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ISADORA MARCELA BORGES DOS SANTOS

RAQUEL CICERO DE SOUZA

A POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL:


POLÍTICA DE SAÚDE

Londrina
2023
ISADORA MARCELA BORGES DOS SANTOS
RAQUEL CICERO DE SOUZA

A POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL:


POLÍTICA DE SAÚDE

Atividade referente ao 2º bimestre da


disciplina: A Política de Seguridade Social:
Política de Saúde, do curso de Serviço Social .
Docente: Profª. Liria Maria Bettiol Lanza.
Discentes: Isadora Marcela Borges dos
Santos e Raquel Cicero de Souza.

Londrina
2023
Atividade avaliativa da disciplina de: A Política de Seguridade
Social: Política de Saúde, para compor a nota do 2º bimestre.
1) O Sistema Único de Saúde comemora 33 anos em 2023. Embora
tenhamos uma geração de jovens e adultos que nasceu neste contexto,
poucos compreendem quais foram os seus antecedentes a partir de um
processo histórico que mudou radicalmente a oferta das ações públicas
de saúde em nosso país. Neste sentido, a partir das referências bases
(documentário acima indicado e texto de Jairnilson Paim), recupere a
historicidade do SUS e procure explicar as relações entre o Estado, o
Mercado e a Sociedade a partir do contexto nacional.

2) Os sistemas de saúde enquanto um conjunto de “agentes” e “agências”


que tem por “objetivo garantir a saúde das pessoas e das populações”
(PAIM, 2009, p.13). Para isso, o SUS foi pensando a partir de cinco
componentes: organização (quais princípios; diretrizes; forma de
distribuição da oferta de bens e serviços, dentre outros); infraestrutura
(estabelecimentos de saúde, equipamentos, medicamentos; insumos,
dentre outros); gestão (a administração direta e indireta acerca da
tomada de decisão das prioridades e das estratégias em saúde
envolvendo o pacto federativo brasileiro); financiamento (os recursos que
garantirão o direito à saúde da população a partir do fundo público, mas
também das entidades conveniadas e do mercado) e os recursos
humanos (a força de trabalho em saúde a partir do processo de trabalho
em saúde). A partir dos materiais disponibilizados acima, problematize
conforme os autores, cada um dos componentes indicados, apontando e
dissertando sobre cada um deles.
Resposta:
1. Organização:

Para abordar a organização do SUS, é importante entender que


princípios e valores que orientam as ações e diretrizes de caráter
organizacional ou técnico. Desta forma, a organização do SUS se dá através
da “organização em rede” de forma regionalizada e hierarquizada, ou seja,
possuem uma certa integração/comunicação entre os serviços, isso permite a
garantia do atendimento integral à população, e não fragmentando as ações
em saúde. Sendo assim, os princípios do SUS são:
A regionalização ou descentralização que representa a articulação entre
gestores estaduais e municipais na implementação de políticas públicas, ações
e serviços de saúde qualificados e descentralizados. Organizando os mesmos
em todas as regiões.
A hierarquização: é a organização dos serviços de saúde em diferentes
níveis de complexidade, sendo elas de baixa, média e alta complexidade, de
acordo com a magnitude dos problemas de saúde e a capacidade de resolução
de cada ação/serviço.
A universalidade: o acesso à saúde, em todos os níveis, é um direito de
todos e um dever do Estado.
A integralidade: o cuidado de saúde deve ser abrangente, considerando
não apenas a doença, mas também fatores sociais, articulando ações e
serviços.
A igualdade: o SUS busca reduzir desigualdades, oferecendo serviços
de acordo com as necessidades de cada pessoa, sem discriminações ou
privilégios.
E preservação da autonomia: garante a dignidade humana e a liberdade
de escolha, sustentando o princípio da autonomia dos cidadãos.
Concomitante a isto, as três diretrizes organizacionais presentes na
Constituição Federal de 1988, no que tange às orientações fundamentais do
SUS, são: Descentralização, com direção única em cada esfera do governo, ou
seja, a decisão não é tomada de forma central (Brasília), e sim nos municípios,
estados e distrito federal, através das secretarias de saúde. Afinal, há a
necessidade de adequar o SUS conforme a realidade econômica, social,
sanitária, e outras especificidades de cada região.
O atendimento integral: no qual envolve a promoção, a proteção e a
recuperação da saúde, de forma integral, priorizando as atividades preventivas,
como exemplo disto, a aplicação de vacinas na população, o controle da
qualidade da água/alimentos e outros. Vale destacar, que essas ações
preventivas e curativas individuais e coletivas são conhecidas como
integralidade da atenção.
E por fim, a terceira diretriz: Participação da comunidade que possibilita
o reforço da cidadania, por meio de um espaço de democratização dos
serviços e decisões no âmbito da saúde, assegurando o controle social sobre o
SUS. Sendo assim, a população possui o direito de identificar e encaminhar
soluções de problemas, fiscalizar e avaliar as ações e os serviços públicos de
saúde.

2. Infraestrutura

Assim como na Lei 8.080/90 da Constituição Federal de 1988, dispõe a


definição do SUS como uma concepção ampliada de saúde e de seus
determinantes “o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos
e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta
e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema
Único de Saúde (Art. 4°).”
O SUS corresponde a um sistema público de saúde formado por órgãos
e instituições federais, estaduais e municipais. Segundo a Constituição Federal
(1988), as ações e serviços públicos que compõem o SUS são
complementados mediante contratos privados, que devem funcionar como se
fossem públicos. Assim, o SUS é organizado a partir de uma rede
regionalizada e hierarquizada em termos de saúde, com estabelecimentos
públicos e privados contratados.
Em relação à rede regionalizada permite a distribuição dos
estabelecimentos de saúde, dentro de uma determinada área geográfica,
resultando na disseminação e descentralização dos serviços básicos, enquanto
os serviços especializados são centralizados e concentrados. Sua
infraestrutura é multifacetada abrangendo desde a atenção primária até
serviços especializados, estabelecendo uma extensa rede de serviços,
possibilitando a distribuição de estabelecimentos de saúde em um dado
território. Constituindo-se uma ampla rede de serviços de saúde, incluindo
hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios. Além disso, há serviços
específicos como os hospitais das forças armadas e a Rede SARAH, mantida
pela Associação das Pioneiras Sociais.
A diversidade de prestadores de serviços é uma característica do
sistema, envolvendo não apenas os serviços públicos do SUS, mas também
planos de saúde integrantes do Sistema de Assistência Médica Supletiva
(SAMS). Também, existem consultórios, clínicas e laboratórios que atendem
pacientes particulares sob o Sistema de Desembolso Direto (SDD).
O SUS realiza uma quantidade expressiva de procedimentos e serviços
de saúde, abrangendo consultas, internações hospitalares, partos, cirurgias,
transplantes, imunizações, exames e ações de vigilância sanitária. Esses
números destacam a importância da oferta de serviços de saúde pelo SUS.
O Programa de Saúde da Família (PSF) emerge como uma estratégia
fundamental para a atenção primária à saúde, com equipes multidisciplinares
atuando diretamente nas comunidades. Apesar dos avanços, consolidar o PSF
em áreas urbanas representa um desafio, exigindo uma reestruturação do
modelo de atenção para garantir equidade, qualidade e integralidade.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) destaca-se como uma
estratégia eficaz para garantir coberturas vacinais elevadas, contribuindo para
a erradicação de doenças. Além disso, a assistência farmacêutica,
implementada desde 1998, assegura o acesso a medicamentos essenciais,
genéricos, farmácia popular e terapias de alto custo.
Na área de saúde mental, o SUS oferece Centros de Atenção
Psicossocial (Caps) e Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), buscando
evitar internações em hospitais psiquiátricos e proporcionar um ambiente de
reintegração social para pessoas com transtornos mentais.

3. Gestão

A gestão do SUS no Brasil envolve uma articulação entre os entes


federativos (União, Estados, Municípios e o Distrito Federal) e se dá por meio
de um pacto federativo. O pacto federativo refere-se à distribuição de
responsabilidades e competências entre os diferentes níveis de governo no que
diz respeito à gestão e execução das ações e políticas de saúde. A
administração direta e indireta, neste contexto, também desempenha papéis
específicos na tomada de decisões, prioridades e estratégias em saúde.
Desta forma, a administração direta é composta pela União: responsável
pela administração direta no âmbito federal, representada pelo Ministério da
Saúde, desempenha um papel central na formulação de políticas, no
estabelecimento de diretrizes nacionais e na alocação de recursos financeiros
para os estados e municípios.
Os Estados: responsável pela administração direta nos estados,
representada pelas Secretarias Estaduais de Saúde, tem a responsabilidade de
implementar as políticas federais, adaptando-as às realidades estaduais e
coordenando ações de saúde em nível regional.
E os Municípios: A administração direta nos municípios, representada
pelas Secretarias Municipais de Saúde, é responsável pela execução das
políticas de saúde, incluindo a gestão de unidades de saúde, programas de
atenção básica, vacinação, entre outros.
Conforme discorrido no referido texto, Paim cita as administrações
indiretas, sendo elas: Autarquias: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A Anvisa
normatiza, controla e fiscaliza produtos, substâncias e serviços de interesse
para a saúde. A ANS tem como finalidade defender o interesse público na
assistência suplementar à saúde (planos de saúde), regulando as operadoras
do setor.

Fundações: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Fundação Nacional de


Saúde (Funasa). A Fiocruz desenvolve pesquisas, fabricação de vacinas,
medicamentos, reagentes e kits de diagnóstico. Também presta serviços
hospitalares e ambulatoriais, além de desenvolver atividades de ensino. A
Funasa promove povos indígenas, ações e serviços de saneamento para a
população brasileira, além de ser responsável pela promoção e proteção à
saúde dos povos indígenas.

Empresa pública: Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia


(Hemobrás). Seu objetivo é produzir hemoderivados para tratamento de
pacientes do SUS.

Sociedade de economia mista: Grupo Hospitalar Conceição. É


constituído pelo Hospital Fêmina e Hospital Cristo Redentor. Atende a
população do Rio Grande do Sul.
Deste modo, o pacto federativo, no contexto do SUS, é formalizado por
meio de instrumentos como a Comissão Inter gestores Tripartite (CIT), que
reúne representantes da União, Estados e Municípios. Essa comissão
estabelece diretrizes e normas operacionais para a gestão do SUS, além de
discutir a distribuição de recursos. Portanto, as decisões e estratégias são:
Negociação Tripartite: As decisões sobre prioridades e estratégias são
geralmente resultado de negociações entre os diferentes níveis de governo na
CIT.

Conferências de Saúde: A participação da sociedade civil, por meio das


Conferências de Saúde, também influencia a definição de prioridades e
estratégias.
Planos de Saúde: Cada ente federativo deve elaborar o seu Plano de
Saúde, alinhado às diretrizes nacionais, onde são estabelecidas metas e
estratégias para um período determinado.
Em resumo, a gestão do SUS envolve uma complexa interação entre a
administração direta e indireta, bem como a articulação entre os diferentes
entes federativos, visando à promoção da saúde e à garantia do acesso
universal, igualitário e integral aos serviços de saúde no Brasil.

4. Financiamento:

Como delineado no texto, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um pilar


essencial para garantir o direito à saúde da população brasileira, seu
financiamento é uma rede complexa de recursos provenientes dos tributos
destinados ao Estado em diferentes esferas governamentais. A base do
financiamento do SUS reside nos tributos pagos pela sociedade,
compreendendo impostos como o Imposto de Renda de pessoas físicas e
jurídicas, Imposto de Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS), e Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU), entre outros. Esses recursos, arrecadados nos níveis federal, estadual
e municipal, são essenciais para manter o funcionamento do sistema.
A Emenda Constitucional nº 29 de 2000, uma medida crucial, foi
introduzida para mitigar a instabilidade no financiamento do SUS. Estabelece
que os gastos da União devem ser equiparados ao ano anterior, ajustados pela
variação do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, os estados têm
obrigações específicas, destinando 12% de suas receitas para o financiamento
à saúde. Já os municípios precisam aplicar pelo menos 15% de suas receitas.
Os recursos dos estados são compostos por uma variedade de fontes, desde
impostos estaduais até transferências da União, enquanto os municípios
contam com impostos municipais e transferências tanto da União quanto do
estado. O cálculo do montante destinado à saúde segue critérios específicos
para cada esfera de governo.

O texto também destaca as transferências "fundo a fundo", realizadas de


maneira direta pelos fundos de saúde, proporcionando uma alocação
transparente e técnica dos recursos, minimizando possibilidades de desvios.
Paralelamente, às transferências voluntárias por meio de convênios entre
esferas de governo representam uma parcela menor, mas não menos
importante, do financiamento. Além do financiamento proveniente dos recursos
públicos, o Sistema Único de Saúde (SUS) também se utiliza da colaboração
de entidades conveniadas e do setor privado, constituindo uma abordagem
integrada para garantir o acesso amplo e efetivo à saúde.

As entidades conveniadas desempenham um papel significativo no


cenário de saúde pública, contribuindo com serviços específicos em parceria
com o SUS. Essas organizações, que podem incluir instituições filantrópicas,
organizações não governamentais (ONGs) e entidades privadas, firmam
convênios com o sistema para oferecer determinados serviços ou
procedimentos. Essa colaboração amplia a capacidade do SUS em atender às
demandas da população, especialmente em áreas específicas ou em situações
de maior complexidade. No entanto, é fundamental que essas parcerias sejam
conduzidas de maneira transparente e em conformidade com os princípios do
SUS. A busca por eficiência e qualidade na prestação dos serviços deve ser
acompanhada por mecanismos de controle e fiscalização, a fim de garantir que
os recursos públicos destinados a essas entidades sejam utilizadas de maneira
adequada e em benefício da população.

No âmbito do mercado, a participação do setor privado na prestação de


serviços de saúde é uma realidade no Brasil. Clínicas particulares, hospitais
privados e planos de saúde desempenham um papel relevante no sistema de
saúde do país. Embora esses serviços sejam pagos diretamente pelos usuários
ou por meio de planos privados, é importante ressaltar que o acesso universal
à saúde é um princípio do SUS.

A ambiguidade entre o setor público e privado no panorama da saúde


brasileira levanta desafios e discussões sobre equidade e acesso universal. O
financiamento do SUS, nesse contexto, visa não apenas complementar as
lacunas deixadas pelo setor privado, mas principalmente assegurar que a
saúde seja um direito fundamental garantido a todos, independentemente de
sua condição financeira. Em resumo, as entidades conveniadas e a presença
do setor privado representam elementos complementares no complexo do
sistema de saúde brasileiro.

Contudo, apesar dos mecanismos de controle, fiscalização e da


importância dessas iniciativas, o texto também ressalta a necessidade de uma
gestão eficiente e o desafio central do SUS: o financiamento. Os recursos
atuais, embora crescentes em termos absolutos, ainda são insuficientes para
um sistema de saúde universal, colocando em evidência a importância de uma
distribuição adequada entre gastos públicos e privados.

5. Os recursos humanos:

Em relação aos recursos humanos e o processo de trabalho em saúde,


é possível dizer que ocorre descontinuidade administrativa. Além disso, o autor
discorre sobre questões político-partidárias que têm como consequência a alta
rotatividade de profissionais e trabalhadores de saúde, muitas vezes
relacionada a contratos de trabalho precários.

A descontinuidade administrativa sugere que há mudanças frequentes


nas políticas de saúde, gestão e prioridades ao longo do tempo, o que pode
impactar negativamente a continuidade e efetividade das ações no sistema.
Essas mudanças podem estar relacionadas a diferentes governos e suas
abordagens específicas para a área da saúde, levando a alterações nas
equipes, nos programas e nas diretrizes, prejudicando a implementação
integral de políticas de saúde.

A rotatividade de profissionais, está intimamente ligada à incerteza


associada às mudanças políticas, às condições instáveis de trabalho e à falta
de reconhecimento profissional. A utilização de contratos de trabalho precários,
como contratos temporários ou terceirização, contribui para essa rotatividade,
impactando negativamente a continuidade do cuidado e a qualidade dos
serviços oferecidos à população.

Para enfrentar esses desafios, é crucial implementar políticas de


recursos humanos consistentes que incentivem a formação, qualificação,
valorização e retenção dos profissionais de saúde. Além disso, é necessário
buscar a estabilidade nas políticas de saúde e gestão, promovendo processo
de trabalho mais estável, comprometido e capaz de oferecer um atendimento
de qualidade à população.

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