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Dona Carolina, uma senhora hipertensa de 70 anos, obesa, de hábitos sedentários e tabagista
foi internada no HU com diagnóstico de Acidente Vascular Encefálico (AVE). Após algumas
semanas de internamento, a família foi procurada pelos médicos que informaram que a
evolução de Dona Carolina levou a uma condição clínica que demanda cuidados paliativos. A
família não gostou quando os médicos propuseram alta do HU e encaminhamento para o
Serviço de Atenção Domiciliar (SAD). Hesitaram em aceitar a orientação, argumentando que tal
medida traria muitas dificuldades para a família, isto é, ter em casa uma doente idosa e que
ainda necessitará de muitos cuidados. Convenceram-se das vantagens quando lhes foram
explicados os riscos das internações hospitalares prolongadas, especialmente em casos como o
dela. Ao finalizarem as orientações os médicos alertaram os familiares, também obesos,
sedentários e tabagistas, a respeito da gravidade da hipertensão arterial, cuja prevalência na
população em geral é bastante elevada. Eles saíram pensando porque os médicos disseram
aquilo a eles.
PERGUNTAS/HIPÓTESES:
OBJETIVOS
1) Compreender cuidados paliativos (características, como ocorre, público alvo,
vantagens, papel da família e da equipe).
2) Compreender o SAD.
3) Compreender os riscos de uma internação prolongada e os agravos.
4) Estudar os fatores de risco, dados da hipertensão arterial, promoção e prevenção.
CUIDADOS PALIATIVOS
O termo paliativo deriva do latim PALLIUM, que quer dizer manto, cobertor, em
referência ao manto utilizado por peregrinos em suas viagens para protegê-los das
condições climáticas.
Afirmar a vida e resguardar a morte como um processo natural;
Não abreviar ou prorrogar a morte;
Proporcionar alívio da dor e de outros sintomas;
Integrar aspectos psicológicos e espirituais dos cuidados ao paciente;
Oferecer um sistema de apoio para ajudar os pacientes a viver tão ativamente
quanto possível até a morte;
Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do
paciente e com o seu próprio luto.
No Brasil existe a ANCP – Academia Nacional de Cuidados Paliativos, que elaborou a
Declaração de Direitos do Paciente Portador de Doença Avançada, determinando que:
Todo ser humano tem direito à vida e a vivê-la em plenitude e com dignidade, desde o
momento do seu nascimento até a sua morte.
Para que esse princípio seja aplicado, faz-se necessário o direito: à informação, à
autonomia, à assistência integral, ao alívio do sofrimento, à intimidade e à privacidade, à
vida, aos cuidados imediatos após a morte.
Os cuidados paliativos se apoiam na ortotanásia, repudiando a distanásia tanto quanto
a eutanásia.
ORTOTANÁSIA: morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao
paciente uma morte digna, sem sofrimento, deixando a evolução e percurso da
doença;
DISTANÁSIA: é a prática pela qual se prolonga, através de meios artificiais e
desproporcionais, a vida de um enfermo incurável;
EUTANÁSIA: é o ato intencional de proporcionar a alguém uma morte indolor para
aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável ou dolorosa;
Os cuidados paliativos se centram na qualidade e não na duração da vida. Oferecem
assistência humana e compassiva para as pessoas nas últimas fases de uma doença
incurável para que possam viver o mais confortavelmente possível.
A filosofia dos cuidados paliativos aceita a morte como o estágio final da vida: ela afirma a
vida e não acelera nem adia a morte. Os cuidados paliativos em um Hospice tratam a
pessoa e não a doença, controlando os sintomas, para que os últimos dias de vida sejam
dignos e com qualidade, cercado por seus entes queridos. Está também focada na família,
o que inclui não só o paciente, mas sua família na tomada de decisões.
HOSPICE: é antes de ser um lugar físico, é uma filosofia de cuidados, é um conceito. A
filosofia Hospice aborda uma assistência humanizada, em seu mais amplo espectro. Além
dos pilares de diagnóstico, tratamento e prognóstico, soma-se o pilar dos cuidados, que
engloba o paciente e seus familiares em todos os seus estágios, inclusive no pós-luto. O
cuidado com o luto se inicia bem antes do momento da morte do doente e exige uma
abordagem em equipe integrada e interdisciplinar.
Os cuidados paliativos são realizados em um hospice e consistem no tratamento para
alívio dos sintomas relacionados com a doença, sem o intuito curativo. Seu principal
objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente, que decidirá junto com seu médico e
familiares quando devem começar a realizar os cuidados paliativos.
Um dos problemas com os cuidados paliativos é que é iniciado de forma tardia. Às vezes, o
médico, o paciente ou familiar rejeitam a internação em um hospice porque acreditam que
dessa forma o paciente está se "entregando” ou que não existe mais esperança. Isso não é
verdade. Se o paciente melhorar ou a doença entrar em remissão, o paciente terá alta e
continuará a realizar uma série de ações contra o câncer em casa. Mas, a esperança que
um hospice oferece é de uma vida de qualidade, oferecendo o melhor de cada dia durante
os últimos estágios da uma doença avançada.
Alguns médicos não mencionam ou oferecem cuidados paliativos, assim o paciente ou
algum familiar pode questionar sobre o assunto. Se o seu tratamento não está
funcionando mais e as opções terapêuticas são cada vez menores ou caso não existam
mais opções, você pode pedir ao seu médico para iniciar os cuidados paliativos.
Estágio Terminal:
É quando se esgotam as possibilidades de resgate das condições de saúde
do paciente e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e
previsível. O paciente se torna "irrecuperável" e caminha para a morte,
sem que se consiga reverter este caminhar.
A conceituação de paciente terminal não é algo simples de ser estabelecido,
embora frequentemente nos deparemos com avaliações consensuais de
diferentes profissionais. Talvez, a dificuldade maior esteja em objetivar este
momento.
Um paciente é terminal em um contexto particular de possibilidades reais e
de posições pessoais, sejam de seu médico, sua família e próprias. Esta
colocação implica em reconhecer esta definição, paciente terminal, situada
além da biologia, inserida em um processo cultural e subjetivo, ou seja,
humano.
Mesmo assim, é evidente que alguns critérios podem tornar este momento
menos impreciso, entre eles os clínicos (exames laboratoriais, de imagens,
funcionais, anatomopatológicos), os dados da experiência que a equipe
envolvida tem acerca das possibilidades de evolução de casos semelhantes,
os critérios que levam em conta as condições pessoais do paciente (sinais de
contato ou não com o exterior, respostas ao meio, à dor), a intuição dos
profissionais (suas vivências e experiências semelhantes). De qualquer
forma, paciente, família e equipe situam-se neste ponto da evolução da
doença frente a impossibilidades e limites, de maneira que reconhecer o fim
parece ser a dificuldade maior. Denegar este conhecimento determina
estragos nos que partem e nos que ficam. Morrer só, entre aparelhos, ou
rodeado por pessoas às quais não se pode falar de sua angústia, determina
um sofrimento difícil de ser avaliado, mas sem dúvida, suficientemente
importante para ser levado em conta. Os que ficam, por outro lado, têm que
se haver com a culpabilidade, a solidão e a incômoda sensação de não ter
feito tudo o que poderia.
Admitir que se esgotaram os recursos para o resgate de uma cura e que o
paciente se encaminha para o fim da vida, não significa que não há mais o
que fazer. Ao contrário, abre-se uma ampla gama de condutas que podem
ser oferecidas ao paciente e sua família. Condutas no plano concreto,
visando, agora, o alívio da dor, a diminuição do desconforto, mas sobretudo
a possibilidade de situar-se frente ao momento do fim da vida,
acompanhados por alguém que possa ouvi-los e sustente seus desejos.
Reconhecer, sempre que possível, seu lugar ativo, sua autonomia, suas
escolhas, permitir-lhe chegar ao momento de morrer, vivo, não antecipando
o momento desta morte a partir do abandono e isolamento.
Estabelece-se uma nova perspectiva de trabalho, multidisciplinar, que
costuma se chamar cuidados paliativos, embora a preocupação com o alívio
e conforto deva estar presente em todos os momentos do tratamento.
Diretrizes:
Estruturada de acordo com os princípios de ampliação e equidade do
acesso, acolhimento, humanização e integralidade da assistência
Incorporada ao sistema de regulação
Adotar linhas de cuidado por meio de práticas clínicas cuidadoras
baseadas nas necessidades do usuário, reduzindo a fragmentação da
assistência e valorizando o trabalho em equipe multidisciplinar e
interdisciplinar
Cuidador:
Cuidador é a pessoa que presta os cuidados diretamente, de maneira
contínua e/ou regular, podendo, ou não, ser alguém da família
Propõe-se ao cuidador seja orientado pela equipe de saúde nos cuidados a
serem realizados diariamente no próprio domicílio.
Entende-se que a figura do cuidador não deve constituir, necessariamente,
uma profissão ou função formalizada na área da saúde, uma vez que não
possui formação técnica específica.
Atribuições:
Ajudar no cuidado corporal (cabelo, unhas...)
Estimular e ajudar na alimentação
Ajudar a sair da cama, mesa, cadeira e a voltar
Ajudar na locomoção e atividades físicas apoiadas (andar, tomar
sol...)
Participar do tratamento diretamente observado
Administrar medicações, exceto em vias parentais, conforme
prescrição
Comunicar à equipe de saúde as intercorrências
Suporte psicológico
Prontuário
Os prontuários são peças fundamentais e obrigatórias para o registro de tudo que se
refere ao paciente, devendo estar em consonância e respeitar as normas e legislação
vigentes, inclusive no que se refere à guarda e manuseio.
O prontuário deverá ser preenchido em 2 vias, uma para o domicílio (prontuário
domiciliar) e outra que fica com a equipe (prontuário institucional).
Funcionamento do SAD
O SAD será organizado a partir de uma base territorial, sendo referência em atenção
domiciliar para uma população definida e se relacionará com os demais serviços de
saúde que compõem a Rede a Atenção à Saúde, em especial com a atenção básica,
atuando como matriciadores dessas equipes, necessário:
A EMAD realizará atendimento, no mínimo 1 vez por semana a cada usuário;
A EMAP será acionada somente a partir da indicação clínica da EMAD, para
dar suporte e complementar suas ações;
EMAD
2 médicos com carga horária mínima de 20 horas ou 1 com carga horária mínima de 40
horas
2 enfermeiros com carga horária mínima de 20 horas ou 1 com carga horária mínima
de 40 horas
1 fisioterapeuta com carga horária mínima de 30 horas por semana u 1 assistente
social com carga horária mínima de 30 horas por semana
4 auxiliares/técnicos de enfermagem com carga horária de 40 horas
EMAP
Constituído por no mínimo 3 profissionais de saúde de nível superior, com carga horária
semanal mínima de 30 horas, eleitos entre as seguintes categorias:
-Assistente social
- Fisioterapeuta
-Fonoaudióloga
-Nutricionista
-Odontólogo
-Psicólogo
-Farmacêutico
-Terapeuta ocupacional
RISCOS E AGRAVOS DE INTERNAÇÕES PROLONGADAS
Riscos de Infecção
O Ministério da Saúde define infecção hospitalar como aquela adquirida
após a admissão do paciente e cuja manifestação ocorreu durante a
internação ou após a alta, podendo ser relacionada com a internação ou
procedimentos hospitalares.
Durante a internação, o paciente idoso tem maiores chances de
desenvolver infecção hospitalar devido a alterações fisiológicas que
acontecem no envelhecimento, à redução da resposta imunológica e à
realização de procedimentos invasivos.
O risco de infecção relacionado ao sistema tegumentar foi classificado de
acordo com a presença de úlceras por pressão e ao uso de dispositivos
invasivos em alguns pacientes.
O risco de infecção está associado principalmente à manipulação dos
equipamentos e medidas de higiene, dessa forma, é de extrema
importância a elaboração e prática de medidas de controle que foquem
nesses aspectos para minimizar o risco uma vez que a predominância
desses fatores é bastante expressiva.
Riscos de Aspiração
Entende-se por aspiração, a inalação de conteúdo gástrico, partículas
alimentares ou corpos estranhos que se direciona a laringe e trato
respiratório inferior. A aspiração pode causar algumas complicações
respiratórias agudas, subagudas e crônicas dependendo do tipo e quantidade
de material aspirado, tais como bronquite, pneumonia e abscessos.
No momento da administração da dieta, o paciente deve estar bem
posicionado e com cabeceira da cama elevada evitando o refluxo da
alimentação ingerida.
Risco de Trombose Venosa Profunda
A trombose venosa profunda (TVP) é uma doença que se caracteriza pela
formação aguda de trombos em veias profundas, sendo a causa mais comum
de mortalidade hospitalar, sendo esta uma doença de passível prevenção.
Os principais fatores que levam ao risco de trombose venosa profunda são:
mobilidade reduzida, sequelas motoras, diminuição do retorno venoso; a
maior ocorrência no gênero feminino é justificada por alterações nas proteínas
do sistema anticoagulante e reposição de estrógenos; a hipertensão arterial
está relacionada pelo aumento da pressão sanguínea o que lesa a parede das
artérias estimulando o fator de coagulação; o tabagismo está relacionado à
presença da nicotina que induz o estado pró-trombótico através da ativação
plaquetária; o AVE isquêmico relacionado à presença de sequelas motoras; a
doença respiratória grave causa hipertensão pulmonar que por sua vez
favorece a estase sanguínea levando a TVP; o câncer pela indução de fatores
pró-coagulantes e a diabetes relacionado a hipercoagubilidade.
Risco de queda
Queda pode ser definida quando o corpo se desloca de forma não intencional
para um nível inferior ao inicial, sem correção postural em tempo hábil. Pode
estar relacionada ou não a patologias já existentes juntamente com fatores
que interfere na estabilidade do indivíduo, como: fatores ambientais,
fisiológicos, psicossociais e biomédicos.
Risco de eventos adversos relacionados a fármacos
Eventos adversos a medicamentos (EAM) é definido pela Organização Mundial
HIPERTENSÃO ARTERIAL
Fatores de risco
Fumo
Consumo de bebidas alcoólicas
Obesidade
Estresse
Elevado consumo de sal
Hipercolesterolemia
Sedentarismo
Sono inadequado