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PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

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PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Gildenor Silva Fonseca

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
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pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!..

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!


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Professor: Alexandre Magno Alves de Oliveira

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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Esta unidade apresentará os principais problemas patológicos
que podem acometer ao material concreto. Especificamente, foram en-
focadas: a) as características e propriedades do material concreto, b) os
diversos conceitos existentes no ramo de patologia na construção civil,
c) os problemas patológicos do concreto que são causados por ações
físicas e d) os problemas patológicos do concreto que são causados
por ações químicas. Ao longo de cada problema abordado, busca-se
enfocar a importância da prevenção dos problemas patológicos, sendo
esta benéfica do ponto de vista econômico, pois o custo de uma ma-
nutenção corretiva é bem superior ao custo da prevenção, além de ser
mais segura e confortável aos usuários. Ao final, comenta-se a respeito
do tratamento de fissuras, sendo essa a mais comum manifestação de
problema patológico no concreto.
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Concreto. Patologias do concreto. Fissuras.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 10

CAPÍTULO 01
O MATERIAL CONCRETO E O CONCEITO DE PATOLOGIA

Componentes do Concreto _____________________________________ 12

Hidratação do Cimento Portland _______________________________ 15

Propriedades do concreto ______________________________________ 18

Estrutura Interna do Concreto __________________________________ 21

Aplicações do Concreto ________________________________________ 23

Patologia ______________________________________________________ 23

Recapitulando _________________________________________________ 31

CAPÍTULO 02
DETERIORAÇÃO DO CONCRETO POR AÇÕES FÍSICAS

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Causas Físicas da Deterioração do Concreto _____________________ 37

Recapitulando _________________________________________________ 69

CAPÍTULO 03
DETERIORAÇÃO DO CONCRETO POR AÇÕES QUÍMICAS

Deterioração do Concreto por Ações Químicas __________________ 74

Tratamento de Fissuras ________________________________________ 95

Recapitulando _________________________________________________ 102

Considerações Finais ___________________________________________ 107

Fechando a Unidade ___________________________________________ 108

Referências ____________________________________________________ 111


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Atualmente, é crescente a preocupação da sociedade com
bens duráveis e seguros. O concreto não poderia ficar de fora dessa
preocupação, já que é um dos materiais mais utilizados pela humanida-
de e o mais utilizado na construção civil. Logo, é importante a análise
dos diversos problemas patológicos que podem acometer o concreto,
reduzindo sua durabilidade e oferecendo risco aos usuários das cons-
truções. O ramo da patologia na construção civil é o responsável pela
análise dos sintomas, causas, mecanismos, origens, consequências,
terapias e prevenções desses diversos problemas.
O concreto pode sofrer deterioração devido a causas físicas e
químicas. As principais causas físicas são: abrasão, erosão, cavitação,
excesso de carregamento estrutural, movimento de fundações, tempe-
raturas extremas, gradientes de temperatura, retrações, etc. As princi-
pais causas químicas são: ataque por ácidos, ataque por sulfatos, rea-
ção álcalis-sílica, hidratação retardada de óxidos, etc. Cada problema
possui sua particularidade e pode acometer o concreto isoladamente ou
simultaneamente com outros problemas. Além disso, uma dado proble-
ma pode surgir devido a existência de outro, por exemplo, um agente
químico de degradação que ingressa no concreto através de uma fissu-
ra gerada por um agente físico.
Para garantir a durabilidade do concreto de uma construção,
é mais vantajoso focar na prevenção, pois se impede o aparecimento
dos problemas patológicos, e, com isso, evitam-se gastos maiores com
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correções e, sobretudo, danos aos usuários e à imagem da construtora.


Entretanto, caso a prevenção não exista ou exista, mas não seja sufi-
ciente para se evitar o problema patológico, deve-se focar na terapia. A
terapia deve ser cuidadosamente elegida, para que surta efeito e não
gere gastos desnecessários, sempre se pautando nas características
dos problemas patológicos a serem tratados. Portanto, fica claro que o
ramo da patologia se torna cada vez mais presente e mais importante
no campo da construção civil.

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O MATERIAL CONCRETO E
O CONCEITO DE PATOLOGIA

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O concreto é um dos materiais mais utilizados pela humanida-
de e o mais utilizado na construção civil. Sendo o resultado da mistura
racional de um, ou mais, aglomerantes, agregados miúdos, agregados
graúdos e água, além desses, é possível a incorporação de aditivos
e adições. Vale ressaltar que, durante o procedimento de mistura dos
componentes, também ocorre a incorporação de ar no concreto. De
acordo com a ordem de mistura dos materias, temos a seguintes deno-
minações:
• Pasta: mistura do material aglomerante com a água;
• Argamassa: mistura da pasta cimentícia com o agregado miú-
do;
• Concreto: mistura da argamassa com o agregado graúdo.
Aglomerante
� Pasta ⎫
Água � Argamassa
Concreto
Agregado miúdo ⎬
Agregado graúdo ⎭

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Logo, devido ao uso do concreto em larga escala, torna-se im-
portante o conhecimento de sua composição, propriedades e caracte-
rísticas, para que seu emprego seja cada vez mais otimizado.

COMPONENTES DO CONCRETO

Aglomerante
Os materiais aglomerantes, geralmente pulverulentos, são
aqueles que sob certas condições desenvolvem função cimentante, ou
seja, conseguem aglomerar materiais e proporcionar coesão ao con-
junto. Os principais materiais aglomerantes são, por exemplo, cimento
Portland, cimento aluminoso, cimento natural, cal, gesso, argila, betu-
me, etc., cada um com suas características e mecanismos de endure-
cimento.
Cimento Portland
O principal aglomerante utilizado na confecção de concreto
na construção civil é o cimento Portland, que, convencionalmente, é
chamado cimento, apenas. Segundo Neville (2016), o cimento Portland
pode ser definido como o resultado da queima, à temperatura de clin-
querização, de uma mistura racional de calcário e argila, ou outros
materiais que contenham sílica, alumina e óxido de ferro, que, poste-
riormente, são moídos juntamente com sulfato de cálcio (gesso). Vale
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ressaltar que, nesta última etapa, pode haver as incorporações de adi-


ções minerais, como escória de alto forno, por exemplo.
O cimento Portland é um aglomerante hidráulico, ou seja, devi-
do a uma reação de hidratação de seus componentes, endurece ao ser
misturado com água. Após o endurecimento, mesmo que ele seja ex-
posto à água novamente, não irá mais se decompor. A qualidade do ci-
mento utilizado é de grande importância, haja vista que é o componente
do concreto quimicamente mais ativo, tendo a responsabilidade de
aglomerar os demais componentes, e, com isso, atingir as propriedades
almejadas. É importante frisar que é a NBR 16697:2018 quem estabe-
lece os requisitos para o recebimento e aceitação do cimento Portland.
Portanto, mostra-se de extrema importância o controle de qualidade do
cimento utilizado.

Água
A NBR 15900:2009-1 especifica os requisitos para a água ser
considerada adequada ao preparo de concreto e descreve os procedi-
mentos de amostragem, bem como os métodos para sua avaliação. De
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forma geral, a água para confecção de concreto deve estar limpa, isenta
de substância que possam prejudicar as reações de hidratação do ci-
mento, ou favorecer o posterior surgimento de patologias. Vale lembrar
que, segundo a referida norma, a água da rede de abastecimento públi-
co é adequada para fabricação de concreto.

Agregados
A NBR 9935:2011 define agregado como um material geral-
mente inerte, com propriedades e dimensões adequadas para a con-
fecção de argamassa ou concreto. Os agregados podem ocupar de 60
a 85% do volume de concreto. Do ponto de vista econômico, o uso de
agregados é benéfico, pois, em geral, seu preço é bem inferior ao do
cimento, barateando a mistura. Já do ponto de vista técnico, seu em-
prego também é vantajoso, pois proporcionam estabilidade volumétrica,
combatendo a retração e potencializam a resistência ao desgaste. No
geral, o uso racional dos agregados não prejudica a resistência aos es-
forços mecânicos, pois, com exceção dos agregados leves, os agrega-
dos convencionais de boa qualidade têm resistência superior à da pasta
de cimento. Entretanto, de acordo com Mehta e Monteiro (1994), há
outras características dos agregados que podem influir na resistência
do concreto, por exemplo, o tamanho, a forma, a textura e a granulome-
tria, demandando uma atenção especial.
Agregados Miúdo

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A NBR 7211:2009 defini agregado miúdo aquele cujo os grãos
passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam reti-
dos na peneira com abertura de malha de 150 μm, em ensaio realizado
de acordo com a NBR NM 248:2003, com peneiras definidas pela NBR
NM ISO 3310-1:2010. O agregado miúdo pode ser de origem natural,
como a areia extraída de rios e cavas, ou de origem artificial, como areia
obtida pela moagem de rochas, em ambos casos, é importante que o
agregado escolhido não contenha contaminantes que possam influir na
qualidade do concreto.
Agregados Graúdo
A NBR 7211:2009 defini agregado cujos grãos passam pela
peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira
com abertura de malha de 4,75 mm, em ensaio realizado de acordo com
a NBR NM 248:2003, com peneiras definidas pela NBR NM ISO 3310-
1:2010. Assim como o agregado miúdo, o agregado graúdo pode ser de
origem natural, como os seixos rolados de rios, ou de origem artificial,
como as pedras britadas obtidas pela britagem de rochas, novamente em
ambos casos, é importante garantir a qualidade do agregado escolhido.
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Aditivos
A NBR 11768:2011 defini aditivo como o produto adicionado
durante a preparação do concreto, em teor não maior que 5% da massa
de material cimentício (aglomerante), com o objetivo de modificar suas
propriedades no estado fresco e/ou no estado endurecido. Vale lembrar
que pigmentos inorgânicos para o preparo de concreto colorido não são
considerados aditivos.
O uso de aditivos é crescente, pois conferem características ao
concreto que possibilitam seu emprego em condições de dificuldades
consideráveis e até mesmo insuperáveis com o uso de concreto con-
vencional.
Os principais aditivos são os redutores de água (plastificantes,
superplastificantes, hiperplastificantes), os acelerados ou retardadores
de pega, e os incorporadores de ar. Lembrando que podemos ter aditi-
vos com múltiplas características, por exemplo, aditivo redutor de água
e acelerador de pega.
Apesar dos aditivos, geralmente, melhorarem as propriedades
do concreto, tanto no estado estados fresco quanto no endurecido, eles
não são capazes de alterar quimicamente os produtos oriundos da hi-
dratação do cimento.
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Por ser uma material mais caro em relação aos demais com-
ponentes, é de extrema importância que o uso do aditivo seja o mais
racional possível.

Adições
As adições são materiais adicionados ao concreto com a finali-
dade de alterar suas características, podem ser diretamente incorpora-
das à massa ou podem substituir parcialmente o cimento. Diferentemen-
te dos aditivos, que são materiais químicos, as adições são materiais
minerais e são incorporadas em maiores teores em relação à massa de
cimento, e, quando quimicamente ativas, como as pozolanas, são capa-
zes de gerar produtos hidratados que contribuem para a resistência final
do concreto. Por exemplo, o cimento CPIII é um cimento que possui um
grande teor de escória de alto forno, já o cimento CPII-F possui em sua
composição filler calcário.
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As principais adições minerais são as pozolanas (metacaulim,
cinza volante, sílica ativa, cinza da casca do arroz, etc.), as cimentantes
(escória granulada de alto forno) e os fillers (filler calcário, pó de pedra,
etc.).

Norma sobre o assunto: NBR 16697:2018 – Cimento Portland


- requisitos
Observação: A referida norma expõe os diferentes tipos de ci-
mento (CPI, CPII, CPIII, CPIV, CPV), e comenta sobre as adições mine-
rais presentes em cada um.

HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND

A hidratação do cimento é um processo exotérmico que se ini-


cia a partir do primeiro contato do grão anidro com a água e evolui com
o tempo. Tal reação resulta em diferentes compostos, diferentes formas
de água e vazios. Para entender como se procede a hidratação do ci-
mento é importante analisar a composição do grão anidro, o seu teor e o

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produto formado ao ser hidratado, todos explicitados na Tabela 1. Cada
composto hidrata em velocidade diferente e é responsável por produtos
diferentes (Figura 1).

Tabela 1 – Principais compostos do cimento Portland e respectivos teores.


Nome do composto Abreviatura Teor (%)
Silicato tricálcico C3S 42 a 60
Silicato dicálcico C2S 14 a 35
Aluminato tricálcico C3A 6 a 13
Ferroaluminato tetracál-
5 a 10
cico C4AF
Fonte: adaptado de CARVALHO (2009)

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Figura 1 - Hidratação dos composto do cimento ao longo do tempo.

Fonte: NEVILLE (2016)

De acordo com a Figura 1, o C4AF é o composto que se hidrata


mais rapidamente, gerando como produto um tipo de aluminato de cál-
cio hidratado, um composto que pouco contribui para a resistência do
concreto. O C3A também possui uma rápida hidratação ao longo do tem-
po e, devido a esse composto, adiciona-se gesso no cimento durante
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sua produção, pois o C3A, em contato com água, reage tão rapidamente
que pode ocorrer um enrijecimento instantâneo da pasta. O gesso adi-
cionado reage com o C3A e forma um composto conhecido por etringita
(ou sulfoaluminato de cálcio hidratado), evitando a pega instantânea.
A etringita pode ocupar de 15 a 20% do volume de sólidos da pasta
cimentícia completamente hidratada (MEHTA e MONTEIRO, 1994). O
C3A também pode formar um tipo de aluminato de cálcio hidratado. Os
compostos formados pelo C3A também pouco contribuem para a resis-
tência do concreto.
O C3S possui uma hidratação mais rápida que o C2S, mas os
produtos formados em ambos são similares. Tanto em um, quanto no
outro, ocorre a formação de silicato de cálcio hidratado (CSH) e hidró-
xido de cálcio (CH). O CSH é o grande responsável pela resistência do
concreto, já o CH contribui bem menos. Para Mehta e Monteiro (1994),
de 50 a 60% do volume de sólidos da pasta cimentícia completamente
hidratada é de CSH, e de 20 a 25% é de CH. Vale lembrar que não é
interessante uma pasta com alto teor de CH, pois, além da baixa resis-
tência, esse composto tem alta solubilidade, podendo se dissolver até
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com água absorvida da umidade do ar, e, assim, vir à superfície e reagir
com CO2, formando CaCO3 (carbonato de cálcio). Para Dal Molin (1995)
o CH, apesar de não contribuir para a resistência mecânica, confere ao
concreto uma elevada alcalinidade que proporciona a passivação das
armaduras frente ao processo de corrosão.
A água na pasta hidratada também possui diferentes nomes,
basicamente tem-se três tipos. O primeiro é a água livre, que está retida
nos poros e está isenta de forças de ligação. O segundo é a quimica-
mente ligada, ou seja, que constitui os produto hidratados do cimento. O
terceiro tipo é uma água que está sob certa força de ligação, muitas ve-
zes, adsorvida na superfície dos compostos ou retida por tensão capilar.
A água é um componente essencial do concreto, pois, sem ela, ele não
existe, mas se não for dosada de forma racional, pode prejudicar muito
sua resistência mecânica, tanto por excesso, como por falta.
Os vazios (ou poros) da pasta cimentícia possuem diversos
tamanhos e formas. Para Mehta e Monteiro (1994), essa porosidade
distribui-se da seguinte forma:
• poros de gel ou entre camadas de C-S-H: são poros presen-
tes nos produtos de hidratação e são muito pequenos (Ø de 5 a 25 Å),
devido a esse reduzido tamanho, não iniciam fissuras e, com isso, não
prejudicam a resistência do concreto;
• vazios capilares: poros geralmente formados pela saída da
água não utilizada na hidratação do cimento. São poros de pequeno
diâmetro (Ø<50 nm) localizados entre os produtos hidratados do cimen-

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to, por possuírem um diâmetro maior, são capazes de iniciar fissuras,
mas, em geral, afetam pouco a resistência do concreto. Porém, devido
a tensões capilares de fechamento a saída da água dos poros podem
provocar forte retração;
• poros de ar incorporado: poros geralmente formados por in-
correta vibração do concreto ou incorporados intencionalmente pelo uso
de aditivos químicos. São conhecidos por macroporos (Ø>50 nm) afe-
tam bastante a resistência mecânica, porém não causam muita retração
com a saída da água, já que se gera reduzida tensão capilar.

Com o aumento do grau de hidratação da pasta, os poros maio-


res vão sendo preenchidos com os novos produtos hidratados, propor-
cionando um refinamento da matriz porosa e contribuindo, assim, para
o aumento de resistência mecânica.
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PROPRIEDADES DO CONCRETO

Propriedades no estado fresco


O estado fresco é compreendido até o fim da pega, nesse es-
tado, é importante que o concreto possua propriedades que possibilitem
seu transporte, lançamento, adensamento e acabamento. As principais
propriedades do concreto no estado fresco são consistência, plasticida-
de, retenção de água e trabalhabilidade.
Consistência
A Consistência é uma importante propriedade do concreto fres-
co. De forma simples, pode ser definida como a firmeza da mistura fres-
ca ou como a capacidade que ela flui, relacionando-se, portanto, com
a mobilidade da massa. O teor de água/materiais secos é o principal
fator que influência na consistência da mistura, lembrando que, quanto
maior este teor, mais fluida será a massa. A NBR NM 67:1998 apresenta
a metodologia para a determinação da consistência pelo abatimento do
tronco de cone, um ensaio mais conhecido por SLUMP TEST.
Plasticidade
A Plasticidade é uma propriedade do concreto fresco definida
como a facilidade que esse pode ser moldado sem se romper. É depen-
dente da consistência e do grau de coesão entre os componentes da
mistura. Quando a coesão entre os componentes é fraca, pode ocor-
rer um fenômeno conhecido por segregação, ou seja, a separação do
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agregado da pasta de cimento. Em algumas situações, é mais propício


acontecer segregação, por exemplo, durante o transporte, lançamento
ou adensamento da mistura, ou, ainda, pela ação da gravidade que
pode provocar o assentamento dos grãos mais pesados no fundo das
formas.
Poder de Retenção de Água
Como o próprio nome já diz, o poder de retenção de água é a
capacidade da mistura em reter água. É importante que a mistura tenha
uma adequada retenção de água, pois essa propriedade evita a ocor-
rência da exsudação. Esse fenômeno é definido como a migração da
água da mistura para a superfície da peça, podendo favorecer a segre-
gação dos componentes e comprometer a resistência final.
Trabalhabilidade
A trabalhabilidade do concreto é relativa e está relacionada com
a sua empregabilidade em um determinado fim, ou seja, seu emprego
satisfatório. Um concreto pode ser considerado trabalhável para o en-
chimento de uma laje, entretanto, o mesmo concreto pode ser péssimo
para o enchimento de um pilar esbelto. Assim, a trabalhabilidade, além
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de depender de outras propriedades, como a consistência, plasticida-
de e retenção de água, depende das particularidades do elemento que
será executado. Um concreto trabalhável é fundamental, pois possibilita
a correta execução, com adequado preenchimento da forma, evitando
falhas de concretagem que podem comprometer seriamente a resistên-
cia e durabilidade da peça.
Propriedades no estado endurecido
O estado endurecido é atingido após o fim da pega. As princi-
pais propriedades do concreto no estado endurecido são a massa espe-
cífica, resistência mecânica, a durabilidade e a permeabilidade.
Massa Específica
A massa específica do concreto é uma propriedade impor-
tante, inclusive é fundamental na determinação do peso próprio da
peça de concreto, e pode ser definida como a relação entre a massa
de concreto e o seu volume após adensamento incluindo os vazios.
A NBR 8953:2015 propõe a seguinte classificação para o concreto de
acordo com sua massa específica determinada pelo prescrito na NBR
9778:2005.
• concreto normal: concreto com massa específica seca com-
preendida entre 2000 kg/m3 e 2800 kg/m3:
• concreto leve: concreto com massa específica seca inferior a
2000 kg/m3;
• concreto pesado ou denso: concreto com massa específica
seca superior a 2800 kg/m3.

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Os concretos normais são os corriqueiramente utilizados nas
obras. O concreto leve é obtido pela uso de agregados leves (por exem-
plo vermiculita expandida) ou incorporação de ar, são mais indicados
para fins não estruturais, como enchimento, ou onde se busca um maior
isolamento térmico. O concreto pesado é obtido pelo uso de agregados
pesados (por exemplo barita), com alta massa específica, são mais in-
dicados para isolamentos, sobretudo os radioativos. Normalmente, ao
se reduzir a massa específica do concreto há uma perda de resistência
mecânica, porém, atualmente, com novas tecnologias, já é possível se
obter concretos leves e com grande resistência mecânica.
Resistência Mecânica
A resistência mecânica do concreto endurecido irá refletir sua
capacidade de resistir a diversas solicitações de carregamento em ser-
viço. Fica clara a importância desta propriedade, pois uma resistência
deficitária (abaixo do mínimo especificado) impede o uso do concreto,
ou se caso ele tenha sido empregado dessa forma, coloca os ocupan-
tes da estrutura em perigo, pois ela pode colapsar. Quando falamos de
resistência mecânica do concreto, consideramos, principalmente, cinco
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tipologias: resistência à compressão, à tração, à flexão, à torção e ao
cisalhamento. Vale lembrar que, geralmente, uma peça de concreto que
está sujeita a um ou mais esforços combinados, e, para se manter ínte-
gro, deve responder satisfatoriamente a todos. No caso do concreto, a
resistência à compressão é a mais fundamental, pois, majoritariamente,
o concreto está sujeito a esforços de compressão. A Figura 2 exemplifi-
ca cada esforço.

Figura 2 - Principais tipos de esforços que atuam no concreto

Fonte: RODRIGUES (2014)


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Norma sobre o assunto: NBR 5739:2018 – Ensaio de com-


pressão de corpos-de-prova cilíndricos.
Observação: A referida norma expõe as diretrizes para se de-
terminar a resistência a compressão do concreto.

Durabilidade
Atualmente, é crescente a atenção dada à durabilidade do con-
creto, pois de nada adianta ter um concreto inicialmente com elevada
resistência mecânica, que responde satisfatoriamente aos esforços,
mas que, com o tempo, deteriora-se e perde capacidade portante. Um
concreto durável deve resistir à ação do tempo, aos ataques físicos, aos

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ataques químicos, ou a qualquer outro tipo de ataque que possa levar
a sua deterioração. Para a confecção de um concreto durável, é de ex-
trema importância se atentar ao tipo de ataque que ele estará sujeito,
levando em consideração a agressividade do meio, para que a escolha
dos materiais e a dosagem sejam as mais adequadas.
Permeabilidade
Para Mehta e Monteiro (2014), a permeabilidade do concre-
to é uma propriedade de grande influência na resistência à degrada-
ção, sobretudo, por agentes químicos. Quanto maior a permeabilidade,
maior é a facilidade de ingresso desses agentes na peça de concreto.
A permeabilidade também está correlacionada com a porosidade, ou
seja, uma redução da porosidade favorece a redução da permeabilida-
de. É importante lembrar que uma dosagem adequada e um processo
de adensamento e cura apropriados são grandes aliados na redução da
permeabilidade, além, é lógico, do uso de aditivos químicos.

ESTRUTURA INTERNA DO CONCRETO

O concreto pode ser entendido como um aglomerado de agre-


gados envoltos por uma pasta cimentícia. Apesar da definição simples,
sua estrutura interna é complexa, pois depende das propriedades indi-
viduais dos materiais constituintes e da interação entre eles. Ao analisar
essa estrutura interna, podemos constatar três zonas: a zona do agre-

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gado, da pasta cimentícia e a zona de transição pasta-agregado (Figura
3).
Figura 3 - Zona de transição pasta-agregado

Fonte: MEHTA e MONTEIRO (2014)

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Zona Agregado
A zona agregado depende das características do agregado,
sobretudo das físicas, como a densidade e resistência mecânica. Tais
características vão influenciar na massa unitária, no módulo de elasti-
cidade e na estabilidade dimensional do concreto. Vale ressaltar que a
resistência mecânica do agregado geralmente é superior à resistência
da pasta ou da zona de transição, logo não é fator delimitador da resis-
tência do concreto.
Zona da pasta cimentícia
A zona da pasta cimentícia é função das características do ci-
mento empregado, assim como de seu processo de hidratação. A distri-
buição de poros, de água, do teor de CSH, CH e etringita presente nes-
sa interface influem diretamente na resistência mecânica do concreto,
na sua permeabilidade e durabilidade. Entretanto, a zona de transição
pasta-agregado é tida, normalmente, como a delimitadora da resistên-
cia mecânica do concreto, como o elo fraco da corrente.
Zona de transição pasta-agregado
Para Neville (2016), a zona de transição pasta-agregado pos-
sui uma maior relação água/cimento, pois, durante a hidratação do
concreto, uma fina película de água se fixa na parede do agregado,
assim, o aumento dessa relação leva a uma maior porosidade e, con-
sequentemente, menor resistência mecânica dessa zona. O autor cita,
também, que há uma concentração de tensões nessa zona provoca-
da pelos diferentes módulos de elasticidade do agregado e da pasta
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

cimentícia. Neville (2016) deixa claro que a zona de transição pasta-


-agregado graúdo é mais susceptível a ficar debilitada do que a zona
pasta-agregado miúdo, devido à relativa maior extensão da primeira.
Já, para Carvalho (2009), as fases agregado, pasta e zona de transição
possuem natureza múltipla, ou seja, as característica físicas e químicas
de cada grão de agregado podem diferir entre si, analogamente a pasta
e a zona de transição possuem distribuição heterogênea de produtos
hidratados de cimento, poros ou microfissuras. Além disso, a pasta e
a zona de transição estão sujeitas a modificações ao longo do tempo,
por exemplo, devido à hidratação tardia de compostos do cimento, ou
condições externas como temperatura e umidade do ambiente. A Figura
4 apresenta uma ampliação por microscopia eletrônica de varredura da
zona pasta-agregado.

22
Figura 4 - Microscopia eletrônica de varredura da zona pasta de transição
pasta-agregado.

Fonte: LMCC – UFSM (2005 apud DUART, 2008).

APLICAÇÕES DO CONCRETO

É de se esperar que o concreto, como um dos materiais mais


utilizados no mundo, tenha muitas aplicações. Podemos citar, por
exemplo, construção de casas, edifícios, pontes, usinas geradoras de

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


energia, obras de saneamento, pavimentação de vias, de passeios
públicos, mobiliário urbano, isolamento acústico, isolamento radioativo,
postes de iluminação, dentre outras diversas aplicações, até mesmo
artesanato. O concreto também ganha de muitos materiais no quesito
durabilidade x custo, além do mais, atualmente, com a ampla gama de
aditivos e adições sua aplicabilidade só aumenta.
Assim, é importante dar atenção especial às possíveis pato-
logias que possam surgir no concreto, estudar suas causas e medidas
corretivas, para que a durabilidade desse incrível material não seja afe-
tada.

PATOLOGIA

O termo “patologia” significa, literalmente, “estudo da doença”


e possui sua origem no grego (Pathos - doença, e Logos - estudo).
Apesar desse termo ser mais comum na medicina, é cada vez mais fre-
quente seu uso na engenharia civil, principalmente, devido à crescente
23
preocupação do setor com a durabilidade, vida útil e o satisfatório de-
sempenho das construções. Helene (1992) enfatiza que, na engenharia
civil, o campo da patologia estuda as origens, os sintomas, os agentes
causadores e o mecanismo de ocorrência das falhas nas construções.

A ocorrência de patologia em uma construção deve ser tratada


de forma séria, pois pode indicar a necessidade de uma manutenção,
evitando-se complicações futuras que incluem, até mesmo, o colapso
da construção.

Sintomas
Os sintomas de uma patologia podem ser definidos como a
manifestação externa característica da patologia. Assim, é a partir des-
sa manifestação patológica que se inicia o estudo da natureza, origem,
mecanismos, causas, consequências e terapia que será emprega para
sanar o problema.
A análise visual e minuciosa dos sintomas apresentados é de
extrema importância, já que permite, muitas vezes, determinar de ante-
mão qual a causa da patologia e correspondente terapia, sem deman-
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

dar estudo mais detalhados. No geral, o sintoma mais comum que indi-
ca a ocorrência de uma patologia são as fissuras, mas vale lembrar que
cada patologia tem seu próprio padrão de fissuras. Na Figura 5, temos
uma peça de concreto fissurada devido a uma patologia conhecida por
reação álcali-agregado, tal patologia apresenta como sintoma fissuras
em forma de mapas (multidirecionais).

Figura 5 - Fissuras em forma de mapas no piso da tomada d ́água da


UHE Paulo Afonso III

Fonte: SILVA (2007)


24
Neste ponto, é importante ficar claro a diferença entre patolo-
gia e manifestação patológica (sintoma), por exemplo, uma fissura não
é uma patologia e sim um sintoma que pode advir de um dado meca-
nismo de degradação, como excesso de carregamento, ou reações quí-
micas deletérias ao concreto, ou deformações excessivas da estrutura,
etc. e cada mecanismo demandará uma terapia diferente.
Mecanismo
O mecanismo, ou processo, de ocorrência de uma patologia
envolve o conjunto de meios para que esta se desenvolva. Por exem-
plo, para que ocorra uma reação álcali-agregado (RAA), patologia de
origem química que pode levar a fissuração do concreto (Figura 5), é
necessário a existência de agregados com componentes reativos, íons
alcalinos presentes no cimento Portland e umidade. Assim, é importante
se conhecer o mecanismo da patologia, sobretudo para que se possa
evitá-la, pois, ao se utilizar um cimento com reduzido teor de álcalis, ou
agregado sem componentes reativos, ou ainda, controlar a umidade é
possível evitar a existência de RAA.
Origem
Os problemas patológicos em uma construção podem ter sua
origem em qualquer uma das três fases seguintes: fase de projeto, fase
de construção e fase de ocupação, lembrando que em cada fase haverá
um responsável (projetista, construtor ou usuário respectivamente).
Na fase de projetos, vários problemas patológicos podem se
originar, por exemplo, devido a um projeto mal dimensionado, falta de

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


detalhes construtivos, falta de compatibilização entre projetos ou, ain-
da, devido à especificação errônea de materiais. Na fase de constru-
ção, temos a mão de obra descapacitada, processos construtivos ina-
dequados, materiais e componentes de baixa qualidade, falha técnica,
sabotagem, dentre outros motivos que podem originar os problemas
patológicos. Por último, na fase de utilização, temos o uso inadequado
da construção e ausência ou deficiente programa de manutenção. Por
exemplo, suponha-se um problema patológico que originou uma fissura
na laje (terraço) da edificação, sua origem pode estar na fase de projeto,
com uma estimativa inadequada do carregamento, ou na fase de cons-
trução, com o uso de concreto com a resistência fora da especificação
de projeto, ou na fase de utilização, provocada por uma sobrecarga
originada por uma festa realizada pelo usuário. Vale ressaltar que a
origem do problema patológico se dá nas fases supracitadas, porém
sua manifestação, geralmente, dá-se na fase de ocupação, causando
transtornos e riscos aos usuários.
É importante destacar o papel fundamental desempenhado pe-
las normas técnicas para a prevenção de patologias, cita-se, por exem-
25
plo, a NBR 6118:2014 que preconiza as diretrizes a serem seguidas no
projeto de estruturas de concreto, ou a NBR 5674:2012 que estabelece
os requisitos para a gestão do sistema de manutenção de edificações.
Dessa forma, é importante que o projetista, construtor ou usuário siga
o estabelecido pela normativa e manuais orientativos e então se evite a
gênese dos problemas patológicos.
Causas
A causa de um problema patológico está relacionado ao agen-
te que a origina. Souza e Ripper (2009) propõe a divisão das causas
dos problemas patológicos em intrínsecas e extrínsecas. Segundo es-
ses autores, será classificada como intrínseca, quando o processo de
deletério é inerente à própria estrutura, ou seja, as que têm sua origem
nos materiais e peças estruturais, durante as fases de construção ou
ocupação. As causas extrínsecas são aquelas que ocorrem indepen-
dente dos materiais e da estrutura em si, ou seja, fatores que atacam o
corpo estrutural de fora para dentro, seja durante a fase de projeto ou
nas demais fases. As figuras 6 e 7 deixam mais clara a diferenciação
entre as causas.
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

26
Figura 6 - Causas intrínsecas dos processos de deterioração das estruturas
de concreto.

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Fonte: adaptado de SOUZA e RIPPER (2009).

27
Figura 7 - Causas extrínsecas dos processos de deterioração das estruturas
de concreto
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Fonte: adaptado de SOUZA e RIPPER (2009).

Consequência
Os problemas patológicos podem comprometer desde a es-
tética, com manchas ou pequenas fissuras, até a segurança estrutural
da construção com grandes deformações e rachaduras. É importante
mensurar a consequência gerada pelo problema patológico, até para
determinar sua gravidade e, consequente, urgência de intervenção.
Além disso, deve-se levar em conta o caráter evolutivo de alguns pro-

28
blemas patológicos, como fissuras que aumentam ao longo do tempo,
e, também, a possibilidade de um problema patológico gerar outro, por
exemplo, uma fissura incialmente inofensiva pode abrir caminho para
a corrosão da armadura da peça, aí sim comprometendo a segurança
estrutural. Assim, após estas considerações deve se determinar a ur-
gência e necessidade das intervenções.
Terapia
A terapia é o tratamento a ser realizado para sanar o problema
patológico. Cada problema demandará uma terapia diferente, que será
baseada no conjunto de informações coletadas sobre ele, como o seu
mecanismo, origem, causa e consequência. Tais medidas terapêuticas
podem partir desde um reparo localizado até uma recuperação genera-
lizada da estrutura. Além disso, dependendo do comprometimento da
estrutura pode-se demandar reforços ou até a demolição das peças es-
truturais.

É importante diferenciar os seguintes conceitos:


Reparo: Correção de pequenos danos da estrutura;
Recuperação: Devolução do desempenho original perdido pela
estrutura;

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Reforço: Incrementar o desempenho da estrutura.

O conhecimento da causa que gerou o problema é importante para que se


possa prescrever a terapêutica adequada para o problema em questão, uma
vez que se tratarmos os sintomas sem eliminar a causa, o problema tende a
se manifestar novamente (DO CARMO, 2003).

Portanto, fica claro que a escolha da terapia e seu respectivo


procedimento de execução dever ser cuidadosa, baseada nos dados
coletados sobre o problema, para que não haja retrabalhos e desper-
dícios. Para exemplificar a questão, imagine uma mancha de bolor em
uma parede, de nada adianta lavá-la com solução de cloro ou até re-
fazer o revestimento se não for sanada a fonte de umidade que é fator
condicionante para existência deste problema patológico.
Prevenção de patologias
Há um velho ditado popular que diz “é melhor prevenir que
remediar”, a ideia passada pelo ditado se concentra na prevenção, e,
no caso de problemas patológicos, é perfeitamente aplicável. A “lei de
29
Sitter” mostra justamente isso, pois reflete o aumento do custo de inter-
venção na estrutura ao passar do tempo (Figura 8).

Figura 8 - Lei de Sitter

Fonte: HELENE (1992 apud CAVALLI; DOTAF, 2008)

Dividindo-se em quatro etapas (projeto, execução, manuten-


ção preventiva e manutenção corretiva), a lei mostra que uma interven-
ção, que vise evitar uma dada patologia, realizada na fase de projeto
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

terá um custo cerca de 5 (cinco) vezes menor ao custo de uma medida


equivalente tomada na fase de execução, ou um custo cerca de 25 (vin-
te e cinco) vezes menor ao custo de uma medida equivalente tomada na
fase de manutenção preventiva. Agora, caso a patologia já tenha ocorri-
do, deve realizar a manutenção corretiva, e nessa fase o custo pode ser
até 125 (cento e vinte e cinco) vezes superior ao custo das medidas que
poderiam ter sido tomadas na fase de projeto. Assim, fica claro a impor-
tância da prevenção quando se trata de problemas patológicos, para se
evitar transtornos ao usuário e para evitar custos desnecessários.

30
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2017 Banca: COVEST-COPSET Órgão: UFPE Prova: Enge-
nheiro Civil. Nível: Superior.
O clínquer é o produto resultante da calcinação da mistura de cal-
cário e argila. Os principais produtos constituintes do clínquer são:
a) C2S, C3S, C3A e C4AF.
b) C4S, C6S, C3A e C4AF.
c) C7S, C9S, C3A e C4AF.
d) C2S, C3S, C6A e C8AF.
e) C2S, C3S, C9A e C8AF.

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: COMPERVE Órgão: UFRN Prova: Engenheiro Ci-
vil. Nível: Superior.
Os aditivos utilizados em concreto destinam-se a modificar as pro-
priedades da mistura no estado fresco e/ou endurecido. A quan-
tidade de aditivo utilizada no concreto é geralmente calculada a
partir do:
a) Volume total de concreto.
b) Consumo de cimento.
c) Consumo de água.

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d) Volume dos materiais secos.

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: DETRAN-CE Prova: Analista
de Trânsito e Transporte - Engenharia Civil Nível: Superior.
O concreto em massa é um dos principais materiais consumidos
pela indústria da construção civil. Sua resistência e trabalhabilida-
de o tornam um material ideal para a maioria das estruturas. Esse
material, porém, tem suas limitações; contudo, existem os aditivos
para o concreto massa, permitindo que o material adquira carac-
terísticas específicas conforme seja a situação. Os aditivos para
o concreto modificam suas características, por isso é preciso que
seu uso seja criterioso. O uso inadequado de aditivos pode trazer
consequências negativas ao desempenho da estrutura. Conside-
rando os aditivos para o concreto em massa, assinale a afirmação
verdadeira.
a) Expansores são aditivos que servem basicamente para criar micro-
bolhas de ar no interior do concreto. Esse efeito é desejável, por exem-
31
plo, quando se pretende aumentar a resistência térmica do material,
sendo indicado para ambientes que estejam sujeitos a temperaturas de
congelamento.
b) Plastificantes são aditivos líquidos que reduzem o atrito dinâmico do
concreto, tornando-o mais plástico. Esse tipo de aditivo se adiciona na
mistura para o concreto na ordem de um litro por metro cúbico de con-
creto produzido, e resulta em uma economia de cimento de até 15%
além de facilitar o adensamento e a trabalhabilidade do concreto, atra-
vés da redução da tensão superficial da água.
c) Incorporadores de ar são aditivos líquidos para o concreto, que po-
dem ser adicionados a uma proporção de até 2% do total de concreto
a ser moldado. Basicamente eles agem acelerando o processo químico
de hidratação do cimento, fazendo com que a cura ocorra mais rapida-
mente, aumentando a resistência inicial do concreto.
d) Superplastificantes são aditivos de materiais silicosos ou alumino-sili-
cosos que não têm propriedades hidráulicas. Entretanto, quando trans-
formados em pós, na presença de umidade, em temperatura ambiente,
reagem com o hidróxido de cálcio formando compostos de propriedades
cimentícias.

QUESTÃO 4
Ano: 2013 Banca: IBFC Órgão: SEPLAG-MG Prova: Engenheiro Ci-
vil. Nível: Superior.
Toda edificação possui um período de vida útil a que se destina. E
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

durante este período algumas patologias podem ser encontradas


a exemplo das infiltrações, fissuras, corrosão da armadura, mo-
vimentações térmicas, descolamentos. Sobre o tema, patologia e
manutenção, leia as sentenças e assinale a alternativa correta:
I. A patologia na construção pode ser entendida como o ramo da
engenharia que estuda os sintomas, formas de manifestação, ori-
gens e causas das “doenças” ou defeitos que ocorrem nas edifi-
cações.
II. Muitas vezes, por falta de manutenção periódica, antes mesmo
que prazo de vida útil da edificação seja alcançado, o nível de de-
sempenho já encontra-se abaixo do satisfatório. A manutenção im-
pedirá que o estabelecimento alcance, um dia, o fim da sua durabi-
lidade, e sempre eliminará a existência de patologias.
Estão corretas as afirmativas:
a) A afirmativa I está correta e a afirmativa II está incorreta.
b) A afirmativa I está incorreta e a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão corretas.
d) As afirmativas I e II estão incorretas.
32
QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: SEGPLAN-GO Órgão: SEGPLAN-GO Prova: En-
genheiro Civil. Nível: Superior.
Patologia pode ser entendida como a parte da engenharia que es-
tuda os sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos de-
feitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que
compõem o diagnóstico do problema. Sobre a patologia das edifi-
cações, é INCORRETO afirmar que:
a) O fenômeno da fissuração ocorre quando as deformações provenien-
tes dos esforços de tração aos quais o concreto é submetido excedem
sua capacidade resistente. Tal capacidade varia, entre outros fatores,
com a idade do concreto e a velocidade de desenvolvimento da defor-
mação. As variações dimensionais podem ser ocasionadas por variação
de temperatura, absorção ou perda de umidade, reações álcali-agrega-
do, pela ação de agentes deletérios como os íons sulfato e como resul-
tado da aplicação de carga.
b) As causas mais comuns para ocorrência de manifestações patoló-
gicas nos revestimentos são deficiências de projeto, desconhecimento
das características dos materiais empregados e/ou emprego de mate-
riais inadequados, erros de execução, seja por deficiência de mão de
obra, desconhecimento ou não observância de normas técnicas e au-
sência ou ineficiência de manutenção.
c) Deficiências nos níveis de pressão e vazão, no fornecimento de água
e no desempenho dos equipamentos instalados, rupturas nas tubula-

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ções por perda de estanqueidade, ruídos nas instalações e entupimen-
tos são as principais anomalias verificadas nos sistemas prediais de
distribuição de água e reduzem, frequentemente de forma significativa,
o adequado desempenho funcional destes sistemas.
d) Os revestimentos externos funcionam para a edificação como a pri-
meira camada de proteção contra agentes ambientais, sendo, portanto,
elementos que precisam ter suas características respeitadas ou, pelo
menos, ser de fácil substituição/manutenção, visando um nível míni-
mo de desempenho. Os requisitos mínimos de desempenho estão re-
lacionados à capacidade que o envelope da edificação apresenta em
garantir durabilidade e resistência à agentes externos, equilibrando a
qualidade e conduzindo a baixos custos com manutenção.
e) A corrosão é o fenômeno patológico de ocorrência mais comum em
metais e resulta na alteração das características e propriedades do
material, reduzindo sua resistência mecânica, elasticidade, ductilidade,
estética e resgatando a durabilidade da edificação. São fatores que in-
fluenciam no processo de corrosão as características físicas e químicas
do metal e o ambiente no qual a edificação está inserida..
33
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Ano: 2012 Banca: IBFC Órgão: Hemominas Prova: Engenheiro Civil.


Nível: Superior.
“As obras de construção civil continuam sendo apropriadas para as uti-
lizações e exigências para que foram projetadas. O suporte das car-
gas imposta no projeto devem ser sempre avaliados, pois a construção
pode, ao longo do tempo, apresentar sérios problemas de manutenção.
Inspecionar, avaliar e diagnosticar as patologias da construção são ta-
refas que devem ser realizadas sistematicamente e periodicamente, de
modo que os resultados e as ações de manutenções devem cumprir
efetivamente a reabilitação da construção, sempre que for necessária”.
Sendo assim descreva o que é “patologia”, “sintoma”, “falha” e “diag-
nóstico”.

TREINO INÉDITO

Assinale a alternativa incorreta.


a) O reparo consiste na correção de pequenos danos sofridos pela es-
trutura.
b) É indicado o uso de argamassas poliméricas em reparos superficiais.
c) A recuperação visa à devolução do desempenho original perdido pela
estrutura.
d) O reforço visa a incrementar o desempenho da estrutura.
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e) Para a escolha do tipo de reforço da estrutura, não é necessário o


estudo de seu projeto estrutural.

NA MÍDIA

Pontes e viadutos de SP sofrem com manchas e buracos no concreto


Manchas, infiltrações e armaduras expostas são problemas comuns
encontrados nas pontes e viadutos de São Paulo. Os sinais, quando
aparecem em pequena quantidade, podem passar despercebidos aos
olhos leigos. Entretanto, especialistas apontam que, embora não haja
estruturas em estado de colapso na cidade, a falta de manutenção pode
causar graves problemas estruturais em um futuro não muito distante.
Fonte: G1
Data: 17 mar. 2012.
Leia a notícia na íntegra: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/
03/pontes-e-viadutos-de-sp-sofrem-com-manchas-e-buracos-no-con-
creto.html
Acesso em: 10/04/2019.
34
NA PRÁTICA

O concreto, ao menos no Brasil, é o material mais presente na vida


profissional de um engenheiro civil. Ele está presente nas pequenas e
grandes construções, sejam casas, edifícios, pontes ou hidrelétricas.
Um bom engenheiro civil deve conhecer as propriedades e caracte-
rísticas desse material, não importa se é projetista ou engenheiro de
campo, pois, certamente, em algum momento, colidirá com demandas
envolvendo concreto. O bom profissional deve conhecer bem as forças,
mas não deve negligenciar a existência de fraquezas no concreto, deve
entender que o concreto como qualquer outra material está sujeito à
ação do tempo e com isso se degrada. Além disso, deve entender que
erros de projeto, erros de execução, materiais de baixa qualidade den-
tre outros fatores podem adoecer as estruturas de concreto e gerar os
famigerados problemas patológicos. Assim, é imprescindível que o pro-
fissional domine o campo das patologias do concreto, para que sempre
tome medidas preventivas e cultue a qualidade das construções.

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35
DETERIORAÇÃO DO CONCRETO
POR AÇÕES FÍSICAS
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

O concreto é o material mais importante da construção civil,


está presente nas casas, edifícios, barragens, obras de saneamento,
torres de resfriamento, dentre outras aplicações. Esse amplo uso de
deve, principalmente, devido a duas de suas características, a primeira
é a maior resistência a água quando endurecido, diferente do aço e da
madeira que são mais propensos a se deteriorarem em contato com a
água, e a segunda é sua plasticidade no estado fresco, que permite a
moldagem de diferentes formas e obtenção de belas estruturas. Portan-
to, por sua grande importância na construção, é necessário o estudo
dos problemas patológicos que podem atingi-lo, e, consequentemente,
aumentar sua durabilidade.
O concreto pode se deteriorar fisicamente ou quimicamente.
A deterioração física está relacionada a desgastes superficiais, com
consequente perda de massa, ou fissurações causadas por agente fí-
sicos. Já a segunda está relacionada com a interação química entre os
próprios componentes do concreto ou com algum componente externo.
Nesse capítulo, serão apresentados os principais problemas patológi-
36
cos que causam tanto a deterioração física quanto a deterioração quí-
mica do concreto.

CAUSAS FÍSICAS DA DETERIORAÇÃO DO CONCRETO

A Figura 9 apresenta de forma sistematizada as causas físicas


da deterioração do concreto.

Figura 9 - Causas físicas da deterioração do concreto

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


Fonte: adaptado de MEHTA e GERWICK (1982 apud MEHTA e MONTEIRO,
2014)

Deterioração por desgastes superficiais


Segundo Abitante (2004), o desgaste de um corpo sólido é oca-
sionado por uma ação mecânica de contato e movimento relativo contra
um agente sólido, líquido ou gasoso. Essa ação gera uma remoção pro-
gressiva de material da superfície do corpo sólido. Alguns aspectos en-
volvem o fenômeno do desgaste superficial, a saber (ABITANTE, 2004):
1. envolve contato e movimento relativo entre o corpo sólido e
o agente;
2. provoca a remoção de material;
3. é um processo mecânico;
4. possui caráter progressivo.
O aspecto 4 é particularmente preocupante, pois denota o ca-
ráter evolutivo do desgaste superficial caso haja constante movimento
37
relativo entre corpo sólido e o agente. Assim, é importante dar atenção
a esses fenômenos para impedir tal deterioração.
Quando tratamos do material concreto, há três mecanismos
básicos pelos quais o desgaste superficial pode se manifestar, a sa-
ber: desgaste superficial por abrasão, por erosão ou por cavitação. Vale
lembrar que esses mecanismos podem ocorrer isoladamente ou simul-
taneamente.
Desgaste por abrasão
A abrasão é um mecanismo de desgaste gerado pelo contato e
movimento relativo entre materiais que possuem durezas diferentes. As
superfícies de concreto estão mais sujeitas à abrasão do que as demais
estruturas, obviamente devido ao atrito de materiais sobre elas. Inicial-
mente, a resistência à abrasão do concreto é dependente da resistência
mecânica de sua superfície, que, ao se desgastar, expõe os agregados
graúdos, miúdos e a pasta de cimento, assim, a força de aderência
entre estes ditará a evolução da abrasão. Para Oliveira e Tula (2006),
o CH é o primeiro componente da pasta a se desprender, devido a sua
baixa resistência mecânica e capacidade de aderência, tornando a pas-
ta enfraquecida e propiciando o prosseguimento do processo abrasivo,
que então atacará os agregados e demais componentes da pasta. A
Figura 10 mostra o processo abrasivo em superfícies de concreto.

Figura 10 - Processo abrasivo em superfícies de concreto.


PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Fonte: OLIVEIRA e TULA (2006).

38
O principal sintoma desse problema patológico é a perda de
massa do material na área que está sofrendo abrasão. A Figura 11 apre-
senta um piso de concreto que sofreu abrasão.

Figura 11 – Abrasão em piso de concreto1

Esse problema patológico pode ter sua origem tanto na fase

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


de construção quanto na de ocupação, pois dependerá apenas da pre-
sença do agente agressor. As consequência do desgaste da superfície
de concreto, originado pelo processo abrasivo, é a perda de massa; ge-
rando crateras que podem comprometer a funcionalidade da peça. Vale
ressaltar que, quanto mais profundo o desgaste, com perda de agrega-
dos e da pasta, mais severo ele é, e, portanto, demanda maior atenção.
Os desgastes que superam o cobrimento de concreto da armadura são
os mais preocupantes, pois, ao exporem a armadura, pode se desen-
cadear o processo corrosivo desta, colocando em risco a capacidade
portante da estrutura.
A norma NBR12042:2012 prescreve um ensaio para a verifica-
ção da resistência à abrasão de materiais inorgânicos, esse ensaio uti-
liza um jato de areia como material abrasivo. Já a norma ASTM 779-05
prescreve um ensaio para medir a resistência à abrasão em superfícies
de concreto, sendo válido para simular o trânsito intenso de pessoas e
veículos sobre a superfície.
1 - Disponível em: < http://sasolucoes.com.br/melhorar-resistencia-do-pavimento/> Acesso em
março. 2019.

39
Alguns fatores podem influenciar a resistência à abrasão do
concreto. Para Neville (2016), quanto maior a resistência à compressão
do concreto maior é sua resistência à abrasão. Sendo assim, para se
obter um concreto com adequada resistência à abrasão, deve-se se
atentar aos fatores que afetam a resistência à compressão. O fator água/
cimento é o mais notório quando se trata de resistência a compressão
do concreto, assim, é importante reduzir esse fator ao mínimo possível.
Para reduzir o fator a/c é comum a utilização de aditivos redutores de
água (plastificantes, superplastificantes, hiperplastificantes). Uma cura
adequada também é importante para que as reações de hidratação do
concreto ocorram satisfatoriamente. Dhir et al (1991) estudaram a in-
fluência do fator a/c e das condições de cura na resistência à abrasão
das superfícies de concreto, constaram que tanto a redução do fator
água/cimento quanto o aumento do tempo de cura aumentou a resistên-
cia à abrasão do concreto. O uso de adições minerais (pozolanas, fillers
e cimentantes) também é uma alternativa para aumentar a resistência à
compressão do concreto e, consequentemente, sua resistência à abra-
são. O uso de agregados com resistência a abrasão adequada também
deve ser observado, assim como, o acabamento superficial do concre-
to. A resistência a abrasão também pode ser afetada pela exsudação
excessiva do concreto, pois ocorre um aumento do fator água/cimento
da superfície e, consequentemente, reduz-se a resistência mecânica.
A terapia utilizada para recuperar o concreto desgastado pela
abrasão vai depender da área que foi afetada. Quando se tem áreas
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

relativamente pequenas, é possível uma recuperação localizada e ar-


tesanal, já áreas maiores demandam recuperações generalizadas. Nos
dois casos, procede-se com a retirada de material solto, escarificação
da área afetada, se necessário alargamento da área para melhor anco-
ragem e posterior limpeza, após se procede com a aplicação do mate-
rial de preenchimento. O material de preenchimento deve ser no mínimo
uma argamassa de cimento Portland enriquecida por epóxi, microsílica,
látex ou acrílico. No caso de superfícies que podem estar sujeitas a
condições severas de abrasão, recomenda-se utilizar endurecedor su-
perficial líquido (silicatos, flúor-silicatos, etc.), esse material promove
maior resistência ao desgaste e reduz a permeabilidade do concreto,
proporcionando a vitrificação da superfície. Há também endurecedores
em forma de pó. Os endurecedores possuem componentes inorgânicos
que em contato com os compostos hidratados do cimento reagem e
geram compostos de maior dureza. A Figura 12 apresenta um esquema
de superfície com o uso de endurecedores líquidos.

40
Figura 12 – Superfícies de concreto tratadas com endurecedores

Fonte: OLIVEIRA e TULA (2006)

Desgaste por erosão


A erosão é um mecanismo de desgaste gerado pelo contato
do corpo sólido com um fluido (gasoso ou líquido) em movimento. Esse
fluido possui partículas suspensas que ao colidirem, escorregarem ou
rolarem sobre a superfície do corpo sólido pode desgastá-lo, (Figura
13). No geral, essas partículas são grãos de rocha, areia, silte, argila ou
até fragmentos da própria superfície do corpo sólido. Segundo Neville
(2016), a intensidade da erosão dependerá da quantidade, forma, di-
mensão, dureza e velocidade das partículas suspensas, a presença de
redemoinhos também podem potencializar a erosão.

Figura 13 - Evolução do desgaste superficial por erosão em uma superfície

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de concreto

Fonte: WEBER (2012)

41
As estruturas de concreto mais sujeitas à erosão são aquelas
que estão em contato permanente com água, por exemplo, barragens,
calhas de vertedouros, canais de irrigação, pilares de pontes e galerias
de águas pluviais (Figura 14).

Figura 14 - Desgaste por erosão em galeria de água pluvial

Fonte: AGUIAR (2006)

O desgaste por erosão é um problema patológico similar ao


desgaste por abrasão, diferindo um pouco no mecanismo. O principal
sintoma é a superfície rugosa (erodida), a origem e consequências são
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iguais ao da abrasão. Um concreto resistente à erosão deve ter uma


superfície resistente, ou seja, com elevada resistência à compressão,
logo a terapia/recuperação prescrita para a abrasão se aplica também
a erosão. Entretanto, é importante se atentar à resistência mínima à
erosão requerida para o material de preenchimento e a verificação da
contaminação do concreto pelo fluido, caso positivo, é importante uma
limpeza com jatos de areia e água limpa.
Desgaste por cavitação
A cavitação é um desgaste que ocorre em superfícies de con-
creto exposta a um fluxo não linear de material líquido (geralmente
água). Segundo Neville (2016), “cavitação é a formação de bolhas de
vapor quando a pressão absoluta local cai ao nível da pressão de va-
por da água à temperatura ambiente. As bolhas podem ser isoladas
e grandes, que se rompem posteriormente, ou podem ser uma névoa
de bolhas”. O problema está quando tais bolhas entram em regiões de
pressão mais elevada, onde ocorre a entrada de água à alta velocidade
nos espaços antes ocupados pelo vapor, essa súbita entrada de água
gera a implosão da bolha, causando grande impacto na superfície de
42
concreto. Assim, essa sequência de impactos na superfície de concreto
gera cavidades, ou seja, erosões localizadas, com isso, o concreto fica
com uma aparência corroída (Figura 15). Vale ressaltar que a cavitação
aumenta conforme se aumenta a velocidade de escoamento do fluido,
tornando-se mais destrutiva quando o fluido está à velocidade maior
que 12 m/s. Para combater a cavitação, Neville (2016) afirma que um
concreto de elevada resistência é importante, porém não suportará por
tempo longínquo as forças severas de cavitação, e que uma medida
essencial é a redução ou anulação do fluxo irregular do fluido.

Figura 15 - Desgaste causado por cavitação em uma estrutura hidráulica2

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O fluxo não linear do fluido pode ser causado por irregularida-
des na superfície de escoamento, como saliências, depressões, juntas,
desalinhamentos, degraus (Figura 16) e mudanças bruscas de inclina-
ção ou curvaturas. Assim, é importante evitar ou amenizar essas condi-
cionantes do escoamento, para que se combata a cavitação.

2 - Disponível em: < https://theconstructor.org/concrete/cavitation-damage-in-concrete-and-protec-


tion/8890/> Acesso em março. 2019.

43
Figura 16 – Rebaixo brusco que gera um fluxo não linear do fluido causando
cavitação na superfície de concreto

Fonte: AGUIAR (2011)

Para a recuperação da estrutura vale os mesmos procedimen-


tos descritos para o desgaste por abrasão. Uma última observação é
que, no uso de concreto para preenchimento, a dureza do agregado
graúdo não é muito importante, sendo mais essencial a aderência entre
ele e a argamassa.
Deterioração por fissuração
As fissuras são manifestações patológicas características das
estruturas de concreto e não devem ser negligenciadas, pois podem
indicar risco de colapso da estrutura além de trazer um desconforto psi-
cológico ao usuário, seja por estética ou por descrença na segurança da
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edificação (ZATT, 2000, apud PELACANI, 2010).


Fissuração devido a carga estrutural
Quando ocorre uma fissura devido à carga estrutural, significa
dizer que a solicitação imposta está maior que a resistência do concre-
to. Souza e Ripper (2009) elencam três situações possíveis que podem
gerar esse problema: erro de projeto, erro de construção, alteração no
uso ou ação de algum esforço imprevisível. No caso de erro de projeto,
temos a estimativa inadequada do carregamento ou o dimensionamen-
to incorreto da peça de concreto ou de sua armadura. Na etapa de cons-
trução, temos a desqualificação da mão de obra como principal agente
gerador de problemas patológicos, por exemplo, a concretagem de pe-
ças cuja fôrma está desalinhada, ou fôrmas que não respeitam o cobri-
mento da armadura. Na etapa de utilização, temos o desconhecimento
do usuário, seja pelo uso indevido, como uma festa lotada de pessoas
em uma laje não reforçada, ou seja, por alterações estruturais, como a
retirada de paredes portantes, ou, ainda, seja pela falta de manutenção.
A Figura 17 apresenta os principais padrões de fissuras em
vigas de concreto em função do tipo de esforço solicitante.
44
Figura 17 - Principais padrões de fissuras em vigas de concreto em função do
tipo de esforço solicitante

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

Souza e Ripper (1998) também exemplificam alguns quadros


de fissurações em vigas por insuficiência de armadura. As Figuras 18 a
21 apresentam esses quadros.

Figura 18 - Fissura em viga de concreto armado devido a insuficiência de

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armadura frente ao momento negativo

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

Figura 19 - Fissura em viga de concreto armado devido a insuficiência de


armadura frente ao momento positivo

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

45
Figura 20 - Fissura em viga de concreto armado devido a insuficiência de
armadura de compressão

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

Figura 21 - Fissura em viga de concreto armado por cisalhamento devido a


insuficiência de armadura frente ao esforço cortante

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

No caso de esforços compressivos, compressão simples ou


flexocompressão, há também a ocorrência de fissuras. As Figura 22
e 23 apresentam alguns padrões genéricos de acordo com o esforço
solicitante.

Figura 22 – Padrão de fissuras em vigas solicitadas por


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flexocompressão

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

46
Figura 23 - Padrão de fissuras em peças solicitadas por compressão sem e
com confinamento

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

No caso de lajes, há também a ocorrência de fissuras devido


à deficiência da capacidade resistente. As Figura 24 a 26 apresentam
alguns padrões genéricos de acordo com o esforço solicitante.

Figura 24 – A direita: padrão de fissura por esmagamento do concreto na face


inferior de uma laje devido a deficiência diante dos momentos negativos. A
esquerda: padrão de fissura por flexão na face superior de uma laje devido a
insuficiência de armadura diante dos momentos negativos.

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Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

47
Figura 25 – A direita: padrão de fissura por esmagamento do concreto na face
superior de uma laje devido a deficiência diante dos momentos positivos. A
esquerda: padrão de fissura por flexão na face inferior de uma laje devido a
insuficiência de armadura diante dos momentos positivos

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

Figura 26 - A direita: padrão de fissura na face superior de uma laje devido a


deficiência de armadura diante dos momentos volventes. A esquerda: padrão
de fissura na face inferior de uma laje devido a deficiência de armadura diante
dos momentos volventes
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Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

Em pilares, há a possibilidade da ocorrência de fissuras por es-


magamento do concreto, porém esses casos são bem raros, são mais
comuns fissuras verticais no corpo do pilar, próximas ao terço médio
de sua altura, devido a esforços de cisalhamento que não são absor-
vidos pelos estribos (subdimensionamento) (THOMAZ, 2003). A Figura
27 apresenta uma fissura vertical em pilar causada por esforços de ci-
salhamento.

48
Figura 27 – Fissura vertical em pilar causada por esforços de cisalhamento

Fonte: THOMAZ (2003)

No encontro de lajes lisas e pilares, pode ocorrer fissuração


por puncionamento, (Figura 28). A punção em lajes pode ser evitada
com o uso de capitéis, armadura de reforço a punção ou aumento da
espessura da laje. Vale ressaltar que a NBR 6118:2014 estabelece cri-
térios para a verificação da punção.

Figura 28 - Fissuração por puncionamento

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Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

Norma sobre o assunto: NBR 6118 - 2014 – Projeto de estru-


turas de concreto — Procedimento
Observação: A referida norma expõe as diretrizes para o pro-
49
jeto de estruturas de concreto, seguir esta norma é fundamental para a
prevenção de problemas estruturais.

Estes foram os principais padrões de fissuras, devido ao car-


regamento estrutural, em estruturas de concreto. De posse do mapea-
mento e classificação dessas fissuras, procede-se com a determinação
de sua causa. Na terapia escolhida, seja um reparo ou reforço, é impor-
tante que se leve em conta o contexto da obra, por exemplo, obras que
necessitam ser postas em uso prontamente demandam reparos com
materiais de rápido ganho de resistência. O reforço de estruturas foge
ao escopo deste trabalho, porém, no item 3.3, será comentado os sobre
o tratamento de fissuras. Vale lembrar que, independente do tratamento
da fissura, é importante atacar a causa do problema, e, para isso, nada
melhor que trabalhar com a prevenção.
Fissuração devido ao movimento de fundações
As fissuras são as manifestações patológicas típicas de movi-
mento das fundações. Elas ocorrem porque a movimentação introduz
tensões que superaram a resistência dos elementos estruturais.

É importante mencionar que detalhes construtivos específicos de vinculação


dos diferentes elementos que normalmente compõem uma edificação, além
de efeitos combinados de movimentos causados por outra origem que não
deslocamentos, tornam, nos casos reais, bastante complexa a definição e
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identificação dos movimentos a partir apenas da fissuração apresentada. É


necessária a realização de acompanhamento ou controle de recalques para
identificação precisa do comportamento real das fundações (MILITITSKY et
al, 2015).

As Figura 29 a 35 apresentam os principais padrões de fissu-


ras devido ao movimento de fundações.

Figura 29 - Padrão de fissuras devido ao recalque de fundações de


pilares internos

Fonte: ORTIZ (1984 apud MILITITSKY et al, 2015)


50
Figura 30 - Padrão de fissuras devido ao recalque de fundações de pilar de
canto

Fonte: ORTIZ (1983 apud MILITITSKY et al, 2015)

Figura 31 - Padrão de fissuras em parede portante devido ao recalque em


sua extremidade

Fonte: ORTIZ (1983 apud MILITITSKY et al, 2015) PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

51
Figura 32 - Prováveis diagramas de esforços e fissuras em estruturas de con-
creto devido a recalques de fundações de pilares internos e nas extremidades
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Fonte: MAÑA (1978 apud MILITITSKY et al, 2015)

52
Figura 33 - Padrão de fissuras devido a deformação côncava de
parede portante

Fonte: ORTIZ (1983 apud MILITITSKY et al, 2015)

Figura 34 - Padrão de fissuras devido a deformação convexa de


parede portante

Fonte: ORTIZ (1983 apud MILITITSKY et al, 2015)

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Figura 35 - Padrão de fissuras devido ao recalque em extremidade sobre
aterro

Fonte: ORTIZ (1983 apud MILITITSKY et al, 2015)

53
Norma sobre o assunto: NBR 6122:2010 – Projeto e execu-
ção de fundações.
Observação: A referida norma expõe as diretrizes para o pro-
jeto de fundações de todas as estruturas da engenharia civil, seguir esta
norma é fundamental para a prevenção de problemas estruturais.

Vale destacar, que as fissuras geradas por problemas na fun-


dação, em sua grande maioria, são devido a problemas no solo. Assim,
é de extrema importância um estudo geotécnico adequado e alinhado
com as características da fundação.
Estes foram os principais padrões de fissuras, devido ao movi-
mento de fundações, em estruturas de concreto. A escolha da terapia,
seja um reparo, reforço ou reconstrução, irá depender da gravidade dos
danos e de sua progressão, ou seja, se o movimento da fundação se
estabilizou ou se continua. Assim, é importante o acompanhamento da
abertura e extensão das fissuras, além disso, a NBR 6122:2010 já suge-
re o monitoramento dos recalques em obras com certas características
(item 9.1 da referida norma). Portanto, antes de se combater as fissu-
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ras, é preciso se combater a causa delas, e, sobretudo, deve-se traba-


lhar com a prevenção, através de projetos e investigações geotécnicas
adequadas.

Indicação Bibliográfica:
Livro sobre o assunto: Patologia das fundações, 2 ed. 2015.
Observação: Segundo os autores Jarbas Milititsky, Nilo Cesar Conso-
li e Fernando Schnaid, o livro aborda as causas e tipos correntes de
problemas nas diferentes etapas da vida de uma fundação, norteando
os cuidados necessários para evitar patologias, identificar suas causas,
indicar as diretrizes adequadas de sua execução e fiscalização.

Fissuração devido a temperaturas extremas


Deterioração por ação do congelamento
É conhecido que a água ao congelar, a 0°C, sofre um aumento
de volume próximo de 9%. Essa condição é a principal causadora de
danos ao concreto devido ao congelamento. O Brasil, por ser um país

54
majoritariamente tropical, não possui invernos tão rigorosos, porém, em
países de clima frio, há grandes problemas em estruturas de concreto
devido ao congelamento da água em seu interior.
Segundo Neville (2016), quando o congelamento da água do
concreto ocorre antes da pega, o processo de hidratação do cimento é
interrompido; após o degelo, o concreto deve ser revibrado e, então, a
hidratação continua sem prejudicar a resistência final. Caso o congela-
mento ocorra após a pega, mas antes de o concreto adquirir uma míni-
ma resistência, o efeito do congelamento da água pode ser catastrófico,
causando desagregação e grande perda de resistência. No concreto já
endurecido, os danos do congelamento dependerão de sua resistência,
de seu grau de saturação e o sistema de poros da pasta.
As fissuras são as manifestações patológicas do congelamen-
to no concreto, porém, muitas vezes, são internas e de difícil constata-
ção (Figura 36). O mecanismo desse problema patológico é o seguinte:
quando ocorre a exposição do concreto endurecido a baixas tempera-
turas (≤ 0°C), a água presente nos poros capilares se expande ao con-
gelar. Essa expansão da água gera tensões de tração no poro, que, se
for maior que a resistência do concreto, acarreta fissuras. Além disso,
podem ocorrer ciclos de congelamento, ou seja, quando a peça des-
congela, a água pode migrar para as pequenas fissuras, e, ao congelar
novamente, expande-se e acaba por aumentar a fissura, e assim por
diante, este fenômeno é conhecido por ciclo gelo-degelo.

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


Figura 36 - Fissuras internas em corpo de prova de concreto submetido a
ciclos de congelamento3

3 - Disponível em: < http://publish.illinois.edu/concretemicroscopylibrary/freeze-thaw/> Acesso em


março. 2019.

55
Quanto mais saturado o concreto, ou seja, quanto mais preen-
chido por água for os poros do concreto, maiores serão as tensões trati-
vas geradas pelo congelamento da água (Figura 37). Isso ocorre porque
a água terá pouco ou nenhum espaço para se expandir.

Figura 37 – Efeito da saturação do concreto em sua resistência ao congela-


mento, expressa por um coeficiente arbitrário

Fonte: NEVILLE (2016)

As consequências da fissuração por congelamento vão desde


a desplacamentos até a perda de resistência devido a fissuração gene-
ralizada. Além do mais, essas fissuras podem abrir caminho para outras
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agentes agressivos que deterioram o concreto e sua armadura.


A terapia, na verdade, está baseada na prevenção. Para Ne-
ville (2016), é importante: que o concreto não seja exposto ao conge-
lamento antes de atingir resistência mínima, que possua baixa relação
água/cimento, de modo que o volume dos poros seja pequeno, que haja
uma cura adequada para reduzir a quantidade de água congelável da
pasta, e, por último, seja considerado o uso de aditivo incorporador de
ar, para que haja espaços onde a água possa escapar ao congelar. O
tratamento das fissuras é comentado no item 3.3.
Deterioração por ação do fogo
A ação do fogo no concreto pode ter dois mecanismos, o pri-
meiro é mais simples de ser entendido e está relacionado ao aumento
volumétrico da peça quando aquecida, essa expansão, caso seja res-
tringida pelo arranjo estrutural, gerará tensões de tração, e estas, quan-
do superarem a resistência do concreto, gerarão fissuras. A segunda é
mais complexa, e está relacionado a heterogeneidade da estrutura do
concreto, ou seja, suas diferentes fases (agregado, pasta e zona de
transição). Cada componente do concreto reage de forma diferente ao
56
aumento da temperatura.
Para entender melhor o efeito da alta temperatura na pasta
cimentícia, suponhamos uma estrutura em incêndio, conforme se eleva
a temperatura, partir de 100°C, o concreto perde água evaporável (água
livre), podendo gerar fissuras por retração da pasta, a partir da elevação
dessa temperatura o concreto continua perdendo água livre e passa,
também, a perder água adsorvida, potencializando a retração. Quando
a temperatura vai se elevando, podendo chegar a mais de 1000°C, a
água quimicamente ligada também vai se perdendo, ou seja, a água
que compõe os produtos hidratados do cimento, como o CSH e CH
evapora. Essa perda gera a decomposição dos produtos hidratados,
que acarreta em redução de massa, porosidade, redução de resistência
mecânica (Figura 38) e perda de capacidade aglomerante da pasta,
assim, o concreto se desintegra. Com o acúmulo de vapor nos poros da
pasta pode ocorrer tensões que gerem desplacamentos do concreto.
No agregado, o efeito da alta temperatura dependerá de sua
composição. Agregados silicosos favorecem a fissuração por apresen-
tarem elevada expansão térmica. Já os agregados calcários apresen-
tam menor dilatação térmica (SOUZA, 2016).
A interface pasta-agregado também apresenta fissuração con-
forme se eleva a temperatura, pois, enquanto o agregado se dilata, a
pasta cimentícia sofre retração devido à desidratação, assim esse dife-
rencial gera fissuras que se iniciam nessa interface e se propagam, o
que pode também favorecer o processo de desplacamento (FERNAN-

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DES et al, 2017). A Figura 38 apresenta uma estrutura de concreto que
sofreu incêndio, percebe-se o desplacamento do concreto e a conse-
quente exposição da armadura, podendo acarretar sua corrosão.

Figura 38 - Estrutura de concreto que sofreu incêndio4

4 - Disponível em: < http://www.cimentoitambe.com.br/hidrodemolicao-recupera-estruturas/0>


Acesso em março. 2019.

57
As consequências de um incêndio na estrutura dependerão da
temperatura atingida. A Figura 39 apresenta uma correlação entre a re-
sistência à compressão do concreto e a temperatura atingida em um
incêndio. Uma forma de identificar a temperatura atingida pelo concreto
é através de sua cor. A Figura 40 apresenta as diferentes cores do con-
creto frente a elevação da temperatura.

Figura 39 - Mudança na resistência à compressão e coloração do concreto


frente a elevação da temperatura
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Fonte: CANOVAS (1998 APUD LIMA, 2005)

Figura 40 – Mudança na coloração do concreto frente a elevação da


temperatura

Fonte: adaptado de HAGER (2013)

Em estruturas que sofreram incêndio é necessário um amplo


estudo, que envolve a determinação e o mapeamento das fissuras,
assim como, a determinação da resistência à compressão residual. A
esclerometria e a extração de testemunhos são métodos usualmente
58
utilizados para se determinar essa resistência.
A partir disso, deve se escolher a terapia, muitas vezes, o in-
cêndio foi tão devastador que a estrutura demandará reforço ou até a
demolição. Porém, caso for possível tratar as fissuras deve-se fazê-lo,
principalmente, para se evitar a entrada de agente agressivos no con-
creto. O tratamento das fissuras é comentado no item 3.3.

Norma sobre o assunto: ABNT NBR 15200:2012 – Projeto de


estruturas de concreto em situação de incêndio – Procedimento.
Observação: Esta Norma estabelece os critérios de projeto de
estruturas de concreto em situação de incêndio e a forma de demons-
trar o seu atendimento.

Novamente, a prevenção se mostra o meio mais pertinente de


terapia, seguir o preconizado na NBR 15200:2012 é fundamental, mas,
além disso, é importante que a estrutura tenha um adequado sistema
de combate a incêndio. Além das normas técnicas, é imprescindível que
o projetista consulte as normatizas do Corpo de Bombeiros do Estado
onde se localiza a estrutura.

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Fissuração devido à pressão de cristalização de sais nos poros
O mecanismo desse problema patológico consiste na crista-
lização, com consequente aumento de volume, de sais nos poros do
concreto, essa expansão pode gerar tensões e promover sintomas
como fissurações e desplacamentos. Estruturas em zonas de variação
de maré são as mais susceptíveis a esse ataque, pois, na maré alta, o
concreto absorve a solução salina, na maré baixa, essa solução eva-
pora e deixa os sais, que cristalizam e geram o problema. Quanto mais
ciclos a estrutura estiver exposta maior é a propagação das fissuras. As
fissuras geram redução da resistência do concreto, e, além disso, pode
abrir caminho para a corrosão da armadura. Segundo Bertolini (2010),
a presença de cloretos na solução dos poros do concreto pode induzir
a corrosão por pites sobre as armaduras. O choque físico das ondas
do mar também podem favorecer os desplacamentos do concreto já
fissurado.
A terapia para este problema patológico é complicada, pois se
baseia na tentativa de impermeabilização da zona afetada para que não
haja mais a absorção da solução salina, é importante levar em conside-
59
ração para estimar até onde impermeabilizar a absorção por capilarida-
de da solução salina. Mais uma vez, a prevenção seria a melhor solu-
ção, adotando um concreto de elevada resistência, com baixa relação
água/cimento e realizando a impermeabilização da estrutura antes do
ataque da água salina.
Fissuração devido a gradientes normais de temperatura
Gradientes normais de temperatura são aqueles que ocorrem
no dia a dia da construção, temperatura mais baixa à noite e mais alta
durante o dia. Assim, como a dilatação térmica na peça de concreto
causada pela ação do fogo, os gradientes de temperatura também são
capazes de causar essa expansão, que, caso seja restringida pelo ar-
ranjo estrutural, gerará tensões de tração e estas, quando superarem a
resistência do concreto, gerarão fissuras. Segundo Souza et al (2014),
quanto maior for o gradiente de temperatura e o grau de restrição da
estrutura, maiores serão os danos causados.
Os danos da dilatação térmica ficam bem visíveis em pavimen-
tos de concreto quando estes são executados sem juntas de dilatação,
principalmente devido sua grande área, já que a dilatação da peça é em
função de sua área inicial.

Juntas de dilatação: São espaços deixados para que o material


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se expanda ou contraia com liberdade, e, assim, não gere tensões. Ge-


ralmente, são preenchidas por um material elastomérico.

No caso de vigas, as dilatações podem gerar, por exemplo,


esforços de torção ou de cisalhamento, além do mais, como estas se
apoiam nos pilares, podem introduzir esforços horizontais nessas peças
(Figura 41).

60
Figura 41 - Fissuras no pilar devido a movimentação térmica das vigas

Fonte: THOMAZ (2003)

As lajes, por terem grandes superfícies, são bem susceptíveis


aos efeitos das dilatações térmicas, que acabam por refletir nos demais
componentes da estrutura. Em lajes de cobertura, por exemplo, a dilata-
ção pode introduzir tensões e causar fissuras verticais no encontro com
a alvenaria (Figura 42).

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Figura 42 – Fissura vertical em alvenaria causada pela dilatação da
laje de cobertura

Fonte: THOMAZ (2003)

61
Além disso, a dilatação de lajes pode causar problemas na im-
permeabilização, com descolamentos ou rompimentos. Caso a imper-
meabilização for danificada pode-se gerar infiltrações que trarão danos
a estrutura e desconforto ao usuário.
A terapia para essa patologia consiste em isolamento térmicos
para a estrutura, com o intuito de se reduzir a amplitude térmica, por
exemplo, uma cobertura na laje já evita sua dilatação exagerada. O
importante é a prevenção através de um bom projeto de juntas de dila-
tação, para que a estrutura posso se expandir sem gerar esforços, além
da resistência adequada do concreto. A Figura 43 apresenta um piso
executado com juntas de dilatação.

Figura 43 - Piso executado com juntas de dilatação5


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As fissuras devido a gradientes normais de temperatura tam-


bém devem ser tratadas, nesse caso se aplica o comentado no item 3.3.
Fissuração devido ao calor de hidratação do cimento
A hidratação dos compostos do cimento Portland libera grande
quantidade de calor (reação exotérmica), principalmente o C3A e o C3S
(Figura 44). Quanto maior o volume de concreto, maior a quantidade de
calor liberada. Estruturas que demandam grande volume de concreto
são denominadas estruturas de concreto massa, blocos de fundação ou
barragens são exemplos dessas estruturas.

5 - Disponível em: < https://cimentomaua.com.br/blog/junta-de-dilatacao-para-piso-de-concreto/>


Acesso em março. 2019.

62
Figura 44 - Liberação de calor durante a hidratação dos composto do
cimento Portland6

A Figura 45 apresenta uma análise em uma peça de concreto


massa cujo interior atingiu 80°C, nota-se que a temperatura cai vertiginosa-
mente conforme se aproxima do exterior. Essa amplitude de temperatura
entre o interior da peça e sua região mais externa causa tensões trativas,
e consequente fissuração, pois o interior expande mas fica restringido pela
porção mais externa.
Após a ocorrência do problema patológico a terapia é tratar suas
fissuras, para que não haja a entrada de outros agentes agressivos, mas

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o importante é sempre trabalhar com a prevenção. Na realidade o maior
problema não está na grande liberação de calor, mas, sim, no tempo em
que isso ocorre, ou seja, na taxa de liberação de calor. Os principais fatores
que aumentam a taxa estão relacionados ao cimento, já que é este que se
hidrata. Grande quantidade de cimento na mistura aumenta a liberação de
calor, cimentos muito finos se hidratam mais rápido, já que possuem su-
perfície específica maior, e, com isso, aumentam a taxa, cimentos ricos em
C3A e C3S também aumentam a taxa, já que são esses compostos os que
mais liberam calor. Assim, para uma adequada prevenção, é importante
combater esses fatores, por exemplo, limitar o consumo de cimento, ou uti-
lizar cimento tipo CPIV e CPIII, que são cimentos compostos por adições,
e, assim, possuem um menor teor de C3A e C3S. Outra possiblidade é a
concretagem por camadas, pois assim se aguarda a dissipação do calor
de cada camada, atentando-se as juntas de concretagem. Ainda há outras
medidas, que são o resfriamento da água de amassamento, o uso de gelos
em escamas na mistura e evitar a concretagem em dias muito quentes.
6 - Disponível em: <http://aquarius.ime.eb.br/~moniz/matconst2/conc08.pdf> Acesso em março.
2019.

63
Figura 45 - Variação de temperatura no interior de uma peça de concreto
massa

Fonte: GAMBALE (2009)

No item 3.3 se comenta metodologias para o tratamento de


fissuras.
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Fissuração devido à retração por secagem


Geralmente, o concreto é misturado com mais água do que o
necessário para hidratar o cimento, assim, a água não consumida na
reação de hidratação se evapora, gerando tensões capilares de retra-
ção. Diferente da retração plástica (item Fissurações anteriores ao en-
durecimento do concreto - retração plástica), na retração por secagem o
concreto já possui certa resistência, pois já está endurecido, entretanto
as tensões capilares são tão elevadas que, mesmo assim, ele acaba
por fissurar. A retração por secagem pode ser evitada através da redu-
ção da relação água/cimento, para que o teor de água livre seja o mí-
nimo possível. A cura adequada também é importante, pois, só assim,
o concreto irá adquirir resistência suficiente para resistir às tensões de
retração, além disso, deve-se atentar ao uso de juntas de concretagem.
O padrão de fissuras é similar ao da retração plástica, porém a abertura
e profundidade das fissuras tendem a ser maiores.
Tanto as fissuras por retração plástica quando as de retração
por secagem afetam mais estética do que a integridade estrutural, en-
tretanto é importante que sejam tratadas, pois, caso contrário, podem
64
se tornar uma porta de entrada para agentes agressivos ao concreto ou
ao aço. No item 3.3, comenta-se sobre o tratamento de fissuras.
Fissurações anteriores ao endurecimento do concreto
Algumas condições geram fissuras no concreto ainda no es-
tado plástico, ou no estado não totalmente endurecido, são motivadas,
principalmente, pela baixa resistência a tração do concreto nesses es-
tados iniciais. As principais motivações são: assentamento do concreto,
movimentação de fôrmas, assentamento de fundação, concretagens
em rampas e retração plástica. Em todos os casos que serão apresen-
tados, é importante o tratamento das fissuras geradas, principalmente,
para se evitar a entradas de agentes agressivos.
Assentamento do concreto
Segundo Souza e Ripper (2009), a fissuração por assentamen-
to do concreto pode ocorrer quando a disposição das armaduras ou das
fôrmas atrapalha, ou mesmo, impede a massa de preencher adequa-
damente os espaços. Essa condição pode causar problemas como a
perda de aderência entre aço e concreto, fissuras, e, consequentemen-
te, pode reduzir a capacidade estrutural. As fissuras geradas por assen-
tamento do concreto tendem a promover um vazio sob a barra de aço,
caso as barras estejam próximas podem ocorrer uma conexão entre as
fissuras e levar a uma perda total de aderência (Figura 46).

Figura 46 - Fissuras geradas por assentamento do concreto

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Fonte: SOUZA E RIPPER (2009)

Dessa forma, é de extrema importância o lançamento e vibra-


ção correta do concreto. Podendo de considerar o uso de plastificantes
no traço. Lembrando que as fissuras geradas deverão ser tratadas (item
3.3), ainda mais, para se evitar a entradas de agentes agressivos.
Movimentação de fôrmas
Quando a fôrma ou o escoramento se movimenta, sem que
o concreto tenha adquirido suficiente resistência mecânica, ele pode
65
fissurar. A Figura 47 apresenta dois casos de fissuras geradas por mo-
vimentação de fôrmas.

Figura 47 - Fissuras geradas por movimentação de fôrmas

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

Dessa forma, é de extrema importância o projeto e execução


adequada das fôrmas. Lembrando que as fissuras geradas deverão ser
tratadas, ainda mais, para se evitar a entradas de agentes agressivos.
Assentamento de fundação
Nesse caso, aborda-se o assentamento de fundações logo
após sua execução. Esse assentamento pode ser motivado por diver-
sos fatores, inclusive os constantes no item “Fissuração devido ao movi-
mento de fundações”. A Figura 48 apresenta uma viga fissurada devido
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o assentamento de uma fundação. Portanto, fica claro a importância


do projeto e execução adequada das fundações, seguindo à risca o
preconizado na NBR 6122:2010. Lembrando que as fissuras geradas
deverão ser tratadas, ainda mais, para se evitar a entradas de agentes
agressivos.

66
Figura 48 - Fissura por cisalhamento devido a uma expansão diferencial do
terreno de fundação

Fonte: CARMONA FILHO e CARMONA (2013)

Concretagens em rampas
As concretagens em rampas, devido ao efeito da gravidade,
podem gerar o deslizamento do concreto e provocar fissuras. Nesse
caso, a prevenção consiste em utilizar um concreto mais viscoso e con-
cretar por painéis (Figura 49). Lembrando que as fissuras geradas de-
verão ser tratadas, ainda mais, para se evitar a entradas de agentes
agressivos.

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Figura 49 - Concretagem de rampas por painéis7

7 - Disponível em: http://www.dcc.ufpr.br/mediawiki/images/5/5b/TC034_fissura%C3%A7%-


C3%A3o.pdf> Acesso em março. 2019.

67
Retração plástica
Quando a água da superfície do concreto, recém-lançado, eva-
pora mais rapidamente do que é substituída pela água de cura, o con-
creto da superfície retrai. Essa retração o introduz tensões de tração;
e como o concreto ainda não possui suficiente resistência mecânica
acaba por fissurar (Figura 50). As fissuras por retração plástica podem
ser evitadas tomando medidas para se barrar a rápida perda de água
da superfície do concreto, como por exemplo, protegendo a superfí-
cie de ventos fortes e insolação. Porém, o mais importante é iniciar a
cura o mais rápido possível, e permanecer por tempo suficiente. A NBR
14931:2004 destaca que, enquanto não atingir endurecimento satisfa-
tório, o concreto deverá ser curado e protegido contra qualquer agente
que possa prejudicá-lo. Essa medida visa evitar a perda de água pela
superfície exposta, assegurar uma superfície com resistência adequada
e assegurar a formação de uma capa superficial durável.

Figura 50 - Retração plástica em superfície de concreto


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Fonte: MEHTA e MONTEIRO (2008)

68
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: ITEP - RN Prova: Perito
Criminal - Engenharia Civil. Nível: Superior.
As falhas em virtude de deficiências de projeto, com influência di-
reta na formação de fissuras, podem ser as mais diversas. Na re-
gião próxima ao ponto de contato de lajes lisas diretamente apoia-
das sobre pilares, podem surgir fissuras características, como se
evidencia na figura a seguir. Assinale a alternativa que melhor ca-
racteriza o efeito de fissuração citado.

a) Fissuração por torção.


b) Fissuração por retração.
c) Fissuração por recalque.

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d) Fissuração por puncionamento
e) Fissuração devido ao processo de corrosão da armadura.

QUESTÃO 2
Ano: 2014 Banca: CS-UFG Órgão: CELG/D-GO Prova: Analista Téc-
nico - Engenheiro Civil Nível: Superior.
Estruturas de concreto podem estar sujeitas a vários processos de
deterioração, entre eles os desgastes superficiais que ocasionam
perda progressiva de massa de uma superfície de concreto. Quan-
do essa perda é causada pela formação de bolhas de vapor e a
subsequente ruptura causada pela mudança repentina de direção
em águas que fluem com alta velocidade sobre as estruturas de
concreto, ocorre um fenômeno denominado:
a) abrasão.
b) fissuração.
c) cristalização.
d) erosão.
e) cavitação.
69
QUESTÃO 3
Ano: 2013 Banca: CS-UFG Órgão: IF-GO Prova: Engenheiro Civil
Nível: Superior.
O concreto é um material que apresenta longa durabilidade, mas
não pode ser considerado perene, pois pode sofrer desgastes com
o tempo em consequência da ação de agentes físicos, químicos e
biológicos. Entre essas ações, uma delas provoca eflorescência
no concreto devido à percolação de água em fissuras ou à alta
permeabilidade do concreto, causando a dissolução dos compo-
nentes da pasta de cimento. Essa patologia é denominada:
a) cavitação.
b) erosão.
c) carbonatação.
d) lixiviação.

QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: UFMG Órgão: UFMG Prova: Engenheiro Civil Ní-
vel: Superior.
A retração de produtos à base de cimento pode causar fissuras.
Analise as seguintes opções sobre retração em argamassas e con-
cretos, e assinale a afirmativa INCORRETA.
a) A retração das argamassas e concretos aumenta com a finura do
cimento e com seu conteúdo de cloretos.
b) Uma maior quantidade de cimento adicionado às argamassas e con-
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

creto não influencia a retração.


c) Quanto maior a relação água-cimento, maior a retração de secagem
nas argamassas e concreto.
d) A retração das argamassas e concreto poderá ser aumentada, se a
evaporação da água iniciar antes do término da pega.

QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: IF-ES Órgão: IF-ES Prova: Engenheiro Nível: Su-
perior.
Foi solicitado ao engenheiro civil que realizasse uma vistoria em
uma obra que apresenta algumas manifestações patológicas. De-
pois de concluída a vistoria, o profissional emitiu seu parecer téc-
nico em que continha as imagens seguintes.

70
Podemos afirmar que as manifestações identificadas nas imagens
são:
a) I – Fissuras de flexão, II – Fissuras de Retração hidráulica ou de con-
tração térmica, III – Fissuras de recalque.
b) I – Fissuras de cisalhamento, II – Fissuras de escorregamento da
armadura, III – Fissuras de flexão.
c) I – Fissuras de Torção, II – Fissuras de Flexão, III – Fissuras de re-
calque.

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d) I – Fissuras de recalque, II – Fissuras de flexão, III – Fissuras de Re-
tração hidráulica ou de contração térmica.
e) I – Fissuras de flexão, II – Fissuras de flexão, III – Fissuras de recal-
que.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Qual a importância do emprego de juntas de dilatação em uma estrutura


de concreto?

TREINO INÉDITO

Assinale a alternativa incorreta.


a) A erosão é um mecanismo de desgaste gerado pelo contato do corpo
sólido com um fluido (gasoso ou líquido) em movimento.
b) A cavitação é um desgaste que ocorre em superfícies de concreto
exposta a um fluxo não linear de material líquido (geralmente água).
c) Estruturas em zonas de variação de maré são as mais susceptíveis
71
à fissurações devido à pressão de cristalização de sais nos poros do
concreto.
d) No caso de concretagens em rampas, é dispensável o uso de con-
creto mais viscoso.
e) Em incêndios, a temperatura elevada pode chegar a decompor os
produtos hidratados da pasta cimentícia.

NA MÍDIA

Torre da Igreja do Céu desaba em Viçosa do Ceará

A torre da Igreja do Céu, em Viçosa do Ceará, desabou na madrugada


deste domingo, 31. A estrutura caiu dentro do prédio e danificou parte
da cobertura do local. Não há informações de vítimas.
Em nota técnica divulgada neste domingo, o engenheiro relembra as
condições do prédio antes da queda. “Evidenciou-se que a presença
de fissuras em quase todas as fachadas da igreja, nas paredes e pisos
internos. Estas fissuras por vezes se apresentavam com grandes di-
mensões (> 10 mm de abertura) e em alguns casos em posições quase
simétricas em relação ao lado oposto”, escreveu.

Fonte: Opovo
Data: 31 mar. 2019.
Leia a notícia na íntegra:
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https://www.opovo.com.br/noticias/ceara/vicosadoceara/2019/03/31/
torre-da-igreja-do-ceu-desaba-em-vicosa-do-ceara.html
Acesso em: 10/04/2019.

NA PRÁTICA

O engenheiro civil pode se perguntar qual é a importância ou necessi-


dade de se dominar a patologia das construções, dominar os diferen-
tes mecanismos de ocorrências dos problemas patológicos, as diversas
manifestações patológicas ou ainda saber os fatores condicionantes.
Na prática, essa importância ou necessidade está diretamente ligada à
segurança e à economia da construção. Está ligada à segurança, por-
que, dependendo do problema patológico, podemos ter o colapso par-
cial ou total da estrutura e, com isso, colocar em risco a saúde dos ocu-
pantes. Por outro lado, está ligada à economia da construção, porque,
quanto mais tardio for o combate ao problema patológico, mais caro
fica, a lei de Sitter apresentada no item “1.6.8 Prevenção de patologias”
deixa claro essa relação. Logo, resta-nos enfatizar que o bom profis-
72
sional sempre deve buscar a prevenção de problemas patológicos, em
todas as etapas da construção, deve entender que uma execução ina-
dequada é tão prejudicial quanto um projeto mal feito, que a qualidade
dos materiais empregados é tão importante quanto o uso adequado da
construção. Por fim, espera-se que o engenheiro aja com racionalidade,
que busque sempre a prevenção, mas que, caso o problema já esteja
instalado, seja capaz de tomar as medidas corretas.

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73
DETERIORAÇÃO DO CONCRETO
POR AÇÕES QUÍMICAS
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DETERIORAÇÃO DO CONCRETO POR AÇÕES QUÍMICAS

O concreto pode ser deteriorado por agentes físicos ou agen-


tes químicos. A Figura 51 apresenta os principais agentes químicos que
deterioram o concreto e suas consequências.

74
Figura 51 – Fluxograma dos agentes químicos que deterioram o concreto

Fonte: MEHTA e MONTEIRO (1994)

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Reações por troca de cátions
Formação de sais solúveis de cálcio
Quando se trata de formação de sais solúveis de cálcio, o prin-
cipal ataque considerado é o por ácidos. O cimento Portland, geralmen-
te, não apresenta boa resistência aos ácidos; até porque é um material
altamente alcalino, entretanto alguns ácidos fracos podem ser tolera-
dos, particularmente se a exposição for ocasional e o concreto tiver uma
boa resistência mecânica.
O mecanismo desse problema patológico consiste na reação
entre o composto ácido e componentes hidratados da pasta cimentícia,
principalmente o CH, mas o CSH também pode ser atacado (NEVILLE,
2016). A reação resulta na formação de compostos de cálcio solúveis
(sais de cálcio) em água que são então lixiviados pelas soluções aquo-
sas (BICZOK, 1972). Essa reação: ácido + base = sal + água, é conhe-
cida por reação química de neutralização.
Um sal de cálcio muito solúvel será facilmente lixiviado, conse-
75
quentemente, aumentará a porosidade do concreto, e com isso, redu-
zirá sua resistência mecânica. A permeabilidade do concreto também
será incrementada, abrindo caminho para a entrada de outros agentes
agressivos. Conforme o composto seja menos solúvel menor é o dano
causado, pois menos ele será lixiviado. O caso de sal de cálcio insolúvel
será tratado no próximo item (Formação de sais de cálcio insolúveis e
não expansivos).
As soluções ácidas que atacam o concreto podem ter diversas
origens, por exemplo, chuva ácida de ácido sulfúrico (H2SO4), formada
pela reação entre gases industriais na atmosfera, como o SO2 (dióxi-
do de enxofre) e o H2S (ácido sulfídrico), e a umidade do ar. Ácidos
orgânicos da silagem agrícola, de indústrias de manufatura ou proces-
samento, como cervejarias, laticínios, fábricas de conservas e fábricas
de polpa de madeira, podem causar danos na superfície, isso pode ser
uma preocupação considerável no caso de pisos, mesmo que a integri-
dade estrutural não seja prejudicada. Ácidos inorgânicos provenientes
de processos industriais, como os ácidos clorídrico, nítrico, fluorídrico
ou sulfúrico. O ácido sulfúrico ainda pode promover uma deterioração
adicional ou acelerada, porque o sulfato de cálcio formado afetará o
concreto pelo mecanismo de ataque de sulfato. É importante observar
que se cloretos ou outras soluções agressivas atingirem a armadura,
podem desencadear o processo de corrosão do aço e, assim, debilitar
ainda mais a estrutura. Neville (2016) salienta que soluções com pH in-
ferior a 5,5 já promovem um ataque severo, além do pH a mobilidade da
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solução ácida também influencia o ataque, sendo essa maior conforme


se aumenta a permeabilidade do concreto.
Além dos danos já comentados, o concreto sob o ataque de
ácidos perderá massa e pode até se desintegrar (Figura 52), sendo de
extrema importância levar em consideração o ambiente ao qual o con-
creto estará exposto, e, com isso, tomar as medidas necessária.

76
Figura 52 - Pilar atacado por ácido em uma indústria de fertilizantes

Fonte: AGUIAR (2006)

O concreto quando atacado por ácidos apresenta um aspec-


to poroso e frágil, às vezes, desintegra-se com facilidade. A Figura 53
apresenta corpos de prova de concreto que foram submetidos a ataque
por ácido sulfúrico.

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Figura 53 - Corpo de prova de concreto submetido a ataque por
ácido sulfúrico, durante 7 dias

Fonte: SILVA et al (2017)


77
A terapia no caso de ataque por ácidos consiste em verificar
a integridade do concreto, e, se necessário, realizar um reparo, refor-
ço, ou demolição e reconstrução da peça. O novo concreto utilizado
deve ter maior resistência a ácidos, dessa forma, é importante seguir
as seguintes recomendações: reduzir a relação água/cimento e curar
corretamente o concreto, para reduzir a permeabilidade e aumentar a
sua resistência mecânica; utilizar materiais pozolânicos em substituição
parcial ao cimento Portland ou utilizar cimento de alto forno ou pozolâ-
nico, para reduzir a quantidade de CH; e fazer uso de barreiras físicas,
como tintas termoplásticas, pinturas de borracha e resinas epóxicas.
Em todos os casos, entretanto, o tempo de exposição aos ácidos deve
ser minimizado, se possível, e a imersão deve ser evitada.
Formação de sais de cálcio insolúveis
Esse problema patológico é o mesmo do anterior (Formação
de sais solúveis de cálcio), a diferença que o sal de cálcio formado pela
reação de neutralização (ácido + base) será insolúvel. Por exemplo,
ácido oxálico, tartárico, tânico e húmico, hidrofluórico ou fosfórico ao
reagir com o CH geram sais de cálcio insolúveis e não são facilmente
removidos da superfície do concreto (MEHTA e MONTEIRO, 1994).
A formação de sais insolúveis pode ou não ser danosa ao con-
creto. Quando o sal formado é insolúvel e não expansivo, não have-
rá degradação do concreto, porém, quando forem expansivos, podem
degradar o concreto por introduzirem tensões trativas, que ao superar
a resistência do concreto irão danificá-lo (fissuras e desplacamentos).
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Inclusive, caso o sal seja insolúvel e não expansivo, pode ocorrer até
um incremento na resistência do concreto devido ao aumento da sua
compacidade, através do preenchimento dos poros pelos cristais forma-
dos (BICZOK, 1972). A Figura 54 mostra de forma esquemática o efeito
do ataque ácido ao concreto.

78
Figura 54 - Efeito do ataque ácido ao concreto

Fonte: Elaborado pelo autor com base em NEVILLE (2016)

Quando o sal de cálcio é insolúvel e não expansivo, não há


necessidade de terapias, agora, caso seja expansivo, deve-se verificar
a integridade do concreto, e se atentar aos procedimentos de terapia e
prevenção descritos no item anterior (Formação de sais solúveis de cál-
cio). Se for possível, somente tratar as fissuras, no item 3.3, comenta-se

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


sobre o tratamento destas.
Ataques químicos por soluções contendo sais de magnésio
Algumas águas, como água do mar, águas subterrâneas e
águas industriais (efluentes) podem conter em sua composição bicar-
bonatos, sulfatos e cloretos de magnésio. Em concentrações elevadas,
esses compostos reagem com o hidróxido de cálcio (CH) presente na
pasta cimentícia. Essa reação forma sais solúveis de cálcio, que po-
dem ser lixiviados e causar o mesmo problema que o ataque por áci-
dos, como porosidade, perda de massa, desagregação, etc. Além disso,
quando a solução contém sulfato, pode-se gerar produtos expansivos
que irão fissurar o concreto, esse assunto será analisado no item “Ata-
que por sulfatos”. Assim, a terapia recomendada é a mesma do item
“Formação de sais solúveis de cálcio”, porém, o mais importante é ob-
servar as recomendações de prevenção.

79
Norma sobre o assunto: ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de
estruturas de concreto-Procedimento.
Observação: A NBR 6118 apresenta especificações de valo-
res máximos de relação água/cimento e mínimos de cobrimento que
devem ser adotados com base na agressividade do ambiente. Estas
recomendações visam aumentar a resistência da estrutura frente aos
ataques químicos ao quais ela pode estar exposta.

Reações envolvendo hidrólise e lixiviação dos componentes da


pasta de cimento endurecido:
Eflorescência
As eflorescências são sintomas de alguns problemas patológi-
cos que possuem em comum a lixiviação de compostos da pasta cimen-
tícia. Segundo Neville (2016), em concretos permeáveis os compostos
solúveis da pasta são lixiviados para a superfície, onde reagem com
CO2 do ambiente e formam sais de cálcio, quando a solução evapora
ficam os depósitos brancos de sais (Figura 55).

Figura 55 – Eflorescências em peças de concreto8


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A eflorescência mais comum é a gerada pela lixiviação do CH,


pois esse é o composto mais solúvel da pasta cimentícia. O CH lixiviado
8 - Disponível em: < https://www.mapadaobra.com.br/capacitacao/os-problemas-causados-pela-li-
xiviacao-do-concreto/> Acesso em março. 2019.

80
reage com o CO2 do ambiente e forma carbonato de cálcio (CaCO3). A
eflorescência não causa grandes problemas ao concreto, na verdade,
afeta muito mais a estética do que a integridade da peça. Entretanto,
podem surgir maiores problemas para o concreto caso a lixiviação do
CH seja muito intensa, pois essa remoção aumenta sua porosidade,
afetando a resistência mecânica, e, também, aumenta a permeabilida-
de, podendo abrir caminho para o ingresso de outros agentes agressi-
vos.
A terapia para as eflorescências consistem em removê-las com
o uso de escovação, jatos de água ou até jatos de areia. Porém, em
alguns casos os sais formados possuem baixa solubilidade, sendo ne-
cessário a remoção com o uso de soluções ácidas.
A prevenção das eflorescências se baseia na substituição par-
cial do cimento Portland por adições, para que haja uma redução do
teor de CH. É importante, também, reduzir a relação água/cimento, para
que se tenha um concreto menos poroso e menos permeável. Por fim,
pode-se considerar a impermeabilização da peça.

Norma sobre o assunto: DNIT 090:2006 (no prelo) – Patolo-


gias do concreto – Especificação de Serviço.

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


Observação: A referida norma, em seu item 7.4, apresenta um
metodologia de remoção de eflorescências com o uso de soluções áci-
das.

Reações envolvendo a formação de produtos expansivos:


Ataque por sulfato
O ataque por sulfatos é um problema patológico, que ocorre
quando uma solução de sulfato reage com os compostos da pasta ci-
mentícia e gera produtos expansivos. O volume maior desses compos-
tos introduzem tensões trativas no concreto, que, ao ter sua resistência
superada, fissura e se fragmenta. A manifestação patológica do ataque
por sulfatos, em geral, são fissuras multidirecionais (Figura 56), des-
placamentos e desintegrações. As fissurações levam ao aumento da
permeabilidade do concreto, condição essa que favorece o ingresso de
novos agentes agressivos, deteriorando ainda mais a estrutura.

81
Figura 56 – Concreto fissurado devido ao ataque por sulfatos9

Os sulfatos mais comuns são os de sódio, cálcio, potássio e


magnésio. A agressividade do ataque depende do íon positivo que está
ligado ao radical sulfato (SO42−) de tal forma que a ordem crescente de
agressividade é: sulfato de cálcio (CaSO4), sulfato de sódio (Na2SO4),
sulfato de magnésio (MgSO4) e sulfato de amônia (NH4SO4) (COSTA,
2004). Os sulfatos podem ocorrer no solo ou em águas subterrâneas.
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

A origem pode ser natural, de fertilizantes agrícolas ou de processos


industriais.

O ataque por sulfato pode se manifestar na forma de expansão e fissura-


ção do concreto. Quando o concreto fissura, sua permeabilidade aumenta e
a água agressiva penetra mais facilmente em seu interior, acelerando, por-
tanto, o processo de deterioração. Algumas vezes, a expansão do concreto
pode causar problemas estruturais graves, [...]. O ataque por sulfato tam-
bém pode se manifestar na diminuição progressiva de resistência e perda
de massa devido à perda da coesão dos produtos de hidratação do cimento.
(MEHTA e MONTEIRO, 2008)

Os sulfatos reagem, principalmente, com o hidróxido de cál-


cio (CH), formando gipsita e, posteriormente, com o aluminato tricálcico
(C3A), formando etringita (COSTA 2004). Vale destacar que o sulfato de
magnésio pode atacar o CSH e desintegrá-lo, afetando fortemente a
resistência mecânica da peça (NEVILLE, 2016).
A formação de etringita tardia é outra forma de ataque por
9 - Disponível em: http://aquarius.ime.eb.br/~webde2/prof/ethomaz/fissuracao/exemplo116.pdf>
Acesso em março. 2019.

82
sulfatos. Segundo MEHTA e MONTEIRO (1994) esse ataque ocorre
quando a fonte de sulfatos é interna, próprio cimento ou agregado. O
processo consiste na reação desses sulfatos com o CH e, posterior-
mente, com o C3A, formando etringita. É dita tardia pois ocorre na peça
já endurecida, o produto formado é expansivo, causando fissurações. A
Figura 57 apresenta uma peça de concreto fissurada devido à formação
de etringita tardia.

Figura 57 - Concreto fissurado por etringita tardia10

A terapia para o ataque por sulfatos consistirá na avaliação da

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integridade da peça, para que se opte por tratar as fissuras ou demolir
e reconstruir a peça. Quando só se trata as fissuras pode ser necessá-
rio reforço estrutural. Porém, após o tratamento é importante impedir
a reincidência do ataque, seja combatendo a fonte de sulfatos, ou, se
possível, impermeabilizando a peça. Na realidade, a prevenção é o me-
lhor caminho a ser adotado, assim, recomenda-se o uso de cimentos
resistentes a sulfatos (reduzido teor de C3A e CH), baixa relação água/
cimento, adensamento e cura adequados. Além disso, deve se atentar
aos requisitos da NBR 6118:2014, sobre tudo ao item 6 (Diretrizes para
durabilidade das estruturas de concreto) e item 7 (Critérios de projeto
que visam a durabilidade). Ademais, NBR 12655:2015 também apre-
senta os requisitos para o concreto exposto a soluções contendo sul-
fatos (Figura 58). Para se evitar a formação de etringita tardia, vale as
recomendações já expostas, além dessas, é importante uma análise do
agregado para se constatar ou não a presença de sulfatos.

10 - Disponível em: http://bercam.eng.br/etringita-tardia-fun-


dacao-estrutura/> Acesso em março. 2019.
83
Figura 58 - Requisitos para o concreto exposto a soluções contendo sulfatos

Fonte: NBR 12655 (2015)

Reação álcali-sílica
O ataque por reação álcali-sílica é um problema patológico,
muitas vezes grave, que ocorre quando constituintes de sílica reativa do
agregado ao reagirem com os hidróxidos alcalinos da pasta cimentícia,
derivados dos álcalis (Na2O e K2O) no cimento, geram compostos ex-
pansivos (géis álcali-silicatos) (Figura 59). Esses compostos possuem
grande capacidade de expansão através da absorção de água. Esse
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

volume maior introduz tensões trativas no concreto, que ao ter sua re-
sistência superada fissura, fragmenta e se desintegra (NEVILLE, 2016).

Reação álcali-sílica: reação entre hidróxidos alcalinos, provenientes do ci-


mento Portland ou outras fontes com certas rochas silicosas ou minerais
silicosos, como opalas, cherts, quartzo microcristalino, quartzo deformado,
vidro vulcânico, vidros reciclados, e outras, presentes em alguns agregados,
que gera, como produto da reação, gel álcali-sílica, que pode causar expan-
são anormal e fissuração do concreto em serviço (NBR15577-1:2018).

Figura 59 - Mecanismo da reação álcali-sílica

Fonte: adaptado de DESCHENES (2009)


84
A manifestação patológica do ataque por reação álcali-sílica,
em geral, são fissuras multidirecionais (Figura 60 e 61), desplacamen-
tos e desintegrações. As fissurações levam ao aumento da permeabi-
lidade do concreto, condição essa que favorece o ingresso de novos
agentes agressivos, deteriorando ainda mais a estrutura.

Figura 60 - Barreira de concreto fissurada devido à reação


álcali-sílica11

Figura 61 - Blocos de fundação fissurados devido à reação álcali-sílica

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Fonte: SALLES et. al. (2003)

A reação álcali-sílica é lenta, pode-se levar anos para que suas


fissuras se manifestem. A terapia consistirá na avaliação da integridade
da peça, para que se opte por tratar as fissuras ou demolir e reconstruir
11 - Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:ASR_cracks_concrete_step_barrier_
FHWA_2006.jpg> Acesso em março. 2019.

85
a peça. Quando só se trata as fissuras pode ser necessário reforço es-
trutural. Porém, após o tratamento, é importante impedir a reincidência
do ataque, principalmente, combatendo os condicionantes da reação.
Esses fatores condicionantes são a umidade, hidróxidos alcalinos e
agregados com sílica reativa. Para combater a umidade, deve-se evitar
o contato da peça com a água, seja por barreiras ou impermeabiliza-
ções, além de adotar uma baixa relação água cimento, para que o teor
de água livre seja reduzido e a resistência do concreto aumentada. No
caso dos hidróxidos alcalinos, é importante utilizar cimento com baixo
teor desses, uma forma é analisar o equivalente alcalino do cimento,
definido pela fórmula Na2O + 0,658 K2O, esse equivalente pode ser de-
terminado através da NBR NM17:2012 e é limitado pela NBR 15577-
4:2018 a 0,90 ± 0,10%, entretanto, deve-se analisar a possibilidade dos
álcalis proverem de fontes externas como aditivos, adições, ou os pró-
prios agregados. Por fim, deve-se avaliar a presença de sílica reativa
nos agregados. Vale ressaltar que o uso de pozolanas em substituição
parcial ao cimento é uma alternativa amplamente empregada para se
reduzir o teor de álcalis totais no concreto, inclusive se recomenda a
adoção de cimentos compostos, como o CPIII e CPIV, pois esses já
possuem pozolanas em suas constituições. Por fim, para se combater
a sílica reativa, vale as recomendações da NBR 15577:2018 (Parte 1 a
7) que trata da reatividade do agregado, métodos de ensaio e limites do
teor de sílica. A Figura 62 apresenta uma tabela da NBR 15577-1:2018,
que trata da classificação da reatividade potencial do agregado.
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Figura 62 - Classificação do grau de reatividade do agregado

Fonte: NBR15577-1 (2018)

86
Ademais, é imprescindível um adensamento e cura adequados
do concreto e se atentar aos requisitos da NBR 6118:2014, sobre tudo
ao item 6 (Diretrizes para durabilidade das estruturas de concreto) e
item 7 (Critérios de projeto que visam a durabilidade).
Reação álcali-carbonato
A reação álcali-carbonato é um problema patológico similar ao
da reação álcali-sílica, entretanto seu mecanismo consiste na reação
entre os álcalis do cimento (fonte interna ou externa) e agregados calcá-
rios dolomíticos argilosos, acompanhada de desdolomitização, que, sob
certas condições, pode causar expansão deletéria do concreto (NBR
15577-1:2018). Para Neville (2016), ainda não são bem conhecidas as
reações químicas, porém acredita-se que a presença de argila pode
estar associada à expansão. Esse autor ainda salienta que as rochas
carbonáticas reativas não são comuns e normalmente podem ser evita-
das. Por ser uma reação mais rara, a NBR 15577:2018 (Parte 1 a 7) não
trata da reação álcali-carbonato, e recomenda buscar auxílio nas nor-
mas internacionais CSA A23.2-14A, CSA A23.2-26A ou ASTM C 1778.
Na ausência de informações, as recomendações apresentadas para se
combater a reação álcali-sílica, se devidamente ajustadas, também ser-
vem para a reação álcali-carbonato.
Hidratação do MgO e CaO cristalinos
A hidratação do MgO e CaO é um problema patológico que
ocorre quando esses compostos se hidratam tardiamente, e, com isso,
expandem-se. O volume maior introduz tensões trativas no concreto,

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


que ao ter sua resistência superada fissura e se fragmenta (Figura 63).
A manifestação patológica, em geral, são fissuras multidirecionais, des-
placamentos e desintegrações. As fissurações levam ao aumento da
permeabilidade do concreto, condição essa que favorece o ingresso
de novos agentes agressivos, deteriorando ainda mais a estrutura. O
aumento de volume do CaO pode chegar a 100% e do MgO a 110%
(CARASEK, 2007).

Figura 63 – Expansão gerada pela hidratação do MgO

Fonte: SANTOS et al (2012)

87
A presença de CaO livre nos cimentos é devido a falhas de
fabricação, e nos cimentos modernos seu teor é bem reduzido, assim,
a norma não estipula um valor máximo. Já para o MgO, a norma NBR
16697:2018 no item 5.1.1 estipula o teor máximo permitido para os di-
ferentes tipos de cimento Portland. A norma DNIT 090:2006 (no prelo)
cita que, atualmente, as degradações geradas por hidratação retardada
de CaO e MgO são praticamente desconhecidas: porém, caso ocorram
deve-se limitar as expansões e tratar as fissuras. Vale ressaltar, a im-
portância de observar a existência de CaO ou MgO livres em adições,
por exemplo, em escórias granuladas de alto forno.
Corrosão da armadura do concreto
Nesse item, será apresentado quais os malefícios que a corro-
são do aço da armadura geram no concreto, ou seja, não será abordado
a corrosão em si, mas seus efeitos no material concreto.
A corrosão do aço da armadura gera um problema patológico
no concreto, pois seus produtos são expansivos. O volume maior des-
ses compostos introduzem tensões trativas no concreto, que ao ter sua
resistência superada fissura e se fragmenta (Figura 64). A manifesta-
ção patológica da corrosão no concreto, em geral, são desplacamentos,
desintegrações e fissuras, essas geralmente no sentido da armadura
(Figura 65 e 66). As fissurações levam ao aumento da permeabilidade
do concreto, condição essa que favorece o ingresso de novos agen-
tes agressivos, deteriorando ainda mais a estrutura. Vale ressaltar que,
para a estrutura em si, a corrosão é extremamente danosa, pois implica
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

em perda de aderência entre aço e concreto e redução da seção trans-


versal da armadura, reduzindo a sua capacidade portante e colocando
em risco sua integridade.

Figura 64 - Fases da corrosão em uma barra de aço da armadura do concreto

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

88
Figura 65 - Corrosão do aço em uma viga de concreto12

Segundo Husni (2003, apud POLITO, 2006), o grau de fissura-


ção pode estar associado à variação do volume (Δ%) apresentado pelo
aço.

Figura 66 – Manifestações patológicas da corrosão frente a variação de


volume da barra de aço.

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Fonte: HUSNI (2003, apud POLITO, 2006)

Souza e Ripper (2009) esclarecem que o produto da corrosão


é um tipo de óxido de ferro hidratado (Fe2O3 nH2O), com volume até
dez vezes maior que o do ferro original, que pode gerar sobre o con-
creto que o confina uma pressão da ordem de 15 MPa, suficiente para
fraturá-lo. A corrosão do aço no concreto é de natureza eletroquímica
(Figura 67), além disso, para que ela ocorra, é necessário que o aço
perca a camada passivadora que o recobre. Essa camada é conferida
12 - Disponível em: https://www.tecnosilbr.com.br/o-que-e-e-como-ocorre-a-carbonatacao-do-con-
creto/> Acesso em março. 2019.

89
pelo ambiente alcalino proporcionado pelo concreto (elevado pH). Dois
processos podem gerar a perda dessa camada passivante, a carbona-
tação e o ingresso de cloretos.

No interior do concreto o aço está protegido por uma camada passivadora


que envolve o aço, esta camada é formada e mantida devido ao elevado pH
na solução dos poros do concreto. Desta forma, para que haja corrosão é ne-
cessário que a camada passivadora seja destruída (despassivação). Agen-
tes agressivos como os íons cloretos e a carbonatação podem promover a
despassivação, deixando o aço susceptível ao processo corrosivo. No con-
creto armado a corrosão é considerada eletroquímica, que ocorre em meio
aquoso, necessita de um eletrólito, uma diferença de potencial, oxigênio e
agentes agressivos. A corrosão afeta diretamente a durabilidade reduzindo
desta forma a vida útil da estrutura (SANTOS, 2015).

Figura 67 – Modelo simplificado da corrosão na armadura do concreto


PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Fonte: RODRIGUES (2000, apud POLITO, 2006)

Vale destacar que nem sempre ocorrerá fissuração devido à


corrosão, em concretos úmidos e permeáveis, os óxidos podem ser
carreados para superfície, reduzindo a pressão gerada por eles, nesse
caso ocorrerá somente a perda de seção da armadura e da aderência
aço/concreto, fatores já suficiente para afetar a integridade da estrutura.
90
Ademais, em certas condições pode ocorrer ambos os fenômenos, óxi-
dos carreados para superfície e fissuração.
Diante do exposto, para se evitar a corrosão, é imprescindível
que se impeça o seu início, ou seja, impeça-se que o aço perca sua
camada passivadora. Logo, para tal deve-se combater a carbonatação
e o ataque por cloretos.
A carbonatação é extremamente danosa à estrutura de concre-
to armado, pois ao reduzir o pH do meio desestabiliza a camada passi-
vante do aço, criando condições favoráveis para o início da corrosão. A
redução do pH é devido à reação entre o CO2, presente no ambiente, e
os compostos alcalinos da pasta cimentícia, principalmente, o CH (hi-
dróxido de cálcio), tal reação produz carbonato de cálcio, que possui pH
inferior. O processo da carbonatação está apresentado na Figura 68.

Figura 68 - Avanço da carbonatação e consequente redução do


pH do concreto

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Fonte: POSSAM (2010)

O ataque por íons cloretos é outro mecanismo de despassiva-


ção do aço. Para Crauss (2010), o íon cloreto faz o papel de catalisador
na reação de formação do óxido ferroso expansivo, porém ele não é
consumido na reação, e, com isso, propicia a continuação da corrosão.
O autor propõe algumas reações simplificadas que visam explicar esse
mecanismo:
Fe3+ + 3Cl-→ FeCl3
FeCl3 + 3OH-→ 3Cl- + Fe(OH)3

91
A fonte de íons cloreto pode ser de origem externa, por exem-
plo, da água do mar, ou ter origem interna, advinda da própria constitui-
ção do concreto. Quando a fonte é externa há quatro mecanismos de
ingresso de íons cloreto, a saber: absorção, permeabilidade, difusão
iônica e migração iônica.

A contaminação por íons cloreto pode se dar na própria composição do con-


creto, quando estes estão presentes na água ou em componentes como
agregados e aditivos aceleradores de pega que contenham CaCl2. Ou ainda,
podem ser provenientes do ambiente, quando o concreto está em conta-
to com água do mar, atmosfera marinha em geral, poluentes industriais e
produtos agressivos como o ácido muriático. Os cloretos são encontrados
no concreto em diferentes formas: combinados quimicamente ao C-S-H ou
como cloroaluminatos (sal de Friedel), adsorvidos fisicamente às paredes
dos poros, ou livres na solução dos poros do concreto. Mesmo que apenas
os cloretos livres sejam capazes de despassivar e corroer as armaduras,
uma parte dos cloretos combinados pode se tornar disponível às reações
de corrosão em condições favoráveis, como a elevação da temperatura ou
ocorrência de carbonatação. Assim, é recomendada a determinação do teor
de cloretos totais e não apenas o de cloretos livres (CRAUSS, 2010).
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Trabalho sobre o assunto: Modelagem da carbonatação e


previsão de vida útil de estruturas de concreto em ambiente urbano;
tese de doutorado; Possan (2010).
Observação: O referido trabalho consiste em uma tese de
doutorado, onde a autora expôs de forma concisa e abrangente os prin-
cipais pontos a serem considerados na avaliação da corrosão das ar-
maduras em concretos carbonatados.
Trabalho sobre o assunto: Corrosão de armadura em estru-
turas de concreto armado devido ao ataque de íons cloreto; artigo cien-
tífico; Mota et al. (2012).
Observação: O referido trabalho consiste em um artigo cientí-
fico, onde os autores realizaram uma revisão bibliográfica sobre a cor-
rosão das armaduras pela ação dos íons cloretos

A terapia para o problema patológico gerado pela corrosão da


armadura do concreto consistirá na avaliação da integridade da peça,
para que se opte por tratar as fissuras e pontos de corrosão ou demolir

92
e reconstruir a peça. Quando só se trata as fissuras/pontos de corro-
são, pode ser necessário reforço estrutural. Na verdade, fica difícil só
tratar as fissuras do concreto, pois como a corrosão é um problema que
atinge o aço, de toda forma a peça estrutural ficará prejudicada, botan-
do em risco a integridade de toda a estrutura. Assim, é importante se
avaliar a intensidade da corrosão, para tratá-la, e, só depois de sanada,
focar em reconstruir o concreto.
Portanto, é importante o uso de ensaios não destrutivos, por
exemplo, o ensaio de potenciais de corrosão ou polarização linear, para
que se constate a abrangência e intensidade da corrosão, pois somente
o exame visual pode não fornecer toda a amplitude do ataque. Quan-
do a corrosão atinge uma pequena faixa da estrutura, pode-se fazer
um reparo localizado, como demonstrado na Figura 69, porém deve-se
analisar a porcentagem corroída da seção transversal da barra, pois se-
gundo Soares et al (2015), caso a perda da seção seja superior a 10%
substitui-se o trecho da barra corroída por uma barra nova, realizando a
adequada união entre os elementos.

Figura 69 - Reparo localizado do concreto devido a corrosão13

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

A eficácia do processo de recuperação apresentado pela Figu-


ra 69 é contestado por alguns autores. Rodrigues (2002) esclarece que
o reparo convencional não surte efeito, ou tem um prazo de validade
curto, já que não combate o problema eletroquímico da corrosão. O
autor salienta que, ao remover uma região corrida (anódica), a nova ar-
gamassa de preenchimento fornece oxigênio e água, transformando-se
em um catodo, assim, as áreas adjacentes, anteriormente catódicas,
tornar-se-ão anódicas, dando prosseguimento à corrosão. Logo, o tra-
tamento de corrosão em armaduras de concreto, ainda é um tema que
demanda muitos estudos, por isso, o mais importante é prevenir.
13 - Disponível em: https://www.aecweb.com.br/revista/materias/corrosao-do-concreto-e-causada-
-por-umidade-e-gases-nocivos/6412> Acesso em março. 2019.

93
Trabalho sobre o assunto: A banalização da recuperação es-
trutural; Rodrigues (2002); Revista recuperar ed. 46.
Observação: O referido trabalho aborda de forma completa os
problemas na recuperação de estrutura sob corrosão, expondo falhas
e recomendações, sendo uma leitura interessante para se aprofundar
no tema.

Quando se trata de corrosão, a prevenção é o melhor cami-


nho. Um concreto adequado é essencial, pois ele deve proteger o aço
quimicamente e fisicamente. A proteção física advém do cobrimento da
armadura, que deve ter a espessura adequada. O concreto deve ter
alta compacidade, e, consequentemente, impermeabilidade, para frear
a entrada dos agentes agressivos, como os cloretos e os gases da car-
bonatação. Baixa relação água/cimento, adensamento e cura adequa-
dos são imprescindíveis. Os requisitos da NBR 6118:2014, sobre tudo
o item 6 (Diretrizes para durabilidade das estruturas de concreto) e item
7 (Critérios de projeto que visam à durabilidade), devem ser seguidos
religiosamente. A proteção química do concreto ao aço advém de seu
pH alcalino, uma dosagem racional já garante essa condição. Ademais,
a NBR 12655:2015 apresenta os requisitos para o concreto exposto a
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

cloretos (Tabela 3 da referida norma) e o teor máximo de cloretos (Ta-


bela 5 da referida norma).
Com relação à proteção da armadura do concreto, Gonçalves
(2003, apud POLITO, 2006) apresenta uma divisão para os sistemas de
proteção das armaduras (Figura 70). Por não ser o foco desta apostila
não será apresentado.

Figura 70 - Sistemas de proteção à corrosão das armaduras de aço


das estruturas de concreto

Fonte: GONÇALVES (2003 apud POLITO, 2006)

94
Trabalho sobre o assunto: Corrosão em estruturas de con-
creto armado: causas, mecanismos, prevenção e recuperação; trabalho
de conclusão de especialização; Polito (2006).
Observação: O referido trabalho aborda de forma bem abran-
gente e didática os sistemas de proteção da armadura do concreto
apresentados na Figura 70. É uma leitura interessante para aprofundar
o conhecimento no tema.

TRATAMENTO DE FISSURAS

As fissuras são manifestações de diversos problemas patológi-


cos no concreto, tanto os causados por ações físicas quantos os causa-
dos por ações químicas. Assim, é importante comentar como tratá-las.
Antes de tratar, deve-se constatar se ela é ativa ou passiva, pois isso
influenciará nos materiais e métodos elegidos. A fissura ativa é aquela
está em processo de abertura, ou seja, sua espessura varia ao longo
do tempo, a passiva já está estabilizada e não se desenvolverá mais.

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


O tratamento de peças fissuradas está diretamente ligado à perfeita
identificação da causa da fissuração, ou, dito de outra forma, do tipo
de fissura com que se está a lidar, particularmente no que diz respeito
à atividade (variação de espessura) ou não da mesma, e da neces-
sidade ou não de se executar reforços estruturais (casos em que as
fissuras resultam de menor capacidade resistente da peça). (RIPPER
e SOUZA, 2009)

A forma mais usual de constatar a atividade de uma fissura é


utilizando um fissurômetro, que é um instrumento para medição do pro-
gresso da fissura (Figura 71).

95
Figura 71 - Fissurômetro14

É importante se avaliar a abertura das fissuras para que se


possa estimar o risco à estrutura e a urgência de intervenção. A Tabela 2
apresenta uma correlação da abertura da fissura com seu grau de dano
e efeitos na estrutura e uso da edificação.

Tabela 2 - Classificação inglesa de danos na edificação com base na


PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

abertura das fissuras

Fonte: adaptado de THORNBURN e HUTCHINSON (1985 apud MILITITSKY


et al, 2015)
14 - Disponível em: http://www.fissurometros.pt/FI104.php/> Acesso em março. 2019.

96
Logo, é de extrema importância a avaliação da fissura para se
estabelecer a urgência de seu tratamento. Assim, quando a fissura for
passiva, o seu tratamento consistirá em injeções de materiais rígidos,
como argamassas comuns ou poliméricas, epóxis, metacrilatos, grau-
tes, etc.; pois, assim, preenche-se a fissura e restaura-se o monolitismo
estrutural da peça, ou seja, a peça volta a comportar-se como um corpo
único transferindo tensões. Já em fissuras ativas, o uso de materiais
rígidos não surte efeito, pois, em pouco tempo, as fissuras voltam a
aparecer, seja no mesmo ponto ou em local próximo. Assim, no caso
de fissuras ativas utiliza-se materiais elásticos, que selam a fissura e se
deformam sem fissurar, entretanto não há a devolução do monolitismo
estrutural da peça. Os principais materiais elásticos são os acrílicos,
borrachas, mástiques, poliuretanos, etc. Como não se restaura o mono-
litismo de peça com fissura ativa é possível apenas realizar a colmata-
ção superficial, sem injeção, com o intuito de apenas impedir a entrada
de agentes agressivos ao concreto e ao aço da armadura.
As principais técnicas utilizadas para tratamento de fissuras
são: injeção, selagem e grampeamento.
Técnica de injeção de fissuras
Essa técnica consiste na injeção de material, elástico ou rígi-
do, em alguns pontos ao longo da fissura, com o intuito de garantir seu
preenchimento (Figura 72). Segundo Souza e Ripper (2009), essa téc-
nica é indicada para fissuras com espessura superior a 0,1 mm, e o pro-
cedimento é feito sob baixa pressão (≤ 0,1 MPa), no caso de espessu-

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


ras superiores a 3 mm e pouco profundas é possível o enchimento por
gravidade. Os autores ressaltam a importância da escolha adequada
dos materiais, da perícia do executor e da pressão da bomba injetora.

97
Figura 72 - Injeção de fissuras15

Para Souza e Ripper (2009), as resinas epoxídicas (mono ou


bicomponentes) são os principais materiais utilizados para a injeção
de fissuras passivas. Essa preferência é devido a suas características,
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

como ausência de retração, baixa viscosidade, elevada resistência


mecânica, grande aderência e resistência a agentes agressivos, além
disso, endurecem rapidamente. No caso de fissuras ativas, o material
mais indicado, segundo Thomaz (2003), são as resinas de poliuretano,
utilizadas no fechamento elástico e vedação de fissuras secas, de fis-
suras úmidas ou de fissuras com água percolando, nesse último caso,
é importante previamente utilizar uma espuma de poliuretano de pega
rápida para cessar o fluxo da água. A metodologia executiva não será
abordada neste trabalho, porém se recomenda a leitura a seguir.

15 - Disponível em: https://equipedeobra.pini.com.br/2014/12/passo-a-passo-recuperacao-estrutu-


ral/> Acesso em março. 2019.

98
Livro sobre o assunto: Patologia, recuperação e reforço de
estruturas de concreto; Souza e Ripper (2009); editora PINI.
Observação: O referido livro no item 3.4.2 pág. 121 aborda de
forma completa a técnica de injeção de fissuras, expondo a metodologia
executiva e recomendações, sendo uma leitura imprescindível para se
aprofundar no tema.

Técnica de selagem de fissuras


Segundo Souza e Ripper (2009), a técnica de selagem de fis-
suras é indicada para a vedação de fissuras ativas (Figura 73). O mate-
rial utilizado deve possuir capacidade aderente, resistência mecânica e
química, ausência de retração e módulo de elasticidade suficiente para
adaptar-se à deformação da fissura.

Figura 73 - Selagem de fissura ativa16

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Como a fissura é ativa, essa técnica de selagem é empregada


com a função de criar uma barreira à entrada de agentes agressivos, o
16 - Disponível em: http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/160/trinca-ou-fissura-como-se-ori-
ginam-quais-os-tipos-285488-1.aspx> Acesso em março. 2019.

99
que contribui com a durabilidade da peça. Atualmente, utiliza-se muito
selantes acrílicos e mastiques para a vedação das fissuras ativas.

Livro sobre o assunto: Patologia, recuperação e reforço de


estruturas de concreto; Souza e Ripper (2009); editora PINI.
Observação: O referido livro no item 3.4.3 pág. 125 aborda de
forma completa a técnica de selagem de fissuras, expondo a metodolo-
gia executiva e recomendações, sendo uma leitura imprescindível para
se aprofundar no tema.

Técnica de grampeamento de fissuras


Segundo Souza e Ripper (2009), a técnica de grampeamento
de fissuras é um tipo de reforço estrutural indicado para tratar fissu-
ras originárias de deficiências localizadas de capacidade resistente da
peça. O grampeamento é a disposição de uma armadura adicional que
contribuirá para resistir aos esforços de tração que provocaram a fissura
(Figura 74).

Figura 74 - Grampeamento de fissuras


PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Fonte: SOUZA e RIPPER (2009)

100
Vale destacar que os autores supracitados comentam que o
emprego da técnica de grampeamento deve ser bem analisado, pois se
aumenta pontualmente a rigidez da peça estrutural, e, caso o esforço
gerador da fissura continuar, poderá ocorrer a formação de fissura em
região adjacente.

Livro sobre o assunto: Patologia, recuperação e reforço de


estruturas de concreto; Souza e Ripper (2009); editora PINI.
Observação: O referido livro no item 3.4.4 pág. 126 aborda de
forma completa a técnica de grampeamento de fissuras, expondo a me-
todologia executiva e recomendações, sendo uma leitura imprescindível
para se aprofundar no tema.

Apesar de existir possíveis tratamentos para as fissuras, es-


ses, geralmente, são onerosos, portanto deve-se sempre trabalhar com
a prevenção, pois como já mostrado pela curva de Sitter fica muito mais
barato e causa bem menos transtornos a todos. Assim, finaliza-se o
exposto com o comentário a seguir:

A observação e a análise crítica de uma fissuração são importantes e envolve

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


grande responsabilidade de quem o faz, pois a tomada de decisão quanto
seu reparo é muito séria, já que envolve riscos de segurança, estética e du-
rabilidade. Cuidados tecnológicos como uma cura intensa e uma dosagem
criteriosa do concreto podem diminuir de forma importante a fissuração das
peças. O projeto estrutural deve procurar restringir ao máximo a fissuração,
levando em conta, de forma direta ou indireta, os efeitos de temperatura,
retração, deformação lenta e deslocamentos impostos. No caso estruturas
de armazenamento é recomendável o uso da proteção e impermeabilização
interna para garantia de desempenho adequado. É muito importante esco-
lher os materiais adequados para se fazer o reparo, seja de fissuras ativas
ou passivas, pois muitas são as variáveis a serem estudadas, dentre elas os
equipamentos para aplicação, adequabilidade das características químicas e
físicas etc. (CARMONA FILHO e CARMONA, 2013).

101
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: IF-ES Órgão: IF-ES Prova: Engenheiro. Nível: Su-
perior.
As manifestações patológicas podem aparecer logo após o início
da execução de uma obra, mas é na etapa de uso que elas são
mais evidenciadas. Sobre essas manifestações é correto afirmar,
EXCETO:
a) As fissuras no concreto ocorrerão sempre que as tensões trativas,
que podem ser instaladas por diversos motivos, superarem a sua resis-
tência última à tração.
b) Carbonatação é resultante da ação dissolvente do anidro carbônico
(CO2), presente no ar atmosférico, sobre o cimento hidratado com a for-
mação de carbonato de cálcio e a redução do pH do concreto a valores
inferiores a 9.
c) Corrosão das armaduras é a destruição da película ativa existente na
superfície das barras.
d) A lixiviação é o mecanismo responsável por dissolver e carrear os
compostos hidratados da pasta de cimento por ação de águas puras,
carbônicas agressivas, ácidas e outras.
e) A reação álcalis-agregados é resultante da interação entre a sílica
reativa de alguns tipos de minerais utilizados como agregados e os íons
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

álcalis (Na+ e K+), presentes nos cimentos (quando em percentagem


superior a 0.6%), libertados durante sua hidratação.

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: MetroCapital Soluções Órgão: Prefeitura de Con-
chas - SP Prova: Engenheiro Civil Nível: Superior.
No que se refere à relação álcali-agregados (RAA), analise os itens
a seguir e, ao final, assinale a alternativa correta:
I - A alcalinidade e a presença de álcalis no concreto não têm efeito
determinante sobre a incidência de RAA.
II - Quanto maior a temperatura, maior a velocidade de reação por
RAA.
III - A RAA manifesta-se na presença de condições de umidade re-
lativa do ar de 75%.
IV – A RAA não é influenciada pela granulometria das partículas
dos agregados.
a) apenas o item I é verdadeiro.
b) apenas o item II é verdadeiro.
102
c) apenas o item III é verdadeiro.
d) apenas os itens II e IV são verdadeiros.
e) apenas os itens I e III são verdadeiros.

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: COMPERVE Órgão: UFRN Prova: Engenharia Ci-
vil Nível: Superior.
O Cimento Portland é o aglomerante mais utilizado na construção
civil, para obras correntes, sob a forma de argamassa, concreto
simples, armado e protendido. O tipo de cimento Portland espe-
cialmente indicado para a fabricação de tubos e canaletas de con-
creto que se destinam à condução de líquidos agressivos é o
a) CP III.
b) CP I.
c) CP II.
d) CP IV.

QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Fede-
ral Prova: Consultor Técnico-Legislativo - Engenheiro Civil Nível:
Superior.
Considere os seguintes projetos para especificação de cimento
Portland:
I. Projetos de obras civis: Aplicação de protensão. Requisito de

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


projeto: elevada resistência às primeiras idades.
II. Construção: Instalações da rede de esgoto. Requisito de proje-
to: resistência para condução de líquidos agressivos.
III. Obras de grandes dimensões: barragens. Requisito de projeto:
evitar processos de fissuração por gradiente térmico.
Os cimentos Portland mais adequados para os projetos especifica-
dos em I, II e III, são, respectivamente:
a) Alta Resistência Inicial (CPV ARI) − Resistente a Sulfatos (RS) − Bai-
xo Calor de Hidratação (BC).
b) Resistente a Sulfatos (RS) − Alta Resistência Inicial (CPV ARI) − Bai-
xo Calor de Hidratação (BC).
c) Baixo Calor de Hidratação (BC) − Alta Resistência Inicial (CPV ARI) −
Resistente a Sulfatos (RS).
d) Baixo Calor de Hidratação (BC) − Comum (CPI) − Resistente a Sul-
fatos (RS).
e) Alto-forno (CPIII) − Baixo Calor de Hidratação (BC) − Alta Resistência
Inicial (CPV ARI).

103
QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: UFMG Órgão: UFMG Prova: Engenheiro Civil Ní-
vel: Superior.
Para se evitar a deterioração precoce do concreto, o cimento a ser
usado na estrutura deve resistir ao agente agressor. Analise as
seguintes afirmativas sobre a utilização de cimentos Portland em
ambientes agressivos e assinale com (V) as verdadeiras e com (F)
as falsas.
( ) Em ambientes que tem como agente agressivo os sulfatos, de-
ve-se usar preferencialmente o cimento Portland de alto forno (teor
de escória acima de 60%).
( ) Em ambientes em que o agente agressor for a água (pura, áci-
das ou carbônicas), deve-se usar preferencialmente cimento com
baixo teor de álcalis.
( ) Quando a agressividade é por ação da sílica reativa (agregados
deletérios), pode-se usar o cimento Portland de alto forno (teor de
escória superior a 60%).
( ) Quando a agressividade é por ação da sílica reativa (agregados
deletérios), pode-se usar o cimento Portland resistente a sulfatos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
a) F, F, V, V.
b) F, V, F, V.
c) V, F, V, F.
d) V, V, F, F..
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

QUESTÃO 6
Ano: 2016 Banca: UFMG Órgão: UFMG Prova: Engenheiro Civil Ní-
vel: Superior
O tratamento de peças fissuradas está diretamente ligado à identi-
ficação da causa da fissuração.
Analise as seguintes opções referentes a tratamentos de fissuras
e assinale a afirmativa INCORRETA.
a) Variação da espessura da fissura caracteriza a sua atividade.
b) O tratamento de fissuras ativas restabelece o monolitismo da peça.
c) Para fissuras superficiais, pode-se usar a nata de cimento com um
aditivo expansor.
d) Para fissuras passivas, injeta-se material aderente e resistente,
usualmente resina epoxídica.

QUESTÃO 7
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: Analista - Engenharia
Sanitária Nível: Superior.
104
Com relação ao controle tecnológico do concreto, julgue o item a
seguir.
Na preparação do concreto de cimento Portland, o aglomerante e
os agregados da mistura devem favorecer a reação álcali-agrega-
do, responsável pelo aumento da resistência final do concreto.
( ) Certo ( ) Errado

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Porque o uso de cimento com adições minerais, na maioria dos casos,


aumenta a resistência do concreto ao ataque químico?

TREINO INÉDITO

Com relação à deterioração do concreto, assinale a alternativa incorre-


ta.
a) Uma superfície arenosa, eflorescências e agregados expostos são
sintomas típicos de lixiviação.
b) Os produtos da corrosão, por serem expansivos, introduzem tensões
no concreto que podem levá-lo a fissurar.
c) Os produtos do ataque por sulfatos, por serem expansivos, introdu-
zem tensões no concreto que podem resultar em desagregação pro-
gressiva do material.
d) A reação álcali-sílica pode promover a despassivação da armadura,

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


dando início ao processo de corrosão.
e) As resinas epoxídicas (mono ou bicomponentes) são os principais
materiais utilizados para a injeção de fissuras passivas.

NA MÍDIA

Estudo revela segredo dos romanos para fabricar concreto mais durável

Um grupo de cientistas americanos estudou a química e a física micros-


cópica de ancoradouros e quebra-mares do Império Romano e desco-
briu como essas construções se tornaram cada vez mais fortes ao longo
de 2 mil anos, enquanto as estruturas marinhas modernas, feitas de
concreto, entram em colapso depois de poucas década de exposição
às ondas.
Fonte: Diário de Pernambuco
Data: 05 jul. 2017.
Leia a notícia na íntegra:
h t t p s : / / w w w. d i a r i o d e p e r n a m b u c o . c o m . b r / a p p / n o t i c i a / m u n -
105
do/2017/07/05/interna_mundo,711599/estudo-revela-segredo-dos-ro-
manos-para-fabricar-concreto-mais-duravel.shtml
Acesso em: 10/04/2019.

NA PRÁTICA

Imagine um dia você em uma obra se deparar com a seguinte situação:


a obra que está na fase de construção da infraestrutura, mais preci-
samente na concretagem das sapatas, recebe um caminhão betoneira
com 8 m³ de concreto, antes de lançar o concreto você resolve dar uma
olhada no documento que consta as informações técnicas do concreto
e constata que o cimento utilizado não é do tipo RS (Resistente a Sulfa-
tos). Você deve aceitá-lo mesmo assim? Lembrando que o projeto exige
esse tipo de cimento, tendo em vista que o solo do local da construção
é rico em sulfatos. Bom na prática o engenheiro pode ficar tentado a
aceitar o concreto, já que uma recusa poderia atrasar seu cronograma
e com isso geraria custos, mas o estudo das patologias deixa claro a
atitude correta, que é recusar o concreto e solicitar que venha outro
com o cimento adequado. O engenheiro deve saber que o cimento RS
é fundamental para fundações em solos sulfatados, tendo em vista que
o problema patológico ataque por sulfatos é muito agressivo, gera fis-
suras que podem até trazer danos graves à estrutura, além disso em
um eventual problema instalado o custo para tratar essa fundação irá
superar e muito os custos gerados pela recusa do concreto inadequado.
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

Além do mais, o engenheiro ao ter a atitude de recusar o concreto ina-


dequado ficará com a consciência tranquila, pois sabe que está fazendo
o melhor para a construção.

106
Diversos são os problemas patológicos do concreto, seja de
origem física ou química, mas todos eles possuem algo em comum, sua
ocorrência pode ser amenizada ou totalmente evitada. Ao longo deste
trabalho, procurou-se deixar claro o papel da prevenção quando se trata
de patologias do concreto. Muitos pensam que há gastos para se evitar
um problema patológico, por exemplo, seguindo as normativas, gastan-
do com materiais ou equipamentos de maior qualidade, gastando com
estudos e projetos bem elaborados, entretanto essas pessoas estão
completamente enganadas, esses gastos na verdade são investimen-
tos, que se traduziram em construções de qualidade superior e que di-
ficilmente apresentarão patologias. Além disso, uma construção isenta
de problemas patológicos proporciona ao usuário confiança e admira-
ção pela construção, construindo uma imagem positiva da construtora.
Para essa prevenção, torna-se imprescindível o conhecimento dos di-
versos problemas patológicos que afligem o concreto, ademais o estudo
de suas causas e mecanismos, porém, caso o problema já exista, de-
ve-se estudar profundamente, além dos itens anteriores, os sintomas,
consequências e terapias, para que a restauração do desempenho da
estrutura seja bem sucedido. Enfim, destaca-se que a patologia é uma
questão de segurança estrutural da edificação, que se negligenciada
pode colocar em risco a vida de pessoas e animais.

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

107
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
A B B A E

QUESTÃO DISSERTATIVA

Patologia: É a ciência que estuda a origem, os sintomas e a natureza


das doenças. No caso do concreto, a patologia significa o estudo das
anomalias relacionadas à deterioração do concreto na estrutura. Sinto-
ma: É a manifestação patológica detectável por uma série de métodos
e análises. Falha: É um descuido ou erro, uma atividade imprevista ou
acidental que se traduz em um defeito ou dano. Diagnóstico: É o enten-
dimento do problema (sintoma, mecanismo, causa e origem).

TREINO INÉDITO
Gabarito: E
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

108
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
D E D B A

QUESTÃO DISSERTATIVA

O uso de juntas de dilatação é imprescindível, já que possibilitam as


partes contíguas se comportar como corpos rígidos independentes, ou
seja, em caso de gradientes de temperatura, por exemplo, cada corpo
se dilatará de forma independente, sem introduzir tensões na peça ad-
jacente, evitando-se, assim, a geração de fissuras.

TREINO INÉDITO
Gabarito: D

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

109
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
C B A A C
06 07
B Errado

QUESTÃO DISSERTATIVA

O uso de adições minerais, na maioria dos casos, aumenta a resistência


do concreto ao ataque químico. Isso ocorre porque ao se analisar os
mecanismos dos principais problemas patológicos de origem química,
temos os produtos hidratados do cimento, principalmente o CH, como
constituintes das reações. Logo, ao se utilizar adições se reduz o teor
de CH produzido, e com isso se terá menos CH para participar das rea-
ções químicas deletérias.

TREINO INÉDITO
Gabarito: D
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

110
ABITANTE, A. L. R. Estimativa da vida útil de placas cerâmicas es-
maltadas solicitadas por abrasão através de ensaios acelerados.
Porto Alegre: UFRS, 2004. Tese (Doutorado).

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM


ISO 3310-1 – Peneiras de ensaio - Requisitos técnicos e verificação
- Parte 1: Peneiras de ensaio com tela de tecido metálico. Rio de Ja-
neiro, 2010.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


NM17 – Cimento Portland - Análise química - Método de arbitragem
para a determinação de óxidode sódio e óxido de potássio por fotometria
de chama. Rio de Janeiro, 2012

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


NM248 – Agregados - Determinação da composição granulométrica.
Rio de Janeiro, 2003.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


NM67 – Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento
do tronco de cone Requisitos Rio de Janeiro, 1998.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR11768

PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS


– Aditivos químicos para concreto de cimento Portland – Requisitos
Rio de Janeiro, 2011.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR12042


– Materiais inorgânicos — Determinação do desgaste por abrasão.
Rio de Janeiro, 2012.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR12655


– Concreto de cimento Portland - Preparo, controle, recebimento e
aceitação - Procedimento. Rio de Janeiro, 2015.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR14931


– Execução de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janei-
ro, 2004.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR15200


– Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. Rio de
Janeiro, 2012.
111
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
NBR15577-1 – Agregados - Reatividade álcali-agregado - Parte 1:
Guia para avaliação da reatividade potencial e medidas preventivas
para uso de agregados em concreto. Rio de Janeiro, 2018.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.


NBR15577-4 – Agregados - Reatividade álcali-agregado - Parte 4:
Determinação da expansão em barras de argamassa pelo método
acelerado. Rio de Janeiro, 2018.
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
NBR15900-1 – Água para amassamento do concreto - Parte 1: Requisitos.
Rio de Janeiro, 2009.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR16697


– Cimento Portland - Requisitos. Rio de Janeiro, 2018.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR5674


– Manutenção de edificações — Requisitos para o sistema de gestão
de manutenção. Rio de Janeiro, 2012.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR5739


– Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos
Rio de Janeiro, 2018.
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR5739


– Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos
Rio de Janeiro, 2018.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR6118


- Projeto de estruturas de concreto — Procedimento. Rio de Janeiro,
2014.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR6122


– Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 2010.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR7211


– Agregados para concreto - Especificação. Rio de Janeiro, 2009.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR8953


– Concreto para fins estruturais - Classificação pela massa especí-
fica, por grupos de resistência e consistência Rio de Janeiro, 2015.

112
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR9778
– Argamassa e concreto endurecidos - Determinação da absorção
de água, índice de vazios e massa específica Rio de Janeiro, 2005.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR9935


– Agregados – Terminologia. Rio de Janeiro, 2011.

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