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Sistema Único de

Saúde (SUS)
Prof. Me. Yuri Alexander dos Santos Rôas
Sistema Único de Saúde (SUS)

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de


1988, e regulamentado pelas Leis n.º 8.080/90 e nº 8.142/90, os quais
definem a integração de ações, atividades e serviços de saúde
prestados pelos órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
municipais e, de forma complementar, as entidades de iniciativa
privada. Os serviços integram uma rede organizada por regiões com
diferentes níveis de complexidade.
Sistema Único de Saúde (SUS)

O SUS permite atendimento a todos os cidadãos e é financiado com


recursos arrecadados através de contribuições sociais e impostos pagos
pela população e compõe os recursos tripartite governo federal,
estadual e municipal.
Como surgiu o SUS?

Em 1986, no fórum de debates sobre a saúde, a 8ª Conferência


Nacional de SAÚDE elaborou propostas de mudanças que passaram a
constar na Constituição Federal de 1988.
Como surgiu o SUS?
Na Constituição Federal de 1988, a saúde é então definida como resultante
de políticas sociais e econômicas, como direito do cidadão e dever do Estado,
como parte de seguridade social, cujas ações e serviços devem ser providos
por um Sistema de Saúde organizado segundo as diretrizes:
Descentralização
Atendimento integral
Universalidade
Direito às informações
Equidade
Participação da comunidade
Como surgiu o SUS?
Descentralização Significa compartilhar o poder, isto é, distribuir o poder e recursos além de redefinir as
atribuições de competência de cada esfera do governo. Assim, o município passa a
assumir uma série de ações e serviços que antes eram feitas pelo governo do estado ou
pelo governo federal.
Atendimento integral O princípio da integralidade se baseia na compreensão de que os usuários têm o direito
de serem atendidos em todas as suas necessidades. Deve haver integração entre as
ações preventivas e curativas, com maior atenção para as preventivas.
Universalidade Todas as pessoas têm acesso garantido às ações e serviços de saúde com igualdade. É de
responsabilidade do poder público oferecer condições para o exercício deste direito.
Isso acontecerá mediante a implantação do SUS.
Direito às informações Todas as pessoas têm acesso garantido às informações sobre a situação de saúde, assim
como à condição de saúde da comunidade, organizações dos serviços bem como a
forma de sua utilização.
Equidade Não é a mesma coisa que igualdade. É o respeito às diferentes condições e necessidades
da população. O sistema de saúde deve estar sempre atento às desigualdades,
utilizando a realidade de cada comunidade para definir as prioridades na destinação de
recursos e na orientação de programas a serem desenvolvidos.
Participação da comunidade Toda a sociedade tem direito de participar no planejamento, na avaliação e na
fiscalização dos servidores de saúde de forma organizada, através de conselhos
municipais, regionais e locais.
Princípios e Diretrizes do SUS
Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou
conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de
acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal.
Princípios Doutrinários
Universalidade Integralidade Equidade
Estabelece a todos o direito de As ações e os serviços de Possibilita as mesmas
atendimento pelo Sistema saúde devem ser articulados condições de acesso ao
Único de Saúde. de modo a oferecer cuidados Sistema Único de Saúde neste
que abranjam a prevenção de país, onde ninguém pode
doenças e a promoção da solicitar um atendimento
saúde, sem prejuízo das ações diferenciado, seja um pedido
de recuperação da saúde e por apadrinhamento político,
reabilitação. ou pelo nível social, raça,
gênero.
Princípios Operacionais
Regionalização
Hierarquização
Resolubilidade
Descentralização
Participação Social
Princípios Operacionais
Regionalização
É um processo técnico-político relacionado à definição de recortes espaciais para
fins de planejamento, organização e gestão de redes de ações e serviços de saúde.
Princípios Operacionais
Hierarquização
É a classificação dos complexidade serviços, considerando a complexidade
tecnológica de cada um deles. São categorizados de acordo com o tipo de cuidado
prestado e com as tecnologias utilizadas.
Princípios Operacionais
Resolubilidade
É a exigência de que, quando um indivíduo buscar o atendimento ou quando surgir
um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja
capacitado para enfrenta-lo e resolvê-lo.
Princípios Operacionais
Descentralização
Estratégia para redistribuir as responsabilidades pelas ações e serviços para os
municípios, tornando as três esferas responsáveis tanto pelo desenvolvimento
quanto pela coordenação, implantação e avaliação das políticas de saúde.
Princípios Operacionais
Participação Social
É a garantia constitucional de que a população, através de entidades
representativas, poderá participar do processo de formulação das políticas de
saúde e do controle de sua execução, e, todos os níveis, desde o federal até o local.
Princípios Operacionais
Participação Social
Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990
Dispõe a PARTICIPAÇÃO POPULAR na gestão do SUS e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e da outras
providências.

Conselho de Saúde
Conferência de Saúde
O papel dos Serviços de Saúde

A assistência à saúde se organiza em três níveis de complexidade:


primária, secundária e terciária.
Cada nível tem atribuições específicas. Esta divisão é muito importante,
porque estabelece as Unidades Básicas de Saúde como porta de
entrada do usuário no sistema de saúde, podendo chegar aos serviços
de maior complexidade. Tudo depende da necessidade de cada
usuário.
Redes de Atenção à Saúde

Rede de atenção primária:


As Unidades Básicas de Saúde (UBS), estabelecimentos da APS, conhecidos em
muitos locais como postos de saúde, realizam ações e atendimentos voltados à
prevenção e promoção à saúde.
Nas UBS é possível fazer exames e consultas de rotina com equipes
multiprofissionais e profissionais especializados em saúde da família, que
trabalham para garantir atenção integral à saúde no território.
Redes de Atenção à Saúde

Rede de atenção secundária:


Divide-se em serviços ambulatoriais e hospitalares. A média complexidade é
composta por serviços especializados encontrados em hospitais e ambulatórios e
envolve atendimento direcionado para áreas como pediatria, ortopedia,
cardiologia, oncologia, neurologia, psiquiatria, ginecologia, oftalmologia entre
outras especialidades médicas. As Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) e
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) também se encaixam aqui
e concentram os atendimentos de saúde de complexidade intermediária
Redes de Atenção à Saúde

Rede de atenção terciária:


São os serviços ambulatoriais e hospitalares que realizam atendimento de alta
complexidade.
Hospitais gerais de grande porte, hospitais universitários, Santas Casas e unidades
de ensino e pesquisa fazem parte do nível de alta complexidade da atenção
especializada.
São locais com leitos de UTI, centros cirúrgicos grandes e
complexos. Também envolve procedimentos que
demandam tecnologia de ponta e custos maiores, como os
oncológicos, cardiovasculares, transplantes e partos de alto
risco.
Municipalização

Na prática, municipalizar a saúde é aplicar o princípio da


descentralização. É trazer para o governo municipal a capacidade de
definir, junto com os usuários, as ações e atividades do setor. Os
governos estaduais e federais transferem para os municípios as
atribuições que eram de sua competência.
Quando o município se torna gestor dos recursos públicos, existe mais
agilidade para oferecer aos cidadãos respostas para os problemas
locais, diminuem-se as fraudes e a distribuição dos recursos se dá de
acordo com a realidade de cada município.
Municipalização

Para regulamentar o SUS, foi editado em 1990 as “Leis Orgânicas de


Saúde” (Leis nº 8080/90 e 8142/90); em 1993, foi publicada a Norma
Operacional Básica/93 (NOB/93); em 1996, foi a Norma Operacional
Básica/96 (NOB/96), e em 2001, a Norma Operacional da Assistência a
Saúde (01/NOAS/2001). Todos eles dispondo sobre a descentralização e
as formas de gerência do SUS.
Municipalização

O gerenciamento acontece através de três comissões especiais:


Comissão Intergestores Tripartite
Comissão Bipartite
Conselho Municipal de Saúde
Municipalização

O gerenciamento acontece através de três comissões especiais:


Comissão Intergestores Tripartite
Em âmbito nacional, a “Comissão Intergestores Tripartite” é formada por
representantes do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários Estaduais
(CONASS) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS).
A função da “Comissão Tripartite” é elaborar propostas políticas em nível nacional.
Ela esta subordinada ao Conselho Nacional de SAÚDE, que é composto por
representantes dos usuários (50%), e representantes dos demais segmentos
(governo federal, trabalhadores da saúde, prestadores públicos e privados).
Comissão Bipartite
Conselho Municipal de Saúde
Municipalização

O gerenciamento acontece através de três comissões especiais:


Comissão Intergestores Tripartite
Comissão Bipartite
Em âmbito estadual, a “Comissão Bipartite” é formada por representantes da
Secretaria de Estado e Secretarias Municipais de Saúde, de forma partidária e tem
a função de elaborar propostas políticas de saúde em nível estadual. A comissão
esta subordinada ao Conselho Estadual de Saúde que é composto por
representantes dos usuários (50%), representantes dos demais segmentos 25%
(governo estadual) e 25% (trabalhadores de saúde, prestadores públicos e
privados).
Conselho Municipal de Saúde
Municipalização

O gerenciamento acontece através de três comissões especiais:


Comissão Intergestores Tripartite
Comissão Bipartite
Conselho Municipal de Saúde
Em âmbito municipal, o “Conselho Municipal de Saúde” atua de forma deliberativa
no planejamento e no controle da execução da política de saúde municipal. A
formação do conselho varia conforme a lei de cada município, porém respeitando a
Lei 8.142/90.
O município passa a ser gestor do SUS

As secretarias municipais de saúde assumem a gestão das ações e


serviços de saúde através de normas.
A Norma Operacional Básica/93 (NOB/93) apresentou modalidades de
gestão progressivas, em que – gradativamente – os municípios foram
assumindo responsabilidades.
Por esta norma, os municípios passaram a atuar no gerenciamento
ambulatorial, programas de vigilância epidemiológica e sanitária, e
ações em saúde do trabalhador, podendo até chegar a gerência de
atividades hospitalares.
O município passa a ser gestor do SUS
A Norma Operacional Básica/96 (NOB/96) estabeleceu duas modalidades de
gestão: Plena da Atenção Básica e Plena do Sistema Municipal.
Gestão Plena da Atenção Básica: O município gerencia as ações e serviços
relacionados à assistência básica. Recebe os recursos para o custeio destas
ações, planejamento, executando ou acompanhando a execução e avaliando
o impacto das ações e remunerando os serviços realizados.
Gestão Plena do Sistema Municipal: O município é o gestor de todo o
sistema de saúde, planejamento, acompanhamento e avaliando os serviços
de saúde. Recebe a totalidade dos recursos no Fundo Municipal e procede ao
pagamento dos serviços realizados.
O município passa a ser gestor do SUS

Para o custeio das ações básicas, foi criado em 1997 o Piso de Atenção
Básica (PAB), O PAB fixo chega a todas as 5.575 cidades brasileiras, sem
exceção, e varia de R$ 23 a R$ 28 por habitante, dependendo das
características socioeconômicas de cada uma.
Inclui, por exemplo, nas ações básicas vacina, curativos, assistência
farmacêutica, atividades educativas e preventivas, consultas médicas
de pediatria, ginecologia e clínica médica, e procedimentos de
odontologia.
O município passa a ser gestor do SUS

Um novo modelo começa a valer a partir de 2020, repassando os


recursos aos municípios considerando o número de usuários
cadastrados nas equipes de saúde e o desempenho das unidades, a
partir de indicadores como qualidade do pré-natal, controle de
diabetes, hipertensão e infecções sexualmente transmissíveis.
Isso ajuda a induzir os gestores a adotar e ampliar a Estratégia Saúde da
Família (ESF). Para isso, o componente é repassado mensalmente
segundo tipos, números de equipes implantadas e composições
profissionais previstas.
Previne Brasil - Modelo de financiamento para
a APS
O programa Previne Brasil foi instituído pela Portaria nº 2.979, de 12 de
novembro de 2019.
O novo modelo de financiamento altera algumas formas de repasse das
transferências para os municípios, que passam a ser distribuídas com
base em quatro critérios: capitação ponderada, pagamento por
desempenho, incentivo para ações estratégicas e Incentivo financeiro
com base em critério populacional.
Previne Brasil - Modelo de financiamento para
a APS
A proposta tem como princípio a estruturação de um modelo de
financiamento focado em aumentar o acesso das pessoas aos serviços
da Atenção Primária e o vínculo entre população e equipe, com base
em mecanismos que induzem à responsabilização dos gestores e dos
profissionais pelas pessoas que assistem.
Previne Brasil - Modelo de financiamento para
a APS
O Previne Brasil equilibra valores financeiros per capita referentes à
população efetivamente cadastrada nas equipes de Saúde da Família
(eSF) e de Atenção Primária (eAP), com o grau de desempenho
assistencial das equipes somado a incentivos específicos, como
ampliação do horário de atendimento (Programa Saúde na Hora),
equipes de saúde bucal, informatização (Informatiza APS), equipes de
Consultório na Rua, equipes que estão como campo de prática para
formação de residentes na APS, entre outros tantos programas.
Previne Brasil - Modelo de financiamento para
a APS
Crítica ao Modelo Previne Brasil
O dinheiro repassado aos municípios para prover a Atenção Primária
passa a ser calculado com base na quantidade de pacientes
cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF) e nas unidades
básicas, e não mais de acordo com o número de habitantes.
Na lógica de desempenho considera apenas as pessoas cadastradas,
ferindo o princípio de universalidade e abrindo espaço para o capital
privado.
Indicadores Previne Brasil

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