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RESUMO
Esse artigo de revisão tem por finalidade buscar compreender dentro do campo
das ciências das religiões e da linha de pesquisa Cultura e sistemas
simbólicos, como se constituiu milenarmente e quais elementos permeiam o
que se conhece hoje por Feng Shui. O artigo parte da prerrogativa de que o
material hoje disponível apenas perpetua os mitos e misticismo no entorno do
tema. O Feng Shuí é o resultado de pelo menos três mil anos de tradições
chinesas acumuladas e relacionadas à interpretação mística e intuitiva do
mundo natural. Parte-se, portanto da hipótese antropológica de que o
fenômeno analisado tenha valor cultural e antropológico e não científico,
apesar de ser utilizado tanto por decoradores como por arquitetos, o que
pressupões certa cientificidade. Os autores aqui utilizados, não permitem
grande aprofundamento científico, mas apenas uma reflexão sobre o tema.
INTRODUÇÃO
As práticas místicas, tanto ocidentais quanto orientais, advém de
tradições milenares que têm em seu conjunto a utilização de elementos
variados que associam mundo psíquico com suas crenças e mundo natural.
Dentro desse conjunto, tenciona-se falar sobre o Feng Shui que em seu
significado original recobra as forças do vento ou ar e da água. Com a
pronúncia original em mandarim "fon xuei", o termo refere-se a uma técnica de
estruturação de ambientes e espaços variados, os quais possuem princípios de
organização e de comportamento, nesse conjunto. Trata-se de uma corrente
de pensamento analítico com tradição de mais de 4000 anos.
A revista MDEMULHER (s.d.) o define como:
1 ORIGEM HISTÓRICA
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Taoismo (ou daoismo) é uma tradição filosófica e religiosa originária da China que enfatiza a vida em
harmonia com o Tao (romanizado atualmente como "Dao"). O termo Tao significa "caminho", "via" ou
"princípio", e também pode ser encontrado em outras filosofias e religiões chinesas. No Taoismo, no
entanto, Tao se refere a algo que é tanto a fonte quanto a força motriz por trás de tudo que existe (Tao Te
Ching (Capítulo I), Lao Zi. Wikisource. Apud WKP, 2012).
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O site taoísmo (s.d.) traz dados novos que podem permitir avançar: "Há
milhares de anos atrás, os antigos Xamãs da China, adivinhadores e reis-
sábios estabeleceram os três blocos fundamentais do feng shui: a bússola, o
baguá (oito trigramas)". O exposto permite entrever que inicialmente o feng
shui teve relação direta com a concepção que os orientais mantinham em
relação aos pontos cardeais. A figura tripla abaixo possibilita observar isso de
forma direta.
[...] se a cidade capital fosse construída sobre uma terra com energia
nutritiva, o país prosperaria; se fosse construída sobre uma terra com
energia maléfica, o país sofreria catástrofes. Da mesma forma, se um
imperador fosse enterrado em ou perto de formas terrestres com
energia positiva, sua dinastia duraria, e se ele fosse enterrado em ou
perto de formas terrestres com energia negativa, sua dinastia cairia.
Na verdade, kan yu foi inicialmente utilizado apenas por imperadores
e nobres para selecionar locais de enterro propícios. Foi somente na
dinastia Chin (265-420 D.C.) que os cidadãos comuns começaram a
usar o kan yu para escolher locais para casas (Feng Shui do domínio
Yang) e locais de enterro (Feng shui do domínio Yin).
Existe uma energia que permeia tudo no universo. Ela está presente
em todos os elementos que compõem a vida na terra. E está
presente nas águas, no vento, no ar, na matéria densa e fluida. Ela é
a energia que faz tudo existir a nossa volta, inclusive nós mesmos.
Essa energia é chamada em sânscrito de “kundalini”, em outras
línguas ela é chamada de “ki” ou “ch’i”. Se o “ch’i” é desviado para
uma direção imprópria, a vida e a sorte dos homens podem se
modificar. Os humanos sentem e são afetados pelo “ch’i” “, mesmo
sem saber disto.
A história do Feng shui para ser bem compreendida, deve ser lida a
partir da história de suas escolas de interpretação da natureza e tradições
chinesas. De acordo com o site Taoísmo (s.d.) as dinastias Tang (618-906
D.C.) e Sung (960-1279 D.C.) foram as eras de ouro do kan yu. A escola Tang
nesse caso tem por base a bússola geomântica (luo pan), com suas vinte e
quatro direções e dezessete anéis.
A palavra Luo pan significa um conjunto de elementos perfeitamente
agrupados em um círculo (ver imagem 2) de modo a servir de roteiro, bússola
ou direção, também acredita-se que contém chaves para os mistérios do
universo. Cada escola adota para si ou constrói seu próprio luo pan, sendo que
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Nota-se no citado que não se acresceu nenhum novo elemento aos ora
mencionados.
Resta ainda mencionar outra teoria semelhante à das oito mutações
que é a teoria das Estrelas Voadoras; trata-se de outra forma de compreensão
da energia vital presente no mundo, só que nesse caso a energia seria invisível
(o que denota algo mais místico que necessariamente situado) que tenta
localizar e entender a energia de um lugar particular em um determinado
tempo.
1.2 O Ba guá
2
Para entender a essência de cada hexagrama, é preciso desmontá-lo:a chave dos símbolos está nas linhas
que os compõem. “Linhas inteiras representavam o céu, enquanto linhas interrompidas indicavam a terra
”, explica o monge budista Gustavo Alberto Corrêa Pinto, que traduziu o I Ching para o português na
década de 1980. Na China antiga, acreditava-se que a Terra estava parada no centro do Universo,
enquanto o céu, com seu séquito de constelações, nuvens, pássaros e meteoros, movia-se ao redor dela.
Do céu vinham a luz e a chuva, que fecundavam o solo e davam origem à vida. Por isso, a linha inteira
significa o elemento ativo, luminoso, masculino do Universo;a linha quebrada era o feminino, o escuro, o
repouso (BOTELHO, 2007).
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FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ba_gua#cite_note-1
Talvez o sentido originário do Baguá seja o de harmonizar as energias
do ambiente neutralizando as ruins e fazendo fluir o Chi (energia considerada
boa) ou pelo menos é assim para a corrente Fi xi, uma espécie de mitologia
chinesa. Nesse sentido, escreveu o Rei Wen da Dinastia Zhou: "No início havia
o Céu e a Terra. Céu e Terra se uniram e deram origem a tudo que existe no
mundo. O trigrama Qian representa o Céu, e o trigrama Kun representa a
Terra. Os seis trigramas restantes são seus filhos e filhas" (WKP, 2012, s.p.).
As linhas sólidas nos trigramas simbolizam o yang e as linhas interrompidas
simbolizam o yin. Desse modo, informa o site Taoísmo (s.d.):
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Um dos mais antigos e um dos únicos textos chineses que chegaram até nossos dias. Ching,
significando clássico, foi o nome dado por Confúcio à sua edição dos antigos livros. Antes era chamado
apenas I: o ideograma I é traduzido de muitas formas, e no século XX ficou conhecido no ocidente como
"mudança" ou "mutação".
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arrumar roupas no armário de acordo com a cor e ficar só com as que se utiliza
mesmo. Jogar papéis velhos fora, limpar gavetas, armários, arrumá-los e a
cada 30 dias fazer limpeza geral utilizando caixas marcadas: lixo, consertos,
reciclagem, em dúvida, presentes, doação, ajuda a organizar e limpar o
ambiente. Nota-se um princípio básico de equilíbrio que pode ser similar a
utilizar apenas o necessário sem acúmulos.
O site Taoismo (s.d.) traz alguns desse princípios aplicados à
arquitetura e à hamonização do ambiente:
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
BOTELHO, José Francisco in: Revista Super Interessante – Edição 235. I Ching o livro
mais antigo do mundo: E fonte para a ciência moderna. Conheça essa misteriosa
história. Janeiro, 2007. Disponível em: <http://super.abril.com.br/historia/i-ching-livro-
mais-antigo-mundo-446795.shtml>. Acesso em 15 Dez. 2012.
ELIADE, Mircea. Tratado sobre a história das religiões. São Paulo: Perspectiva, 1991.
SOLANO, Carlos. Feng Shui - Kan Yu: Arquitetura ambiental chinesa. São Paulo,
Pensamento, 2000.
SOROA, Raul de. A Prática do Autêntico Feng Shui. São Paulo, Editora Harmonia
Global, 2004.
SOROA, Raul de. Manual do Autêntico Feng Shui. São Paulo, Editora Gente, 2000.
VECCHI, Stela. Feng Shui Lógico. São Paulo, Ícone Editora, 2004.