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Modelos Tecno-

assistenciais e
Conselho Gestor

PROFª ME PERLA CORRÊA


Modelos assistenciais
São as diferentes combinações tecnológicas que possuem
diferentes finalidades, como resolver problemas e atender
necessidades de saúde, em determinada realidade e
população adstrita (indivíduos, grupos, ou comunidades),
organizar serviços de saúde ou intervir em situações, em
função do perfil epidemiológico e da investigação dos
danos e riscos à saúde (Paim, 2003).
Modelos assistenciais

Modo como são produzidas ações de saúde e maneira


como os serviços de saúde e o Estado se organizam para
produzi-las e distribuí-las (CAMPOS et al., 1989).
MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL
Modelos de Atenção à Saúde ou Modelos Assistenciais: Padrões de intervenção na saúde.

1.SANITARISMO CAMPANHISTA:
 1º modelo de atenção à saúde desenvolvida no Brasil;
 Inaugurado entre (1902 e 1906) no governo do presidente Rodrigues Alves;
 Oswaldo Cruz médico sanitarista é nomeado para a Diretoria Nacional de Saúde Pública;
 Focado no combate das grandes epidemias e endemias;
 Campanhas de combate a vetores; promoção de hábitos de higiene e vacinação obrigatória;
 Marcada pelo autoritarismo.
Modelo Assistencial Sanitarista

 Saúde Pública Tradicional;


 Ação sobre certos agravos ou grupos em risco;
 Campanhas (vacinação, combate a dengue) e Programas Especiais
(controle da tuberculose, hanseníase, saúde da criança, saúde da mulher);
 É centralizador;
 Adotado nas instituições públicas de saúde;
 Não contempla a totalidade da situação de saúde;
 Não enfatiza a integralidade da atenção.
Revolta da Vacina

https://d.docs.live.net/f2c94c29df13d16e/Atividades%20Docentes/2023.2/GESTÃO%20E
M%20ENFERMAGEM%20NA%20AB/Aula%2010%20MODELOS%20DE%20ATENÇ
ÃO%20E%20CONSELHO%20GESTOR/Revolta%20da%20Vacina.mp4
2. MÉDICO ASSISTENCIAL PRIVATISTA:
 A partir do final da década de 1920;
 Em resposta a demanda dos trabalhadores sindicalizados;
 O Estado cria as CAPs (Caixas de Aposentadorias e Pensões); posteriormente as IAPs
(Institutos de Aposentadorias e Pensões); que por fim foi substituída pelo INAMPS;
 Assistência médica coberta na forma de seguro-saúde exclusiva para trabalhadores
sindicalizados.
 Era feito um desconto mensal da folha de pagamento dos trabalhadores para financiar a
previdência e o cobrir a assistência médica;
 Refere-se à assistência hospitalar e aos serviços que dão apoio para o diagnóstico e o
tratamento dos pacientes.
MÉDICO ASSISTENCIAL PRIVATISTA:
Mais conhecido e Demanda Procura ao serviço de
Dominante no Brasil;
prestigiado; espontânea; saúde por doença;

Não tem
Quem não tem
Não tem atendimento compromisso com o
doença não é
Caráter curativo; integral à impacto sobre o nível
alcançado pelo
comunidade; de saúde da
sistema de saúde;
população;

Alocação de recursos
Usado no setor
segundo a demanda
privado e público.
desordenada;
MÉDICO ASSISTENCIAL PRIVATISTA
3. MODELO DE ATENÇÃO INTEGRAL

 Novo modelo de atenção à saúde voltado para a qualidade de


vida;

 Visa romper com o ciclo biologicista, antropocêntrico,


medicalizante e iatrogênico do sistema de saúde;

 Ganha força a partir de 1980 num contexto das lutas pelo fim
da ditadura militar, por democracia e por direitos de cidadania;

 Busca combinar ações de promoção da saúde, prevenção


de doenças e acidentes, e atenção curativa;
3. MODELO DE ATENÇÃO INTEGRAL

 Prioriza as práticas de Atenção Primária;

 Promove o trabalho intersetorial;

 Utiliza o Conceito Ampliado de Saúde (objetiva superar a visão


biológica da saúde, no qual a saúde é vista apenas como
ausência de doença);

 A Estratégia de Saúde da Família foi implementada tentando


alcançar o modelo da vigilância à saúde associada a atenção
primária, tirando o foco no modelo biomédico.
MODELO DE ATENÇÃO INTEGRAL
Integralidade da
atenção e impacto Acesso universal e
Rede regionalizada
sobre os igualitário às Descentralização;
e hierarquizada;
problemas de ações e serviços;
saúde;

Considera as
Proporciona
Atendimento Participação necessidades de
reorientação da
integral; comunitária; saúde da
demanda;
população;

Caracteriza o
distrito sanitário.
Modelo curativo de assistência

Conceito de saúde mais abrangente

Modelo de atenção integral à saúde promoção,


proteção e recuperação

Perfil epidemiológico da comunidade e infraestrutura dos serviços


Tecnologias em Saúde

Diante dos grandes avanços tecnológicos na saúde, observou-se


que a tecnologia está subdividida e identificada em três eixos: dura, leve-
dura e leve, compreendendo que as “duras” estão relacionadas aos
equipamentos, máquinas ou instrumentais utilizados, as “leve-duras” são
os saberes estruturados e associados a equipamentos tecnológicos
(tecnologia dura), e as “leves” compreendem a relação entre o profissional
e o usuário, numa assistência diretamente ligada a aplicação dos
procedimentos teórico-práticos (Abreu; Amendola; Trovo, 2017).
Tipos de Tecnologias
TECNOLOGIA DURA

Equipamentos

TECNOLOGIA LEVE-DURA

Saberes estruturados, normas, protocolos,


conhecimentos

TECNOLOGIA LEVE

Das relações
CONSELHO DE
SAÚDE
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988:
CONSTITUIÇÃO CIDADÃ

Art. 196 – “A Saúde é um direito de todos e um


dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação.”

Art. 198, cria o SUS e insere a participação da


comunidade com uma de suas diretrizes (III).
Vejamos:
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo
com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada
esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as
atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
...
Lei 8.142/90 reforça a participação da
Comunidade
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera
de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo,
com as seguintes instâncias colegiadas:

I - a Conferência de Saúde; e

II - o Conselho de Saúde.
Lei 8.142/90 reforça a participação da Comunidade.
Art. 1°....

§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos


com a representação dos vários segmentos sociais, para
avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a
formulação da política de saúde nos níveis correspondentes.

O que é uma
CONFERÊNCIA
DE SAÚDE?
CONFERÊNCIA DE SAÚDEÊNCIA
DE • Uma reunião para
SAÚDE discutir a saúde das
pessoas, o
sistema de saúde de uma
comunidade.

• Envolve o governo, os
profissionais de saúde, os
prestadores e os cidadãos
usuários.
CONFERÊNCIA DE SAÚDE
Convocadas pelo Poder Têm como objetivos
Executivo ou, principais avaliar a
extraordinariamente, pelo situação de saúde e propor
Conselho de Saúde. diretrizes para a
formulação da política
de saúde nos três níveis de
gestão.
Passo-a-passo da conferência de
saúde
I – O Conselho de Saúde aprova a realização da conferência em reunião plenária e encaminha minuta de
convocação, com data e tema previsto para os debates, para a autoridade máxima de gestão do SUS em sua
respectiva esfera (secretário municipal, estadual ou ministro da saúde);

II – A autoridade máxima do SUS edita o documento de convocação da conferência de saúde, via de regra
por meio de decreto ou portaria, a ser publicado/a no Diário Oficial e se responsabiliza pelo custeio das
ações de realização da conferência;

III – Após a publicação no Diário Oficial, o Conselho de Saúde aprova o Regimento da Conferência e
constitui uma Comissão Organizadora, com participação paritária de membros dos segmentos
representativos do conselho de saúde, da gestão da saúde respectiva e de convidados externos;
Passo-a-passo da conferência de saúde
IV – A seguir, a Comissão Organizadora deve atuar:

a) na mobilização da população, garantindo ampla divulgação nos meios de comunicação locais


(estações de rádio, associações de bairro, mídias sociais, etc.);

b) na organização da programação da conferência, compondo mesas de debate e momentos de


deliberação em torno das ações a serem encaminhadas ao gestor acerca do plano de saúde e do PPA;

c) na confecção dos materiais necessários para subsidiar os debates e orientar a população em torno dos
desafios para a área da saúde em sua esfera de competência.
Passo-a-passo da conferência de saúde
V – A realização da conferência deve ser garantida pela gestão, organizada pela Comissão
Organizadora e registrada por uma relatoria previamente definida com a função de produzir as atas da
conferência e posterior confecção do seu relatório final, do qual deve constar as metas e ações a serem
propostas para os gestores incorporarem no Plano de Saúde e no Plano Plurianual local.

VI – Após a realização da conferência, o Conselho de Saúde deve monitorar a elaboração do Plano de


Saúde, do Plano Plurianual (PPA), da Programação Anual de Saúde (PAS) e da Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), para avaliar se as propostas votadas e aprovadas na plenária final da
Conferência de Saúde estão contempladas dentre as Diretrizes, Objetivos e Metas presentes nesses
instrumentos de planejamento.
Lei 8.142/90 reforça a participação da Comunidade.
Art. 1°....

§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e


deliberativo, órgão colegiado composto por representantes
do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e
usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da
execução da política de saúde na instância correspondente.
Na saúde, o objetivo do controle social é garantir
a participação da população na
construção de políticas públicas, o direito da
população à saúde e que os princípios
doutrinários do SUS sejam seguidos
(universalidade, acessibilidade, vínculo,
continuidade do cuidado, integralidade da
atenção, responsabilização, humanização,
equidade e participação social)
Conselho Municipal de Saúde

O processo bem sucedido de descentralização tem determinado a


ampliação dos Conselhos de Saúde que ora se estabelecem também
em Conselhos Regionais, Conselhos Locais, Conselhos Distritais de
Saúde, incluindo os Conselhos Distritais Sanitários Indígenas, sob a
coordenação dos Conselhos de Saúde da esfera correspondente
Conselho Municipal de Saúde –
Atribuições
• Discutir, elaborar e aprovar proposta de operacionalização das
diretrizes aprovadas pelas Conferências de Saúde.

• Atuar na formulação e no controle da execução da política de saúde,


incluindo os seus aspectos econômicos e financeiros e propor
estratégias para a sua aplicação aos setores público e privado.
Conselho Municipal de Saúde –
Atribuições
• Estabelecer estratégias e procedimentos de acompanhamento da gestão do SUS,
articulandos e com os demais colegiados como os de seguridade, meio ambiente,
justiça, educação,trabalho, agricultura, idosos, criança e adolescente e outros.

• Aprovar a proposta orçamentária anual da saúde, tendo em vista as metas e


prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (artigo 195, § 2º da
Constituição Federal), observado o princípio do processo de planejamento e
orçamentação ascendentes (artigo 36 da Lei nº 8.080/90).
Conselho Municipal de Saúde –
Atribuições
• Analisar, discutir e aprovar o relatório de gestão, com a prestação de
contas e informações financeiras, repassadas em tempo hábil aos
conselheiros, acompanhado do devido assessoramento.

• Examinar propostas e denúncias de indícios de irregularidades,


responder no seu âmbito a consultas sobre assuntos pertinentes às ações
e aos serviços de saúde, bem como apreciar recursos a respeito de
deliberações do Conselho, nas suas respectivas instâncias.
Organização do Conselho
Paridade conforme Lei nº 8.142/90 e Resolução nº
453/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
Como é formado o conselho?
O conselho gestor é formado por três segmentos: Usuário,
Trabalhador e Gestor.
25% TRABALHADORES
50% USUÁRIOS (Representantes (Representantes dos trabalhadores
da Sociedade civil da área de da Unidade de Saúde: Servidores e
abrangência do conselho: empregados públicos independente
membros da população, do vínculo empregatício,
movimentos sociais trabalhadores contratados por
institucionalizados ou não, empresas e parceiros que prestem
entidades e associações). serviço na unidade de saúde).

25% GESTORES (Trabalhadores que


exerçam funções de gerenciamento e /ou
respondam pelo funcionamento da
unidade: gerente, assessores, chefia
administrativa e prestadores de serviço)
IMPORTANTE!!!
O Poder Executivo deverá acolher as demandas da população aprovadas nas Conferências de
Saúde, e em consonância com a legislação.
Os Conselhos de Saúde são instâncias deliberativas inclusive nos aspectos econômicos e
financeiros.
O número de conselheiros será definido pelos Conselhos de Saúde e constituído em lei.
Propõe a diversificação dos segmentos representados e a renovação de pelo menos 30% a cada
gestão
Veta a participação do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público, como
conselheiros
As funções, como membro do Conselho de Saúde, não serão remuneradas.
IMPORTANTE!!!
As três esferas de Governo garantirão autonomia administrativa, financeira e organizacional para o
pleno funcionamento do Conselho de Saúde;

A pauta e o material de apoio às reuniões devem ser encaminhados com antecedência mínima de 10
(dez) dias;

As reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde são abertas ao público;

A cada três meses, deverá constar dos itens da pauta o pronunciamento do gestor, para que faça a
prestação de contas;

Anualmente o CS deliberará sobre a aprovação ou não do relatório de gestão;

Aprovar a proposta orçamentária anual da saúde;

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