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POLÍTICAS E SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL

Caroline Dousseau e Flávia

COMO ERA A SAÚDE ANTES DO SUS NO BRASIL?


Antes de 1988, o direito a saúde era vinculado ao trabalhador com carteira de trabalho
assinada, portanto trabalhadores informais não tinham vínculo com o INAMPS e para ter
acesso ao serviço de saúde era por meio do serviço privado ou através da Santa Casa Saúde
(ações filantrópicas) que embora tivesse uma parte de financiamento governamental, a maior
parte das ações eram financiadas por ações sociais.

 INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social;


 Serviços de saúde privado (quem precisava tinha que pagar);
 Ações filantrópicas (Santa Casa de Saúde) – ações solidárias e voluntárias;

A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DE 1988:


 Criação do Sistema Único de Saúde (SUS)
 SUS: conjunto de ações e serviços, prestados por órgãos e instituições públicas federais,
estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo
poder público.
 Administração direta: toda entidade que consegue fazer uma lei: prefeitura, estado,
união.
 Administração indireta: fundação pública, autarquia (A UNESP é uma autarquia do
estado de São Paulo, o INSS é uma autarquia do governo federal), Caixa Econômica
federal, Banco do Brasil (são públicos, porém são entidades incapazes de criar uma
legislação). Autarquia é “comandar a si mesmo”.

INSTRUMENTOS LEGAIS:

Constituição Federal de 1988 (Artigos 196 a 200):


 Lei 8080/90: Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras
providências.
 Lei 8142/90: Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de
Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na
área da saúde e dá outras providências.

Artigo 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

“Direito de todos e dever do estado”: Revela um importante direcionamento político ao


imputar ao Estado o dever de executar políticas econômicas e sociais que visem à redução do
risco de doenças e outros agravos, o qual deve ser compreendido como imposição ao Estado
para induzir o desenvolvimento social e econômico, reduzir a desigualdade e eliminar fatores
que negativamente afetam a saúde.
“O acesso universal e igualitário”: Consagra os princípios da igualdade e não discriminação,
vedando ao Poder Público e privado qualquer tipo de preconceitos ou privilégios nas ações
para assegurar acesso às ações e serviços de saúde (TODOS têm acesso e direito, sem
nenhuma exceção). O acesso é igualitário no contexto da equidade.

Artigo 197 - São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo
sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
jurídica do serviço privado.
 O estado, município e união pode terceirizar a prestação do serviço em saúde, mas isso
não tira à obrigatoriedade do estado de regulamentar a prestação de serviço, a fiscalização
e o controle de tudo que é ofertado em saúde.

Exemplo:
 Em Araçatuba temos o ambulatório médico do estado de São Paulo (AME). Este ambiente é
de responsabilidade da secretaria de saúde do estado de São Paulo, portanto toda a
atenção de média complexidade que é ofertada na região, por exemplo, pré-natal de alto
risco, oftalmologia, endocrinologia são encaminhadas para o AME de Araçatuba.
 O AME de Araçatuba é uma instituição do estado de SP e mantida pelo poder público, no
entanto, quem faz a prestação do serviço não é diretamente o estado de SP, existe uma
organização social, que é a Santa Casa de Andradina, responsável pela contração de
funcionários, administração, segurança etc., porém, isso não tira do Estado o direito de
fiscalizar, regulamentar e controlar esses serviços.

Artigo 198 - As ações e serviços de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes.
1. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
2. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
3. Participação da comunidade.

 O governo que antes era centralizado, precisa agora distribuir, descentralizar. Atendimento
integral, ou seja, atender a todos e atender o indivíduo com um todo.
 O artigo trata das diretrizes fundamentais pelas quais deverão se pautar as ações e os
serviços públicos de saúde, prevendo expressamente que o serviço público deverá ser
integrado por uma rede regionalizada e hierarquizada, de tal forma que constitua um
sistema único e democrático, inclusive com participação da comunidade.
 Esse artigo 198 traz pontos chaves que nortearão as leis 8.080 e 8.142, pois ele traz as
diretrizes sobre o que deverá ser feito no SUS e essas diretrizes são constitucionais, ou
seja, são obrigatórias.

Artigo 199 - “A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. ”


Inciso 1º - As instituições privadas poderão de forma complementar do sistema único de
saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou entidade filantrópica
(convênio), tendo preferência as entidades filantrópicas e sem fins lucrativos.
As ações de saúde podem ser:
 Por meio de prestação de serviços de saúde, como serviços médicos, odontológicos, etc.;
 Prestação de assistência privada por meio de planos de saúde. A assistência privada é
uma complementação ao SUS, ninguém é obrigado a aderir.

Artigo 200 - “Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da
lei:
1. Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e
participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,
hemoderivados e outros insumos;
2. Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do
trabalhador;
3. Ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde;
Temos uma política para formação de recursos humanos voltada a necessidade de cada
área ou área prioritárias dentro da atenção no país
4. Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico.

 Nós usamos o SUS em tudo. Ele não é somente atendimento médico e odontológico, vai
muito além disso. Até quem paga plano de saúde a vida inteira, faz uso do SUS de alguma
forma.

 A agência nacional de vigilância sanitária também faz parte do SUS. Ela é responsável
pelo controle de qualidade e higiene de alimentos, cosméticos, produtos de limpeza,
vacinas, transplante, cigarro e medicamentos no Brasil. O objetivo da Anvisa é identificar
os potenciais riscos à saúde e ao meio ambiente de vários dos produtos e serviços
comercializados no país.
 Vigilância epidemiológica é a parte do SUS que identifica e controla as epidemias de
doenças no Brasil. Os profissionais dessa área monitoram o surgimento e propagação de
doenças transmissíveis, não-transmissíveis e seus fatores de risco, além de fazerem
vigilância ambiental da saúde. As ações de prevenção contra o mosquito da dengue são
um exemplo de ações de vigilância epidemiológica. Esse trabalho de identificação também
é importante para ajudar no planejamento de distribuição de vacinas.

PRINCÍPIOS DO SUS
PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS
Descentralização político-administrativa com
 Universalidade do acesso
direção única em cada esfera do governo.
 - Acesso a qualquer pessoa.
- Descentralização dos serviços para os municípios.
 Regionalização e hierarquização de rede de
Integralidade da assistência
serviço de saúde (níveis de complexidade).
(promoção, proteção e
 - As distribuições dos serviços de saúde são feitas de
recuperação).
acordo com a demanda de cada região, de acordo
- Indivíduo como um todo.
com levantamento de dados.
 Equidade
Participação da comunidade (controle social).
 - Ofertar desigual aos desiguais,
- É um princípio de proteção e é fruto de um clamor
pois os indivíduos são diferentes e
social que se materializa com a constituição.
possuem necessidades diferentes.
 Temos que compreender que saímos de um âmbito de atenção federal (centralizador) que
passou a ter toda a atenção em saúde de maneira igualitária, bem distribuída em todo
território nacional, portanto é necessário regionalizar essa atenção.
 Ao hierarquizar, saímos de uma pirâmide, na qual temos níveis diferentes, para apresentar
alguns centros que atendem atenção básica, outros que atendem média complexidade e
centros que atendem atenção especializada que vai desde níveis hospitalar de baixa e alta
especialidade, a distribuição desses centros deve ser regionalizada, permitindo ofertar de
maneira efetiva a atenção em saúde.

 REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO (Ministério da Saúde): Os serviços devem ser


organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área
geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com definição e
conhecimento da população a ser atendida. A regionalização é um processo de articulação
entre os serviços que já existem, visando o comando unificado dos mesmos. Já a
hierarquização deve proceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a
serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos
disponíveis numa dada região.

 DESCENTRALIZAÇÃO E COMANDO ÚNICO: Descentralizar é redistribuir poder e


responsabilidades entre os três níveis de governo. Na saúde, a descentralização tem como
objetivo prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização pelos
cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o
município. Isto significa dotar o município de condições gerenciais, técnicas, administrativas
e financeiras para exercer esta função.

 PARTICIPAÇÃO POPULAR: O SUS foi fruto de um amplo debate democrático. Mas a


participação da sociedade não se esgotou nas discussões que deram origem ao SUS. Esta
democratização também deve estar presente no dia-a-dia do sistema. Para isto, devem ser
criados os conselhos e as conferências de saúde, que tem como função formular
estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde.

EQUIDADE: O objetivo da equidade é diminuir


desigualdades. Mas isso não significa que a
equidade seja sinônimo de igualdade. Apesar de
todos terem direito aos serviços, as pessoas não
são iguais e, por isso, têm necessidades
diferentes. Equidade significa tratar
desigualmente os desiguais, investindo mais onde
a carência é maior. Para isso, a rede de serviços
deve estar atenta às necessidades reais da
população a ser atendida.

 CONTROLE SOCIAL: Participação da sociedade no processo


decisório das políticas públicas de saúde. A prática exercida dentro
de um conselho de saúde.
 É o local onde ocorre a prática da participação social e o exercício do controle social nas
políticas de saúde. A participação social é o indivíduo participando das tomadas de
decisões e o controle social é a prática exercida dentro de um conselho.
 Temos a casa legislativa que é formada por uma assembleia que compõe o congresso
nacional: Câmara dos deputados e senado federal.
 No âmbito do município temos a câmara de vereadores, nesse espaço, uma vez por
mês o conselho municipal de saúde se reúne para discutir as políticas do município, no
âmbito da saúde, essa discussão diz respeito a gastos e a eficiência de políticas de
saúde já implantadas.
 O conselho de saúde surgiu antes da constituição federal, em 1930, as pautas das
discussões eram técnicas, os perfis de composição dos representantes eram elitistas e
indicados pelos ministérios e sem participação social.
 Em 1953 houve a criação do Ministério da Saúde e a permanência de um conselho de
saúde com a mesma base antiga, esse conselho tinha o objetivo de auxiliar o ministério,
não havendo discussão de saúde voltada para a sociedade.
 Em 1963, na 3ª Conferência foi discutida a descentralização da saúde pela primeira vez e a
partir da VIII conferência, houve a continuidade dessa discussão de descentralização, os
principais questionamentos eram:
 Como realizar essa descentralização?
 Como trazer a população para a participação para as tomadas de decisões de ações e
serviços?
 Como alterar ações e serviços no país?
Todos esses tópicos foram abordados e discutidos. A 8ª Conferência se torna um marco por
concretizar muitos dos tópicos discutidos, trazendo esses para a constituição de 1988,
que trouxe uma nova concepção de ações e serviços na saúde.

LEI 8.142, de 28 de dezembro de 1990:


 Controle social
 Discute as instâncias
 Protege as conferências de saúde e a existência do conselho, bem como a continuidade
das prestações. Conferir a execução que foi aprovada anteriormente também é essencial.
 O conselho está em todos os níveis de governo: município, estado e união, pois é
necessária a representatividade de todas as áreas do país para a conferência nacional.

Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro
de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo,
com as seguintes instâncias colegiadas: I - a Conferência de Saúde; e II - o Conselho de
Saúde.

§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos


vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a
formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo
ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
 Reúnem-se a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais para
avaliar a situação de saúde, propor diretrizes e assim definir prioridades e linha de ação
sobre a saúde. Ocorrem a cada quatro anos, pois os planos e diretrizes propostas serão
para um longo prazo.

§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado


composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de
saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas
decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do
governo.

 Ocorrem anualmente
 Cada município com o seu conselho, cada estado com o seu, e a união com o seu.
 O poder público não pode tomar decisões amplas isoladas sem a participação do
colegiado.
 ÓRGÃO PERMANENTE: Tem sua existência garantida em qualquer circunstância. Para
ser extinto é preciso haver uma lei.
 DELIBERATIVO: Toma decisões que devem ser cumpridas pelo poder público.
 COLEGIADO: Composto por pessoas que representam diferentes grupos da sociedade,
sendo 50% delas representantes de usuários do SUS.

Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como:

I - Despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e entidades, da


administração direta e indireta;
II - Investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e
aprovados pelo Congresso Nacional;
III - Investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde;
IV - Cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos Municípios,
Estados e Distrito Federal.

Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta lei, os Municípios, os
Estados e o Distrito Federal deverão contar com:
I - Fundo de Saúde;
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo com o Decreto n° 99.438, de
7 de agosto de 1990;
III - Plano de saúde;
IV - Relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o § 4° do art. 33 da Lei n°
8.080, de 19 de setembro de 1990;
V - Contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento;
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS), previsto o
prazo de dois anos para sua implantação.

Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos Estados, ou pelo Distrito
Federal, dos requisitos estabelecidos neste artigo, implicará em que os recursos concernentes
sejam administrados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro de Estado, autorizado a
estabelecer condições para aplicação desta lei.

CONSELHOS
 A fim de manter equilíbrio dos interesses envolvidos, a distribuição das vagas é paritária,
ou seja, 50% de usuários, 25% de trabalhadores e 25% de prestadores de serviço e
gestores.

 Os 50% são de usuários para garantir o poder de voz da sociedade dentro de uma votação.
 Os 25% de profissionais da saúde é necessário para direcionar as necessidades técnicas
do sus, como qual a melhor opção de compras de equipamentos, quais materiais são
essenciais para promover a proteção da saúde, entre outros.
 Atuam na formulação de estratégias e no controle de execução de políticas na instancia
correspondente, ou seja, município, estado e união cada um com seu conselho.

REPRESENTANTES NAS TRÊS ESFERAS DO GOVERNO NOS CONSELHOS DE SAÚDE


(Estrutura Institucional e Decisória do SUS)

Colegiado participativo Comissão intergestores Gestor


Nacional Conselho nacional Comissão tripartite Ministério da Saúde
Estadual Conselho estadual Comissão bipartite Secretarias estaduais
Municipal Conselho municipal Comissão bipartite Secretarias municipais

 O planejamento das ações, ou seja, a gestão das políticas de saúde é realizada pela
administração pública, e se dá por meio dos órgãos de saúde nas três esferas de
governo, com destaque para o Ministério da Saúde (no âmbito federal) e as
Secretarias de Saúde (estadual e municipal). Além disso, o Ministério e as Secretarias
contam com órgão de apoio para a gestão do SUS como: Conselhos de Saúde (nacional
estadual e municipal).

Comissão Intergestores Tripartite (CIT):


 É reconhecida como uma inovação gerencial na política pública de saúde. Constituem-se
como foros permanentes de negociação, articulação e decisão entre os gestores nos
aspectos operacionais e na construção de pactos nacionais, estaduais e regionais no
Sistema Único de Saúde (SUS). Desta forma, fortalece a governança nestes espaços e
prioriza a responsabilização dos entes de modo que a tomada de decisão na gestão tenha
transparência, buscando o acesso integral a assistência à Saúde.
Comissão Intergestores Bipartite (CIB):
 É uma instância colegiada de decisão do Sistema Único de Saúde - SUS estadual,
integrada paritariamente pela Secretaria Estadual de Saúde e por representantes dos
Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo. Colaborar com a organização do
SUS no Estado, para cumprir seus objetivos maiores, de aperfeiçoar a universalidade da
saúde, garantir a integralidade da assistência e obter a equidade de acesso às ações e
serviços de saúde entre as diferentes regiões do Estado, é a principal atribuição da CIB.

COMPETÊNCIAS DOS CONSELHOS DE SAÚDE

1. Implementar movimentação e articulação contínuas da sociedade, na defesa dos


princípios constitucionais que fundamentam o SUS, para o controle social na saúde.
 Compete aos conselhos, em todas as esferas de governo, mobilizar a sociedade para
que ela participe e proteja os princípios que foram alcançados com muito esforço desde
a década de 70 e 80 para que pudéssemos chegar ao que temos hoje em nível de
integração e discussão entre os gestores da saúde e conselhos.
2. Examinar propostas e denúncias de indícios de irregularidade.
 Passa pelo conselho a aprovação de gasto em saúde, seja para um orçamento, seja
para execução do gasto, porque após a execução do gasto, que ocorre todo fim de
ano, é necessário mandar para câmara e ao conselho os gastos em saúde e isso
precisa ser aprovado pelos conselhos em todos os âmbitos e pela casa legislativa,
caso o conselho não aprove, a casa legislativa também não vai aprovar, pois é
necessário avaliar os motivos da reprova por parte do conselho.
3. Deliberar sobre os programas de saúde e aprovar projetos a serem encaminhados ao
poder legislativo.
 Em todas as reuniões acontecem discussões a respeito dos acontecimentos e práticas
em termos em saúde no país.
 A casa legislativa não pode aprovar uma ação se ela não foi encaminhada pelo
conselho de saúde, as ações em saúde em âmbito nacional têm que sair pelo
conselho, ou seja, a casa legislativa não pode realizar ações em saúde sem o aval do
conselho.
4. Apoiar e promover a educação para o controle social
 50% do conselho é composto pela sociedade civil, isso gera a necessidade de que os
relatórios financeiros sejam de fácil entendimento, pois o conselho tem a obrigação de
promover a formação do conselheiro de saúde.
5. Promover conferências de saúde
 Com o objetivo de traçar diretrizes de longo prazo.
6. Definir diretrizes para elaboração dos planos de saúde e deliberar sobre eles
 O plano de saúde é um instrumento de gestão municipal, está presente em todos os
âmbitos, é um instrumento de planejamento de longo prazo e nele é discutido: o que
vai ser feito? Quais diretrizes serão impostas? Tudo deve ser levado em consideração
quando o legislativo e o executivo estão fazendo uma lei, exemplo: a lei orçamentaria
de gastos em saúde anual não deve ser feita sem levar em consideração o plano de
saúde em todos os âmbitos.
7. Aprovar, encaminhar e avaliar a política para os recursos humanos do SUS
 Os recursos humanos têm certa rotatividade dentro do SUS, deste modo, há a
necessidade de avaliação do número e longevidade dos funcionários presentes e se
existe a necessidade de novas contratações dentro do âmbito correspondente e se
esse é capaz de ofertar a saúde, além disso, a aprovação de plano de carreira para o
profissional ter a possibilidade de crescimento dentro do âmbito correspondente
(município e estado) para que esses profissionais tenham interesse de fixar-se no SUS.
8. Avaliar a organização e o funcionamento do SUS
 Estabelecer indicadores dentro da gestão
9. Estabelecer estratégias e procedimentos de acompanhamento de gestão do sus.
 A atenção em saúde apresenta mecanismo de controle de gestão, o gestor tem
obrigações como: passar para o estado e união quantos atendimentos foram
executados, cabe ao conselho participar das estratégias de acompanhamento dos
indicadores de saúde, quantas primeiras consultas odontológica o município fez,
quantas conclusões de atendimentos o município está ofertando para a sociedade em
um X período, estabelecer indicadores para avaliar o que está sendo feito dentro da
gestão e da prestação de serviço dentro do SUS deve passar pelo conselho, portanto
esse controle não é feito somente pelo município.

CONFERÊNCIA DE SAÚDE:
 Reunião a cada 4 anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a
situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis
correspondentes, convocada pelo poder executivo ou, extraordinariamente, por esta ou
pelo conselho de saúde. Tratar planos de longo prazo. Existe a representatividade de todas
as regiões do país, e as reuniões são temáticas (saúde da mulher, saúde mental,
saúde bucal, vigilância sanitária, saúde indígena), para aprofundar temas que as vezes
não é possível discutir num âmbito geral.
 Essas conferências temáticas seguem as mesmas regras quanto à composição, frequência
de ocorrência e todas as condições que a conferência nacional cumpre.

POLÍTICAS E SISTEMAS DE SAÚDE NO BRASIL - NÍVEIS DE ATENÇÃO

 Terminologias antigas utilizam atenção primária, secundária e terciária, hoje os termos


utilizados são atenção básica e atenção de média e alta complexidade.
1. A atenção primária ou básica:
 Serviços de primeiro contato do paciente com o sistema de saúde, direcionado a cobrir as
condições e afecções mais comuns e resolver a maioria dos problemas de saúde de uma
população. É a porta de entrada, ou seja, é o local no qual o paciente vai iniciar o
atendimento.
 A atenção básica não é centrada apenas nas unidades de saúde, pois uns dos princípios
do SUS é a equidade, então, por exemplo, no atendimento domiciliar a pacientes enfermos
é uma porta de entrada, em áreas mais afastadas, como na região norte, a comunidade
ribeirinha recebe atendimento por meio de uma unidade móvel instalada em embarcações
para transitar dentro do rio e isso também é uma porta de entrada no SUS.
 Na atenção primária são resolvidos 80% dos problemas de saúde da população.

2. A atenção secundária ou média complexidade:


 É formada pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, com densidade
tecnológica intermediária entre a atenção primária e terciária, historicamente interpretada
como procedimentos de média complexidade. Esse nível compreende serviços médicos
especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico e atendimento de urgência e
emergência.
 No âmbito da odontologia o CEO (centro de especialidades odontológicas) que se
enquadra na atenção secundária.

3. A atenção terciária ou alta complexidade:


 Designa o conjunto de terapias e procedimentos de elevada especialização. Organiza
também procedimentos que envolvem alta tecnologia, como oncologia, cardiologia,
oftalmologia, transplantes, parto de alto risco, traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise
(para pacientes com doença renal crônica), otologia (para o tratamento de doenças no
aparelho auditivo), etc.

NÍVEIS DE ATENÇÃO NA ODONTOLOGIA


1. Atenção Básica: educação em saúde, escovação supervisionada, instrução de
higienização oral, entre outras.
2. Atenção Secundária: tratamentos periodontais cirúrgicos (aumento de coroa clínica,
enxertos), endodontia, prótese, etc.
3. Atenção terciária: atenção em âmbito hospitalar (tratamentos oncológicos na área
odontológica).

POLITICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL


 Houve mudanças na política com relação a odontologia na atenção básica e hoje ainda não
tem uma política estabelecida, isso está em discussão dentro do congresso nacional para
que a área odontológica seja uma obrigatoriedade dentro do município.

1. Atenção básica na odontologia: é necessário um cirurgião dentista dentro da estratégia


de saúde da família ou uma unidade móvel odontológica.
2. Atenção especializada (secundária) na odontologia: é feito por meio dos centros de
especialidades odontológicas e laboratório regional de prótese dentária para atender a
demanda dos centros odontológicos.
3. Atenção de alta complexidade (terciária): na odontologia a atenção terciária ocorre por
meio da internação de pacientes por indicação do cirurgião dentista, tratamento de
pacientes com necessidades especiais decorrentes de alguma deficiência cognitiva ou
motora que justifique um atendimento em nível hospitalar e atendimento odontológica para
pacientes oncológicos bucais. Em Araçatuba o centro responsável por tratamentos
oncológicos é a SANTA CASA.

REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA

 Podem haver várias REFERÊNCIAS (encaminhamento da atenção básica para a média


complexidade por exemplo, e depois para a alta). CONTRARREFERÊNCIA é uma só
(paciente estava na média complexidade e volta para a atenção básica).
 É o modo de organização dos serviços configurados em redes sustentadas por critérios,
fluxos e mecanismos de pactuação de funcionamento, para garantir a atenção integral
aos usuários. Na compreensão de rede é prevista a hierarquização dos níveis de
complexidade, viabilizando encaminhamento resolutivo (dentre os diferentes equipamentos
de saúde).
 O termo técnico de encaminhar é referenciar. Referência e contra-referência são os termos
utilizados para explicar como o usuário transita dentro dos níveis de atenção. O Brasil
adota esse sistema de referência e contra-referência para promover o atendimento integral.
 Em Araçatuba temos um centro de especialidades odontológicas, mas nem todos os
municípios da região têm um centro para realizarem que oferte a atenção especializada,
portanto é necessária essa parceria entre municípios para ofertar a integralidade da
atenção em saúde bucal para o usuário.

Exemplo: Paciente é encaminhado pelo cirurgião-dentista da UBS para o endodontista (média


complexidade). Depois, o especialista encaminha novamente para um protesista, ainda é
REFERÊNCIA (podem ser feitas quantas referências forem necessárias). O protesista vê que
precisa de um controle de placa e faz a CONTRARREFERÊNCIA, ou seja, paciente volta para
a UBS para finalizar o tratamento, pois muitas vezes há presença de cálculo, recidiva de cárie,
necessidade limpeza profilática e etc.

 Saímos de um sistema totalmente centralizado no governo federal e tudo isso passa para o
estado e município prestarem essa atenção, para ser possível fazer todas essas
amarrações entre os níveis de complexidade, é preciso integralizar e pactuar muita coisa
com a finalidade da população ter acesso à atenção em saúde.
 EX: O AME de Araçatuba é referência em pré-natal de alto risco para 28 municípios da
região de Araçatuba e isso é definido e não foi escolhido aleatoriamente, pois existe uma
divisão.

MAPA DE SP DIVIDIDO EM REDES DE ATENÇÃO

 Essa divisão foi feita entre município e estado e foi pactuado o que cada região é capaz de
atender em saúde, desde a baixa até a alta complexidade, selecionando quais são os
centros de referência para doenças específicas, essa organização facilita o direcionamento
para quais locais o paciente deve ser encaminhado e além de tornar a transição do usuário
dentro da rede mais fácil.

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