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INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

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INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
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nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-


dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
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preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo


foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Caroline Portela Peruzzi

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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Atenção farmacêutica refere-se a um conjunto de ações dire-
cionadas à proteção, promoção e recuperação da saúde. São ações
realizadas pelo farmacêutico diretamente ao paciente. O atendimento
farmacêutico busca solucionar os problemas de saúde do paciente,
englobando várias ações como ouvir e identificar as necessidades,
analisar criticamente a situação, definir as condutas e tomar decisões,
bem como documentar todos esses processos. Dentro das atribuições
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clínicas do farmacêutico, está a solicitação de exames laboratoriais e


prescrição de medicamentos isentos de receita médica. Os exames
laboratoriais são muito importantes, pois fornecem informações que
não servem apenas para confirmar o diagnóstico clínico, mas também
para prevenir doenças, bem como estabelecer prognósticos e realizar
o monitoramento farmacoterapêutico. Saber interpretar esses exames
é de suma importância para promover a saúde ao paciente. Esta uni-
dade analisará a semiologia clínica aplicada ao diagnóstico laborato-
rial, solicitações e interpretações de exames laboratoriais, assim como
a prescrição de medicamentos realizada pelo farmacêutico.

Atenção Farmacêutica. Semiologia. Interpretação Clínica. Prescrição de


Medicamentos.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
SEMIOLOGIA CLÍNICA, EXAMES LABORATORIAIS E CUIDADOS COM
AMOSTRAS BIOLÓGICAS

Semiologia Clínica Aplicada ao Diagnóstico Laboratorial ________ 13

Solicitação de Exames Laboratoriais _____________________________ 17

Orientações Referentes à Coleta e Armazenamento de Amostras 18

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Recapitulando ________________________________________________ 26

CAPÍTULO 02
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES

Interpretação Clínica de Marcadores Bioquímicos _______________ 30

Interpretação Clínica do Hemograma ___________________________ 48

Interpretação Clínica do Exame de Urina _______________________ 52

Recapitulando _________________________________________________ 56

CAPÍTULO 03
PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS

Introdução à Prescrição de Medicamentos ____________________ 62

Legislação na Prescrição de Medicamentos ____________________ 63

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Serviços Farmacêuticos: Modelo de Declaração de Serviço _______ 73

Recapitulando __________________________________________________ 76

Fechando a Unidade ____________________________________________ 81

Referências _____________________________________________________ 84
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A assistência farmacêutica é definida como o conjunto de ações
que está relacionado ao medicamento como insumo essencial, visando
o acesso e o seu uso racional, de forma a auxiliar ações de saúde. Con-
forme a Resolução nº388 do Conselho Nacional de Saúde - Ministério
da Saúde, a atenção farmacêutica refere-se a um conjunto de ações
direcionado à proteção, promoção e recuperação da saúde. São ações
realizadas pelo farmacêutico diretamente ao paciente.
Dentro do conceito atenção farmacêutica, está englobado o
atendimento farmacêutico, que é a interação do farmacêutico com o
paciente, no qual irá advertir o paciente sobre as enfermidades. Apesar
dos conceitos de assistência e atenção farmacêutica serem diferentes,
ambos se complementam, sendo indispensável um para o outro.
O atendimento farmacêutico busca resolver os problemas de
saúde do paciente, englobando variadas ações como ouvir, identificar
as necessidades, fazer uma análise crítica da situação, definir as con-
dutas e tomar decisões, bem como documentar todos esses processos.

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Juntamente ao atendimento farmacêutico, está a intervenção
farmacêutica, que é definida como as ações realizadas para prevenir ou
resolver os problemas que podem interferir na farmacoterapia e, conse-
quentemente, na saúde do paciente, bem como na realização do acom-
panhamento farmacoterapêutico.
O farmacêutico é responsável por cuidar os problemas relacio-
nados aos medicamentos, com o objetivo de resolver as necessidades
dos pacientes. Ele deve verificar a dose, duração do tratamento e o re-
alizar o ajuste da forma farmacêutica de acordo com a necessidade do
paciente. Essas ações além de minimizarem os riscos de reações ad-
versas, também proporcionam um menor custo-benefício ao paciente.
As atribuições clínicas do farmacêutico têm como propósito
atender às necessidades de saúde do paciente, da família e da comuni-
dade. Dentro das atribuições clínicas do farmacêutico, está a solicitação
de exames laboratoriais, que tem por finalidade monitorar os resultados
da farmacoterapia. Essa ação pode ser realizada tanto no consultório
farmacêutico, como na farmácia, sem fins de diagnóstico.
Os exames laboratoriais são muito importantes, visto que for-
necem informações não apenas para confirmar o diagnóstico clínico,
mas também para prevenção de doenças, bem como estabelecer prog-
nósticos e realizar o monitoramento farmacoterapêutico. Segundo a Re-
solução do Conselho Federal de Farmácia nº 661, também é possível
a realização de testes e exames rápidos, com o intuito de identificar
alguma condição de saúde ou doença.
Outra atribuição clínica do farmacêutico, descrita na Resolução
11
do Conselho Federal de Farmácia nº 586/13, é a prescrição de medica-
mentos isentos de receita médica para tratar sinais ou sintomas, tendo
como principal objetivo a redução da automedicação.
Diante da importância e relevância atribuída aos farmacêuti-
cos, é imperiosa a compreensão de todas as etapas realizadas na aten-
ção farmacêutica. Nesse cenário, este módulo tem por finalidade abor-
dar as atividades relacionadas à semiologia farmacêutica, solicitação e
interpretação clínica de exames laboratoriais, assim como a prescrição
de medicamentos isentos de receita médica.
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SEMIOLOGIA CLÍNICA, EXAMES
LABORATORIAIS E CUIDADOS COM
AMOSTRAS BIOLÓGICAS

SEMIOLOGIA CLÍNICA APLICADA AO DIAGNÓSTICO LABORATO-


RIAL

Na área da saúde, a semiologia clínica se refere ao estudo dos


sinais e sintomas das doenças humanas e é extremamente importante
no acompanhamento terapêutico e prognóstico dos pacientes. Seu nome
tem origem do grego (semeîon = sinais + logos = tratamento, estudo).
Através da semiologia clínica, o farmacêutico pode ajudar pa-
cientes, comunidades e equipes de saúde a solucionar suas necessida-
des e problemas de saúde, proporcionando o uso correto e seguro de
medicamentos. Desse modo, é possível que o farmacêutico identifique
os problemas de saúde de um paciente com base nas queixas apresen-
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tadas e consiga escolher as intervenções mais adequadas para obter
melhores resultados na qualidade da saúde daquele paciente.
A aplicação das técnicas da semiologia clínica segue uma lógi-
ca e é composta por várias etapas e por um raciocínio clínico. O proces-
so geral da atenção farmacêutica é basicamente composto pela coleta
de informações sobre o paciente, identificação dos problemas de saúde
e problemas relacionados à farmacoterapia, seleção de intervenções
apropriadas, preparação de um plano de assistência, avaliação e docu-
mentação dos resultados (Figura 1).

Figura 1- Etapas do processo da semiologia farmacêutica


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Fonte: Elaborado pela autora, 2020.

Exame Clínico

O método da semiologia clínica permite verificar um panorama


mais fidedigno acerca do paciente. Ele é baseado no exame clínico, exa-
mes laboratoriais e diagnóstico por imagens. O exame clínico, por sua vez,
é composto pela anamnese do paciente, exames físico e complementares.
Anamnese farmacêutica: é uma entrevista estruturada que tem
como objetivo trazer de volta à memória todos os fatos relacionados ao
indivíduo doente. Dentre suas finalidades estão o estabelecimento de
uma relação do farmacêutico com o paciente, obtenção de dados sobre a
história clínica, identificação de fatores relacionados com o processo saú-
de e doença, definição da estratégia de investigação e orientação do pla-
no terapêutico. Esse processo está descrito mais detalhado na figura 2.
Concomitantemente a avaliação da anamnese deve ser reali-
zada a verificação dos parâmetros clínicos, a fim de complementar as
informações que condizem o estado de saúde do paciente. Também é
importante realizar a identificação de sinais e sintomas que o paciente
esteja apresentando, incluindo informações como início, duração, frequ-
ência, localização, dentre outros.
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Exame físico: na realização do exame físico, os parâmetros
que devem ser avaliados são a medida da pressão arterial, temperatura
corporal e parâmetros antropométricos, como peso e altura, também
deve ser realizada a inspeção, a palpação, a percussão e a ausculta.

SINAIS ≠ SINTOMAS
SINAIS: São aqueles encontrados pelo farmacêutico, por
meio de exames físicos, laboratoriais ou de imagem. Exemplos:
pressão arterial, temperatura corporal, tosse, cianose, edema, pre-
sença de sangue na urina, etc.
SINTOMAS: São aquelas percepções que o paciente sente,
não são mensuradas pelo farmacêutico e podem ser influenciadas
pela cultura, inteligência e condições socioeconômicas, dentre ou-

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tras. Exemplos: tontura, náusea, dor, dormência, etc.

Figura 2 - Processo de anamnese farmacêutica

Fonte: Elaborado pela autora, 2020.


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Plano Terapêutico

Depois de estabelecer os problemas de saúde do paciente,


bem como sua complexidade e gravidade, deve-se determinar se o pa-
ciente precisa ser encaminhado a um médico, ou se o problema poderá
ser solucionado no serviço prestado pelo farmacêutico. Uma vez deter-
minado, o farmacêutico deve realizar o plano terapêutico.
O plano terapêutico deve ser elaborado com o paciente, e deve
englobar todos os detalhes sobre a intervenção que será aplicada na
resolução do(s) problema(s) de saúde do paciente. A determinação da
intervenção deve ser baseada na gravidade do(s) problema(s) identifi-
cado(s), e essa pode ser realizada através da terapia não farmacológi-
ca, e/ou associada à terapia farmacológica.
A terapia não farmacológica, pode ser realizada através de
recomendações relacionadas a mudanças de hábitos de vida, como
manter uma dieta balanceada e uma frequência na realização de exer-
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cícios físicos. Em relação às terapias farmacológicas, o farmacêutico


deve prescrever os medicamentos isentos de prescrição médica (MIPs).
Esses medicamentos estão descritos na Lista de Medicamentos Isentos
de Prescrição, na Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 98/2016,
estabelecida na IN nº 11/2016 e alterada pela RDC nº 242/2018. O far-
macêutico também pode indicar plantas medicinais e fitoterápicos (tam-
bém isentos de prescrição médica) descritos na RDC/Anvisa nº 138, de
29 de maio de 2003, e na Resolução do Conselho Federal de Farmácia
(CFF) nº 546, de 21 de junho de 2011.
Para realizar a indicação de terapia farmacologia, o farmacêu-
tico deve levar em consideração os seguintes itens:
• Ter certeza que os sinais e sintomas justificam a escolha de
terapia farmacológica;
• Saber qual é o objetivo que se pretende atingir com o uso do
medicamento;
• Estabelecer uma meta terapêutica;
• Selecionar a melhor via de administração;
• Escolher a melhor classe farmacológica, considerando a rela-
ção custo-benefício e alcance terapêutico pretendido;
• Definir a dose, frequência e duração do tratamento.
Após as definições do plano terapêutico, o farmacêutico deve
orientar ao paciente como ele vai seguir o plano, o modo correto de
realizar as terapias (farmacológica ou não farmacológica), quais serão
os efeitos esperados, o que o paciente deve fazer se não melhorar e
quais são as possíveis reações adversas. Ao final de todo o processo,
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o farmacêutico deve assegurar que o paciente entendeu qual é o seu
problema de saúde, as intervenções que serão realizadas e todas as
etapas que compõem seu plano terapêutico.

Avaliação dos Resultados e Documentação

O farmacêutico deve avaliar se os objetivos traçados no plano


terapêutico foram alcançados, assim como, se a conduta estabelecida
foi eficiente. Esse processo pode ser realizado reavaliando os sinais e
sintomas iniciais do paciente e sua evolução, acarretando em quatro
resultados diferentes:
1) Os problemas de saúde foram resolvidos;
2) Os problemas de saúde melhoraram parcialmente;
3) Ausência de melhora dos problemas de saúde;
4) Piora dos problemas de saúde.
O registro da orientação farmacêutica deve ser documentado,

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desde o acolhimento do paciente até a avaliação dos resultados obti-
dos. A realização da documentação deve ser realizada de acordo com
a Resolução do CFF nº 586, de 29 de agosto de 2013, que dispõe de
modelos a serem seguidos para esses registros.

SOLICITAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS

Segundo a Resolução nº 585/13 do Conselho Federal de Far-


mácia, o farmacêutico tem como atribuições clínicas a solicitação de
exames clínico-laboratoriais para o acompanhamento farmacoterapêu-
tico e avalição dos resultados desses exames, objetivando a individua-
lização da farmacoterapia.
O farmacêutico está apto a avaliar exames que foram solicita-
dos por outros profissionais de saúde, e se necessário realizar a solici-
tação de novos exames, que não são utilizados para diagnóstico, mas
para acompanhamento do tratamento medicamentoso, principalmente
de pacientes com doenças crônicas.
Os exames laboratoriais servem como referência basal e in-
dicam se o paciente está atingindo as metas terapêuticas, também
auxiliam no ajuste de dose dos medicamentos, como por exemplo em
relação a função renal e/ou hepática, advindos de medicamentos poten-
cialmente hepatotóxicos ou nefrotóxicos e ainda, podem indicar doses
subterapêuticas ou efeitos adversos e tóxicos.
Além do mais, os exames laboratoriais são extremamente im-
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portantes no monitoramento farmacoterapêutico. Em diversas doen-
ças, a efetividade farmacológica é avaliada por exames. Vários são os
exemplos, como no caso de dislipidemias, é dosado o colesterol total
e frações e triglicerídeos, para o controle da diabetes são avaliados os
níveis de glicemia e hemoglobina glicada, no que diz respeito aos distúr-
bios da tireoide, os hormônios tireoidianos e o TSH (hormônio estimu-
lante da tireoide) são avaliados, já na anemia por deficiência de ferro,
são realizados exames de hemoglobina e perfil do ferro.

ORIENTAÇÕES REFERENTES À COLETA E ARMAZENAMENTO DE


AMOSTRAS

Coleta de Amostras Biológicas

A garantida de qualidade dos resultados de exames laborato-


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riais está diretamente relacionada à fase pré-analítica, por isso, antes


de iniciar o procedimento de coleta de amostras biológicas, deve-se or-
ganizar todo o material, conferir todos os dados da solicitação e realizar
a identificação do material utilizado para coleta.
Para realizar um exame é importante que a requisição esteja pre-
enchida corretamente, com letra legível para que não ocorram erros e sem
rasuras, com as condições e dados a seguir demonstrados na Figura 3.

Figura 3 - Modelo de requisição para solicitação de exames

Fonte: Elaborado pela autora.


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Observação: as informações que contêm no formulário acima
são mínimas, lembre-se que quanto mais dados e informações conter,
menor serão as chances de erros acontecerem.

Identificação das Amostras

A identificação das amostras é um passo muito importante,


uma vez que, uma identificação errada pode causar grandes prejuízos.
Nesse processo deve-se utilizar o mínimo de dados necessários, para
que a amostra do interior do tubo fique com aspecto visível. Na etiqueta
de identificação deve constar o nome do paciente, data de coleta e tipo
de exame, sempre com letra legível.
No caso daquelas amostras que precisam ser acondicionadas
no nitrogênio líquido, deve-se envolver a identificação com uma fita ade-
siva transparente para que esse rótulo não se desprenda. Outra infor-
mação importante é o modo como deve ser aplicada essa identificação,

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preferencialmente, de forma vertical.

Condições do Paciente

Antes de iniciar uma coleta, pergunte ao paciente seu nome


completo e data de nascimento para confirmar os dados da requisição.
Deve-se conferir as condições em que o paciente se encontra. Alguns
exames de sangue exigem um tempo jejum adequado, além disso, de-
ve-se garantir que o paciente esteja descansado.
Existem inúmeros fatores que podem alterar os resultados de
um exame. Dessa maneira, é preciso realizar as orientações corretas
ao paciente, assim como perguntar para o paciente sobre alguns hábi-
tos de vida. Os fatores mais comuns são:
• Tempo de Jejum: a maior parte dos exames exige um tempo
necessário de jejum, geralmente de 6 a 8 horas, e outros precisam de
um tempo de jejum mais prolongado, 12 horas ou mais. Um exemplo
clássico de interferência e é ingestão de água, pois muitos pacientes
não sabem que a água deve ser tomada com moderação, a fim de evitar
a interferência nos exames de urina.
• Dieta: são poucos os exames que necessitam de uma dieta
especial, mas quando for necessário é preciso orientar o paciente para
que não haja nenhuma interferência no exame.
• Atividades físicas: os pacientes devem ser orientados a não
praticar exercícios físicos antes dos exames, pois eles alteram os resulta-
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dos de vários exames, como exemplo, provas enzimáticas e bioquímicas.
• Fumo: os pacientes também devem ser orientados a não fu-
mar no dia do exame. O tabagismo causa várias alterações nos exa-
mes, como exemplos, níveis de vitaminas, número de leucócitos, níveis
de atividades de variadas enzimas, níveis hormonais, dentre outros.
• Bebida alcoólica: os pacientem devem ser orientados a não
ingerir bebidas alcoólica pelo menos três dias antes do exame, devido a
alterações nos níveis de enzimas hepáticas, lipídios e outros.

Coleta de Amostra Biológica: Sangue

A coleta de sangue deve ser, preferencialmente, por punção


venosa, com seringa e agulha descartáveis ou por sistema a vácuo.
Ambos os métodos serão descritos a seguir.
Coleta de sangue com seringa e agulha descartável
1) Colocar a agulha na seringa;
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2) Movimentar o êmbolo e pressionar para retirar o ar;


3) Orientar o paciente sobre o procedimento;
4) Ajustar o garrote no braço do paciente;
5) Fazer assepsia no local de coleta com algodão embebecido
em álcool 70%;
6) Realizar a punção e soltar o garrote assim que o sangue
começar a fluir na seringa;
7) Coletar o sangue de acordo com número de exames solici-
tados;
8) Separar a agulha da seringa e descartar no recipiente de
material perfurocortante;
9) Orientar o paciente para pressionar com algodão no local da
coleta, mantendo o braço estendido;
10) Transferir o sangue para os determinados tubos de coleta,
de acordo com os exames solicitados;
11) Descartar a seringa em recipiente específico;
Coleta de sangue com sistema a vácuo
1) Rosquear a agulha no adaptador (canhão);
2) Orientar o paciente sobre o procedimento;
3) Ajustar o garrote no braço do paciente;
4) Fazer assepsia no local de coleta com algodão embebecido
em álcool 70%;
5) Realizar a punção e introduzir o tubo no suporte, pressio-
nando-o até o limite;
6) Soltar o garrote assim que o sangue começar a fluir na seringa;
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7) Retirar o tubo de coleta e inserir o próximo tubo;
8) Separar a agulha do suporte e descartar no recipiente de
material perfurocortante;
9) Orientar o paciente a pressionar com algodão no local da
coleta, mantendo o braço estendido;
10) Transferir o sangue para os determinados tubos de coleta,
de acordo com os exames solicitados;
*A etapa sete só vai ser realizada se for necessário coletar ma-
terial em mais de um tubo de coleta.

Agulhas para coleta múltiplas: esse tipo de agulha possui


uma manga de borracha, que recobre a porção final da agulha e
evita o vazamento de sangue para dentro do adaptador (canhão)

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durante a punção.
Agulhas de coleta única: não possuem essa manga de bor-
racha e, por isso, devem ser utilizadas para coletar apenas um tubo
por paciente.

Dependendo da análise, o exame poderá ser realizado no san-


gue total, no plasma ou no soro. O quadro 1 a seguir explica as diferen-
ças entre a forma de coleta dessas amostras.

Quadro 1 – Tipos de amostras biológicas

Fonte: Elaborado pela autora.


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Observação: Se a amostra precisar ser acondicionada em free-
zer, gelo seco ou nitrogênio, deve-se atentar para o uso de tubos apropria-
dos. Nunca utilizar tubos de vidro para esses tipos de acondicionamento.

Uma amostra biológica para ter uma boa qualidade exige


que o profissional conheça e realize as normas de biossegurança
vigentes no país.
A legislação de Biossegurança (Lei nº 8.974, de 05 de janei-
ro de 1995), criou a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio). Essa lei determina às exigências de segurança na ma-
nipulação de agentes biológicos e os níveis de biossegurança em
NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4.
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O anticoagulante a ser utilizado também depende do exame e


do tipo de amostra que se quer obter. Os tubos de coletas são padroni-
zados com tipos de anticoagulantes associado a uma determinada cor,
conforme demonstrado no Quadro 2. Deve-se sempre verificar a capa-
cidade de volume que o tubo de coleta permite.

Quadro 2 – Diferenças dos tubos de coletas

Fonte: Elaborado pela autora.

*Após a coleta em tubos com tampa amarela deve-se imedia-


tamente homogeneizar o tubo por inversão e manter em repouso por
aproximadamente 30 minutos antes da centrifugação. Já os tubos com
tampa vermelha, é preciso deixar em repouso aproximadamente 10 mi-
nutos antes da centrifugação.

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Coleta de Amostra Biológica: Urina

A composição da urina é constituída principalmente por ureia,


creatinina e ácido úrico. Outros componentes inorgânicos são cloreto
de sódio e potássio. Há também outros componentes que estão presen-
tes em quantidades menores. Podem ser encontrados também, células,
cristais, mucos e bactérias. Quantidades aumentadas destes elementos
geralmente são indícios de doenças.
Pelo fato de a amostra de urina ser de fácil obtenção, muitas
vezes, os pacientes não têm um cuidado ao coletar a amostra, desse
modo algumas orientações devem ser repassadas aos pacientes quan-
do forem realizar a coleta de urina. Existem diferentes modos de coletar
a urina, demonstrado no Quadro 3. O modo como irá ser coletada de-
penderá do que você quer avaliar.
Orientações gerais:
• Verificar se o recipiente está identificado corretamente;

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• Entregar a amostra imediatamente ao laboratório, caso isso
não seja possível, manter a amostra refrigerada para prevenir a decom-
posição da urina e proliferação bacteriana;
• Nunca congelar a amostra.
• Mulheres: fazer assepsia do local e desprezar o primeiro jato
de urina, após coletar a urina no frasco, urinando em jato para que a
urina não escorra na região genital.
• Homens: fazer assepsia do local e desprezar o primeiro jato
de urina, retrair o prepúcio com uma das mãos e coletar a urina no
frasco, urinando em jato para que a urina não escorra na região genital.

Quadro 3 - Tipos de coleta de urina

Fonte: Elaborado pela autora.


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Coleta de amostra biológica: Fezes

Nos exames de rotina, a análise de fezes é realizada para de-


tecção precoce de sangramento gastrointestinal, distúrbios hepáticos,
distúrbios nos ductos biliares e síndromes de má absorção intestinal.
São realizadas análises macroscópicas, microscópicas e bioquímicas.
O modo como irá ser coletada a amostra de fezes depende
da finalidade do exame. Os principais exames, preparo do paciente e o
modo de coleta estão descritos no Quadro 4.

Quadro 4 – Modo de coleta de amostra de fezes


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Fonte: Elaborado pela autora.

Armazenamento das amostras

O armazenamento correto tem como objetivo preservar a in-


tegridade e estabilidade das amostras biológicas e, ainda, auxilia no
transporte do material até o laboratório que irá executar os exames.
O modo como acondicionar irá depender do tipo de material biológico
coletado, porém, deve ser de modo que impeça que o profissional de
saúde seja exposto ao manusear aquela amostra, assim como também
impeça a exposição dos profissionais que vão transportar o material.
Antes de armazenar as amostras, deve-se conferir se está tudo
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certo com o recipiente em que está a amostra e verificar se a identifica-
ção está adequada. As embalagens em que o material será acondicio-
nado devem ser:
• Resistentes a vazamentos e impactos;
• Possuir sistema de vedação adequado;
• Suportar variações de temperatura, umidade e pressão;
• Estarem sempre limpas e higienizadas para evitar contami-
nação.

Sempre respeitar a capacidade máxima da embalagem e


as condições de empilhamento.
*Essas informações são fornecidas pelos fabricantes.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


Para acondicionar as amostras para transporte, deve-se ter cui-
dado com a disposição dos itens, de forma a aproveitar todo o espaço.
Para evitar que haja agitação e vazamento das amostras, os espaços
vazios devem ser preenchidos com papel amassado ou plástico bolha
e as extremidades de fechamento (tampa) devem estar voltadas para
cima. Também deve ser usado gelo reciclável em quantidade suficiente
para conservar as amostras.
Amostras de sangue total, soro e plasma devem ser alocadas
em recipientes rígidos e resistentes, como por exemplo, estantes ou
grades. Já as amostras de urina e fezes, devem ser acondicionadas em
copo coletor, diretamente no recipiente secundário.

25
QUESTÕES DE CONCURSO
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: UECE-CEV Órgão: Prefeitura de Quixeramobim -
CE Prova: Farmacêutico
Pacientes diabéticos podem ser avaliados de diferentes formas em
relação ao controle glicêmico. O exame que permite que o farma-
cêutico e o corpo clínico verifiquem o controle glicêmico de 2 a 4
meses antes do dia do exame é denominado
a) frutosamina.
b) glicemia pós-prandial.
c) teste oral de tolerância à glicose.
d) hemoglobina glicada.

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: FEPESE Órgão: Prefeitura de Videira - SC Prova:
Farmacêutico
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

As dislipidemias raramente causam sintomas ou sinais clínicos, re-


querendo exames laboratoriais para sua detecção. Assinale a alter-
nativa correta sobre as dislipidemias e sua avaliação laboratorial.
a) As principais manifestações clínicas das dislipidemias são ateroscle-
rose prematura, pancreatite e doença hepática não alcoólica, sendo que
as duas últimas situações estão particularmente relacionadas à hiper-
colesterolemia.
b) As dislipidemias podem ser decorrentes de defeitos genéticos (secun-
dárias) ou adquiridos (primárias) no metabolismo das lipoproteínas, seja
no aumento da sua secreção hepática ou na redução do seu catabolismo.
c) O perfil lipídico é definido pelas determinações bioquímicas de colesterol
total; de colesterol da lipoproteína de alta densidade e da lipoproteína de
baixa densidade; e de triglicerídeos. Para a adequada avaliação do perfil
lipídico, a coleta de sangue deverá ser realizada após jejum de 6-8 horas.
d) A determinação do perfil lipídico deve ser realizada em jejum; deve-se
evitar atividade física vigorosa e ingesta de álcool nas 24 e 72 horas que
antecedem a coleta de sangue, respectivamente.
e) A redução dos níveis de colesterol total e do colesterol da lipoproteí-
na de alta densidade é acompanhada de diminuições na incidência de
eventos relacionados à doença arterial coronariana.

QUESTÃO 3
Ano: 2020 Banca: IBADE Órgão: IAPEN - AC Prova: Farmacêutico
O laboratório clínico pode contar com laboratórios de apoio para
realização de exames. Segundo a RDC 302/2005, o laudo emitido
26
pelo laboratório de apoio deve ficar armazenado por quanto tempo?
a) 10 anos
b) 6 meses
c) 1 ano
d) 5 anos
e) Não existe período estabelecido

QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: POLÍCIA CIENTÍFI-
CA - PE Prova: Perito Criminal - Farmácia
Após a realização de exame clínico, uma paciente adulta foi diag-
nosticada com alopecia areata crônica difusa. A partir desse diag-
nóstico, o médico prescreveu a administração de corticoides orais
em dose adequada para que ela pudesse ter alívio parcial dos sin-
tomas sem ser exposta a efeitos adversos graves.
Nesse caso clínico, o médico prescreveu à paciente uma dose
a) mínima tolerada.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


b) máxima tolerada.
c) de ataque.
d) de manutenção.
e) eficaz individual.

QUESTÃO 5
Ano: 2018 Banca: UPENET/IAUPE Órgão: Prefeitura de Paulista -
PE Prova: Farmacêutico
No exercício das funções clínicas do farmacêutico, sobre as suas
atribuições, analise os itens abaixo:
I. Prescrever a Nutrição Parenteral no âmbito hospitalar.
II. Solicitar autorização ao corpo clínico para acessar e conhecer o
histórico do prontuário do paciente.
III. Prescrever medicamento para transtornos menores.
IV. Solicitar exames para o monitoramento dos parâmetros sanguí-
neos e os efeitos dos medicamentos.
V. Realizar e registrar suas intervenções e emitir parecer técnico.
Estão CORRETOS
a) I, II e III.
b) III, IV e V.
c) I, III e V.
d) II, IV e V.
e) I, II e IV

27
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
O exame clínico é composto pela anamnese do paciente, que é uma
entrevista estruturada que objetiva trazer de volta a memória de todos
os fatos relacionados ao indivíduo doente. Sobre o enunciado, comente
acerca das etapas que devem ser realizadas na anamnese farmacêutica.

TREINO INÉDITO
O plano terapêutico estabelecido pelo farmacêutico tem como fi-
nalidade:
a) Identificar os problemas de saúde.
b) Diagnosticar doenças.
c) Não solucionar os problemas de saúde.
d) Realizar uma intervenção para solucionar os problemas de saúde.
e) Prescrever somente terapias não medicamentosas.

NA MÍDIA
CONSULTÓRIO FARMACÊUTICO: FAZENDO A DIFERENÇA
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

O trabalho realizado em uma Unidade de Saúde, no município de Casta-


nhal – PA, tem feito a diferença no tratamento de pacientes. Esse trabalho
inclui a avaliação de receitas e confecção de caixas organizadoras para
melhor armazenamento dos medicamentos. A farmacêutica envolvida no
projeto é especialista em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica, ela
conta que as atividades realizadas são de forma multidisciplinar e em par-
ceria com outros profissionais da saúde, como por exemplo, enfermeiros
e assistentes sociais. As consultas farmacêuticas são agendadas e duram
entre meia e uma hora. No decorrer da consulta, são realizadas avaliações
sobre a condição de saúde, farmacoterapia e a rotina do paciente. Conse-
quentemente, é observada uma melhor resposta do tratamento com esses
pacientes e uma relação de parceria entre farmacêutico e paciente.
Fonte: Conselho Federal de Farmácia
Data: 31/03/2019
Leia a notícia na íntegra: https://www.cff.org.br/noticia.php?id=5233&-
titulo=Consult%C3%B3rio+farmac%C3%AAutico%3A+fazendo+a+dife-
ren%C3%A7a. Acesso em: 29 de agosto de 2020.

NA PRÁTICA
MONTANDO UM CONSULTÓRIO FARMACÊUTICO
O primeiro passo para a montagem de um consultório consiste na ca-
pacitação, pois a maioria dos farmacêuticos formados antes de 2019
não teve formação clínica durante a graduação. Desse modo, adqui-
rir conhecimentos para obter competência clínica é fundamental para
quem busca empreender em um consultório. Com o primeiro passo,
28
você deve decidir se vai abrir um consultório dentro de uma farmácia
comercial ou drogaria ou será instalado de forma independente, sem
relação com um estabelecimento farmacêutico.
Posteriormente, você deve ter clareza dos verdadeiros objetivos de um
consultório farmacêutico. Portanto, é necessário estudar criticamente a
legislação que regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e a
prescrição farmacêutica no Brasil, especificamente as Resoluções 585
e 586 do CFF, ambas publicadas em 29 de agosto de 2013. Recomen-
da-se a leitura de todas as legislações que abordam a prestação de
serviços farmacêuticos e em saúde.
Ao definir as primeiras etapas, você deve começar a se preparar em ter-
mos de recursos financeiros. Os consultórios farmacêuticos implementa-
dos em farmácias geralmente requerem um menor investimento que os
consultórios independentes. Avaliando a parte estrutural, ambos os lugares
serão semelhantes. Também deve-se definir quais serviços serão ofereci-
dos, desse modo é importante ter clareza dos serviços que podem ser ofer-
tados pelo farmacêutico clínico. Outra questão a ser planejada é a neces-

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


sidade de colaboradores, como por exemplo, laboratórios que vão realizar
exames. Por fim, você deve realizar as regulamentações ficais e sanitária.
Título: 16 passos para montar um consultório farmacêutico
Fonte: https://www.ictq.com.br/varejo-farmaceutico/496-a-montagem-
-de-um-consultorio-farmaceutico.
Acesso em: 29 de agosto de 2020.

PARA SABER MAIS:


Vídeo sobre o assunto: Semiologia Farmacêutica. Disponível em: <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=eRIVEDlYvFI>Acesso em: 29 de
agosto de 2020.
Vídeo sobre o assunto: Como montar um Consultório Farmacêutico.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XwlyWy2lOgk>A-
cesso em: 29 de agosto de 2020.
Leitura sobre o assunto: Manual de Orientação Para Coleta, Acondi-
cionamento e Transporte de Amostras para Exames Laboratoriais. Dis-
ponível em: <http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2018/05/
Manual-de-Orienta%C3%A7%C3%A3o-para-Coleta-Acondicionamen-
te-e-Transporte-de-Amostras-para-Exames-Laboratoriais-vol.-01.pd-
f>Acesso em: 29 de agosto de 2020.
Saber mais sobre biossegurança: Curso de Boas Práticas no Ci-
clo do Sangue. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/
documents/4048533/5007342/Modulo+3+-+Biosseguran%-
C3%A7a+e+Gerenciamento+de+Residuos+.pdf/70f3f737-a4bd-4e-
55-8705-1b03aa4ed0de>Acesso em: 29 de agosto de 2020.
29
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE MARCADORES BIOQUÍMICOS

Avaliação das Dosagens Hormonais

Hormônio folículoestimulante (FSH) e Hormônio luteinizante (LH)


O FSH é uma glicoproteína produzida pela adenohipófise que
estimula a produção de estrogênios nos ovários e o crescimento foli-
cular. Possui funções importantes na da vida da mulher, pois durante a
puberdade, o FSH participa das mudanças no corpo feminino e, após
a puberdade, a principal função é estimular o crescimento dos folículos
no momento correto do ciclo menstrual. Os valores de referência estão
3030
descritos da Tabela 1.

Tabela 1 – Valores de referências do FSH

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

O hormônio LH é essencial no amadurecimento do folículo do-


minante, além de estimular o processo da ovulação e as produções de
estrogênio e progesterona. Alterações nos níveis de LH podem desen-
volver um quadro de anovulação, impossibilitando a fecundação. Os
valores de referência estão descritos da Tabela 2.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


Tabela 2 – Valores de referências do LH

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: podem estar associados ao hipogonadismo
primário, como por exemplo anorquia, insuficiência testicular, menopau-
sa, a tumores hipofisários secretores de gonadotropinas, a síndrome de
feminização testicular completa, a puberdade precoce e a fase lútea do
ciclo menstrual.
Níveis diminuídos: essa alteração pode estar relacionada ao
hipogonadismo secundário e deficiência de gonadotropina.
Estradiol
O estradiol é o estrogênio endógeno mais ativo e é produzido
nos ovários antes da ovulação. A principal função desse hormônio é pre-
parar o endométrio para receber o embrião. É comumente utilizado para
a avaliação de problemas menstruais e fertilidade nas mulheres, e no
monitoramento da terapia com gonadotropina menopáusica humana.
Os valores de referência estão descritos na Tabela 3.
31
Tabela 3 – Valores de referências do estradiol.

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: estão associados a tumores produtores de
estrogênio, ginecomastia, cirrose hepática e hipertireoidismo.
Níveis diminuídos: hipogonadismo primário e secundário.
Progesterona
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

É um hormônio sintetizado pelos ovários, essencial para a fer-


tilidade e para o corpo feminino. A progesterona é importante na prepa-
ração do endométrio para a fixação do embrião. Sua avaliação é muito
utilizada na detecção da ovulação na avaliação da função do corpo lú-
teo e no monitoramento de pacientes que estão induzindo a ovulação.
Normalmente os níveis de progesterona irão aumentar após a ovulação
e reduzir caso não ocorra a fecundação. Seu monitoramento também
é utilizado na avaliação de pacientes que possuem risco de aborto pre-
coce. Os valores de referência estão descritos na Tabela 4. Atenção: os
valores de referência da progesterona estão sujeitos a uma pequena
variação de acordo com o laboratório.

Tabela 4 – Valores de referências da progesterona

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.


32
Interpretação clínica
Níveis elevados: podemos associar a fase lútea do ciclo mens-
trual, a cistos ou tumores ovarianos e tumores suprarrenais.
Níveis diminuídos: associa-se a casos de amenorreia, morte
fetal, ameaça de aborto, toxemia da gravidez e agenesia gonádica.
Cortisol
O cortisol, amplamente conhecido como hidrocortisona, é o
principal glicocorticoide produzido e secretado pelo córtex da suprarre-
nal. Seus níveis podem afetar o metabolismo das proteínas, carboidra-
tos e gorduras, na manutenção da integridade do músculo e do miocár-
dio e na supressão das atividades alérgicas e inflamatórias. Pode ser
utilizado no diagnóstico diferencial da síndrome de Cushing.
A causa mais comum de aumento dos níveis plasmáticos em
mulheres se dá pela alta concentração de estrogênio circulante, como
exemplo em terapias com estrogênio ou na gravidez. É comumente co-
nhecido por estar com seus níveis basais elevados em episódios de
estresse agudo. Também pode-se encontrar níveis elevados em pacien-

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


tes que utilizam prednisona, pois quando a prednisona é convertida em
prednisolona apresentando uma reatividade cruzada de 41%.
O cortisol quando está ligado irá circular em um estado livre,
entretanto, temporariamente, inativo. Sua atividade fisiológica vai de-
pender dos níveis da pequena fração de cortisol livre circulante. Os va-
lores de referência do cortisol estão demonstrados na Tabela 5.

Tabela 5 – Valores de referências do cortisol

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

O cortisol pode ser avaliado em amostras de saliva e urina


e, em ambas amostras, a interpretação clínica será a mesma:
- Na síndrome de Cushing, os níveis estão aumentados no
final da tarde;
- Na insuficiência suprarrenal, os níveis estão diminuídos
pela manhã.

33
Função tireoidiana (TSH, T4 e T3)
• Hormônio tireoestimulante (TSH): controla a biossíntese e a
liberação dos hormônios da tireoide, T4 e T3. Utilizado na avaliação do
estado metabólico, principalmente, na triagem inicial e diagnósticos de
hipotireoidismo e hipertireoidismo e no monitoramento da terapia com
hormônio tireoidiano. Os valores de referência dependem da idade e do
sexo dos indivíduos (Tabela 6).

Tabela 6 – Valores de referências do TSH


INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: Hipotireoidismo primário não tratado ou com
reposição insuficiente do hormônio tireóideo. Pacientes com tireoidite
de Hashimoto. Uso de vários fármacos, como anfetaminas, metoclopra-
mida, domperidona, clorpromazina, haloperidol.
Níveis diminuídos: Bócio multinodular tóxico, desidratação gra-
ve, adenoma da tireoide de funcionamento autônomo, reposição exces-
siva de hormônio tireoideo, tireoidite, doença de Graves e hipotireoidis-
mo hipofisário secundário ou hipotalâmico.
• Tiroxina total (T4):
“A T4 é a principal secreção da glândula tireoide. Utilizada prin-
cipalmente no diagnóstico de hipotireoidismo e hipertireoidismo, par-
ticularmente quando manifesto ou secundário à doença hipofisária ou
hipotalâmica” (WILLIAMSON & SNYDER, 2011, p. 215).
Valores de referência: 6,09 a 12,23 μg/dL
Interpretação clínica
Níveis elevados: Hipertireoidismo, gravidez, uso de alguns fár-
macos (estrogênios, contraceptivos orais, dtiroxina, extrato tireóideo,
TSH, amiodarona, heroína, metadona, anfetaminas, algumas substân-
cias radiopacas para exames radiológicos), síndrome do paciente euti-
reoideo e em casos de hipertiroxinemia disalbuminêmica familiar.
Níveis diminuídos: Hipotireoidismo, hipoproteinemia, uso de
determinados fármacos (fenitoína, triiodotironina, testosterona, ACTH,
34
corticosteroides) e na síndrome do paciente eutireoideo.
• Tri-iodotironina (T3): A tiroxina T4 é convertida em T3 nos teci-
dos periféricos. A maior parte da T3, quando transportada, está ligada às
proteínas e apenas 0,3% está no estado livre não ligado. Esse exame é
utilizado no diagnóstico de tireotoxicose por T3 (quando T4 está normal
e o TSH está suprimido,) ou quando os níveis de FT4 estão normais,
mas o paciente apresenta sinais e sintomas de hipertireoidismo. Esse
exame também pode ser usado no monitoramento do hipertireoidismo e
na terapia reposição hormonal.
Valores de referência:
T3 total:87 a 178 ng/dL
T3 livre: 2,5 a 3,9 pg/mL
Interpretação clínica
Níveis elevados: doença de Graves e na maioria das causas
de hipertireoidismo.
Níveis diminuídos: hipotireoidismo secundário, tireoidite de
Hashimoto e hipotireoidismo neonatal. Diminuem em ≤ 25% em indiví-

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


duos idosos saudáveis.

Avaliação do Controle Glicêmico

Dosagem de glicemia
A dosagem de glicemia mede a quantidade do açúcar glicose.
Essa glicose tem origem nos carboidratos e constitui a principal fonte de
energia utilizada pelo corpo. Controlar as dosagens de glicemia é muito
importante, pois reduz, significativamente, as complicações da diabetes
mellitus. Dessa maneira, a avaliação da glicemia é extremamente im-
portante no acompanhamento da diabetes, além do mais, a partir dos
resultados desse exame, o farmacêutico pode realizar ajustes no trata-
mento desses pacientes.
A dosagem da glicemia geralmente é realizada em soro ou plas-
ma, visto que em amostras de sangue total a dosagem pode ser mais
baixa. A metodologia mais utilizada para a dosagem de glicemia é pelo
enzimático, com oxidase ou hexoquinase. O tubo de coleta do sangue, de
preferência deve conter fluoreto. Caso a coleta seja em tubo sem fluoreto,
a amostra deve ser centrifugada imediatamente após a venopunção, pois
o fluoreto nos tubos previne o processo de metabolismo da glicose pelas
hemácias, aumentando a estabilidade da amostra biológica.
Outro fator importante é que a dosagem de glicemia pode ser
realizada em jejum (no mínimo de 8 horas) ou pós-prandial. Atualmente,
sabe-se que dosar somente a glicemia em jejum é insuficiente para ob-
35
ter um controle da diabetes, pois esse resultado reflete em uma medida
pontal. A dosagem da glicemia também pode ser efetuada pós-prandial,
de 1 a 2 horas após a ingestão de alimentos. Esse exame irá permitir a
avaliação dos picos hiperglicêmicos pós-prandiais.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o termo pré-dia-
betes caracteriza aqueles indivíduos que possuem glicemia de jejum
alterada ou tolerância à glicose diminuída. Na Tabela 7 estão descritos
os valores de referência da glicemia em jejum. A Sociedade Brasileira
de Diabetes e a Academia Americana de Diabetes, adotam um ponto de
corte para a glicemia em jejum, com valores normais até 99 mg/dL. Já
a tolerância à glicose diminuída é caracterizada devido a uma alteração
na regulação da glicose no estado pós-sobrecarga, no qual o paciente
realiza um teste oral com a ingestão de 75 gramas de dextrosol, se os
níveis glicêmicos estiverem entre 140 a 199 mg/dL após duas horas
dessa ingestão, considera-se tolerância a glicose diminuída.

Tabela 7 – Valores de referências da glicemia em jejum


INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2020.

Interpretação clínica
Níveis elevados: diabetes, aumento da epinefrina circulante,
pancreatite aguda, encefalopatia de Wernicke (deficiência de vitamina
B1), algumas lesões do SNC, como hemorragia subaracnóidea e esta-
dos convulsivos, efeitos de alguns fármacos e substâncias (corticoste-
roides, propranolol álcool etílico, estrogênios, fenitoína, hipervitaminose
A crônica, tiazídicos).
Níveis diminuídos: distúrbios pancreáticos, endócrinos e fun-
cionais, doenças hepáticas e enzimáticas, dentre outros.
Hemoglobina glicada
A hemoglobina glicada (HbA1C) é um marcador de hiperglice-
mia crônica que reflete a média dos níveis glicêmicos dos últimos 2 a 3
meses. Esse exame é muito utilizado para avaliar o controle glicêmico,
desse modo, é crucial no acompanhamento de pacientes diabéticos e
pode ser utilizado no diagnóstico da diabetes.
Para realizar esse exame o paciente não precisa estar em je-
jum. Além do mais, esse exame possui várias vantagens, como meno-
res índices de interferências e maior estabilidade. Para fins de diagnós-
36
tico, a Sociedade Brasileira de Diabetes e o Comitê de Especialistas da
American Diabetes Association, estabelecem quatro critérios possíveis
para estabelecer o diagnóstico da diabetes. Os valores de referência
desses critérios estão descritos na Tabela 8.

Tabela 8 – Valores de referências para fins de diagnóstico da diabetes

Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2020.

*Coleta de sangue aleatória, independente do paciente estar

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


ou não em jejum.

E-book disponibilizado pela Sociedade Brasileira de Dia-


betes.
Diagnóstico, Epidemiologia e Fisiopatologia do Diabetes.
Disponível em: <https://ebook.diabetes.org.br/main-page#modu-
lo1>Acesso em: 29 de agosto de 2020.

Avaliação do Perfil Lipídico

Colesterol Total
O colesterol total é dosado para avaliação do risco de doen-
ças cardíacas e aterosclerose. É fundamental no funcionamento das
membranas celulares e como precursor dos ácidos biliares, vitamina D,
progesterona, estrogênios, mineralocorticoides e glicocorticoides. Ge-
ralmente é solicitado em combinação com os exames envolvidos na
avaliação do perfil lipídico do paciente. Os valores de referência do co-
lesterol total estão descritos na Tabela 9.

37
Tabela 9 - Valores de referência do colesterol total

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: casos de obesidade, tabagismo, dietas com
alto teor de colesterol e gorduras, insuficiência renal, hipotireoidismo,
doença de armazenamento do glicogênio, hipercolesterolemia familiar,
diabetes, cirrose biliar, doença hepatocelular, hiperlipoproteinemia dos
tipos I, IV e V, neoplasias de próstata e pâncreas.
Níveis diminuídos: ataques cardíacos, desnutrição, anemias
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

crônicas, hipertireoidismo, infecções, estresse, dentre outros.


Colesterol HDL
“A lipoproteína de alta densidade (HDL) é produzida pelo fí-
gado e consiste principalmente em colesterol, fosfolipídio e proteína”
(WILLIAMSON & SNYDER, 2011, p. 77). Ela transporta o colesterol
através da corrente sanguínea, passando dos tecidos para o fígado,
processo conhecido como transporte reverso de colesterol. A HDL é co-
nhecida como “bom colesterol” e é utilizada principalmente na avaliação
de riscos de doenças cardíacas e aterosclerose. Os valores de referên-
cia do colesterol HDL estão descritos na Tabela 10.

Tabela 10 - Valores de referência da HDL

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: Podem ser encontrados níveis elevados em
casos de perda de peso e atividade física regular, doenças hepáticas
crônica e em hiperalfalipoproteinemia.
38
Níveis diminuídos: são encontrados em casos de pacientes
diabéticos não controlados, insuficiência renal crônica, uremia e nefro-
se, doenças hepatocelular, colestase, entre outros.
Colesterol LDL
A lipoproteína de baixa densidade (LDL), também chamada de
LDL-colesterol (LDL-C), é composta por colesterol, proteína e fosfolipí-
dios. Esses transportam o colesterol que está na corrente sanguínea do
fígado para os tecidos periféricos. A LDL é produzida através do metabo-
lismo da VLDL-colesterol. Comumente conhecida como “colesterol ruim”,
seus altos níveis estão associados a casos de aterosclerose e coronario-
patia. Os valores de referência da LDL estão descritos na Tabela 11.

Tabela 11 - Valores de referência da LDL

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: em casos de hipercolesterolemia familiar, dia-
betes, síndrome nefrótica, doenças hepáticas e renais, e em hiperlipi-
demia tipos II e III.
Níveis diminuídos: em casos de hipertireoidismo, anemia crônica,
hipolipoproteinemia, abetalipoproteinemia, doença de Tangier, entre outros.
Triglicerídeos
Os triglicerídeos são um tipo de gordura que constitui uma im-
portante fonte de energia para o corpo humano. A maior parte fica ar-
mazenada no tecido adiposo, como forma de glicerol, monoglicerídios
e ácidos graxos, que são convertidos pelo fígado em triglicerídeos. O
processo de armazenamento de triglicerídeos ocorre pelo fato de que os
triglicerídeos são transportados por lipoproteínas do sangue até o tecido
adiposo. Dos triglicerídeos totais, em torno de 80% estão localizados no
VLDL e 15% nas LDL, que são importantes no metabolismo como fonte
energética e transportadores da gordura alimentar. Os valores de referên-
cia dos triglicerídeos, avaliados em jejum estão descritos na Tabela 12.

39
Tabela 12 - Valores de referência de triglicerídeos

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: estão associados principalmente a um maior
risco de doenças cardiovasculares e arteriosclerose. Também podem
estar presentes em Hiperlipoproteinemia dos tipos I, IIb, III IV e V, dia-
betes, doença de Von Gierke, hipotireoidismo, pancreatite, doenças re-
nais, infarto do miocárdio, gota, entre outros.
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

Níveis diminuídos: Hipertireoidismo, abetalipoproteinemia, des-


nutrição e síndrome disabsortiva.

Avaliação da Função e Lesão Renal

Creatinina urinária
A creatina é produzida pelos aminoácidos nos rins, no pâncre-
as e no fígado. O transporte da creatina ocorre através do sangue para
outros órgãos, onde ocorre a síntese de creatinina. A creatinina uriná-
ria é excretada em uma taxa constante, desse modo existem valores
esperados para esse exame, além do mais, ela representa a filtração
glomerular e a excreção tubular ativa dos rins.
Os valores da creatinina não são afetados pela dieta ou por ati-
vidades físicas. Como medida de avaliação da função renal, é realizado
o cálculo da depuração da creatina, utilizando as medidas das creatini-
nas urinária e sérica. Os valores de referência para creatinina urinária
estão descritos na Tabela 13.

Tabela 13 - Valores de referência da creatinina urinária

40
Fonte: Adaptado Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: acromegalia, gigantismo, diabetes, infecções,
hipotireoidismo e em dieta com carnes.
Níveis diminuídos: em casos de hipertireoidismo, anemia, dis-
trofia muscular, diminuição de massa muscular, doença renal avançada,
leucemia e dietas vegetarianas.
Creatinina com taxa de filtração glomerular estimada
A creatinina é formada pela hidrólise da creatina e fosfocreati-

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


na no músculo e pela ingestão de carne. Ela é filtrada pelo glomérulo e
secretada pelo túbulo proximal e uma certa quantidade é reabsorvida.
O exame de creatinina com taxa de filtração glomerular serve
para estabelecer o diagnóstico de insuficiência renal, visto que seus
resultados são mais específicos e altamente sensíveis em doenças re-
nais quando comparados a dosagem de ureia sanguínea. Os níveis de
creatinina sérica e ureia sanguínea sofrem alterações quando há perda
de 50% da função renal, desse modo, a dosagem isolada de ambas não
são úteis na detecção de insuficiência renal precoce.
A realização desse exame também serve no ajuste de dose de
medicamentos excretados pelos rins e no monitoramento de receptores
de transplante renal. Os níveis de creatinina sérica devem ser determi-
nados para calcular a taxa de filtração glomerular em indivíduos que
possuem doença renal crônica e naqueles com fatores de risco para
hipertensão, diabetes, doença cardiovascular e história familiar de do-
ença renal. Os valores de referência estão descritos na Tabela 14.

Tabela 14 - Valores de referência da creatinina com taxa de filtração glomeru-


lar estimada

41
Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

• IDMS - Traceable MDRD Study Equation para o cálculo da TFG:

Atenção: Essa equação não foi validada em crianças, ela é


utilizada somente para pacientes com >16 anos de idade. A equação é
normalizada para uma área de superfície corporal média de adulto de
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

1,73m2; não há necessidade de ajuste para o peso e a altura.


Interpretação clínica
Níveis elevados: podem estar associados a diversos fatores,
como a ingestão de carne assada, doenças musculares (gigantismo,
acromegalia), azotemia, comprometimento da função renal.
Níveis diminuídos: encontrados em casos de gravidez (valor
normal é de 0,4 a 0,6 mg/dL) e pela inibição de alguns fármacos (cime-
tidina, trimetoprima).
Depuração da Creatinina (clearance)
A depuração da creatinina será realizada a partir da comparação
da creatinina (de 24 horas) com a creatinina no sangue, a fim de estabe-
lecer o volume de sangue filtrado pelos rins a cada minuto. Esse exame é
utilizado na avaliação da função glomerular e monitoramento do tratamento
na doença renal. Seus valores de referência estão descritos na Tabela 15.

Tabela 15 - Valores de referência da depuração da creatinina

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: em casos de acromegalia, necrose tubular
aguda, dietas à base de carne, ICC, desidratação, diabetes, exposição
42
a agentes e substâncias químicas nefrotóxicos, gigantismo, infecções,
neoplasias (renais bilaterais), nefrosclerose, doença renal policística,
pielonefrite, aterosclerose e obstrução da artéria renal, trombose da
veia renal, choque e hipovolemia.
Níveis diminuídos: podemos encontrar em casos de pielonefrite
bilateral crônica, hipertireoidismo, leucemia, doenças de debilitação mus-
cular, paralisias, obstrução do trato urinário e em dietas vegetarianas.

A creatinina urinária geralmente não é solicitada isolada-


mente.
Nunca se deve dosar somente o nível sérico de creatinina,
pois ele não constitui um índice adequado da taxa de filtração glo-
merular.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


A coleta de amostra de urina de 24 horas deve ser sempre
refrigerada, pois a não refrigeração da amostra durante o período
de coleta possibilita a decomposição da creatinina, resultando em
valores falsamente diminuídos.
O consumo de grandes quantidades de carne, o estresse e
o exercício excessivo devem ser evitados nas 24 horas anteriores
à realização do teste.

Avaliação da Função e Lesão Hepática

Transaminase Glutâmico Oxaloacética (TGO) ou Aspartato


aminotransferase (AST)
A AST faz parte da família de enzimas transaminases. Essa
enzima é encontrada no coração, fígado, musculatura esquelética e nos
rins. A atividade da AST no fígado corresponde a cerca de sete mil ve-
zes a sua atividade no soro. Quando os níveis de AST estiverem acima
de 10 vezes o normal, haverá um indicativo de lesão hepatocelular agu-
da. Porém, algumas elevações menos acentuadas são consideradas
inespecíficas e podem ocorrer em praticamente qualquer tipo de lesão
hepática. Os valores de referência da AST estão descritos na Tabela 16.

43
Tabela 16 - Valores de referência da AST

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Transaminase Glutâmico Pirúvica (TGP) ou Alanina amino-


transferase (ALT)
A enzima ALT também é um membro da família de enzimas
transaminases, é encontrada principalmente no fígado e nos rins, com
menores quantidades no coração e nos músculos esqueléticos. Sua ati-
vidade no fígado corresponde a cerca de três mil vezes a sua atividade
no soro. Os valores de referência da ALT estão descritos na Tabela 17.

Tabela 17 - Valores de referência da AST


INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Observações importantes para ambos os testes:


• Geralmente pacientes que apresentam níveis de ALT e de
AST > 1.000 U/L serão assintomáticos;
• Os níveis raramente aumentam para > 500 U/L nos casos de
icterícia pós-hepática, cirrose, AIDS e hepatite viral;
• Valores dentro da referência não descartam, necessariamen-
te, doenças hepáticas, pois a ALT está normal em 50% e a AST em 25%
dos casos de cirrose alcoólica.
Bilirrubinas
A dosagem de bilirrubina normalmente é solicitada para avaliar
a função hepática. Muitas doenças afetam a produção, armazenamen-
to, metabolismo ou excreção da bilirrubina. Geralmente a bilirrubina é
determinada na forma direta (também chamada de conjugada) ou in-
direta (não conjugada). Para a obtenção da bilirrubina indireta, basta
subtrair os valores da bilirrubina direta pela bilirrubina total. Quando os
valores da bilirrubina estão altos no sangue, é indicativo de que ela não
está sendo filtrada e excretada corretamente pelo fígado. Os valores de
referência estão descritos na Tabela 18.

44
Tabela 18 - Valores de referência da bilirrubina

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Avaliação da Função Pancreática

Amilase sérica
As amilases são um grupo de hidrolases produzidas pelo pân-
creas e pelas glândulas salivares que servem para auxiliar na digestão
do amido. Ela é produzida também pela mucosa do intestino delgado, fí-
gado, ovários, placenta e pelas tubas uterinas. Esse exame é muito uti-
lizado no diagnóstico e monitoramento da pancreatite e outras doenças
pancreáticas. Seus valores de referência estão descritos na Tabela 19.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


Tabela 19 - Valores de referência da amilase sérica

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: pancreatite aguda, interferência por fárma-
cos, obstrução do duto pancreático por cálculo ou carcinoma, macro-
amilasemia, caxumba, inflamação supurativa, doenças do trato biliar,
traumatismo pancreático, insuficiência renal, alterações na permeabili-
dade do trato gastrointestinal, tumores malignos no pâncreas, consumo
ou intoxicação aguda por álcool etílico, dentre outros.
Níveis diminuídos: em casos de pancreatite fulminante aguda
ou crônica avançada, fibrose cística avançada, interferência por fárma-
cos, razão da depuração amilase: creatitina, dentre outros.
Lipase
A lipase é uma enzima glicoproteica que é filtrada pelos glo-
mérulos e reabsorvida totalmente pelos túbulos proximais. O exame de
lipase é utilizado na investigação de distúrbios pancreáticos, como a
pancreatite. Seus valores também podem estar alterados em casos de
cisto pancreático, intestino estrangulado ou infartado e peritonite. Seus
valores de referência estão descritos na Tabela 20.

45
Tabela 20 - Valores de referência da lipase

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: pancreatite aguda e crônica, úlceras, obs-
truções do duto pancreático ou do intestino delgado, colecistite aguda,
insuficiência renal, alcoolismo, infarto intestinal, cirrose, dentre outros.
Alguns fármacos também podem estar associados a esse aumento
(exemplos: colinérgicos e opiáceos).
Níveis diminuídos: estão associados a interferências metodo-
lógicas, como por exemplo, presença de hemoglobina, quinina, metais
e íons cálcio nas amostras.
Fosfatase alcalina
A fosfatase alcalina (ALP) é encontrada em variados tecidos
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

do corpo, como fígado, rins, intestino, ossos e placenta, ela catalisa a


hidrólise de ésteres de fosfato em pH alcalino. A dosagem dessa enzi-
ma é muito utilizada no diagnóstico e tratamento de doenças hepáticas,
ósseas, intestinais e paratireóideas.

Tabela 21 - Valores de referência da fosfatase alcalina

Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Interpretação clínica
Níveis elevados: doenças ósseas, renais, hepáticas, hiperti-
reoidismo, doença de Hodgkin, sepse extrahepática, colite ulcerativa,
pancreatite, fenitoína e consumo de álcool etílico, hiperparatireoidismo,
final da gestação, crianças até 10 anos de idade e durante o estirão de
crescimento pré-puberal podem apresentar três a quatro vezes os valo-
res do adulto, administração de ergosterol, diabetes, reações adversa
a substâncias terapêuticas, como por exemplo, a clorpropamida, uso
crônico de agentes anticonvulsivantes, dentre outros.
Níveis diminuídos: Hipotireoidismo, deficiência de vitamina
B12, anemia franca, hipofosfatemia, ingestão excessiva de vitamina D,
deficiência nutricional de zinco ou magnésio, síndrome de Burnett, do-
46
ença celíaca, alguns fármacos (corticosteroides, trifluoperazina, agen-
tes antilipêmicos, alguma hiperalimentação), dentre outros.

Avaliação da Lesão Cardíaca

Creatinoquinase (CK)
A creatinoquinase (CK) é uma enzima utilizada como marcador
de lesão do músculo cardíaco. Possui maior atividade no músculo es-
triado, tecido cardíaco e no cérebro. A determinação da sua atividade
é importante na investigação de doença do músculo esquelético e no
diagnóstico de infarto do miocárdio e em acidente vascular encefálico.
Os valores de referência da CK estão descritos na Tabela 22.

Tabela 22 - Valores de referência da CK

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


Fonte: Adaptado de Williamson & Snyder, 2011.

Creatinoquinase, isoenzima MP (CK-MB)


A CK-MB é uma enzima que corresponde 40% de CK existen-
te no tecido miocárdico, desse modo, sua dosagem está diretamente
relacionada ao infarto do miocárdio. Após a ocorrência de um infarto,
os níveis de CK-MB podem aumentar dentro de quatro a seis horas.
Depois de 36 a 48 horas, os valores retornam aos níveis basais. A deter-
minação somente da CK total não é recomendada para o diagnóstico de
infarto do miocárdio, pois ela está amplamente distribuída nos tecidos.
Porém, a CK-MB é uma ótima opção, pois possui alta sensibilidade e
especificidade para o diagnóstico de lesão do músculo cardíaco. O in-
tervalo de referência é de até 5ng/mL de soro.
Troponina
As troponinas são proteínas que fazem parte do processo de
contração das fibras musculares esqueléticas e cardíacas. São com-
postas por três proteínas: troponina T, troponina I e troponina C. As tro-
poninas T e I. São extremamente sensíveis e específicas para o diag-
nóstico de lesão isquêmica do miocárdio. A dosagem da CK-MB só está
elevada após lesão isquêmica irreversível. Os limites de referência para
a troponina T é 0,1ng/mL e para a troponina I é de 0,26ng/mL. Seus ní-
veis estão elevados em casos de insuficiência renal terminal, sepse, in-
suficiência cardíaca congestiva, miocardite, taquicardia, dentre outros.
47
Mioglobina
A mioglobina é uma proteína que pode ser encontrada nas
células dos músculos esquelético e cardíaco. Pelo fato de possuir um
elevado valor preditivo negativo, sua determinação é utilizada para des-
cartar o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. A elevação de mio-
globina circulante não é específica para lesão cardíaca, pois pode haver
outros casos em que seus níveis encontram-se elevados, como no caso
de trauma da musculatura esquelética e na insuficiência renal. O limite
de referência da mioglobina é até 0,15 µg/mL de soro.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DO HEMOGRAMA

O hemograma é composto basicamente pelo eritrograma (chama-


do também de série vermelha), leucograma (série branca) e pela contagem
de plaquetas. A seguir abordaremos cada componente do hemograma.
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

Eritrograma

A interpretação do eritrograma é composta por vários parâme-


tros, dentre eles estão “a contagem de eritrócitos, dosagem de hemo-
globina, hematócrito, volume corpuscular médio, hemoglobina corpus-
cular média, concentração de hemoglobina corpuscular média, índice
de anisocitose e observações morfológicas” (SILVA et al., 2016, p. 93).
Esses fatores vão variar de acordo com as características do paciente,
como sexo, idade, etnia, dentre outros.
• Contagem de eritrócitos
A contagem de eritrócitos não tem valor clínico, porque não
fornece uma informação sobre a patologia do paciente. Entretanto, sua
contagem é importante para o cálculo e para a interpretação das cons-
tantes corpusculares.
• Dosagem de hemoglobina
A dosagem de hemoglobina é um parâmetro laboratorial que
determina se o paciente está ou não anêmico e informa a intensidade
dessa anemia. Uma anemia intensa possui um valor de hemoglobina
abaixo de 7 g/dL, já uma anemia moderada tem valor entre 7 a 10 g/dL,
e uma anemia discreta possui um valor por volta de 10 g/dL
• Hematócrito
O hematócrito é um parâmetro que equivale ao percentual de
células vermelhas (hemácias e eritrócitos) que ocupam o volume total
do sangue. Valores diminuídos podem estar associados à anemia por
48
carência de ferro, ácido fólico ou vitamina b12, sangramentos, desnu-
trição e leucemias. Por outro lado, quando seus valores estão aumen-
tados, geralmente associam-se a casos de desidratação grave, baixos
níveis de oxigênio no sangue e doenças cardíacas e pulmonares.
• Volume Corpuscular Médio (VCM)
O VCM é uma medida direta do tamanho da população eritro-
citária. É considerado como um parâmetro fundamental para a classifi-
cação das anemias. Ele permite classificar as anemias em microcítica,
normocítica ou macrocítica. Os valores de referência considerados nor-
mais são de 80 a 100 fL. A caracterização das anemias varia de acordo
com o valor obtido no exame, como demonstrado na Tabela 23.

Tabela 23 - Caracterização de acordo com os valores de referência

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


Fonte: Adaptado de Silva et al (2016).

• Hemoglobina Corpuscular Média (HCM)


Este parâmetro nos fornece a quantidade média de hemoglo-
bina que está presente nas hemácias. Também é extremamente impor-
tante nas classificações das anemias, pois permite a identificação e a
classificação da anemia. Na Tabela 24 estão demonstradas as classifi-
cações de acordo com os valores de referência.

Tabela 24 – Valores de referência da HCM e classificação das anemias

Fonte: Adaptado de Silva et al (2016).

• Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM)


A CHCM é um parâmetro que nos fornece informações sobre
a quantidade e coloração da hemoglobina presentes nos eritrócitos ou
49
glóbulos vermelhos. Altos índices de CHCM estão associados a uma
coloração mais escura dos eritrócitos e uma anemia hipercrômica, já os
baixos níveis estão relacionados a uma coloração mais clara e a ane-
mias do tipo hipocrômica.
• Red Cell Distribution Width (RDW)
O RDW também conhecido como a amplitude de distribuição
dos glóbulos vermelhos, tem como função avaliar se há presença de
anisocitose, que nada mais é que uma variação no tamanho das células
(eritrócitos ou hemácias). A anisocitose é classificada em discreta, mo-
derada ou acentuada.

Os valores de referência do eritrograma completo estão descri-


tos na Tabela 25.
Atenção: os valores de referência podem sofrer pequenas va-
riações de acordo com o laboratório de análises clínicas.

Tabela 25 – Valores de referência do eritrograma


INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Adaptado de Rosenfeld et al., 2019.

Leucograma

• Leucócitos
Os leucócitos podem estar aumentados ou diminuídos em um
paciente. Quando eles estão aumentados chamamos esse processo de
leucocitose, e quando se encontram diminuídos recebem o nome de
leucopenia.
Leucocitose: está relacionado a várias infecções e processos
inflamatórios, mediado por variadas moléculas que são liberadas devi-
do à resposta imunológica, como macrófagos, interleucinas, fatores de
necrose, dentre outros. As infecções podem ter origens de vírus, bac-
térias, fungos, protozoários ou espiroquetas e, geralmente, fazem parte
50
da resposta na fase aguda do organismo.
Leucopenia: está relacionada a infecções virais, como por exem-
plo, hepatites A e B, rubéola, Epstein-Barr, etc., e a infecções bacterianas,
como salmonela, micobactérias, estafilococos, etc. Também está associa-
da a anemias, como anemia falciforme, anemia aplásica, dentre outras.
• Neutrófilos
São células produzidas devido aos processos inflamatórios
através de mediadores químicos. Também podem encontrar-se aumen-
tados ou diminuídos, processos chamados de neutrofilia e neutropenia,
respectivamente.
Neutrofilia: pode ser encontrado em crianças com síndrome de
Down.
Neutropenia: está associada a infecções virais, anti-inflama-
tórios não hormonais, antibióticos (ex: cloranfenicol), antitérmicos (ex:
dipirona), tratamento quimioterápico, dentre outros.
• Linfócitos
Os linfócitos também são células responsáveis pelo mecanis-

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


mo de defesa do nosso corpo, eles têm como função combater vírus e
tumores, bem como realizar a produção de anticorpos. Assim como as
células citadas anteriormente, os linfócitos também podem encontrar-se
aumentados ou diminuídos.
Linfopenia: chamamos de linfopenia quando a contagem de
linfócitos está abaixo do normal. Geralmente esse processo está asso-
ciado a infecções por vírus, como exemplo o HIV.
Os linfócitos estão aumentados em casos de infecções como
rubéola, poliomielite, sarampo, hepatites virais, leucemias, diabetes,
obesidade, processos alérgicos, dentre outros.

Plaquetograma

As plaquetas também fazem parte do hemograma, e são extre-


mamente importantes no funcionamento do nosso corpo. Sua principal
função é o bloqueio de lesões em vasos sanguíneos e a formação de
coágulos de sangue.
Trombocitopenia ou plaquetopenia: é a diminuição no número
de plaquetas, pode estar relacionada à anemia aplásica, deficiência de
vitamina B12 e ácido fólico, supressão medular e hiperesplenismo, den-
tre outros fatores.
Trombocitose ou plaquetose: é o aumento no número de pla-
quetas, geralmente reflete uma resposta medular por deficiência de fer-
ro, sepse, neoplasia e doenças mieloproliferativas e mielodisplásicas.
51
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DO EXAME DE URINA

Análise Física da Urina

• Cor
A cor da urina pode variar praticamente de incolor a preto. A va-
riação de cor ocorre devido a alterações das funções metabólicas, ou por
substâncias ingeridas ou ainda, devido a condições patológicas. As causas
mais comuns da alteração da cor da urina estão descritas na Tabela 26.

Tabela 26 – Alterações da cor da urina.


INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

52
Fonte: Adaptado deStrasinger& Lorenzo, 2009.

• Aspecto
Aspecto é o termo utilizado que se refere à transparência ou

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


turvação em uma amostra de urina. Sua determinação é realizada atra-
vés do exame visual da amostra homogeneizada diante de uma fonte
luminosa. A terminologia mais utilizada para a descrição do aspecto in-
clui límpido (não há partículas visíveis), opalescente (poucas partículas,
um texto impresso é facilmente visualizado através da urina), ligeira-
mente turvo (contém muitas partículas, um texto impresso fica borrado
ao olhar através da urina), turvo (não é possível visualizar um texto
impresso através da urina) e leitoso (podem precipitar ou ter coágulos).
A turvação de uma urina pode ser patológica ou não. As urinas
que possuem turvação não patológica podem ser por presença de células
epiteliais escamosas e muco, geralmente, acontece em amostra de mulhe-
res, podendo resultar em uma urina ligeiramente opalescente, mas normal.
Amostras que estão em repouso ou que foram refrigeradas podem desen-
volver turvação. A presença de sêmen, espermatozoides, contaminação
fecal, talco, cremes vaginais também podem gerar turvação na amostra.
As causas mais comuns em turvação patológica em amostras
recente de urina são devido à presença de bactérias, eritrócitos, leucó-
citos, fungos, cristais anormais, lipídeos, linfa e alguns casos de células
epiteliais não escamosas. As causas da turvação da urina podem ser
confirmadas por testes químicos.
• Odor
O odor de uma urina raramente tem algum significado clínico,
porém, é um fator que pode ser reportado no exame. Uma urina recen-
temente coletada tem um odor ligeiramente aromático e, à medida que
o tempo passa, o cheiro de amônia torna-se mais perceptível. As cau-
53
sas mais comuns estão descritas da Tabela 27.

Tabela 27 – Causas comuns de odores na urina

Fonte: Adaptado de Strasinger& Lorenzo, 2009.

Análise Química da Urina


O exame químico da urina é realizado pelo método de tiras
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

reagentes, que permitem uma análise simples e rápida de vários parâ-


metros como, pH, proteínas, glicose, cetonas, sague, bilirrubina, urobili-
nogênio, nitrito, leucócitos e gravidade específica.
• pH: a determinação do pH na urina auxilia na determinação
de doenças sistêmicas de origem metabólica ou respiratória. Em casos
de acidoses que não estão relacionadas a distúrbios renais, a urina en-
contra-se ácida, e em casos de alcalose, a urina será alcalina. Desse
modo, o exame urinário pode indicar um distúrbio resultante da incapa-
cidade dos rins em secretar ou reabsorver ácidos e bases.
• Proteínas: a presença de proteínas na urina pode ser indica-
tivo de doença renal, porém, pode estar associada também a infecções
e inflamações.
• Glicose: a presença de glicose na urina pode estar associada
a várias doenças ou a uma alimentação rica em glicose pouco tempo
antes da coleta. Dentre as possíveis doenças, possuímos duas grandes
classes: doenças associadas à hiperglicemia (diabetes mellitus e ges-
tacional, pancreatite ou câncer no pâncreas, acromegalia, síndrome de
Cushing, hipertireoidismo, feocromocitoma, lesão do sistema nervoso
central e estresse) e doenças associadas aos rins (síndrome de Fanco-
ni, doença renal avançada, osteomalacia) e gravidez.
• Cetonas: geralmente há presença de cetonas na urina em ca-
sos de acidose diabética, má-absorção ou doenças pancreáticas, exer-
cícios extenuantes, vômito ou em casos de erros inatos do metabolismo
de aminoácidos.
• Sangue: a presença de sangue na urina pode estar asso-
54
ciada a casos de cálculo renal, glomerulonefrite, pielonefrite, tumores,
trauma, exposição a agentes tóxicos, anticoagulantes, exercício inten-
so, anemias, queimaduras, infecções, abuso de drogas, medicamentos
(redutores de colesterol e estatina), doenças musculares, dentre outros.
• Bilirrubina: a bilirrubina conjugada é detectada na urina quan-
do há obstrução do ducto biliar, em casos de cálculos biliares ou câncer,
ou quando há algum dano a integridade do fígado, permitindo o refluxo
de bilirrubina para a circulação. Também é possível detectar bilirrubina
na urina em casos de dano hepático, como hepatite e cirrose.
• Urobilinogênio: é encontrado na urina em casos de detecção
precoce de doenças hepáticas, disfunções hepáticas e distúrbios he-
molíticos.
• Nitritos: é possível encontrar nitritos na urina quando houver
presença de infecções do trato urinário, como exemplo em casos de
cistite e pielonefrite.
• Esterase leucocitária: essa avaliação permite identificar se
há aumento de leucócitos na urina e esse aumento, geralmente, está

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


associado a infecções e inflamações do trato urinário.
• Gravidade específica: esse teste é baseado na mudança d
pKa (constante de dissociação) de um polieletrólito em meio alcalino.
Suas alterações podem indicar perda da capacidade de concentração
tubular renal e diabetes insipidus.

Manuais sobre várias doenças englobam dados de pato-


gênese, etiologia, complicações, sinais e sintomas, diagnóstico,
tratamento, dentre outros.
Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt/profis-
sional>Acesso em: 29 de agosto de 2020.

55
QUESTÕES DE CONCURSO
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: COMPERVE Órgão: SESAP-RN Prova: Farma-
cêutico
A resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF) nº 585, de
29 de Agosto de 2013, regulamenta as atribuições clínicas do far-
macêutico. Com base nessa resolução, considere o caso de um
paciente com diagnóstico de diabetes e hipertensão arterial que
buscou a farmácia para aquisição dos seus medicamentos pres-
critos. Durante a anamnese farmacêutica, foram detectados dieta
inadequada e histórico familiar de cardiopatias. Por essa razão, o
farmacêutico decide investigar possível dislipidemia e solicita per-
fil lipídico. Em relação às atribuições clínicas regulamentadas, a
conduta farmacêutica pode ser considerada
a) inadequada, pois glicose, função renal e pressão arterial deveriam ter
sido avaliadas juntamente com o lipidograma
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

b) adequada, pois solicitar exames laboratoriais no âmbito da farmácia


comunitária é uma competência prevista.
c) inadequada, pois a solicitação de exames laboratoriais destina-se a
monitorar os resultados da farmacoterapia.
d) adequada, pois a ausência do perfil lipídico inviabilizaria a elaboração
do plano de seguimento farmacoterapêutico.

QUESTÃO 2
Ano: 2020 Banca: COTEC Órgão: Prefeitura de São Francisco - MG
Prova: Farmacêutico
Homem de 37 anos, IMC 28,1 kg/m2 (Normal: < 25 kg/m2), sedentá-
rio, dislipidêmico e hipertenso não tratado, relata incômodo e dor
no hipocôndrio direito, enjoos frequentes, cansaço físico e irritabi-
lidade. Aferição da pressão arterial apresentou média de valores de
140/90 mmHg em consultório. Paciente realiza exames laboratoriais
a pedido do seu médico cardiologista para uma análise mais deta-
lhada. Exames solicitados: glicemia em jejum, HBA1c, Perfil Lipídi-
co, Renal e Hepático, Amilase, Lipase e Exame de Urina Rotina. Os
resultados emitidos pelo laboratório estão descritos a seguir.

56
Fonte: ALVARENGA, F. Q. 2020.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


Uma avaliação correta dos exames laboratoriais descritos acima
permite afirmar que
I - o paciente em questão é portador de uma hiperlipemia combinada.
Pode-se presumir risco aumentado para desenvolvimento de diabe-
tes mellitus e uma suspeita clínico-laboratorial de esteatose hepática.
II - o paciente é dislipidêmico e diabético, com monitoramento gli-
cêmico descontrolado e com predisposição à nefropatia devido à
albuminúria constatada.
III - o paciente é pré-diabético, portador de dislipidemia combinada
com risco aumentado para o desenvolvimento de aterosclerose.
Verifica-se a possibilidade de coexistência de distúrbios hepatobi-
liares, em função de alterações observadas nas enzimas TGP, GGT
e Amilase.
IV - o paciente é portador de dislipidemia isolada, com pré-disposi-
ção à doença renal crônica associada a diabetes, esteatose hepáti-
ca, colelitíase e distúrbios pancreáticos.
Estão CORRETAS as afirmações:
a) I e III, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, III e IV, apenas.

QUESTÃO 3
Ano: 2020 Banca: COTEC Órgão: Prefeitura de São Francisco - MG
57
Prova: Farmacêutico
Paciente IQA, mulher, 65 anos, obesa (IMC 33 kg/m2 ), portadora
de diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão, comparece ao serviço
clínico farmacêutico para atendimento levando consigo seus re-
sultados de exames laboratoriais. Resultados: Colesterol total 231
mg/dL (Normal: < 200mg/dL), HDL: 38 mg/dL (Normal: > 40 mg/dL),
Triglicerídeos 587 mg/dL (Normal: < 150mg/dL), Glicemia em jejum
159 mg/dL (Normal: < 100mg/dL), HbA1c: 11,8 % (Normal para dia-
béticos: < 7%), Creatinina 0,8 mg/dL (Normal: < 1,2 mg/dL), Microal-
buminúria: 140 mg/24 horas (Normal: < 30mg/24 horas). A partir da
análise dos resultados, considere as afirmativas a seguir.
I - É possível afirmar que, nos últimos três meses anteriores à reali-
zação dos exames, a glicemia da paciente esteve descontrolada com
base nos exames de hemoglobina glicosilada e glicemia em jejum.
II - Correlacionando os resultados dos exames referentes ao per-
fil lipídico e a microalbuminúria, pode-se verificar a presença de
dislipidemia mista e fator preditivo de morbilidade e mortalidade
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

cardiovascular aumentado.
III - O controle da pressão arterial, a orientação nutricional para
adesão à dieta equilibrada e a perda de peso constituem-se como
medidas necessárias para pormenorizar a resistência à insulina e
às suas complicações.
IV - A partir da análise dos dados clínicos e laboratoriais, descar-
ta-se a possibilidade de coexistência de síndrome metabólica e de
disfunção das células beta pancreáticas nesta paciente.
V - A hemoglobina glicosilada oferece vantagens para avaliação
dos níveis glicêmicos, 3 a 4 meses retrógrados, pois, independe do
estado de jejum para a sua avaliação e possui menor variabilidade
no dia a dia, sendo uma dosagem indireta da glicemia.
Estão CORRETAS apenas as afirmações:
a) I, II, IV e V, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) I, II, III e V, apenas.
d) I, III, IV e V, apenas.
e) I, II, III e IV, apenas.

QUESTÃO 4
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: UNIFAI Prova: Farmacêutico
A paciente S.M.B., de 45 anos, procurou a Unidade Básica de Saú-
de (UBS) próximo de sua casa, e a anamnese indicou sobrepeso,
histórico familiar de diabetes e sedentarismo. Após realização de
exames laboratoriais, foram obtidos os seguintes resultados: gli-
58
cemia de jejum 150 mg/dL; hemoglobina glicada 8,5%.
Durante a consulta, foram estabelecidas as metas glicêmicas, mu-
danças de estilo de vida (alimentação e exercícios físicos) e acom-
panhamento com equipe multiprofissional do Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (NASF), além de terapia medicamentosa.
Assinale a alternativa correta sobre o papel do farmacêutico e a
realização de testes de controle glicêmico.
a) Farmacêuticos não podem aferir parâmetros fisiológicos em farmá-
cias e drogarias de âmbito público ou particular.
b) O autoteste de glicemia é considerado como teste laboratorial remoto
e, por esse motivo, não pode ser realizado dentro de estabelecimentos
farmacêuticos.
c) A aferição da glicemia capilar em farmácias e drogarias, pelo profis-
sional farmacêutico, tem como objetivo colher subsídios para a atenção
farmacêutica e monitoramento da terapia medicamentosa.
d) Uma vez que sejam verificadas discrepâncias entre os valores encon-
trados e os de referência, cabe ao profissional farmacêutico, no âmbito

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


da atenção farmacêutica, prescrever o ajuste da dose ou do esquema
terapêutico
e) Os serviços farmacêuticos disponibilizados pela farmácia ou drogaria
não poderão ser realizados no domicílio do usuário por questões de
regulação sanitária.

QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: IBFC Órgão: SESACRE Prova: Farmacêutico
Na atualidade, o exame de _____ é empregado para a avaliação do
impacto do controle glicêmico sobre as complicações crônicas do
diabetes. Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
a) glicemia de jejum
b) hemoglobina glicada
c) glicemia pós-prandial
d) teste de tolerância oral à glicose

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Os leucócitos podem estar aumentados ou diminuídos em um paciente.
Quando eles estão aumentados chamamos esse processo de leucocito-
se, e quando encontram-se diminuídos recebem o nome de leucopenia.
Cite as principais causas de leucocitose e de leucopenia.

TREINO INÉDITO
Um senhor com idade de 65 anos deu entrada em um hospital de-
vido a um acidente de carro. No terceiro dia, o senhor ainda estava
59
incapaz de comer, e sua glicemia em jejum era de 125 mg/dL Tam-
bém possuía cetonúria elevada (++++).
De acordo com o caso relatado, qual a possível interpretação clínica?
a) Paciente possui níveis de glicose aumentados, pois não estava em
jejum.
b) Paciente é diabético, porém, está metabolizando a glicose normalmente.
c) Paciente é diabético e não está metabolizando glicose, pois está me-
tabolizando lipídeos e formando corpos cetônicos.
d) Paciente é diabético, está metabolizando glicose e formando corpos
cetônicos.
e) Paciente não é diabético.

NA MÍDIA
Nos dias de hoje, é importante que a conduta a ser realizada diante de
alguma enfermidade seja o mais precisa possível, desse modo, é im-
prescindível a solicitação de exames com objetivos clínicos específicos,
de modo a complementar o diagnóstico, prognóstico, monitorização,
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

tratamento e rastreamento de doenças. A Resolução 585 e 586/2013 do


CFF, regulamenta a Prescrição Farmacêutica e as Atribuições Clínicas
do Farmacêutico. De acordo com essa resolução, o farmacêutico pode
solicitar exames de laboratório com a finalidade de acompanhamento
farmacoterapêutico. É importante compreender que o farmacêutico não
pode solicitar exames laboratoriais para fins de diagnóstico, pois essa
atividade é exclusiva dos médicos.
O monitoramento farmacoterapêutico, tem como objetivo avaliar o suces-
so da terapia e a adesão do paciente ao tratamento, bem como reações
adversas aos medicamentos, desse modo pode ser necessário a solici-
tação de exames laboratoriais. Vários são os exames laboratoriais que
estão disponíveis para avaliar o efeito farmacológico de muitas doenças.
Como exemplo de algumas atividades, o farmacêutico pode realizar o
acompanhamento e monitoramento terapêutico de doenças como diabe-
tes, hipertensão, dislipidemias, hormônios tiroidianos, dentre outras.
Fonte: ICTQ
Leia a notícia na íntegra: https://www.ictq.com.br/varejo-farmaceutico/
917-analises-clinicas-farmaceutico-tambem-pode-solicitar-exames-la-
boratoriais
Acesso em: 29 de agosto de 2020.

NA PRÁTICA
TÍTULO: FARMACÊUTICO PODE SOLICITAR EXAMES LABORATO-
RIAIS?
O farmacêutico Jauri Siqueira Junior possui uma página na internet com
60
vários conteúdos, e um deles é sobre a solicitação de exames labora-
toriais. Respondendo à pergunta realizada no título, sim o farmacêutico
pode realizar a solicitação de exames, como já mencionado anterior-
mente, a resolução do CFF 585 e 586 diz que o farmacêutico pode
solicitar exames laboratoriais, porém, deve ser realizada no contexto de
acompanhamento farmacoterapêutico.
O acompanhamento farmacoterapêutico nada mais é que acompanhar e
monitorar os resultados da farmacoterapia, e a avaliação de exames labora-
toriais permite um processo de individualização da farmacoterapia. Devido
à grande espera para atendimentos, pela falta de investimentos financeiros
e falta de médicos, as pessoas acabam se automedicando ou possuem
baixa adesão à farmacoterapia. Um dos grupos de riscos importantes são
os idosos, pois eles são os maiores consumidores de medicamentos.
O farmacêutico pode solicitar vários exames para acompanhar variadas
doenças. Alguns deles são: acompanhamento de dislipidemias (exame
de colesterol total); acompanhamento da diabetes mellitus (exame de
hemoglobina glicada e glicemia); monitoramento de anemia ferropriva

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


(exame de hemoglobina e ferro sérico), dentre outros.
Fonte: https://falecomofarmaceutico.wordpress.com/2019/03/18/farma-
ceutico-pode-solicitar-exames-laboratoriais/
Acesso em: 29 de agosto de 2020.

PARA SABER MAIS:


Vídeo sobre o assunto: Como Interpretar Exames laboratoriais. Dispo-
nível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FoVV0AEfhEE>Acesso
em: 29 de agosto de 2020.
Vídeo sobre o assunto: Exames Laboratoriais: Interpretação de laudos.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZSVPnVYHYtQ>A-
cesso em: 29 de agosto de 2020.

61
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS

INTRODUÇÃO À PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS

Segundo o Ministério da Saúde, os medicamentos isentos de


prescrição (MIPs) são aqueles dos quais a venda e a dispensação não
necessitam de autorização, ou seja, não precisa de uma receita expedi-
da por um profissional legalmente habilitado para prescrevê-lo. Os MIPs,
normalmente, são indicados para aquelas doenças de baixa gravidade,
pois eles são vistos com uma elevada segurança no seu uso, além de
possuírem eficácia comprovada cientificamente e fácil utilização. Alguns
exemplos de MIPs são os analgésicos, antiácidos e antitérmicos.
Devido ao fácil acesso, os MIPs estão diretamente ligados à
automedicação, que é considerada uma prática comum em nosso país.
6262
A Organização Mundial de Saúde (OMS) comenta que, automedicação
é a prática das pessoas em tratar seus próprios sintomas e males me-
nores com medicamentos disponíveis sem a prescrição médica. A po-
pulação brasileira está acostumada com uma realidade difícil, devido à
dificuldade de atendimento médico e demora na marcação de consultas
e exames. Dessa forma, a automedicação e o consumo irracional de
medicamentos é um grande problema de saúde pública em nosso país.
Nesse sentido, o farmacêutico vem aprimorando suas habili-
dades na prática clínica, devido a essa grande necessidade de cuidado
e promoção do uso racional de medicamentos. Desse modo, os farma-
cêuticos desempenham um papel importante no atendimento das ne-
cessidades do indivíduo e da sociedade.
O farmacêutico contemporâneo deve ampliar seus conheci-
mentos sobre os MIPs, pois essa classe terapêutica está sob sua res-
ponsabilidade e deve ser utilizada como a principal ferramenta para tra-
tamentos de sintomas ou doenças de baixa gravidade, ou seja, aquelas
que sejam passíveis de orientação farmacêutica. Assim, como os de-

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


mais medicamentos, os MIPs também podem causar riscos à saúde
dos pacientes, principalmente, quando são utilizados de forma inade-
quada, ou quando o paciente não recebe orientação.
Outro aspecto importante e que está diretamente interligado
à prescrição farmacêutica é a dispensação de medicamentos, seja eles
isentos ou não de prescrição. Uma dispensação de medicamentos acom-
panhada de uma orientação adequada diminui drasticamente os riscos
associados aos medicamentos, e essa ação contribui para que os estabe-
lecimentos farmacêuticos sejam vistos como estabelecimentos de saúde.

LEGISLAÇÃO NA PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS

Neste item falaremos sobre todas as legislações vigentes que


regulamentam a prescrição e dispensação dos MIPs.

Nesta resolução, o CFF traz a regulamentação sobre a prescri-


ção farmacêutica. A definição do termo prescrição farmacêutica é dada
como o ato pelo qual o farmacêutico determina terapias farmacológicas
ou não farmacológicas a um determinado paciente. Essas ações são
chamadas de intervenção farmacêutica e tem como finalidade promo-
ver, proteger e recuperar a saúde e a prevenir doenças.
A resolução deixa claro que o farmacêutico deve realizar a pres-
63
crição farmacêutica de acordo com a necessidade do paciente, basean-
do-se nas melhores evidências científicas, de modo ético e com conformi-
dade às políticas de saúde vigentes, além do mais, o farmacêutico deve
selecionar a terapia mais adequada e documentar todo o processo.
O ato da prescrição farmacêutica pode ser efetuado em dife-
rentes estabelecimentos farmacêuticos, como por exemplo: consultó-
rios ou em lugares com serviços de saúde. A legislação também traz
quais medicamentos podem ser prescritos pelos farmacêuticos, incluin-
do medicamentos industrializados, plantas medicinais, preparações
magistrais, drogas vegetais, dentre outros.
É extremamente importante que o farmacêutico possua habi-
lidades clínicas para realizar a atividade de prescrição farmacêutica.
Dentre as habilidades que a legislação cita estão as boas práticas de
prescrição, ou seja, saber elaborar uma prescrição que leve em conta a
escrita, a posologia correta, a inexistência de interações medicamento-
sas, entre outros aspectos. Outras habilidades são o conhecimento em
fisiologia e semiologia para conseguir identificar os sinais e sintomas do
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

paciente, comunicação interpessoal, farmacologia clínica e terapêutica.


As etapas que compõem o processo de prescrição são farma-
cêutica são: identificar as necessidades do paciente; definir o objetivo
terapêutico; selecionar a terapia ou as intervenções que serão realiza-
das no cuidado à saúde; redigir a prescrição; orientar o paciente; avaliar
os resultados; e documentar o processo de prescrição. As decisões nos
casos de prescrição farmacêutica devem sempre ser compartilhadas
com o paciente, de modo que, o mesmo esteja de acordo com as con-
dutas escolhidas. Outro ponto importante quando houver a prescrição
de terapia farmacológica, é a necessidade de o farmacêutico escrever
todos os dados necessários na prescrição, como nome correto do pa-
ciente, nome do medicamento, concentração, dose, modo de uso.
As prescrições farmacêuticas que ocorrem dentro dos serviços
públicos de saúde, devem estar de acordo com a Denominação Comum
Brasileira (DCB), uma denominação de fármacos ou princípios ativos
que foram aprovados pela vigilância sanitária de acordo com a Lei 9.787
de 1999. Já as prescrições de medicamentos que acontecerem em âm-
bito privado, devem seguir, preferencialmente, a DCB, ou em sua falta,
a Denominação Comum Internacional (DCI).
A resolução também destaca que os princípios norteadores do
farmacêutico devem sempre ser pautados pela ética, focando nos interes-
ses e nos benefícios dos pacientes, priorizando o não interesse comercial
e/ou pessoal. Também fica claro que, a prescrição não pode ser utilizada
como meio de propaganda e/ou publicidade de qualquer natureza.

64
Essa resolução traz as regulamentações referentes às atribui-
ções clínicas do farmacêutico. As atribuições clínicas do farmacêutico
têm como objetivo proporcionar um cuidado ao paciente, à família e à
comunidade, sempre promovendo o uso racional de medicamentos e
visando a melhoria de qualidade de vida do paciente.
Dentre as principais atribuições clínicas do farmacêutico defini-
das pela legislação, podemos citar:
• Estabelecimento de uma relação de cuidado ao paciente;
• Desenvolvimento de ações que promovam, protejam e recu-
perem a saúde, e ações que previnam doenças;
• Avaliação da farmacoterapia;
• Prescrição de medicamentos;
• Intervenções farmacêuticas;

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


• Consulta farmacêutica;
• Solicitação e interpretação de exames laboratoriais;
• Monitoramento de níveis terapêuticos, bem como de parâme-
tros bioquímicos e fisiológicos;
• Elaboração de planos de cuidado ao paciente;
• Orientação farmacêutica.
O CFF estabelece algumas atribuições do farmacêutico na comu-
nicação e na educação em saúde, como por exemplo: o fornecimento de
informações sobre medicamentos às equipes de saúde, ou informações
e orientações às famílias, comunidades e a toda sociedade sobre temas
relacionados à saúde e, principalmente, ao uso racional de medicamentos.

Essa resolução estabelece alguns critérios levando em conta


a importância do registro de prontuários de pacientes. O prontuário do
paciente é determinado como um documento único, que contém todas
as informações sobre os sinais e sintomas, acontecimentos, em geral
todas as situações referentes à saúde e à assistência farmacêutica
prestada ao paciente. Todos os prontuários devem possuir caracteres
sigiloso, científico e legal.
Quando falamos de registro farmacêutico em prontuários, esta-
mos nos referindo a todas aquelas anotações realizadas pelo farmacêu-
tico. E nesse registro devem constar todos os problemas de saúde iden-
65
tificados, sejam eles reais ou potenciais, assim como toda a orientação
e intervenção farmacoterapêutica. A legislação determina que serviço
de saúde é todo o estabelecimento ou instituição de saúde, que tem
como objetivo a prestação de assistência à comunidade e/ou popula-
ção, visando sempre a promoção da saúde.
Todos os registros e prontuários realizados durante a assis-
tência farmacêutica devem ser arquivados, preferencialmente, em meio
eletrônico, mas também podem estar disponíveis em meio físico (pa-
pel), desde que seja garantida a integridade das informações contidas.
Em ambos os casos, deve ser sempre preservada a privacidade e o
sigilo dos pacientes, salvo em casos do profissional precisar discutir
o caso com os demais membros da equipe de saúde. O farmacêutico
deve sempre priorizar uma linguagem coloquial para os pacientes, e
científica para os demais membros da equipe de saúde.
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

O CFF através dessa resolução deixa claro as permissões e


proibições perante o exercício da assistência farmacêutica e direção
técnica em farmácia. Fazem parte das ações permitidas aos farmacêu-
ticos a dispensação de medicamentos sujeitos à prescrição, medica-
mentos genéricos, medicamentos sujeitos a controle especial, medica-
mentos manipulados, preparações homeopáticas, medicamentos não
prescritos e medicamentos fitoterápicos.
A legislação também descreve que o farmacêutico pode reali-
zar o perfil farmacoterapêutico de um paciente. Esse perfil é composto
pelo registro cronológico do consumo de medicamentos pelo paciente,
e sua utilização, permite que o farmacêutico possa garantir a segurança
e eficácia dos medicamentos.
Para realizar o acompanhamento farmacoterapêutico, o farma-
cêutico deve realizar a confecção de fichas com dados dos pacientes.
Dentre esses dados podemos citar:
• Descrever os problemas de saúde e relacionar esses proble-
mas com a administração de medicamentos;
• Descrever os sinais e sintomas;
• Verificar se o paciente está cumprindo com a prescrição;
• Relacionar a ingestão de alimentos com as alterações farma-
cológicas dos medicamentos;
• Verificar os horários de administração;
O farmacêutico também deve informar ao paciente sobre vá-
rios aspectos relacionados aos medicamentos como: modo de uso, a
66
necessidade de respeitar os horários de administração, informar a im-
portância da duração do tratamento e se o paciente deve evitar hábitos
dietéticos ou bebidas que prejudiquem o tratamento.
A legislação fala também que, a seleção de medicamentos não
sujeitos à prescrição para a dispensação deve estar de acordo com o perfil
farmacológico do paciente, sempre levando em consideração a eficácia e
a segurança do medicamento, bem como garantir que o paciente entenda
e respeite todos os aspectos relacionados à forma como devem ser admi-
nistrados, a duração e as possíveis reações adversas e contraindicações.

A RDC nº 44 trata das condições do ambiente destinado aos


serviços farmacêuticos. Esse ambiente deve ser individualizado e deve
garantir a privacidade do paciente. A legislação também aborda quais

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


são as responsabilidades e atribuições dos funcionários, e que todas
essas responsabilidades devem constar no manual de boas práticas
farmacêuticas do determinado estabelecimento.
Em relação à comercialização e dispensação de produtos, a
legislação apresenta os produtos com dispensação ou comercialização
permitidos, e como precisa ser a aquisição, recebimento, condições de
armazenamento, organização e exposição dos produtos, como deve ser
realizada a dispensação de medicamentos e outros produtos. Os pro-
dutos de comercialização e dispensação têm que estar organizados em
duas áreas distintas:
1. Área de circulação comum;
2. Área de circulação restrita aos funcionários
A grande maioria dos medicamentos vai se enquadrar no se-
gundo caso, ou seja, não podem estar expostos diretamente ao alcance
dos pacientes. Porém, os medicamentos isentos de prescrição, confor-
me legislação estabelecida pela ANVISA, podem permanecer ao alcan-
ce dos pacientes para o autosserviço.
Dentre os serviços farmacêuticos podemos citar a atenção far-
macêutica, que é composta por aferição dos parâmetros fisiológicos e
bioquímicos, e administração de medicamentos, dentre outros serviços.
Após a prestação dos serviços, o farmacêutico deve entregar ao pa-
ciente a declaração de serviço farmacêutico. Essa declaração deve ser
elaborada em um documento que conste a identificação do estabeleci-
mento e a identificação do usuário ou de seu responsável legal, quando
for o caso. Essa declaração deve ser emitida em duas vias, sendo que
67
a 1ª via fica com o paciente e a 2ª via fica com o estabelecimento.
A RDC traz ainda que a declaração dos serviços farmacêuticos
necessita de dados referentes ao medicamento prescrito, posologia, pa-
râmetros bioquímicos e fisiológicos e dados do prescritor. Fica claro que
é proibida a utilização da Declaração de Serviço Farmacêutico com fina-
lidade de propaganda ou publicidade. Quando houver medição de parâ-
metros fisiológicos e bioquímicos a declaração também deve possuir uma
frase de alerta: “Este procedimento não tem finalidade de diagnóstico e
não substitui a consulta médica ou a realização de exames laboratoriais”.

A RDC nº 41/2012 altera alguns itens estabelecidos pela RDC


nº44/2009. A seguir vamos discutir essas alterações.
Foi determinado pela nova legislação que, os medicamentos isen-
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

tos de prescrição vão poder ficar ao alcance dos clientes/pacientes para


obtenção, por meio de autosserviço no estabelecimento, desde que este-
jam dispostos de forma separada dos demais produtos comercializados.
Ficou estabelecido que na área destinada aos medicamen-
tos, deve conter um cartaz (visível ao público e de fácil leitura), com
a seguinte orientação: MEDICAMENTOS PODEM CAUSAR EFEITOS
INDESEJADOS. EVITE A AUTOMEDICAÇÃO: INFORME-SE COM O
FARMACÊUTICO.

A lei deixa claro que, é competência do o órgão de vigilân-


cia sanitária federal fornecer as listas de medicamentos de venda livre
ou de venda sob prescrição médica e retenção de receita, e ainda, as
vendas sobre responsabilidade do farmacêutico referentes aos medica-
mentos sem retenção de receita médica.

A legislação traz que é função do farmacêutico a dispensação


e aconselhamento no uso de plantas medicinais e seus derivados, fi-
toterápicos manipulados ou industrializados ou na automedicação res-
68
ponsável. A automedicação responsável deve acontecer mediante a
orientação e acompanhamento do farmacêutico.

A RDC nº546/2011 aborda os conceitos de indicação farma-


cêutica relacionados às plantas medicinais e fitoterápicos que são isen-
tos de prescrição como serviço farmacêutico realizado.

Ambas as normativas são complementares, pois tratam de re-


gulamentações sobre as Boas Práticas Farmacêuticas. A Instrução Nor-
mativa (IN) nº 9 aborda sobre os produtos que são permitidos para a

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


dispensação e a comercialização nas farmácias e drogarias. Já a IN nº
10 deixa claro que poderão permanecer ao alcance dos clientes/pacien-
tes apenas os medicamentos fitoterápicos, medicamentos administrados
por via dermatológica e medicamentos sujeitos à notificação simplificada.
Essa normativa esclarece que o seu descumprimento constitui infração
sanitária, nos termos da Lei nº6437, de 20 de agosto de 1977, sem preju-
ízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis.

A IN nº5/2008 fornece como anexo uma Lista de Medicamen-


tos Fitoterápicos de Registro Simplificado. Nessa lista contêm dados so-
bre esses medicamentos, como nomenclatura botânica e nome popular,
qual a parte da planta utilizada, qual é a padronização e/ou marcador, o
derivado de droga vegetal, suas indicações e ações terapêuticas, assim
como qual é a concentração da forma farmacêutica, a via de adminis-
tração e ainda, quais são as restrições de uso. No item restrições de
uso, pode ser encontrada a isenção ou obrigatoriedade de prescrição
médica para a venda de tais medicamentos.

69
Essa legislação aborda que os MIPs podem ser fracionados
e dispensados em quantidade que atenda às necessidades terapêuti-
cas do paciente, desde que seja sob orientação e responsabilidade do
farmacêutico. O fracionamento deve ocorrer no momento exato da dis-
pensação, através da embalagem original para fracionáveis, e não pode
haver exposição direta desses produtos aos pacientes/clientes.

Essa resolução preconiza quais são as informações que devem


conter nas embalagens (primárias e secundárias) dos medicamentos.
Nas embalagens secundárias dos MIPs, devem estar descritas as indi-
cações e contraindicações do medicamento, se por acaso as embala-
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

gens não comportarem essas notificações escritas, essas informações


devem ser apresentadas na bula. No caso dos MIPs comercializados
nas embalagens primárias, deve haver a seguinte frase: “exija a bula”.
As bulas devem estar dispostas aos pacientes.

Essa resolução descreve a Lista de Grupos e Indicações Te-


rapêuticas Especificadas (GITE) (tabela 28), em que consta que todos
os medicamentos descritos nessa lista são de venda sem prescrição
médica, com exceção daqueles administrados por via parenteral, que
são de venda sob prescrição médica. Aqueles medicamentos que pos-
suem uma ou mais associações na sua apresentação farmacêutica, e
um desses princípios ativos não for encontrado na GITE, esses são
considerados de venda sob prescrição médica.

Tabela 28 - Lista de Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas (GITE).

70
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INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Adaptado daRDC nº 138/2003.

Os aspectos mais importantes que envolvem essa resolução


estão relacionados à iniciativa de regulamentação do autoatendimento.
72
Alguns estados adotaram estaduais, como por exemplo:
• Resolução da Secretaria de Estado de Saúde do Estado do
Paraná nº 54, de 03 de junho de 1996 - aprova uma norma técnica que
explica sobre abertura e funcionamento, assim como sobre as condi-
ções físicas, técnicas e sanitárias, e sobre a dispensação de medica-
mentos em farmácias e/ou drogarias.
• Resolução da Secretaria de Estado de Saúde do Estado de
Santa Catarina nº 006, de 15 de março de 2001 – aprova uma norma
técnica que explica sobre as condições técnicas e sanitárias que são
necessárias para a abertura, funcionamento e a também para a dispen-
sação de medicamentos em farmácias e/ou drogarias.
Essas resoluções vedam a dispensação de medicamentos ao
público pelo sistema de autoatendimento. Elas determinam que a dis-
pensação ao público de MIPs ficará sob acompanhamento de profissio-
nais farmacêuticos que devem observar os riscos e recomendações ne-
cessárias aos pacientes. Porém, é necessário você verificar se o estado
em que você está atuando possui alguma resolução específica ou não.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


SERVIÇOS FARMACÊUTICOS: MODELO DE DECLARAÇÃO DE
SERVIÇO

A prescrição farmacêutica é definida como a ação em que o far-


macêutico fornece instruções escritas para administração ou preparação
de um medicamento a ser utilizado no tratamento de alguma doença.
Segue abaixo uma sugestão de modelo para declaração dos
serviços farmacêuticos (Figura 5), e uma sugestão de modelo de receita
(Figura 6), ambos disponibilizado pelo CFF.

Figura 5 – Modelo de declaração de serviços farmacêuticos

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INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Conselho Federal de Farmácia, 2020.

Figura 6 - Modelo de receita para prescrição farmacêutica.

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Fonte: Conselho Federal de Farmácia, 2020.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


QUESTÕES DE CONCURSO
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: UFLA Órgão: UFLA Prova: Farmacêutico Bioquí-
mico
Segundo a Resolução nº 586 de 29 de agosto de 2013 do Conselho
Federal de Farmácia que regula a prescrição farmacêutica e dá ou-
tras providências, é CORRETO afirmar que:
a) Para prescrição de medicamentos dinamizados, o reconhecimento
de título de especialista em Homeopatia ou Antroposofia poderá ser dis-
pensado pelo Conselho Regional de Farmácia de sua jurisdição.
b) Será exigido pelo Ministério da Saúde, o reconhecimento de título de
especialista ou de especialista profissional farmacêutico na área clínica,
com comprovação de formação que inclua conhecimentos e habilidades
em boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunica-
ção interpessoal, farmacologia clínica e terapêutica.
c) O farmacêutico poderá prescrever medicamentos, cuja dispensação
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

exija prescrição médica, desde que condicionado à existência de diag-


nóstico prévio e quando não estiver previsto em programas, protocolos,
diretrizes ou normas técnicas, aprovados para uso no âmbito de institui-
ções de saúde ou quando da formalização de acordos de colaboração
com outros prescritores ou instituições de saúde.
d) O farmacêutico poderá realizar a prescrição de medicamentos e outros
produtos com finalidade terapêutica, cuja dispensação não exija prescri-
ção médica, incluindo medicamentos industrializados e preparações ma-
gistrais-alopáticos ou dinamizados, plantas medicinais, drogas vegetais e
outras categorias ou relações de medicamentos que venham a ser apro-
vadas pelo órgão sanitário federal para prescrição do farmacêutico.

QUESTÃO 2
Ano: 2017 Banca: Quadrix Órgão: CRF - AL Prova: Farmacêutico
Fiscal
Assinale a alternativa que contraria o disposto na Resolução do
Conselho Federal de Farmácia nº 586/13, que regula a prescrição
farmacêutica.
a) Prescrição farmacêutica é definida como o ato pelo qual o farmacêu-
tico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacoló-
gicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente,
visando a promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção
de doenças e de outros problemas de saúde.
b) Para o exercício do ato da prescrição, será exigido, pelo Conselho
Regional de Farmácia de sua jurisdição, o reconhecimento de título de
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especialista ou de especialista profissional farmacêutico na área clínica,
com comprovação de formação que inclua conhecimentos e habilidades
em boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunica-
ção interpessoal, farmacologia clínica e terapêutica.
c) O ato da prescrição farmacêutica poderá ocorrer em diferentes esta-
belecimentos farmacêuticos, consultórios, serviços e níveis de atenção
à saúde, desde que respeitados o princípio da confidencialidade e a
privacidade do paciente no atendimento.
d) A prescrição de medicamentos, no âmbito do Sistema Único de Saú-
de (SUS), estará necessariamente em conformidade com a Denomi-
nação Comum Brasileira (DCB) ou, em sua falta, com a Denominação
Comum Internacional (DCI). A prescrição de medicamentos, no âmbito
privado, estará necessariamente em conformidade com a DCB. O ato da
prescrição farmacêutica poderá ocorrer em diferentes estabelecimentos
farmacêuticos, consultórios, serviços e níveis de atenção à saúde, des-
de que respeitados o princípio da confidencialidade e a privacidade do
paciente no atendimento.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


e) É vedado ao farmacêutico modificar a prescrição de medicamentos do
paciente, emitida por outro prescritor, salvo quando previsto em acordo
de colaboração, sendo que, neste caso, a modificação, acompanhada da
justificativa correspondente, deverá ser comunicada ao outro prescritor.

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: INAZ do Pará Órgão: CRF-PE Prova: Farmacêu-
tico Fiscal
Dentre as atribuições clínicas da profissão farmacêutica estabele-
cidas pela resolução nº 585, de 29 de agosto de 2013, do CFF, des-
taca-se a prescrição farmacêutica, que por sua vez é regulada pela
resolução nº 586, de 29 de agosto de 2013, do CFF, estabelecendo
qual determinação para prescrição farmacêutica?
a) O farmacêutico poderá realizar a prescrição de medicamentos e outros
produtos com finalidade terapêutica, incluindo medicamentos dispensados
com prescrição médica, medicamentos industrializados e preparações ma-
gistrais - alopáticos ou dinamizados -, plantas medicinais, drogas vegetais
e outras categorias ou relações de medicamentos que venham a ser apro-
vadas pelo órgão sanitário federal para prescrição do farmacêutico.
b) O farmacêutico poderá prescrever medicamentos cuja dispensação
exija prescrição médica, desde que condicionado à existência de diag-
nóstico prévio e apenas quando estiver previsto em programas, proto-
colos, diretrizes ou normas técnicas, aprovados para uso no âmbito de
instituições de saúde ou quando da formalização de acordos de colabo-
ração com outros prescritores ou instituições de saúde.
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c) Para a prescrição de medicamentos cuja dispensação exija prescrição
médica, os Conselhos Regionais de Farmácia exigirão o reconhecimento
de título de especialista ou de especialista profissional farmacêutico em
diferentes áreas, desde que comprovada a formação que inclua conhe-
cimentos e habilidades em boas práticas de prescrição, fisiopatologia,
semiologia, comunicação interpessoal, farmacologia clínica e terapêutica.
d) O ato da prescrição farmacêutica deverá ocorrer em estabelecimen-
tos privativos do profissional farmacêutico, com a devida definição de
consultório farmacêutico, respeitando o princípio da confidencialidade e
a privacidade do paciente no atendimento.
e) A prescrição farmacêutica deverá atender a intercambialidade de me-
dicamentos, conforme a Resolução CFF nº 349/2000, que estabelece a
competência do farmacêutico em proceder a intercambialidade ou subs-
tituição genérica de medicamentos.

QUESTÃO 4
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Cerquilho - SP Pro-
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

va: Auxiliar de Farmácia


De acordo com a legislação farmacêutica vigente, o farmacêutico
poderá realizar a prescrição de medicamentos e outros produtos
com finalidade terapêutica
a) como meio de propaganda e publicidade.
b) no âmbito privado e do SUS, exclusivamente em conformidade com
a DCB.
c) cuja dispensação não exija prescrição médica, incluindo medicamen-
tos industrializados.
d) de preparações magistrais dinamizadas, mas não de preparações
alopáticas.
e) ou modificar a prescrição de medicamentos do paciente, emitida por
outro prescritor.

QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: COSEAC Órgão: UFF Prova: Farmacêutico
Observe as afirmativas a seguir em relação à prescrição farmacêu-
tica de medicamentos.
I A prescrição de medicamentos no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS) estará necessariamente em conformidade com a De-
nominação Comum Brasileira (DCB) ou, em sua falta, com a Deno-
minação Comum Internacional (DCI).
II A prescrição de medicamentos, no âmbito privado, estará neces-
sariamente em conformidade com Denominação Comum Brasileira
(DCB) ou, em sua falta, com a Denominação Comum Internacional
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(DCI).
III A prescrição farmacêutica deverá ser redigida em vernáculo, por
extenso, de modo legível, observados a nomenclatura e o sistema
de pesos e medidas oficiais, sem emendas ou rasuras.
Das afirmativas acima:
a) apenas a I está correta.
b) apenas a II está correta.
c) todas estão corretas.
d) apenas a II e a III estão corretas
e) apenas a I e a III estão corretas

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Descreva as atribuições clínicas do farmacêutico de acordo com a Re-
solução n° 585/2013 do Conselho Federal de Farmácia.

TREINO INÉDITO
De acordo Resolução n° 585/2013 do Conselho Federal de Farmá-

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


cia, que regula as normas sobre a prescrição farmacêutica, marque
a alternativa correta.
a) No Sistema Único de Saúde (SUS), as prescrições de medicamen-
tos devem estar exclusivamente em conformidade com a Denominação
Comum Brasileira.
b) O farmacêutico ao realizar a atenção farmacêutica, pode solicitar
qualquer exame clínico-laboratorial com finalidade de diagnóstico.
c) O ato da prescrição farmacêutica não constitui prerrogativa do far-
macêutico legalmente habilitado e registrado no Conselho Regional de
Farmácia de sua jurisdição.
d) O farmacêutico não pode prescrever medicamentos, mesmo que es-
ses não exijam prescrição médica, pois a prescrição é um ato exclusivo
de médicos.
e) A prescrição farmacêutica é um dos resultados de uma consulta farma-
cêutica e é considerada uma atribuição clínica do farmacêutico. Durante
a consulta, o farmacêutico deve ser cuidadoso ao avaliar os sinais e sinto-
mas do paciente, selecionar a melhor conduta e documentar o processo.

NA MÍDIA
PRESCRIÇÃO ELETRÔNICA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A
CONTROLE ESPECIAL
Um dos grandes problemas de receitas médicas, principalmente de me-
dicamentos controlados, é a legibilidade da letra escrita na receita. A re-
ceita eletrônica é um grande avanço para as farmácias brasileiras, pois o
fato de o farmacêutico receber receitas legíveis contribui diretamente no
79
processo de segurança da dispensação de medicamentos. Outro ponto
importante, é que isso vale também para os antimicrobianos, assim como
para substancias da Lista C1, C5 e dos adendos das listas A1, A2 e B1.
Fonte: Conselho Federal de Farmácia
Data: 03/03/2020
Leia a notícia na íntegra: https://www.cff.org.br/noticia.php?id=5674.
Acesso em: 09 de novembro de 2020.

NA PRÁTICA
PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA REGULAMENTADA PELO CFF
PODE SE TORNAR LEI
É de conhecimento de todos que os farmacêuticos podem prescrever os
medicamentos isentos de prescrição (MIPs) de acordo com a lei vigente.
Recentemente, foi apresentado um projeto para alterar a Lei 9.782/99 e
criar uma nova categoria de medicamentos. A proposta apresentada é
para que essa nova categoria se refira àqueles medicamentos que po-
dem ser prescritos por farmacêuticos, e que esses medicamentos con-
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

tenham tarja azul. Nessa proposta, os farmacêuticos também poderiam


revalidar as receitas médicas de antibióticos. A proposta alega que, o
profissional farmacêutico é apto para prescrever esses medicamentos,
pois dentre as categorias profissionais, o farmacêutico é o que mais
possui conhecimento sobre medicamentos.
Fonte: Conselho Federal de Farmácia
Data de publicação: 25/01/2020
Leia a notícia na íntegra: https://www.cff.org.br/noticia.php?id=5624&-
titulo=Prescri%C3%A7%C3%A3o+farmac%C3%AAutica+regulamenta-
da+pelo+CFF+pode+se+tornar+lei Acesso em: 29 de agosto de 2020.

PARA SABER MAIS:


Vídeo sobre o assunto: PROGRAMA FARMACÊUTICO + SAÚDE:
Prescrição Farmacêutica. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=hy3AFTOJ6JA>Acesso em: 29 de agosto de 2020.
Vídeo sobre o assunto: PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=E-1e6bjUNBM>Acesso em:
29 de agosto de 2020.

80
CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSO

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

As etapas da anamnese farmacêutica, primeiramente, incluem a ob-


tenção dos dados pessoais do paciente, como nome, idade, data de
nascimento, dentre outros. Após a coleta dessas informações pessoais,
o farmacêutico deverá pedir ao paciente que relate suas principais quei-
xas, com os sinais e sintomas. Então, irá solicitar que o paciente descre-
va toda a história da doença atual, desde quando começou, há quanto
tempo possui, se houve evolução e se realizou algum tratamento. Após
esses relatos, o farmacêutico deve questionar sobre os históricos fami-

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


liar e do paciente, incluindo o histórico médico, onde o paciente deve re-
latar as doenças que já teve e medicamentos utilizados. Logo depois, o
farmacêutico deve revisar quais órgãos e sistemas podem estar sendo
afetados e, por fim, descrever todos os medicamentos que o paciente
está utilizando e verificar as possíveis interações medicamentosas.

TREINO INÉDITO
Gabarito: D

81
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSO

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Leucocitose: está relacionada a várias infecções e processos inflama-


tórios, mediada por variadas moléculas que são liberadas devido à res-
posta imunológica, como macrófagos, interleucinas, fatores de necrose,
dentre outros. As infecções podem ter origens de vírus, bactérias, fun-
gos, protozoários ou espiroquetas e, geralmente, fazem parte da res-
posta na fase aguda do organismo.
Leucopenia: está relacionada a infecções virais, como por exemplo, he-
patite A e B, rubéola, Epstein-Barr, etc., e a infecções bacterianas, como
salmonela, micobactérias, estafilococos, etc. Também estão associados
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

a anemias, como anemia falciforme, anemia aplásica, dentre outras.

TREINO INÉDITO
Gabarito: C

82
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSO

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Dentre as principais atribuições clínicas dos farmacêuticos definidos


pela legislação, podemos citar: Estabelecimento de uma relação de
cuidado ao paciente; Desenvolvimento de ações que promovam, pro-
tejam e recuperem a saúde, e ações que previnam doenças; Avaliação
da farmacoterapia; Prescrição de medicamentos; Intervenções farma-
cêuticas; Consulta farmacêutica; Solicitação e interpretação de exames
laboratoriais; Monitoramento de níveis terapêuticos, bem como de parâ-
metros bioquímicos e fisiológicos; Elaboração de planos de cuidado ao
paciente; Orientação farmacêutica.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS


TREINO INÉDITO
Gabarito: E

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BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa nº
11, de Setembro de 2016. Dispõe sobre a lista de medicamentos isentos
de prescrição. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 2016.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº


138, de 29 de maio de 2003. Dispõe sobre o enquadramento na catego-
ria de venda de medicamentos. Diário Oficial da União, Poder Executi-
vo, Brasília, DF, 2003.

BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 546, de 21 de


julho de 2011. Dispõe sobre a indicação farmacêutica de plantas medi-
cinais e fitoterápicos isentos de prescrição e o seu registro. Diário Oficial
da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 2011.

BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 585, de 29 de


agosto de 2013. Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providên-
INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

cias. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 2013.

BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 586, de 29 de


agosto de 2013. Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providên-
cias. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 2013.

Rosenfeld, L. G.; Malta, D. C.; Szwarcwald, C. L.; Bacal, N. S.; Cuder,


M. A. M.; Pereira, C. A.; Figueiredo, A. W.; Silva, A. G.; Machado, I.
E.; Silva, W. A.; Neto, G. V.; Júnior, J. B. S. Valores de referência para
exames laboratoriais de hemograma da população adulta brasileira:
Pesquisa Nacional de Saúde. Revista Brasileira de Epidemiologia, 22,
2019. DOI: 10.1590/1980-549720190003.supl.2

SILVA, P. H.; Alves, H. B.; Comar, S. R.; Henneberg, R.; Merlin, J. C.;
Stinghen, S. T. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. Edito-
ra Artmed, Porto Alegre, 2016.

STRASINGER, S. K. & Lorenzo, M. S. Urinálise e Fluidos Corporais. 5ª


edição. Livraria Médica Paulistana, São Paulo, 2009.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade


Brasileira de Diabetes 2019-2020. Disponível em: <https://www.diabe-
tes.org.br/profissionais/images/DIRETRIZES-COMPLETA-2019-2020.
pdf> Acesso em 09/11/20.

84
WILLIAMSON, M. A. & Snyder, M. S. WallachInterpretação de exames la-
boratoriais. 9ª edição. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2011.

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INTERPRETAÇÃO CLÍNICA DE EXAMES LABORATORIAIS E PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS - GRUPO PROMINAS

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