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Bateria Psicomotora

de Vítor da Fonseca
Fundamentação Neurológica
DISCIPLINA: PSICOMOTRICIDADE
PROFESSOR LUÍS MASSILON
1. Fundamentos Psiconeurológicos:

 A Bateria Psicomotora (BPM) é um dispositivo diferente das escalas de


desenvolvimento motor.
 Trata-se de um instrumento baseado num conjunto de tarefas que
permite detectar déficits funcionais (ou substanciar sua ausência) em
termos psicomotores, cobrindo a integração sensorial e perceptiva que
se relaciona com o potencial de aprendizagem da criança.
1. Fundamentos Psiconeurológicos:

 A BPM tem demonstrado a sua utilidade como um instrumento de


observação do perfil psicomotor e como um dispositivo clínico que pode
ajudar à compreensão dos problemas do comportamento e de
aprendizagem.
 Trata-se de um instrumento de observação que procura captar a
personalidade psicomotora da criança.
1. Fundamentos  A BPM procura analisar
Psiconeurológicos: qualitativamente a disfunção
psicomotora ou a integridade
psicomotora que caracteriza a
aprendizagem da criança,
tentando atingir uma compreensão
aproximada do modo como
trabalha o cérebro e,
simultaneamente, dos mecanismos
que constituem a base dos
processos mentais da
Psicomotricidade.
1.1. Unidades funcionais de Luria:

 Para poder levar a cabo esta qualificação da disfunção é necessário


estabelecer uma relação detalhada entre os fatores psicomotores e as
unidades funcionais de Luria.
1.2. 1ª Unidade:

 A 1ª Unidade Funcional compreende a tonicidade e o equilíbrio.


 A tonicidade é equacionada com a função de alerta e de vigilância
que exige a mobilização de uma certa energia essencial à ativação dos
sistemas seletivos de conexão, sem os quais nenhuma atividade mental
pode ser processada, mantida ou organizada.
 A tonicidade da BPM é definida essencialmente na sua componente
corporal.
1.2. 1ª. Unidade:

Unidade Funcional (1ª) Fatores Psicomotores Sistemas Substratos anatômicos

Regulação tônica de alerta


e dos estados mentais: Tonicidade Formação reticulada. Medula.
Atenção, Sono. Seleção da Sistemas Vestibulares Tronco cerebral.
Informação. Regulação e Equilibração e Proprioceptivos. Cerebelo.
ativação. Vigilância- Estruturas Subtalâmicas
Tonicidade. Facilitação- e talâmicas.
inibição. Modulação
Neurotônica. Integração
Interssensorial.
1.2. 1ª. Unidade:

 Na BPM, a equilibração é uma função determinante na construção


do movimento voluntário, condição indispensável de ajustamento
postural e gravitacional, sem o qual nenhum movimento
intencional pode ser atingido.
 Movimento e postura são indissociáveis.
1.3. 2ª. Unidade:

 Compreende os seguintes fatores psicomotores da BPM:


lateralização, noção do corpo e estruturação espaço-temporal.
 A lateralização no modelo luriano respeita a progressiva
especialização dos dois hemisférios, tendo adotado inclusive a
designação de hemisfério “dominante” para o esquerdo e de
“subdominante” para o direito.
 Para Luria, o HE passa a assumir um papel determinante nos
processos psíquicos superiores, enquanto o HD se torna um
instrumento básico do pensamento espacial e da orientação
visuoperceptiva.
1.3. 2ª. Unidade:
Unidade Funcional (2ª) Fatores Psicomotores Sistemas Substratos anatômicos

Recepção, análise e
armazenamento da Lateralização Áreas associativas Córtex Cerebral
informação; Recepção, corticais (secundárias e Hemisfério Esquerdo e
análise e síntese sensorial. Noção do Corpo terciárias). direito.
Organização espacial e Centro associativo Lóbulo parietal (tátil-
temporal. Simbolização Estruturação Espaço- posterior. quinestésico).
esquemática. Decodificação Temporal Lóbulo Occipital (visual).
e Codificação. Lóbulo temporal
Processamento. (auditivo).
Armazenamento. Integração
perceptiva dos
proprioceptores e dos
telerreceptores. Elaboração
gnósica.
1.3. 2ª. Unidade:

 A noção do corpo no modelo de Luria ocupa o lóbulo parietal


como unidade especializada na integração das informações
“sensoriais globais e vestibulares”.
 Esta é uma região particularmente importante para a integração
dos movimentos globais associados ao espaço e à formação da
imagem do corpo.
1.3. 2ª. Unidade:

 Na BPM, a estruturação espacial envolve funções de recepção,


processamento e armazenamento espacial, que requerem uma
estruturação perceptivo-visual, que envolve as áreas visuais do
córtex occipital.
 A estruturação temporal põe em jogo, da mesma forma, a
recepção, processamento e armazenamento rítmico,
naturalmente da integração das zonas nucleares auditivas do
córtex temporal.
1.4. 3ª. Unidade:

Unidade Funcional (3ª) Fatores Psicomotores Sistemas Substratos anatômicos

Programação, regulação e
verificação da atividade: Praxia Global Sistema Piramidal Córtex motor.
intenções, planificação ideocinético. Córtex pré-(psico)
motora. Áreas pré-frontais. motor.
Elaboração práxica. Praxia Fina Centro associativo Lóbulos fontais.
Execução. anterior.
Correção.
Sequencialização das
operações cognitivas.
1.4. 3ª. Unidade:

 Essa unidade integra os dois últimos fatores psicomotores da BPM:


praxia global e praxia fina.
 A praxia global compreende as áreas pré-motoras, onde está em
causa a participação de grandes grupos musculares.
 A praxia fina, por constar de tarefas de dissociação digital e de
preensão construtiva com significativa participação de
movimentos dos olhos e da coordenação óculomanual e da
fixação da atenção visual, está mais relacionada ao córtex frontal.
1.5. Em suma,

 A 1ª unidade regula o tônus e o ajustamento postural.


 A 2ª unidade assegura o processamento da informação
proprioceptiva (noção do corpo) e exteroceptiva (estruturação
espaço-temporal).
 A 3ª unidade, programa, regula e verifica a atividade práxica.
 Em termos ontogenéticos, a organização dos sete fatores
psicomotores também confirma a hierarquização vertical do
modelo luriano:
1.5. Em suma,

 Tonicidade: aquisições neuromusculares, conforto tátil e integração de


padrões motores antigravíticos (de 0 – 12 anos);
 Equilibração: aquisição da postura bípede, segurança gravitacional,
desenvolvimento dos padrões locomotores (dos 12 meses – 2 anos);
 Lateralização: integração sensorial, investimento emocional,
desenvolvimento das percepções difusas e dos sistemas aferentes e
eferentes (dos 2 – 3 anos);
 Noção do corpo: noção do Eu, consciencialização corporal, percepção
corporal, condutas de imitação (dos 3 – 4 anos);
1.5. Em suma,

 Estruturação Espaço-Temporal: desenvolvimento da atenção seletiva, do


processamento da informação, coordenação espaço-corpo,
proficiência da linguagem (dos 4 – 5 anos);
 Praxia Global: coordenação óculomanual e óculopedal, planificação
motora, integração rítmica (dos 5 – 6 anos);
 Praxia fina: concentração, organização, especialização hemisférica (dos
6 – 7 anos).

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