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ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

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ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
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Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas


pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!


ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Professor: Henrique Camões Barbosa

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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Esta unidade analisará, no âmbito da disciplina Movimentos
de Massa e Riscos Geotécnicos, as principais tipologias e classifica-
ções de deslizamento; noções de estabilidade de taludes, seus con-
ceitos, procedimentos e fatores atuantes e atenuantes; as modalida-
des de desastres ambientais, especialmente aquelas relacionadas à
movimentação de massas, conceituando e caracterizando: Desastre,
Susceptibilidade, Perigo, Vulnerabilidade e Risco; a relação entre Ris-
co e Perigo ambiental; as principais técnicas/procedimentos de ma-
peamento da vulnerabilidade ambiental, abordando a classificação
de riscos geológicos, as etapas de avaliação dos riscos e as ações
estruturais e não estruturais para a redução de desastres. Por fim,
discutem-se os aspectos técnicos, normativos, metodológicos e legais
geológicos e geotécnicos, especialmente aqueles relacionados aos
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principais métodos de cartografia, os processos geológicos, geotécni-


cos e climato-hidrológicos regionais que representam risco de desas-
tres naturais e induzidos, os métodos e técnicas de monitoramento de
áreas de risco, a legislação e as normas técnicas aplicadas a desas-
tres e à Política Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Movimentos de Massa. Estabilidade de Taludes. Desastres


Geológicos-Geotécnicos.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
MOVIMENTOS DE MASSA NO CONTEXTO DOS DESASTRES SOCIO-
AMBIENTAIS

Conceituando Movimentos de Massa ___________________________ 14

Tipologias/Classificação _________________________________________ 15

Noções de Estabilidade de Taludes _____________________________ 23

Recapitulando ________________________________________________ 31

CAPÍTULO 02
DESASTRES AMBIENTAIS

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Conceituando Desastre, Susceptibilidade, Vulnerabilidade e Ris-
co, no Âmbito dos Movimentos de Massa _______________________ 35

Mapeamentos de Vulnerabilidade: Tipos e Metodologias ________ 44

Ações Estruturais e Não Estruturais Para a Redução dos Desas-


tres ____________________________________________________________ 48

Perigos, Riscos e Vulnerabilidades: Naturais e Tecnológicas ______ 50

Classificação de Riscos Geológicos ______________________________ 51

Etapas para Avaliação de Riscos _______________________________ 52

Caracterização do Local e do Empreendimento _________________ 53

Recapitulando _________________________________________________ 54

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CAPÍTULO 03
ASPECTOS TÉCNICOS, NORMATIVOS, METODOLÓGICOS E LEGAIS
GEOLÓGICOS E GEOTÉCNICOS

Princípios e Métodos de Cartografia Geológica e Geotécnica ___ 58

Coleta, Tratamento e Interpretação Digital de Dados: o Geopro-


cessamento da Gestão de Risco _______________________________ 61

Processos Geológicos, Geotécnicos e Climato-Hidrológicos Re-


gionais que Representam Risco de Desastres Naturais e Indu-
zidos _________________________________________________________ 62

Processos Erosivos Continentais e Marinhos ____________________ 63

Métodos e Planos de Prevenção de Acidentes Geológicos ______ 65

Elaboração de Cartas Qualitativas e Quantitativas de Risco Ge-


ológico ________________________________________________________ 66
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Métodos e Técnicas de Monitoramento de Áreas de Risco ______ 67

Legislação e Normas Técnicas Aplicadas a Desastres e à Política


Nacional de Proteção e Defesa Civil ____________________________ 67

Recapitulando __________________________________________________ 71

Fechando a Unidade ____________________________________________ 76

Considerações Finais ____________________________________________ 82

Referências _____________________________________________________ 83

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O presente módulo visa a explanação, o estudo e o aprofun-
damento acerca dos Movimentos de Massa e Riscos Geotécnicos, es-
pecialmente, aqueles relacionados aos principais processos geológicos
gravitacionais, suas tipologias, características e agentes indutores.
Logo, a compreensão dos processos geológicos, de suas especi-
ficidades e dos fatores indutores de desastres, no âmbito dos movimentos
de massa/deslizamentos, é um fator fundamental para a qualidade ambien-
tal e segurança da comunidade diretamente atingida por esses eventos.
Nesse sentido, este módulo está dividido em três eixos temáti-
cos: Movimentos de massa no contexto dos desastres socioambientais;
Desastres Ambientais; e Aspectos técnicos, normativos, metodológicos
e legais geológicos e geotécnicos.
Assim, de primeiro plano, o conteúdo orienta o aluno sobre as
principais características, tipologias e conceitos relacionadas aos principais
movimentos de massa (escorregamentos, rastejos, corridas de massa e
queda ou tombamento), abordando as noções gerais sobre estabilidade
de taludes, seus tipos e conceitos e os principais métodos de análise, bem
como, os fatores atuantes, com as causas de instabilidades e seus sinais.
Prosseguindo, após uma compreensão geral dos principais
processos geológicos e de suas características básicas, discutiremos
em seguida os temas relacionados aos desastres ambientais no âmbito
dos processos gravitacionais de movimentos de massa, especialmen-

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te, quanto aos conceitos relacionados a Desastres, Susceptibilidades,
Vulnerabilidades, Ameaças, Perigo e Riscos, bem como, as diferenças
entre risco aceitável, tolerável e intolerável na visão da sociedade; as
classificações dos riscos geológicos e as etapas básicas para o proces-
so de avaliação de risco de deslizamento de encostas.
Nesse contexto, abordaremos as principais características que
envolvem os Mapeamentos de vulnerabilidades, suas tipologias e meto-
dologias, e as ações estruturais e não estruturais tão necessárias para
a mitigação dos eventos desastrosos.
Prosseguindo, discutiremos, enfim, os aspectos técnicos, nor-
mativos, metodológicos e legais relacionados à geologia e à geotécni-
ca. Nesse contexto, abordaremos questões concernentes aos principais
métodos cartográficos usados no Brasil para catalogação das informa-
ções geológicas e geotécnicas existentes no país.
Discutiremos os métodos de coleta, tratamento e interpreta-
ção digital dos dados, mais especificamente, aqueles relacionados ao
Geoprocessamento da gestão de risco e ao Sistema de Informações
Geográficas (SIG).
Também analisaremos os processos geológicos, geotécnicos e
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climato-hidrológicos regionais que representam riscos de desastres na-
turais e induzidos para as comunidades mais próximas da área afetada,
abordando, de forma mais específica, os possíveis processos erosivos
continentais e marinhos indutores de desastres.
Por fim, discutiremos alguns métodos e planos de prevenção
de acidentes geológicos, mais precisamente, aqueles relacionados ao
monitoramento de áreas de risco, bem como, as ações efetivas de miti-
gação dos efeitos danosos, a legislação e as normas técnicas aplicadas
a desastres no âmbito da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil.
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MOVIMENTOS DE MASSA NO CONTEXTO
DOS DESASTRES SOCIOAMBIENTAIS

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Não é de hoje que vemos crescer o número de desastres de-
correntes de deslizamentos de terra nas grandes metrópoles. Os pro-
cessos de Movimento de Massa são considerados, atualmente, um dos
fatores de maior incidência de desastres socioambientais em áreas de
risco no mundo. Assim como as enchentes, são eventos que geram
consideráveis danos e prejuízos às sociedades e ao meio ambiente,
notadamente, em regiões bastante adensadas e com relevo íngreme.
Estudos demonstram que a quantidade de deslizamentos no mundo é
maior do que a de outros desastres que envolvem a natureza, como
terremotos, vendavais e erupções.

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CONCEITUANDO MOVIMENTOS DE MASSA

De maneira geral, podemos definir movimento de massa como


o deslocamento de material desordenado (solos, rochas e vegetais), por
meio da ação da gravidade, que ocorre em áreas com encostas mais
elevadas.
Comumente conhecidos como deslizamentos, escorregamen-
tos ou queda de barreiras, os Movimentos de Massa, conforme explica
Tominaga, et al. (2009):

São processos de movimentos de massa envolvendo materiais que recobrem


as superfícies das vertentes ou encostas, tais como solos, rochas e vegetação.
Estes processos estão presentes nas regiões montanhosas e serranas em
várias partes do mundo, principalmente naquelas onde predominam climas
úmidos. No Brasil, são mais frequentes nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
Os movimentos de massa consistem em importante processo natural que
atua na dinâmica das vertentes, fazendo parte da evolução geomorfológica
em regiões serranas. Entretanto, o crescimento da ocupação urbana indiscri-
minada em áreas desfavoráveis, sem o adequado planejamento do uso do
solo e sem a adoção de técnicas adequadas de estabilização, está dissemi-
nando a ocorrência de acidentes associados a estes processos, que muitas
vezes atingem dimensões de desastres.
Movimento de massa é o movimento do solo, rocha e/ou vegetação ao longo
da vertente sob a ação direta da gravidade. A contribuição de outro meio,
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como água ou gelo se dá pela redução da resistência dos materiais de ver-


tente e/ou pela indução do comportamento plástico e fluido dos solos. (TO-
MINAGA, et al., 2009, p.27)

No Brasil, esse fenômeno é bem recorrente devido a fatores


como: aspectos climáticos, quando os verões são bastante chuvosos e
intensos, especialmente em áreas/regiões que apresentam uma certa
quantidade de maciços montanhosos íngremes; e em centros urbanos,
onde os deslizamentos surgem em condições catastróficas.
As ações antrópicas – como retirada de material de taludes, ater-
ros irregulares, deposição de lixo, ocupações irregulares, falta de infraes-
trutura, obras de permeabilização que dificultam a drenagem do solo e o
corte de árvores – têm elevado a vulnerabilidade das regiões íngremes, au-
mentando a ocorrência de desastres que envolvem movimentos de massa.
Seguindo esse entendimento, Fernandes et al. (2001), ao apontar
as atividades antrópicas como fatores condicionantes do processo de ero-
são do solo, explica que os deslizamentos que influenciam nas encostas:

trazem enormes prejuízos econômicos, bloqueiam vias expressas e, com fre-


quência, levam à perda de muitas vidas. (...) Nos grandes centros urbanos os

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deslizamentos assumem frequentemente proporções catastróficas, uma vez
que os inúmeros cortes, aterros, depósitos de lixo, desmatamentos, modifi-
cações na drenagem, entre outras agressões, geram novas relações com os
fatores condicionantes naturais associados à geomorfologia e à geologia. (...)
Consequentemente, torna-se muito difícil a efetiva previsão destes fenôme-
nos numa determinada paisagem. (...) A questão da previsão da ocorrência
dos deslizamentos vem assumindo importância crescente na literatura geo-
morfológica e geotécnica. (FERNANDES, et al., 2001, p. 52)

O Brasil, devido às suas dimensões continentais e por apresen-


tar uma variação climática considerável, está mais vulnerável à ocorrên-
cia de desastres naturais, e até mesmo àqueles provocados pela ação
do homem, especialmente os que têm relação com a supressão de solo.
Nesse sentido, os deslizamentos em encostas se destacam, não ape-
nas em regiões agrícolas/naturais, mas também em áreas urbanas, es-
pecialmente aquelas com uma densidade populacional que extrapola os
limites de tolerância.

TIPOLOGIAS/CLASSIFICAÇÃO

Quando se fala em movimentos de massas, existem várias classi-


ficações e tipologias empregadas, uma vez que esse conceito envolve uma
grande variedade de materiais e processos. Nesse sentido, estabelecer

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uma classificação precisa é bastante difícil, visto que existem limitações
para qualquer metodologia apresentada, devido às complexidades envolvi-
das nos processos de deslizamentos, o que dificultada uma padronização
e/ou método que abarque todos os casos de forma pormenorizada.
Pode-se afirmar que essa dificuldade reside no fato de que
grande parte das classificações tem sua aplicação com foco regional,
isto é, muito caracterizado pelo meio em que o pesquisador está envol-
vido e/ou trabalhando.
As práticas/metodologias de classificação dos movimentos gra-
vitacionais são variadas em função da multiplicidade de ambientes e da
complexidade dos processos envolvidos. Nesse sentido, os vários profis-
sionais que se habilitam a classificar esses processos, o fazem basean-
do-se em aspectos como: tipologia do solo, estrutura, cinemática, morfo-
logia geológica, tamanho dos blocos, velocidade de deslizamento, tipos
de deformação do maciço, absorção de líquido, porosidade do solo etc.
Nesse sentido, tomaremos como referência as classificações
propostas por Augusto Filho (1992) e Varnes (1978), usualmente ado-
tadas no Brasil.

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Tabela 1: Principais tipos de movimentos de massa em encostas

Fonte: (AUGUSTO FILHO, 1992, apud TOMINAGA, 2009, p. 28) Com adapta-
ções.

Varnes (1978) detalha com mais precisão os tipos rochosos


que podem ser encontrados em cada processo de movimento, baseado
nas características do material em deslocamento, a saber:
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Tabela 2: Resumo – Classificação de Varnes (1978)

FONTE: (VARNES, 1978, apud TOMINAGA, 2009, p. 28)


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Movimentos de Massa Tipo: Escorregamento/Deslizamento

Trata-se do movimento de massa de maior ocorrência no Bra-


sil. Também conhecido como deslizamento, o escorregamento carac-
teriza-se como um conjunto de movimentos gravitacionais de maciços,
solos e/ou rochas, que se deslocam para fora e para base da encosta,
com extrema rapidez.
De uma maneira mais simples, podemos afirmar que o escor-
regamento inicia-se quando a força gravitacional é maior do que o atrito
entre as partículas que sustentam a massa; melhor explicando, é quando
a força interna de resistência (atrito entre as partículas) é menor que a for-
ma externa (força gravitacional), provocando a instabilidade da encosta,
o que leva ao deslocamento do solo para baixo, pela ação gravitacional.
Pode-se dizer que o fator principal desse desprendimento do
solo se dá pela penetração de umidade/água no interior do solo gerando
a instabilidade do maciço, uma vez que a força interna entre as partícu-
las (atrito) passa a ser comprometida pela saturação ou pelo encharca-
mento do maciço.
O fator velocidade de deslizamento tem relação direta com o
grau de declividade da área, com a profundidade do solo e com o fator
gerador do processo, podendo ser imperceptível a “olho nu” ou em mo-
vimentos extremamente rápidos.

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Os escorregamentos podem ocorrer de três formas, a saber:
Escorregamentos Rotacionais/Circulares; Translacionais/Planares; e
Tipo Cunha.
a) Escorregamentos Rotacionais/Circulares
O Movimento de Massa é do tipo rotacional ou circular quando
a área que se rompe se apresenta curvada na parte superior do terreno,
formando uma “concha”, cujo movimento se dá através de um desloca-
mento homogêneo e circular de materiais (figura 1).
De uma maneira geral, os escorregamentos circulares pos-
suem, na grande maioria das vezes, áreas de deslizamentos côncavas,
apresentando uma série encadeada de eventos/rupturas sucessivas e
progressivas, cujo raio de ação é pequeno se comparado aos movimen-
tos de massas translacionais.
Sua ocorrência está necessariamente ligada a áreas cujos so-
los são homogêneos e bem densos/espessos, como por exemplo os
argilosos. Geralmente, o deslizamento ocorre devido à retirada de ma-
terial/solo da base do maciço, em decorrência da implantação de rodo-
vias e/ou como matéria-prima para a construção civil.

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Figura 1: Escorregamento Rotacional

Fonte: (SOUZA, 2014, p. 39)

b) Escorregamentos Translacionais/Planares
O Movimento de Massa é do tipo Translacional ou Planar quan-
do o ocorre em uma área plana e com solos de características menos
profundas (solos rasos).
Sua ocorrência se dá em áreas cujos maciços/solos se carac-
terizam pela grande declividade. Por ocorrerem em solos com profun-
didade rasa, sua falha/ruptura tem a característica de ser de pequena
espessura, baixa largura e de grande comprimento. Nesse caso, os
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movimentos de massa, ocorrem em planos e de maneira rasa, geral-


mente entre 50 cm e 5 metros de profundidade, sendo os processos
geológicos de maior ocorrência e de maior poder de deslocamentos e
de desastres, uma vez que podem atingir milhares de metros, quando
associados a períodos chuvosos (figura 2).
A chuva, nesse caso específico, é um indutor poderoso de de-
sastres, uma vez que a presença da chuva/água acelera o desprendi-
mento do solo em intervalos de tempo bastante rápidos. Nesses casos, o
solo que se desprende muitas vezes traz consigo imensos blocos de ro-
chas e, juntamente com a lama que se forma, acarretam grandes danos.

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Figura 2: Residências atingidas por escorregamentos translacionais rasos

FONTE: (RESERCHGATE.NET, 2010)

A depender da composição do material que se descola (se ro-


cha, solo puramente ou rocha e solo), pode ocorrer uma variação do
comportamento do descolamento, a saber:
Composição por Rocha: em deslizamentos translacionais de
rocha, o deslocamento ocorre em planos de fraqueza ligados à estrutu-
ra das rochas, como por exemplo: falhas, estratificação e xistosidade.
Composição por Solo puramente: trata-se de deslocamentos
de solo que ocorrem em uma área plana, estando moldada a algum

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aspecto estrutural do solo. Sua ocorrência se dá no interior do manto
de alteração, apresentado aspecto tabular que diz respeito à rocha que
originou o solo, do relevo predominante da área e do clima encontrado.
Nesses casos, trata-se de um processo cuja duração é pequena; con-
tudo, apresenta um forte poder de dano ambiental devido à velocidade
que o movimento pode atingir.
Rocha e Solo: em movimentos de massa translacionais com
composição de solo e rocha (massas de tálus ou colúvio), o material
carregado no processo apresenta uma grande quantidade de rocha, ge-
rando grande poder destrutivo.
c) Escorregamentos em cunha
O Movimento de Massa do tipo Escorregamento em Cunha é po-
tencialmente mais raro por ocorrer em áreas que possuem um relevo ex-
tremamente rochoso, fortemente alterado, e caracteriza-se, basicamente,
pela presença de duas falhas planares que contribuem para a instabilidade
do maciço, provocando o escorregamento do solo em forma de um prisma
que se desloca no sentido longitudinal desses planos (figura 3).
Os escorregamentos em cunhas ocorrem em áreas que, de
alguma forma, possuem algum processo de erosão natural ou que já
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tenha sofrido algum processo anterior de movimento de massa.

Figura 3: Escorregamento em Cunha. Morro do Bumba, Niterói-RJ, 2010

Fonte: (SOUZA, 2014, p.39)

Movimentos Massa Tipo: Rastejos

Trata-se de movimentos que ocorrem de forma bastante lenta ao


longo do tempo, sem que seja possível a visualização de sua movimenta-
ção a “olho nu”. Não existe fratura/ruptura visível que possa ser detectada
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facilmente. São movimentos de massa que apresentam um comportamen-


to bastante lento e que ocorrem de forma contínua, englobando na maioria
das vezes grandes porções de solo. Apresentam como causa geradora, a
grande concentração de umidade e temperatura, cujas variações provo-
cam a instabilidade do terreno. Épocas com grande variação de tempera-
tura, associada a momentos de elevação de umidade são fatores de risco
que devem ser observados nesses processos de movimentação de massa.
Por se tratar de um processo bastante lento, faz-se necessário
observar algumas evidências que ajudam a evitar possíveis desastres. Na
figura 4, é possível observar quais são esses sinais e como identificá-los:

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Figura 4: Principais Evidências superficiais do processo de Rastejo

Fonte: (SILVA, s/d, p.36)

Movimentos de Massa Tipo: Corridas de Massa

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A característica principal desse tipo de Movimento de Massa é
a presença de água em abundância na estrutura do solo. Trata-se de
deslocamentos de massa de características estritamente relacionadas à
perda de atrito interno do solo devido à presença de água no seu interior.
Em épocas com grande concentração pluviométrica, os desli-
zamentos do tipo corridas de massa podem atingir distâncias conside-
ráveis e provocar danos irreversíveis, que muitas vezes levam à destrui-
ção de comunidades e até à morte, devido à velocidade de propagação
desse processo (figura 5).
Seu grande potencial de danos é devido à capacidade que
esse processo de massa tem de arrastar por grandes distâncias, mes-
mo em regiões com baixa inclinação, uma grande quantidade de ma-
terial, como: árvores, maciços rochosos, pedregulhos, água, lama etc.
Souza (2014) complementa, afirmando que o movimento de
massa tipo corrida tem como uma de suas características:
alta velocidade (≥ 10 km/h), gerados pela perda completa das características
de resistência do solo. A massa de solo passa a se comportar como um fluido
e os deslocamentos atingem extensões significativas. A fluidificação do ma-

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terial pode ser originada por adição de água em solos predominantemente
arenosos, terremotos, cravação de estacas ou amolgamento em argilas mui-
to sensitivas. (SOUZA, 2014, p. 40)

Figura 5: Esquema Geral dos principais tipos de Movimentos de Massa


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Fonte: (SANTOS, 2016, p. 8)

Movimentos de Massa Tipo: Queda/Tombamento/Rolamento

A principal característica desse processo de movimento de massa


é, justamente, a ausência de deslocamento do solo, uma vez que se trata
de desprendimento de taludes de rochas brutas. Trata-se de “queda livre”
de blocos de rocha que se desprendem do maciço rochoso, muito devido
ao processo de intemperismo natural ao longo do tempo (Figura 6).
Sua ocorrência se dá em penhascos ou em taludes com incli-
nação extrema, e tem como principais causas: a dilatação do maciço ro-
choso devido à variação térmica do ambiente, processo erosivo natural,
vibração mecânica próxima ao talude, em decorrência da localização
dessas áreas próximas à rodovias.

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Figura 6: Esquema de Movimento de Massa do tipo Queda/Tombamento/Ro-
lamento

Fonte: (BRASIL, 2016, p. s/n)

NOÇÕES DE ESTABILIDADE DE TALUDES

Conceito de Talude

De uma forma geral, Talude pode ser definido como uma área
que possui uma determinada inclinação/ângulo com o plano horizontal,
podendo ser natural, como encostas, ou artificial, como cortes de solos
ou aterros construídos.

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Tipos de Taludes

Os taludes podem ser naturais ou construídos.


a) Talude Construído
Com o próprio nome já diz, são aqueles resultantes de ação
antrópica, caracterizados por retiradas/cortes de material de encostas,
de escavações para construção de rodovias, e/ou por processos de
aterramento para construção de residências. em todos esses processos
existe a ação do homem como agente modificador do maciço.
Quando se trata da intervenção humana, alguns cuidados de-
vem ser observados, a saber:
- Aterros ou Cortes: deve-se realizar uma análise observando,
prioritariamente, as modificações ocorridas no talude durante a execu-
ção da obra e após seu término. Isso possibilita a identificação do sítio
onde está o ponto de maior desequilíbrio da estrutura/talude.
- Em casos de barramento, a instabilidade deve ser verificada
durante a execução da obra e depois que ele for entregue, especial-
mente, quando o nível do material (água, rejeito etc) que está sendo
barrado estiver apresentando redução rápida de volume.
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- De uma forma geral, deve-se observar que os cortes (para
retiradas de material) devem ser implementados atendendo ao limite de
segurança quanto à altura, à inclinação e aos planos de corte.
b) Talude Natural
Quando nos referimos aos taludes naturais, é importante ob-
servar sua composição. Nesse sentido, os taludes naturais podem ser
constituídos por Solo Residual ou Solo Coluvionar, a saber:
- Solo Residual: se forma através do processo de deterioração/
intemperismo físico e/ou químico da rocha-mãe, modificando gradativa-
mente as características geomecânicas dessa rocha.
Basicamente, dentro do processo de transformação, as rochas
gradativamente vão se “descamando”, perdendo lascas do seu material
periférico (do exterior para o interior da rocha) e se constituindo em solo,
podendo, ao longo dos anos, representarem uma grande extensão de
solo residual, a depender do processo de intemperismo envolvido.
Uma característica importante do processo de formação do
solo residual é que ele pode apresentar vários aspectos, a depender da
profundidade do solo, devido ao tempo e às ações envolvidas em cada
camada. Diante disso, quando são feitas análises nesse tipo de solo,
geralmente são observadas várias faixas com várias características dis-
tintas de depósito de sedimentos. Sua composição está diretamente
relacionada à composição mineralógica da rocha-mãe, conforme pode-
mos observar na tabela 5, a seguir:
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Tabela 3: Composição do solo em função da rocha-mãe

Fonte: (SOUZA, 2014, p. 32)

- Solo Coluvionar: é aquele cujos materiais se apresentam de


forma heterogênea. Esses tipos de solo caracterizam-se pela compo-
sição de restos da rocha-mãe que sofreram intemperismo e que estão
inseridos no corpo do maciço. Sua formação se dá pela ação da gravi-
dade e geralmente estão localizados na base da encosta.
24
Quando existe um solo coluvionar cuja composição apresenta
grande quantidade de rochas com dimensões maiores, esse solo passa
a se chamar Tálus. De onde advém o nome Talude.
A distinção entre solo coluvionar e solo residual é bastante
complicada, uma vez que dentro do processo de intemperismo existe a
decomposição de ambas as características de cada solo, inviabilizando
sua identificação.
São justamente os Taludes naturais que estão mais sujeitos à
fatores de instabilidades, devido à ação da gravidade. As tensões de
cisalhamento, devido ao intemperismo ao longo do tempo, desestabili-
zam os maciços rochosos, tornando-se desiguais as forças que manti-
nham a estrutura estabilizada.

Casos que Requerem Análise de Estabilidade de Talude

Em alguns casos, a análise da estabilidade dos taludes é obri-


gatória, sob risco de ocorrência de desastres, quais sejam:

• Encostas Naturais – para avaliação da necessidade de medidas de esta-


bilização;
• Cortes ou Escavações – para a definição da inclinação do corte e/ou para
avaliar a necessidade de medidas de estabilização;

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


• Barragem de Terra – para a definição de seção da barragem e configuração
economicamente mais viável;
• Aterros sobre solos compressíveis – para a definição da geometria da seção
economicamente mais viável;
• Barragem de rejeito (alteamento a montante) – para a definição da seção
dos diques e configuração economicamente mais viável; e
• Retroanálise de ruptura – para avaliação dos parâmetros de projeto. (GERS-
COVICH, 2012, apud SOUZA, 2014, p. 31-32)

Estudos de Estabilidade de Taludes

De maneira geral, os estudos que objetivam a análise da esta-


bilidade dos Taludes, sejam eles naturais ou construídos, devem seguir
uma metodologia clara e objetiva, como forma de garantir a segurança
à comunidade que vive em volta da área. Nesse sentido, é importante
que esses estudos atendam aos seguintes fatores:
- Detalhamento topográfico da encosta/talude a ser analisado;
- Caracterização das cargas que serão ou estão sendo subme-
tidas ao talude;
- Análise de campo para identificar os aspectos estruturais do
25
solo e a presença ou não de lençóis freáticos;
- Determinação dos fatores críticos de estabilidade do talude, a
depender da vida útil da construção que se pretende realizar;
- Determinação dos sítios de onde serão retiradas as amostras
indeformadas para análise em laboratório;
- Análise de cisalhamento e de deformidade das amostras,
através de ensaios laboratoriais;
- De posse dos resultados laboratoriais, deve-se realizar a de-
terminação dos parâmetros projetuais a serem utilizados; e
- Definir e implementar a metodologia de dimensionamento
como forma de se garantir a segurança contra as tensões e deforma-
ções que, porventura, possam surgir.

Análise da Estabilidade

Vale destacar que a função principal da análise da estabilidade


de um talude é verificar a probabilidade de surgir um deslizamento de
solo que possa ocorrer em um talude construído ou mesmo natural.
De maneira bem simples, pode-se dizer que essa análise se dá pela
comparação/relação entre as forças de cisalhamento mobilizadas coma
as forças de resistência ao mesmo cisalhamento, definindo-se assim o
fator de segurança para seu uso.
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Simplificadamente, o fator de segurança pode ser representa-


do pela fórmula descrita a seguir:

Nesta equação, f é a resistência mobilizável e mob a resis-


tência mobilizada.
Onde:
- f = forças resistentes (resistência ao cisalhamento disponí-
vel)
- mob = forças atuantes (resistência mobilizada)

26
Tabela 4: Classificação do talude em função de FS

Fonte: (FERREIRA, 2012 p. 6)

Segundo aponta a literatura, esse tipo de análise de classifica-


ção quanto ao fator de segurança é definido como “determinístico”, uma
vez que ele determina/caracteriza um grau de segurança para o talude
que está sendo analisado, a depender das forças atuantes.
O fator de segurança diz respeito ao valor aceitável, mínimo
aceito, dentro de um projeto e sua variação está em função basica-
mente do tipo de construção e vida útil que se pretender obter. Nesse
contexto, pode-se dizer que o valor de admissibilidade de segurança
é aquele que diz respeito às prováveis consequências (econômicas e
sociais) que um desastre pode gerar.
São três as forças exercidas sobre um talude (as devidas ao
peso, ao escoamento da água e à resistência ao cisalhamento). Diante
disso, os métodos de análise devem, basicamente, preocupar-se em:

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


a) analisar as forças de tensão que estão presentes ao longo
do talude, calcular e confrontá-las com as forças/tensões consideradas
de resistência. As zonas de ruptura surgem, quando as tensões exis-
tentes ao longo do talude são maiores que as foças de resistência, do
contrário pode-se determinar que se trata de uma zona de equilíbrio;
b) analisar isoladamente blocos de massas de forma aleatória,
para verificar suas condições de equilíbrio, buscando assim aquela que
observar um desequilíbrio mais acentuado. Trata-se do que comumente
se chama de método de equilíbrio limite;
Conforme preceitua a NBR 11.682 (ABNT, 2009), a depender
dos riscos envolvidos, inicialmente, o projeto deve atender a um grau de
segurança necessário, a saber:

6.1.4.1 Grau de segurança necessário ao local.


Resultará do julgamento das consequências que poderão advir da instabili-
dade de um talude.
6.14.1.1 Alto grau de segurança, exigido no caso de proximidade imediata
de edificações habitacionais, instalações industriais, obras de arte (viadutos,
elevados, pontes, túneis, etc.); condutos (gasodutos, oleodutos, adutoras);
linhas de transmissão de energia; torres de sistemas de comunicação; obras

27
hidráulicas de grande porte (corpo de barragens, canais ou tubulações de
sistemas de produção hidroelétrica); estações de tratamento de água de
abastecimento urbano ou esgoto sanitário; rodovias e ferrovias dentro do
perímetro urbano de cidades de grande porte; vias urbanas; rios e canaliza-
ções pluviais em áreas urbanas densamente ocupadas e situações similares.
6.1.4.1.2 Médio grau de segurança, possível em todos os casos citados an-
teriormente quando houver, entre o talude e o local a ser ocupado, espaço de
utilização não per- manente, considerado como área de segurança. Também
no caso de haver proximidade imediata de leito de ferro- vias e de rodovias
fora do perímetro urbano; corpo de diques de reservatórios de águas pluviais
com habitações próximas, rios em áreas imediatamente a jusante do períme-
tro urbano de cidades de grande porte, sujeitas a inundações.
6.1.4.1.3 Baixo grau de segurança, adotável desde que sejam instituídos pro-
cedimentos capazes de prevenir acidentes em rodovias, túneis em fase de
escavação, minas, bacias de acumulação de barragens, canteiros de obras
em geral. (ABNT/NBR 11.682, 2009a, p. 7)

Fatores Atuantes, Causas de Instabilidades e Seus Sinais

Vários são os fatores de contribuem para o deslocamento dos


taludes, sejam eles naturais ou artificiais; contudo, duas causas espe-
cíficas podem ser notadas em todos os processos de movimentação de
massa de um talude: aumento de carga no bordo superior (fator externo)
e diminuição de resistência ao cisalhamento do material (fator interno).
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Cabe destacar que, uma outra causa que gera deslizamentos


é a construção de obras civis na base do talude, quando são realizadas
escavações no “pé” do talude, desestabilizando o maciço e provocando
acidentes. Essas atividades são corriqueiras em médios e grandes cen-
tros urbanos, devido à escassez de espaço.
Baseado nesses dois fatores citados anteriormente (aumento
dos esforços e diminuição da resistência), apresentamos, conforme o
quadro a seguir, os principais fatores desencadeadores de movimentos
de massa em encostas:

28
Tabela 5: Fatores desencadeadores de movimentos de massa

Fonte (VARNES, 1978, apud CAPUTO, 2015, p. 549)

Estabilização de Taludes

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


A estabilização física dos taludes é uma preocupação de pri-
meira ordem para os engenheiros. Quanto mais rápido e adequado for
o processo de estabilização física do maciço, menos riscos de desloca-
mentos existem.
Nesse sentido, apresentamos alguns dos principais procedi-
mentos construtivos de estabilização de taludes:
- Diminuição da inclinação do talude: nesse método, o peso/
força superior que pode gerar uma instabilidade no talude é reduzido
com a diminuição da inclinação do talude. Taludes com inclinações bai-
xas são menos susceptíveis a rupturas. Um outro artifício é criar planos/
patamares (degraus) como forma de diminuir o esforço.
- Drenagem: a instabilidade de um talude, muitas vezes, está
associada à presença de água superficial ou no interior da estrutura.
Para esses casos, proceder à drenagem desse líquido reduz, sobrema-
neira, a instabilidade do talude. Essa drenagem, na maioria das vezes,
é feita com a perfuração e instalação de dutos no interior dos taludes.
- Revestimento do talude: o recobrimento dos taludes com ve-
getação é outra forma de garantir a sua estabilidade, uma vez que, as
29
erosões provenientes da chuva se tornam bem menos ameaçadoras.
Em alguns casos mais emergenciais, esse revestimento pode ocorrer
de forma artificial, usando-se mantas plásticas.
- Mistura de materiais estabilizantes: visando aumentar a esta-
bilidade do solo do talude, em alguns casos, mistura-se ao solo produ-
tos (cimentos e/ou agregantes químicos) que melhoram a sua resistên-
cia e, consequentemente, a segurança do talude.
- Muros de arrimo e ancoragens: em alguns casos, não raros,
são construídos muros de arrimos ou instalados tirantes de aço como
forma de garantir a estabilidade da estrutura.
- Aplicação de bermas: com o objetivo de aumentar a estabili-
dade do maciço, são colocadas bermas no “pé” do talude, isto é, blocos
de terra, em geral do mesmo material que o do próprio talude.

Métodos de Análise de Estabilidade de Taludes

Por fim, cabe destacar que existem dois grandes grupos de mé-
todos que podem ser utilizados para analisar a instabilidade de um Talu-
de: os Métodos Determinísticos e os Métodos Probabilísticos, a saber:
- Métodos determinísticos: as condições reais do talude devem
ser previamente conhecidas. Estes métodos indicam se o talude é ou
não estável. Trata-se de analisar os valores dos aspectos físicos e re-
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

sistência do material em questão para, a partir deles, estabelecer o fator


de estabilidade e/ou de segurança do talude.
- Métodos probabilísticos: nesse método são observadas as
probabilidades de ruptura do talude sob determinadas condições. Para
isso, faz-se necessário conhecer os valores das forças de distribuição
considerados como variáveis aleatórias nas análises, procedendo-se, a
partir desses valores, aos cálculos do fator de segurança.

30
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2016 Banca: UFG Órgão: Prefeitura de Goiânia – Prova: Geo-
grafia Nível: Superior
Os cursos d´água, que se configuraram ao longo da história como
apoio à sedentarização da sociedade, têm sido objeto de diversas
intervenções do poder público no espaço geográfico. Nas áreas
urbanas, as canalizações dos corpos hídricos têm favorecido:
(A) o acúmulo de detritos ao longo dos cursos d´água, em especial nas
pontes, em virtude de diâmetros insuficientes.
(B) a instalação de movimentos de massa em suas margens, em virtude
da realização de cortes e aterros nos taludes.
(C) o assoreamento, em virtude do transporte e depósito de sedimentos
a montante.
(D) a ocorrência de inundações, em virtude da velocidade da água, da
diminuição das rugosidades do leito e de sua linearidade.

QUESTÃO 2
Ano: 2016 Banca: UFG Órgão: Prefeitura de Goiânia – Prova: Geo-
grafia Nível: Superior
As bacias hidrográficas situadas nas escarpas costeiras do sul do
Brasil apresentam frequentemente canais de pequeno porte con-

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


tendo elevada quantidade de seixos, blocos e matacões ao longo
de seus leitos. Esses materiais são indicadores de processos geo-
morfológicos relacionados com:
(A) fluxos de base de elevada vazão, que deslocam por arrasto e vão
arredondando sedimentos grosseiros, areia e argila.
(B) fluxos de chuva de reduzida vazão, que deslocam continuamente
por saltação seixos, blocos e matacões.
(C) formações de ravinas tributárias aos canais, que deslocam por sal-
tação e arrasta os seixos, blocos e matacões.
(D) movimentos de massa laterais aos canais que trazem sedimentos,
com posterior remoção da fração de terra fina.
(E) ativações de falhas normais, transcorrentes ou inversas que soer-
guem o continente e geram depósitos grosseiros.

QUESTÃO 3
Ano: 2016 Banca: UFG Órgão: Prefeitura de Goiânia – Prova: Geo-
grafia Nível: Superior
A teoria da deriva continental foi proposta pela primeira vez por Alfred
Wegener, em 1912. Segundo essa teoria, é ela que controla os proces-
31
sos de magmatismo, metamorfismo e sedimentação que ocorrem na
Terra. Com relação a essa teoria, assinale a opção correta:
(A) Há aproximadamente 200 milhões de anos, todas as massas conti-
nentais atuais estavam reunidas num único supercontinente denomina-
do Gondwana.
(B) Uma das evidências utilizadas por Wegener para propor a teoria
da deriva continental foi a do espalhamento oceânico: rochas próximas
da dorsal mesoatlântica eram mais jovens e rochas mais afastadas da
dorsal eram mais antigas.
(C) A principal indagação que o Wegener não conseguiu responder foi que
tipo de força seria capaz de movimentar massas continentais tão grandes.
(D) Logo após a morte de Wegener, em 1930, a teoria foi abandonada
por cerca de 20 anos, mas foi retomada com a descoberta de sedimen-
tos glaciais em alguns locais atualmente cobertos por desertos.
(E) As placas tectônicas são constituídas pelas crostas oceânicas e
continentais e pelas partes superior e inferior do manto.

QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: UFG Órgão: Prefeitura de Goiânia – Prova: Geo-
grafia Nível: Superior
A zona costeira cearense possui uma complexidade própria, devido
à interação entre os elementos naturais que a definem. Por esta ra-
zão, identifica-se como risco geológico associado a este ambiente:
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

(A) o predomínio de rochas carbonáticas (calcários e metacalcários) que


se dissolvem com facilidade pela ação das águas, formando cavidades
subterrâneas que podem causar abatimentos e colapsos dos terrenos.
(B) o padrão de relevo acidentado, suscetível aos processos erosivos
e movimentos naturais de massa com deslizamentos de solos e blocos
de rocha.
(C) a intensa dinâmica sedimentar, com processos de mobilização eóli-
ca de areias (migração de dunas) e erosão da linha de costa.
(D) o acentuado processo de desertificação que atinge parcelas signifi-
cativas do ambiente, associado ao relevo fortemente acidentado.

QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: VUNESP – Órgão: MPF – Prova: Geólogo Nível:
Superior
Em um estudo de ruptura de taludes em solos argilosos homogê-
neos, para obtenção dos parâmetros a serem utilizados nos cálcu-
los de estabilidade, o ensaio que melhor se aplica é:
(A) compressão simples.
(B) triaxial normalmente adensado, não drenado.
32
(C) triaxial rápido, drenado.
(D) edométrico.
(E) uniaxial drenado

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


De maneira geral, podemos definir movimento de massa como o deslo-
camento de material desordenado (solos, rochas e vegetais), por meio
da ação da gravidade, que ocorrem em áreas com encostas mais ele-
vadas. Nesse sentido, pergunta-se: o movimento de massa é um fenô-
meno constante nas cidades brasileiras? Explique.

TREINO INÉDITO
Assunto: MOVIMENTO DE MASSA
Sobre a especificação do movimento de massa tipo rastejo, indica-
-se que ocorre de maneira:
a. Lenta ao longo do tempo.
b. Rápida ao longo do tempo.
c. Intermitente ao longo do tempo.
d. Ampla ao longo do tempo.
e. NDA.

NA MÍDIA
O MEGADESASTRE DA REGIÃO SERRANA DO RIO DE JANEIRO:

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


AS CAUSAS DO EVENTO, OS MECANISMOS DOS MOVIMENTOS
DE MASSA E A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS INVESTIMENTOS
DE RECONSTRUÇÃO NO PÓS-DESASTRE
Todos os anos, no estado do Rio de Janeiro, dezenas de pessoas mor-
rem e milhares são afetadas em decorrência de desastres naturais re-
lacionados a eventos climáticos extremos, em especial, as inundações
e movimentos de massa. Nos últimos anos (2010 e 2011), mais de mil
pessoas morreram nos desastres em Angra dos Reis, na Região Metro-
politana do Rio de Janeiro e na Região Serrana do Rio de Janeiro. O
Megadesastre da Região Serrana do estado do Rio de Janeiro ocorreu
entre os dias 11 e 12 de Janeiro de 2011, atingindo sete cidades da re-
gião serrana, principalmente as cidades de Nova Friburgo, Teresópolis
e Petrópolis, causando a morte de 947 pessoas.
É considerado um dos maiores eventos de movimentos de massa ge-
neralizados do Brasil. O evento foi deflagrado por condições climáticas
extremas de precipitação acumulada em 24 horas de 241,8 mm, com
pico de 61,8 mm em uma hora, o que ajudou a perfazer a precipitação
acumulada entre os dias 1º e 12 de Janeiro de 573,6 mm. Os principais
tipos de movimentos de massa observados na área foram as corridas de
33
massa, de detritos, terra ou de lama, os deslizamentos do tipo "Parroca",
"tipo Rasteira", "tipo Vale Suspenso e os deslizamentos tipo "Catarina".
Para a análise dos impactos na região, utilizaram-se os limites das bacias
de 6ª ordem, que dividiram a região em quatro bacias: do Rio Piaba-
nha, do Rio Preto, do Rio Grande e do Rio Macaé. Segundo dados da
SEOBRAS, o estado investiu, em recuperação da região após o desastre,
R$ 188.451.196,08 em 79 obras em seis municípios. O município que re-
cebeu o maior número de intervenções foi Petrópolis (29), enquanto Nova
Friburgo foi o município que mais recebeu recursos (R$ 91 milhões). Em
termos de bacias, a bacia do Rio Preto foi a que recebeu o maior número
de intervenções (31) e a que mais recebeu recursos foi a bacia do Rio
Grande (R$ 101 milhões). Na relação habitante/recurso investido, a bacia
do Rio Grande foi a que apresentou a maior relação de investimentos por
habitante (R$ 504,81 por habitante) e, da mesma forma, foi a que apre-
sentou a maior relação investimento por km² (R$101,5/km²).
Fonte: Francisco Dourado, Thiago Coutinho Arraes, Mariana Fernandes
e Silva.
Data: 2012
Leia na íntegra em:
http://www.ppegeo.igc.usp.br/index.php/anigeo/article/view/5950

NA PRÁTICA
A defesa civil da cidade em conjunto com a Secretaria de Infraestrutura
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

da cidade do Recife – Pernambuco, preocupados com a situação iden-


tificada no morro da Conceição, solicitou uma averiguação in loco sobre
a situação do local para que fosse identificado o tipo de movimento de
massa que poderia ocorrer no sentido de tentar combatê-lo. As informa-
ções que foram passadas pela equipe municipal indicavam: variação
térmica do maciço rochoso, a ocorrência de erosão em virtude da ação
da água e vibrações geradas pelo tráfego contínuo. Indique que tipo de
movimento de massa está para acontecer no morro da Conceição.

PARA SABER MAIS:


Filme sobre o assunto: O amanhã é hoje
Peça de teatro: Brumadinho
Acesse os links: https://youtu.be/CCUif3F_ko8
https://youtu.be/K9i3JyXocgI

34
DESASTRES AMBIENTAIS

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


CONCEITUANDO DESASTRE, SUSCEPTIBILIDADE, VULNERABI-
LIDADE E RISCO NO ÂMBITO DOS MOVIMENTOS DE MASSA

Compreender os conceitos relacionados aos desastres é de


fundamental importância para que o profissional domine, de maneira
satisfatória, os fundamentos do Gerenciamento de Riscos em desas-
tres, especialmente, aqueles relacionados aos movimentos de massa.
A seguir, veja algumas das principais definições que envolvem
o tema em questão:
Desastres: de maneira geral, desastre pode ser considerado
um evento de natureza adversa, provocado ou advindo de causas na-
turais que, a depender do grau de vulnerabilidade do ambiente em que
ocorreu, é capaz de gerar danos (econômicos, sociais e ambientais) de
3535
difícil reparação (Figura 7).
Os desastres possuem uma relação direta com o processo de
transformação social e crescimento populacional, com o modelo con-
temporâneo de desenvolvimento econômico adotado, com o acelerado
processo de uso e ocupação do solo dos médios e grandes centros
urbanos, ou seja, com todos os modelos de vida que produzem vul-
nerabilidades sociais. E é justamente através dessas vulnerabilidades
sociais associadas à inadequada gestão de riscos e à incapacidade de
respostas efetivas, que as consequências dos desastres se amplificam.
Existe uma relação íntima entre os desastres e os modelos de
desenvolvimentos adotados no mundo contemporâneo que intensificam,
sobremaneira, a vulnerabilidade ambiental e social de certas comunida-
des, o que agrava a ocorrência dos desastres como: a intensa e massiva
pressão sobre os recursos naturais, o elevado consumo de produtos e
serviços acarretando um excesso de resíduos contaminantes etc.

Figura 7: Relação entre Eventos adversos e Vulnerabilidade Ambiental


ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Elaboração própria (2019)

Conforme consta na Instrução Normativa nº 1, de 24 de agosto


de 2012, no Brasil, os desastres são classificados de acordo com a in-
tensidade, evolução e a periodicidade, a saber:

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº1, DE 24 DE AGOSTO DE 2012


Art. 3º Quanto à intensidade os desastres são classificados em dois níveis:
a) nível I - desastres de média intensidade; e b) nível II - desastres de grande
intensidade
§ 2º São desastres de nível I aqueles em que os danos e prejuízos são supor-
táveis e superáveis pelos governos locais e a situação de normalidade pode
ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou complemen-
tados com o aporte de recursos estaduais e federais;
§ 3º São desastres de nível II aqueles em que os danos e prejuízos não são
superáveis e suportáveis pelos governos locais, mesmo quando bem prepara-
dos, e o restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização
e da ação coordenada das três esferas de atuação do Sistema Nacional de
Proteção e Defesa Civil -SINPDEC e, em alguns casos, de ajuda internacional.
Art. 6º Quanto à evolução os desastres são classificados em:

36
I - desastres súbitos ou de evolução aguda; e II - desastres graduais ou de
evolução crônica.
§ 1º São desastres súbitos ou de evolução aguda os que se caracterizam
pela velocidade com que o processo evolui e pela violência dos eventos ad-
versos causadores dos mesmos, podendo ocorrer de forma inesperada e
surpreendente ou ter características cíclicas e sazonais, sendo assim facil-
mente previsíveis.§ 2º São desastres graduais ou de evolução crônica os
que se caracterizam por evoluírem em etapas de agravamento progressivo.
§ 4º Os desastres de nível I ensejam a decretação de situação de emergên-
cia, enquanto os desastres de nível II a de estado de calamidade pública
§ 1º Quanto à origem ou causa primária do agente causador, os de-
sastres são classificados em:
I - Naturais; e II - Tecnológicos.
§ 2º São desastres naturais aqueles causados por processos ou fe-
nômenos naturais que podem implicar em perdas humanas ou outros
impactos à saúde, danos ao meio ambiente, à propriedade, interrupção
dos serviços e distúrbios sociais e econômicos.
§ 3º São desastres tecnológicos aqueles originados de condições tecnoló-
gicas ou industriais, incluindo acidentes, procedimentos perigosos, falhas na
infraestrutura ou atividades humanas específicas, que podem implicar em
perdas humanas ou outros impactos à saúde, danos ao meio ambiente,
à propriedade, interrupção dos serviços e distúrbios sociais e econômicos.
Art. 9º Quanto à periodicidade os desastres classificam-se em:
I - Esporádicos; e II - Cíclicos ou Sazonais.
§ 1º São desastres esporádicos aqueles que ocorrem raramente com possi-

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


bilidade limitada de previsão.
§ 2º São desastres cíclicos ou sazonais aqueles que ocorrem periodicamente
e guardam relação com as estações do ano e os fenômenos associados.
(BRASIL, 2012, secção 1 DOU, p. 30)

Por fim, cabe argumentar que o grau de intensidade de um de-


sastre está diretamente relacionado com a extensão do Evento Adverso
e com o nível de vulnerabilidade existente no ambiente atingido. Quanto
maior for a vulnerabilidade, maiores serão os danos provocados (desas-
tres). Muitas vezes, um mesmo evento adverso ocorre em ambientes
com níveis de vulnerabilidade diferentes. Certamente, um ambiente que
possui uma vulnerabilidade baixa não sofrerá tantos problemas se com-
parado com um ambiente com alta vulnerabilidade.
a) Suscetibilidade: trata-se da capacidade que um ambiente
apresenta para a ocorrência de um determinado processo/evento ad-
verso. Pode ser entendido como os fatores condicionantes que podem
acarretar um desastre.
Nesse contexto, pode-se dizer que, para cada evento existe
uma caracterização de suscetibilidade, uma vez que, dentro do processo
de verificação da suscetibilidade, faz-se necessário verificar quais aspec-
37
tos são geradores desses desastres. Ou seja, para cada evento adverso
que surge existe um conjunto de aspectos específicos de suscetibilidade.
No caso específico de uma área com potencial processo de
deslizamento, a análise de suscetibilidade de um ambiente deve obser-
var aqueles fatores que podem acarretar o possível desastre, tais como:
clima, drenagem, ocupação residencial do entorno, pluviosidade, tempo
de resposta aos eventos, estrutural natural do terreno etc.
Aqui no Brasil, a maioria das análises que são feitas para iden-
tificar áreas com ameaça de desastres fazem uso da identificação da
suscetibilidade local, como forma de antecipar os possíveis eventos ad-
versos que, porventura, venham a ocorrer.
b) Ameaças: podem ser entendidas como um indício de um
possível acontecimento desfavorável, um sinal ou um “aviso” de que o
desastre pode ocorrer, podendo apresentar diversas origens, a saber:
biológicas, naturais, meteorológicas, atividades antrópicas e geológica.
c) Perigo: trata-se de uma situação com grande potencial para
gerar problemas adversos. O perigo é uma condição com potencial de
gerar danos ao meio ambiente e à sociedade. Diz respeito à probabili-
dade de o fato ocorrer.
Quando analisamos os conceitos de perigo e ameaça, obser-
vamos que eles são praticamente idênticos. A diferença é que na situa-
ção de ameaça não existe a variável probabilidade, já quanto ao perigo,
existe uma probabilidade de o evento existir ou ocorrer.
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Diante do exposto, podemos inferir que o conceito de perigo é


diretamente proporcional às ameaças e à probabilidade daquele evento
ocorrer, pois quanto maior for a probabilidade ou a ameaça, maior será
o perigo.
Conforme explica a publicação da UN-ISDR - International Stra-
tegy for Disaster Reduction (2004), intitulado Living with Risk. A global
review of disaster reduction initiatives, para se compreender os perigos
ambientais, faz-se necessário considerar “quase todos os fenômenos
físicos da Terra (...), tais como, os geofísicos, meteorológicos, hidroló-
gicos, geológicos, tecnológicos, biológicos e até mesmo sócio-políticos,
individualmente ou em complexas interações.” (UN-ISDR, 2004, apud
TOMINAGA, et al., 2009, p. 149).
Nesse sentido, apresentamos, a seguir, a classificação de pe-
rigo, conforme preceitua a UN-ISDR (2004):

38
Tabela 6: Classificação de Perigo, baseado em UN-ISDR (2004).

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


Fonte: (UN-ISDR, 2004, apud TOMINAGA, 2009, p.150)

d) Exposição: trata-se do quanto o elemento (comunidade, pes-


soa, ambiente) está sujeito a sofrer um evento danoso. Uma ameaça tem
potencial para se transformar em desastre à medida em que aumenta o ní-
vel de exposição do elemento (comunidade, pessoa, ambiente) analisado.
A exposição faz parte da avaliação do grau de vulnerabilidade
que o indivíduo está passando. No tocante a eventos de movimento de
massa em ambientes seguros, de fácil locomoção e acesso, a exposi-
ção será menor em virtude do tipo de uso que se faz desse local (as
pessoas possuem mais liberdade para escaparem com segurança). Já
quando falamos de ambientes acidentados, encostas e morros, a expo-
sição é bem mais elevada (as pessoas possuem menos possibilidade
de locomoção, estando mais vulneráveis aos deslizamentos).
39
Nesse sentido, pode-se dizer que o grau de exposição de uma
comunidade é um fator determinante para a ocorrência de desastres,
uma vez que sua medida observa o quanto uma área está suscetível à
ocorrência de um evento adverso (desastre).
Desse modo, medir a exposição significa medir o quanto uma
determinada localidade ou comunidade está vulnerável para certo even-
to. O grau de vulnerabilidade é determinado pela medida em que o am-
biente está exposto.
e) Vulnerabilidade: pode ser definida como um conjunto de
condições necessárias (fatores sociais, econômicos, climáticos/ambien-
tais) que podem elevar o nível de suscetibilidade de ocorrência de um
evento indesejado.
A vulnerabilidade está relacionada com a condição às quais
estão expostos os elementos (indivíduos, comunidades ou meio físico)
ao perigo, e pode ser analisada através do grau esperado de danos e
prejuízos, no caso do evento acontecer (Figura 8).

Figura 8: Grau de vulnerabilidade de deslizamento


ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Foto Globo.com - Deslizamento de terra na Avenida


Niemeyer – RJ, 2019.

Quando se fala em vulnerabilidade relacionada a questões de


movimentos de massa, suas origens dizem respeito, necessariamente,
à topografia do terreno, à geologia da área, ao grau de drenagem do
subsolo, às características da atividade que é praticada naquele local e
à periodicidade dos movimentos de massa que vêm ocorrendo na área.
Uma possibilidade clara de se combater os consequências
danosas provocadas por esses eventos é estudar, analisar e antever
esses processos, possibilitando que ações de evacuação, isolamento e
combate aos desastres sejam efetivamente bem sucedidas.
De nada adianta analisar e identificar as áreas com real poten-
40
cial de ocorrência de desastres, se efetivamente nada é feito para que
os efeitos sejam mitigados. Para isso, faz necessário que tanto o go-
verno quanto a população contribuam para os mesmos fins. O governo
deve implementar políticas públicas eficazes, e a população, na medida
do possível, deve reduzir sua exposição ao perigo.
f) Risco: o risco, por sua vez, é a potencialidade real do dano
ocorrer em decorrência da ação/atividade que se realiza. É uma com-
binação de fatores que pode levar à ocorrência de eventos de conse-
quências indesejáveis, possuindo alta, média ou baixa probabilidade de
ocorrência. O risco surge em decorrência de uma ação ou atividade mal
executada diante de um perigo pré-existente.
Conforme aponta o Relatório da ONU, intitulado Estratégia In-
ternacional de Redução de Desastres – EIRD/ONU (2004), risco é:

a probabilidade de que ocorram consequências prejudiciais e/ou danos


(como, por exemplo, mortes, lesões, prejuízos econômicos, interrupção de
serviços, entre outros), resultado da interação entre as ameaças e a vulne-
rabilidade. Convencionalmente, o risco é expresso pela equação: RISCO =
Ameaça x Vulnerabilidade. (EIRD, 2004, apud UFRGS, 2016, p. 38)

O resultado da inter-relação entre vulnerabilidade e ameaça é


o que efetivamente provoca o risco (Figura 9), que existirá sempre que
uma atividade se portar de forma temerária em ambiente cujo grau de

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


vulnerabilidade seja latente.

Figura 9: RISCO = Vulnerabilidade + Ameaça.

Fonte: Elaboração própria (2019)

A relação Entre Perigo e Risco

A relação entre risco e perigo é bastante tênue. No perigo, fala-


mos de probabilidade, enquanto que no risco, falamos de potencialida-
de (risco potencial). No caso de moradias instaladas em encostas, por
41
exemplo, pode-se afirmar, naturalmente, que o perigo sempre estará
presente, existindo constantemente a probabilidade de ocorrer algum
dano; contudo, nada pode ser falado sobre risco, uma vez que este
dependerá do fator manuseio para se tornar danoso. Por outro lado, as
moradias bem instaladas e os maciços dos taludes bem controlados e
monitorados tendem a não apresentar riscos, mas ainda assim podem
ser potencialmente perigosos, uma vez que, se ocorrer deslizamento,
pode sim, ser considerado um risco à segurança das pessoas.
A percepção do risco varia conforme a maneira como as pes-
soas o interpretam. A depender da atividade que desempenhamos, es-
tamos mais ou menos susceptíveis aos riscos. O risco está ligado ao
nosso comportamento e ao modo como manuseamos tudo ao nosso
redor, como por exemplo a moradia em morros e encostas.

Figura 10: Perigo x Risco


ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: Elaboração própria (2019)

Diante do exposto, fica claro que a variável a ser CONTROLA-


DA, ADMINISTRADA é o RISCO, uma vez que ela decorre da interação
humana com o perigo, sendo este uma variável binária, isto é, podendo
existir ou não. Dessa forma, estabelece-se o conceito de Gestão de
Riscos (GALANTE, 2015, p. 39).

A relação entre RISCO, PERIGO e AMEÇA pode ser descrita


da seguinte maneira:
Quanto maiores e melhores forem as medidas de segurança
implementadas, menores serão os riscos de o dano ocorrer.

42
Risco Aceitável, Tolerável e Intolerável

O grau de aceitabilidade de um risco tem relação direta com a


análise feita pela pessoa/comunidade em medir as consequências que
estão ligadas ao risco em si. Trata-se do risco que a população está
disposta a suportar, após considerar os vários fatores intrínsecos e ex-
trínsecos inerentes aos riscos.
Um risco é considerado tolerável pela sociedade quando os cus-
tos para mitigá-lo são elevados, não sendo vantajoso implementar ações
no sentido combatê-lo. Em uma escala hierárquica, pode-se dizer que
o risco tolerável é proporcionalmente mais elevado do que aquele risco
considerado por muitos como aceitável. Trata-se daquele risco aceito
pela comunidade em virtude dos fatores econômicos e sociais envolvidos
para mitigá-los. Ou seja, para a sociedade não vale apena trabalhar para
solucionar os riscos, uma vez que os seus custos são elevados.
Por fim, pode-se dizer que o risco intolerável é aquele que a so-
ciedade não aceita, em hipótese alguma, sua existência, uma vez que
não existe nenhuma vantagem (econômica e/ou social) em continuar
exposta ao risco.
Vale destacar que, em muitos casos/ambientes/comunidades,
a natureza do risco pode ser aceita devido a diversos fatores (econô-
micos, sociais, de lazer, de comodidade etc.), a depender da prioridade

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


que é dada para o fato em si.
O desafio, por parte do poder público, está justamente em esta-
belecer o momento de atuar sobre o risco existente, especialmente, quan-
to aos desastres que envolvem movimentação de massas, uma vez que,
estabelecer o limite do que seja tolerável ou aceitável é bastante delicado,
devido aos vários aspectos sociais, culturais e econômicos envolvidos.

Figura 11: Esquema representativo da diferenciação entre risco aceitável,


tolerável e inaceitável

Fonte: (UFRGS, 2016, p. 88)


43
MAPEAMENTOS DE VULNERABILIDADE: TIPOS E METODOLOGIAS

Como já observado anteriormente, os conceitos de Suscetibilida-


de e Vulnerabilidade estão bastante interligados. Enquanto a Suscetibilida-
de diz respeito a quanto um ambiente está sujeito a determinado processo
ou evento, a vulnerabilidade diz respeito a um conjunto de condições ne-
cessárias (fatores sociais, econômicos, climáticos/ambientais) que podem
elevar no nível de suscetibilidade de ocorrência de um evento indesejado.
O mapeamento das áreas vulneráveis deve abarcar a análise
de todos os aspectos que fazem parte da área que apresenta certo grau
de exposição ao perigo. Nesse sentido, ele deve buscar levantar todos
os elementos que potencialmente estão associados aos perigos aos
quais a comunidade está exposta. Reduzir a vulnerabilidade é acima
de tudo catalogar, analisar e implementar ações (estruturai e não estru-
turais) para correção e mitigação dos riscos.
Nesse contexto, o processo de mapeamento da vulnerabilida-
de ambiental, com vistas a alcançar os resultados esperados, deve se-
guir alguns passos básicos, a saber:
- Execução de trabalhos de campo: aqui é feita a catalogação/
levantamento de todos os elementos que de alguma forma estão expos-
tos ao risco. Para isso, é importantíssimo que se observem os aspectos
físicos e ambientais, o sistema de infraestrutura existente, o grau de
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

atendimento dos serviços/ações governamentais, e as características


sociais da comunidade que vive no local.
- Trabalho de escritório: diz respeito à compilação e à geração
de informações a partir dos dados coletados in loco. Nesse momento,
são usadas algumas ferramentas como os Sistemas de Informações
Geográficas (SIG), que facilitam o mapeamento dessas áreas, permi-
tindo análises mais detalhadas através da compilação e integração de
diversos dados e informações relevantes.
Para que o processo de mapeamento da vulnerabilidade seja
efetivo, faz-se necessário que se observem as três dimensões da vulne-
rabilidade: Física, Social e Funcional (função), a saber:
a) Vulnerabilidade física: está relaciona a um tipo de dano dire-
to que a residência, bem ou pessoa pode sofrer no caso de um evento
adverso ocorrer, teoricamente variando entre altamente vulnerável (es-
pera-se grande grau de perda) e não vulnerável (sem danos). É impor-
tante observar a localização e o padrão construtivo das edificações e da
infraestrutura, sua exposição a situações que as colocam em perigo e o
possível dano esperado.
b) Vulnerabilidade Funcional (de função): visa medir o potencial
44
de danos causados aos sistemas de serviços e infraestruturas. Quando
essas funções públicas são afetadas por eventos adversos, há impac-
tos diretos e indiretos à população, devido à deficiência na qualidade da
prestação do serviço. Por exemplo, mesmo que um deslizamento não
atinja o hospital diretamente, mas impeça o seu acesso (fechamento de
estradas), configura um prejuízo caracterizado pela vulnerabilidade de
função. Nestes casos, as consequências são sentidas por aqueles que
estão a vários quilômetros de onde ocorreu o desastre.
Quando se fala em desastres de evolução instantânea/súbita,
como deslizamentos, soterramentos e desmoronamentos, diversos pro-
blemas sociais são sentidos pela comunidade, uma vez que os danos
não estão restritos apenas às questões econômicas em si, mas princi-
palmente aos aspectos sociais.
Nesse contexto, as principais funções que devem ser analisa-
das em um processo de mapeamento de vulnerabilidade ambiental são
as seguintes:
- Presença de Segurança pública: Polícia Civil, Corpo de Bom-
beiros, Defesa civil, Sistema de alerta e proteção;
- Presença efetiva de Saúde pública: controle sanitário, Res-
posta a emergências antes, durante e depois do evento;
- Presença de Infraestrutura básica: água potável, sistema de
esgotamento sanitário, comunicação, energia elétrica, oferta de com-

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bustível, drenagem urbana, limpeza urbana e sistema de transporte;
- Comunicação efetiva com a comunidade como forma de es-
clarecer os riscos e procedimentos em casos de desastres;
- Presença de sistema de ensino/educação pública de qualidade;
- Presença de igrejas/templos etc.
c) Vulnerabilidade Social: diz respeito aos aspectos sociais que
definem o grau de vulnerabilidade de uma comunidade quanto aos efei-
tos de um desastre. Basicamente, sua medida se dá através do quanto
uma população é capaz de resistir a esses efeitos adversos, ou seja, o
quanto ela está preparada para fazer frente a um desastre.
Para que haja um mapeamento e uma avaliação dos riscos
existentes quanto aos deslizamentos, faz-se necessário o levantamen-
to de uma série de dados (mapas sobrepostos), que muitas vezes são
analisados de forma qualitativa pela dificuldade de obtenção dos dados
quantitativos, a saber:

• a suscetibilidade do terreno às ameaças estudadas;


• a probabilidade temporal das ameaças, ou seja, o perigo dos fenômenos;
• a vulnerabilidade dos elementos expostos ao risco (ex.: população, infraes-
trutura, atividades econômicas);

45
• os danos e prejuízos associados ao desastre em potencial (ex.: número
de mortos, feridos, danos materiais, prejuízos diretos e indiretos esperados)
(UFRGS, 2016, p. 123).

No Brasil, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT e o Ser-


viço Geológico do Brasil – CPRM, no âmbito da identificação/mapea-
mento de áreas de risco, utilizam métodos quantitativos para obtenção
desses dados.
Quando as avaliações são realizadas, basicamente, dois im-
portantes documentos informativos são elaborados: a carta de susceti-
bilidade e a carta de setorização dos riscos geológicos para cada área
mapeada, que indicam os sítios com alto risco de movimentos de massa
(figura 12 e tabela 7).

Tabela 7: Definições das Castas


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Fonte: (IPT/CPRM, 2014, p. 10)

No tocante aos processos de Movimentos de Massa, essa téc-


nica de zoneamento qualitativo dos riscos tem possibilitado um melhor
resultado quanto à probabilidade de ocorrência do desastre.
Segundo preceitua a Lei 12.608/2012, que Institui a Política Na-
cional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC e autoriza a criação de um
sistema de informações e monitoramento de desastres, é objetivo princi-
pal da Política contra Desastres identificar as ameaças, suscetibilidades
e vulnerabilidades de desastres, como forma de mitigar suas ocorrências.
Para atender a esse preceito normativo, essa mesma lei deter-
mina a criação de um “cadastro nacional de municípios com áreas sus-
cetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações
bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos”, incluindo
como uma das ferramentas de avaliação o monitoramento mapas “con-
tendo as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande
impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos
46
correlatos.” (BRASIL, 2012, art. 6º VI e 22, § 2º, I).
Como pode ser observado, no Brasil, o mapeamento da Sus-
cetibilidade e da Vulnerabilidade faz parte de um plano maior que inte-
gra vários mapas cuja finalidade é estabelecer um conjunto de variáveis
capazes de definir/zonear aquelas áreas com maior potencial de risco
(mapa de riscos) (Figuras 12 e 13).

Figura 12: Ilustração do layout da carta síntese, com a composição dos quatro
conjuntos de dados principais: mapas temáticos; dados de chuvas; zonea-
mento de suscetibilidades e legendas; e informações gerais.

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: (IPT/CPRM, 2014, p. 10)

Com esse método qualitativo de zoneamento para determina-


ção das áreas mais propensas à ocorrência dos escorregamentos feito
pelo IPT – Instituto de Pesquisas Técnicas, em parceria com o CPRM
– Serviço Geológico do Brasil, em mais de 800 municípios brasileiros,
observam-se algumas etapas básicas, a saber:
a) pré-setorização: são analisados aspectos como a declivida-
de da encosta; o processo de movimento de massa presente; o proces-
so de residencial da encosta; tipo de ocupação; e vulnerabilidades das
ocupações;
47
b) setorização do risco: trata-se da elaboração da setoriza-
ção propriamente dita. Nessa etapa são usados os dados coletados
em campo e demais informações disponíveis, como: levantamento de
campo; mapas urbanos e rurais; fotografias aéreas; imagens de satélite;
imagens oblíquas de baixa altitude; informações históricas etc.;
Nesse contexto, o mapeamento da vulnerabilidade é impor-
tante pois ajuda a compreender o grau de vulnerabilidade através de
uma junção de fatores e variáreis diferentes, possibilitando estabelecer
ações (de mitigação, resposta, recuperação e/ou prevenção) para os
impactos provenientes dos desastres, especialmente, aqueles relacio-
nados com os processos de movimentos de massa.

Figura 13: Esquema dos diversos mapas que compõe o mapa de risco
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Fonte: (UFRGS, 2016, p. 125)

AÇÕES ESTRUTURAIS E NÃO ESTRUTURAIS PARA A REDUÇÃO


DOS DESASTRES

Entende-se por ações estruturais para a redução de desastres


aquelas provenientes da implantação de infraestruturas, como: barrei-
ras de contenção, taludes, diques, muros de arrimos, barragens, bar-
ramentos, obras de contenção/deslizamentos etc. Tratam-se daquelas
ações que dizem respeito à construção civil.
Vale destacar que são inúmeras as obras estruturantes quando
o assunto é movimentos de massas, seus tipos e processos, tais como:
48
estruturas de contenção (taludes/aterros); sistemas de drenagens; es-
truturas de contenção através de tirantes; reforço de solo com agentes
químicos; muros de arrimo (pedra, argamassa, gabião, concreto) etc.
Já as medidas não estruturais, são aquelas que dizem respeito
basicamente às atividades de natureza conceitual, administrativa e/ou
informacional, como: os estudos e as avaliações de cunho administrati-
vo, e estão associadas à noção de diagnóstico do local, como forma de
avaliar os riscos existentes e orientar as tomadas de decisão por parte
dos órgãos governamentais.
Neste contexto, a UNDRO - Office of the United Nations Disaster
Relief Co-ordinator (Agencia de Coordenação das Nações Unidas para o
Socorro em Desastres) - ONU (1991) estabelece algumas propostas de
ações estruturantes para combater os riscos de escorregamentos, a saber:

Tabela 8: Propostas de intervenções estruturantes em áreas de risco de de-


sastre.

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

49
Fonte: (UNDRO, 1991, apud UFSC, 2014, p. 41)

PERIGOS, RISCOS E VULNERABILIDADES: NATURAIS E TECNO-


LÓGICAS

Conforme aponta a Política Nacional de Proteção e Defesa


Civil (Lei 12.608/2012), os desastres são classificados em Naturais e
Humanos. Os desastres naturais são classificados em:
1) desastres naturais de origem sideral;
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2) desastres naturais relacionados com a geodinâmica terres-


tre externa;
a) desastres naturais de causa eólica;
b) desastres naturais relacionados com temperaturas extremas;
c) desastres naturais relacionados com o incremento das pre-
cipitações hídricas e com as inundações;
d) desastres naturais relacionados com a intensa redução das
precipitações hídricas.
3) desastres naturais relacionados com a geodinâmica terres-
tre interna;
a) desastres naturais relacionados com a sismologia;
b) desastres naturais relacionados com a vulcanologia;
c) desastres naturais relacionados com a geomorfologia, o in-
temperismo, a erosão e a acomodação do solo.
4) desastres naturais relacionados com desequilíbrios na bio-
cenose. (Lei 12.608/2012)
Já os desastres humanos, são definidos como sendo resulta-
dos indesejáveis de fatores como:
- desenvolvimento tecnológico;
50
- riscos relacionados com um desenvolvimento industrial sem
preocupações com a segurança;
- elevadas concentrações demográficas urbanas, sem a cor-
respondente preocupação com o desenvolvimento de uma infraestrutu-
ra de serviços básicos compatível;
- intensificação dos deslocamentos e das trocas comerciais.
Lei 12.608/2012
Nesse sentido, pode-se definir desastres humanos de natureza
tecnológica como os efeitos não desejados dos processos tecnológicos
e industriais, sem que haja interesse na identificação dos fatores de
segurança quanto aos possíveis desastres envolvidos.
Pode-se dizer que esses desastres humanos de natureza tec-
nológica têm relação direta com a crescente demanda social que ocorre
nos grandes centros urbanos, acarretando deficiência na prestação de
serviços públicos como: fornecimento de água potável, esgotamento
sanitário, uso e ocupação do solo irregular (moradia) etc.
As Vulnerabilidades e Riscos tecnológicos, especialmente
aqueles relacionados aos movimentos de massas, são usualmente ob-
servados nos espaços urbanos, sobretudo nas áreas periféricas das
encostas, cujas ocupações são realizadas de forma irregular, prevale-
cendo a utilização de técnicas inapropriadas de construção civil o que
potencializa possíveis desastres.

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O risco tecnológico deve, necessariamente, ser observado sob
três aspectos: “o processo de produção (recursos, técnicas, equipa-
mentos, maquinário); o processo de trabalho (relações entre direções
empresariais e estatais, e assalariados); e a condição humana (existên-
cia individual e coletiva; ambiente)” (FILHO, 1988, p. 81).

CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS GEOLÓGICOS

De uma maneira geral, o risco geológico pode ser definido


como uma situação com alta probabilidade de ocorrência de desastre
devido à possibilidade de ocorrência de deslizamentos provocados ou
não pelo homem.
Nesse sentido, os riscos geológicos podem ser divididos em:
Endógenos e Exógenos, a saber:
Os Riscos Geológicos Endógenos são aqueles provenientes
da própria natureza geológica do ambiente: vulcões, tsunamis, movi-
mentos de placas etc.
Já os Riscos Geológicos Exógenos são aqueles em que existe
um agente externo, como: chuva, vento, atividades antrópicas etc. (Fi-
51
gura 12).

Figura 14: Esquema de Riscos Geológicos

Fonte: Elaboração própria (2019)

ETAPAS PARA AVALIAÇÃO DE RISCOS

Conforme aponta da UNDRO - Agência de Coordenação das


Nações Unidas para o Socorro em Desastres, vinculada à ONU, as
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ações de combate a desastres devem observar a seguintes etapas:


Etapa 1: Identificação dos riscos; Etapa 2: Análise dos riscos; Etapa 3:
Medidas de prevenção; Etapa 4: Planejamento para situações de emer-
gência; e Etapa 5: Informações públicas e treinamento.
Nesse contexto, temos:
Etapa 1 – Identificação dos riscos: trata-se daqueles processos
relacionados à análise e identificação dos fatores geradores de riscos
ambientais em determinada área.
É importante lembrar que para cada espécie de ameaça dever
ser identificados seus agentes causadores.
Esses processos de identificação dos riscos são feitos através
de mapas dos mais diversos tipos e formatos.
Etapa 2 – Análise dos riscos: após a identificação dos riscos e
de seus agentes geradores, procede-se à análise detalhada do ambien-
te em questão.
Nesse momento são confeccionadas as cartas de riscos que
balizaram os gestores nas tomadas de decisão.
Etapa 3 – Medidas de prevenção contra acidentes: uma vez
identificados e analisados os riscos existentes, chega-se ao momento
52
de tomada de ações no sentido de mitigar os possíveis danos envolvi-
dos. Aqui são estabelecidas diretrizes para implementação das ações
estruturantes e não estruturantes como forma de redução desses ris-
cos/desastres. Nessa etapa também são feitos os chamados “planos
de prevenção de desastres ambientais”.
Etapa 4 – Planejamento em situações de emergência: aqui,
basicamente, são elaborados os planos e ações/protocolos que dever
ser seguidos no caso de atuação em desastres. Nesse plano, são de-
terminados os procedimentos de prevenção, respostas aos desastres
(evacuação, assistência, tratamento) e ações de pós-desastre.
Etapa 5 – Informações públicas e treinamento: aqui a informa-
ção é primordial. Trata-se de implementar ações que busquem orientar
a comunidade dos riscos que envolvem determinado processo. Nesse
sentido, são feitas palestras educativas e treinamentos como forma de
ajudar a comunidade no sentido de enfrentar possíveis eventos não de-
sejados de forma menos traumática possível.

CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL E DO EMPREENDIMENTO

No âmbito da construção civil, os estudos geológicos e geotéc-


nicos são primordiais para o processo de implementação de empreen-
dimentos de médio e grande porte, com vistas a garantir a segurança

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


construtiva e pós-ocupação.
Nesse sentido, as análises/estudos geológicos e geotécnicos
podem ser, em geral, requeridos necessariamente durante o processo de
estudo da viabilidade do empreendimento, na fase de anteprojeto, na exe-
cução do empreendimento, bem como, na fase de pós-ocupação, como
forma de observar o comportamento geológico após a instalação da obra.
Dentro de todas essas etapas é possível que sejam realiza-
dos levantamentos topográficos, estudos geológicos e sismológicos e
análise geotécnica, através de interpretação de mapas, fotos e análise
laboratorial de amostras retiradas in loco.
É na fase de Estudo Prévio que, em alguns casos, as áreas
onde em que se pretendem instalar os empreendimentos são selecio-
nadas e caracterizadas.
Logo, durante o processo de execução da obra, cada vez mais
a presença das análises técnicas geológicas e geotécnicas se faz ne-
cessária. Obras como: viadutos, rodovias, taludes e barragens necessi-
tam de constante análise geotécnica para monitorar o comportamento
do solo e evitar eventos indesejáveis.

53
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2010 Banca: FUNCAB Órgão: IDAF Prova: Saneamento Am-
biental Nível: Superior
O estudo dos riscos constitui uma importante ferramenta para a
prevenção e a mitigação dos efeitos dos desastres. Esse estudo
leva em consideração duas dimensões: a existência de ameaças e
a vulnerabilidade.
Nas análises tradicionais de risco, a vulnerabilidade é mensurada
a partir:
(A) da abrangência espaço-temporal dos desastres no interior das zo-
nas de risco.
(B) dos danos potenciais de uma ameaça sobre pessoas, bens e am-
bientes.
(C) dos efeitos multiplicadores decorrentes das formas de ocupação do
solo.
(D) da magnitude das perdas humanas que sucedem os eventos catas-
tróficos.
(E) da probabilidade de ocorrência de processos naturais não constantes.

QUESTÃO 2
Ano: 2012 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC Prova: Geologia Nível:
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Superior
Nas últimas décadas, a ocupação desordenada de áreas urbanas
tem ocasionado vários cenários de risco, tanto em relação a escor-
regamentos quanto a inundações. Em uma caracterização de risco
de escorregamento, os principais componentes geológico-geotéc-
nicos analisados são:
(A) declividade do terreno, clima, altura do talude de escavação, escoa-
mento de água superficial, trincas e rachaduras em casas e no terreno.
(B) declividade do terreno, altura da encosta natural, altura do talude de
escavação, escoamento de água superficial, trincas e rachaduras em
casas e no terreno.
(C) vulnerabilidade das construções, altura do talude de escavação, es-
coamento de água superficial, trincas e rachaduras em casas e no terreno.
(D) vulnerabilidade das construções, altura da encosta natural, escoa-
mento de água superficial, trincas e rachaduras em casas e no terreno.
(E) clima, vulnerabilidade das construções, altura do talude de escava-
ção, escoamento de água superficial, trincas e rachaduras em casas e
no terreno.

54
QUESTÃO 3
Ano: 2012 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC Prova: Geologia Nível:
Superior
A crescente internacionalização dos intercâmbios suscita o apro-
fundamento de um processo por meio do qual ocorre a desloca-
lização das indústrias mais poluentes em direção a países que,
ou carecem de normas ambientais, ou, pelo menos, possuem le-
gislação ambiental mais flexível. O risco desse aprofundamento
procede, simultaneamente, dos fluxos comerciais e dos fluxos de
capitais repartidos no espaço mundial.
GRZYBOWSKI, L. “A mundialização prejudica o meio ambiente?”
Atlas de la mundialización. Valencia: Fundación Mondiplo, 2011, p.
119. Adaptado.
O processo sob risco de aprofundamento mencionado no texto
acima é denominado:
(A) Cartelização
(B) Hiperdistribuição
(C) Justiça ambiental
(D) Dumping ambiental
(E) Zoneamento ecológico

QUESTÃO 4
Ano: 2012 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC Prova: Geologia Nível:

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Superior
Sobre riscos geológicos atuais, é correto afirmar que:
(A) a possibilidade de ocorrer uma enchente em uma ilha caracteriza uma
situação de risco, independentemente de a ilha ser habitada ou não.
(B) na maioria dos países tropicais, o principal risco geológico está as-
sociado a terremotos.
(C) o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) é a instituição governa-
mental responsável pelo monitoramento de riscos geológicos no Brasil.
(D) no Brasil, os desastres naturais estão predominantemente associa-
dos aos processos geológicos exógenos.
(E) quando um determinado processo geológico é induzido pelo homem,
a situação de perigo, perda ou dano ao homem e suas propriedades,
deixa de ser classificada como risco geológico.

QUESTÃO 5
Ano: 2012 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC Prova: Geologia Nível:
Superior
Em relação a cartas de riscos geológicos, assinale a opção correta:
(A) Devem representar a situação potencial (suscetibilidade), uma vez
55
que a confecção dessas cartas é demorada e os eventos geológicos de
alto risco possuem elevado dinamismo.
(B) Devem ser elaboradas em escalas 1:5.000 ou superiores, uma vez
que as zonas de risco devem ser identificadas com elevada acurácia
nas cartas.
(C) A legenda deve informar as unidades cronoestratigráficas da área
de estudo.
(D) Riscos elevados, médios e baixos devem ser representados pelas
cores vermelha, amarela e verde nas cartas de riscos geológicos.
(E) Os diferentes níveis de riscos podem ser representados na forma de
polígonos (regiões), linhas (trechos) ou pontos (moradias).

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Partindo da análise de que suscetibilidade diz respeito à capacidade,
em maior ou menor grau, que um ambiente apresenta para a ocorrência
de um determinado processo ou evento, indique a classificação do de-
sastre ocorrido no morro do Bumba (2010), no Rio de Janeiro, segundo
a instrução normativa 1 de 24 de agosto de 2012.

TREINO INÉDITO
Assunto: SUSCETIBILIDADE
Sobre a compreensão do termo suscetibilidade, no âmbito do mo-
vimento de massa, assinale a alternativa correta:
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

a. Funções condicionantes para ocorrência do evento


b. Funções condicionantes para supressão do evento
c. Funções condicionantes para o desaparecimento do evento
d. Funções condicionantes para o distanciamento do evento
e. NDA

NA MÍDIA
A MORTE NO LIXÃO
O Morro do Bumba, que nem sequer estava na lista de locais de risco
da Prefeitura de Niterói, é emblemático. De forma trágica, tornou-se o
símbolo do descaso do poder público com as ocupações irregulares no
Brasil. “Até então, nunca se cogitou tirar aquelas pessoas dali”, admite
o prefeito Jorge Roberto Silveira (PDT). Não se entende tal omissão, já
que seu antecessor, Godofredo Pinto, encomendou um estudo à Uni-
versidade Federal Fluminense, que diagnosticou a possibilidade da tra-
gédia. Nada foi feito. Da pior forma, a imprudência da população e do
poder público cobrou seu preço. “Meu primo morreu soterrado quando
estava na igreja. Agora estou procurando minha mãe”, explicava, deso-
rientado, o comerciário Valdeir Fonseca, 38 anos, sem se dar conta de
56
que antes mesmo das chuvas da semana passada, ele já vivia a tragé-
dia de ter sua casa construída sobre um aterro sanitário.
Fonte: Francisco Alves Filho
Data: 2010
Leia na íntegra em: https://istoe.com.br/64153_A+MORTE+NO+LIXAO/

NA PRÁTICA
Na cidade do Rio de Janeiro, na década de 90, houve um grave desastre
(desmoronamento) com um edifício de classe média alta. Muitas pessoas
morreram nesse desastre, causando, portanto, grande comoção nacio-
nal. Nas investigações que giravam em torno do desabamento do edifício
foram constatados o uso de material sem qualidade e, ainda, eventos
naturais que contribuíram para o desabamento. Nesse sentido, de acordo
com a instrução normativa I de agosto de 2012, como pode ser avaliado o
desastre ambiental ocorrido com o desabamento do edifício.

PARA SABER MAIS


Filme sobre o assunto: O inferno na torre
Peça de teatro: Lama
Acesse os links:
https://youtu.be/IgDd3SKZgxo
https://youtu.be/B593_GTbnDE

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

57
ASPECTOS TÉCNICOS, NORMATIVOS,
METODOLOGICOS E LEGAIS GEOLÓGICOS
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

E GEOTÉCNICOS

PRINCÍPIOS E MÉTODOS DE CARTOGRAFIA GEOLÓGICA E GEO-


TÉCNICA

Cada vez tem sido mais frequente o uso dos métodos cartográ-
ficos geotécnicos e geológicos para a construção de obras civis, plane-
jamento territorial urbano e diagnósticos físicos de áreas com probabili-
dade de desastres, tornando-se ferramenta indispensável para a gestão
ambiental, uma vez que é capaz de estabelecer informações geológicas
claras e precisas que podem mitigar os efeitos dos desastres ambien-
tais, especialmente aqueles relacionados aos movimentos de massa.
Com esses métodos cartográficos é possível identificar as ca-
racterísticas físicas e químicas das rochas e solos, bem como, o com-
portamento da chuva nessas áreas, através da correta análise do relevo
5858
local. Sendo possível assim, avaliar os possíveis riscos que as ativida-
des humanas correm durante o processo de uso e ocupação do solo.
Com suas informações é possível estabelecer planos e diretri-
zes de gerenciamento ambiental mais eficazes e coerentes, contribuin-
do assim para o aprimoramento das políticas públicas frente aos efeitos
dos eventos adversos.
Podemos então definir a cartografia, no âmbito da geologia,
como sendo um processo que tem por objetivo avaliar todos os aspec-
tos geológicos e geotécnicos que fazem parte do meio físico/espacial,
com o objetivo de levantar as informações necessárias para qualquer
fim desejado, como: engenharia, planejamento territorial, planos de de-
fesa civil, sistemas de drenagem e saneamento etc.
Com relação à coleta, armazenamento e tratamento dos dados,
a ferramenta de cartografias geotécnicas abarca uma gama imensa de
informações/dados que devem ser tratados com instrumentos específi-
cos capazes de analisar esses dados, como por exemplo os Sistemas
de Informação Geográficas – SIG.
Nesse sentido, destacamos as principais cartas geotécnicas,
suas características e tipos, a saber:

Tabela 9: Principais cartas geotécnicas

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

59
Fonte: (BITAR, et al., 1992; PRANDINI, et al., 1995, apud FRANCO, et al.
2010, p.162, com adaptação)

Por fim, conforme explica Abreu e Filho (2007), de uma manei-


ra geral, os métodos cartográficos geotécnicos podem ser divididos em
dois grupos: sintéticos e analíticos, uma vez que:

Na abordagem sintética, o meio físico é entendido como um conjunto indis-


sociável de fatores e sua dinâmica e inter-relação são analisadas de forma
integrada. Na abordagem analítica o meio físico é subdividido em suas partes
componentes (atributos), estas partes são mapeadas e entendidas e, poste-
riormente, reagrupadas, para compor o todo. Trabalhos de mapeamento utili-
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

zando-se procedimentos de ambas as abordagens também são empregadas


(ABREU e FILHO, 2007, apud FRANCO, et al., 2010, p. 165).

Para a realidade brasileira, Zuquette (1987) idealizou uma me-


todologia com foco no processo de mapeamento como um todo, que
vai desde o levantamento dos atributos até a elaboração das cartas
propriamente ditas, permitindo:

definir, identificar e isolar os atributos que devem ser utilizados para carac-
terização das unidades homogêneas, tratamento dos dados através da hie-
rarquia das informações obtidas e elaboração dos documentos cartográficos,
privilegiando meios alternativos para obtenção de informações (atributos) do
meio físico (rocha, solo, água, relevo e suas relações) mais adequados às
condições socioeconômicas brasileiras, à extensão territorial, à baixa den-
sidade de informações pré-existentes, sem perder de vista a qualidade das
informações. (FRANCO, et al., 2010, p. 166).

Basicamente, o método desenvolvimento por Zuquette (1987)


pode ser subdivido em três grandes fases, a saber:
1ª Etapa – Definição do problema e das hipóteses geradoras
dessa situação;
60
2ª Etapa – O ambiente é subdivido em pequenas faixas de terra,
em que são aplicadas as hipóteses levantadas anteriormente, de forma
indutiva, gerando uma classificação tipológica da área. Trata-se de um prin-
cípio de zoneamento geotécnico bastante difundido internacionalmente.
3ª Etapa – Nessa etapa, através do mapeamento geotécnico,
as hipóteses são comprovadas ou rechaçadas. Aqui são utilizados di-
versos meios ensaios que envolvem análises estatísticas dos dados.

COLETA, TRATAMENTO E INTERPRETAÇÃO DIGITAL DE DADOS:


O GEOPROCESSAMENTO DA GESTÃO DE RISCO

Entende-se por Geoprocessamento, o conjunto de ferramentas


necessárias para a coleta e tratamento das informações previamente ge-
orreferenciadas por um Sistema de Informações Geográficas (SIG), capaz
de envolver vários componentes como pessoas, dados, software, hardwa-
re e metodologias, com o objetivo de ajudar no processo de diagnóstico da
gestão de risco de desastres e, consequente, na tomada de decisão.
O Sistema de Informações Geográficas (SIG) é uma ferra-
menta considerada de geoprocessamento computacional que permite
observar de forma sistemática inúmeros dados/variáveis (dados carto-
gráficos, geográficos, estatísticos, sociais e de imagens) que são ne-
cessários para o estudo em questão, podendo ser utilizados tanto para

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


a prevenção quanto para elaboração de respostas a desastres.
No âmbito do gerenciamento de riscos, especialmente em even-
tos que envolvem movimentos de massa, os dados utilizados são prove-
nientes das mais diversas formas: dados geológicos e geotécnicos, mapas
cartográficos, tipologia dos solos e rochas, uso e ocupação do solo, ima-
gens de satélite, estudos topográficos, análise estatística, dentre outros.
No tocante ao processamento e ao tratamento dos dados, é
importante dizer que o SIG comporta uma gama infinita de informações/
dados, como: mapas digitalizados ou escaneados, imagens de satélite,
fotografias aéreas, planilhas estatísticas etc.
Como principais benefícios do geoprocessamento para a ges-
tão de risco, temos:
- organização de banco de dados e utilização mais eficiente
dos dados disponíveis (maior disponibilidade potencial);
- integração de dados de diversas fontes, origens e formatos;
- realização de análises complexas por meio de cruzamento de
dados;
-geração de informações com um baixo custo financeiro e oti-
mização do tempo de análise;
61
-mais facilidade na tomada de decisões;
- melhoria da coordenação e a comunicação entre diferentes
setores, aumentando a eficiência;
- criação de relações entre conjuntos de dados que podem pa-
recer desconexos quando analisados individualmente; mas, quando so-
brepostos em um mapa, mostram-se correlacionáveis;
- melhoria do entendimento dos desastres no processo de ges-
tão de riscos, uma vez que auxiliam o seu mapeamento;
- aumento da produtividade dos técnicos;
- Possibilita a análise de grande quantidade de dados;
- Facilidade a geração de mapas temáticos;
- Facilidade a consulta e manutenção de dados;
- Representa graficamente informações de natureza espacial;
- Recupera informações com base em critérios;
- Realiza operações sobre elementos gráficos;
- Possibilita a visualização dos dados geográficos;
- Recursos de saída na forma de mapas, gráficos e tabelas
para vários dispositivos (impressoras e plotters);
- Integração de conjuntos de dados diversos (espaciais e não
espaciais) (UFRGS, 2016, p. 143 e BRASIL, s/d, p. 119).

PROCESSOS GEOLÓGICOS, GEOTÉCNICOS E CLIMATO-HIDRO-


ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

LÓGICOS REGIONAIS QUE REPRESENTAM RISCO DE DESAS-


TRES NATURAIS E INDUZIDOS

Compreender os processos e seus fatores condicionantes utili-


zados para a identificação de riscos geológicos locais é muito importan-
te para se antecipar aos possíveis desastres ambientais. Nesse sentido,
no âmbito dos processos geológicos, geotécnicos e climato-hidrológi-
cos regionais, destacam-se alguns fatores condicionantes, a saber:

Tabela 10: Fatores condicionantes utilizados na identificação dos riscos de


desastres.

62
Fonte: (UFRGS, 2016, p. 90)

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


PROCESSOS EROSIVOS CONTINENTAIS E MARINHOS

Abaixo, destacamos os processos erosivos continentais e ma-


rinhos:
a) Erosão: é um processo natural de desgaste do solo ou rocha
ao longo do tempo provocado por agentes desgastantes/erosivos como:
a água/chuva, o vento, os animais, as variações de temperatura, cli-
ma etc. Trata-se de um processo de degradação por agentes exógenos
(externos) em que a massa rochosa e/ou solo se decompõem em partí-
culas menores. Pode-se dizer que o processo erosivo tarda centenas e
milhares de anos e ocorre de forma ininterrupta e constante.
b) Intemperismo/Meteorização: é o processo em que as rochas
sofrem alteração na sua estrutura. Trata-se de um conjunto de ativida-
des físicas, químicas e até biológicas que geram a decomposição de
solos e rochas. É através da meteorização que os solos são formados
e os relevos se moldam. O intemperismo pode ocorrer de duas formas:
Intemperismo Físico e Químico.
No Intemperismo Químico ocorre a quebra da estrutura química
dos minerais componentes do maciço rochoso, provocando uma deteriora-
63
ção gradativa da rocha. A depender de fatores externos como: temperatura,
chuva e vegetação, o processo de intemperismo é mais ou menos intenso.
Já no Intemperismo Físico, o desgaste do material rochoso se
dá por meio mecânico ao longo do tempo. A estrutura da rocha grada-
tivamente vai se tornando menor e a superfície de contato cada vez
maior, devido ao aumento do número de fragmentos. No Intemperismo
Físico, a rocha mantém as propriedades dos minerais.
c) Sedimentação: é o processo de deposição de sedimentos/
partículas em camadas. Pode ocorrer em ambiente aquoso ou aéreo.
Nesse sentido, o processo erosivo continental, como o próprio
nome sugere, é aquela erosão que não envolve os processos dinâmicos
dos oceanos e praias. Sua ocorrência se dá em ambientes distantes do
litoral. Basicamente, a erosão continental diz respeito a todos os processos
de desgaste do solo ou rocha ao longo do tempo, provocados pela ação
da chuva, do vento, do clima e da própria atividade antrópica do homem.
Os processos erosivos continentais podem ser classificados
conforme seu agente erosivo, a saber:
Erosão Gravitacional: ocorre em ambientes com grande grau
de inclinação, como encostas, morros, montanhas etc. Trata-se da rup-
tura e do transporte de sedimentos proporcionados pela ação da gravi-
dade, com a deposição gradual de partículas de rochas das cotas mais
altas para as mais baixas.
Erosão Pluvial: ocorre devido à ação da chuva. Em momentos
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

de grande precipitação, pode provocar danos graves ao relevo, como


erosões, por exemplo. Quando os solos não estão cobertos por vegeta-
ção, seus efeitos são muito mais intensos.
Erosão Eólica: tem sua ocorrência causada pela ação direta
dos ventos, provocando o desgaste das rochas. Trata-se de um proces-
so lento de erosão.
Já o processo erosivo marinho, também denominado de ero-
são costeira, difere do continental uma vez que sua ocorrência se dá
através da ação dos agentes oceânicos como: correntes marítimas, on-
das, nível das marés etc.
Os ambientes praianos que apresentam algum processo de ero-
são possuem ao menos uma dessas possíveis características, a saber:
- altas taxas de erosão ou erosão recente significativa;
- taxas de erosão baixa ou moderada em praias com estreita
faixa de areia e localizadas em áreas altamente urbanizadas;
- praias que necessitam ou que já possuam obras de proteção
ou contenção de erosão; e
- praias reconstruídas artificialmente que seguem um cronogra-
ma de manutenção (CLARK, 1993, apud TOMINAGA, et al., 2009, p. 76).
64
Neste contexto, surge um conceito importante quando se fala
em erosão marinha que é o de balanço sedimentar, referente ao saldo
resultante entre ganhos e perdas de sedimentos nos ambientes praianos.
O homem é um dos principais agentes causadores de proces-
so de ganho e perda de material sedimentar, uma vez que, suas ativida-
des predadoras de aumento de faixa litorânea (praias artificiais, criação
de vias públicas etc) favorece esse processo.
A erosão costeira surge justamente quando o balanço sedi-
mentar apresenta-se de forma negativa, existindo mais saída de sedi-
mento do que entrada. Nesses casos, ocorre uma diminuição gradativa
da faixa costeira com consequente aumento da vulnerabilidade social,
ecológica e econômica da praia (figura 15).

Figura 15: Esquema de balanço sedimentar de uma praia

Fonte: (SOUZA, 2009, apud TOMINAGA, et al., 2009, p. 76) ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

MÉTODOS E PLANOS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES GEOLÓGI-


COS

De uma forma geral, os métodos e planos utilizados para pre-


venção de desastres geológicos são de três naturezas: os empíricos, os
probabilísticos e os determinísticos, a saber:
a) O método empírico: através de levantamento de campo é
possível identificar e estabelecer uma hierarquia de áreas com insta-
bilidade. Aqui são utilizados mapas que apontam a periodicidade de
ocorrência dos eventos, bem como, dados pluviométricos, mapas geo-
lógicos, informações geotécnicas, como forma de estabelecer uma esti-
65
mativa de ocorrência do evento.
b) Métodos probabilísticos: são aqueles que, em geral, utilizam
estudos estatísticos para definir as instabilidades locais. Trata-se de um
método subjetivo que determina a instabilidade por meio de variáveis
previamente conhecidas pela literatura que causam a instabilidade;
c) Métodos determinísticos: são aqueles modelos que fazem
uso de cálculos matemáticos para descrever os processos físicos que
agem sobre a estabilidade das encostas. Aqui são utilizados modelos
computacionais que observam os fluxos hidrológicos e comprara com a
estabilidade das encostas.

ELABORAÇÃO DE CARTAS QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS DE


RISCO GEOLÓGICO

O processo de elaboração das cartas/mapas geológicos para


mapeamento e avaliação dos riscos ambientais, especialmente aque-
les relacionados aos deslizamentos, a depender do tipo de análise que
se necessita fazer, podem ser divididos basicamente em dois métodos:
Quantitativo e Qualitativo (Figura 16).
No método qualitativo, as informações e diagnósticos são ba-
seados prioritariamente em informações subjetivas dos especialistas da
área e são de fácil e rápida implementação. Necessita de pessoas muito
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

bem capacitadas, uma vez que as informações, por serem subjetivas,


dependem da experiência prévia do observador.
Já os métodos quantitativos, objetivam mitigar as característi-
cas subjetivas de análise através do uso de métodos estatísticos/proba-
bilísticos, determinando de forma estatística o nível de suscetibilidade
do local estudado.

Figura 16: Métodos qualitativos e quantitativos

Fonte: (UFRGS, 2016, p. 105)


66
MÉTODOS E TÉCNICAS DE MONITORAMENTO DE ÁREAS DE RISCO

Uma vez que as ações estruturais e não estruturais não são


capazes de extinguir por completo os riscos inerente aos desastres, já
que as condicionantes ambientais, financeiras e técnicas muitas vezes
são insuficientes, surge a necessidade de um processo de monitora-
mento de áreas de risco eficiente e permanente, como forma de mi-
nimizar os danos materiais e humanos que porventura possam surgir
desses eventuais desastres.
Nesse sentindo, o monitoramento é a avaliação, observação
constante dos eventos ambientais, com o objetivo de antever aqueles
com relativa capacidade de gerar danos indesejáveis à sociedade. Atra-
vés do monitoramento é perfeitamente possível verificar quais áreas es-
tão mais vulneráveis aos desastres ambientais, a depender dos fatores
envolvidos. É o com monitoramento que as ações proativas de resposta
são realizadas.
Por fim, cabe destacar que no Brasil, o monitoramento de de-
sastres é realizado por várias instituições/organizações que juntas for-
necem os mais variados dados/informações que ajudam nas ações de
Proteção e Defesa Civil das comunidades, são elas: Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), o Centro de Previsão de Tempo e Estu-
dos Climáticos (CPTEC), o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET),

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais
(CEMADEN), a Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros.
No âmbito do monitoramento de encostas para prevenção de
deslizamentos, o CEMADEN, de forma pioneira, instalou no Brasil Es-
tações Totais Robotizadas (ETRs) com o intuito de identificar as áreas
críticas de deslizamento, monitorando com maior acuidade os proces-
sos de movimentos de massa.
Essa iniciativa visa aprimorar os estudos sobre os processos
de deslizamentos, sendo possível melhorar o tempo de resposta para
tomada de ação contra desastres como a emissão de alertas, a eva-
cuação do local e o possível socorro de sobreviventes, uma vez que o
tempo é fator determinante nesses casos.

LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS APLICADAS A DESASTRES E


À POLÍTICA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

No Brasil, a principal norma que rege a política nacional contra


desastres ambientais é a Lei 12.608 de 10 de abril de 2012. Nela, é
instituída a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC, que
67
obriga o estabelecimento do Sistema Nacional de Proteção e Defesa
Civil local – SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa
Civil - CONPDEC, e autoriza a criação do sistema de informações e
monitoramento de desastres.
Observa-se que a lei determina que a União, os Estados e os
Municípios, além de suas competências privativas, coloquem em práti-
ca as normas estabelecidas, atendendo às seguintes premissas:

Art. 9º Compete à União, aos Estados e aos Municípios:


I – desenvolver cultura nacional de prevenção de desastres, destinada ao de-
senvolvimento da consciência nacional acerca dos riscos de desastre no País;
II – estimular comportamentos de prevenção capazes de evitar ou minimizar
a ocorrência de desastres;
III – estimular a reorganização do setor produtivo e a reestruturação econô-
mica das áreas atingidas por desastres;
IV – estabelecer medidas preventivas de segurança contra desastres em es-
colas e hospitais situados em áreas de risco;
V – oferecer capacitação de recursos humanos para as ações de proteção e
defesa civil; e
VI – fornecer dados e informações para o sistema nacional de informações e
monitoramento de desastres. (BRASIL, 2012, art. 9º)

Vale destacar que a Política Nacional de Proteção e Defesa


Civil, conforme preceitua a referida norma, deve abarcar as ações de
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à


proteção e defesa civil (Figura 17).
No âmbito dos desastres que ocorrem em áreas urbanas, a Po-
lítica Nacional de Proteção e Defesa Civil se alinha à Lei Nº 6.766/1979
que dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano, estabelecendo uma
relação de complementariedade, uma vez que fazem parte do plano
diretor de expansão municipal aquelas áreas de elevado grau de risco
de desastres. Essa informação possibilita um melhor entendimento de
quais áreas urbanas são mais vulneráveis à ocupação residencial.

Figura 17: Ciclo contínuo da gestão de riscos conforme a PNPDEC

Fonte: (UFRGS, 2016, p. 143)


68
É muito importante mencionarmos que são diretrizes e objeti-
vos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil:

Art. 4º São diretrizes da PNPDEC:


I - atuação articulada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios para redução de desastres e apoio às comunidades atingidas;
II - abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação, preparação,
resposta e recuperação;
III - a prioridade às ações preventivas relacionadas à minimização de desastres;
IV - adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise das ações de
prevenção de desastres relacionados a corpos d’água;
V - planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e
incidência de desastres no território nacional;
VI - participação da sociedade civil.
Art. 5º São objetivos da PNPDEC:
I - reduzir os riscos de desastres;
II - prestar socorro e assistência às populações atingidas por desastres;
III - recuperar as áreas afetadas por desastres;
IV - incorporar a redução do risco de desastre e as ações de proteção e
defesa civil entre os elementos da gestão territorial e do planejamento das
políticas setoriais;
V - promover a continuidade das ações de proteção e defesa civil;
VI - estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos sus-
tentáveis de urbanização;
VII - promover a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades e

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


vulnerabilidades a desastres, de modo a evitar ou reduzir sua ocorrência;
VIII - monitorar os eventos meteorológicos, hidrológicos, geológicos, biológi-
cos, nucleares, químicos e outros potencialmente causadores de desastres;
IX - produzir alertas antecipados sobre a possibilidade de ocorrência de de-
sastres naturais;
X - estimular o ordenamento da ocupação do solo urbano e rural, tendo em
vista sua conservação e a proteção da vegetação nativa, dos recursos hídri-
cos e da vida humana;
XI - combater a ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis e de risco e
promover a realocação da população residente nessas áreas;
XII - estimular iniciativas que resultem na destinação de moradia em local
seguro;
XIII - desenvolver consciência nacional acerca dos riscos de desastre;
XIV - orientar as comunidades a adotar comportamentos adequados de pre-
venção e de resposta em situação de desastre e promover a autoproteção; e
XV - integrar informações em sistema capaz de subsidiar os órgãos do SINP-
DEC na previsão e no controle dos efeitos negativos de eventos adversos sobre
a população, os bens e serviços e o meio ambiente. (BRASIL, 2012, art. 4º e 5º)

Por fim, vale destacar que, com o objetivo de uniformizar as


definições relativas aos desastres, a Codificação Brasileira de Desas-
tres – COBRADE, através da Instrução Normativa Nº 1, de 24 de agosto
69
de 2012, estabelece e distingui as várias categorias de desastres, seus
tipos e subgrupos. A seguir, apresentamos aqueles desastres relaciona-
dos ao grupo geológico, a saber:

Tabela 11: Codificação brasileira de desastres geológicos

Fonte: (Ministério da Integração Nacional, 2012, apud UFRGS, 2016, p. 59)

Por fim, um outro aspecto importante de destacar é que a Lei


12.608/2012, em seu Artigo 22, estabelece que os entes federativos
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

devem elaborar o Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil.


Conforme preceitua a norma, esse plano deve conter:
I- A identificação da responsabilidade de organizações e indiví-
duos que desenvolvem ações específicas em emergências;
II- A descrição das linhas de autoridade e relacionamento entre
os órgãos envolvidos, mostrando como as ações serão coordenadas;
III- A descrição de como as pessoas, o meio ambiente e as pro-
priedades serão protegidas durante a resposta ao desastre;
IV- A identificação do pessoal, equipamento, instalações, su-
primentos e outros recursos disponíveis para a resposta ao desastre, e
como serão mobilizados; e
V- A identificação das ações que devem ser implementadas an-
tes, durante e após a resposta ao desastre.
(Esses dados são do MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, 2018,
apud UFRGS, 2016, p. 20).

70
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: PC Prova: Geografo Nível: Superior
O Brasil pertence a uma região biogeográfica denominada Neotropi-
cal, resultado da ampliação de espaços de bacias hidrográficas dos
crátons da antiga Gondwana. Foi a partir desses fragmentos de con-
tinente que a vegetação da Gondwana expandiu-se para novas áreas
formadas com a deriva dos continentes. Há diferentes critérios de
classificação da vegetação brasileira e sua distribuição. Segundo Ab’
Saber, a classificação em domínios morfoclimáticos considera que
uma formação vegetal é resultado de sua história e de sua ecologia
e reúne grandes combinações de fatos geomorfológicos, climáticos,
hidrológicos, pedológicos e botânicos. Sob essa perspectiva, o domí-
nio morfoclimático que representa suas verdadeiras características é:
(A) o domínio das terras baixas florestadas da Amazônia: a maior exten-
são de florestas tropicais úmidas contínuas do mundo, que se dividem
em florestas de inundação e de terra firme. No meio da floresta apare-
cem tipos especiais, que são os campos e a caatinga amazônica. Tem-
peraturas constantes e precipitações elevadas favorecem a pujança da
sua vegetação.
(B) o domínio das florestas costeiras (mata atlântica): a mata atlântica
é fisionomicamente semelhante às matas amazônicas. Guarda a maior

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


biodiversidade por hectare entre as florestas tropicais. Sua exuberância
e diversidade são causadas pela alta carga de umidade, com elevada
precipitação, mais concentrada no litoral do Nordeste.
(C) o domínio das depressões interplanálticas semiáridas do Nordeste:
predomínio da vegetação de caatinga. São matas secas, abertas, deci-
duais, que se desenvolvem em clima de baixa precipitação. Por conta
da baixa precipitação, sua mata se desenvolve em solo arenoso ou pe-
dregoso (litossolo) caracterizando um bioma pobre em espécies.
(D) o domínio dos Chapadões cobertos por cerrados e penetrados por flo-
resta de Galeria: os cerrados arbóreos têm uma fisionomia marcada pelas
árvores, geralmente tortuosas e espaçadas, configurando o clima seco. A
escassez de água é um limitante para o desenvolvimento do estrato arbó-
reo, sem condições para retirar água de grandes profundidades do solo.
(E) o domínio dos Planaltos de araucária e mata subtropical: as matas
de araucária são de aspecto heterogêneo e constituem a formação me-
nos tropical do Brasil. Ocorrem em solos férteis, sob climas com tempe-
raturas baixas a moderadas no inverno. Predomina na região Sul, mas
com ocorrência nos estados do Sudeste, Centro-Oeste e até mesmo
nos brejos do Nordeste.
71
QUESTÃO 2
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: PC Prova: Geografo Nível: Superior
A originalidade dos sertões no Nordeste brasileiro reside num com-
pacto feixe de atributos: climático, hidrológico e ecológico. Fatos
que se estendem por um espaço geográfico de 720 mil quilômetros
quadrados [...]. Na realidade, os atributos do Nordeste seco estão
centrados no tipo de clima semiárido regional, muito quente e sa-
zonalmente seco, que projeta derivadas radicais para o mundo das
águas, o mundo orgânico das caatingas e o mundo socioeconômico
dos viventes dos sertões. (AB’SÁBER, A. N. Os Domínios de nature-
za no Brasil: potencialidades [...]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.)
O texto descreve os sertões do Nordeste brasileiro como:
(A) uma paisagem, onde os aspectos climáticos, entre eles a temperatura,
quase sempre muito elevada, e as precipitações anuais, que geralmente
variam entre 1.500 e 1.800 mm, influenciam nas formações vegetais, nas
características hidrológicas e na vida social e econômica dos sertanejos.
(B) um lugar onde a hidrologia regional do Nordeste úmido independe
do ritmo climático sazonal que ocorre, área habitada pela população
pobre com baixo poder econômico.
(C) um mundo orgânico, caracterizado pelos elevados índices pluvio-
métricos que determinam a originalidade ecológica, climática, hidrológi-
ca e a vida dos sertanejos.
(D) uma vereda hidrológica e ecológica, onde as águas dos rios temporários
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

fluem mesmo na época das precipitações com cerca de 3.500 mm anuais,


possibilitando as atividades econômicas dos habitantes dos sertões.

QUESTÃO 3
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: PC Prova: Geografo Nível: Superior
Analise as afirmações que tratam sobre o efeito estufa:
I. É o processo que só ocorre devido a ações do homem em relação
ao uso de combustíveis fósseis e que provoca acúmulo de CO2 na
atmosfera, levando ao aumento da temperatura média do planeta.
Estudos comprovam que a intensificação do efeito estufa tem afe-
tado a vida de diversos organismos no planeta.
II. O aumento do efeito estufa tem levado a uma aceleração do ciclo
hidrológico em nosso planeta e, como resultado desse processo
natural, fenômenos climáticos e meteorológicos extremos se tor-
naram mais frequentes nas últimas décadas.
Baseado no consenso da maior parte da comunidade científica é
correto afirmar que:
(A) As afirmativas I e II são falsas.
(B) As afirmativas I e II são verdadeiras.
72
(C) A afirmativa I é verdadeira e a II, falsa.
(D) A afirmativa II é verdadeira e a I, falsa.

QUESTÃO 4
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: PC Prova: Geografo Nível: Superior
Suponha que a suscetibilidade à erosão de um terreno foi analisa-
da com base no cruzamento dos mapas de solos, geomorfologia e
uso da terra. As seguintes classes foram encontradas nesse terre-
no: a) Solos: Cambissolos e Latossolos; b) Geomorfologia: Chapa-
das e Colinas; e c) Uso da Terra: Soja sob Sistema de Plantio Direto
(SPD) e Soja sob Sistema de Plantio Convencional (SPC).
Cada classe de solos, geomorfologia e uso da terra foi classificada
como tendo fator condicionante à erosão alto ou baixo. Foi definida
ainda que uma determinada região do terreno teria suscetibilidade
à erosão muito forte, caso houvesse presença de fatores condicio-
nantes considerados altos nos três mapas. Assinale a opção que
apresenta essa condição:
(A) Latossolos, Chapadas e Soja sob SPC.
(B) Cambissolos, Colinas e Soja sob SPD.
(C) Latossolos, Colinas e Soja sob SPC.
(D) Cambissolos, Colinas e Soja sob SPC.
(E) Latossolos, Chapadas e Soja sob SPD.

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


QUESTÃO 5
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: PC Prova: Geografo Nível: Superior
Os processos de voçorocamentos são exemplos típicos de erosão
linear acelerada na superfície terrestre e causam sérios problemas
de emissão de partículas finas nos canais fluviais. Esses proces-
sos são causados por:
(A) saída da água subterrânea do solo com associação de piping.
(B) escoamento da água pluvial em solos argilosos cultivados.
(C) escoamento da água fluvial junto aos divisores de bacias.
(D) impacto da água da chuva em solos sem cobertura vegetal.
(E) escavação de dutos pela ação biogênica em solos cultivados.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Partindo da compreensão que geoprocessamento é o conjunto de ferra-
mentas necessárias para a coleta e tratamento das informações previa-
mente georreferenciadas por um Sistema de Informações Geográficas
(SIG), capaz de envolver vários componentes como pessoas, dados,
software, hardware e metodologias, com o objetivo de ajudar no proces-
so de diagnóstico da gestão de risco de desastres e consequente toma-
73
da de decisão, indique quais os principais benefícios para o geoproces-
samento para gestão de riscos.

TREINO INÉDITO
Assunto: PROCESSOS EROSIVOS CONTINENTAIS E MARINHOS.
Assinale a alternativa que indica o nome do processo natural de
desgaste do solo ou rocha ao longo do tempo
a. Erosão
b. Queda
c. Rolamento
d. Deslizamento
e. NDA

NA MÍDIA
NATUREZA DO DESASTRE
Um barulho grave vem do fundo da terra, como um trovão. O rio borbu-
lha, faz espuma. Em seguida, a superfície da terra racha. "Aí é um de-
sespero para sair de casa e tirar tudo", conta a agricultora Maria Pereira,
56. Conhecido como terras caídas, o processo de erosão fluvial ameaça
a existência da comunidade de Maria, conhecida como Catalão, nas
margens do rio Amazonas.
Fonte: Mariana Estarque
Data: 2018
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

Leia na íntegra em: http://temas.folha.uol.com.br/natureza-do-desastre/


amazonas/moradores-do-am-abandonam-comunidade-afetada-por-e-
rosao-fluvial.shtml

NA PRÁTICA
Helena, de 30 anos, ganhou do seu pai um casal de coelhos. Um mês
depois, eles perceberam que o piso da casa estava frágil, em vias de
ruir. Ao chamar um técnico para analisar a situação, foi indicado que
chamassem um profissional da área de geotecnia, pois ele indicou que
o problema estaria no terreno em que a casa foi construída e, não, na
construção. Quando o geotécnico chegou na casa de Helena e quebrou
o piso para análise, identificou centenas de coelhos que, haviam perfu-
rado todo terreno da casa. Nesse sentido, indique que tipo de processo
o terreno da casa de Helena atravessou.

PARA SABER MAIS:


Filme sobre o assunto: Impacto profundo
Peça de teatro: Sociologia dos desastres
Acesse os links:
74
https://youtu.be/LfBjqa5G_Vo
https://youtu.be/9VtSnaZ13Dc

75
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

No Brasil, o fenômeno do movimento de massa é bem recorrente devido


a fatores como:
I. Condições climáticas marcadas por verões de chuvas intensas em
regiões de grandes maciços montanhosos.
II. Nos centros urbanos, os movimentos de massa têm tomado propor-
ções catastróficas. Atividades humanas como cortes em taludes, ater-
ros, depósitos de lixo, modificações na drenagem, desmatamentos,
entre outras, têm aumentado a vulnerabilidade das encostas para a for-
mação desses processos. Essa condição é agravada, principalmente,
quando ocorrem ocupações irregulares, sem a infraestrutura adequada,
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

em áreas de relevo íngreme. (BRASIL, 2016, p. s/n)

TREINO INÉDITO
Gabarito: A

JUSTIFICATIVA
a alternativa “a” está correta, pois movimento de massa tipo rastejo
ocorre de forma bastante lenta ao longo do tempo, sem que seja pos-
sível a visualização de sua movimentação inicial a “olho nu” (tal como
apresentado na figura 4 da unidade).

NA PRÁTICA
A queda de blocos é um outro tipo de movimento gravitacional de massa
comum nas escarpas da Serra do Mar. Define-se uma queda de blocos
como uma ação de queda livre a partir de uma elevação, com ausência
de superfície de movimentação. Nos penhascos ou taludes íngremes,
blocos e/ou lascas dos maciços rochosos deslocados pelo intemperis-
mo, caem pela ação da gravidade (...). A queda pode estar associada a
outros movimentos como saltação, rolamento dos blocos e fragmenta-
76
ção no impacto com o substrato. As causas das quedas de blocos são
diversas: variação térmica do maciço rochoso, perda de sustentação
dos blocos por ação erosiva da água, alívio de tensões de origem tectô-
nica, vibrações e outras. (TOMINAGA, et al., 2009, p. 32).

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

77
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

O grau de intensidade de um desastre está diretamente relacionado com


a extensão do Evento Adverso e o nível de vulnerabilidade existente no
ambiente atingido. Quanto maior for a vulnerabilidade, maiores serão os
danos provocados (desastres). Muitas vezes, um mesmo evento adverso
ocorre em ambientes com níveis de vulnerabilidade diferentes, certamen-
te, aquele ambiente que possui uma vulnerabilidade baixa não sofrerá
tanto problemas se comparado com ambientes com alta vulnerabilidade.
No caso do morro do Bumba, existia a caracterização de área de alta sus-
ceptibilidade em virtude de ser um lixão e das chuvas no local penetrarem
com muita rapidez entre os lixos amontoados. Com o solo ensopado,
ocorre a formação do gás metano que gera vulnerabilidade, acarretando,
portanto, o deslizamento e, nesse caso, com vítimas fatais.
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

TREINO INÉDITO
Gabarito: A

JUSTIFICATIVA
A alternativa “a” está correta, pois suscetibilidade trata da capacidade,
em maior ou menor grau, que um ambiente apresenta para a ocorrência
de um determinado processo ou evento. Pode ser entendida como as
funções ou características condicionantes de ocorrência de evento.

NA PRÁTICA
A avaliação da suscetibilidade resulta da análise de diversos fatores que
condicionam a ocorrência de um evento adverso. A suscetibilidade deve
ser determinada para cada um dos tipos de eventos. Ela é avaliada por
meio de indicadores geomorfológicos e climáticos, como, por exemplo,
a forma do relevo, seu escoamento superficial, sua rede hidrográfica,
tipos de chuvas, tipos de solo, entre outros. (...). Como exemplo de si-
tuações com ameaças, citam-se: a existência de blocos instáveis junto
a residências; áreas de extravasamento de rios ocupadas; a ocupação
de um edifício com materiais de baixa resistência ao fogo e com insta-
78
lações elétricas precárias; a presença de taludes com possibilidade de
deslizamentos junto a uma escola.
Art. 3º Quanto à intensidade, os desastres são classificados em dois níveis:
a) nível I - desastres de média intensidade; e b) nível II - desastres de
grande intensidade
§ 2º São desastres de nível I aqueles em que os danos e prejuízos são
suportáveis e superáveis pelos governos locais e a situação de norma-
lidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível lo-
cal ou complementados com o aporte de recursos estaduais e federais.

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

79
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Os principais benefícios do geoprocessamento para a gestão de riscos são:


• organização de banco de dados e utilização mais eficiente dos dados
disponíveis (maior disponibilidade potencial);
• integração de dados de diversas fontes, origens e formatos;
• realização de análises complexas por meio de cruzamento de dados;
• geração de informações com um baixo custo financeiro e otimização
do tempo de análise;
• mais facilidade na tomada de decisões;
• melhoria da coordenação e a comunicação entre diferentes setores,
aumentando a eficiência;
• criação de relações entre conjuntos de dados que podem parecer des-
conexos quando analisados individualmente; mas, quando sobrepostos
em um mapa, mostram-se correlacionáveis;
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

• melhoria do entendimento dos desastres no processo de gestão de


riscos, uma vez que auxiliam no seu mapeamento;
• aumento da produtividade dos técnicos;
• Possibilita a análise de grande quantidade de dados;
• Facilidade na geração de mapas temáticos;
• Facilidade na consulta e manutenção de dados;
• Representa graficamente informações de natureza espacial;
• Recupera informações com base em critérios;
• Realiza operações sobre elementos gráficos;
• Possibilita a visualização dos dados geográficos;
• Recursos de saída na forma de mapas, gráficos e tabelas para vários
dispositivos (impressoras e plotters);
• Integração de conjuntos de dados diversos (espaciais e não espa-
ciais). (UFRGS, 2016, p. 143 e BRASIL, s/d, p. 119).

TREINO INÉDITO
Gabarito: A

80
JUSTIFICATIVA:
A alternativa “a” está correta, pois a erosão é um processo natural de
desgaste do solo ou da rocha ao longo do tempo, provocado por agen-
tes desgastantes/erosivos como: a água/chuva, o vento, os animais,
as variações de temperatura, o clima etc. Trata-se de um processo de
degradação por agentes exógenos (externos) em que a massa rochosa
e/ou solo se decompõem em partículas menores. Pode-se dizer que o
processo erosivo tarda centenas e milhares de anos e ocorre de forma
ininterrupta e constante.

NA PRÁTICA
O processo erosivo continental, como o próprio nome sugere, é aquela
erosão que não envolve os processos dinâmicos dos oceanos e praias.
Sua ocorrência se dá em ambientes distantes do litoral. Basicamente,
a erosão continental diz respeito a todos os processos de desgaste do
solo ou rocha ao longo do tempo, provocados pela ação da chuva, dos
ventos, do clima e da própria atividade antrópica do homem.

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

81
No decorrer do estudo desse módulo foi possível analisar os
conceitos e características mais importantes relacionados aos movi-
mentos de massa, seus aspectos e principais causas indutoras, bem
como, uma noção geral sobre estabilidade dos taludes e suas principais
técnicas de análise.
Discutimos também os conceitos inerentes aos Desastres
ambientais, especialmente, aqueles relacionados aos deslizamentos,
como: perigo, vulnerabilidade, susceptibilidade e risco (aceitável, tole-
rável e intolerável), bem como, os diversos aspectos relacionados ao
gerenciamento de áreas de risco de acidentes geológicos.
Ao se compreender o comportamento dos processos geológi-
cos e geotécnicos, bem como, seus aspectos técnicos e legais, o profis-
sional certamente se colocará mais habilitado no tocante ao gerencia-
mento de riscos inerentes aos desastres ambientais que envolvem os
movimentos de massa.
ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS

82
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
11682:2009 – Estabilidade de encostas. Informações de catálogo. Dis-
ponível em: http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=51490.
Acesso em 5 de setembro de 2019.

BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.


CEMADEN – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Co-
municações. Movimento de Massa. 2016. Disponível em: https://www.
cemaden.gov.br/deslizamentos/. Acesso em 05 de setembro de 2019.

BRASIL. Lei Nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Institui a Política Nacional


de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional
de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Prote-
ção e Defesa Civil - CONPDEC; e dá outras providências. Brasília, 2012.

BRASIL. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Capacitação em Mapeamento e


Gerenciamento de Risco. Sem data. Gráfica Copiart. Disponível em: http://
www.defesacivil.mg.gov.br/images/documentos/Defesa%20Civil/manuais/
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BRASIL. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. SECRETARIA

ANÁLISE DE MOVIMENTOS DE MASSA E RISCOS GEOTÉCNICOS - GRUPO PROMINAS


DE DEFESA CIVIL. POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA CIVIL. Brasí-
lia 2000. Disponível em http://www.defesacivil.mg.gov.br/images/docu-
mentos/Defesa%20Civil/manuais/Pol%C3%ADtica-Nacional-de-Defe-
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CEMADEN – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desas-
tres Naturais. Projeto Monitoramento de Encostas para Prevenção de
Deslizamentos. 2016. Disponível em: https://www.cemaden.gov.br/pro-
jeto-monitoramento-de-encostas-para-prevencao-de-deslizamentos/.
Acesso em 8 de setembro de 2019.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Instrução Normativa N°


1, de 24 de agosto de 2012. Estabelece procedimentos e critérios para a
decretação de situação de emergência ou estado de calamidade pública
pelos Municípios, Estados e pelo Distrito Federal, e para o reconhecimento
federal das situações de anormalidade decretadas pelos entes federativos
e dá outras providências. Brasília: 2012. Disponível em: <http://bibspi.pla-
nejamento.gov.br/handle/iditem/208.> Acesso em 27 de julho de 2019.
83
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de gestão de
riscos. – Brasília: TCU, Secretaria Geral de Controle Externo (Segecex),
2018. 154 p. Disponível em: <https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/refe-
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