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APOSTILA DE TEXTOS
Diz a lei 8.080, de 19 de Setembro de 1990, em seu artigo 2º: "A saúde é um direito
fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu
pleno exercício".
Complementa o artigo 3º: "A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes,
entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de
saúde da população expressam a organização social e econômica do País" .
Num país, como o Brasil, onde as condições de vida da população são extremamente
precárias, com necessidades básicas, de higiene, de alimentação, de educação, lazer, e outras,
falar somente em saúde chega a ser contraditório. A saúde reflete a grave situação de pobreza,
miséria, exclusão e seletividade existente no país. Deparamo-nos com sérios problemas na
área da Saúde Pública, como o difícil acesso da população aos serviços especializados, a
escassez de hospitais especializados que atendam pelo Sistema Único de Saúde, o que leva o
cidadão doente a ficar horas em uma fila de espera e, ainda assim, não ter a garantia de
receber um serviço de qualidade.
Algumas doenças consideradas graves podem ser prevenidas e, quando detectadas
precocemente, podem ser curadas, como é o caso do câncer. No entanto, a falta de programas
de prevenção em linguagem clara, que possibilitem que as informações cheguem a todos os
níveis sócio-econômicos, somada à dificuldade de compreensão sobre os fatores de risco e às
precárias condições de sobrevivência da população, contribuem para que os pacientes
Nascido o GISTO, esta opção de atendimento tornou-se real e passou a ser praticada pelos
profissionais do Hospital Erasto Gaertner. Mas nem sempre foi assim. Anteriormente,
enquanto havia a possibilidade de obter sucesso na remissão da doença, todo tipo de atenção e
tratamento eram dedicados aos pacientes. Infelizmente, no entanto, quando se detectava a
impossibilidade terapêutica, destinava-se a eles apenas atendimentos esporádicos no pronto
atendimento da instituição, usualmente incompatíveis com a condição social do paciente e
com a evolução da doença.
O atendimento atual se dá da seguinte forma: o médico especialista faz o encaminhamento
ao GISTO através de um pedido de consulta, após ter esgotado todas as possibilidades de
tratamento indicadas para o caso, acompanhado de um breve relatório no prontuário
esclarecendo as razões do diagnóstico de FPTA (Fora de Possibilidades Terapêuticas Atuais).
Os familiares são informados sobre o encaminhamento realizado e o atendimento prestado
É contraditório falar em qualidade de vida, num país como o Brasil, no qual a situação de
extrema pobreza, além de contribuir para o surgimento de doenças, dificulta o acesso ao precário
sistema de saúde. No entanto, melhorar a qualidade de vida das pessoas doentes é, muitas vezes,
possível na medida em que se modificam algumas atitudes da equipe que com elas se relaciona. São
fundamentais atitudes que levem a melhorar a comunicação entre a equipe e o paciente, a oferecer
conforto no momento necessário e a possibilitar o acesso aos seus direitos.
O paciente, mesmo aquele além de possibilidades terapêuticas, continua um Ser Humano
que merece ser respeitado em sua individualidade e em sua vontade e, principalmente, merece
acesso a um serviço de saúde com qualidade, com profissionais especializados e
comprometidos com a profissão que visam sanar ou diminuir as dificuldades enfrentadas por
pacientes que se deparam com o limite entre a vida e a morte, com toda angústia e medo que
essa situação provoca.
É possível melhorar nosso atendimento reconhecendo que o paciente, mesmo debilitado, é
portador de direitos e deveres, deve opinar, contribuir e participar ativamente do seu processo
de tratamento. Melhorar a qualidade de vida é proporcionar aquilo que o paciente mais
precisa, muitas vezes é somente oferecer informação, carinho, atenção e apoio.
TORRES, W. da C. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2003, 16(3), pp. 475-482. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n3/v16n3a06.pdf
RESUMO
O presente trabalho focaliza os fatores impulsionadores do surgimento da Bioética,
destacando: a) a revolução científica e tecnológica, e b) a revolução social dos anos 1960.
Descreve o desenvolvimento histórico da Bioética desde sua definição inicial como ciência da
sobrevivência humana até seu estágio atual - o da Bioética Global, e suas fronteiras com os
vários campos do saber. A psicologia da saúde integra esse contexto multidisciplinar
principalmente por sua reflexão sobre temas desafiadores da Bioética, entre os quais são aqui
discutidos aqueles decorrentes da medicina intensiva (eutanásia e distanásia) e aqueles
derivados da medicina substitutiva (transplantes). Questões básicas como definição de morte,
consentimento livre e informado são analisadas como ainda polêmicas e controvertidas.
Conclui-se com as indagações sobre as quimeras da ciência para triunfar sobre a doença e os
problemas da ordem canibal que se espera diminuam na medida em que as terapêuticas
etiológicas e fisiológicas progridam.
A psicologia da saúde, desde sempre voltada para as questões éticas ligadas à vida e a
morte, frente aos desafios suscitados por situações concretas, complexas e desnorteadoras
com as quais a Bioética tem que se defrontar, passou a integrar este contexto multidisciplinar.
Vê na Bioética um campo de atuação e reflexão, não só no que diz respeito à interface com as
neurociências, hoje preocupadas com a cura das doenças mentais e, consequentemente,
voltadas para a importância das pesquisas psicosociológicas, mas, também, no que diz
respeito a outros campos igualmente desafiadores, como, por exemplo, as questões
decorrentes da medicina intensiva, entre as quais se destaca a questão da eutanásia versus
distanásia e as questões decorrentes da medicina substitutiva entre as quais se destaca a
questão dos transplantes.
Pois bem, estas questões suscitam muito mais perguntas do que respostas e trazem em
sua base outras questões controvertidas, ainda não resolvidas. Aliás, segundo alguns dos
pensadores da Bioética, assim como o aborto foi o tema do século XX, a eutanásia será a
grande questão do século XXI (PESSINI, 1999).
A rigor, o conceito de eutanásia passa não só por uma transformação de ordem
conceitual, mas também jurídica, transformação que acarreta fundamentalmente o problema
da distinção entre o que é lícito e o que não é, entre o que é liberdade para morrer e o que é o
dever de salvar vidas. Assim, em relação a este tema nos propomos apenas a colocar alguns
tópicos para nossa reflexão.
Uma das questões desafiadoras se refere à definição da morte. Os debates em relação às
definições da morte surgem em grande parte da dificuldade de definir o que seria o fim de
uma vida. Como diz Engelhardt (1998), uma situação é estar interessado no momento em que
a vida humana biológica deixa de existir e outra é estar interessado no momento em que a
pessoa deixa de existir. Quando se fala da morte de um corpo humano, nossa atenção parece
voltada para a vida humana biológica. Já uma definição da morte de todo o corpo a partir da
morte do cérebro sugere uma definição que se concentra na vida de uma pessoa. A questão
fundamental é a seguinte: qual é o tipo de vida em relação a qual a morte deve ser
determinada?
Como se sabe, a ciência se encaminhou para uma definição da morte totalmente
cerebral, e a razão para a centralização no cérebro é a idéia de que estar morto é ser incapaz
de ser uma pessoa e que ser uma pessoa requer um grau de consciência assegurado
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A medicina moderna, como argumenta Bernard (1994), para triunfar sobre a doença,
constrói quimeras. "O meu coração faz circular nas minhas veias o sangue do meu irmão",
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Anexo 1
1. OBJETIVOS
1.1 Escutar o paciente* com a finalidade de conhecer o seu grau de informação sobre a
doença, suas expectativas e seu preparo para receber a má notícia.
1.3 Dar suporte ao paciente, utilizando habilidades profissionais para reduzir o impacto
emocional e a sensação de isolamento experimentados por quem recebe a má notícia.
1.4 Desenvolver uma estratégia, sob a forma de um plano de tratamento, com a contribuição e
a colaboração do paciente.
• Procurar saber como o paciente percebe sua situação médica (o que tem, se é sério ou
não); o que já lhe foi dito sobre o seu quadro clínico e o que procurou saber por fontes
leigas ou profissionais, Internet etc.;
• qual a sua compreensão sobre as razões pelas quais foram feitos os exames.
ETAPA 3 – Como avaliar o desejo de saber do paciente e obter o seu pedido por
informações
• Anunciar com delicadeza que más notícias estão por vir; dar tempo ao paciente para se
dispor a escutá-las.
• Antes de discutir um plano de tratamento, perguntar aos pacientes se eles estão prontos
para essa discussão e se aquele é o momento.
Anexo 1- A
Adendo: estimular a presença constante dos pais, simultaneamente quando possível, para
participarem dos esclarecimentos em conjunto.
Adendos:
É importante destacar que pensamento mágico e recursos lúdicos podem ser instrumentos
importantes para a comunicação e a elaboração de notícias e situações difíceis para crianças,
adolescentes e familiares. Lembrar que, por vezes, “a fantasia sustenta a vida”.
Adendo: na clínica pediátrica e com adolescentes, a situação deve ser amplamente esclarecida
e alguém da família deve obrigatoriamente ocupar esse “lugar” de responsabilidade. No caso
do paciente não desejar ou não ter condições de ser informado sobre questões de continuidade
do processo e decisões do tratamento, alguém da família deve ser esclarecido sobre a
autonomia da equipe, com o máximo de compartilhamento e o mínimo de conflito possível.
• Anunciar com delicadeza que más notícias estão por vir; dar tempo ao paciente e à
família para se dispor a escutá-las.
Adendo: estar ciente da fase em que a criança ou o adolescente se encontra, seu nível de
compreensão, cognição, personalidade e protagonismo. Sobretudo nessa população,
considerar a importância da comunicação não verbal: o olhar, o gestual e o desenho podem
ser recursos interativos produtores de
alívio.
• Avaliar o não entendimento dos pacientes sobre a discussão, prevenindo sua tendência
a superestimarem a eficácia ou não compreenderem o propósito do tratamento.
Anexo 2
3 – Como avaliar o desejo de saber do paciente e obter o seu pedido por informações
• Evitar transmitir ansiedade para o paciente, sem que isso signifique frieza.
• Antes de discutir um plano de tratamento, perguntar aos pacientes se eles estão prontos
para essa discussão e se aquele é o momento.