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PROJETO DE INTERVENÇÃO

Serviço Social na Prática


A atuação do Assistente Social na Unidade Básica de Saúde
ACADÊMICA
Daniane Sinara dos Santos Antunes

INTRODUÇÃO

A área da saúde, para os profissionais de Serviço Social é vista como um desafio


profissional por conta das vulnerabilidades sociais e econômicas apresentadas como
demandas diárias. É necessário que esse profissional conheça as políticas que norteiam a área
e as referências específicas como as principais patologias, para compreender o contexto o qual
está inserido.
Abordar sobre o profissional de Serviço Social na saúde é necessário, levando em
conta todo o processo de trabalho que envolve sua atuação.
De acordo com Martinelli (2007, p.23) o assistente social trabalha com pessoas
vulnerabilizadas que pedem um gesto humano: um olhar, um sorriso, uma palavra, uma escuta
atenta, um acolhimento, para que possam se fortalecer na sua própria humanidade.
O trabalho em saúde, por fazer parte do setor de serviços e ser compreendido como um
trabalho que se efetiva no momento do encontro entre trabalhador e usuário, apresenta
peculiaridades e o assistente social, inserido nesse processo, se apresenta como profissional
que tem uma intervenção de natureza essencialmente política.
A inserção dos assistentes sociais na área da saúde deu-se no final da década de 60,
período em que ocorreu a unificação dos Institutos de Previdência Social – IAPS e a criação
do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, logo depois surge o Instituto Nacional de
Assistência Médica de Previdência Social – INAMPS consolidando-se assim, o serviço social
na saúde.
Nessa época, a assistência social não era destinada a todos. Os usuários de serviço
social eram chamados de “beneficiários” e buscavam atendimento médico nas Santas Casas
de Misericórdia.
De acordo com Bravo, (2009, p.30) o Serviço Social médico, como era denominado,
não atuava com procedimentos e técnicas de Desenvolvimento de Comunidade, mas sim, e
prioritariamente, com o serviço social de casos, orientação inclusive da Associação
Americana de Hospital e da Associação Americana de assistentes-médico-sociais. A
participação só era visualizada na dimensão individual, ou seja, o engajamento do “cliente no
tratamento”.
O assistente social é reconhecidamente um profissional da saúde. As resoluções do
Conselho Nacional de Saúde nº. 218, de 06 de março de 1997, e do Conselho Federal de
Serviço Social nº. 383, de 1999, além da Resolução nº. 196 de 1996 tratam da ética em
pesquisa, envolvendo seres humanos. (ROSA et al, 2006, p.63-64) são expressões concretas
desta afirmativa.
Para o CFESS (2009, p.15) a nova configuração da política de saúde impactou o
trabalho do assistente social em diversas dimensões: nas condições de trabalho, na formação
profissional, nas influências teóricas, na ampliação da demanda e na relação com os demais
profissionais e movimentos sociais. Ampliou-se o trabalho precarizado e os profissionais são
chamados para amenizar a situação da pobreza absoluta a que a classe trabalhadora é
submetida.
O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundamentação enquanto
especialização do trabalho. A atuação profissional deve estar pautada em uma proposta que
vise o enfrentamento das expressões da questão social que refletem nos diversos níveis de
serviços que se organizam a partir de ações de media e alta densidade tecnológica (CFESS,
2009 p. 20).
A inserção do assistente social vem sendo escrita ao longo dos anos, e é caracterizada
por um profissional que, articula o recorte social nas diferentes formas de promoção de saúde,
identificar causalidades e multiplicidade dos fatores que afetam a qualidade de vida da
população.
Os assistentes sociais na saúde atuam em quatro grandes eixos: atendimento direto aos
usuários; mobilização, participação e controle social; investigação, planejamento e gestão;
assessoria, qualificação e formação profissional (CFESS, 2009, p.41)
 O assistente social nos serviços de saúde tem o papel de assegurar a integralidade e o
cumprimento das ações previstas na lei orgânica de saúde nº 8080, que descreve os princípios
e o funcionamento do sistema único de saúde. Podemos observar a prática do assistente social
tem inúmeras alternativas para um agir com comprometimento dos princípios e diretrizes do
código de ética profissional. Possibilitando uma prática inovadora e diferenciada daquela
tradicional.
OBJETIVOS:

Objetivo Geral: Considerando as necessidades dos usuários, tem como objetivo


oferecer um cuidado humanizado, efetivando a aproximação entre a comunidade e os serviços
da saúde, proporcionando uma melhor qualidade de vida, como também uma melhoria no
atendimento, garantir um maior acolhimento e melhorando a inter-relação usuário/sala de
espera/profissional da saúde.

Objetivos Especificos:
 Proporcionar uma vivência em diferentes dimensões de atuação profissional;
 Possibilitar ao usuário informações de como prevenir ou cuidar da saúde;
  Realizar dinâmicas educativas com familiares e pacientes na sala de espera.

REFERENCIAL TEÓRICO

No Brasil, a trajetória histórica do Serviço Social na saúde foi intensa e produtiva,


tanto para se tornar reconhecido na equipe multidisciplinar, como nas lutas e movimentos pela
garantia da saúde como direito básico de cidadania. Podemos hoje presenciar o assistente
social como um profissional indispensável nas equipes de saúde, contribuindo na construção e
efetivação de ações de valorização do ser humano e melhoria da qualidade de vida e
dignidade das pessoas.

Desde o momento em que a saúde no Brasil começou a tomar novo rumo, instituindo
novos conceitos e implantando ações que visassem a melhoria da qualidade de vida das
pessoas, o serviço social vem marcando presença na realização de trabalhos articulados com a
população usuária, na luta pela garantia dos direitos sociais e na construção de novos sujeitos
cidadãos.

O Serviço Social é uma profissão liberal regulamentada e amparada na Lei 8.662/93 e


no Código de Ética Profissional. A partir disso, o/a assistente social, assim como outros
profissionais, é considerado profissional da área da saúde através da resolução n.º 218, de 06
de março de 1997 do Conselho Nacional de Saúde e da resolução nº 383/99 de 29 de março de
1999 do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS).
A política de Saúde é responsável pela grande absorção de grande parte de
trabalhadores e trabalhadoras de Serviço Social e apesar de ser considerada uma profissão
liberal, o/a assistente social em sua maioria, tem necessitado se vincular a um empregador
para vender sua força de trabalho e o Estado tem sido seu principal empregador.

Isso significa dizer que o/a assistente social vivencia os mesmos dilemas da relação de
compra e venda da mercadoria força de trabalho como o conjunto da classe trabalhadora. O
desemprego, as formas de contratação precárias, baixos salários, desvios de função, entre
outros aspectos, fazem parte da realidade de inúmeros/as assistentes sociais no Brasil no
âmbito das políticas sociais no cenário de desmontes neoliberais.

Essa condição de trabalhador/a assalariado/a, além das dificuldades elencadas, implica


não deter os meios de produção e tampouco o controle sobre os processos de trabalho em que
se insere, não os desenvolvendo da forma como desejar. Nesse sentido, o trabalho é mediado
pelas relações sociais entre empregado e empregador onde, o primeiro se utiliza dos meios de
trabalho disponibilizados pelo segundo (IAMAMOTO, 2010), que realiza o trabalho a partir
das condições objetivas disponibilizadas pelo empregador.

Desta forma, podemos afirmar que os empregadores determinam as necessidades


sociais e que o trabalho do/a assistente social irá intervir, interferem nas condições em que
serão feitos os atendimentos e delineiam os resultados esperados das ações profissionais
(IAMAMOTO, 2010).

Dentro dessa relação também está incluso os objetivos para o qual é contratado/a o/a
assistente social que nem sempre vão em direção ao projeto ético-político profissional que
tem como premissa fundamental a defesa intransigente dos direitos da classe trabalhadora e a
emancipação humana.

A relação política social e Serviço Social, no Brasil, surge a partir da década de 1930
com o incremento da intervenção estatal, através de processos de modernização conservadora
no Brasil. Essa expansão do papel do Estado envolveu também a área social, tendo em vista a
necessidade de enfrentamento das expressões da questão social, e foi acompanhada pela
profissionalização do Serviço Social, como especialização do trabalho coletivo (BEHRING;
BOSCHETTI, 2008).

Apesar de haver uma ligação entre a constituição das políticas públicas e o surgimento
da profissão de Serviço Social na divisão social e técnica do trabalho, a introdução da
temática da política social nas pautas profissionais ocorreu tardiamente. Até meados de 1960,
as funções desempenhadas pelos assistentes sociais estavam relacionadas diretamente com a
integração dos indivíduos e a normalização de suas condutas (MIOTO; NOGUEIRA, 2013).

A intervenção profissional volta-se para a implementação das políticas nacionais e, aos


poucos, o trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais na formulação, gestão e execução da
política social vai se tornando fundamental para o processo de institucionalização das
políticas públicas, seja para a afirmação da lógica da garantia dos direitos, seja para a
consolidação do projeto ético político profissional. E o enfrentamento dos desafios na área das
políticas públicas torna-se imprescindível para a legitimidade ética, teórica e técnica da
profissão (MIOTO; NOGUEIRA, 2013).

A saúde é a área que mais absorveu o profissional de Serviço Social no Brasil, a partir
da década de 1940. A partir do Movimento de Reforma Sanitária, com a Constituição Federal
de 1988 e a criação das leis orgânica da saúde, que apontaram para um novo modelo de
assistência à saúde voltada para sua promoção e para a superação do modelo centrado na
doença e nas ações curativas, é que o assistente social passou a ter maior importância na área
da saúde, sendo chamado, principalmente, para compor equipes de trabalho
multiprofissionais. Essas inovações, que exigiram a intervenção de um profissional capacitado
para atuar nas múltiplas expressões da questão social originadas nas relações sociais que
afetam a saúde, desafiaram o Assistente Social para uma prática comprometida com as
camadas populares e influenciaram sua contratação como um dos promotores na consolidação
do SUS e de seus princípios e na articulação da saúde com as demais políticas públicas
(IAMAMOTO, 2009).

O assistente social inserido na saúde respaldado pelos princípios do seu Projeto Ético-
Político e da Reforma Sanitária, tem subsídios para realizar seu trabalho na perspectiva da
universalidade de acesso, segundo a qual todos devem receber atendimento,
independentemente de raça, classe social, religião, etc.; e da integralidade da assistência, que
preconiza que seja considerada, por todos os profissionais da saúde, a realidade econômica e
social do usuário, visando, com isso, a um atendimento articulado e contínuo das ações e
serviços de saúde. Também contribui levantando dados sobre a realidade socioeconômica dos
usuários, divulgando e propiciando o acesso às informações pelos usuários, visto que o
assistente social tem a seu favor sua prática educativa, que traz a informação perpassada em
todas as suas atividades; e incentivando a participação da comunidade junto a órgãos
legitimados de participação e controle social, ampliando com isso seu campo de atuação.
Sendo assim, o profissional pode contribuir para a participação social, a acessibilidade,
o vínculo e a integralidade da atenção, uma vez que desenvolve ações de cunho educativo na
prestação de serviços sociais que viabilizam o acesso aos direitos e aos meios de exercê-los,
cooperando para que as necessidades e os interesses dos sujeitos de direito ganhem
visibilidade na cena pública e possam ser reconhecidos. Assim, os profissionais afirmam o
compromisso com os direitos e interesses dos usuários e com a qualidade dos serviços
prestados (IAMAMOTO, 2006).

O profissional de Serviço Social, através da sua prática político-pedagógica, insere-se


em processos de luta pela defesa e ampliação dos direitos, mediante garantia de princípios de
universalização das políticas sociais e democratização da gestão estatal. Seu exercício
profissional está pautado em ações que socializam informações e alargam canais de incentivo
à participação e ao controle social por parte da sociedade civil, permitindo ampliar sua
possibilidade de ingerência na coisa pública (IAMAMOTO, 2004).

A saúde não é um conceito abstrato. Define-se no contexto histórico de determinada


sociedade e num dado momento do seu desenvolvimento, devendo ser conquistada pela
população em suas lutas cotidianas. Em seu sentido mais abrangente, a saúde é a resultante
das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, transporte, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o
resultado de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos
níveis de vida. (Anais da 8ª Conferência Nacional de Saúde, 1987)

Ao reconhecer a saúde como resultado das condições econômicas, políticas, sociais e


culturais, o Serviço Social passa a fazer parte do conjunto de profissões necessárias à
identificação e análise dos fatores que intervém no processo saúde/doença. Outro fato que
vem contribuir para a ampliação da inserção do assistente social no campo foi a mudança no
processo de gestão da política de saúde, tendo na descentralização político administrativa a
principal estratégia. Com a crescente municipalização da política de saúde os municípios
tiveram que contratar diversos profissionais para garantir a gestão local da política, dentre
eles, o assistente social.

O Conselho Federal de Serviço Social - CEFESS, através da resolução 338/1999,


reafirma o assistente social como profissional de saúde, pautado na resolução anteriormente
citada, no novo conceito de saúde inaugurado pela Constituição de 1988, na própria formação
do assistente social e no seu compromisso ético-político expresso no Código de Ética da
profissão de 1993, que coloca que um dos principais fundamentos do Serviço Social é o
“posicionamento em favor da eqüidade e justiça social que assegure universalidade de acesso
aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão
democrática”.(Valdirene,2007)

O que de novo se coloca na inserção atual do assistente social na área de saúde é o fato
de que essa “ prática” não é mais mediada pela ideologia da ajuda e sim pela perspectiva da
garantia de direitos sociais. Atua justamente nas contradições existentes no SUS, dentre as
quais constam a exclusão no acesso, a precariedade dos recursos e da qualidade dos serviços,
a excessiva burocratização e a ênfase na assistência médica curativa e individual.

É nesse contexto que surgem um conjunto de requisições expressivas da tensão


existente entre as ações tradicionais da saúde e as novas proposições do SUS, e que
determinam o âmbito de atuação do profissional de Serviço Social, qual seja nas contradições
presentes no processo de racionalização e organização do Sistema.

É dentro da relação de dever/direito à saúde que o trabalho dos assistentes sociais vem
se desenvolvendo e, a cada dia, tem se tornado uma “prática” necessária para a promoção e
atenção à saúde. Sua intervenção tem se ampliado e se consolidado diante da concepção de
que o processo de construção da saúde é determinado socialmente, e reforçado pelo conceito
de saúde que passa a considerar o atendimento das demandas do setor sob o enfoque relevante
das condições sociais.

A saúde é construída a partir de necessidades históricas e socialmente determinadas


que o assistente social a defende como direito de todo cidadão e dever do Estado, propondo-se
a contribuir para essa garantia através do fortalecimento de seus princípios de universalidade,
equidade e integralidade.

A inserção do Assistente Social na área da saúde vem sendo inscrita ao longo dos anos
a partir da caracterização de um profissional que, articulando o recorte social nas diferentes
formas de promoção da saúde, vem contribuindo para identificar as causalidades e
multiplicidade de fatores que incidem na qualidade de vida da população.

Na incessante busca da efetivação de ações e serviços de saúde de qualidade, numa


perspectiva universalizante e integral, esses trabalhadores vem se inserindo historicamente no
campo da saúde, com uma intervenção pautada ora nos fenômenos sócio-culturais e/ou
econômicos que oferecem riscos à saúde da população, ora na promoção, proteção e/ou
recuperação da saúde.
Quando, na Constituição de 1988, institucionalizou-se a ampliação do conceito de
saúde para além da simples ausência de doença, preconizado na VIII Conferência Nacional de
Saúde, foram definidos mecanismos para reversão do modelo de atenção à saúde centrada nas
ações curativas, cujo foco assistencial estava no atendimento médicohospitalar.

O caráter preventivo e social embutido no novo conceito de saúde atrelado à qualidade


de vida e as diretrizes preceituadas na Carta Magna, de que os serviços de saúde estariam
voltados para o atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais, além de impor a priorização de ações coletivas de
promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde, ampliou também a caracterização e
tipificação dos profissionais de saúde.

Neste contexto, quando nascia um novo modelo de atenção à saúde, o Sistema Único
de Saúde, universal, equânime, integral e resolutivo com serviços regionalizados e
hierarquizados com controle social e definição de responsabilidades entre os serviços de
saúde e a população, registrou-se uma maior visibilidade da prática profissional do assistente
social, enquanto trabalhador da saúde.

Desde a implementação do SUS, o assistente social vem desempenhando ações tanto


na atenção aos grupos populacionais como na supervisão e coordenação das ações sugeridas
no novo modelo de assistência à saúde. No caso da estratégia Saúde da Família, segundo
dados oficiais do Ministério da Saúde, já é considerável o contingente de assistentes sociais,
que à exceção de médicos e enfermeiros, representam as categorias profissionais de maior
expressão no PSF (CEFESS,2000).

METODOLOGIA

A pesquisa realizada teve como um norte uma abordagem quali-quantitativa, com


vistas na análise, avaliação, interpretação das informações obtidas. Utilizando a pesquisa
exploratória que de acordo com Gil (2002, p.41), tem o objetivo de proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses.
Buscou-se maior aproximação com o tema da pesquisa através de levantamento
bibliográfico.
RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se com esse trabalho compreender melhor as práticas dos profissionais de


Serviço Social na area da Saúde, de acordo com o Projeto Ético-Político da profissão e sua
articulação com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Serviço Social é uma profissão reconhecida academicamente e legitimada
socialmente. Fundamenta-se em teorias políticas e sociais que norteiam a ação profissional. O
profissional do Serviço Social tem uma formação ampla, generalista e acadêmica com base
teórica, técnica e política que possibilita elaborar, planejar e executar suas ações, podendo
desenvolver trabalho em diversos segmentos sociais; é um profissional inserido nas Políticas
Públicas de saúde, educação, trabalho, previdência social, lazer e assistência social, podendo
desenvolver trabalhos com famílias, crianças e adolescentes, na área de habitação, terceira
idade e etc. A assistência social visa, portanto a promoção humana do cidadão em seu meio
social, fazendo com que o mesmo possa integrar-se e /ou reintegrar-se na sociedade.
O assistente social se propõe a atuar junto a equipe de saúde como profissional
capacitado para atuar nas questões sociais oriundas das relações sociais que afetam a saúde,
em consonância com os programas médico-assistenciais desenvolvidos pelos serviços de
saúde.
Trabalha no sentido de promover a saúde, contribuindo com os programas, buscando
entender as questões colocadas, como reflexo da imagem do homem na sua globalidade. Sob
o aspecto da formação profissional, seja no que se refere ao currículo, graduação, pós-
graduação, mestrado e doutorado, ensino da pesquisa e da prestação de serviços,
historicamente o Serviço Social sempre privilegiou os diversos conteúdos temáticos na área
da saúde.
Sua prática pode se dar a nível individual, grupal ou comunitário, com uma tônica
preventiva, curativa e reabilitadora, tendo como eixo básico, uma metodologia de orientação
que busca mudanças de atitudes, comportamentos e desenvolvimentos de habilidades úteis à
promoção, manutenção e recuperação da saúde.
Sendo assim, considero o papel do Assistente Social de extrema importância na ação
cotidiana da Saúde, sendo este profissional um agente de intervenção das problemáticas das
questões sociais da sociedade, não observo nenhum outro profissional da área de saúde ou que
integre a equipe mínima do Programa em questão, que possa melhor realizar a leitura das
problemáticas apontas e posterior intervenção nas questões sociais que surgem no
atendimento a comunidade local.
O Assistente Social vem em oposição às práticas que medicalizam as questões sociais
como tradicionalmente o modelo biomédico faz pelo entendimento técnico político que
reconhece a contribuição deste profissional na conformação do novo modelo assistencial de
saúde.
Contudo, ainda essa participação é frágil, reduzida e requer um envolvimento maior da
categoria, principalmente por parte daqueles Assistentes Sociais que atuam diretamente na
saúde. Precisamos fortalecer esse espaço legítimo da categoria para que possamos ter
condições de discutir isso na sociedade, principalmente com os legislativos e executivos
municipais.
O Serviço Social segue em busca do conhecimento da realidade sócio-
econômicacultural dos usuários que são atendidos, por meio da reflexão, com estes, sobre a
situação de saúde relacionada às condições de vida, por meio de troca de saberes, objetivando
a transformação de seu cotidiano.
A ação profissional do assistente social se dá no planejamento e na execução de
políticas específicas, viabilizadas na prestação de serviços à população. O assistente social
trabalha com um objetivo maior nas questões socioeducativas, visualizando o ser humano
dentro de seu contexto individual e coletivo, por meio do desenvolvimento de ações que
viabilizam o atendimento globalizado de saúde ao usuário da instituição (CONSELHO
FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2008).
Sua prática profissional insere-se em uma equipe multidisciplinar de diversas
categorias, presente no cotidiano do hospital, que compreende: profissionais de Medicina,
Enfermagem, Psicologia, Nutrição, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, entre
outros. Nesse contexto, deve ter clareza dos objetivos e das atribuições privativas do
profissional de Serviço Social, amparadas e legitimadas pelo Código de Ética da profissão
(AMADOR, 2009)
As ações profissionais do assistente social são pautadas na execução das rotinas de
atendimentos, construídas com a prática profissional, e na implantação de programas, de
modo a estimular novos projetos que visem à melhoria da qualidade do atendimento ao
usuário e que atendam às propostas de ações educativas e preventivas.
O Serviço Social na saúde objetiva aprimorar e humanizar o atendimento, conforme a
demanda apresentada, e, assim, proporcionar um atendimento específico, técnico e
diferenciado em relação à problemática, com a orientação e o encaminhamento a recursos
adequados e de qualidade. O Serviço Social na instituição aglutina, organiza, dá visibilidade e
politiza o espaço público, contribuindo para a ampliação e universalização dos direitos
(CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2009).
O assistente social realiza sua intervenção no âmbito das relações sociais, assim, para
uma prática efetiva, deve buscar uma visão ampla, dada por meio de uma leitura da realidade.
Para se aproximar, adequadamente, dessa realidade, que é complexa, deve buscar superar a
disciplinaridade, em direção a uma prática interdisciplinar.
Os assistentes sociais devem “sinalizar os determinantes sociais e estabelecer relações
e conexões necessárias entre as diferentes especialidades e a questão social”
(VASCONCELOS, 2012, p. 435).
Apesar de as manifestações da questão social serem objeto de intervenção do
assistente social, não devem ser objeto de preocupação apenas desta categoria, pois isso limita
e prejudica a viabilização de políticas sociais na direção dos interesses e necessidades dos
usuários. “A questão social, se é objeto de preocupação e de ação dos assistentes sociais, não
é objeto exclusivo de sua responsabilidade” (VASCONCELOS, 2012, p. 435).
Percebe-se que há, por parte dos assistentes sociais, uma preocupação em avançar
nesse sentido, ou seja, no trabalho com outras áreas de conhecimento, pois estes entendem
que os determinantes sociais devem ser considerados também pelos demais profissionais da
saúde, para que possa haver possibilidade de um trabalho interdisciplinar dentro da equipe,
como descreve o assistente social.
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