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PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância
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ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
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PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!..
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.
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Esta unidade apresentará os principais problemas patológicos
que podem acometer ao material concreto. Especificamente, foram en-
focadas: a) as características e propriedades do material concreto, b) os
diversos conceitos existentes no ramo de patologia na construção civil,
c) os problemas patológicos do concreto que são causados por ações
físicas e d) os problemas patológicos do concreto que são causados
por ações químicas. Ao longo de cada problema abordado, busca-se
enfocar a importância da prevenção dos problemas patológicos, sendo
esta benéfica do ponto de vista econômico, pois o custo de uma ma-
nutenção corretiva é bem superior ao custo da prevenção, além de ser
mais segura e confortável aos usuários. Ao final, comenta-se a respeito
do tratamento de fissuras, sendo essa a mais comum manifestação de
problema patológico no concreto.
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
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Apresentação do Módulo ______________________________________ 10
CAPÍTULO 01
O MATERIAL CONCRETO E O CONCEITO DE PATOLOGIA
Patologia ______________________________________________________ 23
Recapitulando _________________________________________________ 31
CAPÍTULO 02
DETERIORAÇÃO DO CONCRETO POR AÇÕES FÍSICAS
Recapitulando _________________________________________________ 69
CAPÍTULO 03
DETERIORAÇÃO DO CONCRETO POR AÇÕES QUÍMICAS
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O MATERIAL CONCRETO E
O CONCEITO DE PATOLOGIA
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Logo, devido ao uso do concreto em larga escala, torna-se im-
portante o conhecimento de sua composição, propriedades e caracte-
rísticas, para que seu emprego seja cada vez mais otimizado.
COMPONENTES DO CONCRETO
Aglomerante
Os materiais aglomerantes, geralmente pulverulentos, são
aqueles que sob certas condições desenvolvem função cimentante, ou
seja, conseguem aglomerar materiais e proporcionar coesão ao con-
junto. Os principais materiais aglomerantes são, por exemplo, cimento
Portland, cimento aluminoso, cimento natural, cal, gesso, argila, betu-
me, etc., cada um com suas características e mecanismos de endure-
cimento.
Cimento Portland
O principal aglomerante utilizado na confecção de concreto
na construção civil é o cimento Portland, que, convencionalmente, é
chamado cimento, apenas. Segundo Neville (2016), o cimento Portland
pode ser definido como o resultado da queima, à temperatura de clin-
querização, de uma mistura racional de calcário e argila, ou outros
materiais que contenham sílica, alumina e óxido de ferro, que, poste-
riormente, são moídos juntamente com sulfato de cálcio (gesso). Vale
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
Água
A NBR 15900:2009-1 especifica os requisitos para a água ser
considerada adequada ao preparo de concreto e descreve os procedi-
mentos de amostragem, bem como os métodos para sua avaliação. De
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forma geral, a água para confecção de concreto deve estar limpa, isenta
de substância que possam prejudicar as reações de hidratação do ci-
mento, ou favorecer o posterior surgimento de patologias. Vale lembrar
que, segundo a referida norma, a água da rede de abastecimento públi-
co é adequada para fabricação de concreto.
Agregados
A NBR 9935:2011 define agregado como um material geral-
mente inerte, com propriedades e dimensões adequadas para a con-
fecção de argamassa ou concreto. Os agregados podem ocupar de 60
a 85% do volume de concreto. Do ponto de vista econômico, o uso de
agregados é benéfico, pois, em geral, seu preço é bem inferior ao do
cimento, barateando a mistura. Já do ponto de vista técnico, seu em-
prego também é vantajoso, pois proporcionam estabilidade volumétrica,
combatendo a retração e potencializam a resistência ao desgaste. No
geral, o uso racional dos agregados não prejudica a resistência aos es-
forços mecânicos, pois, com exceção dos agregados leves, os agrega-
dos convencionais de boa qualidade têm resistência superior à da pasta
de cimento. Entretanto, de acordo com Mehta e Monteiro (1994), há
outras características dos agregados que podem influir na resistência
do concreto, por exemplo, o tamanho, a forma, a textura e a granulome-
tria, demandando uma atenção especial.
Agregados Miúdo
Por ser uma material mais caro em relação aos demais com-
ponentes, é de extrema importância que o uso do aditivo seja o mais
racional possível.
Adições
As adições são materiais adicionados ao concreto com a finali-
dade de alterar suas características, podem ser diretamente incorpora-
das à massa ou podem substituir parcialmente o cimento. Diferentemen-
te dos aditivos, que são materiais químicos, as adições são materiais
minerais e são incorporadas em maiores teores em relação à massa de
cimento, e, quando quimicamente ativas, como as pozolanas, são capa-
zes de gerar produtos hidratados que contribuem para a resistência final
do concreto. Por exemplo, o cimento CPIII é um cimento que possui um
grande teor de escória de alto forno, já o cimento CPII-F possui em sua
composição filler calcário.
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As principais adições minerais são as pozolanas (metacaulim,
cinza volante, sílica ativa, cinza da casca do arroz, etc.), as cimentantes
(escória granulada de alto forno) e os fillers (filler calcário, pó de pedra,
etc.).
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Figura 1 - Hidratação dos composto do cimento ao longo do tempo.
sua produção, pois o C3A, em contato com água, reage tão rapidamente
que pode ocorrer um enrijecimento instantâneo da pasta. O gesso adi-
cionado reage com o C3A e forma um composto conhecido por etringita
(ou sulfoaluminato de cálcio hidratado), evitando a pega instantânea.
A etringita pode ocupar de 15 a 20% do volume de sólidos da pasta
cimentícia completamente hidratada (MEHTA e MONTEIRO, 1994). O
C3A também pode formar um tipo de aluminato de cálcio hidratado. Os
compostos formados pelo C3A também pouco contribuem para a resis-
tência do concreto.
O C3S possui uma hidratação mais rápida que o C2S, mas os
produtos formados em ambos são similares. Tanto em um, quanto no
outro, ocorre a formação de silicato de cálcio hidratado (CSH) e hidró-
xido de cálcio (CH). O CSH é o grande responsável pela resistência do
concreto, já o CH contribui bem menos. Para Mehta e Monteiro (1994),
de 50 a 60% do volume de sólidos da pasta cimentícia completamente
hidratada é de CSH, e de 20 a 25% é de CH. Vale lembrar que não é
interessante uma pasta com alto teor de CH, pois, além da baixa resis-
tência, esse composto tem alta solubilidade, podendo se dissolver até
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com água absorvida da umidade do ar, e, assim, vir à superfície e reagir
com CO2, formando CaCO3 (carbonato de cálcio). Para Dal Molin (1995)
o CH, apesar de não contribuir para a resistência mecânica, confere ao
concreto uma elevada alcalinidade que proporciona a passivação das
armaduras frente ao processo de corrosão.
A água na pasta hidratada também possui diferentes nomes,
basicamente tem-se três tipos. O primeiro é a água livre, que está retida
nos poros e está isenta de forças de ligação. O segundo é a quimica-
mente ligada, ou seja, que constitui os produto hidratados do cimento. O
terceiro tipo é uma água que está sob certa força de ligação, muitas ve-
zes, adsorvida na superfície dos compostos ou retida por tensão capilar.
A água é um componente essencial do concreto, pois, sem ela, ele não
existe, mas se não for dosada de forma racional, pode prejudicar muito
sua resistência mecânica, tanto por excesso, como por falta.
Os vazios (ou poros) da pasta cimentícia possuem diversos
tamanhos e formas. Para Mehta e Monteiro (1994), essa porosidade
distribui-se da seguinte forma:
• poros de gel ou entre camadas de C-S-H: são poros presen-
tes nos produtos de hidratação e são muito pequenos (Ø de 5 a 25 Å),
devido a esse reduzido tamanho, não iniciam fissuras e, com isso, não
prejudicam a resistência do concreto;
• vazios capilares: poros geralmente formados pela saída da
água não utilizada na hidratação do cimento. São poros de pequeno
diâmetro (Ø<50 nm) localizados entre os produtos hidratados do cimen-
Durabilidade
Atualmente, é crescente a atenção dada à durabilidade do con-
creto, pois de nada adianta ter um concreto inicialmente com elevada
resistência mecânica, que responde satisfatoriamente aos esforços,
mas que, com o tempo, deteriora-se e perde capacidade portante. Um
concreto durável deve resistir à ação do tempo, aos ataques físicos, aos
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ataques químicos, ou a qualquer outro tipo de ataque que possa levar
a sua deterioração. Para a confecção de um concreto durável, é de ex-
trema importância se atentar ao tipo de ataque que ele estará sujeito,
levando em consideração a agressividade do meio, para que a escolha
dos materiais e a dosagem sejam as mais adequadas.
Permeabilidade
Para Mehta e Monteiro (2014), a permeabilidade do concre-
to é uma propriedade de grande influência na resistência à degrada-
ção, sobretudo, por agentes químicos. Quanto maior a permeabilidade,
maior é a facilidade de ingresso desses agentes na peça de concreto.
A permeabilidade também está correlacionada com a porosidade, ou
seja, uma redução da porosidade favorece a redução da permeabilida-
de. É importante lembrar que uma dosagem adequada e um processo
de adensamento e cura apropriados são grandes aliados na redução da
permeabilidade, além, é lógico, do uso de aditivos químicos.
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Zona Agregado
A zona agregado depende das características do agregado,
sobretudo das físicas, como a densidade e resistência mecânica. Tais
características vão influenciar na massa unitária, no módulo de elasti-
cidade e na estabilidade dimensional do concreto. Vale ressaltar que a
resistência mecânica do agregado geralmente é superior à resistência
da pasta ou da zona de transição, logo não é fator delimitador da resis-
tência do concreto.
Zona da pasta cimentícia
A zona da pasta cimentícia é função das características do ci-
mento empregado, assim como de seu processo de hidratação. A distri-
buição de poros, de água, do teor de CSH, CH e etringita presente nes-
sa interface influem diretamente na resistência mecânica do concreto,
na sua permeabilidade e durabilidade. Entretanto, a zona de transição
pasta-agregado é tida, normalmente, como a delimitadora da resistên-
cia mecânica do concreto, como o elo fraco da corrente.
Zona de transição pasta-agregado
Para Neville (2016), a zona de transição pasta-agregado pos-
sui uma maior relação água/cimento, pois, durante a hidratação do
concreto, uma fina película de água se fixa na parede do agregado,
assim, o aumento dessa relação leva a uma maior porosidade e, con-
sequentemente, menor resistência mecânica dessa zona. O autor cita,
também, que há uma concentração de tensões nessa zona provoca-
da pelos diferentes módulos de elasticidade do agregado e da pasta
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
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Figura 4 - Microscopia eletrônica de varredura da zona pasta de transição
pasta-agregado.
APLICAÇÕES DO CONCRETO
PATOLOGIA
Sintomas
Os sintomas de uma patologia podem ser definidos como a
manifestação externa característica da patologia. Assim, é a partir des-
sa manifestação patológica que se inicia o estudo da natureza, origem,
mecanismos, causas, consequências e terapia que será emprega para
sanar o problema.
A análise visual e minuciosa dos sintomas apresentados é de
extrema importância, já que permite, muitas vezes, determinar de ante-
mão qual a causa da patologia e correspondente terapia, sem deman-
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
dar estudo mais detalhados. No geral, o sintoma mais comum que indi-
ca a ocorrência de uma patologia são as fissuras, mas vale lembrar que
cada patologia tem seu próprio padrão de fissuras. Na Figura 5, temos
uma peça de concreto fissurada devido a uma patologia conhecida por
reação álcali-agregado, tal patologia apresenta como sintoma fissuras
em forma de mapas (multidirecionais).
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Figura 6 - Causas intrínsecas dos processos de deterioração das estruturas
de concreto.
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Figura 7 - Causas extrínsecas dos processos de deterioração das estruturas
de concreto
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Consequência
Os problemas patológicos podem comprometer desde a es-
tética, com manchas ou pequenas fissuras, até a segurança estrutural
da construção com grandes deformações e rachaduras. É importante
mensurar a consequência gerada pelo problema patológico, até para
determinar sua gravidade e, consequente, urgência de intervenção.
Além disso, deve-se levar em conta o caráter evolutivo de alguns pro-
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blemas patológicos, como fissuras que aumentam ao longo do tempo,
e, também, a possibilidade de um problema patológico gerar outro, por
exemplo, uma fissura incialmente inofensiva pode abrir caminho para
a corrosão da armadura da peça, aí sim comprometendo a segurança
estrutural. Assim, após estas considerações deve se determinar a ur-
gência e necessidade das intervenções.
Terapia
A terapia é o tratamento a ser realizado para sanar o problema
patológico. Cada problema demandará uma terapia diferente, que será
baseada no conjunto de informações coletadas sobre ele, como o seu
mecanismo, origem, causa e consequência. Tais medidas terapêuticas
podem partir desde um reparo localizado até uma recuperação genera-
lizada da estrutura. Além disso, dependendo do comprometimento da
estrutura pode-se demandar reforços ou até a demolição das peças es-
truturais.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2017 Banca: COVEST-COPSET Órgão: UFPE Prova: Enge-
nheiro Civil. Nível: Superior.
O clínquer é o produto resultante da calcinação da mistura de cal-
cário e argila. Os principais produtos constituintes do clínquer são:
a) C2S, C3S, C3A e C4AF.
b) C4S, C6S, C3A e C4AF.
c) C7S, C9S, C3A e C4AF.
d) C2S, C3S, C6A e C8AF.
e) C2S, C3S, C9A e C8AF.
QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: COMPERVE Órgão: UFRN Prova: Engenheiro Ci-
vil. Nível: Superior.
Os aditivos utilizados em concreto destinam-se a modificar as pro-
priedades da mistura no estado fresco e/ou endurecido. A quan-
tidade de aditivo utilizada no concreto é geralmente calculada a
partir do:
a) Volume total de concreto.
b) Consumo de cimento.
c) Consumo de água.
QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: DETRAN-CE Prova: Analista
de Trânsito e Transporte - Engenharia Civil Nível: Superior.
O concreto em massa é um dos principais materiais consumidos
pela indústria da construção civil. Sua resistência e trabalhabilida-
de o tornam um material ideal para a maioria das estruturas. Esse
material, porém, tem suas limitações; contudo, existem os aditivos
para o concreto massa, permitindo que o material adquira carac-
terísticas específicas conforme seja a situação. Os aditivos para
o concreto modificam suas características, por isso é preciso que
seu uso seja criterioso. O uso inadequado de aditivos pode trazer
consequências negativas ao desempenho da estrutura. Conside-
rando os aditivos para o concreto em massa, assinale a afirmação
verdadeira.
a) Expansores são aditivos que servem basicamente para criar micro-
bolhas de ar no interior do concreto. Esse efeito é desejável, por exem-
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plo, quando se pretende aumentar a resistência térmica do material,
sendo indicado para ambientes que estejam sujeitos a temperaturas de
congelamento.
b) Plastificantes são aditivos líquidos que reduzem o atrito dinâmico do
concreto, tornando-o mais plástico. Esse tipo de aditivo se adiciona na
mistura para o concreto na ordem de um litro por metro cúbico de con-
creto produzido, e resulta em uma economia de cimento de até 15%
além de facilitar o adensamento e a trabalhabilidade do concreto, atra-
vés da redução da tensão superficial da água.
c) Incorporadores de ar são aditivos líquidos para o concreto, que po-
dem ser adicionados a uma proporção de até 2% do total de concreto
a ser moldado. Basicamente eles agem acelerando o processo químico
de hidratação do cimento, fazendo com que a cura ocorra mais rapida-
mente, aumentando a resistência inicial do concreto.
d) Superplastificantes são aditivos de materiais silicosos ou alumino-sili-
cosos que não têm propriedades hidráulicas. Entretanto, quando trans-
formados em pós, na presença de umidade, em temperatura ambiente,
reagem com o hidróxido de cálcio formando compostos de propriedades
cimentícias.
QUESTÃO 4
Ano: 2013 Banca: IBFC Órgão: SEPLAG-MG Prova: Engenheiro Ci-
vil. Nível: Superior.
Toda edificação possui um período de vida útil a que se destina. E
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TREINO INÉDITO
NA MÍDIA
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DETERIORAÇÃO DO CONCRETO
POR AÇÕES FÍSICAS
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
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O principal sintoma desse problema patológico é a perda de
massa do material na área que está sofrendo abrasão. A Figura 11 apre-
senta um piso de concreto que sofreu abrasão.
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Alguns fatores podem influenciar a resistência à abrasão do
concreto. Para Neville (2016), quanto maior a resistência à compressão
do concreto maior é sua resistência à abrasão. Sendo assim, para se
obter um concreto com adequada resistência à abrasão, deve-se se
atentar aos fatores que afetam a resistência à compressão. O fator água/
cimento é o mais notório quando se trata de resistência a compressão
do concreto, assim, é importante reduzir esse fator ao mínimo possível.
Para reduzir o fator a/c é comum a utilização de aditivos redutores de
água (plastificantes, superplastificantes, hiperplastificantes). Uma cura
adequada também é importante para que as reações de hidratação do
concreto ocorram satisfatoriamente. Dhir et al (1991) estudaram a in-
fluência do fator a/c e das condições de cura na resistência à abrasão
das superfícies de concreto, constaram que tanto a redução do fator
água/cimento quanto o aumento do tempo de cura aumentou a resistên-
cia à abrasão do concreto. O uso de adições minerais (pozolanas, fillers
e cimentantes) também é uma alternativa para aumentar a resistência à
compressão do concreto e, consequentemente, sua resistência à abra-
são. O uso de agregados com resistência a abrasão adequada também
deve ser observado, assim como, o acabamento superficial do concre-
to. A resistência a abrasão também pode ser afetada pela exsudação
excessiva do concreto, pois ocorre um aumento do fator água/cimento
da superfície e, consequentemente, reduz-se a resistência mecânica.
A terapia utilizada para recuperar o concreto desgastado pela
abrasão vai depender da área que foi afetada. Quando se tem áreas
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
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Figura 12 – Superfícies de concreto tratadas com endurecedores
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As estruturas de concreto mais sujeitas à erosão são aquelas
que estão em contato permanente com água, por exemplo, barragens,
calhas de vertedouros, canais de irrigação, pilares de pontes e galerias
de águas pluviais (Figura 14).
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Figura 16 – Rebaixo brusco que gera um fluxo não linear do fluido causando
cavitação na superfície de concreto
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Figura 20 - Fissura em viga de concreto armado devido a insuficiência de
armadura de compressão
flexocompressão
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Figura 23 - Padrão de fissuras em peças solicitadas por compressão sem e
com confinamento
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Figura 25 – A direita: padrão de fissura por esmagamento do concreto na face
superior de uma laje devido a deficiência diante dos momentos positivos. A
esquerda: padrão de fissura por flexão na face inferior de uma laje devido a
insuficiência de armadura diante dos momentos positivos
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Figura 27 – Fissura vertical em pilar causada por esforços de cisalhamento
Fonte: ORTIZ (1983 apud MILITITSKY et al, 2015) PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
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Figura 32 - Prováveis diagramas de esforços e fissuras em estruturas de con-
creto devido a recalques de fundações de pilares internos e nas extremidades
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
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Figura 33 - Padrão de fissuras devido a deformação côncava de
parede portante
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Norma sobre o assunto: NBR 6122:2010 – Projeto e execu-
ção de fundações.
Observação: A referida norma expõe as diretrizes para o pro-
jeto de fundações de todas as estruturas da engenharia civil, seguir esta
norma é fundamental para a prevenção de problemas estruturais.
Indicação Bibliográfica:
Livro sobre o assunto: Patologia das fundações, 2 ed. 2015.
Observação: Segundo os autores Jarbas Milititsky, Nilo Cesar Conso-
li e Fernando Schnaid, o livro aborda as causas e tipos correntes de
problemas nas diferentes etapas da vida de uma fundação, norteando
os cuidados necessários para evitar patologias, identificar suas causas,
indicar as diretrizes adequadas de sua execução e fiscalização.
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majoritariamente tropical, não possui invernos tão rigorosos, porém, em
países de clima frio, há grandes problemas em estruturas de concreto
devido ao congelamento da água em seu interior.
Segundo Neville (2016), quando o congelamento da água do
concreto ocorre antes da pega, o processo de hidratação do cimento é
interrompido; após o degelo, o concreto deve ser revibrado e, então, a
hidratação continua sem prejudicar a resistência final. Caso o congela-
mento ocorra após a pega, mas antes de o concreto adquirir uma míni-
ma resistência, o efeito do congelamento da água pode ser catastrófico,
causando desagregação e grande perda de resistência. No concreto já
endurecido, os danos do congelamento dependerão de sua resistência,
de seu grau de saturação e o sistema de poros da pasta.
As fissuras são as manifestações patológicas do congelamen-
to no concreto, porém, muitas vezes, são internas e de difícil constata-
ção (Figura 36). O mecanismo desse problema patológico é o seguinte:
quando ocorre a exposição do concreto endurecido a baixas tempera-
turas (≤ 0°C), a água presente nos poros capilares se expande ao con-
gelar. Essa expansão da água gera tensões de tração no poro, que, se
for maior que a resistência do concreto, acarreta fissuras. Além disso,
podem ocorrer ciclos de congelamento, ou seja, quando a peça des-
congela, a água pode migrar para as pequenas fissuras, e, ao congelar
novamente, expande-se e acaba por aumentar a fissura, e assim por
diante, este fenômeno é conhecido por ciclo gelo-degelo.
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Quanto mais saturado o concreto, ou seja, quanto mais preen-
chido por água for os poros do concreto, maiores serão as tensões trati-
vas geradas pelo congelamento da água (Figura 37). Isso ocorre porque
a água terá pouco ou nenhum espaço para se expandir.
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As consequências de um incêndio na estrutura dependerão da
temperatura atingida. A Figura 39 apresenta uma correlação entre a re-
sistência à compressão do concreto e a temperatura atingida em um
incêndio. Uma forma de identificar a temperatura atingida pelo concreto
é através de sua cor. A Figura 40 apresenta as diferentes cores do con-
creto frente a elevação da temperatura.
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Figura 41 - Fissuras no pilar devido a movimentação térmica das vigas
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Além disso, a dilatação de lajes pode causar problemas na im-
permeabilização, com descolamentos ou rompimentos. Caso a imper-
meabilização for danificada pode-se gerar infiltrações que trarão danos
a estrutura e desconforto ao usuário.
A terapia para essa patologia consiste em isolamento térmicos
para a estrutura, com o intuito de se reduzir a amplitude térmica, por
exemplo, uma cobertura na laje já evita sua dilatação exagerada. O
importante é a prevenção através de um bom projeto de juntas de dila-
tação, para que a estrutura posso se expandir sem gerar esforços, além
da resistência adequada do concreto. A Figura 43 apresenta um piso
executado com juntas de dilatação.
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Figura 44 - Liberação de calor durante a hidratação dos composto do
cimento Portland6
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Figura 45 - Variação de temperatura no interior de uma peça de concreto
massa
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Figura 48 - Fissura por cisalhamento devido a uma expansão diferencial do
terreno de fundação
Concretagens em rampas
As concretagens em rampas, devido ao efeito da gravidade,
podem gerar o deslizamento do concreto e provocar fissuras. Nesse
caso, a prevenção consiste em utilizar um concreto mais viscoso e con-
cretar por painéis (Figura 49). Lembrando que as fissuras geradas de-
verão ser tratadas, ainda mais, para se evitar a entradas de agentes
agressivos.
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Retração plástica
Quando a água da superfície do concreto, recém-lançado, eva-
pora mais rapidamente do que é substituída pela água de cura, o con-
creto da superfície retrai. Essa retração o introduz tensões de tração;
e como o concreto ainda não possui suficiente resistência mecânica
acaba por fissurar (Figura 50). As fissuras por retração plástica podem
ser evitadas tomando medidas para se barrar a rápida perda de água
da superfície do concreto, como por exemplo, protegendo a superfí-
cie de ventos fortes e insolação. Porém, o mais importante é iniciar a
cura o mais rápido possível, e permanecer por tempo suficiente. A NBR
14931:2004 destaca que, enquanto não atingir endurecimento satisfa-
tório, o concreto deverá ser curado e protegido contra qualquer agente
que possa prejudicá-lo. Essa medida visa evitar a perda de água pela
superfície exposta, assegurar uma superfície com resistência adequada
e assegurar a formação de uma capa superficial durável.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: ITEP - RN Prova: Perito
Criminal - Engenharia Civil. Nível: Superior.
As falhas em virtude de deficiências de projeto, com influência di-
reta na formação de fissuras, podem ser as mais diversas. Na re-
gião próxima ao ponto de contato de lajes lisas diretamente apoia-
das sobre pilares, podem surgir fissuras características, como se
evidencia na figura a seguir. Assinale a alternativa que melhor ca-
racteriza o efeito de fissuração citado.
QUESTÃO 2
Ano: 2014 Banca: CS-UFG Órgão: CELG/D-GO Prova: Analista Téc-
nico - Engenheiro Civil Nível: Superior.
Estruturas de concreto podem estar sujeitas a vários processos de
deterioração, entre eles os desgastes superficiais que ocasionam
perda progressiva de massa de uma superfície de concreto. Quan-
do essa perda é causada pela formação de bolhas de vapor e a
subsequente ruptura causada pela mudança repentina de direção
em águas que fluem com alta velocidade sobre as estruturas de
concreto, ocorre um fenômeno denominado:
a) abrasão.
b) fissuração.
c) cristalização.
d) erosão.
e) cavitação.
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QUESTÃO 3
Ano: 2013 Banca: CS-UFG Órgão: IF-GO Prova: Engenheiro Civil
Nível: Superior.
O concreto é um material que apresenta longa durabilidade, mas
não pode ser considerado perene, pois pode sofrer desgastes com
o tempo em consequência da ação de agentes físicos, químicos e
biológicos. Entre essas ações, uma delas provoca eflorescência
no concreto devido à percolação de água em fissuras ou à alta
permeabilidade do concreto, causando a dissolução dos compo-
nentes da pasta de cimento. Essa patologia é denominada:
a) cavitação.
b) erosão.
c) carbonatação.
d) lixiviação.
QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: UFMG Órgão: UFMG Prova: Engenheiro Civil Ní-
vel: Superior.
A retração de produtos à base de cimento pode causar fissuras.
Analise as seguintes opções sobre retração em argamassas e con-
cretos, e assinale a afirmativa INCORRETA.
a) A retração das argamassas e concretos aumenta com a finura do
cimento e com seu conteúdo de cloretos.
b) Uma maior quantidade de cimento adicionado às argamassas e con-
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: IF-ES Órgão: IF-ES Prova: Engenheiro Nível: Su-
perior.
Foi solicitado ao engenheiro civil que realizasse uma vistoria em
uma obra que apresenta algumas manifestações patológicas. De-
pois de concluída a vistoria, o profissional emitiu seu parecer téc-
nico em que continha as imagens seguintes.
70
Podemos afirmar que as manifestações identificadas nas imagens
são:
a) I – Fissuras de flexão, II – Fissuras de Retração hidráulica ou de con-
tração térmica, III – Fissuras de recalque.
b) I – Fissuras de cisalhamento, II – Fissuras de escorregamento da
armadura, III – Fissuras de flexão.
c) I – Fissuras de Torção, II – Fissuras de Flexão, III – Fissuras de re-
calque.
TREINO INÉDITO
NA MÍDIA
Fonte: Opovo
Data: 31 mar. 2019.
Leia a notícia na íntegra:
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
https://www.opovo.com.br/noticias/ceara/vicosadoceara/2019/03/31/
torre-da-igreja-do-ceu-desaba-em-vicosa-do-ceara.html
Acesso em: 10/04/2019.
NA PRÁTICA
73
DETERIORAÇÃO DO CONCRETO
POR AÇÕES QUÍMICAS
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
74
Figura 51 – Fluxograma dos agentes químicos que deterioram o concreto
76
Figura 52 - Pilar atacado por ácido em uma indústria de fertilizantes
Inclusive, caso o sal seja insolúvel e não expansivo, pode ocorrer até
um incremento na resistência do concreto devido ao aumento da sua
compacidade, através do preenchimento dos poros pelos cristais forma-
dos (BICZOK, 1972). A Figura 54 mostra de forma esquemática o efeito
do ataque ácido ao concreto.
78
Figura 54 - Efeito do ataque ácido ao concreto
79
Norma sobre o assunto: ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de
estruturas de concreto-Procedimento.
Observação: A NBR 6118 apresenta especificações de valo-
res máximos de relação água/cimento e mínimos de cobrimento que
devem ser adotados com base na agressividade do ambiente. Estas
recomendações visam aumentar a resistência da estrutura frente aos
ataques químicos ao quais ela pode estar exposta.
80
reage com o CO2 do ambiente e forma carbonato de cálcio (CaCO3). A
eflorescência não causa grandes problemas ao concreto, na verdade,
afeta muito mais a estética do que a integridade da peça. Entretanto,
podem surgir maiores problemas para o concreto caso a lixiviação do
CH seja muito intensa, pois essa remoção aumenta sua porosidade,
afetando a resistência mecânica, e, também, aumenta a permeabilida-
de, podendo abrir caminho para o ingresso de outros agentes agressi-
vos.
A terapia para as eflorescências consistem em removê-las com
o uso de escovação, jatos de água ou até jatos de areia. Porém, em
alguns casos os sais formados possuem baixa solubilidade, sendo ne-
cessário a remoção com o uso de soluções ácidas.
A prevenção das eflorescências se baseia na substituição par-
cial do cimento Portland por adições, para que haja uma redução do
teor de CH. É importante, também, reduzir a relação água/cimento, para
que se tenha um concreto menos poroso e menos permeável. Por fim,
pode-se considerar a impermeabilização da peça.
81
Figura 56 – Concreto fissurado devido ao ataque por sulfatos9
82
sulfatos. Segundo MEHTA e MONTEIRO (1994) esse ataque ocorre
quando a fonte de sulfatos é interna, próprio cimento ou agregado. O
processo consiste na reação desses sulfatos com o CH e, posterior-
mente, com o C3A, formando etringita. É dita tardia pois ocorre na peça
já endurecida, o produto formado é expansivo, causando fissurações. A
Figura 57 apresenta uma peça de concreto fissurada devido à formação
de etringita tardia.
Reação álcali-sílica
O ataque por reação álcali-sílica é um problema patológico,
muitas vezes grave, que ocorre quando constituintes de sílica reativa do
agregado ao reagirem com os hidróxidos alcalinos da pasta cimentícia,
derivados dos álcalis (Na2O e K2O) no cimento, geram compostos ex-
pansivos (géis álcali-silicatos) (Figura 59). Esses compostos possuem
grande capacidade de expansão através da absorção de água. Esse
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
volume maior introduz tensões trativas no concreto, que ao ter sua re-
sistência superada fissura, fragmenta e se desintegra (NEVILLE, 2016).
85
a peça. Quando só se trata as fissuras pode ser necessário reforço es-
trutural. Porém, após o tratamento, é importante impedir a reincidência
do ataque, principalmente, combatendo os condicionantes da reação.
Esses fatores condicionantes são a umidade, hidróxidos alcalinos e
agregados com sílica reativa. Para combater a umidade, deve-se evitar
o contato da peça com a água, seja por barreiras ou impermeabiliza-
ções, além de adotar uma baixa relação água cimento, para que o teor
de água livre seja reduzido e a resistência do concreto aumentada. No
caso dos hidróxidos alcalinos, é importante utilizar cimento com baixo
teor desses, uma forma é analisar o equivalente alcalino do cimento,
definido pela fórmula Na2O + 0,658 K2O, esse equivalente pode ser de-
terminado através da NBR NM17:2012 e é limitado pela NBR 15577-
4:2018 a 0,90 ± 0,10%, entretanto, deve-se analisar a possibilidade dos
álcalis proverem de fontes externas como aditivos, adições, ou os pró-
prios agregados. Por fim, deve-se avaliar a presença de sílica reativa
nos agregados. Vale ressaltar que o uso de pozolanas em substituição
parcial ao cimento é uma alternativa amplamente empregada para se
reduzir o teor de álcalis totais no concreto, inclusive se recomenda a
adoção de cimentos compostos, como o CPIII e CPIV, pois esses já
possuem pozolanas em suas constituições. Por fim, para se combater
a sílica reativa, vale as recomendações da NBR 15577:2018 (Parte 1 a
7) que trata da reatividade do agregado, métodos de ensaio e limites do
teor de sílica. A Figura 62 apresenta uma tabela da NBR 15577-1:2018,
que trata da classificação da reatividade potencial do agregado.
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
86
Ademais, é imprescindível um adensamento e cura adequados
do concreto e se atentar aos requisitos da NBR 6118:2014, sobre tudo
ao item 6 (Diretrizes para durabilidade das estruturas de concreto) e
item 7 (Critérios de projeto que visam a durabilidade).
Reação álcali-carbonato
A reação álcali-carbonato é um problema patológico similar ao
da reação álcali-sílica, entretanto seu mecanismo consiste na reação
entre os álcalis do cimento (fonte interna ou externa) e agregados calcá-
rios dolomíticos argilosos, acompanhada de desdolomitização, que, sob
certas condições, pode causar expansão deletéria do concreto (NBR
15577-1:2018). Para Neville (2016), ainda não são bem conhecidas as
reações químicas, porém acredita-se que a presença de argila pode
estar associada à expansão. Esse autor ainda salienta que as rochas
carbonáticas reativas não são comuns e normalmente podem ser evita-
das. Por ser uma reação mais rara, a NBR 15577:2018 (Parte 1 a 7) não
trata da reação álcali-carbonato, e recomenda buscar auxílio nas nor-
mas internacionais CSA A23.2-14A, CSA A23.2-26A ou ASTM C 1778.
Na ausência de informações, as recomendações apresentadas para se
combater a reação álcali-sílica, se devidamente ajustadas, também ser-
vem para a reação álcali-carbonato.
Hidratação do MgO e CaO cristalinos
A hidratação do MgO e CaO é um problema patológico que
ocorre quando esses compostos se hidratam tardiamente, e, com isso,
expandem-se. O volume maior introduz tensões trativas no concreto,
87
A presença de CaO livre nos cimentos é devido a falhas de
fabricação, e nos cimentos modernos seu teor é bem reduzido, assim,
a norma não estipula um valor máximo. Já para o MgO, a norma NBR
16697:2018 no item 5.1.1 estipula o teor máximo permitido para os di-
ferentes tipos de cimento Portland. A norma DNIT 090:2006 (no prelo)
cita que, atualmente, as degradações geradas por hidratação retardada
de CaO e MgO são praticamente desconhecidas: porém, caso ocorram
deve-se limitar as expansões e tratar as fissuras. Vale ressaltar, a im-
portância de observar a existência de CaO ou MgO livres em adições,
por exemplo, em escórias granuladas de alto forno.
Corrosão da armadura do concreto
Nesse item, será apresentado quais os malefícios que a corro-
são do aço da armadura geram no concreto, ou seja, não será abordado
a corrosão em si, mas seus efeitos no material concreto.
A corrosão do aço da armadura gera um problema patológico
no concreto, pois seus produtos são expansivos. O volume maior des-
ses compostos introduzem tensões trativas no concreto, que ao ter sua
resistência superada fissura e se fragmenta (Figura 64). A manifesta-
ção patológica da corrosão no concreto, em geral, são desplacamentos,
desintegrações e fissuras, essas geralmente no sentido da armadura
(Figura 65 e 66). As fissurações levam ao aumento da permeabilidade
do concreto, condição essa que favorece o ingresso de novos agen-
tes agressivos, deteriorando ainda mais a estrutura. Vale ressaltar que,
para a estrutura em si, a corrosão é extremamente danosa, pois implica
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
88
Figura 65 - Corrosão do aço em uma viga de concreto12
89
pelo ambiente alcalino proporcionado pelo concreto (elevado pH). Dois
processos podem gerar a perda dessa camada passivante, a carbona-
tação e o ingresso de cloretos.
91
A fonte de íons cloreto pode ser de origem externa, por exem-
plo, da água do mar, ou ter origem interna, advinda da própria constitui-
ção do concreto. Quando a fonte é externa há quatro mecanismos de
ingresso de íons cloreto, a saber: absorção, permeabilidade, difusão
iônica e migração iônica.
92
e reconstruir a peça. Quando só se trata as fissuras/pontos de corro-
são, pode ser necessário reforço estrutural. Na verdade, fica difícil só
tratar as fissuras do concreto, pois como a corrosão é um problema que
atinge o aço, de toda forma a peça estrutural ficará prejudicada, botan-
do em risco a integridade de toda a estrutura. Assim, é importante se
avaliar a intensidade da corrosão, para tratá-la, e, só depois de sanada,
focar em reconstruir o concreto.
Portanto, é importante o uso de ensaios não destrutivos, por
exemplo, o ensaio de potenciais de corrosão ou polarização linear, para
que se constate a abrangência e intensidade da corrosão, pois somente
o exame visual pode não fornecer toda a amplitude do ataque. Quan-
do a corrosão atinge uma pequena faixa da estrutura, pode-se fazer
um reparo localizado, como demonstrado na Figura 69, porém deve-se
analisar a porcentagem corroída da seção transversal da barra, pois se-
gundo Soares et al (2015), caso a perda da seção seja superior a 10%
substitui-se o trecho da barra corroída por uma barra nova, realizando a
adequada união entre os elementos.
93
Trabalho sobre o assunto: A banalização da recuperação es-
trutural; Rodrigues (2002); Revista recuperar ed. 46.
Observação: O referido trabalho aborda de forma completa os
problemas na recuperação de estrutura sob corrosão, expondo falhas
e recomendações, sendo uma leitura interessante para se aprofundar
no tema.
94
Trabalho sobre o assunto: Corrosão em estruturas de con-
creto armado: causas, mecanismos, prevenção e recuperação; trabalho
de conclusão de especialização; Polito (2006).
Observação: O referido trabalho aborda de forma bem abran-
gente e didática os sistemas de proteção da armadura do concreto
apresentados na Figura 70. É uma leitura interessante para aprofundar
o conhecimento no tema.
TRATAMENTO DE FISSURAS
95
Figura 71 - Fissurômetro14
96
Logo, é de extrema importância a avaliação da fissura para se
estabelecer a urgência de seu tratamento. Assim, quando a fissura for
passiva, o seu tratamento consistirá em injeções de materiais rígidos,
como argamassas comuns ou poliméricas, epóxis, metacrilatos, grau-
tes, etc.; pois, assim, preenche-se a fissura e restaura-se o monolitismo
estrutural da peça, ou seja, a peça volta a comportar-se como um corpo
único transferindo tensões. Já em fissuras ativas, o uso de materiais
rígidos não surte efeito, pois, em pouco tempo, as fissuras voltam a
aparecer, seja no mesmo ponto ou em local próximo. Assim, no caso
de fissuras ativas utiliza-se materiais elásticos, que selam a fissura e se
deformam sem fissurar, entretanto não há a devolução do monolitismo
estrutural da peça. Os principais materiais elásticos são os acrílicos,
borrachas, mástiques, poliuretanos, etc. Como não se restaura o mono-
litismo de peça com fissura ativa é possível apenas realizar a colmata-
ção superficial, sem injeção, com o intuito de apenas impedir a entrada
de agentes agressivos ao concreto e ao aço da armadura.
As principais técnicas utilizadas para tratamento de fissuras
são: injeção, selagem e grampeamento.
Técnica de injeção de fissuras
Essa técnica consiste na injeção de material, elástico ou rígi-
do, em alguns pontos ao longo da fissura, com o intuito de garantir seu
preenchimento (Figura 72). Segundo Souza e Ripper (2009), essa téc-
nica é indicada para fissuras com espessura superior a 0,1 mm, e o pro-
cedimento é feito sob baixa pressão (≤ 0,1 MPa), no caso de espessu-
97
Figura 72 - Injeção de fissuras15
98
Livro sobre o assunto: Patologia, recuperação e reforço de
estruturas de concreto; Souza e Ripper (2009); editora PINI.
Observação: O referido livro no item 3.4.2 pág. 121 aborda de
forma completa a técnica de injeção de fissuras, expondo a metodologia
executiva e recomendações, sendo uma leitura imprescindível para se
aprofundar no tema.
99
que contribui com a durabilidade da peça. Atualmente, utiliza-se muito
selantes acrílicos e mastiques para a vedação das fissuras ativas.
100
Vale destacar que os autores supracitados comentam que o
emprego da técnica de grampeamento deve ser bem analisado, pois se
aumenta pontualmente a rigidez da peça estrutural, e, caso o esforço
gerador da fissura continuar, poderá ocorrer a formação de fissura em
região adjacente.
101
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: IF-ES Órgão: IF-ES Prova: Engenheiro. Nível: Su-
perior.
As manifestações patológicas podem aparecer logo após o início
da execução de uma obra, mas é na etapa de uso que elas são
mais evidenciadas. Sobre essas manifestações é correto afirmar,
EXCETO:
a) As fissuras no concreto ocorrerão sempre que as tensões trativas,
que podem ser instaladas por diversos motivos, superarem a sua resis-
tência última à tração.
b) Carbonatação é resultante da ação dissolvente do anidro carbônico
(CO2), presente no ar atmosférico, sobre o cimento hidratado com a for-
mação de carbonato de cálcio e a redução do pH do concreto a valores
inferiores a 9.
c) Corrosão das armaduras é a destruição da película ativa existente na
superfície das barras.
d) A lixiviação é o mecanismo responsável por dissolver e carrear os
compostos hidratados da pasta de cimento por ação de águas puras,
carbônicas agressivas, ácidas e outras.
e) A reação álcalis-agregados é resultante da interação entre a sílica
reativa de alguns tipos de minerais utilizados como agregados e os íons
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: MetroCapital Soluções Órgão: Prefeitura de Con-
chas - SP Prova: Engenheiro Civil Nível: Superior.
No que se refere à relação álcali-agregados (RAA), analise os itens
a seguir e, ao final, assinale a alternativa correta:
I - A alcalinidade e a presença de álcalis no concreto não têm efeito
determinante sobre a incidência de RAA.
II - Quanto maior a temperatura, maior a velocidade de reação por
RAA.
III - A RAA manifesta-se na presença de condições de umidade re-
lativa do ar de 75%.
IV – A RAA não é influenciada pela granulometria das partículas
dos agregados.
a) apenas o item I é verdadeiro.
b) apenas o item II é verdadeiro.
102
c) apenas o item III é verdadeiro.
d) apenas os itens II e IV são verdadeiros.
e) apenas os itens I e III são verdadeiros.
QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: COMPERVE Órgão: UFRN Prova: Engenharia Ci-
vil Nível: Superior.
O Cimento Portland é o aglomerante mais utilizado na construção
civil, para obras correntes, sob a forma de argamassa, concreto
simples, armado e protendido. O tipo de cimento Portland espe-
cialmente indicado para a fabricação de tubos e canaletas de con-
creto que se destinam à condução de líquidos agressivos é o
a) CP III.
b) CP I.
c) CP II.
d) CP IV.
QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Fede-
ral Prova: Consultor Técnico-Legislativo - Engenheiro Civil Nível:
Superior.
Considere os seguintes projetos para especificação de cimento
Portland:
I. Projetos de obras civis: Aplicação de protensão. Requisito de
103
QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: UFMG Órgão: UFMG Prova: Engenheiro Civil Ní-
vel: Superior.
Para se evitar a deterioração precoce do concreto, o cimento a ser
usado na estrutura deve resistir ao agente agressor. Analise as
seguintes afirmativas sobre a utilização de cimentos Portland em
ambientes agressivos e assinale com (V) as verdadeiras e com (F)
as falsas.
( ) Em ambientes que tem como agente agressivo os sulfatos, de-
ve-se usar preferencialmente o cimento Portland de alto forno (teor
de escória acima de 60%).
( ) Em ambientes em que o agente agressor for a água (pura, áci-
das ou carbônicas), deve-se usar preferencialmente cimento com
baixo teor de álcalis.
( ) Quando a agressividade é por ação da sílica reativa (agregados
deletérios), pode-se usar o cimento Portland de alto forno (teor de
escória superior a 60%).
( ) Quando a agressividade é por ação da sílica reativa (agregados
deletérios), pode-se usar o cimento Portland resistente a sulfatos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
a) F, F, V, V.
b) F, V, F, V.
c) V, F, V, F.
d) V, V, F, F..
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
QUESTÃO 6
Ano: 2016 Banca: UFMG Órgão: UFMG Prova: Engenheiro Civil Ní-
vel: Superior
O tratamento de peças fissuradas está diretamente ligado à identi-
ficação da causa da fissuração.
Analise as seguintes opções referentes a tratamentos de fissuras
e assinale a afirmativa INCORRETA.
a) Variação da espessura da fissura caracteriza a sua atividade.
b) O tratamento de fissuras ativas restabelece o monolitismo da peça.
c) Para fissuras superficiais, pode-se usar a nata de cimento com um
aditivo expansor.
d) Para fissuras passivas, injeta-se material aderente e resistente,
usualmente resina epoxídica.
QUESTÃO 7
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: Analista - Engenharia
Sanitária Nível: Superior.
104
Com relação ao controle tecnológico do concreto, julgue o item a
seguir.
Na preparação do concreto de cimento Portland, o aglomerante e
os agregados da mistura devem favorecer a reação álcali-agrega-
do, responsável pelo aumento da resistência final do concreto.
( ) Certo ( ) Errado
TREINO INÉDITO
NA MÍDIA
Estudo revela segredo dos romanos para fabricar concreto mais durável
NA PRÁTICA
106
Diversos são os problemas patológicos do concreto, seja de
origem física ou química, mas todos eles possuem algo em comum, sua
ocorrência pode ser amenizada ou totalmente evitada. Ao longo deste
trabalho, procurou-se deixar claro o papel da prevenção quando se trata
de patologias do concreto. Muitos pensam que há gastos para se evitar
um problema patológico, por exemplo, seguindo as normativas, gastan-
do com materiais ou equipamentos de maior qualidade, gastando com
estudos e projetos bem elaborados, entretanto essas pessoas estão
completamente enganadas, esses gastos na verdade são investimen-
tos, que se traduziram em construções de qualidade superior e que di-
ficilmente apresentarão patologias. Além disso, uma construção isenta
de problemas patológicos proporciona ao usuário confiança e admira-
ção pela construção, construindo uma imagem positiva da construtora.
Para essa prevenção, torna-se imprescindível o conhecimento dos di-
versos problemas patológicos que afligem o concreto, ademais o estudo
de suas causas e mecanismos, porém, caso o problema já exista, de-
ve-se estudar profundamente, além dos itens anteriores, os sintomas,
consequências e terapias, para que a restauração do desempenho da
estrutura seja bem sucedido. Enfim, destaca-se que a patologia é uma
questão de segurança estrutural da edificação, que se negligenciada
pode colocar em risco a vida de pessoas e animais.
107
GABARITOS
CAPÍTULO 01
QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
A B B A E
QUESTÃO DISSERTATIVA
TREINO INÉDITO
Gabarito: E
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
108
CAPÍTULO 02
QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
D E D B A
QUESTÃO DISSERTATIVA
TREINO INÉDITO
Gabarito: D
109
CAPÍTULO 03
QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
C B A A C
06 07
B Errado
QUESTÃO DISSERTATIVA
TREINO INÉDITO
Gabarito: D
PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO - GRUPO PROMINAS
110
ABITANTE, A. L. R. Estimativa da vida útil de placas cerâmicas es-
maltadas solicitadas por abrasão através de ensaios acelerados.
Porto Alegre: UFRS, 2004. Tese (Doutorado).
112
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR9778
– Argamassa e concreto endurecidos - Determinação da absorção
de água, índice de vazios e massa específica Rio de Janeiro, 2005.
113
COSTA, R. M. Análise de propriedades mecânicas do concreto dete-
riorado pela ação de sulfato mediante utilização do UPV. Belo Hori-
zonte: UFMG, 2004. Tese (Doutorado).
RS, 2003.
DUART, M. A., Estudo da microestrutura do concreto com adição de
cinza de casca de arroz residual sem beneficiamento. Santa Maria:
UFSM, 2008. Dissertação (Mestrado).
FERNANDES, B.; GIL, A. M.; BOLINA, F. L.; TUTIKIAN. B.F. Microestru-
tura do concreto submetido a altas temperaturas: alterações físico-
-químicas e técnicas de análise. IBRACON, vol.10 nº.4, 2017.
114
MEHTA, P. K., MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Microestrutura, Proprie-
dades e Materiais. São Paulo: IBRACON, 2008.
115
SANTOS, A. M., PAIVA, A. E. M., SALOMÃO, R., PANDOLFELLI V. C.
Modificando a hidratação do MgO por meio da ação de sais solúveis.
In: 56º Congresso Brasileiro de Cerâmica - 1º Congresso Latino-Ameri-
cano de Cerâmica - IX Brazilian Symposium on Glass and Related Mate-
rials, Curitiba, 2012.