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Claudemilson Andrade Martins da Cunha

OS PLANOS E BENEFÍFICIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E A


DIMENSÃO PEDAGÓGICA DO SERVIÇO SOCIAL

Rio de Janeiro
2023
Claudemilson Andrade Martins da Cunha

Os planos e Benefícios da Previdência Social e a dimensão pedagógica do Serviço


Social

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Digital Descomplica, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau de
pós graduação em Direito do trabalho para
gestão de pessoas.

Rio de Janeiro
2023
RESUMO

Com base no artigo 88 da lei 8.213 de 1991, que trata dos planos e benefícios da
previdência social, pretende-se articular com a dimensão pedagógica da prática
profissional do Serviço Social, profissão fundamental para a dinâmica organizacional
da previdência social, principalmente no que tange aos direitos dos usuários relativos
aos benefícios que dispõe.

A partir desse entendimento, e sem a pretensão de esgotar o assunto, espera-se


discutir o exercício profissional do serviço social, no âmbito da sua dimensão
pedagógica e a sua relação com o artigo 88 da lei 8.213/1991

Os textos lidos e as reflexões alcançadas nos possibilitaram pensar a necessidade de


inserir os benefícios sociais da previdência social no campo do direito e não do favor,
dentro da perspectiva da justiça social. Uma vez que o trabalhador se percebendo
como sujeito de direito passa a participar da sociedade de maneira crítica e ativa,
contribuindo para a sua transformação.

Palavras-chave: Serviço Social, Previdência Social, Dimensão Pedagógica,


Sociedade Capitalista.
INTRODUÇÃO

Vivemos em uma sociedade desigual e as iniciativas que surgem com o


objetivo de minimizar as expressões da questão social tem a necessidade de ser
amplamente divulgadas para que alcancem de fato a população que carece dessas
iniciativas.

Compreende-se a importância da previdência social, dentre outros motivos,


pela necessidade de proteção social do trabalhador (a) e sua família. Uma vez que o
indivíduo, munido de informações sobre os seus direitos e maneiras de usufruir dos
mesmos, tende a empoderar-se para que reivindique seus direitos junto a previdência
social.

Com base no artigo 88 da lei 8.213 de 1991, que trata dos planos e benefícios
da previdência social, pretende-se articular com a dimensão pedagógica da prática
profissional do Serviço Social, profissão fundamental para a dinâmica organizacional
da previdência social, principalmente no que tange aos direitos dos usuários relativos
aos benefícios que dispõe.

A partir desse entendimento, e sem a pretensão de esgotar o assunto, espera-


se discutir o exercício profissional do serviço social, no âmbito da sua dimensão
pedagógica e a sua relação com o artigo 88 da lei 8.213/1991.
METODOLOGIA

A metodologia do trabalho se deu a partir de pesquisa bibliográfica, onde se


buscou textos que discutissem a previdência social brasileira, sua história, além de
textos que tratassem da pratica profissional do serviço social, com ênfase em sua
intervenção por meio da dimensão pedagógica da profissão. A pesquisa bibliográfica
foi construída com o objetivo de discutir a relação do artigo 88 da lei 8.213 de 1991,
que trata dos planos de benefício do serviço social com a dimensão pedagógica do
trabalho do assistente social.
DESENVOLVIMENTO

A lei 8.213 de 1991 trata dos planos e benefícios da previdência social e traz
em seu artigo 88, o seguinte:
“Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos
beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-
los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de
solução dos problemas que emergirem da sua relação com
a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição
como na dinâmica da sociedade”.

O artigo coloca como competência do Serviço Social, a necessidade de, não


apenas informar os usuários sobre os seus direitos, como também a maneira pela qual
poderão usufruir dos mesmos. Além de orientar uma atuação que permita um olhar
que perpasse a dinâmica interna da previdência social, mas também possibilite um
olhar mais amplo que consiga perceber as contradições no interior da sociedade e
intervir na solução desses problemas.

Compreender a atual conjuntura na qual a previdência está inserida requer


um olhar para história, partindo da compreensão de que essa história traz influência
sobre o hoje. A história da previdência se confunde com a história do trabalho. Pensar
em previdência, mais ainda em sua gênese, é pensar em trabalho, visto que os
trabalhadores se inserem na previdência de maneira contributiva. Enquanto a
assistência se coloca para atender aqueles que não estão aptos para o trabalho e, por
consequência, não conseguem contribuir. Logo, o trabalho é o termômetro para dizer
quem está no campo da assistência e quem está no campo da previdência.

O início da previdência ocorreu nos anos 20 com as CAPs, que eram as


Caixas de Aposentadoria e Pensão, por meio da Lei Eloy chaves de 1923. As CAPs
seguiam a lógica das cooperativas, foram uma iniciativa dos trabalhadores, sendo
reguladas por lei. Existe uma relação entre previdência e assistência nas CAPs,
prestada aos trabalhadores. Enquanto a Previdência ofertava benefícios pecuniários,
sendo eles aposentadorias e pensões, a Assistência se materializava na oferta de
assistência médica e hospitalar. Essa lógica de união entre previdência e assistência
é derrubada logo na década de 30, por conta da defesa de que os gastos deveriam
ser focalizados nos benefícios previdenciários, os chamados benefícios pecuniários e
não na assistência.
As CAPs nesse início visavam atender a categoria dos ferroviários, apenas
com o Decreto 5.109 de 1926, estendendo a abrangência das CAPs para outras
categorias como os portuários e os marítimos. Outra característica importante trazida
por esse decreto é a ampliação dos beneficiários dos serviços médicos, que passou
a ser não só o segurado, mas também as pessoas que residem com ele.

O Estado não tinha participação direta nas CAPs, apesar de exercer uma
imposição legal para determinados setores da economia criarem instituições
previdenciárias. Essa participação indireta reflete o caráter da intervenção estatal, que
se dava por meio da mínima participação possível do Estado.

O Brasil em sua formação social e histórica é considerado um país de


capitalismo tardio e periférico. No contexto mundial dos anos 20, o capitalismo
buscava formas de superar as crises, sendo a mais aguda dela a crise de 29, que
repercutiu também no Brasil. Essa crise só foi vencida por meio do Keinesianismo.

O pós-crise foi permeado pelo incentivo a industrialização, que trouxe a


necessidade de regularização do trabalho. Essa regularização foi materializada, entre
outras coisas, pelos Institutos de Aposentadorias e Pensão e mais tarde pela
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Importante destacar que essa
regularização só ocorreu nas cidades. No Brasil, a área rural só foi contemplada a
partir da década de 1960.

Os IAPs vieram após as CAPs. Antes dessa mudança haviam 40 CAPs. Nos
anos 20, o Brasil era das grandes oligarquias rurais, por meio da política do Café com
Leite. A partir da Década de 1930 houve um deslocamento da economia,
enfraquecendo a área rural e fortalecendo a área urbana.

Os IAPs tinham como finalidade primordial a concessão de benefícios, sendo


aposentadorias e pensões, aos trabalhadores formas e de forma secundária a
prestação de serviço de assistência médica.

A partir de 1930 a previdência se torna estruturada como um sistema, gerando


uma nova relação entre o Estado e a Sociedade Civil. A quebra do regime oligárquico
agrário traz consigo setores dissidentes, sendo eles alguns estados e os tenentes.
Vargas então passa a promover a coalização entre alianças com novos setores, sendo
eles a classe trabalhadora e o empresariado urbano, gerando uma nova relação entre
o Estado e Sociedade Civil.
Nesse período, a previdência se insere dentro da lógica do seguro social, que
visava proteger os trabalhadores - apenas os trabalhadores formais - dos riscos
previstos. No período anterior, a questão social era tratada como caso de polícia, a
partir de então ela passa a ser reconhecida legitimamente, sendo tratada através de
regulamentos administrativos e jurídicos.

Visando a construção do consenso, os sindicatos são reconhecidos


legitimamente e ao mesmo tempo atrelados ao ministério do trabalho, indústria e
comércio, o que retirava o seu ímpeto por lutar pela transformação social.

Essa rápida passagem pela história nos ajuda a entender a importância da


previdência social para a sociedade como um todo, especialmente no que concerne a
proteção social do trabalhador e sua família, sob a lógica do seguro social. Sem o
devido conhecimento sobre os planos e benefícios da previdência social, o usuário
não poderá usufruir dos tais. Nesse momento em que o trabalho do Serviço Social,
em sua dimensão pedagógica se apresenta de maneira tão importante, uma vez que
atua na garantia de direitos.

“Ao tratar do trabalho profissional do assistente social,


Abreu (2004) analisa sua dimensão pedagógica
expressando-o como ação por meio da qual o profissional
pode influenciar as maneiras de pensar e agir dos sujeitos
envolvidos em seus processos de trabalho. (Pinho,
Pinheiro, Pereira e Silva; 2015:5)

Essa compreensão apresentada na citação acima é fundamental para


entendermos a dimensão pedagógica no trabalho do assistente social e sua relação
com a necessidade de esclarecimento sobre os planos e benefícios da previdência
social. Esse trabalhado passa por contribuir para que os usuários se percebam como
sujeitos de direitos e, dessa forma reivindiquem seus direitos a partir da lógica da
justiça social e não como favor. Ou seja, se usufruto desse benefício está sob a lógica
do favor, não é possível cobrar melhorias ou mesmo assumir uma postura crítica frente
ao que está sendo ofertado, contudo, se é visto como direito, fruto de uma conquista
histórica dentro da lógica da justiça social e não da caridade, é possível que se
construa uma postura crítica sobre aquela situação que leve emancipação humana.
(Pinho, Pinheiro, Pereira e Silva; 2015:5)
“Na possibilidade de contribuir para o processo de
emancipação humana, o assistente social trabalha na
ampliação da intelectualidade dos indivíduos, que remete
não apenas ao intelecto, mas à perspectiva de que atuem
na construção da sua própria história, sendo capazes de
intervir no campo social, político, cultural e econômico de
forma consciente e crítica.” (Pinho, Pinheiro, Pereira e
Silva; 2015:5)

Portanto, entende-se que a dimensão pedagógica do trabalho do assistente


social vai além da apenas passar informações sobre os direitos dos usuários, mas
atuar na ampliação da visão dos indivíduos sobre a sociedade na qual estão inseridos
e a sua participação na mesma como sujeito de direitos.

“Por seu caráter político, a educação não é neutra. Na sociedade


capitalista, ela pode tanto aderir à ideologia vigente, dissimulando as
contradições – caracterizada pela transferência de conhecimentos e
valores de uma classe para outra, por meio de diversos aparelhos,
com o intuito de ajustar as classes dominadas aos interesses da
dominante, como também pode buscar superar e desmascarar tal
ideologia por meio da resistência à educação dominante, gerando
conhecimentos e valores que lhe são próprios. (Conceição, 2010:52)

A dimensão pedagógica no trabalho profissional do assistente social precisa


considerar a sociedade na qual estamos inseridos, na qual se acirra a luta de classes,
entre classe dominante e classe trabalhadora. Quando a perspectiva da educação na
sociedade de classes não considera essa particularidade da sociedade capitalista, ela
tende a não contribuir para a alienação dos indivíduos.

“... a função pedagógica da prática profissional do asistente social está


vinculada, na sociedade capitalista, aos processos políticos e culturais
na luta pela hegemonia, posto que está inserida nos processos
diferenciados de organização e reorganização da cultura.” (Conceição,
2010:57)

Dessa forma, compreende-se que o exercício profissional do assistente social


nesse sentido possibilita o empoderamentos dos sujeitos para que sejam inseridos na
sociedade de maneira ativa, a partir de uma consciência crítica fomentada a partir das
reflexões oriundas dos espaços nos quais os assistentes sociais intervêm.

O assistente social enquanto intelectual deve informar, fomentar a


consciência crítica do usuário, possibilitando o questionamento e a
reflexão, além da não aceitação passiva das determinações e
ideologias que são impostas pela classe dominante, pois estas
propiciariam certa acomodação dos indivíduos e permaneceram como
espectadores e não como sujeitos sociais, tornando-os bem mais fácil
de serem manipulados. (Conceição, 2010:61)
CONCLUSÃO

Vimos que estamos inseridos em uma sociedade marcada pela contradição


entre capital e trabalho e, dessa forma, se apresenta como uma sociedade marcada
pela luta de classes.

Os textos lidos e as reflexões alcançadas nos possibilitaram pensar a


necessidade de inserir os benefícios sociais da previdência social no campo do direito
e não do favor, dentro da perspectiva da justiça social. Uma vez que o trabalhador se
percebendo como sujeito de direito passa a participar da sociedade de maneira crítica
e ativa, contribuindo para a sua transformação.

É nesse âmbito que se visualiza a importância da atuação do assistente social


em sua dimensão pedagógica e a sua relação com a lei 8.213, em seu artigo 88, que
coloca como competência de o assistente social intervir esclarecendo os usuários
sobre seus direitos, bem como os auxiliando na solução de seus problemas relativos
à previdência social.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

TEIXEIRA, Sônia M. FLEURY & OLIVEIRA, Jaime A. de A. (Im)Previdência Social.


60 anos de história de previdência no Brasil. Petrópolis – RJ: Vozes, 1985

CARTAXO, Ana Maria B. Análise da Política Previdenciária brasileira na


conjuntura nacional – Da Velha República ao Estado autoritário IN: Revista
Serviço Social e Sociedade n.40. São Paulo, Ed. Cortez, 1992.

BRASIL. Planos e benefícios da previdência social. Lei nº 8.213 de 24 de julho de


1991. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. Acesso
em 29/05/2023

CONCEIÇÃO, Débora Guimarães. O Serviço Social e a prática Pedagógica: a arte


como instrumento de intervenção social. Serv. Soc. Rev., Londrina, V, n.2, p. 51-67,
jan/jun.2010.

PINHO, Marilea de Jesus Mendes Everton; PINHEIRO, Fernanda Costa; PEREIRA,


Marlyane Santos; SILVA, Weline Leite. A dimensão pedagógica do Serviço Social
na política de educação: Analise de experiência no município de São Luís – MA. VII
Jornada Internacopnal de Política Públicas. 2015.

SOBRENOME, nome. Título: subtítulo. Ano de apresentação. Número de folhas ou


volumes. (Categoria e área de concentração) – Instituição, Local, ano da defesa.

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