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SAÚDE PÚBLICA

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SAÚDE PÚBLICA

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LEI FEDERAL Nº 8.080/1990 14.572, de 2023)
d) de assistência terapêutica integral, inclusive
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e farmacêutica;
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos e) de saúde bucal; (Incluída pela Lei nº 14.572, de
serviços correspondentes e dá outras providências. 2023)
II - a participação na formulação da política e na
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o execução de ações de saneamento básico;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: III - a ordenação da formação de recursos humanos na
área de saúde;
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele
ações e serviços de saúde, executados isolada ou compreendido o do trabalho;
conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por VI - a formulação da política de medicamentos,
pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado. equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de
interesse para a saúde e a participação na sua produção;
TÍTULO I VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS substâncias de interesse para a saúde;
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao bebidas para consumo humano;
seu pleno exercício. IX - a participação no controle e na fiscalização da
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e
formulação e execução de políticas econômicas e sociais produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
que visem à redução de riscos de doenças e de outros X - o incremento, em sua área de atuação, do
agravos e no estabelecimento de condições que assegurem desenvolvimento científico e tecnológico;
acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a XI - a formulação e execução da política de sangue e
sua promoção, proteção e recuperação. seus derivados.
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da XII – a formulação e a execução da política de
família, das empresas e da sociedade. informação e assistência toxicológica e de logística de
Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização antídotos e medicamentos utilizados em intoxicações.
social e econômica do País, tendo a saúde como (Incluído pela Lei nº 14.715, de 2023)
determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, § 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de
a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde
trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação
essenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013) de serviços de interesse da saúde, abrangendo:
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as I - o controle de bens de consumo que, direta ou
ações que, por força do disposto no artigo anterior, se indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas
destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e
bem-estar físico, mental e social. II - o controle da prestação de serviços que se
relacionam direta ou indiretamente com a saúde.
TÍTULO II § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, determinantes e condicionantes de saúde individual ou
prestados por órgãos e instituições públicas federais, coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as
estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o § 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins
Sistema Único de Saúde (SUS). desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária,
instituições públicas federais, estaduais e municipais de à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim
controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos
medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
equipamentos para saúde. condições de trabalho, abrangendo:
§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de
Único de Saúde (SUS), em caráter complementar. trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema
CAPÍTULO I Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e
Dos Objetivos e Atribuições controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: no processo de trabalho;
I - a identificação e divulgação dos fatores III - participação, no âmbito de competência do Sistema
condicionantes e determinantes da saúde; Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e
II - a formulação de política de saúde destinada a controle das condições de produção, extração,
promover, nos campos econômico e social, a observância do armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de
disposto no § 1º do art. 2º desta lei; substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de
que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
promoção, proteção e recuperação da saúde, com a
realização integrada das ações assistenciais e das atividades IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à
preventivas. saúde;
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do V - informação ao trabalhador e à sua respectiva
Sistema Único de Saúde (SUS): entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes
I - a execução de ações: de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os
a) de vigilância sanitária; resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames
b) de vigilância epidemiológica; de saúde, de admissão, periódicos e de demissão,
c) de saúde do trabalhador; (Redação dada pela Lei nº respeitados os preceitos da ética profissional;

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VI - participação na normatização, fiscalização e controle XV – proteção integral dos direitos humanos de todos os
dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e usuários e especial atenção à identificação de maus-tratos,
empresas públicas e privadas; de negligência e de violência sexual praticados contra
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 14.679, de
originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração 2023)
a colaboração das entidades sindicais; e
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de CAPÍTULO III
requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de Da Organização, da Direção e da Gestão
setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo
houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou
trabalhadores. mediante participação complementar da iniciativa privada,
§ 4º Entende-se por saúde bucal o conjunto articulado de serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada
ações, em todos os níveis de complexidade, que visem a em níveis de complexidade crescente.
garantir promoção, prevenção, recuperação e reabilitação Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é
odontológica, individual e coletiva, inseridas no contexto da única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição
integralidade da atenção à saúde. (Incluído pela Lei nº Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos
14.572, de 2023) seguintes órgãos:
§ 5º Entende-se por assistência toxicológica, a que se I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
refere o inciso XII do caput deste artigo, o conjunto de ações II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela
e serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento das respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e
intoxicações agudas e crônicas decorrentes da exposição a III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria
substâncias químicas, medicamentos e toxinas de animais de Saúde ou órgão equivalente.
peçonhentos e de plantas tóxicas. (Incluído pela Lei nº Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para
14.715, de 2023) desenvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde
que lhes correspondam.
CAPÍTULO II § 1º Aplica-se aos consórcios administrativos
Dos Princípios e Diretrizes intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os atos constitutivos disporão sobre sua observância.
serviços privados contratados ou conveniados que integram § 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde
o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de (SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e
acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a
Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes cobertura total das ações de saúde.
princípios: Art. 11. (Vetado).
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito
todos os níveis de assistência; nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde,
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por
articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e entidades representativas da sociedade civil.
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a
todos os níveis de complexidade do sistema; finalidade de articular políticas e programas de interesse
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de para a saúde, cuja execução envolva áreas não
sua integridade física e moral; compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos (SUS).
ou privilégios de qualquer espécie; Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre das comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as
sua saúde; seguintes atividades:
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos I - alimentação e nutrição;
serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; II - saneamento e meio ambiente;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
de prioridades, a alocação de recursos e a orientação IV - recursos humanos;
programática; V - ciência e tecnologia; e
VIII - participação da comunidade; VI - saúde do trabalhador.
IX - descentralização político-administrativa, com direção Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de
única em cada esfera de governo: integração entre os serviços de saúde e as instituições de
a) ênfase na descentralização dos serviços para os ensino profissional e superior.
municípios; Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a
de saúde; formação e educação continuada dos recursos humanos do
X - integração em nível executivo das ações de saúde, Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera correspondente,
meio ambiente e saneamento básico; assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, entre essas instituições.
materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e
Federal e dos Municípios na prestação de serviços de Tripartite são reconhecidas como foros de negociação e
assistência à saúde da população; pactuação entre gestores, quanto aos aspectos operacionais
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os do Sistema Único de Saúde (SUS). (Incluído pela Lei nº
níveis de assistência; e 12.466, de 2011).
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar
Parágrafo único. A atuação das Comissões
duplicidade de meios para fins idênticos.
XIV – organização de atendimento público específico e Intergestores Bipartite e Tripartite terá por objetivo:
especializado para mulheres e vítimas de violência (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e
acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas administrativos da gestão compartilhada do SUS, em
reparadoras, em conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de conformidade com a definição da política consubstanciada
agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427, de em planos de saúde, aprovados pelos conselhos de saúde;
2017) (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).

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II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada
intermunicipal, a respeito da organização das redes de ações justa indenização; (Vide ADIN 3454)
e serviços de saúde, principalmente no tocante à sua XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue,
governança institucional e à integração das ações e serviços Componentes e Derivados;
dos entes federados; (Incluído pela Lei nº 12.466, de XV - propor a celebração de convênios, acordos e
2011). protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento e
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito meio ambiente;
sanitário, integração de territórios, referência e XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção,
contrarreferência e demais aspectos vinculados à integração proteção e recuperação da saúde;
das ações e serviços de saúde entre os entes federados. XVII - promover articulação com os órgãos de
(Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). fiscalização do exercício profissional e outras entidades
Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde representativas da sociedade civil para a definição e controle
(Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de
de Saúde (Conasems) são reconhecidos como entidades saúde;
representativas dos entes estaduais e municipais para tratar XVIII - promover a articulação da política e dos planos de
de matérias referentes à saúde e declarados de utilidade saúde;
pública e de relevante função social, na forma do XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e
§ 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;
orçamento geral da União por meio do Fundo Nacional de XXI - fomentar, coordenar e executar programas e
Saúde, para auxiliar no custeio de suas despesas projetos estratégicos e de atendimento emergencial.
institucionais, podendo ainda celebrar convênios com a
União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). Seção II
§ 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde Da Competência
(Cosems) são reconhecidos como entidades que Art. 16. À direção nacional do SUS compete: (Redação
representam os entes municipais, no âmbito estadual, para dada pela Lei nº 14.572, de 2023)
tratar de matérias referentes à saúde, desde que vinculados I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e
institucionalmente ao Conasems, na forma que dispuserem nutrição;
seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). II - participar na formulação e na implementação das
políticas:
CAPÍTULO IV a) de controle das agressões ao meio ambiente;
Da Competência e das Atribuições b) de saneamento básico; e
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
Seção I III - definir e coordenar os sistemas:
Das Atribuições Comuns a) de redes integradas de assistência de alta
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os complexidade;
Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as b) de rede de laboratórios de saúde pública;
seguintes atribuições: c) de vigilância epidemiológica; e
I - definição das instâncias e mecanismos de controle, d) vigilância sanitária;
avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde; IV - participar da definição de normas e mecanismos de
II - administração dos recursos orçamentários e controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente
financeiros destinados, em cada ano, à saúde; ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível humana;
de saúde da população e das condições ambientais; V - participar da definição de normas, critérios e padrões
IV - organização e coordenação do sistema de para o controle das condições e dos ambientes de trabalho e
informação de saúde; coordenar a política de saúde do trabalhador;
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de VI - coordenar e participar na execução das ações de
padrões de qualidade e parâmetros de custos que vigilância epidemiológica;
caracterizam a assistência à saúde; VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser
padrões de qualidade para promoção da saúde do complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
trabalhador; VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o
VII - participação de formulação da política e da controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e
execução das ações de saneamento básico e colaboração serviços de consumo e uso humano;
na proteção e recuperação do meio ambiente; IX - promover articulação com os órgãos educacionais e
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de de fiscalização do exercício profissional, bem como com
saúde; entidades representativas de formação de recursos humanos
IX - participação na formulação e na execução da política na área de saúde;
de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na
saúde;
execução da política nacional e produção de insumos e
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema
Único de Saúde (SUS), de conformidade com o plano de equipamentos para a saúde, em articulação com os demais
saúde; órgãos governamentais;
XI - elaboração de normas para regular as atividades de XI - identificar os serviços estaduais e municipais de
serviços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância referência nacional para o estabelecimento de padrões
pública; técnicos de assistência à saúde;
XII - realização de operações externas de natureza XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado substâncias de interesse para a saúde;
Federal; XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o
urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo aperfeiçoamento da sua atuação institucional;
iminente, de calamidade pública ou de irrupção de
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o
epidemias, a autoridade competente da esfera administrativa
Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços privados
correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de
contratados de assistência à saúde;

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XV - promover a descentralização para as Unidades para produtos e substâncias de consumo humano;
Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações de XIII - colaborar com a União na execução da vigilância
saúde, respectivamente, de abrangência estadual e sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
municipal; XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; unidade federada.
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os Art. 18. À direção municipal do SUS compete:
serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e (Redação dada pela Lei nº 14.572, de 2023)
municipais; I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de
âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Estados, saúde;
Municípios e Distrito Federal; II - participar do planejamento, programação e
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e organização da rede regionalizada e hierarquizada do
coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua
Território Nacional em cooperação técnica com os Estados, direção estadual;
Municípios e Distrito Federal. (Vide Decreto nº 1.651, de III - participar da execução, controle e avaliação das
1995) ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho;
XX - definir as diretrizes e as normas para a estruturação IV - executar serviços:
física e organizacional dos serviços de saúde bucal. a) de vigilância epidemiológica;
(Incluído pela Lei nº 14.572, de 2023) b) vigilância sanitária;
§ 1º A União poderá executar ações de vigilância c) de alimentação e nutrição;
epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como d) de saneamento básico; (Redação dada pela Lei nº
na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam 14.572, de 2023)
escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de e) de saúde do trabalhador;
Saúde (SUS) ou que representem risco de disseminação f) de saúde bucal; (Incluída pela Lei nº 14.572, de
nacional. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 2023)
14.141, de 2021) V - dar execução, no âmbito municipal, à política de
§ 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem insumos e equipamentos para a saúde;
emergência em saúde pública, poderá ser adotado VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio
procedimento simplificado para a remessa de patrimônio ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana e
genético ao exterior, na forma do regulamento. (Incluído atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais
pela Lei nº 14.141, de 2021) competentes, para controlá-las;
§ 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
de produto acabado ou material reprodutivo oriundo de VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
acesso ao patrimônio genético de que trata o § 2º deste IX - colaborar com a União e os Estados na execução da
artigo serão repartidos nos termos da Lei nº 13.123, de 20 de vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
maio de 2015. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021) X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde contratos e convênios com entidades prestadoras de
(SUS) compete: serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar
I - promover a descentralização para os Municípios dos sua execução;
serviços e das ações de saúde;. XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes privados de saúde;
hierarquizadas do Sistema Único de Saúde (SUS); XII - normatizar complementarmente as ações e serviços
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e públicos de saúde no seu âmbito de atuação.
executar supletivamente ações e serviços de saúde; Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar reservadas aos Estados e aos Municípios.
ações e serviços:
a) de vigilância epidemiológica; CAPÍTULO V
b) de vigilância sanitária; Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena
c) de alimentação e nutrição; (Redação dada pela Lei Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o
nº 14.572, de 2023) atendimento das populações indígenas, em todo o território
d) de saúde do trabalhador; nacional, coletiva ou individualmente, obedecerão ao
e) de saúde bucal; (Incluída pela Lei nº 14.572, de disposto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
2023) Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos Saúde Indígena, componente do Sistema Único de Saúde –
agravos do meio ambiente que tenham repercussão na SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de
saúde humana; 28 de dezembro de 1990, com o qual funcionará em perfeita
VI - participar da formulação da política e da execução integração. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
de ações de saneamento básico; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios,
VII - participar das ações de controle e avaliação das financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.
condições e dos ambientes de trabalho; (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do
acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos Subsistema instituído por esta Lei com os órgãos
para a saúde; responsáveis pela Política Indígena do País. (Incluído
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de pela Lei nº 9.836, de 1999)
referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições
referência estadual e regional; governamentais e não-governamentais poderão atuar
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde complementarmente no custeio e execução das ações.
pública e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
em sua organização administrativa; § 1º A União instituirá mecanismo de financiamento
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o específico para os Estados, o Distrito Federal e os
controle e avaliação das ações e serviços de saúde; Municípios, sempre que houver necessidade de atenção
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter secundária e terciária fora dos territórios indígenas.
suplementar, de procedimentos de controle de qualidade (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)

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§ 2º Em situações emergenciais e de calamidade pela Lei nº 10.424, de 2002)
pública: (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos CAPÍTULO VII
não previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO
Especiais Indígenas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à À MULHER NOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Saúde Indígena; (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) Art. 19-J. Em consultas, exames e procedimentos
II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas realizados em unidades de saúde públicas ou privadas, toda
nos planos emergenciais para atendimento dos pacientes mulher tem o direito de fazer-se acompanhar por pessoa
graves das Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, maior de idade, durante todo o período do atendimento,
explicitados os fluxos e as referências para o atendimento independentemente de notificação prévia. (Redação dada
em tempo oportuno. (Incluído pela Lei nº 14.021, de pela Lei nº 14.737, de 2023)
2020) § 1º O acompanhante de que trata o caput deste artigo
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em será de livre indicação da paciente ou, nos casos em que ela
consideração a realidade local e as especificidades da esteja impossibilitada de manifestar sua vontade, de seu
cultura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a representante legal, e estará obrigado a preservar o sigilo
atenção à saúde indígena, que se deve pautar por uma das informações de saúde de que tiver conhecimento em
abordagem diferenciada e global, contemplando os aspectos razão do acompanhamento. (Redação dada pela Lei nº
de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, 14.737, de 2023)
habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação § 2º No caso de atendimento que envolva qualquer tipo
sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº de sedação ou rebaixamento do nível de consciência, caso a
9.836, de 1999) paciente não indique acompanhante, a unidade de saúde
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena responsável pelo atendimento indicará pessoa para
deverá ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e acompanhá-la, preferencialmente profissional de saúde do
regionalizado. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) sexo feminino, sem custo adicional para a paciente, que
§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá poderá recusar o nome indicado e solicitar a indicação de
como base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. outro, independentemente de justificativa, registrando-se o
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) nome escolhido no documento gerado durante o
§ 1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o atendimento. (Redação dada pela Lei nº 14.737, de 2023)
registro e a notificação da declaração de raça ou cor, § 2º-A Em caso de atendimento com sedação, a eventual
garantindo a identificação de todos os indígenas atendidos renúncia da paciente ao direito previsto neste artigo deverá
nos sistemas públicos de saúde. (Incluído pela Lei nº ser feita por escrito, após o esclarecimento dos seus direitos,
14.021, de 2020) com no mínimo 24 (vinte e quatro) horas de antecedência,
§ 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de assinada por ela e arquivada em seu prontuário. (Incluído
informação da rede do SUS com os dados do Subsistema de pela Lei nº 14.737, de 2023)
Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei nº 14.021, § 3º As unidades de saúde de todo o País ficam
de 2020) obrigadas a manter, em local visível de suas dependências,
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao aviso que informe sobre o direito estabelecido neste artigo.
Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo, para (Redação dada pela Lei nº 14.737, de 2023)
isso, ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS § 4º No caso de atendimento realizado em centro
nas regiões onde residem as populações indígenas, para cirúrgico ou unidade de terapia intensiva com restrições
propiciar essa integração e o atendimento necessário em relacionadas à segurança ou à saúde dos pacientes,
todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela Lei nº devidamente justificadas pelo corpo clínico, somente será
9.836, de 1999) admitido acompanhante que seja profissional de saúde.
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso (Incluído pela Lei nº 14.737, de 2023)
garantido ao SUS, em âmbito local, regional e de centros § 5º Em casos de urgência e emergência, os
especializados, de acordo com suas necessidades, profissionais de saúde ficam autorizados a agir na proteção e
compreendendo a atenção primária, secundária e terciária à defesa da saúde e da vida da paciente, ainda que na
saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) ausência do acompanhante requerido. (Incluído pela Lei nº
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a 14.737, de 2023)
participar dos organismos colegiados de formulação, Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108,
acompanhamento e avaliação das políticas de saúde, tais de 2005)
como o Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos
Estaduais e Municipais de Saúde, quando for o caso. CAPÍTULO VIII
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E
DA INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE”
CAPÍTULO VI Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se
DO SUBSISTEMA DE refere a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em:
ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICILIAR (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único I - dispensação de medicamentos e produtos de
de Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. interesse para a saúde, cuja prescrição esteja em
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) conformidade com as diretrizes terapêuticas definidas em
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e protocolo clínico para a doença ou o agravo à saúde a ser
internação domiciliares incluem-se, principalmente, os tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade com o
procedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
psicológicos e de assistência social, entre outros necessários 2011)
ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio. II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão elaboradas pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde -
realizados por equipes multidisciplinares que atuarão nos SUS, realizados no território nacional por serviço próprio,
níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora. conveniado ou contratado.
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só adotadas as seguintes definições:
poderão ser realizados por indicação médica, com expressa I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses,
concordância do paciente e de sua família. (Incluído bolsas coletoras e equipamentos médicos;

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SAÚDE PÚBLICA
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a
agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os que se refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a
medicamentos e demais produtos apropriados, quando instauração de processo administrativo, a ser concluído em
couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de prazo não superior a 180 (cento e oitenta) dias, contado da
controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos data em que foi protocolado o pedido, admitida a sua
resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando as
SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) circunstâncias exigirem.
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes § 1o O processo de que trata o caput deste artigo
terapêuticas deverão estabelecer os medicamentos ou observará, no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29
produtos necessários nas diferentes fases evolutivas da de janeiro de 1999, e as seguintes determinações especiais:
doença ou do agravo à saúde de que tratam, bem como (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
aqueles indicados em casos de perda de eficácia e de I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se
surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, cabível, das amostras de produtos, na forma do regulamento,
provocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de com informações necessárias para o atendimento do
primeira escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) disposto no § 2o do art. 19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401,
Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos de 2011)
ou produtos de que trata o caput deste artigo serão aqueles II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
avaliados quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e III - realização de consulta pública que inclua a
custo-efetividade para as diferentes fases evolutivas da divulgação do parecer emitido pela Comissão Nacional de
doença ou do agravo à saúde de que trata o protocolo. Incorporação de Tecnologias no SUS; (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) nº 12.401, de 2011)
Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz IV - realização de audiência pública, antes da tomada de
terapêutica, a dispensação será realizada: (Incluído pela decisão, se a relevância da matéria justificar o evento.
Lei nº 12.401, de 2011) (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - com base nas relações de medicamentos instituídas V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e
pelo gestor federal do SUS, observadas as competências a competência técnica requeridas para a análise da matéria;
estabelecidas nesta Lei, e a responsabilidade pelo (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
fornecimento será pactuada na Comissão Intergestores VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela
Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Lei nº 14.313, de 2022)
II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de § 2o (VETADO).
forma suplementar, com base nas relações de Art. 19-S. (VETADO).
medicamentos instituídas pelos gestores estaduais do SUS, Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão
e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na do SUS: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Comissão Intergestores Bipartite; I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, medicamento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico
com base nas relações de medicamentos instituídas pelos experimental, ou de uso não autorizado pela Agência
gestores municipais do SUS, e a responsabilidade pelo Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA; (Incluído
fornecimento será pactuada no Conselho Municipal de pela Lei nº 12.401, de 2011)
Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração reembolso de medicamento e produto, nacional ou
pelo SUS de novos medicamentos, produtos e importado, sem registro na Anvisa. (Incluído pela Lei nº
procedimentos, bem como a constituição ou a alteração de 12.401, de 2011)
protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, são atribuições do Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo:
Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluído pela I - medicamento e produto em que a indicação de uso
Lei nº 12.401, de 2011) seja distinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde
§ 1º A Comissão Nacional de Incorporação de que seu uso tenha sido recomendado pela Comissão
Tecnologias no SUS, cuja composição e regimento são Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único
definidos em regulamento, contará com a participação de 1 de Saúde (Conitec), demonstradas as evidências científicas
(um) representante indicado pelo Conselho Nacional de sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e a segurança, e
Saúde, de 1 (um) representante, especialista na área, esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo Ministério
indicado pelo Conselho Federal de Medicina e de 1 (um) da Saúde; (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
representante, especialista na área, indicado pela II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e
Associação Médica Brasileira. (Redação dada pela Lei nº adquiridos por intermédio de organismos multilaterais
14.655, de 2023) internacionais, para uso em programas de saúde pública do
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação Ministério da Saúde e suas entidades vinculadas, nos termos
de Tecnologias no SUS levará em consideração, do § 5º do art. 8º da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999.
necessariamente: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo
efetividade e a segurança do medicamento, produto ou fornecimento de medicamentos, produtos de interesse para a
procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão saúde ou procedimentos de que trata este Capítulo será
competente para o registro ou a autorização de uso; (Incluído pactuada na Comissão Intergestores Tripartite.
pela Lei nº 12.401, de 2011) (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e
dos custos em relação às tecnologias já incorporadas, TÍTULO III
inclusive no que se refere aos atendimentos domiciliar, DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
ambulatorial ou hospitalar, quando cabível. (Incluído CAPÍTULO I
pela Lei nº 12.401, de 2011) Do Funcionamento
§ 3º As metodologias empregadas na avaliação Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde
econômica a que se refere o inciso II do § 2º deste artigo caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria, de
serão dispostas em regulamento e amplamente divulgadas, profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas
inclusive em relação aos indicadores e parâmetros de custo- jurídicas de direito privado na promoção, proteção e
efetividade utilizados em combinação com outros critérios. recuperação da saúde.

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SAÚDE PÚBLICA
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. telessaúde, com a garantia do atendimento presencial
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência sempre que solicitado; (Incluído pela Lei nº 14.510, de
à saúde, serão observados os princípios éticos e as normas 2022)
expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde IV - dignidade e valorização do profissional de saúde;
(SUS) quanto às condições para seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, V - assistência segura e com qualidade ao paciente;
inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro na (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
assistência à saúde nos seguintes casos: (Redação VI - confidencialidade dos dados; (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 13.097, de 2015) 14.510, de 2022)
I - doações de organismos internacionais vinculados à VII - promoção da universalização do acesso dos
Organização das Nações Unidas, de entidades de brasileiros às ações e aos serviços de saúde; (Incluído pela
cooperação técnica e de financiamento e empréstimos; Lei nº 14.510, de 2022)
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) VIII - estrita observância das atribuições legais de cada
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, profissão; (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
operacionalizar ou explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, IX - responsabilidade digital. (Incluído pela Lei nº
de 2015) 14.510, de 2022)
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital Art. 26-B. Para fins desta Lei, considera-se telessaúde a
especializado, policlínica, clínica geral e clínica modalidade de prestação de serviços de saúde a distância,
especializada; e (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) por meio da utilização das tecnologias da informação e da
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; comunicação, que envolve, entre outros, a transmissão
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) segura de dados e informações de saúde, por meio de
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, textos, de sons, de imagens ou outras formas adequadas.
por empresas, para atendimento de seus empregados e (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social; e Parágrafo único. Os atos do profissional de saúde,
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) quando praticados na modalidade telessaúde, terão validade
IV - demais casos previstos em legislação específica. em todo o território nacional. (Incluído pela Lei nº 14.510,
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) de 2022)
Art. 26-C. Ao profissional de saúde são asseguradas a
CAPÍTULO II liberdade e a completa independência de decidir sobre a
Da Participação Complementar utilização ou não da telessaúde, inclusive com relação à
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem primeira consulta, atendimento ou procedimento, e poderá
insuficientes para garantir a cobertura assistencial à indicar a utilização de atendimento presencial ou optar por
população de uma determinada área, o Sistema Único de ele, sempre que entender necessário. (Incluído pela Lei nº
Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela 14.510, de 2022)
iniciativa privada. Art. 26-D. Compete aos conselhos federais de
Parágrafo único. A participação complementar dos fiscalização do exercício profissional a normatização ética
serviços privados será formalizada mediante contrato ou relativa à prestação dos serviços previstos neste Título,
convênio, observadas, a respeito, as normas de direito aplicando-se os padrões normativos adotados para as
público. modalidades de atendimento presencial, no que não
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades
colidirem com os preceitos desta Lei. (Incluído pela Lei nº
filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para
participar do Sistema Único de Saúde (SUS). 14.510, de 2022)
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de Art. 26-E. Na prestação de serviços por telessaúde,
serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão serão observadas as normas expedidas pelo órgão de
estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional de Saúde. condições para seu funcionamento, observada a
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste competência dos demais órgãos reguladores. (Incluído pela
e de pagamento da remuneração aludida neste artigo, a Lei nº 14.510, de 2022)
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá Art. 26-F. O ato normativo que pretenda restringir a
fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-financeiro prestação de serviço de telessaúde deverá demonstrar a
que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços imprescindibilidade da medida para que sejam evitados
contratados.
danos à saúde dos pacientes. (Incluído pela Lei nº 14.510,
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas
de 2022)
técnicas e administrativas e aos princípios e diretrizes do
Sistema Único de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio Art. 26-G. A prática da telessaúde deve seguir as
econômico e financeiro do contrato. seguintes determinações: (Incluído pela Lei nº 14.510, de
§ 3° (Vetado). 2022)
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de I - ser realizada por consentimento livre e esclarecido do
entidades ou serviços contratados é vedado exercer cargo paciente, ou de seu representante legal, e sob
de chefia ou função de confiança no Sistema Único de responsabilidade do profissional de saúde;
Saúde (SUS). II - prestar obediência aos ditames das Leis nºs 12.965,
de 23 de abril de 2014 (Marco Civil da Internet), 12.842, de
TÍTULO III-A 10 de julho de 2013 (Lei do Ato Médico), 13.709, de 14 de
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados), 8.078, de
DA TELESSAÚDE
11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor)
Art. 26-A. A telessaúde abrange a prestação remota de
serviços relacionados a todas as profissões da área da e, nas hipóteses cabíveis, aos ditames da Lei nº 13.787, de
saúde regulamentadas pelos órgãos competentes do Poder 27 de dezembro de 2018 (Lei do Prontuário Eletrônico).
Executivo federal e obedecerá aos seguintes princípios: (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) Art. 26-H. É dispensada a inscrição secundária ou
I - autonomia do profissional de saúde; (Incluído pela complementar do profissional de saúde que exercer a
Lei nº 14.510, de 2022) profissão em outra jurisdição exclusivamente por meio da
II - consentimento livre e informado do paciente; modalidade telessaúde. (Incluído pela Lei nº 14.510, de
III - direito de recusa ao atendimento na modalidade 2022)

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SAÚDE PÚBLICA
TÍTULO IV científico e tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo
DOS RECURSOS HUMANOS Sistema Único de Saúde (SUS), pelas universidades e pelo
Art. 27. A política de recursos humanos na área da orçamento fiscal, além de recursos de instituições de
saúde será formalizada e executada, articuladamente, pelas fomento e financiamento ou de origem externa e receita
diferentes esferas de governo, em cumprimento dos própria das instituições executoras.
seguintes objetivos: § 6º (Vetado).
I - organização de um sistema de formação de recursos
humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós- CAPÍTULO II
graduação, além da elaboração de programas de Da Gestão Financeira
permanente aperfeiçoamento de pessoal; Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de
II - (Vetado) Saúde (SUS) serão depositados em conta especial, em cada
III - (Vetado) esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização dos
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do respectivos Conselhos de Saúde.
Sistema Único de Saúde (SUS). § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros,
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o originários do Orçamento da Seguridade Social, de outros
Sistema Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática Orçamentos da União, além de outras fontes, serão
para ensino e pesquisa, mediante normas específicas, administrados pelo Ministério da Saúde, através do Fundo
elaboradas conjuntamente com o sistema educacional. Nacional de Saúde.
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e § 2º (Vetado).
assessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde § 3º (Vetado).
(SUS), só poderão ser exercidas em regime de tempo § 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu
integral. sistema de auditoria, a conformidade à programação
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e
cargos ou empregos poderão exercer suas atividades em Municípios. Constatada a malversação, desvio ou não
mais de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde aplicação dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde
(SUS). aplicar as medidas previstas em lei.
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da
aos servidores em regime de tempo integral, com exceção receita efetivamente arrecadada transferirão
dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou automaticamente ao Fundo Nacional de Saúde (FNS),
assessoramento. observado o critério do parágrafo único deste artigo, os
Art. 29. (Vetado). recursos financeiros correspondentes às dotações
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
serviço sob supervisão serão regulamentadas por Comissão e atividades a serem executados no âmbito do Sistema
Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei, Único de Saúde (SUS).
garantida a participação das entidades profissionais Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros
correspondentes. da Seguridade Social será observada a mesma proporção da
despesa prevista de cada área, no Orçamento da
TÍTULO V Seguridade Social.
DO FINANCIAMENTO Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem
CAPÍTULO I transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios, será
Dos Recursos utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao análise técnica de programas e projetos:
Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita I - perfil demográfico da região;
estimada, os recursos necessários à realização de suas II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
finalidades, previstos em proposta elaborada pela sua III - características quantitativas e qualitativas da rede de
direção nacional, com a participação dos órgãos da saúde na área;
Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no
metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes período anterior;
Orçamentárias. V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos estaduais e municipais;
provenientes de: VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da
I - (Vetado) rede;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados
assistência à saúde; para outras esferas de governo.
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; § 1º Metade dos recursos destinados a Estados e
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; Municípios será distribuída segundo o quociente de sua
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos divisão pelo número de habitantes, independentemente de
arrecadados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e qualquer procedimento prévio. (Revogado pela Lei
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. Complementar nº 141, de 2012) (Vide Lei nº 8.142, de
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade
1990)
da receita de que trata o inciso I deste artigo, apurada
mensalmente, a qual será destinada à recuperação de § 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a
viciados. notório processo de migração, os critérios demográficos
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de mencionados nesta lei serão ponderados por outros
Saúde (SUS) serão creditadas diretamente em contas indicadores de crescimento populacional, em especial o
especiais, movimentadas pela sua direção, na esfera de número de eleitores registrados.
poder onde forem arrecadadas. § 3º (Vetado).
§ 3º As ações de saneamento que venham a ser § 4º (Vetado).
executadas supletivamente pelo Sistema Único de Saúde § 5º (Vetado).
(SUS), serão financiadas por recursos tarifários específicos e § 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a
outros da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e, em atuação dos órgãos de controle interno e externo e nem a
particular, do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de
§ 4º (Vetado).
irregularidades verificadas na gestão dos recursos
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento
transferidos.

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SAÚDE PÚBLICA
CAPÍTULO III outros órgãos e serviços de saúde.
Do Planejamento e do Orçamento § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do serviços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se
Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em
local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, convênio que, para esse fim, for firmado.
compatibilizando-se as necessidades da política de saúde Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá
com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos mecanismos de incentivos à participação do setor privado no
Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União. investimento em ciência e tecnologia e estimulará a
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e transferência de tecnologia das universidades e institutos de
programações de cada nível de direção do Sistema Único de pesquisa aos serviços de saúde nos Estados, Distrito
Saúde (SUS), e seu financiamento será previsto na Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
respectiva proposta orçamentária. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o níveis estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde
financiamento de ações não previstas nos planos de saúde, (SUS), organizará, no prazo de dois anos, um sistema
exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública, nacional de informações em saúde, integrado em todo o
na área de saúde. território nacional, abrangendo questões epidemiológicas e
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as de prestação de serviços.
diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de Art. 48. (Vetado).
saúde, em função das características epidemiológicas e da Art. 49. (Vetado).
organização dos serviços em cada jurisdição administrativa. Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções Municípios, celebrados para implantação dos Sistemas
e auxílios a instituições prestadoras de serviços de saúde Unificados e Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos
com finalidade lucrativa. à proporção que seu objeto for sendo absorvido pelo Sistema
Único de Saúde (SUS).
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 51. (Vetado).
Art. 39. (Vetado). Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
§ 1º (Vetado). constitui crime de emprego irregular de verbas ou rendas
§ 2º (Vetado). públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recursos
§ 3º (Vetado). financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) em finalidades
§ 4º (Vetado). diversas das previstas nesta lei.
Art. 53. (Vetado).
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde,
Inamps para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde
as atividades de apoio à assistência à saúde são aquelas
(SUS) será feita de modo a preservá-los como patrimônio da
desenvolvidas pelos laboratórios de genética humana,
Seguridade Social.
produção e fornecimento de medicamentos e produtos para
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão
saúde, laboratórios de analises clínicas, anatomia patológica
inventariados com todos os seus acessórios, equipamentos e e de diagnóstico por imagem e são livres à participação
outros bens móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros.
órgão de direção municipal do Sistema Único de Saúde - (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
SUS ou, eventualmente, pelo estadual, em cuja circunscrição Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua
administrativa se encontrem, mediante simples termo de publicação.
recebimento. Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro
§ 7º (Vetado). de 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de disposições em contrário.
dados, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério FERNANDO COLLOR
do Trabalho e da Previdência Social, será assegurado às
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde ou órgãos
PORTARIA FEDERAL Nº 2.436/2017
congêneres, como suporte ao processo de gestão, de forma
a permitir a gerencia informatizada das contas e a
disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017
médico-hospitalares. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica,
Art. 40. (Vetado) estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde
Pioneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, (SUS).
supervisionadas pela direção nacional do Sistema Único de
Saúde (SUS), permanecerão como referencial de prestação O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das
de serviços, formação de recursos humanos e para atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo
transferência de tecnologia. único do art. 87 da Constituição, e
Art. 42. (Vetado). Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990,
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
preservada nos serviços públicos contratados, ressalvando- recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
se as cláusulas dos contratos ou convênios estabelecidos serviços correspondentes, e dá outras providências,
com as entidades privadas. considerando:
Art. 44. (Vetado). Considerando a experiência acumulada do Controle
Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários Social da Saúde à necessidade de aprimoramento do
e de ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), Controle Social da Saúde no âmbito nacional e as reiteradas
mediante convênio, preservada a sua autonomia demandas dos Conselhos Estaduais e Municipais referentes
administrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos às propostas de composição, organização e funcionamento,
humanos e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro
limites conferidos pelas instituições a que estejam de 1990;
vinculados. Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de
§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e 2006, que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas
municipais de previdência social deverão integrar-se à e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde;
direção correspondente do Sistema Único de Saúde (SUS), Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de
conforme seu âmbito de atuação, bem como quaisquer novembro de 2011, que atualiza a Política Nacional de
Alimentação e Nutrição;

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SAÚDE PÚBLICA
Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de a) Universalidade;
janeiro de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção b) Equidade; e
Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no c) Integralidade.
Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de II - Diretrizes:
Saúde (SUS); a) Regionalização e Hierarquização:
Considerando as Diretrizes da Política Nacional de b) Territorialização;
Saúde Bucal; c) População Adscrita;
Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, d) Cuidado centrado na pessoa;
que Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no e) Resolutividade;
8.745, de 9 de dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de f) Longitudinalidade do cuidado;
julho de 1981; g) Coordenação do cuidado;
Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de h) Ordenação da rede; e
2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de i) Participação da comunidade.
1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia
Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica.
saúde, e a articulação interfederativa; Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias
Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de Atenção Básica, desde que observados os princípios e
de 2007, que regulamenta o financiamento e a transferência diretrizes previstos nesta portaria e tenham caráter
de recursos federais para as ações e serviços de saúde, na transitório, devendo ser estimulada sua conversão em
forma de blocos de financiamento, com respectivo Estratégia Saúde da Família.
monitoramento e controle; Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e
Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de Atenção Básica é condição essencial para o alcance de
2006, que aprova a Política de Promoção da Saúde; resultados que atendam às necessidades de saúde da
Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de população, na ótica da integralidade da atenção à saúde e
2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede visa estabelecer processos de trabalho que considerem os
de Aten- ção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde determinantes, os riscos e danos à saúde, na perspectiva da
(SUS); intra e intersetorialidade.
Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem
2017 Consulta Pública sobre a proposta de revisão da ações e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). agosto de acordo com esta portaria serão denominados Unidade
2017; e Básica de Saúde - UBS. Parágrafo único. Todas as UBS são
Considerando a pactuação na Reunião da Comissão consideradas potenciais espaços de educação, formação de
Intergestores Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve: recursos humanos, pesquisa, ensino em serviço, inovação e
Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de avaliação tecnológica para a RAS.
Atenção Básica - PNAB, com vistas à revisão da
regulamentação de implantação e operacionalização CAPÍTULO I
vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, DAS RESPONSABILIDADES
estabelecendo-se as diretrizes para a organização do Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas
componente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - de governo:
RAS. I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e
Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica de gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas
considera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária nesta portaria;
à Saúde - APS, nas atuais concepções, como termos II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da
equivalentes, de forma a associar a ambas os princípios e as Família - ESF como estratégia prioritária de expansão,
diretrizes definidas neste documento. consolidação e qualificação da Atenção Básica;
Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde III - garantir a infraestrutura adequada e com boas
individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, condições para o funcionamento das UBS, garantindo
prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, espaço, mobiliário e equipamentos, além de acessibilidade
redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, de pessoas com deficiência, de acordo com as normas
desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e vigentes;
gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e IV - contribuir com o financiamento tripartite para
dirigida à população em território definido, sobre as quais as fortalecimento da Atenção Básica;
equipes assumem responsabilidade sanitária. V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e
§1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, além de
centro de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e outras atribuições que venham a ser pactuadas pelas
ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede. Comissões Intergestores;
§ 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais,
gratuitamente a todas as pessoas, de acordo com suas Estaduais e Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e
necessidades e demandas do território, considerando os metas para a organização da Atenção Básica;
determinantes e condicionantes de saúde. VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias
§ 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, organizacionais de qualificação da força de trabalho para
gênero, raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação gestão e atenção à saúde, estimular e viabilizar a formação,
sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição educação permanente e continuada dos profissionais,
socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual, garantir direitos trabalhistas e previdenciários, qualificar os
funcional e outras. vínculos de trabalho e implantar carreiras que associem
§ 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão desenvolvimento do trabalhador com qualificação dos
adotadas estratégias que permitam minimizar serviços ofertados às pessoas;
desigualdades/iniquidades, de modo a evitar exclusão social VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de
de grupos que possam vir a sofrer estigmatização ou profissionais de saúde para a Atenção Básica com vistas a
promover ofertas de cuidado e o vínculo;
discriminação, de maneira que impacte na autonomia e na
situação de saúde. IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas
Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a de Informação da Atenção Básica vigentes, garantindo
serem operacionalizados na Atenção Básica: mecanismos que assegurem o uso qualificado dessas
I - Princípios: ferramentas nas UBS, de acordo com suas
responsabilidades;

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SAÚDE PÚBLICA
X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para Federal, para formação e garantia de educação permanente
transporte em saúde, compreendendo as equipes, pessoas e continuada para os profissionais de saúde da Atenção
para realização de procedimentos eletivos, exames, dentre Básica, de acordo com as necessidades locais.
outros, buscando assegurar a resolutividade e a Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao
integralidade do cuidado na RAS, conforme necessidade do Distrito Federal a coordenação do componente estadual e
território e planejamento de saúde; distrital da Atenção Básica, no âmbito de seus limites
XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da territoriais e de acordo com as políticas, diretrizes e
Atenção Básica nos territórios; prioridades estabelecidas, sendo responsabilidades dos
XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, Estados e do Distrito Federal:
regulação e acompanhamento sistemático dos resultados I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e
alcançados pelas ações da Atenção Básica, como parte do Colegiado de Gestão no Distrito Federal, estratégias,
processo de planejamento e programação; diretrizes e normas para a implantação e implementação da
XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados Política Nacional de Atenção Básica vigente nos Estados e
pelas equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a Distrito Federal;
utilização dos dados para o planejamento das ações; II - destinar recursos estaduais para compor o
XIV - promover o intercâmbio de experiências entre financiamento tripartite da Atenção Básica, de modo regular
gestores e entre trabalhadores, por meio de cooperação e automático, prevendo, entre outras formas, o repasse
horizontal, e estimular o desenvolvimento de estudos e fundo a fundo para custeio e investimento das ações e
pesquisas que busquem o aperfeiçoamento e a serviços;
disseminação de tecnologias e conhecimentos voltados à III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de
Atenção Básica; Atenção Básica nos municípios;
XV - estimular a participação popular e o controle social; IV - analisar os dados de interesse estadual gerados
XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados pelos sistemas de informação, utilizá-los no planejamento e
para a formação de estudantes e trabalhadores de saúde, divulgar os resultados obtidos;
para a formação em serviço e para a educação permanente V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos
e continuada nas Unidades Básicas de Saúde; sistemas de informação enviados pelos municípios, de
XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica acordo com prazos e fluxos estabelecidos para cada
e do uso racional de medicamentos, garantindo a sistema, retornando informações aos gestores municipais;
disponibilidade e acesso a medicamentos e insumos em VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores
conformidade com a RENAME, os protocolos clínicos e da Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito
diretrizes terapêuticas, e com a relação específica fundamental de acesso à informação;
complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito VII - prestar apoio institucional aos municípios no
federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a processo de implantação, acompanhamento e qualificação
integralidade do cuidado; da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da
XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo Estratégia Saúde da Família;
de ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, VIII - definir estratégias de articulação com as gestões
compatíveis com as necessidades de saúde de cada municipais, com vistas à institucionalização do
localidade; monitoramento e avaliação da Atenção Básica;
XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e
avaliação para as equipes que atuam na Atenção Básica, a pedagógicos que facilitem o processo de formação e
fim de fomentar as práticas de monitoramento, avaliação e educação permanente dos membros das equipes de gestão
planejamento em saúde; e e de atenção;
XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria
Educação Permanente e gestão da rede assistencial. com as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e
Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das garantia de educação permanente aos profissionais de
ações de Atenção Básica no âmbito da União, sendo saúde das equipes que atuam na Atenção Básica; e
responsabilidades da União: XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de
I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na serviços como a estratégia prioritária de organização da
Comissão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Atenção Básica.
Política Nacional de Atenção Básica; Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a
II - garantir fontes de recursos federais para compor o coordenação do componente municipal da Atenção Básica,
financiamento da Atenção Básica; no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com a
III - destinar recurso federal para compor o financiamento política, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo
tripartite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e responsabilidades dos Municípios e do Distrito Federal:
automático, prevendo, entre outras formas, o repasse fundo I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de
a fundo para custeio e investimento das ações e serviços; Atenção Básica, de forma universal, dentro do seu território,
IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados, incluindo as unidades próprias e as cedidas pelo estado e
do Distrito Federal e dos municípios no processo de pela União;
qualificação e de consolidação da Atenção Básica; II - programar as ações da Atenção Básica a partir de
V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação sua base territorial de acordo com as necessidades de saúde
junto às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas identificadas em sua população, utilizando instrumento de
à institucionalização da avaliação e qualificação da Atenção programação nacional vigente;
Básica; III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas
VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e
de cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na
disponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que
facilitem o processo de gestão, formação e educação Rede de Atenção à Saúde entre os diversos pontos de
permanente dos gestores e profissionais da Atenção Básica; atenção de diferentes configurações tecnológicas, integrados
VII - articular com o Ministério da Educação estratégias por serviços de apoio logístico, técnico e de gestão, para
de indução às mudanças curriculares nos cursos de garantir a integralidade do cuidado.
graduação e pósgraduação na área da saúde, visando à IV -estabelecer e adotar mecanismos de
formação de profissionais e gestores com perfil adequado à encaminhamento responsável pelas equipes que atuam na
Atenção Básica; e Atenção Básica de acordo com as necessidades de saúde
VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com das pessoas, mantendo a vinculação e coordenação do
as Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito cuidado;

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SAÚDE PÚBLICA
V - manter atualizado mensalmente o cadastro de das três esferas de governo. Esta Portaria, conforme
equipes, profissionais, carga horária, serviços normatização vigente no SUS, que define a organização em
disponibilizados, equipamentos e outros no Sistema de Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da
conforme regulamentação específica; população, destaca a Atenção Básica como primeiro ponto
VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção de atenção e porta de entrada preferencial do sistema, que
Básica atue como a porta de entrada preferencial e deve ordenar os fluxos e contrafluxos de pessoas , produtos
ordenadora da RAS; e informações em todos os pontos de atenção à saúde.
VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde
espaços para a participação da comunidade no exercício do da Família sua estratégia prioritária para expansão e
controle social; consolidação da Atenção Básica. Contudo reconhece outras
VIII - destinar recursos municipais para compor o estratégias de organização da Atenção Básica nos territórios,
financiamento tripartite da Atenção Básica; que devem seguir os princípios e diretrizes da Atenção
IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e Básica e do SUS, configurando um processo progressivo e
Secretaria Estadual de Saúde pelo monitoramento da singular que considera e inclui as especificidades
utilização dos recursos da Atenção Básica transferidos aos locorregionais, ressaltando a dinamicidade do território e a
município; existência de populações específicas, itinerantes e
X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede dispersas, que também são de responsabilidade da equipe
de serviços como a estratégia prioritária de organização da enquanto estiverem no território, em consonância com a
Atenção Básica; política de promoção da equidade em saúde.
XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no A Atenção Básica considera a pessoa em sua
processo de implantação, acompanhamento, e qualificação singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a
da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da atenção integral, incorporar as ações de vigilância em saúde
Estratégia Saúde da Família; - a qual constitui um processo contínuo e sistemático de
XII - definir estratégias de institucionalização da coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre
avaliação da Atenção Básica; eventos relacionados à saúde - além disso, visa o
XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover planejamento e a implementação de ações públicas para a
acesso aos trabalhadores, para formação e garantia de proteção da saúde da população, a prevenção e o controle
educação permanente e continuada aos profissionais de de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção
saúde de todas as equipes que atuam na Atenção Básica da saúde.
implantadas; Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões
XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais simplistas, nas quais, entre outras, há dicotomia e oposição
que compõem as equipes multiprofissionais de Atenção entre a assistência e a promoção da saúde. Para tal, deve-se
Básica, em conformidade com a legislação vigente; partir da compreensão de que a saúde possui múltiplos
XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos determinantes e condicionantes e que a melhora das
suficientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a condições de saúde das pessoas e coletividades passa por
execução do conjunto de ações propostas; diversos fatores, os quais grande parte podem ser abordados
XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial na Atenção Básica.
necessário ao cuidado resolutivo da população;
XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a
consistência dos dados inseridos nos sistemas nacionais de 1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA
informação a serem enviados às outras esferas de gestão, Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de
utilizá-los no planejamento das ações e divulgar os serviços ofertados na Atenção Básica serão orientadores
resultados obtidos, a fim de assegurar o direito fundamental para a sua organização nos municípios, conforme descritos a
de acesso à informação; seguir:
XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia 1.1 - Princípios
das referências a serviços e ações de saúde fora do âmbito - Universalidade: possibilitar o acesso universal e
da Atenção Básica e de acordo com as necessidades de contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos,
saúde das mesmas; e caracterizados como a porta de entrada aberta e preferencial
IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral da RAS (primeiro contato), acolhendo as pessoas e
de todos os profissionais que compõem as equipes que
promovendo a vinculação e corresponsabilização pela
atuam na Atenção Básica, de acordo com as jornadas de
trabalho especificadas no Sistema de Cadastro Nacional de atenção às suas necessidades de saúde. O estabelecimento
Estabelecimentos de Saúde vigente e a modalidade de de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento
atenção. pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do
Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de serviço de saúde que parte do princípio de que as equipes
Atenção Básica está detalhada no Anexo a esta Portaria. que atuam na Atenção Básica nas UBS devem receber e
Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 ouvir todas as pessoas que procuram seus serviços, de
de outubro de 2011. modo universal, de fácil acesso e sem diferenciações
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua excludentes, e a partir daí construir respostas para suas
publicação. demandas e necessidades.
RICARDO BARROS - Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as
diferenças nas condições de vida e saúde e de acordo com
ANEXO
as necessidades das pessoas, considerando que o direito à
POLÍTICA NACIONAL DE
ATENÇÃO BÁSICA OPERACIONALIZAÇÃO saúde passa pelas diferenciações sociais e deve atender à
CAPÍTULO I diversidade. Ficando proibida qualquer exclusão baseada em
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS idade, gênero, cor, crença, nacionalidade, etnia, orientação
DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é socioeconômica, escolaridade ou limitação física, intelectual,
resultado da experiência acumulada por um conjunto de funcional, entre outras, com estratégias que permitam
atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos
consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), como que possam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de
movimentos sociais, população, trabalhadores e gestores maneira que impacte na autonomia e na situação de saúde.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 14 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
- Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da
equipe de saúde que atendam às necessidades da falta de coordenação do cuidado.
população adscrita nos campos do cuidado, da promoção e VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e
manutenção da saúde, da prevenção de doenças e agravos, organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção
da cura, da reabilitação, redução de danos e dos cuidados das RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os
paliativos. Inclui a responsabilização pela oferta de serviços diversos pontos de atenção, responsabilizando-se pelo
em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento cuidado dos usuários em qualquer destes pontos através de
adequado das necessidades biológicas, psicológicas, uma relação horizontal, contínua e integrada, com o objetivo
ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das de produzir a gestão compartilhada da atenção integral.
diversas tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a Articulando também as outras estruturas das redes de saúde
estes fins, além da ampliação da autonomia das pessoas e e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais.
coletividade. VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de
1.2 - Diretrizes saúde da população sob sua responsabilidade, organizando
- Regionalização e Hierarquização: dos pontos de as necessidades desta população em relação aos outros
atenção da RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de pontos de atenção à saúde, contribuindo para que o
comunicação entre esses. Considera-se regiões de saúde planejamento das ações, assim como, a programação dos
como um recorte espacial estratégico para fins de serviços de saúde, parta das necessidades de saúde das
planejamento, organização e gestão de redes de ações e pessoas.
serviços de saúde em determinada localidade, e a IX - Participação da comunidade: estimular a
hierarquização como forma de organização de pontos de participação das pessoas, a orientação comunitária das
atenção da RAS entre si, com fluxos e referências ações de saúde na Atenção Básica e a competência cultural
estabelecidos. no cuidado, como forma de ampliar sua autonomia e
- Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das
planejamento, a programação descentralizada e o pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o
desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco enfrentamento dos determinantes e condicionantes de
em um território específico, com impacto na situação, nos saúde, através de articulação e integração das ações
condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e intersetoriais na organização e orientação dos serviços de
coletividades que constituem aquele espaço e estão, saúde, a partir de lógicas mais centradas nas pessoas e no
portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria, exercício do controle social.
considerase Território a unidade geográfica única, de
construção descentralizada do SUS na execução das ações
estratégicas destinadas à vigilância, promoção, prevenção, 2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À
proteção e recuperação da saúde. Os Territórios são SAÚDE
destinados para dinamizar a ação em saúde pública, o Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS,
estudo social, econômico, epidemiológico, assistencial, define a organização na RAS, como estratégia para um
cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da
unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção população. As RAS constituem-se em arranjos organizativos
Básica, de forma que atendam a necessidade da população formados por ações e serviços de saúde com diferentes
adscrita e ou as populações específicas. configurações tecnológicas e missões assistenciais,
III - População Adscrita: população que está presente no articulados de forma complementar e com base territorial, e
território da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e
população, garantindo a continuidade das ações de saúde e principal porta de entrada do sistema, constituída de equipe
a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser multidisciplinar que cobre toda a população, integrando,
referência para o seu cuidado. coordenando o cuidado e atendendo as necessidades de
- Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o saúde das pessoas do seu território.
desenvolvimento de ações de cuidado de forma O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que
singularizada, que auxilie as pessoas a desenvolverem os regulamenta a Lei nº 8.080/90, define que "o acesso
conhecimentos, aptidões, competências e a confiança universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de
necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre saúde se inicia pelas portas de entrada do SUS e se
sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais completa na rede regionalizada e hierarquizada".
efetiva. O cuidado é construído com as pessoas, de acordo
Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é
com suas necessidades e potencialidades na busca de uma
vida independente e plena. A família, a comunidade e outras preciso reconhecer as necessidades de saúde da população
formas de coletividade são elementos relevantes, muitas sob sua responsabilidade, organizando-as em relação aos
vezes condicionantes ou determinantes na vida das pessoas outros pontos de atenção à saúde, contribuindo para que a
e, por consequência, no cuidado. programação dos serviços de saúde parta das necessidades
- Resolutividade: reforça a importância da Atenção das pessoas, com isso fortalecendo o planejamento
Básica ser resolutiva, utilizando e articulando diferentes ascendente.
tecnologias de cui-dado individual e coletivo, por meio de A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada
uma clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e preferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de
intervenções clínica e sanitariamente efetivas, centrada na gestão do cuidado das pessoas e cumpre papel estratégico
pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus de na rede de atenção, servindo como base para o seu
autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz
ordenamento e para a efetivação da integralidade. Para
de resolver a grande maioria dos problemas de saúde da
tanto, é necessário que a Atenção Básica tenha alta
população, coordenando o cuidado do usuário em outros
pontos da RAS, quando necessário. resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e
VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras
continuidade da relação de cuidado, com construção de (diagnósticas e terapêuticas), além da articulação da
vínculo e responsabilização entre profissionais e usuários ao Atenção Básica com outros pontos da RAS.
longo do tempo e de modo permanente e consistente, Os estados, municípios e o distrito federal, devem
acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de articular ações intersetoriais, assim como a organização da
outros elementos na vida das pessoas , evitando a perda de RAS, com ênfase nas necessidades locorregionais,
referências e diminuindo os riscos de iatrogenia que são promovendo a integração das referências de seu território.

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SAÚDE PÚBLICA
Recomenda-se a articulação e implementação de ambiente saudável para o trabalho dos profissionais de
processos que aumentem a capacidade clínica das equipes, saúde.
que fortaleçam práticas de microrregulação nas Unidades Para um ambiente adequado em uma UBS, existem
Básicas de Saúde, tais como gestão de filas próprias da UBS componentes que atuam como modificadores e
e dos exames e consultas descentralizados/programados qualificadores do espaço, recomenda-se contemplar:
para cada UBS, que propiciem a comunicação entre UBS, recepção sem grades (para não intimidar ou dificultar a
centrais de regulação e serviços especializados, com comunicação e também garantir privacidade à pessoa),
pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial identificação dos serviços existentes, escala dos
e/ou a distância, entre outros. profissionais, horários de funcionamento e sinalização de
Um dos destaques que merecem ser feitos é a fluxos, conforto térmico e acústico, e espaços adaptados
consideração e a incorporação, no processo de para as pessoas com deficiência em conformidade com as
referenciamento, das ferramentas de telessaúde articulado normativas vigentes.
às decisões clínicas e aos processos de regulação do Além da garantia de infraestrutura e ambiência
acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento apropriadas, para a realização da prática profissional na
servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de Atenção Básica, é necessário disponibilizar equipamentos
cuidado, pois tanto orientam as decisões dos profissionais adequados, recursos humanos capacitados, e materiais e
solicitantes quanto se constituem como referência que insumos suficientes à atenção à saúde prestada nos
modula a avaliação das solicitações pelos médicos municípios e Distrito Federal.
reguladores. 3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde
Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do São considerados unidades ou equipamentos de saúde
cuidado clínico e da resolutividade na Atenção Básica, no âmbito da Atenção Básica:
evitando a exposição das pessoas a consultas e/ou a) Unidade Básica de Saúde
procedimentos desnecessários. Além disso, com a Recomenda-se os seguintes ambientes:
organização do acesso, induz-se ao uso racional dos consultório médico e de enfermagem, consultório com
recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários sanitário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para
e traz maior eficiência e equidade à gestão das listas de assistência farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de
espera. procedimentos, sala de coleta/exames, sala de curativos,
A gestão municipal deve articular e criar condições para sala de expurgo, sala de esterilização, sala de observação e
que a referência aos serviços especializados ambulatoriais, sala de atividades coletivas para os profissionais da Atenção
sejam realizados preferencialmente pela Atenção Básica, Básica. Se forem compostas por profissionais de saúde
sendo de sua responsabilidade: bucal, será necessário consultório odontológico com equipo
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de odontológico completo;
atenção da RAS; a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala
b) Gerir a referência e contrarreferência em outros multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea ,
pontos de atenção; e sala de administração e gerência, banheiro público e para
c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam funcionários, entre outros ambientes conforme a
das pessoas do território. necessidade.
b) Unidade Básica de Saúde Fluvial
3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E Recomenda-se os seguintes ambientes:
FUNCIONAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA a. consultório médico; consultório de enfermagem; área
Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que para assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina;
objetiva adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos sala de procedimentos; e, se forem compostas por
humanos das UBS às necessidades de saúde da população profissionais de saúde bucal, será necessário consultório
de cada território. odontológico com equipo odontológico completo;
3.1 Infraestrutura e ambiência b. área de recepção, banheiro público; banheiro
A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao exclusivo para os funcionários; expurgo; cabines com leitos
quantitativo de população adscrita e suas especificidades, em número suficiente para toda a equipe; cozinha e outro
bem como aos processos de trabalho das equipes e à ambientes conforme necessidade.
atenção à saúde dos usuários. Os parâmetros de estrutura c) Unidade Odontológica Móvel
devem, portanto, levar em consideração a densidade Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a
demográfica, a composição, atuação e os tipos de equipes, finalidade de atenção à saúde bucal, equipado com:
perfil da população, e as ações e serviços de saúde a serem Compressor para uso odontológico com sistema de
realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos filtragem; aparelho de raios-x para radiografias periapicais e
e ambientes adequados para a formação de estudantes e interproximais; aventais de chumbo; conjunto peças de mão
trabalhadores de saúde de nível médio e superior, para a contendo micro-motor com peça reta e contra ângulo, e alta
formação em serviço e para a educação permanente na rotação; gabinete odontológico; cadeira odontológica, equipo
UBS. odontológico e refletor odontológico; unidade auxiliar
As UBS devem ser construídas de acordo com as odontológica; mocho odontológico; autoclave; amalgamador;
normas sanitárias e tendo como referência as normativas de fotopolimerizador; e refrigerador.
infraestrutura vigentes, bem como possuir identificação 3.3 - Funcionamento
segundo os padrões visuais da Atenção Básica e do SUS. Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde
Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema de Cadastro tenham seu funcionamento com carga horária mínima de 40
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de horas/semanais, no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos
acordo com as normas em vigor para tal. 12 meses do ano, possibilitando acesso facilitado à
As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento população.
de populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos,
Horários alternativos de funcionamento podem ser
áreas pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES,
bem como nos instrumentos de monitoramento e avaliação. pactuados através das instâncias de participação social,
A estrutura física dos pontos de apoio deve respeitar as desde que atendam expressamente a necessidade da
normas gerais de segurança sanitária. população, observando, sempre que possível, a carga
A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico horária mínima descrita acima.
(arquitetônico), entendido como lugar social, profissional e de Como forma de garantir a coordenação do cuidado,
relações interpessoais, que deve proporcionar uma atenção ampliando o acesso e resolutividade das equipes que atuam
acolhedora e humana para as pessoas, além de um na Atenção Básica, recomenda-se:

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SAÚDE PÚBLICA
i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica Padrão Essencial e recomenda-se que também realizarem
(eAB) e de Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 ações e serviços do Padrão Ampliado, considerando as
pessoas, localizada dentro do seu território, garantindo os necessidades e demandas de saúde das populações em
princípios e diretrizes da Atenção Básica. cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais, bem
Além dessa faixa populacional, podem existir outros como os equipamentos e materiais necessários, devem ser
arranjos de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e garantidos igualmente para todo o país, buscando
dinâmica comunitária, facultando aos gestores locais, uniformidade de atuação da Atenção Básica no território
conjuntamente com as equipes que atuam na Atenção nacional. Já o elenco de ações e procedimentos ampliados
Básica e Conselho Municipal ou Local de Saúde, a deve contemplar de forma mais flexível às necessidades e
possibilidade de definir outro parâmetro populacional de demandas de saúde das populações em cada localidade,
responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do sendo definido a partir de suas especificidades
que o parâmetro recomendado, de acordo com as locorregionais.
especificidades do território, assegurando-se a qualidade do As unidades devem organizar o serviço de modo a
cuidado. otimizar os processos de trabalho, bem como o acesso aos
ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou demais níveis de atenção da RAS.
Saúde da Família), para que possam atingir seu potencial Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários,
resolutivo. oferecendo o registro de elogios, críticas ou reclamações,
iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de por meio de livros, caixas de sugestões ou canais
equipes de Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família eletrônicos. As UBS deverão assegurar o acolhimento e
(eSF), com ou sem os profissionais de saúde bucal, pelas escuta ativa e qualificada das pessoas, mesmo que não
quais o Município e o Distrito Federal poderão fazer jus ao sejam da área de abrangência da unidade, com classificação
recebimento de recursos financeiros específicos, conforme a de risco e encaminhamento responsável de acordo com as
seguinte fórmula: População/2.000. necessidades apresentadas, articulando-se com outros
iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000 serviços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas
habitantes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de cuidado estabelecidas.
de Atenção Básica (eAB) seja responsável por toda Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada
população; da UBS:
Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro - Identificação e horário de atendimento;
populacional de responsabilidade da equipe de acordo com - Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe;
especificidades territoriais, vulnerabilidades, riscos e - Identificação do Gerente da Atenção Básica no território
dinâmica comunitária respeitando critérios de equidade, ou, e dos componentes de cada equipe da UBS;
ainda, pela decisão de possuir um número inferior de - Relação de serviços disponíveis; e
pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB) e equipe de - Detalhamento das escalas de atendimento de cada
Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na equipe.
qualidade da Atenção Básica. 3.4 - Tipos de Equipes:
Para que as equipes que atuam na Atenção Básica 1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia
possam atingir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a prioritária de atenção à saúde e visa à reorganização da
coordenação do cuidado, ampliando o acesso, é necessário Atenção Básicano país, de acordo com os preceitos do SUS.
adotar estratégias que permitam a definição de um amplo É considerada como estratégia de expansão, qualificação e
escopo dos serviços a serem ofertados na UBS, de forma consolidação da Atenção Básica, por favorecer uma
que seja compatível com as necessidades e demandas de
reorientação do processo de trabalho com maior potencial de
saúde da população adscrita, seja por meio da Estratégia
Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de Atenção ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde das
Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante
cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. relação custo-efetividade.
Essa oferta de ações e serviços na Atenção Básica devem Composta no mínimo por médico, preferencialmente da
considerar políticas e programas prioritários, as diversas especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro,
realidades e necessidades dos territórios e das pessoas, em preferencialmente especialista em saúde da família; auxiliar
parceria com o controle social. e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde
As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir (ACS). Podendo fazer parte da equipe o agente de combate
padrões essenciais e ampliados: às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal:
Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde
relacionados a condições básicas/essenciais de acesso e
da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal.
qualidade na Atenção Básica; e
O número de ACS por equipe deverá ser definido de
- Padrões Ampliados -ações e procedimentos
considerados estratégicos para se avançar e alcançar acordo com base populacional, critérios demográficos,
padrões elevados de acesso e qualidade na Atenção Básica, epidemiológicos e socioeconômicos, de acordo com
considerando especificidades locais, indicadores e definição local.
parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde. Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e
A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria vulnerabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100%
com o controle social, pactuada nas instâncias da população com número máximo de 750 pessoas por ACS.
interfederativas, com financiamento regulamentado em Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade
normativa específica. de carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos
Caberá a cada gestor municipal realizar análise de os profissionais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os
demanda do território e ofertas das UBS para mensurar sua profissionais da ESF poderão estar vinculados a apenas 1
capacidade resolutiva, adotando as medidas necessárias
(uma) equipe de Saúde da Família, no SCNES vigente.
para ampliar o acesso, a qualidade e resolutividade das
equipes e serviços da sua UBS. 2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade
A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá deve atender aos princípios e diretrizes propostas para a AB.
estar disponível aos usuários de forma clara, concisa e de A gestão municipal poderá compor equipes de Atenção
fácil visualização, conforme padronização pactuada nas Básica (eAB) de acordo com características e necessidades
instâncias gestoras. do município. Como modelo prioritário é a ESF, as equipes
Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão de Atenção Básica (eAB) podem posteriormente se organizar
garantir a oferta de todas as ações e procedimentos do tal qual o modelo prioritário.

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SAÚDE PÚBLICA
As equipes deverão ser compostas minimamente por problemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas
médicos preferencialmente da especialidade medicina de e grupos sociais em seus territórios, bem como a partir de
família e comunidade, enfermeiro preferencialmente dificuldades dos profissionais de todos os tipos de equipes
especialista em saúde da família, auxiliares de enfermagem que atuam na Atenção Básica em suas análises e manejos.
e ou técnicos de enfermagem. Poderão agregar outros Para tanto, faz-se necessário o compartilhamento de
profissionais como dentistas, auxiliares de saúde bucal e ou saberes, práticas intersetoriais e de gestão do cuidado em
técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de saúde e rede e a realização de educação permanente e gestão de
agentes de combate à endemias. coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes.
A composição da carga horária mínima por categoria Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como
profissional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de serviços com unidades físicas independentes ou especiais, e
3 (três) profissionais por categoria, devendo somar no não são de livre acesso para atendimento individual ou
mínimo 40 horas/semanais. coletivo (estes, quando necessários, devem ser regulados
O processo de trabalho, a combinação das jornadas de pelas equipes que atuam na Atenção Básica). Devem, a
trabalho dos profissionais das equipes e os horários e dias partir das demandas identificadas no trabalho con-junto com
de funcionamento devem ser organizados de modo que as equipes, atuar de forma integrada à Rede de Atenção à
garantam amplamente acesso, o vínculo entre as pessoas e Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros
profissionais, a continuidade, coordenação e equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e
longitudinalidade do cuidado. comunitárias.
A distribuição da carga horária dos profissionais é de Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado
responsabilidade do gestor, devendo considerar o perfil de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB):
demográfico e epidemiológico local para escolha da a. Participar do planejamento conjunto com as equipes
especialidade médica, estes devem atuar como generalistas que atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas;
nas equipes de Atenção Básica (eAB). b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos
Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe usuários do SUS principalmente por intermédio da ampliação
deverá contar também com profissionais de nível médio da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e
como técnico ou auxiliar de enfermagem. de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde,
3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que pode tanto em termos clínicos quanto sanitários; e
compor as equipes que atuam na atenção básica, constituída c. Realizar discussão de casos, atendimento individual,
por um cirurgião-dentista e um técnico em saúde bucal e/ou compartilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos
auxiliar de saúde bucal. terapêuticos, educação permanente, intervenções no
Os profissionais de saúde bucal que compõem as território e na saúde de grupos populacionais de todos os
equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica ciclos de vida, e da coletividade, ações intersetoriais, ações
(eAB) e de devem estar vinculados à uma UBS ou a Unidade de prevenção e promoção da saúde, discussão do processo
Odontológica Móvel, podendo se organizar nas seguintes de trabalho das equipes dentre outros, no território.
modalidades: Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código
Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde Brasileiro de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico
bucal (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e; Acupunturista; Assistente Social; Profissional/Professor de
Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta;
TSB. Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; Médico
Independente da modalidade adotada, os profissionais Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo;
de Saúde Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra;
Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), devendo Médico Internista (clinica médica), Médico do Trabalho,
compartilhar a gestão e o processo de trabalho da equipe, Médico Veterinário, profissional com formação em arte e
tendo responsabilidade sanitária pela mesma população e educação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista,
território adstrito que a equipe de Saúde da Família ou ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-
Atenção Básica a qual integra. graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado
Cada equipe de Saúde de Família que for implantada diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
com os profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir vigente.
pela primeira vez os profissionais de saúde bucal numa A definição das categorias profissionais é de autonomia
equipe já implantada, modalidade I ou II, o gestor receberá do gestor local, devendo ser escolhida de acordo com as
do Ministério da Saúde os equipamentos odontológicos, necessidades do territórios.
através de doação direta ou o repasse de recursos 5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
necessários para adquiri-los (equipo odontológico completo). (EACS):
4 - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção É prevista a implantação da Estratégia de Agentes
Básica (Nasf-AB) Comunitários de Saúde nas UBS como uma possibilidade
Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar para a reorganização inicial da Atenção Básica com vistas à
composta por categorias de profissionais da saúde, implantação gradual da Estratégia de Saúde da Família ou
complementar àsequipes que atuam na Atenção Básica. É como uma forma de agregar os agentes comunitários a
formada por diferentes ocupações (profissões e outras maneiras de organização da Atenção Básica. São
especialidades) da área da saúde, atuando de maneira itens necessários à implantação desta estratégia:
integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita
aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e no SCNES vigente que passa a ser a UBS de referência para
de Atenção Básica (eAB). a equipe de agentes comunitários de saúde;
Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser
Atenção Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e definido de acordo com base populacional (critérios
trabalhando de forma horizontal e interdisciplinar com os
demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos),
demais profissionais, garantindo a longitudinalidade do
cuidado e a prestação de serviços diretos à população. Os conforme legislação vigente.
diferentes profissionais devem estabelecer e compartilhar c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas
saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma visão semanais por toda a equipe de agentes comunitários, por
comum e aprender a solucionar problemas pela cada membro da equipe; composta por ACS e enfermeiro
comunicação, de modo a maximizar as habilidades supervisor;
singulares de cada um. d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar
Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de cadastrados no SCNES vigente, vinculados à equipe;

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SAÚDE PÚBLICA
e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas Auxiliar/Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda,
regulamentações vigentes e nesta portaria e ter uma acrescentar até 2 (dois) profissionais da área da saúde de
microárea sob sua responsabilidade, cuja população não nível superior à sua composição, dentre enfermeiros ou
ultrapasse 750 pessoas; outros profissionais previstos nas equipes de Nasf-AB.
f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos
planejamento do processo de trabalho a partir das de enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde
necessidades do território, com priorização para população bucal cumprirão carga horária de até 40 (quarenta) horas
com maior grau de vulnerabilidade e de risco epidemiológico; semanais de trabalho e deverão residir na área de atuação.
g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à As eSFR prestarão atendimento à população por, no
integralidade do cuidado no território; e h.cadastrar, mínimo, 14 (quatorze) dias mensais, com carga horária
preencher e informar os dados através do Sistema de equivalente a 8 (oito) horas diárias.
Informação em Saúde para a Atenção Básica vigente. Para as comunidades distantes da UBS de referência, as
eSFR adotarão circuito de deslocamento que garanta o
3.5 - EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a
POPULAÇÕES ESPECÍFICAS cada 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das
Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da ações de Atenção Básica. Caso necessário, poderão possuir
Atenção Básica são responsáveis pela atenção à saúde de unidades de apoio, estabelecimentos que servem para
populações que apresentem vulnerabilidades sociais atuação das eSFR e que não possuem outras equipes de
específicas e, por consequência, necessidades de saúde Saúde da Família vinculadas.
específicas, assim como pela atenção à saúde de qualquer Para operacionalizar a atenção à saúde das
outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica possui comunidades ribeirinhas dispersas no território de
responsabilidade direta sobre ações de saúde em abrangência, a eSFR receberá incentivo financeiro de
determinado território, considerando suas singularidades, o custeio para logística, que considera a existência das
que possibilita intervenções mais oportunas nessas seguintes estruturas:
situações específicas, com o objetivo de ampliar o acesso à a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites),
RAS e ofertar uma atenção integral à saúde. vinculadas e informadas no Cadastro Nacional de
Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar Estabelecimento de Saúde vigente, utilizada(s) como base(s)
atenção à saúde de populações específicas. Em algumas da(s) equipe(s), onde será realizada a atenção de forma
realidades, contudo, ainda é possível e necessário dispor, descentralizada; e
além das equipes descritas anteriormente, de equipes b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte
adicionais para realizar as ações de saúde à populações exclusivas para o deslocamento dos profissionais de saúde
específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem atuar da(s) equipe(s) vinculada(s)s ao Estabelecimento de Saúde
de forma integrada para a qualificação do cuidado no de Atenção Básica.
território. Aponta-se para um horizonte em que as equipes Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações
que atuam na Atenção Básica possam incorporar tecnologias devem estar devidamente informadas no Cadastro Nacional
dessas equipes específicas, de modo que se faça uma de Estabelecimento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão
transição para um momento em que não serão necessárias vinculadas.
essas equipes específicas, e todas as pessoas e populações Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São
serão acompanhadas pela eSF. equipes que desempenham suas funções em Unidades
São consideradas equipes de Atenção Básica para Básicas de Saúde Fluviais (UBSF), responsáveis por
Populações Específicas: comunidades dispersas, ribeirinhas e pertencentes à área
adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial.
3.6 - ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA A eSFR será formada por equipe multiprofissional
FAMÍLIA composta por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente
1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da da especialidade de Família e Comunidade, 1 (um)
População Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: enfermeiro, preferencialmente especialista em Saúde da
Considerando as especificidades locorregionais, os Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de enfermagem, podendo
municípios da Amazônia Legal e Pantaneiras podem optar acrescentar a esta composição, como parte da equipe
entre 2 (dois) arranjos organizacionais para equipes Saúde multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
da Família, além dos existentes para o restante do país: bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente
a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São especialista em saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar
equipes que desempenham parte significativa de suas em saúde bucal.
funções em UBS construídas e/ou localizadas nas Devem contar também, com um (01) técnico de
comunidades pertencentes à área adstrita e cujo acesso se laboratório e/ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir,
dá por meio fluvial e que, pela grande dispersão territorial, na composição mínima, os profissionais de saúde bucal, um
necessitam de embarcações para atender as comunidades (1) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma UBS, saúde da família, e um (01) Técnico ou Auxiliar em Saúde
que pode estar localizada na sede do Município ou em Bucal.
alguma comunidade ribeirinha localizada na área adstrita. Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da
A eSFR será formada por equipe multiprofissional área da saúde de nível superior à sua composição, dentre
composta por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente enfermeiros ou outros profissionais previstos para os Nasf -
da especialidade de Família e Comunidade, 1 (um) AB
enfermeiro, preferencialmente especialista em Saúde da Para as comunidades distantes da Unidade Básica de
Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de enfermagem, podendo Saúde de referência, a eSFF adotará circuito de
acrescentar a esta composição, como parte da equipe deslocamento que garanta o atendimento a todas as
multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta)
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente dias, para assegurar a execução das ações de Atenção
especialista em saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar Básica.
em saúde bucal. Para operacionalizar a atenção à saúde das
Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as comunidades ribeirinhas dispersas no território de
ESFR podem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro) abrangência, onde a UBS Fluvial não conseguir aportar, a
Agentes Comunitários de Saúde; até 12 (doze) eSFF poderá receber incentivo financeiro de custeio para
microscopistas, nas regiões endêmicas; até 11 (onze) logística, que considera a existência das seguintes
Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) estruturas:

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SAÚDE PÚBLICA
a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), cadastrada no Sistema Nacional de Estabelecimentos de
vinculadas e informadas no Cadastro Nacional de Saúde vigente, e com responsabilidade de articular e prestar
Estabelecimento de Saúde vigente, utilizada(s) como base(s) atenção integral à saúde das pessoas privadas de liberdade.
da(s) equipe(s), onde será realizada a atenção de forma Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas
descentralizada; e privadas de liberdade no sistema prisional ao cuidado
b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte integral no SUS, é previsto na Política Nacional de Atenção
exclusivas para o deslocamento dos profissionais de saúde Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no
da(s) equipe(s) vinculada(s)s ao Estabelecimento de Saúde Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de saúde no
de Atenção Básica. sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede de
1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a
saúde com composição variável, responsável por articular e Atenção Básica no âmbito prisional como porta de entrada
prestar atenção integral à saúde de pessoas em situação de do sistema e ordenadora das ações e serviços de saúde,
rua ou com características análogas em determinado devendo realizar suas atividades nas unidades prisionais ou
território, em unidade fixa ou móvel, podendo ter as nas Unidades Básicas de Saúde a que estiver vinculada,
modalidades e respectivos regramentos descritos em conforme portaria específica.
portaria específica.
São itens necessários para o funcionamento das equipes 4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO
de Consultório na Rua (eCR): BÁSICA
a. Realizar suas atividades de forma itinerante, As atribuições dos profissionais das equipes que atuam
desenvolvendo ações na rua, em instalações específicas, na na Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do
unidade móvel e também nas instalações de Unidades Ministério da Saúde, bem como as definições de escopo de
Básicas de Saúde do território onde está atuando, sempre práticas, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além
articuladas e desenvolvendo ações em parceria com as de outras normativas técnicas estabelecidas pelos gestores
demais equipes que atuam na atenção básica do território federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
(eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção 4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das
Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos Equipes que atuam na Atenção Básica:
serviços e instituições componentes do Sistema Único de - Participar do processo de territorialização e
Assistência Social entre outras instituições públicas e da mapeamento da área de atuação da equipe, identificando
sociedade civil; grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e
b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. vulnerabilidades;
Porém seu horário de funcionamento deverá ser adequado - Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e
às demandas das pessoas em situação de rua, podendo outros dados de saúde das famílias e dos indivíduos no
ocorrer em período diurno e/ou noturno em todos os dias da sistema de informação da Atenção Básica vigente, utilizando
semana; e as informações sistematicamente para a análise da situação
c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias de saúde, considerando as características sociais,
profissionais especificadas em portaria específica. econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do
Na composição de cada eCR deve haver, território, priorizando as situações a serem acompanhadas
preferencialmente, o máximo de dois profissionais da mesma no planejamento local;
profissão de saúde, seja de nível médio ou superior. Todas - Realizar o cuidado integral à saúde da população
as modalidades de eCR poderão agregar agentes adscrita, prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de
comunitários de saúde. Saúde, e quando necessário, no domicílio e demais espaços
O agente social, quando houver, será considerado comunitários (escolas, associações, entre outros), com
equivalente ao profissional de nível médio. Entende-se por atenção especial às populações que apresentem
agente social o pro-fissional que desempenha atividades que necessidades específicas (em situação de rua, em medida
visam garantir a atenção, a defesa e a proteção às pessoas socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.).
em situação de risco pessoal e social, assim como aproximar - Realizar ações de atenção à saúde conforme a
as equipes dos valores, modos de vida e cultura das pessoas necessidade de saúde da população local, bem como
em situação de rua. aquelas previstas nas prioridades, protocolos, diretrizes
Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os clínicas e terapêuticas, assim como, na oferta nacional de
seguintes requisitos: ações e serviços essenciais e ampliados da AB;
I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita,
de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde buscando a integralidade por meio da realização de ações de
(SCNES); e promoção, proteção e recuperação da saúde, prevenção de
II - alimentação de dados no Sistema de Informação da doenças e agravos e da garantia de atendimento da
Atenção Básica vigente, conforme norma específica. demanda espontânea, da realização das ações
Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e
Rua, o cuidado integral das pessoas em situação de rua incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive
deve seguir sendo de responsabilidade das equipes que Práticas Integrativas e Complementares;
atuam na Atenção Básica, incluindo os profissionais de VI. Participar do acolhimento dos usuários,
saúde bucal e os Núcleos Ampliados à Saúde da Família e proporcionando atendimento humanizado, realizando
equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do território onde estas classificação de risco, identificando as necessidades de
pessoas estão concentradas. intervenções de cuidado, responsabilizando-se pela
Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na continuidade da atenção e viabilizando o estabelecimento do
Rua de cada município, serão tomados como base os dados vínculo;
dos censos populacionais relacionados à população em VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da
situação de rua realizados por órgãos oficiais e reconhecidos população adscrita ao longo do tempo no que se refere às
pelo Ministério da Saúde. múltiplas situações de doenças e agravos, e às
As regras estão publicadas em portarias específicas que necessidades de cuidados preventivos, permitindo a
disciplinam composição das equipes, valor do incentivo longitudinalidade do cuidado;
financeiro, diretrizes de funcionamento, monitoramento e VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a
acompanhamento das equipes de consultório na rua entre pessoas, famílias e grupos sociais, visando propor
outras disposições. intervenções que possam influenciar os processos saúde-
1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São doença individual, das coletividades e da própria
compostas por equipe multiprofissional que deve estar comunidade;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 20 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
IX. Responsabilizar-se pela população adscrita XIV. Promover a mobilização e a participação da
mantendo a coordenação do cuidado mesmo quando comunidade, estimulando conselhos/colegiados, constituídos
necessita de atenção em outros pontos de atenção do de gestores locais, profissionais de saúde e usuários,
sistema de saúde; viabilizando o controle social na gestão da Unidade Básica
X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica de Saúde;
vigente para registro das ações de saúde na AB, visando XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que
subsidiar a gestão, planejamento, investigação clínica e possam potencializar ações intersetoriais;
epidemiológica, e à avaliação dos serviços de saúde;; XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação
XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a da Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do
partir da Atenção Básica, participando da definição de fluxos Programa Bolsa Família (PBF), e/ou outros pro-gramas
assistenciais na RAS, bem como da elaboração e sociais equivalentes, as condicionalidades de saúde das
implementação de protocolos e diretrizes clínicas e famílias beneficiárias;e
terapêuticas para a ordenação desses fluxos; XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo
XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a com as prioridades locais, definidas pelo gestor local.
prática do encaminhamento desnecessário, com base nos 4.2. São atribuições específicas dos profissionais das
processos de regulação locais (referência e equipes que atuam na Atenção Básica:
contrarreferência), ampliando-a para um processo de 4.2.1 - Enfermeiro:
compartilhamento de casos e acompanhamento longitudinal I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias
de responsabilidade das equipes que atuam na atenção vinculadas às equipes e, quando indicado ou necessário, no
básica; domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas,
XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de associações entre outras), em todos os ciclos de vida;
atenção de diferentes configurações tecnológicas a II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos,
integração por meio de serviços de apoio logístico, técnico e solicitar exames complementares, prescrever medicações
de gestão, para garantir a integralidade do cuidado; conforme protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou
XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal,
medidas para reduzir os riscos e diminuir os eventos estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
adversos; disposições legais da profissão;
XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta
atividades nos sistemas de informação da Atenção Básica, qualificada e classificação de risco, de acordo com
conforme normativa vigente; protocolos estabelecidos;
XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de
de notificação compulsória, bem como outras doenças, cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas
agravos, surtos, acidentes, violências, situações sanitárias e no território, junto aos demais membros da equipe;
ambientais de importância local, considerando essas V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando
ocorrências para o planejamento de ações de prevenção, necessário, usuários a outros serviços, conforme fluxo
proteção e recuperação em saúde no território; estabelecido pela rede local;
XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
de urgência/emergência por causas sensíveis à Atenção pelos técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em
Básica, a fim de estabelecer estratégias que ampliem a conjunto com os outros membros da equipe;
resolutividade e a longitudinalidade pelas equipes que atuam VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de
na AB; enfermagem e ACS;
XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em VIII - Implementar e manter atualizados rotinas,
domicílio às famílias e pessoas em residências, Instituições protocolos e fluxos relacionados a sua área de competência
de Longa Permanência (ILP), abrigos, entre outros tipos de na UBS; e
moradia existentes em seu território, de acordo com o IX - Exercer outras atribuições conforme legislação
planejamento da equipe, necessidades e prioridades profissional, e que sejam de responsabilidade na sua área de
estabelecidas; atuação.
XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com 4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem:
problemas de saúde controlados/compensados com algum I - Participar das atividades de atenção à saúde
grau de dependência para as atividades da vida diária e que realizando procedimentos regulamentados no exercício de
não podem se deslocar até a Unidade Básica de Saúde; sua profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, no
XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas,
integrando áreas técnicas, profissionais de diferentes associações, entre outros);
formações e até mesmo outros níveis de atenção, buscando II - Realizar procedimentos de enfermagem, como
incorporar práticas de vigilância, clínica ampliada e curativos, administração de medicamentos, vacinas, coleta
matriciamento ao processo de trabalho cotidiano para essa de material para exames, lavagem, preparação e
integração (realização de consulta compartilhada reservada esterilização de materiais, entre outras atividades delegadas
aos profissionais de nível superior, construção de Projeto pelo enfermeiro, de acordo com sua área de atuação e
Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras regulamentação; e
estratégias, em consonância com as necessidades e III - Exercer outras atribuições que sejam de
demandas da população); responsabilidade na sua área de atuação.
XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de 4.2.1 - Médico:
acompanhar e discutir em conjunto o planejamento e I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob
avaliação sistemática das ações da equipe, a partir da sua responsabilidade;
utilização dos dados disponíveis, visando a readequação
II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos
constante do processo de trabalho;
XXII. Articular e participar das atividades de educação cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado
permanente e educação continuada; ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
XXIII. Realizar ações de educação em saúde à comunitários (escolas, associações entre outros); em
população adstrita, conforme planejamento da equipe e conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e
utilizando abordagens adequadas às necessidades deste terapêuticas, bem como outras normativas técnicas
público; estabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou
XXIV. Participar do gerenciamento dos insumos Distrito Federal), observadas as disposições legais da
necessários para o adequado funcionamento da UBS; profissão;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 21 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de VII - Participar da realização de levantamentos e estudos
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas epidemiológicos, exceto na categoria de examinador;
no território, junto aos demais membros da equipe; VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros saúde bucal;
pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a
sua responsabilidade o acompanhamento do plano indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista;
terapêutico prescrito; X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
domiciliar, mantendo a responsabilização pelo XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais
acompanhamento da pessoa; odontológicos na restauração dentária direta, sendo vedado
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo
pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da cirurgião-dentista;
equipe; e XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas
VII - Exercer outras atribuições que sejam de intervenções clínicas e procedimentos demandados pelo
responsabilidade na sua área de atuação. mesmo;
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e do Cirurgião Dentista;
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia,
tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da desinfecção e esterilização do instrumental, dos
equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho;
saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo
e a grupos específicos, atividades em grupo na UBS e,
operatório, antes e após atos cirúrgicos;
quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no
demais espaços comunitários (escolas, associações entre
armazenamento, manuseio e descarte de produtos e
outros), de acordo com planejamento da equipe, com
resíduos odontológicos;
resolubilidade e em conformidade com protocolos, diretrizes XVII - Processar filme radiográfico;
clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas XVIII - Selecionar moldeiras;
estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do XIX - Preparar modelos em gesso;
Distrito Federal, observadas as disposições legais da XX - Manipular materiais de uso odontológico.
profissão; XXI - Exercer outras atribuições que sejam de
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil responsabilidade na sua área de atuação.
epidemiológico para o planejamento e a programação em 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
saúde bucal no território; I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante
AB em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, planejamento local e protocolos de atenção à saúde;
pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção
relacionados com as fases clínicas de moldagem, adaptação e esterilização do instrumental, dos equipamentos
e acompanhamento de próteses dentárias (elementar, total e odontológicos e do ambiente de trabalho;
parcial removível); III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à intervenções clínicas,
promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais; IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades saúde bucal;
referentes à saúde com os demais membros da equipe, V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
buscando aproximar saúde bucal e integrar ações de forma referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe
multidisciplinar; de Atenção Básica, buscando aproximar e integrar ações de
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal saúde de forma multidisciplinar;
(TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB); VI - Aplicar medidas de biossegurança no
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas armazenamento, transporte, manuseio e descarte de
pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da produtos e resíduos odontológicos;
equipe; VII - Processar filme radiográfico;
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de VIII - Selecionar moldeiras;
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas IX - Preparar modelos em gesso;
no território, junto aos demais membros da equipe; e X - Manipular materiais de uso odontológico realizando
IX - Exercer outras atribuições que sejam de manutenção e conservação dos equipamentos;
responsabilidade na sua área de atuação. XI - Participar da realização de levantamentos e estudos
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; e
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e XII - Exercer outras atribuições que sejam de
coletiva das famílias, indivíduos e a grupos específicos, responsabilidade na sua área de atuação.
atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica
comunitários (escolas, associações entre outros), segundo com o objetivo de contribuir para o aprimoramento e
programação e de acordo com suas competências técnicas e qualificação do processo de trabalho nas Unidades Básicas
legais; de Saúde, em especial ao fortalecer a atenção à saúde
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos prestada pelos profissionais das equipes à população
equipamentos odontológicos; adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A inclusão
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
referentes à saúde bucal com os demais membros da necessidade do território e cobertura de AB.
equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de Entende-se por Gerente de AB um profissional
forma multidisciplinar; qualificado, preferencialmente com nível superior, com o
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações papel de garantir o planejamento em saúde, de acordo com
de prevenção e promoção da saúde bucal; as necessidades do território e comunidade, a organização
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar do processo de trabalho, coordenação e integração das
em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
promoção à saúde; profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que
VI - Participar das ações educativas atuando na possua experiência na Atenção Básica, preferencialmente de
promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais; nível superior, e dentre suas atribuições estão:

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 22 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, ACE:
as diretrizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito a) Atribuições comuns do ACS e ACE
nacional, estadual, municipal e Distrito Federal, com ênfase I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural,
na Política Nacional de Atenção Básica, de modo a orientar a ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que
organização do processo de trabalho na UBS; atuam, contribuindo para o processo de territorialização e
II - Participar e orientar o processo de territorialização, mapeamento da área de atuação da equipe;
diagnóstico situacional, planejamento e programação das II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de
equipes, avaliando resultados e propondo estratégias para o prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais
alcance de metas de saúde, junto aos demais profissionais; prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de de visitas domiciliares regulares e de ações educativas
trabalho das equipes que atuam na AB sob sua gerência, individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros
contribuindo para implementação de políticas, estratégias e espaços da comunidade, incluindo a investigação
programas de saúde, bem como para a mediação de epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos
conflitos e resolução de problemas; junto a outros profissionais da equipe quando necessário;
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade
profissionais envolvidos no cuidado e gestores assumem estabelecida no planejamento da equipe e conforme as
responsabilidades pela sua própria segurança de seus necessidades de saúde da população, para o monitoramento
colegas, pacientes e familiares, encorajando a identificação, da situação das famílias e indivíduos do território, com
a notificação e a resolução dos problemas relacionados à especial atenção às pessoas com agravos e condições que
segurança; necessitem de maior número de visitas domiciliares;
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos IV - Identificar e registrar situações que interfiram no
sistemas de informação da Atenção Básica vigente, por parte curso das doenças ou que tenham importância
dos profissionais, verificando sua consistência, estimulando a epidemiológica relacionada aos fatores ambientais,
utilização para análise e planejamento das ações, e realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de
divulgando os resultados obtidos; doenças infecciosas e agravos;
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e
favorecendo o trabalho em equipe; agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, individual e coletiva;
tecnológicos e equipamentos existentes na UBS, apoiando VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos,
os processos de cuidado a partir da orientação à equipe encaminhar os usuários para a unidade de saúde de
sobre a correta utilização desses recursos; referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos saúde responsável pelo território;
(manutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver
zelando pelo bom uso dos recursos e evitando o medidas simples de manejo ambiental e outras formas de
desabastecimento; intervenção no ambiente para o controle de vetores;
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do
instâncias necessárias e articular com demais atores da seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos
gestão e do território com vistas à qualificação do trabalho e serviços de saúde disponíveis;
da atenção à saúde realizada na UBS; IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação públicas voltadas para a área da saúde;
dos profissionais na organização dos fluxos de usuários, com X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que
base em protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, possam potencializar ações intersetoriais de relevância para
apoiando a referência e contrarreferência entre equipes que a promoção da qualidade de vida da população, como ações
atuam na AB e nos diferentes pontos de atenção, com e programas de educação, esporte e lazer, assistência
garantia de encaminhamentos responsáveis; social, entre outros; e
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
do território, e estimular a atuação intersetorial, com atenção por legislação específica da categoria, ou outra normativa
diferenciada para as vulnerabilidades existentes no território; instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
XII - Identificar as necessidades de Federal.
formação/qualificação dos profissionais em conjunto com a b) Atribuições do ACS:
equipe, visando melhorias no processo de trabalho, na I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em
qualidade e resolutividade da atenção, e promover a base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de
Educação Permanente, seja mobilizando saberes na própria sua área, man-tendo os dados atualizados no sistema de
UBS, ou com parceiros; informação da Atenção Básica vigente, utilizando-os de
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da
participação dos profissionais e usuários em instâncias de
situação de saúde, considerando as características sociais,
controle social;
XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do
possível quanto a ocorrências que interfiram no território, e priorizando as situações a serem acompanhadas
funcionamento da unidade; e no planejamento local;
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações
designadas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, de que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da
acordo com suas competências. comunidade;
4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de III - Registrar, para fins de planejamento e
Combate a Endemias (ACE) acompanhamento das ações de saúde, os dados de
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde,
Vigilância em Saúde devem se unir para a adequada garantido o sigilo ético;
identificação de problemas de saúde nos territórios e o IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre
planejamento de estratégias de intervenção clínica e a equipe de saúde e a população adscrita à UBS,
sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as considerando as características e as finalidades do trabalho
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou
devem ser integradas. coletividades;
Assim, além das atribuições comuns a todos os V - Informar os usuários sobre as datas e horários de
profissionais da equipe de AB, são atribuições dos ACS e consultas e exames agendados;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 23 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
VI - Participar dos processos de regulação a partir da responsabilidade na sua área de atuação.
Atenção Básica para acompanhamento das necessidades 4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB):
dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e
desistências de consultas e exames solicitados; coletiva das famílias, indivíduos e a grupos específicos,
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou
por legislação específica da categoria, ou outra normativa necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito comunitários (escolas, associações entre outros), segundo
Federal. programação e de acordo com suas competências técnicas e
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente legais;
Comunitário de Saúde, a serem realizadas em caráter II - Coordenar a manutenção e a conservação dos
excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível equipamentos odontológicos;
superior, membro da equipe, após treinamento específico e III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
fornecimento de equipamentos adequados, em sua base referentes à saúde bucal com os demais membros da
geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de
unidade de saúde de referência. forma multidisciplinar;
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações
objetivo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; de prevenção e promoção da saúde bucal;
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar
domicílio, para o acompanhamento dos casos em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de
diagnosticados de diabetes mellitus e segundo projeto promoção à saúde;
terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na Atenção VI - Participar das ações educativas atuando na
Básica; promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais;
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita VII - Participar da realização de levantamentos e estudos
domiciliar; epidemiológicos, exceto na categoria de examinador;
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
realizadas com material limpo, água corrente ou soro saúde bucal;
fisiológico e cobertura estéril, com uso de coberturas IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a
passivas, que somente cobre a ferida; e indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista;
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico
domiciliar, mantendo a responsabilização pelo exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
acompanhamento da pessoa; XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas odontológicos na restauração dentária direta, sendo vedado
pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo
equipe; e cirurgião-dentista;
VII - Exercer outras atribuições que sejam de XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas
responsabilidade na sua área de atuação. intervenções clínicas e procedimentos demandados pelo
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: mesmo;
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, do Cirurgião Dentista;
tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia,
saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos desinfecção e esterilização do instrumental, dos
e a grupos específicos, atividades em grupo na UBS e, equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho;
quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo
demais espaços comunitários (escolas, associações entre operatório, antes e após atos cirúrgicos;
outros), de acordo com planejamento da equipe, com XVI - Aplicar medidas de biossegurança no
resolubilidade e em conformidade com protocolos, diretrizes armazenamento, manuseio e descarte de produtos e
clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas resíduos odontológicos;
estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do XVII - Processar filme radiográfico;
Distrito Federal, observadas as disposições legais da XVIII - Selecionar moldeiras;
profissão; XIX - Preparar modelos em gesso;
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil XX - Manipular materiais de uso odontológico.
epidemiológico para o planejamento e a programação em XXI - Exercer outras atribuições que sejam de
saúde bucal no território; responsabilidade na sua área de atuação.
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
AB em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde
pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante
relacionados com as fases clínicas de moldagem, adaptação planejamento local e protocolos de atenção à saúde;
e acompanhamento de próteses dentárias (elementar, total e II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção
parcial removível); e esterilização do instrumental, dos equipamentos
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à odontológicos e do ambiente de trabalho;
promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais; III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades intervenções clínicas,
referentes à saúde com os demais membros da equipe, IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
buscando aproximar saúde bucal e integrar ações de forma saúde bucal;
multidisciplinar; V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe
(TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB); de Atenção Básica, buscando aproximar e integrar ações de
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas saúde de forma multidisciplinar;
pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da VI - Aplicar medidas de biossegurança no
equipe; armazenamento, transporte, manuseio e descarte de
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de produtos e resíduos odontológicos;
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas VII - Processar filme radiográfico;
no território, junto aos demais membros da equipe; e VIII - Selecionar moldeiras;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de IX - Preparar modelos em gesso;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 24 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
X - Manipular materiais de uso odontológico realizando equipe, visando melhorias no processo de trabalho, na
manutenção e conservação dos equipamentos; qualidade e resolutividade da atenção, e promover a
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos Educação Permanente, seja mobilizando saberes na própria
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; e UBS, ou com parceiros;
XII -. Exercer outras atribuições que sejam de XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a
responsabilidade na sua área de atuação. participação dos profissionais e usuários em instâncias de
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica controle social;
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo
com o objetivo de contribuir para o aprimoramento e possível quanto a ocorrências que interfiram no
qualificação do processo de trabalho nas Unidades Básicas funcionamento da unidade; e
de Saúde, em especial ao fortalecer a atenção à saúde XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam
prestada pelos profissionais das equipes à população designadas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, de
adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A inclusão acordo com suas competências.
deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de
necessidade do território e cobertura de AB. Combate a Endemias (ACE)
Entende-se por Gerente de AB um profissional Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e
qualificado, preferencialmente com nível superior, com o Vigilância em Saúde devem se unir para a adequada
papel de garantir o planejamento em saúde, de acordo com identificação de problemas de saúde nos territórios e o
as necessidades do território e comunidade, a organização planejamento de estratégias de intervenção clínica e
do processo de trabalho, coordenação e integração das sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
ações. Importante ressaltar que o gerente não seja atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE)
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que devem ser integradas.
possua experiência na Atenção Básica, preferencialmente de Assim, além das atribuições comuns a todos os
nível superior, e dentre suas atribuições estão: profissionais da equipe de AB, são atribuições dos ACS e
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, ACE:
as diretrizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito a) Atribuições comuns do ACS e ACE
nacional, estadual, municipal e Distrito Federal, com ênfase I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural,
na Política Nacional de Atenção Básica, de modo a orientar a ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que
organização do processo de trabalho na UBS; atuam, contribuindo para o processo de territorialização e
II - Participar e orientar o processo de territorialização, mapeamento da área de atuação da equipe;
diagnóstico situacional, planejamento e programação das II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de
equipes, avaliando resultados e propondo estratégias para o prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais
alcance de metas de saúde, junto aos demais profissionais; prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de de visitas domiciliares regulares e de ações educativas
trabalho das equipes que atuam na AB sob sua gerência, individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros
contribuindo para implementação de políticas, estratégias e espaços da comunidade, incluindo a investigação
programas de saúde, bem como para a mediação de epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos
conflitos e resolução de problemas; junto a outros profissionais da equipe quando necessário;
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade
profissionais envolvidos no cuidado e gestores assumem estabelecida no planejamento da equipe e conforme as
responsabilidades pela sua própria segurança de seus necessidades de saúde da população, para o monitoramento
colegas, pacientes e familiares, encorajando a identificação, da situação das famílias e indivíduos do território, com
a notificação e a resolução dos problemas relacionados à especial atenção às pessoas com agravos e condições que
segurança; necessitem de maior número de visitas domiciliares;
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos IV - Identificar e registrar situações que interfiram no
sistemas de informação da Atenção Básica vigente, por parte curso das doenças ou que tenham importância
dos profissionais, verificando sua consistência, estimulando a epidemiológica relacionada aos fatores ambientais,
utilização para análise e planejamento das ações, e realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de
divulgando os resultados obtidos; doenças infecciosas e agravos;
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e
favorecendo o trabalho em equipe; agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, individual e coletiva;
tecnológicos e equipamentos existentes na UBS, apoiando VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos,
os processos de cuidado a partir da orientação à equipe encaminhar os usuários para a unidade de saúde de
sobre a correta utilização desses recursos; referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos saúde responsável pelo território;
(manutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver
zelando pelo bom uso dos recursos e evitando o medidas simples de manejo ambiental e outras formas de
desabastecimento; intervenção no ambiente para o controle de vetores;
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do
instâncias necessárias e articular com demais atores da seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos
gestão e do território com vistas à qualificação do trabalho e serviços de saúde disponíveis;
da atenção à saúde realizada na UBS; IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação públicas voltadas para a área da saúde;
dos profissionais na organização dos fluxos de usuários, com X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que
base em protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, possam potencializar ações intersetoriais de relevância para
apoiando a referência e contrarreferência entre equipes que a promoção da qualidade de vida da população, como ações
atuam na AB e nos diferentes pontos de atenção, com e programas de educação, esporte e lazer, assistência
garantia de encaminhamentos responsáveis; social, entre outros; e
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
do território, e estimular a atuação intersetorial, com atenção por legislação específica da categoria, ou outra normativa
diferenciada para as vulnerabilidades existentes no território; instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
XII - Identificar as necessidades de Federal.
formação/qualificação dos profissionais em conjunto com a b)Atribuições do ACS:

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SAÚDE PÚBLICA
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em controle de doenças; e
base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
sua área, man-tendo os dados atualizados no sistema de por legislação específica da categoria, ou outra normativa
informação da Atenção Básica vigente, utilizando-os de instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da Federal.
situação de saúde, considerando as características sociais, O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção
econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do Básica (eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e
território, e priorizando as situações a serem acompanhadas serem coordenados por profissionais de saúde de nível
no planejamento local; superior realizado de forma compartilhada entre a Atenção
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações Básica e a Vigilância em Saúde. Nas localidades em que não
que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da houver cobertura por equipe de Atenção Básica (eAB) ou
comunidade; equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se vincular à
III - Registrar, para fins de planejamento e equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
acompanhamento das ações de saúde, os dados de (EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à
nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde, equipe de vigilância em saúde do município e sua supervisão
garantido o sigilo ético; técnica deve ser realizada por profissional com comprovada
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre capacidade técnica, podendo estar vinculado à equipe de
a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, atenção básica, ou saúde da família, ou a outro serviço a ser
considerando as características e as finalidades do trabalho definido pelo gestor local.
de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou
coletividades; 5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de BÁSICA
consultas e exames agendados; A Atenção Básica como contato preferencial dos
VI - Participar dos processos de regulação a partir da usuários na rede de atenção à saúde orienta-se pelos
Atenção Básica para acompanhamento das necessidades princípios e diretrizes do SUS, a partir dos quais assume
dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou funções e características específicas. Considera as pessoas
desistências de consultas e exames solicitados; em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas produzir a atenção integral, por meio da promoção da saúde,
por legislação específica da categoria, ou outra normativa da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do
instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito tratamento, da reabilitação e da redução de danos ou de
Federal. sofrimentos que possam comprometer sua autonomia.
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho
Comunitário de Saúde, a serem realizadas em caráter na Atenção Básica se caracteriza por:
excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível I - Definição do território e Territorialização - A gestão
superior, membro da equipe, após treinamento específico e deve definir o território de responsabilidade de cada equipe,
fornecimento de equipamentos adequados, em sua base e esta deve conhecer o território de atuação para programar
geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a suas ações de acordo com o perfil e as necessidades da
unidade de saúde de referência. comunidade, considerando diferentes elementos para a
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o cartografia: ambientais, históricos, demográficos,
objetivo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc.
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no Importante refazer ou complementar a territorialização
domicílio, para o acompanhamento dos casos sempre que necessário, já que o território é vivo. Nesse
diagnosticados de diabetes mellitus e segundo projeto processo, a Vigilância em Saúde (sanitária, ambiental,
terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na Atenção epidemiológica e do trabalhador) e a Promoção da Saúde se
Básica; mostram como referenciais essenciais para a identificação
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita da rede de causalidades e dos elementos que exercem
domiciliar; determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando na
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são percepção dos problemas de saúde da população por parte
realizadas com material limpo, água corrente ou soro da equipe e no planejamento das estratégias de intervenção.
fisiológico e cobertura estéril, com uso de coberturas Além dessa articulação de olhares para a compreensão
passivas, que somente cobre a ferida; e do território sob a responsabilidade das equipes que atuam
V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta na AB, a integração entre as ações de Atenção Básica e
administração da medicação do paciente em situação de Vigilância em Saúde deve ser concreta, de modo que se
vulnerabilidade. recomenda a adoção de um território único para ambas as
Importante ressaltar que os ACS só realizarão a equipes, em que o Agente de Combate às Endemias
execução dos procedimentos que requeiram capacidade trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde e
técnica específica se detiverem a respectiva formação, os demais membros da equipe multiprofissional de AB na
respeitada autorização legal. identificação das necessidades de saúde da população e no
c) Atribuições do ACE: planejamento das intervenções clínicas e sanitárias.
I - Executar ações de campo para pesquisa Possibilitar, de acordo com a necessidade e
entomológica, malacológica ou coleta de reservatórios de conformação do território, através de pactuação e
doenças; negociação entre gestão e equipes, que o usuário possa ser
II - Realizar cadastramento e atualização da base de atendido fora de sua área de cobertura, mantendo o diálogo
imóveis para planejamento e definição de estratégias de e a informação com a equipe de referência.
prevenção, intervenção e controle de doenças, incluindo, II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes
dentre outros, o recenseamento de animais e levantamento devem assumir em seu território de referência (adstrição),
de índice amostral tecnicamente indicado; considerando questões sanitárias, ambientais (desastres,
III - Executar ações de controle de doenças utilizando as controle da água, solo, ar), epidemiológicas (surtos,
medidas de controle químico, biológico, manejo ambiental e epidemias, notificações, controle de agravos), culturais e
outras ações de manejo integrado de vetores; socioeconômicas, contribuindo por meio de intervenções
IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da população
reconhecimento geográfico de seu território; e com residência fixa, os itinerantes (população em situação
V - Executar ações de campo em projetos que visem de rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados,
avaliar novas metodologias de intervenção para prevenção e assentados, etc) ou mesmo trabalhadores da área adstrita.

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SAÚDE PÚBLICA
III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização as situações con-forme suas especificidades, dinâmicas e
é fundamental para a efetivação da Atenção Básica como tempo.
contato e porta de entrada preferencial da rede de atenção, b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se
primeiro atendimento às urgências/emergências, estabelece nas relações entre as pessoas e os
acolhimento, organização do escopo de ações e do processo trabalhadores, nos modos de escuta, na maneira de lidar
de trabalho de acordo com demandas e necessidades da com o não previsto, nos modos de construção de vínculos
população, através de estratégias diversas (protocolos e (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético
diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de situacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou
encaminhamento para os outros pontos de atenção da RAS, facilitando o acesso sobretudo para aqueles que procuram a
etc). Caso o usuário acesse a rede através de outro nível de UBS fora das consultas ou atividades agendadas.
atenção, ele deve ser referenciado à Atenção Básica para c. Dispositivo de (re)organização do processo de
que siga sendo acompanhado, assegurando a continuidade trabalho em equipe - a implantação do acolhimento pode
do cuidado. provocar mudanças no modo de organização das equipes,
IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de relação entre trabalhadores e modo de cuidar. Para acolher a
relações de vínculo e responsabilização entre a equipe e a demanda espontânea com equidade e qualidade, não basta
população do seu território de atuação, de forma a facilitar a distribuir senhas em número limitado, nem é possível
adesão do usuário ao cuidado compartilhado com a equipe encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás o acolhimento
(vinculação de pessoas e/ou famílias e grupos a não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a partir do
profissionais/equipes, com o objetivo de ser referência para o acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto de
ofertas que ela tem apresentado para lidar com as
seu cuidado).
necessidades de saúde da população e território. Para isso é
V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as
importante que a equipe defina quais profissionais vão
pessoas do seu território de referência, de modo universal e
receber o usuário que chega; como vai avaliar o risco e
sem diferenciações excludentes. Acesso tem relação com a
vulnerabilidade; fluxos e protocolos para encaminhamento;
capacidade do serviço em responder às necessidades de
como organizar a agenda dos profissionais para o cuidado;
saúde da população (residente e itinerante). Isso implica etc.
dizer que as necessidades da população devem ser o Destacam-se como importantes ações no processo de
principal referencial para a definição do escopo de ações e avaliação de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o
serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão Acolhimento com Classificação de Risco (a) e a
organizados e para o todo o funcionamento da UBS, Estratificação de Risco (b).
permitindo diferenciações de horário de atendimento a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta
(estendido, sábado, etc), formas de agendamento (por hora qualificada e comprometida com a avaliação do potencial de
marcada, por telefone, e-mail, etc), e outros, para assegurar risco, agravo à saúde e grau de sofrimento dos usuários,
o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda-se evitar barreiras considerando dimensões de expressão (física, psíquica,
de acesso como o fechamento da unidade durante o horário social, etc) e gravidade, que possibilita priorizar os
de almoço ou em períodos de férias, entre outros, impedindo atendimentos a eventos agudos (condições agudas e
ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que agudizações de condições crônicas) conforme a
horários alternativos de funcionamento que atendam necessidade, a partir de critérios clínicos e de vulnerabilidade
expressamente a necessidade da população podem ser disponíveis em diretrizes e protocolos assistenciais definidos
pactuados através das instâncias de participação social e no SUS.
gestão local. O processo de trabalho das equipes deve estar
Importante ressaltar também que para garantia do organizado de modo a permitir que casos de
acesso é necessário acolher e resolver os agravos de maior urgência/emergência tenham prioridade no atendimento,
incidência no território e não apenas as ações programáticas, independentemente do número de consultas agendadas no
garantindo um amplo escopo de ofertas nas unidades, de período. Caberá à UBS prover atendimento adequado à
modo a concentrar recursos e maximizar ofertas. situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos
VI - O acolhimento deve estar presente em todas as em outros pontos de atenção da RAS.
relações de cuidado, nos encontros entre trabalhadores de As informações obtidas no acolhimento com
saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas, classificação de risco deverão ser registradas em prontuário
suas necessidades, problematizando e reconhecendo como do cidadão (físico ou preferencialmente eletrônico).
legítimas, e realizando avaliação de risco e vulnerabilidade Os desfechos do acolhimento com classificação de risco
das famílias daquele território, sendo que quanto maior o poderão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento
grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá ser a imediato;
quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção 1. consulta ou procedimento em horário disponível no
para as condições crônicas. mesmo dia;
Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou 2. agendamento de consulta ou procedimento em data
me-nos longo ou permanente que exige resposta e ações futura, para usuário do território;
contínuas, proativas e integradas do sistema de atenção à 3. procedimento para resolução de demanda simples
saúde, dos profissionais de saúde e das pessoas usuárias prevista em protocolo, como renovação de receitas para
para o seu controle efetivo, eficiente e com qualidade. pessoas com condições crônicas, condições clínicas estáveis
Ressalta-se a importância de que o acolhimento ou solicitação de exames para o seguimento de linha de
aconteça durante todo o horário de funcionamento da UBS, cuidado bem definida;
na organização dos fluxos de usuários na unidade, no 4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS,
estabelecimento de avaliações de risco e vulnerabilidade, na mediante contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e
definição de modelagens de escuta (individual, coletiva, etc), 5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com
na gestão das agendas de atendimento individual, nas indicação específica do serviço de saúde que deve ser
ofertas de cuidado multidisciplinar, etc. procurado, no município ou fora dele, nas demandas em que
A saber, o acolhimento à demanda espontânea na a classificação de risco não exija atendimento no momento
Atenção Básica pode se constituir como: da procura do serviço.
a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se
equipe deve atender todos as pessoas que chegarem na utiliza critérios clínicos, sociais, econômicos, familiares e
UBS, conforme sua necessidade, e não apenas outros, com base em diretrizes clínicas, para identificar
determinados grupos populacionais, ou agravos mais subgrupos de acordo com a complexidade da condição
prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida. Dessa crônica de saúde, com o objetivo de diferenciar o cuidado
forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir na Rede de
a agenda programada e a demanda espontânea, abordando Atenção à Saúde para um cuidado integral.

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SAÚDE PÚBLICA
A estratificação de risco da população adscrita a em saúde e realizar o cuidado compartilhado com as equipes
determinada UBS é fundamental para que a equipe de saúde de atenção domiciliar nos casos de maior complexidade.
organize as ações que devem ser oferecidas a cada grupo X - Programação e implementação das atividades de
ou estrato de risco/vulnerabilidade, levando em consideração atenção à saúde de acordo com as necessidades de saúde
a necessidade e adesão dos usuários, bem como a da população, com a priorização de intervenções clínicas e
racionalidade dos recursos disponíveis nos serviços de sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios de
saúde. frequência, risco, vulnerabilidade e resiliência. Inclui-se aqui
VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional - o planejamento e organização da agenda de trabalho
Considerando a diversidade e complexidade das situações compartilhada de todos os profissionais, e recomenda- se
com as quais a Atenção Básica lida, um atendimento integral evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas de
requer a presença de diferentes formações profissionais saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o
trabalhando com ações compartilhadas, assim como, com acesso dos usuários. Recomenda-se a utilização de
processo interdisciplinar centrado no usuário, incorporando instrumentos de planejamento estratégico situacional em
práticas de vigilância, promoção e assistência à saúde, bem saúde, que seja ascendente e envolva a participação popular
como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É (gestores, trabalhadores e usuários).
possível integrar também profissionais de outros níveis de XI - Implementação da Promoção da Saúde como um
atenção. princípio para o cuidado em saúde, entendendo que, além da
VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir sua importância para o olhar sobre o território e o perfil das
nos riscos, necessidades e demandas de saúde da pessoas, considerando a determinação social dos processos
população, atingindo a solução de problemas de saúde dos saúde-doença para o planejamento das intervenções da
usuários. A equipe deve ser resolutiva desde o contato equipe, contribui também para a qualificação e diversificação
inicial, até demais ações e serviços da AB de que o usuário das ofertas de cuidado. A partir do respeito à autonomia dos
necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo escopo de usuários, é possível estimular formas de andar a vida e
ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar comportamentos com prazer que permaneçam dentro de
recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável
encaminhando de forma qualificada o usuário que necessite e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada
de atendimento especializado. Isso inclui o uso de diferentes pessoa. Ainda, numa acepção mais ampla, é possível
tecnologias e abordagens de cuidado individual e coletivo, estimular a transformação das condições de vida e saúde de
por meio de habilidades das equipes de saúde para a indivíduos e coletivos, através de estratégias transversais
promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, que estimulem a aquisição de novas atitudes entre as
proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida mais
Importante promover o uso de ferramentas que apoiem e saudáveis e sustentáveis.
qualifiquem o cuidado realizado pelas equipes, como as Embora seja recomendado que as ações de promoção
ferramentas da clínica ampliada, gestão da clínica e da saúde estejam pautadas nas necessidades e demandas
promoção da saúde, para ampliação da resolutividade e singulares do território de atuação da AB, denotando uma
abrangência da AB. ampla possibilidade de temas para atuação, destacam-se
Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um alguns de relevância geral na população brasileira, que
con-junto de tecnologias de microgestão do cuidado devem ser considerados na abordagem da Promoção da
destinado a promover uma atenção à saúde de qualidade, Saúde na AB: alimentação adequada e saudável; práticas
como protocolos e diretrizes clínicas, planos de ação, linhas corporais e atividade física; enfrentamento do uso do tabaco
de cuidado, projetos terapêuticos singulares, genograma, e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool;
ecomapa, gestão de listas de espera, auditoria clínica, promoção da redução de danos; promoção da mobilidade
indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização segura e sustentável; promoção da cultura de paz e de
dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada direitos humanos; promoção do desenvolvimento
nas pessoas; efetiva, estruturada com base em evidências sustentável.
científicas; segura, que não cause danos às pessoas e aos XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de
profissionais de saúde; eficiente, oportuna, prestada no doenças e agravos em todos os níveis de acepção deste
tempo certo; equitativa, de forma a reduzir as desigualdades termo (primária, secundária, terciária e quartenária), que
e que a oferta do atendimento se dê de forma humanizada. priorizem determinados perfis epidemiológicos e os fatores
VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à de risco clínicos, comportamentais, alimentares e/ou
população adscrita, com base nas necessidades sociais e de ambientais, bem como aqueles determinados pela produção
saúde, através do estabelecimento de ações de continuidade e circulação de bens, prestação de serviços de interesse da
informacional, interpessoal e longitudinal com a população. A saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalidade
Atenção Básica deve buscar a atenção integral e de dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de
qualidade, resolutiva e que contribua para o fortalecimento doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar
da autonomia das pessoas no cuidado à saúde, intervenções desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular
estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede o uso racional de medicamentos.
de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre
cuidado, a equipe deve ter noção sobre a ampliação da Atenção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo
clínica, o conhecimento sobre a realidade local, o trabalho contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e
em equipe multiprofissional e transdisciplinar, e a ação disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde,
intersetorial. visando ao planejamento e a implementação de medidas de
Para isso pode ser necessário realizar de ações de saúde pública para a proteção da saúde da população, a
atenção à saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem
saúde, no domicílio, em locais do território (salões como para a promoção da saúde.
comunitários, escolas, creches, praças, etc.) e outros As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas
espaços que comportem a ação planejada. atribuições de todos os profissionais da Atenção Básica e
IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada envolvem práticas e processos de trabalho voltados para:
a usuários que possuam problemas de saúde a. vigilância da situação de saúde da população, com
controlados/compensados e com dificuldade ou análises que subsidiem o planejamento, estabelecimento de
impossibilidade física de locomoção até uma Unidade Básica prioridades e estratégias, monitoramento e avaliação das
de Saúde, que necessitam de cuidados com menor ações de saúde pública;
frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas
famílias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância para a resposta de saúde pública;

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SAÚDE PÚBLICA
c. vigilância, prevenção e controle das doenças na AB, estimulando prática assistencial segura, envolvendo
transmissíveis; e os pacientes na segurança, criando mecanismos para evitar
d. vigilância das violências, das doenças crônicas não erros, garantir o cui-dado centrado na pessoa, realizando
transmissíveis e acidentes. planos locais de segurança do paciente, fornecendo melhoria
A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver contínua relacionando a identificação, a prevenção, a
ações integradas visando à promoção da saúde e prevenção
detecção e a redução de riscos.
de doenças nos territórios sob sua responsabilidade. Todos
profissionais de saúde deverão realizar a notificação XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão
compulsória e conduzir a investigação dos casos suspeitos local e do controle social, participando dos conselhos locais
ou confirmados de doenças, agravos e outros eventos de de saúde de sua área de abrangência, assim como, articular
relevância para a saúde pública, conforme protocolos e e incentivar a participação dos trabalhadores e da
normas vigentes. comunidade nas reuniões dos conselhos locais e municipal;
Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os e
processos de trabalho de acordo com a realidade local. XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde,
A integração das ações de Vigilância em Saúde com como parte do processo de trabalho das equipes que atuam
Atenção Básica, pressupõe a reorganização dos processos na Atenção Básica. Considera-se Educação Permanente em
de trabalho da equipe, a integração das bases territoriais Saúde (EPS) a aprendizagem que se desenvolve no
(território único), preferencialmente e rediscutir as ações e
trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao
atividades dos agentes comunitários de saúde e do agentes
cotidiano das organizações e do trabalho, baseandose na
de combate às endemias, com definição de papéis e
responsabilidades. aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar
A coordenação deve ser realizada por profissionais de as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é
nível superior das equipes que atuam na Atenção Básica. importante que a EPS se desenvolva essencialmente em
XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte espaços institucionalizados, que sejam parte do cotidiano
das equipes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de das equipes (reuniões, fóruns territoriais, entre outros),
forma que possam interferir no processo de saúde-doença devendo ter espaço garantido na carga horária dos
da população, no desenvolvimento de autonomia, individual trabalhadores e contemplar a qualificação de todos da
e coletiva, e na busca por qualidade de vida e promoção do equipe multiprofissional, bem como os gestores.
autocuidado pelos usuários. Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços
XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução institucionais em que equipe e gestores refletem, aprendem
com escolas, equipamentos do SUAS, associações de e trans-formam os processos de trabalho no dia-a-dia, de
moradores, equipamentos de segurança, entre outros, que modo a potencializá-los, tais como Cooperação Horizontal,
tenham relevância na comunidade, integrando projetos e Apoio Institucional, Tele Educação, Formação em Saúde.
redes de apoio social, voltados para o desenvolvimento de Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado
uma atenção integral; como uma função gerencial que busca a reformulação do
XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos modo tradicional de se fazer coordenação, planejamento,
modelos de atenção e gestão, tais como, a participação supervisão e avaliação em saúde. Ele deve assumir como
coletiva nos processos de gestão, a valorização, fomento a objetivo a mudança nas organizações, tomando como
autonomia e protagonismo dos diferentes sujeitos implicados matéria-prima os problemas e tensões do cotidiano Nesse
na produção de saúde, autocuidado apoiado, o compromisso sentido, pressupõe-se o esforço de transformar os modelos
com a ambiência e com as condições de trabalho e cuidado, de gestão verticalizados em relações horizontais que
a constituição de vínculos solidários, a identificação das ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos
necessidades sociais e organização do serviço em função trabalhadores e gestores, baseados em relações contínuas e
delas, entre outras; solidárias.
XVI - Participação do planejamento local de saúde, A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da
assim como do monitoramento e a avaliação das ações na relação entre trabalhadores da AB no território (estágios de
sua equipe, unidade e município; visando à readequação do graduação e residências, projetos de pesquisa e extensão,
processo de trabalho e do planejamento frente às entre outros), beneficiam AB e instituições de ensino e
necessidades, realidade, dificuldades e possibilidades pesquisa, trabalhadores, docentes e discentes e, acima de
analisadas. tudo, a população, com profissionais de saúde mais
O planejamento ascendente das ações de saúde deverá qualificados para a atuação e com a produção de
ser elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, conhecimento na AB. Para o fortalecimento da integração
dos municípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, entre ensino, serviços e comunidade no âmbito do SUS,
partindo-se do reconhecimento das realidades presentes no destaca-se a estratégia de celebração de instrumentos
território que influenciam a saúde, condicionando as ofertas contratuais entre instituições de ensino e serviço, como
da Rede de Atenção Saúde de acordo com a forma de garantir o acesso a todos os estabelecimentos de
necessidade/demanda da população, com base em saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde
parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação como cenário de práticas para a formação no âmbito da
epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território graduação e da residência em saúde no SUS, bem como de
adscrito. estabelecer atribuições das partes relacionadas ao
As ações em saúde planejadas e propostas pelas funcionamento da integração ensino-serviço- comunidade.
equipes deverão considerar o elenco de oferta de ações e de Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano
serviços prestados na AB, os indicadores e parâmetros, das equipes, de forma complementar, é possível oportunizar
pactuados no âmbito do SUS. processos formativos com tempo definido, no intuito de
desenvolver reflexões, conhecimentos, competências,
As equipes que atuam na AB deverão manter
habilidades e atitudes específicas, através dos processos de
atualizadas as informações para construção dos indicadores Educação Continuada, igualmente como estratégia para a
estabelecidos pela gestão, com base nos parâmetros qualificação da AB. As ofertas educacionais devem, de todo
pactuados alimentando, de forma digital, o sistema de modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para a
informação de Atenção Básica vigente; Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos
XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente profissionais.

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SAÚDE PÚBLICA
6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO depender da disponibilidade orçamentária e demanda de
BÁSICA credenciamento.
O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e 1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos
com detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de incentivos financeiros quando as equipes de Saúde da
Saúde garantido nos instrumentos conforme especificado no Família (eSF) e/ou Atenção Básica (eAB) forem compostas
Plano Nacional, Estadual e Municipal de gestão do SUS. No por profissionais de Saúde Bucal, serão transferidos a cada
âmbito federal, o montante de recursos financeiros mês, o valor correspondente a modalidade, tendo como base
destinados à viabilização de ações de Atenção Básica à o número de equipe de Saúde Bucal (eSB) registrados no
saúde compõe o bloco de financiamento de Atenção Básica Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
(Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência
investimento e seus recursos deverão ser utilizados para financeira.
financiamento das ações de Atenção Básica. 1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das
Os repasses dos recursos da AB aos municípios são Equipes de Saúde Bucal será publicado em portaria
efetuados em conta aberta especificamente para este fim, de específica.
acordo com a normatização geral de transferências de 1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e
recursos fundo a fundo do Ministério da Saúde com o Fluviais
objetivo de facilitar o acompanhamento pelos Conselhos de 4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os
Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e do Distrito valores dos incentivos financeiros para as equipes de Saúde
Federal. da Família Ribeirinhas (eSFR) implantadas serão
O financiamento federal para as ações de Atenção transferidos a cada mês, tendo como base o número de
Básica deverá ser composto por: equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) registrados
I - Recursos per capita; que levem em consideração no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao
aspectos sociodemográficos e epidemiológicos; da respectiva competência financeira.
II - Recursos que estão condicionados à implantação de O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
estratégias e programas da Atenção Básica, tais como os das equipes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será
recursos específicos para os municípios que implantarem, as publicado em portaria específica e poderá ser agregado um
equipes de Saúde da Família (eSF), as equipes de Atenção valor nos casos em que a equipe necessite de transporte
Básica (eAB), as equipes de Saúde Bucal (eSB), de Agentes fluvial para acessar as comunidades ribeirinhas adscritas
Comunitários de Saúde (EACS), dos Núcleos Ampliado de para execução de suas atividades.
Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), dos 4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os
Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais valores dos incentivos financeiros para as equipes de Saúde
(eSFF) e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e da Família Fluviais (eSFF) implantadas serão transferidos a
Programa Academia da Saúde; cada mês, tendo como base o número de Unidades Básicas
III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de de Saúde Fluviais (UBSF) registrados no sistema de
ações e serviços; Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva
IV - Recursos condicionados ao desempenho dos competência financeira.
serviços de Atenção Básica com parâmetros, aplicação e O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
comparabilidade nacional, tal como o Programa de Melhoria das Unidades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em
de Acesso e Qualidade; portaria específica. Assim como, os critérios mínimos para o
V - Recursos de investimento; custeio das Unidades preexistentes ao Programa de
Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se Construção de Unidades Básicas de Saúde Fluviais.
ajustar conforme a regulamentação de transferência de 4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR)
recursos federais para o financiamento das ações e serviços Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos
públicos de saúde no âmbito do SUS, respeitando Consultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a
especificidades locais, e critério definido na LC 141/2012. cada mês, tendo como base a modalidade e o número de
I - Recurso per capita: equipes cadastradas no sistema de Cadastro Nacional
O recurso per capita será transferido mensalmente, de vigente no mês anterior ao da respectiva competência
forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde financeira.
aos Fundos Municipais de Saúde e do Distrito Federal com Os valores do repasse mensal que as equipes dos
base num valor multiplicado pela população do Município. Consultórios na Rua (eCR) farão jus será definido em
A população de cada município e do Distrito Federal será portaria específica.
a população definida pelo IBGE e publicada em portaria 5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção
específica pelo Ministério da Saúde. Básica (NASF-AB) O valor do incentivo federal para o custeio
II - Recursos que estão condicionados à implantação de de cada NASFAB, dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3)
estratégias e programas da Atenção Básica e será determinado em portaria específica. Os valores dos
1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos incentivos financeiros para os NASF-AB implantados serão
incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família transferidos a cada mês, tendo como base o número de
implantadas serão prioritário e superior, transferidos a cada NASF-AB cadastrados no SCNES vigente.
mês, tendo como base o número de equipe de Saúde da 6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
Família (eSF) registrados no sistema de Cadastro Nacional Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de
vigente no mês anterior ao da respectiva competência ACS (EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo
financeira. como base o número de Agentes Comunitários de Saúde
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio (ACS), registrados no sistema de Cadastro Nacional vigente
das equipes de Saúde da Família será publicado em portaria no mês anterior ao da respectiva competência financeira.
específica Será repassada uma parcela extra, no último trimestre de
2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos cada ano, cujo valor será calculado com base no número de
incentivos financeiros para as equipes de Atenção Básica Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadastro de
(eAB) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano
como base o número de equipe de Atenção Básica (eAB) vigente.
registrados no Sistema de Cadastro Nacional de A efetivação da transferência dos recursos financeiros
Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da descritos no item B tem por base os dados de alimentação
respectiva competência financeira. obrigatória do Sistema de Cadastro Nacional de
O percentual de financiamento das equipes de Atenção Estabelecimentos de Saúde, cuja responsabilidade de
Básica (eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a manutenção e atualização é dos gestores dos estados, do

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 30 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
Distrito Federal e dos municípios, estes devem transferir os ao item II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses
dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo dos incentivos referentes às equipes e aos serviços citados
com o cronograma definido anualmente pelo SCNES. acima, nos casos em que forem constatadas, por meio do
III - Do credenciamento monitoramento e/ou da supervisão direta do Ministério da
Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de Saúde ou da Secretaria Estadual de Saúde ou por auditoria
todas as equipes que atuam na Atenção Básica, pelos do DENASUS ou dos órgãos de controle competentes,
Municípios e Distrito Federal, deve-se obedecer aos qualquer uma das seguintes situações:
seguintes critérios: I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada
I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento para o trabalho das equipes e/ou;
das equipes que atuam na Atenção Básica, pelos II - ausência, por um período superior a 60 dias, de
Municípios/Distrito Federal; qualquer um dos profissionais que compõem as equipes
a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com descritas no item B, com exceção dos períodos em que a
as orientações para a elaboração da proposta de projeto, contratação de profissionais esteja impedida por legislação
considerando as diretrizes da Atenção Básica; específica, e/ou;
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes III - descumprimento da carga horária mínima prevista
que atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo para os profissionais das equipes; e < >- ausência de
respectivo Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de alimentação regular de dados no Sistema de Informação da
Saúde do Distrito Federal; e Atenção Básica vigente.
c. As equipes que atuam na Atenção Básica que Especificamente para as equipes de saúde da família
receberão incentivo de custeio fundo a fundo devem estar (eSF) e equipes de Atenção Básica (eAB) com os
inseridas no plano de saúde e programação anual. profissionais de saúde bucal.
II - Após o recebimento da proposta do projeto de As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de
credenciamento das eABs, as Secretarias Estaduais de Atenção Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso,
Saúde, conforme prazo a ser publicado em portaria por falta de pro-fissional conforme previsto acima, poderão
específica, deverão realizar: manter os incentivos financeiros específicos para saúde
a. Análise e posterior encaminhamento das propostas bucal, conforme modalidade de implantação.
para aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e Parágrafo único: A suspensão será mantida até a
b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da adequação das irregularidades identificadas.
Saúde, a Resolução com o número de equipes por estratégia 6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos
e modalidades, que pleiteiam recebimento de incentivos suspensos
financeiros da atenção básica. Considerando a ocorrência de problemas na alimentação
Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta do SCNES e do sistema de informação vigente, por parte
de projeto de credenciamento das equipes que atuam na dos estados, Distrito Federal e dos municípios, o Ministério
Atenção Básica deverá ser diretamente encaminhada ao da Saúde poderá efetuar crédito retroativo dos incentivos
Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde. financeiros deste recurso variável. A solicitação de retroativo
III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da será válida para análise desde que a mesma ocorra em até 6
Resolução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto meses após a competência financeira de suspensão. Para
de equipes, critérios técnicos e disponibilidade orçamentária; solicitar os créditos retroativos, os municípios e o Distrito
e Federal deverão:
IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento - preencher o formulário de solicitação, conforme será
das novas equipes no Diário Oficial da União, a gestão disponibilizado em manual específico;- realizar as
municipal deverá cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de adequações necessárias nos sistemas vigentes (SCNES
Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde , num e/ou SISAB) que justifiquem o pleito de retroativo; e enviar
prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar a partir da data ofício à Secretaria de Saúde de seu estado, pleiteando o
de publicação da referida Portaria, sob pena de crédito retroativo , acompanhado do anexo referido no item I
descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não e documentação necessária a depender do motivo da
seja cumprido. suspensão. Parágrafo único: as orientações sobre a
Para recebimento dos incentivos correspondentes às documentação a ser encaminhada na solicitação de
equipes que atuam na Atenção Básica, efetivamente retroativo constarão em manual específico a ser publicado.
credenciadas em portaria e cadastradas no Sistema de As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, os documentação recebida dos municípios, deverão encaminhar
Municípios/Distrito Federal, deverão alimentar os dados no ao Departamento de Atenção Básica da Secretaria de
sistema de informação da Atenção Básica vigente, Atenção à Saúde, Ministério da Saúde (DAB/SAS/MS), a
comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das solicitação de complementação de crédito dos incentivos
atividades. tratados nesta Portaria, acompanhada dos documentos
1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante de
Atenção Básica crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser
O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de encaminhado diretamente ao DAB/SAS/MS.
recursos da Atenção Básica aos municípios e ao Distrito O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações
Federal, quando: recebidas, verificando a adequação da documentação
I - Não houver alimentação regular, por parte dos enviada e dos sistemas de informação vigentes (SCNES
municípios e do Distrito Federal, dos bancos de dados e/ou SISAB), bem como a pertinência da justificativa do
nacionais de informação, como: gestor, para deferimento ou não da solicitação.
a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de RICARDO BARROS
Estabelecimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de
profissional, ausência de profissional da equipe mínima ou LEI FEDERAL Nº 8.142/1990
erro no registro, con-forme normatização vigente; e
b. não envio de informação (produção) por meio de Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão
Sistema de Informação da Atenção Básica vigente por três do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências
meses consecutivos, conforme normativas específicas. intergovernamentais de recursos financeiros na área da
- identificado, por meio de auditoria federal, estadual e saúde e dá outras providências.
municipal, malversação ou desvio de finalidade na utilização
dos recursos. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

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SAÚDE PÚBLICA
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo
Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada orçamento;
esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira,
Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: Cargos e Salários (PCCS), previsto o prazo de dois anos
I - a Conferência de Saúde; e para sua implantação.
II - o Conselho de Saúde. Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro pelos Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos
anos com a representação dos vários segmentos sociais, estabelecidos neste artigo, implicará em que os recursos
para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a concernentes sejam administrados, respectivamente, pelos
formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, Estados ou pela União.
convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do
por esta ou pelo Conselho de Saúde. Ministro de Estado, autorizado a estabelecer condições para
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e aplicação desta lei.
deliberativo, órgão colegiado composto por representantes Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da FERNANDO COLLOR
execução da política de saúde na instância correspondente,
inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas
decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA
constituído em cada esfera do governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde Aprova a Política Nacional de Atenção Básica,
(Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização
de Saúde (Conasems) terão representação no Conselho da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de
Nacional de Saúde. Saúde (SUS).
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de
Saúde e Conferências será paritária em relação ao conjunto O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das
dos demais segmentos. atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de único do art. 87 da Constituição, e
Saúde terão sua organização e normas de funcionamento
definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990,
conselho. que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serão alocados como: serviços correspondentes, e dá outras providências,
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da considerando:
Saúde, seus órgãos e entidades, da administração direta e Considerando a experiência acumulada do Controle
indireta; Social da Saúde à necessidade de aprimoramento do
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de Controle Social da Saúde no âmbito nacional e as reiteradas
iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso demandas dos Conselhos Estaduais e Municipais referentes
Nacional; às propostas de composição, organização e funcionamento,
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro
Ministério da Saúde; de 1990;
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de
implementados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. 2006, que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde;
artigo destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de
cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais novembro de 2011, que atualiza a Política Nacional de
ações de saúde. Alimentação e Nutrição;
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de
lei serão repassados de forma regular e automática para os janeiro de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção
Municípios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no
critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de
setembro de 1990. Saúde (SUS);
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos Considerando as Diretrizes da Política Nacional de
critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de Saúde Bucal;
setembro de 1990, será utilizado, para o repasse de Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013,
recursos, exclusivamente o critério estabelecido no § 1° do que Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no
mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990) 8.745, de 9 de dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, julho de 1981;
pelo menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de
restante aos Estados. 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de
execução de ações e serviços de saúde, remanejando, entre Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à
si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do art. 2° saúde, e a articulação interfederativa;
desta lei. Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° de 2007, que regulamenta o financiamento e a transferência
desta lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal de recursos federais para as ações e serviços de saúde, na
deverão contar com: forma de blocos de financiamento, com respectivo
I - Fundo de Saúde; monitoramento e controle;
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de
acordo com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; 2006, que aprova a Política de Promoção da Saúde;
III - plano de saúde; Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que 2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede
trata o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
1990; (SUS);

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 32 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem
2017 Consulta Pública sobre a proposta de revisão da ações e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). agosto de acordo com esta portaria serão denominados Unidade
2017; e Básica de Saúde - UBS. Parágrafo único. Todas as UBS são
Considerando a pactuação na Reunião da Comissão consideradas potenciais espaços de educação, formação de
Intergestores Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve: recursos humanos, pesquisa, ensino em serviço, inovação e
Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de avaliação tecnológica para a RAS.
Atenção Básica - PNAB, com vistas à revisão da
regulamentação de implantação e operacionalização CAPÍTULO I
vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, DAS RESPONSABILIDADES
estabelecendo-se as diretrizes para a organização do Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas
componente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - de governo:
RAS. I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e
Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica de gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas
considera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária nesta portaria;
à Saúde - APS, nas atuais concepções, como termos II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da
equivalentes, de forma a associar a ambas os princípios e as Família - ESF como estratégia prioritária de expansão,
diretrizes definidas neste documento. consolidação e qualificação da Atenção Básica;
Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde III - garantir a infraestrutura adequada e com boas
individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, condições para o funcionamento das UBS, garantindo
prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, espaço, mobiliário e equipamentos, além de acessibilidade
redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, de pessoas com deficiência, de acordo com as normas
desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e vigentes;
gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e IV - contribuir com o financiamento tripartite para
dirigida à população em território definido, sobre as quais as fortalecimento da Atenção Básica;
equipes assumem responsabilidade sanitária. V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e
§1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, além de
centro de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e outras atribuições que venham a ser pactuadas pelas
ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede. Comissões Intergestores;
§ 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais,
gratuitamente a todas as pessoas, de acordo com suas Estaduais e Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e
necessidades e demandas do território, considerando os metas para a organização da Atenção Básica;
determinantes e condicionantes de saúde. VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias
§ 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, organizacionais de qualificação da força de trabalho para
gênero, raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação gestão e atenção à saúde, estimular e viabilizar a formação,
sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição educação permanente e continuada dos profissionais,
socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual, garantir direitos trabalhistas e previdenciários, qualificar os
funcional e outras. vínculos de trabalho e implantar carreiras que associem
§ 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão desenvolvimento do trabalhador com qualificação dos
adotadas estratégias que permitam minimizar serviços ofertados às pessoas;
desigualdades/iniquidades, de modo a evitar exclusão social VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de
de grupos que possam vir a sofrer estigmatização ou profissionais de saúde para a Atenção Básica com vistas a
discriminação, de maneira que impacte na autonomia e na promover ofertas de cuidado e o vínculo;
situação de saúde. IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas
Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a de Informação da Atenção Básica vigentes, garantindo
serem operacionalizados na Atenção Básica: mecanismos que assegurem o uso qualificado dessas
I - Princípios: ferramentas nas UBS, de acordo com suas
a) Universalidade; responsabilidades;
b) Equidade; e X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para
c) Integralidade. transporte em saúde, compreendendo as equipes, pessoas
II - Diretrizes: para realização de procedimentos eletivos, exames, dentre
a) Regionalização e Hierarquização: outros, buscando assegurar a resolutividade e a
b) Territorialização; integralidade do cuidado na RAS, conforme necessidade do
c) População Adscrita; território e planejamento de saúde;
d) Cuidado centrado na pessoa; XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da
e) Resolutividade; Atenção Básica nos territórios;
f) Longitudinalidade do cuidado; XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle,
g) Coordenação do cuidado; regulação e acompanhamento sistemático dos resultados
h) Ordenação da rede; e alcançados pelas ações da Atenção Básica, como parte do
i) Participação da comunidade. processo de planejamento e programação;
Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados
prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica. pelas equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a
Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias utilização dos dados para o planejamento das ações;
de Atenção Básica, desde que observados os princípios e XIV - promover o intercâmbio de experiências entre
diretrizes previstos nesta portaria e tenham caráter gestores e entre trabalhadores, por meio de cooperação
transitório, devendo ser estimulada sua conversão em horizontal, e estimular o desenvolvimento de estudos e
Estratégia Saúde da Família. pesquisas que busquem o aperfeiçoamento e a
Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e disseminação de tecnologias e conhecimentos voltados à
Atenção Básica é condição essencial para o alcance de Atenção Básica;
resultados que atendam às necessidades de saúde da XV - estimular a participação popular e o controle social;
população, na ótica da integralidade da atenção à saúde e XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados
visa estabelecer processos de trabalho que considerem os para a formação de estudantes e trabalhadores de saúde,
determinantes, os riscos e danos à saúde, na perspectiva da para a formação em serviço e para a educação permanente
intra e intersetorialidade. e continuada nas Unidades Básicas de Saúde;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 33 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica acordo com prazos e fluxos estabelecidos para cada
e do uso racional de medicamentos, garantindo a sistema, retornando informações aos gestores municipais;
disponibilidade e acesso a medicamentos e insumos em VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores
conformidade com a RENAME, os protocolos clínicos e da Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito
diretrizes terapêuticas, e com a relação específica fundamental de acesso à informação;
complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito VII - prestar apoio institucional aos municípios no
federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a processo de implantação, acompanhamento e qualificação
integralidade do cuidado; da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da
XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo Estratégia Saúde da Família;
de ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, VIII - definir estratégias de articulação com as gestões
compatíveis com as necessidades de saúde de cada municipais, com vistas à institucionalização do
localidade; monitoramento e avaliação da Atenção Básica;
XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e
avaliação para as equipes que atuam na Atenção Básica, a pedagógicos que facilitem o processo de formação e
fim de fomentar as práticas de monitoramento, avaliação e educação permanente dos membros das equipes de gestão
planejamento em saúde; e e de atenção;
XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria
Educação Permanente e gestão da rede assistencial. com as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e
Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das garantia de educação permanente aos profissionais de
ações de Atenção Básica no âmbito da União, sendo saúde das equipes que atuam na Atenção Básica; e
responsabilidades da União: XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de
I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na serviços como a estratégia prioritária de organização da
Comissão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Atenção Básica.
Política Nacional de Atenção Básica; Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a
II - garantir fontes de recursos federais para compor o coordenação do componente municipal da Atenção Básica,
financiamento da Atenção Básica; no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com a
III - destinar recurso federal para compor o financiamento política, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo
tripartite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e responsabilidades dos Municípios e do Distrito Federal:
automático, prevendo, entre outras formas, o repasse fundo I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de
a fundo para custeio e investimento das ações e serviços; Atenção Básica, de forma universal, dentro do seu território,
IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados, incluindo as unidades próprias e as cedidas pelo estado e
do Distrito Federal e dos municípios no processo de pela União;
qualificação e de consolidação da Atenção Básica; II - programar as ações da Atenção Básica a partir de
V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação sua base territorial de acordo com as necessidades de saúde
junto às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas identificadas em sua população, utilizando instrumento de
à institucionalização da avaliação e qualificação da Atenção programação nacional vigente;
Básica; III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas
VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e de cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na
disponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que Rede de Atenção à Saúde entre os diversos pontos de
facilitem o processo de gestão, formação e educação atenção de diferentes configurações tecnológicas, integrados
permanente dos gestores e profissionais da Atenção Básica; por serviços de apoio logístico, técnico e de gestão, para
VII - articular com o Ministério da Educação estratégias garantir a integralidade do cuidado.
de indução às mudanças curriculares nos cursos de IV - estabelecer e adotar mecanismos de
graduação e pós-graduação na área da saúde, visando à encaminhamento responsável pelas equipes que atuam na
formação de profissionais e gestores com perfil adequado à Atenção Básica de acordo com as necessidades de saúde
Atenção Básica; e das pessoas, mantendo a vinculação e coordenação do
VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com cuidado;
as Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito V - manter atualizado mensalmente o cadastro de
Federal, para formação e garantia de educação permanente equipes, profissionais, carga horária, serviços
e continuada para os profissionais de saúde da Atenção disponibilizados, equipamentos e outros no Sistema de
Básica, de acordo com as necessidades locais. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente,
Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao conforme regulamentação específica;
Distrito Federal a coordenação do componente estadual e VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção
distrital da Atenção Básica, no âmbito de seus limites Básica atue como a porta de entrada preferencial e
territoriais e de acordo com as políticas, diretrizes e ordenadora da RAS;
prioridades estabelecidas, sendo responsabilidades dos VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir
Estados e do Distrito Federal: espaços para a participação da comunidade no exercício do
I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e controle social;
Colegiado de Gestão no Distrito Federal, estratégias, VIII - destinar recursos municipais para compor o
diretrizes e normas para a implantação e implementação da financiamento tripartite da Atenção Básica;
Política Nacional de Atenção Básica vigente nos Estados e
IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e
Distrito Federal;
II - destinar recursos estaduais para compor o Secretaria Estadual de Saúde pelo monitoramento da
financiamento tripartite da Atenção Básica, de modo regular utilização dos recursos da Atenção Básica transferidos aos
e automático, prevendo, entre outras formas, o repasse município;
fundo a fundo para custeio e investimento das ações e X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede
serviços; de serviços como a estratégia prioritária de organização da
III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de Atenção Básica;
Atenção Básica nos municípios; XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no
IV - analisar os dados de interesse estadual gerados processo de implantação, acompanhamento, e qualificação
pelos sistemas de informação, utilizá-los no planejamento e da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da
divulgar os resultados obtidos; Estratégia Saúde da Família;
V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos
XII - definir estratégias de institucionalização da
sistemas de informação enviados pelos municípios, de
avaliação da Atenção Básica;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 34 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover eventos relacionados à saúde - além disso, visa o
acesso aos trabalhadores, para formação e garantia de planejamento e a implementação de ações públicas para a
educação permanente e continuada aos profissionais de proteção da saúde da população, a prevenção e o controle
saúde de todas as equipes que atuam na Atenção Básica de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção
implantadas; da saúde. Destaca-se ainda o desafio de superar
XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais compreensões simplistas, nas quais, entre outras, há
que compõem as equipes multiprofissionais de Atenção dicotomia e oposição entre a assistência e a promoção da
Básica, em conformidade com a legislação vigente; saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de que a
XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que
suficientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a a melhora das condições de saúde das pessoas e
execução do conjunto de ações propostas; coletividades passa por diversos fatores, os quais grande
XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial parte podem ser abordados na Atenção Básica.
necessário ao cuidado resolutivo da população;
XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a 1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
consistência dos dados inseridos nos sistemas nacionais de DA ATENÇÃO BÁSICA
informação a serem enviados às outras esferas de gestão, Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de
utilizá-los no planejamento das ações e divulgar os serviços ofertados na Atenção Básica serão orientadores
resultados obtidos, a fim de assegurar o direito fundamental para a sua organização nos municípios, conforme descritos a
de acesso à informação; seguir:
XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia
das referências a serviços e ações de saúde fora do âmbito 1.1 - Princípios
da Atenção Básica e de acordo com as necessidades de - Universalidade: possibilitar o acesso universal e
saúde das mesmas; e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos,
IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral caracterizados como a porta de entrada aberta e preferencial
de todos os profissionais que compõem as equipes que da RAS (primeiro contato), acolhendo as pessoas e
atuam na Atenção Básica, de acordo com as jornadas de
promovendo a vinculação e corresponsabilização pela
trabalho especificadas no Sistema de Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde vigente e a modalidade de atenção às suas necessidades de saúde. O estabelecimento
atenção. de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento
Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do
Atenção Básica está detalhada no Anexo a esta Portaria. serviço de saúde que parte do princípio de que as equipes
Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 que atuam na Atenção Básica nas UBS devem receber e
de outubro de 2011. ouvir todas as pessoas que procuram seus serviços, de
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua modo universal, de fácil acesso e sem diferenciações
publicação. excludentes, e a partir daí construir respostas para suas
RICARDO BARROS demandas e necessidades.
- Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as
ANEXO
diferenças nas condições de vida e saúde e de acordo com
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA
as necessidades das pessoas, considerando que o direito à
OPERACIONALIZAÇÃO
saúde passa pelas diferenciações sociais e deve atender à
CAPÍTULO I diversidade. Ficando proibida qualquer exclusão baseada em
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS idade, gênero, cor, crença, nacionalidade, etnia, orientação
DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é socioeconômica, escolaridade ou limitação física, intelectual,
resultado da experiência acumulada por um conjunto de funcional, entre outras, com estratégias que permitam
atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos
consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), como que possam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de
movimentos sociais, população, trabalhadores e gestores maneira que impacte na autonomia e na situação de saúde.
das três esferas de governo. Esta Portaria, conforme - Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela
normatização vigente no SUS, que define a organização em
equipe de saúde que atendam às necessidades da
Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um
cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da população adscrita nos campos do cuidado, da promoção e
população, destaca a Atenção Básica como primeiro ponto manutenção da saúde, da prevenção de doenças e agravos,
de atenção e porta de entrada preferencial do sistema, que da cura, da reabilitação, redução de danos e dos cuidados
deve ordenar os fluxos e contrafluxos de pessoas , produtos paliativos. Inclui a responsabilização pela oferta de serviços
e informações em todos os pontos de atenção à saúde. em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento
Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde adequado das necessidades biológicas, psicológicas,
da Família sua estratégia prioritária para expansão e ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das
consolidação da Atenção Básica. Contudo reconhece outras diversas tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a
estratégias de organização da Atenção Básica nos territórios, estes fins, além da ampliação da autonomia das pessoas e
que devem seguir os princípios e diretrizes da Atenção coletividade.
Básica e do SUS, configurando um processo progressivo e
singular que considera e inclui as especificidades
1.2 - Diretrizes
locorregionais, ressaltando a dinamicidade do território e a
existência de populações específicas, itinerantes e - Regionalização e Hierarquização: dos pontos de
dispersas, que também são de responsabilidade da equipe atenção da RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de
enquanto estiverem no território, em consonância com a comunicação entre esses. Considera-se regiões de saúde
política de promoção da equidade em saúde. como um recorte espacial estratégico para fins de
A Atenção Básica considera a pessoa em sua planejamento, organização e gestão de redes de ações e
singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a serviços de saúde em determinada localidade, e a
atenção integral, incorporar as ações de vigilância em saúde hierarquização como forma de organização de pontos de
- a qual constitui um processo contínuo e sistemático de atenção da RAS entre si, com fluxos e referências
coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre estabelecidos.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 35 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
- Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das
planejamento, a programação descentralizada e o pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o
desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco enfrentamento dos determinantes e condicionantes de
em um território específico, com impacto na situação, nos saúde, através de articulação e integração das ações
condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e intersetoriais na organização e orientação dos serviços de
coletividades que constituem aquele espaço e estão, saúde, a partir de lógicas mais centradas nas pessoas e no
portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria, exercício do controle social.
considerase Território a unidade geográfica única, de
construção descentralizada do SUS na execução das ações 2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À
estratégicas destinadas à vigilância, promoção, prevenção, SAÚDE
proteção e recuperação da saúde. Os Territórios são Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS,
destinados para dinamizar a ação em saúde pública, o define a organização na RAS, como estratégia para um
estudo social, econômico, epidemiológico, assistencial, cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da
cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada população. As RAS constituem-se em arranjos organizativos
unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção formados por ações e serviços de saúde com diferentes
Básica, de forma que atendam a necessidade da população configurações tecnológicas e missões assistenciais,
adscrita e ou as populações específicas. articulados de forma complementar e com base territorial, e
III - População Adscrita: população que está presente no têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
território da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e
relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a principal porta de entrada do sistema, constituída de equipe
população, garantindo a continuidade das ações de saúde e multidisciplinar que cobre toda a população, integrando,
a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser coordenando o cuidado e atendendo as necessidades de
referência para o seu cuidado. saúde das pessoas do seu território.
- Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que
desenvolvimento de ações de cuidado de forma regulamenta a Lei nº 8.080/90, define que "o acesso
singularizada, que auxilie as pessoas a desenvolverem os universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de
conhecimentos, aptidões, competências e a confiança saúde se inicia pelas portas de entrada do SUS e se
necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre completa na rede regionalizada e hierarquizada".
sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é
preciso reconhecer as necessidades de saúde da população
efetiva. O cuidado é construído com as pessoas, de acordo
sob sua responsabilidade, organizando-as em relação aos
com suas necessidades e potencialidades na busca de uma
outros pontos de atenção à saúde, contribuindo para que a
vida independente e plena. A família, a comunidade e outras
programação dos serviços de saúde parta das necessidades
formas de coletividade são elementos relevantes, muitas
das pessoas, com isso fortalecendo o planejamento
vezes condicionantes ou determinantes na vida das pessoas
ascendente.
e, por consequência, no cuidado. A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada
- Resolutividade: reforça a importância da Atenção preferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de
Básica ser resolutiva, utilizando e articulando diferentes gestão do cuidado das pessoas e cumpre papel estratégico
tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma na rede de atenção, servindo como base para o seu
clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e ordenamento e para a efetivação da integralidade. Para
intervenções clínica e sanitariamente efetivas, centrada na tanto, é necessário que a Atenção Básica tenha alta
pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus de resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e
autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras
de resolver a grande maioria dos problemas de saúde da (diagnósticas e terapêuticas), além da articulação da
população, coordenando o cuidado do usuário em outros Atenção Básica com outros pontos da RAS.
pontos da RAS, quando necessário. Os estados, municípios e o distrito federal, devem
VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a articular ações intersetoriais, assim como a organização da
continuidade da relação de cuidado, com construção de RAS, com ênfase nas necessidades locorregionais,
vínculo e responsabilização entre profissionais e usuários ao promovendo a integração das referências de seu território.
longo do tempo e de modo permanente e consistente, Recomenda-se a articulação e implementação de
acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de processos que aumentem a capacidade clínica das equipes,
outros elementos na vida das pessoas , evitando a perda de que fortaleçam práticas de microrregulação nas Unidades
referências e diminuindo os riscos de iatrogenia que são Básicas de Saúde, tais como gestão de filas próprias da UBS
decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da e dos exames e consultas descentralizados/programados
falta de coordenação do cuidado. para cada UBS, que propiciem a comunicação entre UBS,
VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e centrais de regulação e serviços especializados, com
organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial
das RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os e/ou a distância, entre outros.
diversos pontos de atenção, responsabilizando-se pelo Um dos destaques que merecem ser feitos é a
cuidado dos usuários em qualquer destes pontos através de consideração e a incorporação, no processo de
uma relação horizontal, contínua e integrada, com o objetivo referenciamento, das ferramentas de telessaúde articulado
de produzir a gestão compartilhada da atenção integral. às decisões clínicas e aos processos de regulação do
Articulando também as outras estruturas das redes de saúde acesso.
e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. A utilização de protocolos de encaminhamento servem
VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de cuidado,
saúde da população sob sua responsabilidade, organizando pois tanto orientam as decisões dos profissionais solicitantes
as necessidades desta população em relação aos outros quanto se constituem como referência que modula a
pontos de atenção à saúde, contribuindo para que o avaliação das solicitações pelos médicos reguladores.
planejamento das ações, assim como, a programação dos Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do
serviços de saúde, parta das necessidades de saúde das cuidado clínico e da resolutividade na Atenção Básica,
pessoas. evitando a exposição das pessoas a consultas e/ou
IX - Participação da comunidade: estimular a procedimentos desnecessários. Além disso, com a
participação das pessoas, a orientação comunitária das organização do acesso, induz-se ao uso racional dos
ações de saúde na Atenção Básica e a competência cultural recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários
no cuidado, como forma de ampliar sua autonomia e e traz maior eficiência e equidade à gestão das listas de
espera.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 36 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
A gestão municipal deve articular e criar condições para sala de expurgo, sala de esterilização, sala de observação e
que a referência aos serviços especializados ambulatoriais, sala de atividades coletivas para os profissionais da Atenção
sejam realizados preferencialmente pela Atenção Básica, Básica. Se forem compostas por profissionais de saúde
sendo de sua responsabilidade: bucal, será necessário consultório odontológico com equipo
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de odontológico completo;
atenção da RAS; a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala
b) Gerir a referência e contrarreferência em outros multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea ,
pontos de atenção; e sala de administração e gerência, banheiro público e para
c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam funcionários, entre outros ambientes conforme a
das pessoas do território. necessidade.

3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA b) Unidade Básica de Saúde Fluvial


EFUNCIONAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA Recomenda-se os seguintes ambientes:
Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que a. consultório médico; consultório de enfermagem; área
objetiva adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos para assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina;
humanos das UBS às necessidades de saúde da população sala de procedimentos; e, se forem compostas por
de cada território. profissionais de saúde bucal, será necessário consultório
3.1 Infraestrutura e ambiência odontológico com equipo odontológico completo;
A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao b. área de recepção, banheiro público; banheiro
quantitativo de população adscrita e suas especificidades, exclusivo para os funcionários; expurgo; cabines com leitos
bem como aos processos de trabalho das equipes e à em número suficiente para toda a equipe; cozinha e outro
atenção à saúde dos usuários. Os parâmetros de estrutura ambientes conforme necessidade.
devem, portanto, levar em consideração a densidade c) Unidade Odontológica Móvel
demográfica, a composição, atuação e os tipos de equipes, Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a
perfil da população, e as ações e serviços de saúde a serem finalidade de atenção à saúde bucal, equipado com:
realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos Compressor para uso odontológico com sistema de
e ambientes adequados para a formação de estudantes e filtragem; aparelho de raios-x para radiografias periapicais e
trabalhadores de saúde de nível médio e superior, para a interproximais; aventais de chumbo; conjunto peças de mão
formação em serviço e para a educação permanente na contendo micro-motor com peça reta e contra ângulo, e alta
UBS. rotação; gabinete odontológico; cadeira odontológica, equipo
As UBS devem ser construídas de acordo com as odontológico e refletor odontológico; unidade auxiliar
normas sanitárias e tendo como referência as normativas de odontológica; mocho odontológico; autoclave; amalgamador;
infraestrutura vigentes, bem como possuir identificação fotopolimerizador; e refrigerador.
segundo os padrões visuais da Atenção Básica e do SUS.
Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema de Cadastro 3.3 - Funcionamento
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde
acordo com as normas em vigor para tal. tenham seu funcionamento com carga horária mínima de 40
As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento horas/semanais, no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos
de populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos, 12 meses do ano, possibilitando acesso facilitado à
áreas pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES, população. Horários alternativos de funcionamento podem
bem como nos instrumentos de monitoramento e avaliação. ser pactuados através das instâncias de participação social,
A estrutura física dos pontos de apoio deve respeitar as desde que atendam expressamente a necessidade da
normas gerais de segurança sanitária. população, observando, sempre que possível, a carga
A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico horária mínima descrita acima. Como forma de garantir a
(arquitetônico), entendido como lugar social, profissional e de coordenação do cuidado, ampliando o acesso e
relações interpessoais, que deve proporcionar uma atenção resolutividade das equipes que atuam na Atenção Básica,
acolhedora e humana para as pessoas, além de um recomenda-se :
ambiente saudável para o trabalho dos profissionais de i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica
saúde. Para um ambiente adequado em uma UBS, existem (eAB) e de Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500
componentes que atuam como modificadores e pessoas, localizada dentro do seu território, garantindo os
qualificadores do espaço, recomenda-se contemplar: princípios e diretrizes da Atenção Básica.
recepção sem grades (para não intimidar ou dificultar a Além dessa faixa populacional, podem existir outros
comunicação e também garantir privacidade à pessoa), arranjos de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e
identificação dos serviços existentes, escala dos dinâmica comunitária, facultando aos gestores locais,
profissionais, horários de funcionamento e sinalização de conjuntamente com as equipes que atuam na Atenção
fluxos, conforto térmico e acústico, e espaços adaptados Básica e Conselho Municipal ou Local de Saúde, a
para as pessoas com deficiência em conformidade com as possibilidade de definir outro parâmetro populacional de
normativas vigentes. responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do
Além da garantia de infraestrutura e ambiência que o parâmetro recomendado, de acordo com as
apropriadas, para a realização da prática profissional na especificidades do território, assegurando-se a qualidade do
Atenção Básica, é necessário disponibilizar equipamentos cuidado.
adequados, recursos humanos capacitados, e materiais e ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou
insumos suficientes à atenção à saúde prestada nos Saúde da Família), para que possam atingir seu potencial
municípios e Distrito Federal. resolutivo.
iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de
3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde equipes de Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família
São considerados unidades ou equipamentos de saúde (eSF), com ou sem os profissionais de saúde bucal, pelas
no âmbito da Atenção Básica: quais o Município e o Distrito Federal poderão fazer jus ao
a) Unidade Básica de Saúde recebimento de recursos financeiros específicos, conforme a
Recomenda-se os seguintes ambientes: seguinte fórmula: População/2.000.
Consultório médico e de enfermagem, consultório com iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000
sanitário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para habitantes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou
assistência farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de de Atenção Básica (eAB) seja responsável por toda
procedimentos, sala de coleta/exames, sala de curativos, população;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 37 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro - Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe;
populacional de responsabilidade da equipe de acordo com - Identificação do Gerente da Atenção Básica no território
especificidades territoriais, vulnerabilidades, riscos e e dos componentes de cada equipe da UBS;
dinâmica comunitária respeitando critérios de equidade, ou, - Relação de serviços disponíveis; e
ainda, pela decisão de possuir um número inferior de - Detalhamento das escalas de atendimento de cada
pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB) e equipe de equipe.
Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na
qualidade da Atenção Básica. 3.4 - Tipos de Equipes:
Para que as equipes que atuam na Atenção Básica 1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia
possam atingir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a prioritária de atenção à saúde e visa à reorganização da
coordenação do cuidado, ampliando o acesso, é necessário Atenção Básica no país, de acordo com os preceitos do
adotar estratégias que permitam a definição de um amplo SUS. É considerada como estratégia de expansão,
escopo dos serviços a serem ofertados na UBS, de forma qualificação e consolidação da Atenção Básica, por favorecer
que seja compatível com as necessidades e demandas de uma reorientação do processo de trabalho com maior
saúde da população adscrita, seja por meio da Estratégia potencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação
Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de Atenção de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar
Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o uma importante relação custo-efetividade.
cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Composta no mínimo por médico, preferencialmente da
Essa oferta de ações e serviços na Atenção Básica devem especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro,
considerar políticas e programas prioritários, as diversas preferencialmente especialista em saúde da família; auxiliar
realidades e necessidades dos territórios e das pessoas, em e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde
parceria com o controle social. (ACS). Podendo fazer parte da equipe o agente de combate
As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir
às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal:
padrões essenciais e ampliados:
Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde
relacionados a condições básicas/essenciais de acesso e da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal.
qualidade na Atenção Básica; e O número de ACS por equipe deverá ser definido de
- Padrões Ampliados -ações e procedimentos acordo com base populacional, critérios demográficos,
considerados estratégicos para se avançar e alcançar epidemiológicos e socioeconômicos, de acordo com
padrões elevados de acesso e qualidade na Atenção Básica, definição local.
considerando especificidades locais, indicadores e Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e
parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde. vulnerabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100%
A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria da população com número máximo de 750 pessoas por ACS.
com o controle social, pactuada nas instâncias Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade
interfederativas, com financiamento regulamentado em
de carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos
normativa específica.
os profissionais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os
Caberá a cada gestor municipal realizar análise de
demanda do território e ofertas das UBS para mensurar sua profissionais da ESF poderão estar vinculados a apenas 1
capacidade resolutiva, adotando as medidas necessárias (uma) equipe de Saúde da Família, no SCNES vigente.
para ampliar o acesso, a qualidade e resolutividade das 2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade
equipes e serviços da sua UBS. deve atender aos princípios e diretrizes propostas para a AB.
A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá A gestão municipal poderá compor equipes de Atenção
estar disponível aos usuários de forma clara, concisa e de Básica (eAB) de acordo com características e necessidades
fácil visualização, conforme padronização pactuada nas do município. Como modelo prioritário é a ESF, as equipes
instâncias gestoras. Todas as equipes que atuam na de Atenção Básica (eAB) podem posteriormente se organizar
Atenção Básica deverão garantir a oferta de todas as ações tal qual o modelo prioritário.
e procedimentos do Padrão Essencial e recomenda-se que As equipes deverão ser compostas minimamente por
também realizarem ações e serviços do Padrão Ampliado,
médicos preferencialmente da especialidade medicina de
considerando as necessidades e demandas de saúde das
populações em cada localidade. Os serviços dos padrões família e comunidade, enfermeiro preferencialmente
essenciais, bem como os equipamentos e materiais especialista em saúde da família, auxiliares de enfermagem
necessários, devem ser garantidos igualmente para todo o e ou técnicos de enfermagem. Poderão agregar outros
país, buscando uniformidade de atuação da Atenção Básica profissionais como dentistas, auxiliares de saúde bucal e ou
no território nacional. Já o elenco de ações e procedimentos técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de saúde e
ampliados deve contemplar de forma mais flexível às agentes de combate à endemias.
necessidades e demandas de saúde das populações em A composição da carga horária mínima por categoria
cada localidade, sendo definido a partir de suas profissional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de
especificidades locorregionais. 3 (três) profissionais por categoria, devendo somar no
As unidades devem organizar o serviço de modo a mínimo 40 horas/semanais.
otimizar os processos de trabalho, bem como o acesso aos
O processo de trabalho, a combinação das jornadas de
demais níveis de atenção da RAS.
trabalho dos profissionais das equipes e os horários e dias
Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários,
oferecendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, de funcionamento devem ser organizados de modo que
por meio de livros, caixas de sugestões ou canais garantam amplamente acesso, o vínculo entre as pessoas e
eletrônicos. As UBS deverão assegurar o acolhimento e profissionais, a continuidade, coordenação e
escuta ativa e qualificada das pessoas, mesmo que não longitudinalidade do cuidado.
sejam da área de abrangência da unidade, com classificação A distribuição da carga horária dos profissionais é de
de risco e encaminhamento responsável de acordo com as responsabilidade do gestor, devendo considerar o perfil
necessidades apresentadas, articulando-se com outros demográfico e epidemiológico local para escolha da
serviços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas especialidade médica, estes devem atuar como generalistas
de cuidado estabelecidas. nas equipes de Atenção Básica (eAB).
Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe
da UBS:
deverá contar também com profissionais de nível médio
- Identificação e horário de atendimento;
como técnico ou auxiliar de enfermagem.

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SAÚDE PÚBLICA
3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde,
pode compor as equipes que atuam na atenção básica, tanto em termos clínicos quanto sanitários; e
constituída por um cirurgião-dentista e um técnico em c. Realizar discussão de casos, atendimento individual,
saúde bucal e/ou auxiliar de saúde bucal. compartilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos
Os profissionais de saúde bucal que compõem as terapêuticos, educação permanente, intervenções no
equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica território e na saúde de grupos populacionais de todos os
(eAB) e de devem estar vinculados à uma UBS ou a Unidade ciclos de vida, e da coletividade, ações intersetoriais, ações
Odontológica Móvel, podendo se organizar nas seguintes de prevenção e promoção da saúde, discussão do processo
modalidades: de trabalho das equipes dentre outros, no território.
Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código
bucal (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e; Brasileiro de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico
Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro Acupunturista; Assistente Social; Profissional/Professor de
TSB. Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta;
Independente da modalidade adotada, os profissionais Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; Médico
de Saúde Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo;
Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), devendo Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra;
compartilhar a gestão e o processo de trabalho da equipe, Médico Internista (clinica médica), Médico do Trabalho,
tendo responsabilidade sanitária pela mesma população e Médico Veterinário, profissional com formação em arte e
território adstrito que a equipe de Saúde da Família ou educação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista,
ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-
Atenção Básica a qual integra.
graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado
Cada equipe de Saúde de Família que for implantada
diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
com os profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir
vigente.
pela primeira vez os profissionais de saúde bucal numa
A definição das categorias profissionais é de autonomia
equipe já implantada, modalidade I ou II, o gestor receberá
do gestor local, devendo ser escolhida de acordo com as
do Ministério da Saúde os equipamentos odontológicos, necessidades do territórios.
através de doação direta ou o repasse de recursos
necessários para adquiri-los (equipo odontológico completo). 5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
(EACS):
4 - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção É prevista a implantação da Estratégia de Agentes
Básica (Nasf-AB) Comunitários de Saúde nas UBS como uma possibilidade
Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar para a reorganização inicial da Atenção Básica com vistas à
composta por categorias de profissionais da saúde, implantação gradual da Estratégia de Saúde da Família ou
complementar às equipes que atuam na Atenção Básica. É como uma forma de agregar os agentes comunitários a
formada por diferentes ocupações (profissões e outras maneiras de organização da Atenção Básica. São
especialidades) da área da saúde, atuando de maneira itens necessários à implantação desta estratégia:
integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita
aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e no SCNES vigente que passa a ser a UBS de referência para
de Atenção Básica (eAB). a equipe de agentes comunitários de saúde;
Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser
Atenção Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e definido de acordo com base populacional (critérios
trabalhando de forma horizontal e interdisciplinar com os demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos),
demais profissionais, garantindo a longitudinalidade do conforme legislação vigente.
cuidado e a prestação de serviços diretos à população. Os c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas
diferentes profissionais devem estabelecer e compartilhar semanais por toda a equipe de agentes comunitários, por
saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma visão cada membro da equipe; composta por ACS e enfermeiro
comum e aprender a solucionar problemas pela supervisor;
comunicação, de modo a maximizar as habilidades d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar
singulares de cada um. cadastrados no SCNES vigente, vinculados à equipe;
Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas
problemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas regulamentações vigentes e nesta portaria e ter uma
e grupos sociais em seus territórios, bem como a partir de microárea sob sua responsabilidade, cuja população não
dificuldades dos profissionais de todos os tipos de equipes ultrapasse 750 pessoas;
que atuam na Atenção Básica em suas análises e manejos. f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do
Para tanto, faz-se necessário o compartilhamento de planejamento do processo de trabalho a partir das
saberes, práticas intersetoriais e de gestão do cuidado em necessidades do território, com priorização para população
rede e a realização de educação permanente e gestão de com maior grau de vulnerabilidade e de risco epidemiológico;
coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes. g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à
Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como integralidade do cuidado no território; e
serviços com unidades físicas independentes ou especiais, e h.cadastrar, preencher e informar os dados através do
não são de livre acesso para atendimento individual ou Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica
coletivo (estes, quando necessários, devem ser regulados vigente.
pelas equipes que atuam na Atenção Básica). Devem, a
partir das demandas identificadas no trabalho con-junto com EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA
as equipes, atuar de forma integrada à Rede de Atenção à POPULAÇÕES ESPECÍFICAS
Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da
equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e Atenção Básica são responsáveis pela atenção à saúde de
comunitárias. populações que apresentem vulnerabilidades sociais
Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado específicas e, por consequência, necessidades de saúde
de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB): específicas, assim como pela atenção à saúde de qualquer
a. Participar do planejamento conjunto com as equipes outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica possui
que atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas; responsabilidade direta sobre ações de saúde em
b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos determinado território, considerando suas singularidades, o
usuários do SUS principalmente por intermédio da ampliação que possibilita intervenções mais oportunas nessas
da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e situações específicas, com o objetivo de ampliar o acesso à
RAS e ofertar uma atenção integral à saúde.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 39 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar da(s) equipe(s), onde será realizada a atenção de forma
atenção à saúde de populações específicas. Em algumas descentralizada; e
realidades, contudo, ainda é possível e necessário dispor, b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte
além das equipes descritas anteriormente, de equipes exclusivas para o deslocamento dos profissionais de saúde
adicionais para realizar as ações de saúde à populações da(s) equipe(s) vinculada(s)s ao Estabelecimento de Saúde
específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem atuar de Atenção Básica.
de forma integrada para a qualificação do cuidado no Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações
território. Aponta-se para um horizonte em que as equipes devem estar devidamente informadas no Cadastro Nacional
que atuam na Atenção Básica possam incorporar tecnologias de Estabelecimento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão
dessas equipes específicas, de modo que se faça uma vinculadas.
transição para um momento em que não serão necessárias Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São
essas equipes específicas, e todas as pessoas e populações equipes que desempenham suas funções em Unidades
serão acompanhadas pela eSF. Básicas de Saúde Fluviais (UBSF), responsáveis por
São consideradas equipes de Atenção Básica para comunidades dispersas, ribeirinhas e pertencentes à área
Populações Específicas: adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial. A eSFR será
formada por equipe multiprofissional composta por, no
ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialidade
FAMÍLIA de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro,
1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da preferencialmente especialista em Saúde da Família e 1 (um)
População Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: auxiliar ou técnico de enfermagem, podendo acrescentar a
Considerando as especificidades locorregionais, os esta composição, como parte da equipe multiprofissional, o
municípios da Amazônia Legal e Pantaneiras podem optar ACS e ACE e os profissionais de saúde bucal:1 (um)
entre 2 (dois) arranjos organizacionais para equipes Saúde cirurgião dentista, preferencialmente especialista em saúde
da Família, além dos existentes para o restante do país: da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São Devem contar também, com um (01) técnico de
equipes que desempenham parte significativa de suas laboratório e/ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir,
funções em UBS construídas e/ou localizadas nas na composição mínima, os profissionais de saúde bucal, um
comunidades pertencentes à área adstrita e cujo acesso se (1) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
dá por meio fluvial e que, pela grande dispersão territorial, saúde da família, e um (01) Técnico ou Auxiliar em Saúde
necessitam de embarcações para atender as comunidades Bucal.
dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma UBS, Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da
que pode estar localizada na sede do Município ou em área da saúde de nível superior à sua composição, dentre
alguma comunidade ribeirinha localizada na área adstrita. enfermeiros ou outros profissionais previstos para os Nasf -
A eSFR será formada por equipe multiprofissional AB
composta por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente Para as comunidades distantes da Unidade Básica de
da especialidade de Família e Comunidade, 1 (um) Saúde de referência, a eSFF adotará circuito de
enfermeiro, preferencialmente especialista em Saúde da deslocamento que garanta o atendimento a todas as
Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de enfermagem, podendo comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta)
acrescentar a esta composição, como parte da equipe dias, para assegurar a execução das ações de Atenção
multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde Básica.
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente Para operacionalizar a atenção à saúde das
especialista em saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar comunidades ribeirinhas dispersas no território de
em saúde bucal. Nas hipóteses de grande dispersão abrangência, onde a UBS Fluvial não conseguir aportar, a
populacional, as ESFR podem contar, ainda, com: até 24 eSFF poderá receber incentivo financeiro de custeio para
(vinte e quatro) Agentes Comunitários de Saúde; até 12 logística, que considera a existência das seguintes
(doze) microscopistas, nas regiões endêmicas; até 11 (onze) estruturas:
Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites),
Auxiliar/Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda, vinculadas e informadas no Cadastro Nacional de
acrescentar até 2 (dois) profissionais da área da saúde de Estabelecimento de Saúde vigente, utilizada(s) como base(s)
nível superior à sua composição, dentre enfermeiros ou da(s) equipe(s), onde será realizada a atenção de forma
outros profissionais previstos nas equipes de Nasf-AB. descentralizada; e
Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte
de enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde exclusivas para o deslocamento dos profissionais de saúde
bucal cumprirão carga horária de até 40 (quarenta) horas da(s) equipe(s) vinculada(s)s ao Estabelecimento de Saúde
semanais de trabalho e deverão residir na área de atuação. de Atenção Básica.
As eSFR prestarão atendimento à população por, no 1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de
mínimo, 14 (quatorze) dias mensais, com carga horária saúde com composição variável, responsável por articular e
equivalente a 8 (oito) horas diárias. prestar atenção integral à saúde de pessoas em situação de
Para as comunidades distantes da UBS de referência, as rua ou com características análogas em determinado
território, em unidade fixa ou móvel, podendo ter as
eSFR adotarão circuito de deslocamento que garanta o
modalidades e respectivos regramentos descritos em
atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a
portaria específica.
cada 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das
São itens necessários para o funcionamento das equipes
ações de Atenção Básica. Caso necessário, poderão possuir
de Consultório na Rua (eCR):
unidades de apoio, estabelecimentos que servem para
a. Realizar suas atividades de forma itinerante,
atuação das eSFR e que não possuem outras equipes de
desenvolvendo ações na rua, em instalações específicas, na
Saúde da Família vinculadas.
unidade móvel e também nas instalações de Unidades
Para operacionalizar a atenção à saúde das
Básicas de Saúde do território onde está atuando, sempre
comunidades ribeirinhas dispersas no território de
articuladas e desenvolvendo ações em parceria com as
abrangência, a eSFR receberá incentivo financeiro de
demais equipes que atuam na atenção básica do território
custeio para logística, que considera a existência das
(eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção
seguintes estruturas:
Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos
a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites),
serviços e instituições componentes do Sistema Único de
vinculadas e informadas no Cadastro Nacional de
Assistência Social entre outras instituições públicas e da
Estabelecimento de Saúde vigente, utilizada(s) como base(s)
sociedade civil;

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SAÚDE PÚBLICA
b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. vulnerabilidades;
Porém seu horário de funcionamento deverá ser adequado - Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e
às demandas das pessoas em situação de rua, podendo outros dados de saúde das famílias e dos indivíduos no
ocorrer em período diurno e/ou noturno em todos os dias da sistema de informação da Atenção Básica vigente, utilizando
semana; e as informações sistematicamente para a análise da situação
c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias de saúde, considerando as características sociais,
profissionais especificadas em portaria específica. econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do
Na composição de cada eCR deve haver, território, priorizando as situações a serem acompanhadas
preferencialmente, o máximo de dois profissionais da mesma no planejamento local;
profissão de saúde, seja de nível médio ou superior. Todas - Realizar o cuidado integral à saúde da população
as modalidades de eCR poderão agregar agentes adscrita, prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de
comunitários de saúde. Saúde, e quando necessário, no domicílio e demais espaços
O agente social, quando houver, será considerado comunitários (escolas, associações, entre outros), com
equivalente ao profissional de nível médio. Entende-se por atenção especial às populações que apresentem
agente social o profissional que desempenha atividades que necessidades específicas (em situação de rua, em medida
visam garantir a atenção, a defesa e a proteção às pessoas socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.).
em situação de risco pessoal e social, assim como aproximar - Realizar ações de atenção à saúde conforme a
as equipes dos valores, modos de vida e cultura das pessoas necessidade de saúde da população local, bem como
em situação de rua. aquelas previstas nas prioridades, protocolos, diretrizes
Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os clínicas e terapêuticas, assim como, na oferta nacional de
seguintes requisitos: ações e serviços essenciais e ampliados da AB;
I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita,
de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde buscando a integralidade por meio da realização de ações de
(SCNES); e promoção, proteção e recuperação da saúde, prevenção de
II - alimentação de dados no Sistema de Informação da doenças e agravos e da garantia de atendimento da
Atenção Básica vigente, conforme norma específica. demanda espontânea, da realização das ações
Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e
Rua, o cuidado integral das pessoas em situação de rua incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive
deve seguir sendo de responsabilidade das equipes que Práticas Integrativas e Complementares;
atuam na Atenção Básica, incluindo os profissionais de VI. Participar do acolhimento dos usuários,
saúde bucal e os Núcleos Ampliados à Saúde da Família e proporcionando atendimento humanizado, realizando
equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do território onde estas classificação de risco, identificando as necessidades de
pessoas estão concentradas. intervenções de cuidado, responsabilizando-se pela
Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na continuidade da atenção e viabilizando o estabelecimento do
Rua de cada município, serão tomados como base os dados vínculo;
dos censos populacionais relacionados à população em VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da
situação de rua realizados por órgãos oficiais e reconhecidos população adscrita ao longo do tempo no que se refere às
pelo Ministério da Saúde. múltiplas situações de doenças e agravos, e às
As regras estão publicadas em portarias específicas que necessidades de cuidados preventivos, permitindo a
disciplinam composição das equipes, valor do incentivo longitudinalidade do cuidado;
financeiro, diretrizes de funcionamento, monitoramento e VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a
acompanhamento das equipes de consultório na rua entre pessoas, famílias e grupos sociais, visando propor
outras disposições. intervenções que possam influenciar os processos saúde-
1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São doença individual, das coletividades e da própria
compostas por equipe multiprofissional que deve estar comunidade;
cadastrada no Sistema Nacional de Estabelecimentos de IX. Responsabilizar-se pela população adscrita
Saúde vigente, e com responsabilidade de articular e prestar mantendo a coordenação do cuidado mesmo quando
atenção integral à saúde das pessoas privadas de liberdade. necessita de atenção em outros pontos de atenção do
Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas sistema de saúde;
privadas de liberdade no sistema prisional ao cuidado X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica
integral no SUS, é previsto na Política Nacional de Atenção vigente para registro das ações de saúde na AB, visando
Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no subsidiar a gestão, planejamento, investigação clínica e
Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de saúde no epidemiológica, e à avaliação dos serviços de saúde;;
sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede de XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a
Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a partir da Atenção Básica, participando da definição de fluxos
Atenção Básica no âmbito prisional como porta de entrada assistenciais na RAS, bem como da elaboração e
do sistema e ordenadora das ações e serviços de saúde, implementação de protocolos e diretrizes clínicas e
devendo realizar suas atividades nas unidades prisionais ou terapêuticas para a ordenação desses fluxos;
nas Unidades Básicas de Saúde a que estiver vinculada, XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a
conforme portaria específica. prática do encaminhamento desnecessário, com base nos
processos de regulação locais (referência e
ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO contrarreferência), ampliando-a para um processo de
BÁSICA compartilhamento de casos e acompanhamento longitudinal
As atribuições dos profissionais das equipes que atuam de responsabilidade das equipes que atuam na atenção
na Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do básica;
Ministério da Saúde, bem como as definições de escopo de XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de
práticas, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além atenção de diferentes configurações tecnológicas a
de outras normativas técnicas estabelecidas pelos gestores integração por meio de serviços de apoio logístico, técnico e
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. de gestão, para garantir a integralidade do cuidado;
4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor
Equipes que atuam na Atenção Básica: medidas para reduzir os riscos e diminuir os eventos
- Participar do processo de territorialização e adversos;
mapeamento da área de atuação da equipe, identificando XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das
grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e atividades nos sistemas de informação da Atenção Básica,
conforme normativa vigente;

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SAÚDE PÚBLICA
XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de
de notificação compulsória, bem como outras doenças, cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas
agravos, surtos, acidentes, violências, situações sanitárias e no território, junto aos demais membros da equipe;
ambientais de importância local, considerando essas V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando
ocorrências para o planejamento de ações de prevenção, necessário, usuários a outros serviços, conforme fluxo
proteção e recuperação em saúde no território; estabelecido pela rede local;
XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
de urgência/emergência por causas sensíveis à Atenção pelos técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em
Básica, a fim de estabelecer estratégias que ampliem a conjunto com os outros membros da equipe;
resolutividade e a longitudinalidade pelas equipes que atuam VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de
na AB; enfermagem e ACS;
XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em VIII - Implementar e manter atualizados rotinas,
domicílio às famílias e pessoas em residências, Instituições protocolos e fluxos relacionados a sua área de competência
de Longa Permanência (ILP), abrigos, entre outros tipos de na UBS; e
moradia existentes em seu território, de acordo com o IX - Exercer outras atribuições conforme legislação
planejamento da equipe, necessidades e prioridades profissional, e que sejam de responsabilidade na sua área de
estabelecidas; atuação.
XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com
problemas de saúde controlados/compensados com algum Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem:
I - Participar das atividades de atenção à saúde
grau de dependência para as atividades da vida diária e que
realizando procedimentos regulamentados no exercício de
não podem se deslocar até a Unidade Básica de Saúde;
sua profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, no
XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe,
domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas,
integrando áreas técnicas, profissionais de diferentes
associações, entre outros);
formações e até mesmo outros níveis de atenção, buscando
II - Realizar procedimentos de enfermagem, como
incorporar práticas de vigilância, clínica ampliada e curativos, administração de medicamentos, vacinas, coleta
matriciamento ao processo de trabalho cotidiano para essa de material para exames, lavagem, preparação e
integração (realização de consulta compartilhada reservada esterilização de materiais, entre outras atividades delegadas
aos profissionais de nível superior, construção de Projeto pelo enfermeiro, de acordo com sua área de atuação e
Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras regulamentação; e
estratégias, em consonância com as necessidades e III - Exercer outras atribuições que sejam de
demandas da população); responsabilidade na sua área de atuação.
XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de
acompanhar e discutir em conjunto o planejamento e Médico:
avaliação sistemática das ações da equipe, a partir da I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob
utilização dos dados disponíveis, visando a readequação sua responsabilidade;
constante do processo de trabalho; II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos
XXII. Articular e participar das atividades de educação cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado
permanente e educação continuada; ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
XXIII. Realizar ações de educação em saúde à comunitários (escolas, associações entre outros); em
população adstrita, conforme planejamento da equipe e conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e
utilizando abordagens adequadas às necessidades deste terapêuticas, bem como outras normativas técnicas
público; estabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou
XXIV. Participar do gerenciamento dos insumos Distrito Federal), observadas as disposições legais da
necessários para o adequado funcionamento da UBS; profissão;
XIV. Promover a mobilização e a participação da III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de
comunidade, estimulando conselhos/colegiados, constituídos cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas
de gestores locais, profissionais de saúde e usuários, no território, junto aos demais membros da equipe;
viabilizando o controle social na gestão da Unidade Básica IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros
de Saúde; pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob
XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que sua responsabilidade o acompanhamento do plano
possam potencializar ações intersetoriais; terapêutico prescrito;
XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou
da Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do domiciliar, mantendo a responsabilização pelo
Programa Bolsa Família (PBF), e/ou outros programas acompanhamento da pessoa;
sociais equivalentes, as condicionalidades de saúde das VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
famílias beneficiárias; e pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da
XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo equipe; e
com as prioridades locais, definidas pelo gestor local. VII - Exercer outras atribuições que sejam de
responsabilidade na sua área de atuação.
São atribuições específicas dos profissionais das
equipes que atuam na Atenção Básica: Cirurgião-Dentista:
Enfermeiro: I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e
I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico,
vinculadas às equipes e, quando indicado ou necessário, no tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da
domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos
associações entre outras), em todos os ciclos de vida; e a grupos específicos, atividades em grupo na UBS e,
II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
solicitar exames complementares, prescrever medicações demais espaços comunitários (escolas, associações entre
conforme protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outros), de acordo com planejamento da equipe, com
outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, resolubilidade e em conformidade com protocolos, diretrizes
estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas
disposições legais da profissão; estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do
III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta Distrito Federal, observadas as disposições legais da
qualificada e classificação de risco, de acordo com profissão;
protocolos estabelecidos;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 42 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil XIX - Preparar modelos em gesso;
epidemiológico para o planejamento e a programação em XX - Manipular materiais de uso odontológico.
saúde bucal no território; XXI - Exercer outras atribuições que sejam de
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da responsabilidade na sua área de atuação.
AB em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências,
pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
relacionados com as fases clínicas de moldagem, adaptação I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde
e acompanhamento de próteses dentárias (elementar, total e bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante
parcial removível); planejamento local e protocolos de atenção à saúde;
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção
promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais; e esterilização do instrumental, dos equipamentos
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades odontológicos e do ambiente de trabalho;
referentes à saúde com os demais membros da equipe, III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas
buscando aproximar saúde bucal e integrar ações de forma intervenções clínicas,
multidisciplinar; IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal saúde bucal;
(TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB); V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe
pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da de Atenção Básica, buscando aproximar e integrar ações de
equipe; saúde de forma multidisciplinar;
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de VI - Aplicar medidas de biossegurança no
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas armazenamento, transporte, manuseio e descarte de
no território, junto aos demais membros da equipe; e produtos e resíduos odontológicos;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de VII - Processar filme radiográfico;
responsabilidade na sua área de atuação. VIII - Selecionar moldeiras;
IX - Preparar modelos em gesso;
Técnico em Saúde Bucal (TSB): X - Manipular materiais de uso odontológico realizando
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e manutenção e conservação dos equipamentos;
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos
coletiva das famílias, indivíduos e a grupos específicos,
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; e
atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou
XII - Exercer outras atribuições que sejam de
necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
responsabilidade na sua área de atuação.
comunitários (escolas, associações entre outros), segundo
programação e de acordo com suas competências técnicas e
Gerente de Atenção Básica
legais; Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos com o objetivo de contribuir para o aprimoramento e
equipamentos odontológicos; qualificação do processo de trabalho nas Unidades Básicas
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades de Saúde, em especial ao fortalecer a atenção à saúde
referentes à saúde bucal com os demais membros da prestada pelos profissionais das equipes à população
equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A inclusão
forma multidisciplinar; deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações necessidade do território e cobertura de AB.
de prevenção e promoção da saúde bucal; Entende-se por Gerente de AB um profissional
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar qualificado, preferencialmente com nível superior, com o
em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de papel de garantir o planejamento em saúde, de acordo com
promoção à saúde; as necessidades do território e comunidade, a organização
VI - Participar das ações educativas atuando na do processo de trabalho, coordenação e integração das
promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais; ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; possua experiência na Atenção Básica, preferencialmente de
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de nível superior, e dentre suas atribuições estão:
saúde bucal; I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais,
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a as diretrizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito
indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista; nacional, estadual, municipal e Distrito Federal, com ênfase
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico na Política Nacional de Atenção Básica, de modo a orientar a
exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas; organização do processo de trabalho na UBS;
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais II - Participar e orientar o processo de territorialização,
odontológicos na restauração dentária direta, sendo vedado diagnóstico situacional, planejamento e programação das
o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo equipes, avaliando resultados e propondo estratégias para o
cirurgião-dentista; alcance de metas de saúde, junto aos demais profissionais;
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de
intervenções clínicas e procedimentos demandados pelo trabalho das equipes que atuam na AB sob sua gerência,
mesmo; contribuindo para implementação de políticas, estratégias e
XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação programas de saúde, bem como para a mediação de
do Cirurgião Dentista; conflitos e resolução de problemas;
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo
desinfecção e esterilização do instrumental, dos profissionais envolvidos no cuidado e gestores assumem
equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho; responsabilidades pela sua própria segurança de seus
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo colegas, pacientes e familiares, encorajando a identificação,
operatório, antes e após atos cirúrgicos; a notificação e a resolução dos problemas relacionados à
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no segurança;
armazenamento, manuseio e descarte de produtos e V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos
resíduos odontológicos; sistemas de informação da Atenção Básica vigente, por parte
XVII - Processar filme radiográfico; dos profissionais, verificando sua consistência, estimulando a
XVIII - Selecionar moldeiras; utilização para análise e planejamento das ações, e
divulgando os resultados obtidos;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 43 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais doenças infecciosas e agravos;
favorecendo o trabalho em equipe; V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção
tecnológicos e equipamentos existentes na UBS, apoiando individual e coletiva;
os processos de cuidado a partir da orientação à equipe VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos,
sobre a correta utilização desses recursos; encaminhar os usuários para a unidade de saúde de
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de
(manutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), saúde responsável pelo território;
zelando pelo bom uso dos recursos e evitando o VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver
desabastecimento; medidas simples de manejo ambiental e outras formas de
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as intervenção no ambiente para o controle de vetores;
instâncias necessárias e articular com demais atores da VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do
gestão e do território com vistas à qualificação do trabalho e seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos
da atenção à saúde realizada na UBS; serviços de saúde disponíveis;
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas
dos profissionais na organização dos fluxos de usuários, com públicas voltadas para a área da saúde;
base em protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que
apoiando a referência e contrarreferência entre equipes que possam potencializar ações intersetoriais de relevância para
atuam na AB e nos diferentes pontos de atenção, com a promoção da qualidade de vida da população, como ações
garantia de encaminhamentos responsáveis; e programas de educação, esporte e lazer, assistência
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais social, entre outros; e
do território, e estimular a atuação intersetorial, com atenção XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
diferenciada para as vulnerabilidades existentes no território; por legislação específica da categoria, ou outra normativa
XII - Identificar as necessidades de instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
formação/qualificação dos profissionais em conjunto com a Federal.
equipe, visando melhorias no processo de trabalho, na
qualidade e resolutividade da atenção, e promover a
Educação Permanente, seja mobilizando saberes na própria b) Atribuições do ACS:
UBS, ou com parceiros; I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de
participação dos profissionais e usuários em instâncias de sua área, man-tendo os dados atualizados no sistema de
controle social; informação da Atenção Básica vigente, utilizando-os de
XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da
possível quanto a ocorrências que interfiram no situação de saúde, considerando as características sociais,
funcionamento da unidade; e econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam território, e priorizando as situações a serem acompanhadas
designadas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, de no planejamento local;
acordo com suas competências. II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações
que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da
Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de comunidade;
Combate a Endemias (ACE) III - Registrar, para fins de planejamento e
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e acompanhamento das ações de saúde, os dados de
Vigilância em Saúde devem se unir para a adequada nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde,
identificação de problemas de saúde nos territórios e o garantido o sigilo ético;
planejamento de estratégias de intervenção clínica e IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre
sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as a equipe de saúde e a população adscrita à UBS,
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) considerando as características e as finalidades do trabalho
devem ser integradas. de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou
Assim, além das atribuições comuns a todos os coletividades;
profissionais da equipe de AB, são atribuições dos ACS e V - Informar os usuários sobre as datas e horários de
ACE: consultas e exames agendados;
a) Atribuições comuns do ACS e ACE VI - Participar dos processos de regulação a partir da
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, Atenção Básica para acompanhamento das necessidades
ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou
atuam, contribuindo para o processo de territorialização e desistências de consultas e exames solicitados;
mapeamento da área de atuação da equipe; VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de por legislação específica da categoria, ou outra normativa
prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio Federal.
de visitas domiciliares regulares e de ações educativas Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente
individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros Comunitário de Saúde, a serem realizadas em caráter
espaços da comunidade, incluindo a investigação excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos superior, membro da equipe, após treinamento específico e
junto a outros profissionais da equipe quando necessário; fornecimento de equipamentos adequados, em sua base
III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a
estabelecida no planejamento da equipe e conforme as unidade de saúde de referência.
necessidades de saúde da população, para o monitoramento I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o
da situação das famílias e indivíduos do território, com objetivo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
especial atenção às pessoas com agravos e condições que II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no
necessitem de maior número de visitas domiciliares; domicílio, para o acompanhamento dos casos
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no diagnosticados de diabetes mellitus e segundo projeto
curso das doenças ou que tenham importância terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na Atenção
epidemiológica relacionada aos fatores ambientais, Básica;
realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de III - aferição da temperatura axilar, durante a visita
domiciliar;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 44 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
realizadas com material limpo, água corrente ou soro saúde bucal;
fisiológico e cobertura estéril, com uso de coberturas IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a
passivas, que somente cobre a ferida; e indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista;
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico
domiciliar, mantendo a responsabilização pelo exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
acompanhamento da pessoa; XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas odontológicos na restauração dentária direta, sendo vedado
pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo
equipe; e cirurgião-dentista;
VII - Exercer outras atribuições que sejam de XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas
responsabilidade na sua área de atuação. intervenções clínicas e procedimentos demandados pelo
mesmo;
Cirurgião-Dentista: XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e do Cirurgião Dentista;
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia,
tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da desinfecção e esterilização do instrumental, dos
saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho;
e a grupos específicos, atividades em grupo na UBS e, XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo
quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos operatório, antes e após atos cirúrgicos;
demais espaços comunitários (escolas, associações entre XVI - Aplicar medidas de biossegurança no
outros), de acordo com planejamento da equipe, com armazenamento, manuseio e descarte de produtos e
resolubilidade e em conformidade com protocolos, diretrizes resíduos odontológicos;
clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas XVII - Processar filme radiográfico;
estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do XVIII - Selecionar moldeiras;
Distrito Federal, observadas as disposições legais da XIX - Preparar modelos em gesso;
profissão; XX - Manipular materiais de uso odontológico.
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil XXI - Exercer outras atribuições que sejam de
epidemiológico para o planejamento e a programação em responsabilidade na sua área de atuação.
saúde bucal no território;
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
AB em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde
pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante
relacionados com as fases clínicas de moldagem, adaptação planejamento local e protocolos de atenção à saúde;
e acompanhamento de próteses dentárias (elementar, total e II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção
parcial removível); e esterilização do instrumental, dos equipamentos
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à odontológicos e do ambiente de trabalho;
promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais; III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades intervenções clínicas,
referentes à saúde com os demais membros da equipe, IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
buscando aproximar saúde bucal e integrar ações de forma saúde bucal;
multidisciplinar; V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe
(TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB); de Atenção Básica, buscando aproximar e integrar ações de
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas saúde de forma multidisciplinar;
pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da VI - Aplicar medidas de biossegurança no
equipe; armazenamento, transporte, manuseio e descarte de
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de produtos e resíduos odontológicos;
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas VII - Processar filme radiográfico;
no território, junto aos demais membros da equipe; e VIII - Selecionar moldeiras;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de IX - Preparar modelos em gesso;
responsabilidade na sua área de atuação. X - Manipular materiais de uso odontológico realizando
manutenção e conservação dos equipamentos;
Técnico em Saúde Bucal (TSB): XI - Participar da realização de levantamentos e estudos
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; e
coletiva das famílias, indivíduos e a grupos específicos, XII -. Exercer outras atribuições que sejam de
atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou responsabilidade na sua área de atuação.
necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
comunitários (escolas, associações entre outros), segundo Gerente de Atenção Básica
programação e de acordo com suas competências técnicas e Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica
legais; com o objetivo de contribuir para o aprimoramento e
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos qualificação do processo de trabalho nas Unidades Básicas
equipamentos odontológicos; de Saúde, em especial ao fortalecer a atenção à saúde
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades prestada pelos profissionais das equipes à população
referentes à saúde bucal com os demais membros da adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A inclusão
equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
forma multidisciplinar; necessidade do território e cobertura de AB.
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações Entende-se por Gerente de AB um profissional
de prevenção e promoção da saúde bucal; qualificado, preferencialmente com nível superior, com o
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar papel de garantir o planejamento em saúde, de acordo com
em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de as necessidades do território e comunidade, a organização
promoção à saúde; do processo de trabalho, coordenação e integração das
VI - Participar das ações educativas atuando na ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais; profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos possua experiência na Atenção Básica, preferencialmente de
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; nível superior, e dentre suas atribuições estão:

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SAÚDE PÚBLICA
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, profissionais da equipe de AB, são atribuições dos ACS e
as diretrizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito ACE:
nacional, estadual, municipal e Distrito Federal, com ênfase a) Atribuições comuns do ACS e ACE
na Política Nacional de Atenção Básica, de modo a orientar a I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural,
organização do processo de trabalho na UBS; ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que
II - Participar e orientar o processo de territorialização, atuam, contribuindo para o processo de territorialização e
diagnóstico situacional, planejamento e programação das mapeamento da área de atuação da equipe;
equipes, avaliando resultados e propondo estratégias para o II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de
alcance de metas de saúde, junto aos demais profissionais; prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio
trabalho das equipes que atuam na AB sob sua gerência, de visitas domiciliares regulares e de ações educativas
contribuindo para implementação de políticas, estratégias e individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros
programas de saúde, bem como para a mediação de espaços da comunidade, incluindo a investigação
conflitos e resolução de problemas; epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo junto a outros profissionais da equipe quando necessário;
profissionais envolvidos no cuidado e gestores assumem III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade
responsabilidades pela sua própria segurança de seus estabelecida no planejamento da equipe e conforme as
colegas, pacientes e familiares, encorajando a identificação, necessidades de saúde da população, para o monitoramento
a notificação e a resolução dos problemas relacionados à da situação das famílias e indivíduos do território, com
segurança; especial atenção às pessoas com agravos e condições que
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos necessitem de maior número de visitas domiciliares;
sistemas de informação da Atenção Básica vigente, por parte IV - Identificar e registrar situações que interfiram no
dos profissionais, verificando sua consistência, estimulando a curso das doenças ou que tenham importância
utilização para análise e planejamento das ações, e epidemiológica relacionada aos fatores ambientais,
divulgando os resultados obtidos; realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais doenças infecciosas e agravos;
favorecendo o trabalho em equipe; V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção
tecnológicos e equipamentos existentes na UBS, apoiando individual e coletiva;
os processos de cuidado a partir da orientação à equipe VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos,
sobre a correta utilização desses recursos; encaminhar os usuários para a unidade de saúde de
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de
(manutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), saúde responsável pelo território;
zelando pelo bom uso dos recursos e evitando o VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver
desabastecimento; medidas simples de manejo ambiental e outras formas de
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as intervenção no ambiente para o controle de vetores;
instâncias necessárias e articular com demais atores da VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do
gestão e do território com vistas à qualificação do trabalho e seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos
da atenção à saúde realizada na UBS; serviços de saúde disponíveis;
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas
dos profissionais na organização dos fluxos de usuários, com públicas voltadas para a área da saúde;
base em protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que
apoiando a referência e contrarreferência entre equipes que possam potencializar ações intersetoriais de relevância para
atuam na AB e nos diferentes pontos de atenção, com a promoção da qualidade de vida da população, como ações
garantia de encaminhamentos responsáveis; e programas de educação, esporte e lazer, assistência
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais social, entre outros; e
do território, e estimular a atuação intersetorial, com atenção XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
diferenciada para as vulnerabilidades existentes no território; por legislação específica da categoria, ou outra normativa
XII - Identificar as necessidades de instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
formação/qualificação dos profissionais em conjunto com a Federal.
equipe, visando melhorias no processo de trabalho, na b)Atribuições do ACS:
qualidade e resolutividade da atenção, e promover a I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em
Educação Permanente, seja mobilizando saberes na própria base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de
UBS, ou com parceiros; sua área, man-tendo os dados atualizados no sistema de
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a informação da Atenção Básica vigente, utilizando-os de
participação dos profissionais e usuários em instâncias de forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da
controle social; situação de saúde, considerando as características sociais,
XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do
possível quanto a ocorrências que interfiram no território, e priorizando as situações a serem acompanhadas
funcionamento da unidade; e no planejamento local;
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações
designadas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, de que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da
acordo com suas competências. comunidade;
III - Registrar, para fins de planejamento e
Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de acompanhamento das ações de saúde, os dados de
Combate a Endemias (ACE) nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde,
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e garantido o sigilo ético;
Vigilância em Saúde devem se unir para a adequada IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre
identificação de problemas de saúde nos territórios e o a equipe de saúde e a população adscrita à UBS,
planejamento de estratégias de intervenção clínica e considerando as características e as finalidades do trabalho
sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) coletividades;
devem ser integradas. V - Informar os usuários sobre as datas e horários de
Assim, além das atribuições comuns a todos os consultas e exames agendados;

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 46 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
VI - Participar dos processos de regulação a partir da usuários na rede de atenção à saúde orienta-se pelos
Atenção Básica para acompanhamento das necessidades princípios e diretrizes do SUS, a partir dos quais assume
dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou funções e características específicas. Considera as pessoas
desistências de consultas e exames solicitados; em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas produzir a atenção integral, por meio da promoção da saúde,
por legislação específica da categoria, ou outra normativa da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do
instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito tratamento, da reabilitação e da redução de danos ou de
Federal. sofrimentos que possam comprometer sua autonomia.
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho
Comunitário de Saúde, a serem realizadas em caráter na Atenção Básica se caracteriza por:
excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível I - Definição do território e Territorialização - A gestão
superior, membro da equipe, após treinamento específico e deve definir o território de responsabilidade de cada equipe,
fornecimento de equipamentos adequados, em sua base e esta deve conhecer o território de atuação para programar
geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a suas ações de acordo com o perfil e as necessidades da
unidade de saúde de referência. comunidade, considerando diferentes elementos para a
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o cartografia: ambientais, históricos, demográficos,
objetivo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc.
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no Importante refazer ou complementar a territorialização
domicílio, para o acompanhamento dos casos sempre que necessário, já que o território é vivo. Nesse
diagnosticados de diabetes mellitus e segundo projeto processo, a Vigilância em Saúde (sanitária, ambiental,
terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na Atenção epidemiológica e do trabalhador) e a Promoção da Saúde se
Básica; mostram como referenciais essenciais para a identificação
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita da rede de causalidades e dos elementos que exercem
domiciliar; determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando na
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são percepção dos problemas de saúde da população por parte
realizadas com material limpo, água corrente ou soro da equipe e no planejamento das estratégias de intervenção.
fisiológico e cobertura estéril, com uso de coberturas Além dessa articulação de olhares para a compreensão
passivas, que somente cobre a ferida; e do território sob a responsabilidade das equipes que atuam
V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta na AB, a integração entre as ações de Atenção Básica e
administração da medicação do paciente em situação de Vigilância em Saúde deve ser concreta, de modo que se
vulnerabilidade. recomenda a adoção de um território único para ambas as
Importante ressaltar que os ACS só realizarão a equipes, em que o Agente de Combate às Endemias
execução dos procedimentos que requeiram capacidade trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde e
técnica específica se detiverem a respectiva formação, os demais membros da equipe multiprofissional de AB na
respeitada autorização legal. identificação das necessidades de saúde da população e no
c) Atribuições do ACE: planejamento das intervenções clínicas e sanitárias.
I - Executar ações de campo para pesquisa Possibilitar, de acordo com a necessidade e
entomológica, malacológica ou coleta de reservatórios de conformação do território, através de pactuação e
doenças; negociação entre gestão e equipes, que o usuário possa ser
II - Realizar cadastramento e atualização da base de atendido fora de sua área de cobertura, mantendo o diálogo
imóveis para planejamento e definição de estratégias de e a informação com a equipe de referência.
prevenção, intervenção e controle de doenças, incluindo,
II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes
dentre outros, o recenseamento de animais e levantamento
de índice amostral tecnicamente indicado; devem assumir em seu território de referência (adstrição),
III - Executar ações de controle de doenças utilizando as considerando questões sanitárias, ambientais (desastres,
medidas de controle químico, biológico, manejo ambiental e controle da água, solo, ar), epidemiológicas (surtos,
outras ações de manejo integrado de vetores; epidemias, notificações, controle de agravos), culturais e
IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o socioeconômicas, contribuindo por meio de intervenções
reconhecimento geográfico de seu território; e clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da população
V - Executar ações de campo em projetos que visem com residência fixa, os itinerantes (população em situação
avaliar novas metodologias de intervenção para prevenção e de rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados,
controle de doenças; e assentados, etc) ou mesmo trabalhadores da área adstrita.
VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização
por legislação específica da categoria, ou outra normativa
é fundamental para a efetivação da Atenção Básica como
instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
contato e porta de entrada preferencial da rede de atenção,
Federal.
O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção primeiro atendimento às urgências/emergências,
Básica (eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e acolhimento, organização do escopo de ações e do processo
serem coordenados por profissionais de saúde de nível de trabalho de acordo com demandas e necessidades da
superior realizado de forma compartilhada entre a Atenção população, através de estratégias diversas (protocolos e
Básica e a Vigilância em Saúde. Nas localidades em que não diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de
houver cobertura por equipe de Atenção Básica (eAB) ou encaminhamento para os outros pontos de atenção da RAS,
equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se vincular à etc). Caso o usuário acesse a rede através de outro nível de
equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde atenção, ele deve ser referenciado à Atenção Básica para
(EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à que siga sendo acompanhado, assegurando a continuidade
equipe de vigilância em saúde do município e sua supervisão do cuidado.
técnica deve ser realizada por profissional com comprovada
IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de
capacidade técnica, podendo estar vinculado à equipe de
atenção básica, ou saúde da família, ou a outro serviço a ser relações de vínculo e responsabilização entre a equipe e a
definido pelo gestor local. população do seu território de atuação, de forma a facilitar a
adesão do usuário ao cuidado compartilhado com a equipe
DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO (vinculação de pessoas e/ou famílias e grupos a
BÁSICA profissionais/equipes, com o objetivo de ser referência para o
A Atenção Básica como contato preferencial dos seu cuidado).

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 47 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as ofertas que ela tem apresentado para lidar com as
pessoas do seu território de referência, de modo universal e necessidades de saúde da população e território. Para isso é
sem diferenciações excludentes. Acesso tem relação com a importante que a equipe defina quais profissionais vão
capacidade do serviço em responder às necessidades de receber o usuário que chega; como vai avaliar o risco e
saúde da população (residente e itinerante). Isso implica vulnerabilidade; fluxos e protocolos para encaminhamento;
dizer que as necessidades da população devem ser o como organizar a agenda dos profissionais para o cuidado;
principal referencial para a definição do escopo de ações e etc.
serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão Destacam-se como importantes ações no processo de
organizados e para o todo o funcionamento da UBS, avaliação de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o
permitindo diferenciações de horário de atendimento Acolhimento com Classificação de Risco (a) e a
(estendido, sábado, etc), formas de agendamento (por hora Estratificação de Risco (b).
marcada, por telefone, e-mail, etc), e outros, para assegurar a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta
o acesso. qualificada e comprometida com a avaliação do potencial de
Pelo mesmo motivo, recomenda-se evitar barreiras de risco, agravo à saúde e grau de sofrimento dos usuários,
acesso como o fechamento da unidade durante o horário de considerando dimensões de expressão (física, psíquica,
almoço ou em períodos de férias, entre outros, impedindo ou social, etc) e gravidade, que possibilita priorizar os
restringindo a acesso da população. Destaca-se que horários atendimentos a eventos agudos (condições agudas e
alternativos de funcionamento que atendam expressamente agudizações de condições crônicas) conforme a
a necessidade da população podem ser pactuados através necessidade, a partir de critérios clínicos e de vulnerabilidade
das instâncias de participação social e gestão local. disponíveis em diretrizes e protocolos assistenciais definidos
Importante ressaltar também que para garantia do no SUS.
acesso é necessário acolher e resolver os agravos de maior O processo de trabalho das equipes deve estar
incidência no território e não apenas as ações programáticas, organizado de modo a permitir que casos de
garantindo um amplo escopo de ofertas nas unidades, de urgência/emergência tenham prioridade no atendimento,
modo a concentrar recursos e maximizar ofertas. independentemente do número de consultas agendadas no
VI - O acolhimento deve estar presente em todas as período. Caberá à UBS prover atendimento adequado à
relações de cuidado, nos encontros entre trabalhadores de situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos
saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas, em outros pontos de atenção da RAS.
suas necessidades, problematizando e reconhecendo como As informações obtidas no acolhimento com
legítimas, e realizando avaliação de risco e vulnerabilidade classificação de risco deverão ser registradas em prontuário
das famílias daquele território, sendo que quanto maior o do cidadão (físico ou preferencialmente eletrônico).
grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá ser a Os desfechos do acolhimento com classificação de risco
quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção poderão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento
para as condições crônicas. imediato;
Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou 1. consulta ou procedimento em horário disponível no
menos longo ou permanente que exige resposta e ações mesmo dia;
contínuas, proativas e integradas do sistema de atenção à 2. agendamento de consulta ou procedimento em data
saúde, dos profissionais de saúde e das pessoas usuárias futura, para usuário do território;
para o seu controle efetivo, eficiente e com qualidade. 3. procedimento para resolução de demanda simples
Ressalta-se a importância de que o acolhimento prevista em protocolo, como renovação de receitas para
aconteça durante todo o horário de funcionamento da UBS, pessoas com condições crônicas, condições clínicas estáveis
na organização dos fluxos de usuários na unidade, no ou solicitação de exames para o seguimento de linha de
estabelecimento de avaliações de risco e vulnerabilidade, na cuidado bem definida;
definição de modelagens de escuta (individual, coletiva, etc), 4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS,
na gestão das agendas de atendimento individual, nas mediante contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e
ofertas de cuidado multidisciplinar, etc. 5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com
A saber, o acolhimento à demanda espontânea na indicação específica do serviço de saúde que deve ser
Atenção Básica pode se constituir como: procurado, no município ou fora dele, nas demandas em que
a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a a classificação de risco não exija atendimento no momento
equipe deve atender todos as pessoas que chegarem na da procura do serviço.
UBS, conforme sua necessidade, e não apenas b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se
determinados grupos populacionais, ou agravos mais utiliza critérios clínicos, sociais, econômicos, familiares e
prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida. Dessa outros, com base em diretrizes clínicas, para identificar
forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando subgrupos de acordo com a complexidade da condição
a agenda programada e a demanda espontânea, abordando crônica de saúde, com o objetivo de diferenciar o cuidado
as situações conforme suas especificidades, dinâmicas e clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir na Rede de
tempo. Atenção à Saúde para um cuidado integral.
b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se A estratificação de risco da população adscrita a
estabelece nas relações entre as pessoas e os determinada UBS é fundamental para que a equipe de saúde
trabalhadores, nos modos de escuta, na maneira de lidar organize as ações que devem ser oferecidas a cada grupo
com o não previsto, nos modos de construção de vínculos ou estrato de risco/vulnerabilidade, levando em consideração
(sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético a necessidade e adesão dos usuários, bem como a
situacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou racionalidade dos recursos disponíveis nos serviços de
facilitando o acesso sobretudo para aqueles que procuram a saúde.
UBS fora das consultas ou atividades agendadas. VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional -
c. Dispositivo de (re)organização do processo de Considerando a diversidade e complexidade das situações
trabalho em equipe - a implantação do acolhimento pode com as quais a Atenção Básica lida, um atendimento integral
provocar mudanças no modo de organização das equipes, requer a presença de diferentes formações profissionais
relação entre trabalhadores e modo de cuidar. Para acolher a trabalhando com ações compartilhadas, assim como, com
demanda espontânea com equidade e qualidade, não basta processo interdisciplinar centrado no usuário, incorporando
distribuir senhas em número limitado, nem é possível práticas de vigilância, promoção e assistência à saúde, bem
encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás o acolhimento como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É
não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a partir do possível integrar também profissionais de outros níveis de
acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto de atenção.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 48 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir sua importância para o olhar sobre o território e o perfil das
nos riscos, necessidades e demandas de saúde da pessoas, considerando a determinação social dos processos
população, atingindo a solução de problemas de saúde dos saúde-doença para o planejamento das intervenções da
usuários. A equipe deve ser resolutiva desde o contato equipe, contribui também para a qualificação e diversificação
inicial, até demais ações e serviços da AB de que o usuário das ofertas de cuidado. A partir do respeito à autonomia dos
necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo escopo de usuários, é possível estimular formas de andar a vida e
ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar comportamentos com prazer que permaneçam dentro de
recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável
encaminhando de forma qualificada o usuário que necessite e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada
de atendimento especializado. Isso inclui o uso de diferentes pessoa.
tecnologias e abordagens de cuidado individual e coletivo, Ainda, numa acepção mais ampla, é possível estimular a
por meio de habilidades das equipes de saúde para a transformação das condições de vida e saúde de indivíduos
promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, e coletivos, através de estratégias transversais que
proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. estimulem a aquisição de novas atitudes entre as pessoas,
Importante promover o uso de ferramentas que apoiem e favorecendo mudanças para modos de vida mais saudáveis
qualifiquem o cuidado realizado pelas equipes, como as e sustentáveis.
ferramentas da clínica ampliada, gestão da clínica e Embora seja recomendado que as ações de promoção
promoção da saúde, para ampliação da resolutividade e da saúde estejam pautadas nas necessidades e demandas
abrangência da AB. singulares do território de atuação da AB, denotando uma
Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um ampla possibilidade de temas para atuação, destacam-se
con-junto de tecnologias de microgestão do cuidado alguns de relevância geral na população brasileira, que
destinado a promover uma atenção à saúde de qualidade, devem ser considerados na abordagem da Promoção da
como protocolos e diretrizes clínicas, planos de ação, linhas Saúde na AB: alimentação adequada e saudável; práticas
de cuidado, projetos terapêuticos singulares, genograma, corporais e atividade física; enfrentamento do uso do tabaco
ecomapa, gestão de listas de espera, auditoria clínica, e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool;
indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização promoção da redução de danos; promoção da mobilidade
dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada segura e sustentável; promoção da cultura de paz e de
nas pessoas; efetiva, estruturada com base em evidências direitos humanos; promoção do desenvolvimento
científicas; segura, que não cause danos às pessoas e aos sustentável.
profissionais de saúde; eficiente, oportuna, prestada no XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de
tempo certo; equitativa, de forma a reduzir as desigualdades doenças e agravos em todos os níveis de acepção deste
e que a oferta do atendimento se dê de forma humanizada. termo (primária, secundária, terciária e quartenária), que
VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à priorizem determinados perfis epidemiológicos e os fatores
população adscrita, com base nas necessidades sociais e de de risco clínicos, comportamentais, alimentares e/ou
saúde, através do estabelecimento de ações de continuidade ambientais, bem como aqueles determinados pela produção
informacional, interpessoal e longitudinal com a população. A e circulação de bens, prestação de serviços de interesse da
Atenção Básica deve buscar a atenção integral e de saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalidade
qualidade, resolutiva e que contribua para o fortalecimento dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de
da autonomia das pessoas no cuidado à saúde, doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar
estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede intervenções desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular
de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do o uso racional de medicamentos.
cuidado, a equipe deve ter noção sobre a ampliação da Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre
clínica, o conhecimento sobre a realidade local, o trabalho Atenção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo
em equipe multiprofissional e transdisciplinar, e a ação contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e
intersetorial. disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde,
Para isso pode ser necessário realizar de ações de visando ao planejamento e a implementação de medidas de
atenção à saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à
saúde pública para a proteção da saúde da população, a
saúde, no domicílio, em locais do território (salões
comunitários, escolas, creches, praças, etc.) e outros prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem
espaços que comportem a ação planejada. como para a promoção da saúde.
IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas
a usuários que possuam problemas de saúde atribuições de todos os profissionais da Atenção Básica e
controlados/compensados e com dificuldade ou envolvem práticas e processos de trabalho voltados para:
impossibilidade física de locomoção até uma Unidade Básica a. vigilância da situação de saúde da população, com
de Saúde, que necessitam de cuidados com menor análises que subsidiem o planejamento, estabelecimento de
frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para prioridades e estratégias, monitoramento e avaliação das
famílias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância ações de saúde pública;
em saúde e realizar o cuidado compartilhado com as equipes b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas
de atenção domiciliar nos casos de maior complexidade.
para a resposta de saúde pública;
X - Programação e implementação das atividades de
c. vigilância, prevenção e controle das doenças
atenção à saúde de acordo com as necessidades de saúde
da população, com a priorização de intervenções clínicas e transmissíveis; e
sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios de d. vigilância das violências, das doenças crônicas não
frequência, risco, vulnerabilidade e resiliência. Inclui-se aqui transmissíveis e acidentes.
o planejamento e organização da agenda de trabalho A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver
compartilhada de todos os profissionais, e recomenda- se ações integradas visando à promoção da saúde e prevenção
evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas de de doenças nos territórios sob sua responsabilidade. Todos
saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o profissionais de saúde deverão realizar a notificação
acesso dos usuários. Recomenda-se a utilização de compulsória e conduzir a investigação dos casos suspeitos
instrumentos de planejamento estratégico situacional em ou confirmados de doenças, agravos e outros eventos de
saúde, que seja ascendente e envolva a participação popular relevância para a saúde pública, conforme protocolos e
(gestores, trabalhadores e usuários).
normas vigentes.
XI - Implementação da Promoção da Saúde como um
princípio para o cuidado em saúde, entendendo que, além da Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os
processos de trabalho de acordo com a realidade local.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 49 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
A integração das ações de Vigilância em Saúde com aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar
Atenção Básica, pressupõe a reorganização dos processos as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é
de trabalho da equipe, a integração das bases territoriais importante que a EPS se desenvolva essencialmente em
(território único), preferencialmente e rediscutir as ações e espaços institucionalizados, que sejam parte do cotidiano
atividades dos agentes comunitários de saúde e do agentes das equipes (reuniões, fóruns territoriais, entre outros),
de combate às endemias, com definição de papéis e devendo ter espaço garantido na carga horária dos
responsabilidades. trabalhadores e contemplar a qualificação de todos da
A coordenação deve ser realizada por profissionais de equipe multiprofissional, bem como os gestores.
nível superior das equipes que atuam na Atenção Básica. Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços
XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte institucionais em que equipe e gestores refletem, aprendem
das equipes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de e transformam os processos de trabalho no dia-a-dia, de
forma que possam interferir no processo de saúde-doença modo a potencializá-los, tais como Cooperação Horizontal,
da população, no desenvolvimento de autonomia, individual Apoio Institucional, Tele Educação, Formação em Saúde.
e coletiva, e na busca por qualidade de vida e promoção do Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado
autocuidado pelos usuários. como uma função gerencial que busca a reformulação do
XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução modo tradicional de se fazer coordenação, planejamento,
com escolas, equipamentos do SUAS, associações de supervisão e avaliação em saúde. Ele deve assumir como
moradores, equipamentos de segurança, entre outros, que objetivo a mudança nas organizações, tomando como
tenham relevância na comunidade, integrando projetos e matéria-prima os problemas e tensões do cotidiano Nesse
redes de apoio social, voltados para o desenvolvimento de sentido, pressupõe-se o esforço de transformar os modelos
uma atenção integral; de gestão verticalizados em relações horizontais que
XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos
modelos de atenção e gestão, tais como, a participação trabalhadores e gestores, baseados em relações contínuas e
coletiva nos processos de gestão, a valorização, fomento a solidárias.
autonomia e protagonismo dos diferentes sujeitos implicados A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da
na produção de saúde, autocuidado apoiado, o compromisso relação entre trabalhadores da AB no território (estágios de
com a ambiência e com as condições de trabalho e cuidado, graduação e residências, projetos de pesquisa e extensão,
a constituição de vínculos solidários, a identificação das entre outros), beneficiam AB e instituições de ensino e
necessidades sociais e organização do serviço em função pesquisa, trabalhadores, docentes e discentes e, acima de
delas, entre outras; tudo, a população, com profissionais de saúde mais
XVI - Participação do planejamento local de saúde, qualificados para a atuação e com a produção de
assim como do monitoramento e a avaliação das ações na conhecimento na AB. Para o fortalecimento da integração
sua equipe, unidade e município; visando à readequação do entre ensino, serviços e comunidade no âmbito do SUS,
processo de trabalho e do planejamento frente às destaca-se a estratégia de celebração de instrumentos
necessidades, realidade, dificuldades e possibilidades contratuais entre instituições de ensino e serviço, como
analisadas. forma de garantir o acesso a todos os estabelecimentos de
O planejamento ascendente das ações de saúde deverá saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde
ser elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, como cenário de práticas para a formação no âmbito da
dos municípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, graduação e da residência em saúde no SUS, bem como de
partindo-se do reconhecimento das realidades presentes no estabelecer atribuições das partes relacionadas ao
território que influenciam a saúde, condicionando as ofertas funcionamento da integração ensino-serviço- comunidade.
da Rede de Atenção Saúde de acordo com a Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano
necessidade/demanda da população, com base em das equipes, de forma complementar, é possível oportunizar
parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação processos formativos com tempo definido, no intuito de
epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território desenvolver reflexões, conhecimentos, competências,
adscrito. habilidades e atitudes específicas, através dos processos de
As ações em saúde planejadas e propostas pelas Educação Continuada, igualmente como estratégia para a
equipes deverão considerar o elenco de oferta de ações e de qualificação da AB. As ofertas educacionais devem, de todo
serviços prestados na AB, os indicadores e parâmetros, modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para a
pactuados no âmbito do SUS. Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos
As equipes que atuam na AB deverão manter profissionais.
atualizadas as informações para construção dos indicadores
estabelecidos pela gestão, com base nos parâmetros DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO
pactuados alimentando, de forma digital, o sistema de BÁSICA
informação de Atenção Básica vigente; O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e
XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente com detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de
na AB, estimulando prática assistencial segura, envolvendo Saúde garantido nos instrumentos conforme especificado no
os pacientes na segurança, criando mecanismos para evitar Plano Nacional, Estadual e Municipal de gestão do SUS. No
erros, garantir o cuidado centrado na pessoa, realizando âmbito federal, o montante de recursos financeiros
planos locais de segurança do paciente, fornecendo melhoria
destinados à viabilização de ações de Atenção Básica à
contínua relacionando a identificação, a prevenção, a
detecção e a redução de riscos. saúde compõe o bloco de financiamento de Atenção Básica
XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de
local e do controle social, participando dos conselhos locais investimento e seus recursos deverão ser utilizados para
de saúde de sua área de abrangência, assim como, articular financiamento das ações de Atenção Básica.
e incentivar a participação dos trabalhadores e da Os repasses dos recursos da AB aos municípios são
comunidade nas reuniões dos conselhos locais e municipal; efetuados em conta aberta especificamente para este fim, de
e acordo com a normatização geral de transferências de
XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde, recursos fundo a fundo do Ministério da Saúde com o
como parte do processo de trabalho das equipes que atuam objetivo de facilitar o acompanhamento pelos Conselhos de
na Atenção Básica. Considera-se Educação Permanente em Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e do Distrito
Saúde (EPS) a aprendizagem que se desenvolve no
Federal.
trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao
O financiamento federal para as ações de Atenção
cotidiano das organizações e do trabalho, baseando-se na
Básica deverá ser composto por:

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 50 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
I - Recursos per capita; que levem em consideração no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao
aspectos sociodemográficos e epidemiológicos; da respectiva competência financeira.
II - Recursos que estão condicionados à implantação de O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
estratégias e programas da Atenção Básica, tais como os das equipes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será
recursos específicos para os municípios que implantarem, as publicado em portaria específica e poderá ser agregado um
equipes de Saúde da Família (eSF), as equipes de Atenção valor nos casos em que a equipe necessite de transporte
Básica (eAB), as equipes de Saúde Bucal (eSB), de Agentes fluvial para acessar as comunidades ribeirinhas adscritas
Comunitários de Saúde (EACS), dos Núcleos Ampliado de para execução de suas atividades.
Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), dos Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os valores
Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais dos incentivos financeiros para as equipes de Saúde da
(eSFF) e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e Família Fluviais (eSFF) implantadas serão transferidos a
Programa Academia da Saúde; cada mês, tendo como base o número de Unidades Básicas
III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de de Saúde Fluviais (UBSF) registrados no sistema de
ações e serviços; Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva
IV - Recursos condicionados ao desempenho dos competência financeira.
serviços de Atenção Básica com parâmetros, aplicação e O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
comparabilidade nacional, tal como o Programa de Melhoria das Unidades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em
de Acesso e Qualidade; portaria específica. Assim como, os critérios mínimos para o
V - Recursos de investimento; custeio das Unidades preexistentes ao Programa de
Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se Construção de Unidades Básicas de Saúde Fluviais.
ajustar conforme a regulamentação de transferência de
recursos federais para o financiamento das ações e serviços Equipes Consultório na Rua (eCR)
públicos de saúde no âmbito do SUS, respeitando Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos
especificidades locais, e critério definido na LC 141/2012. Consultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a
I - Recurso per capita: cada mês, tendo como base a modalidade e o número de
O recurso per capita será transferido mensalmente, de equipes cadastradas no sistema de Cadastro Nacional
forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência
aos Fundos Municipais de Saúde e do Distrito Federal com financeira.
base num valor multiplicado pela população do Município. Os valores do repasse mensal que as equipes dos
A população de cada município e do Distrito Federal será Consultórios na Rua (eCR) farão jus será definido em
a população definida pelo IBGE e publicada em portaria portaria específica.
específica pelo Ministério da Saúde. 5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção
II - Recursos que estão condicionados à implantação de Básica (NASF-AB) O valor do incentivo federal para o custeio
estratégias e programas da Atenção Básica de cada NASFAB, dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3)
1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos e será determinado em portaria específica. Os valores dos
incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família incentivos financeiros para os NASF-AB implantados serão
implantadas serão prioritário e superior, transferidos a cada transferidos a cada mês, tendo como base o número de
mês, tendo como base o número de equipe de Saúde da NASF-AB cadastrados no SCNES vigente.
Família (eSF) registrados no sistema de Cadastro Nacional 6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
vigente no mês anterior ao da respectiva competência Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de
financeira. ACS (EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio como base o número de Agentes Comunitários de Saúde
das equipes de Saúde da Família será publicado em portaria (ACS), registrados no sistema de Cadastro Nacional vigente
específica. no mês anterior ao da respectiva competência financeira.
2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos Será repassada uma parcela extra, no último trimestre de
incentivos financeiros para as equipes de Atenção Básica cada ano, cujo valor será calculado com base no número de
(eAB) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadastro de
como base o número de equipe de Atenção Básica (eAB) equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano
registrados no Sistema de Cadastro Nacional de vigente.
Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da A efetivação da transferência dos recursos financeiros
respectiva competência financeira. descritos no item B tem por base os dados de alimentação
O percentual de financiamento das equipes de Atenção obrigatória do Sistema de Cadastro Nacional de
Básica (eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a Estabelecimentos de Saúde, cuja responsabilidade de
depender da disponibilidade orçamentária e demanda de manutenção e atualização é dos gestores dos estados, do
credenciamento. Distrito Federal e dos municípios, estes devem transferir os
1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo
incentivos financeiros quando as equipes de Saúde da com o cronograma definido anualmente pelo SCNES.
Família (eSF) e/ou Atenção Básica (eAB) forem compostas III - Do credenciamento
por profissionais de Saúde Bucal, serão transferidos a cada Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de
mês, o valor correspondente a modalidade, tendo como base todas as equipes que atuam na Atenção Básica, pelos
o número de equipe de Saúde Bucal (eSB) registrados no Municípios e Distrito Federal, deve-se obedecer aos
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de seguintes critérios:
Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento
financeira. das equipes que atuam na Atenção Básica, pelos
1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das Municípios/Distrito Federal;
Equipes de Saúde Bucal será publicado em portaria a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com
específica. as orientações para a elaboração da proposta de projeto,
1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e considerando as diretrizes da Atenção Básica;
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes
Fluviais
que atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo
Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os
respectivo Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de
valores dos incentivos financeiros para as equipes de Saúde
Saúde do Distrito Federal; e
da Família Ribeirinhas (eSFR) implantadas serão
c. As equipes que atuam na Atenção Básica que
transferidos a cada mês, tendo como base o número de
receberão incentivo de custeio fundo a fundo devem estar
equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) registrados
inseridas no plano de saúde e programação anual.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 51 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
II - Após o recebimento da proposta do projeto de por falta de profissional conforme previsto acima, poderão
credenciamento das eABs, as Secretarias Estaduais de manter os incentivos financeiros específicos para saúde
Saúde, conforme prazo a ser publicado em portaria bucal, conforme modalidade de implantação.
específica, deverão realizar: Parágrafo único: A suspensão será mantida até a
a. Análise e posterior encaminhamento das propostas adequação das irregularidades identificadas.
para aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e
b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da Solicitação de crédito retroativo dos recursos
Saúde, a Resolução com o número de equipes por estratégia suspensos
e modalidades, que pleiteiam recebimento de incentivos Considerando a ocorrência de problemas na alimentação
financeiros da atenção básica. do SCNES e do sistema de informação vigente, por parte
Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta dos estados, Distrito Federal e dos municípios, o Ministério
de projeto de credenciamento das equipes que atuam na da Saúde poderá efetuar crédito retroativo dos incentivos
Atenção Básica deverá ser diretamente encaminhada ao financeiros deste recurso variável.
Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde. A solicitação de retroativo será válida para análise desde
III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da que a mesma ocorra em até 6 meses após a competência
Resolução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto financeira de suspensão. Para solicitar os créditos
de equipes, critérios técnicos e disponibilidade orçamentária; retroativos, os municípios e o Distrito Federal deverão:
e - preencher o formulário de solicitação, conforme será
IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento disponibilizado em manual específico;- realizar as
das novas equipes no Diário Oficial da União, a gestão adequações necessárias nos sistemas vigentes (SCNES
municipal deverá cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de e/ou SISAB) que justifiquem o pleito de retroativo; e-enviar
Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde , num ofício à Secretaria de Saúde de seu estado, pleiteando o
prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar a partir da data crédito retroativo , acompanhado do anexo referido no item I
de publicação da referida Portaria, sob pena de e documentação necessária a depender do motivo da
descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não suspensão.Parágrafo único: as orientações sobre a
seja cumprido. Para recebimento dos incentivos documentação a ser encaminhada na solicitação de
correspondentes às equipes que atuam na Atenção Básica, retroativo constarão em manual específico a ser publicado.
efetivamente credenciadas em portaria e cadastradas no As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de documentação recebida dos municípios, deverão encaminhar
Saúde, os Municípios/Distrito Federal, deverão alimentar os ao Departamento de Atenção Básica da Secretaria de
dados no sistema de informação da Atenção Básica vigente, Atenção à Saúde, Ministério da Saúde (DAB/SAS/MS), a
comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das solicitação de complementação de crédito dos incentivos
tratados nesta Portaria, acompanhada dos documentos
atividades.
referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante de
1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da
crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser
Atenção Básica
encaminhado diretamente ao DAB/SAS/MS.
O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de
O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações
recursos da Atenção Básica aos municípios e ao Distrito
recebidas, verificando a adequação da documentação
Federal, quando: enviada e dos sistemas de informação vigentes (SCNES
I - Não houver alimentação regular, por parte dos e/ou SISAB), bem como a pertinência da justificativa do
municípios e do Distrito Federal, dos bancos de dados gestor, para deferimento ou não da solicitação.
nacionais de informação, como:
a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de
ATENDIMENTO INDIVIDUAL E COLETIVO EM RELAÇÃO
Estabelecimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de
À SAÚDE PÚBLICA E QUALIDADE DE VIDA
profissional, ausência de profissional da equipe mínima ou
erro no registro, conforme normatização vigente; e
b. não envio de informação (produção) por meio de Atenção à saúde designa a organização estratégica do
Sistema de Informação da Atenção Básica vigente por três sistema e das práticas de saúde em resposta às
necessidades da população. É expressa em políticas,
meses consecutivos, conforme normativas específicas.
programas e serviços de saúde consoante os princípios e as
- identificado, por meio de auditoria federal, estadual e
diretrizes que estruturam o Sistema Único de Saúde (SUS).
municipal, malversação ou desvio de finalidade na utilização
Em meio ao movimento de consolidação do SUS, a
dos recursos.
noção de atenção afirma-se na tentativa de produzir uma
Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes
síntese que expresse a complexidade e a extensão da
ao item II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses
concepção ampliada de saúde que marcou o movimento pela
dos incentivos referentes às equipes e aos serviços citados
Reforma Sanitária:
acima, nos casos em que forem constatadas, por meio do
“Saúde é a resultante das condições de habitação,
monitoramento e/ou da supervisão direta do Ministério da
alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho,
Saúde ou da Secretaria Estadual de Saúde ou por auditoria
transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da
do DENASUS ou dos órgãos de controle competentes,
terra e acesso a serviços de saúde”.
qualquer uma das seguintes situações:
A partir dessa concepção ampliada do processo saúde-
I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada
doença, a ‘atenção à saúde’ intenta conceber e organizar as
para o trabalho das equipes e/ou;
políticas e as ações de saúde numa perspectiva
II - ausência, por um período superior a 60 dias, de
interdisciplinar, partindo da crítica em relação aos modelos
qualquer um dos profissionais que compõem as equipes
excludentes, seja o biomédico curativo ou o preventivista.
descritas no item B, com exceção dos períodos em que a
No âmbito do SUS, há três princípios fundamentais a
contratação de profissionais esteja impedida por legislação
serem considerados em relação à organização da ‘atenção à
específica, e/ou;
saúde’. São eles: o princípio da universalidade, pelo qual o
III - descumprimento da carga horária mínima prevista
SUS deve garantir o atendimento de toda a população
para os profissionais das equipes; e < >- ausência de
brasileira; o princípio da integralidade, pelo qual a assistência
alimentação regular de dados no Sistema de Informação da
é “entendida como um conjunto articulado e contínuo das
Atenção Básica vigente.
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e
Especificamente para as equipes de saúde da família
coletivos (...)” (Brasil, 1990); e o princípio da equidade, pelo
(eSF) e equipes de Atenção Básica (eAB) com os
qual esse atendimento deve ser garantido de forma
profissionais de saúde bucal.
igualitária, porém, contemplando a multiplicidade e a
As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de
desigualdade das condições sócio-sanitárias da população.
Atenção Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso,

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 52 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
Em relação à universalidade, o desafio posto à Dito de outra maneira, o nível terciário visa à garantia do
organização da ‘atenção à saúde’ é o de constituir um suporte mínimo necessário para preservar a vida dos
conjunto de ações e práticas que permitam incorporar ou pacientes nos casos em que a atenção no nível secundário
reincorporar parcelas da população historicamente apartadas não foi suficiente para isso.
dos serviços de saúde. Da mesma forma, ao pautar-se pelo Este é o nível mais complexo, onde entram os grandes
princípio da integralidade, a organização da ‘atenção à hospitais e os equipamentos mais avançados, como
saúde’ implica a produção de serviços, ações e práticas de aparelhos de ressonância magnética, além de profissionais
saúde que possam garantir a toda a população o altamente especializados, como cirurgiões.
atendimento mais abrangente de suas necessidades. Já em Isso porque é no nível terciário de atenção à saúde que
relação à equidade, a ‘atenção à saúde’ precisa orientar os acontecem as cirurgias e são atendidos os pacientes com
serviços e as ações de saúde segundo o respeito ao direito enfermidades que apresentam riscos contra suas vidas.
da população brasileira em geral de ter as suas
necessidades de saúde atendidas, considerando, entretanto, O Conceito “Qualidade em Saúde”
as diferenças historicamente instituídas e que se expressam O termo qualidade vem do latim qualitate e é utilizado em
em situações desiguais de saúde segundo as regiões do situações distintas. Podemos falar da qualidade de vida das
país, os estratos sociais, etários, de gênero entre outros. pessoas, da qualidade de um serviço prestado, da qualidade
de um produto, da qualidade em saúde ou ainda da
Atenção Primária qualidade de um tratamento.
A atenção primária, também denominada como Nesse sentido a qualidade não pode ser avaliada ou
atenção básica, é o primeiro nível de atenção em saúde e se julgada apenas em termos técnicos pelos profissionais de
caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito saúde, é necessário reconhecer preferências individuais e
individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção sociais, buscando equacioná-las na garantia de equidade.
da saúde, a prevenção de doenças, o diagnóstico, o Para conceituar a qualidade em saúde devemos
tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a considerar alguns componentes importantes inerentes à
manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma própria saúde: acessibilidade, eficácia, eficiência e
atenção integral que impacte positivamente na situação de oportunidade.
saúde das pessoas. Este trabalho é realizado nas Unidades Qualidade em saúde é o conjunto de propriedades
Básicas de Saúde (UBS), nas Unidades Básicas de Saúde relacionadas aos cuidados globais com a saúde, desde a
Fluviais, nas Unidades Odontológicas Móveis (UOM) e prevenção de doenças e manutenção da saúde, até o
nas Academias de Saúde. restabelecimento da mesma.
A atenção primária é desenvolvida próxima da vida das A qualidade em saúde engloba questões bastante
pessoas, deve ser o contato preferencial dos usuários, a amplas, que vão desde a educação e saneamento básico,
principal porta de entrada e o centro de comunicação com acesso a informações sobre programas de prevenção
toda a Rede de Atenção à Saúde. Por isso, é fundamental primária e rastreamento das diversas doenças, formação
que ela se oriente pelos princípios da universalidade, da profissional, disponibilidade de equipamentos para
acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da diagnóstico complementar e dos recursos terapêuticos.
integralidade da atenção, da responsabilização, da Em todas essas áreas dizemos que não basta que elas
humanização, da equidade e da participação social. estejam disponíveis, mas que possam ser utilizadas em sua
As Unidades Básicas de Saúde instaladas perto de onde melhor potencialidade, ou seja, com qualidade. Nesses
as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem termos, qualidade pode ser entendida como confiabilidade.
desempenham um papel central na garantia de acesso a
uma atenção à saúde de qualidade. Critérios de qualidade da atenção à saúde
A qualidade da atenção à saúde é um elemento
Atenção secundária fundamental para garantir que os serviços prestados
Formada pelos serviços especializados em nível atendam às necessidades dos pacientes, promovam o bem-
ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica estar e resultem em melhores resultados de saúde. Existem
intermediária entre atenção primária e a terciária, diversos critérios que ajudam a avaliar e assegurar essa
historicamente interpretada como procedimentos de média qualidade. Abaixo estão alguns critérios importantes:
complexidade. Esse nível compreende serviços médicos Acesso: Garantir o acesso oportuno e igualitário aos
especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico e serviços de saúde para todas as pessoas,
atendimento de urgência e emergência. independentemente de sua condição socioeconômica,
A organização da atenção secundária se dá por meio de localização geográfica ou outra característica.
cada uma das microrregiões do estado, onde há hospitais de Eficácia: Os tratamentos e intervenções de saúde
nível secundário que prestam assistência nas especialidades devem ser baseados em evidências científicas e
básicas (pediatria, clinica medica e obstetrícia) além dos comprovadamente eficazes para tratar ou prevenir as
serviços de urgência e emergência, ambulatório eletivo para condições de saúde.
referencias e assistências a pacientes internados, Segurança: Assegurar que os serviços de saúde sejam
treinamento, avaliação, e acompanhamento da equipe de prestados de forma segura, minimizando erros médicos,
saúde da família (ESF). infecções hospitalares e outros riscos associados ao
O aumento da resolubilidade na atenção primária cuidado.
depende do acesso a consultas e procedimentos disponíveis Eficiência: Utilizar os recursos disponíveis da forma
na atenção secundária. A boa relação entre a atenção mais eficiente possível, evitando desperdícios e
primária e secundária é um dos fatores condicionantes dessa maximizando o valor do cuidado.
resolutividade Acessibilidade: Além de garantir o acesso físico aos
serviços, a acessibilidade também envolve a compreensão
Atenção terciária das informações de saúde e a comunicação eficaz entre
No nível terciário de atenção à saúde estão reunidos os profissionais e pacientes.
serviços de alta complexidade, representados pelos grandes Continuidade do Cuidado: Assegurar a coordenação
hospitais e pelas clínicas de alta complexidade. do cuidado entre diferentes profissionais, serviços e níveis de
Nessa esfera, os profissionais são altamente capacitados atenção à saúde, evitando lacunas ou sobreposições no
para executar intervenções que interrompam situações que tratamento.
colocam a vida dos pacientes em risco. Trata-se de cirurgias Atendimento Centrado no Paciente: Considerar as
e de exames mais invasivos, que exigem a mais avançada necessidades, preferências e valores dos pacientes,
tecnologia em saúde. envolvendo-os nas decisões sobre seu próprio cuidado.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 53 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
Equidade: Garantir que os serviços de saúde sejam Interação entre a Satisfação do Usuário e do
distribuídos de maneira justa e igualitária, especialmente Trabalhador:
para grupos historicamente marginalizados. A relação entre a satisfação do usuário e do trabalhador
Oportunidade: Oferecer os serviços de saúde no é bidirecional. Trabalhadores satisfeitos tendem a prestar um
momento adequado, evitando atrasos desnecessários que atendimento mais qualificado e atencioso aos pacientes,
possam prejudicar o tratamento. enquanto que pacientes satisfeitos contribuem para um
Humanização: Promover um ambiente de cuidado ambiente de trabalho mais positivo.
acolhedor, empático e respeitoso, que considere o aspecto As instituições de saúde que priorizam tanto a satisfação
emocional e psicológico dos pacientes. dos usuários quanto dos trabalhadores tendem a construir
Resultados Clínicos e de Saúde: Avaliar a eficácia das uma reputação positiva e a atrair tanto pacientes quanto
intervenções de saúde por meio de indicadores de melhoria profissionais qualificados. Além disso, essa abordagem
na saúde dos pacientes. fortalece a cultura de qualidade e segurança, pois todos
Participação Comunitária: Envolver a comunidade na estão comprometidos com o bem-estar dos pacientes.
tomada de decisões relacionadas aos serviços de saúde, Portanto, a satisfação do usuário e do trabalhador não é
levando em consideração suas necessidades e prioridades. apenas um indicador de qualidade, mas um fator essencial
Transparência: Fornecer informações claras e para a construção de um sistema de saúde eficaz, humano e
compreensíveis aos pacientes sobre seu tratamento, centrado nas necessidades da população. A promoção de
diagnóstico e opções de cuidado. ambientes saudáveis e colaborativos, tanto para os
Desempenho Profissional: Garantir que os pacientes quanto para os profissionais, é fundamental para
profissionais de saúde possuam a formação, treinamento e alcançar um sistema de saúde verdadeiramente eficiente e
habilidades necessárias para prestar cuidados de qualidade. de qualidade.
Melhoria Contínua: Estabelecer mecanismos para
avaliar e melhorar constantemente a qualidade dos serviços PREVENÇÃO DE DOENÇAS: SALUBRIDADE,
de saúde. VACINAÇÃO, SANEAMENTO BÁSICO
A avaliação da qualidade da atenção à saúde é um
processo contínuo que envolve diversos atores, incluindo Salubridade ambiental é a qualidade ambiental capaz
pacientes, profissionais de saúde, gestores e pesquisadores. de prevenir a ocorrência de doenças veiculadas pelo meio
Ao observar e cumprir esses critérios, é possível garantir que ambiente, e de promover o aperfeiçoamento das condições
os serviços de saúde atendam aos mais altos padrões de ecológicas favoráveis à saúde da população urbana e rural.
qualidade e contribuam para a promoção do bem-estar da Esse conceito objetiva uma integração holística, participativa
população. e de uso racional dos recursos públicos, em direção ao
desenvolvimento ecologicamente sustentável, socialmente
Satisfação do usuário e do trabalhador justo e economicamente viável.
A satisfação do usuário e do trabalhador é um aspecto Um dos principais problemas do crescimento
crucial para a qualidade dos serviços de saúde e o desordenado e da formação desenfreada e sem
funcionamento adequado das instituições de saúde. Quando planejamento de cidades em torno das metrópoles é a
os usuários estão satisfeitos com os serviços que recebem e deficiência de salubridade. A carência ou inexistência dos
os trabalhadores se sentem valorizados e motivados, isso serviços de saneamento tem sido uma das causas da
resulta em um ciclo positivo de melhoria contínua e constante degradação ambiental, e a falta de infraestrutura e
excelência no cuidado. de sistema de saneamento básico favorecem para que o
ambiente se torne insalubre, gerando desconforto,
diminuição da qualidade de vida e o aumento no número de
Satisfação do Usuário: doenças e seus vetores.
A satisfação dos usuários está intrinsecamente ligada à
qualidade da atenção à saúde que recebem. Quando os Indicador de Salubridade Ambiental
pacientes se sentem bem atendidos, respeitados, ouvidos e O ISA (Indicador de Salubridade Ambiental) é um índice
seus problemas de saúde são adequadamente tratados, isso que tem como objetivo traduzir o conceito da salubridade
não apenas influencia diretamente em sua saúde física e ambiental de modo quantitativo. É um indicador ambiental
mental, mas também fortalece a confiança nas instituições que deve auxiliar gestores nas tomadas de decisões relativas
de saúde. ao saneamento básico, fornecendo informações necessárias
Uma experiência positiva no sistema de saúde pode para tanto. E, deste modo, também avalia a qualidade dos
gerar resultados significativos, como a aderência ao serviços públicos na área do Saneamento Básico e suas
repercussões, medidas em alguns índices sociais,
tratamento, a continuidade do cuidado e até mesmo o
econômicos e epidemiológicos.
compartilhamento de experiências positivas com outras Assim, através dele é possível comparar municípios
pessoas. Além disso, pacientes satisfeitos tendem a ser mais entre si, bem como suas evoluções no tempo, utilizando o
participativos em sua própria saúde, seguindo as orientações índice como um todo ou os indicadores que o compõem.
médicas e buscando cuidados preventivos.

Satisfação do Trabalhador: Prevenção de Doenças e Salubridade: Construindo


A satisfação dos trabalhadores da área da saúde é Ambientes Saudáveis
igualmente relevante. Profissionais satisfeitos tendem a ser A prevenção de doenças através da promoção da
mais comprometidos, produtivos e engajados em suas salubridade envolve a criação e manutenção de ambientes
atividades. Isso impacta diretamente na qualidade do que favoreçam a saúde e o bem-estar das pessoas. A
salubridade refere-se às condições propícias à saúde, e sua
cuidado que oferecem, pois profissionais motivados estão
promoção é essencial para prevenir uma série de doenças.
mais propensos a realizar seu trabalho com dedicação e
Vamos explorar como isso pode ser alcançado:
precisão.
A valorização dos trabalhadores da saúde é fundamental Higiene Pessoal:
para a sua motivação. Condições de trabalho adequadas, Lavagem das Mãos: Promover práticas regulares de
remuneração justa, oportunidades de desenvolvimento lavagem das mãos é fundamental para prevenir a
profissional e um ambiente de trabalho respeitoso e propagação de doenças infecciosas. Disponibilizar
colaborativo são fatores que influenciam diretamente na instalações adequadas para higiene pessoal contribui
satisfação dos profissionais. significativamente para ambientes saudáveis.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 54 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
Saneamento Básico: - transmissão de doenças por meio do produto injetado e
Tratamento de Resíduos: Um sistema eficaz de contaminação do material empregado na administração;
tratamento e disposição de resíduos sólidos e líquidos é - complicação devido a outros composto dos produtos
crucial para evitar a contaminação do solo e da água, imunizantes (hidróxido de alumínio,...);
prevenindo assim doenças relacionadas à falta de - encefalite pós-vacinal, quando da utilização de
saneamento. antígenos vivos;
- agravamentos de enfermidades crônicas cardíacas,
Qualidade do Ar: renais, do sistema nervoso central, entre outras;
Ventilação Adequada: Assegurar uma boa ventilação - reações locais gerais: nódulos, edemas, dor ou mal-
em ambientes fechados reduz a concentração de poluentes estar, lipotimia, entre outras;
no ar, melhorando a qualidade do ar e prevenindo doenças - reações de hipersensibilidade;
respiratórias. - complicações específicas secundárias à natureza e
tipos de antígenos ou substâncias fontes de anticorpos.
Controle de Vetores:
Combate a Vetores de Doenças: A implementação de TIPOS DE IMUNIZAÇÃO
estratégias para controlar vetores de doenças, como A imunidade pode ser natural ou adquirida (SCHMITZ et
mosquitos transmissores de doenças como a dengue e a al, 1989):
malária, é vital para a prevenção. A imunidade natural compreende mecanismos
inespecíficos de defesa de pele, pH, e a imunidade conferida
Educação em Saúde: pela mãe através da via transplacentária e pelo leite materno
Conscientização Comunitária: Iniciativas de educação ao recém nascido.
em saúde que abordam práticas saudáveis, como a A imunidade adquirida pode ser espontânea, após um
importância de uma dieta equilibrada e a prática regular de processo infeccioso, ou induzida de maneira ativa ou
exercícios, são essenciais. passiva:
- passiva: administração de anticorpos previamente
Vigilância Epidemiológica: formados (imunoglobulinas) ou soros hiperimunes. Útil em
Monitoramento de Doenças: Estabelecer sistemas de pacientes com defeito na formação de anticorpos ou
vigilância epidemiológica para monitorar a ocorrência de imunodeprimidos;
doenças ajuda na identificação precoce de surtos e na - ativa: uso de microorganismos vivos atenuados, mortos
implementação de medidas preventivas. e componentes inativados de microorganismos.

Planejamento Urbano Sustentável: Contraindicações


Espaços Verdes e Áreas de Lazer: Cidades planejadas São consideradas contraindicações gerais ao uso de
com espaços verdes, áreas de lazer e acessibilidade vacinas de bactérias ou vírus vivos:
promovem a atividade física e a saúde mental, contribuindo - portadores de doenças com deficiências imunitárias,
para ambientes mais saudáveis. como imunodeficiência combinada à gamaglobulina ou
hipogamaglobulina;
Acesso à Água Potável: - pacientes com imunodeficiências por defeitos
Fornecimento de Água Segura: Garantir acesso a água congênitos ou enfermidades ativas do sistema linfoide ou
potável e sistemas de abastecimento seguros é essencial reticuloendotelial (leucemia, linfoma, doença de Hodgkin...);
para prevenir doenças transmitidas pela água. - imunodepressão devido a terapia com corticóide
sistêmico em altas doses, com antimetabólitos, agentes
Controle de Infecções: alquilantes ou irradiação;
Medidas nos Cuidados de Saúde: Implementar - grávidas, salvo situações de alto risco de exposição a
protocolos rigorosos de controle de infecções em ambientes algumas doenças virais imunopreveníveis, como febre
amarela, por exemplo.
de saúde ajuda a prevenir a disseminação de doenças entre
Com relação a pacientes HIV positivos assintomáticos,
pacientes e profissionais de saúde.
poderão receber todas as vacinas do esquema básico; os
doentes com AIDS só não poderam receber a BCG.
Promoção da Saúde Mental: - Redução de Estigmas:
Há casos em que a vacinação precisa ser somente
Iniciativas que promovem a compreensão e redução do
adiada:
estigma associado à saúde mental contribuem para - tratamento com imunossupressores (corticosteróides,
ambientes mais saudáveis emocionalmente. quimioterapia antineoplásica, radioterapia,...), deve-se adiar
para 90 dias após a suspensão do uso da substância;
Vacinação - durante a evolução de doenças agudas febris graves;
A imunização é um conjunto de métodos terapêuticos - não recomenda-se aplicar a BCG em crianças com
destinados a conferir ao organismo um estado de resistência, menos de dois quilos de peso.
ou seja, de imunidade, contra determinadas enfermidades
infecciosas. CONSERVAÇÃO DE VACINAS
É uma das estratégias de prevenção mais significativas. A Organização Pan-Americana de Saúde-OPAS e o
No mesmo nível de importância, como medida de proteção e Programa Nacional de Imunizações-PNI (MINISTÉRIO DA
promoção à saúde infantil, estão a amamentação, o SAÚDE, 1991) estabelecem que o intervalo de temperatura
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e o para conservação de soros e vacinas precisa ser de +4 a
controle - tratamento precoce da diarreia infantil. +8ºC.
As crianças são as que mais sofrem com a caótica Faz-se necessário a presença de um termômetro dentro
situação socioeconômica de países subdesenvolvidos como do refrigerador. Utilizar termômetro de 3 colunas, pois
o nosso, Brasil. Esta fato reflete-se nos altos índices de registra as temperaturas mínima, máxima e atual.
mortalidade (em algumas regiões do país) e a formação de Vacinas de vírus vivos atenuados (pólio, sarampo,
contingentes de indivíduos com sequelas físicas, intelectuais rubéola, caxumba) são mais sensíveis ao calor, devendo ser
psicológicas, decorrentes de doenças preveníveis por acondicionadas na unidade de saúde por 1 mês no máximo.
esquemas básicos de imunização. É preferencial mantê-las na prateleira superior do
refrigerador. Vacinas de bactérias vivas e atenuadas
Entretanto a imunização não está isenta de riscos (tuberculose) são menos sensíveis às oscilações de
(SCHMITZ et al, 1989): temperatura, podendo ser conservadas por até um ano na
- infecção no local da inoculação; parte superior do refrigerador.

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SAÚDE PÚBLICA
Vacinas inativadas virais e bacterianas (toxóides tetânico conter quantidades muito pequenas de outros produtos
e diftérico; coqueluche) são as mais estáveis. Devem ser químicos ou biológicos, como: água estéril, soro fisiológico
armazenadas por 6 meses na prateleira inferior do ou fluidos contendo proteína; conservantes e estabilizantes
refrigerador. (por exemplo, albumina, fenóis e glicina); potencializadores
Os diluentes precisam estar na mesma temperatura que da resposta imune, chamados “adjuvantes”, que ajudam a
as vacinas; não utilizar o refrigerador para outras finalidades. melhorar a eficácia e/ou prolongar a proteção da vacina; e
O refrigerador precisa ficar num local fresco, ao abrigo da luz também podem conter quantidades muito pequenas do
solar e fontes de calor, distante pelo menos 15 cm das material empregado para fazer crescer a bactéria ou o vírus,
paredes e sua porta precisa ficar bem vedada. como a proteína do ovo de galinha. Algumas vacinas
Recomenda-se colocar sacos e garrafas plásticas com apresentam ainda traços de antibiótico na composição, para
água no congelador e parte inferior do refrigerador a fim de evitar o crescimento de microrganismos durante a produção
manter a temperatura, caso haja interrupção no fornecimento e o armazenamento do produto final.
de energia. NÃO UTILIZAR A PORTA DO REFRIGERADOR Estes ingredientes ajudam a preservar as vacinas e
POIS PODE DANIFICAR A VEDAÇÃO E OCORRER contribuem para manter sua eficácia ao longo do tempo. O
AQUECIMENTO INTERNO. timerosal é um conservante que contém mercúrio. Ele é
A circulação de ar também precisa ser respeitada, por adicionado em quantidades muito pequenas apenas em
isso é necessário que as vacinas sejam dispostas em frascos de vacinas com mais de uma dose, e tem a
bandejas ou caixas furadas e descobertas, deixando entre os finalidade de evitar a contaminação e o crescimento de
frascos uma distância de 1 a 2 cm. bactérias potencialmente prejudiciais. Pessoas com história
Para transportar as vacinas, utilizar caixas isotérmicas prévia de reações alérgicas graves a alguma destas
(de isopor). Cercar as vacinas com sacos de gelo, sem que substâncias devem consultar o médico antes da vacinação.
haja contato direto (isolar os frascos com papelão ou
espuma). Preparar a caixa 15 a 20 minutos antes de sair Boas práticas
(manter um termômetro em seu interior), fechá-la com fita Trata-se do conjunto de diretrizes que devem ser
adesiva até chegar ao destino. adotadas com o objetivo de garantir a qualidade da
IMPORTANTE: o serviço de saúde precisa informar o vacinação, para que se alcance o máximo de proteção com o
nível regional ou central da rede de frio, sobre lotes de menor risco de danos à saúde.
vacina que tenham sofrido variações de temperatura inferior Para que esse objetivo seja atingido, alguns pontos são
ou superior à temperatura estabelecida pela OPAS ou PNI, fundamentais:
para que estes deem as diretrizes que devem ser seguidas. - A equipe deve estar treinada e atualizada em relação
aos procedimentos e às vacinas.
Eficácia e segurança das vacinas - O controle da cadeia de frio deve ser efetivo.
A maioria das vacinas protege cerca de 90% a 100% das - A carteira de vacinação deve ser analisada para avaliar
pessoas. O pequeno percentual de não proteção se deve a quais vacinas precisam ser administradas e quantas doses
muitos fatores — alguns estão relacionados com o tipo da serão necessárias.
vacina, outros, com o organismo da pessoa vacinada que - A técnica de aplicação deve ser adequada às
não produziu a resposta imunológica adequada. Quanto à características de cada
segurança, ou seja, à garantia de que não vai causar dano à
saúde, é importante saber que toda vacina, para ser Os cinco “CERTOS” da vacinação
licenciada no Brasil, passa por um rigoroso processo de Cuidados a serem observados pelo vacinador:
avaliação realizado pela Agência Nacional de Vigilância - Paciente Certo: confirmar o nome do paciente para
Sanitária (Anvisa). Esse órgão, regido pelo Ministério da evitar a aplicação em pessoa errada.
Saúde (MS), analisa os dados das pesquisas, muitas vezes - Vacina Certa: conferir pelo menos três vezes qual
realizadas ao longo de mais de uma década, e que vacina deve ser preparada para administração.
demonstram os resultados de segurança e eficácia da vacina - Momento Certo: analisar cuidadosamente a carteira de
obtidos em estudos com milhares de humanos voluntários de vacinação para ter certeza de que é o momento correto para
vários países. O objetivo é se certificar de que o produto é de administrar determinada vacina.
fato capaz de prevenir determinada doença sem oferecer - Dose Certa: administrar a dose correta. O cuidado deve
risco à saúde. ser redobrado quando a apresentação da vacina for
multidose.
Composição das vacinas - Preparo e Administração Certos: preparar a vacina de
As vacinas atenuadas contêm agentes infecciosos vivos, acordo com sua apresentação.
mas extremamente enfraquecidos. Já as vacinas inativadas Exemplos: diluir o pó da vacina com o conteúdo inteiro
usam agentes mortos, alterados, ou apenas partículas deles. do diluente; não agitar a vacina com força após a diluição;
Todos são chamados de antígenos e têm como função aspirar todo o conteúdo, quando a vacina for monodose, e a
reduzir ao máximo o risco de infecção ao estimular o sistema dose correta quando esta for multidose; utilizar a agulha
imune a produzir anticorpos, de forma semelhante ao que correta e escolher a melhor área para a aplicação da vacina
acontece quando somos expostos aos vírus e bactérias, — se subcutânea ou intramuscular, na perna ou no braço.
porém, sem causar doença. As vacinas atenuadas podem
produzir condições semelhantes às provocadas pela doença O paciente deve observar se:
que previne (como febre, por exemplo), mas em pessoas - As vacinas estão armazenadas em refrigeradores
com o sistema imunológico competente isso é muito raro e, adequados.
quando ocorre, os sintomas são brandos e de curta duração. - Os refrigeradores possuem controle de temperatura.
Já as pessoas com doenças que deprimem o sistema - A temperatura dos refrigeradores está entre +2°C e
imunológico, ou que estão em tratamento com drogas que +8°C.
levam à imunossupressão, não podem receber esse tipo de - As vacinas são retiradas dos refrigeradores apenas no
vacina. O mesmo vale para as gestantes. Quanto às vacinas momento do preparo para administração.
inativadas, elas nem chegam a “imitar” a doença. - A caixa da vacina está lacrada.
O que fazem é enganar o sistema imune, pois este - A vacina que será administrada é a vacina que deve ser
acredita que o agente infeccioso morto, ou uma partícula aplicada.
dele, representa perigo real e desencadeia o processo de - A vacina está dentro da validade.
proteção. São vacinas sem risco de causar infecção em - A vacina está sendo preparada no exato momento de
pessoas imunodeprimidas ou em gestante e seu feto Além sua administração.
dos antígenos (atenuados ou inativados), as vacinas podem - A agulha e seringa são descartáveis.

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SAÚDE PÚBLICA
- As seguintes informações foram registradas em sua que nascem anualmente em nosso país, tentando alcançar
carteira de vacinação: nome e lote da vacina; data de coberturas vacinais de 100% de forma homogênea em todos
aplicação e data de retorno, quando houver necessidade de os municípios e em todos os bairros.
mais doses ou reforços. O PNI é, hoje, parte integrante do Programa da
- As orientações sobre possíveis eventos adversos foram Organização Mundial da Saúde, com o apoio técnico,
informadas. operacional e financeiro da UNICEF e contribuições do
Rotary Internacional e do Programa das Nações Unidas para
HISTÓRIA DA VACINAÇÃO NO BRASIL o Desenvolvimento (PNUD).
O êxito das Campanhas de Vacinação contra a varíola
na década dos anos sessenta mostrou que a vacinação em Saneamento Básico
massa tinha o poder de erradicar a doença. O último caso de O saneamento básico é um conceito que está
varíola notificado no Brasil foi em 1971, e no mundo em 1977 relacionado com o controle e distribuição dos recursos
na Somália. básicos (abastecimento, tratamento e distribuição de água,
Em 1973 foi formulado o Programa Nacional de esgoto sanitário, coleta e destino adequado do lixo, limpeza
Imunizações (PNI), por determinação do Ministério da pública) tendo em conta o bem-estar físico, mental ou social
Saúde, com o objetivo de coordenar as ações de da população.
imunizações que se caracterizavam, até então, pela No Brasil, o saneamento básico é definido pela Lei nº.
descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área 11.445/2007, sendo um direito assegurado pela Constituição
de cobertura. A proposta básica para o Programa, constante a partir de investimentos públicos na área. Segundo a
de documento elaborado por técnicos do Departamento Organização Mundial de Saúde (OMS):
Nacional de Profilaxia e Controle de Doenças (Ministério da "Saneamento é o controle de todos os fatores ambientais
Saúde) e da Central de Medicamentos (CEME - Presidência que podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar, físico,
da República), foi aprovada em reunião realizada em mental e social dos indivíduos".
Brasília, em 18 de setembro de 1973, presidida pelo próprio
Ministro Mário Machado Lemos e contou com a participação Saneamento Básico e Saúde
de renomados sanitaristas e infectologistas, bem como de
A falta de saneamento básico pode gerar inúmeros
representantes de diversas instituições.
Em 1975 foi institucionalizado o PNI, resultante do problemas de saúde.
somatório de fatores, de âmbito nacional e internacional, que Portanto, o conjunto de fatores que reúnem o
convergiam para estimular e expandir a utilização de agentes saneamento levam a uma melhoria de vida na população na
imunizantes, buscando a integridade das ações de medida que controla e previne doenças, combatendo muitos
imunizações realizadas no país. O PNI passou a coordenar, vetores.
assim, as atividades de imunizações desenvolvidas Nesse caso, podemos pensar num dos maiores
rotineiramente na rede de serviços e, para tanto, traçou problemas enfrentados pela população brasileira atualmente
diretrizes pautadas na experiência da Fundação de Serviços com a disseminação do mosquito da dengue os quais se
de Saúde Pública (FSESP), com a prestação de serviços proliferam mediante a água parada.
integrais de saúde através de sua rede própria. A legislação Dessa forma, o saneamento básico promove hábitos
específica sobre imunizações e vigilância epidemiológica (Lei
higiênicos e controla a poluição ambiental, melhorando
6.259 de 30-10-1975 e Decreto 78.231 de 30-12-76) deu
assim, a qualidade de vida da população.
ênfase às atividades permanentes de vacinação e contribuiu
para fortalecer institucionalmente o Programa.
Em seguimento à erradicação da varíola, inicia-se em Saneamento Básico no Brasil
1980 a 1ª Campanha Nacional De Vacinação Contra A No Brasil, as medidas de saneamento têm demostrado
Poliomielite, com a meta de vacinar todas as crianças diversos avanços nas últimas décadas, no entanto, muitas
menores de 5 anos em um só dia. O último caso de localidades ainda sofrem com os problemas da falta de
poliomielite no Brasil ocorreu na Paraíba em março de 1989. saneamento básico. Como exemplo, podemos citar a falta de
Em setembro de 1994 o Brasil junto com os demais países água tratada e potável, canalizações de esgoto e a coleta de
da região das Américas, recebeu da Comissão Internacional lixo. Um estudo realizado pelo Departamento de Engenharia
para a Certificação da Ausência de Circulação Autóctone do Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas
Poliovírus Selvagem nas Américas, o Certificado que a Gerais, “Panorama do Saneamento Básico no Brasil” (2011),
doença e o vírus foram eliminados de nosso continente.
aponta para a realidade do saneamento básico no Brasil.
De 1990 a 2003, o PNI fez parte da Fundação Nacional
de Saúde. A partir de 2003, passou a integrar o DEVEP/SVS Segundo a pesquisa, o saneamento básico no país ainda
- Secretaria de Vigilância em Saúde, inserido na demostra atraso, de forma que apenas 45,7% dos domicílios
Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações no país possuem rede de esgoto, do qual a região Norte
(CGPNI). demostra maior preocupação, com apenas 13% de
Ao longo do tempo, a atuação do PNI alcançou municípios.
consideráveis avanços ao consolidar a estratégia de A região do país que apresenta maior estrutura de
vacinação nacional. As metas mais recentes contemplam a saneamento básico é o Sudeste com aproximadamente 95%
eliminação do sarampo e do tétano neonatal. A essas, se das cidades. Em seguida temos o Nordeste, com 45%, o Sul
soma o controle de outras doenças imunopreveníveis como (39%) e o Centro-Oeste (28%).
Difteria, Coqueluche e Tétano acidental, Hepatite B,
Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose,
Impactos da falta de saneamento para o meio
Rubéola e Caxumba em alguns Estados, bem como, a
ambiente e a sociedade
manutenção da erradicação da Poliomielite.
O PNI adquire, distribui e normatiza também o uso dos Propagação de doenças
imunobiológicos especiais, indicados para situações e Um dos mais relevantes impactos da falta de
grupos populacionais específicos que serão atendidos nos saneamento básico no meio ambiente e, por consequência,
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais para a população, é a propagação de doenças, que
(CRIE). É também de responsabilidade desta coordenação a poderiam ser evitadas com o oferecimento de melhores
implantação do Sistema de Informação e a consolidação dos condições para a população. Você sabia que a diarreia
dados de cobertura vacinal em todo o país. causa anualmente, em todo o mundo, a morte de 361 mil
Destacamos que o objetivo principal do Programa é de crianças com menos de 5 anos? Só o acesso à coleta de
oferecer todas as vacinas com qualidade a todas as crianças esgoto e à água potável poderiam evitar 88% dessas mortes.

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SAÚDE PÚBLICA
O tratamento do esgoto, por exemplo, minimiza a as cidades, isso pode representar um surto de doenças ou
quantidade de micro-organismos causadores de doenças uma infestação de insetos ou pragas, por exemplo.
que se desenvolvem em ambientes insalubres. Outro ponto é
a reprodução dos mosquitos em águas parada, que podem Benefícios do saneamento básico são:
provocar dengue, febre amarela, malária, Zika, Chikungunya - reduzir a disseminação de helmintíases intestinais,
e outras enfermidades. Outras patologias que podem ser esquistossomose e tracoma, que são doenças comumente
transmitidas são leptospirose, disenteria, esquistossomose, negligenciadas;
cólera e parasitoses. - redução da gravidade e consequências da desnutrição;
- promoção da dignidade humana e aumento da
Enchentes e aquecimento global segurança, especialmente para mulheres e meninas;
Bons investimentos em saneamento básico também - redução da propagação da resistência antimicrobiana;
ajudam a evitar enchentes, especialmente em cidades que - o potencial de reciclagem de água e energia renovável;
investem na manutenção preventiva dos sistemas e orientam - a possibilidade de superar a escassez de água por
a população sobre a correta utilização das galerias pluviais e meio do uso seguro de águas residuais para irrigação,
das redes de esgoto. especialmente em áreas mais afetadas pelas mudanças
Quanto ao aquecimento global, diferentemente de outros climáticas;
setores da economia, em que o crescimento costuma estar - diminuição de contaminação do solo e água;
atrelado ao aumento da emissão de gases de efeito estufa, a - processo de suma importância para a preservação e
expansão do acesso ao saneamento básico efetivamente proteção do meio ambiente.
contribui para minimizar esse problema por meio da redução
da emissão de gases poluentes na atmosfera, como o gás CONHECIMENTOS BÁSICOS: RAIVA,
carbônico (CO₂). ESQUISTOSSOMOSE, DOENÇA DE CHAGAS, DENGUE,
A manutenção e expansão das matas também têm LEISHMANIOSE: TEGUMENTAR E VISCERAL E
relação direta com a preservação dos rios e da qualidade do MALÁRIA, GUIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
ar, fatores que também influenciam para o aquecimento
global. Nesse caso, as matas ciliares fazem a captura do A raiva (também conhecida como rábia ou,
CO₂ e garantem a preservação dos mananciais, prevenindo impropriamente, como hidrofobia ), é uma doença
a ocorrência de erosão do solo, por exemplo. infecciosa que afeta os mamíferos causada por um vírus que
Aqui, cabe destacar que quando falamos de um se instala e multiplica primeiro nos nervos periféricos e
ecossistema, é preciso entender que está tudo interligado. depois no sistema nervoso central e dali para as glândulas
Ou seja: qualquer desequilíbrio, seja no rio, no ar ou no solo, salivares, de onde se multiplica e propaga. Por ocorrer em
pode impactar diferentes aspectos de uma região inteira. animais e também afetar o ser humano, é considerada
uma zoonose.
Prejuízos para a economia A transmissão dá-se do animal infectado para o sadio
Existe uma relação direta do ponto de vista econômico através do contato da saliva por mordedura, lambida em
com o saneamento básico, uma vez que, somente em 2015, feridas abertas, mucosas ou arranhões. Outros casos de
o número de trabalhadores afastados foi de 6,4 milhões. Se transmissão registrados são pela via inalatória,
100% da população tivesse acesso à coleta de esgoto, pelaplacenta e aleitamento e, entre humanos, pelo
haveria uma redução de 74,6 mil internações. transplante de córnea. Infectando animais homeotérmicos, a
Isso se reflete também no impacto financeiro que as raiva nas áreas urbanas tem como principal agente o cão,
doenças causam na administração pública, visto que seguido pelo gato; na em zonas silvestres, se dá
diversas internações, tratamentos e compra de principalmente por lobos, raposas, coiotes e nos morcegos
medicamentos poderiam ser evitadas. Para se ter uma ideia, hematófogos. 80% dos casos registrados de animais
o custo de uma internação por infecção gastrintestinal no infectados são carnívoros.
SUS foi de cerca de R$ 355,71 por paciente na média Mesmo sendo controlada nos animais domésticos em
nacional, segundo o Trata Brasil. várias partes do mundo, a raiva demanda atenção em razão
Esse cenário também torna mais difícil reduzir a pobreza dos animais silvestres. Na saúde pública gera grande
e a desigualdade, uma vez que as pessoas sem acesso ao despesa para seu controle e vigilância, mesmo nos locais
saneamento são as mais pobres. São elas que acabam onde é considerada erradicada ou sob controle, já que é uma
ficando mais doentes e precisam faltar mais ao trabalho, o doença fatal em todos os casos que evoluem para a
que impacta diretamente na renda familiar. No caso das manifestação dos sintomas. Até 2006 apenas 6 casos de
mulheres, essa situação é ainda mais difícil, pois a tarefa de cura entre humanos foram registrados, dos quais 5 haviam
cuidar de parentes que adoecem costuma ser delas. recebido o tratamento vacinal pré e pós-exposição e
De acordo com o relatório O saneamento e a vida da somente um, em 2004, parece não haver recebido estes
mulher brasileira, as mulheres se afastam em média 3,5 dias cuidados. A este caso único de cura, uma adolescente
por ano de suas atividades rotineiras por causa da incidência de Milwaukee , ensejou a uma segunda cura, esta feita num
de doenças diarreicas. Focando no aspecto financeiro, o hospital público do Recife, no Brasil.
acesso ao saneamento traria um ganho total à economia do Sua incidência é global, salvo em algumas áreas
país de mais de R$ 12 bilhões ao ano. específicas em que é considerado erradicado, como
a Antártida, Japão, Reino Unido, e outras ilhas.
Poluição do meio ambiente
A degradação ambiental é um dos impactos mais visíveis
que a falta de saneamento básico pode proporcionar. A Ciclos de transmissão e hospedeiros
poluição urbana continua em franco crescimento e a falta de Para a forma de transmissão da raiva se convencionou
destinação adequada para os resíduos segue gerando uma classificar as ciclos de transmissão em urbana, rural,
série de prejuízos aos grandes centros urbanos e para a silvestre, aéreo ou terrestre.
natureza. O ciclo aéreo diz respeito aos morcegos, sendo todos os
Segundo estudos do Instituto Trata Brasil, todos os dias, demais considerados terrestres; será urbano quando a
3.500 piscinas olímpicas de esgotos são despejadas em rios, doença é transmitida por animais domésticos, notadamente
mares e cursos d’água, apenas pelas 100 maiores cidades cães e gatos; o rural dá-se nos herbívoros (bois, ovelhas,
brasileiras. etc.) em geral atacados por morcegos hematófagos; já o
Um rio, córrego ou bacia que sofre alguma contaminação silvestre diz respeito aos animais que habitam às matas —
pode acabar matando várias espécies de uma cadeia aos quais muitas vezes o ciclo aéreo também está
alimentar, por exemplo, e afetar um ecossistema inteiro. Para associado.

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SAÚDE PÚBLICA
O cão é o principal hospedeiro do ciclo urbano, e a vacina que contém partículas inativas do vírus da raiva. Essa
relação de proximidade com o homem evidencia a condição vacina estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos
de zoonose da doença; os cães transmitem o vírus entre si que protegem o organismo contra o vírus caso haja
ou eventualmente, em geral em episódios envolvendo exposição no futuro. A vacina é segura e eficaz, e a
morcegos, de animais de outras espécies. imunização regular é crucial para prevenir a disseminação da
No ciclo aéreo o morcego hematófago é o principal doença. Além de proteger os animais de estimação, a
hospedeiro, sendo considerável por exemplo na América vacinação antirrábica também é importante para a saúde
Latina, onde a espécie Desmodus rotundus é a que mais pública. Uma vez que a raiva é uma doença zoonótica, ou
provoca casos de transmissão silvestre aérea. seja, pode ser transmitida dos animais para os humanos,
Além do morcego hematófago é de se considerar a garantir que os animais estejam vacinados ajuda a reduzir o
transmissão por animais que não se alimentam de sangue risco de transmissão da doença para as pessoas.
(frugívoros, insetívoros, etc.), que podem representar As campanhas de vacinação antirrábica são
eventual risco dada a sua condição de habitar ambientes frequentemente realizadas em muitos países, especialmente
urbanos. em áreas onde a raiva é endêmica ou onde há maior risco de
exposição. Durante essas campanhas, os profissionais de
Epidemiologia saúde veterinária oferecem vacinas gratuitas para animais de
Com exceção da Austrália e Antártida, a raiva está ainda estimação, como cães e gatos, e educam os proprietários
presente em todos os continentes da Terra. sobre a importância da imunização.
Alguns países conseguiram erradicá-la — como Reino Além disso, é fundamental promover a conscientização
Unido, Irlanda, Japão e nações da Escandinávia; esta ampla sobre a prevenção da raiva. Isso inclui ensinar as pessoas a
distribuição deve-se à grande adaptabilidade do vírus em evitarem contato com animais desconhecidos ou selvagens,
várias espécies de hospedeiros. a não tocar em morcegos e a procurar tratamento médico
Na América do Norte e Europa os casos urbanos são imediatamente em caso de mordida ou arranhão de animal.
considerados erradicados, restando ainda as do ciclo A vacinação antirrábica é uma estratégia crucial para
silvestre; nos demais países os registros urbanos persistem: controlar a raiva e proteger a saúde de animais e seres
a Índia, por exemplo, chegou a registrar mais de 20 mil casos humanos. Ela desempenha um papel fundamental na
ao ano, e a China 5 mil. prevenção da disseminação da doença e na construção de
Diversas cepas do vírus se encontram em reservatórios comunidades mais seguras e saudáveis.
silvestre e em cães, através do globo.
Na África casos de cães assintomáticos foram Quais os sintomas da raiva?
registrados na Etiópia e Nigéria, além da detecção de RNA Os sintomas da raiva podem não aparecer na hora. O
viral em hienas, o que sugere a existência de cepas de baixa mais comum é demorar entre um a três meses, mas não é
capacidade patogênica nesta espécie. uma regra. De acordo com Ana Flávia Campos, em algumas
A incidência da doença em herbívoros tem significativo pessoas os sintomas podem se manifestar em até um ano.
impacto econômico; apenas em bovinos ela representa um “Quando o vírus penetra, ele vai caminhando pelo sistema
valor estimado em 50 milhões de dólares ao ano, em todo o nervoso periférico até o sistema nervoso central. Por razões
mundo. ainda desconhecidas, essa replicação ao longo do sistema
No período de 1990 a 1998 houve 383 casos de raiva nervoso periférico é bem lenta. É isso que justifica um
humana no Brasil e seis em São Paulo. Esses números vêm período de incubação tão extenso”.
diminuindo progressivamente. Em 2002 foram somente dez Entre os sintomas estão:
casos. - Alterações de comportamento – confusão mental,
A inoculação ocorre a partir da saliva do animal desorientação, agressividade, alucinações
contaminado, especialmente pela mordida (menos - Espasmos ao sentir água ou vento - hidrofobia
frequentemente por arranhadura ou lambida em mucosas). - Mal-estar geral
Formas remotas de transmissão inter-humanas são - Aumento de temperatura
possíveis, embora raras, e há alguns relatos (transplantes ou - Náuseas
por via respiratória). - Dor de garganta

Vacina antirrábica O período de evolução do quadro clínico é, em geral, de


Apesar de ser uma doença controlada, a raiva é muito dois a sete dias.
grave e causa grande preocupação tanto aos donos de
animais de estimação quanto às autoridades brasileiras — Diagnóstico
que anualmente promovem nos estados e municípios Os sintomas da raiva podem ser confundidos com outras
campanhas de vacinação. A vacina antirrábica é ainda a doenças numa primeira avaliação. Entretanto, a confirmação
única forma de prevenir a enfermidade e manter os pets laboratorial pode ser feita pelo método de
saudáveis. imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado
Fatal em quase 100% dos casos, a raiva é uma zoonose de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical.
que pode também afetar o ser humano e por isso os
cuidados se redobram no combate e prevenção da doença.
A vacina antirrábica é obrigatória para cães e gatos. Formas de prevenção
Cachorros devem receber a primeira dose aos 6 meses de Existem algumas formas de prevenir a raiva. Uma delas
idade, ou de acordo com a recomendação do médico é a vacina antirrábica. Outras formas são:
veterinário responsável. Geralmente é ministrada uma - Vacinação dos animais de estimação
semana após a primeira dose da óctupla e o reforço deve - Evitar contato com animais que você não conhece
ocorrer anualmente. - Nunca tocar em animais silvestres
Em gatos, a administração deve ser feita uma semana - Prevenir que morcegos entrem nas casas
após a terceira dose da vacina quíntupla e o reforço deve ser
também anualmente. Esquistossomose
A vacinação antirrábica é uma das medidas mais A esquistossomose, febre do caramujo ou bilharzíase é
importantes para a prevenção da raiva, uma doença viral uma doença crônica causada por platelmintos parasitas e
grave que afeta mamíferos, incluindo os seres humanos. A multicelulares do gênero Schistosoma. A OMS estima que
raiva é transmitida principalmente através da mordida de um 160 milhões sejam infectados por ano, principalmente na
animal infectado, geralmente cães ou morcegos. África e Ásia, e apesar da mortalidade ser baixa, ainda mata
A vacinação antirrábica consiste em administrar uma milhares de pessoas todos os anos.

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SAÚDE PÚBLICA
Causas 2012, a Fundação Oswaldo Cruz anunciou a criação de uma
Existem seis espécies de Schistosoma que podem vacina contra a esquistossomose, utilizando a proteína
causar a esquistossomose ao homem: S. hematobium, S. SM14, que encontra-se em fase final de testes.
intercalatum, S. japonicum, S. malayensis, S. mansoni e S.
mekongi. Destas, apenas S. mansoni é encontrada no Tratamento
continente americano. O tratamento é feito com um antiparasitário de baixa
Esses vermes se reproduzem dentro de caramujo, seu toxicidade (principalmente praziquantel ou oxamniquina), que
hospedeiro intermediário, e suas metacercárias penetram na deve ser prescrito para todos os pacientes cujo exame de
pele das pessoas que nadam em rios e lagos com fezes ou de mucosa retal apresente ovos viáveis do parasita.
caramujos. O praziquantel é uma droga de administração oral em
dose única cujos principais efeitos colaterais são diarreia e
Progressão e sintomas dor abdominal. Ele atua alterando a capacidade do parasita
A fase de penetração é o nome dado a sintomas que de contrair sua musculatura, fazendo com que se solte e seja
podem ocorrer quando da penetração da cercária na pele, eliminado. No Brasil, é o medicamento preferencial no
mas frequentemente é assintomática, exceto em indivíduos tratamento de todas as formas clínicas da esquistossomose.
já infectados antes. A oxamniquina é também de administração oral em dose
Nestes casos é comum surgir eritema (vermelhidão), única. Ela atua sobre o Schistosoma mansoni com eficácia
reação de sensibilidade com urticária (dermatite cercariana) um pouco inferior à do praziquantel, mas não atua sobre
e prurido e pele avermelhada ou pápulas na pele no local outras espécies do verme.
penetrado, que duram alguns dias.
Na fase inicial ou aguda, geralmente aparece após três a Doença de Chagas
nove semanas após a penetração das cercárias quando há Doença de Chagas ou Tripanossomíase americana é
disseminação das larvas pelo sangue, e principalmente o uma doença tropical parasitária causada pelo
início da postura de ovos o paciente apresenta a síndrome protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida principalmente
de Katayama caracteriza por: por insetos da subfamília Triatominae. Os sintomas mudam
- Náusea, ao longo do curso da infecção. Na fase inicial, eles podem
- Cefaleia (dor de cabeça), não estar presentes ou podem ser: febre, gânglios linfáticos
- Astenia (fraqueza), aumentados, dor de cabeça e inchaço no local da mordida.
- Dor abdominal, Após 8-12 semanas, os indivíduos entram na fase
- Diarreia com sangue, crônica da doença e em 60-70% nunca desenvolvem outros
- Dispneia (falta de ar), sintomas. Os 30 a 40% restantes apresentam sintomas
- Hemoptise (tosse com sangue), adicionais de 10 a 30 anos após a infecção inicial. Isto inclui
- Artralgias (dores em articulações), o alargamento dos ventrículos do coração em 20 a 30%
- Linfonodomegalia (gânglios linfáticos inchados) levando a insuficiência cardíaca.
- Hepatomegalia (aumento do fígado), A dilatação do esôfago ou o alargamento do
- Esplenomegalia (aumento do baço), cólon também podem ocorrer em 10% das pessoas.
- Urticária (alergia na pele com coceira). T. cruzi é transmitido para humanos e outros mamíferos
principalmente pela via vetorial, geralmente através do
Complicações contagio com as fezes de insetos hematófagos da subfamília
Caramujo gigante, um dos hospedeiros do verme na Triatominae, popularmente denominados de "barbeiros".
mata atlântica. Os sintomas crônicos são quase todos A doença pode também ser transmitida através
devidos à produção de ovos imunogênicos. Estes são de transfusão de sangue, transplante de órgãos, ingestão de
destrutivos por si mesmos, com o seus espinhos e enzimas, alimentos contaminados com o parasita e da mãe para o
mas é a inflamação com que o sistema imunitário lhes reage feto. O diagnóstico precoce da doença é feito pela detecção
que causa os maiores danos. do parasita no sangue, utilizando um microscópio. A forma
As formas adultas não são atacadas porque usam crônica é diagnosticada pela presença de anticorpos para T.
moléculas self do próprio hóspede para se camuflar. cruzi no sangue.
Os sintomas desta fase crônica podem ser A prevenção ocorre principalmente pela eliminação dos
a hepatopatias / enteropatias com hepatomegalia, ascite, barbeiros e em evitar suas picadas. Outros esforços de
diarreia no caso da esquistossomose mansônica, única prevenção incluem a triagem do sangue usado para
que existe no Brasil. As formas mais graves com transfusões.
hepatomegalia e hipertensão portal são as principais causas Infecções precoces são tratáveis com a
de morte por esquistossomose no Brasil. medicação benznidazol ou nifurtimox. Eles quase sempre
A esquistossomose hematóbia, que existe em países resultam em cura se forem dados no início, no entanto,
africanos pode levar a patologias urinárias como tornam-se menos eficazes quanto mais tempo se passa após
disúria/hematúria, nefropatias, câncer da bexiga. contrair a doença. Quando utilizados na forma crônica
Outras formas de esquistossomose graves são as podem retardar ou prevenir o desenvolvimento de sintomas
formas ectópicas cujas mais importantes são neurológicas em fase terminal. Benznidazol e nifurtimox causam efeitos
que pode ser medular, conhecida como mielopatia colaterais temporários em até 40% das pessoas, incluindo
esquistossomótica ou esquistossomose medular, ou doenças de pele, toxicidade cerebral e irritação do sistema
cerebral, quando atingem o cérebro, existem também casos digestório.
de esquistossomose ectópica na pele, pulmão, tuba uterina e Estima-se que 7 000 000-8 000 000 pessoas, sobretudo
outras vísceras. no México, América Central e América do Sul, têm a doença
de Chagas. Isso resulta em cerca de 12 500 mortes por ano
Prevenção desde 2006. A maioria das pessoas com a doença são
Saneamento básico com esgotos e água tratada. indivíduos de baixa renda e grande parte das pessoas com a
Controle dos caramujos que são hospedeiros intermediários doença não percebem que estão infectadas. Movimentos
da doença. Proteção dos pés e pernas com botas de populacionais em grande escala têm expandido as áreas
borracha com solado antiderrapante. Informar a população onde os casos da doença de Chagas são encontrados e
das medidas profiláticas da doença. Evitar entrar em contato estes passaram a incluir muitos países da Europa e nos
com água que contenha cercarias. A Educação em saúde é Estados Unidos. Essas áreas também têm visto um aumento
fundamental para o controle da doença. No entanto deve ser nos casos até 2014. A doença foi descrita pela primeira vez
pensada em conjunto com a população local para que tenha em 1909 por Carlos Chagas, do qual recebeu o nome. Ela
um impacto sustentável ao longo do tempo. Em junho de afeta mais de 150 outras espécie de animais.

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SAÚDE PÚBLICA
Transmissão crônica serem assintomáticos e por causa de migrantes
Triatoma brasiliensis é um dos principais vetores da provenientes da América Latina.[15]
doença no Brasil, está presente em 12 estados.
Nas áreas endêmicas, o principal mecanismo de
transmissão é o vetorial, ou seja, através de um Sinais e sintomas
inseto vetor da subfamília Triatominae, principalmente dos Na fase aguda da doença de Chagas, pode haver edema
gêneros Triatoma, Rhodnius e Panstrongylus. unilateral da órbita ocular (sinal de Romaña).
O inseto infecta-se com Trypanosoma cruzi ao alimentar- A doença apresenta dois estágios em seres humanos:
se de sangue de animais ou humanos contaminados. De uma fase aguda, que ocorre pouco tempo após a infecção, e
hábitos noturnos, ele esconde-se durante o dia em fendas uma fase crônica, que se desenvolve ao longo de muitos
nas paredes e telhados, e emerge à noite, quando os anos.
habitantes estão dormindo. Por causa da tendência de picar A fase aguda ocorre durante as primeiras semanas ou
a face das pessoas, o inseto é popularmente conhecido meses desde a infecção. Geralmente, ela não é notada por
como "barbeiro" ou "chupão". ser assintomática ou por exibir apenas sintomas moderados
Após a picada e a ingestão de sangue, ele defeca que não são únicos da doença de Chagas.
próximo ao local. O prurido intenso no local da picada ajuda Os sintomas podem incluir febre, fadiga, dor no corpo,
as formas infectantes de T. cruzi (denominadas dor de cabeça, exantema, perda de apetite, diarreia e
de tripomastigotas), nas fezes, a penetrarem na ferida da vômitos. Os sinais no exame físico podem incluir aumento
picadura, mas elas também podem penetrar por mucosas moderado do fígado, do baço e de linfonodos, e inchaço no
intactas, como a conjuntival. local da picada do barbeiro (o chagoma).
Uma vez dentro do hospedeiro, o tripomastigota invade O marcador mais conhecido da fase aguda da doença de
as células próximas à inoculação, onde diferenciam-se Chagas é chamado sinal de Romaña.
em amastigotas intracelulares. O sinal é caracterizado pelo edema das pálpebras do
Os amastigotas multiplicam-se por divisão binária e mesmo lado do rosto em que se localiza a ferida produzida
diferenciam-se em tripomastigotas, que são liberados na pela picada do barbeiro, onde as fezes foram depositadas
corrente sanguínea, infectando células de tecidos variados, e pelo inseto ou mesmo quando acidentalmente esfregadas
este ciclo então é repetido diversas vezes. As manifestações para dentro do olho.
clínicas são resultado deste ciclo infeccioso. Os Raramente, crianças e adultos morrem durante a fase
tripomastigotas circulantes não se replicam (diferente aguda da doença, porém pode ocorrer uma grave inflamação
da tripanossomíase africana). E a replicação só recomeça do músculo cardíaco (miocardite) ou do cérebro
quando os parasitas entram em outras células ou são (meningoencefalite), que colocam a vida em risco. A fase
ingeridos por outro vetor. aguda também pode ser grave em pessoas com o sistema
Como doença caracteristicamente rural, tradicionalmente imunitário comprometido.[2]
acomete pessoas de origem interiorana que habitam ou Se houver o desenvolvimento de sintomas durante a fase
habitaram casas de baixa qualidade, onde o vetor facilmente aguda, eles geralmente se resolvem espontaneamente
se aloja e coloniza. Vegetação densa (como a das florestas dentro de três a oito semanas em aproximadamente 90%
tropicais) e habitats urbanos não são ideais para o dos indivíduos.
estabelecimento do ciclo de transmissão humano. No Embora os sintomas se resolvam, mesmo com o
entanto, em regiões onde o habitat silvestre e sua fauna são tratamento, a infecção persiste e entra em sua fase crônica.
reduzidos pela exploração econômica e ocupação humana, Dos indivíduos com doença de Chagas crônica, 60–80%
como em áreas recém-desmatadas, áreas de cultura jamais desenvolverão sintomas (chamada doença de
da Leopoldinia piassaba e algumas partes da região Chagas crônica indeterminada), enquanto 20–40%
amazônica, um ciclo de transmissão humano pode desenvolverão sintomas cardíacos e/ou problemas digestivos
desenvolver-se quando os insetos procuram por novas (chamada doença de Chagas crônica determinada).
fontes de alimentação. Em 10% dos indivíduos, a doença progride diretamente
T. cruzi pode também ser transmitido por transfusões de da fase aguda para uma forma clínica sintomática da doença
sangue. Com a exceção dos derivados sanguíneos de Chagas.
(como anticorpos fracionados), todos os componentes do A doença crônica sintomática (determinada) afeta vários
sangue são infecciosos. O parasita permanece viável a 4 °C sistemas do organismo, como nervoso, digestório
por até no mínimo 18 dias ou mais de 250 dias quando e cardíaco.
mantido em temperatura ambiente. Não está claro se o T. Cerca de dois terços das pessoas com sintomas crônicos
cruzi pode ser transmitido por meio de componentes do apresentam danos ao coração, incluindo amiocardiopatia
sangue congelados e descongelados.
dilatada, que causa anormalidades do ritmo cardíaco e pode
Outros modos de transmissão incluem o transplante de
órgãos, amamentação e por exposição laboratorial acidental. resultar em morte súbita.
A doença de Chagas também pode ser passada de uma Cerca de um terço dos pacientes apresenta danos ao
mulher grávida para seu filho (transmissão congênita) sistema digestório, resultando em dilatação do trato digestivo
através da placenta, com uma prevalência entre as gestantes (megacólon e megaesôfago), acompanhados de
na América do Sul de 4 a 64,4%, com 0,1 a 7% destas grave emagrecimento.
mulheres transmitindo a infecção para os fetos. A dificuldade de deglutição (secundária à acalásia) pode
Essa forma de transmissão constitui um problema em ser o primeiro sintoma dos distúrbios digestivos e pode levar
ascensão na saúde pública e é uma das responsáveis pela à desnutrição.
urbanização dos casos e pela disseminação da doença em 20% a 50% dos indivíduos com envolvimento intestinal
áreas não endêmicas. também exibem acometimento cardíaco.
A transmissão oral é uma via pouco frequente de
Mais de 10% das pessoas cronicamente infectadas
infecção, mas tem sido descrita.
desenvolvem neurite, que resulta em alterações sensoriais e
Em 1991, trabalhadores rurais no estado da Paraíba,
Brasil, foram infectados ao ingerir comida contaminada; dos reflexos tendinosos. Casos isolados exibem
transmissão também foi documentada pela ingestão de suco envolvimento do sistema nervoso central,
de açaí e caldo de cana infectados. incluindo demência, confusão, encefalopatia crônica e
Um surto em 2007 em 103 crianças numa escola na perdas sensoriais e motoras. As manifestações clínicas da
Venezuela foi atribuído a contaminação do suco de guava. doença de Chagas se devem à morte de células nos tecidos
A doença de Chagas é um problema emergente na envolvidos no ciclo infeccioso do parasita, induzindo
Europa, em vista de a grande maioria dos casos de infecção a respostas inflamatórias, lesões celulares e fibrose.

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SAÚDE PÚBLICA
Por exemplo, o amastigoto intracelular destrói os países endêmicos da América Latina é submetida a uma
neurônios intramurais do sistema nervoso autônomo do pesquisa para Chagas. O teste está sendo expandido para
intestino e do coração, levando ao megacólon e aos outros países, como França, Espanha e Estados Unidos, que
aneurismas cardíacos, respectivamente. Se não tratada, a apresentam populações significativas ou em crescimento de
doença de Chagas pode ser fatal, na maioria dos casos por imigrantes oriundos de áreas endêmicas. Na Espanha, os
danificação do tecido muscular cardíaco. doadores são avaliados com questionários para identificar
Há uma considerável variação geográfica na ocorrência indivíduos em risco de exposição à doença de Chagas para
das complicações cardíacas e de dilatações gastrointestinais realizar a triagem.
em pacientes com doença de Chagas crônica. Na maioria O Food and Drug Administration (FDA), órgão
dos países da América do Sul, as dilatações são quase tão responsável pela aprovação de medicamentos nos EUA,
comuns quanto o comprometimento cardíaco. Mas na aprovou dois testes para Chagas e publicou manuais que
Colômbia, Venezuela, América Central e México as recomendam a triagem de qualquer sangue ou tecido
dilatações são praticamente desconhecidas. Não se sabe se doados. Apesar de esses testes não serem obrigatórios nos
fatores do hospedeiro ou diferenças nas cepas do parasita EUA, estima-se que atualmente 75-90% das doações são
causariam estes diferentes padrões de expressão clínica da testadas para Chagas, incluindo todas as unidades coletadas
doença. pela Cruz Vermelha Americana, o que corresponde a 40% de
todo o suprimento sanguíneo do país.
Diagnóstico O Chagas Biovigilance Network relata a incidência atual
Na fase aguda, a presença do T. cruzi é diagnóstica para de produtos sanguíneos positivos para Chagas nos Estados
a doença de Chagas. Essa fase é caracterizada pela Unidos, segundo o que é notificado pelos laboratórios
alta parasitemia, o que permite um diagnóstico utilizando os testes de rastreio aprovados pelo FDA em
parasitológico. O parasita, em sua forma móvel 2007.
(tripomastigota), pode ser detectado por exame microscópico
direto no esfregaço de sangue fresco ou da camada Tratamento
leucocitária; ou pela preparação de esfregaços corados Na doença de Chagas, o tratamento é baseado em
com Giemsa ou Leishman. Microscopicamente, o T. drogas antiparasitárias, para aniquilar o parasita, e no
cruzi pode ser confundido com o Trypanosoma rangeli, que controle dos sinais e sintomas da infecção. O tratamento tem
não é patogênico para humanos. O T. cruzi pode também ser como objetivo reduzir a velocidade de acometimento do
isolado por cultura em meios específicos (por exemplo NNN, sistema nervoso parassimpático. Os distúrbios autonômicos
LIT), tanto na fase aguda como na crônica. provocados pela doença podem resultar, eventualmente, em
A fase crônica da enfermidade é caracterizada pela baixa megaesôfago, megacólon e miocardiopatia dilatada
parasitemia e alto nível de anticorpos, diminuindo a eficiência acelerada.
da identificação direta do parasita. Portanto, outros métodos
são empregados durante esta fase, entre eles a
hemoaglutinação indireta (IFA), Imunofluorescência indireta Epidemiologia
(IIF), enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA), Zonas endêmicas da doença de Chagas na América
quimioluminescência, TESA-blot, reação em cadeia da Latina. A doença de Chagas afeta de 8 a 10 milhões de
polimerase (PCR) e pelo xenodiagnóstico, onde percevejos pessoas vivendo em países endêmicos da América Latina,
não infectados são alimentados com o sangue do paciente com um adicional de 300 000–400 000 vivendo em países
suspeito, e então seus intestinos são examinados para a não endêmicos, como Espanha e Estados Unidos.
detecção do parasita. Estima-se que anualmente ocorrem 41 200 novos casos
em países endêmicos e que 14 400 crianças nascem com
Prevenção Chagas congênito todos os anos.
Pôster de uma campanha de alerta e prevenção Em 2010, a doença resultou em aproximadamente
em Caiena, Guiana Francesa, 2008. 10 300 mortes em comparação com 9 300 em 1990. Estima-
Atualmente, ainda não existe uma vacina contra a se que a taxa de mortalidade anual seja em torno de 14 000.
doença de Chagas e a prevenção é, em geral, focada em No Brasil, estimativas recentes apontam que entre 2 e 3
eliminar o inseto vetor com a utilização de sprays e tintas milhões de pessoas estejam infectadas, e que ocorram cerca
contendo inseticidas (piretroides sintéticos) e em melhorar as
de 6 000 mortes anualmente.
condições de saneamento e habitação nas áreas rurais.
Para os moradores de áreas urbanas que vão passar A doença está presente em 18 países do continente
temporadas, como férias ou acampamentos em regiões americano, estendendo-se do sul dos Estados Unidos até o
endêmicas, recomenda-se o uso de mosquiteiros. Algumas norte da Argentina. Chagas existe em duas zonas ecológicas
medidas de controle incluem: diferentes. Na região do Cone Sul, o principal vetor vive no
- Uma armadilha contendo uma levedura pode ser interior ou nos arredores das habitações humanas.
utilizada para monitorar infestações de certas espécies de Na América Central e no México, as principais espécies
triatomíneos (Triatoma sordida, Triatoma brasiliensis, vetoras vivem tanto no interior das casas como em áreas
Triatoma pseudomaculata e Panstrongylus megistus). desabitadas. Em ambas as zonas, a doença de Chagas
- Foram apresentados resultados promissores com o ocorre quase exclusivamente em áreas rurais, onde os
tratamento dos habitats de vetores com o fungo Beauveria triatomíneos procriam e se alimentam das mais de 150
bassiana.
espécies de 24 famílias de mamíferos domésticos e
- Pode-se selecionar simbiontes do
selvagens, bem como de humanos, que servem
Triatominae através de paratransgênese.
Inúmeras vacinas estão sendo testadas atualmente. A de reservatórios naturais do T. cruzi.
vacinação com o Trypanosoma rangeli tem produzido Embora os triatomíneos também se alimentem do
resultados positivos em modelos animais. Mais sangue de pássaros, estes parecem ser imunes à infecção e
recentemente, o potencial de vacinas com DNA não são considerados reservatórios do T. cruzi. Mesmo
paraimunoterapia da doença de Chagas nas fases aguda e quando colônias de insetos são erradicadas de uma casa ou
crônica tem sido testado por vários grupos de pesquisadores. de abrigos de animais nas redondezas, eles podem re-
Antigamente, a transfusão de sangue era o segundo emergir de plantas ou animais que fizeram parte do ciclo
modo mais comum de transmissão da doença de Chagas, silvático (referente a animais selvagens) do parasita. Esse
mas, com o desenvolvimento e a implementação do controle fenômeno é especialmente provável em zonas com
dos bancos de sangue, houve uma redução dramática desse vegetações abertas misturadas a agrupamentos de árvores e
risco na última década. A doação de sangue em todos os
interpostas por habitações humanas.

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SAÚDE PÚBLICA
A doença de Chagas crônica permanece um importante levar à morte. No geral, a dengue hemorrágica é mais
problema de saúde pública em muitos países da América comum quando a pessoa está sendo infectada pela segunda
Latina, apesar das medidas efetivas de higiene e prevenção, ou terceira vez. Os sintomas iniciais são parecidos com os
como a eliminação dos insetos transmissores. Entretanto, da dengue clássica, e somente após o terceiro ou quarto dia
algumas conquistas foram alcançadas na luta contra a surgem hemorragias causadas pelo sangramento de
doença na América Latina, como a redução de 72% da pequenos vasos da pele e outros órgãos. Na dengue
incidência da infecção em crianças e adultos jovens nos hemorrágica, ocorre uma queda na pressão arterial do
países da Iniciativa do Cone Sul e pelo menos três países paciente, podendo gerar tonturas e quedas.
(Uruguai em 1997, Chile em 1999 e Brasil em 2006) foram
certificados como livres da transmissão vetorial e Síndrome do choque da dengue
transfusional. Na Argentina, a transmissão vetorial foi A síndrome de choque da dengue é a complicação mais
interrompida em 13 das 19 províncias endêmicas e séria da dengue, se caracterizando por uma grande queda
progressos significativos têm sido feitos nesse sentido no ou ausência de pressão arterial, acompanhado de
Paraguai e na Bolívia. O monitoramento para T. cruzi do inquietação, palidez e perda de consciência. Uma pessoa
sangue doado e dos doadores de componentes sanguíneos que sofreu choque por conta da dengue pode sofrer várias
e de órgãos sólidos, assim como dos doadores de células, complicações neurológicas e cardiorrespiratórias, além de
tecidos e produtos de células e tecidos, é mandatório nos insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame
países endêmicos de Chagas e tem sido implementado. pleural. Além disso, a síndrome de choque da dengue não
Há, aproximadamente, 300 000 pessoas infectadas tratada pode levar a óbito.
vivendo nos Estados Unidos, o que é provavelmente
resultado da imigração de países latino-americanos. Com o Causas
aumento dos movimentos populacionais, a possibilidade de A dengue não é transmitida de pessoa para pessoa. A
transmissão por transfusão de sangue se tornou mais transmissão se dá pelo mosquito que, após um período de
substancial nos Estados Unidos. A transfusão de sangue e 10 a 14 dias contados depois de picar alguém contaminado,
produtos de tecidos é ativamente monitorada nos Estados pode transportar o vírus da dengue durante toda a sua vida.
Unidos, diminuindo, portanto, o risco. O ciclo de transmissão ocorre do seguinte modo: a
fêmea do mosquito deposita seus ovos em recipientes com
Dengue água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água por
A dengue é uma doença febril aguda causada por um cerca de uma semana. Após este período, transformam-se
vírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública em mosquitos adultos, prontos para picar as pessoas. O
no mundo. É transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa e o mosquito
se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. Atualmente, da dengue adulto vive em média 45 dias. Uma vez que o
a vacina é a melhor forma de prevenção da dengue. indivíduo é picado, demora no geral de três a 15 dias para a
Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da doença se manifestar, sendo mais comum cinco a seis dias.
Saúde, divulgado em janeiro de 2018, foram registrados A transmissão da dengue raramente ocorre em
menos casos prováveis de dengue em 2017, 252.054 casos temperaturas abaixo de 16° C, sendo que a mais propícia
contra 1.483.623 em 2016. gira em torno de 30° a 32° C - por isso o mosquito se
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. A fêmea
entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente coloca os ovos em condições adequadas (lugar quente e
com a dengue em mais de 100 países de todos os úmido) e em 48 horas o embrião se desenvolve. É
continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes importante lembrar que os ovos que carregam o embrião do
necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em mosquito da dengue podem suportar até um ano a seca e
consequência da dengue. serem transportados por longas distâncias, grudados nas
Existem quatro tipos de dengue, de acordo com os bordas dos recipientes. Essa é uma das razões para a difícil
quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Quando erradicação do mosquito. Para passar da fase do ovo até a
uma pessoa tem dengue tem uma imunidade relativa contra fase adulta, o inseto demora dez dias, em média. Os
outro sorotipo. mosquitos acasalam no primeiro ou no segundo dia após se
tornarem adultos. Depois, as fêmeas passam a se alimentar
Tipos de sangue, que possui as proteínas necessárias para o
O vírus da dengue possui quatro variações: DEN-1, desenvolvimento dos ovos.
DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Todos os tipos de dengue causam O mosquito Aedes aegypti mede menos de um
os mesmo sintomas. centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e
Caso ocorra um segundo ou terceiro episódio da dengue, listras brancas no corpo e nas pernas. Costuma picar,
há risco aumentado para formas mais graves da dengue, transmitindo a dengue, nas primeiras horas da manhã e nas
como a dengue hemorrágica e síndrome do choque da últimas da tarde, evitando o sol forte, mas, mesmo nas horas
dengue. quentes, ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa.
Na maioria dos casos, a pessoa infectada não apresenta Há suspeitas de que alguns ataquem durante a noite. O
sintomas de dengue, combatendo o vírus sem nem saber indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça no
que ele está em seu corpo. Para aqueles que apresentam os momento.
sinais, os tipos de dengue podem se manifestar clinicamente A fêmea do Aedes aegypti também transmite a febre
de três formas: chikungunya e a febre Zika e a febre amarela urbana.

Dengue clássica
A dengue clássica é a forma mais leve da doença, sendo Sintomas de Dengue
muitas vezes confundida com a gripe. Tem início súbito e os - Sintomas de dengue clássica
sintomas podem durar de cinco a sete dias, apresentando Os sintomas de dengue iniciam de uma hora para outra e
sinais como febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, duram entre cinco a sete dias. Normalmente eles surgem
cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, entre três a 15 dias após a picada pelo mosquito infectado.
enjoos, vômitos, entre outros.
Os principais sinais são:
Dengue hemorrágica - Febre alta com início súbito (entre 39º a 40º C)
A dengue hemorrágica acontece quando a pessoa - Forte dor de cabeça
infectada com dengue sofre alterações na coagulação - Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos
sanguínea. Se a doença não for tratada com rapidez, pode mesmos

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SAÚDE PÚBLICA
- Manchas e erupções na pele, pelo corpo todo, inquietação, palidez e perda de consciência. Uma pessoa
normalmente com coceiras que sofreu choque por conta da dengue pode sofrer várias
- Extremo cansaço complicações neurológicas e cardiorrespiratórias, além de
- Moleza e dor no corpo insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame
- Muitas dores nos ossos e articulações pleural. Além disso, a síndrome de choque da dengue não
- Náuseas e vômitos tratada pode levar a óbito.
- Tontura
- Perda de apetite e paladar. Outras possíveis complicações da dengue incluem:
- Convulsões febris em crianças pequenas
Sintomas de dengue hemorrágica - Desidratação grave
Os sintomas de dengue hemorrágica são os mesmos da - Sangramentos.
dengue clássica. A diferença é que a febre diminui ou cessa - Convivendo/ Prognóstico
após o terceiro ou quarto dia da doença e surgem - Pessoas diagnosticadas com a dengue devem manter
hemorragias em função do sangramento de pequenos vasos cuidados básicos como:
na pele e nos órgãos internos. - Repouso
Quando acaba a febre, começam a surgir os sinais de - Reposição de líquidos, principalmente recorrendo ao
alerta: soro caseiro em casos de vômitos
- Dores abdominais fortes e contínuas - Uso correto dos medicamentos indicados.
- Vômitos persistentes
- Pele pálida, fria e úmida Leishmaniose
- Sangramento pelo nariz, boca e gengivas A leishmaniose é considerada primariamente como uma
- Manchas vermelhas na pele zoonose podendo acometer o homem, quando este entra em
- Comportamento variando de sonolência à agitação contato com o ciclo de transmissão do parasito,
- Confusão mental transformando-se em uma antropozoonose.
- Sede excessiva e boca seca Atualmente, encontra-se entre as seis endemias
- Dificuldade respiratória consideradas prioritárias no mundo (TDR/WHO).
- Queda da pressão arterial: Pulso rápido. A leishmaniose visceral, dada a sua incidência e alta
letalidade, principalmente em indivíduos não tratados e
Na dengue hemorrágica, o quadro clínico se agrava crianças desnutridas, é também considerada emergente em
rapidamente, apresentando sinais de insuficiência indivíduos portadores da infecção pelo vírus da
circulatória. A baixa circulação sanguínea pode levar a imunodeficiência adquirida (HIV), tornando-se uma das
pessoa a um estado de choque. Embora a maioria dos doenças mais importantes da atualidade.
pacientes com dengue não desenvolva choque, a presença A transmissão da doença vem sendo descrita em vários
de certos sinais alertam para esse quadro: municípios, de todas as regiões do Brasil, exceto na Região
- Dor abdominal persistente e muito forte Sul.
- Mudança de temperatura do corpo e suor excessivo A doença tem apresentado mudanças importantes no
- Comportamento variando de sonolência à agitação padrão de transmissão, inicialmente predominado pelas
- Pulso rápido e fraco características de ambientes rurais e periurbanos e, mais
- Palidez recentemente, em centros urbanos como Rio de Janeiro
- Perda de consciência. (RJ), Corumbá (MS), Belo Horizonte (MG), Araçatuba (SP),
Palmas (TO), Três Lagoas (MS), Campo Grande (MS), entre
A síndrome de choque da dengue, quando não tratada, outros. Atualmente, no Brasil a LV está registrada em 19 das
pode levar a pessoa à morte em até 24 horas. De acordo 27 Unidades da Federação, com aproximadamente 1.600
com estatísticas do Ministério da Saúde, cerca de 5% das municípios apresentando transmissão autóctone (doença
pessoas com dengue hemorrágica morrem. contraída no lugar em consideração).

Tratamento de Dengue Aspectos Clínicos e Laboratoriais


Não existe tratamento específico contra o vírus da No homem
dengue, faz-se apenas medicamentos para os sintomas da Por ser uma doença de notificação compulsória e com
doença, ou seja, fazer um tratamento sintomático. É características clínicas de evolução grave, o diagnóstico
importante apenas tomar muito líquido para evitar a deve ser feito de forma precisa e o mais precocemente
desidratação. Caso haja dores e febre, pode ser receitado possível.
algum medicamento antitérmico, como o paracetamol. Em
alguns casos, é necessária internação para hidratação Diagnóstico clínico e laboratorial
endovenosa e, nos casos graves, tratamento em unidade de A infecção pela L.(L) chagasi caracteriza-se por um
terapia intensiva. amplo espectro clínico, que pode variar desde as
Pacientes com dengue ou suspeita de dengue devem manifestações clínicas discretas (oligossintomáticas),
evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico moderadas e graves e que, se não tratadas, podem levar o
(aspirina) ou que contenham a substância associada. Esses paciente à morte.
medicamentos têm efeito anticoagulante e podem causar As infecções inaparentes ou assintomáticas são aquelas
sangramentos. Outros anti-inflamatórios não hormonais em que não há evidência de manifestações clínicas. O
(diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam) também devem ser diagnóstico é feito através da coleta de sangue para exames
evitados. O uso destas medicações pode aumentar o risco sorológicos (imunofluorescência indireta/IFI ou enzyme
de sangramentos. linked immmunosorbent assay/ ELISA). Os títulos de
O paracetamol e a dipirona são os medicamentos de anticorpos em geral são baixos e podem permanecer
escolha para o alívio dos sintomas de dor e febre devido ao positivos por um longo período.
seu perfil de segurança, sendo recomendado tanto pelo O diagnóstico clínico da leishmaniose visceral deve ser
Ministério da Saúde, como pela Organização Mundial da suspeitado quando o paciente apresentar: febre e
Saúde. esplenomegalia (aumento do baço) associado ou não à
hepatomegalia (aumento do fígado).
Complicações possíveis A fase inicial ou "aguda" da doença caracteriza-se, na
A síndrome de choque da dengue é a complicação mais maioria dos casos, por incluir febre com duração inferior a
séria da dengue, se caracterizando por uma grande queda quatro semanas, palidez cutaneomucosa e
ou ausência de pressão arterial, acompanhado de hepatoesplenomegalia.

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SAÚDE PÚBLICA
O estado geral do paciente está preservado, o baço Classicamente a leishmaniose visceral canina (LVC)
geralmente não ultrapassa a 5 cm do rebordo costal apresenta lesões cutâneas, principalmente descamação e
esquerdo. eczema, em particular no espelho nasal e orelha, pequenas
Em área endêmica, uma pequena proporção de úlceras rasas, localizadas mais frequentemente ao nível das
indivíduos, geralmente crianças, podem apresentar um orelhas, focinho, cauda e articulações e pelo opaco.
quadro clínico discreto, de curta duração, aproximadamente Nas fases mais adiantadas da doença, observa-se, com
15 dias, que frequentemente evolui para cura espontânea grande frequência, onicogrifose, esplenomegalia,
(forma oligossintomática). linfoadenopatia, alopecia, dermatites, úlceras de pele,
Esses pacientes apresentam sintomatologia clínica mais ceratoconjuntivite, coriza, apatia, diarreia, hemorragia
discreta, com febre baixa, palidez cutaneomucosa leve, intestinal, edema de patas e vômito, além da hiperqueratose.
diarréia e/ou tosse não produtiva e pequena Na fase final da infecção, ocorre em geral a paresia das
hepatoesplenomegalia. patas posteriores, caquexia, inanição e morte.
Esta apresentação clínica pode ser facilmente Entretanto, cães infectados podem permanecer sem
confundida com outros processos infecciosos de natureza sinais clínicos por um longo período de tempo.
benigna. A combinação de manifestações clínicas e A classificação segundo os sinais clínicos apresentados
alterações laboratoriais, que parece caracterizar melhor a nesses animais pode ser verificada conforme demonstrado a
forma oligossintomática, é constituída pelos seguintes seguir:
achados: febre, hepatomegalia, hiperglobulinemia e - Cães assintomáticos : ausência de sinais clínicos
velocidade de hemossedimentação alta. sugestivos da infecção por Leishmania.
Período de estado da doença (após a fase aguda) - Cães oligossintomáticos: presença de adenopatia
caracteriza-se por febre irregular, geralmente associada a linfóide, pequena perda de peso e pelo opaco.
emagrecimento progressivo, palidez cutâneo-mucosa e - Cães sintomáticos: todos ou alguns sinais mais
aumento da hepatoesplenomegalia. Apresenta um quadro comuns da doença como as alterações cutâneas (alopecia,
clínico arrastado geralmente com mais de dois meses de eczema furfuráceo, úlceras, hiperqueratose), onicogrifose,
evolução, na maioria das vezes associado a emagrecimento, ceratoconjuntivite e paresia dos membros
comprometimento do estado geral. posteriores.
Caso não seja feito o diagnóstico e tratamento, a doença O diagnóstico clínico da LVC é difícil de ser determinado
evolui progressivamente para o período final, com febre devido a grande porcentagem de cães assintomáticos ou
contínua e comprometimento mais intenso do estado geral. oligossintomáticos existentes.
Instala-se a desnutrição (cabelos quebradiços, cílios A doença apresenta semelhança com outras
alongados e pele seca), edema dos membros inferiores que enfermidades infectocontagiosas que acometem os cães,
pode evoluir para anasarca. Outras manifestações permitindo que o diagnóstico clínico seja possível quando o
importantes incluem hemorragias (epistaxe, gengivorragia e animal apresenta sinais clínicos comuns à doença, como
petéquias), icterícia e ascite. Nestes pacientes, o óbito descrito anteriormente, ou quando o animal se originar de
geralmente é determinado por infecções bacterianas e/ou regiões ou áreas de transmissão estabelecida.
sangramentos. No entanto, em áreas cujo padrão socioeconômico é
baixo, outros fatores podem estar associados dificultando o
Transmissão diagnóstico clínico, especialmente as dermatoses e a
A leishmaniose é transmitida por insetos hematófagos desnutrição, mascarando ou modificando o quadro clínico da
(que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos leishmaniose visceral canina.
ou flebotomíneos. Os flebótomos medem de 2 a 3 milímetros O diagnóstico laboratorial da doença canina é
de comprimento e devido ao seu pequeno tamanho são semelhante ao realizado na doença humana, podendo ser
capazes de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas. baseado no exame parasitológico ou sorológico.
Apresentam cor amarelada ou acinzentada e suas asas Para determinar o exame laboratorial a ser utilizado, é
permanecem abertas quando estão em repouso. Seus importante que se conheça a área provável de transmissão,
nomes variam de acordo com a localidade; os mais comuns o método utilizado, suas limitações e sua interpretação
são: mosquito palha, tatuquira, birigüi, cangalinha, asa clínica.
branca, asa dura e palhinha. O mosquito palha ou asa
branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde O tratamento de cães não é uma medida
existem muitas plantas. recomendada, pois não diminui a importância do cão como
As fontes de infecção das leishmanioses são, reservatório do parasito.
principalmente, os animais silvestres e os insetos As tentativas de tratamento da leishmaniose visceral
flebotomíneos que abrigam o parasita em seu tubo digestivo, canina, por meio de drogas tradicionalmente empregadas
porém, o hospedeiro também pode ser o cão doméstico e o (antimoniato de meglumina, anfotericina B, isotionato de
cavalo. pentamidina, alopurinol, cetoconazol, fluconazol, miconazol,
Na leishmaniose cutânea os animais silvestres que itraconazol), tem tido baixa eficácia.
atuam como reservatórios são os roedores silvestres, O uso rotineiro de drogas em cães induz à remissão
tamanduás e preguiças. Na leishmaniose visceral a principal temporária dos sinais clínicos, não previne a ocorrência de
fonte de infecção é a raposa do campo. recidivas, tem efeito limitado na infectividade de
flebotomíneos e levam ao risco de selecionar parasitos
No cão resistentes às drogas utilizadas para o tratamento humano.
A doença no cão é de evolução lenta e início insidioso.
A leishmaniose visceral canina é uma doença sistêmica LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (CUTÂNEA)
severa cuja manifestações clínicas estão intrinsecamente Leishmaniose tegumentar é uma doença infecciosa que
dependentes do tipo de resposta imunológica expressa pelo acomete o homem e provoca úlceras na pele e nas mucosas
animal infectado. O quadro clínico dos cães infectados das vias aéreas superiores.
apresenta um espectro de características clínicas que varia
do aparente estado sadio a um severo estágio final. Sintomas
Inicialmente, os parasitos estão presentes no local da A leishmaniose tegumentar pode manifestar-se em
picada infectiva. Posteriormente, ocorre a infecção de homens e mulheres de qualquer idade. A maioria das
vísceras e eventualmente tornam-se distribuídos através da infecções ocorre em meninos a partir dos dez anos de idade.
derme. Os sintomas variam segundo o tipo de parasita
A alopecia causada pela infecção expõe grandes áreas transmitido pela picada do mosquito e as condições
da pele extensamente parasitada. imunológicas da pessoa.

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SAÚDE PÚBLICA
O primeiro sinal da forma cutânea costuma ser uma COVID-19: EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA DE
única ou várias lesões, quase sempre indolores na pele. IMPORTÂNCIA NACIONAL PELA
Inicialmente, são feridas pequenas, com fundo granuloso e DOENÇA PELO CORONAVÍRUS 2019.
purulento, bordas avermelhadas, que vão aumentando de
tamanho e demoram para cicatrizar. A COVID-19 é uma doença causada pelo
Outra forma da doença é a mucocutânea, em geral coronavírus SARS-CoV-2, que apresenta um quadro clínico
transmitida pelo Leishmania braziliensis. A ferida primária que varia de infecções assintomáticas a quadros
tem as mesmas características da cutânea simples. A respiratórios graves. De acordo com a Organização Mundial
diferença é que, ao mesmo tempo, ou meses depois, surgem de Saúde (OMS), a maioria dos pacientes com COVID-19
metásteses nas mucosas da nasofaringe que destroem a (cerca de 80%) podem ser assintomáticos e cerca de 20%
cartilagem do nariz e do palato provocando deformações dos casos podem requerer atendimento hospitalar por
graves. apresentarem dificuldade respiratória e desses casos
A presença de nódulos espalhados pelo corpo, aproximadamente 5% podem necessitar de suporte para o
sobretudo nos membros, é a principal característica da tratamento de insuficiência respiratória (suporte ventilatório).
leishmaniose cutâneo difusa. Já, na leishmaniose
disseminada, o paciente apresenta inumeras lesões O que é o coronavírus?
ulceradas espalhadas por todo o corpo, que surgem de Coronavírus é uma família de vírus que causam
repente e podem vir acompanhadas de febre, calafrios e mal- infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi
estar. descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.
Provoca a doença chamada de coronavírus (COVID-19).
Diagnóstico Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela
primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus
O diagnóstico baseia-se no aspecto clínico das feridas e
foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na
no achado dos seguintes testes laboratoriais: microscopia, parecendo uma coroa.
- Exame parasitológico direto e biopsia que determinam A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus
a presença, ou não, do parasita em amostra de tecido comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais
retirada das bordas das lesões; propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus.
- Reação intradérmica de Montenegro, de caráter Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o
imunológico, que registra se a pessoa entrou em contato alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43,
com a Leishmania. Resultado positivo, porém, não indica HKU1.
necessariamente que ela seja portadora da doença.
O diagnóstico diferencial com outras doenças de pele é Como surgiu a covid-19?
indispensável para a eficácia do tratamento. Diversos casos de pneumonia foram identificados na
cidade de Wuhan, China, em dezembro de 2019. Estudos
identificaram que a doença era causada por um tipo de vírus
Tratamento
desconhecido, hoje denominado covid-19.
Em alguns casos, lesões da leihmaniose tegumentar No entanto, apesar da pandemia instaurada
podem regredir espontaneamente ou com o uso de mundialmente nos anos de 2020 e 2021, o coronavírus não é
medicamentos convencionais. No entanto, qualquer ferida na recente, sendo os primeiros coronavírus humanos
pele que custe a cicatrizar exige avaliação médica identificados em 1937. Porém, foi somente em 1965, que o
especializada.. vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do seu
O SUS oferece tratamento gratuito para a doença, que formato, que é similar ao de uma coroa.
requer indicação de medicamentos específicos e
acompanhamento especializado até a alta definitiva. A droga Sintomas
mais utilizada é o antimonial pentavalente, mas existem Os sintomas da COVID-19 podem variar de um simples
outros esquemas terapêuticos, alguns sugeridos pela OMS resfriado até uma pneumonia severa. Sendo os sintomas
mais comuns:
para padronizar o tratamento.
- Tosse
- Febre
Recomendações - Coriza
De acordo com o Manual de Vigilância Sanitária - Dor de garganta
publicado pelo Ministério da Saúde, algumas medidas - Dificuldade para respirar
simples podem prevenir o risco de transmissão da
leishmaniose tegumentar. Portanto: Modo de transmissão
- Lembre-se de usar produtos repelentes de insetos nos A transmissão acontece de uma pessoa doente para
ambientes que favorecem o desenvolvimento de mosquitos outra ou por contato próximo por meio de:
vetores do protozoário; - Toque do aperto de mão;
- Evite a exposição nos horários em que os mosquitos - Gotículas de saliva;
- Espirro;
estão mais ativos, ou seja, ao amanhecer e no final da tarde;
- Tosse;
- Coloque mosquiteiros ao redor das camas, e telas na
- Catarro;
portas e janelas; - Objetos ou superfícies contaminadas, como celulares,
- Conserve limpos quintais e terrenos baldios próximos mesas, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc.
das casas a fim de evitar criadouros de insetos;
- Dê destino adequado ao lixo doméstico. Isso ajuda a Diagnóstico
manter afastados roedores que podem servir reservatório O diagnóstico da COVID-19 é realizado primeiramente
dos parasitas; pelo profissional de saúde que deve avaliar a presença de
- Mantenha a distância de pelo menos 400 ou 500 critérios clínicos:
metros entre as residências e a mata nas áreas de maior - Pessoa com quadro respiratório agudo, caracterizado
risco; por sensação febril ou febre, que pode ou não estar presente
- Cuide da saúde do seu cão. Existem serviços na hora da consulta (podendo ser relatada ao profissional de
saúde), acompanhada de tosse OU dor de garganta OU
veterinários públicos voltados para o atendimento dos
coriza OU dificuldade respiratória, o que é chamado de
animais domésticos de maneira geral. Síndrome Gripal.

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SAÚDE PÚBLICA
Pessoa com desconforto respiratório/dificuldade para moradores da devem dormir em outro cômodo, longe da
respirar OU pressão persistente no tórax OU saturação de pessoa infectada, seguindo também as seguintes
oxigênio menor do que 95% em ar ambiente OU coloração recomendações:
azulada dos lábios ou rosto, o que é chamado de Síndrome - Manter a distância mínima de 1 metro entre o paciente
Respiratória Aguda Grave. Caso o paciente apresente os e os demais moradores.
sintomas, o profissional de saúde poderá solicitar exame - Limpe os móveis da casa frequentemente com água
laboratoriais: sanitária ou álcool 70%.
- De biologia molecular (RT-PCR em tempo real) que - Se uma pessoa da casa tiver diagnóstico positivo, todos
diagnostica tanto a COVID-19, a Influenza ou a presença de os moradores ficam em isolamento por 14 dias também.
Vírus Sincicial Respiratório (VSR). - Caso outro familiar da casa também inicie os sintomas
- Imunológico (teste rápido) que detecta, ou não, a leves, ele deve reiniciar o isolamento de 14 dias. Se os
presença de anticorpos em amostras coletadas somente sintomas forem graves, como dificuldade para respirar, ele
após o sétimo dia de início dos sintomas. deve procurar orientação médica.
O diagnóstico da COVID-19 também pode ser realizado
a partir de critérios como: histórico de contato próximo ou Quando o coronavírus exige internação
domiciliar, nos últimos 7 dias antes do aparecimento dos É a dificuldade para respirar que pesa mais nessa
sintomas, com caso confirmado laboratorialmente para decisão. Para bater o martelo, os médicos medem a
COVID-19 e para o qual não foi possível realizar a saturação de oxigênio, a frequência respiratória e alterações
investigação laboratorial específica, também observados na ausculta pulmonar — aquela famosa “escutada do peito”
pelo profissional durante a consulta. feita com o estetoscópio.
Nessa situação, o internado recebe oxigênio suplementar
Dicas de prevenção para auxiliar o trabalho dos pulmões. Ele pode ser ofertado
As recomendações de prevenção à COVID-19 são as tanto por um cateter nasal quanto por ventilação
seguintes: mecânica, quando o paciente é conectado por um tubo a
- Lave com frequência as mãos até a altura dos punhos, uma máquina que faz a respiração de forma artificial. Essa
com água e sabão, ou então higienize com álcool em gel segunda estratégia precisa ser feita na Unidade de Terapia
70%. Intensiva (UTI).
- Ao tossir ou espirrar, cubra nariz e boca com lenço ou A permanência na UTI tende a ser longa. Alguns estudos
com o braço, e não com as mãos. falam em até um mês sob cuidados intensivos. No Brasil, a
- Evite tocar olhos, nariz e boca com as mãos não média tem sido de oito dias na rede pública, como informa o
lavadas. Ministério da Saúde, com uma mortalidade de 2,4%.
- Ao tocar, lave sempre as mãos como já indicado. Em situações mais graves, os médicos até podem lançar
- Mantenha uma distância mínima de cerca de 2 metros mãos de drogas prescritas para outras condições. Trata-se,
de qualquer pessoa tossindo ou espirrando. contudo, de um uso experimental, que exige autorização de
- Evite abraços, beijos e apertos de mãos. Adote um familiares e precisa ser reportado para as autoridades de
comportamento amigável sem contato físico, mas sempre saúde.
com um sorriso no rosto. Na maioria dos casos, o respirador artificial recupera os
- Higienize com frequência o celular e os brinquedos das pacientes. Depois da alta, o acompanhamento continua,
crianças. porque há indícios iniciais de que a Covid-19 deixa sequelas
- Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, no pulmão. Algumas pessoas podem ter fibroses, isto é,
toalhas, pratos e copos. ficarem com áreas inativas, que não funcionam mais.
- Mantenha os ambientes limpos e bem ventilados.
- Evite circulação desnecessária nas ruas, estádios,
teatros, shoppings, shows, cinemas e igrejas. Se puder, fique DOENÇAS CONTAGIOSAS: AGENTE ETIOLÓGICO,
em casa. RESERVATÓRIO, HOSPEDEIRO, DE MODO DE
- Se estiver doente, evite contato físico com outras TRANSMISSÃO, SINTOMAS E MEDIDAS DE CONTROLE
pessoas, principalmente idosos e doentes crônicos, e fique
em casa até melhorar. As doenças infecciosas são doenças causadas por
- Durma bem e tenha uma alimentação saudável.
microrganismos como vírus, bactérias, protozoários ou
- Utilize máscaras caseiras ou artesanais feitas de tecido
fungos. Algumas espécies de bactérias e fungos, por
em situações de saída de sua residência.
exemplo, estão presente no organismo sem causar qualquer
dano ao organismo, no entanto quando há alguma alteração
Diagnóstico positivo no sistema imune, principalmente, esses microrganismos
Em caso de diagnóstico positivo para COVID-19, siga as podem proliferar, causando doença, ou facilitar a entrada de
seguintes recomendações: outros microrganismos causadores de doenças.
- Fique em isolamento domiciliar. As doenças infecciosas podem ser adquiridas por meio
- Utilize máscara o tempo todo. do contato direto com o agente infeccioso, contato com água
- Se for preciso cozinhar, use máscara de proteção, ou alimentos contaminados, através da via respiratória,
cobrindo boca e nariz todo o tempo. sexual ou por meio de ferimentos causados por animais.
- Depois de usar o banheiro, nunca deixe de lavar as Muitas vezes as doenças infecciosas também podem ser
mãos com água e sabão e sempre limpe vaso, pia e demais
transmitidas para outras pessoas, sendo denominadas
superfícies com álcool ou água sanitária para desinfecção do
ambiente. doenças infectocontagiosas.
- Separe toalhas de banho, garfos, facas, colheres,
copos e outros objetos apenas para seu uso. As principais doenças infectocontagiosas são:
- O lixo produzido precisa ser separado e descartado. - Doenças infecciosas causadas por vírus: virose, Zika,
- Sofás e cadeiras também não podem ser ebola, caxumba, HPV e sarampo;
compartilhados e precisam ser limpos frequentemente com - Doenças infecciosas causadas por bactérias:
água sanitária ou álcool 70%. tuberculose, vaginose, clamídia, escarlatina e hanseníase;
- Mantenha a janela aberta para circulação de ar do - Doenças infecciosas causadas por fungos: candidíase
ambiente usado para isolamento e a porta fechada, limpe a e micoses;
maçaneta frequentemente com álcool 70% ou água sanitária. - Doenças infecciosas causadas por parasitas: doença
Caso o paciente não more sozinho, os demais
de Chagas, leishmaniose, toxoplasmose.

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SAÚDE PÚBLICA
A depender do microrganismo causador da doença há o cozidos;
aparecimento de sinais e sintomas característicos da - Manter a cozinha e o banheiro limpos, pois são os
doença, sendo os mais comuns dor de cabeça, febre, lugares em que podem ser encontrados microrganismos com
náuseas, fraqueza e cansaço. Para que seja feito o mais frequência;
diagnóstico, é importante ter atenção aos sintomas e ir ao - Evitar o compartilhamento de objetos pessoais, como
médico para que seja solicitado a realização de exames escovas de dentes ou lâminas.
laboratoriais de acordo com os sinais e sintomas
apresentados pela pessoa e se possa identificar a causa Agente Infeccioso
para, assim, poder ser feito o tratamento. É o micro-organismos que pode causar uma doença
infecciosa, existem vários tipos:
Transmissão - Bactérias
- Transmissão direta ou contágio: é a rápida - Vírus
transferência do agente etiológico, sem interferência de - Fungos
veículos e pode ocorrer de duas formas distintas: - Parasitas
- Transmissão direta imediata: transmissão na qual - Príons
existe um contato físico entre o reservatório ou fonte de
infecção e o novo hospedeiro suscetível. Fonte ou Reservatório
- Transmissão direta mediata: transmissão na qual não Fonte da Infecção ou Reservatório é o local onde o
existe contato físico entre o reservatório ou fonte de infecção agente infeccioso se encontra.
e o novo hospedeiro. A mesma ocorre por meio das Neste local, ele consegue viver, crescer e se multiplicar
secreções oro nasais transformadas em partículas pelos Pode ser uma pessoa, um objeto, um ambiente, etc.
movimentos do espirro e que, tendo mais de 100 micras de
diâmetro, têm capacidade de conduzir agentes infecciosos Fontes ou reservatórios humanos
existentes nas vias respiratórias. Essas partículas são Quando essa fonte é uma pessoa. Ela não
chamadas “gotículas de flügge”. necessariamente precisa estar doente.
- Transmissão indireta: é transferência do agente - Ela pode estar ainda no período de incubação (o
etiológico por meio de propagadores animados ou agente ainda não causou sintomas)
inanimados. A fim de que a transmissão indireta possa - Pode estar com sintomas inespecíficos, muitas vezes
ocorrer, torna-se essencial que os agentes sejam capazes de leves
sobreviver fora do organismo durante um certo tempo; e que - A pessoa pode estar apenas colonizada (o organismo
existam propagadores que transportem os microrganismos vive nela, sem causar nenhuma doença)
ou parasitas de um lugar a outro. Exemplos de doenças transmitidas de pessoa a pessoa,
Entende-se por propagador o ser animado ou inanimado sem nenhum intermediário: Infecções Sexualmente
que transporta um agente etiológico. Não são consideradas transmissíveis, Vírus Influenza, Caxumba
como propagadores as secreções e excreções da fonte de
infecção, que são, na realidade, um substrato no qual os Fontes ambientais
microrganismos são eliminados. Exemplos de Fontes ambientais:
A transmissão indireta por propagador animado ou vetor - Superfícies de materiais (roupas)
é aquela que se dá por meio de um artrópode que transfere - Superfícies de móveis (cama, mesinha, cabeceira,
um agente infeccioso do reservatório ou fonte de infecção monitor)
para um hospedeiro suscetível. Este artrópode pode - Superfícies de equipamentos
comportar-se como: - Solos
- vetor biológico: é aquele no qual, obrigatoriamente, se - Plantas
passa uma fase do desenvolvimento de determinado agente - Água – o sistema hidráulico por ser fonte de vários
etiológico. Uma vez eliminado o vetor biológico, desaparece micro-organismos (bactérias como a cólera, ou fungos, como
a doença que ele transmite. Por exemplo, os vetores o Aspergillus e Fusarium)
anofelíneos que transmitem a malária; - Ar condicionado – são fontes importantes de infecções
- vetor mecânico: aquele que constitui somente uma em hospitais, principalmente por fungos como Aspergillus)
das modalidades da transmissão de um agente etiológico. - Soluções (até mesmo soluções como álcool e sabão
Sua eliminação retira apenas um dos componentes da podem ser fontes de infecção se não forem cumpridas as
transmissão da doença. São exemplos as moscas, que regras de uso)
podem transmitir agentes eliminados pelas fezes, à medida - Medicamentos
que os transportam em suas patas ou asas após pousarem
em matéria fecal. Fontes ou reservatórios animais
A transmissão indireta por veículo inanimado é aquela O animal pode estar apenas colonizado pelo micro-
que se dá por meio de um ser inanimado que transporta um organismo.
agente etiológico. Os veículos inanimados são: água, ar, Exemplos: bactérias em boca, pelos ou unhas de cães
alimentos, solo e fômites. ou gatos
Fômite pode ser entendido como qualquer objeto
A doença pode ser normalmente transmitida de animal a
inanimado ou substância capaz de absorver, reter e
transportar organismos contagiantes ou infecciosos (de animal, tendo o ser humano como hospedeiro acidental,
germes a parasitas), de um indivíduo a outro. estas são as chamadas zoonosis

Como evitar Porta de Saída


Os microrganismos estão por todo lado, e especialmente É a via pela qual os micro-organismos saem da
em épocas de pandemias, é necessário aprender a se fonte humana para atingir uma fonte ambiental ou um
proteger contra as doenças, por isso é importante: hospedeiro susceptível.
- Lavar as mãos com frequência, principalmente antes e Exemplos de porta de saída:
após as refeições e após utilizar o banheiro; - Trato respiratório
- Evitar usar o sistema de ar quente para secar as mãos, - Trato geniturinário
pois favorece o crescimento dos germes nas mãos; - Trato gastrintestinal
- Possuir a carteira de vacinação atualizada; - Sangue
- Conservar os alimentos na geladeira e manter os - Pele
alimentos crus guardados bem separados dos alimentos - Mucosas.

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SAÚDE PÚBLICA
Porta de entrada: imunológico. Muito complexa, essa barreira é composta por
É a via pela qual o agente infeccioso atinge o milhões de células de diferentes tipos e com diferentes
hospedeiro susceptível. funções, responsáveis por garantir a defesa do organismo e
Exemplos: por manter o corpo funcionando livre de doenças.
- Trato respiratório, Entre as células de defesa do organismo humano estão
- Trato gastrointestinal, os linfócitos T CD4+, principais alvos do HIV. São esses
- Trato urinário, glóbulos brancos que organizam e comandam a resposta
- Pele não íntegra, diante de bactérias, vírus e outros micróbios agressores que
- Mucosas. entram no corpo humano.
O vírus HIV, dentro do corpo humano, começa a atacar o
Hospedeiro Susceptível: sistema imunológico ligando-se a um componente da
Todos os indivíduos possuem algum grau membrana dessa célula, o CD4, penetrando no seu interior
de susceptibilidade, a depender das condições individuais e para se multiplicar. Com isso, o sistema de defesa vai pouco
do tipo de patógeno. a pouco perdendo a capacidade de responder
Nem toda pessoa que entra em contato com algum adequadamente, tornando o corpo mais vulnerável a
micro-organismo ficará doente. doenças. Quando o organismo não tem mais forças para
Na verdade, a maioria dos agentes infecciosos com os combater esses agentes externos, a pessoa começar a ficar
quais temos contato, não nos causa doenças, doente mais facilmente e então se diz que tem AIDS. Esse
momento geralmente marca o início do tratamento com os
O maior exemplo disso é a Tuberculose. medicamentos antirretrovirais, que combatem a reprodução
Para que uma pessoa fique doente, na verdade precisa - do vírus.
se de uma série de condições favoráveis, e nem sempre Há alguns anos, receber o diagnóstico de AIDS era uma
podemos estipular ou quantificar todas elas. sentença de morte. Mas, hoje em dia, é possível ser
Pessoas com maior risco de desenvolver doenças soropositivo e viver com qualidade de vida. Basta tomar os
infecciosas uma vez que entram em contato com o agente: medicamentos indicados e seguir corretamente as
- Pacientes imunossuprimidos (com imunidade baixa), recomendações médicas. Saber precocemente da doença é
independente do motivo da imunossupressão. fundamental para aumentar ainda mais a sobrevida da
- Recém Nascidos, pessoa.
- Queimados, Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. Há
- Idosos, muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar
- Paciente recém operados. sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, ainda assim,
podem transmitir o vírus a outras pessoas
Durante a infecção inicial, uma pessoa pode passar por
DOENÇAS SEXUALMENTE um breve período doente, com sintomas semelhantes aos da
As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são gripe. Normalmente isto é seguido por um período
doenças causadas por vírus, bactérias ou outros micróbios prolongado sem qualquer outro sintoma. À medida que a
que se transmitem, principalmente, através das relações doença progride, ela interfere mais e mais no sistema
sexuais sem o uso de preservativo com uma pessoa que imunológico, tornando a pessoa muito mais propensa a ter
esteja infectada, e geralmente se manifestam por meio de outros tipos de doenças oportunistas, que geralmente não
feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas. afetam as pessoas com um sistema imunológico saudável.
Algumas DST podem não apresentar sintomas, tanto no
homem quanto na mulher. E isso requer que, se fizerem Cancro Mole
sexo sem camisinha, procurem o serviço de saúde para O que é
consultas com um profissional de saúde periodicamente. O cancro mole pode ser chamado de cancro venéreo,
Essas doenças quando não diagnosticadas e tratadas a mas seu nome mais popular é "cavalo". Provocado pela
tempo, podem evoluir para complicações graves, como bactéria Haemophilus ducreyi, é mais frequente nas regiões
infertilidades, câncer e até a morte. tropicais, como o Brasil.
Usar preservativos em todas as relações sexuais (oral,
anal e vaginal) é o método mais eficaz para a redução do Formas de contágio
risco de transmissão das DST, em especial do vírus da Aids, A transmissão ocorre pela relação sexual com uma
o HIV. Outra forma de infecção pode ocorrer pela transfusão pessoa infectada, sendo o uso da camisinha a melhor forma
de sangue contaminado ou pelo compartilhamento de de prevenção.
seringas e agulhas, principalmente no uso de drogas
injetáveis. A Aids e a sífilis também podem ser transmitidas Sinais e sintomas
da mãe infectada, sem tratamento, para o bebê durante a Os primeiros sintomas - dor de cabeça, febre e fraqueza
gravidez, o parto. E, no caso da Aids, também na - aparecem de dois a 15 dias após o contágio.
amamentação. O tratamento das DST melhora a qualidade Depois, surgem pequenas e dolorosas feridas com pus
de vida do paciente e interrompe a cadeia de transmissão nos órgãos genitais, que aumentam progressivamente de
dessas doenças. tamanho e profundidade. A seguir, aparecem outras lesões
em volta das primeiras.
O que é a AIDS? Após duas semanas do início da doença, pode aparecer
A AIDS, sigla em inglês para a Síndrome da um caroço doloroso e avermelhado na virilha (íngua), que
pode dificultar os movimentos da perna de andar. Esse
Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency
caroço pode drenar uma secreção purulenta esverdeada ou
Syndrome), é uma doença do sistema imunológico humano
misturada com sangue.
resultante da infecção pelo vírus HIV (Vírus da
Nos homens, as feridas aparecem na cabeça do pênis
Imunodeficiência Humana - da sigla em inglês).
(glande). Na mulher, ficam na vagina e/ou no ânus. Nem
A AIDS se caracteriza pelo enfraquecimento do sistema
sempre, a ferida é visível, mas provoca dor na relação sexual
imunológico do corpo, com o organismo mais vunerável ao e ao evacuar.
aparecimento de doenças oportunistas que vão de um
simples resfriado a infecções mais graves como tuberculose
Tratamento
ou câncer. O próprio tratamento dessas doenças fica Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa DST, é
prejudicado com a presença do vírus HIV no organismo.
recomendado procurar um profissional de saúde, para o
O organismo humano reage diariamente aos ataques de
diagnóstico correto e indicação do tratamento com antibiótico
bactérias, vírus e outros micróbios, por meio do sistema adequado.

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SAÚDE PÚBLICA
Clamídia e Gonorreia Donovanose
O que são O que é
Clamídia e gonorreia são infecções causadas por É uma infecção causada pela bactéria Klebsiella
bactérias que podem atingir os órgãos genitais masculinos e granulomatis, que afeta a pele e mucosas das regiões da
femininos. A clamídia é muito comum entre os adolescentes genitália, da virilha e do ânus. Causa úlceras e destrói a pele
e adultos jovens, podendo causar graves problemas à saúde. infectada. É mais frequente no Norte do Brasil e em pessoas
A gonorreia pode infectar o pênis, o colo do útero, o reto com baixo nível socioeconômico e higiênico.
(canal anal), a garganta e os olhos. Quando não tratadas,
essas doenças podem causar infertilidade (dificuldade para Sinais e sintomas
ter filhos), dor durante as relações sexuais, gravidez nas Os sintomas incluem caroços e feridas vermelhas e
trompas, entre outros danos à saúde. sangramento fácil. Após a infecção, surge uma lesão nos
órgãos genitais que lentamente se transforma em úlcera ou
Sinais e sintomas caroço vermelho. Essa ferida pode atingir grandes áreas,
Nas mulheres, pode haver dor ao urinar ou no baixo danificar a pele em volta e facilitar a infecção por outras
ventre (pé da barriga), aumento de corrimento, sangramento bactérias. Como as feridas não causam dor, a procura pelo
fora da época da menstruação, dor ou sangramento durante tratamento pode ocorrer tardiamente, aumentando o risco de
a relação sexual. Entretanto, é muito comum estar doente e complicações.
não ter sintoma algum. Por isso, é recomendável procurar
um serviço de saúde periodicamente, em especial se houve Tratamento
sexo sem camisinha. Nos homens, normalmente há uma O tratamento, com uso de antibióticos, deve ser prescrito
sensação de ardor e esquentamento ao urinar, podendo pelo profissional de saúde após avaliação cuidadosa. Deve
causar corrimento ou pus, além de dor nos testículos. É haver retorno após término do tratamento para avaliação de
possível que não haja sintomas e o homem transmita a cura da infecção. É necessário evitar contato sexual até que
doença sem saber. Para evitar, é necessário o uso da os sintomas tenham desaparecidos e o tratamento finalizado.
camisinha em todas as relações sexuais.
Hepatites Virais
Diagnóstico O que são hepatites
Por meio da consulta com um profissional de saúde, Grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo,
exame clínico específico e coleta de secreções genitais. a hepatite é a inflamação do fígado. Pode ser causada por
vírus, uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, além
Tratamento de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. São
Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessas DST, doenças silenciosas que nem sempre apresentam sintomas,
é recomendado procurar um profissional de saúde, para o mas quando aparecem podem ser cansaço, febre, mal-estar,
diagnóstico correto e indicação do tratamento adequado, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos
com o uso de antibióticos específicos. amarelados, urina escura e fezes claras.

Oftalmia Neonatal Hepatite A


É uma conjuntivite do recém-nascido após contaminação A hepatite A é uma doença contagiosa, causada pelo
durante o nascimento, com secreções genitais da mãe vírus A (VHA) e também conhecida como "hepatite
infectada por clamídia e gonorreia, que não foram tratadas. infecciosa". Sua transmissão é fecal-oral, por contato entre
Surge no primeiro mês de vida e pode levar à cegueira, indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados
se não prevenida ou tratada adequadamente. pelo vírus. Geralmente, não apresenta sintomas. Porém, os
mais frequentes são: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos,
Doença Inflamatória Pélvica (DIP) febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura
O que é e fezes claras. Quando surgem, costumam aparecer de 15 a
A doença inflamatória pélvica (DIP) pode ser causada 50 dias após a infecção. Como as hepatites virais são
por várias bactérias que atingem os órgãos sexuais internos doenças silenciosas, consulte regularmente um médico e
da mulher, como útero, trompas e ovários, causando faça o teste.
inflamações. O diagnóstico da doença é realizado por exame de
sangue, no qual se procura por anticorpos anti-HAV. Após a
Formas de contágio confirmação, o profissional de saúde indicará o tratamento
Essa infecção pode ocorrer por meio de contato com as mais adequado, de acordo com a saúde do paciente. A
bactérias após a relação sexual desprotegida. A maioria dos doença é totalmente curável quando o portador segue
casos ocorre em mulheres que tem outra DST, corretamente todas as recomendações médicas. Na maioria
principalmente gonorreia e clamídia não tratadas. Entretanto dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno.
também pode ocorrer após algum procedimento médico local Causa insuficiência hepática aguda grave e pode ser
(inserção de DIU - Dispositivo Intra-Uterino, biópsia na parte fulminante em menos de 1% dos casos.
interna do útero, curetagem).
Hepatite B
Sinais e sintomas Causada pelo vírus B (HBV), a hepatite do tipo B é uma
A DIP manifesta-se por dor na parte baixa do abdômen doença infecciosa também chamada de soro-homóloga.
(no "pé da barriga" ou baixo ventre). Também pode haver Como o VHB está presente no sangue, no esperma e no leite
secreção vaginal (do colo do útero), dor durante a relação materno, a hepatite B é considerada uma doença
sexual, febre, desconforto abdominal, fadiga, dor nas costas sexualmente transmissível. Entre as causas de transmissão
estão:
e vômitos. Pode haver evolução para forma grave, com
- por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa
necessidade de internação hospitalar tratamento com infectada,
antibióticos por via venosa. - da mãe infectada para o filho durante a gestação, o
parto ou a amamentação,
Tratamento - ao compartilhar material para uso de drogas (seringas,
Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa DST, é agulhas, cachimbos), de higiene pessoal (lâminas de barbear
recomendado procurar imediatamente um profissional de e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros
saúde, para o diagnóstico correto e indicação do tratamento objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem
adequado. e colocação de piercings,

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SAÚDE PÚBLICA
- por transfusão de sangue contaminado. precoce da hepatite amplia a eficácia do tratamento.
A maioria dos casos de hepatite B não apresenta Existem centros de assistência do SUS em todos os
sintomas. Mas, os mais frequentes são cansaço, tontura, estados do país que disponibilizam tratamento para a
enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos hepatite C.
amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais Quando a infecção pelo HCV persiste por mais de seis
costumam aparecer de um a seis meses após a infecção. meses, o que é comum em até 80% dos casos, caracteriza-
Como as hepatites virais são doenças silenciosas, consulte se a evolução para a forma crônica. Cerca de 20% dos
regularmente um médico e faça o teste. infectados cronicamente pelo HCV podem evoluir para
A hepatite B pode se desenvolver de duas formas, aguda cirrose hepática e cerca de 1% a 5% para câncer de fígado.
e crônica. A aguda é quando a infecção tem curta duração. O tratamento da hepatite C depende do tipo do vírus
Os profissionais de saúde consideram a forma crônica (genótipo) e do comprometimento do fígado (fibrose). Para
quando a doença dura mais de seis meses. O risco de a isso, é necessária a realização de exames específicos, como
doença tornar-se crônica depende da idade na qual ocorre a biópsia hepática nos pacientes sem evidências clínicas de
infecção. As crianças são as mais afetadas. Naquelas com cirrose e exames de biologia molecular.
menos de um ano, esse risco chega a 90%; entre 1 e 5 anos,
varia entre 20% e 50%. Em adultos, o índice cai para 5% a Biologia
10%. O vírus da hepatite C é constituído por RNA de fita
O diagnóstico da hepatite B é feito por meio de exame de simples e pertence à família Flaviviridae. Sua detecção se dá
sangue específico. Após o resultado positivo, o médico por meio de exames de biologia molecular (HCV-RNA) que
indicará o tratamento adequado. Além dos medicamentos também são capazes de identificar o seu tipo (genótipo) e
(quando necessários), indica-se corte no consumo de quantidade no sangue (carga viral).
bebidas alcoólicas pelo período mínimo de seis meses e
remédios para aliviar sintomas como vômito e febre. Hepatite D
A hepatite D, também chamada de Delta, é causada pelo
Vacina vírus D (VHD). Mas esse vírus depende da presença do vírus
Atualmente, o Sistema Único de Saúde disponibiliza do tipo B para infectar uma pessoa. E sua transmissão,
gratuitamente vacina contra a hepatite B em qualquer posto assim como a do vírus B, ocorre:
de saúde. Mas, é necessário: - por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa
- ter até 49 anos, 11 meses e 29 dias; infectada;
- pertencer ao grupo de maior vulnerabilidade - da mãe infectada para o filho durante a gestação, o
(independentemente da idade) - gestantes, trabalhadores da parto ou a amamentação;
saúde, bombeiros, policiais, manicures, populações - compartilhamento de material para uso de drogas
indígenas, doadores de sangue, gays, lésbicas, travestis e (seringas, agulhas, cachimbos, etc), de higiene pessoal
transexuais, profissionais do sexo, usuários de drogas, (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de
portadores de DST. unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de
confecção de tatuagem e colocação de piercings;
A imunização só é efetiva quando se toma as três doses,
- por transfusão de sangue infectado.
com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda dose
e de seis meses entre a primeira e a terceira dose.
Da mesma forma que as outras hepatites, a do tipo D
Biologia pode não apresentar sintomas ou sinais discretos da doença.
O agente causador da doença é um vírus DNA de fita Os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou
dupla da família Hepadnaviridae. vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados,
urina escura e fezes claras. Por isso, consulte regularmente
Hepatite C um médico e faça o teste.
A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV), já tendo sido A gravidade da doença depende do momento da
chamada de "hepatite não A não B". O vírus C, assim como o infecção pelo vírus D. Pode ocorrer ao mesmo tempo em que
vírus causador da hepatite B, está presente no sangue. Entre a contaminação pelo vírus B ou atacar portadores de
as causas de transmissão estão:
hepatite B crônica (quando a infecção persiste por mais de
- Transfusão de sangue;
seis meses).
- Compartilhamento de material para uso de drogas
(seringas, agulhas, cachimbos, entre outros), higiene pessoal
(lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de
unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou para Infecção simultânea dos vírus D e B
confecção de tatuagem e colocação de piercings; Na maioria das vezes, manifesta-se da mesma forma
- Da mãe infectada para o filho durante a gravidez (mais que hepatite aguda B. Não há tratamento específico e a
rara); recomendação médica consiste em repouso e alimentação
- Sexo sem camisinha com uma pessoa infectada (mais leve e proibição do consumo de bebidas alcoólicas por um
rara). ano.

A transmissão sexual do HCV entre parceiros


heterossexuais é muito pouco frequente, principalmente nos
Infecção pelo vírus D em portadores do vírus B
casais monogâmicos. Sendo assim, a hepatite C não é uma
Doença Sexualmente Transmissível (DST); porém, entre Nesses casos, o fígado pode sofrer danos severos, como
homens que fazem sexo com homens (HSH) e na presença cirrose ou até mesmo formas fulminantes de hepatite. Pelo
da infecção pelo HIV, a via sexual deve ser considerada para caráter grave dessa forma de hepatite, o diagnóstico deve
a transmissão do HCV. ser feito o mais rápido possível e o tratamento só pode ser
O surgimento de sintomas em pessoas com hepatite C indicado por médico especializado. É a principal causa de
aguda é muito raro. Entretanto, os que mais aparecem são cirrose hepática em crianças e adultos jovens na região
cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, amazônica do Brasil.
pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Por se
tratar de uma doença silenciosa, é importante consultar-se Biologia
com um médico regularmente e fazer os exames de rotina O vírus da hepatite D, o VHD, é incompleto e precisa do
que detectam todas as formas de hepatite. O diagnóstico
antígeno de superfície HBsAg para se replicar.

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SAÚDE PÚBLICA
Hepatite E Formas de contágio
De ocorrência rara no Brasil e comum na Ásia e África, a A transmissão desse vírus se dá pelo sexo sem
hepatite do tipo E é uma doença infecciosa viral causada camisinha com uma pessoa infectada, compartilhamento de
pelo vírus VHE. Sua transmissão é fecal-oral, por contato seringas e agulhas durante o uso de drogas e da mãe
entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos infectada para o recém-nascido (também chamado de
contaminados pelo vírus. Como as outras variações da transmissão vertical), principalmente pelo aleitamento
doença, quase não apresenta sintomas. Porém, os mais materno. Evitar a doença não é difícil. Basta usar camisinha
frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, em todas as relações sexuais e não compartilhar seringa,
dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e agulha e outro objeto cortante com ninguém. O preservativo
fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de 15 a 60 está disponível gratuitamente na rede pública de saúde.
dias após a infecção. Caso não saiba onde retirar a camisinha, ligue para o Disque
O diagnóstico é realizado por exame de sangue, no qual Saúde (136).
se procura por anticorpos anti-HEV. Na maioria dos casos, a
doença não requer tratamento, sendo proibido o consumo de Sinais e sintomas
bebidas alcoólicas, recomendado repouso e dieta pobre em A maioria dos indivíduos infectados pelo HTLV não
gorduras. A internação só é indicada em pacientes com apresentam sintomas durante toda a vida. Mas um pequeno
quadro clínico mais grave, principalmente mulheres grávidas. grupo dos infectados pode desenvolver manifestações
clínicas graves, como alguns tipos de câncer, além de
Biologia problemas musculares (polimiosite), nas articulações
O vírus causador da hepatite E, o VHE, é do tipo RNA e (artropatias), nos pulmões (pneumonite linfocítica), na pele
pertence à família Caliciviridae. (dermatites diversas), na região ocular (uveíte), além da
síndrome de Sjögren, doença autoimune que destrói as
Herpes glandulas que produzem lágrima e saliva.
O que é
É uma doença causada por um vírus que, apesar de não Tratamento
ter cura, tem tratamento. Seus sintomas são geralmente Como o risco do desenvolvimento da doença associado
pequenas bolhas agrupadas que se rompem e se ao HTLV é muito baixo, não há tratamento específico para a
transformam em feridas. Depois que a pessoa teve contato infecção. O paciente deve ser acompanhado em serviço de
com o vírus, os sintomas podem reaparecer dependendo de saúde especializado, para diagnosticar e tratar
fatores como estresse, cansaço, esforço exagerado, febre, precocemente doenças que podem estar associadas.
exposição ao sol, traumatismo, uso prolongado de
antibióticos e menstruação. Linfogranuloma Venéreo
Em homens e mulheres, os sintomas geralmente O que é
aparecem na região genital (pênis, ânus, vagina, colo do É uma infecção crônica causada pela bactéria Chlamydia
útero). trachomatis, que atinge os genitais e os gânglios da virilha.

Formas de contágio Formas de contágio


O herpes genital é transmitido por meio de relação A transmissão do linfogranuloma venéreo ocorre pelo
sexual (oral, anal ou vaginal) sem camisinha com uma sexo desprotegido com uma pessoa infectada. Por isso, é
pessoa infectada. preciso usar camisinha sempre e cuidar da higiene íntima
Em mulheres, durante o parto, o vírus pode ser após a relação sexual.
transmitido para o bebê se a gestante apresentar lesões por
herpes. Sinais e sintomas
Por ser muito contagiosa, a primeira orientação dada a Os primeiros sintomas aparecem de 7 a 30 dias após a
quem tem herpes é uma maior atenção aos cuidados de exposição à bactéria. Primeiro, surge uma ferida ou caroço
higiene: lavar bem as mãos, evitar contato direto das bolhas muito pequeno na pele dos locais que estiveram em contato
e feridas com outras pessoas e não furar as bolhas. com essa bactéria (pênis, vagina, boca, colo do útero e ânus)
que dura, em média, de três a cinco dias. É preciso estar
Sinais e sintomas atento às mudanças do corpo, pois essa lesão, além de
Essa doença é caracterizada pelo surgimento de passageira, não é facilmente identificada. Entre duas a seis
pequenas bolhas na região genital, que se rompem formando semanas após a ferida, surge um inchaço doloroso dos
feridas e desaparecem espontaneamente. Antes do gânglios da virilha. Se esse inchaço não for tratado rápido,
surgimento das bolhas, pode haver sintomas como pode piorar e formar feridas com saída de secreção
formigamento, ardor e coceira no local, além de febre e mal- purulenta, além de deformidade local. Podem haver,
estar. também, sintomas gerais como dor nas articulações, febre e
As bolhas se localizam principalmente na parte externa mal estar.
da vagina e na ponta do pênis. Após algum tempo, porém, o
herpes pode reaparecer no mesmo local, com os mesmos Tratamento
sintomas. Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa DST, é
recomendado procurar um profissional de saúde, para o
Tratamento diagnóstico correto e indicação do tratamento adequado, que
Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa DST, é consiste em uso de antibióticos por tempo determinado.
recomendado procurar um profissional de saúde, para o
Sífilis e Sífilis Congênita
diagnóstico correto e indicação do tratamento adequado.
O que é a Sífilis
Não furar as bolhas e não aplicar pomadas no local sem
É uma doença infecciosa causada pela bactéria
recomendação profissional.
Treponema pallidum. Podem se manifestar em três estágios.
Os maiores sintomas ocorrem nas duas primeiras fases,
Infecção pelo Vírus T-linfotrópico humano (HTLV) período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro
O que é estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa
A doença é causada pelo vírus T-linfotrópico humano impressão de cura da doença.
(HTLV), que infecta as células de defesa do organismo, os Todas as pessoas sexualmente ativas devem realizar o
linfócitos T. O HTLV foi o primeiro retrovírus humano isolado teste para diagnosticar a sífilis, principalmente as gestantes,
(no início da década de 1980) e é classificado em dois pois a sífilis congênita pode causar aborto, má formação do
grupos: HTLV-I e HTLV-II. feto e/ou morte ao nascer.

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SAÚDE PÚBLICA
O teste deve ser feito na 1ª consulta do pré-natal, no 3º Tratamento
trimestre da gestação e no momento do parto Quando a sífilis é detectada, o tratamento deve ser
(independentemente de exames anteriores). O cuidado indicado por um profissional da saúde e iniciado o mais
também deve ser especial durante o parto para evitar rápido possível. Os parceiros também precisam fazer o teste
sequelas no bebê, como cegueira, surdez e deficiência e ser tratados, para evitar uma nova infecção da mulher. No
mental. caso das gestantes, é muito importante que o tratamento
seja feito com a penicilina, pois é o único medicamento
Formas de contágio capaz de tratar a mãe e o bebê.
A sífilis pode ser transmitida de uma pessoa para outra Com qualquer outro remédio, o bebê não estará sendo
durante o sexo sem camisinha com alguém infectado, por tratado. Se ele tiver sífilis congênita, necessita ficar internado
transfusão de sangue contaminado ou da mãe infectada para para tratamento por 10 dias. O parceiro também deverá
o bebê durante a gestação ou o parto. O uso da camisinha receber tratamento para evitar a reinfecção da gestante e a
em todas as relações sexuais e o correto acompanhamento internação do bebê.
durante a gravidez são meios simples, confiáveis e baratos
de prevenir-se contra a sífilis. Cuidados com o recém-nascido
Todos os bebês devem realizar exame para sífilis
Sinais e sintomas independentemente dos exames da mãe.
Os primeiros sintomas da doença são pequenas feridas Os bebês que tiverem suspeita de sífilis congênita
nos órgãos sexuais e caroços nas virilhas (ínguas), que precisam fazer uma série de exames antes de receber alta.
surgem entre a 7 e 20 dias após o sexo desprotegido com
alguém infectado. A ferida e as ínguas não doem, não Tricomoníase
coçam, não ardem e não apresentam pus. Mesmo sem O que é
tratamento, essas feridas podem desaparecer sem deixar É uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas
cicatriz. Mas a pessoa continua doente e a doença se vaginalis. Nas mulheres, ataca o colo do útero, a vagina e a
desenvolve. Ao alcançar um certo estágio, podem surgir uretra, e nos homens, o pênis.
manchas em várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e
queda dos cabelos.
Após algum tempo, que varia de pessoa para pessoa, as Formas de contágio
manchas também desaparecem, dando a ideia de melhora. A doença pode ser transmitida pelo sexo sem camisinha
A doença pode ficar estacionada por meses ou anos, até o com uma pessoa infectada. Para evitá-la, é necessário usar
momento em que surgem complicações graves como camisinha em todas as relações sexuais (vaginais, orais ou
cegueira, paralisia, doença cerebral e problemas cardíacos, anais). É a forma mais simples e eficaz de evitar uma doença
podendo, inclusive, levar à morte. sexualmente transmissível.

Diagnóstico Sinais e sintomas


Quando não há evidencia de sinais e ou sintomas, é Os sintomas mais comuns são dor durante a relação
necessário fazer um teste laboratorial. Mas, como o exame sexual, ardência e dificuldade para urinar, coceira nos órgãos
busca por anticorpos contra a bactéria, só pode ser feito
sexuais, porém a maioria das pessoas infectadas não sente
trinta dias após o contágio.
alterações no organismo.
Tratamento
Tratamento
Recomenda-se procurar um profissional de saúde, pois
Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessa DST, é
só ele pode fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento recomendado procurar um profissional de saúde, para o
mais adequado, dependendo de cada estágio. É importante diagnóstico correto e indicação do tratamento adequado. Os
seguir as orientações médicas para curar a doença. parceiros também precisam de tratamento, para que não
haja nova contaminação da doença.
Sífilis congênita
É a transmissão da doença de mãe para filho. A infecção NOÇÕES DE ÉTICA E CIDADANIA
é grave e pode causar má-formação do feto, aborto ou morte
do bebê, quando este nasce gravemente doente. Por isso, é ÉTICA E MORAL.
importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré- ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES.
natal e, quando o resultado é positivo, tratar corretamente a “O que é a ética”? A própria palavra é por vezes usada
mulher e seu parceiro. Só assim se consegue evitar a para referir o conjunto de regras, princípios ou modos de
transmissão da doença. pensar que orientam, ou pretendem ter autoridade para
orientar, as ações de um grupo particular; e por vezes
Sinais e sintomas designa o estudo sistemático do raciocínio sobre o modo
A sífilis congênita pode se manifestar logo após o como devemos agir. No primeiro destes sentidos, podemos
nascimento, durante ou após os primeiros dois anos de vida questionar a ética sexual do povo das Ilhas Trobriand, ou
da criança. falar do modo como a ética médica na Holanda acabou por
Na maioria dos casos, os sinais e sintomas estão aceitar a eutanásia voluntária. No segundo sentido, ‘ética’ é o
presentes já nos primeiros meses de vida. Ao nascer, a nome de um campo de estudos, e muitas vezes de uma
criança pode ter pneumonia, feridas no corpo, cegueira, temática ensinada nos departamentos de filosofia das
dentes deformados, problemas ósseos, surdez ou deficiência universidades. Normalmente, o contexto torna claro qual o
mental. Em alguns casos, a sífilis pode ser fatal. sentido em que a palavra deve ser entendida [...].
O diagnóstico se dá por meio do exame de sangue e Alguns autores usam o termo ‘moral’ para o primeiro
deve ser pedido no primeiro trimestre da gravidez. O sentido, descritivo, em que eu uso o termo ‘ética’. Falam da
recomendado é refazer o teste no 3º trimestre da gestação e moral dos ilhéus de Trobriand quando querem descrever o
repeti-lo logo antes do parto, já na maternidade. Quem não que esses ilhéus consideram correto [right] ou incorreto
fez pré-natal, deve realizar o teste antes do parto. O maior [wrong]. Reservam a expressão ‘ética’ (ou, por vezes,
problema da sífilis é que, na maioria das vezes, as mulheres ‘filosofia moral’) para o campo de estudos ou temática
não sentem nada e só vão descobrir a doença após o ensinada nos departamentos de filosofia. Eu não adotei este
exame. uso.

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SAÚDE PÚBLICA
Tanto ‘ética’ como ‘moral’ têm as suas raízes em compreender a lei moral. Em que será que a interação
palavras que significam ‘costumes’, sendo a primeira existente num grupo de chimpanzés se assemelha a isso?
derivada do termo grego ‘ethos’ e a segunda do termo latino Comparar o comportamento instintivo ou habitual dos
‘mores’, uma palavra ainda usada por vezes para descrever chimpanzés com os conscienciosamente escolhidos padrões
os costumes de um povo. ‘Moral’ traz hoje consigo uma éticos dos seres humanos é, dir-se-á, degradar e insultar a
particular, e por vezes desapropriada, ressonância. Ela nossa própria espécie.
sugere um severo conjunto de deveres que requere que Que há um imenso abismo entre o tipo de ética descrito
subordinemos os nossos desejos naturais - e os nossos por Kant [1724-1804] e aquele que é revelado pelo
desejos sexuais têm aqui um relevo particular - de maneira a comportamento do chimpanzé intelectualmente mais dotado,
obedecer à lei moral. O fracasso em cumprir o nosso dever isso é inegável; mas da existência desse abismo não se
traz consigo um pesado sentimento de culpa. Muitas vezes, segue que não tenhamos nada a aprender acerca do nosso
a moral é considerada como tendo uma base religiosa. Estas próprio comportamento observando o dos chimpanzés. As
conotações de ‘moral’ são mais características de uma ideias de Kant são estranhas não só para os chimpanzés,
concepção particular da ética, a que está ligada à tradição como para a maior parte das comunidades humanas. Os
judaico-cristã, que uma característica inerente a qualquer sistemas filosóficos éticos são elaborações altamente
sistema moral. sofisticadas de conceitos mais comuns que, por sua vez,
A ética não tem uma conexão necessária com qualquer evoluíram a partir do comportamento social pré-humano.
religião em particular, nem com a religião em geral. [...] [A] Saber mais acerca das bases pré-humanas da ética será,
ética existe em todas as sociedades humanas, e talvez até seguramente, uma ajuda para compreender e ter acesso aos
entre os nossos parentes mais chegados não-humanos. Não sistemas éticos que se desenvolveram a partir dessas bases;
temos necessidade de postular deuses que nos transmitem e as melhores pistas para sabermos mais ou menos como
mandamentos, pois podemos considerar a ética como um terá sido a ética pré-humana virão das observações
fenômeno natural que surge no decurso da evolução de daqueles animais com os quais partilhamos antepassados
mamíferos de vida longa, sociais e inteligentes, que possuem comuns relativamente próximos.
a capacidade de se reconhecer entre si e de recordar o Kant e os seus seguidores poderão replicar a tudo isto
comportamento anterior dos outros. [...] Se admitirmos que que, uma vez que a lei moral é baseada na razão, quaisquer
Darwin tinha razão quando afirmou que a ética humana se paralelismos aparentes entre a nossa ética e a dos animais
desenvolveu a partir dos instintos sociais que herdamos dos não-humanos é uma coincidência meramente superficial. O
nossos antepassados não-humanos, podemos pôr de lado a comportamento dos animais tem tanto a ver com a ética
hipótese de uma origem divina para a ética. Surgem então quanto uma teia de aranha com uma obra de arte. Mas,
outras questões. Se virmos a ética como parte da nossa neste ponto, a tradição filosófica começa a divergir. Kant
herança humana comum, então podemos esperar que haja representa apenas um dos lados no debate acerca do papel
universais éticos, princípios que, de alguma forma, estejam que a razão pode desempenhar na nossa vida prática e nas
presentes em todas as sociedades humanas. Esta nossas decisões éticas.
expectativa contrasta profundamente com a opinião Se, por exemplo, aceitarmos a tese de David Hume
predominante no séc. XIX e princípios do séc. XX, quando [1711-1776] de que a base da ética deve ser encontrada nas
uma torrente de dados antropológicos provenientes de todo o nossas emoções ou, como ele lhes chama, paixões, então a
mundo transmitiu a impressão dominante de uma razão torna-se muito menos significativa na ética, e os
interminável diversidade ética. Embora seja óbvio que paralelismos entre a nossa ética e a dos animais não-
sociedades distintas apresentam pontos de vista éticos humanos tornam-se, em correspondência, mais próximos.
diferentes em relação a muitos aspectos, é agora claro que, Deste modo, negar a possibilidade de uma ‘ética dos
em alguns pontos importantes, quase todas as sociedades primatas’ por causa do papel desempenhado pela razão é
estão de acordo. assumir que é Kant, e não Hume, quem está correto acerca
Claro que isto não significa que devamos aceitar como deste ponto. Ora, esta pode muito bem ser uma suposição
corretos os pontos de vista éticos em que as sociedades errada. O debate entre Hume e Kant acerca do papel da
estão de acordo. Até muito recentemente, um dos pontos em razão na ética enquadra a temática [...] que nos leva ao
que virtualmente todas as sociedades estavam de acordo era coração da mais fundamental das questões que podem ser
que uma mulher casada deve obedecer ao seu marido; e, se levantadas acerca da natureza da ética: saber se a ética é
recuarmos ainda mais no tempo, podemos encontrar muitos objetiva ou subjetiva.
‘universais éticos’ igualmente questionáveis. Têm sido usados diferentes termos para tratar esta
O fato de uma prática ser universal não faz com que questão, mas por detrás disso jaz sempre a divisão entre,
essa prática seja correta ou com que deva ser o mais por um lado, os que sustentam que, de algum modo, há uma
possível desencorajada, ou até mesmo proibida. resposta verdadeira, correta ou mais justificada para a
Mas, assim como a compreensão da origem da ética nos questão ‘O que devo fazer’, independentemente de quem faz
ajuda a perceber a natureza do fenômeno com que estamos a pergunta; e, por outro, os que sustentam que, se diferentes
a lidar, assim também a nossa compreensão é aumentada indivíduos ou diferentes sociedades estão em desacordo em
pelo conhecimento dos graus de diversidade e uniformidade relação a problemas éticos, então é porque não existe um
dos sistemas éticos entre diferentes sociedades - e mesmo padrão por meio do qual seja possível julgar uma resposta
entre as sociedades humanas e as dos outros animais como sendo melhor do que outra. Os filósofos nem sempre
sociais, especialmente as dos que estão mais próximos de viram que este debate entre objetivistas éticos e subjetivistas
nós, os chimpanzés. éticos é, no fundo, uma questão acerca do papel que a razão
[...] Fomos sempre relutantes em reconhecer desempenha na ética. A asserção kantiana de que a lei
similaridades entre o nosso próprio comportamento e o dos moral é uma lei da razão baseava-se na sua metafísica
animais não-humanos. Afirmávamos que éramos os únicos particular. Ele via a natureza humana como eternamente
animais que usavam instrumentos até se descobrir que dividida. Por um lado, temos o nosso eu [self] natural ou
outros animais também os usam. físico, enredado no mundo dos desejos. Por outro, temos o
Depois, fizemos uma afirmação semelhante acerca da nosso eu intelectual ou espiritual, o qual participa do mundo
linguagem, apenas para virmos a descobrir que os grandes da razão de que deriva a lei moral. Aqueles filósofos que
querem defender a objetividade da ética, mas não aceitam o
símios podem aprender a comunicar conosco através de
sistema filosófico de Kant, precisam mostrar que pode haver
linguagem gestual. Mas, dir-se-á, seguramente que a ética,
outra maneira de conhecer o que é objetivamente correto.
pelo menos, continua a ser um fenômeno puramente
Durante muito tempo, alguns defensores da objetividade
humano.
ética argumentaram que os nossos juízos éticos derivavam
Basta lembrarmo-nos da concepção kantiana do dever,
de uma compreensão intelectual imediata de uma verdade
baseada na nossa capacidade de seres racionais para evidente por si mesma.

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SAÚDE PÚBLICA
Deste modo, pensavam, podemos conhecer independentemente dos seus desejos? Kant pensava que se
intuitivamente que uma ação é correta, de uma forma a ética não é uma ilusão deve haver imperativos categóricos
parecida como sabemos, sem termos de pensar nisso, que - pois não será verdade que a moralidade nos diz que
um mais um é igual a dois. Por outro lado, os que devemos fazer o que está certo, independentemente dos
argumentavam que a ética é subjetiva afirmavam - como nossos desejos? Para os intuicionistas conseguirem mostrar
Hume - que a ética se baseia no sentimento ou na emoção, e que obtemos conhecimento de verdades éticas objetivas
não em nada de objetivo ou presente algures no universo. através da intuição, têm de mostrar que esse conhecimento
Mas será que podemos conhecer alguma coisa através dá origem a imperativos categóricos. Eis porque a questão
da intuição [consciência imediata da verdade ou falsidade de crucial entre os intuicionistas e os seus oponentes
uma dada proposição]? Os defensores do intuicionismo ético subjetivistas acaba por ser a mesma que entre Hume e Kant:
argumentaram que havia aqui um paralelismo com o modo haverá razões objetivas para a ação, independentes dos
como conhecemos, ou podemos imediatamente nossos desejos?
compreender, as verdades básicas da matemática: por A este respeito, os dois séculos que passaram depois de
exemplo, a de que um mais um é igual a dois. Este Hume e Kant não resolveram a disputa entre estas duas
argumento sofreu um grande abalo quando foi mostrado que posições básicas que eles estabeleceram. [...] No entanto,
a evidência das verdades básicas da matemática pode ser embora a disputa não tenha sido resolvida, entendemos
explicada de uma maneira diferente e mais parcimoniosa, agora os problemas melhor que anteriormente, e até há
vendo a matemática como um sistema de tautologias, cujos alguns sinais de convergência.
elementos básicos são verdadeiros em virtude do significado Os objetivistas já não procuram estranhos fatos morais
dos termos usados. conhecidos unicamente através da intuição, mas tentam
Deste ponto de vista, agora largamente, se não mesmo antes estabelecer as razões para agir que aceitaríamos se
universalmente, aceite, não se requer nenhuma intuição raciocinássemos sob certas condições ideais - por exemplo,
especial para estabelecer que um mais um é igual a dois - se estivéssemos completamente informados, não
trata-se de uma verdade lógica, a qual é verdadeira em influenciados pelos nossos interesses, e pudéssemos
virtude do significado que atribuímos aos números inteiros imaginar como seria estar na posição de todos os outros que
‘um’ e ‘dois’, assim como a ‘mais’ e ‘igual’. Assim, a ideia de fossem afetados pela nossa ação.
que a intuição nos fornece algum tipo substantivo de Os subjetivistas já raramente mantêm que a ética é
conhecimento do que é certo e errado perde a sua única inteiramente uma questão de sentimentos ou desejos;
analogia. reconhecendo a necessidade de conceder um espaço para o
Mas pode dar-se o caso de que a intuição ética, de um desacordo e para a argumentação racional acerca da ética.
modo excepcional em relação a outras formas de intuição, Assim, embora continuem a defender o ponto de vista de
seja uma fonte de conhecimento genuíno. No entanto, há que os nossos juízos éticos se baseiam nos nossos desejos,
outro e mais sério problema que se levanta à defesa da não defendem que qualquer desejo pode formar essa base.
objetividade da ética por esta via. O problema reside no fato Pelo contrário, concedem que, para serem considerados
de que os juízos éticos são supostos levarem à ação. Porque éticos, os desejos devem passar por uma filtragem que
se conhecer o que é correto não implicar a tendência para exclua aqueles que não satisfaçam determinadas condições
nos motivar a fazer o que é correto, então parece que a ética de imparcialidade e razoabilidade. Por conseguinte, o debate
perde a sua razão de ser. atual ganhou outra precisão, nomeadamente a respeito do
A ética seria então um sistema de conduta, algo como tipo de limites que devemos estabelecer para os desejos que
hoje é a etiqueta para a maior parte das pessoas. Eu posso podem ser considerados éticos, e da possibilidade desses
saber que não é delicado começar a comer antes de todos limites nos permitirem chegar - em princípio, se não na
os outros convidados terem sido servidos, mas se não me prática - a um acordo acerca do que devemos fazer”.
importar com o que os outros consideram ser boas maneiras,
e preferir a minha comida bem quentinha, então não tenho
nenhuma razão para esperar. Os que defendem que os ÉTICA E DEMOCRACIA:
juízos éticos são um tipo especial de intuição não pretendem EXERCÍCIO DA CIDADANIA
relegar a ética para o estatuto da etiqueta. O que é cidadania? Esta parece ser uma questão de
Pretendem dizer que, se eu souber que alguma coisa é fundamental importância para a construção do Estado
errada, tenho uma razão para não a fazer, quer me preocupe Democrático Direito.
ou não com a ética. Sendo assim, têm de mostrar que o Decorrência da tradição moderna, a ideia de cidadania
conhecimento obtido através da intuição nos dá uma razão trouxe importantes aquisições para a experiência histórica
que nos pode motivar a fazer o que vemos ser correto. das democracias, mas em parte não se anelou à realização
Todavia, há algo de obscuro acerca de como pode, por si de uma certa fatia das preocupações que hodiernamente
só, qualquer tipo de conhecimento motivar-nos incomodam as práticas políticas.
necessariamente a agir. Claro que se alguém me disser que Num conceito mais político-jurídico tradicional, ser parte
há um formigueiro no sítio onde estou prestes a sentar-me, de um Estado soberano, cuja adesão lhe concede um certo
isso habitualmente dá-me uma boa razão para escolher outro status, bem como votar e poder ser votado, são as únicas
local para o meu piquenique. Podemos pressupor que condições para a definição de cidadania.
nenhuma pessoa normal prefere ser mordida por formigas, e Assim, estariam em jogo duas dimensões: pertencer ou
assim esta informação fornece a qualquer pessoa normal não a uma soberania e ser por ela reconhecido como parte
uma razão para agir; mas só funciona como uma razão de seus cidadãos, o que passa por critérios de aceitação
porque é relevante para as nossas preferências. Se, depois definidos nas esferas político-diplomática e cívico-jurídica
de ter considerado cuidadosamente todas as consequências, (ius soli, ius sanguini); estar no gozo dos direitos políticos,
decidir que, apesar de tudo, prefiro ser mordido a sentar-me podendo votar (cidadania ativa) e ser votado (cidadania
noutro lugar, o conhecimento da localização das formigas passiva) nos processos de participação política.
deixa de ser uma razão para eu alterar os meus planos. É certo que estes conceitos são funcionais, e remontam
Kant referiu-se aos imperativos dependentes dos desejos a uma tradição histórica moderna e, sobretudo, a uma
dos indivíduos como sendo ‘imperativos hipotéticos’. ‘Se não tradição jurídica que procura tratar de modo técnico a
quiseres ser mordido senta-te noutro sítio’ é um exemplo de problemática da cidadania.
um imperativo hipotético. A discussão entre Hume e Kant Não assumindo, portanto, esta leitura ou este viés
pode então ser enquadrada pela pergunta acerca de se técnico da questão, e procurando conferir-lhe um tratamento
todos os imperativos serão hipotéticos. Haverá alguns diferenciado daquele que se pretende em linhas dogmáticas,
imperativos que sejam, como Kant os chamou, ‘categóricos’ - verte-se a reflexão para pensar a pragmática da cidadania,
isto é, imperativos válidos para todos os seres racionais, seus problemas e suas implicações socioeconômicas.

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SAÚDE PÚBLICA
Aliás, há certo uníssono na discussão da ideia de sociedade civil, sem a mobilização das comunidades, sem a
cidadania que permite dizer que suas insuficiências precisam conscientização dos grupos minoritários, sem a adesão das
ser revistas: “Todos os exemplos aferidos, da história recente mentalidades ao projeto social que pode transformar seu
e atual, apontam para a insuficiência do critério da quotidiano.
cidadania”. Ou seja, embora ninguém negue que a Isto se torna ainda mais importante de ser destacado,
implantação e o respeito aos direitos civis seja desejável em grifado e impresso na mentalidade de um povo, na medida
si, eles são nem indispensáveis nem suficientes como em que se vive um momento peculiar, um período de
condição para a paz entre maioria e minoria. Podemos transição, em que se instalou nas mentalidades coletivas
apontar para algumas deficiências graves embutidas no uma certa decepção com os paradigmas e promessas
próprio conceito de cidadão, e que parecem decorrer da modernas que gerou apatia e abdicação do compromisso
definição abstrata do cidadão: com os ideais societais básicos de estruturação de nosso
1) Esta definição não deixa espaço entre a demanda da meio.
assimilação e a ameaça da exclusão; ela é cega às É de acordo com esta concepção, e dentro desta
diferenças concretas entre os cidadãos, elimina a experiência prática e histórica de abertura da concepção de
possibilidade de transformar essas diferenças – que em cidadania, que o chamado terceiro setor surgiu para se
outras sociedades impossibilitam a convivência – em um alinhar ao Estado na construção da cidadania e da
inocente estilo de vida; efetividade de direitos fundamentais: “Por ora, vamos nos
2) A teoria da cidadania não pode dar conta das ater a uma definição mais genérica: compreendem o terceiro
oposições dentro da sociedade à integração de novos setor todas as entidades que não fazem parte da máquina
candidatos à cidadania, porque não entende o nacionalismo estatal, não visam lucro e não se afirmam com discurso
do mainstre a m. Daí a vulnerabilidade de sociedades ideológico, mas sim sobre questões específicas da
modernas e superficialmente civilizadas ao racismo, anti- organização social. Se o aspecto negativo da definição é
semitismo etc.” (Jaime Pinsky, Carla Bassanezi Pinsky, claro – sabemos que não é terceiro setor –, o lado afirmativo
História da cidadania, 2003, p. 343-373). deve ser particularizado.
Quando se insere a perspectiva de análise na dimensão Ou seja, uma vez que o terceiro setor engloba um sem
do que é o social, deve-se pensar o quanto as implicações números de entidades com origens e finalidades diversas, a
entre as estruturas formais das promessas do jurídico e do compreensão só acontece no âmbito de cada categoria”
político se traduzem em eficazes atendimentos a (Jaime Pinsky, Carla Bassanezi Pinsky, História da
mandamentos de direitos humanos. Pensar estas questões cidadania, 2003, p. 565).
reclama que se tome uma outra atitude diante da A narrativa da eclosão de uma nova categoria para o
conceituação tradicional, no sentido de alargar sua pensamento político, além de Estado e sociedade civil, além
significação, para abranger uma dimensão mais ampla de de povo e soberano, bem como a discussão sobre a
abordagem e reflexão. efervescência causada por estes novos atores no cenário de
A ampliação dos horizontes conceituais da ideia de composição de interesses públicos, é questão que se
cidadania faz com que se postule, sob este invólucro, a transformou em temário fundamental da reflexão sociológica
definição de uma realidade de efetivo alcance de direitos dos últimos anos, a partir das próprias experiências das
materializados no plano do exercício de diversos aspectos da décadas de 70, 80 e 90, num paulatino processo de
participação na justiça social, de reais práticas de igualdade, agigantamento e aperfeiçoamento das estruturas que dão
no envolvimento com os processos de construção do espaço suporte e estruturação aos grupos organizados.
político, do direito de ter voz e de ser ouvido, da satisfação Assim é que o grande agente do processo de construção
de condições necessárias ao desenvolvimento humano, do e reconstrução da cidadania passa a ser o agente coletivo de
atendimento a prioridades e exigências de direitos humanos, direito, na concepção de José Geraldo de Souza Júnior.
etc. Em suas palavras: "Ora, a análise sociológica pôde
Deve-se, portanto superar a dimensão acrisolada do precisar que a emergência do sujeito coletivo opera num
tradicionalismo que marca a concepção conceitual de processo pelo qual a carência social é percebida como
cidadania, no sentido da superação de suas limitações e negação de um direito que provoca uma luta para conquistá-
deficiências. lo.
No lugar da clausura conceitual tradicional, alargando-se De acordo com Eder Sader, a consciência de seus
a experiência e o sentido histórico-genético que possuía o direitos consiste exatamente em encarar as privações da
termo em seu princípio, o que se propõe é a expansão do vida privada como injustiças no lugar de repetições naturais
sentido em direção às fronteiras das grandes querências do cotidiano. E justamente a revolução de expectativas
sociais, dos grandes dilemas da política contemporânea, dos produzidas esteve na busca de uma valorização da
grandes desafios histórico-realizativos dos direitos humanos.
dignidade, não mais no estrito cumprimento de seus papéis
Nesta concepção, exercitar cidadania não significa, em
momento algum, delegar ao Estado a tarefa de gerenciar tradicionais, mas sim na participação coletiva numa luta
políticas públicas, ações estratégicas ou investimentos contra o que consideraram as injustiças de que eram vítimas.
adequados em justiça social. Isto, sem dúvida, é a condição E, ao valorizarem a sua participação na luta por seus
sine qua non para que a política se exerça de modo salutar direitos, constituíram um movimento social contraposto ao
em prol de uma sociedade. clientelismo característico das relações tradicionais entre os
No entanto, na linha de raciocínio que se está agentes políticos e as camadas subalternas". (José Geraldo
desenvolvendo, não se pode considerar a cidadania uma de Souza Júnior, Movimentos Sociais - Emergência de
atitude passiva, e muito menos representativa, que se delega Novos Sujeitos: O Sujeito Coletivo de Direito, in Cláudio
a representantes políticos investidos de poder para mandato Souto e Joaquim Falcão, Sociologia e Direito - Textos
eletivo que se escolhem por voto periódico. Básicos para a Disciplina de Sociologia Jurídica, p. 259).
Se isto é ser cidadão, então a definição de cidadania Ante à falta, se instala uma nova ordem e uma nova
encontra-se um tanto quanto restrita e apegada à tradição. concepção de cidadania precisa se modular para
Mais do que isto, esta linha de pensamento está ainda restabelecer certa coerência na administração dos conflitos,
eivada por um profundo assistencialismo e por concepções onde a participação direta nos processos flexíveis de
paternalistas de Estado. O que se pensa é que a questão da articulação de decisões políticas seja possível.
cidadania é uma problemática inerente a um povo. Diante da falência, e mesmo da ineficiência, do Estado
É este povo que bem conhece suas carências, no gerenciamento e na distribuição de bens fundamentais da
deficiências, necessidades, etc. É também este povo que vida organizada em sociedade, as alternativas aos modos
possui as condições para a transformação de sua condição, tradicionais de se conceberem práticas jurídicas e práticas
o que, no entanto, não se consegue sem a organização da políticas se instalam para suprir carências.

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SAÚDE PÚBLICA
ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA. critério discricionário, atuação em sentidos quase contrários
ÉTICA NO SETOR PÚBLICO. sem que, do ponto de vista estrito da legalidade, se possa
A moralidade, apesar de estar mais relacionada à punir qualquer um dos procedimentos de desamparados pela
conduta pessoal, também determina atos e políticas da legislação.
administração pública. A legalidade é condição necessária, mas não suficiente,
A moralidade administrativa e a ética na administração para a legitimidade dos atos administrativos.
não representam senão uma das faces da moralidade Deve prevalecer uma ligação necessária entre validade e
pública que se sujeita ao controle social, pois a moralidade é moralidade, pois o tratamento diferente para iguais casos
encontrada nos julgamentos que as pessoas fazem sobre a concretos traz efeitos e consequências da violação da ordem
conduta e não na própria conduta. jurídica e da posição do Estado como anjo guardião
Assim sendo, em se tratando de moralidade pública, (tutelador) dos direitos.
torna-se imperioso reivindicar-se alto grau de generalidade e É indispensável – para adequação ética do ato
autoridade, resultando, então, do julgamento respectivo, em administrativo – que as soluções possíveis de serem
caráter objetivo e público, não um ato individual e privado. adotadas sejam todas válidas perante o direito, pois não há
A Ética representa uma abordagem sobre as constantes discricionariedade diante de uma solução ilegal que se
morais, aquele conjunto de valores e costumes mais ou apresente ao administrador.
menos permanente no tempo e uniforme no espaço. O dever de probidade decorre diretamente do princípio
Direito e Moral são conceitos que fazem parte da noção da moralidade que lhe é anterior e hierarquicamente superior
de justiça, considerando que toda ação estatal é dirigida à pelo maior grau de superioridade que os princípios têm em
satisfação do interesse coletivo inserido no Estado relação dos deveres. Pode-se dizer que a probidade é uma
Democrático, que se destina a assegurar o exercício dos das possíveis formas de externação da moralidade.
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o É a via onerosa da moralidade, posto que esse dever
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como tem um cunho patrimonial.
valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e O bom agente público é o que, usando de sua
sem preconceitos, fundada na harmonia social, nos exatos competência para o preenchimento das atribuições legais, se
termos do preâmbulo da Constituição Federal. determina não só pelos preceitos vigentes, mas também pela
A justiça como conceito moral significa a aplicação moral comum. Se os primeiros delimitam as fronteiras do
imparcial de normas de conduta que sejam imparciais, não lícito e do ilícito, do justo e do injusto positivos – a segunda
discriminando sem fundamento em lei ou em regras espera dele conduta honesta, intrínseca e extrinsecamente
determinadas pessoas ou determinados fins, pois o ato justo conforme a função realizada por seu intermédio.
sempre serve a fins considerados bons. A moralidade, no âmbito da Administração Pública, há de
Em contraste, identifica-se com a observância de certas ser vista segundo um duplo critério, o da moralidade objetiva
restrições na busca de fins. e da moralidade subjetiva.
Logo, o ato dotado de justiça e moral deve respeitar Existem graus de objetividade no bem e no mal moral.
estas restrições na ação, quaisquer que sejam os fins Pode acontecer de atos que, embora pareçam bons e
desejados. O agente público, ao atuar, não poderá desprezar legais em si, trazem consigo um predomínio de interesses
o elemento ético de sua conduta. díspares em relação à finalidade.
Ao ter que decidir entre o honesto e o desonesto, por O aspecto moral subjetivo do ato administrativo deve ser
considerações de direito e de moral, está cingido a uma determinado pela intenção concreta, considerada não
escolha que seja mais eficiente na maior clareza para a somente em si, como também nos meios pelos quais pode
administração, e o ato administrativo produzido não se ser efetuado e nas circunstâncias que possam manter
poderá se contentar com a mera obediência à lei jurídica, alguma relação com a ordem moral.
exigirá também à vitória da ramificação moral e a estrita Na expressão interesse público oculta-se o valor de
correspondência aos padrões éticos internos da própria moralidade, ética, independência, honestidade objetiva e
instituição. subjetiva da Administração em relação a rigorosamente
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil todos os assuntos que dizem respeito às relações da
do Poder Executivo Federal define com muita clareza o Administração no âmbito interno e externo.
assunto. O princípio-fim de probidade administrativa, que reveste
“II - O servidor público não poderá jamais desprezar o o interesse de observância de máxima economia dos
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir recursos do Estado não pode justificar, pela Administração, a
somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o prática de atos que nas relações privadas sejam condenados
conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, pela moral, ou ao menos revestidos de incontornável
mas principalmente entre o honesto e o desonesto, pejoração ética.
consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da O conceito de legitimidade administrativa está
Constituição Federal. impregnado de uma rígida e substanciosa camada de
III - A moralidade da Administração Pública não se limita observância aos princípios ativos da moralidade e da ética
à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da da Administração em suas múltiplas relações.
idéia de que o fim é sempre o bem comum. A Administração está obrigada numa ética de dupla mão
O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta de sentido – a ética da Administração e a ética na
do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do Administração dos negócios públicos.
ato administrativo.” A ética da Administração é garantia da observância do
A moralidade administrativa constitui-se, modernamente, interesse coletivo.
num pressuposto de validade de todo ato da Administração A ética na Administração consubstancia-se na proteção
Pública. A moral administrativa é imposta ao agente público do indivíduo contra a própria Administração.
para sua conduta interna, segundo as exigências da A partir do momento em que a Constituição Federal, em
instituição a que serve, e a finalidade de sua ação: o bem seu art. 37, inseriu o principio da moralidade administrativa
comum. A legitimidade, enquanto espécie de projeção de entre os de observância obrigatória pela Administração
um conceito exterior que deve estar acima de todos os atos Pública, ela veio permitir que o ato administrativo imoral
administrativos, define-se pela interpretação de três valores fosse considerado tão inválido quanto o ato administrativo
fundamentais – ou de atributos, como preferem alguns – que ilegal. O poder judiciário, no julgamento de ação de qualquer
revestem os atos e que são a moralidade, legalidade e natureza, pode ingressar no exame da moralidade
finalidade. administrativa para salvaguarda dos interesses individuais e
As leis que disciplinam o modo de atuação da sociais, avaliando o comportamento ético da e na
Administração Pública frequentemente podem ensejar, pelo Administração Pública.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 77 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


SAÚDE PÚBLICA
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