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INSTITUTO POLITÉCNICO BOA ESPERANÇA DELEGAÇÃO DE NACALA

CURSO DE TÉCNICO DE MEDICINA GERAL

TEMA:

FEBRE TIFÓIDE E INTOLERÂNCIA A LACTOSE

NACALA‒PORTO, 2023
TEMA: FEBRE TIFÓIDE E INTOLERÂNCIA A LACTOSE

ESTUDANTES:

TELMA RENATO

SURAIA IBRAIMO

RICARDINA MARIA

UARILA EMANUEL

Trabalho de Pediatria a ser apresentado ao Instituto


Politécnico Boa Esperança Delegação de Nacala como
requisito parcial para realização de avaliação.

Docente: Anchita Califa

NACALA‒PORTO, 2023
ÍNDICE
OBJECTIVOS DO TRABALHO ................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 5
1. FEBRE TIFÓIDE........................................................................................................................ 6
1.1. Definição .............................................................................................................................. 6
1.2. Epidemiologia ...................................................................................................................... 6
1.3. Etiologia e Reservatório ...................................................................................................... 6
1.4. Modo de transmissão ........................................................................................................... 6
1.5. Fisiopatologia ...................................................................................................................... 6
1.6. Quadro clinico...................................................................................................................... 7
1.7. Complicações ....................................................................................................................... 9
1.8. Exames Auxiliares e Diagnóstico ......................................................................................... 9
1.9. Diagnóstico diferencial ...................................................................................................... 10
1.10. Conduta ............................................................................................................................ 10
1.11. Critérios de referência ..................................................................................................... 11
1.12. Prevenção ......................................................................................................................... 12
2. INTOLERÂNCIA À LACTOSE .............................................................................................. 12
2.1. Definição ............................................................................................................................ 12
2.2. Fisiopatologia .................................................................................................................... 13
2.3. Quadro Clínico................................................................................................................... 13
2.4. Diagnóstico ........................................................................................................................ 14
2.5. Diagnóstico Diferencial ..................................................................................................... 14
2.6. Conduta .............................................................................................................................. 14
CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 15
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 16

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OBJECTIVOS DO TRABALHO
Objectivo geral:

 Abordar sobre Febre tifóide e Intolerância a lactose.

Objectivo específico:

 Definir febre tifóide e intolerância a lactose;


 Indicar a causa da febre tifóide e intolerância a lactose;
 Mencionar as sintomatologias da febre tifóide e intolerância a lactose e suas possíveis
complicações;
 Citar o diagnóstico e o diagnóstico diferencial da febre tifóide e a intolerância a lactose;
 Descrever a conduta da febre tifóide e intolerância a lactose.

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INTRODUÇÃO
A febre tifóide também pode ser denominada por febre entérica. É uma doença com potencial
risco de fatalidade se não for diagnosticada precocemente. Aliado a este risco, adiciona-se o risco
dos pacientes se tornarem portadores crónicos perpetuando a infecção. Nos primórdios dos anos
1900, foi identificada, nos Estados Unidos da América, a primeira mulher portadora
assintomática. Mary Mallon, também conhecida como “Mary Tifóide”, pois ela como portadora
e cozinheira, transmitia a infecção aos clientes do restaurante em que trabalhava. A epidemia
acompanhava a “Mary Tifóide” de trabalho em trabalho.

Intolerância à lactose é a incapacidade de digerir a lactose (açúcar do leite). O problema é


resultado da deficiência ou ausência de uma enzima intestinal chamada láctase. Esta enzima
possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples, para a sua melhor absorção.

É importante estabelecer a diferença entre alergia ao leite e intolerância à lactose. A alergia é


uma reacção imunológica adversa às proteínas do leite, que se manifesta após a ingestão de uma
porção, por menor que seja, de leite ou derivados. A mais comum é a alergia ao leite de vaca,
que pode provocar alterações no intestino, na pele e no sistema respiratório (tosse e bronquite,
por exemplo).

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1. FEBRE TIFÓIDE

1.1. Definição
A febre tifóide é uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por uma bactéria, a
Salmonella typhi. Caracteriza-se por febre prolongada, alterações do trânsito intestinal, aumento
de vísceras como o fígado e o baço e se não tratada, leva a confusão mental progressiva, podendo
levar ao óbito.

1.2. Epidemiologia
A doença tem distribuição mundial, sendo mais frequente nos países em desenvolvimento, onde
as condições de saneamento básico são inexistentes ou inadequadas. A prevalência da infecção
por S.typhi é maior nas crianças <5 anos de idade. A severidade da infecção e a mortalidade é
maior em lactentes, particularmente em menores de 3 meses.

1.3. Etiologia e Reservatório


A febre tifóide é causada pela salmonela typhi. A Salmonella typhi é uma bactéria Gram
negativa que faz parte da família das Enterobactérias. A Salmonella inclui diferentes bactérias,
muitas das quais causam gastroenterites agudas. Tratando-se de doença exclusivamente humana,
o reservatório e a fonte de infecção é representado pelo doente ou pelo portador. Até 10% dos
pacientes com febre tifóide sem tratamento excretam S. typhi nas fezes por um período de até 3
meses, e 1 a 4% tornam-se portadores assintomáticos crónicos, eliminando a S. typhi pelas fezes
ou urina por mais de 1 ano, até por toda a vida.

1.4. Modo de transmissão


Transmissão directa: por via feco-oral, a partir do paciente ou portador (doença das mãos
sujas). Transmissão indirecta (mais frequente): através de veículos que podem ser hídricos
(água), ou alimentos contaminados (leite, carnes, mariscos, verduras) e através de vectores que
podem ser moscas, cães e gatos. O tempo entre a exposição e o início dos sintomas (período de
incubação) pode variar de 3 a 60 dias, ficando entre 7 e 14 dias na maioria das vezes. A infecção
pode não resultar em adoecimento. S. typhi só pode colonizar os seres humanos.

1.5. Fisiopatologia
Após a ingestão da S. typhi, a acidez gástrica é o primeiro mecanismo de defesa do organismo
contra a S. typhi. Quando consegue resistir à acidez do estômago, a S. typhi chega ao intestino

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delgado, onde compete com as bactérias da flora micróbica normal do intestino. Se sobreviver, a
S. typhi invade a parede intestinal causando inflamação, ulcerações, edema, da mucosa intestinal,
em particular a nível das placas de Peyer (formações linfóides a nível da mucosa intestinal) e
uma vez no lúmen do intestino, a bactéria multiplica-se, atravessa a mucosa intestinal e vai
infectar os gânglios e tecidos linfáticos do mesentério onde se multiplicam de novo. De seguida
entram na corrente sanguínea, causando a chamada bacteriemia primária de onde são
transportados para o fígado e baço. Nestes órgãos dá-se a multiplicação hepatoesplénica onde
enormes quantidades de microrganismos são produzidos e lançados novamente para a corrente
sanguínea. É nesta altura que se produz a chamada bacteriemia secundária e infecção
multisistêmica.

1.6. Quadro clinico


I. Anamnese

O quadro clínico da febre tifóide se divide classicamente em quatro estádios, que correspondem
a três fases bem distintas:

 Período Prodrómico

Corresponde à primeira semana de doença, manifestando um quadro febril de evolução


progressiva, atingindo altas temperaturas (39º e 40ºc) ao final deste período.

Este quadro se acompanha de: cefaleias, mal-estar geral, astenia, tosse seca, anorexia, mialgia,
prostração, dor abdominal difusa- pode ser leve, vómitos.

 Período de Estado

Corresponde à segunda e terceira semanas de evolução. Neste período, ocorre intensificação da


sintomatologia anterior e as manifestações digestivas.

Este quadro se acompanha de: o paciente desenvolve um quadro de toxemia, prostração,


desidratação, planaltos de febre, torpor (um estado de inactividade física ou mental, letargia),
estado tifóide, a qual é caracterizada por apatia, confusão, e por vezes psicose, olhar inexpressivo
(olhar tífico), obstipação intestinal alternada com diarreia líquida esverdeada, meteorismo (uma
acumulação rápida de gás no intestino), dor abdominal.

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 Período de Convalescença ou Declínio

Corresponde à quarta semana de evolução. O quadro febril tende a diminuir progressivamente,


bem como os demais sintomas, e o paciente entra na fase de recuperação clínica. É importante
lembrar que nem sempre a febre tifóide acontece na sua forma clássica ou com a evolução
esperada. Nas lactentes a doença pode ter uma evolução mais rápida em choque. O clínico deve
suspeitar a presença da febre tifóide se uma criança a presentar-se com:

o Febre elevada, mal-estar geral, anorexia, fraqueza mais um dos seguintes sintomas:
o Dores abdominais, vómito, obstipação seguida ou antecedida por diarreia, cefaleia,
sonolência, letargia, desorientação/confusão, tosse.

Outras formas inespecíficas de apresentação da doença são síndrome febril ictérica aguda e/ou
síndrome febril hemorrágica aguda.

Pontos importantes na história actual e história familiar:

 Saber se o doente já tomou uma terapia antibiótica que pode determinar um quadro
clinico não clássico (o seja dividido em períodos) e mais matizado;
 Saber se o doente apanhou vacina para S. typhi (em Moçambique é rara esta vacina);
 Se outros membros da família o comunidade tem sintomas parecidos.

II. Exame físico

 Bradicardia relativa: considera-se que em geral o pulso aumenta em acerca de 8


batimento por cada grau de febre. Uma criança de um ano tem a frequência cardíaca de
acerca 120/min. Se a criança estiver com febre de 39 graus seria normal que ela estivesse
com batimento de quase 140/min. Uma criança de um ano de idade com febre tifóide e
com 39 de febre pode ter uma frequência normal (120/min) ou menos do que isso.
 Manchas róseas na parede abdominal e no tórax (roséola tífica). Mesmo se for
considerada típicas estão presentes somente em acerca 20-25% das crianças e não são tão
evidentes na pele escura.
 Aumento palpável do fígado e do baço, Icterícia.

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1.7. Complicações
As complicações são mais frequentes e graves ocorrem em lactentes. Elas podem ser:

 Perfuração intestinal com consequente peritonite e hemorragia: dor abdominal intensa,


resistência a palpação do abdómen, vómito, palidez, taquicardia com evolução (se não for
tratada) em bradicardia, hipotensão e choque. O tratamento é cirúrgico com urgência.
 Edema cerebral, meningites, abcesso cerebral: a criança apresenta letargia, convulsões e
pode evoluir em coma.
 Desidratação; Anemia; Hepatite, abcesso do fígado; Pneumonia, artrite, miocardite,
endocardite e Choque.

1.8. Exames Auxiliares e Diagnóstico


Criança com febre tifóide tem alterações do hemograma e da bioquímica. O diagnóstico
específico da febre tifóide baseia-se sempre no isolamento da bactéria.

 Hemograma: na fase inicial da doença, pode-se observar leucopenia, neutropenia,


linfocitose relativa, anemia moderada e trombocitopenia. O surgimento de leucocitose e
neutrofilia, associados à piora clínica ao final do período de estado, sugere alguma das
complicações anteriormente discutidas como perfuração, pneumonia, endocardite. O
surgimento de leucopenia após o início do tratamento com Cloranfenicol pode sugerir
aplasia medular farmacotóxica, indicando a substituição da droga.
 Bioquímica do sangue: as transaminases podem estar moderadamente elevadas
(raramente ultrapassando 500U/l) e a bilirrubina total é aumentada às custas da fracção
directa, traduzindo uma hepatite trans-infecciosa.
 Hemocultura: tem alta sensibilidade, principalmente durante a primeira semana de
infecção. Deve ser solicitada obrigatoriamente para todos os casos suspeitos,
independente da fase em que se encontre; sugerimos a colheita de pelo menos duas
amostras antes de se iniciar a antibioticoterapia.
 Coprocultura: tem maior sensibilidade a partir da terceira semana de infecção; é
particularmente importante no pós-tratamento a fim de se identificar o estado de portador
crónico.

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1.9. Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial não é simples, particularmente em países tropicais. A presença da
bradicardia relativa, característica da febre tifóide, ajuda no diagnóstico diferencial com as outras
causas de febre abaixo mencionadas todas associadas com taquicardia.

Em particularmente no início a febre tifóide deve ser diferenciada da:

 Gastroenterite aguda: a febre é elevada e a criança apresenta sinais gerais severos


apesar de a diarreia ser moderada no início.
 Malária: teste da malária é a primeira análise a ser feita perante uma criança com febre
mas tem uma apresentação muito semelhante de febres altas, astenia, cefaleia, mialgias,
náusea, vómitos, e/ou diarreia e tosse.
 Meningite: ausência de sinais meníngeos específicos e punção lombar negativa para
meningite.
 Hepatite ou Colecistite: enzimas hepáticas são só moderadamente elevadas
 Pneumonia (criança com S.typhi pode ter tosse).
 Sepse por outras bactérias: nas crianças graves (que são internadas), faz-se
hemocultura.

1.10. Conduta
Tratamento Medicamentoso:

 Cloranfenicol 75 mg/kg/dia EV de 8/8 horas, durante 14 dias.


 Em caso de repercussão sistémica significativa ou sinais sugestivos de meningite ou se
não tiver resposta após 48 horas de tratamento com o Cloranfenicol adicionar a
Ampicilina (200 mg/kg/dia EV 6/6 horas), até terminarem os 14 dias.
 No caso em que ocorre a resistência do S.typhi ao Cloranfenicol e a Ampicilina
administrar: Ceftriaxona EV (80-100 mg/kg/dia uma vez por dia), durante sete dias.
 Se existir resistência múltipla há indicação para a administração da Ciprofloxacina EV
47mg/kg/dose 12/12horas.
 Se anemia estiver presente, e dependendo da gravidade, usar suplementos de Ferro e/ou
transfusão de sangue.

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 Em estados graves com septicemia marcada com choque ou coma, pode-se usar
corticosteróides: Prednisolona ou Dexametasona. A Prednisolona administra-se na dose
de 0.5 a 2 mg/kg/dia. Ultrapassada a emergência suspender a corticoterapia depois de 2-3
dias de uso.

Lembrem que também se a crianças esta recebendo o tratamento adequado a febre pode levar 5-7
dias para desaparecer, mesmo se os sinais gerais mostrarem melhoria.

Tratamento não medicamentoso:

 Manter o equilíbrio hidro-electrolítico: líquidos orais (sais de rehidratação oral, água de


coco, sumos) ou por via endovenosa nos estados mais graves: Lactato de Ringer ou Soro
Fisiológico.
 Controlar a febre (arrefecimento corporal, antipiréticos – Paracetamol).

1.11. Critérios de referência


 Lactente ou criança com febre elevada e sinais de repercussão sistémica graves (letargia,
convulsões, rigidez da nuca, bradicardia, pulso fraco) devem ser referidas com urgência.
 Lactente ou criança com sinais de dor abdominal severa associada a resistência
abdominal a palpação, febre e sinais de mal estar geral: deve ser referida com urgência.
 Lactente <12 meses com febre elevada e teste para malária negativo e exame de urina
negativo devem ser referidos para avaliação ao nível superior e execução de mais exames
diagnósticos.
 Criança que apresenta febre elevada durante mais de 5 dias e mal-estar geral com teste da
malária negativo e sem sinais de localização certa da doença (ou sem resposta ao
tratamento antibiótico em caso de localização certa da doença) devem ser referidos para
avaliação ao nível superior e realização de mais exames diagnósticos.
 Criança que apresenta febre elevada, diarreia, fígado e baço palpável e teste da malária
negativo (ou já fez tratamento sem resposta) devem ser referidos para avaliação ao nível
superior e realização de mais exames diagnósticos.

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1.12. Prevenção
Os meios de prevenção da febre tifóide são em parte os mesmos indicados para a prevenção da
diarreia sendo que a doença é transmitida por via oro-fecal. Para isso, deve-se privilegiar a
prevenção primária evitando-se contaminação dos alimentos por meio da higiene das mãos e dos
utensílios usados na sua preparação, a lavagem das mãos depois de ter usado a latrina são as
regras mais importantes na prevenção. Existe uma vacina contra a S.typhi que pode ser
administrada por via IM nas crianças maiores de 2 anos. Esta vacina não faz parte das vacinas
usadas em Moçambique e cria uma imunidade limitada e teria que ser repetida a cada dois anos.
Para além disso, as pesquisas efectuadas para avaliar o nível da sua eficaz nas crianças abaixo de
5 anos ainda não deram resultados certos.

2. INTOLERÂNCIA À LACTOSE

2.1. Definição
Intolerância à lactose é a incapacidade de digerir a lactose (açúcar do leite). O problema é
resultado da deficiência ou ausência de uma enzima intestinal chamada láctase. Esta enzima
possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples, para a sua melhor absorção.

Com o termo intolerância à lactose são definidas três diferentes doenças comummente por falta
da mesma enzima, a láctase. As três formas da intolerância à lactose são:

 Deficiência da láctase Congénita: o recém-nascido não tem a enzima necessária para a


digestão da lactose que é um conteúdo do leite. Apresenta diarreia desde os primeiros
dias com falência de crescimento. Trata-se duma doença muito rara.
 Intolerância tardia: é mais frequente em relação a primeira (em alguma população
abrange até 70% da população adulta). Pode-se apresentar a partir dos 5-6 anos de idade
mas é mais frequente a partir da adolescência. A deficiência da enzima láctase não é total
como na forma congénita e a clínica não é tão severa, ocorre diarreia moderada, distensão
abdominal com dores após a ingestão do leite.
 Intolerância secundária: é a forma mais frequente nas crianças podendo ocorrer após as
gastroenterites (na maioria dos casos é de origem viral).

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2.2. Fisiopatologia
Por causa da falta da actividade (ou da presença na forma congénita) da enzima, a lactose não
pode ser digerida e absorvida no intestino delgado. Quando a lactose chega ao intestino grosso
onde acontece a sua fermentação, causa a passagem de água no lúmen do intestino determinando
uma diarreia osmótica.

Na forma tardia ocorre a redução da actividade da enzima a nível do intestino que acontece
normalmente em muitos mamíferos depois do desmame. Nos ser humanos esta redução começa
após o terceiro ano de vida. Entretanto, os sintomas de intolerância à lactose raramente se
desenvolvem em pessoas com idade inferior a 5-6 anos.

A forma secundária determina lesões ao nível da mucosa do intestino delgado (das vilosidades)
com perda da enzima. A deficiência é transitória pois com a recuperação da mucosa volta-se a ter
a normal função da mucosa.

2.3. Quadro Clínico


I. Anamnese

Geralmente a criança apresenta-se com diarreia que continua após um episódio de gastroenterite
aguda (a intolerância secundaria).

 A diarreia é aquosa e surge na sequência da ingestão de leite ou o consumo de derivados


de leite.
 Associada à diarreia ocorrem: dores abdominais, distensão abdominal e flatulência.

Os sintomas regridem quando a criança não consome o leite. A diarreia não é acompanhada por
febre nem por outros sintomas gerais. Na maioria dos casos a doença autolimita-se em alguns
dias, melhorando quando a mucosa retorna ao estado normal e funcional.

II. Exame Físico

 Dor abdominal não focal o que pode aumentar com a palpação.


 Um aumento significativo na actividade peristáltica no intestino delgado, pode causar um
aumento audível ou palpável em actividade intestinal.

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A intolerância secundária deve ser diferenciada por outras causas de diarreia persistente. As
seguintes características permitem de diferenciar a intolerância secundária a lactose das diarreias
infecciosas:

 A criança apresenta-se de bom estado geral.


 Ausência de febre.
 A diarreia surge só quando consome o leite ou os seus derivados.
 A presença de melhoria devida a mudança da dieta.

2.4. Diagnóstico
O diagnóstico é feito com base na anamnese e exame físico e não quaisquer exames auxiliares.

2.5. Diagnóstico Diferencial


 Doenças diarreicas: pode apresentar com vómitos, febre, dores abdominais, muco ou
sangue nas fezes. Diarreia cronica pode também apresentar com falência de crescimento.
 Síndromes de mal absorção: Evacuação de alimentos não digeridos, fezes com gorduras,
as vezes com muco e com mau cheiro.
 Intolerância proteína: vómitos, diarreia, perda de peso, e falência de crescimento.

2.6. Conduta
Na maioria dos casos a doença não precisa de tratamento.

Nos casos em que ocorre diarreia persistente-crónica que prejudica o crescimento da criança é
aconselhável o uso do leite sem lactose durante o curso da diarreia enquanto a mucosa volta a
normalidade. No caso em que a diarreia é de duração prolongada é indicado a substituição do
leite sem lactose por um tempo. A reintrodução de lactose deve ser gradual. Se a criança tiver
quadro de desnutrição associada podemos tratar com F75 de acordo com as normas de
tratamento da desnutrição.

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CONCLUSÃO
A febre tifóide é causada pela bactéria Salmonella typhi, a transmissão é oro-fecal e a observação
da higiene na preparação dos alimentos e uso das latrinas é um importante meio de prevenção
desta doença. A doença apresenta-se com febre elevada, de longa duração acompanhada por
sintomas não específicos e pode ter prognóstico desfavorável. Pode ser confundida com a
malária e com a meningite. A criança precisa de observação médica.

A intolerância à lactose nas crianças é na maioria dos casos devido a lesões da mucosa intestinal
secundárias após a gastroenterite. Microorganismos diferentes podem também determiná-la.

Os sintomas mais comuns são náusea, dores abdominais, diarreia ácida e abundante, gases e
desconforto. A severidade dos sintomas depende da quantidade ingerida e da quantidade de
lactose que cada pessoa pode tolerar. Em muitos casos pode ocorrer somente dor e/ou distensão
abdominal, sem diarreia. Os sintomas podem levar de alguns minutos até muitas horas para
aparecer. A peristaltase, ou seja, o movimento muscular que empurra o alimento ao longo do
estômago pode influenciar o tempo para o aparecimento dos sintomas. Apesar de os problemas
não serem perigosos eles podem ser bastante desconfortáveis. A doença é na maioria dos casos
transitória e autolimita-se.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
 Stanfield, P, et al. Saúde Infantil - Um manual para os trabalhadores médicos e de saúde
no centro de saúde e hospitais rurais. 1999. 2 ª edição. AMREF.
 Hay, WW Hayward, AR Levin, MJ Sondheimer, JM. Diagnóstico e Tratamento
Pediátrica actual. 16 edição. 2003. Lange-McGraw Hill.
 OMS. Cuidados Hospitalares para criança. ARTMED Editora, S.A; 2008.
 Werner, D., et al. Onde Não Há Médico. TALC. 2008.

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