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ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

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ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
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outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-


ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professor: Raphael Tomaz


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Esta unidade analisará a geotecnia, as fundações e as con-
tenções. Especificamente, foram enfocadas: a) a classificação das
fundações, fundações rasas e profundas, capacidade de carga dos
solos para infraestrutura e recalques; b) recalques, monitoramento e
execução de fundações profundas, proteção de fundações, sistema
de impermeabilização e drenagem, e estruturas de contenção: tipos
e dimensionamento; e c) estruturas de contenção. Este material tam-
bém trata das estruturas de solo reforçado, que empregam materiais
especiais, como geossintéticos para melhorar a resistência do solo,
por exemplo, o que permite a construção de taludes mais verticais,
representando um avanço para a área.
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Geotecnia. Fundações. Estruturas de Contenção.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
CLASSIFICAÇÃO DAS FUNDAÇÕES E CAPACIDADE DE CARGA DOS
SOLOS PARA INFRAESTRUTURA

Classificação das Fundações ___________________________________ 13

Fundações Rasas e Fundações Profundas ________________________ 14

Capacidade de Carga dos Solos para Infraestrutura _____________ 21

Recapitulando ________________________________________________ 29

CAPÍTULO 02
ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO: TIPOS E DIMENSIONAMENTO

Recalques ____________________________________________________ 34

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Monitoramento e Execução de Fundações Profundas ___________ 40

Proteção de Fundações ________________________________________ 42

Sistema de Impermeabilização e Drenagem ____________________ 44

Recapitulando _________________________________________________ 49

CAPÍTULO 03
ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

Estruturas de Contenção, Tipos e Dimensionamento ___________ 53

Paredes Diafragma ____________________________________________ 64


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Cortinas Atirantadas ____________________________________________ 66

Estrutura de Solo Reforçado ____________________________________ 67

Recapitulando __________________________________________________ 69

Fechando a Unidade ____________________________________________ 73

Referências _____________________________________________________ 76
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A escolha do tipo de fundação varia de acordo com a obra, com
suas dimensões, a capacidade de carga do solo, dentre outros fatores.
Esses elementos têm como função principal transmitir a carga das edifi-
cações ao solo, por isso, deve-se escolher o tipo de fundação mais ade-
quado para cada edificação, evitando o colapso dos solos. As fundações
podem ser divididas em rasas e profundas. As fundações rasas têm no
máximo 3 metros de profundidade, podendo ser sapatas, alicerces ou
radiers. As fundações profundas são aquelas estruturas com comprimen-
to superior a três metros, nesses casos, a transmissão da carga ao solo
pode ser feita pelo atrito lateral, pelo fuste ou pela combinação de ambos.
As estruturas profundas podem ser divididas, basicamente, em
estacas e tubulões. É importante calcular a capacidade de carga dos solos,
a fim de avaliar sua disposição para absorver o carregamento das edifica-
ções, sejam elas profundas ou rasas. O cálculo permite prever se o solo
está apto ou não para receber as edificações de modo seguro, evitando a
ocorrência de problemas que afetam a integridade dos seus usuários.
Um problema muito comum nas fundações e que coloca em ris-
co as edificações são os recalques, que são movimentos descendentes
do solo. O recalque pode ser total, quando toda a estrutura tende a des-
cer, ou então diferencial, quando apenas uma parte da estrutura afunda.
Os recalques são comuns, pois, quando carregado, o solo tende a afun-
dar, por isso, nos projetos considera-se o recalque admissível. Quando o
recalque admissível é ultrapassado, as estruturas começam a apresentar
problemas, podendo até mesmo colapsarem. Dessa forma, esse parâme-
tro deve sempre ser levado em conta na hora de projetar as fundações.

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Para executar as fundações, é preciso escavar o solo para que
este possa abrigá-las. Durante essa operação, os profissionais devem
executar o serviço com segurança, seguindo as normas e os proce-
dimentos técnicos estabelecidos. Deve-se sinalizar os locais, quando
necessário, dentre outras medidas. Depois de escavar e executar as
fundações, é importante realizar a impermeabilização das estruturas,
ou seja, evitar que fluidos, vapores e umidade penetrem nas fundações.
Quando isso não é realizado, diversos problemas podem surgir, como,
a diminuição da vida útil das estruturas, o aparecimento de patologias,
dentre outros problemas que afetam a integridade das edificações.
Muitas vezes, ao se realizar obras, é preciso preparar o solo
antes, bem como criar estruturas de contenção para evitar o surgimento
de problemas nas estruturas vizinhas. Existem diversos tipos de estru-
turas que têm suas vantagens e desvantagens, por isso, é importante
saber qual utilizar e como dimensioná-las. As paredes diafragma, por
exemplo, podem ser executadas com baixa vibração, o que é bom, pois,
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diminui-se a suscetibilidade de danos às estruturas vizinhas, e a torna
ideal para ser executada em locais com muitas construções. Ao longo
da unidade, você terá acesso a diversos materiais, não deixe de con-
sultá-los, pois, eles têm mais informações sobre os tópicos abordados
nesta disciplina e são essenciais para a sua formação.
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CLASSIFICAÇÃO DAS FUNDAÇÕES E
CAPACIDADE DE CARGA DOS SOLOS
PARA INFRAESTRUTURA

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CLASSIFICAÇÃO DAS FUNDAÇÕES

As fundações são elementos estruturais que têm como objetivo


distribuir sobre o solo todo o peso de uma edificação. Elas podem ser clas-
sificadas, basicamente, em rasas e profundas. Para escolher o tipo de fun-
dação a ser utilizada em uma edificação, é preciso considerar a profundida-
de da camada resistente do solo, bem como a intensidade da carga. Após
definir esses parâmetros, deve-se escolher o método mais econômico que
atende às normas de segurança e deve ser feito de forma mais rápida.
É importante destacar que a norma ABNT NBR 6122 trata do
projeto e da execução de fundações, isto é, de todas as fundações con-
vencionais utilizadas para a construção de edificações, como residências,
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pontes, viadutos, dentre outras coisas. Além disso, esse documento rege
o que for aplicável em normas específicas para cada caso em particular.

FUNDAÇÕES RASAS E FUNDAÇÕES PROFUNDAS

Como vimos, as fundações são elementos estruturais que têm


como objetivo distribuir sobre o solo todo o peso de uma edificação.
Vale destacar que há dois tipos de fundações: as fundações rasas e
profundas e neste tópico estudaremos mais sobre elas.

Fundações Rasas

As fundações rasas ou diretas são estruturas feitas nas valas


rasas, atingindo no máximo 3 metros de profundidade. Podem ser de-
nominadas fundações rasas também aquelas estruturas que estão re-
pousadas diretamente no solo aflorado e firme, como arenitos, moledos
(rochas em decomposição), rochas, dentre outras.
As fundações rasas, superficiais ou diretas são elementos de
fundação mediante os quais as cargas são transmitidas para o solo por
meio de tensões distribuídas na base da fundação. A profundidade de
assentamento, nesses casos, é inferior a duas vezes a menor dimensão
da fundação do terreno adjacente.
A caracterização deste tipo de fundação se dá com base na for-
ma de distribuição da carga do pilar para o solo que, nesse caso, ocorre
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pela base do elemento de fundação. Além disso, a carga aproximada-


mente pontual que está sob o pilar se transforma em uma carga distri-
buída, de modo que o solo consiga suportá-la. Para a execução destas
fundações, é preciso abrir cavas para a construção dos elementos de
fundação em seu interior. A Figura 1 ilustra exemplos de fundações rasas.

Figura 1: Exemplos de fundações rasas.

Fonte: (VIEIRA, 2017).


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Este tipo de fundação pode ser caracterizado por alicerces ou sa-
patas corridas, sapatas isoladas e placas ou radiers. Os alicerces ou sapa-
tas podem ser construídos em estruturas denominadas isoladas, contínuas
ou radiers. As fundações isoladas são aquelas responsáveis por suportar a
carga de somente um pilar, podendo ser um bloco construído de ciclópico
ou concreto simples que tem uma altura elevada em relação à base.
As sapatas podem ser construídas de concreto armado e a
diferença em relação aos blocos é que a sapata tem uma baixa altura
em relação à base. As sapatas são semiflexíveis, trabalhando a flexão,
enquanto os alicerces funcionam por meio de compressão simples. A
Figura 2 ilustra uma estrutura apoiada sobre uma sapata rasa:

Figura 2: Estrutura apoiada sobre uma sapata rasa.

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Fonte: (VIEIRA, 2017).

Os alicerces, normalmente, são construídos de forma contínua


nas linhas das paredes em uma edificação, usando sistemas como alve-
narias de tijolos maciços escalonados ou blocos simples, concreto cicló-
pico, alvenaria sob as lajes de concreto armado (considerado como um
sistema misto) e pedras com argamassa sob lastros de concreto simples.

Fundações Profundas

As fundações profundas são elementos da fundação responsá-


veis por transmitir o peso da edificação ao terreno ou a base (por meio
da resistência de ponta), ou pela superfície lateral (por resistência do
fuste) ou até mesmo pela combinação de ambas. A ponta ou base pre-
cisa estar assentada em uma profundidade maior que o dobro da sua
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menor dimensão na planta e pelo menos igual a 3 metros. As fundações
profundas englobam as estacas e os tubulões.
É importante ressaltar que, neste tipo de fundação, o compri-
mento é bem maior que a sua base. A base tem baixa capacidade de
suporte, porém, tem elevada capacidade de carga, uma vez que há
grande atrito lateral entre e solo e o corpo do elemento de fundação.
Nesses casos, geralmente, não são utilizadas cavas de fundação.
As estacas são peças alongadas com formato prismático ou ci-
líndrico, podendo ser confeccionadas no canteiro ou in loco e cravadas
ou pré-fabricadas. Esse sistema tem como objetivo transmitir a carga
para as camadas mais profundas do terreno, conter o empuxo de água
ou de terra e compactar os terrenos.
As estacas são responsáveis por suportar os esforços axiais
de compressão da edificação. A resposta das estacas a esse esforço se
dá pela força de atrito que existe entre as paredes laterais e o solo, e
também da reação do solo (de alta resistência) na ponta da estaca. Se a
estaca resistir apenas ao atrito lateral ou à ponta, ela é denominada es-
taca flutuante ou estaca carregada de ponta, respectivamente. A Figura
3 ilustra os diferentes tipos de cargas atuantes nas estacas em função
da resistência do terreno.

Figura 3: Componentes essenciais dos sistemas de estaqueamento.


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Fonte: (NARESI JÚNIOR, 2019).

Na Figura 3 (a), pode-se observar que a resistência da estaca


tem a contribuição de dois componentes de força: o atrito lateral e a
força da ponta. Na figura 3 (b), a estaca está carregada somente na
ponta, nesse caso, não há força de atrito atuando sobre ela, assim, ela
atua como um pilar. Já na figura 3 (c), tem-se a estaca flutuante, ou seja,
somente o atrito lateral está atuando sobre ela, enquanto na Figura 3 (d)
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há um terreno que está adensando seu próprio peso ou então está sob
a ação de camadas de aterros sobrejacentes, gerando atrito negativo.
Nesse caso, o solo não se opõe ao afundamento da estaca, permitindo
que ela penetre mais facilmente. A Figura 4 ilustra os componentes es-
senciais dos sistemas de estaqueamento.

Figura 4: Componentes essenciais dos sistemas de estaqueamento.

Fonte: (GOMES, 2019).

Qualquer estaca é composta por cabeça, fuste e ponta ou bul-


bo. A cabeça é a parte da estaca ligada ao bloco, já o fuste é a superfí-
cie lateral da estaca que está em contato direto com o solo, sendo que
nessa parte ocorre a resistência das estacas pelo atrito lateral. A ponta é
a parte de baixo da estaca, responsável por transmitir a tensão de com-
pressão ao solo. Quando o diâmetro da ponta é superior ao diâmetro do

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fuste, a ponta é denominada bulbo ou cebolão.
No que se refere às posições das estacas, elas podem ser in-
clinadas e verticais, sendo sujeitas a esforços de tração, compressão e
flexão. As estacas podem ser de madeira, de concreto ou metálicas. A
seguir são descritos os principais tipos de estacas utilizados nas obras.
As estacas de madeira precisam ser de madeira dura, em peças retas,
roliças, descascadas e resistentes.
O diâmetro da seção transversal varia entre 18 e 35 centíme-
tros, enquanto seu comprimento pode variar entre 5 e 8 metros, limitado
a 12 metros com emendas, normalmente. Caso o comprimento reque-
rido seja superior a 12 metros, as emendas devem ser feitas utilizando
talas metálicas e parafusos dimensionados adequadamente.
As estacas de madeira têm vida útil ilimitada, principalmente
quando é mantida de forma permanente acima do lençol freático. Nos
casos em que houver o aparecimento de umidade ou contato direto
com água, sua vida útil cai consideravelmente. É importante que ao se
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utilizar estacas de madeira sejam realizados tratamentos de preserva-
ção para evitar a sua decomposição precoce, bem como o ataque de
insetos. As madeiras mais utilizadas para a fabricação de estaca são
perobas do campo, eucalipto, aroeira e maçaranduba.
É importante que na cravação a cabeça das estacas seja pro-
tegida com um anel de aço cilíndrico, a fim de evitar o rompimento da
madeira com a ação dos golpes do pilão. Recomenda-se também a
utilização de uma ponteira metálica para facilitar a penetração no solo e
proteger a superfície da madeira.
As estacas de concreto podem ser divididas em dois grupos,
as moldadas no local ou in loco e as pré-moldadas, que são cravadas
utilizando equipamentos mecânicos. As estacas moldadas no local ou
in situ são divididas em:
- Estacas brocas: esse tipo de estaca é executado com o auxílio
de uma ferramenta simples, chamada broca, que pode ser um trado he-
licoidal ou concha (uma espécie de saca-rolhas), podendo alcançar até
6 metros de profundidade e diâmetro, variando de 15 a 25 centímetros,
sendo executada em baixas cargas (variando entre 50 e 100 kN – kilo
Newton). Essas estacas devem ser cravadas somente acima do nível do
lençol freático, a fim de evitar que o fuste seja estrangulado. Usualmente,
duas pessoas são necessárias para a execução deste trabalho.
- Estacas Strauss: essas estacas estão na faixa de carga que
varia de 200 a 800 kN e diâmetros que variam entre 25 e 40 centímetros.
As estacas Strauss com diâmetro igual a 25 centímetros suportam até
20 toneladas, enquanto que as com 38 centímetros chegam a suportar
até 40 toneladas. Para a execução desta estaca é preciso um guincho
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acoplado a um motor, um tripé, uma sonda de percussão com uma vál-


vula de abertura na parte inferior (para retirar a terra), um soquete com
300 quilogramas (kg), tubulação de aço com elementos rosqueáveis,
e que tenham entre 2 e 3 metros, roldanas, ferramentas, guincho ma-
nual e cabos de aço. Essas estacas são simples e leves, permitindo
que sejam utilizadas em espaços confinados, dentro de construções
já existentes, terrenos acidentados, dentre outros locais. Além disso, a
vibração desse processo é baixa, o que evita a danificação de outras
edificações próximas ao local onde o equipamento está instalado. Com
a estaca Strauss, é possível escavar em solo seco ou abaixo do lençol
freático, pois o sistema utiliza um revestimento recuperável com ponta
aberta, permitindo a execução de concreto armado ou simples.
- Estacas Simplex: o tubo desce por cravação, ao contrário do
que ocorre na estaca Strauss, que é por perfuração. O tubo espesso
tem uma ponteira metálica recuperável ou um elemento pré-moldado
de concreto que não é recuperável (é perdido durante a concretagem),
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a fim de impedir que o solo adentre no interior do tubo.
- Estacas Franki: as estacas Franki englobam as cargas que
variam de 500 a 1.700 kN. Neste caso, um tubo de ponta fechada é cra-
vado no solo e sua base é alargada, o que gera vibrações excessivas
no solo, que podem danificar as construções adjacentes.
- Estacas Raiz: as estacas do tipo raiz são moldadas no local por
meio da perfuração, utilizando a circulação de água ou método rotativo-
-percussivo ou rotativo com diâmetros, variando entre 13 e 45 centímetros
com a injeção de calda de cimento ou argamassa sob baixa pressão. Em
estacas raiz perfuradas nos solos, a perfuração ocorre com o revestimen-
to do tubo metálico, assegurando a integridade do fuste. Caso haja perfu-
ração em trechos de rochas (engastamento em rochas sãs ou passagem
de matacões), o processo utilizado será o rotativo-percussivo, sem que
haja a necessidade do revestimento metálico. A estaca raiz é utilizada
para reforçar fundações, em locais de difícil acesso e em obras que têm
como objetivo ultrapassar a camada rochosa ou para obras de contenção
dos taludes. As estacas podem ser feitas em ângulos, variando entre 0 e
90°. A vantagem desses equipamentos é o seu tamanho e a sua robus-
tez, que permitem operar em locais apertados, em locais subterrâneos,
dentre outros. Há casos, ainda, em que podem ser utilizados tratores de
esteiras para locomover e funcionar o sistema hidráulico desses equipa-
mentos. Após o término da perfuração e do revestimento do furo, coloca-
-se a armadura; em seguida, concreta-se o fuste e procede-se a retirada
do tubo de revestimento. É importante que a concretagem seja executada
de baixo para cima, aplicando pressão regular e controlada; usualmente,
a pressão varia entre 0 e 0,4 Mega Pascal (MPa). As estacas pré-mol-

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dadas podem ser de concreto armado, metálicas e mega ou prensadas.
- Estacas de Concreto Armado: as estacas de concreto armado
são utilizadas quando é necessário ultrapassar grandes camadas de solo
mole e em terrenos nos quais o plano da fundação está em uma profun-
didade homogênea. Vale destacar que não há restrições quanto ao seu
uso abaixo do lençol freático. Essas estacas podem ser de concreto cen-
trifugado ou de pró-tensão, o que exige controle tecnológico durante a sua
fabricação. O problema dessas estacas está associado ao seu transporte,
pois é necessário ter muito cuidado durante essa etapa bem como em seu
manuseio para evitar danos que podem comprometer sua integridade.
- Estacas Metálicas: as estacas metálicas são utilizadas devido
à quantidade de carga que suportam, além de poderem ser utilizadas
em locais que têm profundidade de plano de fundação muito variável.
A vantagem desse tipo é que não há problemas em transportá-las ou
manuseá-las, além de permitirem o aproveitamento de peças e a combi-
nação dos perfis (por meio de soldagens). Esse método permite cravar
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com rapidez a estaca, além de ser utilizado em solos duros. A desvan-
tagem desse processo, entretanto, é a dificuldade para avaliar a nega.
- Estacas mega ou prensadas: as estacas mega ou prensadas
são utilizadas para recuperar estruturas que sofreram recalques, danos ou
ainda para reforçar embasamentos em casos que requerem a elevação
da carga atuante na fundação já existente. A execução dessas estacas se
dá com a utilização de equipamentos e mão de obra especializada, além
de utilizar módulos de estacas pré-moldados, sendo que a sua cravação
é obtida através da reação da estrutura pré-existente. Para executar essa
estaca, utiliza-se uma ponta em aço ou de concreto pré-moldado e módu-
los extensores em forma de tubo (ocos por dentro), com encaixes internos,
responsáveis por travá-los adequadamente. A solidarização se dá após
alcançar a nega, ou seja, colocando-se a armadura e concretando-a na
parte oca da estaca, com esperas. Normalmente, executa-se um bloco de
coroamento em cima de um travesseiro para que haja a solidarização da
estrutura e ser reforçada com a estaca prensada colocada.
Há ainda os tubulões que são indicados para locais em que
há fundações com elevada capacidade de carga, normalmente supe-
riores a 500 kN, sendo executadas tanto acima, como abaixo do nível
de água. Os tubulões são divididos em escavações a céu aberto e em
ambientes submersos. Os escavados a céu aberto são os mais simples
e esse processo é indicado para solos que não são coesivos.
Já o tubulão a ar comprimido é executado quando as cotas de
assentamento estão localizadas abaixo do lençol freático ou submersos.
Recomenda-se a utilização de tubulões executados sob pressão hiper-
bárica para expulsar a água e assegurar a realização da escavação
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com marteletes, de modo manual ou com explosivos, caso necessário.


Durante a concretagem, deve-se também manter a pressurização utili-
zando compressores, campânula ou câmara de equilíbrio de pressão e
outros tipos de equipamentos. Isso é necessário, uma vez que o traba-
lho será realizado sob pressão hiperbárica em um local denominado in-
salubre, representando alto nível de risco para a vida dos trabalhadores.
Vale destacar que para a execução desses serviços, as empre-
sas precisam ser registradas, ter o equipamento e dominar as técnicas
especiais. É importante consultar o Anexo 6 da Norma Regulamenta-
dora NR 15 do Ministério do Trabalho, a qual trata das atividades re-
alizadas em condições hiperbáricas. A Figura 5 ilustra o esquema da
concretagem sob pressão hiperbárica.

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Figura 5: Concretagem sob pressão hiperbárica.

Fonte: (MOURA LEITE, 2019)

A norma NR 15 do Ministério do Trabalho trata da regula-


mentação de trabalho em condições hiperbáricas.

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Para conhecê-la, acesse o portal eletrônico do MTP: <ht-
tps://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/
NR-15.pdf>.

CAPACIDADE DE CARGA DOS SOLOS PARA INFRAESTRUTURA

A Figura 6 representa uma fundação superficial do tipo sapata.


Nessa imagem, pode-se observar a ação de uma força P que gera uma
pressão no solo. Esta pressão, por sua vez, responde com uma reação
limite ou tensão de ruptura, que é denominada, genericamente, como a
capacidade de carga do solo. Desse modo, pode-se definir que a capa-
cidade de carga dos solos é a tensão que gera a ruptura do maciço de
terra em que a fundação está apoiada, assentada ou embutida.

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Figura 6: Sapata e os esforços atuantes na estrutura e no solo.

Fonte: (DE BASTOS, 2019, adaptado).

Para as fundações diretas, pode-se trabalhar com a carga Q ou


com as tensões/pressões médias p, nas quais a tensão média atuante
no solo (na base de contato) pode ser calculada pela equação 1:

(1)

Na qual, p = pressão média, Q = carga, b = base e l = compri-


mento.
A seguir são apresentados alguns conceitos importantes que
auxiliarão a compreensão das equações utilizadas para o cálculo da ca-
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pacidade de carga dos solos. A capacidade de carga ou limite de ruptura


(Qr) é a carga máxima que o solo aguenta antes de se romper, ou seja, a
partir desse ponto, a fundação gera a ruptura do terreno, se deslocando
de modo sensível (ruptura generalizada) ou em excesso (ruptura loca-
lizada), ocasionando a ruína das estruturas. A capacidade de carga de
segurança à ruptura (Qseg) é conhecida como a maior carga transmitida
pela fundação ao terreno sem que haja a ruptura, independentemente
das deformações ocorridas. A Qseg pode ser calculada pela equação 2:

(2)

Na equação 2 temos o FS = Fator de Segurança, que será


tratado mais à frente.
A capacidade de carga admissível (Qadm) é a maior carga
transmitida pela fundação que o terreno aguenta, sem que haja ruptura
e deformações excessivas no solo. Por isso, ela deve ser compatível
22
com a sensibilidade da estrutura, bem como com os deslocamentos
previstos na fundação, isso implica que Qadm ≤ Qseg.
A capacidade de carga admissível é calculada considerando um
fator de segurança adequado, as deformações excessivas do solo e a rup-
tura. Vale destacar que existem diversos métodos para calcular a capaci-
dade de carga dos solos, porém, nenhum deles é matematicamente exato.
A escolha do coeficiente de segurança não é uma tarefa fácil, uma
vez que grande parte dos dados básicos utilizados para projetar e executar
uma fundação têm várias origens, por isso, escolher o coeficiente de segu-
rança é uma tarefa de grande responsabilidade. Marangon (2009) resume
quais são os principais fatores a serem considerados para a escolha do
coeficiente de segurança, os quais podem ser observados no quadro 1:

Quadro 1: Principais fatores a serem considerados para a escolha do coefi-


ciente de segurança.

Fonte: (MARANGON, 2009).

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Já o quadro 2 ilustra os valores do fator de segurança a serem
utilizados em alguns tipos de obra.

Quadro 2: Valores do fator de segurança a serem utilizado em alguns tipos de


obra.

Fonte: (MARANGON, 2009).


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Capacidade de Carga para Fundações Rasas

Para determinar a capacidade de carga, podem ser utilizadas


equações teóricas ou semiempíricas que foram determinadas experi-
mentalmente, ou então por meio da utilização de provas de carga. A
seguir, apresenta-se a teoria de Terzaghi para calcular a capacidade de
carga dos solos.
Inicialmente, o método de cálculo da capacidade de carga dos
solos foi concebido apenas para sapatas corridas, ou seja, sapatas que
tinham um comprimento bem maior do que a largura. Além disso, a equa-
ção foi proposta para solos que apresentassem ruptura generalizada,
como é o caso de rupturas que ocorrem em solos rígidos ou pouco com-
pactados, ou pouco compressíveis. Essa teoria é a mais utilizada para o
cálculo da capacidade de carga de solos, no caso de fundações rasas.
Para calcular a capacidade de carga do solo utilizando o méto-
do Terzaghi, é preciso admitir algumas hipóteses, que o solo é homogê-
neo, sendo constituído por um material apenas; que o solo é isotrópico,
ou seja, em todos os planos ele tem as mesmas propriedades, dentre
outras coisas. Através dessas hipóteses, é possível deduzir e obter a
equação 3, que é a equação generalizada:

(3)

Na qual, R = tensão de ruptura ou capacidade de carga do


solo; c = coesão do solo; ̅q = *D = carregamento superficial pelo peso
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

do solo; = peso específico do solo; D = profundidade de embutimento


da sapata ou distância da superfície do solo em relação à cota de apoio
da fundação; B = largura da sapata ou menor dimensão da sapata na
planta; e Nc, Nq e N = fatores de capacidade de carga.
Com a equação 4, consegue-se determinar a capacidade de
carga para diferentes tipos de sapata.

(4)

Na qual, R = tensão de ruptura ou capacidade de carga do


solo; c = coesão do solo; ̅q = *D = carregamento superficial pelo peso
do solo; = peso específico do solo; D = profundidade de embutimento
da sapata ou distância da superfície do solo em relação à cota de apoio
da fundação; B = largura da sapata ou menor dimensão da sapata na
planta (para sapata circular B é o diâmetro); e Nc, Nq e N = fatores de
capacidade de carga; Sc, Sq e S = fatores de forma da sapata.
24
Os quadros 3 e 4 representam os valores de capacidade de car-
ga do solo para diferentes ângulos de atrito e valores para o fator de for-
ma em diferentes tipos de sapata, respectivamente. É importante ressal-
tar que o ângulo de atrito ocorre, pois o contato entre o solo e a estrutura
é rugoso, gerando o ângulo de atrito e um outro ângulo de inclinação.

Quadro 3: Capacidade de carga do solo para diferentes ângulos de atrito.

Fonte: (VIANA, 2014).

Quadro 4: Valores para o fator de forma em diferentes tipos de sapata.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


Fonte: (VIANA, 2014).

Essa equação também pode ser expandida para calcular a capa-


cidade de carga em solos compressíveis, para isso utiliza-se a equação 5:

(5)

Na qual, ’R = tensão de ruptura ou capacidade de carga do


solo; c’ = coesão do solo; ̅q = *D = carregamento superficial pelo peso
do solo; = peso específico do solo; D = profundidade de embutimento
da sapata ou distância da superfície do solo em relação à cota de apoio
da fundação; B = largura da sapata ou menor dimensão da sapata na
planta (para sapata circular, B é o diâmetro); N’c, N’q e N’ = fatores de
capacidade de carga; Sc, Sq e S = fatores de forma da sapata.
25
Existem diversos métodos para calcular a capacidade de
carga em fundações rasas. Para conhecer os principais, leia o con-
teúdo Fundações rasas – determinação da capacidade de carga
(MOURA, A. P., 2019).

Capacidade de Carga para Fundações Profundas

A seguir, exemplifica-se uma forma de calcular a capacidade de


carga em fundações quanto ao recalque ou quanto à ruptura. Pode-se me-
dir diretamente através de correlações entre o índice de penetração SPT
(N) e a carga de ruptura ou recalque. Métodos indiretos também podem
ser utilizados para medir a capacidade de carga em fundações profundas,
ou seja, por meio da correlação entre os valores de N e/ou parâmetros de
resistência ao cisalhamento e a previsibilidade, nos quais os valores de-
terminados são utilizados em equações de Mecânica dos Solos. Existem
diversos métodos para calcular a capacidade de carga profunda em funda-
ções, a seguir é apresentado um muito utilizado no Brasil.
O método Décourt-Quaresma tem sido utilizado para o cálculo
em diversos tipos de estacas, sendo este método muito aplicado nos
dias de hoje. Com ele, consegue-se, além do cálculo da capacidade de
carga das estacas utilizando o SPT, calcular o comprimento das esta-
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

cas, a fim de realizar orçamentos para fundações e determinar a quanti-


dade parcial de estacas por bloco de fundação. O cálculo da capacida-
de de carga é realizado por meio da equação 6:

(6)

Na qual, qp = tensão de ruptura de ponta; Ap = área da ponta


da estaca; qs = atrito lateral unitário; As = área lateral da estaca; α = pa-
râmetro de ajuste para estacas não cravadas; β = parâmetro de ajuste
para estacas não cravadas. Os parâmetros α e β variam de acordo com
o tipo de estaca e podem ser obtidos no quadro 5:

26
Quadro 5: Valores dos parâmetros α e β.

Fonte: (MARANGON, 2009).

Neste princípio, o solo exercerá uma força na ponta e na lateral


da estaca, evitando que ela afunde. Isso faz com que seja gerado um li-
mite entre o começo do deslocamento do solo ou a sua ruptura e a força
máxima exercida na estaca. Esse fenômeno é chamado de capacidade
de carga da estaca. Assim, para calcular a tensão de ruptura da ponta,
utiliza-se a equação 7:

(7)

Na qual, K = coeficiente tabelado, que varia em função do solo


(quadro 6), e N = NSPT ou número NSPT, ou então o número de golpes
necessários para fazer com que haja penetração de 30 centímetros no
solo (esse valor é obtido na sondagem a percussão do terreno).

Quadro 6: Valores dos parâmetros α e β.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

Fonte: (TOGNETTI, 2015).

O atrito lateral unitário pode ser calculado pela equação 8:

(8)

Existem diversos métodos para calcular a capacidade de


27
carga em fundações profundas. Para conhecer os principais e como
calculá-los, separamos o seguinte conteúdo para você: <http://www.
lmsp.ufc.br/arquivos/graduacao/fundacao/apostila/04.pdf.>.
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

28
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(TRF 5 — ANALISTA JUDICIÁRIO — FCC — 2008)
Considere as características abaixo, referentes a alguns tipos de
fundações profundas:
I. É empregada em locais confinados ou terrenos acidentados devido
à simplicidade do equipamento utilizado. Sua execução não causa
vibrações, evitando problemas com edificações vizinhas. Porém, em
geral, possui capacidade de carga menor que estacas pré-moldadas
de concreto e possui limitação devido ao nível do lençol freático.
II. Utiliza grande quantidade de cimento sob pressão; seu diâme-
tro de fuste é pequeno em relação à alta resistência de carga que
suporta; seu equipamento é de pequeno porte e permite cravações
inclinadas; um dos principais problemas deste processo é a gran-
de quantidade de lama gerada.
III. Apresenta método de grande impacto vibracional no solo, seu
equipamento requer grande área de manobra, além de ser pouco
moderno; sua principal característica é o bulbo formado na ponta
da estaca e um fuste nervurado por conta do processo de crava-
ção; utiliza concreto seco apiloado e camisa metálica recuperável.
Os textos descrevem, respectivamente, os seguintes tipos de fun-
dação:
a) Strauss, Raiz e Franki.
b) Barrete, Hélice Contínua e Mega.
c) Hélice Contínua, Broca e Tubulão.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


d) Tubulão, Raiz e Strauss.
e) Mega, Hélice Contínua e Raiz.

QUESTÃO 2
(PMS — ENGENHARIA CIVIL — FGV — 2019)
A partir dos procedimentos executivos para estacas raiz determi-
nados pela Norma NBR 6120 – Projeto e Execução de Fundações,
analise as afirmativas a seguir:
I. São moldadas in loco, armadas em todo o seu comprimento.
II. O furo é preenchido com argamassa mediante bomba de injeção.
III. Não deve ser executada em solos muito duros ou muito com-
pactos, ou quando houver ocorrência de matacões.
Está correto o que se afirmar em:
a) I, somente.
b) II, somente.
c) III, somente.
29
d) I e II, somente.
e) I, II e III.

QUESTÃO 3
(TCE-AP — ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO — FCC — 2012)
Capacidade de carga de uma fundação é a carga que provoca:
a) a sua ruptura, sendo influenciada pelas dimensões e pelo posiciona-
mento da fundação, porém, depende principalmente da resistência e da
compressibilidade do solo em que se apoia e da posição do nível d'água.
b) a sua ruptura, não sendo influenciada pelas dimensões e pelo posi-
cionamento da fundação, porém, depende principalmente da compres-
sibilidade do solo em que se apoia.
c) a sua ruptura, não sendo influenciada pelas dimensões e pelo posi-
cionamento da fundação, porém, depende principalmente da posição
do nível d'água.
d) escoamento do solo, sendo influenciada pelas dimensões e pelo po-
sicionamento da fundação e independe da resistência e da compressi-
bilidade do solo em que se apoia.
e) deformações estruturais aceitáveis, não sendo influenciada pelas di-
mensões e pelo posicionamento da fundação e independe da posição
do nível d'água.

QUESTÃO 4
(DETRAN-CE — ANALISTA DE TRÂNSITO — UECE —2018)
Uma das propriedades fundamentais do comportamento dos solos
se refere à sua resistência ao cisalhamento, característica essen-
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

cial para a estabilidade em particular de obras de engenharia, tais


como aterros, encostas, taludes, maciços de barragens e para a ca-
pacidade de carga de fundações. A resistência ao cisalhamento de
um solo é definida como a tensão do solo para um nível suficiente-
mente grande de deformação que permita caracterizar uma condi-
ção de ruptura, estado no qual o solo não suporta mais acréscimo
de carga. Os componentes que conferem ao solo uma resistência
ao cisalhamento e consequente à ruptura são o atrito interno e a
coesão. Atente ao que se diz a seguir sobre a origem da parcela de
resistência ao cisalhamento oriunda da coesão, e assinale com V o
que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) A coesão de um solo depende principalmente das tensões nor-
mais a ele aplicadas.
( ) A coesão de um solo depende particularmente da atração iônica
entre partículas argilosas.
( ) A coesão de um solo se origina das tensões superficiais geradas
30
pelos meniscos capilares.
( ) A coesão aparente de um solo se origina pelo efeito da sucção
matricial e é função do grau de saturação do solo.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) F, V, V, V.
b) V, V, F, F.
c) V, F, V, F.
d) F, F, F, V.

QUESTÃO 5
(PMG-RS — ENGENHEIRO CIVIL — FUNDATEC — 2013)
A escolha da solução de fundações deve buscar o melhor com-
promisso entre desempenho e custo. As opções disponíveis são
cada vez mais variadas, caracterizando um mercado muito dinâ-
mico. Alguns tipos que foram adotados durante muito tempo se
tornaram obsoletos em função das novas tecnologias disponíveis,
que conduzem a soluções de qualidade reconhecida. Verifique as
seguintes afirmações relacionadas ao assunto:
I. Estacas metálicas de perfis simples conduzem à cravação com
intensa vibração.
II. Sapatas isoladas não permitem a existência de pilares na divisa,
num prédio com várias linhas de pilares nos dois sentidos.
III. Não se recomenda a adoção de estaca pré-moldada de concreto
em solos cuja cota da ponta da estaca seja muito variável.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

QUESTÃO DISSERTATIVA
Os tubulões a ar comprimido são um tipo de fundação profunda, usual-
mente vertical, utilizados para transmitir cargas com médio e alto valor
ao solo. Normalmente, têm seção transversal circular, mas podem ter
outros formatos. Nesse processo, utiliza-se uma campânula para alcan-
çar o lençol freático. Depois desse ponto, o ar comprimido é injetado, a
fim de equilibrar as subpressões de água, favorecendo a escavação a
seco. Diante desta breve passagem acerca dos tubulões de ar compri-
mido, discorra sobre esse processo.

31
TREINO INÉDITO
Na realização do estudo do solo utilizando o método de percussão,
obtiveram-se os seguintes dados:
Peso do maço (P): 150 kg
Altura da queda (h): 2,0 m.
Espessura de aprofundamento (e): 25 cm
Número de quedas (n): 8
Sessão da superfície inferior (S): 400 cm2.

Calcule a resistência desse solo utilizando a equação acima:


a) 25,7 kgf/cm2.
b) 24,7 kgf/cm2.
c) 23,7 kgf/cm2.
d) 26,7 kgf/cm2.
e) 27,7 kgf/cm2.

NA MÍDIA
COMO CONSTRUIR EM SOLOS ARGILOSOS? CONHEÇA BOAS
PRÁTICAS
Você sabia que nem todo solo argiloso é ruim para construção? Saiba
mais sobre esse tipo de terreno tão comum no Brasil e entenda como
aproveitá-lo da melhor forma possível.
Comuns em diferentes regiões do Brasil, os solos argilosos se caracteri-
zam por apresentar grãos pequenos e alta coesão. Também conhecidos
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

como solos finos, eles têm consistência variável em função da quantida-


de de água presente entre os grãos. Por isso mesmo, podem apresentar
características antagônicas, ora estáveis, ora suscetíveis a deformações.
“A resistência das argilas depende do arranjo dos seus grãos e do índi-
ce de vazios em que se encontra”, explica a engenheira Gisleine Coelho
de Campos, pesquisadora do IPT. Segundo ela, outros fatores, como
a presença de matéria orgânica e o histórico de tensões a que foram
submetidos, impactam o comportamento dos solos argilosos. Portanto,
não há como definir características e comportamentos padronizados.
“Os desafios técnicos que envolvem a construção em solos argilosos
variam de acordo com seu estado, sua composição e suas caracterís-
ticas físico-químicas”, acrescenta o engenheiro Ilan Gotlieb, presidente
da Associação Brasileira das Empresas de Projeto e Consultoria em
Engenharia Geotécnica (ABEG)...”
Título: Como construir em solos argilosos? Conheça boas práticas
Fonte: (AECWEB, 2019). Disponível em: <https://www.aecweb.com.
32
br/cont/m/rev/como-construir-em-solos-argilosos-conheca-boas-prati-
cas_19176_10_0>.

NA PRÁTICA
Diariamente, os especialistas encontram dificuldades para a execução
de fundações. É essencial estar preparado para agir com criatividade,
inteligência e competência técnica para a execução dessa etapa da
obra. Os profissionais devem conhecer bem o solo em que irão executar
as fundações, para isso, podem ser realizadas investigações geotécni-
cas que auxiliarão na obtenção de informações acerca dos mesmos.
Diante dessas informações, consegue-se determinar a capacidade de car-
ga dos solos, qual a profundidade que a fundação estará, qual o melhor tipo
de fundação, dentre outras coisas. Os desafios na área são grandes, mas,
com os avanços tecnológicos e o desenvolvimento, é preciso desenvolver
técnicas para a execução de edificações com segurança até nos ambien-
tes mais críticos. Por isso, cabe a você como profissional contribuir para o
desenvolvimento da área de fundações e assegurar o crescimento global.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

33
ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO:
TIPOS E DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

RECALQUES

O recalque pode ser definido como o movimento vertical des-


cendente de um elemento estrutural. Nos casos em que o movimento é
ascendente, o fenômeno é denominado levantamento. Há ainda o recal-
que diferencial específico, que é a relação existente entre as diferenças
do recalque de dois apoios e a distância entre eles. Os recalques nas
fundações ocorrem devido ao rompimento do contato entre o solo e a
fundação, e isso faz com que a fundação afunde mais do que foi especi-
ficado no projeto. Quando o rompimento é em toda a fundação, tem-se
o recalque total; porém, quando esse fenômeno ocorre somente em um
determinado segmento da fundação, tem-se o recalque diferencial.
Os recalques são normais nas edificações, sendo estes denomi-
3434
nados recalques admissíveis. O recalque admissível é algo importante a
ser considerado durante a análise e o projeto das fundações, e o profis-
sional precisa definir um limite máximo de recalque desejável. Quando o
recalque ultrapassa o limite aceitável, afeta-se o desempenho das estru-
turas e a segurança da edificação. Os danos causados pela movimenta-
ção estrutural das fundações podem ser divididos em três classes:
- Danos arquitetônicos: os danos arquitetônicos são os que
afetam a estética da edificação, ocasionando trincas em acabamentos
e paredes, dentre outras coisas.
- Danos funcionais: os danos funcionais são os que afetam o
uso da edificação, gerando dificuldades para abrir portas, irregularida-
des nos pisos, desgaste excessivo de elevadores, dentre outras coisas.
- Danos estruturais: os danos estruturais são os que geram
danos gerados de fato à estrutura, atingindo pilares, vigas e até mesmo
o colapso da edificação.
Recomenda-se que todos os recalques e fissuras sejam moni-
torados, porém, nem sempre o assunto é levado em consideração como
deveria. A previsão de recalque deve ser feita na etapa de concepção
da estrutura, de modo a assegurar a segurança das edificações e a evi-
tar a deformação excessiva e a ruptura do solo. As estruturas, ao serem
carregadas, tendem a sofrer recalque. Pode-se dividir o recalque total
em três tipos:
- Recalque elástico: o recalque elástico ou imediato (ρi) ocorre
por deformações elásticas no solo, logo após o carregamento da estrutu-
ra, se manifestando em curtos espaços de tempo (horas ou poucos dias).
- Recalque por adensamento primário: o recalque por adensa-

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


mento primário (ρa) ocorre pela expulsão de ar e água nos vazios de
solo e se caracteriza como um processo lento, que varia de acordo com
a permeabilidade do solo que está carregado, podendo se manifestar
em médio espaço de tempo (meses ou anos).
- Recalque por adensamento secundário: o recalque por aden-
samento secundário (ρc) ocorre pelo rearranjo estrutural do solo, que é
gerado por tensões cisalhantes atuantes sobre ele. Esse tipo de recal-
que ocorre normalmente em solos coesivos e saturados. É importante
ressaltar que ele deve ser considerado nos cálculos de fundações, pois
ele tem grande representatividade. Os recalques por adensamento se-
cundário manifestam-se após longos períodos de tempo (décadas).
Existem alguns fatores que estão diretamente relacionados ao
recalque e que estão fora do controle dos profissionais, o que afeta a
precisão dos resultados e das análises. Os principais fatores são:
- A heterogeneidade do solo, pois, geralmente, a análise do
solo é realizada considerando um perfil composto por alguns pontos
35
investigados. Dessa forma, podem existir particularidades que não são
detectadas durante a prospecção.
- As variações das cargas previstas para a fundação. Isso ocor-
re devido ao carregamento acidental não previsível, bem como à redis-
tribuição dos esforços.
- A imprecisão dos métodos para cálculo. Ainda que a mecâ-
nica dos solos tenha evoluído, o ser humano não descobriu métodos
exatos para tal.
Há outros fatores que podem causar deformações no solo e recal-
que nas estruturas, além das próprias cargas. Esses fatores podem ser, em
parte, previstos pelos profissionais responsáveis, dentre eles pode-se citar:
- O rebaixamento do lençol freático, nesses casos, quando
ocorrem camadas compressíveis, aumentando as tensões efetivas, os
carregamentos externos não são considerados.
- Os solos colapsáveis, que apresentam alta quantidade de va-
zios, nos quais ocorre uma ruptura repentina da cimentação intergranu-
lar, causada pelo contato direto do solo com a água.
- As escavações nas proximidades das fundações, mesmo utili-
zando estruturas de contenção e movimentos de recalque podem ocor-
rer nas fundações adjacentes.
- As vibrações podem ser causadas por equipamentos como
bate-estacas, rolos compactadores, trânsito, dentre outras coisas.
Existem alguns métodos para tentar estimar quando poderá
ocorrer o recalque em fundações, tando as rasas, como as profundas.
Os cálculos podem variar de acordo com o tipo de solo. A seguir é
exemplificado um método para calcular o recalque em fundações rasas
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

e outro para fundações profundas.


Por meio da equação 9, consegue-se calcular o recalque ime-
diato nas argilas, seguindo a teoria da elasticidade para fundações rasas:

(9)

Na qual, ρi = recalque imediato; σ: tensão média na superfície


de contato entre a base da fundação superficial e o topo da camada de
argila; ν = coeficiente de Poisson do solo; Es = módulo de elasticidade
ou de deformabilidade do solo; B = menor dimensão do elemento da
fundação superficial; Iρ = fator de influência (ver quadro 7 – esse valor é
dependente da rigidez e da forma do elemento superficial).

36
Quadro 7: Fator de influência.

Fonte: (PERLOFF E BARON,1976 APUD CINTRA EL AL., 2003).

O cálculo do módulo de deformabilidade dos solos pode ser


realizado quando não houver valores tabelados ou ensaios disponíveis
para fornecer os valores. Para isso, executa-se uma estimação partindo
de correlações com as medidas nos ensaios de campo, como, ensaio
de cone, SPT, dentre outros. Por meio da equação 10, consegue-se
calculá-lo no ensaio de cone:

(10)

No qual, qc = a resistência de ponta medida no ensaio de cone


e α = coeficiente empírico (ver quadro 8 – esse valor varia de acordo
com o solo).

Quadro 8: Fator de influência.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

Fonte: (PERLOFF E BARON, 1976 APUD CINTRA EL AL., 2003).

Com a equação 11, consegue-se calcular o módulo de defor-


mabilidade por meio dos parâmetros obtidos no ensaio SPT.

(11)

Na qual, α = coeficiente empírico obtido na tabela 8, de acordo


com o tipo de solo; K = coeficiente empírico obtido no quadro 9, de acordo
com o tipo de solo; NSPT = número de golpes necessários para penetrar
os 30 centímetros finais do amostrador-padrão obtido no ensaio SPT.
37
Quadro 9: Coeficiente K.

Fonte: (PERLOFF E BARON, 1976 APUD CINTRA EL AL., 2003).

Os valores típicos do coeficiente de Poisson para os solos (v)


podem ser observados no quadro 10.

Quadro 10: Valores típicos para o coeficiente de Poisson para solos.

Fonte: (PERLOFF E BARON, 1976 APUD CINTRA EL AL., 2003).

Poulos e Davis chegaram na equação 12 para calcular o recal-


ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

que em estacas de ponta (apoiada em uma camada de solo resistente)


para fundações profundas:

(12)

No qual, = recalque; P = carga aplicada na estaca (kN); Es =


módulo de deformabilidade do solo; Ip = I0 * Rk * Rh * Rυ; I0 = fator de
influência para deformações (Obtido no ábaco 1); Rk = fator de correção
para a compressibilidade da estaca (Obtido no ábaco 2); Rh = espes-
sura h (Obtido no ábaco 3) de solo compressível; Rυ = correção para o
coeficiente de Poisson do solo (Obtido no ábaco 4); e D = diâmetro da
estaca. A figura 7 ilustra os quatro ábacos utilizados para a obtenção
dos dados mencionados acima.

38
Figura 7: Ábacos para obtenção dos parâmetros I0, Rk, Rh, Rυ, respectivamente.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


Fonte: (BITTENCOURT, 2019).

Existem diversos métodos para calcular o recalque em


fundações rasas e profundas. Para conhecer os principais e como
fazer os cálculos, leia o material Aspectos relevantes sobre a exe-
cução de fundações (MOURA, A. P., 2019) e Recalques e movimen-
tos na estrutura (BITTENCOURT, D. M. A., 2019).

39
MONITORAMENTO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS

A execução das estacas brocas pode ser realizada em quatro


etapas:
- 1ª Etapa: primeira etapa consiste em escavar ou perfurar utili-
zando trado manual, que pode ser do tipo helicoidal ou concha, e pode-
-se utilizar água para facilitar a perfuração.
- 2ª Etapa: a segunda etapa é a preparação, após atingir a
profundidade desejada, realiza-se o apiloamento do fundo, fazendo um
pequeno bulbo com pedra britada.
- 3ª Etapa: a terceira etapa é a concretagem, nela todo o furo
é preenchido com concreto, realizando o adensamento adequado e to-
mando cuidado para evitar a contaminação do concreto. Pode-se utili-
zar uma chapa de compensado com furos para lançar o concreto, pro-
tegendo assim a boca do furo.
- 4ª Etapa: a última etapa é a colocação das esperas, ou seja,
faz-se o acabamento na cota de arrasamento de interesse, fixando os
arranques dos baldrames.
A execução da estaca Strauss é realizada seguindo, basica-
mente, seis passos:
- A primeira coisa a se fazer é centralizar o soquete com o pi-
quete de locação, em seguida, perfura-se 1 metro utilizando o soquete.
É importante destacar que esse furo serve para a colocação do primeiro
tubo (sendo que este é dentado na sua extremidade inferior), chamado
coroa no solo, por meio de cravação.
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

- No segundo passo, ocorre a introdução da sonda de percus-


são, que irá retirar o solo para amostragem após o golpeamento.
- Quando a coroa estiver totalmente cravada no solo, introdu-
z-se o tubo seguinte por rosqueamento, sendo que esse processo é
executado até a cota de interesse ou até atingir uma camada de solo
resistente (deve-se sempre limpar a água e a lama acumulada no tubo
para evitar danos).
- Após esse procedimento, substitui-se a sonda pelo soquete
e lança-se o tubo, a fim de que se obtenha uma coluna de 1 metro de
concreto meio seco.
- Sem retirar a tubulação, apiloa-se o concreto para que se
forme um bulbo. Após esse procedimento, realiza-se o fuste, lançando
concreto de forma sucessiva em camadas apiloadas e retirando a tubu-
lação à medida em que se realizam as operações.
- Por fim, executa-se a concretagem até uma cota um pouco
superior ao ponto de arrasamento da estaca, deixando assim um exces-
40
so para cortar a cabeça da estaca.
Nas estacas Simplex, o procedimento é executado através dos
seguintes passos:
- Primeiro, desce-se o tubo por cravação. Na descida do tubo,
utilizam-se pequenos pesos que atuam como sonda, ficando suspensos
no interior do molde por meio de uma roldana presa no seu topo. Assim, é
possível verificar se a ponteira de concreto não foi danificada na cravação.
- Ao se atingir a profundidade requerida, o tubo é enchido com
concreto plástico até o topo em um movimento lento e contínuo.
- Por fim, arranca-se o tubo e a ponteira de uma vez só.
Nas estacas Franki, o procedimento é executado através dos
seguintes passos:
- O primeiro passo é cravar o tubo no interior do solo.
- Em seguida, uma determinada quantidade de concreto, pra-
ticamente seco, é derramada e apiloada através de um maço pesado,
de modo que forme um tampão para que a água e o solo não entrem no
interior do tubo, que é arrastado e penetrado no terreno.
- Ao atingir a profundidade de interesse, o tubo é imobilizado e
percussões energéticas são utilizadas para destacar o tampão. Conco-
mitantemente a isso, uma determinada camada de concreto é apiloada,
a fim de formar o bulbo.
- Em seguida, joga-se concreto novamente que é apiloado, de
modo que, ao mesmo tempo, ocorre a retirada parcial do tubo, elevando
cerca de 20 a 30 centímetros por vez. Essas estacas são indicadas em
casos em que a camada resistente está localizada em profundidades
variáveis, em terrenos com pedregulhos, dentre outros locais, pois o

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


formato rugoso do fuste faz com que haja boa aderência do solo.
A execução da estaca raiz é realizada seguindo, basicamente,
cinco passos:
- 1º passo: o primeiro é a perfuração utilizando um tubo reves-
tido e circulação de água.
- 2º passo: o segundo passo é perfurar até a cota de interesse,
ou seja, até a profundidade que se deseja.
- 3º passo: em seguida, coloca-se a armação, depois de limpar
o interior do tubo.
- 4º passo: após esse procedimento, introduz-se areia, cimento
e argamassa em baixa pressão no interior do tubo.
- 5º passo: por último remove-se o tubo revestido.
O processo executivo dos tubulões a céu aberto consiste em:
- Cavar manualmente um poço com diâmetro variando entre
0,70 e 1,20 metros (isso só pode ser feito em solos coesivos e acima do
nível de água).
41
- Na medida em que se escava, o tubo de concreto metálico ou
pré-moldado é descido até o ponto desejado. Alarga-se a base do poço
no formato de um tronco de cone elíptico ou circular, até que o preencha
com concreto armado ou simples.
- No sistema denominado Chicago, a escavação ocorre em eta-
pas de forma manual com a pá, a cortadeira e a picareta em profundidades
que variam entre 0,50 m (argilas moles) até 2,00 m (para argilas duras).
Escora-se as paredes com pranchas verticais, as quais são ajustadas atra-
vés de anéis de aço, escavando novas camadas até se alcançar a cota de
assentamento ou o solo resistente, onde é feito o alargamento da base ou
cebola. Após liberar o furo, deve-se preenchê-lo com concreto totalmente.
- Em outro sistema denominado Gow, utilizam-se cilindros te-
lescópicos de aço, que são cravados por percussão e revestem o poço
que foi cavado manualmente. Depois de atingir o ponto desejado, alar-
ga-se a base e, concomitantemente, à concretagem, realiza-se a retira-
da dos tubos.

Existem diversos tipos de fundação, para compreender


melhor o processo executivo de todos eles, leia os conteúdos Re-
calque (MOURA, A. P., 2019) e Aspectos relevantes sobre a execu-
ção de fundações (BITTENCOURT, D. M. A., 2019).
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PROTEÇÃO DE FUNDAÇÕES

As escavações apresentam diversos riscos, como queda de mate-


riais, fechamento das paredes dos poços, queda de pessoas, eletrocussão,
inundações, asfixia, dentre outras coisas. Por isso, durante a execução de
escavações, é importante contar com o auxílio de profissionais capacita-
dos. Na escavação de tubulões a céu aberto, deve-se encamisar/escorar
as paredes do furo. Essa atividade deve ser feita pelo responsável técnico
do serviço, levando em consideração os riscos existentes.
Na execução de túneis, tubulões, escavações profundas com
pequenas dimensões e em galerias que não seja possível um bom con-
tato visual da atividade, e que envolva trabalho manual, é imprescindí-
vel prender o executor da atividade com um cabo guia, permitindo assim
o seu socorro de forma rápida em caso de emergência.
Em profundidades maiores que 1 metro, o acesso para a saída
42
do tubulão ou do poço deve ser feito através de sistemas que garantam
a segurança dos trabalhadores, como guinchos mecânicos, sarilhos
com travas, dentre outros dispositivos. Para as escavações manuais de
tubulões e poços a céu aberto, o diâmetro mínimo da escavação deve
ser de 60 centímetros.
Nos casos em que há iluminação no interior das escavações, é
preciso adotar sistemas que sejam estanques, desse modo, não ocorre
a penetração de umidade e de água, além disso, a tensão máxima de
alimentação deve ser de 24 volts. Equipamentos que são acionados
por explosão ou combustão devem ter sua utilização vetada, não sendo
utilizados dentro dos tubulões e dos poços. É preciso ter dispositivos
sonoros que permitam ao trabalhador comunicar-se com a equipe que
se encontra na superfície da escavação, além de garantir que ele tenha
ar suficiente para a execução das atividades.
É importante que sejam seguidas as disposições previstas no
anexo 6 da norma NR 15 quando da realização de fundações escavadas
a ar comprimido, seja na compressão, seja na descompressão. Nesse
tipo de trabalho, é importante fiscalizar diariamente os equipamentos,
além de ter serviços médicos de plantão, em caso de necessidade de
atendimentos de urgência. Desse modo, consegue-se assegurar a pro-
teção das fundações e dos trabalhadores.
Nos sistemas de proteção para fundações injetadas e cravadas
existem diversos riscos, como o tombamento do bate-estacas, queda
do pilão, ruído e vibração que afeta obras e edificações vizinhas, dentre
outros. Para preparar a área de trabalho, diversos fatores devem ser
levados em consideração, como o nivelamento requerido, o acesso e a

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capacidade que o solo tem para suportar a torre de apoio. Os responsá-
veis técnicos das edificações precisam avaliar os impactos da atividade
na estabilidade das mesmas e das obras próximas ao local em que está
sendo executada a atividade.
É importante inspecionar mangueiras e cabos periodicamente.
Em operações de bate-estacas a vapor, é preciso estar atento às conexões
e mangueiras, sendo que o controle para manobra das válvulas precisa
estar sempre ao alcance dos operadores. Para instalar, funcionar e execu-
tar o bate-estacas é importante seguir as normas e os procedimentos de
segurança pré-determinados pelos responsáveis técnicos das atividades.
Em operações em que o bate-estaca precisa trabalhar próxi-
mo aos cabos de energia elétrica, é preciso que o responsável técnico
solicite orientações técnicas acerca dos procedimentos de segurança
e operacionais a serem seguidos para proteção. Caso o topo da torre
do bate-estacas esteja em níveis mais elevados que as edificações vi-
zinhas, é preciso proteger o equipamento contra possíveis descargas
43
elétricas da atmosfera. Os cabos utilizados na suspensão do pilão preci-
sam ter, pelo menos, seis voltas enroladas no tambor do guincho, sendo
que ele deve ser inspecionado com frequência.
O pilão deve ser repousado sobre o sol ou no final da sua guia
de curso, quando o bate-estacas não estiver em funcionamento. Duran-
te a operação de içamento do pilão, é preciso observar a existência de
defeitos no limitador de curso para que não ocorra a passagem do limite
de içamento (por isso, a inspeção precisa ser realizada constantemente
por profissionais especializados). A estaca pré-moldada deve ser presa
por correntes e inspecionada, a fim de detectar possíveis trincas e evitar
que haja tombamento, caso o cabo se rompa, quando for posicionada
na guia do bate-estacas.
As atividades de reparo ou manutenção nos bate-estacas de-
vem ser realizadas apenas quando os equipamentos não estiverem
operando. A execução de serviços na torre do bate-estacas por traba-
lhadores deve ser feita com o auxílio de cintos de segurança com trava-
-quedas afixados em estruturas independentes.
Em ambientes com elevados níveis de pressão sonora, acima dos
limites suportados pela norma NR-15, é preciso proteger os trabalhadores
e pessoas próximas com equipamentos de proteção auditiva individual ou
medidas de proteção coletivas. Vale destacar ainda que os buracos são es-
cavados em lugares próximos aos locais em que se executará a cravação
ou a concretagem das estacas e precisam ser protegidos e sinalizados, a
fim de evitar contaminações, além de evitar a queda de trabalhadores.
Nas operações de corte de cabeça em estacas, é preciso que
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os trabalhadores utilizem plataformas de trabalho construídas indepen-


dente e adequadamente. Além disso, deve-se utilizar equipamentos de
proteção individual, como protetores auriculares, óculos de proteção,
dentre outros. Os bate-estacas instalados em sistemas de trilhos ou ro-
letes precisam ter sua estabilidade assegurada, isso se dá por meio de
contrapesos fixados segundo especificação dos responsáveis ou dos
fabricantes. Além disso, é importante ter um cuidado especial com as
mangueiras e conexões, evitando trânsito de pessoas, veículos e má-
quinas sobre elas, mantendo-as em boas condições, vistoriando-as pe-
riodicamente para evitar vazamentos que podem gerar acidentes. Além
disso, deve-se atender às especificações do fabricante e assegurar que
o controle das manobras esteja sempre próximo dos operadores.

SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO E DRENAGEM

A impermeabilização pode ser definida como um conjunto de


44
operações e técnicas que visam proteger as edificações contra a ação
deletéria de umidade, fluidos e vapores. Esse processo é essencial para
garantir a durabilidade e a longevidade das edificações, além de tornar
o ambiente salubre para quem o habita. Para a realização deste serviço
é preciso que o profissional seja capacitado, pois é preciso estar atento
aos mínimos detalhes, uma vez que se estes forem esquecidos, pode
afetar a qualidade do serviço executado.
Quando a impermeabilização é realizada de forma planejada,
consegue-se minimizar os custos com o processo de impermeabilização,
que engloba o projeto, a execução, o acompanhamento e a aplicação dos
materiais (impermeabilizantes). Afirma-se que a impermeabilização, quan-
do executada seguindo o planejamento, representa entre 1 e 3% do valor
da edificação. Além disso, é essencial atentar-se à manutenção da imper-
meabilização, pois ela precisa disso para manter sua efetividade, sendo
que, nesses casos, é essencial seguir a recomendação dos fabricantes.
A impermeabilização atua como uma barreira física à penetra-
ção da água, que tende a penetrar por capilaridade. Assim, ela mantém
a água fora do local que se deseja proteger. Além disso, ela protege as
estruturas contra a degradação pela presença de vapores, umidade e
água. Por isso, a concepção da impermeabilização deve se dar no projeto
da edificação, pois se a impermeabilização for adotada apenas após o
surgimento dos problemas, seu custo se eleva consideravelmente.
A importância de impermeabilizar as fundações se dá devido
à dificuldade de acesso que se tem a esses locais após o aterro, tor-
nando mais difícil a reabilitação dessas estruturas. Na concepção da
edificação, é preciso realizar maiores investimentos neste nível, a fim

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de evitar intervenções futuras, que implicarão em altos custos. Geral-
mente, quanto maior o custo inicial com os processos de impermeabili-
zação e drenagem, menores os custos globais (que incluem os custos
iniciais, somados com os custos associados para reparar os sistemas),
evitando-se intervenções futuras de reparação. Assim, deve-se utilizar a
impermeabilização para impedir a ascensão capilar da umidade e evitar
que os materiais constituintes da fundação se deteriorem.
A impermeabilização em fundações é necessária, pois a umi-
dade do solo está em constante contato com suas estruturas, o que as
tornam suscetíveis a suas agressões. A umidade e as infiltrações são os
principais agentes responsáveis por causar patologias em fundações.
Isso ocorre porque o ambiente se torna insalubre, devido ao surgimento
e ao desenvolvimento de colônias de bactérias e fungos que ameaçam
a integridade estrutural. Os danos gerados pela falta de impermeabiliza-
ção nas fundações geram o surgimento de diversas ações patológicas
que comprometem a durabilidade e a longevidade das estruturas, ge-
45
rando danos a longo prazo. Para a impermeabilização, pode-se utilizar
materiais pré-fabricados, como geocompósitos e membranas, os manu-
faturados in situ, como as emulsões betuminosas, os revestimentos de
base cimentícia, dentre outros tipos. A Figura 8 ilustra a impermeabiliza-
ção do encabeçamento de estacas:

Figura 8: Impermeabilização do encabeçamento de estacas.

Fonte: (RAWELL, 2019).

Os sistemas de drenagem são utilizados para que as estruturas


de contenção apresentem um desempenho satisfatório. Eles podem ser
internos ou superficiais; sendo que, normalmente, os projetos de drena-
gem combinam proteção de taludes ou superficiais. É importante que
os sistemas de drenagem superficiais captem e conduzam a água que
incide na parte superficial dos taludes, de modo que se considere tam-
bém a bacia de captação total. Dispositivos como canaletas longitudi-
nais de descida, canaletas transversais, caixas coletoras, dissipadores
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de energia, dentre outros, podem ser utilizados no projeto de drenagem.


A escolha do(s) melhor(es) dispositivo(s) se dá pela natureza da área,
do tipo de material e das condições geométricas do talude. A Figura 9
mostra uma canaleta longitudinal com caixa de passagem:

Figura 9: Canaleta longitudinal com caixa de passagem.

Fonte: (ENGENHARIA CONCRETA, 2017).


46
Esses sistemas para a proteção dos taludes têm como finali-
dade minimizar a erosão e a infiltração devido à precipitação da chuva
no talude. As proteções superficiais podem ser divididas em dois grupos
distintos: a proteção com vegetação e a proteção com impermeabiliza-
ção. Não há uma regra para a concepção dos projetos dessa natureza,
porém é preciso considerar a proteção com vegetação como a primeira
alternativa para proteger taludes não naturais.
Os processos de infiltração oriundos da precipitação das chu-
vas podem modificar as condições hidrológicas dos taludes, diminuindo
a sucção e/ou elevando a magnitude das poropressões. Em qualquer um
desses casos, as mudanças reduzem a tensão efetiva e, consequente-
mente, a resistência ao cisalhamento dos materiais, o que costuma gerar
instabilidade. Em taludes localizados em regiões urbanas, podem ocorrer
mudanças hidrológicas pela infiltração das águas da chuva e também por
vazamentos provenientes das tubulações de esgoto e/ou água.
Os sistemas de drenagem subsuperficial podem ser trincheiras
drenantes longitudinais, drenos horizontais, filtros granulares, drenos in-
ternos da estrutura de contenção e geodrenos. A função desse sistema é
captar o fluxo de água e/ou controlar a intensidade da pressão de água
no interior dos taludes. Esses sistemas podem gerar rebaixamentos no
nível piezométrico, sendo que o volume de água que passa pelos drenos
é diretamente proporcional ao gradiente hidráulico e ao coeficiente de
permeabilidade. Quando há o rebaixamento do nível piezométrico, o gra-
diente hidráulico tende a diminuir, assim o fluxo diminui progressivamente
até que se estabeleça novamente a condição do regime permanente.
Nos solos que têm baixa condutividade hidráulica, a redução pode

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representar a ausência de volumes de drenagens visíveis a olho nu, que
não deve ser associada à deterioração do dreno. É comum este compor-
tamento gerar dúvidas no que tange à eficácia dos sistemas de drenagem,
indicando a possibilidade de colmatação. Por isso, deve-se monitorar con-
tinuamente os drenos através da instalação de piezômetros, comparando
os dados obtidos antes, durante e depois da finalização da obra. A Figura
10 ilustra o esquema de um sistema de drenagem inclinado com diversas
configurações. Vale ressaltar que quando for possível drenar a água para a
frente do muro, deve-se introduzir furos drenantes ou barbacãs.

47
Figura 10: Esquema de um sistema de drenagem inclinado com diversas
configurações.

Fonte: (GERSCOVICH ET AL, 2017).

Durante a construção de estruturas para muro de arrimos, por


exemplo, os drenos devem ser executados cuidadosamente. É preciso
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observar o posicionamento do colchão de drenagem para assegurar


que no lançamento do material não haja segregação e/ou contamina-
ção. Para muros com características drenantes, recomenda-se a insta-
lação de filtros verticais na face interna do muro, exceto quando o ma-
terial de preenchimento atua como um filtro, impedindo o carreamento
das frações finas de retroaterro.

48
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(ESAF — ENGENHEIRO — ESAF — 2013)
Os recalques de fundações admissíveis, ou aqueles não admissí-
veis, dependem da capacidade de carga e deformabilidade do solo
que, por sua vez, dependem de diversos fatores, entre eles: tipo e
estado do solo; disposição do lençol freático; intensidade da carga;
tipo de fundação (direta ou profunda); cota de apoio da fundação;
interferência de fundações vizinhas. Assinale a opção incorreta:
a) Areia nos vários estados de consistência ou argilas nos vários esta-
dos de compacidade, sob ação de cargas externas, se deformam, em
maior ou menor proporção.
b) Para solos permeáveis como as areias, a consolidação e, portanto,
os recalques acontecem em períodos de tempo relativamente curtos,
após serem solicitados; para solos menos permeáveis, como as argilas,
a consolidação é lenta, ao longo de vários anos.
c) Se o solo for uma argila dura ou uma areia compacta, os recalques
decorrem essencialmente de deformações por mudança de forma, fun-
ção da carga atuante e do módulo de deformação do solo.
d) Nos solos fofos e moles, os recalques provêm basicamente da sua
redução de volume, pois a água presente no bulbo de tensões das fun-
dações tenderá a percolar para regiões sujeitas a pressões menores.
e) Para fundações diretas, a presença de vegetação nas proximidades
da obra (retirada ou deposição de água no solo) também poderá exer-
cer importante influência sobre os recalques.

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QUESTÃO 2
(SEGESP-AL — PERITO CRIMINAL — CESPE — 2013)
O recalque do solo causado por cargas classifica–se em: recalque
elástico, recalque por adensamento primário e recalque por com-
pressão secundária.
( ) Certo
( ) Errado

QUESTÃO 3
(TRT — ANALISTA JUDICIÁRIO ARQUITETURA — FCC — 2013)
A respeito das patologias das edificações, é correto afirmar:
a) A fluência ou fadiga do concreto é causada pela ferrugem.
b) Fungos são responsáveis por eflorescências nas alvenarias.
c) Abaulamento é um tipo genérico de patologia em peça metálica.
d) O problema mais comum nas fundações é o recalque diferencial.
49
e) Para resolver o problema de ferrugem, deve-se pintar a superfície
oxidada.

QUESTÃO 4
(TRT — ANALISTA JUDICIÁRIO ARQUITETURA — FCC — 2013)
Os fatores que podem conduzir aos recalques diferenciados em
edifícios uniformemente carregados são:
a) Falta de homogeneidade do solo e rebaixamento do lençol freático.
b) Fissuras de flexão na alvenaria e trincas de cisalhamento em painel
de vedação.
c) Fissuras de flexão na alvenaria e rebaixamento do lençol freático.
d) Trincas de cisalhamento em painel de vedação e falta de homogenei-
dade do solo.
e) Rebaixamento do lençol freático e trincas de cisalhamento em painel
de vedação.

QUESTÃO 5
(PG-PR — PREFEITURA DE GOIOERÊ — FAUEL — 2018)
O escoamento superficial é a fase do ciclo hidrológico que trata
do conjunto das águas que, por efeito da gravidade, descola-se
na superfície da terra. As águas provenientes da precipitação atin-
gem o leito do curso de água por quatro vias diversas: escoamento
superficial, escoamento subsuperficial, escoamento subterrâneo e
precipitação sobre a superfície líquida. Assinale a alternativa que
indica as características do escoamento subsuperficial:
a) Ocorre algum tempo após a precipitação, correspondendo ao atraso
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da saturação do terreno e à acumulação nas depressões.


b) Não é muito influenciado pelas precipitações, mantendo-se pratica-
mente constante.
c) Ocorre na camada superior do terreno, dependendo das condições
locais do solo e é difícil de ser isolada do escoamento superficial.
d) Garante a alimentação do curso de água nos períodos de estiagem.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


O recalque pode ser definido como o deslocamento vertical descenden-
te. Seu aparecimento se dá pela deformação do solo, alterando a sua
forma e o seu volume. Ao se aplicar uma carga na fundação, natural-
mente, ela irá sofrer recalques, que podem ser pequenos ou grandes,
conduzindo à ruptura do solo ou não. Estimar o recalque e o seu desen-
volvimento nas obras é essencial para evitar o surgimento de patologias
ao longo da vida útil do empreendimento. Diante da importância do re-
calque nas estruturas, discorra sobre esse assunto.
50
TREINO INÉDITO
Existem alguns tipos de fatores que podem causar deformações
ao solo e recalque nas estruturas, além das próprias cargas. Mar-
que a alternativa que representa o fator que não pode ser previsto
pelos profissionais responsáveis da edificação:
a) rebaixamento do lençol freático.
b) solos colapsáveis.
c) os danos arquitetônicos.
d) as escavações nas proximidades das fundações.
e) as vibrações.

NA MÍDIA
IMPERMEABILIZAÇÃO, DRENAGEM E INSTALAÇÕES DE PROTE-
ÇÃO EVITAM UMIDADE ASCENDENTE
A umidade ascendente é um termo utilizado na construção civil para
indicar infiltrações por capilaridade da água presente no solo em pi-
sos e paredes. “Ela atinge o edifício através dos baldrames e funda-
ções”, aponta a engenheira civil Virginia Pezzolo, diretora técnica da
PROASSP Assessoria e Projetos.
Esse tipo de infiltração é um fenômeno natural, que ocorre devido à
tensão superficial da água e de forças químicas de adesão entre a subs-
tância líquida e os elementos sólidos. “Os poros dos solos, que são pe-
quenos e interconectados, formam espécies de tubos capilares”, explica
Renato Salles Cortopassi, diretor da Kali Engenharia.
Dessa forma, a água pode percorrer os poros do solo até encontrar a
fundação da edificação, que vai dar continuidade ao processo se não

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houver soluções adequadas, como impermeabilização, drenagem e ins-
talações de proteção.
Fonte: (AECWEB, 2019). Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/
cont/m/rev/impermeabilizacao-drenagem-e-instalacoes-de-protecao-e-
vitam-umidade-ascendente_15623_10_0>. Acesso em: 02 mai. 2022.

NA PRÁTICA
Com a impermeabilização, é possível selar ou vedar materiais porosos,
bem como as suas falhas, a fim de garantir o conforto e a segurança
dos usuários finais de qualquer obra. Essa etapa é essencial nas cons-
truções, porém tem sido negligenciada por diversos profissionais, seja
pela falta de conhecimento, seja pela contenção de gastos. Sem a sua
execução, podem surgir diversos problemas, como oxidação de arma-
duras, ambientes insalubres, dentre outras coisas.
É importante ressaltar que a maior parte dos problemas ligados à im-
permeabilização são identificáveis e elimináveis nas primeiras etapas
51
de desenvolvimento das edificações. Não se deve executar a imper-
meabilização somente no final das obras, pois esses sistemas devem
ser concebidos para garantir a segurança desde o projeto das edifica-
ções. Vale ressaltar que os custos de reparo de patologias associadas
à impermeabilização são muito mais caros do que se ela tivesse sido
realizada durante todo o projeto.
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52
ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO, TIPOS E DIMENSIONAMENTO

As estruturas de contenção podem ser rígidas ou flexíveis. As


denominadas rígidas são construídas de forma vertical ou quase verti-
cal, sendo, normalmente, apoiadas em fundações rasas. As estruturas de
contenção rígidas podem ser construídas em concreto, em alvenaria ou
com elementos especiais. A Figura 11 exemplifica estruturas rígidas de
(a) muro de alvenaria, (b) muro de pedra e (c) muro de concreto armado.

5353
Figura 11: Estruturas rígidas (a) muro de alvenaria, (b) muro de pedra e (c)
muro de concreto armado.

Fonte: (ANDRADE, 2018).

Nessas estruturas de contenção, o próprio peso dos muros


exerce uma contribuição significativa na estabilidade da estrutura, sen-
do que esta está sujeita apenas ao deslocamento de rotação e transla-
ção. Além disso, essas estruturas apresentam baixas deformações por
flexões. Nas paredes diafragma, mesmo o próprio peso da estrutura
não exercendo uma contribuição significativa em sua estabilidade, por
causa da alta rigidez, a cortina quase não tende a apresentar deforma-
ções por flexão, sendo também consideradas estruturas rígidas.
As estruturas de contenção flexíveis são aquelas estruturas
com baixa espessura e alta resistência à flexão, sendo que o peso da
parede não exerce contribuição significativa em sua estabilidade. Assim,
as estruturas flexíveis se diferenciam pelos elementos que garantem a
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sua estabilidade, pelo processo construtivo e pelos materiais utilizados


em sua construção. As estruturas de contenção são classificadas em
autoportantes, monoapoiadas e multiapoiadas.
As cortinas autoportantes são as estruturas enterradas no solo.
Por causa da mobilização de empuxo passivo na frente da cortina, ela
não utiliza outro elemento de apoio. Já as cortinas monoapoiadas são
caracterizadas pela existência de um nível para apoio no topo, sejam an-
coragens, sejam escoras. As cortinas multiapoiadas têm diversos níveis
de apoio ao longo de sua altura, podendo ser ancoragens ou escoras.
Os principais tipos de materiais utilizados nesse processo são
madeira, aço e concreto armado. Os perfis metálicos são utilizados
como contenção, porém apresentam menos rigidez e capacidade para
resistir aos esforços quando comparados com as estruturas de concreto
armado. A madeira costuma ser utilizada nas pranchas entre os perfis
metálicos devido à facilidade que ela tem para se adaptar às condições
de instalação, bem como a sua facilidade de instalação.
54
Para escolher o melhor tipo de contenção flexível, é preciso
considerar fatores como as características geotécnicas e geológicas do
solo que será escavado, a altura da escavação, a distância da estrutura
e das edificações vizinhas. A posição do lençol freático, o caráter da
estrutura (definitivo ou temporário), o avanço da escavação, o tempo
disponível para executar a escavação, dentre outras coisas. A seguir
são apresentados alguns exemplos de estruturas de contenção.
As estacas de contenção são estruturas de base que são execu-
tadas de modo preventivo, a fim de evitar os desmoronamentos gerados
por fatores como vibração e ou sobrecarga de equipamentos próximos
à abertura de poços, valas, escavações, ação da água, dentre outras
coisas. Essas estruturas podem ser definitivas (integram a obra, tornan-
do-se parte da estrutura para sustentação ou para a contenção definitiva)
ou provisórias (retiradas após o cumprimento do objetivo determinado).
Além disso, consegue-se proteger edifícios e logradouros públi-
cos vizinhos ao local que se deseja escavar. É importante destacar que,
além de obras de contenção, deve-se contratar seguros para as edifica-
ções que são ameaçadas com o trabalho. Antes de começar a escavação,
é preciso ainda ter total controle de todos os impactos que ela pode gerar.
Para escolher o melhor tipo de escoramento, é preciso levar em
conta fatores como a altura da escavação (talude), a ocorrência de chuvas,
a consistência do terreno, o espaço disponível para operar equipamentos,
as edificações próximas à obra, os custos, os prazos, dentre outras coisas.
Os escoramentos provisórios podem ser de madeira. Para
isso, utilizam-se vigas, caibros, estacas pranchas, tábuas, postes, pran-
chões, dentre outras coisas. Além disso, os escoramentos provisórios

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


podem ser metálicos, utilizam-se perfis I ou H, estacas prancha e trilhos
usados. Os escoramentos podem ainda ser mistos, ou seja, combinar
madeira com elementos metálicos, como pranchas, escoras metálicas,
pontalete extensível, dentre outros. A Figura 12 (a) ilustra um exemplo
de escoramento de madeira e a figura 12 (b) ilustra um exemplo de es-
coramento misto (madeira/metálico):

55
Figura 12: Escoramento (a) de madeira e (b) misto (madeira/metálico).

Fonte: (ROMANINI, 2017).

Os escoramentos podem ainda ser definitivos, podendo ser


metálicos: para isso, utilizam-se trilhos, estacas pranchas e perfis; ou de
concreto: utilizam-se estacas pré-moldadas ou moldadas in loco, pare-
des diafragma, dentre outros. A Figura 13 ilustra um exemplo definitivo
do tipo estaca prancha:

Figura 13: Escoramento estaca prancha.


ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

Fonte: (VARELA, 2019).

As cortinas de estaca prancha sem ancoragem têm sua es-


tabilidade dependente de empuxos passivos mobilizados na frente da
cortina. Assim, elas se comportam como uma viga em balanço. Nessas
estruturas, deve-se determinar a altura da ficha, em alturas pequenas,
com no máximo 5 metros, pode-se utilizar cortinas sem ancoragem. A
56
Figura 14 (a) mostra a rotação da cortina em torno do ponto O e a figura
(b) indica os sistemas de força atuantes. Para a simplificação dos cálcu-
los, considera-se que a força Ep2 passa pelo ponto O.

Figura 14: (a) Rotação da cortina em torno do ponto O e (b) sistemas de


forças atuantes.

Fonte: (VARELA, 2019).


A determinação da altura de ficha para solos não coesivos é
feita considerando os momentos das forças em relação à rótula ou pon-
to de aplicação, sendo esta calculada de acordo com a Equação 13:

(13)

Na qual, EP1 = empuxo passivo; Ea = empuxo ativo; f = ficha; h


= altura do solo acima da ficha. A Figura 15 ilustra todos os componen-
tes atuantes nas estacas pranchas.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


Figura 15: Componentes das estacas pranchas.

Fonte: (VARELA, 2019).

A proteção de taludes escavados pode ser feita utilizando as


bermas, quando não for viável a utilização de escoramentos. As bermas
são patamares horizontais intercalados nos taludes inclinados. Geral-
57
mente, utiliza-se esse recurso em obras rodoviárias, por exemplo. Na
execução dos taludes livres e das bermas, deve-se estar atento ao des-
tino da água superficial ou que aflora, e para sua execução é preciso
utilizar canaletas, coletores, além do plantio de vegetação apropriada
ou grama para proteger o meio e evitar o rompimento dessas estruturas.
A Figura 16 mostra um exemplo de berma artificial:

Figura 16: Esquema de uma berma artificial.

Fonte: (NARESI JÚNIOR, 2019).

Os muros de contenção à gravidade ou concreto ciclópico são


viáveis apenas quando a altura do muro não for superior a 4 metros. Es-
ses muros são construídos pelo preenchimento de formas contendo blo-
cos de rochas com dimensões variáveis e com concreto. Normalmente,
apresentam uma seção transversal trapezoidal, de modo que a largura da
base corresponda a 50% da altura do muro. A execução de muros com
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

faces inclinadas ou em degraus pode gerar uma grande economia de


material. Nos muros que têm face frontal, vertical e plana, recomenda-se
a inclinação em direção ao retroaterro (para trás) com pelo menos 1:30,
a fim de evitar a ilusão ótica de inclinação do muro em direção ao tom-
bamento para frente. A Figura 17 ilustra um muro de concreto ciclópico.

Figura 17: Muro de concreto ciclópico.

Fonte: (VARELA, 2019).


58
O dimensionamento de estruturas do tipo muro de arrimo deve
ser realizado considerando-se condições de estabilidade, como tom-
bamento, deslizamento da base, capacidade de carga da fundação e
ruptura global. O projeto é feito por meio de um pré-dimensionamento
seguido da verificação das condições de estabilidade.
O primeiro passo é determinar o equilíbrio das forças, para isso
utiliza-se o método Rankine, o mais utilizado para a determinação de
esforços em muros. A Figura 18 ilustra o esquema para calcular os es-
forços atuantes em um muro de arrimo:

Figura 18: Esforços atuantes em um muro.

Fonte: (GERSCOVICH ET AL, 2017).

Na compactação do retroaterro aparecem esforços horizontais

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


adicionais que são associados ao trabalho dos equipamentos de com-
pactação. No caso dos muros com retroaterro inclinados, utiliza-se, nor-
malmente, um equipamento de compactação mais pesado, sendo que
os empuxos resultantes são mais altos que os calculados na teoria do
empuxo ativo. Na prática, aplica-se um fator de correção de cerca de
20% do valor calculado para o empuxo. Os parâmetros de resistência
podem ser calculados pela equação 14:

(14)

Na qual, ’d e c’d = ângulo de atrito e a coesão para dimen-


sionamento, respectivamente; ’p e c’p = o ângulo de atrito e a coesão
de pico, respectivamente; e FS e FSc = fatores de redução para atrito
e coesão, respectivamente. Os valores de FS e FSc variam entre 1,0
e 1,5, dependendo da importância da obra, bem como da confiança na
estimativa de valores dos parâmetros de resistência ’p e c’p. O Quadro
59
11 ilustra os valores dos parâmetros geotécnicos para o projeto de mu-
ros no estado do Rio de Janeiro.

Quadro 11: Parâmetros geotécnicos para projeto de muros.

Fonte: (GERSCOVICH ET AL, 2017).

Durante o contato do solo e a base do muro, deve-se sempre


considerar que há a redução dos parâmetros de resistência, pois os so-
los nesta região são amolgados, sendo que, normalmente, sua camada
superficial é compactada e alterada antes de se colocar a sua base. Por
isso, é preciso considerar o ângulo de atrito do solo com o muro ( ) e a
adesão (a). Para que o muro não tombe, deve-se calcular o coeficiente
de segurança, que é definido pela equação 15:

(15)

Esses parâmetros podem ser obtidos na Figura 19.


ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

Figura 19: Esforços atuantes em um muro para a segurança contra o tomba-


mento.

Fonte: (GERSCOVICH et al., 2017).


60
Já a segurança contra o deslizamento pode ser obtida pela
Equação 16:

(16)

Na qual, Ep = empuxo passivo; Ea = empuxo ativo e S = esfor-


ço cisalhante na base do muro. A Figura 20 esquematiza os empuxos e
o esforço cisalhante requerido para o cálculo de FS.

Figura 20: Esforços atuantes em um muro para a segurança contra o desliza-


mento.

Fonte: (GERSCOVICH et al., 2017).

O valor de S pode ser calculado multiplicando a resistência de

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


cisalhamento na base do muro pela largura, de acordo com o Quadro 12:

Quadro 12: Cálculo da resistência ao cisalhamento.

Fonte: (GERSCOVICH et al., 2017).

Para evitar que o solo se rompa, adota-se o critério disposto na


Equação 17:

61
(17)

Na qual, qmax equivale à capacidade de suporte calculada


pelo método clássico de Terzaghi-Prandtl. Considerando que a base do
muro é uma sapata, pode-se calcular pela Equação 18:

(18)

Na qual, B ’ = B - 2e = largura equivalente da base do muro; c’ =


coesão do solo de fundação; f = peso específico do solo de fundação;
Nc , Nq , N = fatores de capacidade de carga (Quadro 13); qs= sobre-
carga efetiva no nível da base da fundação (qs = 0 se a base do muro
não estiver embutida no solo de fundação).

Quadro 13: Fatores de capacidade de carga.


ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

Fonte: (GERSCOVICH et al., 2017).

O último passo é verificar a segurança do conjunto muro e solo.


A verificação dos sistemas de contenção no que se refere à segurança
em relação à estabilidade consiste em verificar o mecanismo de ruptura
global do maciço. Dessa forma, a estrutura de contenção pode ser con-
62
siderada como um elemento pertencente à massa do solo, que poderá
se deslocar de modo semelhante a um corpo rígido. Usualmente, essa
verificação é feita garantindo um coeficiente de segurança coerente com
a rotação da massa do solo que se desloca ao longo de uma superfície
cilíndrica. Esse fenômeno pode ser representado pela Equação 19:

(19)

Assim, o valor encontrado tem que ser maior que 1,3 para
obras provisórias e maior que 1,5 para obras permanentes. O cálculo do
fator de segurança pode ser feito usando qualquer método para calcular
o equilíbrio limite utilizado para avaliar a estabilidade de taludes.

Existem diversos tipos de contenções. Separamos o artigo


“Escoamento provisório” (ROMANINI, 2019) e a monografia “Projeto
de estrutura de contenção e análise de custo para um talude de corte
em uma rodovia” (PIAZZA, 2018) para te ajudar a fixar este conteúdo.

As escavações são processos utilizados para romper a com-


pacidade dos solos por meio de ferramentas cortantes, a fim de desa-
gregá-lo para facilitar o seu manuseio. Essas atividades, normalmente,
são executadas por equipamentos mecanizados, o que favorece o des-

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


monte de um grande volume de materiais em prazos menores. Porém,
é preciso comprar equipamentos eficientes para executar estas ativi-
dades, como unidades escavo-transportadoras, escavo-empurradoras,
aplanadoras, dentre outras.
A seleção dos equipamentos deve ser baseada no tipo de trabalho
a ser executado, considerando-se aspectos de projeto, naturais e econô-
micos. Os fatores naturais são dependentes do local onde o trabalho será
executado, como natureza do solo, topografia, dentre outras coisas. A na-
tureza do solo é o primeiro fator a ser considerado, pois deve-se analisar a
resistência ao rolamento, a granulometria, dentre outras coisas. Após essa
etapa, realiza-se a topografia do local, sempre considerando a segurança.
Os fatores de projeto indicam a quantidade de terra a ser esca-
vada, as dimensões das plataformas, as distâncias de transportes, den-
tre outras coisas. A indicação do volume de terra é essencial para saber
a quantidade de equipamentos a serem utilizados, bem como os tipos
para executar tal atividade. Já os fatores econômicos estão ligados aos
63
custos para a realização da atividade. Com esse fator, determina-se
qual equipamento será utilizado, sendo que se deve calcular os custos e
a capacidade de investimento das empresas que se dispõem a realizar
os trabalhos de escavação.
A execução de escavações, quase sempre, precisa de ativida-
des preliminares para que os equipamentos trabalhem de forma eficiente.
A primeira coisa a se fazer é instalar o canteiro de obras, isso é feito consi-
derando a dimensão da obra, o tempo de execução, distância dos centros
urbanos, dentre outros fatores. A escolha do local deve levar em conta a
proximidade em relação ao local em que os serviços serão executados,
a fim de poupar recursos. Em seguida, enviam-se os equipamentos para
as instalações da obra, sendo que o transporte das máquinas é feito,
normalmente, por veículos especiais. Pode-se ainda construir estradas
para facilitar o serviço e o acesso à obra. Antes da escavação, deve-se
limpar a área da obra, removendo quaisquer obstáculos naturais ou arti-
ficiais presentes no local. Deve-se ainda realizar o desmatamento (cortar
e remover toda a vegetação) e o destoncamento (retirar tocos e raízes).
A execução dos cortes deve ser feita com base na locação
topográfica. Por meio dela, consegue-se demarcar os pontos extremos
que precisam ser cortados. Essa tarefa é importante, pois, a sua correta
execução evita a formação de superfícies convexas e côncavas nos
taludes, o que não é desejável. O controle da execução dos cortes é
feito por meio da colocação de pontos denominados offsets, piquetes
que têm a indicação da altura de corte nos pontos indicados, sendo que
através desses pontos é que se realiza o controle da altura de escava-
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

ção. Esse processo continua até atingir o ponto desejado; após atingi-
-lo, executa-se o serviço de acabamento, por meio da raspagem (corte
de uma altura pequena com precisão).
A escavação de rochas é realizada quando são encontrados
maciços rochosos que demandam técnicas especiais para sua retirada.
Normalmente, a escavação de rochas é feita realizando furos nos maci-
ços a distâncias determinadas; após esse procedimento, explosivos são
introduzidos nos furos. Em seguida, ocorre a detonação dos explosivos
e, posteriormente, a remoção dos fragmentos de rochas.

PAREDES DIAFRAGMA

As paredes diafragma moldadas in loco são elementos de


contenção e/ou fundação moldados no solo. No subsolo, realiza-se um
muro de concreto armado na direção vertical, cuja espessura varia entre
30 e 120 centímetros, sendo que a sua profundidade pode alcançar até
64
50 metros. Esse muro consegue absorver empuxos, momentos fletores,
cargas axiais e cargas normais. Além disso, a execução deste elemento
pode ser feita com ou sem a presença de lençol freático.
A vantagem deste tipo de estrutura é a facilidade de moldagem
à geometria do terreno. Outra vantagem é o fato de sua execução não
causar grandes descompressões e vibrações no terreno, o que favo-
rece a sua realização próxima a edificações sem causar danos a elas.
As paredes diafragma têm uma ampla gama de utilização, podendo ser
aplicadas para a contenção de subsolo em obras de canalização de
leitos de rios, construções de garagens subterrâneas, trincheiras enter-
radas, execução de túneis, estações de metrô, dentre outras coisas. A
Figura 21 ilustra uma parede diafragma:

Figura 21: Parede diafragma.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


Fonte: (KELLER TECNOGEO, 2019).

Esse processo é muito utilizado devido à sua multiplicidade,


englobando elementos para conter terra e água em escavações perma-
nentes ou provisórias; ao fato de as paredes poderem receber cargas
verticais; e à possibilidade de transpassar camadas de solo com alta
resistência. Além disso, com esse método, diminui-se o rebaixamento
do lençol de água atrás do escoramento, o que pode provocar recalque
nas edificações vizinhas. Em incorporações das paredes com as vigas
e as lajes da estrutura, pode-se utilizar duas formas distintas: a primei-
ra delas é realizar um corte na parede até que a armadura existente
seja exposta, em seguida, executa-se a viga especial de ligação com
algumas barras horizontais que devem passar por trás das barras que
65
já existem na parede; a segunda forma é instalar chumbadores com
argamassa expansiva nos furos abertos na parede.

Para conhecer o projeto e a execução de uma parede dia-


fragma, separamos a monografia “Projeto e execução de parede
diafragma atirantada” (AMARAL, R. C., 2016).

CORTINAS ATIRANTADAS

Os escoramentos atirantados são um tipo de contenção que se


utiliza de tirantes protendidos devidamente ancorados no maciço para
sustentação. Normalmente, sua fixação é profunda, o que faz com que
esse método seja autoportante, implicando que nenhum outro tipo de
apoio seja necessário, tendo maciços instáveis naturais ou construídos
por corte ou em aterros. A vantagem desse método é a possibilidade
de utilizá-lo em locais com difícil acesso e também em qualquer tipo de
solo. A Figura 22 ilustra um exemplo de cortina atirantada:

Figura 22: Esquema de cortina atirantada.


ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

Fonte: (BECHARA, 2018).

A utilização de estacas em combinação com os tirantes protendi-


dos é uma ótima opção para a contenção de taludes, permitindo executar
aterros e cortes em zonas com difícil estabilidade. Normalmente, os tiran-
66
tes são construídos por barras, fios e cordoalhas de aço, sendo ancorados
firmemente em um maciço profundo. Caso o atirantamento seja definitivo,
é preciso realizar a pró-tensão, além de realizar um tratamento para evitar
a corrosão. Nesses modelos de estrutura, utilizam-se equipamentos pneu-
máticos para realizar a proteção. Outro ponto importante é que o processo
executivo irá depender da proteção que se deseja garantir.

Para conhecer mais sobre esse assunto tão importante,


separamos a monografia “Cortinas atirantadas: Estudo de patolo-
gias e suas causas” (GUIMARÃES, K. P., 2015).

ESTRUTURA DE SOLO REFORÇADO

As estruturas de contenção são essenciais nos projetos e nas


obras de engenharia, sendo estas muito utilizadas na construção de
barragens, ferrovias, usinas, dentre outras coisas. Com o passar dos
anos, as estruturas convencionais de concreto ciclópico (atirantadas),
dentre outras, tornaram-se obsoletas devido à má qualidade dos solos,
a elevação da altura do solo a se conter, dentre outras coisas. Diante
disso, surgiram as estruturas de solo reforçado, as quais têm se mostra-
do como uma solução ideal para essas situações.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


A vantagem dessas estruturas é a capacidade de resistir bem
aos recalques das fundações, além de serem fáceis de construir. Elas
também têm um prazo de execução reduzido e permitem a obtenção
de taludes com solos estáveis, dentre outras coisas. O conceito dessas
estruturas parte da ideia de que os reforços que têm resistência à tra-
ção podem ser inseridos no solo, a fim de obter taludes mais íngremes
e até mesmo verticais. Os reforços têm como objetivo ligar as zonas
potencialmente instáveis com as zonas estáveis, a fim de minimizar as
deformações e impedir a sua ruptura.
Existem diversos tipos de estruturas de contenção, a primeira
delas se deu com reforço geossintético. Normalmente, as estruturas de
contenção de solo reforçado consistem em camadas de solos compac-
tados entremeados por camadas de reforço com espaços pré-determi-
nados. É importante que essas estruturas sejam estáveis, tanto externa
como internamente.
A estabilidade externa ocorre devido ao peso da massa do
67
solo reforçado que, consequentemente, garante a estabilidade interna.
A estabilidade externa é verificada em termos do maciço reforçado, da
ruptura devido à capacidade de suporte e do tombamento do maciço
reforçado. Já a estabilidade interna pode ser avaliada tomando como
base métodos de equilíbrio de limites e métodos baseados em condi-
ções de trabalho. A Figura 23 ilustra a estrutura de solo reforçado (a) em
um muro e (b) em um talude.

Figura 23: Estrutura de solo reforçado (a) em um muro e (b) em um talude.

Fonte: (AUTOR, 2022).


ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

68
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(AL-RO — ANALISTA LEGISLATIVO — FGV — 2018)
Com relação às escavações em obras de engenharia, analise as
afirmativas a seguir:
I. As escavações realizadas em vias públicas ou canteiros de obras
devem ter sinalização de advertência, inclusive noturna, e barreira
de isolamento em todo o seu perímetro.
II. É permitido o acesso de pessoas não autorizadas às áreas de
escavação e cravação de estacas.
III. Os serviços de escavação, fundação e desmonte de rochas de-
vem ter responsável técnico legalmente habilitado.
Está correto o que se afirma em:
a) I, somente.
b) II, somente.
c) III, somente.
d) I e III, somente.
e) I, II e III.

QUESTÃO 2
(COPASA — ANALISTA DE SANEAMENTO — FUNDEP — 2014)
Com referência às obras de estabilização de taludes, é INCORRE-
TO afirmar que:
a) as obras de contenção passiva oferecem reação contra tendências
de movimentação dos taludes, por exemplo, muros de arrimo, cortinas

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


cravadas e cortinas ou muros ancorados sem protensão.
b) as obras de contenção ativas introduzem compressão no terreno,
aumentando sua resistência por atrito, além de oferecer reações a ten-
dências de movimentação do talude, por exemplo, muros e cortinas ati-
rantados, placas atirantadas etc.
c) as obras de drenagem e de proteção superficial são obras auxilia-
res ou complementares no processo de estabilização de taludes, pouco
afetando obras com estrutura de contenção.
d) dentre as principais causas específicas para o insucesso das obras
de estabilização, destacam-se drenagem insuficiente, remoção parcial
da massa rompida, problemas de fundação de muros e aterros, atiran-
tamento dentro da massa instabilizada etc.

QUESTÃO 3
(TRANSPETRO — ENGENHEIRO JÚNIOR — CESGRANRIO — 2018)
O controle de qualidade de uma obra em uma encosta será feito
69
com base na NBR 11682:2009 (Estabilidade de encostas). Dentre
os diferentes tipos de controle/monitoramento que serão executa-
dos estão a medição da poropressão e o controle de deslocamen-
tos em profundidade.
Para realizar essas ações, de acordo com essa norma, serão utili-
zados, respectivamente:
a) manômetros e inclinômetros.
b) manômetros e marcos superficiais.
c) medidores de nível de água e pinos de referência.
d) piezômetros e inclinômetros.
e) piezômetros e células de carga.

QUESTÃO 4
(CASAN — AGENTE ADMINISTRATIVO OPERACIONAL — INSTITU-
TO AOCP — 2016)
Uma superfície de solo exposta que forma um certo ângulo com a
horizontal, que tanto pode ser natural no caso das encostas quan-
to artificial, recebe a denominação de:
a) talude.
b) coroa.
c) crista.
d) contorno.
e) fenda.

QUESTÃO 5
(TJ-GO — TÉCNICO JUDICIÁRIO — UEG — 2006)
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

Considerando-se uma designação genérica, “taludes” compreen-


dem quaisquer superfícies inclinadas que limitam um maciço de
terra, rocha ou terra e rocha. Podem ser naturais, caso das encos-
tas; ou artificiais, como os taludes de cortes e aterros. Sobre este
assunto, é INCORRETO afirmar:
a) A execução de muros de arrimo ou a introdução de tirantes de aço, pro-
tendidos ou não, no interior do maciço, ancorando-os dentro da zona do
escorregamento, constitui um dos métodos para estabilização de taludes.
b) A plantação do talude com espécies vegetais adequadas ao clima
local é uma proteção eficaz, sobretudo contra a erosão superficial.
c) O emprego de materiais estabilizantes nos taludes visa melhorar as
características de resistências dos solos, misturando-os com alguns
produtos químicos. As injeções de cimento são recomendadas em si-
tuações de maciços fissurados.
d) No talude, sempre que a fundação for constituída por solos compres-
síveis, há que se cuidar da progressiva mobilização de sua resistência
70
ao cisalhamento.

QUESTÃO DISSERTATIVA
A execução de uma estrutura de contenção nas escavações é algo muito
comum nas obras civis, sendo esta tarefa essencial quando elas estão em
lugares limitados, como em centros urbanos. Essas estruturas precisam
resistir ao empuxo da terra e da água, às cargas estruturais e a quaisquer
outros tipos de esforços gerados por estruturas adjacentes. Diante do ex-
posto, discorra sobre as fundações rígidas e as fundações flexíveis.

TREINO INÉDITO
Para a escolha do melhor tipo de contenção flexível deve-se con-
siderar, exceto:
a) As características geotécnicas.
b) As características geológicas.
c) A rigidez da estrutura.
d) A altura da escavação.
e) A distância da estrutura.

NA MÍDIA
SOLOS REFORÇADOS X SOLOS GRAMPEADOS
Nas últimas décadas, os geossintéticos usados para reforço de solo vêm
desempenhando um papel fundamental, substituindo ou aprimorando téc-
nicas existentes, permitindo associações e combinações com solos agre-
gados, resultando em soluções mais rápidas, mais leves, mais confiáveis e
mais econômicas. Entre tantas aplicações dos geossintéticos, ainda pode-

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


mos utilizá-los em estruturas de Solo Reforçado e Solo Grampeado, abaixo
seguem algumas características diferenciadas de ambos os solos.
Solo Reforçado: Trata-se da utilização à tração de um geossintético para
reforçar e/ou restringir deformações em estruturas geotécnicas, sua es-
tabilidade deve ser estável interna e externamente e é garantida pelo
peso de toda a massa do solo e o comprimento dos reforços. Quanto à
estabilidade externa, pressupõe-se que o aterro reforçado se comporta
como um corpo rígido e deve ser verificado quanto ao risco de ruptura
global, avaliando-se os fatores de segurança básicos de instabilização,
por exemplo deslizamento da base da estrutura reforçada, tombamento
em torno do pé do muro e capacidade de carga da fundação.
Data: 09 jul. 2015.
Fonte: (NTC BRASIL, 2015). Disponível em: <https://www.ntcbrasil.
com.br/blog/solos-reforcados-x-solos-grampeados/>. Acesso em: 02
mai. 2022.

71
NA PRÁTICA
A utilização de materiais geossintéticos nas obras de engenharia civil
tem se tornado frequente devido aos benefícios que esses materiais
podem gerar nas edificações. Eles têm sido utilizados nas estruturas
de solo reforçado a fim de estabilizar cortes em taludes ou em terrenos
naturais. Normalmente, o desempenho destas obras é dependente da
interação entre as inclusões, normalmente planares, que são dispostas
da forma desejada no interior do maciço e do seu solo constituinte.
Ademais, os geossintéticos têm uma grande facilidade de aplicação,
além de serem mais rápidos de serem construídos e de terem baixo
custo quando comparado com as soluções convencionais. Nos maciços
de solos reforçados, a utilização de materiais geossintéticos como re-
forço faz com que as deformações e as tensões sejam distribuídas de
forma global, o que favorece a utilização das estruturas de face vertical,
como muros e até mesmo maciços mais íngremes, como os taludes,
tendo menos volume de aterro compactado. O reforço do solo é basea-
do na interação do solo e do material incluído como reforço, sendo que
a transferência das tensões se dá por resistência passiva e/ou atrito.
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

72
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA

Os tubulões a ar comprimido são realizados quando os pontos de inte-


resse estão submersos ou abaixo do nível de água ou do lençol freático.
Nesses casos, é indicada a utilização de tubulões sob pressão hiperbá-
rica, a fim de retirar a água e garantir a escavação manual ou utilizando
recursos especiais – como explosivos e marteletes, se preciso.
Depois de atingir o ponto de interesse, realiza-se a concretagem. Nesta
etapa, é importante manter o ambiente sob pressão, a fim de assegurar
o equilíbrio de pressões no interior dos tubulões. Dessa forma, garan-
te-se a integridade do ambiente a ser escavado, pois esses locais são
insalubres, representando grandes riscos à vida dos trabalhadores.
A execução dos serviços deve sempre estar de acordo com o anexo 6
da NR 15 do Ministério do Trabalho, que trata da execução de ativida-
des realizadas em condições hiperbáricas. Além disso, deve-se utilizar
trabalhadores capacitados e equipamentos de qualidade para garantir a
segurança da escavação.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


TREINO INÉDITO
Gabarito: A

73
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA

O recalque é o deslocamento devido à deformação do solo quando há a


aplicação de uma carga ou pelo próprio peso das camadas que apoiam
os elementos da fundação. Esse deslocamento se dá pelo rebaixamen-
to da edificação, que é gerado pelo adensamento do solo em sua fun-
dação. Caso o recalque ocorra somente em uma parte da estrutura da
edificação e não ocorra em outra, tem-se o recalque diferencial.
Esse fenômeno é normal. Por isso, em todas as edificações, têm-se os
recalques admissíveis, sendo este parâmetro essencial na concepção
dos projetos de construção. Cabe ao responsável técnico pela fundação
definir o limite máximo do recalque admissível para garantir a seguran-
ça e o desempenho adequado das estruturas.
Os danos gerados pelos recalques em fundações podem ser arquitetô-
nicos, funcionais e estruturais. Os danos arquitetônicos são aqueles que
impactam diretamente na estrutura visível, gerando trincas em paredes,
acabamentos, dentre outras coisas. Já os danos funcionais afetam as con-
dições de uso das edificações, como o funcionamento de portas, janelas,
dentre outras coisas, enquanto que os danos estruturais afetam toda a es-
trutura da edificação, como vigas, pilares, dentre outros elementos.
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS

TREINO INÉDITO
Gabarito: C

74
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA

As contenções são estruturas que podem ser rígidas ou flexíveis. As estru-


turas rígidas são, usualmente, apoiadas em fundações rasas, além de se-
rem construídas na vertical ou quase na vertical. Essas estruturas de con-
tenção podem ser de concreto armado, de alvenaria ou de pedra, sendo
que nelas o próprio peso dos muros atua como uma importante ferramenta
na manutenção da estabilidade estrutural. A vantagem dessas estruturas é
o fato de apresentarem baixíssimas deformações devido à flexão.
Já as estruturas de contenção flexíveis, usualmente, têm espessuras
menores, além de apresentarem alta resistência à flexão. Nessas es-
truturas, o peso das paredes não tem influência direta na estabilidade
estrutural. Existem diversos tipos de estruturas flexíveis, as quais se
diferenciam pelos elementos utilizados para garantir a estabilidade, os
materiais utilizados para a sua construção e o tipo do processo cons-
trutivo. Essas estruturas são bem versáteis, pois materiais como metal,
concreto armado ou madeira podem ser utilizados para sua construção.
As estruturas de concreto apresentam diversas vantagens, dentre elas
maior rigidez e maior capacidade para resistir a esforços.

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES - GRUPO PROMINAS


TREINO INÉDITO
Gabarito: C

75
AECWEB. Como construir em solos argilosos? Conheça boas práti-
cas. 2019. Disponível em: https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/co-
mo-construir-em-solos-argilosos-conheca-boas-praticas_19176_10_0.
Acesso em: 19 set. 2019.

AECWEB. Impermeabilização, drenagem e instalações de proteção evi-


tam umidade ascendente. 2019. Disponível em: https://www.aecweb.
com.br/cont/m/rev/impermeabilizacao-drenagem-e-instalacoes-de-prote-
cao-evitam-umidade-ascendente_15623_10_0. Acesso em: 20 set. 2019.

AMARAL, R. C. Projeto e execução de parede diafragma atiranta-


da. UNIVAP, 2016. Disponível em: <http://biblioteca.univap.br/dados/
00003d/00003d9c.pdf>. Acesso em: 02 mai. 2022.

ANDRADE, R. R. Muros de contenção à gravidade. 2018. Disponível


em: http://diprotecgeo.com.br/blog/muros-de-contencao-a-gravidade/.
Acesso em: 20 set. 2019.

ANTUNES, F. R. P.; AMARAL, R. C. Projeto e execução de parede diafrag-


ma atirantada. 2016. 48 F. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia
Civil) – Universidade do Vale da Paraíba, São José dos Campos, 2016.

BASTOS, P. S. S. Sapatas de Fundação. 2019. Disponível em: http://wwwp.


feb.unesp.br/pbastos/concreto3/Sapatas.pdf. Acesso em: 18 set. 2019.
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