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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3
Implementação da Saúde................................................................................................................................................. 3
Conceito Amplo de Saúde................................................................................................................................................4
Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação.
Na Constituição Brasileira, o Capítulo II, do Título VIII, Da Seguridade Social, dispõe sobre a
temática em 10 artigos, do 194 ao 204.
A saúde se diferencia dos outros pilares da seguridade social pelo fato de ser garantida a
todos. A sua amplitude refere-se à ausência de critérios como contribuição, seletividade,
vulnerabilidade econômica, nacionalidade brasileira, visto que inclusive qualquer estrangeiro
em território brasileiro tem direito a gozar da saúde.
Sua garantia se dá por meio de políticas públicas sociais que objetivam colocar o conceito da
saúde de forma ampla. Isso se dá devido ao desenvolvimento da concepção de saúde desde
a antiguidade. Era comum considerar que saúde era sinônimo de ausência de doenças,
ou seja, um sujeito era saudável apenas por não se apresentar doente sob as perspectivas
classificadas.
Implementação da Saúde
Ao contrário de outros direitos individuais cuja prestação se dá pela abstenção de ação
do Estado para garantir a efetivação do direito, a saúde é um direito social fundamental
que colocou o Estado como obrigado a realizar ações, como políticas públicas,
apresentando-se, portanto, como uma prestação positiva. Assim, o Estado tem que se
movimentar, implementar infraestrutura, investir, agir positivamente para a implementação
de tal direito.
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Conceito Amplo de Saúde
Para a Organização Mundial da Saúde, a saúde é um estado de completo bem-estar físico,
mental e social, e não apenas ausência de doenças. Tal conceito acolhido pelo ordenamento
jurídico brasileiro é extensivo e em concordância com o desenvolvimento internacional do
direito à saúde.
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2. Sistema Único de Saúde - SUS
Objetivos
Seu objetivo é promover a implementação da saúde, sendo a infraestrutura a possibilitar
a efetivação de políticas públicas, fazendo com que o texto constitucional não seja palavra
morta e irrelevante. Busca-se, então, operar o acesso a uma boa qualidade de vida a toda a
sociedade e transformar preceitos constitucionais em vivência, bem-estar, direito efetivado.
Histórico
Anterior ao SUS, a autarquia que exercia as funções do sistema era o INAMPS (Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), dentro do Ministério da Previdência
Social, que não tinha caráter universal, de forma que beneficiava apenas os trabalhadores
que exerciam atividade remunerada. Com a promulgação da CF/88 e a definição de saúde
de forma ampla, houve a determinação da criação do Sistema Único de Saúde, garantindo
acesso universal a esse direito.
Antes da promulgação da Lei 8.080/90, que institui o Sistema Único de Saúde, o Decreto
99.060/90 transferiu o INAMPS para o Ministério da Saúde. A extinção do instituto se deu em
1993, por meio da Lei 8.689, que transferiu as funções, competências, atividades e atribuições
absorvidas pelas instâncias federal, estadual e municipal gestoras do SUS.
Responsabilidade
De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, no AgRg nº 1.1107.605 – SC, 03.08.2010, de
relatoria do Ministro Herman Benjamin, o funcionamento do SUS é de responsabilidade
solidária da União, estados e municípios, ou seja, a gestão do SUS é feita de maneira
conjunta entre os entes federativos, contudo, há a delimitação de competências específicas.
Segundo a Corte, tal delimitação não pode ser usada para limitar o acesso a saúde, sendo
o funcionamento do Sistema Único de Saúde – SUS de responsabilidade solidária da
União, estados-membros e municípios, de modo que qualquer dessas entidades possuem
legitimidade ad causam para figurar no polo passivo de demanda que objetiva a garantia do
acesso à medicação para pessoas desprovidas de recursos financeiros.
Competência do SUS
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III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
águas para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos;
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3. Princípios e Gestão do SUS
Princípios Doutrinários
São aqueles que tutelam a globalidade da prestação de saúde, sendo princípios materiais
relacionados à efetivação de maneira mais conceitual. São trazidos pela Constituição como
forma de ordenar a formulação de novas legislações e a implementação efetiva do direito à
saúde.
UNIVERSALIDADE
Este princípio prevê que é dever do Estado fornecer saúde a todos, sendo que todos os
cidadãos têm direito a ela, incluindo indivíduos estrangeiros que estão de passagem no Brasil.
INTEGRALIDADE
De acordo com esse princípio, cada indivíduo deve ser compreendido como um complexo, de
forma que todos devem ser atendidos de forma ampla e como um todo, visando-se a trazer
saúde a todos os aspectos da vida do indivíduo.
EQUIDADE
A ideia desse princípio é de que cada indivíduo terá uma prestação proporcional à sua
necessidade, o que se traduz em equidade ou igualdade material - diferente da igualdade
formal -, ou seja, trata-se de dar aos diferentes tutelas distintas (na exata proporção de suas
diferentes necessidades), dar aos iguais tutelas iguais. Isso é muito evidente na questão
regional, uma vez que há peculiaridades e especificidades de cada região que demandam
ações diferentes, sendo preciso levar em conta tais aspectos para garantir o princípio da
equidade.
Gestão
A gestão do SUS é feita pelo Ministério da Saúde, autarquia em que o sistema é vinculado,
e pelo CNS (Conselho Nacional de Saúde).
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4. Organização do SUS
Princípios Organizacionais (ou Diretrizes)
A diferença entre esses princípios e aqueles estudados anteriormente, os doutrinários,
mostra-se na relação com a infraestrutura, gestão e burocracia da implementação da saúde
pelo sistema.
DESCENTRALIZAÇÃO
De acordo com esse princípio, deve haver a distribuição das competências pelas três esferas
do governo, ou seja, União, estados e municípios, ajudando na especificação das necessidades
a fim de melhorar o atendimento, diminuindo sua burocracia e demora, além de promover a
efetivação do princípio da equidade, de forma que há um atendimento mais específico de
acordo com a necessidade do local.
REGIONALIZAÇÃO
Com essa diretriz, há que se respeitar a articulação entre diferentes serviços regionais de
saúde, em que um polo pode auxiliar, cooperar com o outro.
HIERARQUIZAÇÃO
Aqui há a tutela da garantia do acesso a todos os serviços a partir da divisão da competência
entre baixa, média e alta complexidade, com a tentativa de trazer maior especialidade para
cada polo de prestação de serviço e, consequentemente, maior efetividade, havendo uma
coesão entre a prestação de serviços, devido à hierarquização.
PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Aqui há o direcionamento à participação democrática, uma característica que permeia toda
a seguridade social, sendo efetivada na área da saúde por conselhos, formados em 50% por
indivíduos da população, os quais permitem que os interesses sejam levados por parte da
própria sociedade, e conferências de saúde.
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5. Financiamento do SUS
O orçamento da seguridade social é uma das fontes das quais provém o dinheiro a ser
utilizado na saúde.
Outra fonte, também conhecida como forma indireta de auxiliar a implementação da saúde,
são os entes federativos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Isso se
dá devido ao fato de que o financiamento é proveniente da sociedade, contudo, por meio
dos impostos e tributos. Dessa forma, há uma escala em que a sociedade contribui com os
entes e eles repassam o capital para a saúde, resultando no financiamento indireto.
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos
de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15%
(quinze por cento);
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155
e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem
transferidas aos respectivos Municípios;
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º
O Distrito Federal aparece tanto no inciso II quanto no inciso III devido ao fato de que, por
força da Constituição, o DF abarca competências dos estados e dos municípios.
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6. Iniciativa Privada na Saúde
A Constituição prevê que é possível o auxílio da iniciativa privada na saúde, previsto no art.
197:
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos
da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através
de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
O primeiro deles se mostra na relevância pública do direito à saúde. Mesmo que a implementação
desse direito seja feita por meio de pessoa física ou jurídica de direito privado, é função
do Estado a fiscalização e o controle, pois saúde é um direito social constitucionalmente
previsto e exige-se qualidade na prestação desse direito.
O artigo 199 da Constituição Federal prevê que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada,
havendo, nos parágrafos, algumas especificidades normativas, como:
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, policlínica, clínica geral e clínica especializada; e
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b) ações e pesquisas de planejamento familiar.
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empregados
e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social; e
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7. Judicialização da Saúde
A judicialização da saúde se mostra na possibilidade de acessar o judiciário para pedir
a efetivação do direito à saúde. Esse acesso ao judiciário se dá frequentemente devido à
precarização da implementação da saúde, visto que as políticas públicas dependem da
conscientização e da ação do poder executivo, cuja ausência resulta em justa insatisfação
popular.
Assim, o Executivo possui suas funções definidas da forma mais adequada para que haja
equilíbrio, em tese, e quando o Judiciário sentencia sobre alguma temática referente a
funções executivas, há o impacto direto nesse equilíbrio, resultando em descaracterização
e promovendo uma desregulação em critérios previamente estabelecidos com análises
casuísticas.
Embora não haja consenso sobre a definição no Brasil, na área da saúde, o entendimento
se mostra na existência de um embate entre recursos econômicos e necessidades
da população. O conceito amplo de saúde é também limitado por recursos econômicos,
colocando a judicialização da saúde dentro desse mesmo embate.
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Com base nisso, o STJ, em decisão de 2005, considerou legítima a portaria do Ministério da
Saúde que vetou o financiamento de tratamento médico no exterior pelo SUS, por conta
da alta demanda.
A crítica à Reserva do Possível, apresentada por Canotilho, coloca que os direitos sociais só
existem quando e enquanto existir dinheiro nos cofres públicos. Tal submissão do direito
social à “reserva dos cofres cheios” retira, na prática, boa parte do valor da norma jurídica, que
fica engessada se não houver recursos.
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Saúde
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