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DÉCADA DE 90 A 2006 (BRASIL - PACS, PSF, PNAB 2006)

Victória Mendes
Década de 90 a 2006 (Brasil - PACS, PSF, PNAB 2006)

1. Conceito
“Atenção essencial à saúde baseada em tecnologia e métodos práticos, cientificamente
comprovados e socialmente aceitáveis, tornados universalmente acessíveis a indivíduos
e famílias na comunidade por meios aceitáveis para eles e a um custo que tanto a
comunidade como o país possa arcar em cada estágio de seu desenvolvimento, um
espírito de autoconfiança e autodeterminação. É parte integral do sistema de saúde do
país, do qual é função central, sendo o enfoque principal do desenvolvimento social e
econômico global da comunidade. É o primeiro nível de contato dos indivíduos, da
família e da comunidade, com o sistema nacional de saúde, levando a atenção à saúde o
mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e trabalham, constituindo o
primeiro elemento de um processo de atenção continuada à saúde.” (OMS/UNICEF,
1979).

2. Contexto histórico anterior


As primeiras experiências de APS no Brasil datam da primeira metade do século XX.
Desde 1990, com base na nova ordem social definida na Constituição de 1988, que
assumiu a saúde como direito de cidadania e criou o Sistema Único de Saúde (SUS),
busca-se implementar os princípios e diretrizes formulados pelo movimento da reforma
sanitária. A esfera municipal, em particular, ainda que de modo lento, gradual e
negociado, torna-se a principal responsável pela gestão da rede de serviços de saúde no
país e, portanto, pela prestação direta da maioria das ações e programas de saúde.

3. A partir da promulgação da lei 8.080


Um dos instrumentos fundamentais do processo de reforma da saúde foi, sem dúvida, a
regulamentação da lei 8.080 de 1990 e da lei 8.142, do mesmo ano, que tratam das
normas gerais de funcionamento do SUS, especialmente das transferências
intergovernamentais de recursos financeiros para a área.
Nesse período, o esforço de construção de um novo modelo assistencial se materializou,
na APS, com a implantação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs), do
Programa de Saúde da Família (PSF), em um contexto e conjuntura política e
econômica desfavoráveis a políticas universalistas. A partir de 1996, o PSF passou a ser
apresentado como estratégia de mudança do modelo assistencial, superando o conceito
de programa vinculado a uma noção de verticalidade e transitoriedade, sendo a
Estratégia Saúde da Família (ESF) uma certa fusão do Pacs com o PSF.
4. PACS
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), existente desde o início dos
anos 90, foi efetivamente instituído e regulamentado em 1997, quando se iniciou o
processo de consolidação da descentralização de recursos no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS).
O PACS, é uma estratégia muito importante no aprimoramento e na consolidação do
Sistema Único de Saúde (SUS), e é realizado a partir da reorientação da assistência
ambulatorial e domiciliar, hoje é compreendido como uma estratégia transitória para o
Programa Saúde da Família (PSF).
O programa foi inspirado em experiências de prevenção de doenças por meio de
informações e de orientações sobre cuidados de saúde. Sua meta consubstancia em
contribuir para a reorganização dos serviços municipais de saúde e na integração das
ações entre os diversos profissionais, com vistas à ligação efetiva entre a comunidade e
as unidades de saúde. E as ações promovidas pelo PACS se dá por meio dos agentes
comunitários de saúde

5. PSF
O Programa Saúde da Família (PSF) é uma ação estratégica criada em 1994, que devido
a uma expansão quantitativa consolidou-se em 1998 como modelo de atenção à saúde.
Além de representar uma estratégia para reverter a forma atual de prestação assistencial
da saúde, baseada no "hospitalocentrismo", o PSF tem se centrado, sobretudo, na
promoção da qualidade de vida e do desenvolvimento de ações intersetoriais, pondo em
prática as diretrizes pregadas na CF/1988.
O PSF não é uma peça isolada do sistema de saúde, mas um componente articulado com
todos os níveis. Dessa forma, pelo melhor conhecimento da clientela e pelo
acompanhamento detido dos casos, identificando os fatores de risco a quais ela está
exposta, neles intervindo de forma apropriada, o programa permite ordenar os
encaminhamentos e racionalizar o uso da tecnologia e dos recursos terapêuticos mais
caros.
Por outro lado, a falta de adequação ao modelo proposto pelos atores atuantes e
respectivas mudanças em sua conjuntura, se apresentam como empecilhos do
programa.

k
6. PNAB
A primeira edição da Política Nacional de Atenção Básica - PNAB - data, oficialmente
no ano de de 2006, com a segunda edição em 2011 e a terceira em 2017. No ano de
criação, notou-se que a criação da PNAB ampliou a concepção da AB (Atenção Básica)
bem como seus espaços e oportunidades, de forma que incorpora os atributos da AB à
atenção abrangente e reconhece a Saúde da Família como um modelo substitutivo e
como uma forma de reorganização da AB. Desse modo, a PNAB no Brasil, objetivou a
oportunidade de um acesso universal e contínuo aos serviços que formam as bases do
sistema de saúde, assim como visa desenvolver um cuidado integral que repercute na
autonomia das pessoas do corpo social, da coletividade e do sistema de saúde. Além
disso, revisou as funções das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e reconheceu a
existência de diferentes modalidades segundo o modelo de organização predominante -
UBS com ou sem ESF. E em setembro de 2017, instituiu-se a nova PNAB, que
consolidou conceitos, reafirmando os princípios instituídos nas Políticas anteriores
(2006 e 2011), além de propor mudanças significativas nas modalidades e na
composição das equipes, como a flexibilização da carga horária de profissionais da
Atenção Primária à Saúde (APS), por exemplo.

REFERÊNCIAS

Melo, Eduardo Alves et al. Mudanças na Política Nacional de Atenção Básica: entre
retrocessos e desafios. Saúde em Debate [online]. 2018, v. 42, n. spe1 [Acessado 26
Setembro 2021] , pp. 38-51. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-
11042018S103>. ISSN 2358-2898. https://doi.org/10.1590/0103-11042018S103.

Programa Saúde da Família. Revista de Saúde Pública [online]. 2000, v. 34, n. 3


[Acessado 26 Setembro 2021] , pp. 316-319. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0034-89102000000300018>. Epub 06 Ago 2001. ISSN 1518-
8787. https://doi.org/10.1590/S0034-89102000000300018.

Silva, Thais Lacerda e et al. Política Nacional de Atenção Básica 2017: implicações no
trabalho do Agente Comunitário de Saúde. Saúde em Debate [online]. 2020, v. 44, n.
124 [Acessado 26 Setembro 2021] , pp. 58-69. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/0103-1104202012404>. Epub 08 Maio 2020. ISSN 2358-2898.
https://doi.org/10.1590/0103-1104202012404.

Programa agentes comunitários de saúde (PACS)/ Ministério da Saúde, Secretaria


Executiva- Brasília: Ministério da Saúde [online] 2001. [Acessado 26 Setembro 2021],
pp. 40.Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pacs01.pdf>
ISBN 85-334-0271-6 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pacs01.pdf

REIS, Regimarina; RIBEIRO, Sabrina; COIMBRA, Liberata; SILVA, Nilza.


ATENÇÃO PRIMÁRIA NAS AMÉRICAS E NO BRASIL: uma perspectiva histórica e
política. IV jornada internacional de políticas públicas, Online, p. 1-10. Disponível em:
<http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppIV/eixos/9_estados-e-lutas-sociais/atencao-
primaria-nas-americas-e-no-brasil-uma-perspectiva-historica-e-politica.pdf.> Acesso
em: 26 set. 2021.

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