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PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

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PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Gildenor Silva Fonseca

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
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Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são


outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!..

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Priscila Pereira de Sousa


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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profissional.

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A Psicopatologia Forense é considerada uma aplicação do conhe-
cimento e dos métodos da Psicologia nas questões e casos jurídicos. Na
prática, é quando um psicólogo atua em conjunto com o sistema jurídico,
de acordo com os mais variados casos e ramos do Direito, seja na parte de
avaliação psicológica e aplicação de testes, bem como perito, assistente e
psicólogo propriamente dito. Comumente, a figura do psicólogo no direito
é somente associada à parte criminal, em decorrência da inimputabilidade
penal, tendo em vista exceções atribuídas na nossa legislação às pessoas
que sofrem de transtornos mentais e, consequentemente, que perdem a
capacidade de responsabilização pelos seus atos, através da exclusão da
culpabilidade. Não obstante o psicólogo ser realmente imprescindível no
direito penal, outras áreas do direito também são abarcadas pela psicolo-
gia, como a cível e nas situações ligadas à criança e ao adolescente, por
exemplo. Por esses motivos, o profissional que trabalha com a psicologia
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forense tem um papel significativo, pois, é a partir dele que são realizadas
as avaliações psicológicas no geral, tanto para verificar a aptidão do sujeito
a desempenhar alguma situação de risco ou para diagnosticar que um indi-
víduo sofre de um transtorno mental. Por fim, o enlace da psicologia foren-
se ainda se reflete no campo da dependência química, no seu tratamento
e nas políticas públicas oferecidas pelo estado na prevenção, combate e
cuidados com o dependente, já que este problema não é apenas de segu-
rança, mas de saúde pública também.

Psicopatologia Forense; Direito; Psicólogo.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
PRINCIPAIS ASPECTOS SOBRE A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E
O INDIVÍDUO

Avaliação Psicológica __________________________________________ 13

Psicopatologia Forense _________________________________________ 21

Determinantes Biopsicossociais do Comportamento ____________ 27

Recapitulando _________________________________________________ 30

CAPÍTULO 02
TIPOS DE TRANSTORNOS

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A Capacidade de Imputação e Inimputabilidade do indivíduo
com Transtorno Mental ________________________________________ 34

Transtornos Mentais no Cid-10 _________________________________ 38

Transtornos Cognitivos ________________________________________ 41

Transtornos Afetivos __________________________________________ 43

Transtornos de Personalidade ________________________________ 45

Recapitulando _______________________________________________ 50

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CAPÍTULO 03
DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Dependência Química _________________________________________ 56

Dependência Química e a sua Relação com o Direito ___________ 72

Políticas de Proteção à Família, Crianças e Jovens ______________ 73

Recapitulando _________________________________________________ 76

Considerações Finais ___________________________________________ 81

Fechando a Unidade __________________________________________ 82

Considerações Finais __________________________________________ 85


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Prezado Aluno (a), seja bem-vindo! Elaboramos o presente
módulo com o objetivo de trazer de forma completa e sucinta o conheci-
mento da Psicologia aplicada à Psicopatologia Forense. Como o nome
já diz, a Psicopatologia Forense se trata de uma união entre essas duas
ciências: Direito e Psicologia. Diferente do que ocorre na interação de
outras áreas do conhecimento com as ciências jurídicas, neste caso,
percebe-se que a psicologia está intrinsecamente ligada a nossa legis-
lação e à parte processual, à medida que é determinante para o diag-
nóstico de capacidade do indivíduo, uma vez que este pode sofrer de
algum transtorno mental, assim como para constatar a existência de al-
gum trauma e, por fim, analisar o estado de espírito e social de alguém.
Esses são apenas alguns exemplos da atuação do psicólogo
no ambiente jurídico, pois, é certo que este profissional não limita o
seu campo de atuação apenas no direito penal, direito de família e nas
questões ligadas ao bem estar da criança e do adolescente.
Como se vê, o psicólogo está presente em várias situações,
como ao aplicar um teste com o intuito de verificar se determinada pes-
soa está apta para dirigir ou ter a posse de uma arma de fogo. Tais
constatações dependem dos procedimentos realizados pelo psicólogo,
por meio da aplicação de uma avaliação psicológica ou testes, com o
objetivo de analisar e traçar a pessoalidade do indivíduo.
Neste sentido, a avaliação psicológica é uma área de estudo
específica para os psicólogos e o Conselho Federal de Psicologia (CFP)
a define como um “processo técnico-científico de coleta de dados, es-

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tudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psico-
lógicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade
utilizando-se para tanto de estratégias psicológicas (métodos, técnicas
e instrumentos)” (RESOLUÇÃO DO CFP 007/2003).
No entanto, a avaliação não se limita aos casos supracitados,
já que é uma importante ferramenta para analisar se uma pessoa so-
fre de alguma doença mental. O diagnóstico que valida a existência
de algum transtorno pode acontecer de vários modos, a depender da
teoria, método e técnicas adotadas pelo profissional, e a avaliação é so-
mente um deles. Logo, transtorno mental é uma disfunção psicológica
associada a sofrimento ou prejuízo funcional, acompanhado de uma
resposta que não é típica ou esperada no dia a dia habitual das pessoas.
Portanto, o psicólogo aplica seu conhecimento com o objetivo
de compreender os aspectos do comportamento e personalidade huma-
na em todas as suas fases, sendo este o motivo essencial de desempe-
nhar o seu papel com o ordenamento jurídico.
Ainda, vale ressaltar que ao tratar de transtornos e direito, ge-
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ralmente as pessoas associam como primeiro evento a psicopatia. Con-
tudo, os transtornos mentais atingem outros problemas de saúde, como
a dependência química, que é considerada pela Organização Mundial
da Saúde como doença crônica e pela psicologia uma doença a depen-
der da teoria aplicada.
Desta forma, verifica-se que assim como outros transtornos
mentais que serão apresentados nesta unidade, a dependência quími-
ca é tida como um problema de saúde pública com amplo amparo da
psicologia e no direito.
Nota-se, pois, que serão abordados os principais pontos da
Psicopatologia jurídica em três capítulos, que dispõem sobre a avalia-
ção psicológica; os Determinantes Biopsicossociais do Comportamen-
to; a Capacidade de Imputação e Inimputabilidade do Indivíduo Com
Transtorno Mental, os principais transtornos mentais presentes no CID-
10, como o transtorno de personalidade, por exemplo; a dependência
química e suas interações, tendo ao final, as considerações feitas a
partir deste estudo.
Assim, esta apostila tem como base estudos e pesquisas reali-
zados no campo da psicologia, a doutrina de todas as áreas pertinentes
e a legislação vigente envolvendo a temática, além das definições trazi-
das pela Organização Mundial da Saúde e da Classificação Internacio-
nal de Doenças, de onde se origina a siga CID-10.
Por último, a metodologia utilizada neste material consiste na
pesquisa bibliográfica e consulta normativa, com a utilização de fontes
de pesquisa eletrônica, através da coleta de informações, baseada nos
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métodos de abordagem descritivo e narrativo, concluindo na produção


de um trabalho inédito.

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PRINCIPAIS ASPECTOS SOBRE
A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E
O INDIVÍDUO

GRUPO PROMINAS
JURÍDICO -- GRUPO PROMINAS
No capítulo 1 iniciaremos o estudo abordando os principais as-
pectos sobre a avaliação psicológica e como esta é realizada em um
AMBIENTE JURÍDICO
indivíduo. Ademais, identificaremos o fenômeno da psicopatologia fo-
rense, relatando as determinantes biopsicossociais do comportamento
NO AMBIENTE

humano, relacionando com o Direito.


PSICOLÓGICAS NO

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS

Diante do crescente aumento de pessoas que sofrem de algu-


PRÁTICAS

ma patologia psicológica e, ainda, com a evolução da Psicologia nos


últimos tempos, é perceptível que, consequentemente, houve um au-
mento na quantidade de avaliações psicológicas realizadas por profis-
sionais da área, devido ao aumento da busca por tratamentos psicote-
rapêuticos.

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Neste contexto, entende-se que a avaliação psicológica é um
processo de conhecimento, no qual se buscam informações sobre de-
terminadas demandas formuladas pelo sujeito, seja por um fator fami-
liar, pela procura do pai ou da mãe a respeito do comportamento do seu
filho, entre outras situações. De maneira mais simplificada, a avaliação,
em tese, faz parte do começo da terapia ou pode ser pontual, pois, é
neste momento que o sujeito explica a sua reclamação ou demanda,
que servirá de premissa para que o profissional comece a caminhar
pelos pensamentos e sentimentos do seu paciente, definindo as suas
características psicológicas.
É valido ressaltar que a realização da avaliação psicológica
não é seguida por todo profissional da psicologia. Como se verá a se-
guir, este procedimento é mais técnico e, por esse motivo, a depender
da vertente, teoria e da especialização do terapeuta ou psicólogo, pode
acontecer do mesmo não realizar a aplicação da avaliação, visto que
esta exige do psicólogo uma clara visão e constatação sobre diagnós-
tico. Ocorre que o profissional pode simplesmente não trabalhar com
este tipo de “análise” ou, em determinados casos, até encaminhar o su-
jeito a um profissional que tenha o trabalho especializado em avaliação
e testes psicológicos. Logicamente, isso não quer dizer que o profissio-
nal vai deixar de traçar o perfil psicológico daquele paciente, mas que
vai fazê-lo de outra maneira, que não exija a parte técnica e específica
detalhada na ideia de avaliação que a psicologia traz.
Continuando sobre o processo de avaliação psicológica, este
permite ao profissional de psicologia identificar aspectos comportamen-
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tais dos indivíduos, desde o pensar, a organização de ideias e memó-


rias, bem como os processos de decisão mais amplos individuais, mas
que possuem relevantes efeitos sociais. Como exemplo, citam-se os
testes realizados para possibilidade de manejo de armas de fogo, a reti-
rada da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), entre outros. Portanto,
são inúmeras as situações que devem ter avaliações psicológicas como
precedente obrigatório para autorizar/permitir algo ou para uma tomada
de decisão.
Sendo assim, a avaliação psicológica é uma área de estudo
específica para os psicólogos e o Conselho Federal de Psicologia (CFP)
a define como um “processo técnico-científico de coleta de dados, es-
tudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psico-
lógicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade
utilizando-se para tanto de estratégias psicológicas (métodos, técnicas
e instrumentos)” (RESOLUÇÃO DO CFP 007/2003).
Em resumo, a avaliação psicológica é um procedimento que
demanda toda uma investigação, técnica e permite ao sujeito passar
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por um processo de autoconhecimento. Para isso, são utilizados de
métodos científicos e instrumentos que são próprios do estudo da psi-
cologia para coleta de dados suficientes à elaboração da avaliação, ca-
pazes de fomentar o estudo que será feito sobre o sujeito e, depois da
interpretação das informações necessárias, o profissional vai proceder
com o diagnóstico ou, em casos pontuais, vai traçar apenas o perfil psi-
cológico daquele indivíduo.
Tudo é levado em consideração, inclusive os fenômenos psi-
cológicos resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, já que
o modo como o indivíduo é, torna-se fruto de uma interação entre suas
características pessoais e o ambiente no qual ele esta inserido. Deste
modo, sobre a avaliação, destaca-se que a mesma:

É importante lembrar que a avaliação psicológica pode ser um importante


momento de escuta, uma chance para que o próprio sujeito possa
compreender a sua realidade, adquirindo assim uma visão crítica de si
mesmo e do mundo, portanto uma ação que pode ser transformadora em
si mesma. Talvez uma das possibilidades para uma avaliação psicológica
mais próxima da realidade do indivíduo atendido seja que os instrumentos
de avaliação sejam utilizados pelos psicólogos como um meio de facilitar o
diálogo com o paciente (CESCON, 2013, p. 07).

Através de uma pesquisa realizada pelo Sistema de Avaliação


dos Testes Psicológicos (SATEPSI), Criado pelo Conselho Federal de
Medicina em 2010, 40 profissionais da psicologia e 40 estudantes res-
ponderam indagações acerca da avaliação psicológica que são próprios

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do estudo da psicologia. Os resultados obtidos constam na tabela 1 a
seguir:

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Tabela 1 – Definição de avaliação psicológica segundo profissionais e
estudantes.
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Fonte: Mendes (2013, p.01).

Diante das respostas obtidas, foi possível chegar às seguintes


conclusões (MENDES, 2013):

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Conforme pode-se observar na Tabela infra anexada os resultados
obtidos nesta pesquisa mostraram que os profissionais e estudan-
tes apontam uma visão sobre a avaliação psicológica assim como a
divulgada no senso comum, qual seja, que a avaliação psicológica é
realizada como procedimento de aplicação de testes, utilização de
instrumentos, técnicas, métodos, mensuração e prática psicológica.

Equivoca-se quem pauta a realização da avaliação psicológica


somente como a aplicação de um teste qualquer, pois, ao contrário do
que o senso comum culmina, a avaliação é realizada em diferentes ce-
nários e é muito importante para verificar aptidão em situações de risco,
por exemplo.
Por fim, é claro que apenas o psicólogo é considerado um pro-
fissional apto a exercer a função de avaliador e aplicar avaliações psi-
cológicas e outros testes de base psicológica.
• PSICODIAGNÓSTICO
O psicodiagnóstico é uma forma específica de avaliação psico-
lógica, essa espécie de avaliação é conduzida por meios clínicos e tem
como objetivo identificar fraquezas ou forças no funcionamento psíqui-
co. Por essas e outras características, a figura 1 abaixo demonstra as
diferenças entre avaliação e psicodiagnóstico:

Figura 1 – Avaliação e Psicodiagnóstico

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA X PSICODIAGNÓSTICO

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• POSSUI MAIS
AMPLITUDE
QUE O • VINCULA-SE À PARTE
PSICODIAGNÓSTICO CLÍNICA
• OBJETO DE ESTUDO:
• OBJETO DE ESTUDO: INDIVÍDUO OU GRUPO
INDIVÍDUO, GRUPO OU
INSTITUIÇÃO.

Fonte: Elaborada pela autora (2020).

Desta forma, o psicodiagnóstico visa reconhecer os pontos for-


tes, bem como os pontos fracos no pensamento do indivíduo. Ainda,
possui como expectativa, a descrição e a cognição de maneira mais
profunda possível da personalidade do sujeito e do seu grupo familiar.

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Diante disso, o psicodiagnóstico também pode ser realizado compreen-
dendo o grupo familiar do indivíduo e não somente de forma individua-
lizada.
Conforme preceitua Maria Luisa Siquier Ocampo e et al, (2005,
p. 35), o processo psicodiagnóstico é dividido em quatro partes:

1. PRIMEIRO CONTATO E ENTREVISTA INICIAL: Pode ocor-


rer apenas com o indivíduo ou com o indivíduo e seus familiares.

2. APLICAÇÃO DE TESTES E TÉCNICAS PROJETIVAS: Se-


lecionados de acordo com cada caso específico.

3. ENCERRAMENTO DO PROCESSO: Aqui ocorre uma entre-


vista devolutiva, com o objetivo de comunicar ao sujeito o que se passa
com ele e orientá-lo com relação à conduta a ser seguida.

4. INFORME ESCRITO OU LAUDO: Nos casos em que ocorre


encaminhamento para outro profissional que solicitou a avaliação do
paciente.

• INSTRUMENTOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA


Como se verifica no começo deste capítulo, a avaliação psi-
cológica tem por escopo chegar a um desfecho acerca de questões
psicológicas. Isso acontece através de uma entrevista, com o intuito de
investigar e mensurar determinadas características de personalidade
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do indivíduo, nas quais se pode identificar cognição, inteligência, perso-


nalidade, atenção e outros.
A conceituação de entrevista psicológica é exposta por Almei-
da (2004, p. 37) da seguinte maneira:

Uma entrevista, na prática, antes de poder ser considerada uma técnica,


repetindo, deve ser vista como um contato social entre duas ou mais pesso-
as. O sucesso da entrevista dependerá, portanto, da qualidade geral de um
bom contato social, sobre o qual se apoiam as técnicas clínicas específicas.
Desse modo, a execução da técnica é influenciada pelas habilidades inter-
pessoais do entrevistador.

Machado et al. (2008) ressalta que outro instrumento é o teste


das Pirâmides Coloridas de PFISTER, instrumento que é utilizado com
base no estudo das formas e cores. A partir deste mecanismo, a avalia-
ção psicológica faz uma relação entre as cores e o estado de espírito
do indivíduo, para que assim, haja um diagnóstico que defina o estado
emocional e psíquico dessa pessoa.
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Especificamente quanto aos instrumentos utilizados na avalia-
ção, a Cartilha Sobre Avaliação Psicológica do Conselho Federal de
Psicologia (CFP, 2007), diz que:

A Resolução CFP n° 002/2003, no artigo 11, orienta que “as condições de uso
dos instrumentos devem ser consideradas apenas para os contextos e pro-
pósitos para os quais os estudos empíricos indicaram resultados favoráveis”.
O que esse artigo quer dizer é que a simples aprovação no SATEPSI não
significa que o teste possa ser usado em qualquer contexto, ou para qualquer
propósito. A recomendação para um uso específico deve ser buscada nos
estudos que foram feitos com o instrumento, principalmente nos estudos de
validade e nos de precisão e de padronização. Assim, os requisitos básicos
para uma determinada utilização são os resultados favoráveis de estudos
orientados para os problemas específicos relacionados às exigências de
cada área e propósito.

Nesta perspectiva, na pesquisa anteriormente apresentada,


conforme Mendes (2013, p. 02), estudantes e profissionais ao serem in-
dagados por pesquisa do SATESPI, concluíram que as respostas mais
citadas estão os seguintes instrumentos de coleta de dados: testes,
entrevistas, questionários, anamnese, escalas, observação. Quanto
às respostas em relação à atuação psicológicas foram mais citadas as
respostas: escuta, anotação, abordagem e atenção. Na figura 2 abaixo
constam as respostas destes estudantes:

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Figura 2 – Métodos para utilizar durante avaliação psicológica
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Fonte: Mendes (2013, p.02).

Como se vê na figura acima, todos os itens mencionados são


considerados tipos de instrumentos que podem ser utilizados na ava-
liação psicológica. O que a pesquisa buscou demonstrar é que alguns
destes mecanismos são mais utilizados pelos profissionais que outros,
ou seja, são de uso frequente e tem melhor aplicação na prática, além

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de serem utilizados em casos que correspondem aos tipos mais co-
muns de avaliação e teste.
Neste contexto, Machado e Morona (2007, p. 17), afirmam so-
bre os métodos de avaliação que:

Avaliar nunca é simples, nem rápido, nem fácil. A respeito da dimensão


técnica, o psicólogo necessita ter, antes de qualquer coisa, um vasto co-
nhecimento em relação às técnicas que pretende utilizar, assim como uma
possibilidade de crítica consciente em relação aos instrumentos de avalia-
ção que utiliza (testes, dinâmicas de grupo,observação, entrevista e outros).
Aprendemos mecanicamente na faculdade como aplicar diversas técnicas,
mas não experienciamos a integração dos dados obtidos, a análise acurada
dos mesmos, o levantamento de hipóteses a partir dos dados coletados, a
dinâmica, afinal, que sempre estará presente em um processo de avaliação.
Sempre, por melhor que tenha sido a formação do psicólogo, ele deve buscar
cursos de pós-formação para aperfeiçoar os seus conhecimentos.

Apesar dos exemplos apresentados na figura anterior, a avalia-


ção psicológica abrange outras inúmeras possibilidades de instrumen-
tos avaliativos. O importante é que o profissional utilize o que segue os
preceitos da psicologia e que se adéque ao caso concreto para identifi-
car a patologia ou demanda da pessoa avaliada.

• AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA x TESTAGEM PSICOLÓGICA


Neste ponto, verifica-se que a avaliação psicológica pode ser
diferenciada quando comparada a testagem psicológica, contudo, mui-

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tas vezes estes dois termos são confundidos e tratados como sinônimos.
Desta maneira, pode-se diferenciá-las da seguinte forma: a
avaliação psicológica é realizada por meio de vários testes e entrevis-
tas dentro da avaliação; enquanto a testagem psicológica é uma das
etapas da avaliação psicológica onde são realizados testes que servem
como indícios para a formação da patologia do indivíduo. Sobre o tema,
a Resolução do CFP nº 07/2003 narra que:

os resultados das avaliações devem considerar a influência do contexto e


seus efeitos no psiquismo, devendo servir como instrumentos para atuar não
somente sobre o indivíduo, mas na modificação dos condicionantes históri-
cos e sociais (CFP, 2003 a).

PSICOPATOLOGIA FORENSE

• PSICOLOGIA JURÍDICA
No Brasil, a partir de 1960, ocorreu o reconhecimento da profis-

21
são de psicologia e, a partir daí, foram crescendo progressivamente os
estudos e indagações acerca da profissão.
No âmbito forense, a psicologia teve início no meio criminal
através das avaliações de pessoas com alguma deficiência, como
exemplo, aqueles que praticavam crimes, sendo necessária a investiga-
ção se havia possibilidade do indivíduo entender que estava praticando
um delito ou não.
Mesmo antes de 1960, já existia uma preocupação com a ex-
clusão dos deficientes mentais da sociedade, com isso utilizava-se dos
artifícios da psicologia para analisar os deficientes e o seu grau de defi-
ciência, para que assim, pudessem realizar a exclusão ou não daquele
indivíduo da sociedade.
Hoje, a psicologia não atua somente na área criminal, como
também em outras tantas áreas do direito. Na cível, por exemplo, pode-
mos citar o direito de família, sucessões, direitos da criança e adoles-
cente e etc.
Inclusive, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi
elaborado a partir do auxílio de psicólogos, que ajudaram a estabelecer
medidas punitivas e socioeducativas de crimes cometidos por crianças
e adolescentes infratores.
Especificamente na área do direito de família, têm-se a atuação
da psicologia jurídica dentro dos institutos de regulamentação de visitas,
guarda, adoção, que acontecem através de uma avaliação psicológica,
com a finalidade de constatar se o adotante possui condições psicológi-
cas suficientes para adotar aquela criança ou adolescente.
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Ainda, no instituto da interdição, que é quando uma pessoa


não tem mais capacidade para atuar de forma plena por meio de seus
direitos civis, oportunidade em que a administração dos seus bens é
passada para outra pessoa capaz, por tempo determinado ou não, tam-
bém existe a atuação do psicólogo. Nestes casos, é necessária que
seja realizada a avaliação psicológica para que haja a destituição do
indivíduo que não responde mais pelos seus atos civis.
Na interdição, este procedimento ocorre por meio de avaliação
realizada através de um psicólogo, que figura no processo como perito
judicial, que avaliará todos os aspectos pertinentes ao estudo, expondo
a sua conclusão por meio de um laudo judicial.
Por último, destaca-se que na esfera do direito de família, o
divórcio e separação também possuem atuação direta da psicologia ju-
rídica quando estes processos envolvem a presença de menores de
idade, ou seja, os filhos do casal, por exemplo.
Outras áreas do direito que não foram citadas também são
abarcadas pela psicologia jurídica, desta forma, fica perceptível a im-
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portância deste instituto dentro do direito.
• SEMIOLOGIA
A semiologia é uma ciência que estuda os signos, que são
considerados os elementos centrais do seu objeto de pesquisa. Dentro
da semiologia existem alguns outros seguimentos, como a semiologia
médica, que através dos sinais e sintomas de uma pessoa confere um
diagnóstico e o seu devido tratamento. Na psicologia, a semiologia atua
na psicopatologia, estudando os sintomas e sinais que de transtornos
mentais no indivíduo.
Conforme Dalgalarrondo (2019, p.4) a semiologia é importante
para o estudo das artes e atividades humanas em geral, sendo assim o
signo, considerado o núcleo da semiologia, pode ser um gesto, atitude,
comportamentos, sinais que são trazidos no seio da vida social.
Por ser o elemento principal deste estudo, a psicopatologia vai
identificar os de maior influência comportamental e os sintomas que
o sujeito possui. Isso inclui uma observação minuciosa do profissional
em relação à pessoa, além da análise da vida, das experiências e das
queixas trazidas pelo paciente.
Importante salientar neste tópico e em todos os demais da uni-
dade, que o termo paciente para a psicologia remete a uma ideia mais
clínica. Não significa dizer que um psicólogo não chame a pessoa que
está passando pela terapia de paciente, mas ao citar as abordagens
psicológicas e terapêuticas de todos os tipos, o mais “correto” é não de-
finir o sujeito, pois, paciente é considerado aquele que realmente passa
por um tratamento ou acompanhamento psicológico.

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


Portanto, é nesta sistemática que a semiologia psicopatológica
tem o fulcro de estudar e identificar os signos, ou seja, sinais e sintomas
produzidos por transtornos mentais.
• PSICOPATOLOGIA
A psicopatologia é uma ciência que estuda a natureza essen-
cial da doença mental, as causas, as mudanças funcionais e estruturais,
assim como ocorre a sua manifestação em indivíduos acometidos por
psicopatologias.
Trata-se, então, de uma ciência que observa e identifica todos
os elementos que compõem o transtorno mental.
Como preleciona Dalgalarrondo (2019, p. 5), o estudo da psi-
copatologia inclui uma variedade de fenômenos humanos. Para se defi-
nir um diagnóstico é preciso observar de um lado as vivências, padrões
comportamentais e estados mentais do indivíduo, bem como, as cone-
xões com a psicologia convencional. Vejamos:

23
Então, no campo da psicopatologia, tem-se, por conseguinte, a visão noso-
lógica e organicista da psiquiatria. Trata-se, de um lado, da descrição e taxo-
nomia das várias formas de enfermidade mental, herança da medicina clas-
sificatória dos séculos XVII e XVIII, mediante a qual se definem e diferenciam
as grandes entidades clínicas, cada uma com seu conjunto de sintomas, sua
evolução, prognóstico; de outra parte, da indagação sobre a etiologia das
doenças, da oposição irredutível entre normal e patológico, que marcou a
atividade clínica no final do século XIX(PINHEIRO, p. 13).

Quanto ao diagnóstico de uma psicopatologia, Dalgalarrondo


(2019), afirma que há uma discussão muito acentuada em torno dessa
temática. Segundo ele, existem duas posições extremas que estão mui-
to presentes no âmbito da psicologia. A primeira posição afirma que o
diagnóstico psiquiátrico não tem valor algum já que cada indivíduo pos-
sui o seu modo singular de ser, sendo assim, o diagnóstico só serviria
como rótulo de algum indivíduo.
A segunda posição vai defender que o diagnóstico psiquiá-
trico possui o mesmo valor de diagnósticos de outras especialidades
médicas, desta maneira, é imprescindível considerar os aspectos
singulares, pessoais, o modo de ser de cada indivíduo.
É crucial mencionar que para que haja o diagnóstico eficaz, o
profissional não deve apenas se ater a exames, faz-se necessário um
histórico do paciente, bem como um exame psíquico bem detalhado,
haja vista que, são fatores que podem trazer informações acerca da
patologia que, muitas vezes, alguns exames simples não trazem.
É necessário, ainda, sensibilidade para que o profissional rea-
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

lize a captação de informações para complementar os exames, com


o objetivo de chegar a uma conclusão melhor do diagnóstico de cada
indivíduo.
Este ponto da psicologia é bem delicado, vez que cada pro-
fissional vai defender a sua vertente de atuação. A depender da sua
formação ou tipo de abordagem, encontram-se psicólogos que atuam
em conjunto com a psiquiatria, sistema no qual um confere suporte ao
outro, porém, alguns profissionais não acreditam no diagnóstico e no
tratamento psiquiátrico.
Em resumo, como já foi suscitado, o perfil psicopatológico vai
ser descoberto a partir da análise do conjunto de sinais e sintomas do
paciente em sua história.
Dalgalarrondo (2019, p. 10), afirma que o diagnóstico psicopa-
tológico não acontece baseado em mecanismos etiológicos, quando o
profissional ouve, do paciente, ou de um familiar, uma história de vida
repleta de sofrimentos e traumas psíquicos, muitas vezes o profissional
baseia-se apenas nisso; Dalgalarrondo discorda e diz que o histórico

24
familiar serve apenas como uma hipótese que ajuda no diagnóstico,
ou seja, não se deve levar em consideração apenas esse único fator
etiológico.
Outro aspecto importante quanto ao diagnóstico psicopatológi-
co é que não há sinais e sintomas totalmente específicos de determina-
do transtorno mental, e isso faz com que o diagnóstico fique cada vez
mais complexo de se detectar.
Como exemplo disso, podemos citar os sintomas do transtorno
bipolar e esquizofrenia, ambos possuem a mudança de humor como
sintoma em comum. Conquanto, o diagnóstico de psicopatologia deve
ser realizado a partir de uma totalidade de análises clínicas de modo
não superficial, para que haja equívoco no diagnóstico psicopatológico.
• PSICOPATOLOGIA FORENSE
A psicopatologia forense é considerada uma aplicação dos
conhecimentos e métodos da psicologia nas questões e casos jurídicos.
Na prática, é quando um psicólogo atua em conjunto com o sistema
judiciário para identificar delitos que possuem relação com transtornos
ou doenças mentais.
Atualmente, as estratégias de avaliação psicológica têm obje-
tivo de encontrar respostas ou indicações para soluções de problemas.
Conforme Fraletti, (1987, p.9) as definições de psicopatologia forense
se configuram como sendo uma ciência que depende de outras ciências
afins e auxiliares, isso quer dizer que a psicopatologia não é uma ciên-
cia indepedente.
Ainda sim, o autor distingue as ciências afins e as ciências au-

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


xiliares da segunte maneira: ciências afins são aquelas que possuem o
mesmo objetivo de estudo e as auxiliares são aquelas fornecedoras do
método de estudo a outras ciências.
Fraletti (1987, p.9) ainda cita como sendo afins a psicopatolo-
gia forense as seguintes ciências: Direito penal, Direito civil, a crimino-
logia, ciência penitenciária, a Antropologia criminal e, como auxiliares,
têm-se a medicina, a psicologia e a sociologia. Dessa maneira, a Psico-
patologia Forense:

No aspecto científico da procura de leis gerais, em Psicopatologia Forense, o


que se tem em mira é o estudo e pesquisa do fenômeno delitivo por doentes
mentais e dos distúrbios psíquicos em sentenciados, isto é, formulação de
leis e conclusões sobre a eclosão de crimes por distúrbios psíquicos, suas
causas e maneira de evitá-los, bem como o surgimento e causa de distur-
bios psíquicos em sentenciados, e profilaxia (médico-psiquiátrica, jurídica e
social) dos mesmos. Exemplo de lei (conclusão, ou simples regra psiquiátri-
co-criminológica); Quanto mais intensa e marcante é a perversidade exter-
narda na realização de um delito, ou mais raro o crime se revele, pelo seu

25
tipo, maior a probabilidade de se tratar de uma personalidade psicopática
fria de sentimento (desalmada, amoral) ou de um pseudo-psicopata (encefa-
lopata). É o caso, por exemplo, dos sádicos, autores de estupro ou mesmo
ato sexual com consentimento da vítima, seguindo do retalhamento de seus
corpos (José Pistone e Chico Picadinho) ou de cremação (Caso da Cidade
Univesitária), etc. (FRALETTI, 1987, P. 8).

Os indivíduos praticantes de fato delituoso, geralmente, são


pessoas desestruturadas acerca de valores morais e normativos da
coexistência social. O âmbiente prisional com a suspensão ou limitação
de seus direitos é um ambiente favorável para se compreender a origem
de um crime, ocorre que, muitos não se recuperam por terem persona-
lidade psicopática.
Veja que não estão sendo levados em consideração os pro-
blemas sociais e estruturais do sistema prisional os dos manicômios
judiciários, pois, estamos tratando daquelas pessoas que mesmo com o
devido suporte, ainda manteriam a psicopatia.
Dentre os traços mais marcantes da personalidade de um psi-
copata delinquente está o da frieza de sentimento. Essa característica
nasce com o indivíduo, por isso, não existe cura ou recuperação em
determinados casos, tendo em vista que não tem como excluir este sen-
timento do seu ser.
Fraletti, (1987, p.7) conceitua esses indivíduos da seguinte forma:

São os anti-sociais, associais ou sociopatas, em terminologia sociológica e


criminológica. E o que é pior, conturbam todo ambiente carcerário (inclusive
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

manicômios e hospitais psiquiátricos, com comprovação histórica de sécu-


los), a impedir que os recuperáveis aproveitem a pena como forma de ama-
durecimento psico-social (esruturação de valores espirituais e normativos da
coexistência social).

Deste modo, é papel da psicopatologia forense identificar es-


ses tipos de personalidade de disturbios psíquicos.

O link abaixo corresponde a um material que traz mais informa-


ções sobre a psicopatologia forense e a atuação de profissionais nessa
área. Ainda, faz uma relação interessante entre a visão psicológica e
sua aplicação em casos práticos do Direito, focando mais na parte cri-
minal. Com isso, fornece um conteúdo com base na análise de crimes
chocantes e outros considerados menos graves. LEIA!
26
Disponível em: <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocen-
te/admin/arquivosUpload/4081/material/8%20PSICOPATOLOGIA%20
I%202018.pdf>

DETERMINANTES BIOPSICOSSOCIAIS DO COMPORTAMENTO

O Determinante Biopsicossocial dentro da psicologia foi pro-


posto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1946, como uma
nova forma de entender o ser humano e compreender os processos
de saúde, trazendo o “modelo” ideal que deve ser seguido quanto aos
aspectos biológicos, psicológicos e sociais, e não somente em relação
à ausência de patologias. Simas (2009) ilustra os determinantes biopsi-
cossociais (figura 3) da seguinte maneira: Biológico como sendo a he-
reditariedade, Natureza e saúde física e Espaço físico. Assim, o socio-
lógico é a cultura, normas e valores do indivíduo e o psicológico trata-se
da personalidade de cada paciente. Vejamos:

Figura 3 – O homem como ser biopsicossocial

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Simas (2009).


27
Sobre as determinantes biopsicossociais, SEABRA (2011, p.
326) também afirma que:

Entende-se por aspectos biopsicossociais aqueles relacionados à comple-


tude do indivíduo, proporcionando uma visão integral do ser e do adoecer,
compreendendo as dimensões física, psicológica e social.

Essa determinante permite que se possa pensar em saúde a


partir do corpo, da mente e dos processos sociais. Posto isto, ao invés
de focar em apenas um desses requisitos, serão feitas outras leituras
em conjunto para se diagnosticar alguma patologia no paciente. Marco
(2006, p.5) assegura que:

A perspectiva que tem como referência o modelo biopsicossocial tem-se


afirmado progressivamente. Ela proporciona uma visão integral do ser e do
adoecer que compreende as dimensões física, psicológica e social. Quando
incorporada ao modelo de formação do médico coloca a necessidade de
que o profissional, além do aprendizado e evolução das habilidades técnico-
-instrumentais, evolua também as capacidades relacionais que permitem o
estabelecimento de um vínculo adequado e uma comunicação efetiva.

O psicólogo deve achar sempre um acordo entre o que a OMS


propõe em relação às determinantes biopsicossociais e o que sua pró-
pria teoria psicológica também propõe, já que, muitas vezes nem sem-
pre é a mesma indicação.
Como exemplo, podemos citar um paciente com alcoolismo,
que através de uma avaliação psicológica vai contar a sua história com
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

o álcool, momento em que o profissional que está realizando a avalia-


ção precisará ter como base o modelo biopsicossocial para lidar com a
patologia daquele segmento específico.

• MODELO BIOMÉDICO X MODELO BIOPSICOLÓGICO


Conforme o posicionamento de Araújo (2016, p.01), o modelo
biomédico é aquele no qual se apresentam visões mecanicistas, orga-
nicistas e reducionistas acerca das patologias psicológicas, o que resta
dizer que, o modelo biomédico não oferece respostas satisfatórias aos
anseios da psicologia. Pela visão biomédica, entende-se que as doen-
ças são padronizadas, levando em consideração também as questões
biológicas, mensuráveis e quantificáveis, deixando de lado qualquer ou-
tro tipo de aspecto, como o mental. Ainda de acordo com Araújo (2016,
p.02):

O modelo biomédico está firmemente assente no pensamento cartesiano.


Descartes introduziu a rigorosa separação de mente e corpo, a par da ideia

28
de que o corpo é uma máquina que pode ser completamente entendida em
termos da organização e do funcionamento de suas peças. De acordo com
este modelo, uma pessoa saudável seria como um relógio bem construído
e em perfeitas condições mecânicas; uma pessoa doente, um relógio cujas
peças não estão funcionando apropriadamente.

Por esta razão, o modelo biopsicossocial se difere do modelo


biomédico, à medida que, segundo essa teoria, todos os aspectos, se-
jam eles, físicos, psicológicos ou sociais devem ser levados em consi-
deração para uma avaliação plena. Neste contexto:

A Psicologia Analítico- comportamental explica os transtornos psiquiátricos


através da intervenção de modelos interativos e experimentais vendo o su-
jeito único em sua inter-relação com o ambiente (interno e externo) e sua
história comportamental, através da tríplice contingência (filogenético, onto-
genético e cultural), mostrando-se, deste modo mais adequada para expli-
car e tratar a depressão numa perspectiva interativa e sistêmica (ARAÚJO,
2016, p. 01).

Por conseguinte, levando em consideração que o modelo bio-


médico acredita apenas em aspectos biofisiológicos do sujeito, dei-
xando de lado toda patologia que envolva outras referências, é que a
psicologia analítico-comportamental conceitua e desenvolve a Teoria
Biopsicológica, visando à análise integral do homem através da tríplice
avaliação, como proposta de modelo de saúde eficaz, tomando como
base os segmentos biológico, psicológico e social.

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

29
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Perito Cri-
minal Federal - Área 12
Julgue o item subsequente, relativo à psicopatologia forense.
No Código Penal brasileiro, a expressão desenvolvimento mental
retardado se refere à psicose, à epilepsia e à demência.
( ) Certo
( ) Errado

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Perito Cri-
minal Federal - Área 12
Julgue o item subsequente, relativo à psicopatologia forense.
A esquizofrenia é uma das psicoses encontradas com mais fre-
quência nos réus que se submetem a exame de imputabilidade
penal, sendo esses periciandos, geralmente, considerados inim-
putáveis.
( ) Certo
( ) Errado

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Perito Cri-
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

minal Federal - Área 12


Julgue o item subsequente, relativo à psicopatologia forense.
Em casos de psicopatia, observa-se mais o uso de violência ins-
trumental do que o de violência reativa, a qual é mais própria dos
transtornos da personalidade.
( ) Certo
( ) Errado

QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: CONSULPLAN Órgão: TJ-MG Prova: Estágio -
Psicologia
“A psicopatologia, em acepção mais ampla, pode ser definida como
o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental
do ser humano. É um conhecimento que se esforça por ser sis-
temático, elucidativo e desmistificante. Como conhecimento que
visa ser científico, não inclui critérios de valor, nem aceita dogmas
ou verdades a priori. O psicopatólogo não julga moralmente o seu
30
objeto, busca apenas observar, identificar e compreender os diver-
sos elementos da doença mental.” (Dalgalarrondo, 2000.) É possí-
vel afirmar, pois, que a psicopatologia pode ser concebida como
um segmento de estudos e pesquisas da psicologia que fornece
diversas informações e conhecimentos sobre os transtornos psi-
cológicos para diferentes áreas profissionais, inclusive no âmbito
jurídico, por evidenciar implicações forenses nas áreas penal e cí-
vel. Tendo isso em vista, na interface com a justiça, essa temática
A) estabelece critérios de julgamento entre capazes e incapazes.
B) exclui possibilidades de limitações no que tange ao trabalho e à ces-
sação do mesmo
C) destitui a dicotomia existente entre verdade e mentira, bem como
inimputabilidade e risco.
D) apresenta importante relevância ao oferecer a possibilidade de dis-
cernimento acerca da imputabilidade ou inimputabilidade.

QUESTÃO 5
Ano: 2006 Banca: CESPE Órgão: MPE-TO Prova: Analista - Psico-
logia
Em uma perícia forense, o psicodiagnóstico avalia o estado men-
tal, a capacidade para o exercício de funções de cidadão e o com-
prometimento psicopatológico, que eventualmente estejam as-
sociados a infrações da lei. Os resultados descrevem o que uma
pessoa pode, ou não, fazer no contexto da testagem, mas cabe ao
psicólogo inferir as atitudes dela na vida cotidiana. Nesse caso,

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as respostas fornecem subsídios para instruir decisões de caráter
vital para o indivíduo.
( ) Certo
( ) Errado

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Atualmente, a avaliação psicológica é usada em vários setores da so-


ciedade, tendo em vista aspectos organizacionais, clínicos, educacio-
nal, orientação profissional, jurídico, entre outros. Nesse sentido, con-
ceitue o que pode ser entendido como avaliação psicológica?

TREINO INÉDITO

Assunto: Psicopatologia Forense


A psicopatologia judiciária ou a psiquiatria forense é responsável por
abordar os aspectos psicológicos das perturbações mentais do ponto
31
de vista da aplicação da justiça. Nesse sentido, assinale a alternativa
correta quanto à psicopatologia forense
A) Patologia Social
B) Impulsos
C) Comportamento violento
D) Todas as alternativas estão corretas

NA MÍDIA

Defesa de acusado de matar transexual nos Ingleses alega insanidade mental


de réu

A defesa de Dik Greison Isidoro da Silva, de 22 anos, acusado de matar


a pauladas a transexual Jennifer Celia Henrique, a Jenni, em março do
ano passado no bairro Ingleses, em Florianópolis, iniciou um requeri-
mento de incidente processual em que alega a insanidade mental do
réu. O pedido da defensora pública Michele do Carmo Lamaison entrou
no sistema do poder judiciário no dia 14 de junho, com a informação de
que Silva está internado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiá-
trico, que funciona dentro do complexo penitenciário da Agronômica,
onde ele está preso desde abril de 2017.
Fonte: NSC Total
Data: 20/06/2018
Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/defesa-de-acusa-
do-de-matar-transexual-nos-ingleses-alega-insanidade-mental-de-reu
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NA PRÁTICA

CONHEÇA 4 EXEMPLOS DE TESTES PSICOLÓGICOS E A SUA IM-


PORTÂNCIA

O teste de Administração do Tempo (ADT), o teste palográfico, o G-36 e


o teste de Atenção Concentrada (AC) são apenas alguns dos exemplos
de testes psicológicos que podem ser aplicados em processos de R&S.
Quantos exemplos de testes psicológicos você conhece? Quem traba-
lha com recrutamento e seleção sabe o quanto esse tipo de avaliação é
importante para identificar novos talentos.
Dependendo do tipo de aspecto comportamental e de personalidade
que se deseja identificar nos candidatos, é possível utilizar diferentes
tipos de testes.
Confira neste post como eles funcionam e saiba mais sobre alguns dos
modelos mais utilizados nos processos de seleção.
32
Fonte: http://www.kenoby.com/blog/exemplos-de-testes-psicologicos/

PARA SABER MAIS

Filme sobre a temática: Duas Vidas


Acesse os links:
Disponível em: <https://www.even3.com.br/lamel/>
Disponível em: <https://www.vetoreditora.com.br/noticia_detalhe.as-
p?idJetinfo=9687>

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

33
TIPOS DE
TRANSTORNOS
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

Neste capítulo, serão abordados alguns tipos de transtornos


em indivíduos, dentre os quais, estão os transtornos de personalidade;
os transtornos afetivos; os transtornos mentais no CID 10; os trans-
tornos cognitivos e a capacidade de imputação e inimputabilidade das
pessoas que possuem transtornos mentais.

A CAPACIDADE DE IMPUTAÇÃO E INIMPUTABILIDADE DO INDIVÍ-


DUO COM TRANSTORNO MENTAL

• IMPUTÁVEIS
A imputabilidade penal compreende a responsabilização do in-
divíduo a determinado crime ou infração penal, logo, o inimputável é
aquele indivíduo em que não se pode atribuir responsabilização pela
ação cometida.
Para que o indivíduo seja considerado plenamente capaz de
responder por seus atos, são necessários três requisitos:

34
- Consciência;
- Domínio da vontade de realizar o ato;
- Ter consciência da ilicitude desse fato.

Se a pessoa possuir esses três requisitos é considerada impu-


tável, todavia, se possuir apenas um, ou dois, será um inimputável ou
semi-inimputável.
É necessário informar que o ordenamento jurídico brasileiro
não traz uma definição específica para a imputabilidade, portanto, a
jurisprudência fez o papel de conceituar o termo, de modo que preencheu
a lacuna deixada pela lei.
Neste sentido, Mirabete (2001, p. 210) apresenta que a “Im-
putabilidade é, assim, a aptidão para ser culpável”. Deste modo, a im-
putabilidade pode ser definida pela capacidade de uma pessoa com-
preender a ilicitude do ato realizado, demonstrando plenas condições
de domínio da sua vontade, de modo que não lhe pode ser atribuída a
exclusão da culpabilidade.

• INIMPUTÁVEIS
Ao compreender o conceito de imputabilidade, resta claro que
a inimputabilidade é o contrário e significa que o sujeito não tem capa-
cidade de compreender um fato como criminoso.
A inimputabilidade pode ser definida a partir do critério biopsi-
cológico, que é a capacidade de alguém responder por um ato típico,
antijurídico, ou seja, por um crime. O inimputável é aquele que não reco-

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


nhece os seus atos, ocorre geralmente que essa pessoa não consegue
atribuir as características necessárias de um ilícito penal, pois, não faz
o liame entre a sua ação e o fato delituoso, é como se essa pessoa não
entendesse o conceito de crime ou, psicologicamente, do que é “bom
ou ruim”.
Desta forma, o inimputável possui tratamento jurídico diverso
daquele que tem capacidade mental plena de saber que cometeu um
ato ilícito.
Na regra geral, todo aquele que comete crime deve ser respon-
sabilizado por sua conduta, contudo, o Código Penal Brasileiro exce-
tua as pessoas consideradas inimputáveis, pois, estas não podem ser
responsabilizadas, como se observa o art. 26 do Código Penal:

Art. 26 - Inimputáveis. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença


mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

35
Dessa maneira, conclui-se que a imputabilidade é regra, en-
quanto a inimputabilidade é claramente uma exceção.

• CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE
As causas da inimputabilidade estão taxativamente previstas
no Código Penal, que estabelece como causas de exclusão da imputa-
bilidade: A doença mental, o desenvolvimento mental incompleto, o de-
senvolvimento mental retardado e a embriaguez completa proveniente
de caso fortuito ou força maior.
Insta salientar que as três primeiras opções supracitadas estão
previstas no art. 26, caput, e, a última, no art. 28, §1°, ambos do CP.
No mais, o art. 23 do mesmo Código, estabelece a menoridade
como causa de inimputabilidade em combinação e sujeição ao ECA.
Ao final, do ponto de vista processual, o Código de Processo
Penal aborda o tema em seu art. 149, § 1°, do capítulo VIII - Da Insani-
dade Mental do Acusado, a seguir:

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acu-


sado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Pú-
blico, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão
ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
§ 1º O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, me-
diante representação da autoridade policial ao juiz competente.
§ 2º O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exa-
me, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo
quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento.
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

Ou seja, se for necessário o juiz poderá ordenar a realização


de exame médico legal a requerimento de qualquer uma das figuras
acima citadas, para constatar se o sujeito sofre de algum transtorno
mental.
Dessa maneira, todas as causas de inimputabilidade serão es-
tudadas com mais ênfase nos próximos tópicos:

MENORIDADE
Como foi dito, são inimputáveis os menores de dezoito anos.
Os menores de dezoito, mas maiores de doze anos, quando cometem
alguma infração penal ganham um tratamento diferenciado, visto que
o ato praticado não é considerado crime e sim um ato infracional. Este
menor, será regido pelo ECA e será responsabilizando de acordo com
as medidas socioeducativas previstas no estatuto.
Em relação aos menores de doze anos, estes não terão regi-
mento pelo ECA e nem pelo Código Penal, ou seja, não responderão

36
por nenhum tipo de crime e nem por ato infracional.

INSANIDADE MENTAL
As pessoas com insanidade mental se encaixam na classe
dos inimputáveis, pois, são aquelas acometidas por transtornos que as
impedem de possuir 100% de capacidade para cometer algum crime,
sendo assim, ao invés de serem apreendidas como os demais imputá-
veis, primeiro haverá um procedimento diferenciado que será adotado,
através de medidas de segurança, que alcança desde a internação, tra-
tamento e encontro da cura, ou até mesmo por tratamento que seguirá
pelo resto da vida. Neste sentido:

A legislação nova prevê, com simplicidade, só duas espécies de medida de


segurança, que são a internação em hospital de custódia e tratamento psi-
quiátrico e a sujeição a tratamento ambulatorial (art. 96 do CP). A primeira
modalidade, constituída pela clássica configuração de cunho institucional,
supõe o recolhimento ao convencional manicômio (art. 99 da LEP). Já a se-
gunda imagina a submissão a regime terapêutico em liberdade, ambas sob
controle médico, porque visando a fins curativos exclusivamente (DOTTI,
2009, P.290).

Por esse motivo, os inimputáveis geralmente são direcionados


a manicômios judiciais ou clínicas.
Para tanto, essas pessoas devem ser avaliadas por médicos
especialistas, que deverão verificar o caso concreto de acordo com os
seguintes quesitos:

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


Primeiro: avalia-se a plena capacidade do indivíduo de enten-
der o caráter ilícito da sua conduta, ou seja, verificar se aquela pessoa
consegue compreender de verdade a situação ocorrida;
Segundo: analisar se a pessoa consegue se determinar por
esse entendimento. Como exemplo, cita-se o indivíduo acometido
do transtorno de cleptomania (doença que faz com que o sujeito não
consiga para de furtar objetos), em uma situação como esta, o sujeito
compreende que a sua conduta é errada, porém, o cleptomaníaco não
consegue controlar suas ações e continua furtando.

Sobre a doença mental, entendemos que:

Pela redação utilizada pelo Código deve-se dar abrangência maior do que
tradicionalmente lhe concederia a ciência médica para definir uma enfermi-
dade mental. Por doença mental deve-se compreender as psicoses, e, como
afirmava Aníbal Bruno, aí se incluem os estados de alienação mental por
desintegração da personalidade, ou evolução deformada dos seus compo-
nentes, como ocorre na esquizofrenia, ou na psicose maníacodepressiva e

37
na paranóia; as chamadas reações de situação, distúrbios mentais com que
o sujeito responde a problemas embaraçosos do seu mundo circundante; as
perturbações do psiquismo por processos tóxicos ou tóxico-infecciosos, e fi-
nalmente estados demenciais, a demência senil e as demências secundárias
(CLASSIFICAÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS E DE COMPORTAMEN-
TO CID 10, 2014).

Então, a conclusão para esses indivíduos é que são impelidos


de compreender determinados fatos como ilícitos, por serem acometi-
dos de patologias ou transtornos mentais, sendo esta a ideia central dos
inimputáveis.

EMBRIAGUEZ OU INTOXICAÇÃO COMPLETA INVOLUNTÁRIA


A pessoa que sem vontade própria se embriaga ou se droga e
perde a sua capacidade cognitiva em decorrência de um caso fortuito
ou força maior, também é considerada inimputável. Importante ressaltar
que é preciso comprovar se a perda de cognição ocorreu em função de
outro indivíduo ter dado causa ao fato.
Nestes casos, a avaliação psiquiátrica forense ocorre de forma
pericial e as partes ainda podem contratar assistentes técnicos para
acompanhamento da perícia.

• SEMI-IMPUTABILIDADE
Por semi-imputabilidade deduz-se que o indivíduo não era in-
teiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se
de acordo com esse entendimento. Ou seja, ele não era plenamente
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

incapaz, entretanto, ainda restava alguma capacidade de entendimento


naquele indivíduo. Nesta situação, a legislação prevê que será reduzida
a pena, em conformidade com o Código Penal Brasileiro.
Veja que não a semi-imputabilidade permite a culpabilidade, ao
contrário da pessoa que é considerada inimputável.
Desta forma, há a necessidade de se provar se no momento
da prática de um crime ou do fato delituoso, o indivíduo possuía algum
transtorno mental ou disfunção que aumentassem as chances do come-
timento daquele delito, bem como se mesmo sofrendo de uma patolo-
gia, ainda tinha capacidade cognitiva para entender o seu ato.

TRANSTORNOS MENTAIS NO CID-10

• CONCEITO
Os transtornos mentais também são chamados de síndromes
psiquiátricas. Psicologicamente falando, o transtorno mental é uma dis-

38
função psicológica associada a sofrimento ou prejuízo funcional acom-
panhado de uma resposta que não é típica ou esperada no dia a dia
habitual das pessoas.
A disfunção psicológica refere-se a uma desordem no com-
portamento cognitivo e emocional ou comportamental, como exemplo:
o paciente tem um encontro com alguém e ao invés de se divertir no
encontro passa a noite inteira querendo voltar para casa, mesmo que
não tenha nada a temer, sendo assim, seria um medo imotivado que o
paciente possui. Sobre os transtornos mentais:

Atualmente, reconhece-se como transtornos mentais os problemas classifi-


cados no DSMIV e CID-10, como depressão, ansiedade, autismo e esquizo-
frenia. Também é reconhecido o diagnóstico de atraso mental como um défi-
cit de inteligência, que pode ser leve, moderado, grave ou profunda (ASSIS,
2008 p.2).

Contudo, possuir apenas uma disfunção psicológica não é


suficiente para se configurar um transtorno psicológico, já que esta é
apenas um dos fatores. Ademais, outros fatores que ajudam no diag-
nóstico são: o sofrimento subjetivo ou o prejuízo, que ocorrem quando
o indivíduo fica demasiadamente perturbado, e também a resposta atí-
pica.

• CONCEITO do CID 10
O CID 10 significa CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE
DOENÇAS, bem como o número 10 indica a versão, ou seja, que esta

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


é a atualização de número 10. Esta classificação é um livro que oferece
aos profissionais da saúde os critérios de diagnósticos das doenças
existentes, estabelecendo um código para cada tipo de doença.
Dessa maneira, o livro está em sua décima edição, indicando o
nome e o conceito das doenças por meio de 350 páginas. O CID 10 foi
constituído através do estudo de mais de 900 pesquisadores da área de
saúde mental. Assim, temos que:

A Organização Mundial da Saúde organizou a Classificação Estatística Inter-


national de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, atualmente
em sua décima revisão, conhecido por sua sigla CID-10. Ela possui um ca-
pítulo exclusivo para distúrbios mentais e do comportamento que pretende
estar concordante com o DSM, porém apresenta algumas diferenças signifi-
cativas (ASSIS, 2008 p.2).

No que se refere à saúde mental, o CID 10 traz a classificação


com a letra “F” para os transtornos mentais existentes.
Dentre os transtornos que estão dentro do CID 10,constam os
39
transtornos de humor, os transtornos de ansiedade, os alimentares, os
psicóticos e outros.
A incidência do CID 10 facilita o diálogo entres os profissionais
a níveis nacional e mundial, tendo em vista que estabelece uma padro-
nização classificatória das doenças, para que ambos falem na mesma
língua sempre.
Esse manual é de grande importância, uma vez que é consi-
derado um dos mais utilizados no Brasil, em se tratando de saúde no
geral, tal como é referência judicialmente, indicando a doença sofrida
pelo indivíduo, independentemente do tipo de ação.
Segue abaixo a exemplificação de alguns dos CID’s de trans-
tornos mentais (figura 4):

Figura 4- CID de transtornos mentais


F00-F09 Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos

F10-F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substân-


cia psicoativa

F20-F29 Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes

F30-F39 Transtornos do humor [afetivos]

F40-F48 Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e


transtornos somatoformes
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F50-F59 Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas


e a fatores físicos

F60-F69 Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto

F70-F79 Retardo mental

F80-F89 Transtornos do desenvolvimento psicológico

F90-F98 Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que apa-


recem habitualmente durante a infância ou a adolescência

F99 Transtorno mental não especificado em outra parte


Fonte: Classificação Internacional de Doenças – CID 10

40
TRANSTORNOS COGNITIVOS

• CONCEITO
O transtorno cognitivo também possui a nomenclatura de com-
prometimento cognitivo leve (CCL) ou declínio cognitivo. Este conceito
foi atribuído ao CID-10 através da Classificação Internacional de Doen-
ças em 1993, oportunidade em que foi instituído o nome de Transtorno
Cognitivo Leve. Nessa perspectiva:

Nos últimos anos, o conceito de CCL em idosos tem sido amplamente dis-
cutido na literatura sobre envelhecimento e demência. Refere-se a idosos
que têm algum grau de perda cognitiva quando comparados a pessoas nor-
mais da mesma faixa etária, mas que não preenchem critérios para demên-
cia14,19 podendo representar, em alguns casos, um estágio de transição
entre as alterações cognitivas que fazem parte do envelhecimento normal e
os primeiros sintomas da DA5. Alguns estudos têm sugerido que o CCL pode
representar um fator de risco para DA, tendo em vista a taxa de conversão
para esta patologia, em torno de 10 a 15% ao ano, contrastando com a de
indivíduos normais, em quem ela varia de 1 a 2% ao ano19 (CLEMENTE,
p.1, 2008).

A partir de 1993, já tinha sido estabelecido a não existência de


esquecimentos benignos e malignos, esses prejuízos leves já estavam
associados a estados patológicos e, assim, ficou designada uma obri-
gatoriedade para ser verificada durante a avaliação a presença ou não
desse déficit cognitivo.

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


Inicialmente esses casos de transtornos cognitivos eram bas-
tante associados aos quadros de perda de memória. Então, em 1999
foram estabelecidos os critérios de diagnósticos para o paciente ser
acometido com o transtorno cognitivo.

• CARACTERÍSTICAS
As primeiras características estipuladas para o diagnóstico do
transtorno cognitivo foram as seguintes (figura 5):

41
Figura 5- Critérios para diagnóstico de pacientes com transtorno cognitivo
QUEIXA DE FALTA DE MEMÓRIA

ATIVIDADES DIÁRIAS NORMAIS

PREJUÍZO DA MEMÓRIA COMPARADO A OUTRAS PESSOAS DA


MESMA IDADE

NÃO PODERIA TER QUADRO DE DEMÊNCIA

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

• ESPÉCIES
O Transtorno Cognitivo ou Comprometimento Cognitivo como
é comumente classificado pode ser subdividido em duas principais es-
pécies, quais sejam: o amnéstico e o não amnéstico, conforme demons-
trado na figura 6 abaixo:

Figura 6 - Diagnóstico para os subtipos de comprometimento cognitivo


PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

Fonte: Clemente (2008) adaptado pela autora (2020).

42
Para tanto, Clemente (2008, p.1) distingue os subtipos da se-
guinte forma: No subtipo AMNÉSTICO, no qual o indivíduo acometido
por esse diagnóstico geralmente tem um comprometimento da memó-
ria em alguns episódios, abaixo do que se espera em sua idade, sen-
do assim, classificado em Amnéstico Único domínio. Se por um acaso
ocorrerem déficits em outros domínios do paciente o diagnóstico é de
amnéstico múltiplos domínios. Ademais, o amnéstico único domínio
apresenta a memória preservada podendo haver um ou múltiplos domí-
nios comprometidos.

TRANSTORNOS AFETIVOS

• CONCEITO
O Transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma doença caracteriza-
da diante da percepção de oscilações no humor do indivíduo, contudo,
não se trata da oscilação de humor habitual das pessoas, como quando
se ganha algo ou se deixa de ganhar. Nessa espécie de transtorno, o
humor do paciente divide-se em eufórico e depressivo, sendo assim, as
oscilações de humor são normais, exceto para os indivíduos que pos-
suem essas oscilações sem motivos aparentes. Assim como conceitua
(BALLONE, 2005, p.1) em sua obra:

O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é também conhecido como Transtorno


Bipolar do Humor  (TBH) ou, antigamente, como  Psicose Maníaco
Depressiva (PMD). Trata-se de uma doença relacionada ao humor ou afeto

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


e classificada  no mesmo capítulo da  Depressão e da Distimia. O TAB se
caracteriza por alterações do humor, com episódios depressivos e maníacos
ao longo da vida. É uma doença crônica, grave e de distribuição universal,
acometendo cerca de 1,5% das pessoas em todo o mundo. (grifos nossos)

De acordo com a figura 7 abaixo, disponibilizada por meio do


Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, os Transtornos afe-
tivos são subdivididos em Tipo I e Tipo II.

43
Figura 7 -Tipos de Transtornos afetivos

Fonte - DSM.IV Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais - Quarta


Edição (2000).

Conforme assegura Rezin, (2008, p.424), o Transtorno Bipolar


divide-se em Transtorno Bipolar I e Transtorno Bipolar II e apesar de
seus mecanismos fisiopatológicos não estarem 100% descobertos, o
transtorno bipolar I caracteriza-se por alterações de humor com dura-
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

ção de semanas a meses, dentre elas estão a depressão e /ou mania,


já o transtorno bipolar II caracteriza-se por incidência de depressão e
hipomania.

• CARACTERÍSTICAS
Por alguns períodos, o indivíduo que possui esse tipo de trans-
torno torna-se altivo, acreditando conseguir realizar tarefas que normal-
mente não consegue, ou até mesmo, achando que é mais produtivo do
que era antes, faz negócios ilógicos que nunca vão dar certo, mas o
paciente sempre acredita que pode correr bem, realiza muitas compras
se endividando, a hiperssexualidade também é um sintoma encontrado
com indivíduos com esse transtorno.
Com a incidência desse diagnóstico no paciente, as conse-
quências serão físicas, psicológicas, sociais, familiares e uma forma
de apresentação habitual é a alternância do humor no paciente, tendo
épocas em que encontra-se com sintomas depressivos como tristeza,

44
desânimo, vontade de morrer, diminuição no sono, dificuldade para exe-
cutar tarefas e alterna-se com a disposição e uma energia excessiva,
alegria extrema.
Desta maneira, as considerações acima apresentam o que é o
Transtorno afetivo bipolar, que está presente em uma parcela conside-
rável da população e trata-se de uma doença mental grave, passível de
melhora dos sintomas apenas com o acompanhamento psicológico e
outras atividades, a depender do caso.
Todavia, assim como a maioria das doenças mentais, como
depressão, dependência química, o transtorno afetivo bipolar é uma
doença crônica e necessita ter a realização do tratamento médico e
psicológico de médio a longo prazos.

• TRATAMENTO
O tratamento é realizado por meio de estabilizadores de hu-
mor, antidepressivos e o que mais for necessário de acordo com a par-
ticularidade de cada paciente acometido com essa doença, porém, a
maioria dos indivíduos se queixa de um quadro depressivo em vários
episódios anuamente.
Não adianta o sujeito cuidar deste transtorno sem realizar o
devido acompanhamento psicológico ou terapêutico, que é essencial
podendo agir de forma isolada ou conjuntamente com o método psi-
quiátrico.
Mesmo se esse transtorno tiver o devido tratamento e o diag-
nóstico adequado, ainda assim, será necessário que o paciente conti-

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


nue realizando a manutenção do tratamento ao longo da vida, já que
esses transtornos geralmente são movidos por crises e, desta forma,
evita-se a proliferação de novos episódios de crises no futuro, como
irritabilidade extrema ou sintomas depressivos.

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

• CONCEITO
Os Transtornos da personalidade são doenças mentais que
a geralmente afetam os traços emocionais e/ou comportamentais, a
estabilidade e a capacidade de relacionamento de um indivíduo. Para
identificar esse tipo de transtorno, é preciso uma avaliação criteriosa
através de um profissional adequado e experiente, para que haja um
diagnóstico correto, vez que se trata de uma questão psicológica de
difícil definição. Sobre o Transtorno de Personalidade (TP):

45
A partir disso, um transtorno da personalidade (TP) pode ser caracterizado
como “padrão persistente de experiência interna e comportamento que se
desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e
inflexível, começa na adolescência ou início da fase adulta, é estável ao lon-
go do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo”. É comum que pessoas com TP
tenham um repertório limitado de emoções, atitudes e comportamentos para
lidar com os problemas e estresse da vida cotidiana, apresentando respostas
desadaptativas que levam ao sofrimento e/ou prejuízos a si ou aos outros
(MAZER, 2017, p.86).

Para tanto, é necessário analisar cada paciente com transtorno


de personalidade de maneira específica e individual, investigando como
aqueles indivíduos veem a si mesmos ou ao resto das pessoas, analisar
suas crenças, suas estratégias e principais características, atribuindo o
seu perfil cognitivo comportamental, a fim de elucidar cada especificida-
de do transtorno que o indivíduo possui, vez que pode se manifestar de
maneiras diferentes em cada pessoa:

Os comportamentos (ou estratégias) observáveis, todavia, são apenas um


aspecto dos transtornos da personalidade. Cada transtorno e caracteriza-
do não apenas por comportamentos disfuncionais ou associais, mas por um
composto de crenças e atitudes, afetos e estratégias. E possível fornecer
um perfil distintivo de cada um dos transtornos, com base em suas caracte-
rísticas cognitivas, afetivas e comportamentais. Embora essa tipologia seja
apresentada em uma forma pura, devemos lembrar que alguns indivíduos
podem exibir características de mais de um tipo de personalidade. (BECK,
2005, P. 36).
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

Destarte, abordaremos esse tema com foco no transtorno de


personalidade borderline, já que esse é o distúrbio de personalidade
com maior índice de acometimento nos pacientes em unidades de aten-
dimento.

• ESPÉCIES DE TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE


As espécies dos transtornos de personalidade podem ser de-
finidas em:
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE PARANÓIDE: que
ocorre quando o paciente possui desconfianças e suspeitas em relação
a outras pessoas. O indivíduo acometido com este transtorno acredita
estar sendo explorado ou maltratado por outrem.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE: este in-
divíduo está sempre se distanciando de relações interpessoais, para
ele, por exemplo, não é importante possuir relacionamentos ou até mes-
mo fazer parte de uma família.

46
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA: indi-
víduos com comportamentos excêntricos ou com muita dificuldade em
se relacionar são propensos a possuir este transtorno.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL: o pa-
ciente que possui esse transtorno deve ser tratado por possuir incapa-
cidade de se adequar às normas consideradas lícitas.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA: ocorre
geralmente em pessoas que desejam ser sempre o centro das atenções
em tudo, é a busca incessante por atenção e o desconforto quando isso
não acontece.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NARCISISTA: acome-
te indivíduos com falta de empatia e necessidade de admiração, desen-
cadeando inveja em outras pessoas.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE: ne-
cessidade e dependência que sempre alguém tome decisões em sua
vida, necessidade excessiva de ser sempre cuidado, ocasionando uma
diminuição de sua autoconfiança.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIVA: neste caso,
o indivíduo tem medo de se relacionar com outras pessoas em diversas
situações da vida cotidiana por receio de ser ridicularizado.
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO-COM-
PULSIVA: preocupação intensa e perfeccionista com regras, horários,
tarefas e outras situações.

• TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


O transtorno de personalidade, também conhecido como trans-
torno de Borderline, é ainda pouco conhecido não só entre os sujeitos
acometidos por esta patologia, como também entre os médicos.
Como o próprio nome já diz, o transtorno de personalidade ou
Borderline é um transtorno na personalidade do indivíduo, que se ca-
racteriza por determinados sintomas específicos indicados no tópico a
seguir.

• SINTOMAS
O primeiro dos sintomas é uma pessoa que possui grande di-
ficuldade com relacionamentos interpessoais, um indivíduo que se ma-
goa fácil ou que acha que está sempre sendo perseguido, ou seja, essa
pessoa está sempre se machucando nas relações interpessoais que
estabelece. Distúrbios na sua própria identidade também são situações
que caracterizam um indivíduo com este transtorno, pessoas que mo-
dificam constantemente suas vontades. Outro sintoma que chama bas-
tante atenção, porém, é pouco frequente, é uma impulsividade muito
47
grande, isto é, normalmente em uma situação de frustração presen-
ciada em uma relação interpessoal, o indivíduo fica com uma crise de
ansiedade e nesse momento é necessário que o mesmo realize tarefas
de maneira compulsiva para diminuir a ansiedade causada. Exemplo:
comer compulsivamente, usar drogas e sexo compulsivo.
Esses comportamentos são configurados em momentos de cri-
ses que normalmente aparecem quando há frustração com outra pes-
soa, podendo ser um amigo, família, namorado e etc.

• FAIXA ETÁRIA
Normalmente a faixa etária do Transtorno de personalidade
Borderline se desenvolve no final da adolescência ou no início da idade
adulta, compreendido entre os 16 e 22 anos, não há uma idade precisa,
no entanto, acomete geralmente essa faixa de idade.
Quanto a qual tipo de indivíduo que esse transtorno acomete,
geralmente é mais comum nas mulheres, em uma média de 80%.

• CAUSAS
Vale salientar que o transtorno de personalidade é multicausal,
desta maneira, não há o que se falar em uma única causa.
Contudo, dentre elas, ressalta-se que as causas biológicas
também contribuem para este tipo de transtorno, além de questões da
infância e início da adolescência, que podem ser consideradas tipos de
causas.
Na infância, por exemplo, se uma criança não vive num am-
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

biente saudável e adequado as suas necessidades essenciais, pessoais


e idade, seja de alimentação, cuidados com higiene ou até mesmo por
questões sociais, como a presença dos pais e familiares, consequente-
mente, essa criança vai ser mais favorável à desconfiança com vínculos
interpessoais. Vejamos:

Os indivíduos com uma sensibilidade particularmente grande a rejeição, ao


abandono ou a frustração podem desenvolver intensos medos e crenças so-
bre o significado catastrófico de tais eventos. Um paciente, predisposto por
natureza a reagir exageradamente as mais comuns rejeições da infância,
pode desenvolver uma auto-imagem negativa (“Eu não sou digno de amor”).
Essa imagem pode ser reforçada se a rejeição for especialmente grande,
ocorrer um uma época particularmente vulnerável ou for repetida. Com a
repetição, a crença e estruturada (BECK, 2005, P. 38).

Abusos pessoais, físicos e abusos sexuais são fatores que in-


fluenciam em mais de 60% dos pacientes que possuem esse transtorno.
Assim, por fim, a tabela 2 abaixo com dados de 2017 ilustra

48
categoricamente a prevalência de cada espécie do transtorno de per-
sonalidade:

Tabela 2- Prevalência estimada para cada tipo de transtorno de personalidade

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

Fonte: MAZER (2017).

49
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: MPE-AL Prova: Psicólogo
Douglas, 16 anos, foi surpreendido portando grande quantidade
de drogas e uma quantia em dinheiro, durante incursão policial em
sua comunidade. Apurou-se que Douglas abandonou os estudos
no 6º ano do Ensino Fundamental e iniciou o uso de drogas quan-
do tinha 12 anos.
Sobre o caso narrado, em consonância com a legislação vigente,
assinale a afirmativa correta.
A) O tráfico de drogas é considerado crime hediondo e Douglas cumpri-
rá pena em unidade prisional convencional.
B) Douglas, considerando a sanção da lei que reduziu a maioridade
penal, tornou-se imputável e responderá pelo seu delito.
C) Douglas é inimputável por ser dependente químico e cumprirá a me-
dida em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico.
D) Douglas deverá cumprir a medida de internação em entidade de aco-
lhimento institucional que disponha de recursos para sua recuperação.
E) A medida socioeducativa a ser aplicada a Douglas deverá ser cumu-
lada com medidas de proteção como tratamento e escolaridade.

QUESTÃO 2
Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: Secretaria da Criança - DF
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

Prova: Psicologia
A psicopatologia é o ramo da psicologia que se ocupa das causas
e da natureza dos fenômenos psíquico-patológicos e da persona-
lidade desajustada, os chamados transtornos mentais. Em relação
aos sintomas de transtornos que os pacientes apresentam, o psi-
cólogo pode se orientar utilizando o Manual Diagnóstico e Esta-
tístico de Transtornos Mentais (DSM IV), que contempla, de modo
padronizado, cinco dimensões, ou eixos:
I – Transtornos clínicos;
II – Transtornos de personalidade e retardo mental;
III – Condições médicas gerais;
IV – Problemas psicossociais e ambientais;
V – Avaliação global do funcionamento. Considerando-se cada
uma dessas dimensões, é correto afirmar que, no âmbito
A) dos transtornos clínicos, encontram-se os problemas recorrentes ou
crônicos que persistem ao longo da vida e que causam dano social e
ocupacional.
50
B) dos transtornos de personalidade e do retardo mental, encontram-se
sintomas que causam aflição ou dano significante à função social e à
função ocupacional, como os transtornos de ansiedade e a depressão.
C) das condições médicas gerais, encontra-se o nível de funcionamento
geral do indivíduo em relação a atividades sociais, ocupacionais e de
lazer.
D) dos problemas psicossociais e ambientais, encontram-se problemas
como fatores de estresse interpessoal ou eventos negativos que podem
afetar o diagnóstico, o tratamento e o prognóstico dos transtornos psi-
cológicos.
E) da avaliação global do funcionamento, encontram-se os transtornos
físicos que podem ser relevantes para a compreensão e para o trata-
mento do transtorno psicológico.

QUESTÃO 3
Ano: 2019 Banca: IF-TO Órgão: IF-TO Prova: Psicólogo
No processo de crítica da racionalidade diagnóstica, que torna for-
mas de sintoma e de mal-estar parte de um processo social de alie-
nação e de mercantilização do sofrimento, o sistema diagnóstico
desenvolvido pela APA tornou-se um objeto importante, na medida
em que fixa e estabelece uma maneira de pensar e talvez induza
um tipo de psicopatologia que não é necessário nem deveria ser
pensado como hegemônico em termos de pesquisa, de financia-
mento em saúde mental ou de justificação clínica.
CHRISTIAN, Dunker. Questões entre a psicanálise e o DSM. Jornal

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


de Psicanálise 47 (87), 79-107. 2014.
Acerca do Impacto Diagnóstico em Psicologia e Saúde Mental po-
dem ser feitas as seguintes afirmativas, exceto.
A) A atual racionalidade diagnóstica dos manuais psiquiátricos par-
te de um prisma ateórico e prático para pensar as estruturas clínicas
observáveis, constituindo-se como um substituto útil das práticas
clínicas psicoterapêuticas tradicionais.
B) Um diagnóstico visa condensar uma grande quantidade de informa-
ções clínicas em um único signo clínico de forma a orientar o tratamento
e a tornar mais fácil a comunicação entre o terapeuta e seu paciente ou
entre profissionais.
C) É inegável que a adoção de um modelo pragmático por parte dos
manuais diagnósticos atuais traz benefícios como a uniformização da
linguagem clínica dos chamados transtornos mentais e parâmetros
mais evidentes para as pesquisas científicas da área.
D) O diagnóstico psiquiátrico que sempre foi fenomenológico demons-
tra, atualmente, uma tendência a substituir as grandes categorias (neu-
51
rose, psicose maníaco-depressiva, esquizofrenia, toxicomania...) por
descrições especificadas de fenômenos objetivos.
E) O clínico deve estar atento ao fato notório de que conceitos acerca
de uma determinada condição clínica não descrevem apenas tipos na-
turais ou evolução de estados, mas são coletivamente performativos, na
medida em que redefinem a realidade social do paciente.

QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: Prefeitura de Fortaleza - CE Órgão: Prefeitura de
Fortaleza - CE Prova: Psicólogo
“Pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo, com depres-
são, ideias delirantes e incapacitação social não apresentam boas
respostas terapêuticas a um determinado tratamento psicotera-
pêutico. Estudos de preditores de resposta sugerem que esses
fatores diminuem a motivação e impedem a habituação da ansie-
dade.” (ITO, Lígia M. e colaboradores). O referencial terapêutico
citado é a:
A) terapia comportamental.
B) análise experimental do comportamento.
C) terapia cognitivo-comportamental.
D) terapia analítica.

QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: COMPERVE Órgão: UFRN Prova: Psicólogo Clínico
Helena procura atendimento relatando episódios de instabilidade
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

emocional. Segundo ela, há momentos em que se sente perdida-


mente apaixonada pelo seu companheiro, enquanto, em outras
ocasiões, deseja finalizar sua relação. Helena diz ter a sensação de
que ninguém a compreende, que tem tido dificuldade de se manter
em um emprego (já mudou 3 vezes de emprego em 1 ano) e tam-
bém de manter o relacionamento com seus amigos, que terminam
se afastando. Além disso, ela revelou que anda se cortando há 5
meses. O quadro apresentado por Helena indica o diagnóstico de
transtorno
A) de autolesão não suicida.
B) depressivo.
C) bipolar.
D) de personalidade Borderline.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Os relatos envolvendo transtornos mentais são objeto de discussão há


52
muitos séculos, sendo muitas vezes causa de afastamento do indivíduo
do restante da sociedade e, mesmo que hoje em dia os métodos não
sejam iguais, ainda existem vários tipos de preconceitos e situações
que podem servir de gatilho para a apresentação de transtornos psico-
lógicos. Dessa maneira, apresente um conceito para o termo transtorno
mental?

TREINO INÉDITO

Assunto: Transtornos Mentais


Existem vários tipos de transtornos mentais que podem ser classifica-
dos conforme algumas tipologias, nesse sentido assinale a alternativa
correta:
A) Ansiedade
B) Depressão
C) Anorexia
D) Esquizofrenia
E) Todas as alternativas anteriores

NA MÍDIA

TRANSTORNOS MENTAIS ATINGEM 20% DA POPULAÇÃO, REVELA


ESTUDO

Tema recorrente em setores da sociedade, a saúde mental esteve cer-

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


cada de tabus e preconceitos ao longo de décadas, mas nos últimos
anos ganhou visibilidade e se tornou pauta obrigatória em debates
sobre qualidade de vida e bem-estar. Atenta à questão, a Associação
Nacional de Hospitais Privados (Anahp) realizou um workshop com a
participação do presidente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da USP, Wagner Gattaz. 
Logo no início, o médico apresentou dados alarmantes de um estudo, do
qual ele é um dos pesquisadores, realizado com 5 mil pessoas de dife-
rentes situações socioeconômicas, em São Paulo. A pesquisa mostrou
que 20% dos indivíduos participantes tinham transtorno de ansiedade,
11% depressão e 4% abusavam de álcool e drogas. O especialista in-
formou ainda que a depressão atinge o cérebro do enfermo, diminuindo
consideravelmente sua atividade. 
Fonte: Engeplus
Data: 12 de outubro de 2019
Leia a notícia na íntegra: http://www.engeplus.com.br/noticia/sau-
de/2019/transtornos-mentais-atingem-20-da-populacao-revela-estudo
53
NA PRÁTICA

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL STF - SEGUNDO AG.REG.


NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA : AGR-SEGUNDO ACO 0773762-
07.2009.1.00.0000 PA - PARÁ 0773762-07.2009.1.00.0000

DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE. PORTADORES DE TRANSTOR-


NOS MENTAIS. DESATENDIMENTO DOS COMANDOS CONSTITU-
CIONAIS QUE TRATAM DIRETAMENTE DA DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA. DESCUMPRIMENTO DE ENCARGO POLÍTICO-JURÍDICO
– COBRANÇA POR PARTE DA UNIÃO PARA QUE OS RÉUS CUM-
PRAM SUA PARCELA DE RESPONSABILIDADE NO ATENDIMENTO
DA POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES COM
TRANSTORNOS MENTAIS. NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO DO
JUDICIÁRIO PARA A GARANTIA DO NÚCELO ESSENCIAL DE DIREI-
TOS DE PESSOAS VULNERÁVEIS. REPASSE DA UNIÃO COMPRO-
VADO – ACERVO PROBATÓRIO EXAMINADO EM PROFUNDIDADE
– PROCEDÊNCIA DO PEDIDO COM RATIFICAÇÃO DE LIMINAR AN-
TERIORMENTE CONCECIDIDA. FIXAÇÃO DE PRAZO PARA A IM-
PLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS E MULTA EM PATAMAR RAZOÁVEL
– AGRAVOS AOS QUAIS SE NEGA PROVIMENTO. I – o direito fun-
damental à saúde dos portadores de transtornos mentais encontra ar-
rimo não somente nos artigos 5º, 6º, 196 e 197 da Carta da República,
como também nos artigos 2º, §1º, 6, I, d, da Lei nº 8.080/90, na Portaria
3.916/98, do Ministério da Saúde, além dos artigos 2º, 3º e 12, da Lei
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

10.216/01, que, conforme visto, redireciona o modelo assistencial em


saúde mental no Brasil.
II – A linha de argumentação desenvolvida pelo Estado requerido quan-
to a insuficiência orçamentária é inconsistente, porquanto comprovado
que os recursos existem e que foram repassados pela União, não se
podendo opor escusas relacionadas com a deficiência de caixa.
III – Comprovação nos autos de que não se assegurou o direito à saúde
dos portadores de transtornos mentais no Estado do Pará, seja da pers-
pectiva do fornecimento de medicamentos essenciais ao seu tratamen-
to, seja no que diz respeito à estrutura física e organizacional necessá-
rias à consecução dos objetivos previstos pelo legislador constitucional
e também pelo ordinário ao editar a Lei 10.246/01.
Fonte: https://stf.jusbrasil.com.br/

54
PARA SABER MAIS

Filme: Um estranho no ninho


Acesse os links:
Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10772/A-
-inimputabilidade-penal-por-doenca-mental>
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/12564/a-questao-da-inimpu-
tabilidade-por-doenca-mental-e-a-aplicacao-das-medidas-de-seguran-
ca-no-ordenamento-juridico-atual>

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DEPENDÊNCIA
QUÍMICA
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PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

No presente capítulo, a dependência química será abordada


de maneira ampla, para que a sua definição como doença seja com-
preendida de maneira geral e psicológica. Posteriormente, serão verifi-
cados os possíveis tratamentos, a relação entre dependência e direito
e, por fim, qual o papel das políticas públicas neste campo.

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

O estudo sobre dependência química é complexo e está direta-


mente ligado ao consumo de substâncias psicoativas, conhecidas como
drogas. Este fenômeno possui algumas denominações e variações, ten-
do em vista que o termo “dependência” é taxativo e conhecido como
uma doença, atingindo o usuário destas substâncias, à medida que este
passa a suportar a condição de dependente químico, socialmente, psi-
cologicamente, cientificamente e juridicamente.
A sociedade sofreu diversas alterações culturais, sociais e eco-

56
nômicas para chegar ao modo de vida da população média na atuali-
dade. Todas essas mudanças, principalmente as ligadas ao comporta-
mento humano e consumo, contribuíram para o aumento da utilização
de substâncias químicas de todos os tipos, momento em que tal questão
passou a ser tratada como um problema de saúde e não apenas como
uma questão de segurança. Isso também ocorreu devido às inovações
da ciência na farmacologia, na medicina, além da indústria química, que
movimenta economicamente o sistema e fez com que determinados ti-
pos de substâncias fossem chamadas popularmente de “droga”.
Por conta das variáveis que envolvem a dependência, não há
como precisar todos os lados do problema. Neste sentido, o Brasil se
encaixa perfeitamente na ideia de país que passou por mudanças e se
tornou parte do fenômeno do consumo de drogas. Por isso, abordar o
campo da dependência química é verificar todos os gatilhos possíveis
que levaram um sujeito a ser considerado um dependente.
A Psicologia estuda a dependência fazendo menção a vários
termos semelhantes sobre o tema, porém, com diferenças, que no final
conceituam a mesma prática de consumo de substâncias psicoativas
no geral. Dentre estes, pode-se destacar três: a dependência química,
a drogadição e a toxicomania.
Segundo Bento (2006, p. 183), o termo toxicum surgiu ainda
na Antiguidade, quando designava uma substância mortal usada pelos
povos bárbaros para envenenar a ponta das flechas. No entanto, ape-
sar de ser conhecido como veneno, o termo tóxico também significava
remédio, ou seja, um meio de cura. Ferreira e Martini (2001) mostram

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que havia uma relação entre o tóxico e o divino ou o sagrado; por meio
do uso de certas substâncias, alguns povos acreditavam que seria pos-
sível alcançar o sagrado. Como se vê, não havia uma análise quanto à
fórmula e consequências do produto, já que a sua compreensão variava
entre o tóxico e o remédio. Com o passar do tempo, a duplicidade de
sentidos da droga se perdeu no caminho, sendo adotada mais como um
produto ou objeto de consumo.
Antes de estudar a dependência química de forma mais dire-
cionada, é preciso compreender o significado dos dois termos supraci-
tados: A Toxicomania e a Drogadição.
Portanto, a TOXICOMANIA tem origem na palavra “tóxico” e
significa o consumo exacerbado ou compulsivo de substâncias psicoa-
tivas (álcool e drogas) por um indivíduo, que recorre aos meios alter-
nativos ou artificiais das drogas para compensar alguma necessidade
psicológica, como a buscar alegrias e prazeres ou suprimir e/ou negar
algum sofrimento.
O termo MANIA tem relação com a definição de vício, possuin-
57
do vários significados na Psicologia. Mesmo sendo conceituada como
um tipo de distúrbio mental, alguns especialistas acreditam que se a
mania não causar dor ao indivíduo, não pode ser considerada uma pa-
tologia.
Como distúrbio, a MANIA também significa transtorno manía-
co-depressivo, popularmente conhecido como bipolaridade, que é um
tipo de enfermidade sem origem pelo consumo de drogas. Com isso,
a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda o uso do termo
FARMACODEPENDÊNCIA ao invés de TOXICOMANIA, com o objetivo
de evitar conceitos alheios ao verdadeiro sentido do termo.
Na explicação da OMS (1974), o termo FÁRMACO quer dizer
“toda substância que, introduzida no organismo, pode modificar uma ou
mais de suas funções” (p. 15). Por este motivo, ao se tratar de depen-
dência de substâncias ativas sobre o psiquismo, deveria ser utilizado
FARMACODEPENDÊNCIA, que é o “estado psíquico e às vezes físico,
causado pela interação entre um organismo vivo e um fármaco” (OMS,
1974, p. 15). A partir desta nomenclatura, a expressão dependência quí-
mica passou a ser utilizada, sendo a mais popular.
Apesar da recomendação da OMS, a maioria dos psicólogos
ainda costuma a utilizar o termo toxicomania, principalmente, aqueles
que possuem uma formação ou base psicanalítica, em razão do signifi-
cado de “mania” estar ligado a “vício”.
Na sequência, tem-se a DROGADIÇÃO, que é considerada
outra denominação para o consumo de substâncias, todavia, neste
caso, o uso decorre de forma problemática. É uma tradução adaptada
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da expressão em inglês drugaddiction (adição a drogas). Etimologica-


mente, a adição quer dizer submissão, ou seja, consiste em uma rela-
ção de escravidão entre o sujeito e o objeto, pessoa ou algo, logo, este
indivíduo é considerado um adicto.
A drogadição não se iguala à toxicomania, pois, a adição do
indivíduo é apenas relacionada à droga. O Manual diagnóstico e es-
tatístico de transtornos mentais (DSM-V) (American Psychiatric Asso-
ciation [APA], 2014, p. 481) também propõe uma diferenciação entre o
consumo de drogas em excesso, chamado de “transtornos relacionados
à substância”, e os transtornos aditivos, que compreendem “padrões
comportamentais de excesso”, como a adição ao jogo (apud SCHIMI-
TH; MURTA; QUEIROZ, 2018).
Quanto à DEPENDÊNCIA QUÍMICA, em 1930, Freud
(1930/2011 apud SCHIMITH; MURTA; QUEIROZ, 2018) já compreen-
dia o recurso a substâncias psicoativas como uma forma de tentar lidar
com o mal-estar, mas que tinha potência de causar um sofrimento mais
intenso. Hoje em dia, a dependência química é considerada um trans-
58
torno mental e comportamental, bem como está incluída no manual de
Classificação Internacional de Doenças e Problemas relacionados à
saúde (CID-10) (OMS, 1974) e DSM-V (APA, 2014). Sobre a classifica-
ção da dependência como transtorno nesses manuais, destaca-se que:

De forma geral, os manuais apontam não só os danos que as substâncias


podem provocar, mas também as consequências da falta do consumo, no
caso da abstinência. Sendo assim, para uma parcela da ciência, uma droga
pode ser definida por meio de suas propriedades, sejam elas químicas ou
físicas, ou, ainda, por seu mecanismo de ação (Santiago, 2017 apud SCHI-
MITH; MURTA; QUEIROZ, 2018).

Assim, o entendimento da dependência química como doença


não é por acaso, pois, para que haja tratamento, o sujeito precisa se
conscientizar que sofre de um transtorno e que precisa, portanto, se
tratar. Uma vez que a dependência nessas circunstâncias é compreen-
dida como doença crônica, verifica-se que não há como atribuir uma
responsabilidade direta ao indivíduo, das suas ações sob o efeito da
droga, devendo ser atribuída de forma separada, ou seja, em decorrên-
cia da pessoa ou da droga e suas propriedades. Todos esses pontos
são necessários para direcionar o tratamento mais adequado possível,
já que o psicólogo e o psiquiatra precisam saber desses elementos no
momento da terapia e tratamento médico.
Além, das observações anteriores, ainda existe a abordagem
da dependência química de maneira ampla ou stricto sensu. Inicialmen-
te, compreende-se que “uma relação de dependência se estabelece

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quando há um investimento desproporcional do sujeito sobre um objeto
específico, de tal forma que, esse envolvimento prejudique a partici-
pação em outras esferas da vida do sujeito (laboral, afetiva, social)”
(MORGADO, 1985).
Quando a OMS se tornou responsável pelos assuntos relacio-
nados às substâncias psicoativas, “antes de buscar medidas para lidar
com o problema da dependência, deu início a produção de definições
que objetivavam designar o consumo compulsivo de uma determinada
substância e suas características” (SOUZA, 2017). Assim, a dependên-
cia química possui é conceituada pela OMS, mas também possui outras
definições e significados, a depender da origem do estudo e do campo
de atuação.
Como consequência, apesar de trazer vários pontos de vista
sobre o termo dependência química, não existe um completamente cer-
to ou errado, isto é, não há como informar que determinado conceito é
o oficial. Será observado que a OMS defende uma ideia com ligação na
ciência biológica, enquanto a psicologia, por sua vez, aborda o mesmo
59
tema a partir de outra base investigativa.
Deste modo, para chegar ao conceito de dependência, primei-
ro houve uma diferenciação entre hábito e vício e, posteriormente, a
substituição de ambos para “dependência”, por conta do peso agregado
e da moral apurada na palavra vício. “Surge então, a proposta de dife-
renciar as drogas que produziam apenas dependência física, das que
produziam apenas dependência psicológica” (SOUZA, 2017). “Por ob-
servar o consumo compulsivo de substâncias que aparentemente não
produziam dependência, bem como, casos em que ocorria a interrupção
do uso,semgrandesdificuldades,desubstânciascomoamorfina,queseas-
sociavamagrave dependência física” (CRUZ, 2002apud SOUZA, 2017).
Assim, utilizando uma abordagem mais restrita, a OMS definiu
a dependência química como:

“estado psíquico e algumas vezes físico resultante da interação entre um


organismo vivo e uma substância, caracterizado por modificações de com-
portamento e outras reações que sempre incluem o impulso a utilizar a subs-
tância de modo contínuo ou periódico com a finalidade de experimentar seus
efeitos psíquicos e, algumas vezes, de evitar o desconforto da privação”
(OMS, 1994 apud FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007).

A base originária da dependência é questionada por estudos


de várias áreas diferentes. No campo das ciências biológicas, o tema
é abordado com ligação na hereditariedade ou predisposição que uma
pessoa já teria para desenvolver a dependência, sendo considerada
vulnerável. Fisiologicamente, isso não quer dizer que o dependente
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transmite ao seu filho a vontade de consumo, mas sim a alteração or-


gânica do corpo que origina este desejo, facilitando o consumo. Por sua
vez, a medicina também seguiu o modelo de abordagem hereditária da
doença, apoiando-se na eugenia. Contudo, mesmo com o andamento
de muitas pesquisas, a ciência ainda não foi capaz de elucidar alguns
enigmas, justificando novamente o porquê do diagnóstico do dependen-
te ser tão complexo.
Deste modo, diante da falta de exatidão e de acordo com o que
já é sabido, no campo da ciência biológica adota-se “o modelo epige-
nético que compreende a herança genética das vulnerabilidades e sua
modulação ao longo dos anos pelos efeitos ambientais” (SOUZA, 2017).
Assim, “por seu caráter complexo, a dependência química é comparada
a doenças como a diabetes e a hipertensão, em decorrência do seu
efeito genético ser proveniente de vários genes que atuam em conjun-
to, gerando uma situação de vulnerabilidade, junto à ação ambiental”
(MESSAS; VALLADA FILHO, 2004 apud SOUZA, 2017).
Sob esta perspectiva, a OMS produziu um relatório de neuro-
60
ciências sobre o consumo e a dependência de substâncias psicoativas,
no qual a dependência é vista como um transtorno cerebral, que causa
alterações nas funções cerebrais, desde o nível molecular e celular até
alterações em processos cognitivos complexos (SOUZA, 2017). A pos-
sibilidade de herança genética, que venha a explicar as variações de
consumo também é abordada no documento (ORGANIZAÇÃO MUN-
DIAL DE SAÚDE, 2004 apud SOUZA, 2017).
Não obstante o fator da hereditariedade, o uso contínuo de
uma substância também seria justificado pela abstinência, que é o
sentimento de sofrimento causado pela ausência de determinada
substância no corpo.
Com tudo isso, compreende-se que à medida que a ciência
tenta justificar biologicamente a dependência como doença, este mo-
delo é passível de crítica para explicar a patologia, pois, não relaciona
a pessoa com o produto consumido ou nos casos em que não existe
nenhuma ligação com a nosologia1.
No que lhe concerne, a Psicologia não teoriza de forma única a
utilização de substâncias psicoativas e suas causas para a dependên-
cia. Geralmente as suas hipóteses têm como base a relação da pessoa
e o meio, sob a análise psíquica. Dentro deste grande campo, as princi-
pais considerações entre causa e dependência são na teoria de modelo
psicanalítica (personalidade) e comportamental (aprendizagem). Am-
bas apresentam, da sua maneira, explicações para a adição.
Em resumo, o MODELO PSICANALÍTICO trata a dependência
como um sintoma e não como causa, à medida que o dependente faz

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do uso um hábito com a finalidade de vivenciar continuamente as sen-
sações de prazer que as substâncias proporcionam, acarretando em
dependência. A visão psicanalítica considera a busca pelo diagnóstico
e, para desempenhar essa tarefa:

(...) passou a objetivar o conhecimento e reconhecimento das formas de


aparecimento dos transtornos, indo além da identificação categórica, mas
detectando e interpretando o funcionamento de organizações psíquicas in-
conscientes, próprias das alterações manifestas (SAURÍ, 2001 apud SOUZA,
2017).

Para a constatação da dependência, a psicanálise busca ir


além das questões puramente biológicas do problema, analisando e
observando o comportamento do indivíduo. Pois, diante das particulari-
dades que diferenciam as toxicomanias dos outros fenômenos psicopa-
tológicos, o conhecimento sobre este só se dá a partir da fala do sujei-
to identificado como toxicômano (BUCHER, 1992apud SOUZA, 2017).
1 Ramo da medicina que estuda e classifica as doenças.

61
Conforme foi citado no começo deste capítulo, além de dependência
química, também existe o termo toxicomania, que geralmente é o mais
usado pela psicanálise. Dessa maneira, “a psicanálise passa a utilizá-lo
para se referir à intoxicação crônica de substâncias psicoativas” (BEN-
TO, 2006; RIBEIRO, 2008 apud SOUZA, 2017).
Na busca por teorizar a relação de dependência, Freud não fez
ligação direta entre a pessoa e a substância, “mas no vinculo desenvol-
vido com o objeto, ou ainda, na forma como o objeto permite ao sujeito
relacionar-se com os outros ao seu redor” (RIBEIRO, 2008 apud SOU-
ZA, 2017). Entretanto, neste campo, verifica-se que há uma escassez
nas abordagens de Freud exclusivamente sobre as toxicomanias.
Em vista disso, foi a partir dos estudos de Radó (1926), com
a elaboração do conceito de orgasmo farmacogênico (apoiado no con-
ceito de orgasmo alimentar do erotismo oral), que tiveram um efeito
marcante no pensamento psicanalítico (apud SOUZA, 2017). Por con-
seguinte, o consumo da substância psicoativa é articulado no registro à
oralidade, de forma que o sujeito toxicômano viveria a demanda repe-
tida da incorporação de um objeto capaz de lhe restituir a completude
perdida do orgasmo alimentar (BUCHER, 1992; BIRMAN, 2005apud
SOUZA, 2017).
Em contrapartida, a perspectiva acima acarretou no surgimen-
to de “interpretações que abordam uma relação materna insatisfatória,
como se o toxicômano buscasse com a substância psicoativa, uma figu-
ra materna preenchedora, que lhe faltou na história infantil” (BUCHER,
1992; BIRMAN, 2005; MOTA, 2007 apud SOUZA, 2017).
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

Logo, outros estudiosos questionaram a reflexão psicanalítica


relacionada à toxicomania. Souza (2017) narrou as críticas, discordân-
cias e observações da seguinte forma:

As críticas direcionadas a essa interpretação da toxicomania, se dão


pela falta de relação com uma dimensão estrutural dessa modalidade
de funcionamento mental (BIRMAN, 2005). A busca por uma estrutu-
ra exclusiva da toxicomania provoca discordância entre os trabalhos
pós-freudianos, Zafiropoulos (1984) e Olivenstein (1983) pressu-
põem uma estrutura, ou uma preexistência para a toxicomania, que é
de difícil definição (BUCHER,1992). Por outro lado, Melman (1989),
acredita que é a droga que cria o estado de adição por provocar “a
suspensão da existência” (MELMAN, 1989 apud BUCHER, 1992).
Ao questionar essa ideia, Freda (1989), endossa o lugar do sujeito
no desenvolvimento de uma dependência, dizendo que “é o toxicô-
mano que faz a droga”, pois conceder aos efeitos das substâncias
psicoativas a preeminência sobre o desenvolvimento da toxicomania
é concordar com um determinismo mecânico que torna inviável uma
concepção de sujeito (FREDA, 1989 apud BUCHER, 1992).

62
Diante do exposto, resta claro que a psicanálise também não
concluiu por uma resposta final sobre a dependência ou toxicomania,
que ainda passou pela área das estruturas psíquicas: neurose, psicose
e perversão, como se a dependência tivesse o condão de desenvolver
um quarto tipo de estrutura, até chegar à teoria narcisista, concebida
por Freud.
De todo modo, na busca pela origem e causa da dependência,
uma certeza lógica é que o recurso da droga tem um papel quase que
anestésico na vida do dependente, que utiliza uma ou várias substân-
cias como meio de aliviar a sua própria existência, “o sofrimento de
sua divisão subjetiva, o insuportável do impossível da relação sexual
e o mal-estarexistentena cultura e nos laços sociais” (SOUZA, 2017).
Portanto, “é essa diversidade de objetivos, para os quais as substân-
cias psicoativas podem ser utilizadas, que denotam as singularidades
que cada sujeito irá estabelecer com as drogas” (OLIVEIRA, 2010 apud
SOUZA, 2017).
Por outro lado, o MODELO COMPORTAMENTAL defende
que a dependência surge com a intenção que o sujeito tem de mas-
carar sentimentos dolorosos, como a ansiedade, tristeza, raiva ou até
mesmo a depressão. Na tentativa de torná-los indolores, a pessoa tem
como saída à automedicação, gerando a dependência. Isso porque,
“para a teoria comportamental, todo comportamento é consequência da
interação do indivíduo com seu ambiente. São os eventos ambientais
que determinam o comportamento, e nãoa consciência e o autocontro-
le” (SOUZA, 2017).

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Seguindo essa concepção, o consumo de substâncias psicoati-
vas funciona como uma espécie de estímulo, que poderá causar ou não
consequências, a depender do contexto em que são utilizadas. Logo,
a repetição do consumo acontece com o intuito de reforçar e manter o
efeito da substância, seja para recompensar ou para ter prazer, como
para inibir um reforço negativo e aliviar os sintomas da abstinência.
Além das considerações destacadas acima, o modelo com-
portamental ainda levanta outros apontamentos relevantes como à de-
senvolvida por Heyman, a teoria neurobiológica de Kalivas e a teoria
da sensibilização. É interessante que para um aprofundamento maior
sobre o assunto, o aluno leia o material indicado na parte de leitura com-
plementar, adquirindo também o conhecimento sobre estas teorias, que
funcionam como um contraponto as destacadas neste capítulo como
principais.
Ao final, insta salientar que “no que concernem as técnicas,
a abordagem comportamental possui grande reconhecimento no tra-
tamento da dependência, sendo largamente recomendada por guias
63
terapêuticos médicos, pela sua aceitabilidade na área psiquiátrica” (SO-
NENREICH; ESTEVÃO; FILHO, 2000 apud SOUZA, 2017).
No mais, destaca-se “a existência de diversas terapias deno-
minadas cognitivo-comportamentais, havendo em comum entre elas a
influência da cognição sobre o comportamento e a modificação do com-
portamento que pode ser realizado por mudanças cognitivas” (MAR-
QUES; SILVA, 2000 apud SOUZA, 2017).
Desta forma, não há como ter uma única resposta ou um termo
e abordagem de tratamento definido quando se trata de dependência de
drogas, pois, é preciso que o profissional observe todos os fatores que
envolvem a situação e não a parte puramente biológica do dependente,
como também a psicológica e o seu meio.
Assim, sendo a dependência química um transtorno e seguin-
do a definição destacada pela OMS, o Manual de Diagnóstico e Estatís-
tica da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV-TR) define a depen-
dência como um padrão mal adaptativo do uso de substâncias, levando
a prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, caracterizado pela
presença de três ou mais dos critérios a seguir (figura 8), pelo período
de um ano (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007). Vejamos:

Figura 8 – Relação de critérios da dependência segundo a DSM-IV-TR


PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

Fonte: UNASUS – UNIFESP (2018).

De acordo com os “dados do II Levantamento Domiciliar sobre


o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, realizado em 2005 pelo CE-
BRID, 22,8% da população brasileira já fez uso de alguma droga (exce-
to álcool e tabaco) na vida” (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007). Ainda,
destacam que as drogas mais utilizadas são (figura 9):

64
Figura 9 – Drogas mais utilizadas no Brasil

Fonte: UNASUS – UNIFESP (2018).

Portanto, a dependência química não tem causa determinada


ou predefinida, de modo que é desencadeada por uma série de fatores
internos ou externos. Assim, foi analisado que etiologicamente, a cons-
tatação da dependência vai depender da corrente e do tipo de estudo
escolhido pelo profissional. Todavia, nas explicações acima é comum
perceber a presença constante de alguns fatores, mesmo que uma ou
outra teoria defenda a existência de apenas um deles para a origem da
adição do indivíduo. Neste contexto, estão sempre presentes: o meio

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


ambiente, a substância e o indivíduo, que juntos, formam o tripé da de-
pendência química.
Dada essas considerações, pode-se definir que:
• MEIO AMBIENTE: Corresponde ao cenário onde se propor-
ciona o encontro da pessoa com a substância (droga), como a situação
na qual se dá essa relação de consumo. Este ambiente também diz res-
peito ao acesso ou disponibilidade da droga e o significado do seu uso,
a exemplo, cita-se um sujeito que está consumindo bebida alcoólica
em uma festa para ficar mais “animado ou agitado”, situação diferente
de um morador de rua que usa crack para aliviar a fome, embora am-
bas possam ser identificadas como transtorno e, consequentemente,
dependência ou o consumo isolado, bem como para aliviar momenta-
neamente uma necessidade do organismo.
• SUBSTÂNCIA: composto químico, natural ou misto que cau-
sa efeitos na pessoa que a utiliza. Todos os fatores e características da
substância influenciam no grau e intensidade do seu uso, ao ponto em
que pode desencadear a dependência. Assim, deve-se “considerar sua

65
forma de apresentação, acessibilidade e custo, seu modo de uso, suas
características químicas, como o potencial para gerar dependência, e
seus efeitos fisiológicos” (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007).
Deste modo, o grau de penetração da substância no organis-
mo, isto é, na membrana biológica (lipossolubilidade) está ligado à ca-
pacidade de ultrapassar a BHE2. O “Rápido início de ação e intensidade
dos efeitos correlaciona-se como maior ou menor potencial de abuso.
Substâncias com menor meia-vida em geral desencadeiam síndromes
de abstinência mais intensas” (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007).
Neste contexto, as substâncias são classificadas de acordo
com os seus efeitos, em três tipos: Estimulantes do sistema nervoso
central, depressores do sistema nervoso central e perturbadoras do
sistema nervoso central. Abaixo, o quadro 1 demonstra a diferença en-
tre os tipos:

Quadro 1 – Classificação das substâncias psicoativas


ESTIMULANTES DO DEPRESSORES DO PERTURBADORAS
SISTEMA NERVOSO SISTEMA NERVOSO DO SISTEMANERVO-
CENTRAL CENTRAL SO CENTRAL

Aumentam não só a ativi-


dade do sistema nervoso
Fazem parte da percep-
central, mas também do Promovem uma redução
ção do tempo e do espa-
sistema nervoso autôno- das atividades cerebrais e
ço, bem como da realida-
mo, gerando taquicardia, das funções orgânicas de
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

de à volta daqueles que


vaso constrição, hiperten- modo geral. Seus efeitos
as consomem. OLSD3,
são, além de exaltação do se opõem aos dos esti-
a maconha e os cogu-
humor e aceleração do mulantes. Compõem esse
melos, além do ecstasy
pensamento. Nessa classe grupo o álcool, os opioi-
(droga com duplo efeito),
incluem-se a cocaína, o cra- des, os benzodiazepínicos
fazem parte dessa cate-
ck, as anfetaminas, o ecs- e os solventes (FIDALGO;
goria (FIDALGO; NETO;
tasy, a nicotina e a cafeína NETO; SILVEIRA, 2007).
SILVEIRA, 2007).
(FIDALGO; NETO; SILVEIRA,
2007).

Fonte: UNASUS – UNIFESP (2018) adaptado pela autora (2020).

2 A Barreira hematoencefálica (BHE) é uma estrutura de permeabilidade altamente sele-


tiva que protege o Sistema Nervoso Central (SNC) de substâncias potencialmente neurotóxicas
presentes no sangue e sendo essencial para função metabólica normal do cérebro (WIKIPEDIA,
2019).
3 LSD é a sigla de Lysergsäurediethylamid, palavra alemã para a dietilamida do ácido
lisérgico, que é uma das mais potentes substâncias alucinógenas conhecidas (WIKIPEDIA, 2019).

66
• INDIVÍDUO: Basicamente, é a pessoa que faz uso das subs-
tâncias químicas, no entanto, esta é considerada a parte mais complexa
do tripé da dependência, visto que esse sujeito pode se tornar um de-
pendente ou não, inclusive, sendo classificado apenas como um usuá-
rio, o que não o adequa ao título de adicto, a depender da sua relação
com a droga. Esse liame é induzido por fatores de origem “genéticos,
biológicos e psicodinâmicos” (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007). Des-
ta forma, o quadro 2 apresenta:
Quadro 2 – Fatores que influenciam o indivíduo ao consumo de substâncias
FATORES PSICODINÂ-
FATORES GENÉTICOS FATORES BIOLÓGICOS
MICOS
Todas as substâncias com po-
tencial de gerar abuso e de- O dependente químico
pendência agem em diversos pode ser compreendido
sítios cerebrais, promovendo como um indivíduo que
Vários estudos envolvendo interação complexa entre as não completou adequa-
famílias com casos de depen- várias vias de neurotransmis- damente seu processo de
dência química vêm eviden- são. Entretanto, a ativação da individuação, como se, no
ciando a importância do fator via de recompensa cerebral momento de se perceber
genético no desenvolvimento é o elemento comum a todas como pessoa, o fizesse
do quadro. Todos os estudos, elas, gerando reforço positivo frente a um espelho que-
no entanto, são unânimes em (sensação agradável e praze- brado, no qual várias falhas
apontar que apenas parte do rosa), que leva à intensificação e lacunas de seu ego são
fenômeno pode ser explica- do consumo. Assim, tais subs- expostas. Diante dessa si-
da pelos genes, sendo que tâncias agem sobre os corpos tuação, a substância atua
os demais fatores são deter- celulares de neurônios dopa- como um fator de estru-
minantes de sua expressão minérgicos da área tegmental turação do ego, gerando,

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ou não. O gene responsável ventral. Tais neurônios lançam assim, a sensação de pro-
pela codificação do receptor projeções para áreas límbicas, fundo bem-estar, que leva
dopaminérgico D2 parece ter como o núcleo accumbens4·, ao impulso incessante de
papel-chave, uma vez que sua a amídala e o hipocampo (via consumo. (FIDALGO; NETO;
expressão está reduzida nos mesolímbica). Essa via está SILVEIRA, 2007).
pacientes dependentes quími- ligada às sensações subjeti-
cos. Assim, para compensar vas e motivacionais do uso da
esse hipofuncionamento do- substância. Além disso, proje-
paminérgico, esses indivíduos ções para o córtex pré-fron- Fonte: UNASUS –
procurariam formas de esti- tal também são ativadas (via UNIFESP (2018)
mular tal via (FIDALGO; NETO; mesocortical), sendo respon-
SILVEIRA, 2007). sáveis pela experiência cons- adaptado pela autora
ciente dos efeitos da droga, (2020).
bem como pela fissura e pela
compulsão ao uso (FIDALGO;
NETO; SILVEIRA, 2007).

4 Núcleo accumbens, abreviado como NAc, (do latim Nucleusaccumbenssepti, núcleo en-
costado à divisória/septo) é uma parte da via de recompensa, gerando prazer, impulsividade e
comportamento maternal (WIKIPEDIA, 2019).

67
Ao entender o conceito de dependência química e seus fato-
res, é preciso direcionar o sujeito ou paciente que utiliza substâncias,
iniciando com uma AVALIAÇÃO CLÍNICA, objetivando obter informa-
ções e questionar, independente de qual tipo de droga faz uso. FIDAL-
GO; NETO; SILVEIRA (2007) ressaltam as seguintes questões:
- As motivações do uso;
- A quantidade utilizada;
- O padrão de uso;
- Os aspectos circunstanciais do uso;
- Os efeitos obtidos;
- O sentimento pós-uso.

Diante das respostas obtidas, o profissional passa para a próxi-


ma fase, na qual deverá identificar qual o tipo de padrão esta pessoa faz
parte. Dentre a maioria dos padrões de consumo de drogas existentes,
tem-se o uso experimental, o uso recreacional ou ocasional, o uso no-
civo ou abusivo e, por fim, a dependência. Vejamos o conceito de cada
um deles de acordo com o quadro 3 a seguir:

Quadro 3 – Padrões de Consumo


USO RECREA-
USO EXPERI- USO NOCIVO
CIONAL OU DEPENDÊNCIA
MENTAL OU ABUSIVO
OCASIONAL
Há um consumo Há um consumo O paciente apre-
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

frequente da frequente da subs- senta algum pre- Caracterizada


substância, porém, tância, porém, sem juízo concreto de quando os fatores:
sem que se possa que se possa esta- sua saúde física ou meio ambiente
estabelecer qual- belecer qualquer mental ou se expõe substância e indi-
quer tipo de pre- tipo de prejuízo de- a riscos, em decor- víduo estão pre-
juízo decorrente corrente (FIDALGO; rência de seu uso sentes no mesmo
(FIDALGO; NETO; NETO; SILVEIRA, (FIDALGO; NETO; indivíduo.
SILVEIRA, 2007). 2007). SILVEIRA, 2007).

Fonte: UNASUS – UNIFESP (2018) adaptado pela autora (2020).

Após esta análise inicial, FIDALGO; NETO; SILVEIRA (2007


ainda destacam a necessidade de realização de uma pesquisa e de
uma avaliação clínica mais criteriosa. Sobre este tema, aduzem o se-
guinte:

Além disso, deve ser feita uma pesquisa ativa acerca da presença de comor-
bidades psiquiátricas, já que estão presentes em até 80% dos alcoolistas e

68
em até 70% dos dependentes de substâncias ilícitas. Depressão e transtor-
nos ansiosos são as comorbidades de eixo I mais comumente encontradas.
Não existe consenso na literatura quanto ao potencial que as substâncias
apresentam para desencadear quadros psiquiátricos mais graves, como
transtornos do espectro bipolar e psicóticos, que também são encontrados
em associação ao abuso de substância. Comorbidades com eixo II também
são frequentes, especialmente com os transtornos queincluemaimpulsivida-
decomotraço-chave,comoostranstornosdepersonalidadedoclusterB.Aimpor-
tância dessa avaliação psiquiátrica detalhada reside no fato de a presença
de comorbidades influenciar diretamente o curso clínico, o prognóstico e o
planejamento terapêutico do quadro. O exame do estado mental deve sem-
pre ser feito com o paciente fora do estado de intoxicação.
Deve ser realizada, ainda, criteriosa avaliação clínica, com exame físico cui-
dadoso e avaliação com examescomplementarescompleta,comênfasenaa-
valiaçãodafunçãorenalehepática,assimcomonapresença de infecções, tais
como hepatites B ou C, além do HIV. O ECG também é fundamental, uma
vez que diversas substâncias, como os estimulantes, podem interferir com a
perfusão e a eletrofisiologia cardíacas. Essa avaliação torna-se ainda mais
imperiosa quando se considera que muitos pacientes usuários de substân-
cias vivem em situação marginal e sem acesso aos serviços de saúde, sendo
o psiquiatra, muitas vezes, seu único contato com um profissional da área da
saúde (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2018).

Depois da avaliação, é possível passar para o diagnóstico,


oportunidade em que é utilizado como parâmetro o TRATAMENTO QUE
LEVA EM CONSIDERAÇÃO OS PRINCÍPIOS GERAIS: Avaliação psi-
quiátrica completa e o Manejo psiquiátrico, que são considerados ins-
trumentos cruciais para a detecção de transtornos, ou seja, quando se

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


sabe que o uso de drogas é sim um problema. O quadro 4 a seguir,
mostra a relação dessas duas perspectivas:

69
Quadro 4 – Tratamento de acordo com os princípios gerais

AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA COM-


MANEJO PSIQUIÁTRICO
PLETA

• Anamnese detalhada sobre os padrões


de consumo atual e passado, bem
como seus efeitos no funcionamento • Motivação para abstinência.
“biopsicossocial”. • Manejar os episódios de intoxicação
• Avaliação médica e psiquiátrica global e abstinência.
(anamnese e exame físico/psíquico). • Promover psicoeducação e facilitar a
• História de tratamentos psiquiátricos aderência ao tratamento.
prévios e seus resultados. • Diagnosticar e tratar comorbidades.
• Avaliação das condições familiares e • Avaliar necessidade e disponibilidade
sócias. de tratamentos específicos.
• Testes laboratoriais para avaliar condi- • Avaliar a segurança e o setting te-
ções concomitantes comuns com de- rapêutico adequado: local de trata-
pendências (por exemplo, avaliação da mento o menos restritivo possível,
função hepática em etilistas). que seja seguro e efetivo para o caso.
• Com a permissão do paciente, contato (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007).
com terceiros para informações adicio-
nais (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007).

Fonte: UNASUS – UNIFESP (2018) adaptado pela autora (2020).

Sendo assim, a hospitalização só será uma opção em caso


PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

de overdose ou intoxicação grave, na hipótese de desenvolvimento de


outras doenças de síndromes de abstinência e, ainda, se o dependente
oferecer risco a si próprio ou a terceiro. Vale lembrar que quando não há
necessidade de hospitalização, o tratamento pode ser realizado através
das casas de apoio e comunidades terapêuticas. Na sequência, exis-
tem os hospitais que oferecem internação parcial, pois, funcionam como
uma transição entre um tratamento mais severo e outro intermediário.
Estas três situações refletem tratamentos voltados para problemas mais
graves. Por último, vem o tratamento ambulatorial, que é mais leve e
envolve um acompanhamento psicológico mais intensivo, além de solu-
ções farmacológicas.
Importante salientar que em todos os tipos de tratamento de
viés psiquiátrico, não se pode deixar de acolher o sujeito com inter-
venções psicoterapêuticas, mesmo que em determinados casos esse
acompanhamento ocorra de maneira mais intensa que outros.
Neste contexto, os TRATAMENTOS DECORRENTES DE IN-
TERVENÇÕES PSICOTERÁPICAS possuem grande sucesso no trata-

70
mento de dependentes químicos. Metodologicamente, no entanto, “as
terapias com orientação teórica voltada às técnicas cognitivo-comporta-
mentais” (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007) são predominantes. As-
sim essas técnicas atuam de duas maneiras:

manejo de contingências: incentivos ou recompensas que encorajam


metas comportamentais específicas;
prevenção de recaídas: identificação e intervenção em situações de risco
para uso; incentivo às situações e comportamentos alternativos ao uso (FI-
DALGO; NETO; SILVEIRA, 2007, grifos nossos).

Não menos importantes, existem ainda as técnicas de psico-


terapia psicodinâmica, nas quais “o uso da substância é compreendido
por um modo de pensar que inclui o conflito inconsciente e as distorções
intrapsíquicas (como descrito na teoria do espelho quebrado)” (FIDAL-
GO; NETO; SILVEIRA, 2007).
Nestes dois tipos, duas modalidades merecem destaque (qua-
dro 5):

Quadro 5 – Modalidades de tratamento das técnicas de psicoterapia


psicodinâmica

GRUPO INDIVIDUAL

Opção para pacientes menos organiza-


Alternativa economicamente vantajosa, dos ou que, por algum motivo, não se

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


podendo se constituir em de espaço po- adéquam ou não aceitam a intervenção
tencial para reflexão das inseguranças, em grupo. Diversas abordagens são
incertezas, incompletudes do indivíduo, possíveis, tanto na linha psicodinâmica
além das dificuldades de relação com ou- quanto em uma abordagem cognitivo-
tros; (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007). -comportamental (FIDALGO; NETO; SIL-
VEIRA, 2007).

Fonte: UNASUS – UNIFESP (2018) adaptado pela autora (2020).

Ao final, tem o TRATAMENTO À BASE DE INTERVENÇÕES


FARMACOLÓGICAS, que é aquele à base de medicamentos para o
dependente químico.
Sendo a Psicologia e a terapia uma das partes mais signifi-
cativas do tratamento, é preciso que o profissional siga um roteiro ou
um procedimento multidisciplinar, trabalhado para que todos os danos
possam ser reduzidos ou extintos. FIDALGO; NETO; SILVEIRA (2007)
sugestionam o seguinte roteiro terapêutico (figura 10):

71
Figura 10 – Modelo de Roteiro Terapêutico

Fonte: UNASUS – UNIFESP (2018).

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E A SUA RELAÇÃO COM O DIREITO

Ao tratar de dependência química e direito, primeiro, é neces-


sário informar que a doutrina forense segue o conceito de dependên-
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

cia estabelecido pela OMS (constante no tópico anterior), considerando


este problema também como uma questão de saúde, de modo que é
classificado como doença crônica, sem retirar o seu peso para a segu-
rança pública.
O Superior Tribunal Federal já se posicionou sobre o tema e
defende que a dependência faz parte destes dois campos, mas que não
se misturam, já que uma coisa é tratar de saúde e outra de segurança,
portanto, um problema individual e o outro coletivo.
Apesar do Direito recepcionar o conceito da OMS para a de-
pendência química, não quer dizer que não aceite as teorias pautadas
na psicologia. Isso significa apenas que reconhece a dependência como
doença, independentemente de uma definição oficial.
Comumente, na visão de Neto e Machado (2017) ao relacionar
dependência e direito é comum ver os seguintes tópicos sendo discuti-
dos:
- A Criminologia e as Teorias Causais da Dependência Química;
- A Tipologia Jurídica dos Códigos (como também a Lei de Dro-

72
gas) e a Tipologia Patogênica dos Manuais Diagnósticos – CID 10 e
DSM - IV (e o então recém lançado DSM -V);
- A Justiça Terapêutica e as novas modalidades de abordagem
do Dependente Químico;
- Os Direitos e Deveres Legais de cada um dos atores envolvi-
dos e a questão da Lei Simbólica; e a da Densificada na Lei Jurídica –
inclusive sua incidência concreta nos locais de Prevenção, Tratamento
e Políticas Públicas;
- As Sanções Penais Alternativas e os Interditos Cíveis como
forma de Proteção da Dignidade da Pessoa Humana, do Patrimônio e
das Capacidades dos Dependentes Químicos para realizar Atos Jurídi-
cos e sua utilização para contribuírem como instrumento de Prevenção
e Tratamento; uma nova visão do conceito de Manejo de Contingências.
Deste modo, o direito tem relação direta com a dependência
química, na parte punível, como ao estabelecer os direitos e deveres
das pessoas que sofrem desta patologia, inclusive, através da Preven-
ção, Tratamento e Políticas Públicas.
Infelizmente, boa parte da sociedade ainda tem a visão rebus-
cada de que todo dependente é, consequentemente, um criminoso, o
que não é verdade. Cada pessoa deverá ser responsabilizada por seus
atos, conforme prevê a lei, todavia o “tribunal da sociedade” não pode
marginalizar essa classe antes de tomar conhecimento de cada situa-
ção sem generalizar.

POLÍTICAS DE PROTEÇÃO À FAMÍLIA, CRIANÇAS E JOVENS

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


Não há como discorrer sobre dependência, sem falar de Políti-
cas de Proteção à Família, Crianças e Jovens envolvidos nesse cenário.
No que se refere ao tema e à família, a Constituição Federal
conferiu a definição de fundamental à sociedade e garantiu que esta
seja amplamente protegida pelo estado. Assim, temos o art. 226, caput,
da CF/88: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Es-
tado”.
Este contexto refletiu na edição do Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei nº 8069/90) para garantir a proteção integral de infan-
tes e jovens, mister se faz que haja a estruturação de suas famílias, de
modo que essa tutela se torne uma realidade (LAMENZA, 2008).
Lamenza (2008) diz que “prova disso é o disposto no artigo
4º, caput, da Lei nº 8069/90, que, a exemplo do disposto no artigo 227,
caput, da Constituição Federal, determina ser um dever de a família
assegurar de forma prioritária a efetivação dos direitos fundamentais da

73
criança e do adolescente”.
O ECA, tal como a Constituição, estabelece como um dos direi-
tos fundamentais o direito à saúde, devendo o estado também se preo-
cupar com políticas de acolhimento e tratamento da família, crianças e
jovens que passam por situações derivadas da dependência química.
Sendo assim, os tratamentos contra a drogadição, toxicomania e de-
pendência química são considerados um direito do indivíduo e um dever
estatal de assegurá-lo de maneira gratuita.
Dessa maneira, o ECA possui vários artigos que amparam esse
dever essencial de prestação do estado gratuitamente. Destaca-se que
essa prerrogativa também é estipulada pela Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos da Criança (UNICEF).
Como política pública, inicialmente, o Estado deve disponibi-
lizar centros de atendimento contra a dependência química, “sem pre-
juízo sem prejuízo de outras providências destinadas à erradicação do
vício no consumo de drogas por crianças e adolescentes. Tal gesto faz
parte do princípio fundamental da cooperação, tal como estampado no
artigo 4º, caput, da Lei nº 8069/90” (LAMENZA, 2008).
No caso de não haver centro especializado público, o esta-
do deverá procurar outras soluções a partir da iniciativa privada. Como
exemplo, temos os convênios que algumas instituições privadas rea-
lizam com a administração pública para atendimento gratuito. Isso é
bastante recorrente com o Sistema Único de Saúde (SUS).
Deste modo, é importante que existam ações firmadas no com-
bate ao consumo de drogas, algo preventivo, assim como que as políti-
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

cas públicas se pautem na mesma intensidade e metodologia de trata-


mento contra as drogas, especificados no primeiro item deste capítulo.
Outra medida interessante é a estratégia de redução de danos.
Neste contexto, FIDALGO, NETO e SILVEIRA (2007) definem
que:

A redução de danos é uma estratégia de tratamento da dependência quí-


mica que pode ser definida como um olhar pragmático para a redução dos
prejuízos associados ao consumo de substâncias. Seu espectro de ação vai
desde a abordagem do dependente que não deseja reduzir seu consumo
(ao qual se pode oferecer um uso com menos riscos associados), passando
pelas estratégias para lidar com a redução do consumo, até chegar às for-
mas de lidar com a abstinência. Ao longo de todo esse processo, o foco é a
autonomia do paciente, que deve ser buscada, respeitada e ampliada, ga-
rantindo, assim, o pleno exercício de sua liberdade individual. Trata-se de um
modelo de intervenção comprometido com a redução dos prejuízos de natu-
reza biológica, social e econômica do uso de drogas, e pautada no respeito
ao indivíduo. É uma abordagem que tem se mostrado muito eficaz nesses

74
propósitos, uma vez que são estabelecidas metas factíveis, com a participa-
ção ativa dos pacientes e de toda a equipe envolvida em seu manejo. Cons-
trói-se, assim, um vínculo de confiança e respeito, no qual é valorizada a
autonomia do paciente que se coloca à disposição da equipe de profissionais
de saúde. É importante ressaltar que, dentro dessa proposta, o plano tera-
pêutico deve ser permanentemente reavaliado e os objetivos estabelecidos
devem ser constantemente revistos, respeitando-se sempre a possibilidade
de transformação do paciente a cada momento, minimizando, dessa forma,
a sua frustração, aspecto a um só tempo frequente e prejudicial na clínica da
dependência. Nesse caso, o paciente pode desfrutar de autonomia e liber-
dade para se autodeterminar e desempenhar seus papéis sociais de forma
mais adaptada (FIDALGO; NETO; SILVEIRA, 2007).

Por último, insta salientar que recentemente foi aprovada a Po-


lítica Nacional sobre Drogas, através do Decreto Nº 9.761, de 11 de abril
de 2019, na qual constam ações de prevenção, tratamento, acolhimen-
to, recuperação, apoio, mútua ajuda e reinserção social e as diretrizes
a serem tomadas no combate ao consumo de drogas ilícitas e no trata-
mento da dependência.

Verificar o caderno de orientações técnicas do Ministério do


Desenvolvimento Social e Combate à fome da Secretaria Nacional de

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


Assistência Social, que traz como tema o Atendimento às familias e aos
indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social por
violação de direitos associada ao consumo de álcool e outras drogas.
Disponível em:
<https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_
social/cartilhas/Suas_trabalhoSocial_vulnerabilidade_consumodedro-
gas.pdf>

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Psicologia Forense. Instrumentos de Avaliação - Miguel M. Gonçalves.
Entendendo o Comportamento Criminoso - Brenner, Geraldo.

OUTRAS INDICAÇÕES DE LEITURA


SOUZA, A.M. Compreensões psicológicas sobre a dependência
química. Psicologia PT: 2017. Disponível em: <https://www.psicologia.
pt/artigos/textos/TL0425.pdf> Acesso em: 08 de janeiro de 2020

75
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2016 Banca: COPESE - UFPI Órgão: Prefeitura de Bom Jesus
- PI Prova: Psicólogo
Assinale a opção CORRETA,
A) A maconha é a droga ilícita mais consumida em todo o mundo: mais
de 3,8% da população mundial usa a substância. De acordo com dados
coletados em 2007 nos Estados Unidos, na população com idade acima
de 12 anos, o uso de maconha foi de 14,4% nos 12 meses anteriores
ao estudo. No Brasil, o consumo de maconha vem crescendo a cada
ano. O uso na vida em 2001 era de 6,9% e, em 2005, passou a 8,8%
da população; já a dependência da droga atinge 1,2% dos brasileiros.
Embora estudos mostrem mais mulheres usando maconha do que ho-
mens, há um significante aumento de homens usuários de maconha do
ano de 1996 para 2001 (22,3 para 29,5%; p > 0,001); para mulheres, o
aumento no número de usuárias foi de 33,7 para 39,5% (p > 0,005) no
mesmo período.
B) No que diz respeito especificamente à maconha, a influência dos
pares apresenta-se, sem dúvida, como fator de pouca importância para
o início e a manutenção do uso, como mostra Becker em seu estudo
com cinquenta usuários, na maioria músicos. No entanto, permanece
inalterado o papel desempenhado seja pela interação familiar na evo-
lução psicossocial dos jovens, seja pelas relações entre o jovem e as
normas socioculturais associadas ao consumo de drogas e outras con-
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dutas consideradas desviantes em sociedade.


C) No que tange aos efeitos prejudiciais da maconha em curto prazo,
Noto e Formigoni (2002) salientam que eles não são bem evidentes,
se comparados à cocaína; no entanto, são frequentes os problemas
de concentração e memória, dificultando a aprendizagem e a execu-
ção de tarefas de dirigir ou operar máquinas. Ainda em curto prazo, o
uso dessa substância pode causar tosse crônica, alteração da imunida-
de, redução dos níveis de testosterona e desenvolvimento de doenças
mentais como a esquizofrenia, depressão e crises de pânico, redução
do interesse e de motivação pela vida, com a observação da síndrome
amotivacional.
D) Segundo o I Levantamento Domiciliar Nacional Sobre o Uso de Dro-
gas Psicotrópicas realizado pelo CEBRID, a maconha é a droga ilícita
mais consumida no Brasil. Estudos mostram, no Brasil, o índice de uso
de cannabisna vida entre escolares variando de 6,6 a 19,9%, com a
idade da primeira experiência concentrada na faixa de 14 a 16 anos. O
uso na semana ou uso frequente ficou entre 0,9 e 4,4%. Essa droga é
76
utilizada com mais intensidade por indivíduos das classes sociais com
maior poder aquisitivo.
E) Vários estudos epidemiológicos têm verificado que indivíduos com
transtornos mentais graves estão mais propensos a fazer uso, abuso
e dependência de substâncias psicoativas - especialmente a cannabis
- quando comparados à população geral.Por exemplo, pacientes com
esquizofrenia são mais prováveis de fazerem uso abusivo de cannabis
do que indivíduos saudáveis, sendo que há descrição de aumento de
risco de abuso em 10,1% nesta população. Nos pacientes em episódio
maníaco esta taxa pode chegar a 14,5%, sendo que pode ocorrer em
até 4,1% em sujeitos com depressão maior, 4,3% para transtorno do
pânico e 2,4% em portadores de fobias.

QUESTÃO 2
Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: TRT - 3ª Região (MG) Prova: Analis-
ta Judiciário - Psicologia
Conjunto de sinais e sintomas que ocorrem horas ou dias após
o indivíduo cessar ou reduzir a ingestão da substância que vinha
sendo consumida geralmente de forma pesada e contínua (APA,
2002). Trata-se da
A) insuficiência fisiológica.
B) tolerância.
C) síndrome de abstinência.
D) dependência comportamental.
E) substância psicoativa.

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


QUESTÃO 3
Ano: 2017 Banca: COMPERVE Órgão: UFRN Prova: Psicólogo Clínico
Os quadros de intoxicação, abuso e dependência de álcool e de
outras substâncias psicoativas caracterizam-se por uma forma
particular de relação entre os seres humanos e as substâncias quí-
micas que apresentam ação definida sobre o sistema nervoso cen-
tral (SNC) e, consequentemente, sobre o psiquismo. Nesse contex-
to, entende-se que
A) intoxicação, abuso e dependência de álcool são termos sinônimos.
B) abuso é definido como uma síndrome com alterações comportamen-
tais irreversíveis.
C) substância psicoativa é qualquer substância química que, quando
ingerida, modifica uma ou várias funções do SNC, produzindo efeitos
psíquicos e comportamentais.
D) dependência de substâncias psicoativas ocorre apenas em situações
nas quais o indivíduo faça uso delas diariamente, há pelo menos 1 ano.
77
QUESTÃO 4
Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: DPE-MT Prova: Psicólogo
Segundo Brandão (2014), a prática do psicólogo em Varas de Famí-
lia exige conhecimento básico dos códigos jurídicos em razão de,
ao menos, dois motivos: a necessidade de um código compartilha-
do entre o psicólogo e os operadores do direito e a orientação da
população sobre alguns pressupostos presentes nas leis. Segun-
do o autor, o conhecimento da legislação não deve ser abstraído
de como a doutrina jurídica se inscreve historicamente e se articu-
la aos dispositivos de poder.
A esse respeito, assinale a afirmativa correta.
A) A guarda passou a ser regida pelo melhor interesse da criança com
o novo Código Civil, de 2002, sem eliminar o critério de falta conjugal.
B) O Estatuto da Criança e do Adolescente revogou o Código de Me-
nores e proclamou a Doutrina da Situação Irregular, visando assegurar
direitos historicamente negligenciados.
C) A guarda compartilhada surgiu em forma de lei de modo a garantir
o amplo direito da criança e do adolescente em conviverem alternada-
mente com os pais separados.
D) A Constituição Federal de 1988 introduziu mudanças significativas
em relação aos direitos e deveres familiares, como, por exemplo, o en-
tendimento da criança e do adolescente como sujeitos de direitos.
E) O direito de expressão previsto no Estatuto da Criança e do Adoles-
cente estabelece que, na condição de sujeito de direito, o adolescente
decide com quem deseja ficar em uma disputa de guarda entre seus
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

pais

QUESTÃO 5
Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: Secretaria da Criança - DF
Prova: Atendente de Reintegração Socioeducativo
Segundo Guerra, não é característica da violência doméstica con-
tra crianças e adolescentes a.
A) violência interpessoal.
B) ocorrência predominante nos espaços públicos.
C) destituição da criança do seu papel de sujeito de direitos.
D) violência física, sexual e psicológica.
E) relação assimétrica de poder entre o adulto e a criança.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

No Brasil, ainda é frequente o acontecimento de crimes e danos que


atingem as famílias, as crianças e os jovens, em virtude disso e com o
78
intuito de diminuir tais fatos, os entes federativos estabelecem políticas
de prevenção e de proteção. Nesse sentido, segundo o ECA, quais são
as linhas de ação da política de atendimento?

TREINO INÉDITO

Assunto: Dependência Química


Atualmente a dependência química é considerada um transtorno men-
tal, dessa forma assinale a alternativa incorreta:
A) A dependência química é responsável por causar prejuízos em todas
as esferas da vida do dependente.
B) Não há tratamento àqueles que são dependentes químicos.
C) A melhor forma de prevenção da dependência química ainda é não
realizar/experimentar drogas em geral.
D) A dependência química não possui cura.

NA MÍDIA

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

A dependência química está classificada entre os transtornos psiquiá-


tricos, sendo considerada uma doença crônica que pode ser tratada
e controlada simultaneamente como doença e como problema social,
(OMS, 2001). Por se tratar de uma doença crônica leva a pessoa a
uma progressiva mudança de comportamento, gerando uma adaptação

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


a doença, a fim de proteger o uso da droga. Ainda na concepção da
dependência química como doença, ela é caracterizada como progres-
siva, incurável, mas tratável, apesar de problemas significativos para
o dependente. É uma doença de evolução própria, que pode levar à
insanidade, prisão, morte ou ao tratamento.

Fonte: Polícia civil do Paraná


Data: Sem data
Disponível em: http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteu-
do.php?conteudo=39

NA PRÁTICA

CONHEÇA OS SINAIS DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA E SAIBA QUAN-


DO BUSCAR O TRATAMENTO

Você é capaz de reconhecer os sinais da dependência química?


79
O astro corintiano Walter Casagrande, o comentarista Casão, é um ído-
lo do esporte brasileiro, campeão paulista pelo Timão em 82 e 83, além
de campeão da UEFA pelo Porto, clube de Portugal, em 1987. Mas, tal-
vez, a maior vitória da vida de Casão seja na sua luta contra as drogas.
Após desenvolver um vício de 38 anos, ele conseguiu vencer a batalha.
Fonte: https://www.vittude.com/blog/fala-psico/sinais-da-dependencia-
-quimica/

PARA SABER MAIS

Filme sobre a temática: A Face Oculta das Drogas


Acesse os links:
Disponível em: <http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-1216.html>
Disponível em: <http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-308.html>
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

80
De acordo com a leitura desta unidade, percebe-se que a Psi-
cologia possui um papel social enorme, aumentando significativamente
quando trabalha em conjunto com o ordenamento jurídico.
Nestes termos, um dos procedimentos mais utilizados pelo psi-
cólogo forense é a avaliação psicológica, por denotar rigor e estrutura
técnica, visto que a justiça requer certas formalidades e adequações no
momento de constatação de diagnóstico.
É claro que alguns profissionais não fazem uso desse
instrumento, inclusive, por não concordar com a metodologia exigida,
mas para o direito é o que passa mais “seriedade”, embora esta
expressão possa parecer um pouco pejorativa.
Verificou-se, ainda, que os transtornos mentais também estão
presentes na Classificação Internacional de Doenças, bem como que o
número 10 indica a versão de sua atualização, finalizando na sigla CID-
10. Esta classificação pertence a um livro que oferece aos profissionais
da saúde os critérios de diagnósticos das doenças existentes, estabe-
lecendo um código para cada tipo de doença. No que se refere à saúde
mental, o CID 10 traz a classificação com a letra “F” para os transtornos
mentais existentes.
Portanto, a incidência do CID 10 facilita o diálogo entres os pro-
fissionais a nível nacional e mundial, tendo em vista que estabelece uma
padronização classificatória das doenças. Diante disso, os principais
transtornos mentais na atualidade são os de fator comportamental, me-
recendo destaque os transtornos cognitivo, afetivo e de personalidade.

PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS


Ressalta-se que os transtornos de personalidade possuem
diversas variações, podendo ter um único sintoma ou várias causas,
como por exemplo, o transtorno de personalidade borderline.
Independente do tipo de transtorno, se este causa incapaci-
dade mental ou não, a ponto da pessoa se tornar inimputável, além de
outras considerações, o que importa é que haja um acompanhamento
psicológico e terapêutico e, se necessário, a administração de medica-
mentos, mas sem afastar o tratamento realizado pelo psicólogo.
Ademais, não se pode esquecer que a dependência química
também é considerada uma doença, no entanto, vive constantemente
ligada apenas à segurança pública, o que acaba generalizando e margi-
nalizando todos os dependentes e usuários de substâncias psicoativas.
O consumo de drogas é assunto de saúde, tem tratamento e precisa ser
mais bem amparado pelas políticas públicas.

81
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
ERRADO CERTO CERTO D CERTO

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

A avaliação psicológica pode ser compreendida como um conjunto de


técnicas e procedimentos, que tem como objetivo possibilitar a verifica-
ção de determinadas características psicológicas de uma pessoa, sen-
do o psicólogo o único profissional habilitado por lei para exercer esta
função.

TREINO INÉDITO
Gabarito: D

JUSTIFICATIVA
A alternativa D é a alternativa correta, tendo em vista que a patologia
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

social, os impulsos e os comportamentos violentos são determinantes


para o comportamento psicossocial, principalmente quando visualizado
do ponto de vista forense.

82
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
E D A C C

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

O Transtorno Mental, também conhecido como doença mental, englo-


ba um conjunto de condições que afetam a mente, assim pode causar
desconforto emocional, distúrbio de conduta e enfraquecimento da me-
mória.

TREINO INÉDITO
Gabarito: E

JUSTIFICATIVA
Por mais que cada uma das alternativas apresente a nomenclatura de
um transtorno diferente, todos são considerados tipos e exemplos de
transtornos mentais, sendo espécie do qual este é gênero.

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83
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
E C C D B
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO
DE RESPOSTA
Conforme, o artigo 87 do Estatuto da Criança e do Adolescente são
linhas de ação da política de atendimento:
I - políticas sociais básicas;
II - políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo,
para aqueles que deles necessitem;
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicosso-
cial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, cruelda-
de e opressão;
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças
e adolescentes desaparecidos;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da
criança e do adolescente.
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período
de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do
direito à convivência familiar de crianças e adolescentes; (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009)
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO AMBIENTE JURÍDICO - GRUPO PROMINAS

VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de


crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, es-
pecificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com
necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de
irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

TREINO INÉDITO
Gabarito: B

JUSTIFICATIVA
A alternativa incorreta é a letra B, tendo em vista que, por mais que a de-
pendência química não possua cura, por isso a alternativa D está corre-
ta, há tratamento e controle para os dependentes, sendo esse multidis-
ciplinar. A alternativa A está correta, tendo em vista que a dependência
afeta não só a saúde, mas a vida social daquele que consome drogas e
a alternativa C também está certa, pois, a dependência não poderá ser
estabelecida se nunca houver um primeiro contato.

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