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Curso de Auxiliar de Saúde Bucal

SUS ESF E SAÚDE


BUCAL

Lorena Cristina Ribeiro


Sumário

 Introdução
 Criação do SUS
 Princípios e Diretrizes do SUS
 Saúde Bucal no SUS – Brasil Sorridente
 Estruturação das equipes de saúde bucal
 Conclusão
 Referência
Introdução

O trabalho apresenta uma visão e uma pesquisa relacionada ao SUS e a Atenção à


Saúde Bucal no Brasil, sobre a evolução histórica do Sistema Único de Saúde e a
inserção das equipes de saúde bucal nos programas de saúde voltados para a
atenção básica.
Apresentando conceitos, leis, desenvolvimentos e caminhos pelo qual a saúde
pública do Brasil passou.
Acompanhamos de perto todo o processo pela implementação da saúde bucal nas
redes de ESF e todo trabalho desenvolvido pelos profissionais responsáveis.
Criação do SUS

A história da criação do SUS está conectada ao Movimento da Reforma Sanitária,


de meados da década de 1970. A saúde pública foi, na época, um dos eixos da luta
e da resistência contra a ditadura militar. Os sanitaristas foram capazes de conciliar
diferentes correntes e orientações políticas em torno de um objetivo único — o
acesso gratuito e integral de todos os cidadãos aos serviços de saúde.
Até então, a saúde era vinculada ao Instituto de Assistência Médica da Previdência
Social (Inamps), sendo os serviços assegurados apenas a quem contribuísse. Em
1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde acolheu os princípios do projeto
sanitarista, abrindo caminho para sua consolidação na Assembleia Nacional
Constituinte.

A criação do SUS põe em


prática uma política federal
de caráter descentralizador,
que, conjugada à
gratuidade e universalidade,
o torna o maior sistema
público de saúde do mundo.
À União cabe o papel
primordial de regulador,
estimulador e avaliador das
atividades de saúde.
Estados e municípios têm a
responsabilidade de
planejar e executar os
serviços que atendem às
populações locais. Assim,
os três entes federativos,
em vez de concorrer, trabalham juntos.
Os serviços de saúde são oferecidos, de forma articulada e complementar, por
quem está na ponta, de onde se enxergam melhor as reais necessidades dos
cidadãos. E a execução é mista: o serviço é prestado tanto pela rede pública como
pela filantrópica e privada.
A interação entre as esferas pública e privada — bem como a cooperação entre
União, estados, municípios, entidades regulatórias e legisladores que disciplinam
suas relações — é uma inesgotável fonte de conflitos. O sistema, desde o início, foi
pensado com base na cooperação entre atores diversos, todos eixos indispensáveis
para sua concretização.
Outros princípios caracterizam o sistema brasileiro. Um deles é a possibilidade de
participação social, através de conselhos, que acompanham, criticam e apoiam a
gestão da saúde. Também a integralidade: uma atenção à saúde que abrange
desde a promoção e a prevenção, passando pela redução dos casos de doenças e
chegando até a reabilitação.
Em 1977 foi criado o Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social
(Inamps). Se por um lado a expressão assistência médica faz menção à saúde
pública, o nome Previdência Social já sinaliza a quem o Inamps destinava-se: a
todos aqueles que contribuíam para ela, isto é, aos trabalhadores de carteira
assinada.
Para o restante da população, havia dois caminhos: custear por conta própria
cuidados médicos ou buscar atendimentos em entidades filantrópicas – que, cabe
dizer, não eram tantas assim.
Apesar de primeiro passo, ainda bem tímido e muito distante do ideal (que hoje
conhecemos com o SUS), o Inamps tinha mais intuito econômico do que de
assistência à saúde, isso porque partiu da pressão de indústrias e de grandes
empresas pensando na saúde de seus funcionários para evitar faltas ao trabalho.
Em outras palavras, de fato havia preocupação com saúde, mas sob a orientação
da capacitação para as atividades de trabalho, sem pensar no bem-estar geral.
Com o SUS, a saúde passa de problema de cada um a ser vista como um bem
público.
Também na década de 70, tem início um movimento formado por profissionais da
saúde e demais pessoas com ideias afins para o campo da saúde: o movimento da
Reforma Sanitária.
Diante do agravamento das
carências sociais, o movimento
ganhou mais voz, mais debates
aconteceram e teve início a defesa
de que a saúde deveria ser
encarada como algo além de
cuidados médicos.
Nessa década e na seguinte, houve vários simpósios e conferências relacionados à
questão da saúde, sendo alguns marcos desse período:
 O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), criado em 1976;
 A Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO),
criada em 1979;
 Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), criado em 1980;
 VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986.
Com essas mudanças em curso, com a pressão de movimentos por uma reforma
sanitarista e por conta de alguns escândalos ligados à arrecadação de verbas, a
partir do fim da década de 80 o Inamps inicia seu declínio, tendo sido extinto pela
Lei 8689 em 1993.
Em 1988, a CF traz um conceito mais abrangente de saúde e o Sistema Único de
Saúde é criado. Em 1990, são aprovadas as Leis Orgânicas da Saúde:
 Lei 8080/90: dispõe sobre as condições para promoção, proteção e
recuperação da saúde e sobre a organização e funcionamento dos serviços a
ela relacionados;
 Lei 8142/90: dispõe sobre a participação popular no SUS e sobre as
transferências de recursos da área de saúde entre os governos.
Criado em 1988 pela Constituição Federal (CF), suas origens datam de anos antes.
É possível perceber três etapas:
 Anos 70
No início da década e em contexto de luta contra a Ditadura Militar, surge o
movimento da Reforma Sanitária, nome dado às ideias relacionadas a mudanças e
transformações necessárias em toda área da saúde (não apenas no sistema) para
melhorar a condição de vida das pessoas.
Em 1977, de fato foi criado um órgão que oferecesse assistência médica, mas era
ofertado apenas aos trabalhadores de carteira assinada – Instituto Nacional de
Assistência Médica e Previdência Social (Inamps).
 Anos 80
Segue o movimento sanitarista, formado por grupos de médicos e demais
profissionais engajados na luta pela saúde pública, desenvolvendo teses e
integrando discussões políticas. O marco foi a VIII Conferência Nacional de Saúde
(1986).
Nesse âmbito, devemos destacar o sanitarista Sérgio Arouca e sua frase “Saúde
não é simplesmente a ausência de doença. É muito mais do que isso. É bem-estar
físico, mental, social, político”, revelando uma mentalidade mais ampla sobre saúde.
As propostas da Reforma Sanitária resultaram na universalização do direito à
saúde, reconhecido na Constituição de 1988 com a criação do SUS.
 Anos 90
Aprovação da Lei Orgânica da Saúde em 1990 detalhando o funcionamento do SUS
e seus preceitos. A população brasileira passa, assim, a ter direito gratuito e
universal à saúde.
A implementação do SUS trouxe a democratização da saúde, não mais restrita a
alguns grupos, bem como uma mudança no conceito de saúde, uma vez que ela
deixou de ser vista como “não-doença”, passou a englobar prevenção e a ser
incluída no planejamento de políticas públicas.
Princípios e Diretrizes do SUS

Os princípios do SUS são divididos em princípio doutrinários e princípios


organizativos, conforme explicado abaixo:
Princípios doutrinários (ou ideológicos): universalidade, integralidade e equidade.
Princípios organizativos: descentralização, regionalização e hierarquização e
participação popular.
a) Princípio da Universalidade ou da Universalização
A saúde é um direito de todos, sendo dever do Estado oferecê-la
indiscriminadamente, assegurando que todas as pessoas tenham acesso a ações e
serviços de saúde;
b) Princípio da Equidade
Todas as pessoas são iguais perante o SUS, o que não significa que tenham as
mesmas necessidades. Deve-se respeitar as diferenças e minimizar desigualdades,
oferecendo maior atenção onde houver maior carência;
c) Princípio da Integralidade
Relaciona-se a prevenção e reabilitação em saúde e o atendimento integral (do
nascimento à morte) às necessidades básicas de todas as pessoas.

As diretrizes formam com os Princípios a base do SUS. Há quem opte pela divisão
Princípios Doutrinários (vistos acima) e Princípios Organizacionais (que
abordaremos como diretrizes), não havendo consenso sobre isso.
Mas uma vez que os itens do tópico acima se pautaram nos Princípios Doutrinários,
julgamos adequadas as nomenclaturas Princípios e Diretrizes.
Dentro deste contexto, também são três as diretrizes (ou princípios organizacionais)
do SUS:
a) Descentralização do SUS
Refere-se à redistribuição de responsabilidades de ações e de serviços de saúde
entre as três esferas de governo. Nesse caso, não tem relação com
descentralização política, mas sim com cada esfera incorporando os objetivos do
SUS, estando cientes de suas obrigações;
b) Regionalização e hierarquização
Tem a ver com os serviços organizados em graus de complexidade. Por
regionalização, entende-se a articulação dos serviços existentes, buscando unificá-
los.
E por hierarquização, divisão em níveis de atenção para assegurar meios de acesso
aos serviços que cada caso demanda (dentro dos limites dos recursos disponíveis
em certa região);
c) Participação da comunidade do SUS
Como já vimos, a participação da sociedade no SUS é importante e legalmente
prevista. Cabe à comunidade engajar-se no dia a dia do sistema.
Conselhos e as Conferências de Saúde devem ser criados e representantes da
população devem acompanhar a formulação de estratégias, bem como controlar e
avaliar como a política de saúde é executada.
Saúde Bucal no SUS – Brasil Sorridente

A preocupação com a
atenção à saúde básica
no Brasil tem origem na
década de 1970, durante
o período do Regime
Militar. As primeiras
manifestações a respeito
do tema surgiram junto
com os movimentos
sociais da época, como o
estudantil e o da classe operária, que lutavam pela redemocratização do Brasil e
pela conquista de direitos sociais. Dentro do contexto de saúde pública e direitos
sociais, a primeira conquista desses movimentos foi a Reforma Sanitária Brasileira
(RSB), cujas propostas mais tarde serviriam como base para a criação do Sistema
Único de Saúde (SUS), em 1988. (MATOS, 2020)
Anos mais tarde, em 1994, foi criado pelo Ministério da Saúde (MS) o Programa
Saúde da Família (PSF), que dava prosseguimento ao trabalho realizado pelo
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), formulado e implantado em
1991. Nesse momento a atenção à saúde básica mudava o foco do indivíduo para a
família e a comunidade, buscando a promoção, a prevenção, a recuperação e a
reabilitação da saúde em detrimento do assistencialismo curativo. (CUTOLO, 2003)
Inicialmente, o trabalho no PSF era realizado por uma equipe multiprofissional,
porém centrado no médico e na saúde geral. A Odontologia só foi inserida nesse
Programa a partir dos anos 2000, com o objetivo de entregar às famílias um
trabalho de prevenção mais completo. (OLIVEIRA, 2005)
Com o tempo, o PSF evoluiu e passou a se chamar Estratégia Saúde da Família
(ESF). Acompanhando essa evolução, a atuação de um cirurgião-dentista (CD)
dentro da atenção à saúde básica ficou mais abrangente. A partir desse momento,
há uma mudança no modus operandi do dentista dentro da rede pública de saúde,
onde entende-se que a assistência odontológica deve atuar de forma mais
preventiva, deixando de ser empregada apenas em momentos emergenciais. Com
isso, a principal atribuição do cirurgião-dentista passou a ser o atendimento clínico
voltado para a promoção da saúde, com ações para prevenir as doenças da
cavidade oral, como cárie, gengivite, periodontite, dentre outras. (MATOS, 2020)
Assim, a partir dessa mudança de modelo de atendimento, este trabalho tem como
objetivo responder o seguinte questionamento: Podemos identificar melhorias para
os usuários da rede pública de saúde a partir da entrada das equipes de saúde
bucal? Para isso, será analisado se o maior acesso aos serviços odontológicos
básicos trouxe melhorias nos índices nacionais de saúde bucal. Como objetivo
específico, o trabalho realizará uma revisão de literatura sobre a evolução histórica
do Sistema Único de Saúde e a inserção das equipes de saúde bucal nos
programas de saúde voltados para a atenção básica.

Conforme visto na seção 2.2, o PSF foi criado em 1994. Porém, percebe-se que nos
primeiros anos o foco do programa era o atendimento médico às famílias, sem levar
em consideração a saúde bucal. A odontologia só foi inserida no Programa Saúde
da Família seis anos depois, por meio das Portarias Ministeriais 1.444, de
28/12/2000, e 267, de 29/09/2001, cujo objetivo era construir novos processos de
trabalho voltados para às famílias. (OLIVEIRA, 2005)
Em 2004, as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) foram
apresentadas. Nelas houve uma reorientação do modelo de atenção em saúde
bucal, tendo como uma das suas aspirações qualificar a atenção básica,
independentemente da estratégia adotada pelo município para sua organização.
(MATOS, 2020)

Neste contexto, o Ministério da Saúde definiu os procedimentos clínicos


odontológicos que fazem parte do rol de atendimentos incluídos na atenção básica
da saúde bucal, os quais o cirurgião-dentista deverá executar. Esses procedimentos
eram, basicamente, restaurações, extrações, profilaxia, periodontia básica e
aplicação tópica de flúor em consultório. (ARAÚJO, 2005)
Com a inserção do cirurgião-dentista (CD) na atenção básica, houve uma grande
alteração no modelo de atendimento odontológico. Anteriormente, a atuação se
concentrava muito dentro do consultório, através de um atendimento assistencialista
com o objetivo apenas de tratar a dor do paciente. A inserção da equipe de saúde
bucal na ESF trouxe à odontologia o cuidado e a prevenção com a família, por meio
de visitas domiciliares e ações em escolas (Programa Saúde na Escola), com o
objetivo de conscientizar a população da importância da saúde bucal. (MATOS,
2020).

Os benefícios dessas ações puderam ser constatados na última Pesquisa Nacional


em Saúde Bucal, ocorrida em 2010. Conhecida como Projeto SB Brasil 2010, essa
pesquisa foi coordenada pelo Ministério da Saúde e se constitui como importante
instrumento da Política Nacional de Saúde Bucal, uma vez que seus resultados
servem para identificar problemas e reorientar as estratégias de prevenção e
assistência previstas nas diretrizes da ESF. (BRASIL, 2010)
Dentre os principais resultados apresentados no relatório da SB Brasil 2010,
destacam-se os afetos à cárie dentária na faixa etária dos 12 anos, usualmente
avaliada a partir do índice CPO-D (Cariado, Perdido e Obturado – Dente). A idade
de 12 anos é utilizada como referência internacional para o cálculo desse índice por
ser a idade em que a dentição permanente está praticamente completa. (BRASIL,
2010).

Durante anos, a odontologia


esteve à margem das políticas
públicas de saúde. O acesso
dos brasileiros à saúde bucal
era extremamente difícil e
limitado, fazendo com que as
pessoas se acostumassem
apenas a procurar
atendimento odontológico em
casos de dor. Essa demora na
procura pelo atendimento,
aliada aos poucos serviços
odontológicos oferecidos, fazia
com que o principal tratamento oferecido pela rede pública fosse a extração
dentária, perpetuando a visão da odontologia mutiladora e do cirurgião-dentista com
atuação apenas clínica. Para mudar esse quadro, em 2004 o Ministério da Saúde
lançou a Política Nacional de Saúde Bucal – Programa Brasil Sorridente.
O Brasil Sorridente constitui-se de uma série de medidas que têm como objetivo
garantir as ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal dos
brasileiros, entendendo que esta é fundamental para a saúde geral e para a
qualidade de vida da população. Seu principal objetivo é a reorganização da prática
e a qualificação das ações e serviços oferecidos, reunindo ações em saúde bucal
voltadas para os cidadãos de todas as idades, com ampliação do acesso ao
tratamento odontológico gratuito aos brasileiros, por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS).
As principais linhas de ação do Brasil Sorridente são a reorganização do acesso à
saúde bucal na Atenção Primária, principalmente com a implantação das equipes de
Saúde Bucal (eSB) na Estratégia Saúde da Família (ESF) e das Unidades
Odontológicas Móveis (UOM); a ampliação e qualificação da atenção especializada
(especialmente com a implantação de Centros de Especialidades Odontológicas
(CEO); a ampliação dos pontos de apoio à rede de atenção (principalmente por
meio dos Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias [LRPD], que viabilizam o
apoio para a reabilitação de saúde bucal); e a viabilização da adição de flúor nas
estações de tratamento de águas de abastecimento público. O Brasil Sorridente
articula, ainda, outras ações de caráter intra e intersetorial.
Estruturação das Equipes de Saúde Bucal

Uma equipe de saúde bucal é composta por cirurgiões-dentistas, técnicos de saúde


bucal e auxiliares de saúde bucal. Embora esses profissionais atuem de forma
conjunta, a Política Nacional de Atenção Básica discrimina atribuições especificas
para cada função componente dessa equipe.
Ação: Ampliação do número de pessoas assistidas em saúde bucal, por meio da
implantação e manutenção de equipes de Saúde Bucal (eSB) na Atenção Primária à
Saúde.
Para quem: População de todos os municípios de todas as Unidades da
Federação. Produto: Ampliação do acesso da população às ações das eSB na
Atenção Primária à Saúde.
Finalidade: As eSB trabalham integradas às equipes de Saúde da Família (eSF) e
às equipes de Atenção Primária, fortalecendo o atributo da integralidade do cuidado
e contribuindo para a ampliação da qualidade de vida das pessoas. As equipes de
Saúde Bucal podem ser compostas por:

Ao cirurgião-dentista,
profissional central desta
equipe, destacam-se, entre
outras, as atribuições de se
realizar o diagnóstico com a
finalidade de obter o perfil
epidemiológico para o
planejamento e a
programação em saúde
bucal; realizar os
procedimentos clínicos da
atenção básica em saúde
bucal; coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à
prevenção de doenças bucais; e acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproximar e
integrar ações de saúde de forma multidisciplinar.

Em relação aos técnicos de saúde bucal, a eles cabe, entre outras atribuições,
coordenar a manutenção e a conservação dos equipamentos odontológicos;
participar das ações educativas atuando na promoção da saúde e na prevenção das
doenças bucais; realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal; e
proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, antes e após atos
cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares.
Por último, ao auxiliar de saúde bucal é atribuído a função de realizar ações de
promoção e prevenção em saúde bucal para as famílias, grupos e indivíduos,
mediante planejamento local e protocolos de atenção à saúde; auxiliar e
instrumentar os profissionais nas intervenções clínicas; processar filme radiográfico;
e manipular materiais de uso odontológico.

Independentemente da modalidade adotada, recomenda-se que os profissionais de


saúde bucal estejam vinculados a uma ESF e compartilhem a gestão e o processo
de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária pela mesma população e
território que a ESF à qual integra, e com jornada de trabalho de 40 horas semanais
para todos os seus componentes.
Legenda: CD – cirurgião-dentista; ASB – auxiliar em saúde bucal; TSB – técnico em saúde bucal.

Contribuem para o fortalecimento dos atributos essenciais da APS, tais como o


acesso de primeiro contato, a longitudinalidade, a integralidade e a coordenação do
cuidado, sendo organizadas no modelo de atenção da Saúde da Família.
Organizando-se segundo as diretrizes da Estratégia Saúde da Família, ofertam o
cuidado por, no mínimo, 40 horas semanais, estabelecendo relação de vínculo e
responsabilização que potencializam o cuidado e resultados em saúde. Além disso,
têm um contato próximo com os usuários e competência para o conhecimento dos
diferentes contextos sociais e de saúde, considerando o cidadão de forma mais
integral e humanizada. Para isso, as suas ações e serviços são baseados na
promoção, prevenção e recuperação da saúde, por meio de medidas de caráter
individual e coletivo, e mediante a responsabilização pela saúde das pessoas. São,
portanto, o modelo prioritário e preferencial para a oferta da atenção em saúde
bucal na APS. A carteira de serviços da APS apresenta um rol sugestivo de ações e
serviços a serem ofertados pelas equipes de Saúde Bucal.

Todas as equipes de Saúde Bucal devem estar vinculadas a equipes de Saúde da


Família ou de Atenção Primária, conforme as regras estabelecidas Portaria SAPS nº
32, de 19 de maio de 2021 que atualiza a Portaria SAPS/MS nº 60, de 26 de
novembro de 2020.
Conheça a seguir as conformações do vínculo:

Tipo de eSB Vinculação


1 eSB de 40h semanais Apenas a 1 eSF** ou a 2 eAP*** com carga horária
de 20h semanais
1 eSB carga horária diferenciada de 30h semanais 1 eAP com carga horária de 30h semanais
1 eSB carga horária diferenciada de 20h semanais 1 eAP com carga horária de 20h semanais
2 eSB com carga horária diferenciada de 20h 1 eSF
semanais
Para solicitar o credenciamento de equipes de Saúde Bucal 20h, 30h e 40h, o
município deve enviar ofício para o e-mail protocologeral@saude.gov.br. A
mensagem do e-mail deve estar em conformidade com o estabelecido na Portaria
GM nº 1.710, de 8 de julho de 2019 e seguir modelo do Anexo I da Nota Técnica
n°715/2021-CGFAP/DESF/SAPS/MS. Além disso, o ofício deve indicar a carga
horária solicitada.
 Unidade Odontológica Móvel (UOM)
Ministério da Saúde com o objetivo de ofertar serviços odontológicos para
populações de locais que apresentam maior dificuldade de acesso aos serviços de
saúde, localizados predominantemente nas áreas rurais, implantou o Componente
Móvel da Atenção à Saúde Bucal – Unidade Odontológica Móvel (UOM). A primeira
entrega ocorreu para municípios integrantes do Programa Territórios da Cidadania
sem equipes de Saúde Bucal vinculadas à Estratégia Saúde da Família A segunda
ocorreu para municípios prioritários do Plano Brasil Sem Miséria.
Atualmente a UOM é de uso exclusivo dos profissionais das equipes de Saúde
Bucal da Estratégia Saúde da Família e serve de apoio para o desenvolvimento das
ações e atividades dessas equipes.
A Equipe de Saúde Bucal atenderá na UOM, seguindo os princípios e diretrizes
definidos pela Política Nacional de Saúde Bucal, atuando para garantir as ações de
promoção e prevenção e o atendimento básico às populações rurais, quilombolas,
assentadas e em áreas isoladas ou de difícil acesso.
A continuidade da atenção à saúde bucal das populações atendidas pela UOM se
dará referenciando aos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO).
O município contemplado com UOM receberá os seguintes incentivos financeiros:
• Implantação (parcela única) R$ 3.500
• Custeio (mensal) R$ 4.680
Conclusão

Ao final do trabalho percebe-se que a inclusão da equipe de saúde bucal na


Estratégia Saúde da Família promoveu mudanças no modelo de serviço
odontológico prestado aos usuários da rede pública de saúde. A partir desse
momento, o planejamento da assistência odontológica passou a ser voltado para a
promoção da prevenção de doenças orais, ao invés de ser focado apenas em
procedimentos de caráter emergencial, ou seja, ações de combate direto a
patologias já existentes.
Conclui-se que a promoção da Saúde Bucal presente na Estratégia Saúde da
Família, através das equipes de saúde bucal, representa um ganho significativo
para a sociedade no binômio saúde-qualidade de vida. Por meio do atendimento
amplo, da atuação multidisciplinar, dos planejamentos e das estratégias que
norteiam o SUS, houve melhorias na saúde bucal dos usuários do Sistema Único de
Saúde, levando assistência, prevenção e tratamento a esses indivíduos.
Em suma, vemos a importância do SUS para nossa vida e como facilita a
participação na saúde de famílias mais carentes e também o acesso ao tratamento
bucal de crianças e adultos que nunca teve oportunidade de ter um tratamento e
acompanhamento com um profissional e apoio dos técnicos e auxiliares.
Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de


Atenção Básica. 1. ed. Brasília, 2012
BRASIL. Ministério da Saúde. Projeto SB Brasil 2010: Pesquisa Nacional de
Saúde Bucal 2010. Resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.
Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_nacional_saude_bucal.pdf>
Acesso em: 10 jul. 2021
Como surgiu o SUS — E como era antes do sistema | (redetb.org.br)

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