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de Saúde e
DE EDUCAÇÃO
Reforma Sanitária
PERMANENTE
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA
UNIDADE
A Reforma
2
Sanitária brasileira
e o processo de
institucionalização
do SUS
Nesta unidade, continuamos nossa viagem no “trem da história” e vamos conhecer os acon-
tecimentos da política de saúde a partir do processo constituinte. Vamos nessa?
Mas, primeiro, vamos entender o que é o SUS. Por que Sistema Único de Saúde? Acesse a
Unidade 2 do nosso módulo no AVASUS e assista ao Vídeo 3 para compreender melhor:
Vídeo 3
O SUS foi instituído com o objetivo de coordenar e integrar as ações de saúde das
três esferas de governo, até então dispersas, e pressupõe a articulação de subsis-
temas e redes verticais (de vigilância e de assistência à saúde) e sistemas de base
territorial — estaduais, regionais e municipais — para atender adequadamente
as demandas por atenção à saúde.
Visto que você imergiu ainda mais no SUS, vamos estudar um pouco sobre os seus funda-
mentos legais, princípios e diretrizes. Que princípios legitimam o SUS? Quais as diretrizes
que orientam a organização do SUS? Vamos compreender esses questionamentos a partir
do Infográfico 1 que está nesta Unidade.
Infográfico 1
A Lei nº 8.080/90 define as atribuições comuns e as competências das três instâncias governa-
mentais na gestão do SUS. Entre as atribuições comuns aos três entes federados destacam-se:
o planejamento das ações, com a formulação e a atualização do plano de saúde; a articulação
de planos e políticas, e a coordenação das ações; o financiamento, a orçamentação, a admi-
nistração e o controle dos recursos financeiros; a avaliação e a fiscalização sobre as ações e
os serviços de saúde; a elaboração de normas atinentes à saúde; a organização e a coorde-
nação dos sistemas de informação; a realização de estudos e pesquisas na área de saúde;
a implementação de políticas específicas, como a do sangue e a dos hemoderivados; a partici-
pação na formulação e na execução da política de formação e o desenvolvimento de recursos
humanos para a saúde; a participação na formulação e na execução das políticas de sanea-
mento e meio ambiente com ênfase nas ações que repercutem sobre a saúde da população.
A configuração do SUS
Em relação à configuração do SUS, o texto constitucional preceitua que “as ações e serviços
públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada” e estabelece a descentrali-
zação, o atendimento integral e a participação da comunidade como diretrizes organizativas do
sistema. Já o financiamento integra o orçamento da seguridade social dos três entes federados.
• a Lei 8.689/1993, que prevê a extinção do Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Pre-
vidência Social, órgão do Ministério da Previdência e Assistencial Social, responsável no período
de 1978 a 1993, pela organização da oferta e do financiamento dos serviços de saúde à população
segurada pela previdência social, no país) e a criação do Sistema Nacional de Auditoria;
• a Lei 9.836/1999 que institui o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; a Lei 10.424/2002 que
estabelece o atendimento e a internação domiciliar;
• a Lei 12.466/2011, que reconhece as Comissões Intergestores como espaço de pactuação; a Lei
9.787/1999 que estabelece o medicamento genérico;
• a Lei 9.782/1999, que define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e cria a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA);
Esse processo normativo infralegal, mediante portarias ministeriais, tem sido criticado pelo
seu excesso, pela sua extensividade e pelo detalhismo, bem como pela uniformidade das
prescrições que não consideram as diferenças existentes entre os municípios e entre os esta-
dos, dificultando o seu cumprimento, e fundamentalmente por subtrair a autonomia dos
municípios na definição de suas prioridades de saúde (PASCHE, 2003; VASCONCELOS, 2005).
A arquitetura dos sistemas de saúde nos diversos países apresenta-se diversificada em fun-
ção da dimensão geográfica, do porte populacional, da estrutura do Estado e do regime
político. Para que possamos compreender melhor, vamos observar como é essa estrutura
em alguns países no Infográfico 2 que está no AVASUS.
Infográfico 2
Os Estados unitários e de menor porte mostram-se mais efetivos na integração das ações,
na direção e na coordenação dos seus sistemas. Os Estados federativos e de dimensões con-
tinentais apresentam mais dificuldade na integração e na coordenação dos seus sistemas,
visto que dependem de uma adequada definição de responsabilidades e atribuições e da
cooperação entre os entes federados na realização de ações, programas e projetos. A des-
centralização de responsabilidades e atribuições, a autonomia dos entes, as modalidades
de cooperação e as formas de financiamento são condições decisivas para o sucesso ou o
fracasso no desempenho dos sistemas de saúde. No Brasil, a opção pela descentralização
com ênfase na municipalização mediante transferência de responsabilidades e recursos,
da União e dos estados aos municípios, foi responsável pela configuração do sistema atual,
com aspectos positivos e negativos que repercutem no cotidiano dos serviços.
As responsabilidades assumidas
A assunção da gestão plena do sistema pressupunha que o gestor assumisse a respon-
sabilidade pela regulação do conjunto de serviços existentes no seu território, efetivando
Nos seus três componentes – Pacto pela Vida, Pacto em defesa do SUS e Pacto de
Gestão – apontava-se para: a repolitização da saúde e a mobilização da sociedade
na defesa do direito à saúde e da efetivação do SUS como política de Estado, com
garantia do financiamento público e suficiente; o fortalecimento do compromisso
dos gestores com a busca de resultados sanitários em torno de prioridades defi-
nidas na CIT e no CNS; a superação dos entraves acumulados no processo de
descentralização, qualificando as relações federativas e promovendo inovações
institucionais com vistas a consolidar a regionalização, precisar as responsabili-
dades sanitárias, revitalizar o planejamento, alterar as formas de transferência
de recursos, melhorar a gestão e a qualificação dos trabalhadores e fortalecer o
controle social, tudo isso na perspectiva de aprimorar o funcionamento das redes
de atenção à saúde para responder melhor à demanda dos usuários (BRASIL, 2006).
Uma análise do pacto pela saúde revelou uma significativa aceitação dessa modali-
dade de pactuação entre os gestores e obteve a adesão da totalidade dos estados
e do distrito federal, e de 4.589 municípios, representando 82,5% do conjunto dos
municípios do país, até maio de 2012 (Portal Saúde, CIT, 2012). Todavia, avaliações
realizadas por gestores do SUS (DOBASHI; BRETAS JR.; SILVA, 2011) convergem com
apreciações acadêmicas e percepções de trabalhadores e conselheiros de saúde de
que as iniciativas de mudanças trazidas pelo Pacto são positivas, mas enfrentam
dificuldades de se efetivar. Constata-se uma distância significativa entre os obje-
tivos e as metas inseridos nos termos de compromisso de gestão de municípios,
estados e da União e a sua efetivação. Os compromissos assumidos no Pacto não
têm se traduzido em propostas de ação nos planos e na programação anual de
saúde, nem redundaram em novos compromissos financeiros por parte dos entes.
A Reforma Sanitária no Brasil pode ser considerada complexa. Você deve estar refletindo
como isto ocorreu na sua cidade, estado ou países vizinhos. Aproveite este momento para
realizar a atividade avaliativa da Unidade 2 e até a próxima aula!