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DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS


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DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
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pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!


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Professora: Adriana Penna

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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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CAPÍTULO 01
INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 02
CHEGADA E ENTRADA DA ENERGIA ELÉTRICA

Termos Básicos ________________________________________________ 12

Especificações de Entrada de Energia __________________________ 13

O Consumidor Individual _______________________________________ 18

Edifícios de Uso Coletivo _______________________________________ 20

O Padrão de Entrada ___________________________________________ 22


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CAPÍTULO 03
FERRAMENTAS

CAPÍTULO 04
PROTEÇÃO E ATERRAMENTO DO SISTEMA

Noções Básicas sobre Proteção do Sistema ____________________ 32

Disjuntores ____________________________________________________ 35

Aterramento do Sistema _______________________________________ 40

Referências ____________________________________________________ 58

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INTRODUÇÃO

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Vimos no módulo introdutório “Fundamentos da Engenharia
Elétrica” um pouco sobre a geração e transmissão de energia elétrica.
Agora nosso foco será a entrada de energia na residência e a
questão da proteção que passa pelos disjuntores, a dinâmica de aterra-
mento do sistema, bem como o uso de sistemas de proteção de descar-
gas elétricas (SPDA), conhecido comumente como para-raios.
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmi-
ca tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões
da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos
de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e
objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro
que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, in-
cluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto,
de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não
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serão expressas opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, en-
contram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas,
mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ven-
tura venham a surgir ao longo dos estudos.
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CHEGADA E ENTRADA DA ENERGIA
ELÉTRICA

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Vimos que a responsabilidade/obrigação/missão da concessio-
nária em fornecer energia elétrica, vai até o ponto de entrega, com par-
ticipação nos investimentos necessários, e responsabilizando-se pela
execução dos serviços, pela operação e pela manutenção.
Daí para dentro da residência, temos o “Padrão de entrada”, ins-
talação que compreende os seguintes componentes: ramal de entrada,
poste particular ou pontalete, caixas, quadro de medição, proteção, ater-
ramento e ferragens, de responsabilidade do cliente, que deve ser feita
atendendo às especificações da norma técnica da concessionária para o
tipo de fornecimento. A norma técnica referente à instalação do padrão
de entrada e outras informações a esse respeito deverão ser obtidas na
agência local da concessionária fornecedora de energia elétrica.

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TERMOS BÁSICOS

Segundo Cavalin e Cervelin (2011), as normas das concessio-


nárias estabelecem, inicialmente, as terminologias e definições que per-
mitem uma compreensão mais detalhada dos termos técnicos utilizados
para o fornecimento de energia elétrica às instalações de consumidores
por meio de redes aéreas, a fim de se tornarem conhecidas por todos
aqueles que trabalham com instalações elétricas.
A seguir, apresentaremos os principais termos técnicos utiliza-
dos em normas de fornecimento de energia (COPEL, CEMIG e CESP).
Normas de condução:
• NTC9-01100 - Fornecimento em Tensão Secundária de Dis-
tribuição - COPEL;
• NTC9-01110 - Atendimento a Edifícios de Uso Coletivo – CO-
PEL;
• ND 5.1 - Fornecimento em Tensão Secundária - Rede de Dis-
tribuição Aérea - Edificações Individuais – CEMIG;
• ND 5.2 - Fornecimento em Tensão Secundária - Rede de Dis-
tribuição Aérea - Edificações Coletivas - CEMIG.
Consumidor – é a pessoa física ou jurídica, que solicita à con-
cessionária o fornecimento de energia elétrica e assume a responsabili-
dade por todas as obrigações regulamentares e contratuais.
Unidade Consumidora – trata-se de instalações de um único
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consumidor caracterizadas pela entrega de energia elétrica em um só


ponto com medição individualizada.
Agrupamento de Unidades Consumidoras – é o conjunto de duas
ou mais unidades consumidoras localizadas em um mesmo terreno e que
não possuem área de uso comum com instalação elétrica exclusiva.
Edifício de Uso Coletivo – prédio que possui como característi-
ca a existência de mais de uma unidade consumidora e que dispõe de
área de uso comum com a instalação elétrica exclusiva (responsabilida-
de do condomínio).
Ponto de Entrega – primeiro ponto de fixação dos condutores
do ramal de ligação na propriedade do consumidor. É o ponto até o qual
a concessionária se obriga a fornecer energia elétrica, com a participa-
ção nos investimentos necessários, responsabilizando-se pela execu-
ção dos serviços, pela operação e pela manutenção.
Entrada de Serviço – conjunto de condutores, equipamentos e
acessórios instalados entre o ponto de derivação da rede secundária da
concessionária e a medição, inclusive.
Ramal de Ligação – conjunto de condutores e acessórios ins-
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talados pela concessionária entre o ponto de derivação da rede secun-
dária e o ponto de entrega.
Ramal de Entrada – conjunto de condutores, acessórios e
equipamentos instalados pelo consumidor a partir do ponto de entrega
até a medição, inclusive.
Ramal Alimentador – conjunto de condutores e acessórios ins-
talados pelo consumidor após a medição para alimentação das instala-
ções internas da unidade consumidora.
Limitador de Fornecimento – equipamento de proteção (disjuntor
termomagnético) destinado a limitar a demanda da unidade consumidora.
Centro de Medição – local onde está situada a medição de dois
ou mais consumidores.
Caixa para Medidor – caixa lacrável destinada à instalação do
medidor ou medidores de energia e seus respectivos acessórios, na
qual pode ter instalado também o equipamento de proteção.
Caixa para Disjuntor de Proteção – caixa lacrável destinada à
instalação do disjuntor de proteção geral da entrada de serviço.
Cabine – compartimento localizado dentro da propriedade do
consumidor, destinado a abrigar o transformador de distribuição e os
equipamentos e acessórios necessários à sua ligação.
Medição Direta – é a medição de energia, efetuada por medi-
dores conectados diretamente aos condutores do ramal de entrada.
Medição Indireta – é a medição de energia efetuada com au-

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xílio de equipamentos auxiliares (Te - Transformadores de Corrente, e
para média e alta tensão, TP - Transformador de Potencial).
Chave de Aferição – é um dispositivo que possibilita a retirada do
medidor do circuito sem interromper o fornecimento, ao mesmo tempo que
coloca em curto-circuito o secundário dos transformadores de corrente.
Demanda – é a média das potências elétricas instantâneas soli-
citadas por uma unidade consumidora durante um período especificado.
Alimentador principal ou prumada – é a continuação ou des-
membramento do ponto de entrega e ponto de entrada, do qual fazem
parte os condutores, eletrodutos e acessórios, conectados a partir da
proteção geral ou do quadro de distribuição principal (QDP) até as cai-
xas de medição ou de derivação (CAVALIN; CERVELIN, 2011).

ESPECIFICAÇÕES DE ENTRADA DE ENERGIA

O fornecimento de energia elétrica é determinado pelas limita-


ções estabelecidas pelas concessionárias em função da potência (carga)
instalada ou potência de demanda e tipo de carga ou de fornecimento.
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A Norma NBR 5410:2004, item 4.2.1.1.1, diz que:

A determinação da potência de alimentação é essencial para a concepção


econômica e segura de uma instalação, dentro de limites adequados de ele-
vação de temperatura e de queda de tensão.

E o item 4.2.1.1.2 diz também que devem ser “consideradas


as possibilidades de não simultaneidade de funcionamento dos equipa-
mentos, bem como a capacidade de reserva para futuras ampliações”.
Especificar uma entrada de energia para um consumidor signi-
fica, então, adequar uma categoria de atendimento (tipo de fornecimen-
to) à respectiva carga desse consumidor.
O entendimento da entrada de energia requer que conheça-
mos alguns termos:

Potência ou Carga Instalada

É a soma das potências nominais de todos os aparelhos elétri-


cos ligados em uma instalação do consumidor à rede de energia elétrica
da concessionária (rede de distribuição). Potência nominal é aquela re-
gistrada na placa ou impressa no aparelho ou na máquina.
Como exemplo temos:
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Demanda de Utilização (Provável Demanda)

É a soma das potências nominais de todos os aparelhos elétri-


cos que funcionam simultaneamente, utilizada para o dimensionamento
dos condutores dos ramais alimentadores, dispositivos de proteção, ca-
tegoria de atendimento ou tipo de fornecimento e demais características
do consumidor.
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O cálculo da demanda serve para o dimensionamento e
especificação da entrada de energia, adequando uma categoria de
atendimento (tipo de fornecimento) à respectiva carga (demanda)
do consumidor.

Para o cálculo da demanda (D), na elaboração do projeto elé-


trico, deve-se observar o seguinte:
a) Ao prever as cargas, estuda-se a melhor forma de instalar os
pontos de utilização de energia elétrica.
b) A utilização da energia elétrica varia no decorrer do dia, por-
que o(s) usuário(s) não utiliza(m) ao mesmo tempo (simultaneamente)
todos os pontos da instalação.
c) A carga instalada não varia, mas a demanda varia.
Obs.: No caso de reforma ou ampliação, pode ocorrer aumento
da carga instalada. No entanto, “é vedado qualquer aumento de carga
que supere o limite correspondente a cada categoria de atendimento,
sem ser previamente solicitado pelo interessado e apreciado pela con-
cessionária” (No caso a COPEL ou da concessionária da sua região).
d) Caso a especificação da entrada de energia fosse feita pela
carga (potência) instalada, em vez da demanda haveria um superdimen-

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sionamento de todos os elementos (disjuntores, condutores, poste, etc.)
que compõem a entrada de energia e, consequentemente, em vez de se
adotar uma categoria adequada, passar-se-ia para uma categoria supe-
rior, tendo como consequência os custos maiores, sem necessidade.
e) O cálculo da demanda é um método estatístico, e suas tabelas
foram elaboradas em função de estudos e experiências dos projetistas.
f) A demanda, por ser um método estatístico, não pode ter o
seu valor considerado como único e verdadeiro, por isso é chamado
de “provável máxima demanda” ou “demanda máxima prevista”. Para
simplificar, chamaremos somente de demanda (D).
g) O cálculo da demanda depende da concessionária de cada
região.

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Exemplo de curva de solicitação diária de um consumidor residencial

A demanda (D) de residências e apartamentos individuais é


determinada com a utilização da seguinte expressão:
D = (P1 x g1) + (P2 x g2)
sendo:
D - Demanda individual da unidade consumidora, em kVA.
P1 - Soma das potências da Iluminação e Tomadas de Uso
Geral- TUG's, em volt-ampere (VA).
P2 - Soma das potências das Tomadas de Uso Específico -
TUE's, em volt-arnpere (VA).
g1 - Fator de demanda dado pela Tabela 1 abaixo.
g2 - Fator de demanda dado pela Tabela 2 abaixo.

Tabela 1 - Fatores de demanda para iluminação e tomadas de uso geral – TUG's


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Tabela 2 - Fatores de demanda para tomadas de uso específico -TUE's.

Fator de Demanda

Para calcular a demanda (D), é necessário conhecer o fator de


demanda (g1 e g2). As Tabelas 1 e 2 acima fornecem esses valores.
Nota: Em alguns casos, os valores para os fatores de demanda
são definidos pelas concessionárias de energia elétrica nos seus manu-
ais, conforme o tipo de instalação por expectativa de utilização em função
da(s) carga(s). Os fatores de demanda podem variar de 70% a 100%.

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Objetivos da Especificação da Entrada de Energia

• determinar o tipo de fornecimento;


• dimensionar os equipamentos de medição e proteção;
• efetuar estimativa de carga e demanda declarada;
• efetuar estimativa de fator de potência (no caso de residên-
cias e apartamentos individuais, considera-se FP = 1,00).

Procedimento para a Especificação da Entrada de Energia

Para enquadrar na categoria adequada ou tipo de fornecimen-


to, obedecer ao seguinte roteiro:
• determinar a carga instalada, conforme NBR 5410:2004;
• verificar a demanda do consumidor, em kVA;
• verificar o número de fases das cargas do consumidor;
• verificar a potência dos motores, FN, 2F, 3F, em CV;
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• verificar a potência dos aparelhos de solda e raio X, em kVA;
• enquadrar o consumidor na categoria adequada, consultando
a Norma da Concessionária local (COPEL NTC 9-01100 - Fornecimento
em Tensão Secundária de Distribuição).

Fator de Potência

O fator de potência é um índice (porcentagem) que mostra a


forma como a energia elétrica recebida está sendo utilizada, ou seja, ele
indica quando a energia solicitada da rede da concessionária (potência
aparente) está sendo usada de forma útil (potência ativa).
O fator de potência pode se apresentar nas formas do quadro
abaixo:

Fonte: Cavalin; Cervelin (2011, p. 209).

O CONSUMIDOR INDIVIDUAL
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É o fornecimento de energia elétrica em tensão secundária de


distribuição às unidades consumidoras (edificações urbanas, residen-
ciais, comerciais ou industriais), cuja potência instalada seja igual ou
inferior a 75kW. Essa limitação é adotada pela maioria das concessio-
nárias: do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nas ilus-
trações a seguir temos os principais detalhes de entradas de energia
padrão para consumidores individuais.

Componentes e alturas mínimas da entrada de serviço para consumidores


individuais em baixa tensão

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Fonte: NTC-9-01100 – COPEL.

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Componentes e alturas mínimas de entrada de serviço para consumidores
individuais em baixa tensão

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Fonte: ND 5.1 – CEMIG.

Nas regiões onde o fornecimento de energia elétrica é de con-


cessão da COPEL, caso a potência seja:

EDIFÍCIOS DE USO COLETIVO

O atendimento às edificações de uso coletivo e agrupamentos


é definido em função da demanda total utilizada para o dimensionamen-
to dos componentes da entrada de serviço, cujas potências limites são:
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Vejamos as ilustrações abaixo:

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Entrada de serviço para atendimento a edifícios de uso coletivo até 75kVA em
baixa tensão

Fonte: NTC 9-01110 – COPEL.

Entrada de energia subterrânea - demanda 75kVA a 300kVA

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Fonte: NTC 9 - 01110 – COPEL.


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Entrada de energia subterrânea em AT com demanda de 300 a 500kVA.

Fonte: NTC 9 - 01110 – COPEL.

O PADRÃO DE ENTRADA
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O padrão de entrada também conhecido como padrão cons-


trutivo é todo o conjunto desde o ramal de entrada, poste ou pontalete
particular, caixas, dispositivos de proteção, aterramento, eletrodutos e
ferragens, de responsabilidade dos consumidores, preparado de forma a
permitir a ligação das unidades consumidoras à rede da concessionária.
Definido o tipo de fornecimento, bem como o padrão constru-
tivo, de acordo a norma técnica, compete à concessionária fazer a sua
inspeção.
Se tudo estiver correto, a concessionária instala e liga o medi-
dor e o ramal de serviço.

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Padrão construtivo de uma entrada de serviço com medição em mureta ou
frontal - saída embutida ou subterrânea

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Fonte: NTC 9-01100 – COPEL.


Obs.:
• o poste, a caixa e o disjuntor da entrada de serviço devem ser de fabricantes
cadastrados na COPEL;
• quando o poste for instalado a 1m do alinhamento frontal, a caixa de medição
será instalada entre este poste e o muro frontal;
• o engastamento deve ser de 60cm + 10 % do comprimento do poste;
• o pingadouro pode ser realizado perpendicular à armação secundária quando
a situação exigir;
• as dimensões em milímetros.

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Padrão construtivo de uma entrada de serviço com medição em muro ou mu-
reta lateral - saída embutida ou subterrânea
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Fonte: NTC 9-01100 – COPEL.

Para evitar problemas no fornecimento de energia elétrica, o


padrão de entrada deve ser dimensionado pelo engenheiro eletricista
e executado por eletricistas capacitados. Todo poste deve vir com um
traço demarcatório que indica até que ponto o poste deve ser enterra-
do. Esse traço, que fica a 1,35 m da base do poste, precisa ficar ao ní-
vel do solo para garantir a estabilidade e as alturas corretas. Uma vez
pronto o padrão de entrada, compete à concessionária fornecedora
de energia fazer a sua inspeção (CARVALHO JUNIOR, 2011).
Estando tudo dentro dos parâmetros da norma, a conces-
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sionária instala e liga o medidor e o ramal de serviço. Dessa forma,
a energia elétrica entregue pela concessionária estará disponível
para ser utilizada na edificação. Pelo circuito de distribuição, essa
energia é levada do medidor até o quadro de distribuição, também
conhecido como quadro de luz.

Devem ser utilizados, para proteção geral da entrada consu-


midora, disjuntores termomagnéticos unipolares, para atendimento mo-
nofásico; bipolares, para atendimento bifásico; e tripolares, para atendi-
mento trifásico.
A proteção geral deve ser localizada depois da medição e execu-
tada pelo cliente de acordo com o que estabelece a norma da concessioná-
ria local. Toda unidade consumidora deve ser equipada com um dispositivo
de proteção que permita interromper o fornecimento e assegure adequada
proteção. Segundo prescrito na NBR 5410, o cliente tem de possuir em sua
área privativa um ou mais quadros para instalação de proteção para circui-
tos parciais. Devem ser previstos dispositivos de proteção contra quedas
de tensão ou falta de fase em equipamentos que, pelas suas característi-
cas, possam ser danificados por essas ocorrências.
As caixas de medição e proteção poderão ser feitas em chapa
de aço pintada eletrostaticamente ou zincada, aço inoxidável, alumínio,
policarbonato, resina poliéster reforçada com fibra de vidro, ferro fun-
dido ou outro material não corrosível. Em regiões litorâneas, caso as
caixas sejam fabricadas em chapa de aço, elas deverão ser zincadas

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(CARVALHO JUNIOR, 2011).
Quanto ao ramal de ligação e os equipamentos de medição, es-
tes são fornecidos e instalados pela concessionária fornecedora de ener-
gia elétrica. Os demais materiais da entrada de serviço, como caixa de
medição, eletrodutos, condutores do ramal de entrada, poste, disjuntor,
armação secundária, isolador e outros, devem ser fornecidos e instalados
pelo proprietário, conforme padronização e norma específica, estando
sujeitos à aprovação da concessionária de energia elétrica local.
O ramal deve entrar sempre pela frente do terreno, ficar livre de
qualquer obstáculo, ser perfeitamente visível, e não cruzar terrenos de
terceiros. Em terrenos de esquina com acesso a duas ruas, será permi-
tida a entrada do ramal de ligação por qualquer um dos lados, dando-
-se preferência àquele em que estiver situada a entrada da edificação
(CARVALHO JUNIOR, 2011).
De acordo com a CPFL (2009), o vão livre não deve ser supe-
rior a 30 m. Não deve ser facilmente alcançável de áreas, balcões, terra-
ços, janelas ou sacadas adjacentes, mantendo sempre um afastamento
desses locais acessíveis.
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Os condutores do ramal devem ser instalados de forma a se
obter as seguintes distâncias mínimas, medidas na vertical entre o pon-
to de maior flecha e o solo (CEMIG, 2013):
a) em áreas urbanas:
- ruas, avenidas – 5,50 metros;
- vias públicas exclusivas de pedestres – 3,50 metros;
- entradas de prédios e demais locais de uso restrito a veículos
– 4,50 metros.
É permitida, como alternativa, a alimentação de duas unidades
consumidoras vizinhas por um único ramal de ligação, em um único
poste particular na divisa das duas propriedades, sendo os ramais de
entrada e medições distintos. Nesses casos, é importante consultar a
concessionária, pois são estabelecidos alguns limites para a ligação
(CARVALHO JUNIOR, 2011).
A conexão e a amarração do ramal de ligação na rede secun-
dária e no ponto de entrega serão executadas pela concessionária. A
ancoragem do ramal de ligação no ponto de entrega deve ser constru-
ída pelo cliente.
A distância entre o ponto de ancoragem do ramal de ligação do
lado do cliente e o nível da calçada, quando o poste da concessionária
situar-se do outro lado da rua, deve ser no mínimo de 6 m.
A distância entre o ponto de ancoragem do ramal de ligação do
lado do cliente e o nível da calçada, quando o poste da concessionária
situar-se do mesmo lado da rua, deve ser no mínimo igual a:
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• 6 m, quando o ramal de ligação cruzar garagens para entrada


de veículos pesados;
• 5 m, quando o ramal de ligação cruzar garagens residenciais
ou outros locais não acessíveis a veículos pesados;
• 4 m, quando o ramal de ligação não cruzar garagens.
O poste particular deve ser instalado na propriedade do cliente
com a finalidade de fixar e (ou) elevar o ramal de ligação. De acordo
com a CPFL (2009), o poste deve ser de concreto armado seção duplo
“T”, ou de seção circular, ou de aço seção circular, ou de concreto com
caixa de medição incorporada, ou compacto de concreto armado com
eletroduto embutido. Os postes devem ser escolhidos em função da
categoria de atendimento e dimensionados de acordo com tabelas es-
pecíficas da concessionária.
O pontalete é um suporte instalado na edificação para fixar ou
elevar o ramal de ligação. A utilização de pontalete será permitida so-
mente quando não existir possibilidade de instalação dos padrões nor-
mais estabelecidos pela concessionária fornecedora de energia.
Quando há conflito da arquitetura com o poste de entrada, de-
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ve-se fazer uma entrada subterrânea, deixando a fachada da edificação
limpa (CARVALHO JUNIOR, 2011).
Antes de iniciar o projeto, o arquiteto deve efetuar um estu-
do do terreno e a posteação da rua para definir a melhor localização
do quadro de medição. O equipamento de medição será instalado pela
concessionária, em local previamente preparado, dentro da propriedade
particular, preferencialmente no limite do terreno com a via pública, em
parede externa da própria edificação, em muros divisórios ou em pos-
tes, e servirá para medir o consumo de energia elétrica da edificação.
A localização do compartimento que abriga o equipamento de
medição vai depender do posicionamento do ramal de entrada de ener-
gia. De qualquer maneira, deve ser localizado no projeto arquitetônico,
de modo a facilitar a leitura pela concessionária fornecedora de energia.
Assim, vale ressaltar que o ideal é o centro de medição ter o painel de
leitura voltado para o lado do passeio público, para que possa ser lido
mesmo que a propriedade esteja fechada ou sem morador.
O quadro de medição possui padrões especiais que variam
conforme a concessionária fornecedora de energia e o número de con-
sumidores. O arquiteto e o engenheiro eletricista precisam estar perfei-
tamente inteirados desses padrões. O arquiteto deve prever no projeto
arquitetônico todas as condições para que o engenheiro eletricista pos-
sa detalhar o centro de medições. Falhas de projetos podem provocar o
não fornecimento de energia elétrica por parte da concessionária (CAR-
VALHO JUNIOR, 2011).

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Vale frisar que antes de iniciar o projeto, o arquiteto deve efe-
tuar um estudo do terreno e a posteação da rua para definir a melhor
localização do conjunto: hidrômetro, medidor de energia elétrica, cai-
xa de correspondência, campainha com interfone e câmara de TV. Os
equipamentos de medição de água e energia elétrica serão instalados
pelas concessionárias, em local previamente preparado, dentro da pro-
priedade particular, preferencialmente no limite do terreno com a via pú-
blica, em parede externa da própria edificação, em muros divisórios, e
servirão para medir o consumo de água e energia elétrica da edificação.
A caixa que abriga o equipamento de medição de energia elé-
trica possui uma padronização quanto a tamanho e cor, contudo nada
impede que seja enriquecida e, principalmente, bem localizada. A so-
lução ideal é embuti-la numa parede, ao lado do poste. Com a caixa
de medição embutida na alvenaria, deve-se pensar em uma porta para
protegê-la das intempéries (sol, chuva, etc.) e integrá-la de forma har-
mônica à arquitetura (CAPOZZI, 1989).
A entrada de energia e água deve sempre compor com a ideia
usada para o poste de modo que se consiga uma coerência de padrões.
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Assim, se o poste foi embutido numa estrutura de alvenaria, o
mesmo deve acontecer com a caixa de medição, o que facilita a medição
do hidrômetro e do relógio de medição. A caixa de medição de energia
deve ser instalada de maneira que sua face superior fique a uma altura
compreendida entre 1,4 m e 1,6 m em relação ao piso acabado. Para o
padrão poste com caixa incorporada, essa altura deve ser de 1,7m.
Até para facilitar a medição do hidrômetro e do relógio de me-
dição, as três peças (entrada de energia, água e poste) devem formar
um só elemento no projeto arquitetônico (CARVALHO JUNIOR, 2011).
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FERRAMENTAS

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Em todo e qualquer setor de área técnica, as ferramentas guar-
dam um lugar importante e delas podemos e devemos tirar o máximo
proveito, o que está relacionado à qualidade do serviço a ser executado.
Precisamos saber como usá-las, como guardá-las, como con-
servá-las, ou seja, ser cuidadosos no seu manuseio, reconhecer se é
uma ferramenta de boa qualidade e conhecer sua aplicação, é claro.
Como dizem Cavalim e Cervelim (2011), com ferramentas ade-
quadas ganhamos tempo, executamos um serviço com qualidade e
com menos esforço.
Embora pareça óbvio, vamos a duas dicas básicas, importan-
tes, mas que muitas vezes nos fazem negligentes.
- Primeira dica: manter as ferramentas em caixas organizadas
facilita o transporte e o manuseio.
- Segunda dica: conservar as ferramentas, evitando oxidação,
2929
umidade, vibração, poeira, quedas e lubrificá-las quando necessário au-
mentam sua vida útil.
Vamos falar um pouco sobre algumas ferramentas básicas do
eletricista:
a) Alicates:
São muitos os tipos de alicate, desde bico redondo ao cônico,
meia-cana, de corte diagonal, universal, descascador de fios até os de
compressão.
O alicate de bico redondo ou de bico cônico, é utilizado para
fios rígidos e devido seu bico cônico, é possível fazer olhais de vários
diâmetros com rapidez e bom acabamento.
Um cuidado básico com o alicate de bico meia-cana está nos
circuitos energizados, pois a ponta fina pode provocar curto-circuito,
uma vez que ele é utilizado para segurar e guiar peças a serem solda-
das, aparafusadas, conectadas, para dobrar, torcer ou endireitar termi-
nais, condutores, linguetas, suporte, etc.
O uso do alicate de corte lateral deve ser cuidadoso, pois pode
cortar também o condutor.
O alicate universal, por sua vez, é utilizado inclusive para pegar
e segurar peças, cortar condutores de cobre. Para porcas ou cabeças de
parafusos sextavados de bitola ¼” ou 6,5mm, podemos utilizar o alicate
universal para segurá-las em posição fixa, enquanto outra chave específica
executa o oposto. No entanto, ele não deve ser usado para movimento de
giro, pois pode causar deformação da cabeça do parafuso ou da porca.
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O alicate descascador de fios tem a finalidade exclusiva de re-


mover a isolação de condutores. Devido suas características, pode cor-
tar e remover a capa isolante com rapidez e sem danificar o condutor.
O alicate de compressão, como o próprio nome diz, é usado
para comprimir terminais pré-isolados e sem isolação, luvas de emen-
das, conectores paralelos e rabinho de porco de seção 0,5 a 6,0mm2.
Corta e descasca condutores das mesmas seções anteriores e ainda
corta diversos tamanhos de parafusos comuns.
Dentre os modelos de alicate de compressão temos o alicate
manual com catraca; o pneumático e com matriz giratória.
As chaves de fenda não devem ser usadas para latas como
alavanca ou talhadeira. Dentre outras recomendações básicas para seu
uso estão:
• verificar as condições da chave a ser usada, se não está de-
formada ou se apresenta algum outro defeito;
• procurar usar a chave de tal forma que a largura da ponta seja
adequada ao parafuso, uma vez que quando mais largas que os para-
fusos, podem danificar a peça que se deseja fixar, além de não permitir
30
um bom aperto;
• a ponta deve encaixar-se perfeitamente na cabeça do parafuso;
• deve manter-se linha reta com relação ao eixo do parafuso,
durante o aperto ou desaperto.
A lâmpada teste néon ou chave de fenda teste ou busca-polos
deve sempre acompanhar os trabalhos do eletricista, para certificar-se
de que realmente o circuito está ligado ou desligado.
Arco de serra, brocas, furadeiras e parafusadeiras elétricas
portáteis, estiletes, canivetes, talhadeiras, limas, ponteiro, esmeril, ma-
çarico a gás, ferro de soldar, tarraxa, torno comum de bancada, torno
de encanador, lixas, trenas são outras ferramentas/equipamentos, não
menos importantes ao eletricista, mas que acreditamos não precisam
ser postos detalhes acerca deles.
Na Norma Regulamentadora NR-10, encontramos várias re-
comendações sobre o uso de ferramentas nos serviços de eletricidade,
como por exemplo:
10.2.4.1. As instalações elétricas, destinadas à utilização de
eletrodomésticos, em locais de trabalho e de ferramentas elétricas por-
táteis, devem atender às prescrições dos subitens 10.2.1.4 e 10.2.1.7 e,
ainda, quanto à tomada de corrente, extensões de circuito, interruptores
de correntes, especificação e qualidade dos condutores devem obede-
cer às prescrições previstas no subitem 10.1.2. (110.024-6 / I2)
Pereira e Sousa (2010) tecem comentários à NR-10 e no to-
cante ao ferramental confirmam que na listagem das ferramentas deve

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ser observada fundamentalmente a sua finalidade, descrição das carac-
terísticas e seus limites ao uso em instalações elétricas.
Especial atenção deverá ser dada aos aparelhos de medição
(multímetros) que deverão ser adequados à grandeza a medir e de ca-
tegoria apropriada ao tipo e local de utilização. (Referência IEC-61010).
[...]
10.3.1.2 As ferramentas manuais utilizadas nos serviços em
instalações elétricas devem ser eletricamente isoladas, merecendo es-
peciais cuidados as ferramentas e outros equipamentos destinados a
serviços em instalações elétricas sob tensão (110.035-1 / I2).
[...]
10.3.2.6. Os serviços de manutenção e/ou reparos em partes de
instalações elétricas, sob tensão, só podem ser executados por profissionais
qualificados, devidamente treinados, em cursos especializados, com empre-
go de ferramentas e equipamentos especiais, atendidos os requisitos tecno-
lógicos e as prescrições previstas no subitem 10.1.2. (110.043-2 / I2).
Vale a pena conferir a NR-10, pois em toda ela encontramos
comentários ao uso de ferramentas e a segurança do seu usuário.
31
PROTEÇÃO E ATERRAMENTO DO
SISTEMA
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

NOÇÕES BÁSICAS SOBRE PROTEÇÃO DO SISTEMA

Embora pareça redundante falarmos sobre segurança, é preciso!


Na NBR 5410:2004 (versão corrigida 17.03.2008), encontramos
as orientações/prescrições fundamentais para garantir a segurança de pes-
soas, animais domésticos e bens contra os perigos e danos que possam
resultar da utilização das instalações elétricas em condições previstas. Para
efeitos desta norma, aplicam-se as definições da ABNT NBR IEC 60050.

Proteção contra Choques Elétricos:

a) Elemento condutivo ou parte condutiva: elemento ou parte


3232
constituída de material condutor, pertencente ou não à instalação, mas
que não é destinada normalmente a conduzir corrente elétrica.
b) Proteção básica: meio destinado a impedir contato com par-
tes vivas perigosas em condições normais.
c) Proteção supletiva: meio destinado a suprir a proteção con-
tra choques elétricos quando massas ou partes condutivas acessíveis
tornam-se acidentalmente vivas.
d) proteção adicional: meio destinado a garantir a proteção con-
tra choques elétricos em situações de maior risco de perda ou anulação
das medidas normalmente aplicáveis, de dificuldade no atendimento
pleno das condições de segurança associadas a determinada medida
de proteção e/ou, ainda, em situações ou locais em que os perigos do
choque elétrico são particularmente graves.
e) Dispositivo de proteção à corrente diferencial-residual (for-
mas abreviadas - dispositivo à corrente diferencial-residual, dispositivo
diferencial, dispositivo DR): dispositivo de seccionamento mecânico ou
associação de dispositivos destinada a provocar a abertura de contatos
quando a corrente diferencial residual atinge um valor dado em condi-
ções especificadas.
NOTA: O termo “dispositivo” não deve ser entendido como sig-
nificando um produto particular, mas sim qualquer forma possível de
se implementar a proteção diferencial-residual. São exemplos de tais
formas: o interruptor, disjuntor ou tomada com proteção diferencial-resi-

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dual incorporada, os blocos e módulos de proteção diferencial-residual
acopláveis a disjuntores, os relés e transformadores de corrente que se
podem associar a disjuntores, etc.
f) SELV (do inglês “separated extra-low voltage”): sistema de
extrabaixa tensão que é eletricamente separado da terra, de outros sis-
temas e de tal modo que a ocorrência de uma única falta não resulta em
risco de choque elétrico.
g) PELV (do inglês “protected extra-low voltage”): sistema de
extra baixa tensão que não é eletricamente separado da terra, mas que
preenche, de modo equivalente, todos os requisitos de um SELV.

Proteção contra choques elétricos e proteção contra sobretensões


e perturbações eletromagnéticas:

a) Equipotencialização: procedimento que consiste na interli-


gação de elementos especificados, visando obter a equipotencialidade
necessária para os fins desejados. Por extensão, a própria rede de ele-
mentos interligados resultante.
33
b) Barramento de equipotencialização principal (BEP): barra-
mento destinado a servir de via de interligação de todos os elementos
incluíveis na equipotencialização principal.
NOTA: A designação “barramento” está associada ao papel de via
de interligação e não a qualquer configuração particular do elemento. Por-
tanto, em princípio o BEP pode ser uma barra, uma chapa, um cabo, etc.
c) Barramento de equipotencialização suplementar ou barra-
mento de equipotencialização local (BEL): barramento destinado a ser-
vir de via de interligação de todos os elementos incluíveis numa equipo-
tencialização suplementar ou equipotencialização local.
d) Equipamento de tecnologia da informação (ETI): equipa-
mento concebido com o objetivo de:
d.1) receber dados de uma fonte externa (por exemplo, via li-
nha de entrada de dados ou via teclado);
d.2) processar os dados recebidos (por exemplo, executando
cálculos, transformando ou registrando os dados, arquivando-os, trian-
do-os, memorizando-os, transferindo-os); e,
d.3) fornecer dados de saída (seja a outro equipamento, seja
reproduzindo dados ou imagens).
NOTA: Esta definição abrange uma ampla gama de equipa-
mentos, como, por exemplo: computadores; equipamentos transcep-
tores, concentradores e conversores de dados; equipamentos de te-
lecomunicação e de transmissão de dados; sistemas de alarme contra
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incêndio e intrusão; sistemas de controle e automação predial, etc.

Proteção contra Efeitos Térmicos:

As pessoas, bem como os equipamentos e materiais fixos ad-


jacentes a componentes da instalação elétrica devem ser protegidas
contra os efeitos térmicos prejudiciais que possam ser produzidos por
esses componentes, tais como:
• risco de queimaduras;
• combustão ou degradação dos materiais;
• comprometimento da segurança de funcionamento dos com-
ponentes instalados.

Proteção contra Sobrecorrentes:

• proteção contra correntes de sobrecargas;


• proteção contra correntes de curto-circuito;
34
• proteção dos condutores de fase;
• proteção do condutor neutro.

Proteção contra Sobretensões:

• proteção contra sobretensões temporárias;


• proteção contra sobretensões transitórias: em linhas de ener-
gia e em linhas de sinal.
Observação:
Sobrecorrentes são correntes elétricas cujos valores excedem
o valor da corrente nominal. As sobrecorrentes são originadas por:
• solicitação do circuito acima das características do projeto
(sobrecargas);
• falta elétrica (curto-circuito).
Correntes de Sobrecarga são caracterizadas pelos seguintes
fatores:
• provocam, no circuito, correntes superiores à corrente nominal;
• solicitações dos equipamentos acima de suas capacidades
nominais;
• cargas de potência nominal acima dos valores previstos no
projeto.
As sobrecargas são extremamente prejudiciais ao sistema elé-
trico, que provocam a elevação da corrente do circuito a valores que po-

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dem chegar até, no máximo, dez vezes a corrente nominal, produzindo
com isso efeitos térmicos altamente danosos aos circuitos.
As correntes de curtos-circuitos são provenientes de falhas ou
defeitos graves da instalação, tais como:
• falha ou rompimento da isolação entre fase e terra;
• falha ou rompimento da isolação entre fase e neutro;
• falha ou rompimento da isolação entre fases distintas.
E, como consequência, produzem correntes extremamente
elevadas, na ordem de 1.000% a 10.000% do valor da corrente nominal
do circuito (CAVALIN; CERVELIN, 2011).

DISJUNTORES

Partindo do entendimento que numa instalação elétrica, resi-


dencial, comercial ou industrial, o importante é garantir as condições
ideais de funcionamento do sistema sob quaisquer condições de opera-
ção, protegendo os equipamentos e a rede elétrica e acidentes provo-
35
cados por alteração de corrente, encontramos dispositivos que vieram
para cumprir três funções básicas.
a) Abrir e fechar os circuitos (manobra).
b) Proteger a fiação, ou mesmo os aparelhos, contra sobrecar-
ga por meio do seu dispositivo térmico.
c) Proteger a fiação contra curto-circuito por meio do seu dis-
positivo magnético.
Nesse contexto, os dispositivos de proteção para baixa tensão
são exatamente aqueles dispositivos que servem para proteger a insta-
lação em casos de curtos-circuitos, ou quando há excesso de corrente
elétrica (sobrecarga).
Os mais comuns são os disjuntores termomagnéticos que ga-
rantem, simultaneamente, a manobra e a proteção contra correntes de
sobrecarga e contra correntes de curto-circuito.
Segundo explica Carvalho Junior (2011), cada circuito terminal
da instalação elétrica predial deve ser ligado a um dispositivo de pro-
teção, que pode ser um disjuntor termomagnético – DTM, um disjuntor
diferencial residual – DR ou interruptor diferencial residual – IDR.
Os disjuntores termomagnéticos de baixa tensão são os disposi-
tivos mais usados atualmente em quadros de distribuição. Esses disjunto-
res oferecem proteção aos fios do circuito, desligando-o automaticamente
quando da ocorrência de uma sobrecorrente provocada por um curto-cir-
cuito ou sobrecarga. Permitem manobra manual como um interruptor, sec-
cionam somente o circuito necessário numa eventual manutenção.
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O DR é um dispositivo de segurança de uso recomendado pela


NBR 5410. Trata-se de um dispositivo supersensível às menores fugas de
corrente, ocasionadas, por exemplo, por fios descascados, ou por uma
criança que introduza o dedo ou qualquer objeto numa tomada. De atuação
imediata, ele interrompe a corrente assim que verifica anomalias. É possí-
vel instalar um único DR na caixa de medição ou um para cada circuito da
instalação, nesse caso colocados no quadro geral de distribuição.
O IDR deverá ser utilizado em conjunto com um disjuntor ter-
momagnético, pois o mesmo não possui proteção contra curto-circuito
ou sobrecarga.
A norma recomenda a utilização de proteção diferencial residu-
al (disjuntor) de alta sensibilidade em circuitos terminais que sirvam a:
• tomadas de corrente em cozinhas, lavanderias, locais com
pisos e (ou) revestimentos não isolantes e áreas externas;
• tomadas de corrente que, embora instaladas em áreas inter-
nas, possam alimentar equipamentos de uso em áreas externas;
• aparelhos de iluminação instalados em áreas externas;
• circuitos de tomadas de corrente em banheiros.
36
Os circuitos que não se enquadram nas recomendações e exigên-
cias aqui apresentadas serão protegidos por disjuntores termomagnéticos.
Na proteção com DR, deve-se tomar cuidado com o tipo de
aparelho a ser instalado. Chuveiros, torneiras elétricas e aquecedores
de passagem com carcaça metálica e resistência nua apresentam fugas
de corrente muito elevadas, que não permitem que o DR fique ligado.
Isso significa que esses aparelhos representam um risco à segurança
das pessoas, devendo ser substituídos por outros com carcaça de ma-
terial isolante e com resistência blindada.
Na escolha do tipo de proteção, é importante considerar tam-
bém o fator econômico, sempre observando e respeitando as recomen-
dações e os parâmetros restritivos da NBR 5410.
Para dimensionar o dispositivo de proteção (disjuntor) de um
circuito é necessário saber a potência a ser instalada em cada circuito
e calcular sua corrente. Para dimensionar o disjuntor ou interruptor DR
geral do quadro de distribuição, é preciso saber a potência elétrica total
instalada na edificação e calcular a corrente do circuito de distribuição.
Para dimensionar o disjuntor aplicado no quadro de medição, é
necessário saber a potência total instalada que determinou o tipo de for-
necimento e o tipo de sistema de distribuição da companhia de eletricida-
de local. De posse desses dados, consulta-se a norma de fornecimento
da companhia fornecedora de eletricidade local para saber a corrente
nominal do disjuntor a ser empregado (CARVALHO JUNIOR, 2011).
É muito importante utilizar disjuntores ou fusíveis adequados

DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS


nas instalações elétricas. A capacidade desses equipamentos é dada
em ampere (A), que indica a intensidade de carga elétrica que é permiti-
da passar por eles. A utilização de disjuntores com capacidade acima do
necessário poderá danificar as instalações e os aparelhos elétricos; por
outro lado, se a amperagem desses dispositivos de proteção for abaixo
do indicado, ocorrerá o desarme dos disjuntores ou a queima excessiva
de fusíveis, às vezes sem necessidade.
Vantagem do disjuntor: permitir o religamento sem necessida-
de de substituição de componentes.
Características do disjuntor: caso o defeito na rede persista no
momento do religamento, o disjuntor desliga novamente. Ele não deve
ser manobrado até que se elimine o problema do circuito.
Em relação ao número de polos podem ser:
• monopolares ou unipolares;
• bipolares;
• tripolares.
Quanto à tensão de operação:
a) Disjuntores de baixa tensão (tensão nominal até 1000V):
37
- disjuntores em caixa moldada;
- disjuntores abertos.
b) Disjuntores de média e alta tensões (acima de 1.000V):
- vácuo;
- ar Comprimido;
- óleo;
- pequeno volume de óleo (PVO);
- SF6 (hexafluoreto de enxofre).
Dentre todos os dispositivos de proteção conhecidos, o fusível é
o mais simples construtivamente, mas apesar disso, é importante obser-
var que são elementos mais fracos (de seção reduzida), propositadamen-
te intercalados no circuito, para interrompê-lo sob condições anormais.
Das grandezas elétricas, as seguintes mais importantes no seu
dimensionamento são:
• a corrente nominal deve ser aquela que o fusível suporta con-
tinuamente;
• a corrente de curto-circuito é a máxima que pode circular no
circuito sem provocar danos à instalação, e que deve ser desligada ins-
tantaneamente;
• a tensão nominal dimensiona a isolação do fusível;
• a resistência de contato depende do material e da pressão
exercida. A resistência de contato entre a base e o fusível é a respon-
sável por eventuais aquecimentos, devido à resistência oferecida na
passagem da corrente;
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

• a instalação dos fusíveis deve processar-se sem perigo para


o operador;
• a montagem deve ser feita em bases que evitem a substitui-
ção de um fusível por outro de grandeza inadequada (CAVALIN; CER-
VELIN, 2011).
Os fusíveis podem ser classificados segundo a tensão de ali-
mentação (baixa tensão ou alta tensão) e segundo a característica de
desligamento (efeito rápido ou efeito retardado).
a) O diazed (Siemens) é um fusível de baixa tensão, sendo usa-
do preferencialmente na proteção dos condutores de redes de energia
elétrica e circuitos de comando. Podem ser do tipo rápido ou retardado.
São acessórios para fusíveis Diazed:
• tampa – a peça na qual o fusível é encaixado, permitindo co-
locar e retirá-la da base, mesmo com a instalação sob tensão;
• anel de proteção – protege a rosca metálica da base aberta,
isolando-a contra a chapa do painel e evita choques acidentais na troca
dos fusíveis;
• fusível – a peça principal do conjunto, constituído de um corpo
38
cerâmico, dentro do qual está montado o elo do fusível, e é preenchido
com areia especial, de quartzo, que extingue o arco voltaico em caso de
fusão. Para facilitar a identificação do fusível, existe um indicador que tem
as cores correspondentes com as correntes nominais dos fusíveis. Esse in-
dicador se desprende em caso de queima, sendo visível através da tampa;
• parafuso de ajuste – construído em diversos tamanhos, de
acordo com a corrente dos fusíveis. Colocados nas bases, não per-
mitem a montagem de fusíveis de corrente maior do que o previsto. A
colocação dos parafusos de ajuste é feita com a chave 5SH3-700-B;
• base – a peça que reúne todos os componentes do conjunto.
Pode ser fornecida em duas execuções: normal, para fixar por parafu-
sos, e com dispositivo de fixação rápida, sobre trilho de 35mm.
b) Silized/Sitor: esses fusíveis têm como característica serem
ultrarrápidos da curva tempo/corrente. São, portanto, ideais para a pro-
teção de aparelhos equipados com semicondutores (tiristores e diodos)
em retificadores e conversores.
c) Neozed: fusíveis de menores dimensões e com caracterís-
tica retardo da atuação, utilizados para proteção de redes de energia
elétrica e circuitos de comando.
d) Fusíveis NH : os fusíveis limitadores de corrente NH reúnem
as características de fusível retardado para correntes de sobrecarga e
de fusível rápido para correntes de curto-circuito.
Os fusíveis NH também são próprios para proteger os circuitos,
que em serviço estão sujeitos às sobrecargas de curta duração, como,

DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS


por exemplo, acontece na partida direta de motores trifásicos com rotor
em gaiola.
Os fusíveis NH têm os contatos (facas) prateados, o que pro-
porciona perdas muito reduzidas no ponto de ligação e o corpo de este-
atita para garantir a segurança total.
São acessórios para fusíveis NH:
• base – possui contatos especiais prateados, que garantem
contato perfeito e alta durabilidade. Uma vez retirado o fusível, a base
constitui uma separação visível das fases, tornando-se dispensável, em
muitos casos, a utilização de um seccionador adicional;
• punho – destina-se à colocação ou retirada dos fusíveis NH
de suas respectivas bases mesmo sob tensão.
Precauções a serem tomadas nas substituições de fusíveis:
• nunca utilizar um fusível de capacidade de corrente superior
ao projetado para a instalação nem por curto período de tempo;
• na falta do fusível, no momento da troca, jamais faça nenhum
tipo de “remendo”, supondo que a instalação estará protegida;
• no lugar do fusível que “queimou”, podemos colocar um fusível
39
de capacidade de corrente menor até que seja providenciado o correto;
• se o rompimento do fusível se deu por sobrecarga, fazer um
levantamento de carga do circuito para redimensioná-lo;
• se foi por curto-circuito a causa do rompimento do fusível,
proceder ao reparo na instalação antes da substituição do fusível;
• na eventualidade de ainda se utilizarem porta-fusíveis do tipo
rolha, não colocar moeda para substituir o fusível rompido. O procedi-
mento correto para esse caso é a substituição por disjuntor;
• na substituição de fusíveis do tipo cartucho (virola ou de lâ-
mina ou faca), desligar a chave geral e lixar os contatos antes da troca
(CAVALIN; CERVELIN, 2011).

ATERRAMENTO DO SISTEMA

Aterramento é segurança!
A terra é um grande depósito de energia, por essa razão pode
fornecer ou receber elétrons, neutralizando uma carga positiva ou nega-
tiva. Nas instalações elétricas prediais, o aterramento é extremamente
necessário, pois faz exatamente isso, ou seja, estabelece essa ligação
com a terra, estabilizando a tensão em caso de sobrecarga de energia,
evitando-se, dessa forma, um curto-circuito nos aparelhos da instalação.
A ausência ou falta de aterramento é responsável por muitos
acidentes elétricos com vítimas, principalmente em instalações residen-
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

ciais, portanto, merece atenção do projetista/engenheiro eletricista.


Também é importante ressaltar que, independentemente de
sua finalidade (proteção ou funcional), o aterramento deve ser único em
cada local da instalação.
Existem basicamente dois tipos principais de aterramento:
a) O aterramento por razões funcionais, que deve ser realizado
para garantir o funcionamento correto dos equipamentos ou para permi-
tir o funcionamento seguro e confiável da instalação. E,
b) O aterramento de proteção, que consiste na ligação à ter-
ra das massas metálicas, e cujo objetivo é a proteção contra choques
elétricos por contato indireto. Durante atividades de manutenção em
instalações elétricas prediais, eventualmente, também poderá ser feito
um aterramento de trabalho provisório, que deve ser desfeito no final
dos trabalhos (CAVALIN; CERVELIN, 2011).
Segundo a NBR 5410:2004, o aterramento tem a finalidade de
proteger a instalação e seus usuários de uma ligação à terra, onde a
corrente elétrica flui sem riscos. Para manter uma resistência de terra
abaixo de 10 ohms, item 5.1.3.3.2, nota 2, é necessário conhecer o tipo
40
de solo e as opções de aterramento. O eletrodo de aterramento é uma
infraestrutura e, portanto, parte integrante da edificação.
Mas o que é mesmo choque elétrico?
É o efeito fisiológico que resulta da passagem de uma corrente
elétrica pelo corpo humano, denominada corrente de choque, devendo
ser analisado em função de três elementos fundamentais:
a) Parte viva:
É um condutor elétrico ou qualquer outro elemento condutor
que pode ser energizado em uso normal.
Nesse caso, como parte viva, também é considerado o con-
dutor neutro e excluído, o condutor PE ou PEN (função combinada do
neutro e proteção). O termo condutor vivo ou condutor carregado é fre-
quentemente utilizado para designar os condutores fase e o neutro.
b) Massa ou massa condutora exposta:
São os elementos condutores que normalmente não são ener-
gizados, mas que numa eventualidade de problemas de isolação po-
dem tornar-se vivo ou energizados e, assim, provocar um acidente ao
serem tocados diretamente, como, por exemplo, estruturas metálicas
de aparelhos eletrodomésticos.
c) Elemento condutor estranho:
É qualquer elemento não pertencente à instalação, mas pode
nela introduzir um potencial, geralmente o de terra.
A NBR 5410, item 4.2.2.2 apresenta cinco exemplos de esque-
mas de aterramento de sistemas elétricos trifásicos comumente utiliza-

DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS


dos: TN (TN-S; TN-C-S; TN-C); TT; IT.
O esquema TN tem como característica “possuir um ponto de
alimentação diretamente aterrado, sendo as massas ligadas a esse
ponto através de condutores de proteção”. São considerados três va-
riantes do esquema TN, de acordo com a disposição do condutor neutro
e do condutor de proteção. São eles:
a) Esquema TN-S: o condutor neutro e o condutor de proteção
são distintos.

Esquema TN-S

41
b) Esquema TN-C-S: as funções de neutro e de proteção são
combinadas em um único condutor em uma parte da instalação.

Esquema TN-C-S

c) Esquema TN-C: as funções do neutro e de proteção são


combinadas em um único condutor ao longo de toda a instalação.

Esquema TN-C
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

Segundo Cavalin e Cervelin (2011), a confiabilidade do esquema


TN, particularmente quando a proteção contra contatos indiretos for reali-
zada por dispositivos à sobrecorrente, fica condicionada à integridade do
neutro, o que, no caso de instalações alimentadas por rede pública em
baixa tensão, depende das características do sistema da concessionária.
No esquema TT, as correntes de falta direta fase-massa são
inferiores a uma corrente de curto-circuito, podendo, todavia, ser sufi-
ciente para provocar o surgimento de tensões perigosas. O esquema
TT possui um ponto de alimentação diretamente aterrado, estando as
massas da instalação ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente
distintos do eletrodo de aterramento da alimentação.

42
Esquema TT

O esquema IT é o esquema em que todas as partes vivas são


isoladas da terra ou um ponto da alimentação é aterrado através de
impedância. As massas da instalação são aterradas, verificando-se as
seguintes possibilidades:
• massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da ali-
mentação, se existente; e,
• massas aterradas em eletrodo(s) de aterramento próprio(s),
seja porque não há eletrodo de aterramento da alimentação, seja por-
que o eletrodo de aterramento das massas é independente do eletrodo
de aterramento da alimentação.

Esquema IT

DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

43
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

1) O neutro pode ser ou não distribuído:


A = sem aterramento da alimentação;
B = alimentação aterrada através de impedância;
B.1 = massas aterradas em eletrodos separados e indepen-
dentes do eletrodo de aterramento da alimentação;
B.2 = massas coletivamente aterradas em eletrodo indepen-
dente do eletrodo de aterramento da alimentação;
B.3 = massas coletivamente aterradas no mesmo eletrodo da
alimentação.
O que significam as letras?
Primeira letra - Situação da alimentação em relação à terra:
- T – um ponto diretamente enterrado;
- I – isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou
aterramento através de uma impedância.
Segunda letra - Situação das massas da instalação em relação
44
à terra:
- T - massas diretamente aterradas, independentemente do
aterramento eventual de um ponto de alimentação;
- N - massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterra-
do (em corrente alternada, o ponto aterrado é normalmente o ponto neutro).
Outras letras (eventuais) - Disposição do condutor neutro e do
condutor de proteção:
- S - funções de neutro e de proteção asseguradas por condu-
tores distintos;
- C - funções de neutro e de proteção combinadas em um único
(condutor PEN).
Ainda segundo a NBR 5410, a seleção e a instalação dos com-
ponentes dos aterramentos devem ser tais que:
• o valor da resistência de aterramento obtida não se modifique
consideravelmente ao longo do tempo;
• eles resistam às solicitações térmicas, termomecânicas e ele-
tromecânicas;
• sejam adequadamente robustos ou possuam proteção mecâni-
ca apropriada para fazer face às condições de influências externas como:
temperatura ambiente, altitude, presença de água, presença de corpos
sólidos, presença de substâncias corrosivas ou poluentes, solicitações
mecânicas, presença de flora e mofo presença de fauna, influências ele-
tromagnéticas, eletrostáticas ou ionizantes, radiações solares e raios.
O aterramento da caixa do medidor, bem como do quadro de

DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS


distribuição de energia e dos aparelhos eletrodomésticos que serão
utilizados na edificação, é uma importante medida de segurança caso
ocorram alguns defeitos.
A entrada consumidora deve possuir um ponto de aterramento
destinado ao condutor neutro do ramal de entrada e da caixa de me-
dição, quando for metálica. O condutor de proteção destinado ao ater-
ramento da instalação interna do cliente - PE (NBR 5410) não deve
ser interligado com a haste de aterramento da entrada consumidora. O
aterramento deve ser feito sob a caixa de medição à distância de 0,5 m
dela. O condutor de aterramento deve ser de cobre nu, tão curto e retilí-
neo quanto possível, sem emenda, e não ter dispositivo que possa cau-
sar sua interrupção. Deve ser protegido mecanicamente por eletroduto.
Vejamos as ilustrações a seguir:

45
Aterramento do quadro de distribuição
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Carvalho Junior (2011, p. 79).

Para realizar o aterramento, a fiação do terra deverá vir do bar-


ramento equipotencial (BEQ) das instalações.

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47
Caixa equipotencial

Fonte: Carvalho Junior (2011, p. 80).


DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS
Aterramento do quadro de distribuição de energia
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Carvalho Junior (2011, p. 81).

Toda instalação elétrica deverá ter um barramento equipoten-


cial em cobre onde interligam-se todos os terras.
O aterramento dos aparelhos eletrodomésticos é uma medida
de segurança em caso de defeitos, quando o fio fase, que está sempre
energizado, toca acidentalmente esses equipamentos.
O fio terra deve ser, no mínimo, da mesma seção (diâmetro)
do fio fase até a bitola 16mm2 e metade da seção acima dessa bitola.
Também é importante destacar que a tubulação de água não
deve ser utilizada como terra (CAVALIN; CERVELIN, 2011).
48
Aterramento do chuveiro

DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS


Fonte: Carvalho Junior (2011, p. 82).

Proteção contra Descargas Elétricas Atmosféricas

São estas as definições importantes na NBR 5419 para as partes


que compõem um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas:
a) Descarga atmosférica: descarga elétrica de origem atmosfé-
rica entre uma nuvem e a terra ou entre nuvens, considerando em um
ou mais impulsos de vários quiloamperes.
b) Raio: um dos impulsos elétricos de uma descarga atmosfé-
rica para a terra.
c) Para-raios: conjunto de captores, descida, conexões e ele-
trodo de aterramento.
d) Condutor metálico: segmento de fio, cabo ou fita capaz de
49
transmitir corrente elétrica.
e) Captor: ponta ou condutor metálico que, por sua situação
elevada, facilita as descargas elétricas atmosféricas. Os captores de-
vem ser maciços de cobre, aço inoxidável ou metal monel. Devem ser
dispostos uniformemente no topo de chaminés cilíndricas, em intervalos
máximos de 2,5m ao longo do perímetro. A altura dos captores acima
da chaminé deve ser de no mínimo 0,5m e no máximo 0,8m. O diâmetro
mínimo dos captores deve ser de 15mm.
f) Descida: condutor metálico que estabelece ligação entre o
captor e o eletrodo de aterramento. Devem ser instalados, no mínimo,
dois condutores de descida, situados em lados opostos da chaminé. Os
condutores de descida devem ser interligados por anéis, sendo o primei-
ro situado preferencialmente no solo ou no máximo a 3,5m da base da
chaminé, e outros a intervalos de cerca de 20m a partir do primeiro anel.
Devem ser protegidos contra danos mecânicos até no mínimo
2,5m acima do nível do solo. A proteção pode ser em eletroduto rígido
de PVC ou eletroduto rígido metálico; neste último caso, o condutor
de descida deve ser conectado às extremidades superior e inferior do
eletroduto. A seção mínima para os condutores de descida pode ser de
cobre nu de 16mm2.
g) Conexão de medição: instalada de modo a facilitar os en-
saios e medições elétricas dos componentes de um SPDA.
h) Hastes: suporte de captor de ponta.
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

i) Eletrodo de aterramento: elemento ou conjunto de elementos


que assegura o contato elétrico com o solo e dispersa a corrente de
descarga atmosférica na terra.
j) Conjunto de eletrodos de aterramento: dois ou mais eletrodos
de aterramento interligados permanentemente formando uma unidade.
k) Resistência de terra: resistência ôhmica existente entre o
eletrodo de aterramento e a própria terra.
I) Instalações metálicas: elementos metálicos situados no volume
a proteger, que podem constituir um trajeto da corrente de descarga atmos-
férica, tais como: estruturas, tubulações, escadas, trilhos de elevadores,
dutos de ventilação e ar-condicionado e armaduras de aço interligadas.
m) Interação: ação conjunta e recíproca de dois captores.

Dinâmica de Formação e Efeito dos Raios

Os relâmpagos, descargas atmosféricas, ou ainda os raios são


formados dentro de uma nuvem denominada cumulonimbo, que possui
característica diferenciada em relação às outras, por ser verticalmente
50
mais extensa.
Essas nuvens se formam a uma altura de 2.000 metros do solo
e se estendem até 18.000 metros acima.
De maneira bem didática, a dinâmica é esta:
O ar quente e úmido próximo do solo se eleva na atmosfera
(ele sobe porque é mais leve que o ar acima dele). O deslocamento
ascendente faz com que se esfrie, até chegar ao topo da nuvem onde a
temperatura é muito baixa, de 30°C negativos. A partir desse momento,
o vapor-d’água que estava misturado com o ar quente transforma-se em
granizo, que em função do seu peso começa a precipitar-se para a base
da nuvem. No deslocamento descendente ocorre o choque com outras
partículas menores, principalmente com cristais de gelo.
A colisão entre essas partículas (granizo e cristais de gelo) faz
com que fiquem carregadas eletricamente.
O granizo, como é mais pesado, fica com carga negativa e se
desloca para a base da nuvem, enquanto os cristais de gelo ficam com
carga positiva e, por serem mais leves, deslocam-se para a parte supe-
rior (topo) da nuvem.
Podemos notar que as cargas, dentro da nuvem, se separam:
positivas na parte superior e negativas na parte inferior. Quando as car-
gas atingem valores extremamente elevados, ocorre o relâmpago, con-
forme as ilustrações abaixo:

DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

A maioria dos raios ou relâmpagos começa e termina dentro


das nuvens. São poucos os que vêm para o chão. E é justamente des-
ses que devemos nos prevenir.
No momento inicial do relâmpago, isto é, alguns milésimos de
segundos antes da descarga, a nuvem e o solo ficam com uma diferen-
ça de potencial que pode variar de 10kV (10.000V) a 100kV (100.000V),
formando assim um gigantesco capacitor.
Os raios são basicamente de dois tipos: os positivos e os ne-
gativos.
51
A diferença está onde os mesmos se originam, ou seja, os ne-
gativos saem da parte inferior da nuvem e os positivos saem da parte
superior das nuvens.
Os raios ocorrem num curtíssimo espaço de tempo (200 milési-
mos de segundos), e em função disso as instalações elétricas (residen-
ciais, comerciais ou industriais) podem atingir de forma direta estruturas
de edificações, o sistema de para-raios, as fiações elétricas, redes de
energia elétrica, postes e, de forma indireta, em função da formação
da radiação eletromagnética, induzir sobretensões nas estruturas, nas
linhas de energia elétrica, cabos subterrâneos, cabos de comunicações
e de transmissão de dados.
A proteção contra as descargas atmosféricas (raios ou relâm-
pagos), apesar de toda tecnologia existente hoje em dia, continua sen-
do o primitivo para-raios, uma invenção do século XVIII. É, sem dúvida,
um dos aparelhos de proteção mais simples. Ele é instalado sobre uma
casa, alto de edifícios ou em uma torre, onde uma haste metálica é
ligada a um condutor, enterrado no solo que será a primeira parte da
construção a receber a descarga.
As razões de o relâmpago atingir uma edificação nestas condi-
ções são: primeiro por ser de metal, segundo por possuir um condutor
que leva a eletricidade para a terra e terceiro por ser o ponto mais alto.
No entanto, para que o para-raios fosse inventado, foi neces-
sário, primeiramente, descobrir que os raios são um fenômeno elétrico.
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

O estudo experimental foi uma façanha realizada em 1752, pelo cientis-


ta Benjamin Franklin (1706 - 1790) (CAVALIN; CERVELIN, 2011).

SPDA/Para-raios

A instalação de para-raios, tecnicamente chamados de SPDA


(Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas) tem por finalidade
evitar a incidência direta dos raios (descargas elétricas de milhões de volts
que nascem entre as nuvens e descem até o solo) sobre os prédios, ou
melhor, oferecer condições técnicas adequadas para que os raios se caí-
rem sobre a edificação, sejam escoados para o solo sem causar quaisquer
danos nem à construção, nem aos moradores em seu interior. Por isso, é
de suma importância que esses equipamentos estejam sempre em perfei-
tas condições de funcionamento (LOTURCO, 2008; ALVES, 2009).
Uma edificação é considerada segura contra descargas atmos-
féricas a partir do momento em que todo o procedimento de instalação
de proteção for projetado e construído, de tal maneira que os compo-
nentes da estrutura, as pessoas, os equipamentos e instalações, que
52
estejam permanentemente ou temporariamente em seu interior, fiquem
efetivamente protegidos contra os raios e seus efeitos pelo maior espa-
ço de tempo possível.
Na realidade, é praticamente impossível conseguir proporcionar
uma eficiência de 100% na proteção contra descargas atmosféricas, tendo
em vista que é um fenômeno não conhecido perfeitamente e que continua
sendo uma fonte riquíssima de constantes pesquisas no Brasil e no mundo.
Como dizem Cavalin e Cervelin (2011), o melhor a fazer é se-
guir, no mínimo, as prescrições estabelecidas pela norma. Porém, como
se trata de um fenômeno em estudo, por mais que se possa avaliar
a necessidade e a importância da proteção, dimensionar e executar a
instalação de todo um sistema de proteção dessa natureza, mesmo as-
sim ocorrem acidentes de proporções imprevisíveis. Não se encontrou
ainda um sistema totalmente seguro contra raios, entretanto é possível
minimizar seus efeitos devastadores.
O nível de proteção desejável para uma edificação é definido
pela NBR 5419 (Proteção de Estruturas contra Descargas Elétricas At-
mosféricas), que traz tabelas que classificam a edificação de acordo
com o tipo de ocupação, o tipo de construção, seu conteúdo, localiza-
ção e topografia da região. Conforme for a classificação da estrutura, a
norma indicará a necessidade de haver ou não SPDA, além do nível de
proteção e respectiva eficiência.
Os principais componentes de um SPDA são:
• elementos da captação (responsável pela recepção das des-

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cargas atmosféricas);
• elementos de descida (responsáveis por conduzir as corren-
tes da descarga até o aterramento. Para edificações com mais de 20 m
de altura, também atuam como elementos de captação lateral);
• elementos de aterramento (responsáveis por dissipar as cor-
rentes no solo);
• equipotencialização (reduz os riscos de centelhamentos perigo-
sos, preservando equipamentos, instalações e pessoas. Pode ser feita de
forma direta ou indireta, via DPS (Dispositivos de Proteção contra Surtos).
O SPDA apresenta-se sempre numa configuração série, como
na figura a seguir:

53
Os tipos de captores são:
• hastes ou pontas Franklin (para-raios do tipo Franklin);
• hastes ionizantes (para-raios radioativos);
• gaiola de Faraday (vejamos explicação a seguir).
Os condutores de interligação ou de descida podem ser:
• cabos;
• fitas;
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

• estruturas prediais (metálicas ou ferragens).


Os sistemas de aterramento mais comuns são:
• eletrodo vertical (haste);
• múltiplos eletrodos verticais;
• eletrodos horizontais (cabos);
• múltiplos eletrodos horizontais (sistema radial ou em anel);
• sistemas combinados de eletrodos verticais e horizontais (sis-
tema em malha).
Existem três métodos para cálculo de SPDAs:
1) O sistema de proteção mais adotado, por ser mais simples
de conceber, é o do tipo Franklin, que recebe esse nome em homena-
gem a Benjamim Franklin. O cálculo considera que cada mastro vertical
que recebe as descargas protege o volume de um cone com vértice na
ponta do captor. A angulação depende do nível de proteção desejado e
da altura do mastro. Conforme aumenta a altura, diminui o ângulo e a
superfície de proteção.

54
Para-raios de Franklin com seus materiais

DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

2) Outro método é a “gaiola de Faraday”, em referência ao fí-


sico inglês Michael Faraday. Nesse método, a função de recepção de
descargas é exercida por malhas condutoras instaladas na cobertura.
São colocadas pequenas hastes coletoras, espalhadas pelas extremi-
dades da edificação, interligadas por cabos de cobre ou fita de alumínio.
Quando um raio atinge a edificação, esse sistema se encarrega de dis-
tribuir a carga pelos diferentes ramais, que vão até o solo e mantêm a
construção eletricamente neutra.
Em outras palavras, Faraday descobriu que os corpos encerra-
dos em uma caixa ou gaiola metálica ficavam protegidos contra descar-
gas externas, funcionando como uma espécie de blindagem.
55
Baseado neste princípio, é possível, hoje, aproveitar as ferra-
gens do concreto armado dos edifícios, conectando as pequenas has-
tes na cobertura, conforme ilustração:

SPDA tipo Gaiola de Faraday

1. Haste de cobre com 0 15mm x 600mm.


2. Condutores de descida cone dados às hastes de aterramento.
3. Condutores de cobre nus instalados sobre a cobertura
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3) O método mais moderno de concepção e cálculo é o eletro-


geométrico, ou método da esfera rolante. Esse método foi desenvolvido
para proteção de linhas de transmissão e considera que, como a eletrici-
dade vem aos saltos da nuvem para a terra, a proteção tem de ser feita
com base no comprimento desse salto. Como o salto pode ser em qual-
quer direção, a área passível de descarga direta é esférica e definida a
partir da proteção exigida, em norma, de acordo com o tipo de edificação.
Segundo Carvalho Junior (2011), a diferença entre os métodos
apresentados, em relação à eficiência, é desprezível. Deve-se procurar
sempre uma empresa especializada para dimensionar adequadamente
a sua proteção e indicar a melhor solução técnica e econômica.
Quando se instala um SPDA externo, como no caso das edifi-
cações prontas, o projetista deve ficar atento aos detalhes arquitetôni-
cos para escolher os melhores locais para posicionar os condutores de
descida e anéis de cintamento horizontal. A questão estética também é
importante e deve ser considerada. O arquiteto pode tomar decisões de
menor impacto sobre as fachadas do edifício.
56
Mesmo com a instalação de um SPDA, há sempre a possibilidade
de falha desse sistema. A construção protegida, neste caso, pode ser atin-
gida por uma descarga atmosférica. A partir dessa premissa, a IE 1024-1
determina quatro diferentes níveis de proteção com base nos quais devem
ser tomadas decisões de projeto mais ou menos severas: São eles:
a) Nível I: é o mais severo quanto à perda de patrimônio. Re-
fere-se às construções protegidas, cuja falha no SPDA pode provocar
danos às estruturas adjacentes, tais como: indústrias petroquímicas, de
materiais explosivos, etc.
b) Nível II: refere-se às construções protegidas, cuja falha no
SPDA pode ocasionar a perda dos bens de estimável valor ou provo-
car pânico aos presentes, porém sem nenhuma consequência para as
construções adjacentes. Enquadram-se neste nível os museus, teatros,
estádios, etc.
c) Nível III: refere-se às construções de uso comum, tais como os
prédios residenciais, comerciais e industriais de manufaturados simples.
d) Nível IV: são as construções em que não é rotineira a pre-
sença de pessoas. São feitas de material não inflamável, e o produto
armazenado nelas é de material não combustível, tais como armazéns
de concreto para produtos de construção.
É importante ressaltar que os para-raios protegem apenas a
edificação. Eles não preservam eletrodomésticos nem computadores.
Portanto, se a sobrecarga vier pela rede elétrica, pelo fio do telefone ou
até mesmo pelo cabo da TV por assinatura, é possível ocorrer uma da-

DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS


nificação nesses aparelhos. Para proteger os equipamentos foi criado o
“supressor de surto de tensão”. Esse dispositivo desvia as sobrecargas,
funcionando como uma espécie de para-raios interno.
Não ocupa espaço e pode ser instalado no disjuntor, terminan-
do em uma pequena caixa colocada junto ao equipamento. Mesmo que
seja instalado um para cada aparelho, é importante ter um supressor de
surto de tensão mais potente instalado no quadro de entrada da edifica-
ção e outro na entrada do telefone (CARVALHO JUNIOR, 2011).

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CARVALHO JUNIOR, Roberto de. Instalações elétricas e o projeto de
arquitetura. 3 ed. São Paulo: Blucher, 2011.

CAVALIN, Geraldo; CERVELIN, Severino. Instalações elétricas prediais.


Conforme Norma NBR 5410:2004. 21 ed. São Paulo: Érica, 2011.

ALVES, Borges Vírgílio Normando. Sistema externo de proteção contra


descargas atmosféricas. Téchne, São Paulo, Pini, p. 61-64, fev.2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410:


2004. Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, RJ: ABNT,
2005. Disponível em: http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/normas%20
e%20relat%F3rios/NRs/nbr_5410.pdf

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5419 Pro-


teção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas. Rio de Janeiro, RJ:
ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5444/1988


(SB-02). Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais. Dispo-
nível em: http://www.ufjf.br/manuel_rendon/files/2012/11/NBR_5444-
1989_Simbolos_Graficos_para_Instalacoes_Prediais.pdf
DA ENTRADA DE ENERGIA AOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO - GRUPO PROMINAS

CREDER, Hélio. Instalações elétricas. 12 ed. Rio de Janeiro: Livros


Técnicos e Científicos, 1991.

CREDER, Hélio. Manual do instalador eletricista. Rio de Janeiro: Livros


Técnicos e Científicos, 1995.

LOTURCO, Bruno. Descargas sob controle. Téchne, São Paulo, Pini, p.


54-58, mai. 2008.

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