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MUNICIPAL DE
PREVENÇÃO DO
SUICÍDIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................pg. 04
a. O suicídio no mundo..............................................................pg. 04
b. O suicídio no Brasil................................................................pg. 06
2. PREVENÇÃO DO SUICÍDIO.........................................................pg. 12
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................pg. 26
a. O suicídio no mundo
O suicídio é considerado hoje, pela Organização Mundial de Saúde, como um dos mais
graves problemas de saúde pública no mundo, como demonstram os números a seguir,
com dados a respeito desse fenômeno ao redor do mundo (WHO, 2014):
Buscando uma melhor compreensão desse fenômeno, para efeitos de comparação entre
as populações de diferentes regiões, a Organização Mundial de Saúde utiliza como
índice a média de mortes por ano por grupo de 100.000 hab., sendo esse número
chamado de taxa de suicídio. A taxa de suicídio global é de 11,4 mortes por 100.000
hab., sendo de 15 entre os homens e 8 entre as mulheres.
b. O suicídio no Brasil
O gráfico abaixo mostra a evolução do número de óbitos por suicídio em Ribeirão Preto
no período de 2000 a 2019 (Ministério da Saúde, 2020):
Número de óbitos por suicídio (2000 a 2019)
Informações obtidas no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SVS/MS)
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
Com relação ao perfil demográfico desse fenômeno no município, segue gráfico abaixo
com a distribuição de óbitos por suicídio no município por faixa etária no período de
2000 a 2019:
140
120
100
80
60
40
20
0
05 a 14 15 a 24 25 a 34 35 a 44 45 a 54 55 a 64 65 a 74 75....
Masculino
22%
Feminino
78%
Ignorado
solteiro
32%
37%
União consensual
2%
separado
7%
viúvo casado
2% 20%
0%
9% 2%
20%
69%
Hospital Domicilio
Via pública Outro estabelecimento de saúde
Importante salientar, com relação a faixa etária, o significativo crescimento dos óbitos
por suicídio no município nos jovens entre 0 e 19 anos, o que tem causado grande
impacto na população. Em 2019 dobrou o número de óbitos nessa faixa etária com
relação ao ano anterior (conforme gráfico a seguir):
Também é importante destacar alguns dados que falam sobre o percurso de busca de
ajuda das pessoas que vem a cometer o suicídio, lembrando que o suicídio não é um fato
que ocorre repentinamente, mas é um percurso que varia de dias a anos do primeiro
sinal até o fato consumado. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde),
dois terços dos que cometem suicídio comunicaram claramente essa intenção a parentes
próximos ou amigos, na semana anterior. Esses dados indicam que a maioria dos
suicídios podem ser evitados através da sensibilização da população para a identificação
precoce dos sinais de risco suicida e a informação correta de onde procurar ajuda.
Segundo dados da literatura internacional (Luoma, Martin & Pearson, 2002), 45% das
pessoas que vem a óbito por suicídio foram atendidos por profissionais da Atenção
Primária no mês anterior a sua morte, e 19% se consultaram com algum profissional de
Saúde Mental. No ano anterior ao suicídio, 77% das pessoas foram atendidas em
serviços de Atenção Primária, enquanto 32% delas foram atendidas em serviços de
Saúde Mental. Esses dados mostram a importância da prevenção na Atenção Primária e
a dificuldade de acesso aos serviços de saúde mental.
2. PREVENÇÃO DO SUICIDIO
5 Taxa de
suicidio no
4 municipio de
3 Ribeirão Preto
0
2013 2016 2019
EIXO II:
Prevenção do Articulação inter e Comunicação e conscientização
Suicídio e Intrasetorial da população
Promoção de
Saúde
Poder público
● Programa de Saúde Mental (Secretaria Municipal de Saúde);
● Atenção Básica (Secretaria Municipal de Saúde);
● Vigilância Epidemiológica (Secretaria Municipal de Saúde);
● Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU);
● Unidades de Pronto Atendimento (UPAs);
● Unidade de Emergência Psiquiátrica do Hospital das Clínicas-FMRP;
● Secretaria Municipal da Educação;
● Secretaria Municipal da Cultura;
Sociedade Civil
● Rede Particular de Educação Básica e Ensino Médio;
● Saúde Suplementar;
● Universidades Privadas (cursos da área de saúde);
● Universidades Públicas (cursos da área de saúde);
● Conselhos Profissionais de Classe (profissões relacionadas à área de saúde);
● Centro de Valorização da Vida (CVV);
● ONG(s) que trabalhem com prevenção e promoção de saúde mental;
● Instituição religiosa que trabalhe com prevenção e promoção de saúde mental;
● Usuários e/ou familiar de pessoas que realizam tratamento em Saúde Mental;
● Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP);
A Atenção Básica, como porta de entrada para a assistência em saúde, tem um papel
fundamental na Prevenção e Promoção de Saúde, inclusive a Saúde Mental. Além disso,
conforme dados previamente apresentados, um número significativo das pessoas que
vem a óbito por suicídio é atendida em serviços de Atenção Básica nos meses anteriores
ao óbito, e uma parcela menor destas chega aos serviços especializados de Saúde
Mental. Dito isso, consideramos a Atenção Básica como tendo um papel primordial na
prevenção do suicídio e promoção de saúde mental. Tais ações vão se concentrar em
quatro pontos:
● Ações de Matriciamento, realizadas pelos serviços especializados de
Saúde Mental junto às equipes de Atenção Básica com o intuito de
ampliar e qualificar a capacidade das Unidades Básicas de Saúde de
ofertar cuidado em Saúde Mental;
● Ações coletivas que visem principalmente a Educação em Saúde
Mental e a Promoção de Saúde Mental. Como exemplo dessas ações
temos a implantação, desde 2018, dos Grupos Comunitários de Saúde
Mental na Atenção Básica (hoje eles ocorrem em três unidades de
saúde, com projetos para ampliar para outras unidades). Tais grupos,
além de ações de promoção de saúde e fortalecimento da rede
Como modelo de tais ações temos o Projeto +Contigo, baseado num modelo
desenvolvido em Portugal e implementado em território nacional como projeto piloto
numa parceria entre a Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto e a Escola de Enfermagem
da USP-Ribeirão Preto em uma escola pública municipal. Também podemos destacar
ações que vem sendo realizadas em várias escolas do município com a equipe voluntária
do Instituto de Educação e Cultura Viktor Frankl (IECVF), abrangendo os três níveis de
Vale ressaltar, como dito em tópico anterior, que mais do que ações
pontuais de capacitação, devem-se priorizar ações de educação permanente e construção
de espaços continuados de discussão, conscientização e reflexão sobre o tema.
Os principais meios utilizados em Ribeirão Preto nos óbitos por suicídio, no período de
1997 a 2016, foram:
1) Enforcamento: 54%;
2) Armas de fogo: 14%;
3) Precipitação: 9%;
Esses dados vão de encontro com os dados apontados pela literatura no Brasil e no
mundo, guardada algumas especificidades regionais. No caso das tentativas de suicídio,
prevalecem às tentativas por intoxicação exógena, dado corroborado pela literatura
sobre o tema. Sabemos que um dos meios mais eficazes para a prevenção do suicídio é
dificultar o acesso aos principais meios utilizados. No caso do enforcamento, torna-se
difícil a restrição aos meios, visto a facilidade com que esse meio pode ser obtido, mas
talvez possamos pensar em alguma campanha de conscientização nas principais lojas
que comercializam cordas. Já no caso das armas de fogo, seria necessária uma atuação
conjunta com o poder judiciário e as forças de segurança para pensar em formas de um
controle mais rígido do acesso às mesmas. Sobre as precipitações, vamos falar sobre
esse assunto com mais detalhes no tópico seguinte. Acredito que seria fundamental,
nesse tópico, podermos fazer um levantamento mais aprofundado sobre as principais
substâncias utilizadas no caso das intoxicações exógenas. A atuação da Vigilância
Epidemiológica seria fundamental no levantamento desses dados. Com esses dados em
mãos, seria possível pensar em estratégias para limitar o acesso das pessoas as
principais substâncias utilizadas.
Botega, NJ. (2015) Crise Suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed.
Luoma, J.B.; Martin, C.E.; Pearson, J.L. (2002). Contact with mental health and
primary care providers before suicide: a review of the evidence. American
Journal of Psychiatry, 159: 909-916.