Você está na página 1de 4

SAUDE PÚBLICA E SUA RELAÇÃO COM O

SERVIÇO SOCIAL
O interesse pela temática deveu-se ao facto de que, numa primeira leitura sobre o
assunto, constatar-se que a noção ampliada da relação saúde/doença, como decorrência
das condições de vida e de trabalho, não permite mais ignorar a necessidade de acções
de diferentes profissionais na área da saúde.

Saúde e Assistência Social passaram a serem reconhecidas como um direito de


cidadania e dever do Estado.

INTRODUÇÃO

O Serviço Social como campo de actuação da Saúde vem contribuir para efectivação da
prática educativa voltada para a consecução da Saúde Pública

. O Serviço Social contribui efectivamente para a consolidação de direito a saúde,


transcendendo o conceito de saúde/doença para consolidar-se de acordo com os
princípios do MINSA.

O Serviço Social fundamenta-se em leis que garantem os direitos dos usuários.

Por outro lado, para Sarmento apud Dal Prá (2003), nas duas últimas décadas, o Serviço
Social como profissão, materializou novas conquistas teórico-práticas e ético políticas
rompendo com as fundamentações tradicionais e conservadoras, reafirmando um novo
perfil que substituiu o perfil predominante histórico do assistente social que implementa
e executa, de forma terminal, as políticas sociais e que actua directamente com a
população usuária por um profissional competente teórica, técnica e politicamente.

Motta (2007) defende, que outro factor importante de ser considerado ao pensar a
relação Saúde Pública e Serviço Social é que, o Serviço Social tem um conhecimento
acumulado por problemas de natureza diversa que tornam os seus debates um
verdadeiro desafio para aqueles que se propõem realizá-lo. Como também, em termos
genéricos, são as precárias condições de vida e acesso às riquezas produzidas e a bens e
serviços, que enquanto expressão das desigualdades coloca-se como questões sociais
que interferem na eficácia dos programas de saúde, tais questões transformaram-se em
problemas que comprometem a própria política de saúde.

A Saúde Pública como campo de inserção do Serviço Social

Ao se buscar analisar sobre a relação Saúde Pública e Serviço Social, parte-se da


premissa de que área de saúde constitui um espaço de inserção e actuação do assistente
social na formulação e implementação da Política de Saúde. Tendo em vista que, no
contexto da Saúde Pública assiste-se a busca pela consolidação da reordenação no
modelo de atenção à saúde, e se tomar como o desafio repensar o lugar da rede básica
como um espaço de trabalho em saúde, deve-se considerar que as acções individuais e
colectivas devem fazer parte do rol das intervenções profissionais, entre esta a do
assistente social.
São reconhecidos como profissionais de saúde os assistentes sociais, os biólogos, os
profissionais de educação física, os enfermeiros, os farmacêuticos, os fisioterapeutas,
os fonoaudiólogos, os médicos, os médicos veterinários, os nutricionistas, os
odontólogos, os psicólogos e os terapeutas ocupacionais.

No entanto, persiste a presença ainda marcante do modelo médico-hegemônico que


direcciona suas acções para as actividades da clínica médica curativa individual, o que
acaba por secundarizar e desqualificar as acções e actividades profissionais que não se
constituem objecto de práticas privilegiadas por este modelo assistencial

Contribuição do Serviço Social para a Saúde Pública

Actualmente, com a política focalista do Estado Neoliberal ganha visibilidade à questão


da exclusão de acesso aos serviços e benefícios garantidos na Constituição Federal,
tanto no que se refere à assistência e previdência, como na saúde. Este quadro não só
demonstra a dificuldade da efectivação da universalização de direitos, como deixa
evidente a necessidade de se ter no contexto da equipe multiprofissional da Atenção à
saúde, o profissional do Serviço Social, haja vista, que este tem na "questão social" a
base de sua fundação enquanto especialização do trabalho.

Neste sentido compreende-se, que a definição de necessidades de saúde ultrapassa o


nível de acesso a serviços e tratamentos médicos. Mais que isso, envolve aspectos éticos
relacionados à vida e a saúde, direitos e deveres, ou seja, da adoção dos determinantes
sociais como estruturantes dos processos saúde-doença, é que se acredita que as ações
dos profissionais de Serviço Social podem ter espaço no campo da saúde.

Dentro desse contexto de práticas educativas e promocionais é que o Serviço Social se


insere como parte integrante do campo da Saúde, ou seja:

Cabe ao Serviço Social – numa acção necessariamente articulada com outros segmentos
que defendem o aprofundamento do Sistema Nacional de Saúde – formular estratégias
que busquem reforçar ou criar experiências nos serviços de saúde que efectivem o
direito social à saúde.

Por outro lado, destaca-se que o Código de Ética da Profissão de Serviço Social
apresenta meios que fundamentam a prática profissional na saúde em todas as suas
dimensões, seja na prestação de serviços aos usuários seja no planeamento, na
supervisão e na assessoria.

É importante lembrar, que o Serviço Social tem na questão social a base norteadora, do
seu trabalho enquanto profissão especializada. Como conseqüência disso, a prática
profissional deverá pautar-se numa proposta que vise o enfrentamento das questões
sociais que se apresentam "nos diversos níveis de complexidade da saúde, desde a
atenção básica até os serviços que se organizam a partir de acções de média e alta
densidade tecnológica."

A formação profissional do assistente social propicia instrumentos teóricos capazes de


identificar a dinâmica do quotidiano social. E ao projectar suas acções, tornam-se
"recurso vivo", contribuindo desse modo, com os usuários no intuito de transformar as
condições de vida e de trabalho, ou seja, promover a saúde destes.
Acredita-se que a profissão de Serviço Social, muito tem a contribuir para a efectivação
do direito à Saúde Pública, através de uma intervenção técnico-operativa, bem como
actuar no sentido de fiscalizar para que se cumpram as leis que garantem os direitos aos
usuários, fundamentado no Código de Ética Profissional e nas leis que definem os
direitos concernentes aos usuários da saúde, demandatários do Serviço Social.

Limites e Possibilidades da relação Saúde Pública e Serviço Social

As políticas de protecção social, nas qual incluem a Saúde, a previdência e a Assistência


Social são consideradas produtos históricos das lutas do trabalho, na medida em que
respondem pelo atendimento de necessidades inspiradas em princípios e valores
socializados pelos trabalhadores e reconhecidos pelo Estado e pelo patronato.

Assim, o desafio actual posto aos profissionais que actuam na Saúde Pública, e aqui se
inclui o Serviço Social, é a luta por uma prática profissional que rompa com as ideias
conservadoras a partir da definição clara e consciente de referências ético-políticas e da
apropriação da perspectiva teórico-metodológica, buscando referências concretas para a
acção profissional, que possibilite a reconstrução permanente do movimento da
realidade objecto da acção profissional, enquanto expressão da totalidade social,
gerando condições para um exercício profissional consciente, crítico, criativo e
politizante, desse modo, não diferente se faz na área da saúde, visto ser o assistente
social um profissional actuante nas políticas de saúde.

É possível observar que Serviço Social dentro do contexto relativo à área da Saúde,
busca actuar de acordo com preceitos democráticos presentes na Carta Magna. E além
de prever o acesso universal e igualitário como dever do Estado, os determinantes das
condições de saúde incorporada no texto constitucional, articulam dois sectores: o social
e o econômico. Haja vista que ultrapassam uma visão de direito e política social
implementada no país e de se pensar a distribuição de bens e serviços autonomizada em
relação à esfera da produção.

Por fim, é interessante destacar que a presença dos assistentes sociais no âmbito da
saúde tem fundamental importância, uma vez que a inserção destes profissionais no
conjunto dos processos de trabalho destinados a produzir serviços para a população é
mediatizada pelo reconhecimento social da profissão e por um conjunto de necessidades
que se definem e redefinem a partir das condições históricas sob as quais a saúde
pública se desenvolve.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Identificou-se que as principais acções desenvolvidas pelos profissionais de Serviço


Social é justamente identificar as tensões e conflitos do sistema, o que implica no
redimensionamento dessas acções, a partir da qualificação técnica e política desses
profissionais.

Portanto, o escopo do trabalho do assistente social para a Política de Saúde Pública é


determinado tanto pela concepção de saúde prevalecente, como pelas condições
objectivas da população usuária dos serviços.
Nesse sentido, no decorrer da história da organização do trabalho colectivo em saúde,
vem se ampliando o espaço dos assistentes sociais no interior do processo de trabalho
em saúde.

Você também pode gostar