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ISADORA MARCELA BORGES DOS SANTOS

RAQUEL CICERO DE SOUZA

A POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL:


PREVIDÊNCIA SOCIAL

Londrina
2023
ISADORA MARCELA BORGES DOS SANTOS
RAQUEL CICERO DE SOUZA

A POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL:


PREVIDÊNCIA SOCIAL

Atividade referente ao 2º bimestre da


disciplina: A Política de Seguridade Social:
Previdência Social, do curso de Serviço Social.
Docente: Silvio Aparecido Redon.
Discentes: Isadora Marcela Borges dos
Santos e Raquel Cicero de Souza.

Londrina
2023
Estudo dirigido para compor a nota do 2º bimestre.

Texto base: JESUS, Júlio César Lopes de. A previdência social no Brasil:
Particularidades e determinações sócio-históricas de sua origem e
desenvolvimento inicial em contexto de emergência da questão social. In.
______. O Serviço Social na previdência social brasileira: as ofensivas do
capital e as resistências coletivas. 2020. 477 fls. Tese (Doutorado em Política
Social), Universidade de Brasília (UNB), Brasília, 2020, p. 61- 91. Disponível
em: http://icts.unb.br/jspui/handle/10482/40936

Questões:

1) Discorra sobre a conjuntura brasileira quando do surgimento da primeira


iniciativa formalmente reconhecida de previdência social, destacando
aspectos políticos, econômicos e sociais.

2) Anteriormente à previdência social, já haviam iniciativas de solidariedade


formadas exclusivamente pelos trabalhadores. Como essas iniciativas
eram chamadas e em que consistiam? Quais os motivos para a classe
dominante se apropriar de tais experiências forjadas pela classe
trabalhadora?

3) A previdência social possui uma funcionalidade para a manutenção da


sociedade burguesa, como “uma estratégia do Estado burguês para
estabelecer a regulação das relações sociais capitalistas” (JESUS, pg.
74), diferentemente do que é proclamado pelos “discursos oficiais”
(JESUS, pg. 75). Comente.

Com intuito de obter o controle da força de trabalho, o capital


utiliza da previdência como ferramenta ao seu favor, de modo que, traz a
perspectiva dos discursos oficiais, no qual coloca os benefícios como
uma generosidade dos patrões, e benesse do estado.
Sendo assim, com estes discursos humanitaristas, adota -se uma
forma política, econômica e ideológica, na qual busca pacificar uma
relação intrinsecamente conflituosa entre capital e trabalho. Desta forma,
a burguesia obtém o controle da força de trabalho, para que a classe
trabalhadora permaneça na produção e reprodução do capital. Afinal, o
capitalismo tem como intuito obstruir qualquer perspectiva revolucionária
da classe trabalhadora em derrotar a ordem do capital, e instituir uma
nova ordem societária em seu lugar.
Importante ressaltar, que a classe trabalhadora nunca atingiu o
bem estar social, e que os “benefícios” existentes dentro da previdência,
são pagos pelos mesmos, seja pelos descontos de seus salários, seja
pelo trabalho excedente ou não pago.

4) Oficialmente, a previdência social no Brasil surge com o Decreto no.


4.682, conhecido como Lei Eloy Chaves, na forma de Caixas de
Aposentadorias e Pensão (CAPs). Descreva as principais características
das CAPs, indicando qual a única categoria profissional contemplada por
este decreto e qual a explicação para isso?
Resposta:
A primeira categoria a usufruir da Lei Eloy Chaves e, por consequência,
das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) no Brasil foram os
ferroviários. Essa escolha estratégica foi motivada pela importância econômica
das ferrovias no transporte de café, principal produto de exportação na época.
As ferrovias foram os pioneiros a se beneficiarem do sistema previdenciário
previsto pelo Decreto nº 4.682/23, representando um marco inicial na proteção
social aos trabalhadores no país. Posteriormente, em 1926, os benefícios
foram estendidos aos portuários e marítimos, confirmando a relevância desses
setores na economia brasileira.
A previdência social no Brasil teve seu marco inicial com o Decreto nº
4.682, conhecido como Lei Eloy Chaves, promulgado em 24 de janeiro de
1923. Esse decreto constituiu as bases para a criação das Caixas de
Aposentadorias e Pensões (CAPs), representando um importante passo na
proteção social dos trabalhadores. Neste contexto, as CAPs apresentavam
características específicas que moldam a estrutura de previdência da época.
Inicialmente, os CAPs possuíam uma natureza civil e privada, sendo
vinculados a cada empresa, o que tornava a filiação compulsória para os
trabalhadores. Esse modelo reflete as relações capitalistas emergentes na
sociedade brasileira. Quanto ao financiamento, a previdência era sustentada
por uma contribuição tripartida: os trabalhadores contribuem com percentuais
entre 3% e 6%, os patrões contribuem com 1% a 1,5% sobre o lucro bruto
anual das empresas, e o Estado participava competitivamente, por meio de
percentuais de 1,5% a 2,0% cobrados dos consumidores sobre os preços das
passagens de trem e transportes marítimos.
Os benefícios e serviços oferecidos pelos CAPs compreendem
aposentadoria por idade e invalidez, pensão por morte, auxílio-doença e
acidente, além de assistência médica. Cada categoria profissional contemplada
possuía suas particularidades, evidenciando uma certa flexibilidade na melhoria
desses benefícios. Notavelmente, as ferrovias foram as primeiras a serem
incluídas no sistema previdenciário, uma escolha estratégica em virtude da
importância econômica das ferrovias naquele momento.
Essa decisão inicial foi motivada pela relevância das ferrovias no
transporte de produtos, notadamente do café, um dos principais produtos de
exportação. Posteriormente, em 1926, os benefícios foram expandidos para os
portuários e marítimos, confirmando a importância destes setores na economia
brasileira. Esse período inicial da previdência social, que vai de 1923 a 1930,
foi caracterizado por uma amplitude relativa nas atribuições das instituições
previdenciárias e por uma natureza basicamente civil e privada das mesmas. A
excepcionalidade e, em alguns casos, a ausência de razoabilidade nos critérios
para concessão de benefícios, como a exigência de 30 anos de serviço e 50
anos de idade para a aposentadoria, refletiam as limitações e especificações
do contexto social e econômico da época.
Dessa forma, a origem da previdência social no Brasil, marcada por Lei
Eloy Chaves, distribuída como bases para um sistema que evoluiu ao longo do
tempo, incorporando novas categorias profissionais e ajustando seus critérios à
dinâmica socioeconômica do país.

5) A partir do governo de Getúlio Vargas, a previdência social no Brasil


sofre uma reorganização. Descreva as características dos IAPs
(Institutos de Aposentadoria e Pensão), com ênfase no papel do Estado.
Resposta:
Durante o governo de Getúlio Vargas, a reorganização da previdência
social no Brasil, marcou um ponto significativo na história do país com a
criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs). Esses institutos,
estabelecidos pelo Decreto-Lei nº 4.682 de 1942, representaram uma tentativa
de estruturar um sistema previdenciário mais abrangente, abarcando diferentes
setores da economia.
Os IAPs foram concebidos como entidades autônomas, cada uma
destinada a um setor específico da economia, como indústria, comércio,
agricultura, entre outros. Cada instituto possuía autonomia administrativa e
financeira, sendo responsável pela gestão dos benefícios previdenciários
destinados aos trabalhadores desses setores. Essa descentralização visava
adaptar o sistema previdenciário à diversidade econômica do Brasil na época,
buscando uma cobertura mais ampla e específica. No que diz respeito ao papel
do Estado, este assumiu diversas funções cruciais. Em primeiro lugar, o
governo foi o principal regulador dos IAPs, estabelecendo normas e diretrizes
para o seu funcionamento. Essa regulação foi essencial para garantir a
eficiência do sistema, bem como para proteger os interesses dos trabalhadores
e garantir a sustentabilidade financeira dos institutos. Outro aspecto relevante
foi a participação financeira do Estado no sistema previdenciário. O
financiamento dos IAPs era tripartido, envolvendo contribuições dos
trabalhadores, trabalhadores e do próprio governo. Essa abordagem buscou
distribuir de forma equitativa a responsabilidade pelo custeio da previdência
social, garantindo recursos suficientes para o pagamento dos benefícios.
A gestão paritária também foi uma característica marcante. O Estado
participava da administração dos IAPs, juntamente com representantes dos
trabalhadores e trabalhadores. Essa governança tripartida tinha como objetivo
envolver os principais detalhes na definição das políticas previdenciárias,
promovendo uma abordagem democrática e equilibrada.
No entanto, é importante observar que, ao longo do tempo, o modelo
dos IAPs foi objeto de críticas, principalmente devido à sua fragmentação
setorial e limitações na cobertura previdenciária. Isso levou a reformas
subsequentes no sistema previdenciário brasileiro, culminando na criação de
um sistema mais unificado e abrangente. No que diz respeito à ênfase no papel
do Estado, a participação ativa do governo nos IAPs reflete a importância da
regulação e do financiamento estatal na construção e manutenção de um
sistema previdenciário funcional. O Estado desempenhou o papel de equilibrar,
regulador e financiador, buscando interesses e garantir a sustentabilidade do
sistema.

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