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Legislação do SUS
Legislação do SUS

Benigno Núñez Novo| Vinícius Núñez Pinheiro| Adriano Menino de


Macedo Júnior

Publicado em 04/2019. Elaborado em 04/2019.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é regulamentado pelas leis


orgânicas da saúde 8.080/90, 8.142/90, decretos e portarias e
tem enfrentado desafios para sua implementação.

SUS é uma sigla que significa Sistema Único de Saúde, o sistema de saúde
pública do Brasil.

No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo de expansão da


cobertura assistencial iniciado na segunda metade dos anos 70, em atendimento
às proposições formuladas pela OMS na Conferência de Alma-Ata (1978), que
preconizava "Saúde para Todos no Ano 2000", principalmente por meio da
Atenção Primária à Saúde.

Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira,


constituído inicialmente por uma parcela da intelectualidade universitária e dos
profissionais da área da saúde. Posteriormente, incorporaram-se ao movimento
outros segmentos da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de
saúde e alguns parlamentares.

As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime autoritário da


ditadura militar, eram dirigidas basicamente à construção de uma nova política de
saúde efetivamente democrática, considerando a descentralização, universalização
e unificação como elementos essenciais para a reforma do setor.

Várias foram às propostas de implantação de uma rede de serviços voltada para a

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atenção primária à saúde, com hierarquização, descentralização e universalização,


iniciando-se já a partir do Programa de Interiorização das Ações de Saúde e
Saneamento (PIASS), em 1976.

Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-


SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -, logo seguida pelo plano do
Conselho Nacional de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP), em
1982 a partir do qual foi implementada a política de Ações Integradas de Saúde
(AIS), em 1983. Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
processo de descentralização da saúde.

A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de 1986, considerada


um marco histórico, consagra os princípios preconizados pelo Movimento da
Reforma Sanitária.

Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde


(SUDS), como uma consolidação das Ações Integradas de Saúde (AIS), que adota
como diretrizes a universalização e a equidade no acesso aos serviços, à
integralidade dos cuidados, a regionalização dos serviços de saúde e
implementação de distritos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o
desenvolvimento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de uma
política de recursos humanos.

O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela lei nº
8.080/90. Essa lei define o SUS como:

Conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições


públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das
fundações mantidas pelo Poder Público.

De acordo com o artigo 200 da Constituição Federal o Sistema Único de Saúde


tem como funções principais:

controle e fiscalização de procedimentos, produtos e substâncias relativas à


saúde;
fazer ações de vigilância sanitária, controle de epidemias e de cuidados com
a saúde do trabalhador;
participação na produção de remédios, equipamentos e outros produtos
ligados à saúde;
organização da formação de recursos humanos na área de saúde, como
médicos, enfermeiros e outros profissionais;
participação na elaboração de políticas e planos de execução de ações de
saneamento básico;
usar os avanços científicos e tecnológicos na área da saúde;
fazer a fiscalização e a inspeção de alimentos e o controle nutricional;
controle e fiscalização da produção, transporte, armazenamento e uso de

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substâncias psicoativas, tóxicas e radioativas;


colaborar na proteção do meio ambiente e do ambiente de trabalho.

O Sistema Único de Saúde é regido por alguns princípios e diretrizes que


são: universalidade, integralidade, equidade, regionalização e hierarquização,
descentralização e comando único e participação popular.

Veja o que cada um significa:

UNIVERSALIZAÇÃO

A universalização significa que o acesso a um serviço de saúde pública de boa


qualidade é um direito que deve ser garantido a todas as pessoas. Além disso, a
universalização significa que é uma obrigação do Estado, através dos seus
governos, garantir e prestar os serviços de atendimento médico.

INTEGRALIDADE

A integralidade tem dois aspectos. O primeiro é necessidade de que o paciente seja


visto como um todo e que receba um atendimento que leve em conta diversos
aspectos. Isso acontece pela integração de tratamentos e atendimentos com
diferentes profissionais da saúde. Também inclui a prevenção e o tratamento de
doenças.

O segundo aspecto da integralidade é relativo ao trabalho conjunto de vários


setores para a construção de políticas públicas que melhorem a saúde e as
condições de vida dos cidadãos.

EQUIDADE

A equidade tem o objetivo de diminuir a desigualdade entre as pessoas atendidas.


Para isso é preciso que os atendimentos sejam mais personalizados e que os
pacientes sejam atendidos conforme as suas necessidades específicas.

A equidade também prevê que não existam discriminações de nenhum tipo nos
atendimentos.

REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO

A regionalização é a organização dos serviços que fazem parte do SUS com o


objetivo de fazer o sistema funcionar da melhor forma possível. Já
a hierarquização é a organização dos recursos e serviços oferecidos pelo SUS de
acordo com as necessidades de cada caso atendido.

DESCENTRALIZAÇÃO E COMANDO ÚNICO

Esse princípio também é ligado à organização e ao bom funcionamento do


sistema. Descentralização significa que cada esfera do governo (federal, estadual e

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municipal) tem as suas responsabilidades na prestação dos serviços de saúde.


Cada um desses governos tem autonomia para tomar decisões, desde que sejam
respeitados os princípios do sistema.

PARTICIPAÇÃO POPULAR

A diretriz da participação popular prevê que sejam formados conselhos e reuniões


com a participação dos cidadãos para que eles possam dar suas opiniões e
sugestões sobre o funcionamento e sobre possíveis melhoras no SUS.

Comentários sobre os Princípios e Diretrizes do SUS, conforme Art. 7 da lei 8.080


de 1990.

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Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados


contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde
(SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198
da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os


níveis de assistência;

Comentário: O acesso universal já é auto-explicativo, ou seja, todos têm


o direito de utilizar o Sistema de saúde. E em todos os níveis: preventivos
e curativos; individuais e coletivos; de baixa, media e alta complexidades.

II - integralidade de assistência, entendida como conjunto


articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em
todos os níveis de complexidade do sistema;

Comentário: A integralidade de assistência, como o próprio título


sugere, deveria ser um conjunto de ações relacionadas entre si. Ou seja,
assim que o paciente procurasse a rede do SUS para atendimento, todas
as ações necessárias ao tratamento seriam oferecidas.

III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua


integridade física e moral;

Comentário: A preservação da autonomia como sendo um tratamento


único a cada pessoa. Protegendo e tratando o paciente de forma
transparente em relação às informações referentes à sua saúde.

IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou


privilégios de qualquer espécie;

Comentário: Todos devem ter o mesmo tratamento na rede publica de


atendimento à saúde independente da cor, raça, religião, posição social,
situação econômica financeira etc.

V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua


saúde;

Comentário: O maior interessado em sua saúde é o próprio paciente,


por isso ele tem direito a todas as informações, inclusive o de requerer os
resultados de exames e testes realizados no seu diagnóstico.

VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos


serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;

Comentário: A divulgação das informações quanto ao potencial dos

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serviços de saúde, se refere ao oferecimento de opções para o paciente ao


escolher o estabelecimento de saúde para tratamento. Principalmente
quando a rede SUS não cobrir este tratamento.

VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de


prioridades, a alocação de recursos e a orientação
programática;

Comentário: A coletividade tem prioridades, em se tratando de


epidemias, por exemplo. Neste caso, os estudos epidemiológicos podem
ser úteis no planejamento de ações prioritárias (alocação de recursos e a
orientação programática).

VIII - participação da comunidade;

Comentário: A lei 8.142 estabelece a participação da comunidade nas


questões da saúde, através dos conselhos de saúde e das conferências de
saúde. Considero a representação da comunidade na gestão do SUS
muito importante, porque é a participação do usuário final. Sobretudo
para deixar o processo mais transparente, democrático e funcional.

IX - descentralização político-administrativa, com direção


única em cada esfera de governo:

a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de


saúde;

Comentário: A descentralização fortalece a rede de atendimento do


SUS, uma vez que oferece certa autonomia para as entidades
governamentais, principalmente para os municípios (Ex.: Consórcios
intermunicipais). A hierarquização deveria ocorrer de forma
sistêmica, no entanto existem muitas dificuldades no atendimento a
pacientes que dependem de tratamentos complexos. Principalmente
porque existe a hierarquização, mas falta a logística de atendimento.

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio


ambiente e saneamento básico;

Comentário: Fundamental a integração destas ações, para garantir as


condições básicas necessárias à saúde da população. De nada adiantaria
oferecer ações de saúde (tratamento, internação, exames etc.) se os
agentes causadores das doenças não fossem tratados. (estrutura e
condições de higiene à comunidade).

XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos,

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materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios na prestação de serviços de
assistência à saúde da população;

Comentário: Para prover as ações de saúde o Estado deve manter uma


estrutura com todos os recursos necessários à prestação de serviços do
SUS. Esta estrutura envolve e depende de recursos financeiros,
tecnológicos, materiais e humanos de todas as esferas de governos.

XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis


de assistência; e

Comentário: Os processos e atividades de atendimento realizados em


toda a rede do SUS devem ser padronizados, oferecendo um serviço final
de qualidade.

XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar


duplicidade de meios para fins idênticos

Comentário: O SUS é um sistema único, com a finalidade de prover


ações de saúde à comunidade, estas ações são definidas entre os órgãos
públicos de modo a melhorar o atendimento e direcionar o paciente a sua
real necessidade.

ESTRUTURA DO SUS

O SUS atende todo o país. Por isso é formado por vários órgãos em todas as
esferas (federal, estadual e municipal) que têm funções diferentes e que garantem
que o Sistema funcione.

Vejam quais são:

Ministério da Saúde: é responsável pela organização e fiscalização do SUS


em todo o país;
Secretaria Estadual de Saúde (SES): cuida de políticas públicas estaduais e
mantém a relação entre as cidades e o estado;
Secretaria Municipal de Saúde (SMS): cuida de questões de ações de saúde
que são relativas à cidade;
Conselhos de Saúde: faz estratégias e controla o andamento das políticas
públicas de saúde;
Comissão Intergestores Tripartite (CIB): cuida de questões operacionais e da
relação entre Governo Federal, governos estaduais e municipais;
Comissão Intergestores Bipartite (CIB): responsável por questões
operacionais entre os governos estaduais e municipais;
Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass): cuida de questões de
saúde dos estados e do Distrito Federal;
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems): cuida

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das questões de saúde dos municípios;


Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems): representam os
municípios para tratar de questões de saúde com os governos estaduais;

HUMANIZASUS

O HumanizaSUS é a Política Nacional de Humanização (PNH) do Sistema Único


de Saúde. Tem como objetivo melhorar o funcionamento do SUS.

O objetivo da Política é colocar em prática os princípios do SUS, que devem fazer


partes de todos os programas e políticas de saúde.

São princípios do HumanizaSUS:

Acolhimento: pretende ter mais atenção e cuidado com o relacionamento


entre os usuários e membros das equipes que formam o SUS, é a busca pela
melhora de relacionamento nos atendimentos;
Gestão participativa: propõe que a gestão do sistema seja feita em
conjunto, entre o gestor e várias equipes de trabalho, considerando
diferentes fatores e ideias nas decisões tomadas;
Ambiência: reúne o conceito de ambiente e de vivência pessoal para criar
locais de atendimento que sejam mais acolhedores, privativos e que
respeitem a individualidade das pessoas;
Clínica ampliada e compartilhada: tem o objetivo de observar o
paciente de um modo geral, levando em conta seus aspectos sociais e
culturais. O atendimento também não deve ficar restrito apenas a uma
especialidade médica, deve ser feito um atendimento global do paciente;
Valorização do trabalho e do trabalhador: criação de programas que
melhorem as condições de saúde do trabalhador e dos locais de trabalho a
partir de debates e da escuta das necessidades dos profissionais;
Defesa dos direitos dos usuários do SUS: tem o objetivo de fazer com
que o usuário do SUS conheça quais os direitos de saúde são garantidos por
lei, para que possa cobrá-los sempre que for necessário.

CARTÃO SUS

O cartão SUS é o documento que garante que o acesso do paciente ao SUS seja
mais fácil. Além disso, o cartão guarda dados relativos à data e ao local dos
atendimentos feitos, quais cuidados foram administrados e qual o profissional fez
o atendimento.

O cartão SUS facilita a comunicação entre os diferentes locais de atendimento de


saúde, fornecendo dados importantes para a criação e a prática das políticas
públicas de saúde.

O cartão torna mais fácil marcar consultas, exames e permite que pacientes
possam receber medicamentos gratuitamente.

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O cartão SUS é fornecido de forma gratuita e pode ser obtido com a apresentação
de RG, CPF, certidão de nascimento ou de casamento. O registro do usuário e o
pedido do cartão podem ser feito em hospitais, postos de saúde, clínicas ou em
outros locais determinados pela secretaria municipal de saúde.

O direito à saúde foi inserido na Constituição Federal de 1988 no título destinado


à ordem social, que tem como objetivo o bem-estar e a justiça social. Nessa
perspectiva, a Constituição Federal de 1988, no seu Art. 6º, estabelece como
direitos sociais fundamentais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância.

No contexto brasileiro, o direito à saúde foi uma conquista do movimento da


Reforma Sanitária, refletindo na criação do Sistema Único de Saúde (SUS) pela
Constituição Federal de 1988, cujo artigo 196 dispõe que “A saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”.

No entanto, direito à saúde não se restringe apenas a poder ser atendido no


hospital ou em unidades básicas. Embora o acesso a serviços tenha relevância,
como direito fundamental, o direito à saúde implica também na garantia ampla de
qualidade de vida, em associação a outros direitos básicos, como educação,
saneamento básico, atividades culturais e segurança.

“A criação do SUS está diretamente relacionada à tomada de responsabilidade por


parte do Estado.

A ideia do SUS é maior do que simplesmente disponibilizar postos de saúde e


hospitais para que as pessoas possam acessar quando precise, a proposta é que
seja possível atuar antes disso, através dos agentes de saúde que visitam
frequentemente as famílias para se antecipar os problemas e conhecer a realidade
de cada família, encaminhando as pessoas para os equipamentos públicos de
saúde quando necessário.

O QUE DIZ A CONSTITUIÇÃO SOBRE SAÚDE

ARTIGO 196: Saúde é direito de todos. É dever do estado garantir a saúde por
meio de políticas sociais e econômicas. O objetivo é reduzir o risco de doença com
acesso universal e igualitário às ações de proteção e recuperação.

ARTIGO 197: Cabe ao poder público regulamentar, fiscalizar e controlar o sistema


de saúde, devendo sua execução ser feita diretamente ou por meio de terceiros.

ARTIGO 198: As ações e os serviços públicos de saúde integram uma


rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único organizado
pelas seguintes diretrizes: descentralização e atendimento integral, com
prioridade para as atividades preventivas. O Sistema Único de Saúde será

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financiado com recursos da Seguridade Social, da União, dos estados e dos


municípios e outras fontes.

ARTIGO 199: A assistência à saúde é livre à iniciativa privada, que


poderá complementar o SUS.

ARTIGO 200: O SUS deve controlar e fiscalizar procedimentos, produtos


e substâncias de interesse para a saúde. Participar da produção de medicamentos
e equipamentos. Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica.
Ordenar a formação de recursos humanos.

A Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a


promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes. Esta Lei regula em todo o território nacional as ações e
serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente,
eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado.

A Lei 8.080/90 instituiu o Sistema Único de Saúde, constituído pelo conjunto


de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais,
estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações
mantidas pelo poder público. A iniciativa privada participa do Sistema Único de
Saúde em caráter complementar.

As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou


conveniados que integram o SUS é desenvolvido de acordo com as diretrizes
previstas no artigo 198 da Constituição Federal vigente, obedecendo ainda
princípios organizativos e doutrinários tais como:

• Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;

• Integralidade de assistência;

• Equidade;

• Descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de


governo;

• Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da


união dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços
de assistência à saúde da população;

• Participação da comunidade;

• Regionalização e hierarquização.

A LEI 8.080/90 TRATA:

(a) da organização, da direção e da gestão do SUS;

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(b) das competências e atribuições das três esferas de governo;

(c) do funcionamento e da participação complementar dos serviços privados de


assistência à saúde;

(d) da política de recursos humanos;

(e) dos recursos financeiros, da gestão financeira, do planejamento e do


orçamento.

Em seu texto base, é dito que “Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes” e aqui reforçamos que apesar de conhecida como lei do SUS ou
legislação do SUS, a lei 8080 regula não apenas o atendimento nos hospitais
públicos, mas também aquela promovida na rede particular.

O artigo segundo da lei diz que “a saúde é um direito fundamental do ser humano,
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.
Assim sendo os principais itens regulados que você verá neste resumo lei 8080 do
SUS são:

PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS


As responsabilidades de cada uma das esferas do governo
A estrutura e a governança do SUS
A participação complementar da esfera privada

Para fazer isso a Lei 8.080 estabelece normas, deveres e obrigações para o Estado
em suas várias esferas e para a iniciativa privada que deve atuar de forma
complementar ao serviço público.

É importante compreender a abrangência da lei, seu âmbito nacional, que ela


dispõe não apenas de regulamentação para a saúde corretiva como se poderia
imaginar, mas que norteia vários aspectos da saúde preventiva e chega também ao
cunho social.

Aspectos gerais da lei e com base em seus principais artigos.

A lei regula os serviços de saúde em todo o território nacional, em caráter


permanente ou eventual, na esfera pública e privada.
Ela determina que a saúde seja um direito fundamental do ser humano e
estabelece a obrigatoriedade do estado em fornecê-la.
A saúde não se limita ao tratamento médico, mas também compreende
fatores como a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso
aos bens e serviços essenciais.
O SUS é definido como “O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados
por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da

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Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder


Público”.

A saúde, portanto, tem como fatores determinantes não apenas para regular os
serviços de saúde, mas para integrar itens como alimentação, moradia, meio
ambiente, saneamento básico, condições de trabalho e renda, meios de transporte
e até o lazer, já que entende que a saúde pública não se limita aos serviços
providos por médicos e enfermeiros, mas pela promoção do bem-estar físico,
mental e social.

A legislação do SUS atualizada estabelece também quais são os objetivos da saúde


brasileira e define atribuições para que se possam ser atingidas: a saber:

A identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da


saúde;
A formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos
econômicos e sociais, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
A assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e
das atividades preventivas;

Neste artigo da lei 8080 do SUS é possível se entender porque a lei 8080 existe e
para quê ela serve. Ele é uma espécie de missão da legislação do SUS atualizada.
Observe que cabe ao sistema de saúde identificar e divulgar os fatores
condicionantes e determinantes de saúde, ou seja, identificar quais são
os problemas, quais são os desafios para a saúde e tornar isso algo conhecido de
todos.

Em seguida a lei diz que é preciso formular políticas, ou seja, criar condições, para
que esses problemas sejam resolvidos, além de executar ações condizentes com
essas políticas.

Isso reforça o conceito de um sistema que não se limita ao tratar de doenças já


contraídas, mas na prevenção de doenças e na promoção da qualidade de vida.

A lei do SUS também define onde e como o sistema atua. Execução de ações:

De vigilância sanitária;
De vigilância epidemiológica;
De saúde do trabalhador;
De assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica.

Na prática fica claro no resumo lei 8080 do SUS que a mesma não regula apenas o
funcionamento de hospitais e postos de saúde, mas que trabalha também com
todos os itens necessários para a prevenção de problemas de saúde e a promoção
de uma melhor qualidade de vida.

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Por vigilância também se deve observar a necessidade de fiscalização e observação


constante de fatores permanentes ou transitórios que possam vir a colocar a saúde
da população em risco. Como diz o texto da lei do SUS, esses fatores podem ser de
vigilância sanitária, epidemiológica e até das condições do trabalho. É função da
saúde também realizar a fiscalização de fatores individuais ou coletivos que
coloquem em risco as condições de saúde e executar ações para corrigir os
problemas encontrados.

O artigo sexto ainda inclui informações sobre a participação do SUS:

Na formulação da política e na execução de serviços de saneamento básico;


Na ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;
Na vigilância nutricional e na orientação alimentar;
Na colaboração na proteção do meio ambiente, bem como no ambiente de
trabalho;
Na formulação da política que controla a produção de medicamentos,
imunológicos e outros insumos necessários para o funcionamento da saúde.

A Lei 13.427 de 30 de março de 2017, não traz apenas uma ação/serviço - ela
altera o artigo 7º da LOS 8.080/90 e inclui um novo princípio, que garante às
mulheres a organização de atendimento público específico e especializado para
mulheres e vítimas domésticas em geral.

Além de ser questão certa de prova dos próximos certames é motivo de abraçar a
causa e divulgar este novo princípio - garantindo àquelas que sofrem a tão terrível
violência doméstica, um serviço especializado - no nível da prevenção terciária.

Este avanço jurídico não descarta e nem minimiza a importância da luta contra a
violência doméstica, mas nos traz a certeza que o Sistema, que é universal, tem
por obrigação se estruturar para prover e fazer cumprir mais este princípio
organizativo.

Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde


– SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na
área da saúde, e dá outras providências.

O controle social é um processo no qual a população participa, por meio de


representantes, na definição, execução e acompanhamento de políticas públicas,
as políticas de governo.

A saúde tem sido referida como o bem mais precioso de uma nação, sendo
responsabilidade de todos – estado e sociedade. Nessa estrutura, de um lado está
à emergência das necessidades da população em relação à saúde e de outro a
intervenção do estado, definindo estratégias de ações em resposta a essas
necessidades, destacando-se, nesse processo, o andamento dos fatos políticos e
econômicos, que ora levam a avanços, ora a retrocessos nas políticas de saúde em
nosso país.

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O controle social pode ser entendido como a fiscalização direta da sociedade civil
nos processos de gestão da coisa pública, a apropriação pela sociedade organizada,
dos meios e instrumentos de planejamento, fiscalização e análise das ações e
serviços de saúde (CORREIA, 2000).

O controle social traz a possibilidade de a sociedade civil interagir com o governo


para estabelecer prioridades e definir políticas de saúde que atendam às
necessidades da população, tendo como estratégia para sua viabilização os canais
de participação institucional, tais como os conselhos de saúde e as conferências de
saúde

A Lei n. 8.142/1990, resultado da luta pela democratização dos serviços de saúde,


representa uma vitória significativa. A partir deste marco legal, foram criados os
Conselhos e as Conferências de Saúde como espaços vitais para o exercício do
controle social do Sistema Único de Saúde (SUS).

Quando conquistamos esses espaços de atuação da sociedade na lei, começou a


luta para garanti-los na prática. Os Conselhos de Saúde foram constituídos para
formular, fiscalizar e deliberar sobre as políticas de saúde. Deliberar acerca das
políticas de saúde é uma grande conquista da sociedade.

Garantir a implementação das deliberações é uma disputa permanente em defesa


do SUS. É por isso que a promoção do conhecimento sobre a saúde no País e o
papel dos Conselhos de Saúde implica no fortalecimento do SUS.

O Conselho Nacional de Saúde, ao reestruturar as Diretrizes Nacionais para o


Processo de Educação Permanente no Controle Social do Sistema Único de Saúde,
dá um passo importante na valorização da saúde no Brasil. É de responsabilidade
do CNS elaborar, em conjunto com o Ministério da Saúde, a Política Nacional de
Educação Permanente para o Controle Social do SUS. O reconhecimento da rica
diversidade regional do País, com suas especificidades locais, estabelecem e
incentivam que os Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde também elaborem
suas políticas e planos de ação, apoiados pelos gestores municipais e estaduais
(BRASIL, 2006).

Disposições Gerais sobre a lei 8.142 de 1990.

Cada esfera de governo deve contar com instâncias colegiadas com participação da
comunidade. Quais são elas: Conferências de Saúde e Conselhos de Saúde.

Conselho de Saúde é o órgão que vai fiscalizar a implementação e utilização


dos recursos de forma geral.
Conferências de Saúde é responsável pela formulação de novas propostas
para o Sistema Único de Saúde, que acontece a cada 4 anos.

O Pacto pela Saúde de 2006 vem com uma nova proposta de organização do
sistema, de uma gestão compartilhada e solidária considerando as diferenças

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regionais, a organização de regiões sanitárias, de modo a garantir um atendimento


integral de qualidade ao indivíduo. Ele promove também mecanismos de co-
gestão e planejamento regional, fortalece o controle social, e vem com uma
proposta de cooperação técnica entre os gestores.

Este pacto estabelece uma lógica realmente de cooperação, com Financiamento


Tripartite estimulado a partir de critérios de Equidade, ou seja, considerando
diferenças regionais dentro do nosso grande País pra que seja feita a transferência
de recursos financeiros.

O Pacto pela Saúde tem duas Legislações fundamentais que são duas portarias que
você não pode deixar de estudar.

A primeira é a Portaria 399 de 22 de Fevereiro de 2006. Essa portaria organiza o


pacto pela saúde nas suas três dimensões:

Pacto pela Vida;


Pacto em Defesa do SUS; e
Pacto de Gestão do SUS.

O Pacto pela Vida diz respeito ao compromisso da prioridade do pacto com a


saúde da população, ai nesse pacto nós vamos discutir indicadores e metas pra
mudança de situação de saúde.

Pacto em Defesa do SUS: o próprio nome diz “Em Defesa do SUS”. Ele vem com
uma força ideológica pra resgatar um sistema de saúde que foi criado na década
de 80 e que precisa a cada dia ser fortalecido, principalmente pelo controle social
e a garantia de recursos financeiros.

O Pacto de Gestão do SUS define responsabilidades sanitárias para os gestores


criando novos espaços de cogestão.

A outra portaria é a Portaria 699 de 30 de março de 2006 que regulamenta as


diretrizes operacionais do Pacto pela Vida e do Pacto de Gestão, orienta a sua
implementação, além de instituir o termo de compromisso de gestão.

O Decreto 7.508 de 28 de Junho de 2011 é a Legislação mais nova do Sistema


Único de Saúde regulamenta a Lei 8.080 de 1990. Ele traz novos termos e também
resgata alguns já existentes que precisam ser fortalecidos.

O decreto dispõe sobre:

Região de saúde;
Contrato organizativo de ação pública;
Portas de entrada;
Comissões Intergestores;
Mapa da saúde;
Rede de atenção à saúde;

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Serviços especiais de acesso aberto;


Protocolo clínico e diretriz terapêutica;
Relação nacional de ações e serviços de saúde - RENASES; e
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RENAME.

O decreto traz definições novas, conceitos novos, como por exemplo, de Rede de
Atenção à Saúde, e como ela se organiza dentro do SUS; a RENASES, uma relação
nacional de ações e serviços de saúde.

O decreto resgata também um termo Região de Saúde, que é discutido desde


quando foi instituído o SUS, quando se estabelece o princípio organizacional do
SUS, da regionalização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Constituição Federal. Em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03


/constituicao/constituicao.htm. Obtido em 06/04/2019.

Brasil – Dados. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br>

Brasil – Legislação: CF; Leis 8.080 e 8.142; LC 141. Disponível em:


<http://www.senado.gov.br>

Brasil. Lei 8080 de 19 de setembro de 1990, http://www.planalto.gov.br


/ccivil_03/leis/l8080.htm, e o Decreto 7508/11, de 28 de junho de 2011 que
dispõe sobre a organização do SUS. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03
/_ato2011-2014/2011/decreto/D7508.htm. Obtido em 06/04/2019.

Brasil. Lei 8142/90 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação


da comunidade no SUS. In: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm,
obtido em: 01/12/2013.

Brasil, Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes


Nacionais para o processo de Educação Permanente no Controle Social do SUS.
1995. In: http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/diretrizes_miolo.pdf.
Obtido em 01/12/2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de saúde. Resolução nº


333/2003. Aprova as diretrizes para criação, reformulação, estruturação e
funcionamento dos Conselhos de Saúde. 2003. Brasil, Ministério da Saúde.
Política Nacional de Atenção Básica, 2012. In: http://189.28.128.100/dab/docs
/publicacoes/geral/pnab.pdf. Obtido em: 06/04/2019.

Brasil, Ministério da Saúde. Saúde da Família no Brasil: uma análise de


indicadores selecionados de 1998-2005/2006. 2008. In: http://189.28.128.100
/dab/docs/publicacoes/geral/saude_familia_no_brasil_uma_ana lise_i
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ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia e saúde. 6. ed.


Rio de Janeiro: MEDSI, 2003. 728 p.

Autores
Benigno Núñez Novo

Advogado, doutor em direito internacional pela Universidad


Autónoma de Asunción (UAA)

Vinícius Núñez Pinheiro

Acadêmico de medicina pela Universidade Maria Auxiliadora


(UMAX)

Adriano Menino de Macedo Júnior

Graduando em farmácia pela Faculdade Natalense de Ensino e


Cultura (FANEC) com experiência em saúde pública e
microbiologia.

Informações sobre o texto


Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

NOVO, Benigno Núñez; PINHEIRO, VINÍCIUS NÚÑEZ, Vinícius Núñez Pinheiro


et al. Legislação do SUS. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina,
ano 24, n. 5814, 2 jun. 2019. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/73160.
Acesso em: 7 jul. 2019.

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