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HARDTOPICS SUS: HISTÓRICO, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

O QUE CAI?

As diferenças entre os modelos de sistema de saúde antes e após a criação do SUS, com enfoque em seus
princípios e diretrizes tanto em forma de conceitos como em exemplos.

HISTÓRICO DE SAÚDE NO BRASIL


período colonial. Sem modelo de saúde concreto. Apenas a elite possuía acesso a atendimento médico
especializado. a população geral recorria a curandeiros, boticários, crenças populares. 1808: Vinda da
família real portuguesa: Início de um controle sanitário mínimo, fundação das primeiras faculdades de
medicina (Salvador e Rio de Janeiro).
república velha (modelo campanhista). Tentativa de controle das grandes epidemias, porém ainda sem
um modelo de sistema de saúde ou medidas voltadas para prevenção e atendimento individual .
lei Eloy Chaves. Criação dos CAPS (Caixas de Aposentadorias e Pensões) em 1923. Representa o início da
ideia de previdência social no Brasil. pensão, aposentadoria, auxílio para trabalhadores. Organizadas pelas
empresas. Sem participação do Estado.
IAPS (Instituto de Aposentadorias e Pensões). Getúlio Vargas, 1930. Controle do Estado. Organizado
por categoria profissional. Apenas para trabalhadores com carteira assinada.
regime militar. IAPs → INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) → INAMPS (Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social). Intensificação de um complexo médico hospitalar industrial. A
urbanização + população marginalizada + alto custo da medicina curativa + crise econômica → movimento
Sanitário
movimento sanitário. Participação da população, intelectuais, políticos, entidades estudantis. Influência
de discussões por todo o mundo acerca de abrangência de sistemas de saúde, medicina preventiva, bem-
estar social.
VIII Conferência Nacional de Saúde. 1986. Idealização do SUDS: Sistema Único Descentralizado de
Saúde. Vonceito de saúde como direito.

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

constituição federal (1988). Art 196. “Saúde é um direito de todos e dever do Estado”. Art 198. “As
ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
sistema único organizado de acordo com as seguintes diretrizes: Descentralização, Integralidade e
Participação Social”.
seguridade social. O SUS é baseado no conceito de seguridade social. Segundo a Constituição Federal no
art. 194 "A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes
públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social".

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HARDTOPICS SUS: HISTÓRICO, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

Ou seja, a seguridade social visa a proteção social, oferecendo assistência em áreas mais essenciais
àqueles necessitados. É financiada por toda a sociedade direta ou indiretamente por meio de pagamento
de impostos e contribuições.

PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS

Princípios ideológicos, que determinam valores e ideais a serem atingidos.


universalidade. Acesso universal ao sistema de saúde. Ou seja, todos os cidadãos possuem o direito de
usufruírem dos serviços e ações do SUS, independente da sua condição socioeconômica, cor, religião,
crenças, status trabalhistas, etc. Assegurar esse direito é dever do Estado.
Integralidade. Considera a saúde como conceito multidimensional e que é dever do SUS atender às
diversas necessidades do ser humano em toda sua complexidade. Com isso devem ser implementadas
ações não apenas curativas, mas também de promoção à saúde, prevenção de doenças e reabilitação. Da
mesma forma deve haver atendimento integral e multissetorial para garantir o atendimento das
demandas relacionadas à saúde da população.
equidade. Diminuir injustiça e desigualdade dentro do sistema de saúde. Para isso, é preciso entender que
cada pessoa tem características (individuais, socioeconômicas, culturais, etc) próprias e que,
consequentemente, isso levará a necessidades distintas. A ideia da equidade, portanto, é levar em
consideração essas diferenças e "tratar desigualmente os desiguais". Algumas pessoas necessitarão de
uma tratamento mais urgentemente que outras. Haverá exames que serão indicados para alguns, mas não
para outros, assim por diante.

PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS

Diretrizes que norteiam a forma de organização dos serviços dentro do sistema.


descentralização. Distribuição de responsabilidades e deveres entre as 3 esferas de governo, fornecendo
maior poder de decisão, gestão, condições financeiras e autonomia para os estados federativos e,
principalmente, aos municípios.
regionalização e hierarquização. Articulação entre serviços de uma determinada área geográfica. essa
diretriz permite que as demandas específicas de cada região sejam abordadas de maneira mais
individualizada. a hierarquização diz respeito à forma como os serviços de saúde são organizados de acordo
com sua complexidade.
Participação Social: A população pode e deve participar da elaboração de políticas públicas
relacionadas à saúde bem como da fiscalização de suas implementações e infraestrutura.
complementariedade do setor privado. A constituição federal prevê que quando os serviços públicos
forem insuficientes, serviços do setor privado poderão ser contratados mediante contratos do direito
público desde que os serviços estejam de acordo com os princípios básicos e organizacionais do SUS.
Quando isso acontecer, dar preferência a serviços semfins lucrativos (ex: hospitais filantrópicos).

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HARDTOPICS SUS: LEIS E FINANCIAMENTO

O QUE CAI?

Entender que após o anúncio de criação do SUS, ainda haveria um longo processo para que as ideias do
novo sistema fossem concretizadas. Foi criado um arcabouço legal para o SUS, com alguns marcos
principais.

LEIS ORGÂNICAS EM SAÚDE

lei 8080/90. Reafirmou princípios que deveriam nortear o SUS, determinou responsabilidades de cada
esfera do governo e também detalhou o escopo de ações do SUS (ex. execução de ações: a) de vigilância
sanitária; b) de vigilância epidemiológica; c) de saúde do trabalhador; e d) de assistência terapêutica
integral, inclusive farmacêutica)
lei 8.142/90. Marco inicial da participação social. regulamentados dois instrumentos principais para esse
fim: as conferências em saúde e os conselhos de saúde.
conferência de saúde. Reunida a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais,
para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis
correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de
Saúde.
conselho de saúde. Permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do
governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no
controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos
e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada
esfera do governo
atenção. A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências será paritária em relação ao
conjunto dos demais segmentos. Ou seja, os usuários do SUS devem representar 50% das pessoas presentes tanto
nos conselhos quanto nas conferências em saúde. A outra metade é composta por profissionais de saúde,
prestadores de serviços e gestores.

PACTO PELA SAÚDE (2006)

Municípios, estados e governo federal aderem ao termo de compromisso de gestão. Definição de


prioridades articuladas e integradas. deveria ser renovado anualmente. Dividido em 3 conjuntos de ações.
pacto pela vida. Prioridades que apresentem impacto sobre a situação de saúde da população brasileira:
pacto em defesa do SUS. Resgate dos princípios doutrinários do SUS. Implementar um projeto
permanente de mobilização social
pacto de gestão do SUS. estabelecer as diretrizes para a gestão do sus, com ênfase na
descentralização; regionalização; financiamento; programação pactuada e integrada; regulação;
participação e controle social; planejamento; gestão do trabalho e educação na saúde.”

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HARDTOPICS SUS: LEIS E FINANCIAMENTO

NOBS – NORMAS OPERACIONAIS BÁSICAS


DECRETO 7.508/2011

regulamenta a Lei 8.080 de 1990. O decreto 7.508 retoma muitos dos princípios e diretrizes do SUS
de forma mais concreta e atualizada principalmente em relação a estratégias de regionalização e
hierarquização. nesse documento estão definidos conceitos como:
região de saúde. “Espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de municípios limítrofes,
delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e
infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento
e a execução de ações e serviços de saúde”. para ser instituída, a região de saúde deve conter, no mínimo,
ações e serviços de: I - atenção primária; II - urgência e emergência; III – atenção psicossocial; IV -
atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e V - vigilância em saúde.
hierarquização. São portas de entrada às ações e aos serviços de saúde nas redes de atenção à saúde os
serviços: I - de atenção primária; II - de atenção de urgência e emergência; III - de atenção psicossocial; e
IV - especiais de acesso aberto.
Outras definições: contrato organizativo de ação pública de saúde; mapa da saúde; rede de atenção à
saúde; serviços especiais de acesso aberto; protocolo clínico e diretriz terapêutica.

FINANCIAMENTO DO SUS
constituição de 1988. O financiamento deveria garantir universalidade e integralidade. Não definiu
porcentagem de investimento.
emenda constitucional 29/2000. Estabelece um percentual mínimo de recursos da receita destinado
para a saúde nas 3 esferas do governo. união = montante do ano anterior + variação nominal do PIB.
Estados = 12% da arrecadação anual em impostos. Municípios = 15% da arrecadação anual em impostos.
Problema: não estabelece o que pode ser considerado gasto público em saúde.
lei complementar n° 141/2012. Regulamenta a emenda constitucional 29. Define o que podem ser
consideradas despesas com ações e serviços públicos em saúde.
emenda constitucional 95/2016. Conhecida como lei do teto de gastos públicos. Instituiu novo regime
fiscal a ficar vigente pelos próximos 20 anos (até 2036), atrelou gastos em investimentos públicos à
correção da inflação do ano anterior. Crítica: “congela” os gastos em saúde caso a arrecadação com
impostos aumente nos próximos anos e desconsidera possíveis mudanças futuras no cenário econômico,
social e demográfico.

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HARDTOPICS SISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR

NOBS – NORMAS OPERACIONAIS BÁSICAS


CONTEXTO E HISTÓRIA
modelo médico-assistencial-privado-industrial. Antes da criação do SUS, já existiam planos de
saúde inseridos dentro do contexto de seguro social e/ou por contratação por cada indivíduo.
constituição de 1988. Art 199 “a assistência à saúde é livre à iniciativa privada”. Porém, por muito
tempo, não houve grandes avanços na regulação da saúde suplementar.
lei 9.656/98 (“lei dos planos de saúde”). Estabeleceu coberturas mínimas, passou a não haver
limitação para número de consultas, dias de internação, não se pode mais excluir tratamento de doenças
pré-existentes (elas passam a ser tratadas em condições especiais), todos os planos passarão a ser
fiscalizados pela agência nacional de saúde.
atenção. Um dos marcos mais importantes da lei foi a determinação de que quando um beneficiário de um plano
de saúde for atendido em instituições públicas ou privadas, conveniadas ou contratadas, integrantes do sistema
público, deve haver ressarcimento ao SUS pela operadora de saúde.
agência nacional de saúde (ans). Agência reguladora criada pela lei 9961 de 2001, como autarquia do
ministério da saúde. determina o rol de procedimentos e eventos em saúde para cada tipo de cobertura;
controla reajuste de preços, fiscalização.

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