do manejo para o conjunto
das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)”. Como descrito por
Mendes em 2011: As questões logísticas, fundamentais para a garantia da
acessibilidade aos medicamentos, não devem ser sobrevalorizadas como
única e exclusiva atribuição dos profissionais farmacêuticos, em uma visão
equivocada que institui como objeto da assistência farmacêutica o medica-

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mento. Uma proposta consequente de assistência farmacêutica desloca o
seu objeto do medicamento, colocando como seu sujeito as pessoas usu-
árias do sistema de atenção à saúde (LEITE et al. 2015).
A clínica farmacêutica na atenção básica e o cuidado farmacêuti-
co aos usuários de medicamentos operacionaliza-se por meio da criação
de serviços de clínica farmacêutica (Leite et al. 2015). Os serviços farma-
cêuticos na Atenção Básica à Saúde são exercício da clínica farmacêuti-
ca. Enquanto ação de saúde construída na relação com o usuário, exige
habilidade, competência, reflexão, atitude e autonomia do farmacêutico,
que atua integrado à equipe de saúde, visando à promoção do uso racio-
nal dos medicamentos. A clínica farmacêutica abriga serviços orientados
ao uso racional de medicamentos, com a ¬ funcionalidade de obter resul-
tados concretos de segurança e de efetividade do tratamento. Para isso,
busca a otimização dos processos da farmacoterapia, entre os quais a
seleção da terapêutica e a administração, e adesão aos medicamentos
pelo usuário. Trata-se de um conjunto de atividades que passam, neces-
sariamente, pela construção de vínculo terapêutico entre o farmacêutico
e o usuário, pela compreensão dos fatores que condicionam o comporta-
mento do usuário no contexto singular e pela negociação com os saberes
e práticas populares de saúde, de forma a garantir a continuidade e a
autonomia dos usuários em relação ao seu cuidado (COSTA ET al. 2014).
Os serviços de clínica farmacêutica devem abranger um elenco
de ações assistenciais nos pontos de atenção à saúde, ofertadas por
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meio de atendimento individual ou compartilhado com a equipe de saúde.
Essas ações assistenciais podem incluir a dispensação de medicamen-
tos, a orientação terapêutica ao usuário, o acompanhamento farmacote-
rapêutico, a revisão da farmacoterapia, a conciliação dos medicamentos
e a avaliação e promoção da adesão terapêutica (COSTA ET AL. 2014).

Figura 3: Ações assistenciais.


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Fonte: (AUTORA, 2021).

A oferta desses serviços permite ao farmacêutico o gerencia-


mento integrado de toda farmacoterapia, gerando um controle maior
e mais eficaz das doenças, maior segurança para o usuário e contri-
buindo para a melhoria na sua qualidade de vida. Cabe destacar que
a dispensação de medicamentos, no marco dos serviços de clínica far-
macêutica, deverá ter seus objetivos, método de trabalho e estruturas
subjacentes totalmente transformadas.
Além dessas atividades, é necessário organizar um sistema de
referência e contrarreferência, entre os serviços de clínica farmacêutica
da atenção básica e os serviços farmacêuticos clínicos ofertados nos
níveis secundários e terciários (COSTA ET AL. 2014).

ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE NO NÍVEL LOCAL E IN-


SERÇÃO DO FARMACÊUTICO NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Durante muito tempo, o farmacêutico teve seu papel de profis-


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sional de saúde negligenciado com relação ao cuidado em saúde. As
mudanças históricas nos processos produtivos e a influência dessas mu-
danças nos currículos acadêmicos culminaram em um profissional tecni-
cista, de conhecimentos multicompartimentados, descontextualizado da
equipe multidisciplinar, mantendo uma relação mais íntima com o produto
(medicamento) do que com o usuário do produto (paciente). A atuação
clínica promove o reencontro entre farmacêutico e paciente, exigindo do
profissional novas competências para que possa novamente se respon-
sabilizar pelo bem-estar do paciente e tornar-se um dos provedores de
cuidados em saúde, no contexto do cuidado multidisciplinar.
O cuidado farmacêutico constitui a ação integrada do farma-
cêutico com a equipe de saúde, centrada no usuário, para a promoção,
a proteção e a recuperação da saúde e prevenção de agravos. Visa à
educação em saúde e à promoção do uso racional de medicamentos
prescritos e não prescritos, de terapias alternativas e complementares,
por meio dos serviços da clínica farmacêutica e atividades técnico-pe-
dagógicas voltadas ao individuo, à família, à comunidade e à equipe de
saúde. O atendimento realizado pelo farmacêutico em ambiente am-
bulatorial trata-se de um encontro terapêutico, em que o farmacêutico

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deve estabelecer uma relação de confiança com o paciente, responsa-
bilizando-se pelos problemas enfrentados por este em relação às suas
condições de saúde e ao seu tratamento (LEITE ET AL. 2015).
O cenário do atendimento farmacêutico, seguramente, deve ser
parte do cuidado multidisciplinar. Vale lembrar que, ainda que seja neces-
sário o reconhecimento das fronteiras de atuação dentro do consultório,
jamais a avaliação farmacêutica deve ser fragmentada e restritiva. Pelo
contrário, uma avaliação integral do paciente pelo farmacêutico permite
a identificação da necessidade do compartilhamento do caso com outros
profissionais de saúde, gerando um cuidado interdisciplinar e até trans-
disciplinar. As principais metas do serviço de clínica farmacêutica são:
- A orientação dos pacientes direcionada ao acesso aos medi-
camentos por meio da atenção básica, dos componentes estratégicos e
especializados da assistência farmacêutica.
- A educação do paciente sobre seus medicamentos e proble-
mas de saúde, de modo a aumentar sua compreensão do tratamento e
promover o autocuidado.
- A promoção da adesão do paciente ao tratamento, por meio
da orientação terapêutica, da redução da complexidade do tratamento e
da provisão de recursos que apoiem a tomada de medicamentos.
- A otimização da farmacoterapia, por meio da revisão da poli-
medicação e, quando possível, da redução da carga de comprimidos e
do custo do tratamento.
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- A avaliação da efetividade e da segurança dos tratamentos
e o ajuste da farmacoterapia, quando necessário, com o prescritor e a
equipe de saúde.
- A identificação, a prevenção e o manejo de erros de medica-
ção, de interações medicamentosas, de reações adversas, de intoxica-
ções e de riscos associados aos medicamentos.
A educação do paciente para a guarda e a destinação adequa-
da dos medicamentos vencidos e demais resíduos de saúde ligados à
terapêutica. Essas metas só poderão ser alcançadas se houver um flu-
xo organizado de trabalho inserido no contexto do serviço (unidade de
saúde, por exemplo), no qual o farmacêutico é o principal responsável,
podendo, eventualmente, compartilhar algumas atividades com a equi-
pe de saúde (BARREIRA FILHO ET AL. 2013).
A habilidade em se reconhecer como membro de uma equipe
e reconhecer o outro como colaborador do processo de cuidado é im-
prescindível para o trabalho do farmacêutico na clínica, especialmen-
te se considerarmos esse trabalho sendo desenvolvido no contexto da
Atenção Básica em Saúde. A interação entre diferentes disciplinas ou
conjunto de conhecimentos sistemáticos e organizados deve alcançar
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um nível de relação que supere a multidisciplinaridade, pois esta é uma


realidade em que diferentes indivíduos trabalham isoladamente sobre
um mesmo problema. É necessário um salto qualitativo na articulação
da equipe, propondo-se a uma atividade que tenha como objetivo ser
inter e transdisciplinar para que as relações possam se tornar verdadei-
ramente colaborativas e horizontais.
A equipe é multidisciplinar, mas as ações não devem ocorrer
de maneira isolada. Em um trabalho inter e transdisciplinar em saúde,
o farmacêutico e os demais profissionais interagem de maneira direta e
recíproca e propõem intervenções benéficas para o paciente, sem que
haja predominância de um uma ou outra competência, mas que todas
as competências compartilhem entre si pontos de vista e conhecimen-
tos (BARREIRA FILHO ET AL. 2013).

ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA X ACONSELHAMENTO AO PA-


CIENTE

O plano de cuidado consiste no conjunto de ações pactuadas


com o paciente ao final da consulta, bem como na definição das metas
terapêuticas a serem atingidas. É na elaboração do plano de cuidado
que o farmacêutico define a necessidade de realização de intervenções
farmacêuticas para prevenir ou resolver problemas no uso dos medica-
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mentos. Por definição, intervenções farmacêuticas são “atos planeja-
dos, documentados e realizados junto ao usuário e aos profissionais de
saúde, que visam resolver ou prevenir problemas relacionados à farma-
coterapia e garantir o alcance das metas terapêuticas”.
Uma intervenção farmacêutica pode, portanto, ser direcionada
diretamente ao paciente ou ao médico (ou prescritor) responsável pela
seleção do tratamento que está sendo utilizado. Pode incluir também
encaminhamentos a outros profissionais (NICOLETTI ET AL. 2007).
Para aconselhamento ao paciente sobre os medicamentos,
adotamos como referência o método desenvolvido pelo Serviço de Saú-
de Indígena dos Estados Unidos (Indian Health Service) e as diretrizes
para aconselhamento sobre medicamentos estabelecidas pelo Ameri-
can Society of Health-System Pharmacists (ASHP) desde 1997.
O objetivo primário durante o aconselhamento é aumentar o co-
nhecimento do paciente sobre os medicamentos, de uma maneira que es-
teja adequada à escolaridade, à cultura e aos conhecimentos prévios do
paciente. O aumento do conhecimento, por sua vez, tem por objetivo am-
pliar a capacidade do paciente de tomar decisões e gerir seu tratamento,
sua autoconfiança e sua adesão ao tratamento (Patriota et al. 2014).

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A ASHP recomenda as seguintes etapas para o aconselha-
mento dos pacientes:
- Estabeleça uma relação terapêutica com o paciente.
- Apresente-se ao paciente.
- Explique como vai acontecer o atendimento e tome conheci-
mento da capacidade de fala, audição e linguagem do paciente.
- Avalie o conhecimento do paciente.
- Pergunte sobre sua saúde e seus medicamentos.
- Avalie a capacidade mental e física do paciente para manuse-
ar e utilizar os medicamentos conforme prescrição. Avalie suas crenças
e dificuldades. Faça perguntas abertas e fechadas.
- Forneça orientação verbal e complemente com recursos visu-
ais ou demonstrações. Use os próprios medicamentos do paciente para
apoiar a orientação, mostrando os comprimidos, lendo com o paciente
informações da embalagem, demonstrando como usar corretamente a
forma farmacêutica. Complemente com informação por escrito, na for-
ma da lista completa dos medicamentos do paciente ou do calendário
de medicação.
- Verifique se o paciente entendeu as informações. Use a téc-
nica do teach-back, pedindo ao paciente que repita as informações que
foram fornecidas durante a consulta. Isso pode ser feito, principalmente,
quando se aproxima o fim da consulta.

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O Serviço Americano de Saúde Indígena utiliza uma abor-
dagem de perguntas para explorar o conhecimento do paciente e
tentar construir uma interação e orientação com o mesmo, utiliza-
-se também a metodologia de teach-back para confirmar o entendi-
mento do paciente.

O processo de aconselhamento do paciente está inserido no ro-


teiro da consulta, integrado à coleta de dados sobre o paciente. Durante a
coleta de dados, use as perguntas da própria anamnese farmacológica e
do BMQ para explorar as questões relativas ao conhecimento do paciente.
Estas perguntas estarão integradas a outras, como a rotina de medicação,
o esquecimento de doses, as dificuldades de manejo dos produtos, entre
outras. Em termos de conteúdo, uma revisão de ensaios clínicos randomi-
zados indicou que um “aconselhamento-de-seis-pontos”, acrescido da en-
trega de materiais impressos, esteve associado aos melhores resultados:
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- Nome do medicamento, indicação e propósito do tratamento;


- Regime terapêutico: dose, frequência, horários de tomada e
duração do tratamento;
- Como administrar o medicamento corretamente;
- A importância do uso e da adesão ao tratamento para a saúde;
- As precauções de uso, particularmente alimentos e bebidas a
evitar ou efeitos colaterais mais comuns;
- O reforço, caracterizado pela repetição do aconselhamento
em mais de uma consulta com o farmacêutico.

ACESSO À INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS

Os medicamentos contribuem, em muitos casos, de forma de-


cisiva para o controle das doenças e o aumento da expectativa e da
qualidade de vida da população, sendo que sua ausência ou uso irra-
cional coloca em risco os investimentos nas ações de saúde. Para que
haja uso racional de medicamentos, uma série de eventos bem-sucedi-
dos deve ocorrer (Costa et al. 2014).
Em primeiro lugar, é preciso definir claramente o objetivo tera-
pêutico do uso do medicamento; a seguir, que se prescreva o medica-
mento apropriado, de acordo com dados de e¬ficácia, de segurança e
de adequação ao indivíduo. É necessário, ainda, que a prescrição seja
20
adequada quanto à forma farmacêutica e ao regime terapêutico; que o
medicamento esteja disponível de modo oportuno e acessível, e que
responda a critérios de qualidade exigidos (Costa et al. 2014).
Deve haver dispensação em condições adequadas, com orien-
tação ao usuário, e este deve cumprir o regime terapêutico da melhor
maneira possível, para que surjam resultados terapêuticos desejados. O
uso racional de medicamentos consiste, assim, em maximizar os benefí-
cios obtidos pelo uso dos fármacos, e em minimizar os riscos decorrentes
de sua utilização (acontecimentos não desejados) e em reduzir os custos
totais da terapia para o indivíduo e a sociedade (Costa et al. 2014).
O uso ciente dos medicamentos exige o trabalho articulado de
uma equipe de pro¬fissionais que assistem diretamente ao usuário. No in-
terior dessa equipe, o médico tradicionalmente atua como pro¬fissional que
seleciona e inicia o uso de medicamentos, enquanto pro¬fissionais como
enfermeiros e farmacêuticos devem atuar como corresponsáveis pela im-
plementação e ajuste do plano terapêutico, pelo suporte ao usuário e pelo
monitoramento dos resultados terapêuticos, dando feedback à equipe e
permitindo que todo o sistema se retroalimente e se mantenha organizado.
Falhas nessas condições essenciais levam ao sofrimento hu-

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mano, à incapacidade, à redução na qualidade de vida e à morte, além
de ocasionarem maiores custos e desperdício de recursos para o sis-
tema de saúde e para a sociedade. Os gastos públicos com medica-
mentos são crescentes e constituem o segundo maior item de despesa
dos sistemas de atenção à saúde, somente superados pela atenção
hospitalar (Leite et al. 2015).
Apesar desse crescente fluxo de ¬ financiamento e da clara
ampliação da distribuição de medicamentos, ainda se pode distinguir,
no Brasil, uma dupla carga de problemas relacionados aos medicamen-
tos, o que caracteriza a atual Assistência Farmacêutica, própria tanto
de países desenvolvidos como daqueles em desenvolvimento. Por um
lado, as ciências políticas, gerenciais e estruturais comprometem o
acesso oportuno de parte da população aos medicamentos, em quanti-
dade e qualidade su¬ficientes. Por outro lado, o desenvolvimento socio-
econômico, o acesso à informação e a medicamentos sem prescrição
médica, a pluralidade de prescritores de diferentes especialidades, a
alta prevalência das condições crônicas e a polimedicação criaram no-
vas necessidades relacionadas aos medicamentos que os serviços de
saúde atuais têm di¬ficuldade em atender (Leite et al. 2015).
A utilização inadequada dos medicamentos pelos usuários e pe-
los serviços de saúde costuma levar a resultados desastrosos. Em estu-
do populacional realizado no Estado de São Paulo com mais de 2 mil ido-
sos, foi evidenciado que 1 em cada 3 indivíduos utiliza 4 medicamentos
21
ou mais, e 15,6% faziam uso de pelo menos 1 medicamento considerado
inadequado. A pesquisa revelou também que o número maior de con-
sultas médicas, assim como o número de internações, levava, respecti-
vamente, a uma razão de chances de 1,9 e 3,8 vezes maior de o idoso
consumir quatro medicamentos ou mais (CARVALHO, 2007).
O uso simultâneo de cinco ou mais medicamentos é também
um fator de risco importante para interações medicamentosas graves.
Um estudo de coorte prospectiva, realizado na Atenção Primária à Saú-
de em Ourinhos/SP, encontrou uma prevalência de 6% de reações ad-
versas causadas por interações entre medicamentos. Os problemas de
saúde mais comuns foram sangramento gastrointestinal, hipercalemia
e miopatia. Os medicamentos mais implicados foram varfarina, ácido
acetilsalicílico, digoxina e espironolactona. Um total de 37% dos usuá-
rios necessitaram de internação hospitalar devido a esses problemas.
Problemas de saúde relacionados ao uso de medicamentos
são causas importantes de busca de atendimentos de urgência e emer-
gência no Brasil. Em estudos conduzidos em pronto atendimento hos-
pitalar, foi encontrada prevalência de 31,6% a 38,2% de consultas de
urgência ligadas a medicamentos. Por volta de 16% desses usuários ti-
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

nham problemas de adesão ao tratamento, 14%, ausência de tratamen-


tos necessários, 12%, não efetividade terapêutica, 5%, intoxicações,
4%, reações adversas e 2%, complicações pelo uso de medicamentos
desnecessários (CARVALHO, 2007).
Estudos prospectivos mostraram que 38,6% a 65,3% desses
casos não são detectados pela equipe médica como sendo ocasiona-
dos por medicamentos, o que faz com que essa realidade permaneça
oculta dos gestores e da equipe de saúde (HOHL et al., 2010). Os au-
tores de uma revisão sistemática, publicada em 2002, concluíram que
pelo menos 28% de todas as visitas ao pronto atendimento eram re-
lacionadas a problemas da farmacoterapia, sendo que 8,6% a 24,2%
destas visitas levavam a admissões hospitalares e 70% dos eventos
são considerados evitáveis (PATEL; ZED, 2002).
A prevalência global de internações hospitalares relacionadas
a medicamentos no Brasil não é conhecida. Considerando apenas as
reações adversas a medicamentos (RAM) no universo possível de pro-
blemas com medicamentos, resultados de estudos realizados na Bahia
demonstraram que 2,1% das admissões hospitalares foram causadas
por RAMs. Jovens e idosos representaram 28,8% e 31,1% dos usuários.
Segundo as conclusões de um estudo realizado no interior de São Paulo,
15,5% das admissões ocorridas em um hospital geral, no período de um
mês, haviam sido causadas por RAMs (MASTROIANNI et al., 2012).
A não adesão dos usuários à farmacoterapia, principalmente
22
entre aqueles portadores de doenças crônicas e com tratamentos mais
complexos, continua sendo um desafio¬ para os serviços de saúde. Um
estudo com mais de 150 mil usuários, na América do Norte, revelou que
a taxa de persistência e de adesão ao tratamento para seis medicamen-
tos de uso contínuo para glaucoma, dislipidemia, osteoporose, diabetes,
hipertensão e bexiga hiperativa variava de 37% a 72% nos primeiros 12
meses de tratamento. No estudo foi evidenciado também que entre hi-
pertensos tratados no decorrer do período de dez anos, apenas 39% dos
usuários persistem no tratamento, 22% interrompem e reiniciam o trata-
mento durante o período e 39% o abandonam de¬finitivamente.
No Brasil, há muitos trabalhos publicados nos quais é avaliada a
prevalência da não adesão dos usuários aos medicamentos, para diver-
sos tipos de tratamentos. Em um estudo realizado no sudoeste de Santa
Catarina, ¬ demonstrou-se que, entre usuários de hipolipemiantes, a taxa
de não aderentes (retirada de comprimidos apesar desse conjunto de evi-
dências) continua sendo praticamente negligenciada (Costa et al. 2014).
Há uma escassez de serviços dedicados à gestão da adesão
dos usuários aos medicamentos, sendo uma exceção alguns serviços
especializados no tratamento do HIV e AIDS. Também permanece a

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


visão distorcida de que a não adesão é responsabilidade exclusiva dos
usuários. Usuários com di¬ficuldades de adesão e que não obedecem
às “ordens” da equipe de saúde continuam sendo rotulados como usu-
ários “difíceis” ou “resistentes”. O Ministério da Saúde reconhece o pro-
blema e já estabeleceu como estratégico, para o País, o desenvolvi-
mento de mecanismos para o aumento da adesão ao tratamento das
condições crônicas e para a promoção do uso racional de medicamen-
tos específicos (Costa et al. 2014).
A automedicação inadequada também afeta de forma impor-
tante os usuários do SUS. Estudos mostram que 60,2% das pessoas
não tomavam atitude terapêutica alguma quando vivenciam problemas
de saúde, 31,6% automedicam-se e apenas 8,2% procuram por servi-
ços de saúde (MENDOZA-SASSI et al., 2006).
O projeto Bambuí revelou que apenas 54% das pessoas maio-
res de 18 anos faziam uso exclusivo de medicamentos prescritos, 28,8%
usavam medicamentos sem prescrição e 17,2% faziam uso de ambos.
Em inquéritos sobre farmácia domiciliar foram encontrados de 3,8 a 5,1
medicamentos por domicílio. Muitos deles desprovidos de prescrição e
utilizados por crianças e adolescentes. Boa parte desses medicamen-
tos, ainda, é armazenada de forma inadequada, apresenta perda de
qualidade e é descartada de forma prejudicial ao meio ambiente.
Os medicamentos mais usados por automedicação no Brasil
são os analgésicos e os anti-inflamatórios não esteroidais (Aine). Não
23
por acaso, entre os usuários encaminhados para endoscopia digestiva
em Hospital Universitário de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais,
34% relataram utilização de Aine nos 30 dias que antecederam o exame
e 61% dos usuários eram por automedicação (RIBEIRO; SEVALHO;
CÉSAR, 2007).
Em consequência desse conjunto de problemas, uma grande
parcela dos tratamentos com medicamentos no Brasil falha em produzir
resultados terapêuticos desejados, como em usuários com diabetes tipo
2.
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

24
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(UFAL — FARMACÊUTICO — COPEVE-UFAL — 2018) Qual das
alternativas refere-se a uma das características fundamentais da
Atenção Farmacêutica?
a) Sendo um tipo de cuidado especializado, a Atenção Farmacêutica
não pode ser dispensada a todo e qualquer paciente, ou incluir qualquer
problema de saúde ou todos os tipos de medicamentos.
b) É de fácil gerenciamento, pois o oferecimento de um serviço para o
paciente não requer aspectos logísticos e gerenciais diferentes daque-
les utilizados na dispensação de medicamentos.
c) Possui um método sistemático e racional de tomada de decisão sobre
medicamentos, associado a um processo de cuidado do paciente.
d) Prioriza a documentação das intervenções bem sucedidas do profis-
sional farmacêutico.
e) Baseia-se em uma filosofia profissional focada no medicamento.

QUESTÃO 2

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


(UFAL — FARMACÊUTICO — COPEVE-UFAL — 2018) A partir da
reorientação da Assistência Farmacêutica proposta na Política Na-
cional de Medicamentos, os serviços de Assistência Farmacêutica
passaram a integrar de forma cada vez mais próxima os serviços
de Atenção Primária à Saúde, passando da atuação meramente ad-
ministrativa ligada à logística do medicamento para a atuação mais
ampla centrada na promoção do uso racional. Quando os serviços
farmacêuticos se orientam para promover esse uso racional frente
ao usuário e de forma integrada com a equipe de saúde, com foco
no alcance de resultados terapêuticos ótimos para os usuários, te-
mos a inserção do cuidado farmacêutico como prática profissional.
Dessa forma, pensando no contexto da Atenção Primária, são ações
que podem ser realizadas no âmbito do cuidado farmacêutico:
I - ações de revisão da farmacoterapia.
II - seleção de medicamentos.
III - conciliação de medicamentos.
IV - ações de educação continuada para o uso racional voltadas
para a equipe de saúde.
V - programação de medicamentos.
Dos itens, verifica-se que estão corretos apenas:
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I, IV e V.
25
d) II, III e V.
e) II, IV e V.

QUESTÃO 3
(PREFEITURA DE RIO DE JANEIRO – RJ — FARMACÊUTICO — 2019)
No contexto recente da assistência farmacêutica, o exercício profis-
sional ultrapassa a fronteira de manejo do medicamento e aproxi-
ma-se, assim, da pauta da bioética, em sua concepção global de
proteção da vida. Com enfoque para o exercício de uma assistência
farmacêutica ética, pode-se considerar como preceito fundamental:
a) reconhecimento da isonomia dos usuários.
b) respeito aos princípios democráticos.
c) promoção de uso possível dos medicamentos.
d) provisão do tratamento disponível.

QUESTÃO 4
(PREFEITURA DE RIO DE JANEIRO – RJ — FARMACÊUTICO —
2019) O gerenciamento em assistência farmacêutica requer emba-
samento técnico, voltado para a obtenção de resultados positivos
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

baseados em planejamento. A técnica de planejamento que está


pautada na análise do ambiente interno e externo, visando a for-
talecer os pontos fortes, em áreas onde se identifiquem oportuni-
dades, e a minimizar ou eliminar os pontos fracos, em áreas com-
preendidas como ameaças, é definida como:
a) ZOPP.
b) GUT.
c) MAPP.
d) SWOT.

QUESTÃO 5
(HUB — FARMÁCIA — CESPE/CEBRASPE — 2018) Com relação à
assistência farmacêutica na atenção básica à saúde, julgue o pró-
ximo item.
O ciclo da assistência farmacêutica inicia-se com a seleção de me-
dicamentos, realizada com o objetivo de evitar compras e perdas
desnecessárias e a descontinuidade no suprimento de produtos
farmacêuticos.
( ) Certo
( ) Errado

QUESTÃO DISSERTATIVA
O processo de aconselhamento do paciente está inserido no roteiro da
26
consulta, integrado à coleta de dados sobre o paciente. Durante a coleta
de dados, use as perguntas da própria anamnese farmacológica e do
BMQ para explorar as questões relativas ao conhecimento do paciente.
Estas perguntas estarão integradas a outras, como a rotina de medica-
ção, o esquecimento de doses, as dificuldades de manejo dos produtos,
entre outras. Neste contexto, mencione quais são os principais pontos a
serem observados durante o aconselhamento farmacêutico.

NA MÍDIA
FARMÁCIAS DEVEM FATURAR MAIS DE 20 BI EM DEZEMBRO
Os medicamentos de prescrição, os genéricos destacaram-se pelo
maior aumento percentual – 9,3%, com movimento na casa de R$ 1,08
bilhão. A receita, porém, ainda está distante da dos medicamentos de
marca (R$ 3,8 bilhões) e de referência (R$ 2,4 bi).
A comercialização dos MIPs, por sua vez, mantém sua consistência
com incremento de 5,6% e R$ 2,6 bilhões de faturamento. Mas os pro-
dutos da área de cuidados ao paciente (PAC) registraram alta de 11%.
Somente os nutracêuticos devem apresentar queda, com recuo estima-
do em 1,9% frente a novembro.

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


Fonte: Panorama Farmacêutico.
Data: 20 out. 20.
Disponível em: <https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/12/22/far-
macias-devem-faturar-mais-de-r-20-bi-em-dezembro/>. Acesso em: 05
abr. 2022.

NA PRÁTICA
Quando utilizar os serviços públicos de saúde, você tem o direito de
receber gratuitamente os medicamentos receitados e que façam parte
das relações no SUS para o tratamento do seu problema de saúde.
Os medicamentos disponibilizados no SUS devem ser receitados pela
denominação genérica e não pelo nome de marca. Os medicamentos
receitados devem ser obtidos somente em Unidades de Saúde, farmá-
cias e drogarias, e nunca em camelôs, feiras, supermercados, lojas de
conveniência, entre outros.
Fonte: (BVSMS, 2015). Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/cartilha_promocao_uso_racional_medicamentos.pdf>.
Acesso em: 05 abr. 2022.

PARA SABER MAIS


Leia esta reportagem realizada na cidade de Mariana. Na reportagem,
menciona-se de que forma é realizado o atendimento farmacêutico ofe-
recido em farmácias.
27
Programa: Portal da cidade Mariana.
Reportagem: Saiba como é feito o atendimento farmacêutico oferecido
nas farmácias.
Disponível em: (PORTAL DA CIDADE, 2020). Disponível em: <https://
mariana.portaldacidade.com/noticias/saude/saiba-como-e-feito-o-aten-
dimento-farmaceutico-oferecido-nas-farmacias-2918>. Acesso em: 12
abr. 2022.
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

28
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS
CONDUTAS COM MEDICAMENTOS

SERVIÇOS FARMACÊUTICOS E ATENÇÃO FARMACÊUTICA

As transformações sociais, demográ¬ficas e econômicas ocorri-


das no país, desde a década de 1980, ocasionaram repercussões diretas
nas condições de vida, de trabalho e de saúde da população brasileira.
Do ponto de vista demográ¬fico, o acelerado crescimento da população
brasileira, aliado às mudanças expressivas na estrutura etária, materiali-
zou-se em impactos significativos, representando a de¬finição de políti-
cas públicas que respondam a essas transformações (Leite et al. 2015).
Em relação ao per¬fil epidemiológico, o país vive uma transi-
ção singular, caracterizada por uma tripla carga de morbimortalidade
que envolve: a persistência de doenças parasitárias, infecciosas e a
desnutrição, característica de países subdesenvolvidos, embora com
2929
tendências de decréscimo; o desa¬fio das doenças crônicas e de seus
fatores de risco como sedentarismo, tabagismo, alimentação inadequa-
da, obesidade e outros agravos; e o crescimento das causas externas,
em decorrência do aumento da violência, dos acidentes de trânsito e
acidentes de trabalho, homicídios e suicídios (Leite et al. 2015).
Nesse contexto, os sistemas de atenção à saúde devem estar
organizados para oferecer uma atenção contínua e integral a diferentes
grupos populacionais, considerando suas características singulares de
saúde, que envolvem fatores sociais, econômicos e culturais. Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), os sistemas de atenção à saú-
de são um conjunto de atividades cujo propósito é promover, restaurar
e manter a saúde de uma população de atingir os seguintes objetivos:
o alcance de um nível ótimo de saúde, distribuído de forma equitativa;
a garantia de uma proteção adequada contra os riscos, para todos os
cidadãos; o acolhimento humanizado dos cidadãos; a provisão de servi-
ços seguros e efetivos e sua prestação de modo ciente. Assim, os siste-
mas de atenção à saúde podem ser entendidos como respostas sociais
deliberadas às necessidades de saúde da população, que se expressa
em situações demográ¬ficas e epidemiológicas singulares (Leite et al.
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

2015). No entanto, a falta de respostas oportunas a essas necessidades


desencadeou uma crise nos sistemas de saúde, reflexo tanto da situ-
ação epidemiológica dominada pelas condições crônicas como da não
garantia de continuidade do cuidado (Costa et al. 2014).
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) estabelecido pela
Constituição Federal de 1988 tem como princípios doutrinários a uni-
versalidade, a equidade e a integralidade, e está organizado sob as
diretrizes organizativas da descentralização, da regionalização-hierar-
quização, da resolubilidade, da participação da comunidade e da com-
plementaridade do setor privado. Após 25 anos do seu advento, o Sis-
tema Único de Saúde adquiriu dimensão universal e transformou-se no
maior projeto público de inclusão social, uma vez que é responsável
exclusivo pela atenção a 140 milhões de brasileiros, e dos 48 milhões
assistidos pelo sistema de saúde suplementar, muitos utilizam o SUS
nas situações em que o sistema privado limita a cobertura.
O SUS oferece mais de 40 mil unidades básica de saúde, qua-
se 6 mil hospitais e 60 mil ambulatórios contratados, 2.500 centros de
atenção psicossocial, mais de mil academias da saúde, entre outros
equipamentos distribuídos em todo país. Disponibiliza anualmente mais
de 2 bilhões de procedimentos ambulatoriais e mais de 11 milhões de
internações hospitalares. Realiza 10 milhões de procedimentos de qui-
mioterapia e radioterapia, mais de 200 mil cirurgias cardíacas e mais de
150 mil vacinas a cada ano. Desenvolve programas que são referência
30
internacional: o Sistema Nacional de Imunizações, o Programa de Con-
trole de HIV/AIDS e o Sistema Nacional de Transplantes de Órgãos,
com a maior produção mundial de transplantes realizados em sistemas
públicos de saúde do mundo (Leite et al. 2015).
O sistema de saúde também provê para o conjunto da popu-
lação brasileira serviços de vigilância sanitária, de alimentos e de vigi-
lância epidemiológica, além de programas universais de acesso a me-
dicamentos, entre tantos outros. Embora os avanços alcançados pelo
SUS desde a sua criação sejam inegáveis e signi¬ficativos, torna-se
cada vez mais premente, no contexto do século XXI, a necessidade de
superar a intensa fragmentação das ações e dos serviços de saúde e
quali¬ficar a gestão do cuidado (Leite et al. 2015).
O modelo de atenção à saúde vigente fundamentado nas ações
curativas, centrado no cuidado médico e estruturado com ações e serviços
de saúde dimensionados ao Ministério da Saúde a partir da oferta, tem
se mostrado insuficiente, para dar conta dos desafios sanitários atuais e
insustentável para os enfrentamentos futuros. Nessa perspectiva, o grande
desa¬fio que se apresenta para o SUS, na sociedade contemporânea, é
o de consolidar um sistema integrado que responda de forma adequada a

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


essas necessidades de saúde da população (Costa et al. 2014).
O desenvolvimento das Redes de Atenção à Saúde (RAS),
orientadas pela Portaria nº 4.279/2010 e pelo Decreto nº 7.508, de 28 de
junho de 2011, que regulamenta a Lei Orgânica da Saúde nº 8.080, de 19
de setembro de 1990, de¬fine como uma estratégia de reestruturação do
sistema de saúde, tanto no que se refere à sua organização quanto na
qualidade e no impacto da atenção prestada sobre a saúde da população.
Nessa portaria, a RAS é definida como: “[...] Arranjos organiza-
tivos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnoló-
gicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e
de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado”. Fundamenta-se
na compreensão da APS como primeiro nível de atenção, enfatizando
a função resolutiva dos cuidados primários sobre os problemas mais
comuns de saúde e a partir do qual se realiza e coordena o cuidado em
todos os pontos de atenção. Os pontos de atenção à saúde são enten-
didos como espaços onde se ofertam determinados serviços de saúde,
por meio de uma produção singular.
Experiências têm demonstrado que esse tipo de organização,
tendo a APS como coordenadora do cuidado e ordenadora da rede,
apresenta-se como um mecanismo de superação da fragmentação sis-
têmica, sendo mais capazes, tanto em termos de organização, alocação
de recursos; coordenação clínica; quanto em sua capacidade de fazer
face aos atuais desafios do cenário socioeconômico, demográ¬fico, epi-
31
demiológico e sanitário.
Contudo, para que a Atenção Básica à Saúde (ABS) possa re-
sultar em todos esses benefícios, deve ser reformulada para cumprir
três papéis essenciais nas Redes de Atenção à Saúde: a resolução, ou
seja, a capacidade para solucionar mais de 85% dos problemas de saú-
de de sua população; a coordenação, isto é, a capacidade de orientar
os fluxos e os contra fluxos de pessoas, de informações e de produtos
entre os componentes das redes; e a responsabilização, quer dizer, a
capacidade de acolher e responsabilizar-se, sanitária e economicamen-
te por sua população (Costa et al. 2014).
Nesse sentido, a nova Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB) reforça que a atenção básica deve ser a principal porta de en-
trada e o centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde,
e atualizar os conceitos na política ligados ao papel almejado da AB na
ordenação da RAS. Os princípios que norteiam a AB são a universa-
lidade, a acessibilidade, o vínculo, a continuidade do cuidado, a inte-
gralidade da atenção, a responsabilização, a humanização, a equidade
e a participação social e esta deve ser desenvolvida com alto grau de
descentralização, capilaridade e próxima da vida das pessoas.
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

É oportuno destacar que, no SUS, o debate pela maior inten-


si¬ficação da integração foi enfatizado a partir do Pacto pela Saúde, em
2006. Por meio do Pacto foi ¬firmado um acordo entre os gestores do
Sistema, visando priorizar o processo de regionalização da saúde e a
organização do sistema de saúde sob a forma de redes, como estratégias
para consolidar os princípios norteadores do SUS (Leite et al. 2015).
A operacionalização das redes será desenvolvida por meio de
seus elementos constitutivos, descritos a seguir: população e região de
saúde, estrutura operacional e modelo de atenção à saúde.

Figura 4 – Elementos constitutivos das redes.

Fonte: (AUTORA, 2021).

O primeiro elemento das RAS é uma população que vive em


32
territórios sanitários singulares (população adscrita), organiza-se so-
cialmente em famílias e é cadastrada em subpopulações por risco so-
ciossanitário. As RAS devem ser capazes de identi¬ficar claramente a
população e a área geográ¬fica sob sua responsabilidade.
As regiões de saúde são espaços geográ¬ficos contínuos,
constituídos por agrupamentos de municípios limítrofes, delimitados a
partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de co-
municação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finali-
dade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações
e serviços de saúde (Patriota et al. 2014).
Essas regiões devem ser definidas com base em parâmetros
espaciais e temporais precisos, visando assegurar a distribuição territo-
rial adequada das estruturas, para garantir tempo/resposta necessários
ao atendimento, para a melhor proporção de estrutura/população/terri-
tório e viabilidade operacional sustentável (Patriota et al. 2014).
A estrutura operacional é constituída pelos diferentes pontos
de atenção à saúde, ou seja, lugares institucionais onde se ofertam
serviços de saúde; pelos sistemas de apoio a estes serviços e pelas
ligações que os comunicam. Os componentes da estrutura operacional

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


são: Centro de Comunicação, que é exercido pela Atenção Primária/
Básica em Saúde, que ordena fluxos e contrafluxos de pessoas, de pro-
dutos e de informações entre os diferentes componentes das redes,
sendo coordenadora do cuidado.
Os pontos de atenção à saúde são entendidos como espaços nos
quais se ofertam determinados serviços de saúde, por meio de uma pro-
dução singular. São exemplos as unidades básicas de saúde, as unidades
ambulatoriais especializadas, os serviços de hemoterapia e hematologia,
os centros de apoio psicossocial, entre outros. Todos os pontos de atenção
à saúde são igualmente importantes para que se cumpram os objetivos da
Rede de Atenção à Saúde, e diferenciam-se apenas pelas distintas densi-
dades tecnológicas que os caracterizam (Patriota et al. 2014).
Os pontos de apoio diagnóstico e terapêutico são constituídos
como unidades funcionais que ofertam procedimentos de apoio, tais como:
diagnóstico de imagem, patologia, análises clínicas e métodos gráficos.
Os sistemas de apoio são os lugares institucionais da rede
onde se prestam serviços comuns a todos os pontos de atenção à saú-
de e, por isso, são transversais às Redes de Atenção à Saúde. São
constituídos pelos Sistemas de Apoio Diagnóstico e Terapêutico, Siste-
mas de Informação e Sistema de Assistência Farmacêutica.
Os sistemas logísticos consistem na efetivação de um sistema
de referência e contrarreferência que orientam decisões assistenciais, de
prevenção da doença e de promoção da saúde. As diretrizes desdobram-
33
-se em Guias de Prática Clínica/Protocolos Assistenciais, que orientam
as linhas de cuidado e viabilizam a comunicação entre as equipes e os
serviços, a programação de ações e a padronização de determinados
recursos. Outro exemplo consiste na organização de serviços para condi-
ções de saúde de relevância sanitária, proposta a partir da compreensão
ampliada do processo saúde-doença, com foco na integralidade, incorpo-
rando as melhores evidências da clínica, da saúde coletiva, da gestão em
saúde e da produção de autonomia (Patriota et al. 2014).
Consequentemente, desa¬fios a serem superados estão propos-
tos para a reestruturação do Sistema Único de Saúde, segundo a concep-
ção das Redes de Atenção à Saúde, entre as quais destacamos a integra-
ção das ações e dos serviços no campo da Assistência Farmacêutica.

RESULTADOS NEGATIVOS A MEDICAMENTOS (RNM) E PROBLE-


MAS RELACIONADOS COM MEDICAMENTOS (PRM): DETECÇÃO,
AVALIAÇÃO E PREVENÇÃO

Em 1999, durante a Conferência Europeia sobre Atenção Far-


QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

macêutica da “Pharmaceutical Care Network Europe” (PCNE), o Proble-


ma Relacionado ao Medicamento (PRM) já havia sido definido como:
“[...] a ocorrência de problemas na farmacoterapia de um indivíduo que
causa, ou pode causar, interferência nos resultados terapêuticos”. As-
sim, um PRM acontece se houver uma ocorrência ou mesmo a possi-
bilidade de uma ocorrência na terapêutica medicamentosa. Por outro
lado, segundo o II Consenso de Granada (2002), PRMs são problemas
de saúde entendidos como resultados clínicos negativos, derivados da
farmacoterapia que, produzidos por diversas causas, interferem no re-
sultado terapêutico ou levam a efeitos indesejados. Esta definição con-
traria o conceito estabelecido pela PCNE que considera também como
PRM todas as ocorrências que possam gerar danos (potenciais) à saú-
de, não sendo necessária a real ocorrência de efeitos indesejados.
Os PRM’s incluem também o Erro de Medicação (EM), que é
definido como “qualquer erro que ocorra durante o processo de prescri-
ção e utilização do medicamento”. Estes erros podem estar relacionados
com os procedimentos e sistemas da prática profissional que incluem: a
prescrição, comunicação de pedido, rotulagem, dispensa, distribuição,
administração e adesão do paciente. Implícito na definição de EM está
que ele é evitável e ocorre devido a limitações do conhecimento, lapsos,
falhas ou defeitos no sistema. Podem ser cometidos tanto por profissio-
nais inexperientes como pelos experientes, sejam médicos, farmacêuti-
cos, enfermeiros, técnicos, cuidadores e o próprio paciente.
34
O termo PRM não é o único utilizado para descrever um problema
farmacoterapêutico. Outros termos têm sido propostos, como: Problemas
Relacionados à Terapia, Falhas Farmacoterapêuticas. De acordo com o
segundo consenso de granada (comitê de consenso, 2002), os problemas
relacionados com medicamentos (PRMs) são classificados em:
Necessidade:
- PRM 1: O paciente sofre um problema de saúde em consequ-
ência de não receber um medicamento de que necessita.
- PRM 2: O paciente sofre um problema de saúde em consequ-
ência de receber um medicamento de que não necessita.
Efetividade:
- PRM 3: O paciente sofre um problema de saúde em consequ-
ência de uma inefetividade não quantitativa do medicamento.
- PRM 4: O paciente sofre um problema de saúde em consequ-
ência de uma inefetividade quantitativa do medicamento.
Segurança
- PRM 5: O paciente sofre um problema de saúde em consequ-
ência de uma insegurança não quantitativa de um medicamento.
- PRM 6: O paciente sofre um problema de saúde em consequ-

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


ência de uma insegurança quantitativa de um medicamento.
Quanto à ocorrência, os PRMs podem ser:
- Os não evitáveis que causam danos ao paciente.
- São as reações adversas a medicamentos (RAMs).
Atualmente, as RAMs são classificadas em seis tipos segundo
sua origem e características, observe a tabela 1.

35
Tabela 1: Classificação Das Rams Em Relação Às Suas Características E
Ocorrências.
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: (AUTORA, 2022).

O tipo A de RAM está relacionado a um efeito farmacológico


conhecido do fármaco (como, por exemplo, os efeitos anticolinérgicos
dos antidepressivos tricíclicos). Mesmo sendo previsível, a sua pres-
crição não deve ser considerada um erro de medicação. Quando a ne-
cessidade clínica supera o risco de ocorrência de efeitos adversos já
descritos, a sua prescrição não deve ser considerada como um erro de
medicação. Assim, caso este efeito adverso venha a ocorrer, o apropria-
do é considerá-lo como uma RAM.
Os PRMs levam a um aumento substancial na morbidade e da
mortalidade, assim como aumentam os custos nos cuidados da saúde,
prejudicando tanto o indivíduo, como a sociedade. A prevenção de um
PRM seria a condição ideal para que não fosse necessária a sua cor-
reção. Todavia, alguns PRMs podem ser consequência de uma reação
particular e não evitável de um paciente, como é o caso das reações de
hipersensibilidade causadas por agentes anti-inflamatórios não esteroi-
dais (AINEs), antibióticos, anticonvulsivantes, entre outros, comumente
diagnosticadas como Síndrome de Stevens-Johnson. Nesse caso, os
PRMs se constituem nas Reações Adversas aos Medicamentos (RAMs).

36
Alguns Primos podem ser consequência de uma reação par-
ticular e que não pode ser evitado pelo paciente, como é o caso das
reações de hipersensibilidade causados por agentes anti-inflamató-
rios não esteroidais (AINEs), antibióticos, anticonvulsivantes, comu-
mente sendo caracterizado como a Síndrome de Stevens-Johnson.

Erros de medicação (EM) evitáveis podem ou não causar dano


e são comuns em toda parte do mundo. Na Inglaterra, cerca de 85 mil
erros de medicação foram registados pelo Serviço Nacional de Saúde.
Nos EUA, os erros de medicação contribuíram, anualmente, com a mor-
te de mais de sete mil pacientes dentro e fora dos hospitais. Além disso,
o custo das doenças relacionadas aos medicamentos triplicou nos últi-
mos anos e excedeu os USD 175 bilhões.
Esses números podem estar subestimados, pois, centenas de
milhares de erros associados ao uso de medicamentos nunca foram

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relatados. Os erros de medicação estão divididos nas etapas de pres-
crição, dispensa e administração. Na Argentina, uma pesquisa detectou
um alto índice de prescrições ilegíveis, tanto no setor público, quanto no
privado, possivelmente originando enormes danos à população.
Outro estudo demonstrou que prescrições erradas levaram ao
óbito ou geraram lesões graves em mais pacientes norte-americanos
do que se poderia ter imaginado, tendo sido estimado que dois terços
desses problemas poderiam ter sido evitados. Desta forma, uma vez
estabelecidos os conceitos, podemos classificá-los em função de sua
ocorrência na terapêutica.
A utilização de definições e classificações adequadas, e acei-
tes pela comunidade científica, facilitará a comunicação entre os profis-
sionais de saúde e pesquisadores. Dessa forma, comunicações sobre
esta questão tão importante poderão ser confrontadas, propiciando a
geração de atitudes para o uso racional de medicamentos.
É importante conhecer os problemas de saúde e os medica-
mentos em profundidade, e este conhecimento é o que ajudará a escla-
recer muitas dúvidas. Porém, nunca se poderá assegurar nada até que
o PRM desapareça após uma intervenção. Para a análise dos medica-
mentos é importante levar em conta que:
- É necessário realizar um bom estudo dos medicamentos que
o paciente utiliza, para que a intervenção tenha maiores garantias de
ser útil na sua saúde;
37
- O estudo dos medicamentos deve ser realizado partindo das
características gerais do grupo terapêutico a que pertence cada fárma-
co, até à análise dos aspectos mais particulares.
Isto é muito importante quando se trata de medicamentos novos
em determinado grupo, pois estes poderão apresentar os mesmos pro-
blemas derivados de seu uso que seus antecessores, e ainda não estar
descrito, devido ao pouco tempo de utilização. No caso de medicamentos
mais antigos, que aparentemente não apresentam nenhum problema de
segurança, em relação a seu grupo, isso pode ser devido mais à falta de
existência de publicações que a ausência de efeito indesejado. Os aspec-
tos mais importantes a considerar dos medicamentos são os seguintes:
- Indicações autorizadas.
- Ação e mecanismo de ação.
- Posologia.
- Margem terapêutica.
- Farmacocinética.
- Interações.
- Interferências analíticas.
- Precauções.
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- Contraindicação.
- Problemas de segurança.
Nas indicações autorizadas aponta-se o uso recomendado dos
medicamentos e explicam o porquê de se encontrarem no estado de
situação. Ajudam a interpretar a forma que o médico seleciona o tra-
tamento da doença. Também podem explicar os resultados atingidos,
desejados ou não, experimentados pelos pacientes.
No estudo dos mecanismos de ação é demonstrado a maneira
pela qual o medicamento atua na doença. Permite que o farmacêutico
entenda o que está ocorrendo quando um medicamento é efetivo ou o
que deveria ocorrer e não ocorre quando é inefetivo. Desta forma, ao
explicar como se manifesta uma possível insegurança do medicamento,
o farmacêutico poderá encontrar a chave que o ajudará a planejar a me-
lhor intervenção possível, buscando o benefício do paciente, tanto a curto
como a longo prazo. Também poderia explicar por meio de reação quí-
mica o balanço entre a efetividade desejada e a insegurança previsível.
Assim, facilitaria programar uma possível intervenção quando se deseja
preservar um medicamento ou explicar uma insegurança justificada pelo
mecanismo de ação habitual do medicamento. Pode-se dizer que enten-
dendo o mecanismo de ação de um medicamento, entende-se os efeitos
deste no organismo, tanto os desejados como os não desejados.
Já a margem terapêutica é aquela descrita na bibliografia,
como a que produz habitualmente a efetividade do medicamento, ou
38
seja, a dose que vai da mínima efetiva à máxima segura. Denomina-
-se janela terapêutica à margem terapêutica aplicada a um paciente
de forma individual, e, por vezes, diferente da margem habitual de utili-
zação do medicamento. Desta forma, uma determinada quantidade de
medicamento, que está dentro de sua margem terapêutica usual, em
determinado paciente, poderá apresentar-se como uma dose acima da
máxima segura, podendo ser efetiva ou jamais chegar a ser.
É muito importante, desta forma, conhecer o que acontece no
paciente, pois a margem estabelecida na literatura apenas nos orienta.
Dessa forma, é necessário levar sempre em conta os indicadores de
efetividade e segurança reais.
A farmacocinética nos fornece a informação para tentarmos
conhecer quando medir parâmetros clínicos de efetividade e de segu-
rança, avaliar a possibilidade de interações, interferências analíticas,
efeitos sinérgicos intencionais e a duração do efeito do medicamento.
As interações são importantes, devemos tentar conhecê-las e
explicá-las através do mecanismo de ação dos medicamentos e assim
entender como se produzem e se manifestam, e avaliar se têm relevân-
cia clínica e se podem ser utilizadas de forma intencional, como sinérgi-

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cas, para a ação dos medicamentos.
As interferências analíticas determinarão a importância clínica de
cada caso, indicando se um valor biológico será consequência do meca-
nismo de ação do medicamento, ou consequência do processo patológi-
co, apresentando, neste caso, a possível correlação com a evolução da
doença. Um caso típico é o da elevação das transaminases produzidas
pelas estatinas. É lógico que um medicamento que atua sobre a síntese de
colesterol a nível hepático eleva o nível destas enzimas, o que nos indica
que o fígado está a funcionar. Uma discreta elevação das transaminases
pode indicar que o medicamento está a atuar e, junto ao valor do colesterol,
expressará a sua efetividade e não um problema de segurança.
Conhecer as contraindicações é essencial em situações pelas
quais algum medicamento não deverá ser utilizado em determinado pa-
ciente. Devem ser entendidas no contexto do mecanismo de ação do
medicamento ou de alguma situação de risco do paciente, o que nos
leva a pensar que o risco de utilização supera o benefício do mesmo.
Em todo caso, estas devem ser diferenciadas dos efeitos secundários
e de outros problemas de segurança. Problemas de segurança: englo-
bam todos os efeitos não desejados do medicamento. É importante dis-
criminar se são consequência do mecanismo de ação ou, pelo contrário,
se não guardam nenhuma correlação com este. Isso amplia as possibi-
lidades de atuação sobre eles, permitindo também estabelecer relações
entre problemas de saúde tratados com os medicamentos, e os que
39
aparecem como consequência da utilização destes.
Com frequência, aparecem problemas de segurança que po-
dem ser consequência de vários medicamentos utilizados pelo pacien-
te. É interessante ter isso em conta, pois, por mais lógica que possa ser
a implicação de um medicamento no surgimento de um determinado
efeito, nem sempre isso corresponderá à realidade e deve considerar-
-se todas as possibilidades. Nem todos os problemas de terapia medi-
camentosa podem ser identificados a partir da prescrição médica.
Na atenção farmacêutica, o farmacêutico coleta e organiza in-
formações adicionais para assegurar que o resultado terapêutico espe-
rado seja alcançado e minimize a ocorrência de resultados negativos
associados ao medicamento (RNM).
Através da prática da Atenção Farmacêutica são realizadas a
monitorização farmacoterapêutica dos pacientes e intervenções farma-
cêuticas que são definidas como todas as ações da qual o farmacêutico
participa ativamente como nas tomadas de decisão, na terapia dos pa-
cientes e também na avaliação dos resultados, contribuindo para au-
mentar a efetividade e diminuir os riscos da farmacoterapia.
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COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAL DA SAÚDE E PACIENTE E


INTERPROFISSIONAIS

Além da percepção sobre a comunicação com os médicos, fi-


guras destacadas pelas pacientes, elas relataram, com o mesmo grau
de importância, as percepções sobre a comunicação dos profissionais
de saúde em geral, incluindo enfermeiras, psicólogos, nutricionistas, fi-
sioterapeutas, terapeuta ocupacional, auxiliares de enfermagem, téc-
nicos de radiologia, recepcionistas, copeiras e auxiliares de limpeza.
A maioria dos depoimentos referentes a essa subcategoria foi positivo,
expressando valorização e sentimento de gratidão pelo atendimento re-
cebido, como pode ser constatado nos relatos a seguir.
Para os pacientes, o modo como se dá o relacionamento inter-
pessoal com os profissionais de saúde, em que se faz uso da comuni-
cação verbal e não verbal, é essencial no cuidado que recebem. A co-
municação expressa pelo afeto, compaixão, toque, palavras de conforto
é enfatizada pelas mulheres e, mesmo em meio à dor e ao sofrimento,
é reconhecida como de grande importância para auxiliar na superação
de um momento difícil.
Concordando com Costa (2014), nesta época em que os avanços cien-
tíficos são supervalorizados, ao ponto de se achar que todos os pro-
blemas podem ser resolvidos pela ciência, os relatos das entrevista-
40
das demonstram que o relacionamento interpessoal e a comunicação
adequada são atitudes que elas esperam dos profissionais de saúde.
Algumas mulheres revelam sua satisfação com os profissionais da on-
cologia, reafirmando a necessidade de se sentirem ouvidas e serem
cuidadas por pessoas que se importam com elas.
Assim como ocorreu no caso dessa mulher, é possível verificar cotidia-
namente nos serviços de saúde a maior facilidade de acesso às pes-
soas que são próximas ao diretor da instituição ou a funcionários que
têm poder para resolver um determinado problema.
De acordo com Gerschaman et al. (2007) essa relação de proximidade,
seja pelo apadrinhamento ou pela relação de igualdade de status, pode
ser um canal para o acesso a privilégios, como a maior agilidade no
atendimento. No depoimento acima é claramente perceptível a preocu-
pação referente aos direitos civis que as demais pessoas possuem e a
relação de desamparo e distância que se estabelece rotineiramente nos
serviços de saúde.
A composição da equipe com profissionais de diversas áreas tem o
propósito de aliviar a manifestação do sofrimento físico e psíquico dos
pacientes e familiares, muito comum na realidade do tratamento onco-

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lógico. Nos depoimentos constata-se que, para algumas mulheres, o
acompanhamento com um ou mais profissionais da equipe ajudou no
enfrentamento das dificuldades e das limitações impostas pela doença.
Atualmente, embora o modelo biomédico seja hegemônico e o cuidado
fragmentado, é preciso valorizar as ações dos profissionais de saúde
que se mostram mais atentos ao sujeito em sofrimento, e não somente
à doença. Tais ações se configuram como exemplos de integralidade,
surgem no cotidiano das práticas dos serviços e podem ser observadas
tanto na forma de organização do serviço de saúde, quanto no modo
como os profissionais interagem com os pacientes, tratando-os digna e
respeitosamente, com acolhimento e vínculo.
De acordo com Fortes e Ballester (2012), a área da saúde é composta
por profissões com diversos núcleos de competências específicas e,
ainda hoje, a realidade da prática assistencial é marcada por ser frag-
mentada e isolada: nessa realidade quem cuida do corpo não vê o emo-
cional, quem cuida do emocional não vê o social, e assim por diante.
Muitos profissionais seguem atendendo de forma isolada, sem entrosa-
mento com os demais ou com outros níveis da rede assistencial.

41
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(UNIRIO — FARMACÊUTICO/HABILITAÇÃO — CESGRANRIO —
2016) Aplicando-se o Método Dáder na prática da atenção farma-
cêutica e considerando-se as definições do 3º Consenso de Gra-
nada sobre Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM) e
Resultados Negativos Associados à Medicação (RNM), um paciente
em tratamento profilático de trombose venosa, utilizando varfarina
sódica 5 mg VO 4 vezes por semana e que apresenta sangramento
na gengiva e no nariz está sofrendo um RNM do tipo:
a) efeito de medicamento não necessário.
b) inefetividade quantitativa.
c) inefetividade não quantitativa.
d) segurança quantitativa.
e) segurança não quantitativa.

QUESTÃO 2
(PREFEITURA DE NATAL-RN — FARMACÊUTICO — COMPERVE —
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2018)
Resultado negativo associado ao uso de medicamento (RNM) é um
termo utilizado no Método Dader de acompanhamento farmacotera-
pêutico. RNMs são definidos como problemas de saúde e alterações
não desejadas no estado de saúde atribuíveis ao uso (ou desuso) de
medicamentos. Nesse contexto, considere um paciente hipertenso
e dislipidêmico que iniciou tratamento com hidroclorotiazida 25 mg
(dois comprimidos ao dia) e sinvastatina 40 mg (1 comprimido diá-
rio). Após oito semanas, o paciente continuou apresentando valores
pressóricos elevados e risco de hipocalemia (3,6 mmol/L; valores de
referência: 3,5 – 5,0 mmol/L), mesmo tendo aderido ao tratamento e
seguido as demais condutas não farmacológicas (atividade física e
dietoterapia) e apresentado perfil lipídico adequado. Nesse caso, o
RNM apresentado e o medicamento envolvido são, respectivamente:
a) efeito de medicamento desnecessário e sinvastatina.
b) insegurança não quantitativa e hidroclorotiazida.
c) insegurança quantitativa e sinvastatina.
d) inefetividade não quantitativa e hidroclorotiazida.

QUESTÃO 3
(UNIRIO — FARMACÊUTICO/HABILITAÇÃO — CESGRANRIO —
2016)
O Método Dáder e o PWDT (Pharmacist’s Workup of Drug Therapy)
42
ou Projeto Minnesota de Atenção Farmacêutica (Minnesota Phar-
maceutical Care Project) são ferramentas frequentemente utiliza-
das na prática da atenção farmacêutica. Uma das diferenças entre
esses métodos está na abordagem dos PRM (Problemas Relacio-
nados a Medicamentos), de modo que, para a abordagem do Mé-
todo Dáder, o III Consenso de Granada sobre PRM e Resultados
Negativos Associados à Medicação (RNM) listou pelo menos 13
possíveis categorias de PRM.
Por outro lado, no PWDT trabalha-se com a possibilidade de clas-
sificação dos PRM em:
a) 2 categorias
b) 5 categorias.
c) 7 categorias.
d) 9 categorias.
e) 11 categorias.

QUESTÃO 4
(PREFEITURA DE NATAL-RN — FARMACÊUTICO — COMPERVE —
2018)

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Paciente vai à farmácia comunitária privada com a seguinte pres-
crição: Voltarina 50 mg (produto fictício), tomar 3 comprimidos diá-
rios durante cinco dias. Trata-se de um produto similar não equi-
valente ao medicamento de referência (Voltaren ©: diclofenaco
sódico, comprimidos de 50 mg). O farmacêutico, não dispondo da
Voltarina, dispensa o medicamento genérico diclofenaco sódico,
comprimidos de 50 mg. A conduta do farmacêutico foi:
a) inadequada, pois o fármaco dispensado similar com mesma forma
farmacêutica e dose, apenas o Voltaren poderia ser dispensado.
b) inadequada, pois o fármaco dispensado é similar não equivalente ao
medicamento de referência, apenas a Voltarina poderia ser dispensada.
c) adequada, pois medicamentos similares, com a mesma forma farma-
cêutica e a mesma dose são intercambiáveis com os genéricos.
d) adequada, pois não houve manifestação por escrito do prescritor
proibindo a intercambialidade de medicamentos.

QUESTÃO 5
(PREFEITURA DE RURÓPOLIS-PA — FARMACÊUTICO — FADESP
— 2019) Um paciente recebeu prescrição médica de azitromicina
e celecoxibe em uma única receita (tipo C, branca), apresentada
em duas vias. Como esses medicamentos são sujeitos a controle
especial, a conduta adequada do farmacêutico é
a) entrar em contato com o prescritor para esclarecer sobre a legislação
43
e solicitar que o paciente retorne ao médico e solicite a expedição de
outra receita.
b) dispensar ambos os medicamentos, pois celecoxibe está sujeito a
controle especial, mas não necessita de retenção de receita.
c) dispensar a azitromicina e solicitar ao médico prescritor a emissão do
celecoxibe em receituário tipo B (azul).
d) fazer cópia das vias e dispensar os dois medicamentos, e reter uma
cópia de cada via.

QUESTÃO DISSERTATIVA
Os PRMs incluem também o Erro de Medicação (EM), que é definido
como “qualquer erro que ocorra durante o processo de prescrição e uti-
lização do medicamento”. Estes erros podem estar relacionados com os
procedimentos e sistemas da prática profissional que incluem: a prescri-
ção, comunicação de pedido, rotulagem, dispensa, distribuição, adminis-
tração e adesão do paciente. Implícito na definição de EM está que ele é
evitável e ocorre devido a limitações do conhecimento, lapsos, falhas ou
defeitos no sistema. Podem ser cometidos, tanto por profissionais inex-
perientes como pelos experientes, sejam médicos, farmacêuticos, enfer-
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meiros, técnicos, cuidadores e o próprio paciente. O termo PRM não é o


único utilizado para descrever um problema farmacoterapêutico. Outros
termos têm sido propostos como: Problemas Relacionados à Terapia, Fa-
lhas Farmacoterapêuticas. Neste contexto, comente sobre a classifi-
cação dos problemas relacionados aos medicamentos.

NA MÍDIA
APÓS ERRO DE DOSAGEM COLOCAR EM XEQUE A EFICÁCIA DA
VACINA DE OXFORD, EXECUTIVO DA ASTRAZENECA MINIMIZA
ERRO
A AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram que seu imu-
nizante tem de 62% a 90% de eficácia. A taxa mais alta foi alcançada
quando os participantes receberam meia dose da vacina e, um mês de-
pois, uma dose completa. Quando foram aplicadas duas doses comple-
tas, também com um mês de diferença entre elas, a eficácia caiu para
62%.O problema maior é que, inicialmente, a ideia não era aplicar uma
meia dose da vacina – técnica que se mostrou mais eficaz. A dosagem
errada da vacina gerou questionamentos dos especialistas, que podem
colocar em xeque a eficácia da vacina.
Data: 26 de Novembro,2020.
Fonte: (INFOMONEY, 2020). Disponível em: <https://www.infomoney.
com.br/economia/apos-erro-de-dosagem-colocar-em-xeque-eficacia-
-da-vacina-de-oxford-executivo-da-astrazeneca-minimiza-erro/>. Aces-
44
so em: 12 de jan. 2021.

NA PRÁTICA
Pontos de atenção à saúde são entendidos como espaços nos quais se
ofertam determinados serviços de saúde, por meio de uma produção
singular. São exemplos as unidades básicas de saúde, as unidades am-
bulatoriais especializadas, os serviços de hemoterapia e hematologia,
os centros de apoio psicossocial, entre outros.
Fonte: (TRF, 2020). Disponível em: <https://www10.trf2.jus.br/comite-
-estadual-de-saude-rj/o-sus/rede/>. Acesso em: 01 abr. 2022.

PARA SABER MAIS


Nesta matéria, você terá acesso a importância da definição de eventos
adversos: “Evento adverso é um erro com dano?”, por Victor Basso,
diretor da Opuspac University.
Fonte: (GRUPO MÍDIA, 2021). Disponível em: <https://grupomidia.com/
hcm/evento-adverso-e-um-erro-com-dano-por-victor-basso-diretor-da-
-opuspac-university/>. Acesso em: 12 jan. 2021.

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45
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PLANOS DE ATENÇÃO FARMA


CÊUTICA

PLANOS DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA

Entrevista Farmacêutica

Para iniciarmos este tópico, é necessário contextualizarmos


duas palavras que constituem a entrevista farmacêutica, sendo a se-
miologia e anamnese. Quando falamos de semiologia farmacêutica,
estamos nos referindo à utilização de métodos adaptados à prática far-
macêutica, com o objetivo de prevenir e estabelecer condutas tomadas
para problemas relacionados aos medicamentos (Leite et al. 2015).
A anamnese trata-se da informação sobre o princípio e evolu-
ção de uma doença até a primeira observação do clínico. A anamnese é
4646
indicada a não somente identificar os sintomas, mas, também, deve-se
analisar detalhes da vida do paciente que possam justificar a ocorrência
da patologia.
O comportamento dos pacientes, seus sentimentos, padrões
psicológicos, hábitos diários e comportamento perante os funcionários
da saúde são cruciais para realizar uma intepretação das informações
adquiridas, além do exame físico ou técnicas complementares de diag-
nóstico. Todas as informações obtidas dos pacientes por meio da anam-
nese são de grande valia para analisar as três dimensões de diagnósti-
co: paciente, doença e circunstâncias (Leite et al. 2015).

Existem limitações na técnica de anamnese. O ideal seria


que o paciente prestasse atenção e fornecesse as informações de
forma completa, clara e coerente. Para que ele possa fornecer to-
das as informações, é necessário que possua um grau satisfatório

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de inteligência, memória e capacidade de se expressar. Quando o
paciente não possuir essas variáveis, é necessário realizar a entre-
vista com o membro da família mais próximo ou cuidador.

Roteiro de Perguntas

O objetivo da utilização do roteiro é tornar o processo de obten-


ção de dados de maneira prática, rápida e segura, diminuindo a preocupa-
ção em deixar de fazer perguntas importantes mesmo quando o paciente
prolonga-se na narrativa do percurso da doença. A desvantagem da téc-
nica é o risco de tornar a aplicação deste roteiro num processo mecânico,
sem a humanização necessária, destinada apenas a colher informações
sobre a doença. Ao preocupar-se apenas em obter as respostas, o far-
macêutico pode deixar escapar a oportunidade de perceber mensagens
não verbais que os pacientes transmitem. No entanto, se o profissional
souber da importância da humanização desse processo, saberá conduzir
de forma satisfatória a entrevista farmacêutica (Leite et al. 2015).

História Pregressa

Neste momento da anamnese, é necessário recolher as infor-


47
mações de diversos tipos, como:
- Passado do paciente.
- Doenças prévias.
- Traumatismos.
- Gestações e partos.
- Cirurgias.
- Hospitalizações.
- Exames laboratoriais.
- Utilização de medicamentos.
- Tabaco.
- Álcool.
- Utilização de tóxicos.
- Fatores de risco.
- Imunizações realizadas.
- Sono.
- Hábitos diários.
- Alimentares.
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Histórico Familiar

Possui a finalidade de colher dados de interesse sobre e analisar


os antecedentes da família. Esse fator varia de paciente para paciente e
justifica-se pela importância de observar doenças de caráter familiar, trans-
mitidas por herança genética ou, até mesmo, por condições ambientais.

Análise Psicológica

Muitos dos sintomas apresentados pelos pacientes baseiam-


-se em modificações ou alterações nos fatores sociopsicológicos (Ma-
chmutow et al. 2019).
As variações psicológicas a um determinado processo depen-
dem de quatro classes de variáveis:
- Personalidade e história de vida do paciente.
- Situação socioeconômica atual.
- Característica do ambiente físico.
- Processo patológico em curso.
Mediante a análise psicológica, devemos observar também os
tipos de pacientes:
- Pacientes ansiosos.
- Pacientes sugestionáveis.
48
- Pacientes hipocondríacos.
- Paciente deprimido.

Pacientes com quadro depressivo costumam apresentar


desinteresse por tudo que está a sua volta, tendência ao isolamen-
to, expressão de tristeza nos olhos, chora facilmente. A anamnese
ocorre de maneira lenta e fria, sendo difícil de alcançar um equi-
líbrio entre o profissional e o paciente. Saber qual é o tipo de de-
pressão pode auxiliar na condução da entrevista.

A depressão é considerada o mal deste século, sendo funda-


mental o farmacêutico conhecer os sintomas da doença e, no caso da
realização da entrevista, deverá conhecer os tipos de Depressão mais
prevalentes na população.

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Figura 5 – Tipos de depressão.

Fonte: (AUTORA, 2021).

Além dos tipos de Depressão, os pacientes podem apresentar-


-se de maneira eufórica, hostil e, às vezes, de forma inibida ou tímida,
paciente com pouca inteligência.
Para pacientes que apresentam deficiência na fala ou para ouvir,
é necessário que seja acompanhado por um intérprete, sendo a anamne-
49
se resumida aos dados essenciais. Quando os pacientes forem crianças
ou adolescentes, deve-se conquistar a sua confiança e simpatia, além
dos parâmetros analisados rotineiramente, devemos acrescentar a inves-
tigação sobre a vida escolar, relação com os pais e familiares.
Já quando se trata de pacientes idosos, é necessário que o
idoso se sinta acolhido, agir sempre com paciência e delicadeza. O pa-
ciente deve buscar referências nas suas experiências pessoais, indu-
zindo na relação um comportamento afetivo (Fermont, 2019).

ESTRATÉGIA DE AÇÃO

Para implantar a atenção farmacêutica, é necessário realizar


um planejamento bem-feito, que é o segredo para conseguir resultados
efetivos. O primeiro passo é realizar um diagnóstico do local onde se
pretende implantar o projeto.
Esse diagnóstico consiste em algumas perguntas básicas:
a) âmbito de atuação (ambulatorial, hospitalar, farmácia públi-
ca, domiciliar).
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b) perfil dos pacientes (socioeconômico, escolaridade, idade,


sexo, religião etc.).
c) perfil epidemiológico de patologias na região (diabetes, hi-
pertensão, asma, câncer, osteoporose, doenças reumáticas etc.).
d) farmacêuticos envolvidos no projeto (perfil, formação, núme-
ro, carga horária).
e) instalações físicas (salas, consultórios etc.).
d) fontes de informação (computadores, tablets, smartphones,
acesso à internet, Pubmed, Portal Saúde Baseada em Evidências do
Ministério da Saúde, livros, guias, bibliotecas).
e) protocolos de trabalho dos farmacêuticos.
Após o levantamento destas informações, o farmacêutico pre-
cisará definir quais atividades ele exercerá e elaborar um projeto bem
detalhado, conforme podemos visualizar a seguir.
1 - Nome do projeto.
2 - Exposição de motivos (Por que fazer? Benefícios? Quem
faz? Quem fez? Resultados?).
3 - Atividades a serem desenvolvidas (descrevendo como fazer).
a) Quais pacientes serão acompanhados (gestantes, idosos,
crianças, adolescentes, mulheres).
b) patologias (asma, diabetes, hipertensão, dislipidemia, distúr-
bios de coagulação).
c) drogas (neste caso devem ser levados em conta o custo, a
50
incidência de reações adversas, a taxa de utilização).
d) local onde será realizado.
e) impressos a serem utilizados (ou sistemas informatizados);
f) arquivamento destas informações.
g) confidencialidade das informações.
1 - Recursos
a) Humanos (farmacêuticos, auxiliares, escriturários, recepcio-
nistas).
b) materiais (salas, móveis, computadores, livros, assinaturas
de bases de dados como Drugdex/Poisindex).
c) financeiros.
2 - Cronograma de implantação
3 - Monitoração da implantação
a) Indicadores a serem medidos (diminuição de custos, dimi-
nuição de consultas de emergência, diminuição de internações, aumen-
to de sobrevida, aumento de qualidade de vida etc.).
b) apresentação de resultados (como serão apresentados, ta-
belas, gráficos etc.).
4 - Bibliografia de referência

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Modelo de Projeto de Atenção Farmacêutica

Para melhor visualizar a elaboração de um projeto, será de-


monstrado um exemplo hipotético, que poderá servir de modelo na cons-
trução de trabalhos futuros por parte de profissionais farmacêuticos e ins-
tituições. Diagnóstico prévio: Hospital geral privado, filantrópico, com 100
leitos, com unidade ambulatorial de ginecologia e obstetrícia, realizando
200 partos/mês, localizado na cidade de São Paulo, atendendo principal-
mente convênios médicos (por exemplo, Unimed, Bradesco Saúde, Porto
Seguro Saúde, Amil, One Health Sulamérica, entre outros).
Exemplificando:
1 - Nome do projeto: Acompanhamento ambulatorial de pacien-
tes gestantes.
2 - Exposição de motivos: A falta de acesso de uma grande
parcela da população brasileira a programas de pré-natal acarreta um
aumento nos indicadores de mortalidade materna e fetal e complica-
ções perinatais. O uso de medicamentos durante a gestação configura
um risco potencial para a gestante e para o feto, sendo necessário que
o profissional farmacêutico acompanhe a utilização de medicamentos,
como vem sendo realizado em sistemas de saúde norte-americanos e
europeus (o que reduziu o número de internações desnecessárias e
51
malformações fetais decorrentes do uso inadequado de medicamen-
tos). Outro fator a ser considerado é o marketing positivo do sistema de
saúde perante os clientes e o espírito inovador no Brasil.
3 - Atividades a serem desenvolvidas:
a) Acompanhamento mensal das gestantes por meio de con-
sultas farmacêuticas realizadas no mesmo dia em que as consultas mé-
dicas de pré-natal, com duração média de 30 minutos na primeira e 15
minutos nas subsequentes.
b) identificação de fatores de risco (asma, diabetes, hiperten-
são, dislipidemia, distúrbios de coagulação, epilepsia etc.).
c) identificação do perfil farmacoterapêutico das pacientes (dro-
gas utilizadas, histórico de alergias, esquemas posológicos, alternativas
terapêuticas, possibilidade de reações adversas e interações).
d) orientação farmacêutica: orientações gerais de saúde pú-
blica, cronofarmacologia, o que fazer em casos de reações adversas,
como se adaptar aos efeitos colaterais esperados.
e) palestra geral, com duração de uma hora, aberta a gestantes
da sociedade a cada três meses; local onde será realizado: uma sala no
prédio do ambulatório, próxima aos consultórios da clínica ginecológica.
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

f) impressos a serem utilizados: os impressos serão baseados


nos formulários recomendados pelo Conselho Federal de Farmácia.
g) frequência de consultas: mensal.
h) arquivamento dessas informações: as fichas farmacêuticas
dos pacientes ficarão arquivadas em armário com chave, na própria
sala, enquanto os pacientes estiverem ativos e, posteriormente à alta,
serão remetidas ao serviço de arquivo médico e estatística (SAME) até
a próxima gestação ou arquivadas definitivamente.
i) confidencialidade das informações: a confidencialidade das
informações do paciente é garantida pelo código de ética da profissão
farmacêutica, e os farmacêuticos envolvidos no projeto se comprometem
a mantê-la sob risco de sanções ético-disciplinares por parte do CRF.
4 - Recursos:
a) Humanos: 02 farmacêuticos em regime de 30 horas semanais.
b) materiais: 01 sala de 10 m2.
01 computador com CD-ROM.
acesso à internet e à rede do hospital.
assinaturas da base de dados Drugdex.
c) financeiros: R$ 200.000,00 anuais.
5 - Cronograma de implantação:
a) Aprovação do projeto.
b) Reforma da sala.
c) Contratação dos farmacêuticos.
52
d) Treinamento dos farmacêuticos jan/2018 fev/2018 mar/2018
abr/2018.
e) Treinamento dos demais membros da equipe abr/2018.
f) Confecção de formulários.
g) Início de atividades.
h) Avaliação do projeto abr/2018 mai/2018 mai/2018.
6 - Monitoração da implantação:
a) Os indicadores a serem medidos serão: diminuição de con-
sultas de emergência, diminuição de internações, índice de óbitos na
gestação/parto e taxa de nativivos.
b) os resultados serão apresentados na forma de tabelas e grá-
ficos.
7 - Bibliografia de referência
É importante ressaltar que cada projeto deve ser elaborado indi-
vidualmente, observando-se sempre as características e peculiaridades
de cada instituição. Na internet, no sítio eletrônico da Sociedade Brasi-
leira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) e no Pubmed/LILACs é possível
encontrar uma enorme gama de modelos de trabalho de farmácia clínica
e atenção farmacêutica, porém cada país e instituição tem suas próprias

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


peculiaridades e esses projetos devem ser adaptados a essas realidades.

FARMACOVIGILÂNCIA

A Anvisa possui registro de medicamentos em todo o território


nacional, tem como diretriz a Lei nº 5.991/1973, no qual prescreve que
“o medicamento é qualquer e todo produto farmacêutico, tecnicamente
obtido e elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para
fins diagnósticos” (Melo et al. 2017). Assim como todos os produtos, in-
dependente da natureza, é necessário que possua registro antes de ser
fabricado e comercializado, para registro e documentação necessária
na área de medicamentos.

A orientação legal para o fornecimento de todo e qual-


quer medicamento no país deve ser planejada e solicitada junto à
Anvisa, um registro para que a instituição realize a validação dos
parâmetros de qualidade, eficácia e segurança, além de monitorar
estes medicamentos de forma pós-comercial.
53
Histórico da Farmacovigilância

Com o advento e o desenvolvimento da indústria farmacêuti-


ca, após a Segunda Guerra Mundial, houve um avanço significativo na
produção de medicamentos. Concomitantemente à evolução do arsenal
terapêutico, iniciaram-se os acidentes relacionados ao uso desses pro-
dutos (van Eekeren et al., 2018).
O marco histórico para o desenvolvimento das atividades de
farmacovigilância ocorreu em 1957, quando foi lançada no mercado a
talidomida, um medicamento indicado para amenizar os sintomas de
náusea e enjoo em gestantes. Cabe ressaltar que, no período ante-
rior a 1960, acreditava-se que os atributos de segurança e eficácia dos
medicamentos poderiam ser demonstrados apenas pelos ensaios em
animais de experimentação. Desse modo, como a talidomida não apre-
sentava efeitos teratogênicos em camundongos, foi aprovada a comer-
cialização e o uso para a população humana (Fermont, 2019).
Contudo, em 1961, um pediatra alemão estabeleceu a relação
causal entre as mulheres que utilizaram a talidomida durante o primeiro
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

trimestre de gestação e o nascimento de bebês com malformação con-


gênita (focomelia).
No Brasil, cerca de 300 recém-nascidos foram acometidos pe-
los efeitos teratogênicos – capacidade de interferir no desenvolvimento
normal do embrião – desse fármaco. Esse fato incentivou a Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS) a instaurar, em 1968, um programa piloto
internacional de monitoração de medicamentos.
Atualmente, o Programa Internacional de Monitoração de Me-
dicamentos já está consolidado e é coordenado pelo Centro Colabora-
dor do Uppsala Monitoring Centre, cuja sede é em Upp- sala, Suécia.
Conta com 134 países, sendo 104 membros oficiais (incluindo o Brasil,
desde 2001) e 30 membros associados.
O fracasso da talidomida também impulsionou a mudança das
políticas de registro de medicamentos em vários países e fomentou a
publicação da norma 425, pela OMS, que definiu a farmacovigilância
como atividade relativa à detecção, compreensão e avaliação de pro-
blemas relacionados aos medicamentos, com o intuito de estabelecer
sua incidência, gravidade e nexo de causalidade.
O evento ainda contribuiu para a organização de centros na-
cionais e internacionais de farmacovigilância, a fim de monitorar o risco
versus o benefício da utilização de medicamentos. Em virtude de os
hospitais serem um grande centro para a implantação do serviço de far-
macovigilância, devido à elevada incidência de hospitalizações por uso
54
de medicamentos e de óbitos relacionados aos efeitos adversos desses
produtos (van Eekeren et al. 2018).

ERROS DE PRESCRIÇÃO

A automedicação responsável é o termo usado pela Organiza-


ção Mundial da Saúde (OMS) para o uso de medicamentos sem pres-
crição médica. Eles são chamados de OTC (sigla em inglês para over
the counter) e também de anódinos. Existem muitos segmentos da so-
ciedade, como a Abiar, associação brasileira que congrega os principais
fabricantes de medicamentos isentos de prescrição médica no país, que
defendem essa prática elencando benefícios como a economia de re-
cursos públicos com a área da saúde. Afinal, a possibilidade de usar
medicamentos sem passar antes por médico poderia reduzir a necessi-
dade de contratação desses profissionais pelos municípios e estados.
Por outro lado, existem mobilizações para a criação de projetos de lei
que obriguem prescrição médica para qualquer tipo de medicamento.
A legislação brasileira regulamentou o setor de OTC em 1975.

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


De 1998 a 2002, a participação desses produtos nas vendas totais de
medicamentos aumentou de 11,87 para 14,48%. Em 2002, o mercado
brasileiro de OTCs movimentou aproximadamente 4 bilhões de reais
(mais de 490 milhões de unidades). A atual legislação em vigor é a
resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) RDC n.
138, de 29 de maio de 2003, cujos aspectos práticos discutiremos neste
capítulo. Um outro aspecto importante relacionado ao tema é em que
situações o farmacêutico pode indicar esses medicamentos sem ferir a
legislação e os princípios de ética profissional.

Legislação Brasileira

A RDC n. 138 descreve quais são os medicamentos cujos grupos


e indicações terapêuticas podem ser vendidos sem prescrição médica:
- Os grupos e indicações terapêuticas especificadas (GITE).
- Os medicamentos de uso parenteral serão sempre de venda
sob prescrição médica.
- Todos os medicamentos cujos grupos terapêuticos e indica-
ções terapêuticas não estão descritos no GITE também são de venda
sob prescrição médica.
- As associações medicamentosas, ou duas ou mais apresen-
tações em uma mesma embalagem para uso concomitante ou sequen-
55
cial, cujo grupo terapêutico e indicação terapêutica de pelo menos um
dos princípios ativos não se encontrar especificado no GITE, também
são de venda sob prescrição médica.
O enquadramento na categoria de venda de medicamentos ho-
meopáticos segue a regulamentação específica de registro e comerciali-
zação. As empresas detentoras de registro de produtos que necessitem
de alteração de enquadramento na categoria de venda para adequação à
resolução da Anvisa deverão fazê-la no momento da primeira renovação
do registro, apresentando a documentação necessária para a alteração
da rotulagem e do texto da bula, de acordo com a legislação vigente.
Todos os medicamentos novos são de venda sob prescrição
médica, sujeitos à reavaliação do enquadramento na categoria de ven-
da no momento da renovação do seu registro, de acordo com dados de
farmacovigilância.
Os medicamentos novos com tempo mínimo de comercialização
de 5 anos no mercado norte-americano ou europeu (desde que aprova-
dos pela FDA ou EMEA), com grupos terapêuticos e indicações descritas
no GITE, com apresentação de dados de farmacovigilância (PSUR) e
comprovante de enquadramento na categoria de venda sem prescrição
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

médica no país onde o produto é comercializado poderão requisitar en-


quadramento na categoria para medicamento de venda sem prescrição
médica, a qualquer momento desde o início do processo de registro.
A RDC n. 138, além dos inúmeros itens dispostos, também re-
gulamenta sobre a embalagem dos medicamentos, dispondo:

Art. 77 É atribuição da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da


Saúde a padronização de bulas, rótulos e embalagens dos medicamentos
que contenham substâncias constantes das listas deste Regulamento Técni-
co e de suas atualizações.
Art. 78 Os medicamentos à base de substâncias constantes das listas deste
Regulamento Técnico e de suas atualizações deverão ser comercializados
em embalagens invioláveis e de fácil identificação.
Art. 79 É vedado às drogarias o fracionamento da embalagem original de me-
dicamentos à base de substâncias constantes das listas deste Regulamento
Técnico.
Art. 80 Os rótulos de embalagens de medicamentos à base de substâncias
constantes das listas "A1"e "A2" (entorpecentes) e "A3" (psicotrópicos), de-
verão ter uma faixa horizontal de cor preta abrangendo todos os lados, na
altura do terço médio e com largura não inferior a um terço da largura do
maior lado da face maior, contendo os dizeres: "Venda sob Prescrição Médi-
ca" - "Atenção: Pode Causar Dependência Física ou Psíquica".
Art. 81 Os rótulos de embalagens de medicamentos à base de substâncias
constantes das listas "B1" e "B2" (psicotrópicos), deverão ter uma faixa hori-
zontal de cor preta abrangendo todos seus lados, na altura do terço médio e

56
com largura não inferior a um terço da largura do maior lado da face maior,
contendo os dizeres: "Venda sob Prescrição Médica" - "O Abuso deste Medi-
camento pode causar Dependência".
Art. 82 Nos casos dos medicamentos contendo a substância Anfepramona (lis-
ta "B2", psicotrópicos-anorexígenos) deverá constar, em destaque, no rótulo e
bula, a frase: "Atenção: Este Medicamento pode causar Hipertensão Pulmonar".
Art. 83 Os rótulos de embalagens dos medicamentos à base de substâncias
constantes das listas "C1" (outras substâncias sujeitas a controle especial), "C2"
(resinoides de uso tópico) "C4" (antirretrovirais) e "C5" (anabolizantes) deste Re-
gulamento Técnico e de suas atualizações, deverão ter uma faixa horizontal de
cor vermelha abrangendo todos os seus lados, na altura do terço médio e com
largura não inferior a um terço da largura do maior lado da face maior.
Art. 84 Os rótulos de embalagens dos medicamentos de uso sistêmico, a
base de substâncias constantes das listas "C2" (retinóicas) deste Regula-
mento Técnico e de suas atualizações, deverão ter uma faixa horizontal de
cor vermelha abrangendo todos os seus lados, na altura do terço médio e
com largura não inferior a um terço da largura do maior lado da face maior,
contendo os dizeres "Venda Sob Prescrição Médica" - "Atenção: Risco para
Mulheres Grávidas, Causa Graves Defeitos na Face, nas Orelhas, no Cora-
ção e no Sistema Nervoso do Feto".
Art. 85 Os rótulos das embalagens dos medicamentos contendo as subs-

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


tâncias da lista "C3" (imunossupressoras) e do medicamento Talidomida se-
guirão o modelo estabelecido em legislação sanitária em vigor. Art. 86 As
formulações magistrais contendo substâncias constantes das listas deste
Regulamento Técnico e de suas atualizações deverão conter no rótulo os
dizeres equivalentes aos das embalagens comerciais dos respectivos medi-
camentos (BRASIL, 2003, s.p.).

Aspectos Éticos

Se o paciente pode usar um medicamento OTC por conta pró-


pria, qual seria a limitação da indicação de um medicamento dessa ca-
tegoria por um farmacêutico? Essa dúvida vem por muitos anos ator-
mentando os farmacêuticos brasileiros.
Em primeiro lugar, com base nos princípios de atenção farma-
cêutica, não seria simplesmente uma indicação, mas uma prescrição
baseada no processo de anamnese, interpretação dos dados e tomada
de decisão com base em um planejamento farmacoterapêutico. Isso
torna essa atividade muito mais complexa que uma simples indicação.
Todos os medicamentos possuem efeitos colaterais e podem
ocasionar reações adversas e interações medicamentosas, como visto
em capítulos anteriores. Nesse contexto, o uso de um simples com-
primido de ácido acetilsalicílico de 500 mg pode ocasionar a morte ou
deixar sequelas em um paciente com dengue, sarampo ou que foi sub-
57
metido a cirurgias, entre outros casos clínicos.
Vamos analisar algumas classes de medicamentos que fazem
parte do GITE em termos de prescrição por parte do farmacêutico. Os
antiparasitários, por exemplo, são considerados OTC: é permitido com-
prar mebendazol e levamizol sem receita. Seria ético prescrever esses
medicamentos sem pedir um exame parasitológico? Seria correto indi-
car para todos de uma mesma família? Seria correto recomendar esses
medicamentos sem realizar uma anamnese para verificar as condições
sanitárias da residência do paciente?
Alguns aspectos têm de ser citados: o primeiro deles é o fato
de muitos pacientes irem à farmácia pedindo um “remédio para vermes”
e simplesmente se recomenda um medicamento sem que antes o clien-
te passe pelo crivo do farmacêutico, que deve fazer questões simples
como para quem é o medicamento (adulto ou criança), se esse paciente
possui um histórico de alergias e se existe água encanada na casa em
que o paciente vive (pois de nada adiantará o paciente usar o medica-
mento se o problema de saneamento básico e da qualidade da água
consumida não for sanado).
É necessário um aprofundamento da discussão sobre se não
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

seria interessante impedir a recomendação de medicamentos OTC


quando estes forem solicitados sem a presença de uma receita médica;
ou ainda que a recomendação fosse vinculada à obrigatoriedade de o
cliente passar pela avaliação de um farmacêutico.
Nesse sentido, o termo prescrição farmacêutica ficaria mais
bem colocado em relação ao termo automedicação quando se deixa a
responsabilidade por usar ou não o medicamento apenas ao paciente.
Com certeza, essa situação enfrentaria uma forte oposição das indús-
trias farmacêuticas. Uma possibilidade seria classificar esses medica-
mentos em uma categoria que poderia ser chamada de medicamentos
de compra mediante prescrição médica, odontológica ou farmacêutica,
garantindo assim um maior nível de segurança ao paciente.
Uma outra situação que verificamos, principalmente em países
da Europa e nos Estados Unidos, é a possibilidade de o farmacêuti-
co prescrever medicamentos como antibióticos, sedativos e outros em
casos específicos. Normalmente, nesses casos, a prescrição acontece
em ambiente hospitalar e o farmacêutico tem autorização das comis-
sões de farmácia e terapêutica para, após a avaliação médica, escolher
o melhor tratamento farmacoterapêutico. No Brasil, tal prática torna-se
praticamente impossível atualmente. Com a melhor formação do farma-
cêutico, inclusive em termos de pós-graduação, esse profissional torna-
-se mais apto a poder desenvolver essa habilidade. No dia a dia, o far-
macêutico pode e deve participar da prescrição dos medicamentos que
58
exigem prescrição médica, mas sempre em conjunto com o prescritor.
Em algumas farmácias brasileiras ainda presenciamos a reco-
mendação de medicamentos para os clientes, com a ciência ou omis-
são do farmacêutico, sem a exigência de receita médica para remédios
como antibióticos sistêmicos, o que acaba desmoralizando o farmacêu-
tico perante a classe médica, por conta da falta de ética, e contribuindo
para incentivar a automedicação irresponsável.

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59
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(PREFEITURA DE FORTALEZA – CE — FARMACÊUTICO HOSPITA-
LAR — 2016) A farmacovigilância é importantíssima para garantir a
segurança dos medicamentos à população. Ela se caracteriza por:
a) acontecer concomitantemente com os estudos de fase I de qualquer
medicamento.
b) ser necessária para que ocorram os estudos de fase II de qualquer
medicamento.
c) dar-se junto com os estudos de fase III de qualquer medicamento.
d) ocorrer de forma constante, durante os estudos de fase IV de qual-
quer medicamento.

QUESTÃO 2
(PREFEITURA DE FORTALEZA-CE — FARMACÊUTICO HOSPITA-
LAR — 2016) As ações de farmacovigilância:
a) constituem o final de um estudo epidemiológico quanto ao uso dos
medicamentos em diferentes fases do seu desenvolvimento.
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b) são fundamentais para evitar a ocorrência de reações adversas em


grupos populacionais que fazem o uso de determinado medicamento.
c) levantam suspeitas quanto a uma reação adversa e, mesmo sem a
relação entre causa e efeito, são registradas e devem originar alertas
quanto a determinado efeito observado.
d) não podem se basear em estudos transversais, pois eles não são
próprios para correlacionar causa e efeito, sendo inadequada para o
monitoramento da segurança de medicamentos.

QUESTÃO 3
(PREFEITURA DE FRONTEIRA-MG — FARMACÊUTICO — MÁXIMA
— 2016)
Sobre farmacovigilância, marque a alternativa FALSA:
a) Embora sejam formulados para prevenir, aliviar e curar enfermida-
des, os produtos farmacêuticos podem produzir efeitos indesejáveis,
maléficos e danosos. Essa dualidade, às vezes trágica, é significativa
para a saúde pública e torna a farmacovigilância atividade indispensá-
vel à regulação sanitária em qualquer país.
b) A farmacovigilância protege as populações de danos causados por
produtos comercializados, por meio da identificação precoce do risco e
intervenção oportuna.
c) A avaliação de mortalidade não é uma questão relevante para a far-
macovigilância.
60
d) A farmacovigilância é o trabalho de acompanhamento do desempe-
nho dos medicamentos que já estão no mercado. As suas ações são
realizadas de forma compartilhada pelas vigilâncias sanitárias dos esta-
dos, municípios e pela Anvisa.

QUESTÃO 4
(EBSERH — FARMACÊUTICO — IBFC — 2016)
Reação adversa à medicamento é definida como qualquer resposta
prejudicial ou indesejável, não intencional, a um medicamento, que
ocorre nas doses usualmente empregadas para profilaxia, diag-
nóstico ou terapia de doenças ou para a modificação de funções
fisiológicas humanas. Considerando a Farmacovigilância e as rea-
ções adversas a medicamentos, assinale a alternativa correta:
a) Evento adverso grave é aquele que apresenta uma intensidade rele-
vante.
b) O óbito não é considerado evento adverso, porque só é possível
determinar como evento adverso uma ocorrência para um paciente que
ainda esteja vivo, portanto ele é definido como desfecho clínico.
c) As empresas detentoras de medicamentos devem notificar ao Servi-

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ço Nacional de Vigilância Sanitária todo evento grave ocorrido em terri-
tório nacional que envolva óbito ou risco de morte, em um prazo máximo
de 7 (sete) dias corridos a partir da data de recebimento da informação.
d) As inspeções em Farmacovigilância somente poderão ser executa-
das esporadicamente, quando houver motivo por determinado aspecto
de segurança referente ao medicamento.
e) A única inspeção permitida na empresa é aquela realizada pelo Servi-
ço Nacional de Vigilância Sanitária, sendo proibidas, no âmbito da Far-
macovigilância, as autoinspeções.

QUESTÃO 5
(EMSERH — FARMACÊUTICO — FUNCAB — 2016)
Marque a opção INCORRETA com relação à implantação da farma-
covigilância no Brasil.
a) As atividades de avaliação da segurança dos medicamentos são re-
centes no país, tendo sido alavancadas pela Política Nacional de Medi-
camentos (1998) e pela fundação da ANVISA (1999).
b) O Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos (CNMM), insti-
tuído pelo Ministério da Saúde em 2001, iniciou o Sistema de Farmacovi-
gilância (Sinfav) com a implementação da Rede Sentinela (OPAS-2002).
c) A Rede Sentinela (OPAS-2002) é composta pelos Centros de Aten-
ção Básica e farmácias municipais que monitoram a qualidade e o perfil
de segurança dos medicamentos além de promover seu uso racional.
61
d) A ANVISA elaborou e desenvolveu, em parceria com o Centro de Vi-
gilância Sanitária (CVS) e o Conselho Regional de Farmácia (CRF) de
cada estado, o projeto denominado Farmácias Notificadoras.
e) As Farmácias Notificadoras tinham como objetivo ampliar as fontes
de notificação de casos suspeitos de efeitos adversos principalmente
dos medicamentos isentos de prescrição e dos fitoterápicos.

QUESTÃO DISSERTATIVA
A depressão é considerada o mal deste século, sendo fundamental o
farmacêutico conhecer os sintomas da doença e, no caso da realização
da entrevista, deverá conhecer os tipos de Depressão mais prevalentes
na população. Neste contexto, comente sobre os tipos de Depressão.

NA MÍDIA
SANTA CASA UTILIZA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA DETEC-
TAR PRESCRIÇÕES FORA DO PADRÃO
A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, em parceria com a
NoHarm, desenvolveu algoritmos de automação para triagem farma-
cêutica. A tecnologia de inteligência artificial auxilia na prescrição de
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

medicamentos aos pacientes.


Data: 08 jul. 2020.
Fonte: (JORNAL DO COMÉRCIO, 2020). Disponível em: <https://www.
jornaldocomercio.com/_conteudo/geral/2020/07/746786-santa-casa-
-utiliza-inteligencia-artificial-para-detectar-prescricoes-fora-do-padrao.
html>. Acesso em: 05 abr. 2021.

NA PRÁTICA
O impacto negativo das reações adversas sobre os pacientes contribui para
inúmeros problemas na área da saúde, sob a ótica hospitalar, podemos ter
o aumento do tempo de internação em hospitais e dos custos hospitalares.

PARA SABER MAIS


Título: Palestra: "Prescrição Farmacêutica" - Meeting #Farmacêutico-
MuitoMais realizado pelo CRF-PR
Data: 27 jan. 2020
Fonte: (SUPERVISÃO CLÍNICA, 2020). Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=1X8QMaJjwYo>. Acesso em: 01 abr. 2022.

62
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA

Em termos de conteúdo, uma revisão de ensaios clínicos randomizados


indicou que um “aconselhamento-de-seis-pontos”, acrescido da entrega
de materiais impressos, esteve associado aos melhores resultados:
- Nome do medicamento, indicação e propósito do tratamento.
- Regime terapêutico: dose, frequência, horários de tomada e duração
do tratamento.
- Como administrar o medicamento corretamente.
- A importância do uso e da adesão ao tratamento para a saúde.

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


- As precauções de uso, particularmente alimentos e bebidas a evitar ou
efeitos colaterais mais comuns.
- O reforço, caracterizado pela repetição do aconselhamento em mais
de uma consulta com o farmacêutico.

63
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA

De acordo com o segundo consenso de granada (comitê de consenso,


2002), os problemas relacionados com medicamentos (PRMs) são clas-
sificados em:
Necessidade:
PRM 1: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de
não receber um medicamento de que necessita.
PRM 2: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de
receber um medicamento de que não necessita.
Efetividade:
PRM 3: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de
uma inefetividade não quantitativa do medicamento.
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

PRM 4: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de


uma inefetividade quantitativa do medicamento.
Segurança
PRM 5: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de
uma insegurança não quantitativa de um medicamento.
PRM 6: O paciente sofre um problema de saúde em consequência de
uma insegurança quantitativa de um medicamento.
Quanto à ocorrência, os PRMs podem ser:
Os não evitáveis que causam danos ao paciente.
São as reações adversas a medicamentos (RAMs).

64
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA

Os tipos de Depressão mais comuns na população são:


Depressão neurótica: mais frequente e apresenta-se mais intensa à noite.
Depressão psicótica: fase depressiva associado ao transtorno bipolar,
principal característica é o paciente ter a necessidade de “fuga” cons-
tantemente.
Depressão endógena: grave e intensa pela manhã.

QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

65
Município de São José do Inhacorá. Disponível em: < https://www.sao-
josedoinhacora.rs.gov.br/site/noticias/saude/39601-recursos-para-qua-
lificar-assistencia-a-saude-basica>. Acesso em: 05 de abr. 2022.

BRASIL. Resolução – RDC nº138 de 29 de maio de 2003. Disponível em:


<https://www.cff.org.br/userfiles/33%20%20BRASIL_%20MINIST%-
C3%89RIO%20DA%20SA%C3%9ADE%202003%20RDC_138_2003_
ANVISA.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2022.

BARREIRA Filho, Donato Mileno, F Manzini, Claudia Benacchio Nicoli-


ne, Rita de Cássia Padula Alves Vieira, Leonardo Vidal Mattos, Escola
Nacional, D E Saúde Pública, et al. Gestão Da Assistência Farmacêuti-
ca. Interface: Communication, Health, Education. Vol. 1, 2013.

CARVALHO, C. F. M. A Polifarmácia em idosos no Município de São


Paulo - Estudo SABE - Saúde, Bem-estar e Envelhecimento. Disserta-
ção apresentado ao Programa de Pós Graduação em Saúde Pública.
Universidade de São Paulo - Faculdade de Saúde Pública. 2007.
QUALIDADE EM SAÚDE, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E USO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

COSTA, Karen Sarmento, José Miguel do Nascimento Júnior, Orlando


Mário Soeiro, Maria Ondina Paganelli, Cassiano Januário Correr, and
Suetônio Queiroz de Araújo. Caderno 1: Serviços Farmacêuticos Na
Atenção Básica à Saude. Cuidado Farmacêutico Na Atenção Básica.
Vol. 1. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/servicos_farmaceuti-
cos_atencao_basica_saude.pdf, 2014

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