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FEBRE TIFOIDE
DOURADOS-MS
2023
Beatriz dos Santos Bezerra
Esther Patricia de Souza Borges
Mariana Talgati Terra
Morgana Paiva Borges
FEBRE TIFOIDE
DOURADOS-MS
2023
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3
2. CARACTERÍSTICAS DO PATÓGENO............................................................................3
3. MECANISMO E FISIOPATOLOGIA................................................................................4
4. FASES DA DOENÇA........................................................................................................... 5
5. SINTOMATOLOGIA CLÁSSICA......................................................................................6
6. PORTADOR.......................................................................................................................... 6
7. DIAGNÓSTICO DOENTE E PORTADOR.......................................................................7
8. EPIDEMIOLOGIA...............................................................................................................7
9. TRANSMISSÃO................................................................................................................... 8
10. COMPLICAÇÕES..............................................................................................................8
11. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO............................................................................ 9
11.1. PORTADOR.................................................................................................................9
11.2. DOENTE....................................................................................................................10
12. OUTROS ANTIBACTERIANOS................................................................................... 10
13. PROFILAXIA....................................................................................................................11
14. CASO CLÍNICO............................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................14
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1. INTRODUÇÃO
A doença infecciosa conhecida como febre tifoide é uma moléstia cujo agente
etiológico é a bactéria Gram-negativa Salmonella enterica sorotipo typhi (Salmonella Typhi).
Tal bactéria é um bacilo não esporulado, móvel, com cerca de 2 a 5 μm de diâmetro. O tempo
de sobrevivência desse patógeno depende do meio ao qual ele está inserido. Por exemplo, em
condições ótimas, na água doce, a Salmonella Typhi encontra-se viva por até três a quatro
semanas. Tal doença possui distribuição cosmopolita, entretanto mais incidente em países
com menores índices de cobertura sanitária básica.
Os sintomas mais comuns da infecção por Salmonella typhi são febre alta, mal estar
geral, cefaleia, náuseas, vômitos, diarreia, anorexia, bradicardia relativa, esplenomegalia,
roséola tífica (exantema súbito) e tosse seca. Seu período de incubação compreende de sete a
vinte e um dias, acometimento agudo ou crônico, que pode evoluir para uma forma
autolimitada, para um período de convalescência, com portadores sintomáticos ou portadores
assintomáticos ou morte.
A susceptibilidade para a infecção por Salmonella enterica sorotipo typhi é maior em
indivíduos que possuem acloridria gástrica, imunodeprimidos e idosos. Além disso, embora
haja vacina disponível, sua imunidade não é definitiva, fato que também ocorre com a
imunidade adquirida após a infecção.
2. CARACTERÍSTICAS DO PATÓGENO
3. MECANISMO E FISIOPATOLOGIA
A febre tifóide pode ser transmitida por duas formas de transmissão: direta, pelo
contato direto com as mãos do doente ou portador ou indireta, cuja infecção por Salmonella
enterica sorotipo typhi ocorre pela ingestão de alimentos - principalmente legumes, verduras,
frutos do mar e carnes crus ou mal-cozidos e leite e seus derivados, quando não pasteurizados
- ou água contaminados com a bactéria, o que geralmente ocorre em lugares sem saneamento
básico, nos quais há a contaminação de hortaliças e mananciais hídricos com fezes humanas.
A transmissão também pode ocorrer por contato direto com fezes ou urina de indivíduos
contaminados ou por manipulação de alimentos por pessoas contaminadas (muitas vezes
portadoras assintomáticas).
Assim que ingeridas, as bactérias dirigem-se juntamente com o bolo alimentar pelo
esôfago, estômago e finalmente, intestino delgado, local em que se ligam aos enterócitos,
seguida de penetração da mucosa intestinal e invasão dos fagócitos mononucleares, presentes
nas Placas de Peyer e nos linfonodos mesentéricos. Com isso, esses bacilos atingem a corrente
linfática e ocorre, assim, a disseminação hematogênica do patógeno. Neste momento, ocorre
um período de incubação, que pode durar de sete a vinte e um dias, dependendo da dose
infectante adquirida pelo hospedeiro. Posterior a esse intervalo, com bacteremia significativa,
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4. FASES DA DOENÇA
5. SINTOMATOLOGIA CLÁSSICA
6. PORTADOR
8. EPIDEMIOLOGIA
A febre tifoide não possui uma distribuição geográfica específica e nem ocorre em
sazonalidade. A incidência dos casos estão diretamente relacionados com as condições de
vida de uma população, sendo assim frequente em países em desenvolvimento com grande
aporte populacional que não tem acesso ao saneamento básico, coletas de lixo, água potável e
inspeção sanitária. Sua distribuição é mundial sendo endêmica em países asiáticos como a
Índia e outros da África, além de ser de alta incidência nas regiões norte e nordeste do Brasil.
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As populações que mais são acometidas pela febre tifoide são crianças e jovens devido a
exposição frequente a esse patógeno e riscos de contaminação por ele.
9. TRANSMISSÃO
São possíveis duas formas de transmissão da febre tifoide: forma direta, que ocorre
pelo contato direto com as mãos do doente ou portador, ou a forma indireta, que possui
estreita relação com a água (sua distribuição e utilização) e alimentos, que podem ser
contaminados com fezes ou urina de doente ou portador. A contaminação dos alimentos é
verificada, geralmente, pela manipulação feita por portadores ou oligossintomáticos, sendo a
febre tifoide conhecida, por isso, como a “doença das mãos sujas”. Os legumes irrigados com
água contaminada, produtos do mar mal cozidos ou crus (moluscos e crustáceos), leite e
derivados não pasteurizados, produtos congelados e enlatados podem veicular salmonelas.
Raramente as moscas participam da transmissão. O congelamento não destrói a bactéria, e
sorvetes, por exemplo, podem ser veículos de transmissão. Todavia, só uma grande
concentração de bactérias é que determinará a possibilidade de infecção. Por isso, não se
costuma verificar surtos de febre tifoide após enchentes, quando provavelmente há maior
diluição de bactérias no meio hídrico, com menor possibilidade de ingestão de salmonelas em
número suficiente para causar a doença. A carga bacteriana infectante, experimentalmente
estimada, é de 106 a 109 bactérias ingeridas. Infecções subclínicas podem ocorrer com a
ingestão de um número bem menor de bactérias.
10. COMPLICAÇÕES
As complicações da febre tifoide são raras, mas podem acontecer durante o período de
estado, como resultado do processo séptico, e se desenvolvem em aproximadamente 10% a
15% dos pacientes se não forem tratadas, e isso é impulsionado por métodos diagnósticos
inadequados e pela alta carga de cepas resistentes a antibióticos, complicando o manejo
clínico e, em última análise, o prognóstico. O diagnóstico tardio e a falha terapêutica também
podem ser fatores para maior aparecimento de casos com complicações. As principais
intercorrências são a enterorragia e a perfuração intestinal. A perfuração intestinal representa
uma progressão do quadro de enterorragia, acometendo preferencialmente a região do íleo
terminal, podendo causar sangramentos discretos e até quadro de hemorragia intensa com
falência hemodinâmica, e podendo levar à perfuração intestinal, o que requer maior cuidado
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médico. Qualquer órgão pode ser afetado pela febre tifoide, quando a doença evolui com
bacteremia e outras complicações menos frequentes são: retenção urinária, pneumonia,
colecistite. Os quadros mais graves geralmente representam uma maior susceptibilidade
individual e também demora no diagnóstico e tratamento específicos. Manifesta-se por dor
intensa na fossa ilíaca direita, acompanhada dos sinais clássicos de irritação peritoneal,
hipotensão e taquicardia. Outras complicações mais raras da febre tifóide são os abscessos
viscerais, colecistite acalculosa, pancreatite, bronquite, pneumonia, miocardite, pielonefrite,
artrite, osteomielite, ulcerações, cefalite, flebite, glomerulite, neurite óptica.
A perfuração intestinal é a complicação mais temida, em virtude de sua gravidade.
Ocorre em 3% dos casos, surgindo por volta do vigésimo dia de doença, particularmente nas
formas graves e tardiamente diagnosticadas. Caracteriza-se por dor súbita na fossa ilíaca
direita, seguida por distensão e hiperestesia abdominal. Os ruídos peristálticos diminuem ou
desaparecem, a temperatura decresce rapidamente, o pulso acelera-se, podendo surgir
vômitos. O doente apresenta-se ansioso e pálido. Em poucas horas surgem sinais e sintomas
de peritonite. As dores então atingem todo o abdome, surgem vômitos, sudorese fria e
respiração curta. Desaparece a macicez hepática. A imagem radiológica de pneumoperitônio é
indicativa de perfuração de víscera oca; no entanto, sua ausência não afasta o diagnóstico.
11.1. PORTADOR
Tendo em vista que portador se trata do paciente que após a infecção aguda, mantém a
eliminação de bacilos nas fezes e na urina por tempo prolongado, para o tratamento da febre
tifoide nesses indivíduos, utiliza-se a ampicilina ou amoxicilina.
Nos adultos, administra-se de 1000 a 1500mg/dose de ampicilina, de 6 em 6 horas até
a dose máxima diária de 6g. Se a medicação de escolha for a amoxicilina, a dose deve ser de
3g/dia, de 8 em 8 horas até atingir a dose máxima diária de 4g.
Já para as crianças, é administrada 100 mg/kg/dia de ampicilina de 6 em 6 horas, ou
100 mg/kg/dia de amoxicilina, porém de 8 em 8 horas.
Ambas medicações pertencem à classe das penicilinas de espectro ampliado (matam
bactérias gram positivas e negativas), onde o mecanismo de ação está na inibição da síntese
da parede celular bacteriana e lise osmótica, interferindo na transpeptidação. A amoxicilina é
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administrada via oral e possui boa absorção pelo trato gastrointestinal (TGI). Já a ampicilina
também é administrada de forma oral, mas são mal absorvidas pelo TGI, além de atravessar a
barreira hematoencefálica e poder provocar diarreias.
11.2. DOENTE
Diversas medicações são eficazes para o tratamento do doente na febre tifoide, como
as penicilinas (amoxicilina e ampicilina), as quinolonas (ciprofloxacina e ofloxacina), as
sulfonamidas (sulfametoxazol + trimetoprima) e cefalosporinas de 3ª geração (ceftriaxona).
Entretanto, no Brasil, devido ao baixo custo e boa resposta terapêutica (apesar dos efeitos
adversos), utiliza-se o cloranfenicol como medicamento de primeira escolha para a febre
tifóide.
O cloranfenicol é um antibiótico pertencente à classe dos anfenicóis e produzido pelo
Streptomyces venezuelae, uma bactéria gram positiva. A atividade bacteriostática do
cloranfenicol resulta de sua ligação aos ribossomos procarióticos 50S em uma região que
bloqueia a etapa da peptidiltransferase na biossíntese de proteínas, ou seja, o cloranfenicol se
liga irreversivelmente à subunidade 50S dos ribossomos das bactérias e impede a síntese de
proteínas nas bactérias e, em menor grau, nas células eucarióticas.
Esse medicamento é administrado preferencialmente via oral, porém quando não for
possível, a via parenteral pode ser utilizada. A posologia nos adultos é de 50 mg/kg/dia, de 6
em 6 horas, até atingir a dose máxima diária de 4g. E nas crianças, a dose é a mesma que nos
adultos, mas a dose máxima diária é de 3g.
Após o início do tratamento com esse antibiótico, até o 5º dia de medicação
geralmente o paciente torna-se afebril. Com isso, deve-se reduzir a dose para 2g por dia em
adultos e 30mg/kg/dia no caso das crianças. Esse protocolo deve ser mantido durante 15 dias
após o último dia de manifestação febril, sendo o tratamento mantido por um máximo de 21
dias.
13. PROFILAXIA
HISTÓRIA CLÍNICA: Referiu, o paciente, que desde 24 horas antes da consulta apresentava
calafrios, tendo constatado temperatura axilar de 39º C; sentia-se astênico e queixava-se de
dor abdominal difusa. Informou ter acampado em região selvagem 13 dias antes.
EXAME FÍSICO: Tax: 39,2ºC; FC: 62 bpm; PA: 140/80 mmHg. Dor difusa à palpação do
abdome, temperatura axilar elevada. Frente a este quadro, foi requisitado um leucograma que
evidencia 4.200 leucócitos (N: 5.000 a 10.000), sem evidenciação de eosinófilos na lâmina, e
distribuição dos demais dentro da normalidade. Neste momento, estabeleceu-se a hipótese
diagnóstica de febre tifóide. Foram colhidas várias amostras de sangue para hemocultura e
reação de Vidal, tendo-se decidido por tratamento imediato com antibiótico.
1 - Baseando-se na história natural da doença, por que deve ser ela tratada?
R: A doença deve ser tratada porque pode evoluir e causar uma série de complicações, como
perfuração intestinal e hemorragia intestinal, que são as complicações mais preocupantes.
Além dessas, pode causar colecistite, ulceração de colón, estomatite, pancreatite, abscessos
esplênicos e hepáticos.
R: O agente etiológico da febre tifoide é a bactéria Salmonella enterica sorotipo Typhi. Sua
transmissão ocorre principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados com o
patógeno, por meio do contato destes com fezes humanas ou urinas de portadores dessa
bactéria. Após ingeridas, as bactérias invadem as células do intestino e atingem a corrente
sanguínea. A partir dessa etapa, ocorre inflamação e resposta imunológica sistêmica,
resultando em sintomas como dor abdominal, febre, vômitos e diarreia. A doença pode
evoluir para casos mais graves, acometendo também órgãos como o sistema nervoso central,
baço e fígado e levar a complicações como encefalite, septicemia e perfuração intestinal.
R: O tratamento vai ser realizado com Ampicilina ou Amoxacilina nas mesmas doses
utilizadas para o tratamento do doente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Khanam F, Ross AG, McMillan NAJ, Qadri F. Toward Typhoid Fever Elimination. Int J
Infect Dis. 2022 Jun;119:41-43. doi: 10.1016/j.ijid.2022.03.036. Epub 2022 Mar 23. PMID:
35338009.