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PROBLEMA 01: A saúde é um dever do Estado?

Luiz, 30 anos, casado, levantou cedo para trabalhar. Estava saindo de casa quando sofreu uma
tontura e caiu desmaiado. Sua esposa ligou para a Unidade Básica de Saúde (UBS) que
frequentava e foi logo orientada a chamar o SAMU. A ambulância chegou e levou
imediatamente o Luiz para a UPA onde permaneceu por 24 horas em tratamento e
observação. Foi constatado que ele teve uma crise hipertensiva importante, mas que foi
atendido em tempo. No momento da alta da UPA, o paciente foi orientado a procurar a UBS
para fazer o acompanhamento, a sua esposa agradeceu ao médico e disse estar surpresa com
o atendimento recebido pois no passado não era assim. O médico lhe disse que ser bem
atendido é um direito do cidadão, garantido pelos princípios e diretrizes do SUS.

PERGUNTAS E HIPÓTESES:

1) Qual a diferença entre SAMU, UPA e UBS?


 SAMU: serviço de atendimento móvel de urgência. Ambulâncias públicas que
atendem urgência e emergência, pode atuar no local ou deslocar para outras
unidades.
 UPA: Unidade de Pronto Atendimento. Serviço voltado para atender urgência
e emergência; clínico e observacional, realização de exames.
 UBS: Unidade básica de saúde. Atendimento primário descentralizado, voltado
ao acompanhamento, prevenção, campanhas, grupos de apoio (gestante,
idoso).
2) Por que Luiz foi enviado para a UPA em vez da UBS?
 Por conta da característica da UPA, e de sua infraestrutura, voltada para
urgência e emergência que seria o mais indicado para o caso em questão. A
UBS não teria infraestrutura e possui mais função de atenção primária.
3) Qual o motivo do tempo de tratamento e observação?
 Em geral, período padrão de acompanhamento, independente da gravidade.
De acordo com a gravidade, período pode variar.
4) Quais as características de uma crise hipertensiva?
 Pode ser assintomática ou pode ter síncope, cefaleia. Causa: dieta,
sedentarismo, desequilíbrio de eletrólitos, medicamentos, genética, síndrome
metabólica, cardiopatia, nefropatia, etc
5) Quais são os modelos anteriores de atenção à saúde? E o atual?
 Modelo sanitarista campanhista, assistencial previdenciário, médico privatista,
ias, suds e sus. Houve uma transição de um modelo biomédico
(cura/tratamento) para preventivo. Dependendo do momento histórico, social
e interesse econômica são demandados modelos diferentes.
6) Por que o acompanhamento é feito na UBS?
 Territorialidade é importante, pois o número de pessoas é limitado, mais
próximo de residências, aumenta o vinculo entre profissionais e usuários, leva
à maior eficiência no tratamento e prevenção. Na UBS está uma equipe
multiprofissional
7) O que é o SUS?
 Sistema único de saúde; modelo vigente desde a constituição de 1988; SUS é
um dever do Estado, responsável pela vigilância sanitária, prevenção,
tratamento, uso de medicamentos, anvisa;
8) Quais são os princípios e diretrizes do SUS?
 Princípios: universalidade, integralidade e equidade
 Diretrizes: maior parte gratuito, abrangência no país todo, descentralizado,
autonomia, sigilo e vínculo médico, territorialização (EX: londrina – maioria da
população hipertensiva e diabética)
9) Quando a saúde passou a ser um direito?
 Desde a constituição de 1988, com o artigo 196, a saúde passou a ser um
direito de todos e um dever do Estado.

OBJETIVOS

1) Definir atenção primária.


2) Diferenciar (funções e características) UPA, UBS e SAMU/SIATE.
3) Conhecer a evolução histórica dos modelos de atenção à saúde.
4) Compreender os princípios e diretrizes do SUS, bem como as suas abrangências.
(origem, função e órgãos envolvidos).

DEFINIR ATENÇÃO PRIMÁRIA


 Contexto:
 Em 1920, anos depois da instituição do seguro nacional de saúde na
Grã-Bretanha, foi divulgado um texto oficial (Lord Dawson of Penn,
1920) que tratava da organização do sistema de serviços de saúde.
 Esse texto distinguia três principais níveis de serviços de saúde:
centros de saúde primários, centros de saúde secundários e hospitais-
escola.
 Para cada nível de saúde estipulou-se uma função e juntos, tais níveis
de serviços, serviram como base para a formulação do conceito de
Regionalização: um sistema de organização de serviços planejado para
responder aos vários níveis de necessidade de serviços médicos da
população.
 Esse arranjo teórico forneceu, posteriormente, a base para a
reorganização dos serviços de saúde em muitos países, os quais
possuem agora níveis claramente definidos de atenção, cada um com
um setor de atenção médica primária identificável e em
funcionamento.
 1977, a Assembleia Mundial de Saúde decidiu que a principal meta
social dos governos participantes deveria ser “a obtenção por parte de
todos os cidadãos do mundo de um nível de saúde no ano 2000 que
lhes permitirá levar vida social e economicamente ativa”.
 Esta declaração desencadeou uma série de atividades que tiveram um
grande impacto sobre o pensamento a respeito da atenção primária. E
os princípios foram enunciados em uma conferência realizada em
Alma Ata e tratara do tópico da “atenção primária à saúde”:
 Atenção essencial à saúde baseada em tecnologia e métodos
práticos, cientificamente comprovados e socialmente
aceitáveis, tornando universalmente acessíveis a indivíduos e
famílias na comunidade por meios aceitáveis para eles e a
um custo que tanto a comunidade como o país possa arcar
em cada estágio do seu desenvolvimento. É parte integral do
sistema de saúde do país, do qual é função central, sendo o
enfoque principal do desenvolvimento social e econômico
global da comunidade. É o primeiro nível de contato dos
indivíduos, da família e da comunidade com o sistema
nacional de saúde, levando a atenção à saúde o mais
próximo possível do local onde as pessoas vivem e
trabalham, constituindo o primeiro elemento de um
processo de atenção continuada à saúde. (Organização
Mundial da Saúde, 1978).
 O consenso alcançado em Alma Ata foi confirmado pela
assembleia mundial da saúde.
 Componentes fundamentais da atenção primária à saúde:
educação em saúde, saneamento ambiental, programas de
saúde materno-infantis, incluindo imunizações e planejamento
familiar, prevenção de doenças endêmicas locais, tratamento
adequado de doenças e lesões comuns, fornecimento de
medicamentos essenciais, promoção de boa nutrição e
medicina tradicional.
 Embora estes conceitos de atenção primária à saúde tenham
sido pensados para serem aplicados em todos os países,
existem discordâncias: o conceito de atenção primária com
ênfase na proximidade com as pessoas parece estranho num
país com sistema de saúde baseados em tecnologia; o
princípio de que a atenção primária à saúde deve ser
relacionada às necessidades, não é facilmente entendido em
países com sistemas de saúde bem estabelecidos, mas sem
nenhum sistema de informação capaz de documentar as
necessidades de saúde ou avaliar o impacto dos serviços de
saúde.

DIFERENCIAR UPA, UBS E SAMU/SIATE


#REDE DE ATENÇÃO AS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS: tem como objetivo
reordenar a atenção à saúde em situações de urgência e emergência de forma
coordenada entre os diferentes pontos atenção que a compõe, de forma a
melhor organizar a assistência, definindo fluxos e as referências adequadas. É
constituída pela Promoção, Prevenção e Vigilância em Saúde; Atenção
Básica; SAMU 192; Sala de Estabilização; Força Nacional do SUS; UPA 24h;
Unidades Hospitalares e Atenção Domiciliar. Assim, para que a Rede oferte
assistência qualificada aos usuários, é necessário que seus componentes
atuem de forma integrada, articulada e sinérgica. Sendo indispensável a
implementação da qualificação profissional, da informação, do processo de
acolhimento e da regulação de acesso a todos os componentes que a constitui.
 UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24h): Faz parte da rede de atenção às
urgências. O objetivo é concretizar os atendimentos de saúde de
complexidade intermediária, compondo uma rede organizada em conjunto
com a atenção básica, atenção hospitalar, atenção domiciliar e o Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192. Desta forma, a população terá
uma melhoria no acesso, um aumento da capacidade de atendimento do SUS.
 A UPA 24h oferece estrutura simplificada, com raio-X,
eletrocardiograma, pediatria, laboratório de exames e leitos de
observação.
 Se necessário o paciente poderá ser encaminhado para um hospital da
rede de saúde, para realização de procedimento de alta complexidade.
 As UPAs funcionam 24h por dial, sete dias por semana, e podem
atender grande parte das urgências e emergências.
 As UPAs prestam atendimento resolutivo e qualificado aos pacientes
acometidos por quadros agudos ou agudizados de natureza clínica, e
presta o primeiro atendimento aos casos de natureza cirúrgica e de
trauma, estabilizando os pacientes e realizando a investigação
diagnóstica inicial, de modo a definir a conduta necessária para cada
caso, bem como garantir o referenciamento dos pacientes que
necessitarem de atendimento.
 Mantem pacientes em observação, por até 24h, para elucidação
diagnóstica ou estabilização clínica, e encaminham aqueles que não
tiveram suas queixas resolvidas com garantia da continuidade do
cuidado para internação em serviços hospitalares de retaguarda, por
meio da regulação do acesso assistencial.
 Exemplos de quando se deve procurar uma UPA 24h: febre alta,
fraturas e cortes com pouco sangramento, infarto e derrame, queda
com torsão e dor intensa ou suspeita de fratura, cólicas renais, falta de
ar intensa, crises convulsivas, dores fortes no peito, vômito constante
etc.

 UBS (Unidade Básica de Saúde): Promover e proteger a saúde, a prevenção de


agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a
manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral
que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos
determinantes e condicionantes de saúde das coletividades.
 UBS é o contato preferencial dos usuários, a principal porta de
entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à
Saúde. É instalada perto de onde as pessoas moram, trabalham,
estudam e vivem e, com isso, desempenha um papel central na
garantia de acesso à população a uma atenção à saúde de qualidade.
 Na UBS, é possível receber atendimentos básicos e gratuitos em
pediatria, ginecologia, clínica geral, enfermagem e odontologia. Os
principais serviços oferecidos são consultas médicas, inalações,
injeções, curativos, vacinas, coletas de exames laboratoriais,
tratamento odontológico, encaminhamentos para especialidades e
fornecimento de medicação básica.
 A atenção primária é constituída pelas unidades básicas de saúde
(UBS) e Equipes de Atenção Básica, enquanto o nível intermediário
de atenção fica a encargo do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel e
Urgência) e da UPA e o atendimento de média e alta complexidade é
feito nos hospitais.
 SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência): tem como objetivo
chegar precocemente à vítima após ter ocorrido alguma situação de urgência
ou emergência que possa levar a sofrimento, a sequelas ou mesmo à morte.
São urgências as situações de natureza clínica, cirúrgica, traumática,
obstétrica, psiquiátrica etc.
 O SAMU é componente fundamental da Política Nacional de Atenção
às Urgências: essa política prioriza os princípios do SUS, com ênfase na
construção de redes de atenção integral às urgências regionalizadas e
hierarquizadas que permitam a organização da atenção, com o
objetivo de garantir a universalidade do acesso, a equidade na
alocação de recursos e a integralidade na atenção prestada.
 O SAMU 192 realiza os atendimentos em qualquer lugar e conta com
equipes que reúne médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e
condutores socorristas.
 O SAMU 192 é um serviço gratuito, que funciona 24h, por meio da
prestação de orientações e do envio de veículos tripulados por equipe
capacitada e acionado por uma Central de Regulação das Urgências.
 O atendimento do SAMU começa a partir do chamado telefônico,
quando são prestadas orientações sobre as primeiras ações (a ligação
é gratuita). Os técnicos do atendimento telefônico que identificam a
emergência e coletam as primeiras informações sobre as vítimas e sua
localização. Em seguida, as chamas são remetidas ao Médico
Regulador, que presta orientações de socorro às vítimas e aciona
ambulâncias quando necessário.
 As ambulâncias do SAMU são distribuídas estrategicamente, de modo
a otimizar o tempo-resposta entre os chamados da população e o
encaminhamento aos serviços hospitalares de referência.
 A prioridade é prestar atendimento à vítima no menor tempo possível
inclusive com o envio de médicos conforme a gravidade do caso.
 Chamar o SAMU quando: ocorrência de problemas
cardiorrespiratórios, intoxicação exógena e envenenamento,
queimaduras graves, ocorrência de maus tratos, trabalhos de parto em
que haja risco de morte, tentativas de suicídio, crises hipertensivas e
dores no peito de aparecimento súbito, afogamentos, choque elétrico,
acidentes com produtos perigosos, crises convulsivas etc.

 SIATE (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência): O


SIATE é coordenado pelos bombeiros e é atendido pelo número 193.
Basicamente para vítimas de trauma é para a SIATE que se deve ligar, agora,
em geral, para casos clínicos o SAMU que presta atendimento.
 As ambulâncias do Siate atendem traumas e ferimentos como, por
exemplo:
- Acidentes de trânsito com um ou mais feridos.
- Socorro a vítimas de ferimentos de arma de fogo, faca, estilete canivete,
dentre outros.
- Quedas com ferimentos e fraturas.
- Ataques de animais, como cães e abelhas.
- Choques elétricos graves.
- Afogamentos em lagos e rios
- Soterramentos.
- Lesões durante atividades de lazer, como fraturas de futebol, por
exemplo.

MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE


 Os modelos de atenção à saúde são combinações tecnológicas estruturadas
para a resolução de problemas e para o atendimento das necessidades de
saúde da população, sejam elas individuais ou coletivas. São formas de
organização tecnológica do processo de prestação de serviços de saúde que
resultam do estabelecimento de intermediações entre o técnico e o político.
 Os modelos de atenção, portanto, estão intimamente relacionados as políticas
públicas. Os SUS adquiriu status de uma das mais importantes políticas
públicas governamentais com as Leis Orgânicas da Saúde.
 No entanto, vários foram os contextos do setor de saúde no Brasil antes do
advento SUS e é importante destacar nos distintos tempos e políticas de
saúde, as principais características que delinearam os principais modelos até
se alcançar a expansão da ação estatal no setor saúde.
 A REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA E AS MUDANÇAS DO MODELO
ASSISTENCIAL:
 As discussões sobre a necessidade de mudanças do modelo
assistencial ganharam força no final dos anos 70 com o movimento da
Reforma Sanitária Brasileira.
 A crítica ao modelo de saúde dominante no Brasil, altamente
centralizado, fragmentado e restrito às ações curativas apontava a
necessidade de profundas transformações  necessidade da
descentralização dos serviços, humanização do atendimento e da
atenção integral, garantindo o acesso à saúde para toda a população.
 Modelo Sanitarista Campanhista: compreendido do início do século
XX até 1929 (Primeira República), caracterizado pela economia
agroexportadora, tendo o café como um dos principais produtos. Este
modelo é voltado essencialmente ao controle de endemias.
 A assistência à saúde individual era prestada quase que
exclusivamente de forma privada, excluindo o acesso de
grande parte da população que não podia pagar por estes
cuidados, restando-lhes os serviços filantrópicos.
 Modelo Médico Assistencial Previdenciário: compreendido entre
1920 a 1945 e não marca grandes transformações na saúde pública
que continua voltada ao combate das doenças endêmicas.
 Na assistência individual começa a se delinear o modelo
médico assistencial previdenciário com as Caixas de
Aposentadoria e Pensão (CAPS: relação entre o empregado e o
empregador) e os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP:
relação entre o empregado e o empregador com intermédio
do Estado);

# De 1945 até 1970 vários acontecimentos agravaram as


condições sociais da população brasileira, em decorrência do
período pós-guerra, da acelerada urbanização, do assalariamento
de parcelas crescentes da população e da reivindicação por
assistência médica e benefícios sociais.

# Com o golpe militar de 1964 e a intervenção do Estado nos


intitutos (IAP), ocorre a unificação destes institutos com a criação
do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

# Em relação à saúde pública, este novo quadro substitui a ênfase


na prevenção das doenças endêmicas pelas doenças de massa
agravadas pelas condições de vida e de trabalho.

 Modelo Médico Privatista: na saúde individual, cresce este modelo,


centrado na assistência médica, nas práticas curativas altamente
especializadas e fragmentadas, no cuidado individual e na organização
voltada ao complexo médico-hospitalar.

#Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira (RSB):

 Final da década de 1970


 Movimento nacional suprapartidário composto por intelectuais, lideranças políticas,
profissionais e dirigentes da saúde e por representantes da sociedade.
 Discussão da necessidade de mudanças dos modelos de assistência à saúde no Brasil
(que era amplamente excludente e giravam em torno da dicotomia entre as ações
preventivas e curativas).
 Vários municípios brasileiros implantam serviços de saúde organizados na perspectiva
da descentralização do sistema.
 Campinas, Londrina, Niterói e Montes Claros etc, são exemplos de municípios
pioneiros na estruturação dos primeiros serviços municipais de saúde sob esta nova
lógica  a grande contribuição que trouxeram, ao contexto da Reforma Sanitária
Brasileira, foram os resultados advindos destas novas formas de organização com
impactos positivos nos indicadores de saúde e na cobertura à população desprovida de
acesso aos serviços de saúde.
 Final da década de 70: em âmbito mundial, ocorreu a conferência internacional da
Alma-Ata (1978) que trouxe para o centro de discussão a Atenção Primária à Saúde
(APS) como proposta de reordenamento dos sistemas de saúde.
 Década de 80, em decorrência da severa crise econômica da previdência social, o
modelo assistencial revela sua ineficiência devido aos altos gastos com a prestação de
serviços e a sua baixa qualidade. Tais acontecimentos contribuíram favoravelmente
para o crescimento de experiências estaduais e municipais de saúde: Ações integradas
de Saúde (AIS); sistema unificado e integrado de saúde (SUDS)  Ambas propostas
são voltadas à descentralização, fortalecendo a perspectiva de municipalização dos
serviços e de mudança do modelo assistencial.
 1986: VIII conferência nacional de saúde (CNS): reafirma e consolida as propostas do
movimento sanitário brasileiro; Ao promulgar a saúde como direito de todos e dever
do Estado  ocorre a ampliação do conceito de saúde, conferindo-lhe o caráter de
direito de cidadania.
 Com a criação do SUS na constituição de 1988 e sua instituição pelas Leis Orgânicas da
Saúde  ficam assegurados os princípios que devem reger a organização do sistema
de saúde brasileira: descentralização, equidade, integralidade, participação da
população e universalização.
 A década de 1980 termina com muitos avanços para a saúde publica brasileira, em
especial para o nível primário de atenção que ganha nova visibilidade no contexto
brasileiro com a perspectiva de ampliação do acesso da população a estes serviços.
 A instituição jurídica do SUS no início dos anos 90 fortalece esta tendência (maior
visibilidade à atenção primária) e inaugura a operacionalização do sistema por meio de
normas, leis e decretos que visam assegurar o cumprimento dos princípios e diretrizes
do SUS na lógica das mudanças do modelo de atenção.
 Implantação do Programa Saúde da Família em 1994: ampliação do acesso e da
descentralização das ações de saúde e inaugura novas reflexões sobre o modo de fazer
saúde e a necessidade de mudanças das práticas profissionais e institucionais.
 Final da década de 1990 e início dos anos 2000: a acelerada expansão da Saúde da
Família torna-se uma das principais estratégias de reorientação do modelo
contribuindo para a inauguração de um novo cenário nacional de organização dos
serviços.
 Ainda que os incentivos e o crescimento de número de equipes, da
cobertura populacional, da criação dos mecanismos de apoio tanto
para a formação de profissionais e prestação do cuidado
multiprofissional e interdisciplinar (NASF – Núcleos de Apoio à Saúde
da Família, 2008 ainda são grandes os desafios para a superação do
modelo de saúde ainda hegemônico no país.

PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS


 O sistema Único de Saúde é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde
pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para a avaliação da
pressão arterial, por meio da atenção primária, até o transplante de órgãos,
garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país.
 Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema público de
saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e não somente aos cuidados
assistenciais, passou a ser um direito de todos os brasileiros, desde a gestação e por
toda a vida, com foco na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a
promoção da saúde.
 A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e participativa entre os
três entes da Federação: a União, os Estados e os municípios. A rede que compõe o
SUS é ampla e abrange tanto ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção
primária, média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a atenção
hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e
assistência farmacêutica.
#AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a “Saúde é direito
de todos e dever do Estado”. No período anterior a CF-88, o sistema público de
saúde prestava assistência apenas aos trabalhadores vinculados à Previdência
Social, aproximadamente 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços
hospitalares, cabendo o atendimento aos demais cidadãos às entidades
filantrópicas.
 Estrutura do SUS: é composto pelo ministério da saúde, Estados e municípios,
conforme determina a constituição federal. Cada tem as suas corresponsabilidades.
 Ministério da Saúde: gestor nacional do SUS, formula, normatiza,
fiscaliza, monitora e avalia políticas e ações, em articulação com o
Conselho Nacional de Saúde.
 Integram a sua estrutura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS,
Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais federais.
 Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz): são executados
mais de mil projetos de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico, que produzem conhecimentos para o
controle de doenças como Aids, malária, Chagas,
tuberculose, hanseníase, sarampo, rubéola,
esquistossomose, meningites e hepatites, além de
outros temas ligado à saúde coletiva, entre os quais a
violência e as mudanças climáticas, e a história da
ciência. A Fiocruz é a principal instituição não-
universitária de formação e qualificação de recursos
humanos para o SUS e para a área de ciência e
tecnologia no Brasil.
 Funasa (Fundação Nacional de Saúde): como resultado
da fusão de vários segmentos da área da saúde. A
criação da Funasa exerceu papel relevante na
efetivação da reforma sanitária promovida pelo
ministério da saúde, além de ter tido ação decisiva na
implementação e ampliação do SUS.
 Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): é
uma autarquia (autonomia administrativa e financeira)
sob regime especial, que tem sede e foro no Distrito
Federal, e está presente em todo o território nacional
por meio da coordenação de portos, aeroportos,
fronteiras e recintos alfandegários. Tem por finalidade
institucional promover a proteção da saúde da
população, por intermédio do controle sanitário da
produção e consumo de produtos e serviços
submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos
ambientes, dos processos, dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados, bem como o controle
de portos, aeroportos, fronteiras e recintos
alfandegários.
 ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar):
responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil.
Tem como função promover a defesa do interesse
público na assistência suplementar à saúde.
 Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e
Biotecnologia): Consiste na produção de
hemoderivados a partir do fracionamento industrial
do plasma, prioritariamente, para tratamento de
pacientes do SUS. Desenvolve a fabricação de
produtos obtidos por biotecnologia, incluindo
reagentes, na área de hemoterapia.
 Inca (Instituto Nacional do Câncer): responsável pelo
desenvolvimento e coordenação das ações integradas
para a prevenção e o controle do câncer no Brasil. Tais
ações compreendem a assistência médico-hospitalar,
prestada direta e gratuitamente aos pacientes com
câncer como parte dos serviços oferecidos pelo SUS, e
atuação em áreas estratégicas, coo prevenção e
detecção precoce, formação de profissionais
especializados, desenvolvimento da pesquisa e
geração de informação epidemiológica.
 Into (instituto Nacional de Traumatologia e
Ortopedia): responsável pelo tratamento cirúrgico
ortopédico de alta complexidade, destinado a atender
exclusivamente os pacientes do SUS.
 Secretaria Estadual de Saúde (SES): participa da formulação das
políticas e ações de saúde, presta apoio aos municípios em articulação
com o conselho estadual.
 Secretaria Municipal de Saúde (SMS): Planeja, organiza, controla,
avalia e executa as ações e serviços de saúde em articulação com o
conselho municipal e a esfera estadual para aprovar e implantar o
plano municipal de saúde.
 Princípios do SUS:

 Universalização: a saúde é um direito de cidadania de todas as


pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo que o acesso
às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas,
independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras
características sociais ou pessoais.
 Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir desigualdades.
Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as
pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em
outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os
desiguais, investindo mais onde a carência é maior.
 Integralidade: este princípio considera as pessoas como um todo,
atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a
integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de
doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio de
integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas
públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre as
diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de
vida dos indivíduos.
 Princípios Organizativos:
 Regionalização e Hierarquização: os serviços devem ser organizados em
níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área
geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos e com definição e
conhecimento da população a ser atendida.
 A regionalização é um processo de articulação entre os
serviços que já existem, visando o comando unificado dos
mesmos.
 A hierarquização deve proceder à divisão de níveis e garantir
formas de acesso a serviços que façam parte da
complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos
disponíveis numa dada região.
 Descentralização e Comando único: descentralizar é redistribuir poder e
responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde,
descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o
controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade
pela saúde deve ser descentralizada até o município, devem ser fornecidas
ao município condições gerenciais, técnicas administrativas e financeiras
para exercer sua função.
 Em relação ao comando único: cada esfera de governo é autônoma e
soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios
gerais e a participação da sociedade.
 Participação popular: a sociedade dever participar no dia a dia do sistema.
Para isto, devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que
visam formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de
saúde.
 Diretrizes do SUS:
 A Constituição Federal que é considerada o marco jurídico inicial, onde “nasce
o SUS”, traz em seus artigos 196 ao 200, o “registro do SUS”, o artigo 198 da
CF, traz em seu texto as Diretrizes e princípios, conforme podemos verificar
abaixo:

“Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede


regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de
acordo com as seguintes diretrizes:
I - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade. ”

Uma vez constituído o SUS, houve a necessidade de regulamentação, o que


aconteceu em 1990, com a promulgação das duas Leis Orgânicas da Saúde
(LOS):

1. Lei 8.080/90 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e


recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. 

2. Lei 8.142/90 que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do


Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais
de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
 A "Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” traz informações para que as pessoas
conheçam seus direitos na hora de procurar atendimento de saúde. Ela reúne os seis
princípios básicos de cidadania que asseguram ao brasileiro o ingresso digno nos
sistemas de saúde, seja ele público ou privado:
 Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de
saúde
 Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu
problema
 Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de
qualquer discriminação
 Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus
valores e seus direitos
 Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento
aconteça da forma adequada
 Todo cidadão tem direito a comprometimento dos gestores da saúde para
que os princípios anteriores sejam cumpridos.

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