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MINISTÉRIO DA SAÚDE

SECRETARIA ESPECIAL DE SAÚDE INDÍGENA


DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA
COORDENAÇÃO-GERAL DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE INDÍGENA

Material Orientador para Prevenção do Suicídio em Povos


Indígenas

Área técnica de Saúde Mental e Medicinas Tradicionais


CGAPSI/DASI/SESAI

Brasília
Setembro/2017

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“Como saber que móbil determinou o agente,
como saber se, ao tomar a sua resolução,
desejava efetivamente a morte, ou tinha outro
fim em vista? A intenção é algo demasiado
íntimo para poder ser atingida do exterior, a
não ser por aproximações grosseiras”
(Durkheim, 1983, p.166).

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Apresentação

Esse documento é um material didático para orientar as equipes das DIASI e as


EMSI na organização de cuidados em saúde mental para prevenção do suicídio em
populações indígenas, que é um agravo que impacta sobre a saúde desses povos, em
especial entre os mais jovens. Com isso, esse material visa qualificar as ações e
fundamentar os profissionais para acolherem pessoas que tentaram suicídio ou que
sejam parentes de sujeitos que foram a óbito por essa causa.

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................. 6

2. Contextualização ................................................................................................................... 7

3. Características epidemiológicas do suicídio nas populações indígenas brasileiras .............. 8

4. Aspectos Determinantes e Fatores de Risco ....................................................................... 11

5. Ações de prevenção e enfrentamento a situações de suicídio ........................................... 15


5.1. Linha de cuidado integral para atenção e prevenção do suicídio entre jovens indígenas16
5.2. Formas de atuação da EMSI com as pessoas em risco de suicídio .................................. 27

6. Desenho da Rede de Apoio Pessoal .................................................................................... 32

7. Considerações Finais ........................................................................................................... 33

8. Referências Bibliográficas.................................................................................................... 34

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Siglas Utilizadas

AIS- Agente Indígena de Saúde


CASAI-Casa de Saúde Indígena
CRAS - Centro de Referência de Assistência Social
DASI- Departamento de Atenção à Saúde Indígena
DIASI- Divisão de atenção à saúde indígena
DSEI - Distrito Sanitário Especial Indígena
EMSI- Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena
FUNAI- Fundação Nacional do Índio
OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde
OMS – Organização Mundial de Saúde
PTS - Projeto Terapêutico Singular
RT- Referência Técnica
Sasisus - Subsistema de Atenção a Saúde Indígena do Sistema Único de Saúde
SESAI - Secretaria Especial de Saúde Indígena

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1. Introdução

O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena – SASI-SUS – se propõe a produzir


cuidado em saúde de maneira diferenciada, construindo uma forma de organização do
modelo de atenção à saúde adaptado à realidade e às condições de vida dos diversos
povos indígenas. Essa organização diferenciada é uma operacionalização dos
princípios do SUS de integralidade e equidade em saúde. Nesse caso, oferecer uma
atenção integral exige que os serviços e as equipes de saúde considerem as
especificidades dos modos de viver e as diferentes concepções do processo saúde–
doença da população a ser atendida, sendo que diferentes formas de se compreender o
adoecer, o sofrer e o morrer vão interferir nos processos de trabalho das equipes.
Dessa maneira, pode-se afirmar que, além da necessidade primeira de cada
serviço conhecer a fundo a cultura da etnia indígena que atende, torna-se necessário
criar tecnologias de cuidado adequadas às necessidades de saúde das populações
indígenas. Isso exige uma reelaboração das estratégias de cuidado em saúde do
modelo ocidental, que é hegemônico, e a subsequente produção de material
bibliográfico que constitua novas práticas em saúde indígena e que sirva para qualificar
os profissionais de saúde que oferecem assistência a essa população.
O presente material educativo tenta preencher essa lacuna da saúde indígena,
diante da necessidade de adequação das estratégias de prevenção, atenção e
cuidados em saúde às pessoas que tentaram suicídio e aos parentes e amigos
próximos de quem foi a óbito por essa causa. Assim como tem como objetivo apontar
diretrizes gerais para produção de linhas de cuidado locais para prevenção do suicídio.
Este material foi elaborado a partir de uma triangulação de métodos de pesquisa
(MINAYO, 2005): análise dos dados epidemiológicos relacionados a óbitos e tentativas
de suicídio; revisão bibliográfica sobre a temática em populações não indígenas e
indígenas; e sistematização de experiências bem sucedidas realizadas pelas equipes
multidisciplinares de saúde indígena de 4 Distritos Sanitários Especiais Indígenas –
DSEIs. A conjunção e análise desses dados possibilitou a construção de orientações
gerais para o desenvolvimento de uma Linha de Cuidado local para prevenção e
atenção a pessoas em risco para suicídio, considerando-se Linha de cuidado como uma
estratégia “que incorpora a ideia da integralidade na assistência á saúde, o que significa
unificar ações preventivas, curativas e de reabilitação; proporcionar o acesso a todos os
recursos tecnológicos que o usuário necessita” (FRANCO et al., 2003).

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Com isso, a proposta aqui construída é fundamentada na prática das equipes de
saúde indígena e visa disseminar esses conhecimentos para garantir o
desenvolvimento de ações de proteção de pessoas em risco para suicídio.

2. Contextualização

O suicídio é uma das situações de saúde mais complexas a serem abordadas pela
sociedade em geral, autoridades sanitárias, pesquisadores e instituições sociais. Em
torno deste fenômeno multifacetado estão presentes aspectos de grande complexidade
que envolvem desde os estudos científicos sobre o tema, a vigilância em saúde, a
elaboração de políticas públicas de enfrentamento à situação, a divulgação de
informações sobre o assunto na mídia, o processo de elaboração do luto individual,
familiar e comunitário entre sobreviventes, perspectivas culturais e situações sócio-
econômicas envolvidas com o evento, entre muitos outros.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio está entre as 20
principais causas de morte e tem apresentado uma tendência ao aumento em todo o
mundo. Mundialmente este fenômeno chega a ocupar a terceira posição entre as
principais causa de morte nas faixas etárias de 15 a 44 anos. Em alguns países as
taxas de suicídio chegaram a aumentar em 60%. Os dados desta Organização mostram
um aumento deste fenômeno no mundo inteiro.
O suicídio é definido pela Classificação Internacional de Doença - versão 10 –
CID-10 – (X-60 a X-84) como um óbito derivado de “lesões autoprovocadas
intencionalmente” e relaciona-se etiologicamente com uma gama de fatores, que vão
desde os de natureza sociológica, econômica, política, cultural, passando pelos
psicológicos e psicopatológicos, até os genéticos e biológicos. Dessa forma devem ser
rejeitadas explicações simplistas e unívocas para o suicídio. Ainda mais quando se trata
de populações indígenas, não é possível estabelecer generalizações de determinantes.
Considera-se de grande relevância os contextos históricos, sociais, culturais, políticos e
de saúde específicos aos quais estas sociedades estão inseridas e que geralmente são
bastante diferenciados da situação da sociedade nacional envolvente.
Em determinadas populações indígenas no mundo todo o suicídio tem se
mostrado como um problema de saúde desafiador. Foram relatadas altas taxas de
suicídio em populações nativas de Ilhéus no Pacífico Sul, Micronésia, Papua-Nova
Guiné, Austrália, entre outros (OLIVEIRA, C.S. e LOTUFO NETO, F., 2003). O suicídio

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neste tipo de população interage com situações sociais e culturais específicas que
mudam radicalmente a epidemiologia e a etiologia do fenômeno. A mediação da
experiência por modelos explicativos próprios e a situação sócio-econômica destas
populações a partir do histórico de contato com as sociedades envolventes faz com que
o suicídio ganhe um caráter diferente nestas populações. Por outro lado, observa-se
uma insuficiente produção de conhecimento sobre o tema nas áreas da saúde e
antropologia, principalmente que enfoquem a qualificação dos profissionais e do serviço
de saúde e que embasem a criação de ações estratégicas para o problema. Estes
fatores geram grande dificuldade na criação de políticas sociais e de saúde para a
situação e na realização de pesquisas sobre o tema exigindo cautela na abordagem
deste problema de saúde.

3. Características epidemiológicas do suicídio nas


populações indígenas brasileiras

No Brasil o suicídio tem se mostrado um agravo de saúde preocupante em


determinadas populações indígenas. A partir de indícios iniciais de casos foram
realizados levantamentos epidemiológicos sistemáticos para algumas populações com
situações mais alarmantes para este fenômeno. Estes levantamentos demostraram
elevadas taxas de suicídio em comunidades de etnias específicas. Além disso, dados
coletados em grande parte destas populações mostram que este não é um fenômeno
generalizado, mas sim localizado em comunidades e etnias específicas. A partir da
análise destes dados, de estudos etnográficos focados no assunto e da literatura
vigente é possível traçar algumas características determinantes envolvidas neste
fenômeno para estas populações.
Ressalta-se que, desde 2013, a qualificação da vigilância epidemiológica em
saúde mental tem possibilitado a identificação de casos de suicídio de modo precoce e
em lugares onde não se conhecia esse agravo como incidente.

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No gráfico abaixo, pode-se ver que há uma diferença substancial entre 2012 e
2013 e, depois, a curva se estabiliza. Explica-se isso, pelo fato de que em 2013 termos
passado obter dados sobre suicídio de todos os Distritos Sanitários Especiais
Indígenas.

No gráfico a seguir, observa-se a distribuição por faixa etária dos óbitos por
suicídio entre indígenas e não indígenas, sendo que mais da metade dos óbitos de
indígenas está na faixa etária de 10 a 19 anos, o que demonstra que o impacto do
suicídio sobre a população indígena no Brasil ainda é maior do que na sociedade como
um todo, tanto pela maior incidência, quanto pelo fato de que esses óbitos ocorrem
mais cedo, diminuindo a expectativa de vida da população e inviabilizando
socioeconomicamente comunidades inteiras.

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Estas informações têm subsidiado um processo de identificação de fatores de
proteção e fatores de risco para suicídio na população indígena, que fundamentaram a
construção da proposta de linha de cuidado para prevenção do suicídio. Essa proposta
de trabalho parte de uma perspectiva relacionada à ecologia de saberes, na qual um
fenômeno complexo exige uma abordagem e propostas de intervenção múltiplas que
interfiram em diversas nuances desses acontecimentos. Assim, essa área técnica
orienta que as ações de prevenção do suicídio devem levar em consideração as
seguintes perspectivas incluídas na matriz a seguir:

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4. Aspectos Determinantes e Fatores de Risco

A literatura internacional assim como a OMS destacam o suicídio como uma


interação extremamente complexa de inúmeros fatores causais como situações de vida
estressantes, conflitos interpessoais, transtornos mentais, problemas familiares, abuso
de substâncias e doenças físicas (OMS, 2000). Todos estes fatores estão intimamente
ligados com o contexto social e cultural das populações em que ocorrem os eventos.
Dessa forma devem ser rejeitadas todas as explicações simplistas e unívocas para o
suicídio, ainda mais quando se trata de um evento em populações indígenas. Não é
possível estabelecer generalizações de determinantes para estas populações. Os
fatores envolvidos em cada situação variam de acordo com os casos específicos, a
etnia em questão e o contexto social envolvente.
Não existem informações suficientes evidenciando se as altas taxas de suicídio
em comunidades indígenas é um fenômeno decorrente do contato com a sociedade
envolvente ou se é uma prática social anterior a ele. Esta informação permitiria
identificar com maior clareza a influência dos fatores decorrentes deste contato e os
fatores causais inerentes à própria organização social das comunidades. Por outro lado,

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existem evidências suficientes demonstrando que as situações sociais precárias de
diversas comunidades indígenas decorrentes do contato histórico com os não-índios
têm relação com o aumento das taxas de suicídio nestas comunidades.
Neste sentido, estabeleceu-se uma complexa conjuntura social que compõe o
quadro de fatores propiciadores da consumação do ato. Alguns desses fatores serão
sintetizados aqui para fins de entendimento apenas e não categorização, uma vez que,
por atuarem simultaneamente, não é possível discriminar relações diretas de causa-
efeito.

a) Impossibilidade de recuo: dentre alguns dos povos indígenas que possuem


alta taxa de suicídio observa-se o total esgotamento de opções para recuo ou mudança
no espaço geográfico sem nenhuma possibilidade de territórios para que possam viver
enquanto povo com identidade própria (MORGADO, 1991). Até recentemente algumas
dessas comunidades podiam se recuar, o que vinham fazendo ao longo desses cinco
séculos, do litoral para o interior; atualmente, esta prática não é mais possível. Com o
avanço das fazendas, não há possibilidade de recuo das comunidades para outros
espaços. Desterrados de seu habitat natural, estes povos são obrigados a permanecer
em minúsculas reservas.

b) Contexto de violência e pobreza: observa-se que determinadas


comunidades indígenas vivem contextos sociais de pobreza e violência física ou
simbólica. A situação decorrente da limitação do acesso às formas de trabalho e
produção usuais como a terra cultivável, caça, rios e outros, aliada ao contexto de
violência sofrida diretamente nos embates com fazendeiros e madeireiros na disputa
pela terra ou indiretamente na discriminação que sofrem enquanto grupo, gera um
contexto social favoráveis aos eventos de suicídio.

c) Terra enfraquecida, sociedade enfraquecida: à terra reduzida corresponde


um modo de ser também enfraquecido (COLOMA, 2010). Por consequência, a partir da
cosmovisão Guarani, não se pode contribuir adequadamente para a manutenção do
equilíbrio do mundo. Neste sentido, a perda de acesso à terra por parte dos índios,
devido às condições de domínio colonial ao qual os Guarani foram constrangidos,
implica um risco crescente de catástrofe. As lutas para recuperar terras ocupadas
tradicionalmente leva a necessidade de dar continuidade a um processo de
relacionamento constante com a terra que vai além da subsistência, trata-se de uma

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relação fundamental que rege o mundo indígena, uma vez que a natureza não é
desintegrada da cultura e todos os seres, sejam eles vegetais ou animais possuem seu
papel na morfologia social indígena, o que influencia principalmente a prática da
medicina tradicional indígena. Por exemplo, a agressão contra si mesmo é entendida
como o resultado do predomínio de outros espíritos e/ou substâncias sobre o indivíduo,
a ação sendo caracterizada como alheia à vontade da pessoa (COLOMA, 2010).
Em se considerando o fato de que para os índios não existe uma distinção
ontológica entre os vários seres que povoam o Mundo, o ato movido por um ou mais
espíritos sobre o corpo de uma determinada pessoa, e que conduz à sua morte, é
interpretado pelos nativos como sendo, na verdade, um homicídio. Se não há terra, o
corpo enfraquece e se o corpo enfraquece, ele fica subjugado à forças alheias.

d) Conflito geracional e familiar: diante do contexto pós-contato, estes povos


procuram restabelecer, na medida do possível, as condições da morfologia social
indígena que permitam a manifestação de um adequado modo de ser. No entanto,
ocorre que muitas vezes esta tentativa de ressignificação é conflituosa, principalmente
no contexto familiar e geracional. A constante pressão colonial tem favorecido o
surgimento de distintos modos de interpretar o que seria um comportamento adequado,
permitindo a manifestação de conflitos inter e intra-geracionais (COLOMA, 2010). A
família extensa integra, portanto, indivíduos que se encontram em estágios
experienciais diferentes, desenhando um leque muito amplo de posturas morais e de
conhecimentos muitas vezes considerados incompatíveis entre si pelos líderes dessa
unidade sociológica. Assim sendo, os códigos de ética e moral indígena acabam
acentuando ou promovendo conflitos intergeracionais. Por isso, as famílias estão
constantemente a buscar modalidades para superar os impasses por ele produzidos,
bem como tentando processar os novos conhecimentos e modalidades de
comportamento adquiridos por seus membros, adaptando-os e hierarquizando-os para
que se tornem coerentes com a tradição de conhecimento indígena. Por tal razão, fica
evidente que frente a uma crescente diversificação das experiências e dos
conhecimentos disponíveis, multiplicam-se os entendimentos sobre quais seriam os
comportamentos mais adequados e/ou eficazes de se alcançar o bem viver.
A família é tida como núcleo educativo de promoção de uma unidade moral
específica à etnia. Entretanto, com a incorporação de novas referências e normas da
sociedade envolvente, como por exemplo, a motivação para adquirir produtos de
consumo, os interesses da família se chocam com os interesses dos mais jovens. Estes

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povos têm que lidar com a contradição estrutural entre sua visão de mundo e a prática
efetiva, ou seja, a realidade brutal a que estão submetidos. Neste caso, as normas
éticas são facilmente transgredidas levando à tristeza profunda daquele que a
transgrediu ou à tristeza de um jovem a qual a família está instável devido às
transgressões por outros de seus membros. Além disso, o próprio modelo de educação
formal (escola indígena) ao qual o jovem indígena está inserido, pouco ou quase nada
contempla o aprendizado dos saberes indígenas importantes à construção de uma
perspectiva de vida e formas de convivência. Tal constatação implica em uma dimensão
coletiva dos fatores de fragilidade emocional-afetiva.

e) Passagem para a vida adulta: a fase que marca a passagem para vida adulta
é marcada por críticas e intensa pressão moral feita pelos mais velhos. O
amadurecimento é um critério importantíssimo dentre os diversos povos indígenas no
Brasil, o que pode ser percebido pela importância dada aos rituais de passagem que
acabam por determinar um status de pessoa ao jovem em iniciação. A passagem para
vida adulta será marcada também pelo casamento e em todas as implicações sociais
regidas por ele. Enfim, o jovem deve se submeter a uma relação estreitamente marcada
pelas regras tradicionais de parentesco que se choca com a realidade moderna dos
jovens indígenas de realização de um desejo amoroso (ERTHAL, 2001).

f) Relações com a sociedade envolvente: muitos povos indígenas foram


capturados pela cidade, sem chances de qualquer inserção ocupacional para garantir-
lhes uma sobrevivência essencial, ou seja, suas chances de inserção na sociedade
envolvente são escassas permitindo o surgimento de uma estigmatização da imagem
do indígena nas cidades e na discriminação decorrente deste estigma. Em acréscimo, o
patrimônio material e cultural de muitos povos tem sido constantemente ameaçado pelo
confinamento a que estão submetidos e/ou pelas condições de pobreza que perpassam
a comunidade, pela intrusão de suas terras, pelas Usinas Hidrelétricas, garimpos, etc.
Todos estes fatores impactam enormemente sobre as formas de viver destas
comunidades, de forma abrupta e muitas vezes irreversível.

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5. Ações de prevenção e enfrentamento a situações de
suicídio

Iniciou-se no primeiro semestre de 2014 um processo de implementação de um


projeto de qualificação das estratégias de cuidado para prevenção do suicídio nos
DSEI. A linha de cuidado apresentada a seguir foi construída inicialmente por
profissionais das EMSI e da Divisão de Atenção à Saúde Indígena – DIASI – do DSEI
Alto Rio Solimões.
Para elaboração dessa linha de cuidado buscou-se conhecer primeiramente o que
a equipe entendia sobre as questões relacionadas ao suicídio, para posteriormente,
discutir-se conteúdos teóricos sobre antropologia e saúde mental. Os conteúdos
trabalhados diziam respeito à compreensão do fenômeno do suicídio a partir das
construções teóricas do campo da Saúde Mental e da antropologia da saúde. Cada
assunto teórico foi discutido conjuntamente com o plano de ação formulado pelos
profissionais, que foram construindo, coletivamente, uma linha de cuidado integral para
atenção e prevenção do suicídio entre jovens indígenas.
Essa produção foi rediscutida junto aos enfermeiros de polos base do DSEI Mato
Grosso do Sul, que trouxeram contribuições e reflexões gerais e locais a essa linha de
cuidado. Cada sugestão discutida foi incluída na linha de cuidado integral para atenção
e prevenção do suicídio entre jovens indígenas, que teve o resultado final apresentado
no item seguinte.

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5.1. Linha de cuidado integral para atenção e prevenção do
suicídio entre jovens indígenas
A proposta a seguir é condizente com a realidade de grupos indígenas de
diferentes regiões do país e destaca aquilo que é comum entre as etnias que têm o
suicídio como um agravo de forte impacto sobre a saúde de seus jovens.
Essa linha de cuidado se dedica a identificar pessoas em risco e qualificar
cuidados a famílias e grupos que sofrem as consequências das perdas de entes
queridos por causa do suicídio. Tais linhas de cuidado ainda preveem atribuições de
profissionais das equipes multidisciplinares de saúde indígena e de profissionais do
campo da saúde mental na oferta de atenção psicossocial. Estas ações se inserem no
âmbito da atenção básica nas aldeias e procuram garantir o acompanhamento e
acolhimento das famílias em risco por meio da elaboração de Projetos Terapêuticos
Singulares para cada usuário. Estes Projetos Terapêuticos procuram se adequar às
especificidades culturais locais de forma a incluir a participação dos cuidadores
indígenas no processo como os pajés, rezadores, raizeiros, considerando as
perspectivas e modelos explicativos indígenas sobre o suicídio. Estas propostas ainda
preveem a articulação e ações junto aos pontos de atenção da Rede de Atenção
Psicossocial dos estados e municípios a partir do desenvolvimento de ações conjuntas
nas aldeias. Essas estratégias estão sob avaliação e as práticas bem sucedidas serão
replicadas em outros DSEIs.
A proposta de linha de cuidado produzida junto as EMSI e aos profissionais de
Saúde Mental foi a seguinte:

5.1.1. Linha de Cuidado Integral nos casos de ocorrência de


suicídio

Em caso de ocorrência de óbito por Suicídio, o 1º passo a ser dado pela equipe é
comunicar a DIASI sobre a ocorrência e iniciar o processo de notificação do óbito
conforme o fluxo indicado no INSTRUTIVO DA FICHA COMPLEMENTAR DE
INVESTIGAÇÃO/NOTIFICAÇÃO DE TENTATIVAS E ÓBITOS POR SUICÍDIO EM
POVOS INDÍGENAS (ANEXO I).
O 2º passo diz respeito à cautela na abordagem de famílias e/ou comunidades
enlutadas. Deve-se considerar e conhecer os rituais funerários da etnia para que

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apenas após o período sacralizado considerado como Luto se faça qualquer ação de
cuidado aos familiares do falecido.
O 3º passo deve ser a Investigação do óbito conforme o fluxo estipulado pelo
Grupo Técnico Distrital de Investigação de Óbito Indígena, além de completar o
preenchimento das informações solicitadas na Ficha Complementar de investigação/
notificação de tentativas e óbitos por suicídio em povos indígenas. Essas informações
devem ser solicitadas a família da vítima de maneira humanizada e cuidadosa,
respeitando-se a família caso não queiram falar sobre o assunto.
O 4º passo é complementar ao anterior, já que conjuntamente ao início da
investigação do óbito, a EMSI e os profissionais de saúde mental devem oferecer
escuta qualificada para acolher o sofrimento da família. Assim, a ESCUTA é importante
para que o usuário possa:
 Sair do lugar de silêncio e incompreensão ocasionados em muitas
situações de suicídio.
 Ter um espaço de reconhecimento do usuário como portador de um
sofrimento.
 Ter uma relação de confiança e suporte diante de situações de
vulnerabilidade provocadas pelo evento.
 Construir uma narrativa explicativa sobre o efeito daquela situação sobre
sua trajetória de vida.
A escuta dos modelos explicativos indígenas sobre o fenômeno do suicídio é o
componente mais importante nessa fase, já que é a partir da perspectiva que o grupo
familiar entende o que está ocorrendo com ele é que se poderão encontrar alternativas
potentes e protetoras da vida.
O 5º Passo diz respeito à identificação dos familiares em risco de novas tentativas
de suicídio, já que a ocorrência de um óbito por essa causa, desperta ideação suicida
em familiares próximos e amigos. Com isso, é necessário o mapeamento da rede de
relações pessoais da pessoa que foi a óbito. Uma ferramenta que pode contribuir nessa
identificação é o Genograma, que é a representação gráfica de uma família por meio de
símbolos, possibilitando uma abordagem eficaz das dinâmicas familiares.
“O genograma consiste em um diagrama que detalha a estrutura e
o histórico familiar, fornece informações sobre os vários papéis de
seus membros e das diferentes gerações que compõem a família.
É um mapa esquemático, porém, para ser elaborado, necessita
uma entrevista acerca da família em seus diferentes ciclos de
vida” (Athayde, ES & Gil, CRR, 2005, p.15)

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Essa ferramenta será adaptada às necessidades de cuidado dos familiares da
vítima. Assim, é necessário apenas incluir no mapa das relações a família nuclear, os
parentes de primeiro grau com maior vínculo e amigos que podem foram afetados pela
perda afetiva que sofreram. Destacando o grau de parentesco, a idade, sexo e situação
conjugal das pessoas presentes no gráfico. Essa atividade deve ser realizada
conjuntamente pelo psicólogo e por profissionais da EMSI, destacando-se o AIS.
A partir da identificação dos principais vínculos afetados pela perda da pessoa, o
próximo passo (6º passo) é levar em conta os principais fatores de risco para novas
tentativas de suicídio, para uma, posterior, identificação dos sujeitos com maior
probabilidade de virem a tentar suicídio.
Os FATORES DE RISCO PARA SUICÍDIO apresentados a seguir foram
elaborados a partir de três fontes: a bibliografia existente sobre o suicídio de jovens
indígenas (ERTHAL, 2001; ERTHAL, 1999; COLOMA, 2010; UNICEF, 2013; SOUZA,
2013), os dados epidemiológicos sobre o agravo nos últimos cinco anos e a experiência
dos próprios profissionais. Dessa forma, considera-se que a equipe deve oferecer um
cuidado diferenciado, acompanhando e monitorando o sujeito que:

 Tenha histórico de outras mortes por suicídio na família;


 Tenha tentativas de suicídio no histórico pessoal;
 Faixa etária entre 12 e 25 anos de idade
 Seja do sexo masculino (Conforme os dados epidemiológicos, os
garotos têm maior risco de suicidar-se do que as garotas);
 Faça uso prejudicial álcool;
 Tenha conflitos geracionais com pais e/ou avós;
 Tenha conflitos afetivos com namorada (o) ou cônjuge;
 Tenha conflitos relacionados ao exercício da sexualidade

Qualquer pessoa desenhada no genograma que apresente pelo menos um desses


fatores de risco elencados acima deve ser destacada no mapeamento, pintando-se o
seu símbolo de identificação de vermelho, assim como se pode ver no exemplo abaixo.
Esse genograma adaptado foi desenvolvido junto a EMSI a partir de um caso real, que
foi de uma jovem de 13 anos que foi a óbito (círculo em preto no centro do desenho).

Genograma Adaptado

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O 7º passo trata-se da construção das ações de cuidado a serem ofertadas às
pessoas que foram identificadas como em risco de suicídio no genograma adaptado
(pessoas em vermelho). Nesse momento, torna-se necessário construir-se um Projeto
Terapêutico Singular(PTS) para cada sujeito ou família. Isso porque se compreende
que o cuidado permanente e a atenção constante são as melhores estratégias para
prevenção de novas tentativas de suicídio.
O PTS é uma estratégia de planejamento de um cuidado integrado e específico
para esses sujeitos ou grupos, requerendo-se a ativação de uma rede de cuidados para
melhorar as condições de vida e oferecer suporte psicossocial ao sujeito, família e/ou
grupo e deve ser produzido conjuntamente com EMSI, profissional de saúde mental e
família, já que essa proposta busca a participação e a co-responsabilização do usuário
na produção do cuidado para sua saúde. Dentro desse plano de ações devem estar
incluído duas principais estratégias. A primeira é a articulação com um cuidador
tradicional indígena para colaborar no cuidado desse grupo familiar, justamente, para
que se possam integrar ações e cuidados com as práticas e saberes tradicionais, e a
segunda é a elaboração da Rede protetora para pessoa em risco ou família, em que se
elabora um novo desenho buscando-se identificar os pontos de apoio e suporte pessoal
e social da pessoa, isto é, devem-se identificar quais vínculos já existentes podem

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servir como elementos de proteção e cuidado da pessoa em risco. Por exemplo,
identificar um tio ou uma tia com que o garoto que perdeu a irmã e já tentou suicídio,
tem maior proximidade e confiança e se sinta acolhido e apoiado. Ressalta-se que cada
pessoa identificada como em risco no genograma adaptado, deve ter uma rede
protetora elaborada.

REDE PROTETORA DA PESSOA Vínculos estáveis de confiança e cuidado atuais:


(Identificar com nome e parentesco, no caso de pessoas, e local e nome do grupo e/ou
instituições)

 Sujeito


Essa atividade deve ser feita em conjunto com o usuário, para se identificar as
relações de apoio que existem ou que possam ser acionadas. È possível também se
incluir nesse desenho recursos materiais, grupos, ou instituições presentes no território
que assessorem as condições psicossociais da pessoa. Esse tipo de atividade com
recursos gráficos possibilita à pessoa visualizar materialmente as possibilidades de
apoio que tem e os recursos que pode acessar. Esse desenho pode mapear vínculos
que dão sentido à vida da pessoa, sendo assim, fatores de proteção e organização da
vida. Por isso, é importante reforçar os pontos positivos da vida da pessoa atendida.
Essa atividade é ainda mais valiosa ao ser replicada na atenção à saúde de pessoas
indígenas, que têm uma compreensão melhor de certos conhecimentos ao serem
abordados através de desenhos e figuras.
O 8º Passo busca a ativação dos pontos de suporte identificados na rede de
cuidado desenhada junto à pessoa e/ou família, sendo que é tarefa da equipe e do
profissional de saúde mental solicitarem colaboração dessas pessoas identificadas. É
claro, que o profissional de saúde mental tem maiores conhecimentos para orientar os
sujeitos para darem suporte psicossocial às pessoas em risco. Justamente, por isso,
integrado a esse passo, elencam-se as tarefas permanentes que cada ator do serviço
de saúde deverá realizar durante o monitoramento das pessoas em risco de suicídio.
Considera-se que as ações mais efetivas são a manutenção da rede de cuidados,
o acompanhamento psicossocial individual ou em grupo e as visitas domiciliares
realizadas semanalmente. Para manutenção da rede de cuidados é necessário que se
oriente os pontos de suporte, como já dito acima e essa tarefa é de responsabilidade do

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psicólogo e da EMSI. Enquanto isso, o acompanhamento psicossocial deverá ser
realizado pelo profissional de saúde mental e as visitas domiciliares semanais serão
feitas pela EMSI, em especial junto ao AIS.
O Instituto NOOS indica o trabalho em rede como uma possibilidade para ajudar a
pessoa a encontrar alternativas menos danosas de relação com a vida. Assim, na rede
“quem está fora pode “lançar cordas” e quem está dentro, encontrar meios de sair”
(Instituto NOOS, 2010).
Apesar disso, é relevante apontar o vínculo entre profissional e usuário como
principal elemento de bom andamento do trabalho e também evolução na resolução de
problemas através do diálogo.
Pode-se afirmar que as experiências bem sucedidas de ações em saúde mental
no contexto indígena são diretamente relacionadas à qualidade do vínculo entre equipe
de saúde e usuários indígenas, ressaltando-se assim: “Saúde Mental é Vínculo”.
Abaixo, disponibiliza-se um esquema gráfico resumido da Linha de Cuidado
apresentada:

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ÓBITO POR SUICÍDIO
1º PASSO:
NOTIFICAÇÃO E COMUNICAÇÃO AO DIASI

2º PASSO:
RESPEITAR O PERÍODO DE LUTO DA FAMÍLIA
jf
3º PASSO:
INVESTIGAR O ÓBITO CONFORME O FLUXO DA V.O +
PREENCHIMENTO DA FICHA COMPLEMENTAR DA SESAI

4º PASSO:
EMSI+SM : ESCUTA QUALIFICADA DE FAMILIARES E AMIGOS

5º PASSO:
GENOGRAMA DO RISCO DE SUICÍDIO

6º PASSO:
IDENTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM RISCO:
• HISTÓRICO FAMILIAR;
• TENTATIVAS ANTERIORES;
• FAIXA ETARIA
• FATORES SUBJETIVOS
• USO DE ALCOOL
• CONFLITO COM OS PAIS
• CONFLITOS AFETIVOS SEXUAIS
• CONFLITOS RELACIONADOS À SEXUALIDADE

7º PASSO:
PTS ELABORADO PORS SM +EMSI+FAMILIA (SE POSSÍVEL)

22
8º PASSO: IDENTIFICAÇÃO DE PONTOS DE SUPORTE

•PESSOAS,GRUPOS,INSTITUIÇÕES DA COMUNIDADES

Profissional Profissional
EMSI
de SM + EMSI de SM

ORIENTAÇÃO ACOMPANHAMENTO
PSICOSSOCIAL ÀS PSICOSSOCIAL VISITA DOMICILIAR
PESSOAS SEMANAL, SEMANAL ÀS
IDENTIFICADAS INDIVIDUAL E/OU EM PESSOAS DE RISCO
COMO SUPORTE GRUPO

5.1.2. Linha de Cuidado Integral nos casos de tentativas de


suicídio

Abaixo, disponibiliza-se a Linha de Cuidado para atenção às Tentativas de


suicídios entre jovens indígenas, sendo que a proposta de trabalho é essencialmente a
mesma da apresentada acima nos casos de óbitos. Contudo, exclui-se as ações
relacionadas a investigação do óbito, mesmo mantendo-se a importância da notificação
da tentativa de suicídio conforme INSTRUTIVO DA FICHA COMPLEMENTAR DE
INVESTIGAÇÃO/NOTIFICAÇÃO DE TENTATIVAS E ÓBITOS POR SUICÍDIO EM
POVOS INDÍGENAS (ANEXO I).

No caso de tentativas de suicídio, a vitima deve ser incluída em todos os passos


propostos no esquema anterior, como, por exemplo, no genograma adaptado em que o
centro do desenho terá como referência a própria pessoa que tentou suicidar-se e
também no caso da Rede protetora da pessoa em que a vítima deverá ter um cuidado
especial para não reincidir em nova tentativa.

23
O esquema gráfico abaixo esclarece as diferenças nas ações de cuidado às
tentativas de suicídio:

TENTATIVA DE SUICÍDIO
1º PASSO:
NOTIFICAÇÃO E COMUNICAÇÃO AO DIASI

2º PASSO:
VISITA DOMICILIAR PARA A INVESTIGAÇÃO DA TENTATIVA:
EMSI+PSI

3º PASSO: EMSI+SM : ESCUTA QUALIFICADA DE VÍTIMA,


FAMILIARES, AMIGOS

4º PASSO:
GENOGRAMA DO RISCO DE SUICÍDIO( com a vÍtima no
centro do desenho)

5º PASSO:
IDENTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM RISCO:
• HISTÓRICO FAMILIAR;
• TENTATIVAS ANTERIORES;
• FAIXA ETARIA
• FATORES SUBJETIVOS
• USO DE ALCOOL
• CONFLITO COM OS PAIS
• CONFLITOS aFETIVOS SEXUAIS
• CONFLITOS RELACIONADOS À SEXUALIDADE

6º PASSO:
PTS ELABORADO POR SM + EMSI+FAMILIA (SE POSSÍVEL)

24
7º PASSO: IDENTIFICAÇÃO DE PONTOS DE SUPORTE

• PESSOAS,GRUPOS,INSTITUIÇÕES DA COMUNIDADES

Profissional Profissional
EMSI
de SM + EMSI de SM

ACOMPANHAMENTO
ORIENTAÇÃO
PSICOSSOCIAL VISITA DOMICILIAR
PSICOSSOCIAL ÀS
SEMANAL, SEMANAL ÀS
PESSOAS
INDIVIDUAL E/OU EM PESSOAS DE RISCO,
IDENTIFICADAS
GRUPO À VÍTIMA E INCLUINDO A VÍTIMA
COMO SUPORTE
OUTRAS PESSOAS

Como se trata de uma linha de cuidado integral para prevenção desse agravo tão
impactante sobre a saúde dos povos indígenas, não se poderia deixar de lado a
formulação de ações de prevenção primária do Suicídio, assim como, ações de
promoção da saúde produtoras de Bem Viver. Afinal, pode-se afirmar que o suicídio
ocorre em comunidades onde os espaços de afirmação e expressões de vida estão
restritos. Assim, ainda se propõem ações que contemplassem o Bem Viver da
comunidade, a partir de uma perspectiva ampliada. As ações planejadas estão
dispostas no esquema abaixo:
Além destas ações de oferta de cuidado para famílias já em risco, também é
necessário que se produzam estratégias de promoção da saúde e prevenção do
suicídio que envolve a participação comunitária das populações indígenas em sua
construção em articulação com diferentes políticas públicas nos campos da cultura,
proteção territorial, assistência social, esporte e lazer, etc. contando com a participação
das secretarias municipais, estaduais e também da FUNAI. Estas estratégias devem
procuram abranger diferentes determinantes sociais da saúde e incluem estratégias de

25
valorização sociocultural das diferentes etnias em ações como jogos indígenas, oficinas
de promoção de saúde, mobilização social, arte e cultura. Foram constatados
resultados positivos que demonstram a efetividade destas ações comunitárias
participativas e intersetoriais como forma de promover saúde e prevenir o suicídio.
Ainda é necessária a articulação de projeto intersetoriais que discutam o tema da
identidade do jovem indígena, que é importante para a construção de alternativas de
vida para os jovens, que não têm encontrado perspectivas satisfatórias.

AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE

• PROMOÇÃO DA SAÚDE E ARTICULAÇÃO COM AS


PRÁTICAS TRADICIONAIS: EMSI+JOVEM
• PRÁTICAS ESPORTIVAS+RODA DE CONVERSA
• IDENTIFICAÇÃO E REUNIÃO COM CUIDADORES
INDÍGENAS
• AÇÕES PROPOSTAS PELA PRÓPRIA COMUNIDADE PARA
FORTALECER A MOBILIZAÇÃO SOCIAL E O
PROTAGONISMO COMUNITÁRIO

AÇÕES DE PREVENÇÃO AO SUICÍDIO

• EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS COM TEMAS SOBRE


EMOÇÃO,AUTO-ESTIMA,PROJETO DE VIDA,JUVENTUDE;

26
5.2. Formas de atuação da EMSI com as pessoas em risco de
suicídio
As orientações que se seguem baseiam-se no manual de prevenção do suicídio
elaborado pela OMS (2000), que pertence a uma série de recursos destinados a grupos
sociais e profissionais específicos, especialmente relevantes para a prevenção do
suicídio.

POR QUE O ENFOQUE NA EQUIPE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE?

• A equipe de atenção primária tem um longo e próximo contato com a comunidade e


são bem aceitos pela população local.
• A equipe provê um elo vital entre a comunidade e o sistema de saúde.
• O seu conhecimento da comunidade permite-lhe reunir o apoio dos familiares, amigos
e organizações.
• Esse profissional está em posição de oferecer cuidado continuado.
• É também a porta de entrada aos demais serviços de saúde.
Em resumo, os profissionais de saúde da atenção primária são disponíveis,
acessíveis, detentores de conhecimento e comprometidos com a promoção de saúde.

ALCOOL E SUICÍDIO
• Cerca de um terço dos casos de suicídio estão ligados à dependência do álcool;
• 5 – 10% das pessoas dependentes de álcool terminam sua vida pelo suicídio;
• No momento do ato suicida muitos se apresentam sob a influência do álcool.

Caracteristicamente, pessoas com problemas relacionados ao álcool que


cometem suicídio são preferencialmente as que:
• iniciaram o consumo de álcool em idade bem jovem;
• vêm consumindo álcool por um longo período;
• bebem em grandes quantidades;
• têm uma saúde física pobre;
• sentem-se deprimidas;
• têm vidas pessoais perturbadas e caóticas;
• sofreram uma grande perda interpessoal recente, como separação da mulher e/ou
família, divórcio ou perda da pessoa amada;
• têm um desempenho limitado no trabalho.

SUICÍDIO – FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E AMBIENTAIS


Sexo: homens cometem mais suicídio que mulheres, mas mais mulheres tentam
suicídio.
Idade: A taxa de suicídio tem dois picos:

27
• em jovens (15 – 35 anos);
• em idosos (acima de 75 anos).
Estado Civil: pessoas divorciadas, viúvas e solteiras têm maior risco do que pessoas
casadas. As que vivem sozinhas ou são separadas são mais vulneráveis.
Desemprego: perda do emprego, mais do que o fato de estar desempregado, foi
associado com suicídio.
Migração: pessoas que se mudaram de uma área rural para urbana, ou diferentes
regiões, ou países, são mais vulneráveis a comportamento suicida.

FATORES AMBIENTAIS

Estressores da Vida
A maioria dos que cometem suicídio passaram por acontecimentos estressantes nos
três meses anteriores ao suicídio, como:
• Problemas interpessoais: ex. discussões com esposas, família, amigos, namorados;
• Rejeição – ex.: separação da família e amigos;
• Eventos de perda – ex.: perda financeira, luto;
• Problemas financeiros e no trabalho – ex.: perda do emprego, aposentadoria,
dificuldades financeiras;
• Mudanças na sociedade – ex.: rápidas mudanças políticas e econômicas;
• Vários outros estressores como vergonha e ameaça de serem considerados culpados.

Facilidade de acesso
O imediato acesso a um método para cometer suicídio é um importante fator
determinante para um indivíduo cometer ou não suicídio. Reduzir o acesso a métodos
de cometer suicídio é uma estratégia efetiva de prevenção.

Exposição ao suicídio
Uma pequena parcela dos suicídios consiste em adolescentes vulneráveis que são
expostos ao suicídio na vida real, ou através dos meios de comunicação, e podem ser
influenciados a se envolver em comportamento suicida.

COMO AJUDAR A PESSOA COM RISCO DE SUICÍDIO?

O contanto inicial com a pessoa em risco de suicídio é muito importante.


Frequentemente o contato ocorre numa clínica, casa ou espaço público, onde pode ser
difícil ter uma conversa particular.

1. O primeiro passo é achar um lugar adequado onde uma conversa tranquila possa ser
mantida com privacidade razoável.
2. O próximo passo é reservar o tempo necessário. Pessoas com ideação suicida
usualmente necessitam de mais tempo e precisa-se estar preparado para lhes dar
atenção.
3. A tarefa mais importante é ouvi-las efetivamente.

“Conseguir esse contato e ouvir é por si só o maior passo para reduzir o nível de
desespero suicida.”

Como se comunicar
• Ouvir atentamente, ficar calmo.
• Entender os sentimentos da pessoa (empatia).

28
• Dar mensagens não-verbais de aceitação e respeito.
• Expressar respeito pelas opiniões e valores da pessoa.
• Conversar honestamente e com autenticidade.
• Mostrar sua preocupação, cuidado e afeição.
• Focalizar nos sentimentos da pessoa.

Como não se comunicar


• Interromper muito frequentemente.
• Ficar chocado ou muito emocionado.
• Dizer que você está ocupado.
• Tratar o paciente de maneira que o coloca numa posição de inferioridade.
• Fazer comentários invasivos e pouco claros.
• Fazer perguntas indiscretas.

Uma abordagem calma, aberta, de aceitação e de não-julgamento é fundamental


para facilitar a comunicação. Ouça com cordialidade. Trate com respeito. Empatia
com as emoções. Cuidado com o sigilo.

Mitos Fatos
Pessoas que ficam ameaçando suicídio A maioria das pessoas que se matam
não se matam deram avisos de sua intenção
Quem quer se matar, se mata mesmo A maioria dos que pensam em se matar,
têm sentimentos ambivalentes
Suicídios ocorrem sem avisos Suicidas freqüentemente dão ampla
indicação de sua intenção
Nem todos os suicídios podem ser Verdade, mas a maioria pode-se prevenir
prevenidos
Uma vez suicida, sempre suicida Pensamentos suicidas podem retornar,
mas eles não são permanentes e em
algumas pessoas eles podem nunca mais
retornar

COMO ABORDAR O PACIENTE ?


Quando a equipe de saúde primária suspeita que exista a possibilidade de um
comportamento suicida, os seguintes aspectos necessitam ser avaliados:
• Estado mental atual e pensamentos sobre morte e suicídio;
• Plano suicida atual – quão preparada a pessoa está, e quão cedo o ato está para ser
realizado;
• Sistema de apoio social da pessoa (família, amigos, etc.).

A melhor maneira de descobrir se uma pessoa tem pensamentos de suicídio é


perguntar para ela. Ao contrário da crença popular, falar a respeito de suicídio não
coloca a ideia na cabeça das pessoas. De fato, elas ficarão muito agradecidas e
aliviadas de poder falar abertamente sobre os assuntos e questões com as quais estão
se debatendo.

Como perguntar?
Não é fácil perguntar para uma pessoa sobre sua ideação suicida. Ajuda se você
chegar no tópico gradualmente.
Algumas questões úteis são:
• Você se sente triste?

29
• Você sente que ninguém se preocupa com você?
• Você sente que a vida não vale mais a pena ser vivida?
• Você sente como se estivesse cometendo suicídio?

Quando perguntar?
• Quando a pessoa tem o sentimento de estar sendo compreendida;
• Quando a pessoa está confortável falando sobre seus sentimentos;
• Quando a pessoa está falando sobre sentimentos negativos de solidão, desamparo,
etc.

O que perguntar?
Descobrir se a pessoa tem um plano definido para cometer suicídio:
• Você fez algum plano para acabar com sua vida?
• Você tem uma ideia de como você vai fazê-lo?
Descobrir se a pessoa tem os meios para se matar:
• Você tem pílulas, uma arma, inseticida, ou outros meios?
• Os meios são facilmente disponíveis para você? 3. Descobrir se a pessoa fixou uma
data:
• Você decidiu quando você planeja acabar com sua vida?
• Quando você está planejando fazê-lo?

RECURSOS DA COMUNIDADE

As fontes de apoio usualmente disponíveis são:


• Família;
• Amigos;
• Colegas;
• Liderança religiosa/ pajé;
• Professores;
• Profissionais de saúde.

Como obter estes recursos?


• Tente conseguir permissão do paciente para recrutar quem possa ajudá-la, e depois
entre em contato com essas pessoas.
• Mesmo que a permissão não seja dada, tente localizar alguém que seria
particularmente compreensivo com o paciente.
• Fale com o paciente e explique que algumas vezes é mais fácil falar com um estranho
do que com uma pessoa amada, para que ele ou ela não se sinta negligenciado ou
ferido.
• Fale com as pessoas de apoio sem acusá-las ou fazê-las sentirem-se culpadas.
• Assegure novamente seu apoio nas ações que serão tomadas.
• Fique atento, também, às necessidades dos que se propuseram a ajudar.

O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER

O que fazer
• Ouvir, mostrar empatia, e ficar calmo;
• Ser afetuoso e dar apoio;
• Leve a situação a sério e verifique o grau de risco;
• Pergunte sobre tentativas anteriores;

30
• Explore as outras saídas, além do suicídio;
• Pergunte sobre o plano de suicídio;
• Ganhe tempo – faça um contrato;
• Identifique outras formas de dar apoio emocional;
• Remova os meios, se possível;
• Tome atitudes, conte a outros, consiga ajuda;
• Se o risco é grande, fique com a pessoa.

O que não fazer


• Ignorar a situação;
• Ficar chocado ou envergonhado e em pânico;
• Falar que tudo vai ficar bem;
• Desafiar a pessoa a continuar em frente;
• Fazer o problema parecer trivial;
• Dar falsas garantias;
• Jurar segredo;
• Deixar a pessoa sozinha.

CONCLUSÃO: Compromisso, sensibilidade, conhecimento, preocupação com outro ser


humano e a crença de que a vida é um aprendizado que vale a pena - são os principais
recursos que os profissionais de saúde primária têm; apoiados nisso eles podem ajudar
a prevenir o suicídio.

31
6. Desenho da Rede de Apoio Pessoal

Após a proposição dessa linha de cuidado, dispõe-se uma ferramenta para


abordagem da Rede de Apoio Pessoal. Nessa ferramenta, os sujeitos são convidados a
desenharem em uma folha de papel a rede de relações que o apoiam na vida.
Primeiramente, solicita-se que se desenhem e, em seguida, pensem em coisas e
pessoas lhe fazem bem. A consigna dita pelo facilitador é a seguinte: “Desenhe, em
volta de você, aquilo que lhes traz alegria e motivação na vida. O que lhe dá vontade de
viver?”. Além disso, ele é solicitado a escrever uma palavra que represente a emoção
que o liga a cada membro de sua rede. É interessante que palavras sejam colocadas ao
lado das setas que ligam o desenho da pessoa aos outros membros que incluiu em sua
rede.
Com isso, busca-se levar o sujeito a reconhecer a rede de relações de
pertencimento pela qual é apoiado e motivado, dando visibilidade ao lugar que ocupa
no mundo, sendo também um modo de materializar o sentimento de pertença, que
como vimos anteriormente é uma sensação muito importante para a prevenção da
ideação suicida.
Considera-se essa ferramenta como de extrema importância por ser replicável
com os pacientes, em especial, aqueles com ideação suicida, que têm grande
vulnerabilidade na articulação de redes de suporte pessoal e social e na manutenção de
vínculos. Ofertar esse tipo de ferramenta incentiva os profissionais de atenção básica a
acolherem questões relacionadas a saúde mental, sentindo-se mais confiantes para
abordarem os sentimentos e emoções trazidos pelos pacientes.

32
7. Considerações Finais
Essa linha de cuidado integral oferta diretrizes para ações das equipes na
prevenção do suicídio com base em ações de vigilância, monitorando-se em especial as
pessoas mais vulneráveis a esse agravo. Contudo, essa proposta parte de uma
perspectiva ampliada sobre a implantação de ações se saúde mental na atenção
básica, tanto pelo fato de compreender que se deve oferecer atenção ao sofrimento de
todo os usuários, não apenas daqueles diagnosticados com transtornos psiquiátricos,
quanto pela importância que se dá à integração das ações com os outros atores
presentes no território, sejam eles, da saúde ou de outros setores, destacando-se a
construção das redes de cuidado intra e intersetorialmente como ponto central da
estratégia.
Vale a pena ressaltar que a linha de cuidado formulada e apresentada acima é
também um dispositivo para integração das ações dos profissionais de saúde mental e
das EMSI, que passam a compartilhar responsabilidades no cuidado de jovens
vulneráveis ao suicídio. Essa co-responsabilização é de extrema importância,
justamente, pelo fato de que o trabalho do profissional especializado não ser o
suficiente para monitorar a ocorrência de novos caso. Por isso é tão fundamental a
implicação das EMSI nesse processo, já que são elas que estão diariamente em
contato com os sujeitos e que poderão ofertar a atenção, escuta e vínculo necessários
para quem esteja se sentindo como um peso para o mundo ou que não se sinta
pertencente a nenhum grupo ou família.
Considera-se que essa linha de cuidado possa servir de base para a adequação
de ações de prevenção ao suicídio em cada território que tenha o esse agravo à saúde
dos jovens indígenas, levando-se em conta a especificidade da cultura e das condições
sócio-históricas de cada região.

33
8. Referências Bibliográficas
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2759 de 25 de outubro de 2007: Estabelece
as diretrizes gerais para a Política de Atenção Integral à Saúde Mental das Populações
Indígenas. Diário Oficial da União, Brasília, DF.

COLOMA, CA. Documento técnico contendo estratégias implementadas para a


prevenção, intervenção e pósvenção nos DSEI que apresentam taxas elevadas de
suicídio. OPAS, 2010.

ERTHAL, R. de C. Feitiço, doença e morte: o conflito impresso no corpo Ticuna.


Amazônia em Cadernos, n. 5, p. 147-174, jan./dez., 1999. Manaus: Editora da
Universidade do Amazonas, 2000.

ERTHAL, R. de C. O suicídio Ticuna no Alto Solimões: uma expressão de conflitos.


Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 17(2):299-311, mar-abr, 2001

FRANCO, T.B & Magalhães Jr., H.. A Integralidade e as Linhas de Cuidado; in Merhy,
E.E. et al, O Trabalho em Saúde: Olhando e Experienciando o SUS no Cotidiano.
Hucitec, São Paulo, 2003.

MINAYO MCS, ASSIS SG, SOUZA ER, organizadoras. AVALIAÇÃO POR


TRIANGULAÇÃO DE MÉTODOS: ABORDAGEM DE PROGRAMAS SOCIAIS. Rio de
Janeiro: Editora Fiocruz; 2005.

MORGADO, A. Epidemia de suicídio entre os Guaraní-Kaiwá: indagando suas causas


e avançando a hipótese do recuo impossível. Cad. Saúde Pública vol.7 no.4 Rio de
Janeiro Oct./Dec. 1991

NOOS Instituto. - Prevenção e atenção à violência intrafamiliar e de gênero: apoio às


lideranças comunitárias / Instituto Noos. - Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2010.
Disponível em: http://www.institutoavon.org.br/wp-
content/themes/institutoavon/pdf/cartilha_prevencao_atencao.pdf acessado em: 5 de
março de 2014.

OLIVEIRA, C.S.; LOTUFO NETO, F. Suicídio entre povos indígenas: um panorama


estatístico brasileiro. Rev. Psiq. Clín. 30 (1):4-10, 2003.

OPAS – Organización Panamericana de la Salud. Salud Mental em la Comunidad.


Washington, D.C.: OPS, 2009.

OMS - Prevenção do Suicídio: Um Manual para Profissionais da Saúde em Atenção


Primária, 2000.

SOUZA, MLP; ORELLANA, JDY; Desigualdades na mortalidade por suicídio entre


indígenas e não indígenas no estado do Amazonas, Brasil J Bras Psiquiatr. 2013;
62(4):245-52.

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância. Suicídio adolescente em pueblos
indígenas: três estúdios de caso. Nova York, 2013.

WAISELFISZ J.J. MAPA DA VIOLÊNCIA 2014 - OS JOVENS DO BRASIL. Brasília:


UNESCO, 2014.

34
ANEXO I

35
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA ESPECIAL DE SAÚDE INDÍGENA
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA
COORDENAÇÃO-GERAL DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE INDÍGENA

INSTRUTIVO DA FICHA COMPLEMENTAR DE


INVESTIGAÇÃO/NOTIFICAÇÃO DE
TENTATIVAS E ÓBITOS POR SUICÍDIO EM
POVOS INDÍGENAS

Brasília – DF
2014

36
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 38

POR QUE SE IDENTIFICAR/NOTIFICAR? ..................................................... 39

COMO IDENTIFICAR/NOTIFICAR? ................................................................ 40

NOTIFICAÇÃO DAS TENTATIVAS DE SUICÍDIO .......................................... 41

NOTIFICAÇÃO DOS ÓBITOS POR SUICÍDIO ............................................... 42

FLUXO DAS INFORMAÇÕES PARA TENTATIVAS DE SUICÍDIO ............... 45

FLUXO DAS INFORMAÇÕES PARA ÓBITOS POR SUICÍDIO ..................... 46

FICHA COMPLEMENTAR DE INVESTIGAÇÃO/NOTIFICAÇÃO DE


TENTATIVAS E ÓBITOS POR SUICÍDIO EM POVOS INDÍGENAS .............. 47

CAMPOS A SEREM PREENCHIDOS ............................................................. 49

1) INFORMAÇÕES BÁSICAS ...................................................................... 49

2) MÉTODO .................................................................................................. 50

3) HISTÓRICO PESSOAL DAS TENTATIVAS ............................................ 50

4) OUTRAS PESSOAS COM VÍNCULO PRÓXIMO JÁ SE SUICIDARAM?50

5) USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS ................................................ 51

6) INFORMAÇÕES QUALITATIVAS ............................................................ 51

ANEXO ............................................................................................................ 54

Códigos CID de maior frequência.............................................................. 54

Quando não se conhece a intenção de cometer um suicídio ................. 55

Lista de códigos CID................................................................................... 56

X60-X84 Lesões autoprovocadas intencionalmente ............................ 56

Y10-Y34 Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada ...................... 57

37
1. APRESENTAÇÃO

O suicídio é definido pela Classificação Internacional de Doença - versão


10 (X-60 a X-84) como um óbito derivado de “lesões autoprovocadas
intencionalmente” e relaciona-se etiologicamente com uma gama de fatores,
que vão desde os de natureza sociológica, econômica, política, cultural,
passando pelos psicológicos e psicopatológicos, até os genéticos e biológicos.
Dessa forma devem ser rejeitadas explicações simplistas e unívocas para o
suicídio. Ainda mais quando se trata de populações indígenas, não é possível
estabelecer generalizações de determinantes. Considera-se de grande
relevância os contextos históricos, sociais, culturais, políticos e de saúde
específicos aos quais estas sociedades estão inseridas e que geralmente são
bastante diferenciados da situação da sociedade nacional envolvente.
Neste sentido, o fenômeno do suicídio está relacionado a uma complexa
conjuntura social que compõe o quadro de fatores propiciadores da
consumação do ato. Alguns destes fatores, no caso de populações indígenas,
podem estar relacionados, por exemplo, a aspectos relacionados ao acesso à
terra, a um contexto de violência e pobreza, a conflitos geracionais e familiares,
à passagem para a vida adulta, ao contato com a sociedade envolvente,
dentre outros fatores que envolvem, ainda, diferentes concepções de morte e
doença. Soma-se a todos estes fatores a exclusão histórica sofrida por estas
populações nas políticas públicas e na garantia de direitos básicos.
Diante disso e a fim de preservar o direito de autodeterminação dos
povos indígenas sem excluí-los das políticas públicas de saúde que visam a
prevenção do suicídio, elaborou-se uma Ficha Complementar de
Notificação/Investigação Individual de Tentativas e Óbitos por Suicídio em
Povos Indígenas que deverá ser anexada, em casos de tentativas de suicídio,
à Ficha de Notificação/Investigação de Violência Doméstica, Sexual e/ou
Outras Violências do Sistema de Informação de Agravos de Notificação –
SINAN 1 /SVS e, no caso de óbito por suicídio, à Declaração de Óbito do
Sistema Informação de Mortalidade – SIM/SVS.

1
O SINAN é um sistema de informação do SUS que tem como objetivo coletar,
transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo sistema de vigilância
epidemiológica a fim de apoiar processos de investigação e análise sobre as principais

38
Além da importância epidemiológica do registro dos suicídios e das
tentativas de suicídio, o conjunto de informações obtido através do método de
vigilância proposto possibilita uma análise que leva em consideração as
interpretações nativas do evento, as implicações sociais relacionadas ao
suicídio e suas tentativas, além de uma compreensão qualitativa abrangente
sobre a situação. Assim, espera-se dar relevância ao conhecimento dos
determinantes sociais, culturais e econômicos que predispõem ao
desencadeamento do evento em populações indígenas.
A Ficha Complementar, portanto, facilita a notificação e a compreensão
do fenômeno entre povos indígenas, bem como contribui para uma maior
disponibilidade de informações que subsidiem a elaboração de políticas
públicas integradas e intersetoriais que venham a causar impacto na qualidade
devida destes povos.

2. POR QUE SE IDENTIFICAR/NOTIFICAR?

O fenômeno do suicídio entre as diferentes etnias do país possui


peculiaridades que o diferencia daquele incidente nas sociedades urbanas.
Além disso, este fenômeno assume característas diferentes segundo os
contextos étnicos dos diferentes povos indígenas no país. De maneira geral, há
pouca infomação ou pouca sistematização de informações que permitam uma
compreensão adequada sobre o fenômeno do suicídio entre as populações
indígenas brasileiras. A maioria dos Distritos Especiais Sanitários Indígenas
(DSEI) não possui uma sistematização de coleta de dados em relação a óbitos
de suicídio e tentativas de suicídio. Sendo assim a pouca confiabilidade nos
dados obtidos dificulta a elaboração de políticas públicas em um âmbito federal
e também impossibilita o planejamento de estratégias locais para o
enfrentamento do fenômeno. Dessa forma, a sistematização das informações
possibilita, além do registro quantitativo de casos, identificar com maior clareza
a conjuntura de determinantes relacionados ao suicídio nas diferentes
populações indígenas.

doenças e agravos sujeitos à notificação compulsória. Entre estes agravos se


encontram as situações de violência.

39
É importante ressaltar que este instrumento de coleta de dados deve,
necessariamente, integrar um estratégia de vigilância o qual permita:

 Identificar a prevalência dos determinantes e condicionantes do


suicídio e tentativas;
 Identificar os fatores de promoção e prevenção que possam
incidir no desenvolvimento de ações de caráter intersetoriais de
responsabilidade pública ou de toda sociedade atingida;
 Contribuir para a educação permanente dos profissionais que
atuam na rede de cuidados à Saúde Indígena;
 Monitorar os casos de óbito e tentativa por suicídio
 Possibilitar o início de intervenção precoce, prevenindo, assim, a
aparição de surtos

3. COMO IDENTIFICAR/NOTIFICAR?

Considerando que a atenção à saúde indígena é parte integrante do


SUS, mas tem ações e modos de organização próprios que a caracterizam
como subsistema, pensou-se em um modelo de notificação que seja
compatível com as ferramentas de coletas de dados já utilizadas pela SVS,
mas que também produza dados condizentes com os modos que os indígenas
reconhecem/identificam as situações de suicídio. Dessa maneira, para as
situações de tentativas de suicídio e de óbito por suicídio teremos dois
esquemas diferentes de investigação e notificação. A seguir são apresentadas
propostas para o processo de notificação e registro dos casos. Caso os DSEI
possuam pactuações específicas para o fluxo de informações e preenchimento
dos instrumentos citados, deverão ser seguidos os procedimentos locais sob
responsabilidade da Divisão de Atenção à Saúde.

A notificação das tentativas de suicídio deverá seguir o os passos a seguir:

40
1. NOTIFICAÇÃO DAS TENTATIVAS DE
SUICÍDIO

1) Os profissionais que atenderam a vítima ou tiveram contato com


seus familiares deverão:
a. Preencher duas vias (ou tirar cópia) da Ficha de
Notificação/Identificação Individual de Violência Doméstica,
Sexual e/ou Outras Violências – SINAN/SVS seguindo as
orientações contidas no instrutivo próprio deste instrumento;
b. Preencher duas vias (ou tirar cópia) da Ficha Complementar
de Investigação/Notificação de Tentativas e Óbitos por
Suicídio em Povos Indígenas - SESAI/MS aqui apresentada.
c. Encaminhar as 1º vias originais à sede do DSEI;
d. Anexar as 2º vias (ou cópias) ao prontuário do usuário;

Ficha
Complementar de
Investigação/
Notificação de
Óbitos e Tentativas
de Suicídio em
Povos Indígenas -
SESAI/MS

Tentativa
de
Suicídio
Ficha de Notificação/
Identificação
Individual de
Violência Doméstica,
Sexual e/ou Outras
Violências –
SINAN/SVS

2) Os profissionais responsáveis pela inserção de dados no SIASI


seja no Polo Base ou no DSEI deverão inserir as informações contidas
na Ficha Complementar - SESAI/MS neste sistema. O SIASI conterá
campo específico para preenchimento do número de registro da ficha

41
da SVS e também os campos relacionados à presente ficha
complementar;
3) O profissional de referência técnica de saúde mental do DSEI ou
outro profissional de referência deverá, por fim, encaminhar a ficha
da SVS para a Secretaria Municipal de Saúde, para que os dados
dessa ocorrência sejam registrados no Sistema de Informações de
Agravos de Notificação (SINAN). Caso o DSEI possua fluxo de
informação sobre SINAN próprio, deve-se manter a rotina local, desde
que se garanta o registro dessas informações no Sistema Nacional de
Agravos de Notificação.

2. NOTIFICAÇÃO DOS ÓBITOS POR


SUICÍDIO

Nos casos de óbito por suicídio, como acontece com todos os óbitos por
causas externas, a Declaração de Óbito deverá ser emitida pelo Instituto
Médico Legal (IML) ou por médicos ou profissionais investidos na função de
perito legista eventual pela autoridade judicial ou policial (Portaria GM/MS Nº
116, Artigo 19, inciso V). No entanto, em muitos casos as terras indígenas se
localizam em áreas de difícil acesso ao IML e por questões étnico-culturais a
família do(a) falecido(a) não autoriza a necropsia. Para as situações onde não
houver IML ou profissionais peritos, visando a agilidade no acesso à
informação por parte do DSEI, orienta-se que se preencha a Ficha
Complementar de Investigação/Notificação de Tentativas e Óbitos por
Suicídio em Povos Indígenas - SESAI/MS e se preencham também a Ficha
de Investigação de Óbito com Causa Mal Definida – IOCMD/SVS e a
Autópia Verbal/SVS referente ao processo de investigação de óbito
(Disponível em http://svs.aids.gov.br/cgiae/vigilancia/). A utilização desta última
ficha visa dar agilidade no acesso à informação por parte do DSEI enquanto é
finalizado o processo de investigação e avaliação do óbito pelo Comitê de
Investigação do Óbito do Estado.
A notificação dos óbitos por suicídio deverá seguir o seguinte fluxo:

42
1) Os profissionais responsáveis pelo registro do óbito deverão:
a. Preencher duas vias (ou tirar cópia) da Ficha
complementar de Investigação/Notificação de
Tentativas e Óbitos por Suicídio em Povos Indígenas -
SESAI;
b. No caso de não haver IML ou profissional perito, preencher
duas vias (ou tirar cópia) da Ficha de Investigação de
Óbito por Causa Mal Definida – IOCMD/SVS e uma via
da Autópsia Verbal/SVS. Caso haja IML ou perito que
tenha elaborado uma Declaração de Óbito, o profissional
deverá apenas anexar a Ficha Complementar/SESAI a
esta D.O.
c. Uma via (1º via, original) de cada instrumento, incluindo a
via da Autópsia Verbal, deverá ser encaminhada à sede do
DSEI. A 2º via da Ficha de Investigação de Óbito por
Causa Mal Definida e a 2º via da Ficha Complementar da
SESAI deverá ser anexada ao prontuário do paciente. As
informações dos instrumentos deverão ser inseridas no
SIASI. A Ficha de Investigação de Óbito por Causa Mal
Definida/SVS bem como a Autópsia Verbal/SVS deverá ser
encaminhada ao Grupo Técnico Distrital de Investigação
de Óbito Indígena.

Ficha complementar
de Investigação/
Notificação de
Tentativas e Óbitos
por Suicídio em
Povos Indígenas -
SESAI/MS

Óbito
por
Suicídio Declaração de Óbito
SIM/SVS (com IML)
ou
Fichas de
Investigação de Óbito
com Causa Mal
Definida (sem IML)
43
Além de oferecer informações sobre o óbito por suicídio em situações
onde não é possível a presença de perícia, a utilização das Fichas de
Investigação de Óbito com Causa Mal Definida estimula o processo de
investigação deste óbito em questão fornecendo informações mais detalhadas
sobre o fenômeno.
Por outro lado, a ficha complementar da SESAI permite que sejam
expressas as perspectivas indígenas sobre os eventos de suicidas no intuito de
analisar os diferentes discursos/experiências sobre o fenômeno. Esta
estratégia procura compreender e legitimar as concepções indígenas sobre o
evento.
A Ficha Complementar da SESAI poderá ser preenchida por qualquer
profissional da EMSI que tenha atendido a vítima ou seus parentes ou tenha
tido contato com informantes (parentes, AIS, outros profissionais da EMSI,
edução, FUNAI, etc.) que puderam oferecer informações confiáveis sobre a
ocorrência e deverá ser registrada em campo espeicifico no SIASI seguindo-se
o fluxo próprio do DSEI.
Cabe ressaltar a importância da notificação da FUNAI em ambos os
casos para que a fundação indigenista acompanhe os casos a partir de
informações mais qualitativas.
Abaixo segue diagrama informando o fluxo de seguimento da informação
para cada um dos agravos.

44
4. FLUXO DAS INFORMAÇÕES PARA TENTATIVAS DE SUICÍDIO

Cópia da
Ficha de
Investigação
Polo Base Notificação –
Prontuário
ou Casai SINAN/SVS + Cópia Usuário
Ficha
Complementar de
Investigação - SESAI

Ficha de Investigação Notificação –


SINAN/SVS + Ficha Complementar
de Investigação - SESAI

Ficha Complementar
DIASI de Investigação – SIASI
SESAI

Ficha de
Notificação Investigação
Notificação –
SINAN/SVS

FUNAI Secretaria
Municipal
de Saúde

45
5. FLUXO DAS INFORMAÇÕES PARA ÓBITOS POR SUICÍDIO

Cópia da
Ficha de
Polo Base Investigação de Prontuário
Óbito com Causa
ou Casai Mal Definida + Usuário
Cópia Ficha
Complementar de
Investigação - SESAI

Ficha de Investigação de Obito com


Causa Mal Definida + Ficha
Complementar de Investigação -
SESAI

Grupo de
Trabalho Ficha de Investigação Ficha de
Distrital de de Óbito com Causa DIASI Complementar de SIASI
Mal Definida Investigação – SESAI
Investigação de
Óbito Indígena

Notificação

FUNAI SIM on-line

46
6. FICHA COMPLEMENTAR DE Nome/Assinatura do
MINISTÉRIO DA
Profissional Responsável:
SAÚDE INVESTIGAÇÃO/NOTIFICAÇ
SECRETARIA
ESPECIAL ÃO DE TENTATIVAS E
DE SAÚDE INDÍGENA
ÓBITOS POR SUICÍDIO EM
POVOS INDÍGENAS

Nos casos de tentativas de suicídio (que não levam a óbito) esta ficha deverá ser anexada à Ficha de
notificação/investigação individual de violência do SINAN. Nos casos de suicídio que levam a óbito, esta
ficha deverá ser anexada à cópia da Ficha de Investigação de Óbito com Causa Mal Definida/SVS .
INFORMAÇÕES BÁSICAS:
Nome: __________________________________________________________ Data Nasc.: ____/___/_____ Sexo: M F
Nº Ficha do SINAN (em caso de tentativa): _________________ Nº da D.O.(em caso de óbito):_______________________
Nº Cartão SUS: ____________________________________________ Etnia: _________________________________________________
Polo Base: _________________________________________________ Aldeia: ___________________________________________________
Situação Conjugal: Solteiro(a) Casado(a)Separado(a)  Viúvo (a)
Tem filho(a)s: Não Sim - Quantos menores de 12 anos? _________________________
MÉTODO:
Auto-Intoxicação  Enforcamento Afogamento Disparo de arma de fogo Lesão por meio de objeto cortante
Lesão por precipitação de lugar elevado Lesão por impacto de veículo a motor Meios não especificados
Intenção suicida não determinada (há suspeita de evento suicida, mas sem confirmação)
CID nº: ___________________________
HISTÓRICO PESSOAL DE TENTATIVAS (esta pessoa já tentou suicídio anteriormente?):
Não Sim. Quantas__________________________
Há quanto tempo realizou a última tentativa? ______________dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
OUTRAS PESSOAS COM VÍNCULO PRÓXIMO JÁ SE SUICIDARAM?
Não Sim, especifique:
pai Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
mãe Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
filho(a)  Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
irmã(o)  Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
marido/esposa Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
avô(ó) Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
cunhado(a) Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
sogro(a) Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
amigo(a) Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
primo(a) Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)
tio(a) Há quanto tempo? ___________ dia(s) semana(s) mês(es) ano(s)

47
MINISTÉRIO DA SAÚDE
FICHA COMPLEMENTAR DE
 Há quantoINVESTIGAÇÃO/NOTIFICAÇÃO
tempo? ___________ dia(s) semana(s) DE ÓBITOS
mês(es) E 
ano(s)
SECRETARIA ESPECIAL
Outro,
DE SAÚDE INDÍGENA
especifique________________ TENTATIVAS DE SUICÍDIO EM POVOS INDÍGENAS
___________________________

A VÍTIMA ESTAVA SOB EFEITO DE ÁLCOOL NO MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO EVENTO?


Não Sim
A VÍTIMA ESTAVA SOB EFEITO DE OUTRAS DROGAS ILÍCITAS NO MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO EVENTO?
Não  Sim, qual? ___________________________________________________________________________
A VÍTIMA FAZIA USO DE PSICOTRÓPICO?
Não  Sim, qual (princípio ativo)? _________________________________________________________
INFORMAÇÕES SOBRE A VÍTIMA:
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
REDIJA UMA BREVE DESCRIÇÃO DOS EVENTOS QUE ANTECEDERAM O ATO:
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
REDIJA UMA BREVE DESCRIÇÃO DAS EXPLICAÇÕES DADAS POR INFORMANTES COMO FAMILIARES, AGENTE
INDÍGENA DE SAÚDE, AMIGOS DA VÍTIMA, ETC. PARA A OCORRÊNCIA DESTA TENTATIVA/SUICÍDIO (no caso
de familiares, indique a relação de parentesco do informante)
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
CONSEQUÊNCIAS DO EVENTO:
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________
CÓDIGOS CID PARA SITUAÇÕES DE MAIOR FREQUÊNCIA:
 Auto-Intoxicação (se envenenar, ingerir substâncias, remédios, etc.): CID X60 a X69;
 Enforcamento: CID X70;
 Afogamento: CID X71;
 Disparo de arma de fogo: CID X72 a X74;
 Lesão por meio de objeto cortante (cortar os pulsos, outras partes do corpo, etc.): CID X78;
 Lesão por precipitação de lugar elevado (pular de precipícios, locais altos, etc.): CID X80;
 Lesão por impacto de veículo a motor (se jogar na frente de carros, caminhões, etc.): CID X82;
 Meios não especificados (não se sabe como ocorreu o suicídio): CID X84;
 Caso a intenção de suicídio não é confirmada neste evento, utilizar os códigos CID Y10 a Y34.
 Consultar “Instrutivo de Preenchimento da Ficha Complementar de Investigação/Notificação de Suicídio em
Povos Indígenas” para detalhamento sobre preenchimento dos códigos CID e outros itens.

48
7. CAMPOS A SEREM PREENCHIDOS

A seguir, disponibiliza-se um instrutivo para facilitar o preenchimento da


Ficha complementar de notificação/investigação individual de violência em
povos indígenas:

1) INFORMAÇÕES BÁSICAS

Nome: Nesta ficha deverá ser preenchido o nome da vítima que está
cadastrado no SIASI.

Data de Nascimento: Preencher a data de nascimento da vítima atendida ou


que veio a óbito.

Atenção: Quando não for possível obter essa informação, pode-se


preencher a data de nascimento aproximada da vítima. Nesse caso,
deve-se anotar no campo “informações sobre a vítima”: data de
nascimento estimada.

Sexo: Preencher o quadrículo referente a sexo masculino ou feminino.

Número da ficha de referência no SINAN (no caso de tentativa): Informar o


número da ficha do SINAN/SVS preenchida conjuntamente, para que seja
possível o acesso às informações da Ficha de notificação/investigação
individual de violência doméstica, Sexual e/ou Outras Violências.

Número da Declaração de Óbito (em caso de óbito): Caso tenha sido


possível a elaboração da Declaração de Óbito do SIM/SVS pelo IML ou médico
perito legista, informar o número da D.O. emitida. Caso ainda não haja a
Declaração de óbito, inserir o “Número do Caso” informado na Ficha de
Investigação de Óbito por Causa Mal Definida/SIM.

Número Cartão SUS: Informar o número de cadastro no cartão SUS

Etnia: informar a origem étnica. Observação: para informação sobre forma


correta de redação das etnias indígenas, consultar a tabela de etnias indígenas
do Sistema de Informação de Atenção à Saúde Indígena/SIASI disponível nos
DSEI/Polo Base/CASAI.

Polo Base: informar estabelecimento de saúde especializado na atenção de


saúde indígena.

49
Aldeia: informar a aldeia de residência. Observação: para informação sobre
forma correta de redação das aldeias, consultar a tabela de aldeias do Sistema
de Informação de Atenção à Saúde Indígena/SIASI disponível nos DSEI/Polo
Base/CASAI.

Situação Conjugal: informar a situação conjugal do usuário no momento da


coleta.

Tem filho(a)s: preencher o quadrículo que indica a existência ou não de filhos


e no caso positivo indicar a quantidade de filhos menores de 12 anos. Esta
informação se faz importante na medida em que se considera os possíveis
prejuízos psicossociais de crianças com pais que vieram a óbito por suicídio.

2) MÉTODO

Preencher o quadrículo correspondente ao método utilizado no ato tanto


para os casos de óbito ou tentativa de suicídio. Além disso, deverá ser
informado o código da Classificação Internacional de Doenças (CID) referente
à situação descrita. Obs.: Os códigos CID para situações de maior frequência
estão indicados ao fim da ficha e, anexo a esse instrutivo, encontra-se uma
descrição mais detalhada dos códigos relacionados com suicídio.

3) HISTÓRICO PESSOAL DAS TENTATIVAS

Preencher o quadrículo referente ao histórico de suicídio, ou seja, se a


vítima já havia tentado suicídio anteriormente. Em caso positivo, identificar o
número de tentativas anteriores ao evento atual, bem como identificar há
quanto tempo a tentativa anterior à atual se sucedeu o que poderá ser
preenchido em dias, semana(s), mês(es), ano(s). É possível marcar mais de
um quadrículo.

4) OUTRAS PESSOAS COM VÍNCULO PRÓXIMO JÁ SE SUICIDARAM?

Preencher o quadrículo referente ao histórico familiar de suicídio. Caso


haja alguma informação de um familiar ou amigo que já tenha se suicidado,
preencher o quadrículo correspondente ao vínculo de parentesco e identificar
há quanto tempo o evento ocorreu. É possível marcar mais de um quadrículo
referente tanto às pessoas que vieram a óbito quanto ao tempo de óbito dos
parentes. Cabe aqui se atentar para o fato de que as relações de parentesco

50
se estabelecem de diferentes maneiras a depender da etnia em questão.
Assim, a consanguinidade pode ou não ser um fator determinante nessa
relação, por isso, sugere-se que a designação do parentesco seja aquela que o
AIS ou familiar próximo utiliza, ainda que essas informações sejam divergentes
do conhecimento que o profissional de saúde tem da identificação sobre a
família da vítima. Neste caso ou em outros similares, considera-se importante
uma nota contendo esta observação no campo “Comentários/Observações
Adicionais.”

5) USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

A VÍTIMA ESTAVA SOB EFEITO DE ÁCOOL NO MOMENTO DA


OCORRÊNCIA DO EVENTO?

Preencher o quadrículo que informa se a vítima estava ou não sob o


efeito de álcool no momento da ocorrência do evento.

A VÍTIMA ESTAVA SOB O EFEITO DE OUTRAS DROGAS ILÍCITAS NO


MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO EVENTO?

Preencher o quadrículo que responde se a vítima estava ou não sob o


efeito de drogas ilícitas momento da ocorrência do evento. Caso a resposta
seja positiva, indicar qual a droga utilizada. Destaca-se a importância de
registrar apenas o uso de drogas ilícitas. Não deverão ser incluídos os usos de
drogas lícitas como tabaco, outras plantas, etc.

A VÍTIMA FAZIA USO DE PSICOTRÓPICO?

Preencher o quadrículo que responde se a vítima fazia ou não uso de


medicação psicotrópica. Caso a resposta seja positiva, indicar o nome do
princípio ativo do medicamento.

6) INFORMAÇÕES QUALITATIVAS

INFORMAÇÕES SOBRE A VÍTIMA

Este campo deverá ser preenchido com informações que descrevam a


vítima. Cabem aqui aspectos percebidos da personalidade da vítima, sua
condição de vida, condição socio-econômica, seus vínculos e rede de suporte
sociais, condição de trabalho, condição de inserção social, familiar e outros

51
aspectos que o profissional julgar interessante para compor uma descrição
qualitativa da vítima. Um exemplo de preenchimento deste campo seria: “José
se separou da esposa há um ano e desde a separação vinha se queixando da
vida. Há dois meses parou de trabalhar na roça e cortou as relações com seus
parentes e amigos se isolando de seus vínculos sociais mais importantes. Seus
familiares relatam que sempre que José era contrariado ficava muito
agressivo.”

REDIJA UMA BREVE DESCRIÇÃO DOS EVENTOS QUE ANTECEDERAM O


ATO

Descrever os eventos imediatos ou estressores que acionaram a vítima


para o suicídio, como, por exemplo, alguma briga/discussão, conflito, término
de relacionamento, decepção, desilusão, etc. Um exemplo de redação deste
campo poderia ser: “Familiares da vítima relataram que semanas antes do
evento, houve uma briga entre o indígena e sua esposa na qual o mesmo se
sentiu humilhado. Após este fato, o indígena se isolou dos relacionamentos
familiares e com amigos. No dia anterior ao evento, o indígena relata ao primo
o desejo de se matar, compra uma garrafa de cachaça com a qual se alcooliza
antes de realizar o ato.”

REDIJA UMA BREVE DESCRIÇÃO DAS EXPLICAÇÕES POR


INFORMANTES COMO FAMILIARES, AGENTE INDÍGENA DE SAÚDE,
AMIGOS DA VÍTIMA, ETC. PARA A OCORRÊNCIA DESTA
TENTATIVA/SUICÍDIO (no caso de familiares, indique a relação de
parentesco do informante)

Descrever a explicações dadas por familiares, AIS, amigos da vítima


e/ou outros informantes importante sobre o evento. Este campo deverá
tentar apresentar as palavras e termos utilizados pelos indígenas da
comunidade para explicar a ocorrência do ato. Ou seja, deve conter os
modelos explicativos empregados pela comunidade para explicar o
evento. Cabe aqui ressaltar que a forma de experimentar um fenômeno
difere de pessoa para pessoa. Dessa forma, os modelos explicativos
para um mesmo evento tendem a não ser homogêneos, porém, todas as
explicações de uma mesma comunidade são marcadas por uma
cosmovisão compartilhada pelos seus membros. Isto quer dizer que

52
todas as explicações devem ser consideradas e analisadas evitando-se
ao máximo julgamento de valores. Recomenda-se também, tendo em
vista uma escuta qualificada, escolher um lugar tranquilo e dedicar
atenção integral ao momento de coleta dessas informações e lembrando
sempre de respeitar as regras de luto e a maneira com que cada
sociedade lida com seus entes falecidos. Por isso, é importante que
antes da coleta dessas informações com os informantes, o profissional
de saúde responsável pelo preenchimento busque entender junto ao AIS
as possíveis implicações do contexto de suicídio ou tentativa para
aquele grupo. Este momento de diálogo com o AIS constitui também um
espaço oportuno para que o profissional venha tirar dúvidas sobre
possíveis explicações nativas do evento. Por exemplo como a aldeia ou
aquela etnia se comporta frente a uma morte desta qualidade, quais as
regras a seguir, qual o destino da pessoa, etc.

CONSEQUÊNCIAS DO EVENTO

Neste campo deverá ser informado quais as consequências do ato


suicida, seja ele tentativa ou óbito. Aqui cabem informações tanto sobre
aspectos formais quanto informais. Entre as informações de aspectos formais é
possível incluir os cuidados dispensados à vitima da tentativa ou seus famiares
como referência para pontos de atenção psicossocial, etc. Entre os aspectos
informais é possível inserir por exemplo as repercussões sociais do ato. É
possível, por exemplo, incluir as reações familiares ao óbito, possíveis
ameaças de retaliação àqueles que foram considerados autores de feitiço
quando é o caso, etc.

53
8. ANEXO

Códigos CID de maior frequência

Na lista abaixo seguem os códigos CID para registro dos eventos de


tentativas e óbitos por suicídio mais comuns nos DSEI. De maneira geral, eles
podem ser divididos entre algumas categorias.
Auto-Intoxicação: Para as situações de intoxicação com substâncias
como ingestão de agrotóxicos, inseticidas, pesticidas, remédios, combustíveis
para motores ou outros produtos químicos em que se constata a intenção de
provocar a própria morte, deverão ser utilizados dos códigos X60 a X69.
Enforcamento: Para as situações em que a vítima provoca asfixia
mecânica por meio de enforcamento, estrangulamento e sufocação. Em muitas
situações, casos de suicídio via enforcamento têm sido registrados com
códigos do tipo T71 – Asfixia, ou outros códigos similares. Este tipo de registro
não informa o fato de o óbito ou a lesão ter uma intenção suicida, informação
indispensável para os programas de promoção de saúde. Dessa forma,
destaca-se a necessidade que para estes casos se utilizem o código CID X70
deixando claro que na situação havia o desejo de morrer.
Afogamento: É constatado que muitas situações de afogamento têm
uma intenção suicida evidente, porém estas situações têm sido registradas nos
sistemas de informação como afogamentos comuns. Quando for constatada
em um indivíduo a intenção de morrer em uma ação deliberada para provocar o
próprio afogamento, deve-se registrar este óbito ou lesão por afogamento com
o código CID X71. A intenção suicida deverá ser verificada com pessoas que
presenciaram o ato, familiares que eventualmente tenham captado sinais claros
de desejo de morrer, etc.
Disparo de arma de fogo: Muitos casos de suicídio e tentativa de suicídio
por meio disparo de armas de fogo são registrados por meio de códigos que
enfatizam os dados estritamente biológicos como traumatismo craniano, entre
outros. Novamente este tipo de registro não identifica a situação como suicida.
Para estes casos, é enfatizado que deverão ser utilizados os códigos CID X72
a X74 a depender do tipo de arma de fogo.
Lesão por meio de objeto cortante: Nos casos em que a lesão ou óbito
provocado por meio objetos cortantes (facas, giletes, etc.) tiver a intenção

54
suicida, deverá ser utilizado o código CID X78. Este código contempla os casos
em que a vítima corta os pulsos, provocando ferimentos graves em si mesma,
etc.
Lesão por precipitação de lugar elevado: Muitas das situações em que
as pessoas pulam de precipícios, se jogam de torres de telefonia têm sido
registradas com códigos que enfatizam as consequências biológicas como, por
exemplo, traumatismo craniano, hemorragias, etc. Este tipo de registro não
identifica a intenção suicida da situação e promove uma grande perda de
informação aos serviços de saúde. Os casos em que há lesões ou óbitos por
precipitação de locais elevados como deverão ser registrados com o código
X80.
Lesão por impacto de veículo a motor: Em muitas situações de
atropelamento de indígenas é constatada uma intenção clara de morrer. Muitas
vezes o indígena se deita no meio de uma via de alta velocidade com a
intenção de morrer. Quando esta intenção é identificada, deve-se registrar a
situação como um suicídio por meio do código CID X82. Novamente, deve
buscar averiguar a intenção de suicídio junto a familiares, pessoas que
presenciaram o evento. O registro enquanto suicídio somente deverá acontecer
quando realmente constatada a intenção suicida.
Lesão por meios não especificados: Quando a situação de óbito ou a
lesão ocorre com intenção suicida, porém não se conhecem os meios que
provocaram o óbito ou lesão, deve-se registrar a situação com o código X84.

Quando não se conhece a intenção de cometer um suicídio

As situações em que a intenção de provocar a própria morte não é clara,


mas suspeitada, também deverão ser registradas nos sistemas de informação.
Este registro é realizado pelos códigos Y10 a Y34. Foram constatadas algumas
situações de frequência elevada em ocasiões envolvendo indígenas em que
estes códigos podem ser utilizados. Abaixo seguem alguns exemplos:
 “O indígena em alto grau de alcoolização leva sua canoa até uma
correnteza perigosa no rio e lá se joga na água. A comunidade suspeita
que ele estava triste por ter separado de sua esposa.” Como a intenção
para este caso não pode ser confirmada já que o indígena não

55
expressou a ninguém o desejo de morrer, o código a ser utilizado é o
Y21 – Afogamento e submersão, intenção não determinada.
 “O indígena alcoolizado caminha até o meio da rodovia e lá se deita
ficando por muito tempo sendo atropelado por caminhão.” Neste caso,
como a intenção suicida não é confirmada, mas suspeitada, deverá ser
registrada a situação com o código Y32 – Impacto de veículo a motor,
intenção não determinada.

Lista de códigos CID

X60-X84 Lesões autoprovocadas intencionalmente

X60 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a analgésicos, antipiréticos


e anti-reumáticos, não-opiáceos
X61 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a drogas anticonvulsivantes
[antiepilépticos] sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos e psicotrópicos não
classificados em outra parte
X62 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a narcóticos e
psicodislépticos [alucinógenos] não classificados em outra parte
X63 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outras substâncias
farmacológicas de ação sobre o sistema nervoso autônomo
X64 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outras drogas,
medicamentos e substâncias biológicas e às não especificadas
X65 Auto-intoxicação voluntária por álcool
X66 Auto-intoxicação intencional por solventes orgânicos, hidrocarbonetos
halogenados e seus vapores
X67 Auto-intoxicação intencional por outros gases e vapores
X68 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a pesticidas
X69 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outros produtos químicos
e substâncias nocivas não especificadas
X70 Lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento,
estrangulamento e sufocação
X71 Lesão autoprovocada intencionalmente por afogamento e submersão
X72 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de arma de fogo de
mão

56
X73 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de espingarda,
carabina, ou arma de fogo de maior calibre
X74 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de outra arma de fogo
e de arma de fogo não especificada
X75 Lesão autoprovocada intencionalmente por dispositivos explosivos
X76 Lesão autoprovocada intencionalmente pela fumaça, pelo fogo e por
chamas
X77 Lesão autoprovocada intencionalmente por vapor de água, gases ou
objetos quentes
X78 Lesão autoprovocada intencionalmente por objeto cortante ou penetrante
X79 Lesão autoprovocada intencionalmente por objeto contundente
X80 Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação de um lugar
elevado
X81 Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação ou permanência
diante de um objeto em movimento
X82 Lesão autoprovocada intencionalmente por impacto de um veículo a motor
X83 Lesão autoprovocada intencionalmente por outros meios especificados
X84 Lesão autoprovocada intencionalmente por meios não especificados

Y10-Y34 Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada

Y10 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a analgésicos, antipiréticos


e anti-reumáticos não-opiáceos, intenção não determinada
Y11 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a anticonvulsivantes
[antiepilépticos], sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos e psicotrópicos não
classificados em outra parte, intenção não determinada
Y12 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a narcóticos e a
psicodislépticos [alucinógenos] não classificados em outra parte, intenção não
determinada
Y13 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a outras substâncias
farmacológicas de ação sobre o sistema nervoso autônomo, intenção não
determinada
Y14 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a outras drogas,
medicamentos e substâncias biológicas e as não especificadas, intenção não
determinada

57
Y15 Envenenamento [intoxicação] por e exposição ao álcool, intenção não
determinada
Y16 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a solventes orgânicos e
hidrocarbonetos halogenados e seus vapores, intenção não determinada
Y17 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a outros gases e vapores,
intenção não determinada
Y18 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a pesticidas, intenção não
determinada
Y19 Envenenamento [intoxicação] por e exposição a outros produtos químicos
e substâncias nocivas e aos não especificados, intenção não determinada
Y20 Enforcamento, estrangulamento e sufocação, intenção não determinada
Y21 Afogamento e submersão, intenção não determinada
Y22 Disparo de pistola, intenção não determinada
Y23 Disparo de fuzil, carabina e arma de fogo de maior calibre, intenção não
determinada
Y24 Disparo de outra arma de fogo e de arma de fogo não especificada,
intenção não determinada
Y25 Contato com material explosivo, intenção não determinada
Y26 Exposição a fumaça, fogo e chamas, intenção não determinada
Y27 Exposição a vapor de água, gases ou objetos quentes, intenção não
determinada
Y28 Contato com objeto cortante ou penetrante, intenção não determinada
Y29 Contato com objeto contundente, intenção não determinada
Y30 Queda, salto ou empurrado de um lugar elevado, intenção não
determinada
Y31 Queda, permanência ou corrida diante de um objeto em movimento,
intenção não determinada
Y32 Impacto de um veículo a motor, intenção não determinada
Y33 Outros fatos ou eventos especificados, intenção não determinada
Y34 Fatos ou eventos não especificados e intenção não determinada

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