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SUS

SAÚDE PÚBLICA

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 1 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 2 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
- SAÚDE PÚBLICA -

SUS – • Implementação do Pacto de Gestão – como um novo


AVANÇOS pacto federativo sanitário e que deverá estruturar-se sob a
E DESAFIOS égide da unidade doutrinária e da diversidade operacional.

BRASIL. CONSELHO NACIONAL Concluído o processo eleitoral e no início do mandato dos


DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE. novos governantes federal e estaduais, o CONASS por meio
desse documento apresenta nesse livro um detalhamento das
SUS: propostas apresentadas.
AVANÇOS E DESAFIOS.
CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE. BREVE HISTÓRIA DO SUS
– BRASÍLIA: CONASS, 2006. O SUS vem sendo implantado como um processo social
em permanente construção.
INTRODUÇÃO Ainda que sua instituição formal tenha se dado na
O SUS, com pouco mais de uma década e meia de Constituição Federal de 1988, suas origens remontam a muito
existência, tem sido capaz de estruturar e consolidar um mais tempo, a partir da crise do modelo médico assistencial
sistema público de saúde de enorme relevância e que privatista que se hegemonizou na segunda metade do século
apresenta resultados inquestionáveis para a população XX, induzido pelo processo da industrialização brasileira.
brasileira.
Pelos resultados alcançados é inegável os avanços do O modelo médico assistencial privatista teve as
SUS, mas persistem problemas a serem enfrentados para seguintes características:
consolidá-lo como um sistema público universal que possa - a extensão da cobertura previdenciária a segmentos
prestar serviços de qualidade a toda a população brasileira. economicamente integrados da população urbana; o
privilegiamento da prática médica curativa e individual em
Esses problemas podem ser agrupados em torno de detrimento das ações coletivas; a criação de um complexo
grandes desafios a superar: médico-industrial e o deslocamento da prestação dos serviços
• desafio da universalização; médicos a entes privados lucrativos e não lucrativos (Silva,
• desafio do financiamento; 1983).
• desafio do modelo institucional; As mudanças políticas e econômicas que se deram nos
• desafio do modelo de atenção à saúde; anos 1970 e 1980 determinaram o esgotamento desse
• desafio da gestão do trabalho no SUS; e modelo sanitário.
• desafio da participação social. Essas crises e o processo de redemocratização do país
determinaram novos rumos nas políticas públicas e fizeram
Com base nesses desafios, o Conselho Nacional de surgir, na arena sanitária, sujeitos sociais que propugnavam um
Secretários de Saúde (CONASS) apresentou Manifesto aos modelo alternativo de atenção à saúde.
candidatos à Presidência da República com propostas que Nos anos 1970, surgiram os primeiros projetos-piloto de
considera prioritárias, a serem contempladas nos respectivos medicina comunitária, realizados por instituições acadêmicas
planos de governo. e Secretarias de Saúde, que desaguaram, em 1979, num
As propostas foram construídas a partir de discussões programa de atenção primária seletiva, o Programa de
feitas nas suas Assembleias e no Fórum Saúde e Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (Piass).
Democracia: uma visão de futuro para o Brasil, realizado no Paralelamente, começavam a se desenvolver as
mês de março de 2006 no Rio de Janeiro em parceria com o primeiras experiências de municipalização da Saúde.
jornal O Globo. Nesses espaços de construção da medicina comunitária é
que se gestou e difundiu-se o movimento sanitário.
Sinteticamente, a seguir, as propostas apresentadas e Coordenado por grupos de intelectuais localizados em
detalhadas neste livro: espaços acadêmicos e institucionais, articulados com partidos
• Compromisso com os princípios constitucionais do políticos de esquerda, o movimento sanitário constituiu-se na
SUS. base político-ideológica da reforma sanitária brasileira.
• O SUS como política de Estado – mais de que de Surgiram, na segunda metade dos anos 1970, o Centro
governos. Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes) e a Associação
• Pacto em defesa do SUS – movimento de repolitização Brasileira de Pós- Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco).
da Saúde. A crise aguda da Previdência Social no início dos anos
• Pacto pela Vida – definição de prioridades e gestão 1980 fez surgir, no plano político-institucional, o Conselho
pública por resultados sanitários. Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária
• O desafio do financiamento – necessidade de aumentar (Conasp) que teve nas Ações Integradas de Saúde (AIS) um
os gastos públicos em Saúde no Brasil. de seus pilares.
• Aumento da eficiência da gestão do SUS – organizar-se As Ações Integradas de Saúde foram implantadas em
em redes de atenção à saúde. 1983 como um programa de atenção médica para áreas
• Regulamentação da Emenda Constitucional n. 29 – por urbanas, numa cogestão entre o Instituto Nacional de
mais recursos públicos para a Saúde e para orientar os Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) e as
respectivos Tribunais de Contas no processo de fiscalização Secretarias Estaduais de Saúde.
do seu cumprimento. Os Secretários Estaduais de Saúde criaram em fevereiro
• Ênfase na atenção primária – como principal porta de de 1982 o Conselho Nacional de Secretários de Saúde
entrada do SUS. (CONASS).
• Mais recursos para a média complexidade ambulatorial No final daquele ano, elegeram-se, em pleitos diretos, vários
e hospitalar – cujo financiamento se encontra cada vez mais governadores de oposição ao regime militar e, com eles,
estrangulado pelo da alta complexidade. passaram a ocupar espaços políticos e técnicos importantes nas
• Redução das desigualdades regionais. Secretarias Estaduais de Saúde, participantes do movimento
• Novo pacto federativo e reforma tributária. sanitário.
• Aumento de recursos no orçamento do Ministério da Da mesma forma, em 1983, foram eleitos vários prefeitos
Saúde. municipais que deram alento ao movimento de
• Superação da crise de financiamento do Programa de municipalização da Saúde e aos encontros nacionais de
Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional. secretários municipais de saúde.
• Mudança no modelo de atenção à saúde – Em 1988, criou-se o Conselho Nacional de Secretários
regionalização e redes de atenção à saúde. Municipais de Saúde (Conasems).

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Em março de 1986 ocorreu o evento político-sanitário economicamente.
mais importante da segunda metade do século passado, a Para os incluídos havia a Saúde Previdenciária a que tinham
VIII Conferência Nacional de Saúde, onde foram lançadas as direito os portadores da “carteirinha” do Inamps; para os não
bases doutrinárias de um novo sistema público de saúde. incluídos restavam a atenção ambulatorial provida por unidades
Essa conferência teve desdobramentos imediatos num de medicina simplificada e a atenção hospitalar prestada por
conjunto de trabalhos técnicos desenvolvidos pela Comissão entidades filantrópicas aos indigentes.
Nacional de Reforma Sanitária que serviriam de base à O SUS pôs fim, em pouco tempo, a essa figura iníqua dos
elaboração da Seção da Saúde da Constituição Federal de indigentes sanitários, promovendo a integração do Inamps ao
1988. sistema público único de saúde.
O relatório final da conferência colocou três grandes Dessa forma, o SUS rompeu com a trajetória de formação do
referenciais para a reforma sanitária brasileira: um conceito Estado brasileiro assentada na centralização e com uma
amplo de saúde; a saúde como direito da cidadania e dever concepção de cidadania que vinculava os direitos sociais à
do Estado; e a instituição de um sistema único de saúde, inserção no mercado de trabalho, a cidadania regulada
organizado pelos princípios da universalidade, da (Santos,1979).
integralidade, da descentralização e da participação da Assim como a criação do SUS resultou de um processo
comunidade. social de longa maturação, esse sistema de saúde continuou
Em 1987, foi implantado no Executivo federal, um arranjo reformando-se, continuamente, durante sua existência.
institucional denominado Sistema Unificado e Descentralizado de Uma incursão a respeito das experiências internacionais de
Saúde (Suds) que tentou incorporar, em seu desenho, alguns reformas sanitárias ajuda a entender melhor esse movimento de
dos elementos centrais da proposta da reforma sanitária: a mudança continuada do sistema público de saúde brasileiro.
universalização, a descentralização pela via da estadualização e As reformas sanitárias podem ser concebidas como
a democratização das instâncias gestoras. O Suds foi movimentos de mudanças propositais, com objetivos
contemporâneo da Assembleia Nacional Constituinte. predefinidos, incidentes sobre macrofunções estratégicas dos
O processo constituinte conformou-se num espaço sistemas de saúde e que se sustentam ao longo do tempo.
democrático de negociação constante, desenvolvido ao longo Há várias maneiras de caracterizar as reformas sanitárias.
das suas diversas etapas, em que um núcleo de Uma das mais utilizadas é a de Ham (1997), que identifica
congressistas progressistas desempenhou papel relevante, quatro tipos principais:
apoiado por intelectuais do movimento da reforma sanitária. • a reforma big-bang, caracterizada por processos rápidos,
O texto final negociado incorporou as grandes demandas implantada mediante um amplo e profundo arco de intervenções
do movimento sanitário: e coincidente com momentos de mudanças estruturais na
- a saúde entendida amplamente como resultado de sociedade, denominados, pelo autor, janelas históricas;
políticas econômicas e sociais; • a reforma incremental, que se caracteriza por gradualismo
- a saúde como direito de todos e dever do Estado; na implantação, menor abrangência em termos de macrofunções
- a relevância pública das ações e serviços de saúde; e por ser conduzida por demoradas negociações entre os
- e a criação de um sistema único de saúde, organizado distintos atores sociais em situação na arena sanitária;
pelos princípios da descentralização, do atendimento integral • a reforma de baixo para cima, com grande ênfase na
e da participação da comunidade. descentralização e implantada por meio de projetos-piloto; e
Criou-se, assim, na Constituição Federal de 1988, o • a reforma sem reforma, que se marca pela extrema
Sistema Único de Saúde (SUS). dificuldade de obtenção de consensos em razão da existência de
O ambiente constitucional era de forte rejeição à pontos inegociáveis entre os diferentes atores sociais, o que
centralização imposta, autoritariamente, pelo regime militar. remete as mudanças a um plano adjetivo.
Por isso, associou-se descentralização com A reforma sanitária brasileira de 1988 aproxima-se de uma
democratização e ampliaram-se os direitos sociais da reforma de tipo big-bang por sua coincidência com uma janela
cidadania, integrando-se, sob o conceito de seguridade histórica representada pelo fim do regime militar e pela
social, a proteção de direitos individuais (previdência) à profundidade das mudanças propostas.
proteção de direitos coletivos (saúde e assistência social). Contudo, distancia-se desse tipo de reforma por ter sido
Esse processo se fez por meio da descentralização de politicamente construída e por ter sido negociada por longo
competências e de receitas tributárias para Estados e tempo com vários atores sociais relevantes na arena
municípios. sanitária.
Na Saúde houve, naquele momento, uma clara Além disso, numa perspectiva institucionalista, a reforma
preferência pela municipalização. sanitária brasileira teve a constrangê-la no seu escopo as
Dentre as muitas lições aprendidas no movimento de trajetórias passadas do sistema de saúde brasileiro,
reforma sanitária, uma merece ser destacada: a mudança foi especialmente algumas presentes no modelo médico assistencial
alcançada por um longo e duro movimento de politização da privatista e na Saúde Suplementar.
Saúde que articulou movimentos sociais, profissionais de Contudo, a partir de sua constituição jurídica, foi se recriando
saúde, partidos políticos, universidades, instituições de saúde por meio de reformas incrementais leves, representadas pelas
e políticos, especialmente parlamentares. normas operacionais, obtidas por consenso das três esferas de
Como decorrência da Constituição Federal, elaborou-se, governo após longas negociações e finalmente materializadas
no período de 1989 a 1990, a Lei n. 8.080 de setembro de em Portarias Ministeriais.
1990, que dispõe acerca das condições para a promoção, A primeira norma operacional, a NOB n. 01/1991, editada
proteção e recuperação da saúde, as Constituições Estaduais pela Presidência do Inamps foi escrita segundo a cultura
e as Leis Orgânicas Municipais. prevalecente naquela instituição de assistência médica e,
Os vetos presidenciais, colocados numa lei acordada no portanto, tinha forte conotação centralizadora.
Congresso Nacional, atingiram pontos fundamentais como a Seguiu-se a NOB n. 01/1992, que manteve a estrutura da
instituição dos Conselhos e das Conferências de Saúde. anterior e criou o Pró-Saúde, o Programa para a Reorganização
Uma intensa reação da sociedade civil organizada levou dos Serviços de Saúde.
à Lei n. 8.142, de dezembro de 1990, que regula a A NOB n. 01/1993 institucionalizou as Comissões
participação da comunidade no SUS. Intergestores Tripartite e Bipartite criando, dessa forma, um
A seção de saúde da Constituição Federal e as Leis n. 8.080 sistema decisório compartilhado pelas diferentes instâncias
e 8.142 de 1990 constituem as bases jurídicas, constitucionais e federativas, além de impulsionar a municipalização mediante as
infraconstitucionais, do SUS. habilitações em gestão incipiente, parcial e semiplena.
A instituição do SUS produziu resultados imediatos. O mais Posteriormente, a NOB n. 01/1996 consolidou a política de
importante foi o fim da separação que havia no sistema público municipalização estabelecendo o pleno exercício do poder
de saúde brasileiro entre os incluídos e os não incluídos municipal na função de gestor da atenção à saúde.

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Essa norma operacional instituiu a gestão plena do sistema A celebração do SUS implica, fundamentalmente, na
municipal e a gestão plena da atenção básica e redefiniu as reafirmação dos compromissos com os seus quatro
responsabilidades da União e dos Estados. princípios constitucionais.
Seguiu-se a Norma Operacional da Assistência à Saúde, O primeiro e basilar, a ser reafirmado, é o princípio da
NOAS-SUS n. 01/2001, que criou os Planos Diretores de universalidade, expresso na Saúde como direito de todos
Regionalização e de Investimentos e introduziu a ideia de redes e definido no art. 196 da Constituição Federal.
de assistência. Os três outros princípios a serem reafirmados são os
Recentemente, em 2006, deu-se o Pacto pela Saúde – um princípios da descentralização, do atendimento integral e
movimento de mudança que não é uma norma operacional, mas da participação da comunidade, explicitados no art. 198.
um acordo interfederativo –, que articula o Pacto pela Vida, o Esses princípios devem ser preservados e aplicados à
Pacto em Defesa do SUS e o Pacto de Gestão. luz das dinâmicas sociais; sanitárias e econômicas da
O Pacto pela Saúde introduz um sentido de gestão pública sociedade brasileira.
por resultados e de responsabilização sanitária, estende a A reafirmação desses princípios deverá ser feita
discussão da Saúde para fora dos limites setoriais e aprofunda a dentro de um movimento de repolitização da Saúde.
descentralização do SUS para Estados e municípios de forma O SUS é fruto de uma bem-sucedida ação política que
compartilhada. teve sua base ideológica no movimento sanitário, mas que
Assim, o SUS, que foi criado pela Constituição Federal de foi implementada por um longo arco de atores sociais
1988, teve origens em movimentos políticos e sanitários surgidos localizados nos poderes Executivo e Legislativo, nas
na década de 70 e vem se recriando, permanentemente, por universidades, nos movimentos sindicais, nas
meio de reformas incrementais, acordadas pelos três entes organizações de saúde e em vários movimentos sociais.
federativos, representados pelo Ministério da Saúde, pelo A saúde, nos últimos anos – como resultado dos
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e pelo avanços do SUS e não de seus fracassos –, vem sendo
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde discutida de forma menos ampla, mais interna ao setor e
(Conasems). mais focada em sua tecnicidade.
É uma política pública jovem mas com capacidade de Os laços com outros atores sociais relevantes na
renovar-se continuamente. arena sanitária e potenciais defensores do SUS vêm
sendo afrouxados por um processo de crescente
SUS: avanços a Celebrar institucionalização da Saúde.
O SUS tem pouco mais de uma década e meia de O SUS vem perdendo a batalha da comunicação com
existência. Não obstante, tem sido capaz de estruturar e a sociedade brasileira.
consolidar um sistema público de saúde de enorme relevância e Os avanços inegáveis, alcançados em sua curta
que apresenta resultados inquestionáveis para a população existência, são amortecidos por significações de senso
brasileira. comum, assumidas pela grande mídia e verberadas como
O aumento do uso se deu nos dois sexos e em todas as o fracasso da Saúde Pública brasileira.
classes de rendimento familiar; O nível de conhecimento acerca do SUS da
- o maior aumento no uso deu-se nos centros de saúde; população em geral é muito pequeno; uma pesquisa de
- a melhoria no acesso foi acompanhada por maior opinião mostrou que apenas 35% dos brasileiros
procura e maior utilização; souberam citar, espontaneamente e com precisão, o que
- e houve redução das barreiras geográficas e financeiras significa SUS (CONASS, 2003).
para o consumo dos serviços de saúde (Travassos, 2005).
Dessa forma, vai se construindo, na sociedade, um
Os avanços do SUS podem ser constatados, ademais,
sentimento difuso de que os recursos públicos são muito
pela qualidade de certos programas que têm desempenho
mal gastos na Saúde, sem a contrapartida de uma
igual ou superior aos de outros países, até mesmo dos países
informação mais qualificada que esclareça o muito que
desenvolvidos.
tem sido possível fazer com recursos muito escassos.
É o caso dos programas de vacinação, transplantes e
Essa percepção de fracasso da Saúde Pública
HIV/AIDS.
brasileira é mais frequente nos segmentos de maior renda,
O Brasil adotou uma estratégia de controle de HIV/Aids
formados por usuários não exclusivos e por não usuários
que mantém em equilíbrio as ações de prevenção e
do SUS mas que têm grande peso na formação da opinião
assistência, com vantagem comparativa em todos os
pública.
sentidos.
Ações em defesa do SUS exigem um amplo
movimento de mobilização social que articule, de forma
Isso foi possível graças à combinação de vários
permanente, pró-ativa e organizada, os diferentes setores
fatores:
• intervenção precoce que contou com ampla da sociedade brasileira comprometidos com o sistema
participação da sociedade civil; público de saúde.
• institucionalização de um programa nacional que opera A necessária repolitização da Saúde não deve
de forma descentralizada; significar ou ensejar a sua partidarização.
• financiamento com recursos próprios das ações de Ao contrário, o SUS deve ser reafirmado,
prevenção e assistência, sendo a participação de recursos constantemente, como política de Estado, mais que de
externos da ordem de apenas 10% do total do financiamento governos.
do programa; Assim, respeitadas as nuanças que os diferentes
• política de direitos humanos inserida em todas as partidos políticos devem colocar nas suas políticas de
frentes de trabalho; saúde, especialmente na interpretação operacional dos
• acesso universal ao tratamento. princípios do SUS e na prioridade política da Saúde,
expressa no seu financiamento – o que é da essência da
O SUS, além de mostrar avanços em termos de democracia –, o SUS deve ser entendido como
estrutura e processos e de estar desenvolvendo compromisso permanente de longo prazo, assumido pelo
programas de excelência, tem contribuído para a melhoria conjunto da sociedade e preservado, em seus tempos de
dos níveis de saúde da população brasileira. governança, pelos distintos grupos políticos no poder.
O SUS não deve ser visto como um problema sem Nesse sentido, as instituições públicas de saúde, nos
solução, mas como uma solução com problemas. três níveis federativos, deveriam ser defendidas das
Celebrar os resultados, de forma consequente, significará barganhas da micropolítica que podem ser feitas ou
reafirmar os seus princípios e encetar um movimento articuladas por interesses não sinérgicos às necessidades
constante em defesa do sistema público de saúde brasileiro. de saúde dos usuários do SUS.

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SUS: desafios a Superar Dessa forma, os sistemas público e privado não são
Têm sido muitos os avanços do SUS, mas persistem suplementares entre si, mas complementares, visto que
problemas a serem enfrentados para consolidá-lo como um atendem, mais ou menos amplamente, a clientelas distintas
sistema público universal que possa prestar serviços de (Colombo e Tapay, 2004).
qualidade a toda a população brasileira.
Esses problemas podem ser agrupados em torno de O DESAFIO DO FINANCIAMENTO
grandes desafios a superar. O desafio do financiamento da Saúde no Brasil pode ser
Dentre eles, distinguem-se: analisado em vários aspectos.
- o desafio da universalização; O mais comum é o da insuficiência dos recursos
- o desafio do financiamento; financeiros para se construir um sistema público universal. É
- o desafio do modelo institucional; verdade que se gasta pouco em Saúde no país,
- o desafio do modelo de atenção à saúde; especialmente no que concerne ao gasto público. Todavia,
- o desafio da gestão do trabalho; e também, gasta-se mal.
- o desafio da participação social. É importante criar uma consciência interna no SUS de
que se deverá melhorar a qualidade do gasto.
O DESAFIO DA UNIVERSALIZAÇÃO Portanto, o desafio do financiamento na Saúde tem de
O SUS foi erigido com base no princípio basilar da ser enfrentado em duas vertentes, a da quantidade e a da
universalização, expresso na Saúde como direito de todos os qualidade do gasto.
brasileiros, a ser provida como dever de Estado. Haverá que se aumentar o gasto em Saúde, mas, ao
A instituição de um sistema público universal foi a grande mesmo tempo, melhorar sua qualidade.
luta da reforma sanitária brasileira, incorporada na
Constituição Federal de 1988. O DESAFIO DO MODELO INSTITUCIONAL DO SUS
Entretanto, não tem sido possível construir a O Brasil é um país federativo e, por essa razão, o modelo
universalização da Saúde, instituída constitucionalmente. institucional do SUS foi construído para ser operado pela trina
Essa realidade coloca o dilema seminal do sistema federativa.
público de saúde brasileiro que se expressa entre a Os entes federados mantêm, entre si, diretamente ou pela
universalização e a segmentação. mediação de instituições de gestão compartilhada e de controle
Esse dilema pode ser manifestado numa singela social, complexas inter-relações.
questão: qual SUS a sociedade brasileira quer instituir? O Os avanços obtidos pelo SUS e o sucesso dos
dilema entre a universalização e a segmentação na programas desenvolvidos nos últimos anos devem-se, em
experiência internacional. boa parte, à contribuição parceira dos governos federal,
O dilema entre universalização e segmentação não Estaduais e municipais e à vigilante ação de controle social
existe somente no sistema de saúde brasileiro. exercida pelos Conselhos de Saúde, em suas diversas
Ao contrário, constitui uma questão central nas reformas instâncias.
sanitárias contemporâneas, em que se colocam dois O modelo institucional do SUS tem sido considerado uma
caminhos principais para os sistemas de saúde, a prática exitosa de governança de políticas públicas, tanto que
universalização ou a segmentação. tem servido de modelo para outros setores governamentais,
Essas alternativas de conformação dos sistemas de como os de segurança pública e assistência social.
saúde, na prática social, são definidas a partir dos valores Não obstante, há desafios a superar no plano
vigentes nas sociedades, dos posicionamentos político- institucional que se devem às características singulares da
ideológicos dos atores sociais frente à organização dos federação brasileira, à crise do federalismo fiscal e às suas
serviços de saúde e do papel do Estado na Saúde. repercussões na Saúde, além do modelo descentralizador
Na experiência internacional dos países desenvolvidos, adotado na Saúde.
essa divisão é muito clara.
Há um número grande de países que constituíram O DESAFIO DO MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE DO
sistemas públicos universais, também ao contrário, há países SUS
que segmentaram seu sistema de saúde. O modelo de atenção à saúde do SUS caracteriza-se, à
Os sistemas públicos universais caracterizam-se por semelhança de quase todos os sistemas de saúde universais,
ofertar a todos os cidadãos, independentemente de por ser voltado para o atendimento às condições agudas.
diferenças de gênero, idade, renda ou risco, com Esse modelo de atenção à saúde não se presta para
financiamento público, uma carteira de serviços bastante responder, com eficiência e efetividade, a uma situação
ampla. epidemiológica marcada pelo predomínio relativo das
Assim, esses sistemas públicos, em geral, combinam condições crônicas.
universalização irrestrita, mediante o atendimento O modelo de atenção à saúde do SUS vive, portanto, uma
indiferenciado a todos os cidadãos, com uma integralidade grave crise, representada pela incoerência entre a situação de
generosa, mas qualificada, porque restringida a uma relação saúde do Brasil e a resposta social organizada para responder a
de serviços de CONASS considerados sanitária ou essa situação.
socialmente necessários. Esse desafio só será superado por uma mudança no
A partir dessa carteira de serviços, os cidadãos têm a modelo de atenção à saúde vigente no sistema público
possibilidade de recorrer aos serviços suplementares brasileiro.
providos por sistemas privados e a pagar por eles, seja
individual ou familiarmente, seja pelas empresas em que O DESAFIO DA GESTÃO DO TRABALHO NO SUS
trabalhem. O campo do trabalho em Saúde Durante um longo período
Diversamente, os sistemas segmentados caracterizam- que se inicia nos anos 1950 e se estende até meados dos anos
se por segregar diferentes clientelas em nichos institucionais 1980, a preocupação dos gestores públicos na área da Saúde
singulares. estava restrita ao financiamento, estrutura da rede e organização
Disso resulta uma integração vertical de cada segmento dos serviços.
e uma segregação horizontal entre eles, em que cada A questão de recursos humanos, na forma em que se
segmento, público e privado, exercita as funções de organizava a produção, era abordada como um dos insumos
financiamento, regulação e prestação dos serviços para sua necessários: recursos humanos, recursos materiais e
clientela particular, com regramentos próprios. recursos financeiros.

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A discussão sobre um novo paradigma do trabalho nas Três principais conceituações de precariedade e
sociedades pós-industriais, que se origina nas décadas de 1980 informalidade do trabalho são encontradas entre os autores:
e 1990 a partir da reestruturação produtiva, recoloca a 1) caracteriza uma situação de déficit ou ausência de
centralidade do trabalhador no processo produtivo, ampliando a direitos de proteção social;
discussão sobre a gestão do trabalho, o que inclui repensar os 2) decorre de uma instabilidade do vínculo, do ponto de
processos de planejamento e qualificação do trabalho e do vista dos interesses dos trabalhadores;
trabalhador, colocando assim uma nova agenda para os 3) está associada a condições de trabalho de
gestores. determinados setores da economia que criam vulnerabilidade
A realidade do trabalho evidencia uma transformação social para os trabalhadores aí inseridos .
significativa, caracterizada por uma transição entre o modelo A heterogeneidade de vínculos, portanto, é outro dado
taylorista/fordista — que vigorou entre os anos 1950 e 1970, importante que compõe esse conjunto de transformações.
no qual a organização do trabalho se caracterizava pela As novas formas de contrato mudam radicalmente os
dominância do trabalho prescrito, com poucas possibilidades mecanismos de ingresso e manutenção do trabalhador,
de intervenção nos processos produtivos e com pouca
estabelecendo novas relações de trabalho, definindo também
autonomia por parte dos trabalhadores — e um modelo
a necessidade de adquirir competências que habilitem
tecnológico baseado na intelectualização do trabalho cujas
trabalhadores e gestores como negociadores das condições
principais referências passam a ser o conhecimento técnico e
de trabalho.
a qualificação profissional.
Para alguns trata-se de uma estratégia “moderna” para Nessa conjuntura, as instituições deveriam estar
responder às novas formas de organização do trabalho, preparadas para realizar negociações e preservar a
decorrentes do processo de reestruturação produtiva e da harmonização dos diferentes vínculos, função antes mediada
incorporação tecnológica, enquanto para outros é uma pelos sindicatos e por outras entidades da sociedade civil na
estratégia “antiga”, capaz de submeter o processo de direção do trabalho decente que é o conceito criado pela
qualificação às exigências do mercado. Organização Internacional do Trabalho (OIT) para um
Nessa conjuntura, novas competências são requeridas dos trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições
trabalhadores: o aumento de escolaridade exigida, exigência de de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma
conhecimentos gerais, capacidade de planejar, capacidade de vida digna, segundo os padrões de cada sociedade.
comunicação, trabalho em equipe, flexibilidade, acesso a mais Trazer essa discussão para o campo da Saúde é um
informações, capacidade de decisão frente a problemas desafio, na medida em que:
complexos, valorização de traços de personalidade (como a) essa é uma área multi e interdisciplinar que
responsabilidade, criatividade, iniciativa e espírito crítico). compreende um largo espectro de atividades de produção e
Essas novas competências implicam redefinir as formas de serviços que abrangem desde a indústria de equipamentos
de formar, recrutar, selecionar, qualificar e manter os e medicamentos até a prestação de serviços médicos, em
profissionais em suas respectivas atividades, criando novas nível hospitalar, ambulatorial ou de unidades de saúde,
alternativas de incorporação, e a remuneração da força de passando pela produção de conhecimento e informação;
trabalho, cada vez mais especializada, como um instrumento b) o foco principal dessas atividades são pessoas e,
gerencial essencial à Gestão de Recursos Humanos. portanto, o processo de trabalho é pautado no contato
No Brasil dos anos 1980, em decorrência da crise humano e na relação entre as pessoas.
econômica mais geral que se instala nesse contexto, inicia-se Por outro lado, as tendências do trabalho em Saúde
um processo de desregulação do mercado de trabalho, apontam para uma formação mais polivalente, gerando a
marcado nessa primeira etapa por um movimento necessidade de revisão das atuais habilitações de nível
contraditório: de um lado, ocorre uma desregulação médio, o que ao mesmo tempo causa resistências do ponto
impulsionada pela tendência de desestruturação do mercado de vista corporativo e ameaça a construção de uma
de trabalho; de outro, ocorre uma tentativa de regulação3 identidade profissional.
motivada pela regulamentação desse mesmo mercado pela
Constituição de 1988.
Em síntese, essa discussão nos permite afirmar que:
Para Nogueira (2004), os anos de 1980 e 1990 são
• as mudanças tecnológicas estão se processando, de
marcados por mudanças profundas nas formas em que o
fato, no campo do trabalho em Saúde, embora de forma
mundo do trabalho é organizado em sua estrutura,
assimétrica e em diferentes tempos e espaços, expressando-
funcionamento e distribuição no espaço.
se em tecnologias materiais e imateriais;
Segundo esse autor, a desregulamentação dos
• as mudanças têm impacto na vida das pessoas, no seu
mercados de capitais e do trabalho, liberação de controles e
de fronteiras para os fluxos de capitais e diminuição do poder estado de saúde e no seu trabalho; as mudanças ocorrem
de intervenção do Estado sobre a economia são alguns dos em função e a partir de mudanças na dinâmica social, sendo
fenômenos mais proeminentes das décadas recentes. ao mesmo tempo determinantes e determinadas por novos
Por outro lado, as políticas públicas têm reconhecido que comportamentos sociais;
tais mudanças acarretaram consequências negativas para as • na base dessas mudanças estão o desenvolvimento do
condições de vida e de trabalho dos assalariados. campo científico e tecnológico e a forma de organização da
“Este processo é mais evidenciado nos setores produção;
produtivos, mas também já vem sendo notado nos setores de • a relação entre processos cognitivos; e
serviços, dentre eles, a Saúde. • o uso de modernas tecnologias está para além do
Entretanto, uma das contradições evidentes no setor problema de ensino e formação e deve ser analisada no
Saúde é o fato de que a flexibilização e a precariedade do contexto das mudanças na base técnica, organizacional e
trabalho parecem manifestar-se devido a fatores que não o administrativa do trabalho.
maciço desemprego, na medida em que em alguns países
detecta-se que este setor, tanto no segmento público quanto O DESAFIO DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL
no privado, comporta-se como um forte indutor de emprego, “A sociedade civil é o local da solidariedade, da busca
como é o caso do Sistema Único de Saúde no Brasil.“ coletiva, do diálogo entre interesses, dos valores éticos.
(Nogueira, 2004). A reforma democrática do Estado deve reconhecer e
O conceito de trabalho precário não tem obtido consenso garantir o poder da sociedade civil.
entre os diferentes atores mais diretamente envolvidos na As políticas públicas devem valorizar a legitimidade dos
implementação do sistema público de saúde, seja entre postos eletivos, a capacidade política dos governantes, a
trabalhadores e gestores, seja entre os gestores das responsabilidade pública dos servidores e o trabalho
diferentes esferas de governo. comunitário.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Os usuários dos serviços públicos não devem ser • Processos de trabalho formulados e desenvolvidos com
definidos e tratados como clientes, mas como cidadãos com transparência e participação, e voltados para o acolhimento, o
direitos, inclusive o de participação. vínculo, a responsabilidade sanitária e a resolutividade.
Desses posicionamentos deve decorrer o conceito de • Publicização e participação da escolha e inovação de
qualidade total do serviço público” (Boaventura Santos). modalidades de repasses fundo a fundo e de remuneração
A expressão “Participação Social” surgiu e foi dos serviços (metas, custos, efetividade, prioridade).
amplamente assumida no âmbito do SUS a partir da • Plenárias regionais de representação de conselhos ou
aprovação da Lei n. 8.142/1990, que dispõe sobre os de segmentos dos usuários, trabalhadores de saúde e
conselhos e conferências de saúde. gestores, visando à implementação da Regionalização e
O controle do Estado pela sociedade, além de Integralidade, com Equidade e Universalidade.
concepção, é uma imagem-objetivo que se confunde com a • Desenvolvimento de várias formas de cooperativismo
plena democratização do Estado; em outras palavras: com a intermunicipal e com o Estado, visando à implementação da
apropriação do Estado pelo conjunto da sociedade, que Regionalização e Integralidade, com Equidade e
passa a participar decisivamente da formulação de políticas Universalidade.
públicas e da sua implementação. Essa apropriação é um • Fóruns amplos, por região ou microregião, de entidades
processo complexo, ligado ao grau de consciência política, dos usuários, dos trabalhadores de saúde, dos prestadores
organização e mobilização da sociedade. de serviços e gestores.
O ocorrido nos anos 1980 contribui para nossa reflexão: • Várias formas de Ouvidoria no âmbito dos gestores do
naquela década, sem ainda a conquista da criação dos SUS ou de unidades prestadores de serviços: escuta,
conselhos de saúde, o contexto da grande tomada de registro, processamento, informação/orientação à população,
consciência e mobilização social, crescentes nos vários relatórios gerenciais etc.
segmentos da sociedade, levou, ao final da ditadura militar, à • Eventos periódicos com representações do Ministério
instalação da Assembleia Nacional Constituinte, à formulação Público, Comissões de Saúde dos Legislativos, Conselhos de
e aprovação da Seguridade Social e do SUS, e das Leis n. Saúde, especialistas na área de políticas públicas etc.
8.080/90 e 8.142/90. • Atividades interativas de informação e comunicação de
As grandes bandeiras mobilizadoras foram a saúde.
democratização do Estado, os direitos humanos e de O desenvolvimento desses exemplos e iniciativas abaixo
cidadania, assim como as políticas públicas imprescindíveis das expectativas geradas nos anos 1980, conforme já
para a sua realização. referido, verificou-se também em parte no desempenho dos
No contexto das mobilizações e organização da conselhos de saúde.
sociedade, de superação do regime autoritário militar, e do De um lado, multiplicaram-se em número, cobrindo todos
desenho da democratização do Estado durante a realização os Estados e a maioria dos municípios, e desenvolveram
da Assembleia Nacional Constituinte e aprovação da reconhecida eficácia no controle da execução das políticas.
Constituição de 1988, passando pela 8ª Conferência Nacional Por outro lado, desenvolveram-se bem menos, no que
de Saúde, a participação da sociedade estava claramente tange à apropriação, pelos plenários dos conselhos, das
inserida no marco da construção da democracia participativa, questões referentes à sua primeira atribuição legal, que é a
numa perspectiva de complementaridade e sinergismo com o de atuar na formulação de estratégias, que não são outras
marco da democracia representativa. senão as que viabilizam a implementação dos princípios e
A expressão “participação da comunidade”, que consta diretrizes do SUS – Universalidade, Integralidade, Igualdade,
da Constituição Federal (art. 198) e da Lei n. 8.080/1990 (art. Descentralização, Regionalização e Participação –, ainda que
7º), é parte desse contexto, no âmbito dos princípios e por etapas discutidas amplamente e pactuadas entre os
diretrizes do SUS. gestores e a sociedade.
A participação da comunidade aponta claramente para a Exemplos:
formulação de estratégias de democratização do setor público de a) a “desconstrução” do modelo de atenção com base
saúde, com repercussão direta no setor privado nos interesses da oferta (fabricantes dos insumos, parte dos
conveniado/contratado, e indireta no setor privado no mercado. prestadores e profissionais), e construção do novo modelo de
No bojo das estratégias de democratização do setor atenção com base nas necessidades e direitos da população,
público de saúde, e do próprio Estado, localiza-se, respeitando as realidades de cada região;
inevitavelmente, todas as iniciativas, criatividades e formas de b) em relação ao modelo de gestão, incluindo os critérios
participação e gestão participativa. de alocação dos recursos, a estrutura dos gastos, as formas
A capacidade da sociedade de criar, construir e de remuneração dos serviços, a formulação de metas quali-
implementar as várias formas de participação guarda relação quantitativas, e a gestão participativa;
direta com o grau de consciência política, de organização e c) a recuperação das políticas de financiamento e do
de mobilização da própria sociedade. desenvolvimento dos recursos humanos de saúde,
A partir de 1990 a continuidade do processo de congruentes com os princípios e diretrizes do SUS;
democratização do Estado passou por várias formas de d) a construção de uma relação público-privado
restrições, obstáculos e constrangimentos, tanto no âmbito da (SUS/Saúde Suplementar) também congruente com os
organização e mobilização da sociedade como no de princípios e diretrizes do SUS, inclusive revertendo todas as
formulação e iniciativas criativas e da implementação desonerações do mercado da Saúde sobre os recursos do
compartilhada com os aparelhos do Estado. SUS e a precedência dos valores individuais e de mercado
A análise deste processo não é objetivo desse texto; sobre os valores coletivos da solidariedade e de políticas
apenas serão relacionados a seguir vários exemplos e tentativas públicas de cidadania;
de participação da sociedade, a maior parte muito pouco e) a permanente e dinâmica construção da relação entre as
desenvolvidos em relação às expectativas dos anos 1980: duas faces da gestão do SUS nas três esferas de governo – os
• Os Conselhos e Conferências de Saúde, com conselhos de saúde e os gestores executivos (ministro,
representações paritárias em relação aos usuários, incluindo Secretários e demais dirigentes) –, em busca do sinergismo e
também trabalhadores de saúde, prestadores de serviços complementaridade das suas atribuições e responsabilidades
(públicos e privados) e governo (gestores). para a implementação dos princípios e diretrizes constitucionais,
Os Conselhos, órgãos deliberativos integrantes do poder observando as suas respectivas competências.
Executivo, atuando na formulação de estratégias e no Uma questão central para a efetiva participação da
controle da execução das políticas. sociedade no Sistema Único de Saúde passa pelo
As conferências, propositivas, avaliando a situação de fortalecimento, o aprimoramento e a qualificação dos
saúde e propondo diretrizes para a formulação da política de mecanismos de participação social para o pleno exercício de
saúde (Lei n. 8.142/1990). sua competência prevista na legislação.

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Os gestores do SUS à luz do Pacto de Gestão devem À partir desse diagnóstico e de experiências isoladas ou
buscar: parciais acumuladas ao longo dos últimos 10 anos, e
1. apoiar o processo de mobilização social e institucional especialmente baseando-se nas propostas da 8ª
em defesa do SUS; Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986, a
2. prover as condições materiais, técnicas e Constituição de 1988 estabeleceu pela primeira vez de forma
administrativas necessárias ao funcionamento dos Conselhos relevante, uma seção sobre a saúde que trata de três
de Saúde, que deverá ser organizado em conformidade com aspectos principais:
a legislação vigente;
3. organizar e prover as condições necessárias à - Em primeiro lugar incorpora o conceito mais abrangente
realização de Conferências de Saúde; de que a saúde tem como fatores determinantes e
4. estimular o processo de discussão e controle social; condicionantes o meio físico (condições geográficas, água,
5. apoiar o processo de formação dos conselheiros de alimentação, habitação, etc.); o meio socioeconômico e
saúde; cultura (ocupação renda, educação, etc.); os fatores
6. promover ações de informação e conhecimento acerca biológicos (idade, sexo, herança genética, etc.); e a
do SUS, junto à população em geral; oportunidade de acesso aos serviços que visem a
7. apoiar os processos de educação popular em Saúde, promoção, proteção e recuperação da saúde.
visando ao fortalecimento da participação social do SUS; Isso implica que, para se ter saúde são necessárias
8. implementar Ouvidoria visando ao fortalecimento da ações em vários setores, além do Ministério da Saúde e das
gestão estratégica do SUS conforme diretrizes nacionais. secretarias de saúde. Isto só uma política governamental
integrada pode assegurar.
ABC DO SUS: DOUTRINAS E PRINCÍPIOS
Brasília/DF - 1990 - Em segundo lugar, a Constituição também legitima o
O QUE HÁ DE NOVO NA SAÚDE? direito de todos sem qualquer discriminação às ações de
Entre as diretrizes políticas consolidadas pela nova saúde em todos os níveis, assim como, explicita que o dever
Constituição no cenário nacional estão os fundamentos de de prover o pleno gozo desse direito é responsabilidade
uma radical transformação do sistema de saúde brasileiro. do Governo, isto é, do poder público.
O que levou os constituintes a proporem essa Isto significa que, a partir da nova constituição, a única
transformação foi o consenso, na sociedade, quanto à total condição para se ter direito de acesso, aos serviços e ações
inadequação do sistema de saúde caracterizado pelos de saúde, é precisar deles.
seguintes aspectos, entre outros:
- um quadro de doenças de todos os tipos condicionados - Por último, a Constituição estabelece o Sistema Único
pelo tipo de desenvolvimento social e econômico do país e de Saúde—SUS, de caráter público, formado por uma rede
que o velho sistema de saúde não conseguia enfrentar com de serviços regionalizada, hierarquizada e
decisão; descentralizada, com direção única em cada esfera de
- completa irracionalidade e desintegração das unidades governo, e sob controle dos seus usuários.
de saúde, com sobre oferta de serviços em alguns lugares e Os serviços particulares quando conveniados e
ausência em outros; contratados, passam a ser complementares e sob diretrizes
- excessiva centralização implicando por vezes em do Sistema Único de Saúde.
impropriedade das decisões pela distância de Brasília dos Ainda que esse conjunto de ideias, direitos, deveres e
locais onde ocorrem os problemas; estratégias não possam ser implantados automaticamente e
- recursos financeiros insuficientes em relação às de imediato, o que deve ser compreendido é que a
necessidades de atendimento e em comparação com outros implantação do SUS tem por objetivo melhorar a qualidade da
países; atenção à saúde no Pais, rompendo com um passado de
- desperdício dos recursos alocados para a saúde, descompromisso social e a velha irracionalidade técnico-
estimado nacionalmente em, pelo menos 30%, produzido por administrativa, e é a imagem dela que norteará o trabalho do
incompetência gerencial; Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e municipais.
- baixa cobertura assistencial da população, com Para isso, e necessário que se entenda a lógica do SUS,
segmentos populacionais excluídos do atendimento, como ele deve ser planejado e funcionar para cumprir esse
especialmente os mais pobres e nas regiões mais carentes; novo compromisso que é assegurar a todos,
- falta de definição clara das competências dos vários indiscriminadamente, serviços e ações de saúde de forma
órgãos e instâncias político-administrativas do sistema, equânime, adequada e progressiva.
acarretando fragmentação do processo decisório e
descompromisso com as ações e falta de responsabilidade II - O QUE É O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS?
com os resultados; É uma nova formulação política e organizacional para
- desempenho desordenado dos órgãos públicos e o reordenamento dos serviços e ações de saúde
privados conveniados e contratados, acarretando conflito estabelecida pela Constituição de 1988. O SUS não é o
entre os setores público e privado, superposição de ações, sucessor do INAMPS e nem tampouco do SUDS. O SUS é o
desperdícios de recursos e mau atendimento à população; novo sistema de saúde que está em construção.
- insatisfação dos profissionais da área da saúde que
vêm sofrendo as consequências da ausência de uma POR QUE SISTEMA ÚNICO?
política de recursos humanos justa e coerente; Porque ele segue a mesma doutrina e os mesmos
- insatisfação da população com os profissionais da princípios organizativos em todo o território nacional,
saúde pela aparente irresponsabilidade para com os sob a responsabilidade das três esferas autônomas de
doentes, greves frequentes, frequentes erros médicos e governo federal, estadual e municipal.
corporativismo se sobrepondo à saúde do povo; Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição,
- baixa qualidade dos serviços oferecidos em termos de mas um Sistema que significa um conjunto de unidades,
equipamentos e serviços profissionais; de serviços e ações que interagem para um fim comum.
- ausência de critérios e de transparência dos gastos Esses elementos integrantes do sistema, referem-se
públicos, bem como de participação da população na ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e
formulação e gestão das políticas de saúde; recuperação da saúde.
- falta de mecanismos de acompanhamento, controle e
avaliação dos serviços; QUAL É A DOUTRINA DO SUS?
- imensa preocupação e insatisfação da população com o Baseado nos preceitos constitucionais a construção do
atendimento à sua saúde. SUS se norteia pelos seguintes princípios doutrinários:

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UNIVERSALIDADE – É a garantia de atenção à saúde Aos municípios cabe, portanto, a maior responsabilidade
por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a na promoção das ações de saúde diretamente voltadas aos
universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a seus cidadãos.
todos os serviços públicos de saúde, assim como àqueles
PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS - É a garantia
contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania
constitucional de que a população, através de suas entidades
e dever do Governo: municipal, estadual e federal.
representativas, participará do processo de formulação das
EQUIDADE – É assegurar ações e serviços de todos os políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos
níveis de acordo com a complexidade que cada caso os níveis, desde o federal até o local.
requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem Essa participação deve se dar nos Conselhos de Saúde,
barreiras. Todo cidadão é igual perante o SUS e será com representação paritária de usuários, governo,
atendido conforme suas necessidades até o limite do que o profissionais de saúde e prestadores de serviço. Outra forma
sistema puder oferecer para todos. de participação são as conferências de saúde, periódicas,
para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde.
INTEGRALIDADE - É o reconhecimento na prática dos
Deve ser também considerado como elemento do
serviços de que:
processo participativo o dever das instituições oferecerem as
- cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma
informações e conhecimentos necessários para que a
comunidade;
população se posicione sobre as questões que dizem respeito
- as ações de promoção, proteção e recuperação da
à sua saúde.
saúde formam também um todo indivisível e não podem ser
compartimentalizadas; COMPLEMENTARIEDADE DO SETOR PRIVADO - A
- as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos Constituição definiu que, quando por insuficiência do setor
graus de complexidade, formam também um todo indivisível público, for necessário a contratação de serviços privados,
configurando um sistema capaz de prestar assistência isso deve se dar sob três condições:
integral. 1ª - a celebração de contrato, conforme as normas de
Enfim: direito público, ou seja, interesse público prevalecendo sobre
“O homem é um ser integral, biopsicossocial, e deverá ser o particular;
atendido com esta visão integral por um sistema de saúde 2ª - a instituição privada deverá estar de acordo com os
também integral, voltado a promover, proteger e recuperar princípios básicos e normas técnicas do SUS. Prevalecem,
sua saúde.” assim, os princípios da universalidade, equidade, etc., como
se o serviço privado fosse público, uma vez que, quando
QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS QUE REGEM A contratado, atua em nome deste;
ORGANIZAÇÃO DO SUS? 3ª - a integração dos serviços privados deverá se dar na
REGIONALIZAÇÃO e HIERARQUIZAÇÃO - Os serviços mesma lógica organizativa do SUS, em termos de posição
devem ser organizados em níveis de complexidade definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços.
tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica Dessa forma, em cada região, deverá estar claramente
delimitada e com a definição da população a ser atendida. estabelecido, considerando-se os serviços públicos e
Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma privados contratados, quem vai fazer o que, em que nível e
determinada população todas as modalidades de assistência, em que lugar.
bem como o acesso a todo tipo de tecnologia disponível, Dentre os serviços privados, devem ter preferência os
possibilitando um ótimo grau de resolubilidade (solução de serviços não lucrativos, conforme determina a Constituição.
seus problemas). Assim, cada gestor deverá planejar primeiro o setor
O acesso da população à rede deve se dar através dos público e, na sequência, complementar a rede assistencial
serviços de nível primário de atenção que devem estar com o setor privado, com os mesmos concertos de
qualificados para atender e resolver os principais problemas regionalização, hierarquização e universalização.
que demandam os serviços de saúde. Os demais, deverão Torna-se fundamental o estabelecimento de normas e
ser referenciados para os serviços de maior complexidade procedimentos a serem cumpridos pelos conveniados e
tecnológica. contratados, os quais devem constar, em anexo, dos
A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada e convênios e contratos.
regionalizada, permite um conhecimento maior dos problemas
de saúde da população da área delimitada, favorecendo III - PAPEL DOS GESTORES DO SUS
ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de O QUE SÃO OS GESTORES?
vetores, educação em saúde, além das ações de atenção Gestores são as entidades encarregadas de fazer com
ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade. que o SUS seja implantado e funcione adequadamente dentro
das diretrizes doutrinárias, da lógica organizacional e seja
RESOLUBILIDADE - É a exigência de que, quando um operacionalizado dentro dos princípios anteriormente
indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema esclarecidos.
de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente Haverá gestores nas três esferas do Governo, isto é, no
esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da nível municipal, estadual e federal.
sua competência.
QUEM SÃO OS GESTORES?
DESCENTRALIZAÇÃO - É entendida como uma Nos municípios, os gestores são as secretarias
redistribuição das responsabilidades quanto às ações e municipais de saúde ou as prefeituras, sendo responsáveis
serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir pelas mesmas, os respectivos secretários municipais e
da ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for prefeitos. Nos estados, os gestores são os secretários
tomada, mais chance haverá de acerto. estaduais de saúde e no nível federal o Ministério da Saúde.
Assim, o que é abrangência de um município deve ser de A responsabilidade sobre as ações e serviços de saúde em
responsabilidade do governo municipal; o que abrange um cada esfera de governo, portanto, é do titular da secretaria
estado ou uma região estadual deve estar sob respectiva, e do Ministério da Saúde no nível federal.
responsabilidade do governo estadual, e, o que for de
abrangência nacional será de responsabilidade federal. QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES
Deverá haver uma profunda redefinição das atribuições DOS GESTORES?
dos vários níveis de governo com um nítido reforço do poder No nível municipal, cabe aos gestores programar,
municipal sobre a saúde - é o que se chama municipalização executar e avaliar as ações de promoção, proteção e
da saúde. recuperação da saúde.

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Isto significa que o município deve ser o primeiro e o maior Os recursos federais para o SUS provêm do orçamento
responsável pelas ações de saúde para a sua população. da Seguridade Social (que também financia a Previdência
Como os serviços devem ser oferecidos em quantidade e Social e a Assistência Social) acrescidos de outros de outros
qualidade adequadas às necessidades de saúde da recursos da União, constantes da Lei de Diretrizes
população, ninguém melhor que os gestores municipais para Orçamentárias, aprovada anualmente pelo Congresso
avaliar e programar as ações de saúde em função da Nacional. Esses recursos, geridos pelo Ministério da Saúde,
problemática da população do seu município. são divididos em duas partes: uma é retida para o
O secretário estadual de saúde, como gestor estadual, é o investimento e custeio das ações federais; e a outra é
responsável pela coordenação das ações de saúde do seu repassada às secretarias de saúde, estaduais e municipais,
estado. Seu plano diretor será a consolidação das necessidades de acordo com critérios previamente definidos em função da
propostas de cada município, através de planos municipais, população, necessidades de saúde e rede assistencial.
ajustados entre si. O estado deverá corrigir distorções existentes Em cada estado, os recursos repassados pelo Ministério
e induzir os municípios ao desenvolvimento das ações. Assim, da Saúde são somados aos alocados pelo próprio governo
cabe também aos estados, planejar e controlar o SUS em seu estadual, de suas receitas, e geridos pela respectiva
nível de responsabilidade e executar apenas as ações de saúde secretaria de saúde, através de um fundo estadual de saúde.
que os municípios não forem capazes e/ou que não lhes couber Desse montante, uma parte fica retida para as ações e os
executar. serviços estaduais, enquanto outra parte é repassada aos
A nível federal, o gestor é o Ministério da Saúde, e sua municípios, de acordo também com critérios específicos.
missão é liderar o conjunto de ações de promoção, proteção Finamente, cabe aos próprios municípios destinar parte
e recuperação da saúde, identificando riscos e necessidades adequada de seu próprio Orçamento para as ações e
nas diferentes regiões para a melhoria da qualidade de vida serviços de saúde de sua população.
do povo brasileiro, contribuindo para o seu desenvolvimento. Assim, cada município irá gerir os recursos federais
Ou seja, ele é o responsável pela formulação, coordenação e repassados a ele e os seus próprios recursos alocados pelo
controle da política nacional de saúde. Tem importantes governo municipal para o investimento e custeio das ações de
funções no planejamento, financiamento, cooperação técnica saúde de âmbito municipal. Também os municípios
o controle do SUS. administrarão os recursos para a saúde através de um fundo
Em cada esfera de governo, o gestor deverá se articular municipal de saúde.
com os demais setores da sociedade que têm interferência A criação dos fundos é essencial, pois asseguram que os
direta ou indireta na área da saúde, fomentando sua recursos da saúde sejam geridos pelo setor saúde, e não
integração e participação no processo. pelas secretarias de fazenda, em caixa único, estadual ou
Ainda que a saúde seja um direito de todos e um dever do municipal, sobre o qual a Saúde tem pouco acesso.
Estado, isto não dispensa cada indivíduo da responsabilidade por Hoje, a maior parte dos recursos aplicados em Saúde tem
seu autocuidado, nem as empresas, escolas, sindicatos, origem na Previdência Social. Esta tendência deverá alterar-
imprensa e associações, de sua participação no processo. se até que se chegue a um equilíbrio das três esferas de
Nas três esferas deverão participar, também, governo em relação ao financiamento da saúde. Para tanto,
representantes da população, que garantirão, através do os estados e municípios deverão aumentar os seus gastos
entidades representativas, envolvimento responsável no com saúde atingindo em torno de 10% de seus respectivos
processo de formulação das políticas de saúde e no controle orçamentos, e a União deverá elevar a participação do seu
da sua execução. orçamento próprio.

QUEM É O RESPONSÁVEL PELO ATENDIMENTO AO IV - QUAIS AS AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS?


DOENTE E PELA SAÚDE DA POPULAÇÃO? Historicamente, a atenção à saúde no Brasil, vem sendo
O principal responsável deve ser o município, através das desenvolvida com ênfase na prestação de serviços médicos
suas instituições próprias ou de instituições contratadas. individuais, de enfoque curativo, a partir da procura
Sempre que a complexidade do problema extrapolar a espontânea aos serviços.
capacidade do município resolvê-lo, o próprio serviço O conceito abrangente de saúde, definido na nova
municipal de saúde deve enviar o paciente para outro Constituição. deverá nortear a mudança progressiva dos
município mais próximo, capaz de fornecer a assistência serviços, passando de um modelo assistencial centrado na
adequada, ou encaminhar o problema para suportes regionais doença e baseado no atendimento a quem procura, para um
e estaduais nas áreas de alimentação, saneamento básico, modelo de atenção integral à saúde, onde haja a incorporação
vigilância epidemiológica e vigilância sanitária. Deverá haver, progressiva de ações de promoção e de proteção, ao lado
sempre que possível, uma integração entre os municípios de daquelas propriamente ditas de recuperação.
uma determinada região para que sejam resolvidos os Para melhor identificar quais os principais grupos de
problemas de saúde da população. ações de promoção, de proteção e de recuperação da saúde,
Conforme o grau de complexidade do problema, entram a serem desenvolvidas prioritariamente é necessário
em ação as secretarias estaduais de saúde e/ou o próprio conhecer as principais características do perfil epidemiológico
Ministério da Saúde. da população, não só em termos de doenças mais
frequentes, como também em termos das condições
QUEM DEVE CONTROLAR SE O SUS ESTÁ socioeconômicas da comunidade, dos seus hábitos e estilos
FUNCIONANDO BEM? de vida, e de suas necessidades de saúde, sentidas ou não-
Quem deve controlar é a população; o poder legislativo; e sentidas, aí incluída, por extensão, a infraestrutura de
cada gestor das três esferas de governo. A população deve ter serviços disponíveis.
conhecimento de seus direitos e reivindicá-los ao gestor local do
SUS (secretário municipal de saúde), sempre que os mesmos Ações de promoção e proteção de saúde: esses grupos
não forem respeitados. O sistema deve criar mecanismos através de ações podem ser desenvolvidos por instituições
dos quais a população possa fazer essas reivindicações. Os governamentais, empresas, associações comunitárias e
Gestores devem, também, dispor de mecanismos formais de indivíduos. Tais ações visam à redução de fatores de risco, que
avaliação e controle e democratizar as informações. constituem ameaça à saúde das pessoas, podendo provocar-
lhes incapacidades e doenças. Esses grupos compreendem um
DE ONDE VEM O DINHEIRO PARA PAGAR TUDO elenco bastante vasto e diversificado de ações, de natureza
ISTO? eminentemente preventiva, que, em seu conjunto, constituem um
Os investimentos e o custeio do SUS são feitos com campo de aplicação precípua do que se convencionou chamar,
recursos das três esferas de governo federal, estadual e tradicionalmente, de Saúde Pública, ou seja: o diagnóstico e
municipal. tratamento científico da comunidade.

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No campo da promoção, são exemplos de ações: transparecem tanto pela procura aos serviços (demanda), como
educação em saúde, bons padrões de alimentação e nutrição, pelos estudos epidemiológicos e sociais de cada região
adoção de estilos de vida saudáveis, uso adequado e (planejamento da produção de serviços).
desenvolvimento de aptidões e capacidades, O diagnóstico deve ser feito o mais precocemente
aconselhamentos específicos, como os de cunho genético e possível, assim como o tratamento deve ser instituído de
sexual. Através dessas ações, são estimuladas as práticas da imediato, de modo a deter a progressão da doença. Por isso,
ginástica e outros exercícios físicos, os hábitos de higiene os serviços de saúde, especialmente os de nível primário de
pessoal, domiciliar e ambiental e, em contrapartida, assistência, devem buscar o adequado desempenho dessas
desestimulados o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo, o duas ações fundamentais de recuperação da saúde - o
consumo de drogas, a promiscuidade sexual. No diagnóstico e o tratamento - visto que tais serviços
desenvolvimento dessas ações devem ser utilizados, de representam a porta de entrada do sistema de saúde, onde a
forma programática e sistemática, com emprego de população toma os seus primeiros contatos com a rede
linguagem adequada ao público-alvo, os diferentes meios e assistencial
veículos disponíveis de comunicação ao alcance da O tratamento deve ser prestado ao paciente portador de
comunidade: cartazes, rádio, jornal, televisão, alto-falantes, qualquer alteração de sua saúde, desde uma afecção
palestras e debates em escolas, associações de bairro, corriqueira, cujo atendimento pode ser efetuado por pessoal
igrejas. empresas, clubes de serviço e lazer, dentre outros. de nível elementar, até uma doença mais complexa, que
No campo da proteção, são exemplos de ações: exige a atenção por profissional especializado e tecnologia
vigilância epidemiológica, vacinações, saneamento básico, avançada.
vigilância sanitária, exames médicos e odontológicos O tratamento deve ser conduzido, desde o início , com a
periódicos, entre outros. Através da vigilância epidemiológica, preocupação de impedir o surgimento de eventuais
são obtidas as informações para conhecer e acompanhar, a incapacidades decorrentes das diferentes doenças e danos.
todo momento, o estado de saúde da comunidade e para A reabilitação consiste na recuperação parcial ou total
desencadear, oportunamente, as medidas dirigidas à das capacidades no processo de doença e na reintegração do
prevenção e ao controle das doenças e agravos à saúde. indivíduo ao seu ambiente social e a sua atividade
A vigilância sanitária busca garantir a qualidade de profissional. Com essa finalidade, são utilizados não só os
serviços, meio ambiente de trabalho e produtos (alimentos, serviços hospitalares como os comunitários, visando a
medicamentos cosméticos, saneantes domissanitários, reeducação e treinamento, ao reemprego do reabilitado ou à
agrotóxicos e outros), mediante a identificação, o controle ou sua colocação seletiva, através de programas específicos
a eliminação de fatores de risco à saúde, neles junto ás indústrias e ao comércio, para a absorção dessa
eventualmente presentes. São exemplos de serviços sujeitos mão-de-obra.
à vigilância sanitária: unidades de saúde, restaurantes, As ações de recuperação da saúde, na maior parte das
academias de ginástica, institutos de beleza, piscinas vezes podem e devem ser planejadas, através de estudos
públicas, etc. No meio ambiente, a vigilância sanitária epidemiológicos, definição de cobertura e concentração das
procura evitar ou controlar a poluição do ar, do solo, da água, ações ambulatoriais e hospitalares, aplicando-se parâmetros
a contaminação por agrotóxicos, o uso do mercúrio nos de atendimento. No caso da atenção a grupos de risco, a
garimpos, etc. Nos locais de trabalho, a vigilância sanitária previsão e planejamento destas ações tornam-se imperiosas,
preocupa-se, por exemplo em assegurar condições e conjugadas às ações de promoção e proteção.
ambientais satisfatórias (iluminação, temperatura, umidade, Assim vistas, as ações de recuperação da saúde devem
ventilação, nível sonoro), adequação ergométrica de ser também geradas no diagnóstico e tratamento científico da
máquinas, equipamentos e móveis e eliminação de comunidade, integrando, junto às ações promotoras e
substâncias e produtos que podem provocar doenças protetoras, o que podemos chamar de moderna Saúde
ocupacionais. Em relação aos produtos, a vigilância sanitária Pública.
não se limita apenas à fiscalização dos artigos já expostos ao
consumo, mas efetua, com prioridade, a inspeção sanitária e PROGRAMAS DE SAÚDE
técnica das respectivas linhas de fabricação, de modo a evitar Existem grupos populacionais que estão mais expostos a
a sua comercialização em condições insatisfatórias de riscos na sua saúde. Isto é evidenciado pelos registros
segurança e qualidade. disponíveis de morbimortalidade, como por exemplo, menores
Todos esses grupos de ações geralmente têm o suporte de 01 ano, gestantes, idosos, trabalhadores urbanos e rurais
de legislação específica, na qual são inseridas as normas e sob certas condições de trabalho, etc.
regulamentos de proteção à saúde, com vistas à sua A intensidade e a peculiaridade dessa exposição variam
observância por todos. bastante com os níveis sociais e características
Todas as ações de promoção e proteção da saúde acima epidemiológicas de cada região, e muitas vezes, da
descritas, podem e devem ser exercidas (ou desencadeadas), microrregião.
também, durante o atendimento nas unidades de saúde, A exposição a riscos pode também ser vista e entendida
ambulatoriais e hospitalares, com objetivos e técnicas em função de cada doença, como no caso da Tuberculose,
adequados a estes locais. Câncer, Hanseníase,
Doenças Cardiovasculares, AIDS e outras. Portanto,
Ações de recuperação - esse grupo de ações envolve no planejamento da produção das ações de educação em
o diagnóstico e o tratamento de doenças, acidentes e saúde e de vigilância epidemiológica, vigilância sanitária.
danos de toda natureza, a limitação da invalidez e a controle de vetores e atendimento ambulatorial e
reabilitação. Essas ações são exercidas pelos serviços hospitalar, devem ser normatizados alguns procedimentos
públicos de saúde (ambulatoriais e hospitalares) e, de a serem dirigidos especialmente a situações de risco, com
forma complementar, pelos serviços particulares, a finalidade de intensificar a promoção, proteção e
contratados ou conveniados, que integram a rede do SUS, recuperação da saúde.
nos níveis federal, estadual e municipal, particularmente Daí vem o conceito e prática dos programas de saúde,
nos dois últimos, onde deve estar concentrada a maior que são parte da produção geral das ações de saúde pelas
parte dessas atividades. instituições, unidades e profissionais da área.
De todo modo, nesses serviços as ações típicas são: Como tal, os programas de Saúde são eficientes para a
consultas médicas e odontológicas, a vacinação, o atendimento população-alvo, somente quando as normas nacionais e
de enfermagem, exames diagnósticos e o tratamento, inclusive estaduais respeitam as condições sociais, epidemiológicas.
em regime de internação, e em todos os níveis de complexidade. institucionais e culturais existentes ao nível regional ou
A realização de todas essas ações para a população deve microrregional, passando por adaptações e até recriações
corresponder às suas necessidades básicas, e estas nestes níveis.

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SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE Um de seus objetivos básicos, na concepção do Sistema


Único de Saúde (SUS), é possibilitar a análise da situação de
A informação é instrumento essencial para a tomada de saúde no nível local tomando como referencial microrregiões
decisões. Nesta perspectiva, representa imprescindível homogêneas e considerando, necessariamente, as condições de
ferramenta à vigilância epidemiológica, por constituir fator vida da população na determinação do processo saúde-doença.
desencadeador do processo “informação-decisão-ação”, O nível local tem, então, responsabilidade não apenas
tríade que sintetiza a dinâmica de suas atividades que, como com a alimentação do sistema de informação em saúde, mas
se sabe, devem ser iniciadas a partir da informação de um também com sua organização e gestão.
indício ou suspeita de caso de alguma doença ou agravo. Deste modo, outro aspecto de particular importância é a
concepção do sistema de informação, que deve ser
Dado - é definido como “um valor quantitativo referente a hierarquizado e cujo fluxo ascendente dos dados ocorra de
um fato ou circunstância”, “o número bruto que ainda não modo inversamente proporcional à agregação geográfica, ou
sofreu qualquer espécie de tratamento estatístico”, ou “a seja, no nível local faz-se necessário dispor, para as análises
matéria-prima da produção de informação”. epidemiológicas, de maior número de variáveis.
Felizmente, os atuais recursos do processamento
Informação - é entendida como “o conhecimento obtido a eletrônico estão sendo amplamente utilizados pelos sistemas
partir dos dados”, “o dado trabalhado” ou “o resultado da de informação em saúde, aumentando sua eficiência na
análise e combinação de vários dados”, o que implica em medida em que possibilitam a obtenção e processamento de
interpretação, por parte do usuário. É “uma descrição de uma um volume de dados cada vez maior, além de permitirem a
situação real, associada a um referencial explicativo articulação entre diferentes subsistemas.
sistemático”. Entre os sistemas nacionais de informação em saúde
Não se deve perder de vista que a informação em saúde existentes, alguns se destacam em razão de sua maior
é o esteio para a gestão dos serviços, pois orienta a relevância para a vigilância epidemiológica:
implantação, acompanhamento e avaliação dos modelos de
atenção à saúde e das ações de prevenção e controle de SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE
doenças. NOTIFICAÇÃO (SINAN)
São também de interesse dados/informações produzidos O mais importante sistema para a vigilância
extra setorialmente, cabendo aos gestores do Sistema a epidemiológica foi desenvolvido entre 1990 e 1993, visando
articulação com os diversos órgãos que os produzem, de sanar as dificuldades do Sistema de Notificação Compulsória
modo a complementar e estabelecer um fluxo regular de de Doenças (SNCD) e substituí-lo, tendo em vista o razoável
informação em cada nível do setor saúde. grau de informatização disponível no país.
Oportunidade, atualidade, disponibilidade e cobertura são O Sinan foi concebido pelo Centro Nacional de
características que determinam a qualidade da informação, Epidemiologia para ser operado a partir das unidades de saúde,
fundamentais para que todo o Sistema de Vigilância considerando o objetivo de coletar e processar dados sobre
Epidemiológica apresente bom desempenho. Dependem da agravos de notificação em todo o território nacional, desde o nível
concepção apresentada pelo Sistema de Informação em local.
Saúde (SIS), e sua sensibilidade para captar o mais É alimentado, principalmente, pela notificação e
precocemente possível as alterações que podem ocorrer no investigação de casos de doenças e agravos constantes da
perfil de morbimortalidade de uma área, e também da lista nacional de doenças de notificação compulsória, mas é
organização e cobertura das atividades desenvolvidas pela facultado a estados e municípios incluir outros problemas de
vigilância epidemiológica. saúde regionalmente importantes.
Por isso, o número de doenças e agravos contemplados
Entende-se sistema como o “conjunto integrado de pelo Sinan, vem aumentando progressivamente desde seu
partes que se articulam para uma finalidade comum.” processo de implementação, em 1993, sem relação direta
com a compulsoriedade nacional da notificação, expressando
Para sistema de informação existem várias definições, as diferenças regionais de perfis de morbidade registradas no
tais como: Sistema.
- “conjunto de unidades de produção, análise e Preconiza-se que em todas as instâncias os dados
divulgação de dados que atuam integradas e articuladamente aportados pelo Sinan sejam consolidados e analisados e que
com o propósito de atender às demandas para o qual foi haja uma retroalimentação dos níveis que o precederam,
concebido”; além de sua redistribuição, segundo local de residência dos
- “reunião de pessoas e máquinas, com vistas à obtenção pacientes objetos das notificações.
e processamento de dados que atendam à necessidade de No nível federal, os dados do Sinan são processados,
informação da instituição que o implementa”; analisados juntamente com aqueles que chegam por outras
- “conjunto de estruturas administrativas e unidades de vias e divulgados pelo Boletim Epidemiológico do SUS e
produção, perfeitamente articuladas, com vistas à obtenção de informes epidemiológicos eletrônicos, disponibilizados no
dados mediante o seu registro, coleta, processamento, análise, site www.saude.gov.br.
transformação em informação e oportuna divulgação”. A partir da alimentação do banco de dados do Sinan, pode-
Em síntese, um sistema de informação deve disponibilizar se calcular a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade,
o suporte necessário para que o planejamento, decisões e bem como realizar análises de acordo com as características de
ações dos gestores, em determinado nível decisório pessoa, tempo e lugar, particularmente no que tange às doenças
(municipal, estadual e federal), não se baseie em dados transmissíveis de notificação obrigatória, além de outros
subjetivos, conhecimentos ultrapassados ou conjecturas. indicadores epidemiológicos e operacionais utilizados para as
O SIS é parte dos sistemas de saúde; como tal, integra avaliações local, municipal, estadual e nacional.
suas estruturas organizacionais e contribui para sua missão. As informações da ficha de investigação possibilitam
É constituído por vários subsistemas e tem como maior conhecimento acerca da situação epidemiológica do
propósito geral facilitar a formulação e avaliação das políticas, agravo investigado, fontes de infecção, modo de transmissão
planos e programas de saúde, subsidiando o processo de e identificação de áreas de risco, dentre outros importantes
tomada de decisões. dados para o desencadeamento das atividades de controle.
Para tanto, deve contar com os requisitos técnicos e A disponibilidade de dados, simplicidade técnica,
profissionais necessários ao planejamento, coordenação e uniformidade, sinteticidade e poder discriminatório são
supervisão das atividades relativas à coleta, registro, requisitos básicos para sua elaboração.
processamento, análise, apresentação e difusão de dados e Os indicadores de saúde refletem o estado de saúde da
geração de informações. população de determinada comunidade.

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SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE MORTALIDADE SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS


(SIM) VIVOS (SINASC)
Criado em 1975, este sistema iniciou sua fase de O número de nascidos vivos constitui relevante
descentralização em 1991, dispondo de dados informatizados informação para o campo da saúde pública, pois possibilita a
a partir de 1979. constituição de indicadores voltados para a avaliação de
Seu instrumento padronizado de coleta de dados é a riscos à saúde do segmento materno-infantil, a exemplo dos
Declaração de Óbito (DO), impressa em três vias coloridas, coeficientes de mortalidade infantil e materna, nos quais
cuja emissão e distribuição para os estados, em séries pré- representa o denominador.
numeradas, é de competência exclusiva do Ministério da Antes da implantação do Sinasc, em 1990, esta
Saúde. informação só era conhecida no Brasil por estimativas
Para os municípios, a distribuição fica a cargo das realizadas a partir da informação censitária. Atualmente, são
secretarias estaduais de saúde, devendo as secretarias disponibilizados pela SVS, no site www.datasus.gov.br, dados
municipais se responsabilizarem por seu controle e distribuição do Sinasc referentes aos anos de 1994 em diante.
Entretanto, até o presente momento, só pode ser utilizado
entre os profissionais médicos e instituições que a utilizem, bem
como denominador, no cálculo de alguns indicadores, em
como pelo recolhimento das primeiras vias em hospitais e
regiões onde sua cobertura é ampla, substituindo deste modo
cartórios.
as estimativas censitárias.
O preenchimento da DO deve ser realizado
O Sinasc tem como instrumento padronizado de coleta de
exclusivamente por médicos, exceto em locais onde não dados a Declaração de Nascido Vivo (DN), cuja emissão, a
existam, situação na qual poderá ser preenchida por oficiais exemplo da DO, é de competência exclusiva do Ministério da
de Cartórios de Registro Civil, assinada por duas Saúde.
testemunhas. Tanto a emissão da DN como o seu registro em cartório
A obrigatoriedade de seu preenchimento, para todo óbito serão realizados no município de ocorrência do nascimento.
ocorrido, é determinada pela Lei Federal n° 6.015/73. A obrigatoriedade desse registro é também dada pela Lei
O registro do óbito deve ser feito no local de ocorrência n° 6.015/73. No caso de gravidez múltipla, deve ser
do evento. preenchida uma DN para cada criança nascida viva.
Embora o local de residência seja a informação Nos partos domiciliares sem assistência médica, a DN
comumente mais utilizada, na maioria das análises do setor será preenchida no Cartório de Registro Civil, que reterá a
saúde a ocorrência é fator importante no planejamento de primeira via, a ser recolhida pela SMS, e a segunda, para
algumas medidas de controle, como, por exemplo, no caso seus arquivos.
dos acidentes de trânsito e doenças infecciosas que exijam a Na maioria das vezes, como denominador para o cálculo
adoção de medidas de controle no local de ocorrência. de taxas como as de mortalidade infantil e materna, por
Os óbitos ocorridos fora do local de residência serão exemplo. Apesar disso, alguns indicadores vêm sendo
redistribuídos, quando do fechamento das estatísticas, pelas propostos - a grande maioria voltada à avaliação de risco da
secretarias estaduais e Ministério da Saúde, permitindo, mortalidade infantil e a qualidade da rede de atenção à
assim, o acesso aos dados tanto por ocorrência como por gravidez e ao parto. Entre os indicadores de interesse para a
residência do falecido. atenção à saúde materno-infantil, são imprescindíveis as
O SIM constitui importante elemento para o Sistema informações contidas na DN: proporção de nascidos vivos de
Nacional de Vigilância Epidemiológica, tanto como fonte baixo peso, proporção de nascimentos prematuros, proporção
principal de dados, quando há falhas de registro de casos no de partos hospitalares, proporção de nascidos vivos por faixa
Sinan, quanto como fonte complementar, por também dispor etária da mãe, valores do índice Apgar no primeiro e quinto
de informações sobre as características de pessoa, tempo e minutos, número de consultas pré-natal realizadas para cada
lugar, assistência prestada ao paciente, causas básicas e nascido vivo, dentre outros.
associadas de óbito, extremamente relevantes e muito Além desses, podem ainda ser calculados indicadores
utilizadas no diagnóstico da situação de saúde da população. clássicos voltados à caracterização geral de uma população,
como a taxa bruta de natalidade e a taxa de fecundidade geral.
As informações obtidas pela DO também possibilitam o
delineamento do perfil de morbidade de uma área, no que diz
SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES
respeito às doenças mais letais e às doenças crônicas não
(SIH/SUS)
sujeitas à notificação compulsória, representando,
O SIH/SUS, que possui dados informatizados desde
praticamente, a única fonte regular de dados. 1984, não foi concebido sob a lógica epidemiológica, mas sim
Nos óbitos por causas naturais em localidades sem com o propósito de operar o sistema de pagamento de
médicos, o responsável pelo falecido, acompanhado de duas internação dos hospitais contratados pelo Ministério da
testemunhas, comparecerá ao Cartório de Registro Civil onde Previdência.
será preenchida a DO. Posteriormente, foi estendido aos hospitais filantrópicos,
Nos óbitos por causas acidentais ou violentas, o médico universitários e de ensino e aos hospitais públicos municipais,
legista do Instituto Médico-Legal (IML) deverá preencher a estaduais e federais. Nesse último caso, somente aos da
DO (nos locais onde não exista IML um perito é designado administração indireta e de outros ministérios.
para tal finalidade), seguindo-se o mesmo fluxo adotado para Reúne informações de cerca de 70% dos internamentos
os hospitais. hospitalares realizados no país, tratando-se, portanto, de
As SMS realizarão a busca ativa dessas vias em todos os grande fonte das enfermidades que requerem internação,
hospitais e cartórios, evitando a perda de registro de óbitos no importante para o conhecimento da situação de saúde e
SIM, com consequente perfil irreal da mortalidade da sua área gestão de serviços.
de abrangência. Seu instrumento de coleta de dados é a Autorização de
A análise dos dados do SIM permite a construção de Internação Hospitalar (AIH), atualmente emitida pelos estados
importantes indicadores para o delineamento do perfil de a partir de uma série numérica única definida anualmente em
saúde de uma região. portaria ministerial. Este formulário contém, entre outros, os
Assim, a partir das informações contidas nesse Sistema, dados de atendimento, com os diagnósticos de
pode-se obter a mortalidade proporcional por causas, faixa internamento e alta (codificados de acordo com a CID),
etária, sexo, local de ocorrência e residência e letalidade de informações relativas às características de pessoa (idade
agravos dos quais se conheça a incidência, bem como taxas e sexo), tempo e lugar (procedência do paciente) das
de mortalidade geral, infantil, materna ou por qualquer outra internações, procedimentos realizados, valores pagos e
variável contida na DO, uma vez que são disponibilizadas dados cadastrais das unidades de saúde, que permitem
várias formas de cruzamento dos dados. sua utilização para fins epidemiológicos.

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O banco de dados do prestador envia as informações Quando da análise de seus dados, deve-se atentar para
para o Datasus, com cópia para a secretaria estadual de as questões relativas à cobertura, acesso, procedência e
saúde. fluxo dos usuários dos serviços de saúde.
Nos municípios em gestão plena de atenção básica, é o
estado que faz a gestão da rede hospitalar. OUTRAS IMPORTANTES FONTES DE DADOS
O banco de dados, correspondente ao cadastro de todas A depender das necessidades dos programas de controle
as unidades prestadoras de serviços hospitalares ao SUS de algumas doenças, outros sistemas de informação
credenciadas, é permanentemente atualizado sempre que há complementares foram desenvolvidos pelo Cenepi, tais como
credenciamento, descredenciamento ou qualquer modificação o FAD (Sistema de informação da febre amarela e dengue),
de alguma característica da unidade de saúde. que registra dados de infestação pelo Aedes aegypti, a nível
Os dados produzidos por este Sistema são amplamente municipal, e outros dados operacionais do programa.
disponibilizados pelo site www.datasus.gov.br e pela BBS Outros sistemas de informação que também podem ser
(Bulletin Board System) do Ministério da Saúde, além de úteis à vigilância epidemiológica, embora restritos a uma área
CDROM com produção mensal e anual consolidadas. de atuação muito específica, quer por não terem uma
O SIH/SUS foi desenvolvido para propiciar a elaboração abrangência nacional ou por não serem utilizados em todos
de alguns indicadores de avaliação de desempenho de os níveis de gestão, são:
unidades, além do acompanhamento dos números absolutos
relacionados à frequência de AIHs e que vêm sendo cada vez Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab)
mais utilizados pelos gestores para uma primeira Sistema de informação territorializado que coleta dados
aproximação da avaliação de cobertura de sua rede que possibilitam a construção de indicadores populacionais
hospitalar, e até para a priorização de ações de caráter referentes a áreas de abrangência bem delimitadas, cobertas
preventivo. Entre suas limitações encontram-se a cobertura pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde e
dos dados (que depende do grau de utilização e acesso da Programa Saúde da Família.
população aos serviços da rede pública própria, contratada e Sua base de dados possui três blocos: o cadastramento
conveniada ao SUS), ausência de críticas informatizadas, familiar (indicadores sociodemográficos dos indivíduos e de
possibilidade das informações pouco confiáveis sobre o saneamento básico dos domicílios); o acompanhamento de
endereço do paciente, distorções decorrentes de falsos grupos de risco (menores de dois anos, gestantes,
diagnósticos e menor número de internamentos que o hipertensos, diabéticos, pessoas com tuberculose e pessoas
necessário, em função das restrições de recursos federais – com hanseníase); e o registro de atividades, procedimentos e
problemas que podem resultar em vieses nas estimativas. notificações (produção e cobertura de ações e serviços
Apesar de todas as restrições, essa base de dados é de básicos, notificação de agravos, óbitos e hospitalizações).
extrema importância para o conhecimento do perfil dos Os níveis de agregação do SIAB são: micro área de
atendimentos na rede hospitalar. Adicionalmente, não pode atuação do agente comunitário de saúde (território onde
ser desprezada a agilidade do Sistema. Os dados por ele residem cerca de 150 famílias), área de abrangência da
aportados tornam-se disponíveis aos gestores em menos de equipe de Saúde da Família (território onde residem
um mês, e cerca de dois meses para a disponibilização do aproximadamente mil famílias), segmento, zonas urbana e
consolidado Brasil. Para a vigilância epidemiológica, rural, município, estado, regiões e país.
avaliação e controle de ações, esta é uma importante Assim, o Sistema possibilita a microlocalização de
qualidade para o estímulo à sua análise rotineira. problemas de saúde como, por exemplo, a identificação de
áreas com baixas coberturas vacinais ou altas taxas de
SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS DO prevalência de doenças (como tuberculose e hipertensão),
SUS (SIA/SUS) permitindo a espacialização das necessidades e respostas
Em 1991, o SIA/SUS foi formalmente implantado em todo sociais e constituindo-se em importante ferramenta para o
o território nacional como instrumento de ordenação do planejamento e avaliação das ações de vigilância da saúde.
pagamento dos serviços ambulatoriais (públicos e
conveniados), viabilizando aos gestores apenas a informação Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e
do gasto por natureza jurídica do prestador. Nutricional (Sisvan)
O total de consultas e exames realizados era fornecido Instrumento de políticas federais, focalizadas e
por outro sistema, de finalidade puramente estatística, cujo compensatórias. Atualmente, encontra-se implantado em
documento de entrada de dados era o Boletim de Serviços aproximadamente 1.600 municípios considerados de risco
Produzidos (BSP) e o único produto resultante, a para a mortalidade infantil. Disponibiliza informações sobre o
publicação Inamps em Dados. programa de recuperação de crianças desnutridas e
Embora tenha sofrido algumas alterações com vistas a gestantes sob risco nutricional.
um melhor controle e consistência de dados, o SIA/SUS
pouco mudou desde sua implantação. Sistema de Informações do Programa Nacional de
Por obedecer à lógica de pagamento por procedimento, não Imunização (SI-PNI)
registra o CID do(s) diagnóstico(s) dos pacientes e não pode ser Implantado em todos os municípios brasileiros, fornece
utilizado como informação epidemiológica, ou seja, seus dados dados relativos à cobertura vacinal de rotina e, em
não permitem delinear os perfis de morbidade da população, a campanhas, taxa de abandono e controle do envio de boletins
não ser pela inferência a partir dos serviços utilizados. de imunização. Além do módulo de avaliação do PNI, este
Entretanto, como sua unidade de registro de informações Sistema dispõe de um subsistema de estoque e distribuição
é o procedimento ambulatorial realizado, desagregado em de imunobiológicos para fins gerenciais.
atos profissionais, outros indicadores operacionais podem ser
importantes como complemento das análises Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da
epidemiológicas, por exemplo: número de consultas médicas Água para Consumo Humano (Siságua)
por habitante/ano; número de consultas médicas por Fornece informações sobre a qualidade da água para
consultório; número de exames/terapias realizados pelo consumo humano, proveniente dos sistemas público e
quantitativo de consultas médicas. privado, e soluções alternativas de abastecimento. Objetiva
Desde julho de 1994 as informações relacionadas a esse coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente,
sistema estão disponíveis no site www.datasus.gov.br. de forma a produzir informações necessárias à prática da
Ressalte-se como importante módulo o cadastramento de vigilância da qualidade da água de consumo humano
unidades ambulatoriais contratadas, conveniadas e da rede (avaliação da problemática da qualidade da água e definição
pública própria dos estados e municípios, bem como as de estratégias para prevenir e controlar os processos de sua
informações sobre profissionais por especialidade. deterioração e transmissão de enfermidades) por parte das

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secretarias municipais e estaduais de saúde, em O documento que ora apresentamos é produto da
cumprimento à Portaria nº 36/90, do Ministério da Saúde. contribuição de muitos que se envolveram na proposição da
Além das informações decorrentes dos sistemas descritos Política Nacional de Humanização.
existem outras grandes bases de dados de interesse para o O Ministério da Saúde entende que tem a
setor saúde, com padronização e abrangência nacionais. responsabilidade de ampliar esse debate, de sensibilizar
Entre elas destacam-se: Cadernos de Saúde e Rede outros segmentos e, principalmente, de tornar a humanização
Interagencial de Informação para a Saúde/Ripsa, da qual um uma política pública de saúde.
dos produtos é o IDB/Indicadores e Dados Básicos para a Humberto Costa
Saúde. Ministro da Saúde

POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO A EPIDEMIOLOGIA NA PRÁTICA


DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Documento base para Gestores e Trabalhadores do
A EPIDEMIOLOGIA E A ASSISTÊNCIA INTEGRAL À
SUS. SUS - Brasília - janeiro/2004
SAÚDE
O uso da epidemiologia nas práticas sanitárias não é
“A saúde é direito de todos e dever do Estado”.
novo, mesmo em nosso país.
Se, por um lado, o uso da epidemiologia na saúde pública
“A saúde é direito de todos e dever do Estado”. .Esta é
já trilhou em nosso país uma longa trajetória, por outro, deve
uma conquista do povo brasileiro. Toda conquista é,
existir uma preocupação de aprimorar a sua aplicação,
entretanto, resultado e início de um outro processo.
adequando-a a uma nova realidade, em que a organização
Em 1988, votamos a criação do Sistema Único de Saúde
dos serviços de saúde caminha para a descentralização.
(SUS). Com ele afirmamos a universalidade, a integralidade e
Para tanto, é indispensável a delimitação das áreas de
a equidade da atenção em saúde. Com ele também
aplicação da epidemiologia no Sistema Nacional de Saúde e,
apontamos para uma concepção de saúde que não se reduz
em particular, nos serviços locais de saúde.
à ausência de doença, mas a uma vida com qualidade.
O pressuposto para atingirmos tal objetivo é o
Muitas são as dimensões com as quais estamos
desenvolvimento e a implementação de programas de
comprometidos: prevenir, cuidar, proteger, tratar, recuperar,
formação e capacitação de epidemiologistas.
promover, enfim, produzir saúde.
Desde meados da década de 80, tem sido amplamente
Muitos são os desafios que aceitamos enfrentar quando
aceita a existência de quatro grandes áreas de aplicação da
estamos lidando com a defesa da vida, com a garantia do
epidemiologia nos serviços de saúde: Análise da situação de
direito à saúde. Neste percurso de 15 anos de SUS,
saúde; Identificação de perfis e fatores de risco; Avaliação
acompanhamos avanços que nos alegram, novas questões
epidemiológica de serviços e Vigilância em saúde pública.
que demandam outras respostas, mas também problemas
que persistem sem solução, impondo a urgência seja de Análise da situação de saúde
aperfeiçoamento do sistema, seja de mudança de rumos. A análise epidemiológica de indicadores demográficos e
Especialmente num país como o Brasil, com as profundas de morbimortalidade com o objetivo de elaborar os chamados
desigualdades socioeconômicas que ainda o caracterizam, o “diagnósticos de saúde” é uma prática antiga em nosso meio.
acesso aos serviços e aos bens de saúde com consequente Por vários motivos, nas últimas décadas essa atividade
responsabilização de acompanhamento das necessidades de foi sendo abandonada ou expressivamente reduzida no país,
cada usuário permanece com graves lacunas. com evidentes prejuízos ao adequado desempenho dos
A esse quadro acrescente-se a desvalorização dos serviços de saúde.
trabalhadores de saúde, expressiva precarização das Mais recentemente, a Organização Pan-Americana da
relações de trabalho, baixo investimento num processo de Saúde (OPAS) tem buscado a retomada dessa prática,
educação permanente desses trabalhadores, pouca incentivando a utilização mais ampla da epidemiologia por meio
participação na gestão dos serviços e frágil vínculo com os do acompanhamento e análise sistemática da evolução de
usuários. indicadores demográficos, sociais, econômicos e de saúde, para
Um dos aspectos que mais tem chamado a atenção melhor compreensão dos determinantes das condições de saúde
quando da avaliação dos serviços é o despreparo dos da população. Essa atividade tem recebido a denominação
profissionais para lidar com a dimensão subjetiva que toda “análise da situação de saúde”.
prática de saúde supõe. Ligado a esse aspecto, um outro que A simples observação da evolução de alguns indicadores
se destaca é a presença de modelos de gestão centralizados nos oferece uma ideia das profundas modificações ocorridas
e verticais desapropriando o trabalhador de seu próprio em nosso país nos últimos quinze anos e das repercussões
processo de trabalho. que essas mudanças deveriam determinar nas prioridades a
O cenário indica, então, a necessidade de mudanças. serem observadas pelas políticas implementadas pelo setor
Mudanças no modelo de atenção que não se farão, a nosso da saúde.
ver, sem mudanças no modelo de gestão. Esse quadro de contínuas modificações salienta a
Queremos um SUS com essas mudanças. relevância da capacitação dos serviços de saúde para a
Para isso, estamos construindo uma política que análise e interpretação desses indicadores à luz, por
nomeamos Política Nacional de Humanização da atenção exemplo, de conceitos como o de “transição epidemiológica”.
e gestão no Sistema Único de Saúde HumanizaSUS. Com fundamento nesse conceito, busca-se compreender
Por humanização entendemos a valorização dos diferentes as profundas mudanças que ocorreram nos padrões de
sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, morbimortalidade nas últimas décadas. Entre elas a queda da
trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam esta política mortalidade infantil e a significativa diminuição da
são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co- morbimortalidade pela doença diarreica, que repercutiram,
responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos por exemplo, no aumento da “esperança de vida”.
solidários e a participação coletiva no processo de gestão. A evolução desse cenário deve ser acompanhada com
Queremos um SUS humanizado. Entendemos que essa atenção por todos os profissionais que assessoram ou
tarefa nos convoca a todos: gestores, trabalhadores e decidem a respeito de políticas de saúde.
usuários. Queremos um SUS em todas as suas instâncias, Citaríamos, como exemplo, o processo de
programas e projetos comprometido com a humanização. envelhecimento da população e suas implicações nas
Queremos um SUS fortalecido em seu processo de características da demanda dos serviços de saúde, que
pactuação democrática e coletiva. geraram necessidades de desenvolvimento de novas
Enfim, queremos um SUS de todos e para todos. especialidades e de modificações da infraestrutura e
Queremos um SUS humanizado! equipamentos dos serviços de saúde.

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Em 1997, Monteiro e colaboradores elaboraram uma Avaliação epidemiológica de serviços
interessante análise a respeito da melhoria dos indicadores A avaliação de serviços de saúde pode ser feita de diversas
de saúde associados à pobreza no Brasil nos anos 90, os formas, mas, de maneira geral, leva em conta o acesso da
autores concluem que indicadores intimamente relacionados à população aos serviços e a cobertura oferecida (por exemplo:
pobreza - como a mortalidade infantil e a desnutrição nos proporção de crianças vacinadas; proporção de indivíduos
primeiros anos de vida - têm evoluído de forma continuamente atingidos por determinada doença que são tratados e
favorável nas duas últimas décadas em todo o país. acompanhados; proporção de gestantes inscritas e
Entretanto, há que se notar que os indicadores de saúde acompanhadas pelo programa, etc.), ou seja, a proporção da
observados nas áreas urbanas do Nordeste estão ainda população coberta por diferentes programas.
distantes daqueles observados nas cidades do Centro-Sul. É evidente que a cobertura somente será elevada se o
Além disso, pode-se observar que os progressos registrados acesso for amplo.
na área rural do Nordeste nas duas décadas são menores do O acesso pode ser medido em termos de distância,
que os observados na área rural do Centro-Sul, acarretando um tempo e custos. A avaliação da cobertura implica identificar
acirramento das desigualdades dessas regiões. tanto o denominador (população alvo residente na área de
Para que alcancemos melhores condições de saúde e abrangência dos serviços) como o numerador (número de
bem-estar para a população brasileira, quaisquer que sejam mulheres grávidas existentes e inscritas e acompanhadas,
as políticas de saúde implementadas daqui para a frente, elas número de crianças vacinadas, etc.).
deverão ser fundamentadas numa análise criteriosa da As informações utilizadas para o cálculo do denominador são
evolução desses indicadores, usando como instrumento para usualmente retiradas de dados da população do município ou
análise a epidemiologia. A introdução do acompanhamento de região, ao passo que as informações para o cálculo do
indicadores demográficos, sociais, econômicos e de saúde nas numerador são obtidas de publicações oficiais, do sistema
rotinas dos serviços locais e da análise periódica desses dados à rotineiro de informações, como, por exemplo, aqueles relativos a
luz do método epidemiológico, permitirá o aprimoramento da programas de saúde, vigilância ou, ainda, de levantamentos
aplicação dos recursos disponíveis e um maior impacto dos especiais.
programas desenvolvidos. A avaliação de um plano desenvolvido por um sistema
Neste ponto, vale salientar a necessidade de local de saúde pode ser efetuada verificando as atividades
diferenciarmos a análise da situação de saúde da vigilância previstas que foram implementadas com êxito. Outra maneira
em saúde pública, pois esta última - como veremos em item de efetuá-la é verificando o impacto do plano na evolução de
específico, mais à frente - preocupa-se exclusivamente com o indicadores de saúde ou na frequência dos agravos à saúde
acompanhamento de específicos eventos adversos à saúde contemplados pelo plano.
na comunidade, tendo em vista a agilização e aprimoramento Apresentando de forma simplificada o processo de
das ações que visam seu controle. avaliação de serviços, podemos apontar os seguintes passos:
A análise da situação de saúde, por sua vez, constitui uma selecionar indicadores mais apropriados, levando em conta
aplicação mais ampla da epidemiologia, pois analisa os objetivos do plano; quantificar metas a serem atingidas
continuamente indicadores demográficos, sociais, econômicos e com referência aos indicadores selecionados; coletar as
de saúde visando identificar os fatores determinantes do informações epidemiológicas necessárias; comparar os
processo saúde-doença, preocupando-se, portanto, não só com resultados alcançados em relação às metas estabelecidas e
a saúde da população, mas também com as condições de bem- revisar as estratégias, reformulando o plano, quando
estar da comunidade. Logo, a análise sistemática desses necessário.
indicadores constitui um instrumento fundamental para o A contribuição da epidemiologia para esse processo se
planejamento de políticas sociais do setor da saúde, campo não dá principalmente na seleção, construção e análise dos
abrangido pela vigilância. indicadores e na análise do impacto, em termos de
morbimortalidade, das doenças contempladas pelo plano.
Identificação de perfis e fatores de risco Em síntese, pode-se dizer que esse processo visa
A urbanização e a industrialização determinaram um estabelecer a efetividade e a eficiência dos serviços de
aumento da importância de uma série de riscos ambientais saúde, entendendo-se por eficiência a capacidade de um
(contaminação da água e do ambiente por pesticidas e metais programa de alcançar os resultados pretendidos
pesados, poluição do ar, riscos ocupacionais, etc.) e de despendendo um mínimo de recursos e efetividade como a
condicionantes sociais e culturais que podem contribuir positiva habilidade de um programa produzir os resultados esperados
ou negativamente para as condições de saúde das populações. nas condições de campo.
Por outro lado, o desenvolvimento de novas e sofisticadas É importante lembrar que a efetividade é um atributo
tecnologias médicas tem elevado sobremaneira o custo dos distinto de eficácia, que é medida pela capacidade de um
serviços, tornando indispensável a utilização racional dos programa produzir resultados em condições ideais.
recursos.
A epidemiologia pode ajudar a responder a esses novos INDICADORES DE SAÚDE
desafios por meio da avaliação dos fatores condicionantes do
processo saúde-doença, mediante a identificação de fatores “Indicadores de saúde são parâmetros utilizados
de risco e de grupos da população mais vulneráveis (grupos internacionalmente com o objetivo de avaliar, sob o ponto de
de risco) a determinados agravos à saúde (aspectos vista sanitário, a higidez de agregados humanos, bem como
conceituais e metodológicos a esse respeito serão abordados fornecer subsídios aos planejamentos de saúde, permitindo o
mais à frente, em capítulos específicos). acompanhamento das flutuações e tendências históricas do
Essa contribuição da epidemiologia torna possível o padrão sanitário de diferentes coletividades consideradas à
desenvolvimento de programas de saúde mais eficientes, mesma época ou da mesma coletividade em diversos
permitindo maior impacto das ações implementadas e períodos de tempo” (Rouquayrol, 1993).
voltadas à assistência integral à saúde. Em 1952, a Organização das Nações Unidas (ONU)
A utilização da epidemiologia nos serviços de saúde com convocou um grupo de trabalho com a finalidade de estudar
essa finalidade pressupõe: métodos satisfatórios para definir e avaliar o nível de vida de
ꞏ existência de núcleos de pesquisa em unidades de uma população. Esse grupo concluiu não ser possível utilizar
referência; um único índice que traduza o nível de vida de uma
ꞏ existência de programas de formação de epidemiologistas população; é preciso empregar abordagem pluralista,
com capacitação em técnicas quantitativas para a avaliação de considerando-se, para tanto, vários componentes passíveis
riscos e de associações causais que possam assessorar os de quantificação. Doze foram os componentes sugeridos:
gestores a aprimorar o planejamento e execução de programas saúde, incluindo condições demográficas; alimentos e
implementados pelos serviços de saúde. nutrição; educação, incluindo alfabetização e ensino técnico;

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condições de trabalho; situação em matéria de emprego; econômicos, financeiros, de produção, de recursos humanos,
consumo e economia gerais; transporte; moradia, com de qualidade da assistência propriamente dita, isto é,
inclusão de saneamento e instalações domésticas; vestuário; relacionados a determinadas doenças, auxiliam na avaliação
recreação; segurança social e liberdade humana. de programas e de serviços.
A definição de saúde da nossa Constituição de 1988 Indicadores devem evidenciar padrões relacionados à
também transcende a área estrita da saúde. estrutura, processo e resultado desejáveis de um sistema.
A utilização de indicadores de saúde permite o Indicadores fornecem uma base quantitativa para médicos,
estabelecimento de padrões, bem como o acompanhamento instituições prestadoras de serviços, fontes pagadoras e
de sua evolução ao longo dos anos. planejadores, como o objetivo de atingir melhoria da
Embora o uso de um único indicador isoladamente não assistência e dos processos relacionados à assistência.
possibilite o conhecimento da complexidade da realidade (International Society for Quality in Healthcare , 1999).
social, a associação de vários deles e, ainda, a comparação O encontro anual da International Society for Quality in
entre diferentes indicadores de distintas localidades facilita Healthcare (ISQUA) também aponta que indicadores devem
sua compreensão. incluir áreas de significância clínica para uma determinada
Para a Organização Mundial da Saúde, esses indicadores população, isto é, deverão focar situações clínicas relevantes;
gerais podem subdividir-se em três grupos: deverão referir-se a intercorrências ou complicações de um
1. Aqueles que tentam traduzir a saúde ou sua falta em procedimento importante, ou ainda deverão representar custo
um grupo populacional. Exemplos: razão de mortalidade elevado.
proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança de Ainda hoje, determinações precisas da qualidade da
vida ao nascer, coeficiente de mortalidade infantil, coeficiente assistência carecem de revisões sistemáticas, tanto de
de mortalidade por doenças transmissíveis; processos quanto de resultados. Conceitos como os de boa
2. aqueles que se referem às condições do meio e que prática, por mais clara que seja sua compreensão, são
têm influência sobre a saúde. Exemplo: saneamento básico; interpretados de maneiras diferentes. Há mais de uma boa
3. Aqueles que procuram medir os recursos materiais e prática possível e não se pode esquecer que o emprego da
humanos relacionados às atividades de saúde. Exemplos: boa prática não garante resultados adequados/satisfatórios.
número de unidades básicas de saúde, número de Para Mainz, indicadores podem ser usados para:
profissionais de saúde, número de leitos hospitalares e ꞏDocumentação da qualidade da assistência
número de consultas em relação à determinada população ꞏComparação entre instituições e dentro de uma mesma
(Laurenti e cols., 1987). ao longo do tempo
Dadas às inúmeras definições de saúde, a imprecisão ꞏAvaliação
delas e a dificuldade de mensurá-la, os indicadores mais ꞏEstabelecimento de prioridades
empregados têm sido aqueles referentes à ausência de ꞏDemonstração da confiabilidade e transparência dos
saúde - razão de mortalidade proporcional, coeficiente geral serviços prestados frente à sociedade
de mortalidade, esperança de vida ao nascer, coeficiente de ꞏMelhoria contínua da qualidade
mortalidade infantil, coeficiente de mortalidade por doenças
específicas. CARACTERÍSTICAS
Esses indicadores são bastante abrangentes, embora Indicadores muitas vezes são apresentados sob a forma de
tenham sido utilizados para comparar países em diferentes taxas e existe um intervalo definido para a vigilância de cada
estágios de desenvolvimento econômico e social. Há indicador. Alguns indicadores referem-se a eventos corriqueiros e
necessidade de desenvolvimento de indicadores mais outros, a eventos indesejáveis, que nunca deveriam ter ocorrido -
específicos e capazes de traduzir com fidedignidade a são os eventos sentinela (exemplo: casos de hepatite A repetidas
realidade e complexidade da saúde, apontando, quando vezes num mesmo bairro, queda de leito).
necessário, aspectos de maior interesse para uma dada Os indicadores avaliam estrutura, processo e resultado da
realidade. assistência médica. Relembrando as definições de
Considerando-se os serviços de saúde em geral, é Donabedian, estrutura refere-se a planta física, recursos
possível empregar indicadores que analisem as várias humanos e materiais disponíveis e características
dimensões da qualidade propostas por Donabedian (os sete organizacionais da instituição; processos dizem respeito às
pilares) - eficiência, eficácia, efetividade, otimização, atividades desenvolvidas na assistência médica propriamente
aceitabilidade, legitimidade e equidade. O enfoque tradicional dita; resultado significa o produto final da assistência, isto é,
considera principalmente a estrutura, objeto muito mais fácil envolve, além da satisfação do paciente, o impacto do
de ser caracterizado, avaliado e medido. A ênfase nos tratamento sobre o estado de saúde do paciente.
indicadores de resultados da assistência sempre foi uma Para Laurenti e colaboradores, há pré-requisitos a
aspiração, mas esbarrava na necessidade de definição sobre observar quando da construção e seleção de indicadores:
como construí-los. Sabe-se que resultados guardam íntima - a existência e disponibilidade de dados;
relação com os processos, mas esse conhecimento não basta - definições e procedimentos empregados para construir
para identificar indicadores apropriados. esses indicadores devem ser conhecidos, de modo a
A transposição desta categorização para programas, possibilitar comparação entre localidades ou organizações
como por exemplo, o de planejamento familiar, pode ser feita diferentes, ou na mesma, em períodos distintos;
da seguinte maneira (De Geyndt, 1995): - construção fácil, interpretação simples;
- estrutura: políticas existentes, recursos alocados, - reflexo do maior número possível de fatores que
gerenciamento dos programas; reconhecidamente influem no estado de saúde;
- processo: escolha dos métodos; informação fornecida - poder discriminatório, possibilitando comparações.
aos usuários; competência técnica; relações interpessoais; O indicador ideal deve detectar o maior número de casos
mecanismos de incentivo à continuidade; oferta adequada de em que existe um problema (no caso) de qualidade e o menor
serviços; número de casos possível em que haja problema de
- resultado: intermediários (desempenho) - novas qualidade. Ou seja, preferencialmente o indicador deve
adesões; taxa de continuidade e abandono; usuários atuais; apresentar alta sensibilidade e alta especificidade.
conhecimento do cliente; saúde dos clientes; satisfação do Exemplo: alta rotatividade de profissionais num
cliente; determinado serviço de saúde.
- resultado: final (demográfico) - taxa de fertilidade; O indicador deve ser escolhido de modo a apontar
nascimentos evitados; crescimento da população. problemas de qualidade relevantes para os tomadores de
Indicadores podem e devem ser utilizados como decisão ou para os envolvidos na situação em estudo.
ferramentas para auxiliar o gerenciamento da qualidade. Exemplo: elevado número de atestados de óbito por causa
Indicadores de saúde da população associados a indicadores mal definida.

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Para cada realidade, é preciso examinar os indicadores A definição e escolha deverão ser feitas por meio de
mais apropriados para atender às necessidades daquele consenso que garanta um mínimo de uniformidade. Neste
serviço. A sua escolha deve basear-se ainda na aprovação do sentido, devem-se utilizar boas práticas (medicina baseada
grupo que deverá utilizá-los, isto é, em se tratando de um em evidências, meta-análise etc.) e ainda obter consenso
indicador clínico, deverá atender às expectativas dos médicos entre os profissionais envolvidos.
da especialidade; caso se refira à assistência à saúde, deverá
ser escolhido e aprovado pelo grupo de sanitaristas INDICADORES E TOMADA DE DECISÃO
envolvidos. Para que um indicador possa ser utilizado na tomada de
Especialistas reconhecidos e considerados legítimos decisão, é preciso conhecer o que está por trás dele: seu
deverão participar da seleção de indicadores em cada uma numerador, denominador, o objetivo da mensuração, o que
das áreas abordadas. Com isso, pretende-se que os ele mostra o que ele esconde e qual a sua fidedignidade.
indicadores, passando pelo crivo técnico-científico, possam Dificilmente um indicador, de forma isolada, será capaz de
ser mais facilmente aceitos pela equipe. dar conta da realidade; é muito mais provável que um grupo
Resumidamente, pode-se falar em características deles, juntos, espelhe uma determinada situação. Sua
desejáveis de um indicador (Mainz). contextualização adequada no tempo e no espaço deve ser
- Especificidade - associação clara a um determinado feita para evitar conclusões ou até mesmo ações
evento. inadequadas. Assim sendo, ao olharmos a taxa de cesáreas
- Validade - baseado em definições condensadas, sendo de um determinado município, não basta apenas verificar se
submetido a validação para a realidade em questão. ela é “alta” ou “baixa”, mas é preciso saber ainda em que
- Poder discriminatório - associação clara entre o que se condições os partos normais se dão e qual a taxa de
está medindo e o que se quer medir. mortalidade perinatal, para se tiver ideia do acerto das
- Ajuste de risco - permitindo, assim, comparações. indicações.
- Comparabilidade. Para garantir o acesso a um conjunto de indicadores,
- Evolução ao longo do uso - possibilidade de sobretudo no que diz respeito ao apoio à decisão, é
aprimoramento do indicador. fundamental a existência de sistema de informação capaz de
- Significância ou mesmo relevância para o que se quer propiciar maiores e melhores elementos para a construção e
medir. uso de indicadores. Dados simplesmente não correspondem
- Aceitação - por parte dos vários envolvidos em sua à informação, devendo ser trabalhados para permitir que
análise e uso. deles sejam extraídas as informações necessárias. Dados
- Facilidade na coleta dos dados - factibilidade. incompletos ou não confiáveis, falta de interesse por parte
- Adequação para realidade social, econômica e cultural. dos envolvidos na coleta, análise e uso, faltam de
- Respeito à confidencialidade das informações do reconhecimento da importância de seu uso são fatores
paciente. determinantes para o mau uso de indicadores. Pensar hoje no
- Custo-efetividade. emprego de indicadores como uma boa ferramenta de gestão
- Disponibilização para o público - desde que seja implica, necessariamente, em acesso a dados e facilidade no
minuciosamente testado e validado. seu manuseio.
Para que um sistema de indicadores seja efetivamente
SELEÇÃO, DESENVOLVIMENTO E MONITORAMENTO implementado é preciso:
DE INDICADORES. - definir o que se quer medir
Usa-se dizer que os indicadores a serem selecionados - verificar os indicadores preconizados pela literatura ou
devem obedecer aos pré-requisitos citados anteriormente e adotados em outros locais
observar as características descritas. Da mesma forma, - verificar a possibilidade de coleta de dados de forma
dificilmente monitorar indicadores será a primeira atividade a fácil
se desenvolver no início de um trabalho baseado no - validar o uso dos indicadores escolhidos para a
gerenciamento da qualidade. Normalmente, é preciso passar realidade proposta, incluindo o consenso entre os envolvidos.
por processos anteriores, de modo a alcançar um patamar - definir os responsáveis pela coleta e pela análise
mínimo em termos de familiaridade com as ferramentas e - estabelecer a sistemática de análise e monitoramento
práticas sugeridas por esse tipo de gerenciamento, para, num dos indicadores
momento posterior, realizar o acompanhamento do trabalho - estabelecer mecanismo de garantia de uso dos
iniciado por meio de indicadores. No entanto, o indicadores para tomada de decisão ou para mudança de
desenvolvimento de indicadores ou de práticas de práticas.
monitoramento pode ser iniciado assim que parecer
conveniente, sendo os “pré-requisitos” introduzidos a INDICADORES E AVALIAÇÃO
qualquer momento do processo. Indicadores de estrutura
Muitos são os dados e os indicadores disponíveis. No Avaliação tecnológica
entanto, nem sempre eles atendem às necessidades A avaliação tecnológica em saúde tem sua origem na
específicas de uma determinada realidade. Nesse caso, será racionalização do uso das tecnologias, dados os crescentes
preciso fazer um levantamento minucioso dessa dada custos e recursos escassos. É preciso, assim, combinar os
realidade e, a partir dela, desenvolver indicadores mais objetivos, os recursos econômicos disponíveis e as
adequados para um uso específico. No entanto, a quantidade necessidades.
de indicadores já existentes é impressionante. Talvez fosse Avaliação de tecnologia em saúde é uma forma de
útil procurar saber o que já existe, utilizando um dos preceitos pesquisa de cunho político-econômico que examina
das teorias da qualidade, o do conhecimento profundo acerca consequências sociais, econômicas, éticas e/ou legais a curto
da realidade. e em longo prazo da utilização/incorporação de determinada
Idealmente, a opção por monitorar indicadores deve ser tecnologia. O ponto inicial para sua realização encontra-se no
feita após o levantamento de problemas e durante a planejamento, a partir de critérios que levem ao delineamento
implementação de possíveis soluções. Por exemplo, no caso de políticas e à tomada de decisão. Para tanto, é preciso
do monitoramento de taxa de infecção hospitalar, vale considerar as consequências das tecnologias, as crescentes
lembrar que isso costuma ser feito após o início das necessidades de cuidados de saúde e as rápidas
atividades de um serviço de controle de infecção hospitalar. transformações tecnológicas. A finalidade é verificar os
Isto é, um passo fundamental e básico é dado anteriormente, efeitos da introdução de determinada tecnologia, de sua
de modo a permitir o uso de indicadores e que este se torne extensão ou modificação, enfatizando, sobretudo, os
uma das estratégias que garantam a continuidade do impactos esperados e os inesperados, indiretos ou
trabalho. prolongados.

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A tomada de decisão em tecnologia de saúde ocorre em Uma das questões mais trabalhadas para populações
duas esferas. Inicialmente, na esfera do planejamento, isto é, menos afeitas às discussões do setor da saúde, por exemplo,
consideram quais serão as tecnologias disponíveis e como é: se o número de leitos de determinado país, estado ou
elas estarão distribuídas - hospitais mais complexos, rede município é ou não suficiente.
como um todo, centralizadas em alguma região ou Neste caso, sempre a questão mais importante é:
descentralizadas, procedimentos etc. A outra esfera de “suficiente para fazer o quê?”. Países como o Canadá estão
decisão é a clínica, ou seja, como e quando uma tecnologia sendo citados como exemplos de locais em que a política
deve ser empregada. Aí, além da pertinência terapêutica, são preconiza a redução de leitos, que estão sendo substituídos
também discutidas a implicação econômica e a ética da por outras modalidades de assistência. No Brasil, há
utilização ou não de determinado recurso (acesso disponível municípios nos quais ainda se quer construir leitos, em vez
ou restrito). de, eventualmente reorientar os já existentes.
Essa avaliação deverá compreender elementos culturais, Por outro lado, também cabe observar as condições
sociais, econômicos, legais e políticos: é preciso analisar as físicas desses serviços. Não se pode ignorar que infiltração
necessidades dentro da sua realidade específica. As no edifício falta de manutenção, infraestrutura hidráulica e
tecnologias a serem avaliadas são, entre outras, os elétrica é importante na real disponibilidade da estrutura
medicamentos, os equipamentos e correlatos, os existente.
procedimentos médico-cirúrgicos e o sistema organizacional e Raciocínio análogo deve ser utilizado para os
de apoio. Assim, trata-se de tecnologias incorporadas (em equipamentos. Quanto à alta complexidade, os indicadores
produtos) e não incorporadas (em conhecimento, como nos de existência de tomógrafos ou de ressonâncias magnéticas
procedimentos). Os usuários das informações decorrentes do por população do Brasil estão entre os maiores do mundo.
processo avalia tório podem ser os formuladores de políticas, No entanto, as perguntas que cabe fazer são: para quem
as indústrias de desenvolvimento de produtos, os eles estão disponíveis (se para a população SUS ou não,
profissionais de saúde e os próprios consumidores. Nesse lembrando que, oficialmente no Brasil, até o início de 1998, o
caso, o processo tem como âmbito a sociedade. SUS não remunerava exames de ressonância magnética,
A responsabilidade por esse tipo de avaliação poderá ser embora se computem, entre as estatísticas desse sistema, os
atribuída a todos os tomadores de decisão envolvidos direta exames desse tipo realizados), em que condições de
ou indiretamente no setor da saúde, em diferentes níveis, por obsolescência e manutenção eles se encontram, e se, onde
meio de ações coordenadas e integradas. Muitos países eles estão de fato há profissionais habilitados para operá-los.
desenvolvidos utilizam esse tipo de procedimento,
enfatizando diferentes aspectos, desde a segurança e Indicadores de processo
eficácia do emprego da tecnologia até os critérios da boa Processos administrativos
prática médica, entre outros. De modo geral, podem ser estabelecidas normas a serem
Algumas diretrizes deverão ser consideradas quando do seguidas a partir do estudo da racionalidade dos processos,
desenho de uma estratégia nacional para contemplar as isto é, considerando-se a maneira mais adequada de se fazer
demandas e ofertas em ciência e tecnologia. algo, desde a recepção do paciente em um serviço de saúde,
1. Ganhos para a saúde com a incorporação tecnológica, por exemplo, até o momento de sua alta, passando pela
seja em termos de redução de morbimortalidade, da melhoria melhor maneira de se realizar todos os processos
da qualidade de vida ou da diminuição dos anos potenciais de desenvolvidos nesse período de atendimento. Pode envolver
vida perdidos. normas para a gestão de recursos humanos, de materiais,
2. Alcance populacional da incorporação tecnológica, por contábil etc.
meio da identificação de sua extensão, potencial na Para garantir que essas normas sejam continuamente
promoção de saúde, prevenção ou tratamento de doenças. seguidas, pode-se lançar mão da certificação do seguimento
3. Impacto na redução da desigualdade em saúde nos dessas normas previamente estabelecidas (como é o caso da
diferentes grupos sociais e regiões. certificação pela ISO). Nesse caso, o serviço estabelece suas
próprias normas para desenrolá-lo de um determinado
Avaliação da capacidade instalada processo e a ISO nada faz além de verificar o seguimento do
A avaliação da capacidade instalada se refere a padrão estabelecido.
diagnosticar o potencial de estrutura com o qual se conta
numa dada localidade ou serviço. É utilizada tanto para Processo assistencial
calcular a produtividade potencial quanto as possibilidades de Muitos são os indicadores a serem utilizados, desde
aumento ou de instalação de novos programas. genéricos, envolvendo o processo assistencial, até
Costuma ser aferida em termos de check lists, nos quais indicadores específicos relacionados a determinadas
se contam número de salas, leitos, unidades, equipamentos doenças. Eventos adversos relacionados à assistência podem
etc. ser monitorados - erros de medicação, queda de leito, entre
Com frequência, essa análise desconsidera alguns outros.
elementos críticos, como horário de funcionamento, De modo geral, é importante o estabelecimento prévio do
basicamente dependente do pessoal contratado para a padrão a ser seguido, para então definir indicadores
realização dos trabalhos. relacionados aos padrões estabelecidos. Isto pode ser feito
Por exemplo, um centro cirúrgico pode ter salas utilizadas por meio de consensos clínicos que dão origem aos
24 horas por dia, numa unidade de emergência ou num protocolos clínicos, também abordados neste manual,
hospital privado cujos cirurgiões optem por realizar definindo-se, na sequência, o que será medido em cada um
intervenções em horários pouco convencionais, de oito a deles.
doze horas por dia em unidades em busca de aumento de Alguns exemplos da assistência hospitalar:
produtividade ou de quatro horas por dia em alguns serviços - pacientes tratados seguindo diretrizes clínicas pré-
públicos, nos quais os médicos não estejam presentes além estabelecidas;
dessa carga horária. - pacientes com infarto agudo do miocárdio que
A existência ou não de pessoal contratado, em número e receberam trombolítico;
com a qualificação requerida, interfere na capacidade - tempo de atendimento e medicação ao infartado (“door
instalada, no mínimo apontando para necessidades de to needletime”);
contratação ou de treinamento. - pacientes submetidos à anestesia que realizaram
A mesma abordagem pode ser feita para serviços nos avaliação pré-anestésica.
quais se queira implantar um programa novo. É necessário Indicadores do processo assistencial e administrativo
saber não apenas se existem consultórios em número relacionados ao Programa de Saúde da Família poderiam
suficiente, mas também se há gente para cumpri-los. englobar:

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- atividades relacionadas às doenças que o programa se Spilker sugere quatro categorias: estado físico e
propõe a atender: diabetes mellitus, hipertensão arterial, habilidades funcionais, estado psicológico e bem-estar,
tuberculose - prevenção, diagnóstico, tratamento e interações sociais e status econômico.
seguimento; Essas são apenas duas das várias definições que
- Atividades relacionadas à gerência do programa: acabam por apontar para os diversos aspectos a serem
planejamento do programa, treinamento das equipes, considerados quando se tenta compreender a complexidade
supervisão destas, gestão financeira; do termo ou suas implicações. Para construir a noção do que
- Atividades relacionadas à interação com a comunidade: dá qualidade à vida é preciso transitar nas várias esferas do
mobilização da população, adesão às atividades propostas indivíduo e das organizações, sem o que essa construção
pelos serviços de saúde; resulta incompleta.
- Intersetorialidade das ações - habitação, saneamento A imprecisão do conceito também pode estar relacionada
etc. à natureza qualitativa de muitos dos seus aspectos, mas, se
Mais adiante, neste capítulo, outros exemplos serão considerada a dimensão quantitativa envolvida, sua imagem
dados. pode se tornar mais clara. Dados como sobrevida,
expectativa de vida e mortalidade são resultados não muito
Indicadores de resultados sensíveis, porém importantes, da qualidade de vida. No
Resultados da Assistência entanto, ainda se debate sobre como garantir que os anos a
Considerando a influência do processo assistencial na mais obtidos tenham qualidade.
saúde do indivíduo como sendo o resultado da qualidade da Essa é uma das grandes questões para as decisões
assistência, os resultados indesejáveis das doenças podem referentes à tecnologia. Por exemplo, embora o indicador
ser (De Geyndt, 1995): mortalidade infantil ainda reflita condições sociais (inclusive
- óbito de acesso a serviços que pudessem reduzi-la), já recebe a
- doença influência da tecnologia utilizada sobre a criança.
- desconforto Com isso, cabe analisar as condições de vida da criança
- deficiências que não morreu no primeiro ano de vida devido à intervenção
- insatisfação. de algum equipamento de alta complexidade ao cabo de um
Neste sentido, alguns indicadores devem ser enfatizados: período para saber se o aumento do número de anos teve a
- mortalidade ver com vida de qualidade.
- morbidade Trata-se do fortalecimento da concepção social da
- estado funcional qualidade de vida, para a qual passam a ser considerados
- estado de Saúde vários indicadores que refletem diversos aspectos envolvidos
- capacidade para o trabalho (Papageorgiou apud Forattini, 1991):
- complicações - ambientais: qualidade da água, do ar e do solo,
- qualidade de vida domesticação e domiciliação, acidentalidade;
- satisfação do cliente. - habitacionais: disponibilidade espacial e condições de
habitação;
QUALIDADE DE VIDA - urbanos: concentração populacional, comunicação,
No pós-guerra, a ideia da qualidade de vida passou a ser transporte, segurança, poluição;
utilizada nos Estados Unidos associada à aquisição de bens - sanitários: assistência médica, morbidade, mortalidade;
materiais e seu impacto na vida das pessoas. - sociais: sistemas de classes, nível socioeconômico,
A evolução deste conceito está associada à necessidade consumo, necessidades, sexualidade, condições de trabalho,
de avaliar e justificar as intervenções realizadas (Ferraz, lazer, sistema político-administrativo.
1998). Pode-se, então, falar em fatores determinantes da
Desde a década de 40, observa-se um interesse qualidade de vida (Hornquist apud Forattini, 1991):
crescente na abordagem da qualidade de vida e, a partir do - orgânicos: saúde e estado funcional;
fim da década de 70, a preocupação com o tema passou a - psicológicos: identidade, autoestima, aprendizado;
fazer parte não apenas do mundo acadêmico, mas também - sociais: relacionamento, privacidade, sexualidade;
da agenda da saúde, de forma cada vez mais marcante. - comportamentais: hábitos, vida profissional, lazer;
As definições de saúde - desde aquela dada pela - materiais: economia privada, renda, habitação;
Organização Mundial de Saúde, caracterizando tratar-se de - estruturais: posição social, significado da própria vida.
“estado de completo bem-estar físico, psíquico e social e não
apenas a ausência de doença ou enfermidade” (OMS, 1958) - A incorporação da preocupação com a qualidade de vida
aponta para essa mudança de paradigma. na área da saúde de forma mais abrangente deu-se a partir
A Constituição brasileira de 1988 também aponta para a do impacto da transição epidemiológica, com o crescimento
mesma direção, associando saúde ao cumprimento de uma da população mais idosa e a importância crescente das
série de direitos de cidadania. doenças crônico-degenerativas frente às infectocontagiosas.
Ocupa cada vez mais espaço o conceito de qualidade de Uma das características de países do Terceiro Mundo é a
vida, inclusive nos últimos relatórios da OMS, em que, convivência de ambas entre os males que mais afligem a
principalmente, observam-se algumas tendências, como a de população. A abordagem desses aspectos - antes limitada à
fugir progressivamente dos grandes aglomerados urbanos, a epidemiologia, dentro da visão de saúde, e mais
luta por semanas de trabalho mais curtas, a retomada da vida recentemente à oncologia, dentro da visão de doença - vai
em família, entre outras. aos poucos se espalhando dentro do mundo da saúde,
Muitas podem ser as definições de qualidade de vida, reforçando a noção da multicausal idade, promovendo, assim,
uma vez que o conceito é abrangente e bastante elástico. Se mesmo que de maneira forçada, a percepção da interação
a obtenção de consenso na definição não é tarefa fácil, ainda dos diversos setores.
mais árdua é a discussão sobre como medi-la. Apesar das desigualdades, o desenvolvimento
Qualidade de vida está ainda relacionada à percepção do tecnológico permitiu sensível modificação na quantidade e na
indivíduo sobre o seu estado de saúde, considerando as qualidade de vida das populações. Isso pode ser dito também
diferentes dimensões de sua vida. em relação à saúde, fazendo com que os dados quantitativos
Wegner propôs uma definição tridimensional: capacidade isoladamente não mais sejam satisfatórios.
funcional, percepção e sintomas, subdivididos em rotina Aumento da expectativa de vida, entre outros aspectos,
diária, funcionamentos sociais, intelectuais e emocionais, não é suficiente, assim como o simples acesso a serviços de
status econômico e de saúde, bem-estar, satisfação com a saúde. É preciso que, por trás desses números, exista
vida e sintomas relacionados a doenças. consistência. Ou seja, não basta viver, é preciso viver bem.

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Para compreender a abrangência e a importância do Alguns aspectos referentes à educação poderiam aqui ser
tema, é necessário aproximar-se das expectativas do ressaltados, todos visando promover melhorias, sobretudo a
paciente, diminuir o abismo entre a visão dos provedores de longo prazo.
saúde e dos demais envolvidos no que possa vir a ser a Com isso, pode-se pensar no envolvimento de
qualidade de vida do cidadão e, ainda, reconhecer que cada organizações voltadas para a educação formal, grupos de
paciente é, antes de tudo, um cidadão. suporte para população de risco, passando pela modificação
Para os que traçam as políticas públicas, não é possível do sistema (hoje, nitidamente, um sistema de doença), para
deixar de considerar as análises de custo/beneficio e de transformá-lo num verdadeiro sistema de saúde, chegando
custo/utilidade inerentes à complexidade da qualidade de até mesmo a atuar no meio ambiente de modo global.
vida.
Vale lembrar aqui os conceitos das análises citadas: Satisfação do usuário
- custo/benefício - forma de avaliação econômica que A preocupação com a satisfação dos clientes, oriunda da
atribui valor em termos monetários para os benefícios ou indústria, com seus produtos, vem ganhando importância
resultados obtidos; crescente na área da saúde, não apenas devido à
- custo/utilidade - utilidade refere-se à sensação subjetiva competitividade verificada no setor privado (muito maior em
de bem-estar observada nos diferentes estados de saúde, países como os Estados Unidos), mas também e principalmente
podendo ser mensurável via questionários específicos; à tomada de consciência a respeito da condição de cidadãos e à
- custo/efetividade - análise utilizada quando diferentes luta constante pelo exercício da cidadania.
procedimentos técnicos levam a diferentes resultados e estes Falar em qualidade no setor da saúde não é coisa
podem ser mensurados. A cada procedimento, corresponde simples e falar em satisfação do usuário no setor público
um resultado e ainda um custo. parece tarefa desafiadora.
Hoje, considera-se a análise de custo/utilidade para Apesar das ponderações anteriores sobre a qualidade no
relacionar o custo de uma intervenção à qualidade ajustada setor público, em nossa realidade, a oferta de serviços não se
de anos de vida obtidos a partir dessa intervenção. Por outro dá de forma homogênea, inclusive quando se consideram
lado, boa parte dos pacientes opta por tratamentos que lhes serviços especializados e complexos, em que prevalece a
ofereçam melhor qualidade de vida, mesmo que isso implique falta de opção.
em reduzida sobrevida. Assim, muitas vezes o usuário nem sequer pode lançar
Consta que, no futuro, um dos papéis do profissional será mão da célebre frase “eu pago o seu salário” quando da
apresentar para os pacientes quais os cenários que eles terão reivindicação de melhor atendimento, por temer nem mesmo
frente às diferentes possibilidades de tratamento, custos, obter tal atendimento.
efeitos colaterais. A decisão caberá à dupla Caracterizada essa desigualdade de condições entre
paciente/profissional, com ênfase no componente paciente. prestadores e consumidores de saúde, muitas avaliações de
A mensuração da qualidade de vida deve incluir padrões satisfação poderão resultar distorcidas.
externos, além da abordagem individual. Há questionários Cliente ou usuário pode ser definido como alguém para
desenvolvidos para determinados grupos de pacientes, já quem é efetuado um trabalho ou aquele que recebe benefício
validados para pacientes brasileiros, aplicáveis, sobretudo a de determinado trabalho. Podemos classificá-lo em três
portadora de doenças crônicas, como é o caso da versão categorias.
brasileira do questionário SF 36, que vem sendo aplicada em 1. Usuários primários (usuários finais)
diferentes realidades. - pacientes
A Organização Mundial da Saúde desenvolveu - famílias
instrumento próprio, considerando a importância da qualidade - médicos
de vida na decisão clínica e na aprovação de pesquisas 2. Usuários secundários (pagadores ou reguladores)
relacionadas ao desenvolvimento de políticas específicas e - fontes pagadoras
de novos medicamentos. - reguladores
Pesquisas sobre qualidade de vida em diferentes 3. Usuários auxiliares (interessados)
realidades utilizando o mesmo instrumento propiciam - empregados
comparação de resultados, podendo contribuir para o estudo - supervisores
mais aprofundado dos determinantes deste processo - fornecedores
(WHOOL, 1995). - contratantes.
Apesar do crescente interesse pelo tema, o As necessidades podem ser serviços específicos
reconhecimento de sua importância não é homogêneo. requeridos (“eu preciso”) ou expectativas (“eu quero”), ou
Fitzpatrick et al. (1992) sugerem algumas aplicações das ainda referir-se ao valor agregado (“eu gostaria”).
medidas de qualidade de vida com o propósito de sensibilizar Já que qualidade também é superar as expectativas do
a classe médica: cliente, lidar com elas parece ser um importante passo para
- triagem e monitoramento de problemas psicossociais garantir maior competitividade. Contato constante com o
individuais usuário e um bom conhecimento do mercado propicia melhor
- pesquisas populacionais sobre percepção de problemas conhecimento dessas expectativas.
de saúde
- auditoria médica Avaliação da satisfação do usuário
- mensuração de resultados dos serviços de saúde ou Muitos são os serviços hoje preocupados em ampliar os
pesquisas avaliativas canais de comunicação com os seus usuários pelas mais
- pesquisa clínica diversas razões.
- análise de custo-utilidade Uma delas diz respeito ao fato de que é socialmente
Para fins deste manual, a promoção da saúde e inaceitável não demonstrar essa preocupação, mesmo que
programas envolvendo a qualidade de vida têm objetivos ela seja apenas cosmética, numa sociedade em que a opinião
semelhantes. Assim sendo, pode-se falar em programas pública considera fundamental que o usuário/cidadão seja
direcionados ao indivíduo ou ao ambiente. ouvido tanto pelos canais oficiais e políticos quanto pelas
Dentro dessa perspectiva, além das indispensáveis organizações cujos produtos e serviços utilizam.
medidas coletivas e populacionais, com a ampliação do Por outro lado, há instâncias que se dão conta da
conceito, também é possível atuar individualmente por meio necessidade de ouvir o usuário na tomada de decisões, pois sua
da educação, que também aqui desempenha papel relevante, opinião pode ter papel crucial nos destinos das organizações.
no sentido de fornecer aos cidadãos meios, instrumentos, A real contribuição da avaliação do usuário/paciente não
habilidades e o cultivo de valores que permitam melhor é clara, mas, aos poucos, ele vai sendo incluído nas mais
qualidade de vida. diversas discussões da área da saúde.

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- SAÚDE PÚBLICA -

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 IV -(revogado). (Redação dada pela Emenda


Constitucional nº 86, de 2015)
TÍTULO VIII - CAPÍTULO II § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde
Seção II - DA SAÚDE poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, combate às endemias por meio de processo seletivo público,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem de acordo com a natureza e complexidade de suas
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
promoção, proteção e recuperação. salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços Carreira e a regulamentação das atividades de agente
de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da comunitário de saúde e agente de combate às endemias,
lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e
terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
privado. § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um exerça funções equivalentes às de agente comunitário de
sistema único, organizado de acordo com as seguintes saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder
diretrizes: o cargo em caso de descumprimento dos requisitos
I - descentralização, com direção única em cada esfera específicos, fixados em lei, para o seu exercício.
de governo; § 7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e
II - atendimento integral, com prioridade para as dos agentes de combate às endemias fica sob
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços responsabilidade da União, e cabe aos Estados, ao Distrito
assistenciais; Federal e aos Municípios estabelecer, além de outros
III - participação da comunidade. consectários e vantagens, incentivos, auxílios, gratificações e
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos indenizações, a fim de valorizar o trabalho desses
termos do art. 195, com recursos do orçamento da profissionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal de 2022)
e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único § 8º Os recursos destinados ao pagamento do
renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos
2000) agentes de combate às endemias serão consignados no
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os orçamento geral da União com dotação própria e exclusiva.
Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação § 9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e
de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda dos agentes de combate às endemias não será inferior a 2
Constitucional nº 29, de 2000) (dois) salários mínimos, repassados pela União aos
I - no caso da União, a receita corrente líquida do Municípios, aos Estados e ao Distrito Federal. (Incluído pela
respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda § 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de
Constitucional nº 86, de 2015) combate às endemias terão também, em razão dos riscos
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto inerentes às funções desempenhadas, aposentadoria
da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos especial e, somado aos seus vencimentos, adicional de
recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e insalubridade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120,
inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos de 2022)
respectivos Municípios; § 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para
produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. pagamento do vencimento ou de qualquer outra vantagem
156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de
alínea b e § 3º. combate às endemias não serão objeto de inclusão no cálculo
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a para fins do limite de despesa com pessoal. (Incluído pela
cada cinco anos, estabelecerá: Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § § 12. Lei federal instituirá pisos salariais profissionais
2º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de nacionais para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o
2015) auxiliar de enfermagem e a parteira, a serem observados por
II – os critérios de rateio dos recursos da União pessoas jurídicas de direito público e de direito privado.
vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito (Incluído pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022)
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus § 13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução Municípios, até o final do exercício financeiro em que for
das disparidades regionais; publicada a lei de que trata o § 12 deste artigo, adequarão a
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das remuneração dos cargos ou dos respectivos planos de
despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e carreiras, quando houver, de modo a atender aos pisos
municipal; estabelecidos para cada categoria profissional. (Incluído
IV - (revogado). pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022)
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
cada cinco anos, estabelecerá: § 1º - As instituições privadas poderão participar de forma
I - os percentuais de que trata o § 2º; complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos § 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para
Municípios, objetivando a progressiva redução das auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
disparidades regionais; lucrativos.
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de
despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no
municipal; País, salvo nos casos previstos em lei.

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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos prestados por órgãos e instituições públicas federais,
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o
bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue Sistema Único de Saúde (SUS).
e seus derivados, sendo vedado todo tipo de § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as
comercialização. instituições públicas federais, estaduais e municipais de
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos,
outras atribuições, nos termos da lei: medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e equipamentos para saúde.
substâncias de interesse para a saúde e participar da § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema
produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.
hemoderivados e outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e CAPÍTULO I
epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; Dos Objetivos e Atribuições
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
saúde; I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes
IV - participar da formulação da política e da execução e determinantes da saúde;
das ações de saneamento básico; II - a formulação de política de saúde destinada a
V - incrementar, em sua área de atuação, o promover, nos campos econômico e social, a observância do
desenvolvimento científico e tecnológico e a disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de
85, de 2015) promoção, proteção e recuperação da saúde, com a
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o realização integrada das ações assistenciais e das atividades
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas preventivas.
para consumo humano; Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do
VII - participar do controle e fiscalização da produção, Sistema Único de Saúde (SUS):
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos I - a execução de ações:
psicoativos, tóxicos e radioativos; a) de vigilância sanitária;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele b) de vigilância epidemiológica;
compreendido o do trabalho. c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive
EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS farmacêutica;
DE SAÚDE NO BRASIL II - a participação na formulação da política e na
execução de ações de saneamento básico;
LEI 8.080 - SISTEMA ÚNICO III - a ordenação da formação de recursos humanos na
DE SAÚDE NO BRASIL (SUS) área de saúde;
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o compreendido o do trabalho;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: VI - a formulação da política de medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR para a saúde e a participação na sua produção;
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e
ações e serviços de saúde, executados isolada ou substâncias de interesse para a saúde;
conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e
pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado. bebidas para consumo humano;
IX - a participação no controle e na fiscalização da
TÍTULO I produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, X - o incremento, em sua área de atuação, do
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu desenvolvimento científico e tecnológico;
pleno exercício. XI - a formulação e execução da política de sangue e
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na seus derivados.
formulação e execução de políticas econômicas e sociais que § 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de
visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde
no estabelecimento de condições que assegurem acesso e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação
promoção, proteção e recuperação. de serviços de interesse da saúde, abrangendo:
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da I - o controle de bens de consumo que, direta ou
família, das empresas e da sociedade. indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas
o
Art. 3 Os níveis de saúde expressam a organização todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e
social e econômica do País, tendo a saúde como II - o controle da prestação de serviços que se relacionam
determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, direta ou indiretamente com a saúde.
a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um
trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a
o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Redação detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores
dada pela Lei nº 12.864/2013) determinantes e condicionantes de saúde individual ou
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas
ações que, por força do disposto no artigo anterior, se de prevenção e controle das doenças ou agravos.
destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de § 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta
bem-estar físico, mental e social.
lei, um conjunto de atividades que se destina, através das
ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à
TÍTULO II
promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde,
condições de trabalho, abrangendo:
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- SAÚDE PÚBLICA -
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica
trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; em geral, que garanta, entre outros, atendimento,
II - participação, no âmbito de competência do Sistema acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas
Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e reparadoras, em conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de
controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427, de 2017)
no processo de trabalho;
III - participação, no âmbito de competência do Sistema CAPÍTULO III
Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e Da Organização, da Direção e da Gestão
controle das condições de produção, extração, Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo
armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou
substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos mediante participação complementar da iniciativa privada,
que apresentam riscos à saúde do trabalhador; serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada em
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à níveis de complexidade crescente.
saúde; Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição
sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos
trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os seguintes órgãos:
resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela
respeitados os preceitos da ética profissional; respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e
VI - participação na normatização, fiscalização e controle III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria
dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e de Saúde ou órgão equivalente.
empresas públicas e privadas; Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças desenvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde
originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a que lhes correspondam.
colaboração das entidades sindicais; e § 1º Aplica-se aos consórcios administrativos
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos
requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de atos constitutivos disporão sobre sua observância.
setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando § 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde
houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos (SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e
trabalhadores. articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a
cobertura total das ações de saúde.
CAPÍTULO II Art. 11. (Vetado).
Dos Princípios e Diretrizes Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde,
serviços privados contratados ou conveniados que integram o integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por
Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo entidades representativas da sociedade civil.
com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a
Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: finalidade de articular políticas e programas de interesse para
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no
todos os níveis de assistência; âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo
articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e das comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em seguintes atividades:
todos os níveis de complexidade do sistema; I - alimentação e nutrição;
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de II - saneamento e meio ambiente;
sua integridade física e moral; III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos IV - recursos humanos;
ou privilégios de qualquer espécie; V - ciência e tecnologia; e
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua VI - saúde do trabalhador.
saúde; Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos de integração entre os serviços de saúde e as instituições
serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; de ensino profissional e superior.
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por
de prioridades, a alocação de recursos e a orientação finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a
programática; formação e educação continuada dos recursos humanos do
VIII - participação da comunidade; Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera correspondente,
IX - descentralização político-administrativa, com direção assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica
única em cada esfera de governo: entre essas instituições.
a) ênfase na descentralização dos serviços para os Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e
municípios; Tripartite são reconhecidas como foros de negociação e
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de pactuação entre gestores, quanto aos aspectos operacionais
saúde; do Sistema Único de Saúde (SUS).
X - integração em nível executivo das ações de saúde, Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores
meio ambiente e saneamento básico; Bipartite e Tripartite terá por objetivo:
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e
materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e administrativos da gestão compartilhada do SUS, em
dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde conformidade com a definição da política consubstanciada em
da população; planos de saúde, aprovados pelos conselhos de saúde;
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e
níveis de assistência; e intermunicipal, a respeito da organização das redes de ações
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar e serviços de saúde, principalmente no tocante à sua
duplicidade de meios para fins idênticos. governança institucional e à integração das ações e serviços
XIV – organização de atendimento público específico e dos entes federados;

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- SAÚDE PÚBLICA -
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização
sanitário, integração de territórios, referência e do exercício profissional e outras entidades representativas
contrarreferência e demais aspectos vinculados à integração da sociedade civil para a definição e controle dos padrões
das ações e serviços de saúde entre os entes federados. éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde;
Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde XVIII - promover a articulação da política e dos planos de
(Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de saúde;
Saúde (Conasems) são reconhecidos como entidades XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
representativas dos entes estaduais e municipais para tratar XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e
de matérias referentes à saúde e declarados de utilidade fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;
pública e de relevante função social, na forma do XXI - fomentar, coordenar e executar programas e
regulamento. projetos estratégicos e de atendimento emergencial.
o
§ 1 O Conass e o Conasems receberão recursos do
orçamento geral da União por meio do Fundo Nacional de Seção II
Saúde, para auxiliar no custeio de suas despesas Da Competência
institucionais, podendo ainda celebrar convênios com a Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde
o
União. § 2 Os Conselhos de Secretarias Municipais de (SUS) compete:
Saúde (Cosems) são reconhecidos como entidades que I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e
representam os entes municipais, no âmbito estadual, para nutrição;
tratar de matérias referentes à saúde, desde que vinculados II - participar na formulação e na implementação das
institucionalmente ao Conasems, na forma que dispuserem políticas:
seus estatutos. a) de controle das agressões ao meio ambiente;
b) de saneamento básico; e
CAPÍTULO IV c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
Da Competência e das Atribuições III - definir e coordenar os sistemas:
Seção I – a) de redes integradas de assistência de alta
Das Atribuições Comuns complexidade;
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os b) de rede de laboratórios de saúde pública;
Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as c) de vigilância epidemiológica; e
seguintes atribuições: d) vigilância sanitária;
I - definição das instâncias e mecanismos de controle, IV - participar da definição de normas e mecanismos de
avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde; controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente
II - administração dos recursos orçamentários e ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde
financeiros destinados, em cada ano, à saúde; humana;
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de V - participar da definição de normas, critérios e padrões
saúde da população e das condições ambientais; para o controle das condições e dos ambientes de trabalho e
IV - organização e coordenação do sistema de coordenar a política de saúde do trabalhador;
informação de saúde; VI - coordenar e participar na execução das ações de
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de vigilância epidemiológica;
padrões de qualidade e parâmetros de custos que VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária
caracterizam a assistência à saúde; de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
padrões de qualidade para promoção da saúde do VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o
trabalhador; controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e
VII - participação de formulação da política e da execução serviços de consumo e uso humano;
das ações de saneamento básico e colaboração na proteção IX - promover articulação com os órgãos educacionais e
e recuperação do meio ambiente; de fiscalização do exercício profissional, bem como com
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de entidades representativas de formação de recursos humanos
saúde; na área de saúde;
IX - participação na formulação e na execução da política X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na
de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a execução da política nacional e produção de insumos e
saúde; equipamentos para a saúde, em articulação com os demais
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema órgãos governamentais;
Único de Saúde (SUS), de conformidade com o plano de XI - identificar os serviços estaduais e municipais de
saúde; referência nacional para o estabelecimento de padrões
XI - elaboração de normas para regular as atividades de técnicos de assistência à saúde;
serviços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
pública; substâncias de interesse para a saúde;
XII - realização de operações externas de natureza XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos
financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o
Federal; aperfeiçoamento da sua atuação institucional;
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, XIV - elaborar normas para regular as relações entre o
Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços privados
urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo
contratados de assistência à saúde;
iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias,
XV - promover a descentralização para as Unidades
a autoridade competente da esfera administrativa
Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações de
correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de
saúde, respectivamente, de abrangência estadual e
pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada
municipal;
justa indenização; XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;
Componentes e Derivados; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os
XV - propor a celebração de convênios, acordos e serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e
protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento e municipais;
meio ambiente; XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Estados,
proteção e recuperação da saúde; Municípios e Distrito Federal;

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- SAÚDE PÚBLICA -
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e b) vigilância sanitária;
coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo o c) de alimentação e nutrição;
Território Nacional em cooperação técnica com os Estados, d) de saneamento básico; e
Municípios e Distrito Federal. e) de saúde do trabalhador;
§ 1º A União poderá executar ações de vigilância V - dar execução, no âmbito municipal, à política de
epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como insumos e equipamentos para a saúde;
na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio
escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana e
Saúde (SUS) ou que representem risco de disseminação atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais
nacional. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº competentes, para controlá-las;
14.141, de 2021) VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
§ 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
emergência em saúde pública, poderá ser adotado IX - colaborar com a União e os Estados na execução da
procedimento simplificado para a remessa de patrimônio vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
genético ao exterior, na forma do regulamento. (Incluído X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar
pela Lei nº 14.141, de 2021) contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços
§ 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua
de produto acabado ou material reprodutivo oriundo de execução;
acesso ao patrimônio genético de que trata o § 2º deste artigo XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços
serão repartidos nos termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio privados de saúde;
de 2015. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021) XII - normatizar complementarmente as ações e serviços
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde públicos de saúde no seu âmbito de atuação.
(SUS) compete: Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições
I - promover a descentralização para os Municípios dos reservadas aos Estados e aos Municípios.
serviços e das ações de saúde;
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes CAPÍTULO V
hierarquizadas do Sistema Único de Saúde (SUS); Do Subsistema de
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e Atenção à Saúde Indígena
executar supletivamente ações e serviços de saúde; Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar atendimento das populações indígenas, em todo o território
ações e serviços: nacional, coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto
a) de vigilância epidemiológica; nesta Lei.
b) de vigilância sanitária; Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à
c) de alimentação e nutrição; e Saúde Indígena, componente do Sistema Único de Saúde –
o
d) de saúde do trabalhador; SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei n 8.142, de 28
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos de dezembro de 1990, com o qual funcionará em perfeita
agravos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde integração.
humana; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios,
VI - participar da formulação da política e da execução de financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.
ações de saneamento básico; Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema
VII - participar das ações de controle e avaliação das instituído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela
condições e dos ambientes de trabalho; Política Indígena do País.
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições
acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos governamentais e não-governamentais poderão atuar
para a saúde; complementarmente no custeio e execução das ações.
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em
referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de consideração a realidade local e as especificidades da cultura
referência estadual e regional; dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde atenção à saúde indígena, que se deve pautar por uma
pública e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam abordagem diferenciada e global, contemplando os aspectos
em sua organização administrativa; de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição,
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
controle e avaliação das ações e serviços de saúde; sanitária e integração institucional.
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena
suplementar, de procedimentos de controle de qualidade para deverá ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e
produtos e substâncias de consumo humano; regionalizado.
o
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância § 1 O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá
sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; como base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas.
o
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos § 2 O SUS servirá de retaguarda e referência ao
indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo, para
unidade federada. isso, ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) nas regiões onde residem as populações indígenas, para
compete: propiciar essa integração e o atendimento necessário em
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os todos os níveis, sem discriminações.
o
serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de § 3 As populações indígenas devem ter acesso garantido
saúde; ao SUS, em âmbito local, regional e de centros
II - participar do planejamento, programação e especializados, de acordo com suas necessidades,
organização da rede regionalizada e hierarquizada do compreendendo a atenção primária, secundária e terciária à
Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua saúde.
direção estadual; Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a
III - participar da execução, controle e avaliação das participar dos organismos colegiados de formulação,
ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho; acompanhamento e avaliação das políticas de saúde, tais
IV - executar serviços: como o Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos
a) de vigilância epidemiológica; Estaduais e Municipais de Saúde, quando for o caso.

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- SAÚDE PÚBLICA -
CAPÍTULO VI produtos de que trata o caput deste artigo serão aqueles
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO avaliados quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e
E INTERNAÇÃO DOMICILIAR custo-efetividade para as diferentes fases evolutivas da
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único doença ou do agravo à saúde de que trata o protocolo.
de Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz
o
§ 1 Na modalidade de assistência de atendimento e terapêutica, a dispensação será realizada:
internação domiciliares incluem-se, principalmente, os I - com base nas relações de medicamentos instituídas
procedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, pelo gestor federal do SUS, observadas as competências
psicológicos e de assistência social, entre outros necessários estabelecidas nesta Lei, e a responsabilidade pelo
ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio. fornecimento será pactuada na Comissão Intergestores
o
§ 2 O atendimento e a internação domiciliares serão Tripartite;
realizados por equipes multidisciplinares que atuarão nos II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de
níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora. forma suplementar, com base nas relações de medicamentos
o
§ 3 O atendimento e a internação domiciliares só instituídas pelos gestores estaduais do SUS, e a
poderão ser realizados por indicação médica, com expressa responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
concordância do paciente e de sua família. Comissão Intergestores Bipartite;
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar,
CAPÍTULO VII com base nas relações de medicamentos instituídas pelos
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO gestores municipais do SUS, e a responsabilidade pelo
DURANTE O TRABALHO DE PARTO, fornecimento será pactuada no Conselho Municipal de Saúde.
PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO. Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de SUS de novos medicamentos, produtos e procedimentos,
Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados bem como a constituição ou a alteração de protocolo clínico
a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) ou de diretriz terapêutica, são atribuições do Ministério da
acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, Saúde, assessorado pela Comissão Nacional de
parto e pós-parto imediato. Incorporação de Tecnologias no SUS.
o o
§ 1 O acompanhante de que trata o caput deste artigo § 1 A Comissão Nacional de Incorporação de
será indicado pela parturiente. Tecnologias no SUS, cuja composição e regimento são
o
§ 2 As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício definidos em regulamento, contará com a participação de 1
dos direitos de que trata este artigo constarão do regulamento (um) representante indicado pelo Conselho Nacional de
da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do Poder Saúde e de 1 (um) representante, especialista na área,
Executivo. indicado pelo Conselho Federal de Medicina.
o o
§ 3 Ficam os hospitais de todo o País obrigados a § 2 O relatório da Comissão Nacional de Incorporação
manter, em local visível de suas dependências, aviso de Tecnologias no SUS levará em consideração,
informando sobre o direito estabelecido no caput deste necessariamente:
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de 2013) I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a
Art. 19-L. (VETADO) efetividade e a segurança do medicamento, produto ou
procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão
CAPÍTULO VIII competente para o registro ou a autorização de uso;
DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e
E DA INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE dos custos em relação às tecnologias já incorporadas,
Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se inclusive no que se refere aos atendimentos domiciliar,
o
refere a alínea d do inciso I do art. 6 consiste em: ambulatorial ou hospitalar, quando cabível.
I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse § 3º As metodologias empregadas na avaliação
para a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as econômica a que se refere o inciso II do § 2º deste artigo
diretrizes terapêuticas definidas em protocolo clínico para a serão dispostas em regulamento e amplamente divulgadas,
doença ou o agravo à saúde a ser tratado ou, na falta do inclusive em relação aos indicadores e parâmetros de custo-
protocolo, em conformidade com o disposto no art. 19-P; efetividade utilizados em combinação com outros critérios.
II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que
elaboradas pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - se refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração
SUS, realizados no território nacional por serviço próprio, de processo administrativo, a ser concluído em prazo não
conveniado ou contratado. superior a 180 (cento e oitenta) dias, contado da data em que
Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são foi protocolado o pedido, admitida a sua prorrogação por 90
adotadas as seguintes definições: (noventa) dias corridos, quando as circunstâncias exigirem.
o
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, § 1 O processo de que trata o caput deste artigo
o
bolsas coletoras e equipamentos médicos; observará, no que couber, o disposto na Lei n 9.784, de 29
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que de janeiro de 1999, e as seguintes determinações especiais:
estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se
agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os cabível, das amostras de produtos, na forma do regulamento,
medicamentos e demais produtos apropriados, quando com informações necessárias para o atendimento do disposto
o
couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de no § 2 do art. 19-Q;
controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos II - (VETADO);
resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do III - realização de consulta pública que inclua a divulgação
SUS. do parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes de Tecnologias no SUS;
terapêuticas deverão estabelecer os medicamentos ou IV - realização de audiência pública, antes da tomada de
produtos necessários nas diferentes fases evolutivas da decisão, se a relevância da matéria justificar o evento.
doença ou do agravo à saúde de que tratam, bem como V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a
aqueles indicados em casos de perda de eficácia e de competência técnica requeridas para a análise da matéria;
surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
provocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela
primeira escolha. Lei nº 14.313, de 2022)
o
Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou § 2 (VETADO).

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 19-S. (VETADO). iniciativa privada.
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão Parágrafo único. A participação complementar dos
do SUS: serviços privados será formalizada mediante contrato ou
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de convênio, observadas, a respeito, as normas de direito
medicamento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico público.
experimental, ou de uso não autorizado pela Agência Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA; filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o participar do Sistema Único de Saúde (SUS).
reembolso de medicamento e produto, nacional ou importado, Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de
sem registro na Anvisa.” serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de
(Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022) Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional de Saúde.
I - medicamento e produto em que a indicação de uso § 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste
seja distinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde e de pagamento da remuneração aludida neste artigo, a
que seu uso tenha sido recomendado pela Comissão direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá
Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-financeiro
de Saúde (Conitec), demonstradas as evidências científicas que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços
sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e a segurança, e contratados.
esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo Ministério § 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas
da Saúde; (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022) técnicas e administrativas e aos princípios e diretrizes do
II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e Sistema Único de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio
adquiridos por intermédio de organismos multilaterais econômico e financeiro do contrato.
internacionais, para uso em programas de saúde pública do § 3° (Vetado).
Ministério da Saúde e suas entidades vinculadas, nos termos § 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de
do § 5º do art. 8º da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. entidades ou serviços contratados é vedado exercer cargo de
(Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022) chefia ou função de confiança no Sistema Único de Saúde
Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo (SUS).
fornecimento de medicamentos, produtos de interesse para a
saúde ou procedimentos de que trata este Capítulo será TÍTULO IV
pactuada na Comissão Intergestores Tripartite. DOS RECURSOS HUMANOS
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde
TÍTULO III será formalizada e executada, articuladamente, pelas
DOS SERVIÇOS PRIVADOS diferentes esferas de governo, em cumprimento dos
DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE seguintes objetivos:
CAPÍTULO I I - organização de um sistema de formação de recursos
Do Funcionamento humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde graduação, além da elaboração de programas de permanente
caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria, de aperfeiçoamento de pessoal;
profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas II e III - (Vetados)
jurídicas de direito privado na promoção, proteção e IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do
recuperação da saúde. Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o
Art. 22. Na prestação de serviços privados de Sistema Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática
assistência à saúde, serão observados os princípios éticos para ensino e pesquisa, mediante normas específicas,
e as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema elaboradas conjuntamente com o sistema educacional.
Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e
funcionamento. assessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde
Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, (SUS), só poderão ser exercidas em regime de tempo
inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro na integral.
assistência à saúde nos seguintes casos: (Redação dada § 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos
pela Lei nº 13.097, de 2015) ou empregos poderão exercer suas atividades em mais de
I - doações de organismos internacionais vinculados à um estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Organização das Nações Unidas, de entidades de § 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também
cooperação técnica e de financiamento e empréstimos; aos servidores em regime de tempo integral, com exceção
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, assessoramento.
operacionalizar ou explorar: Art. 29. (Vetado).
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital Art. 30. As especializações na forma de treinamento em
especializado, policlínica, clínica geral e clínica serviço sob supervisão serão regulamentadas por Comissão
especializada; e (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei,
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; garantida a participação das entidades profissionais
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade correspondentes.
lucrativa, por empresas, para atendimento de seus
empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a TÍTULO V
seguridade social; e (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) DO FINANCIAMENTO
IV - demais casos previstos em legislação CAPÍTULO I
específica. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) Dos Recursos
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao
CAPÍTULO II Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita
Da Participação Complementar estimada, os recursos necessários à realização de suas
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem finalidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção
insuficientes para garantir a cobertura assistencial à nacional, com a participação dos órgãos da Previdência
população de uma determinada área, o Sistema Único de Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e
Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos rede;
provenientes de: VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados
I - (Vetado) para outras esferas de governo.
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da § 1º (Revogado pela Lei Complementar nº 141, de 2012)
assistência à saúde; § 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; processo de migração, os critérios demográficos
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; mencionados nesta lei serão ponderados por outros
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos indicadores de crescimento populacional, em especial o
arrecadados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e número de eleitores registrados.
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. § 3º ao 5º (Vetados).
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade § 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a
da receita de que trata o inciso I deste artigo, apurada atuação dos órgãos de controle interno e externo e nem a
mensalmente, a qual será destinada à recuperação de aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de
viciados. irregularidades verificadas na gestão dos recursos
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de transferidos.
Saúde (SUS) serão creditadas diretamente em contas
especiais, movimentadas pela sua direção, na esfera de CAPÍTULO III
poder onde forem arrecadadas. Do Planejamento e do Orçamento
§ 3º As ações de saneamento que venham a ser Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do
executadas supletivamente pelo Sistema Único de Saúde Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível
(SUS), serão financiadas por recursos tarifários específicos e local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos,
outros da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e, em compatibilizando-se as necessidades da política de saúde
particular, do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos
§ 4º (Vetado). Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União.
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento § 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e
científico e tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo programações de cada nível de direção do Sistema Único de
Sistema Único de Saúde (SUS), pelas universidades e pelo Saúde (SUS), e seu financiamento será previsto na respectiva
orçamento fiscal, além de recursos de instituições de fomento proposta orçamentária.
e financiamento ou de origem externa e receita própria das § 2º É vedada a transferência de recursos para o
instituições executoras. financiamento de ações não previstas nos planos de saúde,
§ 6º (Vetado). exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública,
na área de saúde.
CAPÍTULO II Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as
Da Gestão Financeira diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de
Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de saúde, em função das características epidemiológicas e da
Saúde (SUS) serão depositados em conta especial, em cada organização dos serviços em cada jurisdição administrativa.
esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização dos Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e
respectivos Conselhos de Saúde. auxílios a instituições prestadoras de serviços de saúde com
§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários finalidade lucrativa.
do Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos
da União, além de outras fontes, serão administrados pelo DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Ministério da Saúde, através do Fundo Nacional de Saúde. Art. 39. (Vetado).
§ 2º (Vetado). § 1º ao § 4º (Vetados).
§ 3º (Vetado). § 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do
§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu Inamps para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde
sistema de auditoria, a conformidade à programação (SUS) será feita de modo a preservá-los como patrimônio da
aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e Seguridade Social.
Municípios. Constatada a malversação, desvio ou não § 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão
aplicação dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde aplicar inventariados com todos os seus acessórios, equipamentos e
as medidas previstas em lei. outros
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da § 7º (Vetado).
receita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente § 8º O acesso aos serviços de informática e bases de
ao Fundo Nacionais de Saúde (FNS), observado o critério do dados, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do
parágrafo único deste artigo, os recursos financeiros Trabalho e da Previdência Social, será assegurado às
correspondentes às dotações consignadas no Orçamento da Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde ou órgãos
Seguridade Social, a projetos e atividades a serem congêneres, como suporte ao processo de gestão, de forma a
executados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
permitir a gerencia informatizada das contas e a
Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros
da Seguridade Social será observada a mesma proporção da disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas
despesa prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade médico-hospitalares.
Social. Art. 40. (Vetado)
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das
transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios, será Pioneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer,
utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo supervisionadas pela direção nacional do Sistema Único de
análise técnica de programas e projetos: Saúde (SUS), permanecerão como referencial de prestação
I - perfil demográfico da região; de serviços, formação de recursos humanos e para
II - perfil epidemiológico da população a ser coberta; transferência de tecnologia.
III - características quantitativas e qualitativas da rede de Art. 42. (Vetado).
saúde na área;
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica
IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no
preservada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se
período anterior;
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos as cláusulas dos contratos ou convênios estabelecidos com
estaduais e municipais; as entidades privadas.
VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da Art. 44. (Vetado).

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da
e de ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), execução da política de saúde na instância correspondente,
mediante convênio, preservada a sua autonomia inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas
administrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente
humanos e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos constituído em cada esfera do governo.
limites conferidos pelas instituições a que estejam vinculados. § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde
§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de
municipais de previdência social deverão integrar-se à Saúde (Conasems) terão representação no Conselho
direção correspondente do Sistema Único de Saúde (SUS), Nacional de Saúde.
conforme seu âmbito de atuação, bem como quaisquer outros § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de
órgãos e serviços de saúde. Saúde e Conferências será paritária em relação ao conjunto
§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os dos demais segmentos.
serviços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde
ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em terão sua organização e normas de funcionamento definidas
convênio que, para esse fim, for firmado. em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS)
mecanismos de incentivos à participação do setor privado no serão alocados como:
investimento em ciência e tecnologia e estimulará a I - despesas de custeio e de capital do Ministério da
transferência de tecnologia das universidades e institutos de Saúde, seus órgãos e entidades, da administração direta e
pesquisa aos serviços de saúde nos Estados, Distrito Federal indireta;
e Municípios, e às empresas nacionais. II - investimentos previstos em lei orçamentária, de
Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os iniciativa do Poder Legislativo e aprovado pelo Congresso
níveis estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde Nacional;
(SUS), organizará, no prazo de dois anos, um sistema III - investimentos previstos no Plano Quinquenal do
nacional de informações em saúde, integrado em todo o Ministério da Saúde;
território nacional, abrangendo questões epidemiológicas e de IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem
prestação de serviços. implementados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
Art. 48. e Art. 49. (Vetados). Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os artigo destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à
Municípios, celebrados para implantação dos Sistemas cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais
Unificados e Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos ações de saúde.
à proporção que seu objeto for sendo absorvido pelo Sistema Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta
Único de Saúde (SUS). lei serão repassados de forma regular e automática para os
Art. 51. (Vetado). Municípios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de
constitui crime de emprego irregular de verbas ou rendas setembro de 1990.
públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recursos § 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos
financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) em finalidades critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de
diversas das previstas nesta lei. setembro de 1990, será utilizado, para o repasse de recursos,
Art. 53. (Vetado). exclusivamente o critério estabelecido no § 1° do mesmo
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as artigo.
atividades de apoio à assistência à saúde são aquelas § 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados,
desenvolvidas pelos laboratórios de genética humana, pelo menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o
produção e fornecimento de medicamentos e produtos para restante aos Estados.
saúde, laboratórios de analises clínicas, anatomia patológica § 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para
e de diagnóstico por imagem e são livres à participação direta execução de ações e serviços de saúde, remanejando, entre
ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros. (Incluído si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta
pela Lei nº 13.097, de 2015) lei.
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3°
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro desta lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal
de 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais deverão contar com:
disposições em contrário. I - Fundo de Saúde;
FERNANDO COLLOR II - Conselho de Saúde, com composição paritária de
acordo com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;
LEI 8.142/90 III - plano de saúde;
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o trata o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: 1990;
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a orçamento;
Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira,
esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Cargos e Salários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para
Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: sua implantação.
I - a Conferência de Saúde; e Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou
II - o Conselho de Saúde. pelos Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro estabelecidos neste artigo, implicará em que os recursos
anos com a representação dos vários segmentos sociais, concernentes sejam administrados, respectivamente, pelos
para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a Estados ou pela União.
formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do
convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por Ministro de Estado, autorizado a estabelecer condições para
esta ou pelo Conselho de Saúde. aplicação desta lei.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e FERNANDO COLLOR

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- SAÚDE PÚBLICA -

NORMA OPERACIONAL CIT, em reunião realizada em 22 de novembro de 2001,


DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE / SUS firmou acordo contemplando propostas referentes ao
NOAS-SUS/2002 comando único sobre os prestadores de serviços de média e
alta complexidade e o fortalecimento da gestão dos estados
sobre as referências intermunicipais. Nessa mesma ocasião,
PORTARIA Nº 373,
deliberou-se pela constituição de um Grupo de Trabalho, com
DE 27 DE FEVEREIRO DE 2002.
representação tripartite, com a atribuição de detalhar o acordo
e incorporar a NOAS os pontos acordados, mantendo a
O Ministro de Estado da Saúde no uso de suas coerência do texto. Em 07 de dezembro de 2001 foi feito um
atribuições legais, e considerando os princípios do Sistema relato, por representantes do Ministério da Saúde, CONASS e
Único de Saúde de universalidade do acesso e de CONASEMS, aos membros do Conselho Nacional de Saúde,
integralidade da atenção; acerca da negociação realizada na CIT e das alterações que
Considerando o disposto no Artigo 198 da Constituição dela resultaram.
Federal de 1998, que estabelece que as ações e serviços Ainda como resultado do processo de elaboração da
públicos de saúde integram uma rede regionalizada e NOAS-SUS 01/02 e com o objetivo de facilitar sua utilização,
hierarquizada e constituem um sistema único; este documento incorporou definições da regulamentação
Considerando a necessidade de dar continuidade ao complementar relacionada aos temas que foram objeto do
processo de descentralização e organização do Sistema acordo, que, na versão anterior, encontravam-se descritos em
Único de Saúde - SUS, fortalecido com a implementação da documentos normativos específicos.
Norma Operacional Básica –SUS 01/96, de 05 de novembro Enfim, cabe destacar que esta NOAS-SUS 01/02, ao
de 1996; e assegurar a manutenção das diretrizes organizativas
Considerando as contribuições do Conselho de definidas pela NOAS-SUS 01/01, procura oferecer as
Secretários Estaduais de Saúde - CONASS e Conselho alternativas necessárias à superação das dificuldades e
Nacional de Secretários Municipais de Saúde - CONASEMS, impasses oriundos da dinâmica concreta de sua
seguidas da aprovação da Comissão Intergestores Tripartite - implementação.
CIT e Conselho Nacional de Saúde - CNS, em 07 de
dezembro de 2001; CAPÍTULO I
Considerando o contínuo movimento de pactuação entre os DA REGIONALIZAÇÃO
três nível de gestão, visando o aperfeiçoamento do Sistema 1. Estabelecer o processo de regionalização como
Único de Saúde, resolvem: estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de
Art. 1º - Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, a busca de maior equidade.
Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS-SUS 1.1. O processo de regionalização deverá contemplar
01/2002 que amplia as responsabilidades dos municípios na uma lógica de planejamento integrado, compreendendo as
Atenção Básica; estabelece o processo de regionalização noções de territorialidade, na identificação de prioridades de
como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e intervenção e de conformação de sistemas funcionais de
de busca de maior equidade; cria mecanismos para o saúde, não necessariamente restritos à abrangência
fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema Único de municipal, mas respeitando seus limites como unidade
Saúde e procede à atualização dos critérios de habilitação de indivisível, de forma a garantir o acesso dos cidadãos a todas
estados e municípios. as ações e serviços necessários para a resolução de seus
Art. 2º - Esta Portaria entra data de sua publicação, problemas de saúde, otimizando os recursos disponíveis.
cessando os efeitos da Portaria GM/MS N° 95, de 26 de
janeiro de 2001, publicada no Diário Oficial n° 20-E, de 29 de I.1 DA ELABORAÇÃO DO PLANO
janeiro de 2001, Seção 1. DIRETOR DE REGIONALIZAÇÃO
BARJAS NEGRI 2. Instituir o Plano Diretor de Regionalização - PDR como
instrumento de ordenamento do processo de regionalização
NORMA OPERACIONAL DA ASSISTÊNCIA da assistência em cada estado e no Distrito Federal, baseado
À SAÚDE / SUS - NOAS-SUS 01/02 nos objetivos de definição de prioridades de intervenção
INTRODUÇÃO coerentes com as necessidades de saúde da população e
A presente Norma Operacional da Assistência à Saúde garantia de acesso dos cidadãos a todos os níveis de
01/2002 - NOAS-SUS 01/02 resulta do contínuo movimento atenção.
de pactuação entre os três níveis de gestão, visando o 3. O PDR fundamenta-se na conformação de sistemas
aprimoramento do Sistema Único de Saúde. funcionais e resolutivos de assistência à saúde, por meio da
A partir da publicação da NOAS-SUS 01/01, em 26 de organização dos territórios estaduais em
janeiro de 2001, o Ministério da Saúde, as Secretarias regiões/microrregiões e módulos assistenciais; da
Estaduais de Saúde, através do CONASS, e as Secretarias conformação de redes hierarquizadas de serviços; do
Municipais de Saúde, através do CONASEMS, estabelecimento de mecanismos e fluxos de referência e
desencadearam diversas atividades de planejamento e de contra referência intermunicipal, objetivando garantir a
adequação de seus modelos assistenciais e de gestão aos integralidade da assistência e o acesso da população aos
preceitos estabelecidos, ponderando criticamente os avanços serviços e ações de saúde de acordo com suas
e os desafios que novas diretrizes organizativas trariam para necessidades.
sua realidade concreta. 4. O PDR deverá ser elaborado na perspectiva de
Durante este percurso, em algumas unidades da garantir:
federação foram identificados entraves na operacionalização a) O acesso dos cidadãos, o mais próximo possível de
de determinados itens, decorrentes das dificuldades para sua residência, a um conjunto de ações e serviços vinculados
estabelecer o comando único sobre os prestadores de às seguintes responsabilidades mínimas:
serviços ao SUS e assegurar a totalidade da gestão municipal ꞏ assistência pré-natal, parto e puerpério;
nas sedes dos módulos assistenciais, bem como da ꞏ acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
fragilidade para explicitação dos mecanismos necessários à infantil;
efetivação da gestão estadual para as referências ꞏ cobertura universal do esquema preconizado pelo
intermunicipais. Programa Nacional de Imunizações, para todas as faixas
Em decorrência da necessidade de viabilizar o debate etárias;
sobre essas questões, identificadas como causadoras de ꞏ ações de promoção da saúde e prevenção de doenças;
maior tensionamento na implantação da Norma, o processo ꞏ tratamento das intercorrências mais comuns na infância;
de negociação foi reaberto durante o segundo semestre de ꞏ atendimento de afecções agudas de maior incidência;
2001. Neste sentido, a Comissão Intergestores Tripartite -
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- SAÚDE PÚBLICA -
ꞏ acompanhamento de pessoas com doenças crônicas de correspondentes, contendo, no mínimo:
alta prevalência; a) a descrição da organização do território estadual em
ꞏ tratamento clínico e cirúrgico de casos de pequenas regiões/microrregiões de saúde e módulos assistenciais, com
urgências ambulatoriais; a identificação dos municípios-sede e municípios-polo e dos
ꞏ tratamento dos distúrbios mentais e psicossociais mais demais municípios abrangidos;
frequentes; b) a identificação das prioridades de intervenção em cada
ꞏ controle das doenças bucais mais comuns; região/microrregião;
ꞏ suprimento/dispensação dos medicamentos da c) o Plano Diretor de Investimentos para atender as
Farmácia Básica. prioridades identificadas e conformar um sistema resolutivo e
b) O acesso de todos os cidadãos aos serviços funcional de atenção à saúde, preferencialmente identificando
necessários à resolução de seus problemas de saúde, em cronograma e fontes de recursos;
qualquer nível de atenção, diretamente ou mediante o d) a inserção e o papel de todos os municípios nas
estabelecimento de compromissos entre gestores para o regiões/microrregiões de saúde, com identificação dos
atendimento de referências intermunicipais. municípios-sede, de sua área de abrangência e dos fluxos de
5. Definir os seguintes conceitos-chaves para a referência;
organização da assistência no âmbito estadual, que deverão e) os mecanismos de relacionamento intermunicipal como
ser observados no PDR: organização de fluxos de referência e contra referência e
a) Região de Saúde - base territorial de planejamento da implantação de estratégias de regulação visando à garantia
atenção à saúde, não necessariamente coincidente com a do acesso da população aos serviços;
divisão administrativa do estado, a ser definida pela f) a proposta de estruturação de redes de referência
Secretaria Estadual de Saúde, de acordo com as especializada em áreas específicas;
especificidades e estratégias de regionalização da saúde em g) a identificação das necessidades e a proposta de fluxo
cada estado, considerando as características demográficas, de referência para outros estados, no caso de serviços não
socioeconômicas, geográficas, sanitárias, epidemiológicas, disponíveis no território estadual;
oferta de serviços, relações entre municípios, entre outras. 6.1. Os produtos relativos à qualificação dos estados e do
Dependendo do modelo de regionalização adotado, um Distrito Federal aos requisitos desta Norma, no que tange a
estado pode se dividir em macrorregiões, regiões e/ou sua elaboração, tramitação, requisitos e meios de verificação,
microrregiões de saúde. Por sua vez, a menor base territorial obedecerão ao seguinte:
de planejamento regionalizado, seja uma região ou uma 6.1.1 na sua elaboração:
microrregião de saúde, pode compreender um ou mais a) Cabe às Secretarias de Saúde dos estados e do
módulos assistenciais. Distrito Federal a elaboração do PDR, em consonância com o
b) Módulo Assistencial - módulo territorial com Plano Estadual de Saúde, que deverá contemplar uma lógica
resolubilidade correspondente ao primeiro nível de referência, de planejamento que envolva os municípios na definição dos
definida no Item 8 - Capítulo I desta Norma, constituído por espaços regionais/microrregionais de assistência à saúde,
um ou mais municípios, com área de abrangência mínima a dos fluxos de referência, bem como dos investimentos para a
ser estabelecida para cada Unidade da Federação, em conformação de sistemas de saúde resolutivos e funcionais.
regulamentação específica, e com as seguintes b) O PDR deve contemplar a perspectiva de
características: redistribuição geográfica de recursos tecnológicos e
- conjunto de municípios, entre os quais há um município- humanos, explicitando o desenho futuro e desejado da
sede, habilitado em Gestão Plena do Sistema regionalização estadual, prevendo os investimentos
Municipal/GPSM ou em Gestão Plena da Atenção Básica necessários para a conformação destas novas
Ampliada/GPAB-A, com capacidade de ofertar a totalidade regiões/microrregiões e módulos assistenciais, observando
dos serviços de que trata o Item 8 - Capítulo I desta Norma, assim a diretriz de possibilitar o acesso do cidadão a todas
com suficiência, para sua população e para a população de as ações e serviços necessários para a resolução de seus
outros municípios a ele adscritos; ou problemas de saúde, o mais próximo possível de sua
- município em Gestão Plena do Sistema Municipal ou em residência.
Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada / GPAB-A, com c) O PDR subsidiará o processo de qualificação de
capacidade de ofertar com suficiência a totalidade dos regiões/microrregiões.
serviços de que trata o Item 8 - Capítulo I para sua própria 6.1.2 na tramitação:
população, quando não necessitar desempenhar o papel de a) A Secretaria de Saúde do estado ou do Distrito Federal
referência para outros municípios. deverá encaminhar o os produtos à respectiva Comissão
c) Município-sede do módulo assistencial (GPSM ou Intergestores Bipartite - CIB, que deverá convocar reunião
GPAB-A) - município existente em um módulo assistencial para análise e aprovação, após, no máximo, 30 (trinta) dias a
que apresente a capacidade de ofertar a totalidade dos contar da data de recebimento da proposta;
serviços de que trata o Item 8 - Capítulo I, correspondente ao b) Aprovado o Plano Diretor de Regionalização e demais
primeiro nível de referência intermunicipal, com suficiência, produtos, a CIB deverá remetê-la ao Conselho Estadual de
para sua população e para a população de outros municípios Saúde - CES, que terá 30 (trinta) dias para apreciação e
a ele adscritos. deliberação;
d) Município-polo (GPSM ou GPAB-A) - município que, de c) Após aprovado nas instâncias estaduais, a Secretaria
acordo com a definição da estratégia de regionalização de Estadual de Saúde deverá encaminhar o PDR e demais
cada estado, apresente papel de referência para outros produtos à Secretaria Técnica da Comissão Intergestores
municípios, em qualquer nível de atenção. Tripartite - CIT, que encaminhará a documentação referida à
e) Unidade territorial de qualificação na assistência à Secretaria de Assistência à Saúde - SAS/MS e à Secretaria
saúde - representa a base territorial mínima a ser submetida à de Políticas de Saúde - SPS/ MS, para análise de conteúdo e
aprovação do Ministério da Saúde e Comissão Inter gestores viabilidade; após o que procederão ao encaminhamento
Tripartite para qualificação na assistência à saúde. Deverá destes, com parecer, à Comissão Intergestores Tripartite para
ser a menor base territorial de planejamento regionalizado deliberação e homologação.
com complexidade assistencial acima do módulo assistencial, d) Caso não seja homologada pela CIT, a referida
conforme definido no PDR. Poderá ser uma microrregião ou documentação deverá ser devolvido à respectiva Secretaria
uma região de saúde, de acordo com o desenho adotado pelo Estadual de Saúde, para ajuste e análise das recomendações
estado. e novamente submetido à apreciação da CIB e do CES.
6. Para se qualificarem aos requisitos da NOAS SUS e) em caso de alteração do PDR pelo estado ou Distrito
01/02, os estados e o Distrito Federal deverão submeter à Federal após sua homologação pela CIT, deverá ser
CIT os produtos, bem como os meios de verificação observada a mesma tramitação definida para a proposta
original.
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- SAÚDE PÚBLICA -
I.2 DA AMPLIAÇÃO DO ACESSO E DA assistenciais.
QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA 9.4. Serão qualificadas apenas as regiões/microrregiões
7. Instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada nas quais a PPI estadual tenha definido a alocação dos
(GPAB-A), como uma das condições de gestão dos sistemas recursos destinados ao financiamento dos procedimentos
municipais de saúde. mínimos da média complexidade (M1) na(s) sede(s) de
7.1. Definir como áreas de atuação estratégicas mínimas módulo(s) assistencial (is).
da condição de Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada: o 9.5. Nas microrregiões não qualificadas, o financiamento
controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase, o dos procedimentos constantes do M1 desta Norma continuará
controle da hipertensão arterial, o controle da diabetes sendo feito de acordo com a lógica de pagamento por
mellitus, a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde produção.
bucal, conforme detalhamento apresentado no ANEXO desta 10. O repasse dos recursos de que trata o Subitem 9.3 -
Norma. Item 9 - Capítulo I, desta Norma, para a cobertura da
7.2. As ações de que trata o ANEXO desta Norma devem população de uma dada microrregião estará condicionado à
ser assumidas por todos os municípios brasileiros, respeitado aprovação pela CIT da qualificação da referida microrregião
o seu perfil epidemiológico, como um componente essencial e na assistência à saúde.
mínimo para o cumprimento das metas do Pacto da Atenção 11 A qualificação compreende o reconhecimento formal
Básica, instituído pela Portaria GM/MS N° 3.925, de 13 de da constituição das regiões/microrregiões, da organização
novembro de 1998, e regulamentado anualmente em portaria dos sistemas funcionais de assistência à saúde e do
específica. compromisso firmado entre o estado e os municípios
7.3. O conjunto de procedimentos assistenciais que componentes dos módulos assistenciais, para a garantia do
compõem as ações de Atenção Básica Ampliada é acesso de toda a população residente nestes espaços
compreendido por aqueles atualmente cobertos pelo Piso de territoriais a um conjunto de ações e serviços correspondente
Atenção Básica (PAB), acrescidos dos procedimentos ao nível de assistência à saúde relativa ao M1, acrescidos de
relacionados no ANEXO 2 desta Norma. um conjunto de serviços com complexidade acima do módulo
7.4. Para o financiamento do elenco de procedimentos da assistencial, de acordo com o definido no PDR.
Atenção Básica Ampliada, foi instituído o PAB Ampliado, e 12. Os requisitos para a qualificação de cada
seu valor definido em Portaria do Ministério da Saúde, sendo região/microrregião e respectivos instrumentos de
que os municípios que hoje já recebem o PAB fixam em valor comprovação estão listados nesta Norma.
superior ao PAB Ampliado não sofrerão alteração no valor per 13. A solicitação de qualificação de cada
capita do PAB fixo destinado ao seu município. região/microrregião de saúde deverá ser encaminhada à CIT,
7.5. Os municípios já habilitados nas condições de gestão observando que:
da NOB 01/96 estarão aptos a receber o PAB Ampliado, após 13.1 O gestor estadual, conjuntamente com os gestores
assumirem a condição de Gestão Plena da Atenção Básica municipais da região a ser qualificada, deve encaminhar a
Ampliada - GPAB-A, mediante avaliação pela Secretaria CIB solicitação de qualificação da região/microrregião;
Estadual de Saúde, aprovação pela CIB, e homologação pela 13.2 A CIB deverá analisar a solicitação que, se
CIT. aprovada, deverá ser encaminhada ao CES, para
7.6. A Secretaria de Políticas de Saúde/SPS é a unidade conhecimento, e à Secretaria Técnica da CIT, para
organizacional do Ministério da Saúde responsável pela deliberação;
regulamentação de critérios, fluxos e instrumentos do 13.3 A Secretaria Técnica da CIT deverá encaminhar
processo de avaliação da Atenção Básica para efeito de documentação à Secretaria de Assistência à Saúde do
habilitação e manutenção nas condições de gestão definida Ministério da Saúde, que procederá a respectiva análise, de
acordo com o PDR já aprovado;
I.3 DOS MÓDULOS ASSISTENCIAIS E 13.4. A SAS/MS deverá encaminhar parecer quanto ao
DA QUALIFICAÇÃO DAS MICRORREGIÕES processo de qualificação à CIT, para decisão quanto à sua
8. Definir um conjunto mínimo de procedimentos de homologação.
média complexidade como primeiro nível de referência 14. Após a homologação na CIT do processo de
intermunicipal, com acesso garantido a toda a população no qualificação de uma microrregião, o montante de recursos
âmbito microrregional, ofertados em um ou mais módulos correspondente ao financiamento dos procedimentos
assistenciais. destinados à cobertura da população do município-sede de
8.1. Esse conjunto mínimo de serviços de média módulo, acrescido do montante de recursos referentes à
complexidade compreende as atividades ambulatoriais de cobertura da população residente nos municípios a ele
apoio diagnóstico e terapêutico (M1) e de internação adscritos, passam a ser transferidos por uma das duas
hospitalar. formas: (i) fundo a fundo ao estado habilitado quando o
9. O financiamento federal do conjunto de serviços do M1 município-sede de módulo for habilitado em GPAB-A (ii) fundo
adotará a seguinte lógica: a fundo ao município-sede de cada módulo assistencial
9.1. O financiamento das atividades ambulatoriais de quando esse for habilitado em Gestão Plena do Sistema
apoio diagnóstico e terapêutico (M1), será feito com base na Municipal de acordo com a Norma Operacional da Assistência
programação de um valor per capita nacional mínimo, à Saúde, sendo que, neste caso, a parcela relativa à
definido em Portaria do Ministro da Saúde. população residente nos municípios adscritos estará
9.2. O financiamento das internações hospitalares será condicionada ao cumprimento de Termo de Compromisso
feito de acordo com o processo de Programação Pactuada e para a Garantia de Acesso, conforme normatizado nos Itens
Integrada, conduzido pelo gestor estadual, respeitado o Limite 37 e 38 - Capítulo II desta Norma.
Financeiro Global da Assistência de cada Unidade da 15. Em módulos nos quais a sede estiver sob gestão
Federação; municipal, caso exista um município habilitado em Gestão
9.3. Para apoiar o processo de qualificação das Plena da Atenção Básica Ampliada que disponha em seu
regiões/microrregiões e garantir os recursos per capita para o território de laboratório de patologia clínica ou serviço de
financiamento dos procedimentos mínimos da média radiologia ou ultrassonografia ginecol.
complexidade (M1) para toda a população brasileira, o Obstétrica, em quantidade suficiente e com qualidade
Ministério da Saúde adicionará recursos ao Limite Financeiro adequada para o atendimento de sua própria população, mas
dos Estados, conforme definido em Portaria específica, sendo que não tenha o conjunto de serviços requeridos para ser
que a destinação destes recursos estará descrita na PPI dos sede de módulo assistencial, esse município poderá celebrar
estados e do Distrito Federal, devendo sua incorporação ao um acordo com o gestor do município-sede do módulo para,
Limite Financeiro dos Estados ocorrerem na medida em que provisoriamente, atender sua própria população no referido
forem efetivadas as qualificações das regiões/microrregiões serviço.

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- SAÚDE PÚBLICA -
16. A Secretaria de Assistência à Saúde é a unidade ações de média complexidade, quando os serviços estiverem
organizacional do MS responsável pela análise técnica das dispersos por vários municípios, admite-se que um mesmo
propostas de qualificação das microrregiões na assistência à município encaminhe referências para mais de um município
saúde, a serem submetidas à aprovação da CIT, de acordo polo de média complexidade, dependendo da disponibilidade
com as regras estabelecidas nesta Norma. de oferta, condições de acesso e fluxos estabelecidos na PPI.
22.1. O gestor estadual, ao coordenar um processo de
I.4 DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS planejamento global no estado, deve adotar critérios para
DE MÉDIA COMPLEXIDADE evitar a superposição e proliferação indiscriminada e
17. A Atenção de Média Complexidade (MC) - desordenada de serviços, levando sempre em consideração
compreende um conjunto de ações e serviços ambulatoriais e as condições de acessibilidade, qualidade e racionalidade na
hospitalares que visam atender os principais problemas de organização de serviços.
saúde da população, cuja prática clínica demande a 22.2. Deve-se buscar estabelecer as referências para a
disponibilidade de profissionais especializados e a utilização média complexidade em um fluxo contínuo, dos municípios de
de recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e terapêutico, menor complexidade para os de maior complexidade,
que não justifique a sua oferta em todos os municípios do computando, no município de referência, as parcelas físicas e
país. financeiras correspondentes ao atendimento da população
18. Excetuando as ações mínimas da média dos municípios de origem, conforme acordado no processo
complexidade (M1), que devem ser garantidas no âmbito dos de Programação Pactuada e Integrada entre os gestores.
módulos assistenciais, as demais ações assistenciais de
média complexidade, tanto ambulatoriais como hospitalares, I.5 DA POLÍTICA DE ATENÇÃO DE ALTA
podem ser garantidas no âmbito microrregional, regional ou COMPLEXIDADE/CUSTO NO SUS
mesmo estadual, de acordo com o tipo de serviço, a 23. A responsabilidade do Ministério da Saúde sobre a
disponibilidade tecnológica, as características do estado e a política de alta complexidade/custo se traduz nas seguintes
definição no Plano Diretor de Regionalização do estado. atribuições:
19. O gestor estadual deve adotar critérios para a a - definição de normas nacionais;
organização regionalizada das ações de média complexidade b - controle do cadastro nacional de prestadores de
que considerem: necessidade de qualificação e serviços;
especialização dos profissionais para o desenvolvimento das c - vistoria de serviços, quando lhe couber, de acordo
ações, correspondência entre a prática clínica e capacidade com as normas de cadastramento estabelecidas pelo próprio
resolutiva diagnóstica e terapêutica, complexidade e custo Ministério da Saúde;
dos equipamentos, abrangência recomendável para cada tipo d - definição de incorporação dos procedimentos a serem
de serviço, economias de escala, métodos e técnicas ofertados à população pelo SUS;
requeridos para a realização das ações. e - definição do elenco de procedimentos de alta
20. Os subsídios à organização e programação da média complexidade;
complexidade, compreendendo grupos de programação e f - estabelecimento de estratégias que possibilitem o
critérios de classificação das ações desse nível de atenção acesso mais equânime diminuindo as diferenças regionais na
são descritos em instrumento a ser acordado pelas três alocação dos serviços;
esferas de governo e definido em Portaria do MS. g - definição de mecanismos de garantia de acesso para
21. O processo de Programação Pactuada e Integrada as referências interestaduais, através da Central Nacional de
(PPI), coordenado pelo gestor estadual representa o principal Regulação para Procedimentos de Alta Complexidade;
instrumento para garantia de acesso da população aos h - formulação de mecanismos voltados à melhoria da
serviços de média complexidade não disponíveis em seu qualidade dos serviços prestados;
município de residência, devendo orientar a alocação de i - financiamento das ações.
recursos e definição de limites financeiros para todos os 23.1. A garantia de acesso aos procedimentos de alta
municípios do estado, independente de sua condição de complexidade é de responsabilidade solidária entre o
gestão. Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde dos estados e
21.1. A programação das ações ambulatoriais de média do Distrito Federal.
complexidade deve compreender: identificação das 24. O gestor estadual é responsável pela gestão da
necessidades de saúde de sua população, definição de política de alta complexidade/custo no âmbito do estado,
prioridades, aplicação de parâmetros físicos e financeiros mantendo vinculação com a política nacional, sendo
definidos nos estados para os diferentes grupos de ações consideradas intransferíveis as funções de definição de
assistenciais - respeitados os limites financeiros estaduais - e prioridades assistenciais e programação da alta
estabelecimento de fluxos de referências entre municípios. complexidade, incluindo:
21.2. A alocação de recursos referentes a cada grupo de a - a macro alocação de recursos orçamentários do Limite
programação de ações ambulatoriais de média complexidade Financeiro da Assistência do estado para cada área de alta
para a população própria de um dado município terá como complexidade;
limite financeiro o valor per capita estadual definido para cada b - a definição de prioridades de investimentos para
grupo, multiplicado pela população do município. garantir o acesso da população a serviços de boa qualidade,
21.3. A programação de internações hospitalares deve o que pode, dependendo das características do estado,
utilizar critérios homogêneos de estimativa de internações requerer desconcentração ou concentração para a otimização
necessárias para a população, e considerar a distribuição e da oferta de serviços, tendo em vista a melhor utilização dos
complexidade dos hospitais, o valor médio das internações recursos disponíveis, a garantia de economia de escala e
hospitalares, bem como os fluxos de referência entre melhor qualidade;
municípios. c - a delimitação da área de abrangência dos serviços de
21.4. A alocação de recursos correspondentes às alta complexidade;
referências intermunicipais, ambulatoriais e hospitalares, d - a coordenação do processo de garantia de acesso
decorre do processo de programação pactuada integrada para a população de referência entre municípios;
entre gestores e do estabelecimento de Termo de e - a definição de limites financeiros municipais para a
Compromisso de Garantia de Acesso implicando a separação alta complexidade, com explicitação da parcela
da parcela correspondente às referências no limite financeiro correspondente ao atendimento da população do município
do município. onde está localizado o serviço e da parcela correspondente
22. Diferentemente do exigido para a organização das às referências de outros municípios;
referências intermunicipais no módulo assistencial, abordada f - a coordenação dos processos de remanejamentos
na seção I.3 - Capítulo I desta Norma, no caso das demais necessários na programação da alta complexidade, inclusive
com mudanças nos limites financeiros municipais;
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- SAÚDE PÚBLICA -
g - os processos de vistoria para inclusão de novos reconhecer o fluxo programado de pacientes de outros
serviços no que lhe couber, em conformidade com as normas estados, sendo que esta programação será consolidada pela
de cadastramento do MS; SAS/MS.
h - a coordenação da implementação de mecanismos de 30. A programação da Atenção de Alta Complexidade
regulação da assistência em alta complexidade (centrais de deverá ser precedida de estudos da distribuição regional de
regulação, implementação de protocolos clínicos, entre serviços e da proposição pela Secretaria Estadual de Saúde
outros); (SES) de um limite financeiro claro para seu custeio, sendo
i - o controle e a avaliação do sistema, quanto à sua que o Plano Diretor de Regionalização apontará as áreas de
resolubilidade e acessibilidade; abrangência dos municípios-polo e dos serviços de referência
j - a otimização da oferta de serviços, tendo em vista a na Atenção de Alta Complexidade.
otimização dos recursos disponíveis, a garantia de economia
de escala e melhor qualidade. CAPÍTULO II - FORTALECIMENTO DA
24.1 A regulação da referência intermunicipal de alta CAPACIDADE DE GESTÃO NO SUS
complexidade será sempre efetuada pelo gestor estadual. II.1 DO PROCESSO DE PROGRAMAÇÃO DA
25 - Os municípios que tiverem em seu território serviços de ASSISTÊNCIA
alta complexidade/custo, quando habilitados em Gestão Plena do 31. Cabe ao Ministério da Saúde a coordenação do
Sistema Municipal, deverão desempenhar as funções referentes processo de programação da assistência à saúde em âmbito
à organização dos serviços de alta complexidade em seu nacional.
território, visando assegurar o comando único sobre os 31.1. As secretarias de saúde dos estados e do Distrito
prestadores, destacando-se: Federal deverão encaminhar ao Ministério da Saúde uma
a - a programação das metas físicas e financeiras dos versão consolidada da Programação Pactuada e Integrada
prestadores de serviços, garantindo a possibilidade de acesso (PPI), conforme definido em Portaria do Ministério da Saúde.
para a sua população e para a população referenciada 31.2. As secretarias de saúde dos estados e do Distrito
conforme o acordado na PPI e no Termo de Garantia de Federal poderão dispor de instrumentos próprios de
Acesso assinado com o estado; programação adequados às suas especificidades,
b - realização de vistorias no que lhe couber, de acordo respeitados os princípios gerais e os requisitos da versão
com as normas do Ministério da Saúde; consolidada a ser enviada ao Ministério da Saúde.
c - condução do processo de contratação; 32. Cabe a SES a coordenação da programação
d - autorização para realização dos procedimentos e a pactuada e integrada no âmbito do estado, por meio do
efetivação dos pagamentos (créditos bancários); estabelecimento de processos e métodos que assegurem:
e - definição de fluxos e rotinas intramunicipais a) que as diretrizes, objetivos e prioridades da política
compatíveis com as estaduais; estadual de saúde e os parâmetros de programação, em
f - controle, avaliação e auditoria de serviços. sintonia com a Agenda de Saúde e Metas Nacionais, sejam
25.1 A regulação dos serviços de alta complexidade será discutidos no âmbito da CIB com os gestores municipais,
de responsabilidade do gestor municipal, quando o município aprovados pelos Conselhos Estaduais e implementados em
encontrar-se na condição de gestão plena do sistema fóruns regionais e/ou microrregionais de negociação entre
municipal, e de responsabilidade do gestor estadual, nas gestores;
demais situações. b) a alocação de recursos centrada em uma lógica de
25.2 A regulação dos serviços de alta complexidade, atendimento às reais necessidades da população e jamais
localizados em município habilitado em GPSM de acordo com orientada pelos interesses dos prestadores de serviços;
as regras estabelecidas pela NOB SUS 01/96 em que persista c) a operacionalização do Plano Diretor de
a divisão do comando sobre os prestadores, deverá ser Regionalização e de estratégias de regulação do sistema,
assumida pelo município ou pelo estado, de acordo com o mediante a adequação dos critérios e instrumentos de
cronograma de ajuste do comando único aprovado na CIB alocação e pactuação dos recursos assistenciais e a adoção
estadual, conforme previsto no item 66 desta Norma. de mecanismos que visem regular a oferta e a demanda de
25.3. Nos municípios habilitados em Gestão Plena da serviços, organizar os fluxos e garantir o acesso às
Atenção Básica (GPAB) ou Gestão Plena da Atenção Básico- referências;
Ampliada (GPAB-A) que tenham serviços de alta d) a explicitação do modelo de gestão com a definição
complexidade em seu território, as funções de gestão e das responsabilidades inerentes ao exercício do comando
relacionamento com os prestadores de alta complexidade são único de forma coerente com as condições de habilitação.
de responsabilidade do gestor estadual, podendo este 33. A Programação Pactuada e Integrada, aprovada pela
delegar aos gestores municipais as funções de controle e Comissão Intergestores Bipartite, deverá nortear a alocação
avaliação dos prestadores, incluindo o processo autorizativo. de recursos federais da assistência entre municípios pelo
26. As ações de alta complexidade e as ações gestor estadual, resultando na definição de limites financeiros
estratégicas serão financiadas de acordo com Portaria do para todos os municípios do estado, independente da sua
Ministério da Saúde. condição de habilitação.
27. O Ministério da Saúde definirá os valores de recursos 33.1. Define-se limite financeiro da assistência por
destinados ao custeio da assistência de alta complexidade município como o montante máximo de recursos federais que
para cada estado. poderá ser gasto com o conjunto de serviços existentes em
28. Caberá aos estados, de acordo com a PPI e dentro do cada território municipal, sendo composto por duas parcelas
limite financeiro estadual, prever a parcela dos recursos a separadas: recursos destinados ao atendimento da população
serem gastos em cada município para cada área de alta própria e recursos destinados ao atendimento da população
complexidade, destacando a parcela a ser utilizada com a referenciada de acordo com as negociações expressas na
população do próprio município e a parcela a ser gasta com a PPI.
população de referência. 33.2. Esses recursos poderão estar sob gestão municipal,
29. A assistência de alta complexidade será programada quando o município encontrar-se em GPSM, ou sob gestão
no âmbito regional/estadual, e em alguns casos estadual, quando o município estiver em outra condição de
macrorregional, tendo em vista as características especiais gestão.
desse grupo - alta densidade tecnológica e alto custo, 33.3.O Limite Financeiro da Assistência de cada estado,
economia de escala, escassez de profissionais assim como do Distrito Federal no que couber, independente
especializados e concentração de oferta em poucos de sua condição de gestão, deverá ser programado e
municípios. apresentado da seguinte forma:
29.1. A programação deve prever, quando necessário, a a) Relação de todos os municípios do estado,
referência de pacientes para outros estados, assim como independentemente da sua condição de gestão.

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- SAÚDE PÚBLICA -
b) Condição de Gestão do Município/ nível de governo metas físicas e orçamentárias das ações definidas na PPI a
responsável pelo comando único de média e alta serem ofertadas nos municípios pólo, os compromissos
complexidade. assumidos pela SES e SMS, os mecanismos de garantia de
c) Parcela de recursos financeiros para o atendimento da acesso, o processo de acompanhamento e revisão do Termo
população residente sob gestão municipal e sanções previstas.
d) Parcela de recursos financeiros para o atendimento 38. A SES poderá alterar a parcela de recursos
das referências intermunicipais correspondente às referências intermunicipais no limite
e) Parcela de recursos financeiros para o atendimento da financeiro do município em GPSM, nas seguintes situações,
população residente sob gestão estadual detalhadas no Termo de Compromisso para Garantia de
f) Outros recursos sob gestão estadual, alocados nos Acesso:
municípios ou na Secretaria Estadual de Saúde A) periodicamente, em função da revisão global da PPI,
g) Limite Financeiro Global da Unidade Federativa - soma conduzida pela SES e aprovada pela CIB;
dos itens C, D, E e F. B) trimestralmente, em decorrência do acompanhamento
33.4. Os limites financeiros da assistência por município da execução do Termo e do fluxo de atendimento das
devem ser definidos globalmente em cada estado a partir da referências, de forma a promover os ajustes necessários, a
aplicação de critérios e parâmetros de programação serem informados à CIB em sua reunião subsequente;
ambulatorial e hospitalar, respeitado o limite financeiro C) pontualmente, por meio de alteração direta pela SES
estadual, bem como da definição de referências (respeitados os prazos de comunicação) aos gestores
intermunicipais na PPI. Dessa forma, o limite financeiro por estabelecidos no Termo de Compromisso, sendo a CIB
município deve ser gerado pela programação para o informada em sua reunião subsequente, nos seguintes casos:
abertura de novo serviço em município que anteriormente
atendimento da própria população, deduzida da necessidade
encaminhava sua população para outro; redirecionamento do
de encaminhamento para outros municípios e acrescida da
fluxo de referência da população de um município polo para
programação para atendimento de referências recebidas de
outro, solicitado pelo gestor municipal; problemas no
outros municípios.
atendimento da população referenciada ou descumprimento
33.5. Os municípios habilitados ou que vierem a se
pelo município em GPSM dos acordos estabelecidos no
habilitar na condição de Gestão Plena do Sistema Municipal Termo de Compromisso para Garantia de Acesso.
devem receber diretamente, em seu Fundo Municipal de 38.1. Nas situações em que os recursos de média e alta
Saúde, o total de recursos federais correspondente ao limite complexidade de municípios que efetuem atendimento das
financeiro programado para aquele município, referências intermunicipais estejam sob gestão estadual, e os
compreendendo a parcela destinada ao atendimento da mecanismos de garantia de acesso não forem cumpridos pelo
população própria e, condicionada ao cumprimento efetivo do estado, os municípios que se sentirem prejudicados deverão
Termo de Compromisso para Garantia de Acesso celebrado acionar a CIB para que essa Comissão tome as providências
com o gestor estadual, a parcela destinada ao atendimento cabíveis.
da população referenciada. 39. Quaisquer alterações nos limites financeiros dos
33.6. Em regiões/microrregiões qualificadas, os recursos municípios em Gestão Plena do Sistema Municipal,
referentes ao M1 alocados no município-sede serão decorrentes de ajuste ou revisão da programação e do Termo
repassados ao Fundo Municipal de Saúde quando o de Compromisso para Garantia do Acesso serão
município-sede estiver habilitado em GPSM ou ao Fundo comunicadas pelas SES à SAS/MS, para que esta altere os
Estadual de Saúde quando o município-sede estiver valores a serem transferidos ao Fundo Municipais de Saúde
habilitado em GPAB-A. correspondente.
33.7. Os limites financeiros da assistência por município 40. Para habilitar-se ou permanecer habilitado na
estão sujeitos a reprogramação em função da revisão condição de GPSM, o município deverá assumir o comando
periódica da PPI, coordenada pelo gestor estadual. único sobre os prestadores do seu território e participar do
Particularmente, a parcela correspondente às referências processo de programação e quando necessário, garantir o
intermunicipais, poderá ser alterada pelo gestor estadual, atendimento à população de referência, conforme acordado
trimestralmente, em decorrência de ajustes no Termo de na PPI e consolidado por meio da assinatura do referido
Compromisso e pontualmente, em uma série de situações Termo de Compromisso para a Garantia do Acesso.
específicas, detalhadas no Item 38 - Capítulo II.
34. A SES deverá encaminhar ao Ministério da Saúde os II.3 DO PROCESSO DE CONTROLE, REGULAÇÃO E
produtos do processo de programação da assistência, AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
conforme definidos em Portaria do Ministério da Saúde. 41. As funções de controle, regulação e avaliação devem
ser coerentes com os processos de planejamento,
II.2 DAS RESPONSABILIDADES DE CADA programação e alocação de recursos em saúde tendo em
NÍVEL DE GOVERNO NA GARANTIA DE vista sua importância para a revisão de prioridades e
ACESSO DA POPULAÇÃO REFERENCIADA contribuindo para o alcance de melhores resultados em
35. O Ministério da Saúde assume, de forma solidária termos de impacto na saúde da população.
com as Secretarias de Saúde dos estados e do Distrito 41.1.1. As atribuições do Controle, Regulação e Avaliação
Federal, a responsabilidade pelo atendimento a pacientes são definidas conforme as pactuações efetuadas pelos três
referenciados entre estados. níveis de governo.
36. A garantia de acesso da população aos serviços não 42. O fortalecimento das funções de controle e avaliação
disponíveis em seu município de residência é de dos gestores do SUS deve se dar principalmente nas
responsabilidade do gestor estadual, de forma solidária com seguintes dimensões:
os municípios de referência observada os limites financeiros, A) avaliação da organização do sistema e do modelo de
devendo o mesmo organizar o sistema de referência gestão;
utilizando mecanismos e instrumentos necessários, B) relação com os prestadores de serviços;
C) qualidade da assistência e satisfação dos usuários;
compatíveis com a condição de gestão do município onde os
D) resultados e impacto sobre a saúde da população.
serviços estiverem localizados.
43. Todos os níveis de governo devem avaliar o
37. A garantia do atendimento à população referenciada
será objeto de um Termo de Compromisso para Garantia de funcionamento do sistema de saúde, no que diz respeito ao
Acesso a ser assinado pelo gestor municipal e pelo gestor desempenho nos processos de gestão, formas de
estadual quando o município-sede de módulo ou município- organização e modelo de atenção, tendo como eixo
polo estiver em GPSM. orientador a promoção da equidade no acesso na alocação
37.1. O Termo de Compromisso de Garantia de Acesso dos recursos, e como instrumento básico para o
tem como base o processo de programação e contém as acompanhamento e avaliação dos sistemas de saúde o
Relatório de Gestão.
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- SAÚDE PÚBLICA -
44. O controle e a avaliação dos prestadores de serviços, oportuna e qualificada, pressupõe:
a ser exercido pelo gestor do SUS responsável de acordo A) a realização prévia de um processo de avaliação das
com a condição de habilitação e modelo de gestão adotado, necessidades de saúde e de planejamento/programação, que
compreende o conhecimento global dos estabelecimentos de considere aspectos epidemiológicos, os recursos
saúde localizados em seu território, o cadastramento de assistenciais disponíveis e condições de acesso às unidades
serviços, a condução de processos de compra e de referência;
contratualização de serviços de acordo com as necessidades B) a definição da estratégia de regionalização que
identificadas e legislação específica, o acompanhamento do explicite a responsabilização e papel dos vários municípios,
faturamento, quantidade e qualidade dos serviços prestados, bem como a inserção das diversas unidades assistenciais na
entre outras atribuições. rede;
44.1. O cadastro completo e fidedigno de unidades C) a delegação pelo gestor competente de autoridade
prestadoras de serviços de saúde é um requisito básico para sanitária ao médico regulador, para que exerça a
programação de serviços assistenciais, competindo ao gestor responsabilidade sobre a regulação da assistência,
do SUS responsável pelo relacionamento com cada unidade instrumentalizada por protocolos técnico-operacionais;
própria, contratada ou conveniada, a garantia da atualização D) a definição das interfaces da estratégia da regulação
permanente dos dados cadastrais e de alimentação dos da assistência com o processo de planejamento,
bancos de dados nacionais do SUS. programação e outros instrumentos de controle e avaliação.
44.2. O interesse público e a identificação de
necessidades assistenciais devem pautar o processo de II.4 DOS HOSPITAIS PÚBLICOS SOB
compra de serviços na rede privada, que deve seguir a GESTÃO DE OUTRO NÍVEL DE GOVERNO:
legislação, as normas administrativas específicas e os fluxos 49. Definir que unidades hospitalares públicas sob
de aprovação definidos na Comissão Intergestores Bipartite, gerência de um nível de governo e gestão de outro,
quando a disponibilidade da rede pública for insuficiente para preferencialmente deixem de ser remunerados por produção
o atendimento da população. de serviços e passem a receber recursos correspondentes à
44.3. Os contratos de prestação de serviços devem realização de metas estabelecidas de comum acordo.
representar instrumentos efetivos de responsabilização dos 50. Aprovar, modelo contendo cláusulas mínimas do
prestadores com os objetivos, atividades e metas Termo de Compromisso a ser firmado entre as partes
estabelecidas pelos gestores de acordo com as necessidades envolvidas, com o objetivo de regular a contratualização dos
de saúde identificadas. serviços oferecidos e a forma de pagamento das unidades
44.4. Os procedimentos técnico-administrativos prévios à hospitalares.
realização de serviços e à ordenação dos respectivos 51. Os recursos financeiros para cobrir o citado Termo de
pagamentos, especialmente a autorização de internações e Compromisso devem ser subtraídos das parcelas
de procedimentos ambulatoriais de alta complexidade e/ou correspondentes à população própria e à população
alto custo, devem ser organizados de forma a facilitar o referenciada do limite financeiro do (município/estado), e
acesso dos usuários e permitir o monitoramento adequado da repassado diretamente ao ente público gerente da unidade,
produção e faturamento de serviços. em conta específica para esta finalidade aberta em seu fundo
44.5. Outros mecanismos de controle e avaliação devem de saúde.
ser adotados pelo gestor público, como o acompanhamento
dos orçamentos públicos em saúde, a análise da coerência
entre a programação, a produção e o faturamento CAPÍTULO - III
apresentados e a implementação de críticas possibilitadas CRITÉRIOS DE HABILITAÇÃO E
pelos sistemas informatizados quanto à consistência e DESABILITAÇÃO DE MUNICÍPIOS E ESTADOS
confiabilidade das informações disponibilizadas pelos III.1 CONDIÇÕES DE HABILITAÇÃO DE MUNICÍPIOS E
prestadores. ESTADOS
45. A avaliação da qualidade da atenção pelos gestores A presente Norma atualiza as condições de gestão
deve envolver tanto a implementação de indicadores objetivos estabelecidas na NOB SUS 01/96, explicitando as
baseados em critérios técnicos, como a adoção de responsabilidades, os requisitos relativos às modalidades de
instrumentos de avaliação da satisfação dos usuários do gestão e as prerrogativas dos gestores municipais e
sistema, que considerem a acessibilidade, a integralidade da estaduais.
atenção, a resolubilidade e qualidade dos serviços prestados. 52. A habilitação dos municípios e estados às diferentes
46. A avaliação dos resultados da atenção e do impacto na condições de gestão significa a declaração dos
saúde deve envolver o acompanhamento dos resultados compromissos assumidos por parte do gestor perante os
alcançados em função dos objetivos, indicadores e metas outros gestores e perante a população sob sua
apontados no plano de saúde, voltados para a melhoria do nível responsabilidade.
de saúde da população. III.1.1 Com relação ao processo de habilitação dos
47. Os estados e municípios deverão elaborar seus municípios
respectivos planos de controle, regulação e avaliação que 53. A partir da publicação desta Norma os municípios
consistem no planejamento do conjunto de estratégias e poderão habilitar-se em duas condições:
instrumentos a serem empregados para o fortalecimento da
capacidade de gestão.
47.1. Ao gestor do SUS responsável pelo relacionamento
com cada unidade, conforme sua condição de habilitação e - GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA AMPLIADA;
qualificação cabe programar e regular os serviços e o acesso e GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL.
da população de acordo com as necessidades identificadas, 53.1.Todos os municípios que vierem a ser habilitados em
respeitando os pactos firmados na PPI e os termos de Gestão Plena do Sistema Municipal, nos termos desta Norma,
compromisso para a garantia de acesso. estarão também habilitados em Gestão Plena da Atenção
47.2. A regulação da assistência deverá ser efetivada por Básica Ampliada.
meio da implantação de complexos reguladores que 53.2. Cabe à Secretaria Estadual de Saúde a gestão do
congreguem unidades de trabalho responsáveis pela SUS nos municípios não habilitados, enquanto for mantida a
regulação das urgências, consultas, leitos e outros que se situação de não habilitação.
fizerem necessários. 54. O município para se habilitarem à Gestão Plena da
48. A regulação da assistência, voltada para a
Atenção Básica Ampliada, deverão assumir as
disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à
responsabilidades, cumprir os requisitos e gozar das
necessidade do cidadão, de forma equânime, ordenada,
prerrogativas definidas a seguir:
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- SAÚDE PÚBLICA -
Responsabilidades administrativa, recursos humanos, equipamentos e
a) Elaboração do Plano Municipal de Saúde, a ser mecanismos de comunicação.
submetido à aprovação do Conselho Municipal de Saúde, que e) Comprovar, por meio da alimentação do Sistema de
deve contemplar a Agenda de Saúde Municipal, harmonizada Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS),
com as agendas nacional e estadual, bem como o Quadro de a dotação orçamentária do ano e o dispêndio realizado no
Metas, mediante o qual será efetuado o acompanhamento ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos
dos Relatórios de Gestão. financeiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a
b) Integração e articulação do município na rede estadual Emenda Constitucional 29, de 14 de setembro de 2000.
e respectivas responsabilidades na PPI do estado, incluindo f) Estabelecimento do Pacto da Atenção Básica para o
detalhamento da programação de ações e serviços que ano em curso;
compõem o sistema municipal. g) Comprovar, para efeito de avaliação da Atenção
c) Gerência de unidades ambulatoriais próprias. Básica a ser realizada pela Secretaria Estadual de Saúde e
d) Gerência de unidades ambulatoriais transferidas pelo validada pela SPS/MS, para encaminhamento à CIT:
estado ou pela União. 1. Desempenho satisfatório nos indicadores do Pacto da
e) Organização da rede de atenção básica, incluída a Atenção Básica do ano anterior;
gestão de prestadores privados, quando excepcionalmente 2. Alimentação regular dos sistemas nacionais de
houver prestadores privados nesse nível e atenção. informação em saúde já existentes e dos que vierem ser
f) Cumprimento das responsabilidades definidas no criados conforme portaria;
Subitem 7.1 - Item 7 - Capítulo I desta Norma. 3. Disponibilidade de serviços (estrutura física e recursos
g) Disponibilização, em qualidade e quantidade suficiente humanos) em seu território, para executar as ações
para a sua população, de serviços capazes de oferecer estratégicas mínimas;
atendimento conforme descrito no Subitem 7.3 - Item 7 - 4. Disponibilidade de serviços para realização do elenco
Capítulo I desta Norma. de procedimentos básico ampliado - EPBA.
h) Desenvolvimento do cadastramento nacional dos h) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de
usuários do SUS, segundo a estratégia de implantação do ações básicas de vigilância sanitária, conforme normatização
Cartão Nacional de Saúde, com vistas à vinculação de da ANVISA;
clientela e à sistematização da oferta dos serviços. i) Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de
i) Prestação dos serviços relacionados aos ações básicas de vigilância epidemiológica.
procedimentos cobertos pelo PAB Ampliado e j) Formalizar junto a CIB, após aprovação pelo CMS, o
acompanhamento, no caso de referência interna ou externa pleito de habilitação, atestando o cumprimento dos requisitos
ao município, dos demais serviços prestados aos seus relativos à condição de gestão pleiteada.
munícipes, conforme a PPI, mediado pela SES.
j) Desenvolver as atividades de: realização do cadastro, Prerrogativas
contratação, controle, avaliação, auditoria e pagamento aos a) Transferência regular e automática dos recursos
prestadores dos serviços contidos no PAB-A, localizados em referentes ao Piso de Atenção Básico Ampliado (PAB-A),
seu território e vinculados ao SUS. correspondente ao financiamento do Elenco de
k) Operação do SIA/SUS e o SIAB, quando aplicável, Procedimentos Básicos e do incentivo de vigilância sanitária.
conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentação junto b) Gestão municipal de todas as unidades básicas de
à Secretaria Estadual de Saúde, dos bancos de dados saúde, públicas ou privadas (lucrativas e filantrópicas)
nacionais. integrantes do SUS, localizadas no território municipal.
l) Autorização, desde que não haja definição contrária por c) Transferência regular e automática dos recursos
parte da CIB, das internações hospitalares e dos referentes ao PAB variável, desde que qualificado conforme
procedimentos ambulatoriais especializados, realizados no as normas vigentes.
município, que continuam sendo pagos por produção de 55. O município para se habilitarem à Gestão Plena do
serviços. Sistema Municipal, deverão assumir as responsabilidades,
m) Manutenção do cadastro atualizado das unidades cumprir os requisitos e gozar das prerrogativas definidas a
assistenciais sob sua gestão, segundo normas do MS. seguir:
n) Realização de avaliação permanente do impacto das
ações do Sistema sobre as condições de saúde dos seus Responsabilidades
munícipes e sobre o seu meio ambiente, incluindo o a) Elaboração do Plano Municipal de Saúde, a ser
cumprimento do pacto de indicadores da atenção básica. submetido à aprovação do Conselho Municipal de Saúde, que
o) Execução das ações básicas de vigilância sanitária, de deve contemplar a Agenda de Saúde Municipal, harmonizada
acordo com a legislação em vigor e a normatização da com as agendas nacional e estadual, bem como o Quadro de
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Metas, mediante o qual será efetuado o acompanhamento
p) Execução das ações básicas de epidemiologia, de dos Relatórios de Gestão, que deverá ser aprovado
controle de doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes anualmente pelo Conselho Municipal de Saúde.
de causas externas, como acidentes, violências e outras, de b) Integração e articulação do município na rede estadual
e respectivas responsabilidades na PPI do estado, incluindo
acordo com normatização vigente.
detalhamento da programação de ações e serviços que
q) Elaboração do relatório anual de gestão e aprovação
compõem o sistema municipal.
pelo Conselho Municipal de Saúde/CMS.
c) Gerência de unidades próprias, ambulatoriais e
r) Firmar o Pacto de Indicadores da Atenção Básica com
hospitalares.
o estado.
d) Gerência de unidades assistenciais transferidas pelo
estado e pela União.
Requisitos e) Gestão de todo o sistema municipal, incluindo a gestão
a) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde; sobre os prestadores de serviços de saúde vinculados ao
b) Comprovar o funcionamento do CMS. SUS, independente da sua natureza jurídica ou nível de
c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo complexidade, exercendo o comando único, ressalvando as
CMS, que deve contemplar a Agenda de Saúde Municipal, unidades públicas e privadas de hemonúcleos/hemocentros e
harmonizada com as agendas nacional e estadual, bem como os laboratórios de saúde pública, em consonância com o
o Quadro de Metas, mediante o qual será efetuado o disposto na letra c do Item 57 - Capítulo III desta Norma.
acompanhamento dos Relatórios de Gestão. f) Desenvolvimento do cadastramento nacional dos
d) Comprovar, formalmente, capacidade técnica e usuários do SUS segundo a estratégia de implantação do
administrativa para o desempenho das atividades de controle, Cartão Nacional de Saúde, com vistas à vinculação da
e avaliação, através da definição de estrutura física e clientela e sistematização da oferta dos serviços.

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- SAÚDE PÚBLICA -
g) Garantia do atendimento em seu território para sua k) Comprovar o funcionamento de serviço estruturado de
população e para a população referenciada por outros vigilância sanitária e capacidade para o desenvolvimento de
municípios, disponibilizando serviços necessários, conforme ações de vigilância sanitária, de acordo com a legislação em
definido na PPI, e transformado em Termo de Compromisso vigor e a pactuação estabelecida com a Agência Nacional de
para a Garantia de Acesso, assim como a organização do Vigilância Sanitária.
encaminhamento das referências para garantir o acesso de l) Comprovar a estruturação de serviços e atividades de
sua população a serviços não disponíveis em seu território. vigilância epidemiológica e de controle de zoonoses, de
h) Integração dos serviços existentes no município aos acordo com a pactuação estabelecida com a Fundação
mecanismos de regulação ambulatoriais e hospitalares. Nacional de Saúde.
i) Desenvolver as atividades de realização do cadastro, m) Apresentar o Relatório de Gestão do ano anterior à
contratação, controle, avaliação, auditoria e pagamento de solicitação do pleito, devidamente aprovado pelo CMS.
todos os prestadores dos serviços localizados em seu n) Comprovar o comando único sobre a totalidade dos
território e vinculados ao SUS. prestadores de serviços ao SUS localizados no território
j) Operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do municipal.
MS, e alimentação, junto a SES, dos bancos de dados de o) Comprovar oferta das ações do primeiro nível de
interesse nacional e estadual. média complexidade (M1) e de leitos hospitalares.
k) Manutenção do cadastro atualizado de unidades p) Comprovar Adesão ao Cadastramento Nacional dos
assistenciais em seu território, segundo normas do MS. usuários do SUS Cartão SUS.
l) Avaliação permanente do impacto das ações do q) Formalizar, junto a CIB, após aprovação pelo CMS, o
Sistema sobre as condições de saúde dos seus munícipes e pleito de habilitação, atestando o cumprimento dos requisitos
sobre o meio ambiente. relativos à condição de GPSM.
m) Execução das ações básicas, de média e alta
complexidade em vigilância sanitária, pactuadas na CIB.
n) Execução de ações de epidemiologia, de controle de Prerrogativas
doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas a) Transferência, regular e automática, dos recursos
externas, como acidentes, violências e outras pactuadas na referentes ao valor per capita definido para o financiamento
CIB; dos procedimentos do M1, após qualificação da microrregião
o) Firmar o Pacto da Atenção Básica com o estado. na qual está inserido, para sua própria população e, caso seja
sede de módulo assistencial, para a sua própria população e
Requisitos população dos municípios abrangidos.
a) Comprovar o funcionamento do CMS. b) Receber, diretamente no Fundo Municipal de Saúde, o
b) Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde e montante total de recursos federais correspondentes ao limite
disponibilidade orçamentária suficiente, bem como financeiro programado para o município, compreendendo a
mecanismos para pagamento de prestadores públicos e parcela destinada ao atendimento da população própria e
privados de saúde. aquela destinada ao atendimento à população referenciada,
c) Apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo condicionado ao cumprimento efetivo do Termo de
CMS, que deve contemplar a Agenda de Saúde Municipal, Compromisso para Garantia de Acesso firmado.
harmonizada com as agendas nacional e estadual, bem como c) Gestão do conjunto das unidades prestadoras de
o Quadro de Metas, mediante o qual será efetuado o serviços ao SUS ambulatoriais especializadas e hospitalares,
acompanhamento dos Relatórios de Gestão. estatais e privadas, estabelecidas no território municipal.
d) Estabelecimento do Pacto da Atenção Básica para o III.1.2 Do processo de habilitação dos estados
ano em curso; 56. A partir da publicação desta Norma, os estados
e) Comprovar, para efeito de avaliação da Atenção podem habilitar-se em duas condições:
Básica a ser realizada pela Secretaria Estadual de Saúde e
validada pela SPS/MS, para encaminhamento a CIT:
1. Desempenho satisfatório nos indicadores do Pacto da - GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL;
Atenção Básica do ano anterior; GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL.
2. Alimentação regular dos sistemas nacionais de 57. São atributos da condição de gestão avançada do
informação em saúde já existentes e dos que vierem ser sistema estadual:
criados conforme portaria
3. Disponibilidade de serviços (estrutura física e recursos Responsabilidades
humanos) em seu território, para executar as ações a) Elaboração do Plano Estadual de Saúde, e do Plano
estratégicas mínimas; Diretor de Regionalização, incluindo o Plano Diretor de
4. Disponibilidade de serviços para realização do elenco Investimentos e Programação Pactuada e Integrada.
de procedimentos básico ampliado - EPBA. b) Coordenação da PPI do estado, contendo a referência
f) Firmar Termo de Compromisso para Garantia de intermunicipal e pactos de negociação na CIB para alocação
Acesso com a Secretaria Estadual de Saúde. dos recursos, conforme expresso no item que descreve a PPI,
g) Comprovar a estruturação do componente municipal nos termos desta Norma.
do Sistema Nacional de Auditoria (SNA). c) Gerência de unidades públicas de
h) Participar da elaboração e da implementação da PPI hemonúcleos/hemocentros e de laboratórios de referência
do estado, bem como da alocação de recursos expressa na para controle de qualidade, vigilância sanitária e vigilância
programação. epidemiológica e gestão sobre o sistema de
i) Comprovar, formalmente, capacidade técnica, hemonúcleos/hemocentros (públicos e privados) e
administrativa e operacional para o desempenho das laboratórios de saúde pública.
atividades de controle, regulação, e avaliação através da d) Formulação e execução da política de sangue e
definição de estrutura física, administrativa, recursos hemoterapia, de acordo com a política nacional.
humanos, equipamentos e mecanismos de comunicação e) Coordenação do sistema de referências
(linha telefônica e acesso à Internet). intermunicipais, organizando o acesso da população,
j) Comprovar, por meio da alimentação do Sistema de viabilizando com os municípios-sede de módulos
Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), assistenciais e polos os Termos de Compromisso para a
a dotação orçamentária do ano e o dispêndio realizado no Garantia de Acesso.
ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos f) Gestão dos sistemas municipais nos municípios não
financeiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a habilitados em nenhuma das condições de gestão vigentes no
Emenda Constitucional 29, de 14 de setembro de 2000. SUS.

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g) Gestão das atividades referentes a: Tratamento Fora estratégias de monitoramento e garantia de referências
de Domicílio para Referência Interestadual, Medicamentos intermunicipais e critérios de revisão periódica dos limites
Excepcionais, Central de Transplantes. O estado poderá financeiros dos municípios.
delegar essas funções aos municípios em GPSM. d) Comprovar, por meio da alimentação do Sistema de
h) Formulação e execução da política estadual de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS),
assistência farmacêutica, de acordo com a política nacional. a dotação orçamentária do ano e o dispêndio realizado no
i) Normalização complementar de mecanismos e ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos
instrumentos de administração da oferta e controle da financeiros próprios do Tesouro Estadual, de acordo com a
prestação de serviços ambulatoriais, hospitalares, de alto Emenda Constitucional 29, de 14 de setembro de 2000.
custo, do tratamento fora do domicílio e dos medicamentos e e Comprovar o funcionamento da CIB.
insumos especiais. f) Comprovar o funcionamento do CES.
j) Manutenção do cadastro atualizado de unidades g) Comprovar a operação do Fundo Estadual de Saúde e
assistenciais sob sua gestão, segundo normas do MS, e disponibilidade orçamentária suficiente, bem como
coordenação do cadastro estadual de prestadores. mecanismos para pagamento de prestadores públicos e
k) Organização e gestão do sistema estadual de Controle, privados de saúde.
Avaliação e Regulação. h) Apresentar relatório de gestão aprovado pelo CES,
l) Cooperação técnica e financeira com o conjunto de relativo ao ano anterior à solicitação do pleito.
municípios, objetivando a consolidação do processo de i) Comprovar descentralização para os municípios
descentralização, a organização da rede regionalizada e habilitados da rede de Unidades Assistenciais Básicas.
hierarquizada de serviços, a realização de ações de j) Comprovar a transferência da gestão da atenção
epidemiologia, de controle de doenças, de vigilância sanitária, hospitalar e ambulatorial aos municípios habilitados em
assim como o pleno exercício das funções gestoras de GPSM, nos termos desta Norma.
planejamento, controle, avaliação e auditoria. k) Comprovar a estruturação do componente estadual do
m) Estruturação e operação do Componente Estadual do SNA.
SNA. l) Comprovar, formalmente, capacidade técnica,
n) Implementação de políticas de integração das ações administrativa e operacional para o desempenho das
de saneamento às ações de saúde. atividades de controle, regulação, e avaliação através da
o) Coordenação das atividades de vigilância definição de estrutura física, administrativa, recursos
epidemiológica e de controle de doenças e execução humanos, equipamentos e mecanismos de comunicação
complementar conforme pactuação estabelecida com a (linha telefônica e acesso a internet). Comprovar também, a
Fundação Nacional de Saúde. estruturação e operacionalização de mecanismos e
p) Execução de operações complexas voltadas ao instrumentos de regulação de serviços ambulatoriais e
controle de doenças que possam se beneficiar da economia hospitalares.
de escala. m) Comprovar a Certificação do processo de
q) Coordenação das atividades de vigilância sanitária e descentralização das ações de epidemiologia e controle de
execução complementar conforme a legislação em vigor e doenças.
pactuação estabelecida com a ANVISA. n) Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância
r) Execução das ações básicas de vigilância sanitária, sanitária no estado, organizado segundo a legislação e
referentes aos municípios não habilitados nas condições de capacidade de desenvolvimento de ações de vigilância
gestão estabelecidas nesta Norma. sanitária.
s) Execução das ações de média e alta complexidade de o) Estabelecimento do Pacto de Indicadores da Atenção
vigilância sanitária, exceto as realizadas pelos municípios Básica.
habilitados na condição de Gestão Plena de Sistema p) Apresentar à CIT a formalização do pleito,
Municipal. devidamente aprovado pela CIB e pelo CES, atestando o
t) Apoio logístico e estratégico às atividades de atenção à cumprimento dos requisitos relativos à condição de gestão
saúde das populações indígenas, na conformidade de pleiteada.
critérios estabelecidos pela CIT.
u) Operação dos Sistemas Nacionais de Informação, Prerrogativas
conforme normas do MS, e alimentação dos bancos de dados a) Transferência regular e automática dos recursos
de interesse nacional. correspondentes ao Piso de Atenção Básica (PAB) relativos
v) Coordenação do processo de pactuação dos aos municípios não habilitados, nos termos da NOB 96.
indicadores da Atenção Básica com os municípios, b) Transferência regular e automática dos recursos
informação das metas pactuadas ao Ministério da Saúde e correspondentes ao financiamento per capita do M1 em
acompanhamento da evolução dos indicadores pactuados. regiões qualificadas, nos casos em que o município-sede
Requisitos estiver habilitado somente em Gestão Plena da Atenção
a) Apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo Básica Ampliada.
CES, contendo minimamente: 58. Além dos atributos da condição de gestão avançada
ꞏ Quadro de Metas, compatível com a Agenda de Saúde, do sistema estadual, ficam estabelecidos os seguintes
por meio do qual a execução do Plano será acompanhada atributos específicos à Gestão Plena do Sistema Estadual:
anualmente nos relatórios de gestão; Responsabilidade
ꞏ programação integrada das ações ambulatoriais, a) Cadastro, contratação, controle, avaliação e auditoria e
hospitalares e de alto custo, de epidemiologia e de controle pagamento aos prestadores do conjunto dos serviços sob
de doenças - incluindo, entre outras, as atividades de gestão estadual.
vacinação, de controle de vetores e de reservatórios - de
saneamento, de pesquisa e desenvolvimento; Requisito
ꞏ estratégias de descentralização das ações de saúde b) Dispor de 50% do valor do Limite Financeiro da
para municípios; Assistência do estado comprometido com transferências
ꞏ estratégias de reorganização do modelo de atenção; regulares e automáticas aos municípios.
b) Apresentar o Plano Diretor de Regionalização, nos
termos desta Norma. Prerrogativa
c) Comprovar a implementação da programação c) Transferência regular e automática dos recursos
pactuada e integrada das ações ambulatoriais, hospitalares e correspondentes ao valor do Limite Financeiro da Assistência,
de alto custo, contendo a referência intermunicipal e os deduzidas as transferências fundo a fundo realizadas a
critérios para sua elaboração, bem como proposição de municípios habilitados.

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III. 2 DA DESABILITAÇÃO estabelecidos como obrigatórios pelo MS, por 2 (dois) meses
III.2.1 Da desabilitação dos municípios consecutivos ou 3 (três) meses alternados;
59. Cabe à Comissão Intergestores Bipartite Estadual a c) indicação de suspensão por Auditoria realizada pelos
desabilitação dos municípios, que deverá ser homologada componentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o
pela Comissão Intergestores Tripartite. prazo de defesa do município envolvido.
III.2.1.1 Da condição de Gestão Plena da Atenção Básica III.2.2 Da desabilitação dos estados e suspensão do
Ampliada repasse financeiro
60. Os municípios habilitados em gestão plena da 62. Os estados que não cumprirem as responsabilidades
atenção básica ampliada estarão passíveis de desabilitação definidas para a forma de gestão à qual encontrarem-se
quando: habilitados estarão passíveis de desabilitação pela CIT.
A) descumprirem as responsabilidades assumidas na 62.1. São motivos de suspensão imediata pelo MS dos
habilitação do município; repasses financeiros a serem transferidos, mensalmente,
B) apresentarem situação irregular na alimentação dos fundo a fundo, para os estados:
Bancos de Dados Nacionais, estabelecidos como obrigatórios a) não pagamento aos prestadores de serviços sob sua
pelo MS, por 2 (dois) meses consecutivos ou 3 (três) meses gestão, públicos ou privados, hospitalares e ambulatoriais, até
alternados; o quinto dia útil, após o cumprimento pelo Ministério da Saúde
C) não cumprirem as metas de cobertura vacinal para das seguintes condições:
avaliação da Atenção Básica; - crédito na conta bancária do Fundo Estadual/Municipal
D) não cumprirem os demais critérios de avaliação da de Saúde, pelo Fundo Nacional de Saúde;
Atenção Básica, para manutenção da condição de gestão, - disponibilização dos arquivos de processamento do
pactuados na Comissão Intergestores Tripartite e publicados SIH/SUS, no BBS/MS pelo DATASUS.
em regulamentação complementar a esta norma; b) indicação de suspensão por auditoria realizada pelos
E) não firmarem o Pacto de Indicadores da Atenção componentes nacionais do SNA, homologada pela CIT,
Básica; apontando irregularidades graves.
F) apresentarem irregularidades que comprometam a c) não alimentação dos Bancos de Dados Nacionais,
gestão municipal, identificadas pelo componente estadual estabelecidos como obrigatórios pelo MS.
e/ou nacional do SNA. d) não firmar o Pacto de Atenção Básica.
60.1. São motivos de suspensão imediata, pelo Ministério
da Saúde, dos repasses financeiros transferidos CAPÍTULO IV
mensalmente, fundo a fundo, para os municípios: DISPOSIÇÕES
a) não pagamento aos prestadores de serviços sob sua GERAIS E TRANSITÓRIAS
gestão, públicos ou privados, hospitalares e ambulatoriais, até 63. Os requisitos e os instrumentos de comprovação
o quinto dia útil, após o cumprimento pelo Ministério da Saúde referentes ao processo de habilitação para os municípios
das seguintes condições: habilitados em GPSM conforme a NOB SUS 01/96,
- crédito na conta bancária do Fundo Estadual/Municipal pleiteantes a GPSM desta NOAS estão definidos no Anexo II
de Saúde, pelo Fundo Nacional de Saúde; da Instrução Normativa 01/02.
- disponibilização dos arquivos de processamento do 64. Os instrumentos de comprovação, fluxos e prazos
SIH/SUS, no BBS/MS pelo DATASUS. para operacionalização dos processos de habilitação e
b) falta de alimentação dos Bancos de Dados Nacionais, desabilitação de municípios e estados estão definidos na IN
estabelecidos como obrigatórios, por 2 (dois) meses 01/02.
consecutivos ou 3 (três) meses alternados; 65. Os municípios que se considerarem em condições de
c) indicação de suspensão por Auditoria realizada pelos pleitear habilitação em GPSM em estados que não tiverem
componentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o concluído seus respectivos PDR, PDI e PPI deverão
prazo de defesa do município envolvido. apresentar requerimento a CIB estadual para que essa
III.2.1.2 Da condição de Gestão Plena do Sistema Comissão oficialize o cronograma para conclusão desses
Municipal processos.
61. Os municípios habilitados na gestão Plena do Sistema 65.1. Caso a respectiva CIB não se pronuncie em prazo
Municipal estarão passíveis de desabilitação quando: de 30 (trinta) dias ou apresente encaminhamento considerado
A) se enquadrarem na situação de desabilitação prevista inadequado pelo município, este poderá apresentar recurso a
no Item 60 - Capítulo III desta Norma; ou CIT, que tomará as medidas pertinentes.
B) não cumprirem as responsabilidades definidas para a 66. Os municípios atualmente habilitados em gestão
gestão Plena do Sistema Municipal, particularmente aquelas que plena do sistema municipal, localizados em estados em que a
se referem a: gestão encontra-se compartilhada entre o gestor estadual e o
B.1 cumprimento do Termo de Compromisso para Garantia municipal, deverão se adequar ao comando único, com a
do Acesso. transferência da gestão para a esfera municipal ou estadual,
B.2 disponibilidade do conjunto de serviços do M1; se for o caso, de acordo com cronograma previamente
B.3 atendimento às referências intermunicipais resultantes do estabelecido na CIB estadual.
PDR e da PPI. 67. Os impasses com relação ao ajuste do comando
B.4 comando único da gestão sobre os prestadores de único não solucionado na CIB estadual deverão ser
serviço em seu território. encaminhados ao CES; persistindo o impasse, o problema
61.1. A desabilitação de municípios em GPSM implicará deverá ser encaminhado a CIT, que definirá uma comissão
permanência apenas em GPAB-A, desde que o motivo da para encaminhar sua resolução.
desabilitação não tenha sido referente às responsabilidades 68. Os estados atualmente habilitados nas condições de
atribuídas à gestão plena da atenção básica ampliada. gestão plena do sistema estadual deverão adequar-se aos
61.2. São motivos de suspensão imediata, pelo MS, dos requisitos desta Norma até o dia 29/03/2002, em
repasses financeiros a serem transferidos, mensalmente, conformidade com o que se encontra disposto na Portaria
fundo a fundo, para os municípios: GM/MS 129, de 18 de janeiro de 2002.
a) não pagamento aos prestadores de serviços sob sua 69. As instâncias de recurso para questões relativas à
gestão, públicos ou privados, hospitalares e ambulatoriais, até o implementação desta Norma são consecutivamente a CIB
quinto dia útil, após o cumprimento pelo Ministério da Saúde das estadual, o CES, a CIT e, em última instância, o CNS.
seguintes condições: 70. No que concerne à regulamentação da assistência à
- crédito na conta bancária do Fundo Estadual/Municipal saúde, o disposto nesta NOAS-SUS atualiza as definições
de Saúde, pelo Fundo Nacional de Saúde; constantes da Portaria GM/MS nº 95, de 26 de janeiro dedisponibilização dos
b) falta de alimentação dos Bancos de Dados Nacionais, 2001.

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ANEXO Acompanhamento ambulatorial e domiciliar Educação
RESPONSABILIDADES E terapêutica em Diabetes Fornecimento de medicamentos
AÇÕES ESTRATÉGICAS MÍNIMAS Curativos / Monitorização dos níveis de glicose do paciente /
DE ATENÇÃO BÁSICA Realização de exame dos níveis de glicose (glicemia capilar)
pelas unidades de saúde / Diagnóstico precoce de
I) Controle da tuberculose complicações / Realização ou referência laboratorial para
Responsabilidades / Atividades apoio ao diagnóstico de complicações Realização de ECG /
Busca ativa de casos / Identificação de Sintomáticos 1º Atendimento de urgência / 1º Atendimento às complicações
Respiratórios (SR) agudas e outras intercorrências Acompanhamento domiciliar/
Diagnóstico clínico de casos / Exame clínico de SR e Encaminhamento de casos graves para outro nível de
comunicantes / Acesso a exames para diagnóstico e controle: complexidade / Agendamento do atendimento/ Medidas
laboratorial e radiológico preventivas e de promoção da saúde / Ações educativas
Realização ou referência para Baciloscopia Realização ou sobre condições de risco (obesidade, vida sedentária) Ações
referência para exame radiológico em SR c/ baciloscopias educativas para prevenção de complicações (cuidados com
negativas (BK -) / Cadastramento dos portadores / os pés, orientação nutricional, cessação do tabagismo e
Alimentação e análise dos sistemas de informação / alcoolismo; controle da PA e das dislipidemias) Ações
Tratamento dos casos BK+ (supervisionado) e BK - (auto- educativas para auto aplicação de insulina.
administrado) Tratamento supervisionado dos casos BK+
Tratamento auto-administrado dos casos BK - Fornecimento V) Ações de Saúde Bucal
de medicamentos Atendimentos às intercorrências Busca de Responsabilidades / Atividades
faltosos PREVENÇÃO dos problemas odontológicos,
Medidas preventivas / Vacinação com BCG Pesquisa de prioritariamente, na população de 0 a 14 anos e gestantes /
Comunicantes Quimioprofilaxia Ações educativas Procedimentos individuais preventivos Procedimentos
Coletivos: - Levantamento epidemiológico - Escovação
II) Eliminação da Hanseníase supervisionada e evidenciação de placa - Bochechos com
Responsabilidades / Atividades flúor - Educação em Saúde Bucal / Cadastramento de
Busca ativa de casos / Identificação de Sintomáticos usuários / Alimentação e análise de sistemas de informação.
Dermatológicos entre usuários TRATAMENTO dos problemas odontológicos,
Diagnóstico clínico de casos / Exame de Sintomáticos priritariamente, na população de 0 a 14 anos e gestantes /
Dermatológicos e comunicantes de casos Classificação Consulta e outros procedimentos individuais curativos.
clínica dos casos (multibacilares e paucibacilares) Atendimento a urgências odontológicas / Consulta não
Cadastramento dos portadores / Alimentação e análise agendado
dos sistemas de informação
Tratamento Supervisionado dos casos / VI) Ações de Saúde da Criança
Acompanhamento ambulatorial e domiciliar Avaliação Responsabilidades / Atividades .
dermato-neurológica Fornecimento de medicamentos Vigilância Nutricional / Acompanhamento do crescimento
Curativos Atendimento de intercorrências e desenvolvimento Promoção do aleitamento materno
Controle das incapacidades físicas / Avaliação e Realização ou referência para exames laboratoriais Combate
classificação das incapacidades físicas Aplicação de técnicas às carências nutricionais Implantação e alimentação regular
simples de prevenção e tratamento de incapacidades do SISVAN .
Atividades educativas Imunização / Realização do Esquema Vacinal Básico de
Medidas preventivas / Pesquisa de comunicantes rotina Busca de faltosos Realização de Campanhas e
Divulgação de sinais e sintomas da hanseníase Prevenção de intensificações Alimentação e acompanhamento dos sistemas
incapacidades físicas Atividades educativas de informação
Assistência às doenças prevalentes na infância /
III) Controle da Hipertensão Assistência às IRA em menores de 5 anos Assistência às
Responsabilidades / Atividades doenças diarreicas em crianças menores de 5 anos
Diagnóstico de casos / Diagnóstico clínico Assistência a outras doenças prevalentes
Cadastramento dos portadores / Alimentação e análise Atividades Educativas de promoção da saúde e
dos sistemas de informação prevenção das doenças
Busca ativa de casos / Medição de P. A. de usuários Garantia de acesso a referência hospitalar e ambulatorial
Visita domiciliarem especializada, quando necessário (programada e negociada,
Tratamento dos casos / Acompanhamento ambulatorial e com mecanismos de regulação) Realização ou referência
domiciliar Fornecimento de medicamentos Acompanhamento para exames laboratoriais
domiciliar de pacientes com sequelas de AVC e outras
complicações VII) Ações de Saúde da Mulher
Diagnóstico precoce de complicações / Realização ou Responsabilidades / Atividades
referência para exames laboratoriais complementares Pré-natal / Diagnóstico de gravidez Cadastramento de
Realização de ECG Realização ou referência para RX de gestantes no 1º trimestre Classificação de risco gestacional
tórax desde a 1ª consulta Suplementação alimentar para gestantes
1º Atendimento de urgência / 1º Atendimento às crises com baixo peso
hipertensivas e outras complicações Acompanhamento de Pré-natal de Baixo Risco Vacinação
Acompanhamento domiciliar Fornecimento de antitetânica Avaliação do puerpério Realização ou referência
medicamentos para exames laboratoriais de rotina Alimentação e análise de
Medidas preventivas / Ações educativas para controle de sistemas de informação Atividades educativas para promoção
condições de risco (obesidade, vida sedentária, tabagismo) e da saúde.
prevenção de complicações. Prevenção de câncer de colo de útero / Rastreamento de
câncer de colo de útero - Coleta de material para exames de
IV) Controle da Diabetes Melittus citopatologia Realização ou referência para exame
Responsabilidades / Atividades citopatológico Alimentação dos sistemas de informação.
Diagnóstico de casos / Investigação em usuários com Planejamento Familiar / Consulta médica e de
fatores de risco /Cadastramento dos portadores / Alimentação enfermagem Fornecimento de medicamentos e de métodos
e análise de sistemas de informação / Busca ativa de casos / anticoncepcionais Realização ou referência para exames
Visita domiciliarem /Tratamento dos casos / laboratoriais.

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- SAÚDE PÚBLICA -

PORTARIA Nº 399/GM 132 milhões de atendimentos de alta complexidade e 14 mil


DE 22 DE FEVEREIRO DE 2006 transplantes de órgãos.
Além de ser o segundo país do mundo em número de
Divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS transplantes, o Brasil é reconhecido internacionalmente pelo
e aprova as Diretrizes Operacionais do seu progresso no atendimento universal às Doenças
Referido Pacto. Sexualmente Transmissíveis/AIDS, na implementação do
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, no Programa Nacional de Imunização e no atendimento relativo
uso de suas atribuições, e à Atenção Básica.
Considerando o disposto no Art? 198 da Constituição O SUS é avaliado positivamente pelos que o utilizam
Federal de 1988, que estabelece as ações e serviços públicos rotineiramente e está presente em todo território nacional.
que integram uma rede regionalizada e hierarquizada e Ao longo de sua história houve muitos avanços e
constituem o Sistema Único de Saúde - SUS; também desafios permanentes a superar.
Considerando o Art. 7º da Lei nº 8080/90 dos princípios e Isso tem exigido, dos gestores do SUS, um movimento
diretrizes do SUS de universalidade do acesso, integralidade constante de mudanças, pela via das reformas incrementais.
da atenção e descentralização político-administrativa com Contudo, esse modelo parece ter se esgotado, de um
direção única em cada esfera de governo; lado, pela dificuldade de imporem-se normas gerais a um país
Considerando a necessidade de qualificar e implementar tão grande e desigual; de outro, pela sua fixação em
o processo de descentralização, organização e gestão do conteúdos normativos de caráter técnico-processual, tratados,
SUS à luz da evolução do processo de pactuação em geral, com detalhamento excessivo e enorme
intergestores; complexidade.
Considerando a necessidade do aprimoramento do Na perspectiva de superar as dificuldades apontadas, os
processo de pactuação intergestores objetivando a gestores do SUS assumem o compromisso público da
qualificação, o aperfeiçoamento e a definição das construção do PACTO PELA SAÚDE 2006, que será
responsabilidades sanitárias e de gestão entre os entes anualmente revisado, com base nos princípios constitucionais
federados no âmbito do SUS; do SUS, ênfase nas necessidades de saúde da população e
Considerando a necessidade de definição de que implicará o exercício simultâneo de definição de
compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades articuladas e integradas nos três componentes:
prioridades que apresentem impacto sobre a situação de Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão
saúde da população brasileira; do SUS.
Considerando o compromisso com a consolidação e o Estas prioridades são expressas em objetivos e metas no
avanço do processo de Reforma Sanitária Brasileira, Termo de Compromisso de Gestão e estão detalhadas no
explicitada na defesa dos princípios do SUS; documento Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde
Considerando a aprovação das Diretrizes Operacionais 2006
do Pacto pela Saúde em 2006 – Consolidação do SUS na
reunião da Comissão Intergestores Tripartite realizada no dia I – O PACTO PELA VIDA:
26 de janeiro de 2006; e O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de
Considerando a aprovação das Diretrizes Operacionais compromissos sanitários, expressos em objetivos de
do Pacto pela Saúde em 2006 – Consolidação do SUS, na processos e resultados e derivados da análise da situação de
reunião do Conselho Nacional de Saúde realizada no dia 9 de saúde do País e das prioridades definidas pelos governos
fevereiro de 2006, federal, estaduais e municipais.
Significa uma ação prioritária no campo da saúde que
R E S O L V E: deverá ser executada com foco em resultados e com a
Art. 1º Dar divulgação ao Pacto pela Saúde 2006 – explicitação inequívoca dos compromissos orçamentários e
Consolidação do SUS, na forma do Anexo I a esta portaria. financeiros para o alcance desses resultados.
Art 2º Aprovar as Diretrizes Operacionais do Pacto pela As prioridades do PACTO PELA VIDA e seus objetivos
Saúde em 2006 – Consolidação do SUS com seus três para 2006 são:
componentes: Pactos Pela Vida, em Defesa do SUS e de SAÚDE DO IDOSO: Implantar a Política Nacional de
Gestão, na forma do Anexo II a esta Portaria. Saúde da Pessoa Idosa, buscando a atenção integral.
Art. 3º Ficam mantidas, até a assinatura do Termo de CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA: Contribuir
Compromisso de Gestão constante nas Diretrizes para a redução da mortalidade por câncer de colo do útero e
Operacionais do Pacto pela Saúde 2006, as mesmas de mama.
prerrogativas e responsabilidades dos municípios e estados MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA: Reduzir a
que estão habilitados em Gestão Plena do Sistema, conforme mortalidade materna, infantil neonatal, infantil por doença
estabelecido na Norma Operacional Básica - NOB SUS 01/96 diarréica e por pneumonias.
e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS, COM ÊNFASE
SUS 2002. NA DENGUE, HANSENÍASE, TUBERCULOSE, MALÁRIA E
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua INFLUENZA Fortalecer a capacidade de resposta do sistema
publicação. de saúde às doenças emergentes e endemias.
PROMOÇÃO DA SAÚDE: Elaborar e implantar a Política
Anexo I Nacional de Promoção da Saúde, com ênfase na adoção de
PACTO PELA SAÚDE 2006 hábitos saudáveis por parte da população brasileira, de forma
Consolidação do SUS a internalizar a responsabilidade individual da prática de
O Sistema Único de Saúde - SUS é uma política pública atividade física regular alimentação saudável e combate ao
que acaba de completar uma década e meia de existência. tabagismo.
Nesses poucos anos, foi construído no Brasil, um sólido ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE Consolidar e qualificar a
sistema de saúde que presta bons serviços à população estratégia da Saúde da Família como modelo de atenção
brasileira. básica à saúde e como centro ordenador das redes de
O SUS tem uma rede de mais de 63 mil unidades atenção à saúde do SUS.
ambulatoriais e de cerca de 6 mil unidades hospitalares, com II – O PACTO EM DEFESA DO SUS: O Pacto em Defesa
mais de 440 mil leitos. do SUS envolve ações concretas e articuladas pelas três
Sua produção anual é aproximadamente de 12 milhões instâncias federativas no sentido de reforçar o SUS como
de internações hospitalares; 1 bilhão de procedimentos de política de Estado mais do que política de governos; e de
atenção primária à saúde; 150 milhões de consultas médicas; defender, vigorosamente, os princípios basilares dessa
2 milhões de partos; 300 milhões de exames laboratoriais; política pública, inscritos na Constituição Federal.

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- SAÚDE PÚBLICA -
A concretização desse Pacto passa por um movimento PACTO PELA SAÚDE
de repolitização da saúde, com uma clara estratégia de
mobilização social envolvendo o conjunto da sociedade Anexo II
brasileira, extrapolando os limites do setor e vinculada ao DIRETRIZES OPERACIONAIS DO
processo de instituição da saúde como direito de cidadania, PACTO PELA SAÚDE EM 2006
tendo o financiamento público da saúde como um dos pontos – CONSOLIDAÇÃO DO SUS
centrais. Transcorridas quase duas décadas do processo de
As prioridades do Pacto em Defesa do SUS são: institucionalização do Sistema Único de Saúde, a sua
IMPLEMENTAR UM PROJETO PERMANENTE DE implantação e implementação evoluíram muito,
MOBILIZAÇÃO SOCIAL COM A FINALIDADE DE: Mostrar a especialmente em relação aos processos de descentralização
saúde como direito de cidadania e o SUS como sistema e municipalização das ações e serviços de saúde.
público universal garantidor desses direitos; Alcançar, no O processo de descentralização ampliou o contato do
curto prazo, a regulamentação da Emenda Constitucional nº Sistema com a realidade social, política e administrativa do
29, pelo Congresso Nacional; Garantir, no longo prazo, o país e com suas especificidades regionais, tornando-se mais
incremento dos recursos orçamentários e financeiros para a complexo e colocando os gestores a frente de desafios que
saúde. busquem superar a fragmentação das políticas e programas
de saúde através da organização de uma rede regionalizada
Aprovar o orçamento do SUS, composto pelos
e hierarquizada de ações e serviços e da qualificação da
orçamentos das três esferas de gestão, explicitando o
gestão.
compromisso de cada uma delas. Frente a esta necessidade, o Ministério da Saúde, o
ELABORAR E DIVULGAR A CARTA DOS DIREITOS Conselho Nacional de Secretários de Saúde - CONASS e o
DOS USUÁRIOS DO SUS Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde -
CONASEMS, pactuaram responsabilidades entre os três
III – O PACTO DE GESTÃO DO SUS gestores do SUS, no campo da gestão do Sistema e da
O Pacto de Gestão estabelece as responsabilidades atenção à saúde.
claras de cada ente federado de forma a diminuir as O documento a seguir contempla o pacto firmado entre
competências concorrentes e a tornar mais claro quem deve os três gestores do SUS a partir de uma unidade de princípios
fazer o quê, contribuindo, assim, para o fortalecimento da que, guardando coerência com a diversidade operativa,
gestão compartilhada e solidária do SUS. respeita as diferenças loco-regionais, agrega os pactos
Esse Pacto parte de uma constatação indiscutível: o anteriormente existentes, reforça a organização das regiões
sanitárias instituindo mecanismos de co-gestão e
Brasil é um país continental e com muitas diferenças e
planejamento regional, fortalece os espaços e mecanismos
iniquidades regionais. de controle social, qualifica o acesso da população a atenção
Mais do que definir diretrizes nacionais é necessário integral à saúde, redefine os instrumentos de regulação,
avançar na regionalização e descentralização do SUS, a programação e avaliação, valoriza a macro função de
partir de uma unidade de princípios e uma diversidade cooperação técnica entre os gestores e propõe um
operativa que respeite as singularidades regionais. financiamento tripartite que estimula critérios de equidade nas
Esse Pacto radicaliza a descentralização de atribuições transferências fundo a fundo.
do Ministério da Saúde para os estados, e para os A implantação desse Pacto, nas suas três dimensões -
municípios, promovendo um choque de descentralização, Pacto pela Vida, Pacto de Gestão e Pacto em Defesa do SUS
acompanhado da desburocratização dos processos - possibilita a efetivação de acordos entre as três esferas de
normativos. gestão do SUS para a reforma de aspectos institucionais
vigentes, promovendo inovações nos processos e
Reforça a territorialização da saúde como base para
instrumentos de gestão que visam alcançar maior efetividade,
organização dos sistemas, estruturando as regiões sanitárias
eficiência e qualidade de suas respostas e ao mesmo tempo,
e instituindo colegiados de gestão regional. redefine responsabilidades coletivas por resultados sanitários
Reitera a importância da participação e do controle social em função das necessidades de saúde da população e na
com o compromisso de apoio à sua qualificação. busca da equidade social.
Explicita as diretrizes para o sistema de financiamento
público tripartite: busca critérios de alocação equitativa dos I – PACTO PELA VIDA
recursos; reforça os mecanismos de transferência fundo a O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do
fundo entre gestores; integra em grandes blocos o SUS em torno de prioridades que apresentam impacto sobre
financiamento federal e estabelece relações contratuais entre a situação de saúde da população brasileira.
os entes federativos. A definição de prioridades deve ser estabelecida através
As prioridades do Pacto de Gestão são: de metas nacionais, estaduais, regionais ou municipais.
Prioridades estaduais ou regionais podem ser agregadas
DEFINIR DE FORMA INEQUÍVOCA A
às prioridades nacionais, conforme pactuação local.
RESPONSABILIDADE SANITÁRIA DE CADA INSTÂNCIA Os estados/região/município devem pactuar as ações
GESTORA DO SUS: federal, estadual e municipal, superando necessárias para o alcance das metas e dos objetivos
o atual processo de habilitação. propostos.
ESTABELECER AS DIRETRIZES PARA A GESTÃO DO São seis as prioridades pactuadas: Saúde do idoso;
SUS, com ênfase na Descentralização; Regionalização; Controle do câncer de colo de útero e de mama; Redução da
Financiamento; Programação Pactuada e Integrada; mortalidade infantil e materna; Fortalecimento da capacidade
Regulação; Participação e Controle Social; Planejamento; de respostas às doenças emergentes e endemias, com
Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e
Este PACTO PELA SAÚDE 2006 aprovado pelos influenza; Promoção da Saúde; Fortalecimento da Atenção
gestores do SUS na reunião da Comissão Intergestores Básica.
A – SAÚDE DO IDOSO ara efeitos desse Pacto será
Tripartite do dia 26 de janeiro de 2006, é abaixo assinado
considerada idosa a pessoa com 60 anos ou mais.
pelo Ministro da Saúde, o Presidente do Conselho Nacional
1 - O trabalho nesta área deve seguir as seguintes
de Secretários de Saúde - CONASS e o Presidente do diretrizes: Promoção do envelhecimento ativo e saudável;
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde - Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa;
CONASEMS e será operacionalizado por meio do documento Estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da
de Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde 2006. atenção; A implantação de serviços de atenção domiciliar;

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O acolhimento preferencial em unidades de saúde, materna Reduzir em 5% a razão de mortalidade materna, em
respeitado o critério de risco; Provimento de recursos 2006.
capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da Garantir insumos e medicamentos para tratamento das
pessoa idosa; Ministério da Saúde Conselho Nacional de síndromes hipertensivas no parto.
Secretários de Saúde CONASS Conselho Nacional de Qualificar os pontos de distribuição de sangue para que
Secretários Municipais de Saúde CONASEMS. atendam as necessidades das maternidades e outros locais
Fortalecimento da participação social; Formação e de parto.
educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na
área de saúde da pessoa idosa; Divulgação e informação D – FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE DE
sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para RESPOSTAS ÀS DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS,
profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS; COM ÊNFASE NA DENGUE, HANSENIASE,
Promoção de cooperação nacional e internacional das TUBERCULOSE, MALARIA E INFLUENZA.
experiências na atenção à saúde da pessoa idosa; Apoio ao Objetivos e metas para o Controle da Dengue Plano de
desenvolvimento de estudos e pesquisas. Contingência para atenção aos pacientes, elaborado e
2 - Ações estratégicas: Caderneta de Saúde da Pessoa implantado nos municípios prioritários, em 2006; Reduzir a
Idosa - Instrumento de cidadania com informações relevantes menos de 1% a infestação predial por Aedes aegypti em 30%
sobre a saúde da pessoa idosa, possibilitando um melhor dos municípios prioritários ate 2006; 2 - Meta para a
acompanhamento por parte dos profissionais de saúde. Eliminação da Hanseníase: Atingir o patamar de eliminação
Manual de Atenção Básica e Saúde para a Pessoa Idosa enquanto problema de saúde pública, ou seja, menos de 1
- Para indução de ações de saúde, tendo por referência as caso por 10.000 habitantes em todos os municípios
diretrizes contidas na Política Nacional de Saúde da Pessoa prioritários, em 2006.
Idosa. 3 - Metas para o Controle da Tuberculose: Atingir pelo
Programa de Educação Permanente à Distância - menos 85% de cura de casos novos de tuberculose bacilífera
Implementar programa de educação permanente na área do diagnosticados a cada ano; 4- Meta para o Controle da
envelhecimento e saúde do idoso, voltado para profissionais Malária Reduzir em 15% a Incidência Parasitária Anual, na
que trabalham na rede de atenção básica em saúde, região da Amazônia Legal, em 2006; 5 – Objetivo para o
contemplando os conteúdos específicos das repercussões do controle da Influenza Implantar plano de contingência,
processo de envelhecimento populacional para a saúde unidades sentinelas e o sistema de informação - SIVEP-
individual e para a gestão dos serviços de saúde. GRIPE, em 2006.
Acolhimento - Reorganizar o processo de acolhimento à
pessoa idosa nas unidades de saúde, como uma das E – PROMOÇÃO DA SAÚDE
estratégias de enfrentamento das dificuldades atuais de 1 - Objetivos: Elaborar e implementar uma Política de
acesso. Promoção da Saúde, de responsabilidade dos três gestores;
Assistência Farmacêutica - Desenvolver ações que Enfatizar a mudança de comportamento da população
visem qualificar a dispensação e o acesso da população brasileira de forma a internalizar a responsabilidade individual
idosa. da prática de atividade física regular, alimentação adequada e
Atenção Diferenciada na Internação - Instituir avaliação saudável e combate ao tabagismo; Articular e promover os
geriátrica global realizada por equipe multidisciplinar, a toda diversos programas de promoção de atividade física já
pessoa idosa internada em hospital que tenha aderido ao existentes e apoiar a criação de outros; Promover medidas
Programa de Atenção Domiciliar. concretas pelo hábito da alimentação saudável; Elaborar e
Atenção domiciliar – Instituir esta modalidade de pactuar a Política Nacional de Promoção da Saúde que
prestação de serviços ao idoso, valorizando o efeito favorável contemple as especificidades próprias dos estados e
do ambiente familiar no processo de recuperação de municípios devendo iniciar sua implementação em 2006;
pacientes e os benefícios adicionais para o cidadão e o
sistema de saúde. F – FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA
1 - Objetivos Assumir a estratégia de saúde da família
B– CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E como estratégia prioritária para o fortalecimento da atenção
DE MAMA: básica, devendo seu desenvolvimento considerar as
1 - Objetivos e metas para o Controle do Câncer de Colo diferenças loco-regionais.
de Útero: Cobertura de 80% para o exame preventivo do Desenvolver ações de qualificação dos profissionais da
câncer do colo de útero, conforme protocolo, em 2006. atenção básica por meio de estratégias de educação
Incentivo da realização da cirurgia de alta frequência permanente e de oferta de cursos de especialização e
técnica que utiliza um instrumental especial para a retirada de residência multiprofissional e em medicina da família.
lesões ou parte do colo uterino comprometidas (com lesões Consolidar e qualificar a estratégia de saúde da família
intra-epiteliais de alto grau) com menor dano possível, que nos pequenos e médios municípios.
pode ser realizada em ambulatório, com pagamento Ampliar e qualificar a estratégia de saúde da família nos
diferenciado, em 2006. grandes centros urbanos.
2 – Metas para o Controle do Câncer de mama: Ampliar Garantir a infraestrutura necessária ao funcionamento
para 60% a cobertura de mamografia, conforme protocolo. das Unidades Básicas de Saúde, dotando-as de recursos
Realizar a punção em 100% dos casos necessários, materiais, equipamentos e insumos suficientes para o
conforme protocolo. conjunto de ações propostas para esses serviços.
Garantir o financiamento da Atenção Básica como
C – REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA E responsabilidade das três esferas de gestão do SUS.
INFANTIL: Aprimorar a inserção dos profissionais da Atenção
1 - Objetivos e metas para a redução da mortalidade Básica nas redes locais de saúde, por meio de vínculos de
infantil Reduzir a mortalidade neonatal em 5%, em 2006. trabalho que favoreçam o provimento e fixação dos
Reduzir em 50% os óbitos por doença diarréica e 20% profissionais.
por pneumonia, em 2006. Implantar o processo de monitoramento e avaliação da
Apoiar a elaboração de propostas de intervenção para a Atenção Básica nas três esferas de governo, com vistas à
qualificação da atenção as doenças prevalentes. qualificação da gestão descentralizada.
Criação de comitês de vigilância do óbito em 80% dos Apoiar diferentes modos de organização e fortalecimento
municípios com população acima de 80. da Atenção Básica que considere os princípios da estratégia
000 habitantes, em 2006. de Saúde da Família, respeitando as especificidades loco-
2 - Objetivos e metas para a redução da mortalidade regionais.

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II - PACTO EM DEFESA DO SUS Pactuada e Integrada da Atenção em Saúde – PPI,
A – DIRETRIZES detalhados no corpo deste documento.
O trabalho dos gestores das três esferas de governo e O PDR deverá expressar o desenho final do processo de
dos outros atores envolvidos dentro deste Pacto deve identificação e reconhecimento das regiões de saúde, em
considerar as seguintes diretrizes: Expressar os suas diferentes formas, em cada estado e no Distrito Federal,
compromissos entre os gestores do SUS com a consolidação objetivando a garantia do acesso, a promoção da equidade, a
da Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa dos garantia da integralidade da atenção, a qualificação do
princípios do Sistema Único de Saúde estabelecidos na processo de descentralização e a racionalização de gastos e
Constituição Federal. otimização de recursos.
1 - Desenvolver e articular ações, no seu âmbito de Para auxiliar na função de coordenação do processo de
competência e em conjunto com os demais gestores, que regionalização, o PDR deverá conter os desenhos das redes
visem qualificar e assegurar o Sistema Único de Saúde como regionalizadas de atenção à saúde, organizadas dentro dos
política pública. territórios das regiões e macrorregiões de saúde, em
2 - O Pacto em Defesa do SUS deve se firmar através de articulação com o processo da Programação Pactuada
iniciativas que busquem: A repolitização da saúde, como um Integrada.
movimento que retoma a Reforma Sanitária Brasileira O PDI deve expressar os recursos de investimentos para
aproximando-a dos desafios atuais do SUS; A Promoção da atender as necessidades pactuadas no processo de
Cidadania como estratégia de mobilização social tendo a planejamento regional e estadual.
questão da saúde como um direito; A garantia de No âmbito regional deve refletir as necessidades para se
financiamento de acordo com as necessidades do Sistema; alcançar a suficiência na atenção básica e parte da média
3 – Ações do Pacto em Defesa do SUS: As ações do complexidade da assistência, conforme desenho regional e
Pacto em Defesa do SUS devem contemplar: Articulação e na macrorregião no que se refere à alta complexidade.
apoio à mobilização social pela promoção e desenvolvimento Deve contemplar também as necessidades da área da
da cidadania, tendo a questão da saúde como um direito; vigilância em saúde e ser desenvolvido de forma articulada
Estabelecimento de diálogo com a sociedade, além dos com o processo da PPI e do PDR.
limites institucionais do SUS; Ampliação e fortalecimento das 1- Objetivos da Regionalização: Garantir acesso,
relações com os movimentos sociais, em especial os que resolutividade e qualidade às ações e serviços de saúde cuja
lutam pelos direitos da saúde e cidadania; Elaboração e complexidade e contingente populacional transcenda a escala
publicação da Carta dos Direitos dos Usuários do SUS; local/municipal; Garantir o direito à saúde, reduzir
Regulamentação da EC nº 29 pelo Congresso Nacional, com desigualdades sociais e territoriais e promover a equidade,
aprovação do PL nº 01/03, já aprovado e aprimorado em três ampliando a visão nacional dos problemas, associada à
comissões da Câmara dos Deputados; Aprovação do capacidade de diagnóstico e decisão loco-regional, que
orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das três possibilite os meios adequados para a redução das
esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada uma desigualdades no acesso às ações e serviços de saúde
delas em ações e serviços de saúde de acordo com a existentes no país; Garantir a integralidade na atenção a
Constituição Federal. saúde, ampliando o conceito de cuidado à saúde no processo
de reordenamento das ações de promoção, prevenção,
III - PACTO DE GESTÃO tratamento e reabilitação com garantia de acesso a todos os
Estabelece Diretrizes para a gestão do sistema nos níveis de complexidade do sistema; Potencializar o processo
aspectos da Descentralização; Regionalização; de descentralização, fortalecendo estados e municípios para
Financiamento; Planejamento; Programação Pactuada e exercerem papel de gestores e para que as demandas dos
Integrada – PPI; Regulação; Participação Social e Gestão do diferentes interesses loco-regionais possam ser organizadas
Trabalho e da Educação na Saúde. e expressadas na região; Racionalizar os gastos e otimizar os
recursos, possibilitando ganho em escala nas ações e
DIRETRIZES PARA A GESTÃO DO SUS serviços de saúde de abrangência regional.
Premissas da descentralização Buscando aprofundar o - Regiões de Saúde As Regiões de Saúde são recortes
processo de descentralização, com ênfase numa territoriais inseridos em um espaço geográfico contínuo,
descentralização compartilhada, são fixadas as seguintes identificadas pelos gestores municipais e estaduais a partir de
premissas, que devem orientar este processo: Cabe ao identidades culturais, econômicas e sociais, de redes de
Ministério da Saúde a proposição de políticas, participação no comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados
co-financiamento, cooperação técnica, avaliação, regulação, do território;
controle e fiscalização, além da mediação de conflitos; A Região de Saúde deve organizar a rede de ações e
Descentralização dos processos administrativos relativos à serviços de saúde a fim de assegurar o cumprimento dos
gestão para as Comissões Intergestores Bipartite; As princípios constitucionais de universalidade do acesso,
Comissões Intergestores Bipartite são instâncias de equidade e integralidade do cuidado; A organização da
pactuação e deliberação para a realização dos pactos Região de Saúde deve favorecer a ação cooperativa e
intraestaduais e a definição de modelos organizacionais, a solidária entre os gestores e o fortalecimento do controle
partir de diretrizes e normas pactuadas na Comissão social; Para a constituição de uma rede de atenção à saúde
Intergestores Tripartite; As deliberações das Comissões regionalizada em uma determinada região, é necessário a
Intergestores Bipartite e Tripartite devem ser por consenso; A pactuação entre todos os gestores envolvidos, do conjunto de
Comissão Intergestores Tripartite e o Ministério da Saúde responsabilidades não compartilhadas e das ações
promoverão e apoiarão processo de qualificação permanente complementares;
para as Comissões Intergestores Bipartite; O detalhamento O conjunto de responsabilidades não compartilhadas se
deste processo, no que se refere à descentralização de ações refere à atenção básica e às ações básicas de vigilância em
realizadas hoje pelo Ministério da Saúde, será objeto de saúde, que deverão ser assumidas por cada município; As
portaria específica. ações complementares e os meios necessários para viabilizá-
Regionalização A Regionalização é uma diretriz do las deverão ser compartilhados e integrados a fim de garantir
Sistema Único de Saúde e um eixo estruturante do Pacto de a resolutividade e a integralidade de acesso;
Gestão e deve orientar a descentralização das ações e Os estados e a união devem apoiar os municípios para
serviços de saúde e os processos de negociação e pactuação que estes assumam o conjunto de responsabilidades;
entre os gestores. O corte no nível assistencial para delimitação de uma
Os principais instrumentos de planejamento da Região de Saúde deve estabelecer critérios que propiciem
Regionalização são o Plano Diretor de Regionalização – certo grau de resolutividade àquele território, como suficiência
PDR, o Plano Diretor de Investimento – PDI e a Programação em atenção básica e parte da média complexidade;

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Quando a suficiência em atenção básica e parte da média identidade expressa no cotidiano social, econômico e cultural;
complexidade não forem alcançadas deverá ser considerada Existência de infraestrutura de transportes e de redes de
no planejamento regional a estratégia para o seu comunicação, que permita o trânsito das pessoas entre os
estabelecimento, junto com a definição dos investimentos, municípios; Existência de fluxos assistenciais que devem ser
quando necessário; O planejamento regional deve considerar alterados, se necessário, para a organização da rede de
os parâmetros de incorporação tecnológica que atenção à saúde; Considerar a rede de ações e serviços de
compatibilizem economia de escala com equidade no acesso; saúde, onde: Todos os municípios se responsabilizam pela
Para garantir a atenção na alta complexidade e em parte da atenção básica e pelas ações básicas de vigilância em saúde;
média, as Regiões devem pactuar entre si arranjos inter- O desenho da região propicia relativo grau de resolutividade
regionais, com agregação de mais de uma Região em uma àquele território, como a suficiência em Atenção Básica e
macrorregião; O ponto de corte da média complexidade que parte da Média Complexidade.
deve estar na Região ou na macrorregião deve ser pactuado A suficiência está estabelecida ou a estratégia para
na CIB, a partir da realidade de cada estado. alcançá-la está explicitada no planejamento regional,
Em alguns estados com mais adensamento tecnológico, contendo, se necessário, a definição dos investimentos.
a alta complexidade pode estar contemplada dentro de uma O desenho considera os parâmetros de incorporação
Região. tecnológica que compatibilizem economia de escala com
As regiões podem ter os seguintes formatos: Regiões equidade no acesso.
intraestaduais, compostas por mais de um município, dentro O desenho garante a integralidade da atenção e para
de um mesmo estado; Regiões Intramunicipais, organizadas isso as Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-
dentro de um mesmo município de grande extensão territorial regionais, se necessário com agregação de mais de uma
e densidade populacional; Regiões Interestaduais, região em uma macrorregião; o ponto de corte de média e
conformadas a partir de municípios limítrofes em diferentes alta-complexidade na região ou na macroregião deve ser
estados; Regiões Fronteiriças, conformadas a partir de pactuado na CIB, a partir da realidade de cada estado.
municípios limítrofes com países vizinhos. - Constituição, Organização e Funcionamento do Colegiado
Nos casos de regiões fronteiriças o Ministério da Saúde de Gestão Regional: A constituição do colegiado de gestão
deve envidar esforços no sentido de promover articulação regional deve assegurar a presença de todos os gestores de
entre os países e órgãos envolvidos, na perspectiva de saúde dos municípios que compõem a Região e da
implementação do sistema de saúde e consequente representação estadual.
organização da atenção nos municípios fronteiriços, Nas CIB regionais constituídas por representação, quando
coordenando e fomentando a constituição dessas Regiões e não for possível a imediata incorporação de todos os gestores de
participando do colegiado de gestão regional. saúde dos municípios da Região de saúde, deve ser pactuado
- Mecanismos de Gestão Regional Para qualificar o um cronograma de adequação, com o menor prazo possível,
processo de regionalização, buscando a garantia e o para a inclusão de todos os gestores nos respectivos colegiados
aprimoramento dos princípios do SUS, os gestores de saúde de gestão regionais; Constituir uma estrutura de apoio ao
da Região deverão constituir um espaço permanente de colegiado, através de câmara técnica e eventualmente, grupos
pactuação e cogestão solidária e cooperativa através de um de trabalho formados com técnicos dos municípios e do estado;
Colegiado de Gestão Regional. Estabelecer uma agenda regular de reuniões; O funcionamento
A denominação e o funcionamento do Colegiado devem do Colegiado deve ser organizado de modo a exercer as funções
ser acordados na CIB; O Colegiado de Gestão Regional se de: Instituir um processo dinâmico de planejamento regional
constitui num espaço de decisão através da identificação, Atualizar e acompanhar a programação pactuada integrada de
definição de prioridades e de pactuação de soluções para a atenção em saúde Desenhar o processo regulatório, com
organização de uma rede regional de ações e serviços de definição de fluxos e protocolos Priorizar linhas de investimento
atenção à saúde, integrada e resolutiva; O Colegiado deve Estimular estratégias de qualificação do controle social.
ser formado pelos gestores municipais de saúde do conjunto Apoiar o processo de planejamento local Constituir um
de municípios e por representantes do (s) gestor(es) processo dinâmico de avaliação e monitoramento regional -
estadual(ais), sendo as suas decisões sempre por consenso, Reconhecimento das Regiões As Regiões Intramunicipais
pressupondo o envolvimento e comprometimento do conjunto deverão ser reconhecidas como tal, não precisando ser
de gestores com os compromissos pactuados. homologadas pelas Comissões Intergestores.
Nos casos onde as CIB regionais estão constituídas por As Regiões Intraestaduais deverão ser reconhecidas nas
representação e não for possível a imediata incorporação de Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para
todos os municípios da Região de Saúde deve ser pactuado conhecimento e acompanhamento do MS.
um cronograma de adequação, no menor prazo possível, As Regiões Interestaduais deverão ser reconhecidas nas
para a inclusão de todos os municípios nos respectivos respectivas Comissões Intergestores Bipartite e
colegiados regionais. encaminhadas para homologação da Comissão Intergestores
O Colegiado deve instituir processo de planejamento Tripartite.
regional, que defina as prioridades, as responsabilidades de As Regiões Fronteiriças deverão ser reconhecidas nas
cada ente, as bases para a programação pactuada integrada respectivas Comissões Intergestores Bipartite e
da atenção a saúde, o desenho do processo regulatório, as encaminhadas para homologação na Comissão Intergestores
estratégias de qualificação do controle social, as linhas de Tripartite. O desenho das Regiões intra e interestaduais deve
investimento e o apoio para o processo de planejamento ser submetida a aprovação pelos respectivos Conselhos
local. Estaduais de Saúde.
O planejamento regional, mais que uma exigência formal,
deverá expressar as responsabilidades dos gestores com a Financiamento do Sistema Único de Saúde.
saúde da população do território e o conjunto de objetivos e 1 - São princípios gerais do financiamento para o Sistema
ações que contribuirão para a garantia do acesso e da Único de Saúde: Responsabilidade das três esferas de
integralidade da atenção, devendo as prioridades e gestão – União, Estados e Municípios pelo financiamento do
responsabilidades definidas regionalmente estar refletidas no Sistema Único de Saúde; Redução das iniquidades
plano de saúde de cada município e do estado; Os colegiados macrorregionais, estaduais e regionais, a ser contemplada na
de gestão regional deverão ser apoiados através de câmaras metodologia de alocação de recursos, considerando também
técnicas permanentes que subsidiarão com informações e as dimensões étnico-racial e social; Repasse fundo a fundo,
análises relevantes. definido como modalidade preferencial de transferência de
- Etapas do Processo de Construção da Regionalização - recursos entre os gestores; Financiamento de custeio com
Critérios para a composição da Região de Saúde, expressa recursos federais constituído, organizados e transferidos em
no PDR: Contiguidade entre os municípios; Respeito à blocos de recursos;

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O uso dos recursos federais para o custeio fica restrito a Saúde dos Estados, Municípios e do Distrito Federal e
cada bloco, atendendo as especificidades previstas nos representam o agrupamento das ações da Vigilância
mesmos, conforme regulamentação específica; As bases de Epidemiológica, Ambiental e Sanitária; O Limite Financeiro da
cálculo que formam cada Bloco e os montantes financeiros Vigilância em Saúde é composto por dois componentes: da
destinados para os Estados, Municípios e Distrito Federal Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde e o
devem compor memórias de cálculo, para fins de histórico e componente da Vigilância Sanitária em Saúde; O
monitoramento. financiamento para as ações de vigilância sanitária deve
- Os blocos de financiamento para o custeio são: consolidar a reversão do modelo de pagamento por
Atenção básica Atenção de média e alta complexidade procedimento, oferecendo cobertura para o custeio de ações
Vigilância em Saúde Assistência Farmacêutica Gestão do coletivas visando garantir o controle de riscos sanitários
SUS Bloco de financiamento para a Atenção Básica O inerentes ao objeto de ação, avançando em ações de
financiamento da Atenção Básica é de responsabilidade das regulação, controle e avaliação de produtos e serviços
três esferas de gestão do SUS, sendo que os recursos associados ao conjunto das atividades.
federais comporão o Bloco Financeiro da Atenção Básica O Limite Financeiro de Vigilância em Saúde será
dividido em dois componentes: Piso da Atenção Básica e Piso transferido em parcelas mensais e o valor da transferência
da Atenção Básica Variável e seus valores serão mensal para cada um dos Estados, Municípios e Distrito
estabelecidos em Portaria específica, com memórias de Federal, bem como o Limite Financeiro respectivo será
cálculo anexas. estabelecido em Portaria específica e detalhará os diferentes
O Piso de Atenção Básica - PAB consiste em um componentes que o formam, com memórias de cálculo
montante de recursos financeiros, que agregam as anexas.
estratégias destinadas ao custeio de ações de atenção básica Comporão ainda, o bloco do financiamento da Vigilância
à saúde; Os recursos financeiros do PAB serão transferidos em Saúde – Sub-bloco Vigilância Epidemiológica, os recursos
mensalmente, de forma regular e automática, do Fundo que se destinam às seguintes finalidades, com repasses
Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde dos Municípios e específicos: Fortalecimento da Gestão da Vigilância em
do Distrito Federal. Saúde em Estados e Municípios (VIGISUS II) Campanhas de
O Piso da Atenção Básica Variável - PAB Variável Vacinação Incentivo do Programa DST/AIDS Os recursos
consiste em um montante financeiro destinado ao custeio de alocados tratados pela Portaria MS/GM nº 1349/2002,
estratégias específicas desenvolvidas no âmbito da Atenção deverão ser incorporados ao Limite Financeiro de Vigilância
Básica em Saúde. em Saúde do Município quando o mesmo comprovar a efetiva
O PAB Variável passa a ser composto pelo contratação dos agentes de campo.
financiamento das seguintes estratégias: Saúde da Família; No Componente da Vigilância Sanitária, os recursos do
Agentes Comunitários de Saúde; Saúde Bucal; Compensação Termo de Ajuste e Metas – TAM, destinados e não
de especificidades regionais Fator de incentivo da Atenção transferidos aos estados e municípios, nos casos de
Básica aos Povos Indígenas Incentivo à Saúde no Sistema existência de saldo superior a 40% dos recursos repassados
Penitenciário Os recursos do PAB Variável serão transferidos no período de um semestre, constituem um Fundo de
ao Município que aderir e implementar as estratégias Compensação em VISA, administrado pela ANVISA e
específicas a que se destina e a utilização desses recursos destinado ao financiamento de gestão e descentralização da
deve estar definida no Plano Municipal de Saúde; O PAB Vigilância Sanitária.
Variável da Assistência Farmacêutica e da Vigilância em Em Estados onde o valor per cápita que compõe o TAM
Saúde passam a compor os seus Blocos de Financiamento não atinge o teto orçamentário mínimo daquele Estado, a
respectivos. União assegurará recurso financeiro para compor o Piso
Compensação de Especificidades Regionais é um Estadual de Vigilância Sanitária – PEVISA.
montante financeiro igual a 5% do valor mínimo do PAB fixo d) Bloco de financiamento para a Assistência
multiplicado pela população do Estado, para que as CIBs Farmacêutica A Assistência Farmacêutica será financiada
definam a utilização do recurso de acordo com as pelos três gestores do SUS devendo agregar a aquisição de
especificidades estaduais, podendo incluir sazonalidade, medicamentos e insumos e a organização das ações de
migrações, dificuldade de fixação de profissionais, IDH, assistência farmacêutica necessárias, de acordo com a
indicadores de resultados. organização de serviços de saúde.
Os critérios definidos devem ser informados ao plenário O Bloco de financiamento da Assistência Farmacêutica
da CIT. se organiza em três componentes: Básico, Estratégico e
b) Bloco de financiamento para a Atenção de Média e Medicamentos de Dispensação Excepcional.
Alta Complexidade Os recursos correspondentes ao O Componente Básico da Assistência Farmacêutica
financiamento dos procedimentos relativos à média e alta consiste em financiamento para ações de assistência
complexidade em saúde compõem o Limite Financeiro da farmacêutica na atenção básica em saúde e para agravos e
Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar do programas de saúde específicos, inseridos na rede de
Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios. cuidados da atenção básica, sendo de responsabilidade dos
Os recursos destinados ao custeio dos procedimentos três gestores do SUS.
pagos atualmente através do Fundo de Ações Estratégicas e O Componente Básico é composto de uma Parte Fixa e
Compensação – FAEC serão incorporados ao Limite de uma Parte Variável, sendo: Parte Fixa: valor com base per
Financeiro de cada Estado, Município e do Distrito Federal, capita para ações de assistência farmacêutica para a Atenção
conforme pactuação entre os gestores. Básica, transferido Municípios, Distrito Federal e Estados,
O Fundo de Ações Estratégicas e Compensação – FAEC conforme pactuação nas CIB e com contrapartida financeira
se destina, assim, ao custeio de procedimentos, conforme dos estados e dos municípios.
detalhado a seguir: Procedimentos regulados pela CNRAC – Parte Variável: valor com base per capita para ações de
Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade; assistência farmacêutica dos Programas de Hipertensão e
Transplantes; Ações Estratégicas Emergenciais, de caráter Diabetes, exceto insulina; Asma e Rinite; Saúde Mental;
temporário, implementadas com prazo pré-definido; Novos Saúde da Mulher; Alimentação e Nutrição e Combate ao
procedimentos: cobertura financeira de aproximadamente Tabagismo. A parte variável do Componente Básico será
seis meses, quando da inclusão de novos procedimentos, transferida ao município ou estado, conforme pactuação na
sem correlação à tabela vigente, até a formação de série CIB, à medida que este implementa e organiza os serviços
histórica para a devida agregação ao MAC. previstos pelos Programas específicos.
c) Bloco de financiamento para a Vigilância em Saúde Os O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica
recursos financeiros correspondentes às ações de Vigilância consiste em financiamento para ações de assistência
em Saúde comporão o Limite Financeiro de Vigilância em farmacêutica de programas estratégicos.

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O financiamento e o fornecimento de medicamentos, selecionados de acordo com critérios pactuados na Comissão
produtos e insumos para os Programas Estratégicos são de Intergestores Tripartite.
responsabilidade do Ministério da Saúde e reúne: Controle de
Endemias: Tuberculose, Hanseníase, Malária e 4 – Planejamento no SUS 4.
Leischmaniose, Chagas e outras doenças endêmicas de 1 – O trabalho com o Planejamento no SUS deve seguir
abrangência nacional ou regional; Programa de DST/AIDS as seguintes diretrizes: O processo de planejamento no
(anti-retrovirais); Programa Nacional do Sangue e âmbito do SUS deve ser desenvolvido de forma articulada,
Hemoderivados; Imunobiológicos; Insulina; O Componente integrada e solidária entre as três esferas de gestão.
Medicamentos de Dispensação Excepcional consiste em Essa forma de atuação representará o Sistema de
financiamento para aquisição e distribuição de medicamentos Planejamento do Sistema Único de Saúde baseado nas
de dispensação excepcional, para tratamento de patologias responsabilidades de cada esfera de gestão, com definição
que compõem o Grupo 36 – Medicamentos da Tabela de objetivos e conferindo direcionalidade ao processo de
Descritiva do SIA/SUS. gestão do SUS, compreendendo nesse sistema o
A responsabilidade pelo financiamento e aquisição dos monitoramento e avaliação.
medicamentos de dispensação excepcional é do Ministério da Este sistema de planejamento pressupõe que cada
Saúde e dos Estados, conforme pactuação e a dispensação, esfera de gestão realize o seu planejamento, articulando-se
responsabilidade do Estado. de forma a fortalecer e consolidar os objetivos e diretrizes do
O Ministério da Saúde repassará aos Estados, SUS, contemplando as peculiaridades, necessidades e
mensalmente, valores financeiros apurados em encontro de realidades de saúde locorregionais.
contas trimestrais, de acordo com as informações Como parte integrante do ciclo de gestão, o sistema de
encaminhadas pelos Estados, com base nas emissões das planejamento buscará, de forma tripartite, a pactuação de
Autorizações para Pagamento de Alto Custo – APAC. bases funcionais do planejamento, monitoramento e
O Componente de Medicamentos de Dispensação avaliação do SUS, bem como promoverá a participação social
Excepcional será readequado através de pactuação entre os e a integração intra e intersetorial, considerando os
gestores do SUS, das diretrizes para definição de política determinantes e condicionantes de saúde.
para medicamentos de dispensação excepcional. No cumprimento da responsabilidade de coordenar o
As Diretrizes a serem pactuadas na CIT, deverão processo de planejamento se levará em conta as
nortear-se pelas seguintes proposições: Definição de critérios diversidades existentes nas três esferas de governo, de modo
para inclusão e exclusão de medicamentos e CID na Tabela a contribuir para a consolidação do SUS e para a
de Procedimentos, com base nos protocolos clínicos e nas resolubilidade e qualidade, tanto da sua gestão, quanto das
diretrizes terapêuticas. ações e serviços prestados à população brasileira.
Definição de percentual para o co-financiamento entre 2 - Objetivos do Sistema de Planejamento do SUS:
gestor federal e gestor estadual; Revisão periódica de valores Pactuar diretrizes gerais para o processo de planejamento no
da tabela; Forma de aquisição e execução financeira, âmbito do SUS e o elenco dos instrumentos a serem
considerando-se os princípios da descentralização e adotados pelas três esferas de gestão; Formular
economia de escala. metodologias e modelos básicos dos instrumentos de
e) Bloco de financiamento para a Gestão do Sistema planejamento, monitoramento e avaliação que traduzam as
Único de Saúde O financiamento para a gestão destina-se ao diretrizes do SUS, com capacidade de adaptação às
custeio de ações específicas relacionadas com a organização particularidades de cada esfera administrativa; Promover a
dos serviços de saúde, acesso da população e aplicação dos análise e a formulação de propostas destinadas a adequar o
recursos financeiros do SUS. arcabouço legal no tocante ao planejamento no SUS;
O financiamento deverá apoiar iniciativas de Implementar e difundir uma cultura de planejamento que
fortalecimento da gestão, sendo composto pelos seguintes integre e qualifique as ações do SUS entre as três esferas de
sub-blocos: Regulação, controle, avaliação e auditoria governo e subsidiar a tomada de decisão por parte de seus
Planejamento e Orçamento Programação Regionalização gestores; Desenvolver e implementar uma rede de
Participação e Controle Social Gestão do Trabalho Educação cooperação entre os três entes federados, que permita um
em Saúde Incentivo à Implementação de políticas específicas amplo compartilhamento de informações e experiências;
Os recursos referentes a este Bloco serão transferidos fundo Promover a institucionalização e fortalecer as áreas de
a fundo e regulamentados por portaria específica. planejamento no âmbito do SUS, nas três esferas de governo,
- Financiamento para Investimentos Os recursos com vistas a legitimá-lo como instrumento estratégico de
financeiros de investimento devem ser alocados com vistas á gestão do SUS; Apoiar e participar da avaliação periódica
superação das desigualdades de acesso e à garantia da relativa à situação de saúde da população e ao
integralidade da atenção à saúde. funcionamento do SUS, provendo os gestores de
Os investimentos deverão priorizar a recuperação, a informações que permitam o seu aperfeiçoamento e ou
readequação e a expansão da rede física de saúde e a redirecionamento; Promover a capacitação contínua dos
constituição dos espaços de regulação. profissionais que atuam no contexto do planejamento no
Os projetos de investimento apresentados para o SUS; Promover a eficiência dos processos compartilhados de
Ministério da Saúde deverão ser aprovados nos respectivos planejamento e a eficácia dos resultados, bem como da
Conselhos de Saúde e na CIB, devendo refletir uma participação social nestes processos; Promover a integração
prioridade regional. do processo de planejamento e orçamento no âmbito do SUS,
São eixos prioritários para aplicação de recursos de bem como a sua intersetorialidade, de forma articulada com
investimentos: Estímulo à Regionalização - Deverão ser as diversas etapas do ciclo de planejamento; Monitorar e
priorizados projetos de investimentos que fortaleçam a avaliar o processo de planejamento, as ações implementadas
regionalização do SUS, com base nas estratégicas nacionais e os resultados alcançados, de modo a fortalecer o
e estaduais, considerando os PDI (Plano de Desenvolvimento planejamento e a contribuir para a transparência do processo
Integrado) atualizados, o mapeamento atualizado da de gestão do SUS.
distribuição e oferta de serviços de saúde em cada espaço 3 - Pontos de pactuação priorizados para o Planejamento
regional e parâmetros de incorporação tecnológica que Considerando a conceituação, caracterização e objetivos
compatibilizem economia de escala e de escopo com preconizados para o sistema de planejamento do SUS,
equidade no acesso. configuram-se como pontos essenciais de pactuação: Adoção
Investimentos para a Atenção Básica - recursos para das necessidades de saúde da população como critério para
investimentos na rede básica de serviços, destinados o processo de planejamento no âmbito do SUS; Integração
conforme disponibilidade orçamentária, transferidos fundo a dos instrumentos de planejamento, tanto no contexto de cada
fundo para municípios que apresentarem projetos esfera de gestão, quanto do SUS como um todo;

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- SAÚDE PÚBLICA -
Institucionalização e fortalecimento do Sistema de gestão como programação e regionalização.
Planejamento do SUS, com adoção do processo Os complexos reguladores podem ter abrangência intra-
planejamento, neste incluído o monitoramento e a avaliação, municipal, municipal, micro ou macro regional, estadual ou
como instrumento estratégico de gestão do SUS; Revisão e nacional, devendo esta abrangência e respectiva gestão,
adoção de um elenco de instrumentos de planejamento – tais serem pactuadas em processo democrático e solidário, entre
como planos, relatórios, programações – a serem adotados as três esferas de gestão do SUS.
pelas três esferas de gestão, com adequação dos Auditoria Assistencial ou clínica – processo regular que
instrumentos legais do SUS no tocante a este processo e visa aferir e induzir qualidade do atendimento amparada em
instrumentos dele resultantes; Cooperação entre as três procedimentos, protocolos e instruções de trabalho
esferas de gestão para o fortalecimento e a equidade no normatizados e pactuados. Deve acompanhar e analisar
processo de planejamento no SUS. criticamente os históricos clínicos com vistas a verificar a
Programação Pactuada e Integrada da Atenção em execução dos procedimentos e realçar as não conformidades.
Saúde – PPI A PPI é um processo que visa definir a Como princípios orientadores do processo de regulação,
programação das ações de saúde em cada território e nortear fica estabelecido que: Cada prestador responde apenas a
a alocação dos recursos financeiros para saúde a partir de um gestor; A regulação dos prestadores de serviços deve
critérios e parâmetros pactuados entre os gestores. ser preferencialmente do município conforme desenho da
A PPI deve explicitar os pactos de referencia entre rede da assistência pactuado na CIB, observado o Termo de
municípios, gerando a parcela de recursos destinados à Compromisso de Gestão do Pacto e os seguintes
própria população e à população referenciada. princípios : da descentralização, municipalização e comando
As principais diretrizes norteadoras do processo de único; da busca da escala adequada e da qualidade;
programação pactuada são: A programação deve estar considerar a complexidade da rede de serviços locais;
inserida no processo de planejamento e deve considerar as considerar a efetiva capacidade de regulação; considerar o
prioridades definidas nos planos de saúde em cada esfera de desenho da rede estadual da assistência; a primazia do
gestão; Os gestores estaduais e municipais possuem interesse e da satisfação do usuário do SUS.
flexibilidade na definição de parâmetros e prioridades que irão A regulação das referencias intermunicipais é
orientar a programação, ressalvados os parâmetros responsabilidade do gestor estadual, expressa na
pactuados nacional e estadualmente. coordenação do processo de construção da programação
A programação é realizada prioritariamente, por áreas de pactuada e integrada da atenção em saúde, do processo de
atuação a partir das ações básicas de saúde para compor o regionalização, do desenho das redes; A operação dos
rol de ações de maior complexidade; A tabela unificada de complexos reguladores no que se refere a referencia
procedimentos deve orientar a programação das ações que intermunicipal deve ser pactuada na CIB, podendo ser
não estão organizadas por áreas de atuação, considerando operada nos seguintes modos: Pelo gestor estadual que se
seus níveis de agregação, para formar as aberturas relacionará com a central municipal que faz a gestão do
programáticas; A programação da assistência devera buscar prestador.
a integração com a programação da vigilância em saúde; Os Pelo gestor estadual que se relacionará diretamente com
recursos financeiros das três esferas de governo devem ser o prestador quando este estiver sob gestão estadual.
visualizados na programação. Pelo gestor municipal com cogestão do estado e
O processo de programação deve contribuir para a representação dos municípios da região; Modelos que
garantia de acesso aos serviços de saúde, subsidiando o diferem do item ‘d’ acima devem ser pactuados pela CIB e
processo regulatório da assistência; A programação deve ser homologados na CIT.
realizada a cada gestão, revisada periodicamente e sempre São metas para este Pacto, no prazo de um ano:
que necessário, em decorrência de alterações de fluxo no Contratualização de todos os prestadores de serviço;
atendimento ao usuário; de oferta de serviços; na tabela de Colocação de todos os leitos e serviços ambulatoriais
procedimentos; e no teto financeiro, dentre outras. contratualizados sob regulação; Extinção do pagamento dos
A programação pactuada e integrada deve subsidiar a serviços dos profissionais médicos por meio do código 7.
programação física financeira dos estabelecimentos de Participação e Controle Social A participação social no
saúde. SUS é um princípio doutrinário e está assegurado na
A programação pactuada e integrada deve guardar Constituição e nas Leis Orgânicas da Saúde (8080/90 e
relação com o desenho da regionalização naquele estado. 8142/90), e é parte fundamental deste pacto.
Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial - As ações que devem ser desenvolvidas para fortalecer o
Para efeitos destas diretrizes, serão adotados os seguintes processo de participação social, dentro deste pacto são:
conceitos: Regulação da Atenção à Saúde - tem como objeto Apoiar os conselhos de saúde, as conferências de saúde e os
a produção de todas as ações diretas e finais de atenção à movimentos sociais que atuam no campo da saúde, com
saúde, dirigida aos prestadores de serviços de saúde, vistas ao seu fortalecimento para que os mesmos possam
públicos e privados. exercer plenamente os seus papéis; Apoiar o processo de
As ações da Regulação da Atenção à Saúde formação dos conselheiros; Estimular a participação e
compreendem a Contratação, a Regulação do Acesso à avaliação dos cidadãos nos serviços de saúde; Apoiar os
Assistência ou Regulação Assistencial, o Controle processos de educação popular em saúde, para ampliar e
Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria qualificar a participação social no SUS; Apoiar a implantação
Assistencial e as regulamentações da Vigilância e implementação de ouvidorias nos estados e municípios,
Epidemiológica e Sanitária. com vistas ao fortalecimento da gestão estratégica do SUS;
Contratação - o conjunto de atos que envolvem desde a Apoiar o processo de mobilização social e institucional em
habilitação dos serviços/prestadores até a formalização do defesa do SUS e na discussão do pacto; Gestão do Trabalho
contrato na sua forma jurídica. 8.
Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação - As diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS são as
Assistencial - conjunto de relações, saberes, tecnologias e seguintes: A política de recursos humanos para o SUS é um
ações que intermedeiam a demanda dos usuários por eixo estruturante e deve buscar a valorização do trabalho e
serviços de saúde e o acesso a estes. dos trabalhadores de saúde, o tratamento dos conflitos, a
Complexos Reguladores - uma das estratégias de humanização das relações de trabalho; Estados, Municípios e
Regulação Assistencial, consistindo na articulação e União são entes autônomos para suprir suas necessidades
integração de Centrais de Atenção Pré-hospitalar e de manutenção e expansão dos seus próprios quadros de
Urgências, Centrais de Internação, Centrais de Consultas e trabalhadores de saúde; O Ministério da Saúde deve formular
Exames, Protocolos Assistenciais com a contratação, controle diretrizes de cooperação técnica para a gestão do trabalho no
assistencial e avaliação, assim como com outras funções da SUS;

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- SAÚDE PÚBLICA -
Desenvolver, pelas três esferas de gestão, estudos processo; Buscar a revisão da normatização vigente que
quanto às estratégias e financiamento tripartite de política de institui a Política Nacional de Educação Permanente em
reposição da força de trabalho descentralizada; As Diretrizes Saúde, contemplando a consequente e efetiva
para Planos de Cargos e Carreira do SUS devem ser um descentralização das atividades de planejamento,
instrumento que visa regular as relações de trabalho e o monitoramento, avaliação e execução orçamentária da
desenvolvimento do trabalhador, bem como a consolidação Educação Permanente para o trabalho no SUS; Centrar, o
da carreira como instrumento estratégico para a política de planejamento, programação e acompanhamento das
recursos humanos no Sistema; Promover relações de atividades educativas e consequentes alocações de
trabalho que obedeçam a exigências do princípio de recursos na lógica de fortalecimento e qualificação do SUS
legalidade da ação do Estado e de proteção dos direitos e atendimento das necessidades sociais em saúde;
associados ao trabalho; Desenvolver ações voltadas para a Considerar que a proposição de ações para formação e
adoção de vínculos de trabalho que garantam os direitos desenvolvimento dos profissionais de saúde para atender às
sociais e previdenciários dos trabalhadores de saúde, necessidades do SUS deve ser produto de cooperação
promovendo ações de adequação de vínculos, onde for técnica, articulação e diálogo entre os gestores das três
necessário, nas três esferas de governo, com o apoio técnico esferas de governo, as instituições de ensino, os serviços e
e financeiro aos Municípios, pelos Estados e União, conforme controle social e podem contemplar ações no campo da
legislação vigente; Os atores sociais envolvidos no desejo de formação e do trabalho.
consolidação dos SUS atuarão solidariamente na busca do
cumprimento deste item, observadas as responsabilidades B - RESPONSABILIDADE SANITÁRIA
legais de cada segmento; Estimular processos de negociação Este capítulo define as Responsabilidades Sanitárias e
entre gestores e trabalhadores através da instalação de atribuições do Município, do Distrito Federal, do Estado e da
Mesas de Negociação junto às esferas de gestão estaduais e União.
municipais do SUS; As Secretarias Estaduais e Municipais de A gestão do Sistema Único de Saúde é construída de
Saúde devem envidar esforços para a criação ou forma solidária e cooperada, com apoio mútuo através de
fortalecimento de estruturas de Recursos Humanos, compromissos assumidos nas Comissões Intergestores
objetivando cumprir um papel indutor de mudanças, tanto no Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT).
campo da gestão do trabalho, quanto no campo da educação Algumas responsabilidades atribuídas aos municípios
na saúde; 8. devem ser assumidas por todos os municípios.
- Serão priorizados os seguintes componentes na As outras responsabilidades serão atribuídas de acordo
estruturação da Gestão do Trabalho no SUS: Estruturação da com o pactuado e/ou com a complexidade da rede de
Gestão do Trabalho no SUS - Esse componente trata das serviços localizada no território municipal.
necessidades exigidas para a estruturação da área de Gestão No que se refere às responsabilidades atribuídas aos
do Trabalho integrado pelos seguintes eixos: base jurídico- estados devem ser assumidas por todos eles.
legal; atribuições específicas; estrutura e dimensionamento Com relação à gestão dos prestadores de serviço fica
organizacional e estrutura física e equipamentos. mantida a normatização estabelecida na NOAS SUS 01/2002.
Serão priorizados para este Componente, Estados, As referências na NOAS SUS 01/2002 às condições de
Capitais, Distrito Federal e nos Municípios com mais de 500 gestão de estados e municípios ficam substituídas pelas
empregos públicos, desde que possuam ou venham a setores situações pactuadas no respectivo Termo de Compromisso
de Gestão do Trabalho e da Educação nas secretarias de Gestão.
estaduais e municipais de saúde; Capacitação de Recursos
Humanos para a Gestão do Trabalho no SUS - Esse RESPONSABILIDADES GERAIS DA GESTÃO DO SUS
componente trata da qualificação dos gestores e técnicos na – MUNICÍPIOS
perspectiva do fortalecimento da gestão do trabalho em Todo município é responsável pela integralidade da
saúde. atenção à saúde da sua população, exercendo essa
Estão previstos, para seu desenvolvimento, a elaboração responsabilidade de forma solidária com o estado e a união;
de material didático e a realização de oficinas, cursos Todo município deve: garantir a integralidade das ações de
presenciais ou à distância, por meio das estruturas saúde prestadas de forma interdisciplinar, por meio da
formadoras existentes; Sistema Gerencial de Informações - abordagem integral e contínua do indivíduo no seu contexto
Esse componente propõe proceder à análise de sistemas de familiar, social e do trabalho; englobando atividades de
informação existentes e desenvolver componentes de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e agravos;
otimização e implantação de sistema informatizado que ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimento
subsidie a tomada de decisão na área de Gestão do às urgências; promover a equidade na atenção à saúde,
Trabalho. considerando as diferenças individuais e de grupos
populacionais, por meio da adequação da oferta às
Educação na Saúde. necessidades como princípio de justiça social, e ampliação do
- As diretrizes para o trabalho na Educação na Saúde acesso de populações em situação de desigualdade,
são: Avançar na implementação da Política Nacional de respeitadas as diversidades locais; participar do
Educação Permanente por meio da compreensão dos financiamento tripartite do Sistema Único de Saúde; assumir
conceitos de formação e educação permanente para a gestão e executar as ações de atenção básica, incluindo as
adequá-los às distintas lógicas e especificidades; ações de promoção e proteção, no seu território; assumir
Considerar a educação permanente parte essencial de uma integralmente a gerência de toda a rede pública de serviços
política de formação e desenvolvimento dos trabalhadores de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
para a qualificação do SUS e que comporta a adoção de transferidas pelo estado ou pela união; com apoio dos
diferentes metodologias e técnicas de ensino-aprendizagem estados, identificar as necessidades da população do seu
inovadoras, entre outras coisas; Considerar a Política território, fazer um reconhecimento das iniquidades,
Nacional de Educação Permanente em Saúde uma oportunidades e recursos; desenvolver, a partir da
estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento de identificação das necessidades, um processo de
trabalhadores para o setor, tendo como orientação os planejamento, regulação, programação pactuada e integrada
princípios da educação permanente; Assumir o da atenção à saúde, monitoramento e avaliação; formular e
compromisso de discutir e avaliar os processos e implementar políticas para áreas prioritárias, conforme
desdobramentos da implementação da Política Nacional de definido nas diferentes instâncias de pactuação; organizar o
Educação Permanente para ajustes necessários, acesso a serviços de saúde resolutivos e de qualidade na
atualizando-a conforme as experiências de implementação, atenção básica, viabilizando o planejamento, a programação
assegurando a inserção dos municípios e estados neste pactuada e integrada da atenção à saúde e a atenção à saúde

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- SAÚDE PÚBLICA -
no seu território, explicitando a responsabilidade, o Coordenar e executar e as ações de vigilância em saúde,
compromisso e o vínculo do serviço e equipe de saúde com a compreendendo as ações de média e alta complexidade
população do seu território, desenhando a rede de atenção e desta área, de acordo com as normas vigentes e pactuações
promovendo a humanização do atendimento; organizar e estabelecidas;
pactuar o acesso a ações e serviços de atenção especializada Assumir transitoriamente, quando necessário, a execução
a partir das necessidades da atenção básica, configurando a das ações de vigilância em saúde no município,
rede de atenção, por meio dos processos de integração e comprometendo-se em cooperar para que o município
articulação dos serviços de atenção básica com os demais assuma, no menor prazo possível, sua responsabilidade;
níveis do sistema, com base no processo da programação Executar algumas ações de vigilância em saúde, em
pactuada e integrada da atenção à saúde; pactuar e fazer o caráter permanente, mediante acordo bipartite e conforme
acompanhamento da referência da atenção que ocorre fora do normatização específica; Supervisionar as ações de
seu território, em cooperação com o estado, Distrito Federal e prevenção e controle da vigilância em saúde, coordenando
com os demais municípios envolvidos no âmbito regional e aquelas que exigem ação articulada e simultânea entre os
estadual, conforme a programação pactuada e integrada da municípios;
atenção à saúde; garantir estas referências de acordo com a Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que
programação pactuada e integrada da atenção à saúde, executem com qualidade as ações de vigilância em saúde,
quando dispõe de serviços de referência intermunicipal; garantir compreendendo as ações de vigilância epidemiológica,
a estrutura física necessária para a realização das ações de sanitária e ambiental, de acordo com as normas vigentes e
atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigentes; pactuações estabelecidas;
promover a estruturação da assistência farmacêutica e garantir, Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da
em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da saúde, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito
população aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua nacional;
responsabilidade, promovendo seu uso racional, observadas as Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde
normas vigentes e pactuações estabelecidas; assumir a gestão pública; Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas
e execução das ações de vigilância em saúde realizadas no de hemonúcleos / hemocentros e elaborar normas
âmbito local, compreendendo as ações de vigilância complementares para a organização e funcionamento desta
epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as rede de serviço.
normas vigentes e pactuações estabelecidas; elaborar, pactuar
e implantar a política de promoção da saúde, considerando as – DISTRITO FEDERAL
diretrizes estabelecidas no âmbito nacional. Responder, solidariamente com a união, pela
integralidade da atenção à saúde da população; Garantir a
– ESTADOS integralidade das ações de saúde prestadas de forma
Responder, solidariamente com municípios, Distrito interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do
Federal e união, pela integralidade da atenção à saúde da indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho;
população; Participar do financiamento tripartite do Sistema
englobando atividades de promoção da saúde, prevenção de
Único de Saúde; Formular e implementar políticas para áreas
prioritárias, conforme definido nas diferentes instâncias de riscos, danos e agravos; ações de assistência, assegurando o
pactuação; Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito acesso ao atendimento às urgências;
estadual, a implementação dos Pactos Pela Vida e de Gestão Promover a equidade na atenção à saúde, considerando
e seu Termo de Compromisso; as diferenças individuais e de grupos populacionais, por meio
Apoiar técnica e financeiramente os municípios, para que da adequação da oferta às necessidades como princípio de
estes assumam integralmente sua responsabilidade de gestor justiça social, e ampliação do acesso de populações em
da atenção à saúde dos seus munícipes; situação de desigualdade, respeitadas as diversidades locais;
Apoiar técnica, política e financeiramente a gestão da Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de
atenção básica nos municípios, considerando os cenários Saúde;
epidemiológicos, as necessidades de saúde e a articulação Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito estadual, a
regional, fazendo um reconhecimento das iniquidades,
implementação dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seu
oportunidades e recursos;
Termo de Compromisso de Gestão;
Fazer reconhecimento das necessidades da população
no âmbito estadual e cooperar técnica e financeiramente com Assumir a gestão e executar as ações de atenção básica,
os municípios, para que possam fazer o mesmo nos seus incluindo as ações de promoção e proteção, no seu território;
territórios; Assumir integralmente a gerência de toda a rede pública
Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, de serviços de atenção básica, englobando as unidades
um processo de planejamento, regulação, programação próprias e as transferidas pela união; Garantir a estrutura
pactuada e integrada da atenção à saúde, monitoramento e física necessária para a realização das ações de atenção
avaliação; básica, de acordo com as normas técnicas vigentes;
Coordenar o processo de configuração do desenho da Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção
rede de atenção, nas relações intermunicipais, com a básica no âmbito do seu território; Identificar as necessidades
participação dos municípios da região; da população do seu território, fazer um reconhecimento das
Organizar e pactuar com os municípios, o processo de
iniquidades, oportunidades e recursos;
referência intermunicipal das ações e serviços de média e alta
complexidade a partir da atenção básica, de acordo com a Desenvolver, a partir da identificação das necessidades,
programação pactuada e integrada da atenção à saúde; um processo de planejamento, regulação, programação
Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção pactuada e integrada da atenção à saúde, monitoramento e
básica no âmbito do território estadual; avaliação; Formular e implementar políticas para áreas
Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que prioritárias, conforme definido nas instâncias de pactuação;
garantam a estrutura física necessária para a realização das Organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de
ações de atenção básica; qualidade na atenção básica, viabilizando o planejamento, a
Promover a estruturação da assistência farmacêutica e programação pactuada e integrada da atenção à saúde e a
garantir, em conjunto com as demais esferas de governo, o atenção à saúde no seu território, explicitando a
acesso da população aos medicamentos cuja dispensação responsabilidade, o compromisso e o vínculo do serviço e
esteja sob sua responsabilidade, fomentando seu uso
equipe de saúde com a população do seu território,
racional e observando as normas vigentes e pactuações
desenhando a rede de atenção e promovendo a humanização
estabelecidas;
do atendimento;
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- SAÚDE PÚBLICA -
Organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de as normas vigentes e pactuações estabelecidas;
atenção especializada a partir das necessidades da atenção Definir e pactuar as diretrizes para a organização das
básica, configurando a rede de atenção, por meio dos ações e serviços de média e alta complexidade, a partir da
processos de integração e articulação dos serviços de atenção básica;
atenção básica com os demais níveis do sistema, com base Coordenar e executar as ações de vigilância em saúde,
no processo da programação pactuada e integrada da compreendendo as ações de média e alta complexidade desta
atenção à saúde; área, de acordo com as normas vigentes e pactuações
Pactuar e fazer o acompanhamento da referência da estabelecidas; Coordenar, nacionalmente, as ações de
atenção que ocorre fora do seu território, em cooperação com prevenção e controle da vigilância em saúde que exijam ação
os estados envolvidos no âmbito regional, conforme a articulada e simultânea entre os estados, Distrito Federal e
programação pactuada e integrada da atenção à saúde; municípios;
Promover a estruturação da assistência farmacêutica e Proceder investigação complementar ou conjunta com os
garantir, em conjunto com a união, o acesso da população demais gestores do SUS em situação de risco sanitário;
aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua Apoiar e coordenar os laboratórios de saúde pública –
responsabilidade, fomentando seu uso racional e observando Rede Nacional de laboratórios de saúde Pública/RNLSP - nos
as normas vigentes e pactuações estabelecidas; Garantir o aspectos relativos à vigilância em saúde;
acesso de serviços de referência de acordo com a Assumir transitoriamente, quando necessário, a execução
programação pactuada e integrada da atenção à saúde; das ações de vigilância em saúde nos estados, Distrito
Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da Federal e municípios, comprometendo-se em cooperar para
saúde, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito que assumam, no menor prazo possível, suas
responsabilidades;
nacional;
Apoiar técnica e financeiramente os estados, o Distrito
Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em
Federal e os municípios para que executem com qualidade as
saúde realizadas no âmbito do seu território, compreendendo
ações de vigilância em saúde, compreendendo as ações de
as ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental,
vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo
de acordo com as normas vigentes e pactuações
com as normas vigentes e pactuações estabelecidas;
estabelecidas; Elaborar, pactuar e implementar a política de promoção
Executar e coordenar as ações de vigilância em saúde, da saúde.
compreendendo as ações de média e alta complexidade
desta área, de acordo com as normas vigentes e pactuações RESPONSABILIDADES NA REGIONALIZAÇÃO –
estabelecidas; MUNICÍPIOS
Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde Todo município deve: contribuir para a constituição e
pública; fortalecimento do processo de regionalização solidária e
Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de cooperativa, assumindo os compromissos pactuados;
hemonúcleos / hemocentros e elaborar normas participar da constituição da regionalização, disponibilizando
complementares para a organização e funcionamento desta de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e
rede de serviço. financeiros, conforme pactuação estabelecida; participar dos
colegiados de gestão regionais, cumprindo suas obrigações
– UNIÃO técnicas e financeiras.
Responder, solidariamente com os municípios, o Distrito Nas CIB regionais constituídas por representação,
Federal e os estados, pela integralidade da atenção à saúde quando não for possível a imediata incorporação de todos os
da população; gestores de saúde dos municípios da região de saúde, deve-
Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de se pactuar um cronograma de adequação, no menor prazo
Saúde; Formular e implementar políticas para áreas possível, para a inclusão de todos os municípios nos
prioritárias, conforme definido nas diferentes instâncias de respectivos colegiados de gestão regionais.
pactuação; Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde,
Coordenar e acompanhar, no âmbito nacional, a conforme definido no plano municipal de saúde, no plano
pactuação e avaliação do Pacto de Gestão e Pacto pela Vida diretor de regionalização, no planejamento regional e no
e seu Termo de Compromisso; plano regional de investimento; A responsabilidade a seguir
Apoiar o Distrito Federal, os estados e conjuntamente com será atribuída de acordo com o pactuado e/ou com a
estes, os municípios, para que assumam integralmente as suas complexidade da rede de serviços localizada no território
responsabilidades de gestores da atenção à saúde; Apoiar municipal Executar as ações de referência regional sob sua
financeiramente o Distrito Federal e os municípios, em conjunto responsabilidade em conformidade com a programação
com os estados, para que garantam a estrutura física necessária pactuada e integrada da atenção à saúde acordada nos
para a realização das ações de atenção básica; colegiados de gestão regionais.
Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, ao
Distrito Federal e aos municípios para o aperfeiçoamento das – ESTADOS
suas atuações institucionais na gestão da atenção básica; Contribuir para a constituição e fortalecimento do
Exercer de forma pactuada as funções de normatização e processo de regionalização solidária e cooperativa,
de coordenação no que se refere à gestão nacional da assumindo os compromissos pactuados; Coordenar a
atenção básica no SUS; regionalização em seu território, propondo e pactuando
Identificar, em articulação com os estados, Distrito diretrizes e normas gerais sobre a regionalização,
Federal e municípios, as necessidades da população para o observando as normas vigentes e pactuações na CIB;
âmbito nacional, fazendo um reconhecimento das Coordenar o processo de organização, reconhecimento e
iniquidades, oportunidades e recursos; e cooperar técnica e atualização das regiões de saúde, conformando o plano
financeiramente com os gestores, para que façam o mesmo diretor de regionalização;
nos seus territórios; Participar da constituição da regionalização,
Desenvolver, a partir da identificação de necessidades, disponibilizando de forma cooperativa os recursos humanos,
um processo de planejamento, regulação, programação tecnológicos e financeiros, conforme pactuação estabelecida;
pactuada e integrada da atenção à saúde, monitoramento e Apoiar técnica e financeiramente as regiões de saúde,
avaliação; promovendo a equidade inter-regional; Participar dos
Promover a estruturação da assistência farmacêutica e colegiados de gestão regional, cumprindo suas obrigações
garantir, em conjunto com as demais esferas de governo, o técnicas e financeiras; Participar dos projetos prioritários das
acesso da população aos medicamentos que estejam sob sua regiões de saúde, conforme definido no plano estadual de
responsabilidade, fomentando seu uso racional, observadas saúde, no plano diretor de regionalização, no planejamento
regional e no plano regional de investimento.
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- SAÚDE PÚBLICA -
– DISTRITO FEDERAL – ESTADOS
Contribuir para a constituição e fortalecimento do Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo
processo de regionalização solidária e cooperativa, permanente de planejamento participativo e integrado, de
assumindo os compromissos pactuados; Coordenar o base local e ascendente, orientado por problemas e
processo de organização, reconhecimento e atualização das necessidades em saúde, com a constituição de ações para a
regiões de saúde, conformando o plano diretor de promoção, a proteção, a recuperação e a reabilitação em
regionalização; Apoiar técnica e financeiramente as regiões saúde, construindo nesse processo o plano estadual de
de saúde, promovendo a equidade inter-regional; Participar saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho Estadual de
dos colegiados de gestão regional, cumprindo suas Saúde; Formular, no plano estadual de saúde, e pactuar no
obrigações técnicas e financeiras, conforme pactuação âmbito da Comissão Intergestores Bipartite - CIB, a política
estabelecida; Participar dos projetos prioritários das regiões estadual de atenção em saúde, incluindo ações intersetoriais
de saúde, conforme definido no plano estadual de saúde, no voltadas para a promoção da saúde; Elaborar relatório de
plano diretor de regionalização, no planejamento regional e gestão anual, a ser apresentado e submetido à aprovação do
no plano regional de investimento; Propor e pactuar diretrizes Conselho Estadual de Saúde; Coordenar, acompanhar e
e normas gerais sobre a regionalização, observando as apoiar os municípios na elaboração da programação
normas vigentes, participando da sua constituição, pactuada e integrada da atenção à saúde, no âmbito
disponibilizando de forma cooperativa os recursos humanos, estadual, regional e interestadual; Apoiar, acompanhar,
tecnológicos e financeiros, conforme pactuação estabelecida. consolidar e operar quando couber, no âmbito estadual e
regional, a alimentação dos sistemas de informação,
– UNIÃO conforme normas do Ministério da Saúde; Operar os sistemas
Contribuir para a constituição e fortalecimento do de informação epidemiológica e sanitária de sua
processo de regionalização solidária e cooperativa, competência, bem como assegurar a divulgação de
assumindo os compromissos pactuados; Coordenar o informações e análises e apoiar os municípios naqueles de
processo de regionalização no âmbito nacional, propondo e responsabilidade municipal.
pactuando diretrizes e normas gerais sobre a regionalização,
observando as normas vigentes e pactuações na CIT; – DISTRITO FEDERAL
Cooperar técnica e financeiramente com as regiões de saúde, Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo
por meio dos estados e/ou municípios, priorizando as regiões permanente de planejamento participativo e integrado, de
mais vulneráveis, promovendo a equidade inter-regional e base local e ascendente, orientado por problemas e
interestadual; Apoiar e participar da constituição da necessidades em saúde, com a constituição de ações para
regionalização, disponibilizando de forma cooperativa os a promoção, a proteção, a recuperação e a reabilitação em
recursos humanos, tecnológicos e financeiros, conforme saúde, construindo nesse processo o plano estadual de
pactuação estabelecida; Fomentar a constituição das regiões saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho de Saúde
de saúde fronteiriças, participando do funcionamento de seus do Distrito Federal; Formular, no plano estadual de saúde, a
colegiados de gestão regionais. política estadual de atenção em saúde, incluindo ações
intersetoriais voltadas para a promoção da saúde; Elaborar
– RESPONSABILIDADES NO PLANEJAMENTO E relatório de gestão anual, a ser apresentado e submetido à
PROGRAMAÇÃO – MUNICÍPIOS aprovação do Conselho Estadual de Saúde; Operar os
Todo município deve: formular, gerenciar, implementar e sistemas de informação epidemiológica e sanitária de sua
avaliar o processo permanente de planejamento participativo competência, bem como assegurar a divulgação de
e integrado, de base local e ascendente, orientado por informações e análises; Operar os sistemas de informação
problemas e necessidades em saúde, com a constituição de referentes à atenção básica, conforme normas do Ministério
ações para a promoção, a proteção, a recuperação e a da Saúde, e alimentar regularmente os bancos de dados
reabilitação em saúde, construindo nesse processo o plano nacionais, assumindo a responsabilidade pela gestão, no
de saúde e submetendo-o à aprovação do Conselho de nível local, dos sistemas de informação: Sistema de
Saúde correspondente; formular, no plano municipal de Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema
saúde, a política municipal de atenção em saúde, incluindo de Informação do Programa Nacional de Imunizações - SI-
ações intersetoriais voltadas para a promoção da saúde; PNI, Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos –
elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e SINASC, Sistema de Informação Ambulatorial - SIA e
submetido à aprovação do Conselho de Saúde Cadastro Nacional de Estabelecimentos e Profissionais de
correspondente; operar os sistemas de informação referentes Saúde – CNES; Sistema de Informação Hospitalar – SIH e
à atenção básica, conforme normas do Ministério da Saúde, e Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, bem como
alimentar regularmente os bancos de dados nacionais, de outros sistemas que venham a ser introduzidos; Assumir
assumindo a responsabilidade pela gestão, no nível local, dos a responsabilidade pela coordenação e execução das
sistemas de informação: Sistema de Informação sobre atividades de informação, educação e comunicação, no
Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de Informação do âmbito do seu território; Elaborar a programação da atenção
Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema de à saúde, incluída a assistência e vigilância em saúde, em
Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de conformidade com o plano estadual l de saúde, no âmbito
Informação Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de da Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde.
Estabelecimentos e Profissionais de Saúde – CNES; e
quando couber, os sistemas: Sistema de Informação – UNIÃO
Hospitalar – SIH e Sistema de Informação sobre Mortalidade Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo
– SIM, bem como de outros sistemas que venham a ser permanente de planejamento participativo e integrado, de
introduzidos; assumir a responsabilidade pela coordenação e base local e ascendente, orientado por problemas e
execução das atividades de informação, educação e necessidades em saúde, com a constituição de ações para a
comunicação, no âmbito local; elaborar a programação da promoção, a proteção, a recuperação e a reabilitação em
atenção à saúde, incluída a assistência e vigilância em saúde, saúde, construindo nesse processo o plano nacional de
em conformidade com o plano municipal de saúde, no âmbito saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho Nacional de
da Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde; Saúde; Formular, no plano nacional de saúde, e pactuar no
A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo com o âmbito da Comissão Intergestores Tripartite – CIT, a política
pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços nacional de atenção em saúde, incluindo ações intersetoriais
localizada no território municipal Gerir os sistemas de voltadas para a promoção da saúde; Elaborar relatório de
informação epidemiológica e sanitária, bem como assegurar a gestão anual, a ser apresentado e submetido à aprovação do
divulgação de informações e análises. Conselho Nacional de Saúde;

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- SAÚDE PÚBLICA -
Formular, pactuar no âmbito a CIT e aprovar no Conselho Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de
Nacional de Saúde, a política nacional de atenção à saúde saúde, públicos e privados, sob sua gestão; Elaborar normas
dos povos indígenas e executá-la, conforme pactuação com técnicas, complementares às das esferas estadual e federal,
Estados e Municípios, por meio da Fundação Nacional de para o seu território.
Saúde – FUNASA; Coordenar, acompanhar e apoiar os
municípios, os estados e Distrito Federal na elaboração da – ESTADOS
programação pactuada e integrada da atenção em saúde, no Elaborar as normas técnicas complementares à da
âmbito nacional; Gerenciar, manter, e elaborar quando esfera federal, para o seu território; Monitorar a aplicação dos
necessário, no âmbito nacional, os sistemas de informação, recursos financeiros recebidos por meio de transferência
conforme normas vigentes e pactuações estabelecidas, regular e automática (fundo a fundo) e por convênios;
incluindo aqueles sistemas que garantam a solicitação e Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros
autorização de procedimentos, o processamento da produção transferidos aos fundos municipais; Monitorar o cumprimento
e preparação para a realização de pagamentos; Desenvolver pelos municípios: dos planos de saúde, dos relatórios de
e gerenciar sistemas de informação epidemiológica e gestão, da operação dos fundos de saúde, indicadores e
sanitária, bem como assegurar a divulgação de informações e metas do pacto de gestão, da constituição dos serviços de
análises. regulação, controle avaliação e auditoria e da participação na
programação pactuada e integrada da atenção à saúde;
RESPONSABILIDADES NA REGULAÇÃO, Apoiar a identificação dos usuários do SUS no âmbito
CONTROLE, AVALIAÇÃO E AUDITORIA. estadual, com vistas à vinculação de clientela e à
1- MUNICÍPIOS sistematização da oferta dos serviços; Manter atualizado o
Todo município deve: monitorar e fiscalizar a aplicação cadastramento no Sistema Nacional de Cadastro de
dos recursos financeiros provenientes de transferência Estabelecimentos e Profissionais de Saúde, bem como
regular e automática (fundo a fundo) e por convênios; realizar coordenar e cooperar com os municípios nesta atividade;
a identificação dos usuários do SUS, com vistas à vinculação Elaborar e pactuar protocolos clínicos e de regulação de
de clientela e à sistematização da oferta dos serviços; acesso, no âmbito estadual, em consonância com os
monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, protocolos e diretrizes nacionais, apoiando os Municípios na
implementação dos mesmos; Controlar a referência a ser
realizadas em seu território, por intermédio de indicadores de
realizada em outros estados, de acordo com a programação
desempenho, envolvendo aspectos epidemiológicos e
pactuada e integrada da atenção à saúde, procedendo a
operacionais; manter atualizado o Sistema Nacional de
solicitação e/ou autorização prévia, quando couber; Operar a
Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde no
central de regulação estadual, para as referências
seu território, segundo normas do Ministério da Saúde; adotar
interestaduais pactuadas, em articulação com as centrais de
protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, em consonância regulação municipais; Coordenar e apoiar a implementação
com os protocolos e diretrizes nacionais e estaduais; adotar da regulação da atenção pré-hospitalar às urgências de
protocolos de regulação de acesso, em consonância com os acordo com a regionalização e conforme normas vigentes e
protocolos e diretrizes nacionais, estaduais e regionais; pactuações estabelecidas; Estimular e apoiar a implantação
controlar a referência a ser realizada em outros municípios, dos complexos reguladores municipais; Participar da co-
de acordo com a programação pactuada e integrada da gestão dos complexos reguladores municipais, no que se
atenção à saúde, procedendo à solicitação e/ou autorização refere às referências intermunicipais; Operar os complexos
prévia, quando couber; As responsabilidades a seguir serão reguladores no que se refere no que se refere à referencia
atribuídas de acordo com o pactuado e/ou com a intermunicipal, conforme pactuação; Monitorar a
complexidade da rede de serviços localizada no território implementação e operacionalização das centrais de
municipal Definir a programação físico-financeira por regulação; Cooperar tecnicamente com os municípios para a
estabelecimento de saúde; observar as normas vigentes de qualificação das atividades de cadastramento, contratação,
solicitação e autorização dos procedimentos hospitalares e controle, avaliação, auditoria e pagamento aos prestadores
ambulatoriais; processar a produção dos estabelecimentos de dos serviços localizados no território municipal e vinculados
saúde próprios e contratados e realizar o pagamento dos ao SUS; Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com
prestadores de serviços; Operar o complexo regulador dos prestadores contratados e conveniados, bem como das
serviços presentes no seu território, de acordo com a unidades públicas; Elaborar contratos com os prestadores de
pactuação estabelecida, realizando a co-gestão com o Estado acordo com a política nacional de contratação de serviços de
e outros Municípios, das referências intermunicipais. saúde, em conformidade com o planejamento e a
Executar o controle do acesso do seu munícipe aos leitos programação da atenção; Credenciar os serviços de acordo
disponíveis, às consultas, terapias e exames especializados, com as normas vigentes e com a regionalização e coordenar
disponíveis no seu território, que pode ser feito por meio de este processo em relação aos municípios; Fiscalizar e
centrais de regulação; Planejar e executar a regulação monitorar o cumprimento dos critérios estaduais e nacionais
médica da atenção pré-hospitalar às urgências, conforme de credenciamento de serviços pelos prestadores; Monitorar
normas vigentes e pactuações estabelecidas; Elaborar o cumprimento, pelos municípios, das programações físico-
contratos com os prestadores de acordo com a política financeira definidas na programação pactuada e integrada da
nacional de contratação de serviços de saúde e em atenção à saúde; Fiscalizar e monitorar o cumprimento, pelos
conformidade com o planejamento e a programação pactuada municípios, das normas de solicitação e autorização das
e integrada da atenção à saúde; Monitorar e fiscalizar os internações e dos procedimentos ambulatoriais
contratos e convênios com prestadores contratados e especializados; Estabelecer e monitorar a programação
conveniados, bem como das unidades públicas; Monitorar e físico-financeira dos estabelecimentos de saúde sob sua
fiscalizar a execução dos procedimentos realizados em cada gestão; observar as normas vigentes de solicitação e
estabelecimento por meio das ações de controle e avaliação autorização dos procedimentos hospitalares e
hospitalar e ambulatorial; Monitorar e fiscalizar e o ambulatoriais, monitorando e fiscalizando a sua execução
cumprimento dos critérios nacionais, estaduais e municipais por meio de ações de controle, avaliação e auditoria;
de credenciamento de serviços; Implementar a avaliação das processar a produção dos estabelecimentos de saúde
ações de saúde nos estabelecimentos de saúde, por meio de próprios e contratados e realizar o pagamento dos
análise de dados e indicadores e verificação de padrões de prestadores de serviços; Monitorar e avaliar o
conformidade; Implementar a auditoria sobre toda a produção funcionamento dos Consórcios Intermunicipais de Saúde;
de serviços de saúde, públicos e privados, sob sua gestão, Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais
hierarquizadas estaduais; Implementar avaliação das ações
tomando como referência as ações previstas no plano
de saúde nos estabelecimentos, por meio de análise de
municipal de saúde e em articulação com as ações de
dados e indicadores e verificação de padrões de
controle, avaliação e regulação assistencial;
conformidade;
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- SAÚDE PÚBLICA -
Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, ao SUS; Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos
realizadas pelos municípios e pelo gestor estadual; financeiros transferidos fundo a fundo e por convênio aos fundos
Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que de saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios;
realizam análises de interesse da saúde pública; Elaborar Monitorar o cumprimento pelos estados, Distrito Federal e
normas complementares para a avaliação tecnológica em municípios dos planos de saúde, dos relatórios de gestão, da
saúde; Avaliar e auditar os sistemas de saúde municipais de operação dos fundos de saúde, dos pactos de indicadores e
saúde; Implementar auditoria sobre toda a produção de metas, da constituição dos serviços de regulação, controle
serviços de saúde, pública e privada, sob sua gestão e em avaliação e auditoria e da realização da programação pactuada e
articulação com as ações de controle, avaliação e regulação integrada da atenção à saúde; Coordenar, no âmbito nacional, a
assistencial; Realizar auditoria assistencial da produção de estratégia de identificação dos usuários do SUS; Coordenar e
serviços de saúde, públicos e privados, sob sua gestão. cooperar com os estados, o Distrito Federal e os municípios no
processo de cadastramento de Estabelecimentos e Profissionais
– DISTRITO FEDERAL de Saúde; Definir e pactuar a política nacional de contratação de
Elaborar as normas técnicas complementares à da serviços de saúde; Propor e pactuar os critérios de
esfera federal, para o seu território; Monitorar a aplicação credenciamento dos serviços de saúde; Propor e pactuar as
dos recursos financeiros recebidos por meio de normas de solicitação e autorização das internações e dos
transferência regular e automática (fundo a fundo) e por procedimentos ambulatoriais especializados, de acordo com as
convênios; Realizar a identificação dos usuários do SUS no Políticas de Atenção Especializada; Elaborar, pactuar e manter
âmbito do Distrito Federal, com vistas à vinculação de as tabelas de procedimentos enquanto padrão nacional de
clientela e à sistematização da oferta dos serviços; Manter utilização dos mesmos e de seus preços; Estruturar a política
atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de nacional de regulação da atenção à saúde, conforme pactuação
Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde no na CIT, contemplando apoio financeiro, tecnológico e de
seu território, segundo normas do Ministério da Saúde; educação permanente; Estimular e apoiar a implantação dos
Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, complexos reguladores; Cooperar na implantação e
realizadas em seu território, por intermédio de indicadores implementação dos complexos reguladores; Coordenar e
de desempenho, envolvendo aspectos epidemiológicos e monitorar a implementação e operacionalização das centrais de
operacionais; Elaborar e implantar protocolos clínicos, regulação interestaduais, garantindo o acesso às referências
terapêuticos e de regulação de acesso, no âmbito do pactuadas; Coordenar a construção de protocolos clínicos e de
Distrito Federal, em consonância com os protocolos e regulação de acesso nacionais, em parceria com os estados, o
diretrizes nacionais; Controlar a referência a ser realizada Distrito Federal e os municípios, apoiando–os na utilização dos
em outros estados, de acordo com a programação pactuada mesmos; Acompanhar, monitorar e avaliar a atenção básica, nas
e integrada da atenção à saúde, procedendo a solicitação demais esferas de gestão, respeitadas as competências
e/ou autorização prévia; Operar a central de regulação do estaduais, municipais e do Distrito Federal; Monitorar e avaliar as
Distrito Federal, para as referências interestaduais ações de vigilância em saúde, realizadas pelos municípios,
pactuadas, em articulação com as centrais de regulação Distrito Federal, estados e pelo gestor federal, incluindo a
estaduais e municipais; Implantar e operar o complexo permanente avaliação dos sistemas de vigilância epidemiológica
regulador dos serviços presentes no seu território, de e ambiental em saúde; Normatizar, definir fluxos técnico-
acordo com a pactuação estabelecida; Coordenar e apoiar a operacionais e supervisionar a rede de laboratórios públicos e
implementação da regulação da atenção pré-hospitalar às privados que realizam análises de interesse em saúde pública;
urgências de acordo com a regionalização e conforme normas Avaliar o desempenho das redes regionais e de referências
vigentes e pactuações estabelecidas Executar o controle do interestaduais; Responsabilizar-se pela avaliação tecnológica em
acesso do seu usuário aos leitos disponíveis, às consultas, saúde; Avaliar e auditar os sistemas de saúde estaduais e
terapias e exames especializados, disponíveis no seu território, municipais.
que pode ser feito por meio de centrais de regulação; Definir a
programação físico-financeira por estabelecimento de saúde; 5 – RESPONSABILIDADES NA GESTÃO DO
observar as normas vigentes de solicitação e autorização dos TRABALHO
procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a
produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados 1 – MUNICÍPIOS
e realizar o pagamento dos prestadores de serviços; Monitorar e Todo município deve: promover e desenvolver políticas
fiscalizar contratos e convênios com prestadores contratados e de gestão do trabalho, considerando os princípios da
conveniados, bem como das unidades públicas; Elaborar humanização, da participação e da democratização das
contratos com os prestadores de acordo com a política nacional relações de trabalho; adotar vínculos de trabalho que
de contratação de serviços de saúde, em conformidade com o garantam os direitos sociais e previdenciários dos
planejamento e a programação da atenção; Credenciar os
trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão e de
serviços de acordo com as normas vigentes e com a
regionalização; Monitorar e avaliar o funcionamento dos serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde
Consórcios de Saúde; Monitorar e avaliar o desempenho das for necessário, conforme legislação vigente; As
redes regionais hierarquizadas; Implementar avaliação das ações responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
de saúde nos estabelecimentos, por meio de análise de dados e pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços
indicadores e verificação de padrões de conformidade; Monitorar localizada no território municipal Estabelecer, sempre que
e fiscalizar a execução dos procedimentos realizados em cada possível, espaços de negociação permanente entre
estabelecimento por meio das ações de controle e avaliação trabalhadores e gestores; Desenvolver estudos e propor
hospitalar e ambulatorial; Supervisionar a rede de laboratórios estratégias e financiamento tripartite com vistas à adoção de
públicos e privados que realizam análises de interesse da saúde política referente aos recursos humanos descentralizados;
pública; Elaborar normas complementares para a avaliação Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras,
tecnológica em saúde; Implementar auditoria sobre toda a
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da
produção de serviços de saúde, pública e privada, em articulação
elaboração, implementação e/ou reformulação de Planos de
com as ações de controle, avaliação e regulação assistencial.
Cargos e Salários no âmbito da gestão local; Implementar e
– UNIÃO pactuar diretrizes para políticas de educação e gestão do
Cooperar tecnicamente com os estados, o Distrito Federal e trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de
os municípios para a qualificação das atividades de trabalhadores de saúde, no âmbito municipal, notadamente
cadastramento, contratação, regulação, controle, avaliação, em regiões onde a restrição de oferta afeta diretamente a
auditoria e pagamento aos prestadores dos serviços vinculados implantação de ações estratégicas para a atenção básica.

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- SAÚDE PÚBLICA -
2 – ESTADOS RESPONSABILIDADES NA EDUCAÇÃO NA SAÚDE
Promover e desenvolver políticas de gestão do trabalho, 1 – MUNICÍPIOS
considerando os princípios da humanização, da participação Todo município deve: formular e promover a gestão da
e da democratização das relações de trabalho; Desenvolver educação permanente em saúde e processos relativos à
estudos e propor estratégias e financiamento tripartite com mesma, orientados pela integralidade da atenção à saúde,
vistas à adoção de política referente aos recursos humanos criando quando for o caso, estruturas de coordenação e de
descentralizados; Promover espaços de negociação execução da política de formação e desenvolvimento,
permanente entre trabalhadores e gestores, no âmbito participando no seu financiamento; promover diretamente ou
estadual e regional; em cooperação com o estado, com os municípios da sua
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos região e com a união, processos conjuntos de educação
sociais e previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua permanente em saúde; apoiar e promover a aproximação dos
esfera de gestão e de serviços, promovendo ações de movimentos de educação popular em saúde na formação dos
adequação de vínculos, onde for necessário, conforme profissionais de saúde, em consonância com as
legislação vigente e apoiando técnica e financeiramente os necessidades sociais em saúde; incentivar junto à rede de
municípios na mesma direção; Considerar as diretrizes ensino, no âmbito municipal, a realização de ações
nacionais para Planos de Carreiras, Cargos e Salários para o educativas e de conhecimento do SUS; As responsabilidades
SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, implementação a seguir serão atribuídas de acordo com o pactuado e/ou com
e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários no âmbito a complexidade da rede de serviços localizada no território
da gestão estadual; Propor e pactuar diretrizes para políticas municipal Articular e cooperar com a construção e
de educação e gestão do trabalho que favoreçam o implementação de iniciativas políticas e práticas para a
provimento e a fixação de trabalhadores de saúde, no âmbito mudança na graduação das profissões de saúde, de acordo
estadual, notadamente em regiões onde a restrição de oferta com as diretrizes do SUS; Promover e articular junto às
afeta diretamente a implantação de ações estratégicas para a Escolas Técnicas de Saúde uma nova orientação para a
atenção básica. formação de profissionais técnicos para o SUS, diversificando
os campos de aprendizagem; 6.
3 – DISTRITO FEDERAL
Desenvolver estudos quanto às estratégias e 2 – ESTADOS
financiamento tripartite de política de reposição da força de Formular, promover e apoiar a gestão da educação
trabalho descentralizada; Implementar espaços de permanente em saúde e processos relativos à mesma no
negociação permanente entre trabalhadores e gestores, no âmbito estadual; Promover a integração de todos os
âmbito do Distrito Federal e regional; processos de capacitação e desenvolvimento de recursos
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos humanos à política de educação permanente, no âmbito da
sociais e previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua
gestão estadual do SUS; Apoiar e fortalecer a articulação com
esfera de gestão e de serviços, promovendo ações de
adequação de vínculos, onde for necessário, conforme os municípios e entre os mesmos, para os processos de
legislação vigente; Considerar as diretrizes nacionais para educação e desenvolvimento de trabalhadores para o SUS;
Planos de Carreiras, Cargos e Salários para o SUS – Articular o processo de vinculação dos municípios às
PCCS/SUS, quando da elaboração, implementação e/ou referências para o seu processo de formação e
reformulação de Planos de Cargos e Salários no âmbito da desenvolvimento; Articular e participar das políticas
gestão do Distrito Federal; Propor e pactuar diretrizes para regulatórias e de indução de mudanças no campo da
políticas de educação e de gestão do trabalho que favoreçam graduação e da especialização das profissões de saúde;
o provimento e a fixação de trabalhadores de saúde, no Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação,
âmbito do Distrito Federal, notadamente em regiões onde a processos de formação de acordo com as necessidades do
restrição de oferta afeta diretamente a implantação de ações SUS, cooperando com os demais gestores, para processos
estratégicas para a atenção básica.
na mesma direção; Desenvolver ações e estruturas formais
de educação técnica em saúde com capacidade de execução
4 – UNIÃO
Promover, desenvolver e pactuar políticas de gestão do descentralizada no âmbito estadual; 6.
trabalho considerando os princípios da humanização, da
participação e da democratização das relações de trabalho,
apoiando os gestores estaduais e municipais na 3 – DISTRITO FEDERAL
Formular e promover a gestão da educação permanente
implementação das mesmas; Desenvolver estudos e propor
estratégias e financiamento tripartite com vistas à adoção de em saúde e processos relativos à mesma, orientados pela
políticas referentes à força de trabalho descentralizada; integralidade da atenção à saúde, criando quando for o caso,
estruturas de coordenação e de execução da política de
Fortalecer a Mesa Nacional de Negociação Permanente do
SUS como um espaço de negociação entre trabalhadores e formação e desenvolvimento, participando no seu
gestores e contribuir para o desenvolvimento de espaços de financiamento;
Promover a integração de todos os processos de
negociação no âmbito estadual, regional e/ou municipal;
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e capacitação e desenvolvimento de recursos humanos à
previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de política de educação permanente; Articular e participar das
políticas regulatórias e de indução de mudanças no campo da
gestão e de serviços, promovendo ações de adequação de
vínculos, onde for necessário, conforme legislação vigente e graduação e da especialização das profissões de saúde;
apoiando técnica e financeiramente os estados e municípios Articular e cooperar com a construção e implementação de
iniciativas políticas e práticas para a mudança na graduação
na mesma direção;
Formular, propor, pactuar e implementar as Diretrizes das profissões de saúde, de acordo com as diretrizes do
Nacionais para Planos de Carreiras, Cargos e Salários no SUS; Articular e pactuar com o Sistema Estadual de
Educação, processos de formação de acordo com as
âmbito do Sistema Único de Saúde – PCCS/SUS; Propor e
pactuar diretrizes para políticas de educação e de gestão do necessidades do SUS, cooperando com os demais gestores,
trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de para processos na mesma direção; Desenvolver ações e
estruturas formais de educação técnica em saúde com
trabalhadores de saúde, no âmbito nacional, notadamente em
regiões onde a restrição de oferta afeta diretamente a capacidade de execução descentralizada no âmbito do
implantação de ações estratégicas para a atenção básica. Distrito Federal;

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- SAÚDE PÚBLICA -
Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde população em geral; Apoiar os processos de educação
uma nova orientação para a formação de profissionais popular em saúde, com vistas ao fortalecimento da
técnicos para o SUS, diversificando os campos de participação social do SUS; Implementar ouvidoria estadual,
aprendizagem; Apoiar e promover a aproximação dos com vistas ao fortalecimento da gestão estratégica do SUS,
movimentos de educação popular em saúde da formação dos conforme diretrizes nacionais
profissionais de saúde, em consonância com as
necessidades sociais em saúde; Incentivar, junto à rede de UNIÃO
ensino, a realização de ações educativas e de conhecimento Apoiar o processo de mobilização social e institucional em
do SUS; defesa do SUS; Prover as condições materiais, técnicas e
administrativas necessárias ao funcionamento do Conselho
4 – UNIÃO Nacional de Saúde, que deverá ser organizado em
Formular, promover e pactuar políticas de educação conformidade com a legislação vigente; Organizar e prover as
permanente em saúde, apoiando técnica e financeiramente condições necessárias à realização de Conferências
estados e municípios no desenvolvimento das mesmas; Nacionais de Saúde; Apoiar o processo de formação dos
Promover a integração de todos os processos de capacitação conselheiros de saúde; Promover ações de informação e
e desenvolvimento de recursos humanos à política de conhecimento acerca do SUS, junto à população em geral;
educação permanente, no âmbito da gestão nacional do SUS; Apoiar os processos de educação popular em saúde, com
Propor e pactuar políticas regulatórias no campo da vistas ao fortalecimento da participação social do SUS; Apoiar
graduação e da especialização das profissões de saúde; o fortalecimento dos movimentos sociais, aproximando-os da
Articular e propor políticas de indução de mudanças na organização das práticas da saúde e com as instâncias de
graduação das profissões de saúde; Propor e pactuar com o controle social da saúde; Formular e pactuar a política
sistema federal de educação, processos de formação de nacional de ouvidoria e implementar o componente nacional,
acordo com as necessidades do SUS, articulando os demais com vistas ao fortalecimento da gestão estratégica do SUS.
gestores na mesma direção; RESPONSABILIDADES NA
PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL. V - IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO DOS
PACTOS PELA VIDA E DE GESTÃO
MUNICÍPIOS A - PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO
Todo município deve: apoiar o processo de mobilização Para a implantação destes Pactos ficam acordados os
social e institucional em defesa do SUS; prover as condições seguintes pontos: A implantação dos Pactos pela Vida e de
materiais, técnicas e administrativas necessárias ao Gestão, enseja uma revisão normativa em várias áreas que
funcionamento do Conselho Municipal de Saúde, que deverá serão regulamentadas em portarias específicas, pactuadas na
ser organizado em conformidade com a legislação vigente; CIT.
organizar e prover as condições necessárias à realização de Fica definido o Termo de Compromisso de Gestão,
Conferências Municipais de Saúde; estimular o processo de Federal, Estadual, do DF e Municipal, como o documento de
discussão e controle social no espaço regional; apoiar o formalização deste Pacto nas suas dimensões Pela Vida e de
processo de formação dos conselheiros de saúde; promover Gestão.
ações de informação e conhecimento acerca do SUS, junto à O Termo de Compromisso de Gestão, a ser
população em geral; Apoiar os processos de educação regulamentado em normatização específica, contém as metas
popular em saúde, com vistas ao fortalecimento da e objetivos do Pacto pela Vida, referidas no item I deste
participação social do SUS; A responsabilidade a seguir será documento; as responsabilidades e atribuições de cada
atribuída de acordo com o pactuado e/ou com a gestor, constantes do item III e os indicadores de
complexidade da rede de serviços localizada no território monitoramento.
municipal Implementar ouvidoria municipal com vistas ao Os Termos de Compromisso de Gestão devem ser
fortalecimento da gestão estratégica do SUS, conforme aprovados nos respectivos Conselhos de Saúde.
diretrizes nacionais. Nos Termos de Compromisso de Gestão Estadual e
Municipal, podem ser acrescentadas as metas municipais,
ESTADOS regionais e estaduais, conforme pactuação; Anualmente, no
Apoiar o processo de mobilização social e institucional em mês de março, devem ser revistas as metas, os objetivos e os
defesa do SUS; Prover as condições materiais, técnicas e indicadores do Termo de Compromisso de Gestão.
administrativas necessárias ao funcionamento do Conselho O Termo de Compromisso de Gestão substitui o atual
Estadual de Saúde, que deverá ser organizado em processo de habilitação, conforme detalhamento em portaria
conformidade com a legislação vigente; Organizar e prover as específica.
condições necessárias à realização de Conferências Fica extinto o processo de habilitação para estados e
Estaduais de Saúde; Estimular o processo de discussão e municípios, conforme estabelecido na NOB SUS 01/– 96 e na
controle social no espaço regional; Apoiar o processo de NOAS SUS 2002.
formação dos conselheiros de saúde; Promover ações de Ficam mantidas, até a assinatura do Termo de
informação e conhecimento acerca do SUS, junto à Compromisso de Gestão constante nas Diretrizes
população em geral; Apoiar os processos de educação Operacionais do Pacto pela Saúde 2006, as mesmas
popular em saúde, com vistas ao fortalecimento da prerrogativas e responsabilidades dos municípios e estados
participação social do SUS; Implementar ouvidoria estadual, que estão habilitados em Gestão Plena do Sistema, conforme
com vistas ao fortalecimento da gestão estratégica do SUS, estabelecido na Norma Operacional Básica - NOB SUS 01/96
conforme diretrizes nacionais. e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS
SUS 2002.
DISTRITO FEDERAL
Apoiar o processo de mobilização social e institucional em B - PROCESSO DE MONITORAMENTO
defesa do SUS; Prover as condições materiais, técnicas e O processo de monitoramento dos Pactos deve seguir as
administrativas necessárias ao funcionamento do Conselho seguintes diretrizes: Ser um processo permanente, de cada
Estadual de Saúde, que deverá ser organizado em ente com relação ao seu próprio âmbito, dos estados com
conformidade com a legislação vigente; Organizar e prover as relação aos municípios do seu território, dos municípios com
condições necessárias à realização de Conferências relação ao estado, dos municípios e estado com relação à
Estaduais de Saúde; Estimular o processo de discussão e União e da união com relação aos estados, municípios e
controle social no espaço regional; Apoiar o processo de Distrito Federal; Ser orientado pelos indicadores, objetivos,
formação dos conselheiros de saúde; Promover ações de metas e responsabilidades que compõem o respectivo Termo
informação e conhecimento acerca do SUS, junto à de Compromisso de Gestão;

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- SAÚDE PÚBLICA -
Estabelecer um processo de monitoramento dos com finalidade de contribuir para a formação integral dos
cronogramas pactuados nas situações onde o município, estudantes da rede básica por meio de ações de prevenção,
estado e DF não tenham condições de assumir plenamente promoção e atenção à saúde;
suas responsabilidades no momento da assinatura do Termo Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de
de Compromisso de Gestão; Desenvolver ações de apoio 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080/90;
para a qualificação do processo de gestão. Considerando a Portaria nº 204, de 29 de janeiro de
A operacionalização do processo de monitoramento deve 2007, que regulamenta o financiamento e a transferência de
ser objeto de regulamentação específica em cada esfera de recursos federais para as ações e serviços de saúde, na
governo, considerando as pactuações realizadas. forma de blocos de financiamento, com respectivo
monitoramento e controle;
VI - DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO DO SUS Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de 2006,
A direção do SUS, em cada esfera de governo, é que aprova a Política de Promoção da Saúde;
composta pelo órgão setorial do poder executivo e pelo Considerando a Portaria nº 3.252/GM/MS, de 22 de
respectivo Conselho de Saúde, nos termos das Leis Nº dezembro de 2009, que trata do processo de integração das
8.080/90 e Nº 8.142/1990. ações de vigilância em saúde e atenção básica;
O processo de articulação entre os gestores, nos Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de
diferentes níveis do Sistema, ocorre, preferencialmente, em 2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede
dois colegiados de negociação: a Comissão Intergestores de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
Tripartite - CIT e a Comissão Intergestores Bipartite - CIB, (SUS);
que pactuarão sobre a organização, direção e gestão da Considerando as Portarias nº 822/GM/MS, de 17 de abril
saúde. de 2006, nº 90/GM, de 17 de janeiro de 2008 e nº
A CIT é composta, paritariamente, por representação do 2.920/GM/MS, de 03 de dezembro de 2008, que estabelecem
Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Secretários de os municípios que poderão receber recursos diferenciados da
Saúde - CONASS e do Conselho Nacional de Secretários ESF;
Municipais de Saúde – CONASEMS, sendo um espaço Considerando Portaria nº 2.143/GM/MS, de 9 de outubro
tripartite para a elaboração de propostas para a implantação e de 2008 - Cria o incentivo financeiro referente à inclusão do
operacionalização do SUS. microscopista na atenção básica para realizar,
A CIB, composta igualmente de forma paritária, é prioritariamente, ações de controle da malária junto às
integrada por representação da Secretaria Estadual de Saúde Equipes de Agentes Comunitários de Saúde - EACS e/ou às
(SES) e do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Equipes de Saúde da Família (ESF);
Saúde (COSEMS) ou órgão equivalente é a instância Considerando Portaria nº 2.372/GM/MS, de 7 de outubro
privilegiada de negociação e decisão quanto aos aspectos de 2009, que cria o plano de fornecimento de equipamentos
operacionais do SUS. odontológicos para as Equipes de Saúde Bucal na Estratégia
Um dos representantes dos municípios é, Saúde da Família;
necessariamente, o Secretário de Saúde da Capital. Considerando Portaria nº 2.371/GM/MS, de 07 de outubro
Como parte do processo de constituição das regiões de de 2009 que institui, no âmbito da Política Nacional de
saúde devem ser constituídos Colegiados de Gestão Atenção Básica,
Regionais. O Componente Móvel da Atenção à Saúde Bucal -
A definição sobre o número de membros de cada CIB Unidade Odontológica Móvel (UOM);
deve considerar as diferentes situações de cada estado, Considerando a Portaria nº 750/SAS/MS, de 10 de
como número de municípios, número de regiões de saúde, outubro de 2006, que instituiu a ficha complementar de
buscando a maior representatividade possível. cadastro das ESF, ESF com ESB - Modalidades I e II e de
As decisões da CIB e CIT serão tomadas sempre por ACS no SCNES;
consenso. Considerando a necessidade de revisar e adequar as
As conclusões das negociações pactuadas na CIT e na normas nacionais ao atual momento do desenvolvimento da
CIB serão formalizadas em ato próprio do gestor respectivo. atenção básica no Brasil;
As decisões das Comissões Intergestores que versarem Considerando a consolidação da estratégia saúde da
sobre matéria da esfera de competência dos Conselhos de família como forma prioritária para reorganização da atenção
Saúde deverão ser submetidas à apreciação do Conselho básica no Brasil e que a experiência acumulada em todos os
respectivo. entes federados demonstra a necessidade de adequação de
suas normas.
PORTARIA Nº 2.488, DE 21 DE OUTUBRO DE 2011 Considerando a pactuação na Reunião da Comissão
Intergestores Tripartite do dia 29, de setembro de 2011,
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, resolve:
estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a Art. 1º Aprovar a Política Nacional de Atenção Básica,
organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da com vistas à revisão da regulamentação de implantação e
Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de operacionalização vigentes, nos termos constantes dos
Saúde (PACS) Anexos a esta Portaria.
Parágrafo único. A Secretaria de Atenção à Saúde, do
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das Ministério da Saúde (SAS/MS) publicará manuais e guias com
atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo detalhamento operacional e orientações específicas desta
único do art. 87 da Constituição, e Política.
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, Art. 2º Definir que os recursos orçamentários de que trata
que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e a presente Portaria corram por conta do orçamento do
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos Ministério da Saúde, devendo onerar os seguintes Programas
serviços correspondentes, e dá outras providências; de Trabalho:
Considerando a Lei nº 11.350, de outubro de 2006, que I -10.301.1214.20AD - Piso de Atenção Básica Variável -
regulamenta o § 5º do Art. 198 da Constituição, dispõe sobre Saúde da Família;
o aproveitamento de pessoal amparado pelo Parágrafo Único II - 10.301.1214.8577 - Piso de Atenção Básica Fixo;
do Art. 2º da Emenda Constitucional nº 51, de 14 de fevereiro III - 10.301.1214.8581 - Estruturação da Rede de
de 2006; Serviços de Atenção Básica de Saúde;
Considerando o Decreto Presidencial nº 6.286 de 5 de IV- 10.301.1214.8730.0001 - Atenção à Saúde Bucal; e
dezembro de 2007, que institui o Programa Saúde na Escola V - 10.301.1214.12L5.0001 -Construção de Unidades
(PSE), no âmbito dos Ministérios da Saúde e da Educação, Básicas de Saúde - UBS.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 3º Permanecem em vigor as normas expedidas por saúde das coletividades que constituem aquele território
este Ministério com amparo na Portaria nº 648/GM/MS, de 28 sempre em consonância com o princípio da equidade;
de março de 2006, desde que não conflitem com as II - possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de
disposições constantes desta Portaria. saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como a
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua porta de entrada aberta e preferencial da rede de atenção,
publicação. acolhendo os usuários e promovendo a vinculação e
Art. 5º Fica revogada as Portarias nº 648/GM/MS, de 28 corresponsabilização pela atenção às suas necessidades de
de março de 2006, publicada no Diário Oficial da União nº 61, saúde; o estabelecimento de mecanismos que assegurem
de 29 de março de 2006, Seção 1, pg. 71, nº 154/GM/MS, de acessibilidade e acolhimento pressupõe uma lógica de
24 de janeiro de 2008, publicada no Diário Oficial da União nº organização e funcionamento do serviço de saúde, que parte
18, de 25 de janeiro de 2008, Seção 1, pg. 47/49, nº do princípio de que a unidade de saúde deva receber e ouvir
2.281/GM/MS, de 1º de outubro de 2009, publicada no Diário todas as pessoas que procuram os seus serviços, de modo
Oficial da União nº 189, de 2 de outubro de 2009, Seção 1, universal e sem diferenciações excludentes.
pg. 34, nº 2.843/GM/MS, de 20 de setembro de 2010, O serviço de saúde deve se organizar para assumir sua
publicada no Diário Oficial da União nº 181, de 21 de função central de acolher, escutar e oferecer uma resposta
setembro de 2010, Seção 1, pg. 44, nº 3.839/GM/MS, de 7 de positiva, capaz de resolver a grande maioria dos problemas
dezembro de 2010, publicada no Diário Oficial da União nº de saúde da população e/ou de minorar danos e sofrimentos
237, de 8 de dezembro de 2010, Seção 1, pg. 44/45, nº desta, ou ainda se responsabilizar pela resposta, ainda que
4.299/GM/MS, de 30 de dezembro de 2010, publicada no esta seja ofertada em outros pontos de atenção da rede.
Diário Oficial da União nº 251, 31 de dezembro de 2010, A proximidade e a capacidade de acolhimento,
Seção 1, pg. 97, nº 2.191/GM/MS, de 3 de agosto de 2010, vinculação, responsabilização e resolutividade são
publicada no Diário Oficial da União nº 148, de 4 de agosto de fundamentais para a efetivação da atenção básica como
2010, Seção 1, pg. 51, nº 302/GM/MS, de 3 de fevereiro de contato e porta de entrada preferencial da rede de atenção;
2009, publicada no Diário Oficial da União nº 28, de 10 de III - adscrever os usuários e desenvolver relações de
fevereiro de 2009, Seção 1, pg. 36, nº 2.027/GM/MS, de 25 vínculo e responsabilização entre as equipes e a população
de agosto de 2011, publicada no Diário Oficial da União nº adscrita garantindo a continuidade das ações de saúde e a
164, Seção 1, pg.90. longitudinalidade do cuidado.
ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA A adscrição dos usuários é um processo de vinculação de
pessoas e/ou famílias e grupos a profissionais/equipes, com o
objetivo de ser referência para o seu cuidado.
ANEXO I O vínculo, por sua vez, consiste na construção de
DISPOSIÇÕES GERAIS relações de afetividade e confiança entre o usuário e o
SOBRE A ATENÇÃO BÁSICA trabalhador da saúde, permitindo o aprofundamento do
DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES GERAIS processo de corresponsabilização pela saúde, construído ao
DA ATENÇÃO BÁSICA longo do tempo, além de carregar, em si, um potencial
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de terapêutico.
ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange A longitudinalidade do cuidado pressupõe a continuidade
a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, da relação clínica, com construção de vínculo e
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos responsabilização entre profissionais e usuários ao longo do
e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma tempo e de modo permanente, acompanhando os efeitos das
atenção integral que impacte na situação de saúde e intervenções em saúde e de outros elementos na vida dos
autonomia das pessoas e nos determinantes e usuários, ajustando condutas quando necessário, evitando a
condicionantes de saúde das coletividades. perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia
É desenvolvida por meio do exercício de práticas de decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da
cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de coordenação do cuidado;
trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios IV - Coordenar a integralidade em seus vários aspectos, a
definidos, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, saber: integração de ações programáticas e demanda
considerando a dinamicidade existente no território em que espontânea; articulação das ações de promoção à saúde,
vivem essas populações. prevenção de agravos, vigilância à saúde, tratamento e
Utiliza tecnologias de cuidado complexas e variadas que reabilitação e manejo das diversas tecnologias de cuidado e
devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de de gestão necessárias a estes fins e à ampliação da
saúde de maior frequência e relevância em seu território, autonomia dos usuários e coletividades; trabalhando de forma
observando critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e o multiprofissional, interdisciplinar e em equipe; realizando a
imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde gestão do cuidado integral do usuário e coordenando-o no
ou sofrimento devem ser acolhidos. conjunto da rede de atenção.
É desenvolvida com o mais alto grau de descentralização A presença de diferentes formações profissionais assim
e capilaridade, próxima da vida das pessoas. como um alto grau de articulação entre os profissionais é
Deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal essencial, de forma que não só as ações sejam
porta de entrada e centro de comunicação da Rede de compartilhadas, mas também tenha lugar um processo
Atenção à Saúde. interdisciplinar no qual progressivamente os núcleos de
Orienta-se pelos princípios da universalidade, da competência profissionais específicos vão enriquecendo o
acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da campo comum de competências ampliando assim a
integralidade da atenção, da responsabilização, da capacidade de cuidado de toda a equipe. Essa organização
humanização, da equidade e da participação social. pressupõe o deslocamento do processo de trabalho centrado
A Atenção Básica considera o sujeito em sua em procedimentos, profissionais para um processo centrado
singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a no usuário, onde o cuidado do usuário é o imperativo ético-
atenção integral. político que organiza a intervenção técnico-científica; e
V - estimular a participação dos usuários como forma de
A Atenção Básica tem como fundamentos e ampliar sua autonomia e capacidade na construção do
diretrizes: cuidado à sua saúde e das pessoas e coletividades do
I - ter território adstrito sobre o mesmo, de forma a território, no enfrentamento dos determinantes e
permitir o planejamento, a programação descentralizada e o condicionantes de saúde, na organização e orientação dos
desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com serviços de saúde a partir de lógicas mais centradas no
impacto na situação, nos condicionantes e determinantes da usuário e no exercício do controle social.

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- SAÚDE PÚBLICA -
A Política Nacional de Atenção Básica considera os as necessidades desta população em relação aos outros
termos Atenção Básica e Atenção Primária a Saúde, nas pontos de atenção à saúde, contribuindo para que a
atuais concepções, como termos equivalentes. Associa a programação dos serviços de saúde parta das necessidades
ambos os termos: os princípios e as diretrizes definidos neste de saúde dos usuários.
documento.
A Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da
Família sua estratégia prioritária para expansão e DAS RESPONSABILIDADES
consolidação da atenção básica. São responsabilidades comuns a todas as esferas de
A qualificação da Estratégia de Saúde da Família e de governo:
outras estratégias de organização da atenção básica deverão I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e
seguir as diretrizes da atenção básica e do SUS configurando de gestão com base nos fundamentos e diretrizes
um processo progressivo e singular que considera e inclui as assinalados;
especificidades locoregionais. II - apoiar e estimular a adoção da estratégia Saúde da
Família pelos serviços municipais de saúde como estratégia
DAS FUNÇÕES NA prioritária de expansão, consolidação e qualificação da
REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE atenção básica à saúde;
Esta Portaria conforme normatização vigente do SUS, define III - garantir a infraestrutura necessária ao funcionamento
a organização de Redes de Atenção à Saúde (RAS) como das Unidades Básicas de Saúde, de acordo com suas
estratégia para um cuidado integral e direcionado as responsabilidades;
necessidades de saúde da população. IV - contribuir com o financiamento tripartite da Atenção
Básica;
As RAS constituem-se em arranjos organizativos
V - estabelecer, nos respectivos Planos de Saúde,
formados por ações e serviços de saúde com diferentes
prioridades, estratégias e metas para a organização da
configurações tecnológicas e missões assistenciais,
Atenção Básica;
articulados de forma complementar e com base territorial,
VI - desenvolver mecanismos técnicos e estratégias
e têm diversos atributos, entre eles destaca-se: a atenção
organizacionais de qualificação da força de trabalho para
básica estruturada como primeiro ponto de atenção e gestão e atenção à saúde, valorizar os profissionais de saúde
principal porta de entrada do sistema, constituída de equipe estimulando e viabilizando a formação e educação
multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, permanente dos profissionais das equipes, a garantia de
coordenando o cuidado, e atendendo as suas necessidades direitos trabalhistas e previdenciários, a qualificação dos
de saúde. vínculos de trabalho e a implantação de carreiras que
O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação
regulamenta a Lei nº 8.080/90, define que "o acesso dos serviços ofertados aos usuários;
universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde VII - desenvolver, disponibilizar e implantar os sistemas
se inicia pelas portas de entrada do SUS e se completa na de informações da Atenção Básica de acordo com suas
rede regionalizada e hierarquizada". Neste sentido, atenção responsabilidades;
básica deve cumprir algumas funções para contribuir com o VIII - planejar, apoiar, monitorar e avaliar a Atenção
funcionamento das Redes de Atenção à Saúde, são elas: Básica;
I - Ser base: ser a modalidade de atenção e de serviço de IX - estabelecer mecanismos de controle, regulação e
saúde com o mais elevado grau de descentralização e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados
capilaridade, cuja participação no cuidado se faz sempre pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de
necessária; planejamento e programação;
II - Ser resolutiva: identificar riscos, necessidades e X - divulgar as informações e os resultados alcançados
demandas de saúde, utilizando e articulando diferentes pela atenção básica;
tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma XI - promover o intercâmbio de experiências e estimular o
clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o
intervenções clínica e sanitariamente efetivas, na perspectiva aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e
de ampliação dos graus de autonomia dos indivíduos e conhecimentos voltados à Atenção Básica;
grupos sociais; XII - viabilizar parcerias com organismos internacionais,
III - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir com organizações governamentais, não governamentais e do
projetos terapêuticos singulares, bem como acompanhar e setor privado, para fortalecimento da Atenção Básica e da
organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das estratégia de saúde da família no País; e
RAS. XIII - estimular a participação popular e o controle social.
Atuando como o centro de comunicação entre os diversos
pontos de atenção responsabilizando-se pelo cuidado dos Compete ao Ministério da Saúde:
usuários em qualquer destes pontos através de uma relação I - definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na
horizontal, contínua e integrada com o objetivo de produzir a Comissão Intergestores Tripartite, as diretrizes da Política
gestão compartilhada da atenção integral. Nacional de Atenção Básica;
Articulando também as outras estruturas das redes de II - garantir fontes de recursos federais para compor o
saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. Para financiamento da Atenção Básica;
isso, é necessário incorporar ferramentas e dispositivos de III - prestar apoio institucional aos gestores dos estados,
gestão do cuidado, tais como: gestão das listas de espera ao Distrito Federal e aos municípios no processo de
(encaminhamentos para consultas especializadas, qualificação e de consolidação da Atenção Básica;
procedimentos e exames), prontuário eletrônico em rede, IV - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação
protocolos de atenção organizados sob a lógica de linhas de com as gestões estaduais e municipais do SUS com vistas à
cuidado, discussão e análise de casos traçadores, eventos- institucionalização da avaliação e qualificação da Atenção
sentinela e incidentes críticos, dentre outros. Básica;
As práticas de regulação realizadas na atenção básica V - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e
devem ser articuladas com os processos regulatórios disponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que
realizados em outros espaços da rede, de modo a permitir, facilitem o processo de gestão, de formação e educação
ao mesmo tempo, a qualidade da micro regulação permanente dos gestores e profissionais da Atenção Básica;
realizada pelos profissionais da atenção básica e o acesso VI - articular com o Ministério da Educação estratégias de
a outros pontos de atenção nas condições e no tempo indução às mudanças curriculares nos cursos de graduação e
adequado, com equidade; e pós-graduação na área da saúde visando à formação de
IV - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de profissionais e gestores com perfil adequado à Atenção
saúde da população sob sua responsabilidade, organizando Básica; e
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- SAÚDE PÚBLICA -
VII - apoiar a articulação de instituições, em parceria com município;
as Secretarias de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito IV - inserir a estratégia de Saúde da Família em sua rede
Federal, para formação e garantia de educação permanente de serviços como estratégia prioritária de organização da
para os profissionais de saúde da Atenção Básica. atenção básica;
V - organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de
Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Atenção Básica, de forma universal, dentro do seu território,
Distrito Federal: incluindo as unidades próprias e as cedidas pelo estado e
I - pactuar, com a Comissão Intergestores Bipartite, pela União;
estratégias, diretrizes e normas de implementação da VI - prestar apoio institucional às equipes e serviços no
Atenção Básica no Estado, de forma complementar às processo de implantação, acompanhamento, e qualificação da
estratégias, diretrizes e normas existentes, desde que não Atenção Básica e de ampliação e consolidação da estratégia
haja restrições destas e que sejam respeitados as diretrizes e Saúde da Família;
os princípios gerais regulamentados nesta Portaria; VII - Definir estratégias de institucionalização da avaliação
II - destinar recursos estaduais para compor o da Atenção Básica;
financiamento tripartite da Atenção Básica prevendo, entre VIII - Desenvolver ações e articular instituições para
outras, formas de repasse fundo a fundo para custeio e formação e garantia de educação permanente aos
investimento das ações e serviços; profissionais de saúde das equipes de Atenção Básica e das
III - ser corresponsável, pelo monitoramento da utilização equipes de saúde da família;
dos recursos federais da Atenção Básica transferidos aos IX - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que
municípios; compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica,
IV - submeter à CIB, para resolução acerca das em conformidade com a legislação vigente;
irregularidades constatadas na execução dos recursos do X - garantir a estrutura física necessária para o
Bloco de Atenção Básica, conforme regulamentação nacional, funcionamento das Unidades Básicas de Saúde e para a
visando: execução do conjunto de ações propostas, podendo contar
a) aprazamento para que o gestor municipal corrija as com apoio técnico e/ou financeiro das Secretarias de Estado
irregularidades; da Saúde e do Ministério da Saúde;
b) comunicação ao Ministério da Saúde; XI - garantir recursos materiais, equipamentos e insumos
c) bloqueio do repasse de recursos ou demais suficientes para o funcionamento das Unidades Básicas de
providências, conforme regulamentação nacional, Saúde e para a execução do conjunto de ações propostas;
consideradas necessárias e devidamente oficializadas pela XII - programar as ações da Atenção Básica a partir de
CIB; sua base territorial e de acordo com as necessidades de
V - analisar os dados de interesse estadual, gerados saúde das pessoas, utilizando instrumento de programação
pelos sistemas de informação, utilizá-los no planejamento e nacional ou correspondente local;
divulgar os resultados obtidos; XIII - Alimentar, analisar e verificar a qualidade e a
VI - verificar a qualidade e a consistência dos dados consistência dos dados alimentados nos sistemas nacionais
enviados pelos municípios por meio dos sistemas de informação a serem enviados às outras esferas de gestão,
informatizados, retornando informações aos gestores utilizá-los no planejamento e divulgar os resultados obtidos;
municipais; XIV - Organizar o fluxo de usuários, visando à garantia
VII - consolidar, analisar e transferir para o Ministério da das referências a serviços e ações de saúde fora do âmbito
Saúde os arquivos dos sistemas de informação enviados da Atenção Básica e de acordo com as necessidades de
pelos municípios de acordo com os fluxos e prazos saúde dos usuários;
estabelecidos para cada sistema; XV - manter atualizado o cadastro no sistema de
VIII - prestar apoio institucional aos municípios no Cadastro Nacional vigente, dos profissionais, de serviços e de
processo de implantação, acompanhamento, e qualificação estabelecimentos ambulatoriais, públicos e privados, sob sua
da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da gestão; e
estratégia Saúde da Família; XVI - assegurar o cumprimento da carga horária integral
IX - definir estratégias de articulação com as gestões de todos os profissionais que compõe as equipes de atenção
municipais do SUS com vistas à institucionalização da básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas
avaliação da Atenção Básica; no SCNES e a modalidade de atenção.
X - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e
pedagógicos que facilitem o processo de formação e Da infraestrutura e funcionamento da Atenção Básica
educação permanente dos membros das equipes de gestão e São necessárias à realização das ações de Atenção
de atenção à saúde; Básica nos municípios e Distrito Federal:
XI - articular instituições, em parceria com as Secretarias I - Unidades Básicas de Saúde (UBS) construídas de
Municipais de Saúde, para formação e garantia de educação acordo com as normas sanitárias e tendo como referência o
permanente aos profissionais de saúde das equipes de manual de infra estrutura do Departamento de Atenção
Atenção Básica e das equipes de saúde da família; e Básica/SAS/ MS;
XII - promover o intercâmbio de experiências entre os II - as Unidades Básicas de Saúde:
diversos municípios, para disseminar tecnologias e a) devem estar cadastradas no sistema de Cadastro
conhecimentos voltados à melhoria dos serviços da Atenção Nacional vigente de acordo com as normas vigentes;
Básica. b) Recomenda-se que disponibilizem, conforme orientações
e especificações do manual de infra estrutura do Departamento
Compete às Secretarias Municipais de Saúde e ao de Atenção Básica/SAS/ MS:
Distrito Federal: 1. consultório médico/enfermagem, consultório
I - pactuar, com a Comissão Intergestores Bipartite, odontológico e consultório com sanitário, sala
através do COSEMS, estratégias, diretrizes e normas de multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala
implementação da Atenção Básica no Estado, mantidos as de administração e gerência e sala de atividades coletivas
diretrizes e os princípios gerais regulamentados nesta para os profissionais da Atenção Básica;
Portaria; 2. área de recepção, local para arquivos e registros, sala
II - destinar recursos municipais para compor o de procedimentos, sala de vacinas, área de dispensação de
financiamento tripartite da Atenção Básica; medicamentos e sala de armazenagem de medicamentos
III - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e (quando há dispensação na UBS), sala de inalação coletiva,
Secretaria Estadual de Saúde pelo monitoramento da sala de procedimentos, sala de coleta, sala de curativos, sala
utilização dos recursos da Atenção Básica transferidos aos de observação, entre outros:

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- SAÚDE PÚBLICA -
2.1. as Unidades Básicas de Saúde Fluviais deverão dos elos entre concepção e execução do trabalho.
cumprir os seguintes requisitos específicos: Nesse sentido, a educação permanente, além da sua
2.1.1. quanto à estrutura física mínima, devem dispor de: evidente dimensão pedagógica, deve ser encarada também
consultório médico; consultório de enfermagem; ambiente para como uma importante "estratégia de gestão", com grande
armazenamento e dispensação de medicamentos; laboratório; potencial provocador de mudanças no cotidiano dos serviços,
sala de vacina; banheiro público; banheiro exclusivo para os em sua micropolítica, bastante próximo dos efeitos concretos
funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente das práticas de saúde na vida dos usuários, e como um
para toda a equipe; cozinha; sala de procedimentos; e, se forem processo que se dá "no trabalho, pelo trabalho e para o
compostas por profissionais de saúde bucal, será necessário trabalho".
consultório odontológico com equipo odontológico completo; A Educação Permanente deve embasar-se num processo
c) devem possuir identificação segundo padrões visuais pedagógico que contemple desde a aquisição/atualização de
do SUS e da Atenção Básica pactuados nacionalmente; conhecimentos e habilidades até o aprendizado que parte dos
d) recomenda-se que estas possuam problemas e desafios enfrentados no processo de trabalho,
conselhos/colegiados, constituídos de gestores locais, envolvendo práticas que possam ser definidas por múltiplos
profissionais de saúde e usuários, viabilizando a participação fatores (conhecimento, valores, relações de poder,
social na gestão da Unidade Básica de Saúde; planejamento e organização do trabalho, etc.) e que
III - manutenção regular da infraestrutura e dos considerem elementos que façam sentido para os atores
equipamentos das Unidades Básicas de Saúde; envolvidos (aprendizagem significativa).
IV - existência e manutenção regular de estoque dos Outro pressuposto importante da educação permanente é
insumos necessários para o funcionamento das unidades o planejamento/programação educativa ascendente, em que,
básicas de saúde, incluindo dispensação de medicamentos a partir da análise coletiva dos processos de trabalho,
pactuados nacionalmente quando esta dispensação está identificam-se os nós críticos (de natureza diversa) a serem
prevista para serem realizadas naquela UBS; enfrentados na atenção e/ou na gestão, possibilitando a
V - equipes multiprofissionais compostas, conforme construção de estratégias contextualizadas que promovam o
modalidade das equipes, por médicos, enfermeiros, diálogo entre as políticas gerais e a singularidade dos lugares
cirurgiões-dentistas, auxiliar em saúde bucal ou técnico em e das pessoas, estimulando experiências inovadoras na
saúde bucal, auxiliar de enfermagem ou técnico de gestão do cuidado e dos serviços de saúde.
enfermagem e Agentes Comunitários da Saúde, dentre outros A vinculação dos processos de educação permanente a
profissionais em função da realidade epidemiológica, estratégia de apoio institucional pode potencializar
institucional e das necessidades de saúde da população; enormemente o desenvolvimento de competências de gestão
VI - cadastro atualizado dos profissionais que compõe a e de cuidado na Atenção Básica, na medida em que aumenta
equipe de atenção básica no sistema de Cadastro Nacional as alternativas para o enfrentamento das dificuldades
vigente de acordo com as normas vigentes e com as cargas vivenciadas pelos trabalhadores em seu cotidiano. Nessa
horárias de trabalho informadas e exigidas para cada mesma linha é importante diversificar este repertório de ações
modalidade; incorporando dispositivos de apoio e cooperação horizontal,
VII -garantia pela gestão municipal, de acesso ao apoio tais como trocas de experiências e discussão de situações
diagnóstico e laboratorial necessário ao cuidado resolutivo da entre trabalhadores, comunidades de práticas, grupos de
população; e estudos, momentos de apoio matricial, visitas e estudos
VIII - garantia pela gestão municipal, dos fluxos definidos sistemáticos de experiências inovadoras, etc.
na Rede de Atenção à Saúde entre os diversos pontos de Por fim, reconhecendo o caráter e iniciativa ascendente
atenção de diferentes configurações tecnológicas, integrados da educação permanente, é central que cada equipe, cada
por serviços de apoio logístico, técnico e de gestão, para unidade de saúde e cada município demandem, proponha e
garantir a integralidade do cuidado. desenvolva ações de educação permanente tentando
Com o intuito de facilitar os princípios do acesso, do combinar necessidades e possibilidades singulares com
vínculo, da continuidade do cuidado e da responsabilidade ofertas e processos mais gerais de uma política proposta para
sanitária e reconhecendo que existem diversas realidades todas as equipes e para todo o município. É importante
sócio epidemiológicas, diferentes necessidades de saúde e sintonizar e mediar as ofertas de educação permanente pré-
distintas maneiras de organização das UBS, recomenda-se: formatadas (cursos, por exemplo) com o momento e contexto
I - para Unidade Básica de Saúde (UBS) sem Saúde da das equipes, para que façam mais sentido e tenham, por isso,
Família em grandes centros urbanos, o parâmetro de uma maior valor de uso e efetividade.
UBS para no máximo 18 mil habitantes, localizada dentro do De modo análogo é importante a articulação e apoio dos
território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção governos estaduais e federal aos municípios buscando
Básica; e responder suas necessidades e fortalecer suas iniciativas. A
II - para UBS com Saúde da Família em grandes centros referência é mais de apoio, cooperação, qualificação e oferta
urbanos, recomenda-se o parâmetro de uma UBS para no de diversas iniciativas para diferentes contextos que a
máximo 12 mil habitantes, localizada dentro do território, tentativa de regular, formatar e simplificar a diversidade de
garantindo os princípios e diretrizes da Atenção Básica. iniciativas.

Educação permanente das equipes de Atenção Do Processo de trabalho das equipes de Atenção
Básica Básica
A consolidação e o aprimoramento da Atenção Básica São características do processo de trabalho das equipes
como importante reorientadora do modelo de atenção à de Atenção Básica:
saúde no Brasil requer um saber e um fazer em educação I - definição do território de atuação e de população sob
permanente que sejam encarnados na prática concreta dos responsabilidade das UBS e das equipes;
serviços de saúde. A educação permanente deve ser II - programação e implementação das atividades de
constitutiva, portanto, da qualificação das práticas de cuidado, atenção à saúde de acordo com as necessidades de saúde
gestão e participação popular. da população, com a priorização de intervenções clínicas e
O redirecionamento do modelo de atenção impõe sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios de
claramente a necessidade de transformação permanente do frequência, risco, vulnerabilidade e resiliência. Inclui-se aqui o
funcionamento dos serviços e do processo de trabalho das planejamento e organização da agenda de trabalho
equipes exigindo de seus atores (trabalhadores, gestores e compartilhado de todos os profissionais e recomenda-se
usuários) maior capacidade de análise, intervenção e evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas de
autonomia para o estabelecimento de práticas saúde, ciclos de vida, sexo e patologias dificultando o acesso
transformadoras, a gestão das mudanças e o estreitamento dos usuários;

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- SAÚDE PÚBLICA -
III - desenvolver ações que priorizem os grupos de risco e de atendimento da demanda espontânea, da realização das
os fatores de risco clínico-comportamentais, alimentares e/ou ações programáticas, coletivas e de vigilância à saúde;
ambientais, com a finalidade de prevenir o aparecimento ou a VI - participar do acolhimento dos usuários realizando a
persistência de doenças e danos evitáveis; escuta qualificada das necessidades de saúde, procedendo a
IV - realizar o acolhimento com escuta qualificada, primeira avaliação (classificação de risco, avaliação de
classificação de risco, avaliação de necessidade de saúde e vulnerabilidade, coleta de informações e sinais clínicos) e
análise de vulnerabilidade tendo em vista a responsabilidade identificação das necessidades de intervenções de cuidado,
da assistência resolutiva à demanda espontânea e o primeiro proporcionando atendimento humanizado, se
atendimento às urgências; responsabilizando pela continuidade da atenção e
V - prover atenção integral, contínua e organizada à viabilizando o estabelecimento do vínculo;
população adscrita; VII - realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de
VI - realizar atenção à saúde na Unidade Básica de notificação compulsória e de outros agravos e situações de
Saúde, no domicílio, em locais do território (salões importância local;
comunitários, escolas, creches, praças, etc.) e outros espaços VIII - responsabilizar-se pela população adscrita,
que comportem a ação planejada; mantendo a coordenação do cuidado mesmo quando esta
VII - desenvolver ações educativas que possam interferir necessita de atenção em outros pontos de atenção do
no processo de saúde-doença da população, no sistema de saúde;
desenvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na IX - praticar cuidado familiar e dirigido a coletividades e
busca por qualidade de vida pelos usuários; grupos sociais que visa propor intervenções que influenciem
VIII - implementar diretrizes de qualificação dos modelos os processos de saúde doença dos indivíduos, das famílias,
de atenção e gestão tais como a participação coletiva nos coletividades e da própria comunidade;
processos de gestão, a valorização, fomento a autonomia e X - realizar reuniões de equipes a fim de discutir em
protagonismo dos diferentes sujeitos implicados na produção conjunto o planejamento e avaliação das ações da equipe, a
de saúde, o compromisso com a ambiência e com as partir da utilização dos dados disponíveis;
condições de trabalho e cuidado, a constituição de vínculos XI - acompanhar e avaliar sistematicamente as ações
solidários, a identificação das necessidades sociais e implementadas, visando à readequação do processo de
organização do serviço em função delas, entre outras; trabalho;
IX - participar do planejamento local de saúde assim XII - garantir a qualidade do registro das atividades nos
como do monitoramento e a avaliação das ações na sua sistemas de informação na Atenção Básica;
equipe, unidade e município; visando à readequação do XIII - realizar trabalho interdisciplinar e em equipe,
processo de trabalho e do planejamento frente às integrando áreas técnicas e profissionais de diferentes
necessidades, realidade, dificuldades e possibilidades formações;
analisadas; XIV - realizar ações de educação em saúde a população
X - desenvolver ações intersetoriais, integrando projetos e adstrita, conforme planejamento da equipe;
redes de apoio social, voltados para o desenvolvimento de XV - participar das atividades de educação permanente;
uma atenção integral; XVI - promover a mobilização e a participação da
XI - apoiar as estratégias de fortalecimento da gestão comunidade, buscando efetivar o controle social;
local e do controle social; e XVII - identificar parceiros e recursos na comunidade que
XII - realizar atenção domiciliar destinada a usuários que possam potencializar ações intersetoriais; e
possuam problemas de saúde controlados/compensados e XVIII - realizar outras ações e atividades a serem
com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até definidas de acordo com as prioridades locais.
uma unidade de saúde, que necessitam de cuidados com Outras atribuições específicas dos profissionais da
menor frequência e menor necessidade de recursos de saúde Atenção Básica poderão constar de normatização do
e realizar o cuidado compartilhado com as equipes de município e do Distrito Federal, de acordo com as prioridades
atenção domiciliar nos demais casos. definidas pela respectiva gestão e as prioridades nacionais e
estaduais pactuadas.
Das Atribuições dos membros das equipes de
Atenção Básica Das atribuições específicas Do enfermeiro:
As atribuições de cada um dos profissionais das equipes I -realizar atenção a saúde aos indivíduos e famílias
de atenção básica devem seguir as referidas disposições cadastradas nas equipes e, quando indicado ou necessário,
legais que regulamentam o exercício de cada uma das no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas,
profissões. associações etc), em todas as fases do desenvolvimento
São atribuições comuns a todos os profissionais: humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade;
I - participar do processo de territorialização e II - realizar consulta de enfermagem, procedimentos,
mapeamento da área de atuação da equipe, identificando atividades em grupo e conforme protocolos ou outras
grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal,
vulnerabilidades; estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
II - manter atualizado o cadastramento das famílias e dos disposições legais da profissão, solicitar exames
indivíduos no sistema de informação indicado pelo gestor complementares, prescrever medicações e encaminhar,
municipal e utilizar, de forma sistemática, os dados para a quando necessário, usuários a outros serviços;
análise da situação de saúde considerando as características III - realizar atividades programadas e de atenção à
sociais, econômicas, culturais, demográficas e demanda espontânea;
epidemiológicas do território, priorizando as situações a IV - planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
serem acompanhadas no planejamento local; pelos ACS em conjunto com os outros membros da equipe;
III - realizar o cuidado da saúde da população adscrita, V - contribuir, participar, e realizar atividades de educação
prioritariamente no âmbito da unidade de saúde, e quando permanente da equipe de enfermagem e outros membros da
necessário no domicílio e nos demais espaços comunitários equipe; e
(escolas, associações, entre outros); VI - participar do gerenciamento dos insumos necessários
para o adequado funcionamento da UBS.
IV - realizar ações de atenção a saúde conforme a
necessidade de saúde da população local, bem como as Do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem:
previstas nas prioridades e protocolos da gestão local; I - participar das atividades de atenção realizando
V - garantir da atenção a saúde buscando a integralidade procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão
por meio da realização de ações de promoção, proteção e na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
recuperação da saúde e prevenção de agravos; e da garantia nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc);

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- SAÚDE PÚBLICA -
II - realizar atividades programadas e de atenção à epidemiológico para o planejamento e a programação em
demanda espontânea; saúde bucal;
III - realizar ações de educação em saúde a população II - realizar a atenção a saúde em saúde bucal (promoção
adstrita, conforme planejamento da equipe; e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico,
IV - participar do gerenciamento dos insumos necessários tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da
para o adequado funcionamento da UBS; e saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos e
V - contribuir, participar e realizar atividades de educação a grupos específicos, de acordo com planejamento da equipe,
permanente. com resolubilidade;
III - realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica
Do Médico: em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências,
I - realizar atenção a saúde aos indivíduos sob sua pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos
responsabilidade; relacionados com a fase clínica da instalação de próteses
II - realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos dentárias elementares;
cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado IV - realizar atividades programadas e de atenção à
ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços demanda espontânea;
comunitários (escolas, associações etc.); V - coordenar e participar de ações coletivas voltadas à
III - realizar atividades programadas e de atenção à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
demanda espontânea; VI - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
IV - encaminhar, quando necessário, usuários a outros referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe,
pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sua buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma
responsabilidade pelo acompanhamento do plano terapêutico multidisciplinar;
do usuário; VII - realizar supervisão técnica do Técnico em Saúde
V - indicar, de forma compartilhada com outros pontos de Bucal (TSB) e Auxiliar em Saúde Bucal (ASB); e
atenção, a necessidade de internação hospitalar ou VIII -participar do gerenciamento dos insumos
domiciliar, mantendo a responsabilização pelo necessários para o adequado funcionamento da UBS.
acompanhamento do usuário;
VI - contribuir, realizar e participar das atividades de Do Técnico em Saúde Bucal (TSB):
Educação Permanente de todos os membros da equipe; e I - realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva
VII - participar do gerenciamento dos insumos a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos,
necessários para o adequado funcionamento da USB. segundo programação e de acordo com suas competências
técnicas e legais;
Do Agente Comunitário de Saúde: II -coordenar a manutenção e a conservação dos
I - trabalhar com adscrição de famílias em base equipamentos odontológicos;
geográfica definida, a micro área; III - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
II - cadastrar todas as pessoas de sua micro área e referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe,
manter os cadastros atualizados; buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma
III - orientar as famílias quanto à utilização dos serviços multidisciplinar;
de saúde disponíveis; IV - apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações
IV - realizar atividades programadas e de atenção à de prevenção e promoção da saúde bucal;
demanda espontânea; V - participar do gerenciamento dos insumos necessários
V - acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as para o adequado funcionamento da UBS;
famílias e indivíduos sob sua responsabilidade. As visitas VI - participar do treinamento e capacitação de Auxiliar
deverão ser programadas em conjunto com a equipe, em Saúde Bucal e de agentes multiplicadores das ações de
considerando os critérios de risco e vulnerabilidade de modo promoção à saúde;
que famílias com maior necessidade sejam visitadas mais VII - participar das ações educativas atuando na
vezes, mantendo como referência a média de 1 (uma) promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais;
visita/família/mês; VIII - participar na realização de levantamentos e estudos
VI - desenvolver ações que busquem a integração entre a epidemiológicos, exceto na categoria de examinador;
equipe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando IX - realizar atividades programadas e de atenção à
as características e as finalidades do trabalho de demanda espontânea;
acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou X - realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
coletividade; saúde bucal;
VII - desenvolver atividades de promoção da saúde, de XI - fazer a remoção do biofilme, de acordo com a
prevenção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista;
por meio de visitas domiciliares e de ações educativas XII - realizar fotografias e tomadas de uso odontológicos
individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, como exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
por exemplo, combate à Dengue, malária, leishmaniose, entre XIII - inserir e distribuir no preparo cavitário materiais
outras, mantendo a equipe informada, principalmente a odontológicos na restauração dentária direta, vedado o uso
respeito das situações de risco; e de materiais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-
VIII - estar em contato permanente com as famílias, dentista;
desenvolvendo ações educativas, visando à promoção da XIV - proceder à limpeza e à antissepsia do campo
saúde, à prevenção das doenças, e ao acompanhamento das operatório, antes e após atos cirúrgicos, inclusive em
pessoas com problemas de saúde, bem como ao ambientes hospitalares; e
acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa XV -aplicar medidas de biossegurança no
Família ou de qualquer outro programa similar de armazenamento, manuseio e descarte de produtos e resíduos
transferência de renda e enfrentamento de vulnerabilidades odontológicos.
implantado pelo Governo Federal, estadual e municipal de
acordo com o planejamento da equipe.
É permitido ao ACS desenvolver outras atividades nas Do Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
unidades básicas de saúde, desde que vinculadas às I - realizar ações de promoção e prevenção em saúde
atribuições acima. bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante
planejamento local e protocolos de atenção à saúde;
Do Cirurgião-Dentista: II - realizar atividades programadas e de atenção à
I - realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil demanda espontânea;

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- SAÚDE PÚBLICA -
III - executar limpeza, assepsia, desinfecção e em saúde da família, residência multiprofissional e/ou de
esterilização do instrumental, equipamentos odontológicos e medicina de família e de comunidade, bem como atividades
do ambiente de trabalho; de educação permanente e apoio matricial.
IV - auxiliar e instrumentar os profissionais nas Serão admitidas também, além da inserção integral (40h),
intervenções clínicas; as seguintes modalidades de inserção dos profissionais
V - realizar o acolhimento do paciente nos serviços de médicos generalistas ou especialistas em saúde da família ou
saúde bucal; médicos de família e comunidade nas Equipes de Saúde da
VI - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades Família, com as respectivas equivalências de incentivo
referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe federal:
de saúde da família, buscando aproximar e integrar ações de I - 2 (dois) médicos integrados a uma única equipe em
saúde de forma multidisciplinar; uma mesma UBS, cumprindo individualmente carga horária
VII - aplicar medidas de biossegurança no semanal de 30 horas (equivalente a 01 (um) médico com
armazenamento, transporte, manuseio e descarte de jornada de 40 horas semanais), com repasse integral do
produtos e resíduos odontológicos; incentivo financeiro referente a uma equipe de saúde da
VIII - processar filme radiográfico; família;
IX - selecionar moldeiras; II - 3 (três) médicos integrados a uma equipe em uma
X - preparar modelos em gesso; mesma UBS, cumprindo individualmente carga horária
XI - manipular materiais de uso odontológico; e semanal de 30 horas (equivalente a 02 (dois) médicos com
X - participar na realização de levantamentos e estudos jornada de 40 horas, de duas equipes), com repasse integral
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador. do incentivo financeiro referente a duas equipes de saúde da
família;
Especificidades da Estratégia de Saúde da Família. III - 4 (quatro) médicos integrados a uma equipe em uma
A estratégia de Saúde da Família visa à reorganização da mesma UBS, com carga horária semanal de 30 horas
Atenção Básica no País, de acordo com os preceitos do (equivalente a 03 (três) médicos com jornada de 40 horas
Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e semanais, de três equipes), com repasse integral do incentivo
gestores estaduais e municipais, representados financeiro referente a três equipes de saúde da família;
respectivamente pelo CONASS e CONASEMS, como IV -2 (dois) médicos integrados a uma equipe, cumprindo
estratégia de expansão, qualificação e consolidação da individualmente jornada de 20 horas semanais, e demais
Atenção Básica por favorecer uma reorientação do processo profissionais com jornada de 40 horas semanais, com
repasse mensal equivalente a 85% do incentivo financeiro
de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios,
referente a uma equipe de saúde da família; e
diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar a
V - 1 (um) médico cumprindo jornada de 20 horas
resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e
semanais e demais profissionais com jornada de 40 horas
coletividades, além de propiciar uma importante relação
semanais, com repasse mensal equivalente a 60% do
custo-efetividade.
incentivo financeiro referente a uma equipe de saúde da
família. Tendo em vista a presença do médico em horário
Especificidades da equipe de saúde da família parcial, o gestor municipal deve organizar os protocolos de
São itens necessários à estratégia Saúde da Família: atuação da equipe, os fluxos e a retaguarda assistencial, para
I - existência de equipe multiprofissional (equipe saúde da atender a esta especificidade. Além disso, é recomendável
família) composta por, no mínimo, médico generalista ou que o número de usuários por equipe seja próximo de 2.500
especialista em saúde da família ou médico de família e pessoas. As equipes com esta configuração são
comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde denominadas Equipes Transitórias, pois, ainda que não
da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes tenham tempo mínimo estabelecido de permanência neste
comunitários de saúde, podendo acrescentar a esta formato, é desejável que o gestor, tão logo tenha condições,
composição, como parte da equipe multiprofissional, os transite para um dos formatos anteriores que preveem horas
profissionais de saúde bucal: cirurgião dentista generalista ou de médico disponíveis durante todo o tempo de
especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em funcionamento da equipe.
Saúde Bucal; A quantidade de Equipes de Saúde da Família na
II - o número de ACS deve ser suficiente para cobrir modalidade transitória ficará condicionada aos seguintes
100% da população cadastrada, com um máximo de 750 critérios:
pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde da I - Município com até 20 mil habitantes e contando com
Família, não ultrapassando o limite máximo recomendado de 01 (uma) a 03 (duas) equipes de Saúde da Família, poderá
pessoas por equipe; ter até 2 (duas) equipes na modalidade transitória;
III - cada equipe de saúde da família deve ser II - Município com até 20 mil habitantes e com mais de 03
responsável por, no máximo, 4.000 pessoas, sendo a média (três) equipes poderá ter até 50% das equipes de Saúde da
recomendada de 3.000 pessoas, respeitando critérios de Família na modalidade transitória;
equidade para esta definição. Recomenda-se que o número III - Municípios com população entre 20 e 50 mil
de pessoas por equipe considere o grau de vulnerabilidade habitantes poderá ter até 30% (trinta por cento) das equipes
das famílias daquele território, sendo que quanto maior o grau de Saúde da Família na modalidade transitória;
de vulnerabilidade menor deverá ser a quantidade de IV - Município com população entre 50 e 100 mil
pessoas por equipe; habitantes poderá ter até 20% (vinte por cento) das equipes
IV - cadastramento de cada profissional de saúde em de Saúde da Família na modalidade transitória; e
apenas 01 (uma) ESF, exceção feita somente ao profissional V - Município com população acima de 100 mil habitantes
médico que poderá atuar em no máximo 02 (duas) ESF e poderá ter até 10% (dez por cento) das equipes de Saúde da
com carga horária total de 40 (quarenta) horas semanais; e Família na modalidade transitória.
V - carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para Em todas as possibilidades de inserção do profissional
todos os profissionais de saúde membros da equipe de saúde médico descritas acima, considerando a importância de
da família, à exceção dos profissionais médicos, cuja jornada manutenção do vínculo e da longitudinalidade do cuidado, este
é descrita no próximo inciso. A jornada de 40 (quarenta) profissional deverá ter usuários adscritos de modo que cada
horas deve observar a necessidade de dedicação mínima de usuário seja obrigatoriamente acompanhando por 1 (um) ACS
32 (trinta e duas) horas da carga horária para atividades na (Agente Comunitário de Saúde), 1 (um) auxiliar ou técnico de
equipe de saúde da família podendo, con-forme decisão e enfermagem, 01 (um) enfermeiro e 01 (um) médico e
prévia autorização do gestor, dedicar até 08 (oito) horas do preferencialmente por 1 (um) cirurgião-dentista, 1 (um) auxiliar
total da carga horária para prestação de serviços na rede de e/ou técnico em Saúde Bucal, sem que a carga horária diferente
urgência do município ou para atividades de especialização de trabalho comprometa o cuidado e/ou processo de trabalho da
equipe.
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Todas as equipes deverão ter responsabilidade sanitária e ter uma micro área sob sua responsabilidade, cuja
por um território de referência, sendo que nos casos previstos população não ultrapasse 750 pessoas.
nos itens b e c, poderão ser constituídas equipes com número O enfermeiro da Estratégia Agentes Comunitários de
de profissionais e população adscrita equivalentes a 2 (duas) Saúde, além das atribuições de atenção à saúde e de gestão,
e 3 (três) equipes de saúde da família, respectivamente. comuns a qualquer enfermeiro da atenção básica descritas
As equipes de saúde da família devem estar devidamente nesta portaria, a atribuição de planejar, coordenar e avaliar as
cadastradas no sistema de cadastro nacional vigente de ações desenvolvidas pelos ACS, comum aos enfermeiros da
acordo com conformação e modalidade de inserção do estratégia de saúde da família, e deve ainda facilitar a relação
profissional médico. entre os profissionais da Unidade Básica de Saúde e os ACS
O processo de trabalho, a combinação das jornadas de contribuindo para a organização da atenção à saúde,
trabalho dos profissionais das equipes e os horários e dias de qualificação do acesso, acolhimento, vínculo,
funcionamento das UBS devem ser organizados de modo que longitudinalidade do cuidado e orientação da atuação da
garantam o maior acesso possível, o vínculo entre usuários e equipe da UBS em função das prioridades definidas
profissionais, a continuidade, coordenação e longitudinalidade equanimemente conforme critérios de necessidade de saúde,
do cuidado. vulnerabilidade, risco, entre outros.
Especificidades dos profissionais de Saúde Bucal das
equipes de saúde da família Os profissionais de saúde bucal Equipes de atenção básica para populações
que compõem as equipes de saúde da família podem se específicas
organizar nas seguintes modalidades: 1. Equipes do consultório na rua
I - Cirurgião dentista generalista ou especialista em saúde A responsabilidade pela atenção à saúde da população
da família e auxiliar em saúde bucal (ASB) ou técnico em de rua, como de qualquer outro cidadão, é de todo e qualquer
saúde bucal (TSB); e (Redação dada pela PRT GM/MS nº profissional do Sistema Único de Saúde com destaque
3.012 de 26.12.2012). especial para a atenção básica. Em situações específicas,
II - Cirurgião dentista generalista ou especialista em com o objetivo de ampliar o acesso destes usuários à rede de
saúde da família, técnico em saúde bucal (TSB) e auxiliar em atenção e ofertar de maneira mais oportuna a atenção
saúde bucal (ASB) ou outro técnico em saúde bucal integral à saúde, pode-se lançar mão das equipes dos
(TSB). (Redação dada pela PRT GM/MS nº 3.012 de consultórios na rua que são equipes da atenção básica,
26.12.2012). compostas por profissionais de saúde com responsabilidade
Os profissionais das modalidades I ou II podem exclusiva de articular e prestar atenção integral à saúde das
desenvolver parte de suas atividades em Unidade pessoas em situação de rua.
Odontológica Móvel (UOM).(Redação dada pela PRT GM/MS As equipes deverão realizar suas atividades, de forma
nº 3.012 de 26.12.2012). itinerante desenvolvendo ações na rua, em instalações
Independente da modalidade adotado, recomenda-se que específicas, na unidade móvel e também nas instalações de
os profissionais de Saúde Bucal, estejam vinculados a uma Unidades Básicas de Saúde do território onde está atuando,
ESF e compartilhem a gestão e o processo de trabalho da sempre articuladas e desenvolvendo ações em parceria com
equipe tendo responsabilidade sanitária pela mesma população as demais equipes de atenção básica do território (UBS e
e território que a ESF à qual integra, e com jornada de trabalho NASF), e dos Centros de Atenção Psicossocial, da Rede de
de 40 horas semanais para todos os seus componentes. Urgência e dos serviços e instituições componentes do
Cada Equipe de Saúde de Família que for implantada Sistema Único de Assistência Social entre outras instituições
com os profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir públicas e da sociedade civil.
pela primeira vez os profissionais de saúde bucal numa As equipes dos Consultórios na Rua deverão cumprir a
equipe já implantada, modalidade I ou II, o gestor receberá do carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém seu
Ministério da Saúde os equipamentos odontológicos, através horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas
de doação direta ou o repasse de recursos necessários para das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período
adquiri-los (equipo odontológico completo). diurno e/ou noturno em todos os dias da semana.
As equipes dos Consultórios na Rua podem estar
vinculadas aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família e,
Especificidades da Estratégia de Agentes respeitando os limites para vinculação, cada equipe será
Comunitários de Saúde considerada como uma equipe de saúde da família para
É prevista a implantação da estratégia de Agentes vinculação ao NASF.
Comunitários de Saúde nas Unidades Básicas de Saúde Em Municípios ou áreas que não tenham consultórios na
como uma possibilidade para a reorganização inicial da rua, o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve
Atenção Básica com vistas à implantação gradual da seguir sendo de responsabilidade das equipes de atenção
estratégia de saúde da família ou como uma forma de básica, incluindo os profissionais de saúde bucal e os núcleos
agregar os agentes comunitários a outras maneiras de de apoio a saúde da família (NASF) do território onde estas
organização da atenção básica. São itens necessários à pessoas estão concentradas.
implantação desta estratégia: Para cálculo do teto das equipes dos consultórios na rua
I - a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita de cada município, serão tomados como base os dados dos
no sistema de Cadastro Nacional vigente que passa a ser a censos populacionais relacionados à população em situação
UBS de referência para a equipe de agentes comunitários de de rua realizados por órgãos oficiais e reconhecidos pelo
saúde; Ministério da Saúde.
II - a existência de um enfermeiro para até no máximo 12 Caso seja necessário o transporte da equipe para a
ACS e no mínimo 04, constituindo assim uma equipe de realização do cuidado in loco, nos sítios de atenção da
Agentes Comunitários de Saúde; e população sem domicílio, o gestor poderá fazer a opção de
III - o cumprimento da carga horária integral de 40 horas agregar ao incentivo financeiro mensal o componente de
semanais por toda a equipe de agentes comunitários, custeio da Unidade Móvel. O gestor local que fizer esta opção
composta por ACS e enfermeiro supervisor. deverá viabilizar veículo de transporte com capacidade de
Fica garantido o financiamento das equipes de agentes transportar os profissionais da equipe, equipamentos,
comunitários de saúde já credenciadas em data anterior a materiais e insumos necessários para a realização das
esta portaria que não estão adequadas ao parâmetro de 01 atividades propostas, além de permitir que alguns
enfermeiro para no máximo 12 ACS, porém extinta a procedimentos possam ser realizados no seu interior. Esta
possibilidade de implantação de novas equipes com esta Unidade Móvel deverá estar adequada aos requisitos
configuração a partir da publicação desta Portaria. pactuados e definidos nacionalmente, incluindo o padrão de
Cada ACS deve realizar as ações previstas nesta portaria identificação visual.

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O Ministério da Saúde publicará Portaria Específica e atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos
Manual Técnico disciplinando composição das equipes, valor até 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das ações
do incentivo financeiro, diretrizes de funcionamento, de Atenção Básica pelas equipes visando minimamente a
monitoramento e acompanhamento das equipes de continuidade de pré-natal, puericultura e cuidado continuado
consultório na rua entre outras disposições. de usuários com condições crônicas dentro dos padrões
2. Equipes de saúde da família para o atendimento da mínimos recomendados;
População Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantanal Sul IV - delimitar área de atuação com população adscrita,
Matogrossense acompanhada por Agentes Comunitários de Saúde,
Considerando as especificidades locais, os municípios da compatível com sua capacidade de atuação e considerando a
Amazônia Legal e Mato Grosso do Sul podem optar entre alínea II;
dois arranjos organizacionais para equipes Saúde da Família, V - as equipes que trabalharão nas UBSF deverão
além dos existentes para o restante do país: garantir as informações referentes à sua área de
I - Equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (ESFR): abrangência. No caso de prestar serviços em mais de um
equipes que desempenham a maior parte de suas funções município, cada município deverá garantir a alimentação das
em unidades básicas de saúde construídas/localizadas nas informações de suas respectivas áreas de abrangência.
comunidades pertencentes à área adscrita e cujo acesso se
dá por meio fluvial; e As Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF)
II - Equipes de Saúde da Família Fluviais (ESFF): equipes deverão cumprir, cumulativamente, os seguintes
que desempenham suas funções em Unidades Básicas de requisitos:
Saúde Fluviais (UBSF). I - quanto à estrutura física mínima, devem dispor de:
As Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas e Fluviais Consultório médico; Consultório de enfermagem; Consultório
deverão ser compostas, durante todo o período de Odontológico; Ambiente para armazenamento e dispensação
atendimento à população por, no mínimo: um (01) Médico de medicamentos; Laboratório; Sala de vacina; Banheiros;
generalista ou especialista em saúde da família, ou medico de Expurgo; Cabines com leitos em número suficiente para toda
família e comunidade, um (01) Enfermeiro generalista ou a equipe; Cozinha; Sala de procedimentos; Identificação
especialista em saúde da família; um (1) Técnico ou Auxiliar segundo padrões visuais da Saúde da Família, estabelecidos
de Enfermagem e de Seis (06) a doze (12) Agentes nacionalmente; e
Comunitários de Saúde. II - quanto aos equipamentos, devem dispor, no mínimo,
As equipes de Saúde da Família Ribeirinhas devem de: Maca ginecológica; Balança Adulto; Balança Pediátrica;
contar ainda com um (01) microscopista, nas regiões Geladeira para vacinas; Instrumentos básicos para o
endêmicas. laboratório: macro e micro centrífuga e microscópio binocular,
As equipes de Saúde da Família Fluviais devem contar contador de células, espectrofotômetro e agitador de Kline,
ainda com um (01) técnico de laboratório e/ou bioquímico. autoclave e instrumentais; Equipamentos diversos: sonar,
Estas equipes poderão incluir na composição mínima os esfignomanômetros, estetoscópios, termômetros, medidor de
profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista glicemia capilar, Equipo odontológico completo e
generalista ou especialista em saúde da família, e um (01) instrumentais.
Técnico ou Auxiliar em Saúde Bucal, conforme modalidades I O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
e II descritas anteriormente. das Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas será publicado
As Equipes de Saúde da Família Ribeirinha deverão em portaria específica e poderá ser agregado de um valor
prestar atendimento à população por, no mínimo, 14 dias caso esta equipe necessite de transporte fluvial para a
mensais (carga horária equivalente à 8h/dia) e dois dias para execução de suas atividades.
atividades de educação permanente, registro da produção e O valor do o valor do incentivo mensal para custeio das
planejamento das ações. Os Agentes Comunitários de Saúde Unidades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em
deverão cumprir 40h/semanais de trabalho e residir na área portaria específica, com uma modalidade sem profissionais
de atuação. É recomendável as mesmas condições para os de saúde bucal e outra com estes profissionais.
auxiliares e técnicos de enfermagem e saúde bucal. Devido à grande dispersão populacional, os municípios
poderão solicitar ampliação da composição mínima das
As Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) equipes de saúde da família fluviais e equipes de saúde da
devem: família ribeirinhas.
I - funcionar, no mínimo, 20 dias/mês, com pelo menos Para implantar Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas
uma equipe de saúde da família fluvial. O tempo de nos Municípios onde o teto de cobertura de Equipes de
funcionamento destas unidades deve compreender o Saúde da Família já tenha sido atingido, estas devem ser
deslocamento fluvial até as comunidades e o atendimento substituídas pela nova modalidade de equipe mediante
direto à população ribeirinha. Em uma UBSF pode atuar mais aprovação pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS),
de uma ESFF a fim de compartilhar o atendimento da
Comissão Intergestores Regional (CIR) e Comissão
população e dividir e reduzir o tempo de navegação de cada
equipe. O gestor municipal deve prever tempo em solo, na Intergestores Bipartite (CIB).
sede do município, para que as equipes possam fazer As Unidades Básicas de Saúde Fluviais e as Equipes de
atividades de planejamento e educação permanente junto Saúde da Família para Populações Ribeirinhas poderão
com outros profissionais e equipes. Os Agentes Comunitários prestar serviços a populações de mais de um Município,
de Saúde deverão cumprir 40h/semanais e residir na área de desde que celebrado instrumento jurídico que formalize a
atuação. São recomendáveis as mesmas condições para os relação entre os municípios, devidamente aprovado na
auxiliares e técnicos de enfermagem e saúde bucal; respectiva Comissão Intergestores Regional - CIR e
II - nas situações nas quais for demonstrada a Comissão Intergestores Bipartite - CIB.
impossibilidade de funcionamento da Unidade Básica de Para implantação de Equipes de Saúde da Família
Saúde Fluvial pelo mínimo de 20 dias devido às Fluviais e Equipes de Saúde da Família para Populações
características e dimensões do território, deverá ser
Ribeirinhas, os Municípios deverão seguir o fluxo previsto
construída justificativa e proposição alternativa de
para a implantação de Equipes de Saúde da Família.
funcionamento, aprovada na Comissão Intergestores
Regional - CIR e na Comissão Intergestores Bipartite e
encaminhada ao Ministério da Saúde para avaliação e Núcleos de Apoio à Saúde da Família
parecer redefinindo tempo mínimo de funcionamento e Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF foram
adequação do financiamento, se for o caso; criados com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo
III - adotar circuito de deslocamento que garanta o das ações da atenção básica, bem como sua resolubilidade.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF são I - a soma das cargas horárias semanais dos membros da
constituídos por equipes compostas por profissionais de equipe deve acumular no mínimo 200 horas semanais;
diferentes áreas de conhecimento, que devem atuar de II - nenhum profissional poderá ter carga horária semanal
maneira integrada e apoiando os profissionais das Equipes menor que 20 horas; e
Saúde da Família, das Equipes de Atenção Básica para III - cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter
populações específicas (consultórios na rua, equipes no mínimo 20 horas e no máximo 80 horas de carga horária
ribeirinhas e fluviais, etc.) e academia da saúde, semanal.
compartilhando as práticas e saberes em saúde nos O NASF 2 deverá ter uma equipe formada por uma
territórios sob responsabilidade destas equipes, atuando composição de profissionais de nível superior escolhidos
diretamente no apoio matricial às equipes da(s) unidade(s) dentre as ocupações listadas abaixo que reúnam as
na(s) qual(is) o NASF está vinculado e no território destas seguintes condições:
equipes. I - a soma das cargas horárias semanais dos membros da
Os NASF fazem parte da atenção básica, mas não se equipe deve acumular no mínimo 120 horas semanais;
constituem como serviços com unidades físicas II - nenhum profissional poderá ter carga horária semanal
independentes ou especiais, e não são de livre acesso para menor que 20 horas; e
atendimento individual ou coletivo (estes, quando III - cada ocupação, considerada isoladamente, deve ter
necessários, devem ser regulados pelas equipes de atenção no mínimo 20 horas e no máximo 40 horas de carga horária
básica). Devem, a partir das demandas identificadas no semanal.
trabalho conjunto com as equipes e/ou Academia da saúde, Poderão compor os NASF 1 e 2 as seguintes ocupações
atuar de forma integrada à Rede de Atenção à Saúde e seus do Código Brasileiro de Ocupações - CBO: Médico
serviços (ex.: CAPS, CEREST, Ambulatórios Especializados Acupunturista; Assistente Social; Profissional/Professor de
etc.) além de outras redes como SUAS, redes sociais e Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta;
comunitárias. Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; Médico
A responsabilização compartilhada entre a equipe do Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo;
NASF e as equipes de saúde da família/equipes de atenção Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra;
básica para populações específicas prevê a revisão da prática Médico Internista (clinica médica), Médico do Trabalho,
do encaminhamento com base nos processos de referência e Médico Veterinário, profissional com formação em arte e
contra referência, ampliando a para um processo de educação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista,
compartilhamento de casos e acompanhamento longitudinal ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-
de responsabilidade das equipes de atenção básica, atuando graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado
no fortalecimento de seus princípios e no papel de diretamente em uma dessas áreas.
coordenação do cuidado nas redes de atenção à saúde. A composição de cada um dos NASF será definida pelos
Os NASF devem buscar contribuir para a integralidade do gestores municipais, seguindo os critérios de prioridade
cuidado aos usuários do SUS principalmente por intermédio identificados a partir dos dados epidemiológicos e das
da ampliação da clínica, auxiliando no aumento da necessidades locais e das equipes de saúde que serão
capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e apoiadas.
necessidades de saúde, tanto em termos clínicos quanto Os NASF1e2 devem funcionar em horário de trabalho
sanitários. coincidente com o das equipes de Saúde da Família e/ou
São exemplos de ações de apoio desenvolvidas pelos equipes de atenção básica para populações específicas que
profissionais dos NASF: discussão de casos, atendimento apoiam. Os profissionais do NASF devem ser cadastrados em
conjunto ou não, interconsulta, construção conjunta de uma única unidade de saúde, localizada preferencialmente
projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções no dentro do território de atuação das equipes de Saúde da
território e na saúde de grupos populacionais e da Família e/ou equipes de atenção básica para populações
coletividade, ações intersetoriais, ações de prevenção e específicas, às quais estão vinculados, não recomendado a
promoção da saúde, discussão do processo de trabalho das existência de uma Unidade de Saúde ou serviço de saúde
equipes e etc. específicos para a equipe de NASF.
Todas as atividades podem se desenvolvidas nas A organização do trabalho do NASF deve seguir as
unidades básicas de saúde, academias da saúde ou em normas publicadas pelo Ministério da Saúde destacando os
outros pontos do território. Os NASF devem utilizar as Cadernos de Atenção Básica/Primária que tratam do tema,
Academias da Saúde como espaços que ampliam a descrevendo as diretrizes, o processo de trabalho, as
capacidade de intervenção coletiva das equipes de atenção principais ferramentas e as ações de responsabilidade de
básica para as ações de promoção de saúde, buscando todos os profissionais dos NASF a serem desenvolvidas em
fortalecer o protagonismo de grupos sociais em condições de conjunto com as equipes de Saúde da Família, equipes de
vulnerabilidade na superação de sua condição. atenção básica para populações específicas e/ou academia
Quando presente no NASF, o profissional sanitarista pode da saúde.
reforçar as ações de apoio institucional e/ou matricial, ainda Define-se que cada NASF 1 realize suas atividades
que as mesmas não sejam exclusivas dele, tais como: análise vinculado a, no mínimo, 8 (oito) Equipes de Saúde da Família
e intervenção conjunta sobre riscos coletivos e e no máximo 15 (quinze) equipes de Saúde da Família e/ou
vulnerabilidades, apoio à discussão de informações e equipes de atenção básica para populações específicas.
indicadores e saúde (bem como de eventos-sentinela e Excepcionalmente, nos Municípios com menos de 100.000
casos-traçadores e analisadores), suporte à organização do habitantes dos Estados da Amazônia Legal e Pantanal Sul
processo de trabalho (acolhimento, cuidado Matogrossense, cada NASF 1 poderá realizar suas atividades
continuado/programado, ações coletivas, gestão das vinculado a, no mínimo, 5 (cinco) e no máximo 9 (nove)
agendas, articulação com outros pontos de atenção da rede, equipes. Define-se que cada NASF 2 realize suas atividades
identificação de necessidades de educação permanente, vinculado a, no mínimo, 3 (três) equipes de Saúde da Família
utilização de dispositivos de gestão do cuidado etc). e no máximo 7 (sete) equipes de saúde da família.
Os NASF podem ser organizados em duas modalidades, OS NASF 3, que são suprimidos por essa portaria, se
NASF 1 e NASF 2. A implantação de mais de uma tornarão automaticamente NASF 2, para isso os municípios
modalidade de forma concomitante nos municípios e no com projetos de NASF 3 anteriormente enviados ao Ministério
Distrito Federal não receberá incentivo financeiro federal. da Saúde deverão enviar para CIB documento que informa as
O NASF 1 deverá ter uma equipe formada por uma alterações ocorridas. Fica garantido o financiamento dos
composição de profissionais de nível superior escolhidos NASF intermunicipais já habilitados em data anterior, porém
dentre as ocupações listadas abaixo que reúnam as extinta a possibilidade de implantação de novos a partir da
seguintes condições: publicação desta portaria.

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Cada NASF poderá ser vinculado a no máximo 03 (três) I - realizar projeto(s) de implantação das equipes de
polos do Programa Academia da Saúde em seu território de saúde da Família, com ou sem os profissionais de saúde
abrangência, independente do tipo de NASF e da modalidade bucal, equipe de agentes comunitários de saúde, das equipes
do polo implantado. Para cada polo vinculado à equipe do de atenção básica para populações específicas e do NASF.
NASF deverá existir pelo menos 1 (um) profissional de saúde Os itens que devem minimamente constar do projeto estão
de nível superior com carga horária de 40 horas semanais ou descritos no anexo III desta portaria;
2 (dois) profissionais de saúde de nível superior com carga II - aprovar o projeto elaborado nos Conselhos de Saúde
horária mínima de 20 horas semanais cada, que será(ao) dos Municípios e encaminhá-lo à Secretaria Estadual de
responsável(is) pelas atividades do Programa Academia da Saúde ou sua instância regional para análise. O Distrito
Saúde. Este(s) profissional(is) deve(m) ter formação Federal, após a aprovação por seu Conselho de Saúde,
compatível e exercer função relacionada às atividades da deverá encaminhar sua proposta para o Ministério da Saúde;
academia da saúde. III - cadastrar os profissionais das equipes, previamente
credenciadas pelo estado conforme decisão da CIB, no
Quanto ao NASF, compete as Secretarias de Saúde dos SCNES e alimentar os dados no sistema de informação que
Municípios e do Distrito Federal: comprove o início de suas atividades; para passar a receber o
I - definir o território de atuação de cada NASF de acordo incentivo correspondente às equipes efetivamente
com as equipes de Saúde da Família e/ou equipes de implantadas; e
atenção básica para populações específicas às quais estes IV - solicitar substituição, no SCNES, de categorias de
NASF estiverem vinculados; propiciar o planejamento das profissionais colocados no projeto inicial caso exista a
ações que serão realizadas pelos NASF, de forma necessidade de mudança, sendo necessário o envio de um
compartilhada entre os profissionais (Equipe NASF e Equipe oficio comunicando sobre a necessidade desta alteração ao
SF e Equipes de atenção básica para populações Estado.
específicas); Para Implantação e Credenciamento das referidas
II - selecionar, contratar e remunerar os profissionais dos equipes as secretarias estaduais de saúde e o Distrito
NASF, em conformidade com a legislação vigente nos Federal deverão:
municípios e Distrito Federal; e I - analisar e encaminhar as propostas de implantação
das equipes elaboradas pelos municípios e aprovadas pelos
III - disponibilizar espaço físico adequado nas UBS, e
Conselhos Municipais de à Comissão Intergestores Bipartite
garantir os recursos de custeio necessários ao
(CIB) no prazo máximo de 30 dias, após a data do protocolo
desenvolvimento das atividades mínimas descritas no escopo
de entrada do processo na Secretaria Estadual de Saúde ou
de ações dos diferentes profissionais que comporão os
na instância regional;
NASF, não sendo recomendada estrutura física específica
II - após aprovação na CIB, cabe à Secretaria de Saúde
para a equipe de NASF. dos Estados e do Distrito Federal informar ao Ministério da
Saúde, até o dia 15 de cada mês, o número de equipes, suas
Programa Saúde na Escola diferentes modalidades e composições de profissionais com
O Programa Saúde na Escola - PSE, instituído as respectivas cargas horárias, que farão jus ao recebimento
pelo Decreto Presidencial nº 6.286 de 5 de dezembro de de incentivos financeiros da atenção básica;
2007, surgiu como uma política intersetorial entre os III - submeter à CIB, para resolução, o fluxo de
Ministérios da Saúde e da Educação, na perspectiva da acompanhamento do cadastramento dos profissionais das
atenção integral (promoção, prevenção, diagnóstico e equipes nos sistemas de informação nacionais, definidos para
recuperação da saúde e formação) à saúde de crianças, esse fim;
adolescentes e jovens do ensino público básico, no âmbito IV - submeter à CIB, para resolução, o fluxo de
das escolas e unidades básicas de saúde, realizada pelas descredenciamento e/ou o bloqueio de recursos diante de
equipes de saúde da atenção básica e educação de forma irregularidades constatadas na implantação e no
integrada, por meio de ações de: funcionamento das equipes a ser publicado como portaria de
I - avaliação clínica e psicossocial que objetivam resolução da CIB, visando à regularização das equipes que
identificar necessidades de saúde e garantir a atenção atuam de forma inadequada; e
integral às mesmas na rede de atenção à saúde; V - responsabilizar-se perante o Ministério da Saúde pelo
II - promoção e prevenção que articulem práticas de monitoramento, o controle e a avaliação da utilização dos
formação, educativas e de saúde visando a promoção da recursos de incentivo destas equipes.
alimentação saudável, a promoção de práticas corporais e
atividades físicas nas escolas, a educação para a saúde 2. Cálculo do Teto das equipes de atenção básica
sexual e reprodutiva, a prevenção ao uso de álcool, tabaco e Para o cálculo do teto máximo de equipes de saúde da
outras drogas, a promoção da cultura de paz e prevenção das família, de agentes comunitários de saúde, de equipes de
violências, a promoção da saúde ambiental e saúde bucal e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família a
desenvolvimento sustentável; e fonte de dados populacionais utilizada será a mesma vigente
III - educação permanente para qualificação da atuação para cálculo do recurso per capita definida pelo IBGE e
dos profissionais da educação e da saúde e formação de publicada pelo Ministério da Saúde.
jovens. A) Saúde da Família com ou sem os profissionais de
A Gestão do PSE é centrada em ações compartilhadas e saúde bucal: o número máximo de ESF com ou sem os
coresponsáveis. A articulação intersetorial das redes públicas profissionais de saúde bucal pelas quais o município e o
de saúde, de educação e das demais redes sociais se dá por Distrito Federal podem fazer jus ao recebimento de recursos
meio dos Grupos de Trabalho Intersetoriais (GTI) (Federal, financeiros específicos será calculado pela fórmula:
Estadual e Municipal) que são responsáveis pela gestão do população/2400.
incentivo financeiro e material, pelo apoio institucional às B) Agentes Comunitários de Saúde: o número máximo de
equipes de saúde e educação na implementação das ações, ACS pelos quais o município e o Distrito Federal podem fazer
pelo planejamento, monitoramento e avaliação do Programa. jus ao recebimento de recursos financeiros específicos será
Sobre o processo de implantação, credenciamento, calculado pela fórmula: população /400. Para municípios dos
cálculo dos tetos das equipes de atenção básica, e do estados da Região Norte, Maranhão e Mato Grosso, a
financiamento do bloco de atenção básica: fórmula será: população da área urbana/400 + população da
área rural/280.
1. Implantação e Credenciamento C) NASF - Núcleo de Apoio de Saúde da Família: o
Para implantação e credenciamento das equipes de número máximo de NASF 1 aos quais os municípios e o
atenção básica, descritas neste anexo, os municípios e o Distrito Federal podem fazer jus para recebimento de
Distrito Federal deverão: recursos financeiros específicos será calculado pelas
fórmulas:
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I - para Municípios com menos de 100.000 habitantes de O financiamento federal desta política é composto
Estados da Amazônia Legal = número de ESF do por:
Município/5; e A) Recursos per capita;
II - para Municípios com 100.000 habitantes ou mais da B) Recursos para projetos específicos, tais como os
Amazônia Legal e para Municípios das demais unidades da recursos da compensação das especificidades regionais
Federação = número de ESF do Município/8. (CER), do Programa de Requalificação das Unidades Básica
O número máximo de NASF 2 aos quais o município pode de Saúde, Recurso de Investimento/ Estruturação e Recursos
fazer jus para recebimento de recursos financeiros de Estruturação na Implantação;
específicos será de 1 (um) NASF 2. C) Recursos de investimento;
D) O teto máximo de Equipes Saúde da Família D) Recursos que estão condicionados à implantação de
Ribeirinha e Fluvial e equipes de consultório na rua será estratégias e programas prioritários, tais como os recursos
avaliado posteriormente, de acordo com cada projeto. específicos para os municípios que implantarem as Equipes de
3. Do Financiamento da Atenção Básica O financiamento Saúde da Família, as Equipes de Saúde Bucal, de Agentes
da Atenção Básica deve ser tripartite. No âmbito federal o Comunitários de Saúde, dos Núcleos de Apoio à Saúde da
montante de recursos financeiros destinados à viabilização de Família, dos Consultórios na Rua, de Saúde da Família Fluviais
ações de Atenção Básica à saúde compõe o Bloco de e Ribeirinhas, de Atenção Domiciliar, Programa Saúde na
financiamento de Atenção Básica (Bloco AB) e parte do Bloco Escola (PSE), microscopistas e a Academia da Saúde;
de financiamento de investimento. Seus recursos deverão ser E) Recursos condicionados a resultados e avaliação do
utilizados para financiamento das ações de Atenção Básica acesso e da qualidade, tal como o do Programa Nacional de
descritas na RENASES e nos Planos de Saúde do município Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ);
e do Distrito Federal.
Os repasses dos recursos do Bloco AB aos municípios
são efetuados em conta aberta especificamente para este fim, A) Recurso per capita
de acordo com a normatização geral de transferências de O recurso per capita será transferido mensalmente, de
recursos fundo a fundo do Ministério da Saúde, com o forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos
objetivo de facilitar o acompanhamento pelos Conselhos de Fundos Municipais de Saúde e do Distrito Federal com base
Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e do Distrito num valor multiplicado pela população do Município.
Federal. O recurso será calculado pela multiplicação da população
O Ministério da Saúde definirá os códigos de de cada município e do Distrito Federal por um valor, fruto de
lançamentos, assim como seus identificadores literais, que pactuação tripartite e devidamente publicado em portaria
constarão nos respectivos avisos de crédito, para tornar claro específica, levando em conta critérios de equidade.
o objeto de cada lançamento em conta. O aviso de crédito A população de cada município e do Distrito Federal será
deverá ser enviado ao Secretário de Saúde, ao Fundo de a população definida pelo IBGE e publicada em portaria
Saúde, ao Conselho de Saúde, ao Poder Legislativo e ao específica pelo Ministério da Saúde.
Ministério Público dos respectivos níveis de governo. B) Recursos para Projetos específicos, que inclui os
Os registros contábeis e os demonstrativos gerenciais recursos da Compensação das Especificidades Regionais
mensais devidamente atualizados relativos aos recursos (CER), o Programa de Requalificação das Unidades Básica
repassados a essas contas ficarão, permanentemente, à de Saúde e Recurso de Estruturação.
disposição dos Conselhos responsáveis pelo Parte dos recursos do Bloco AB poderá ser repassado
acompanhamento, e a fiscalização, no âmbito dos Municípios, para implantação e execução de ações e programas
dos Estados, do Distrito Federal e dos órgãos de fiscalização específicos definidos de maneira tripartite, entre eles:
federais, estaduais e municipais, de controle interno e Compensação de Especificidades Regionais: trata-se de
externo. recursos transferidos com o objetivo de responder a
Os municípios deverão remeter por via eletrônica o especificidades de municípios, populações ou situações que
processamento da produção de serviços referentes ao Bloco exigem maior aporte de recursos, mas que não são
AB ao Ministério da Saúde ou à Secretaria Estadual de devidamente contempladas nos demais componentes do
Saúde, de acordo com cronograma pactuado. As Secretarias Bloco AB. Os critérios de distribuição dos recursos e valores
de Saúde dos Estados e do Distrito Federal devem enviar as para cada Estado e para o Distrito Federal pactuados são
informações ao DATASUS, observando cronograma definidos em Portaria Ministerial especifica para este fim. A
estabelecido pelo Ministério da Saúde. utilização dos recursos de Compensação de Especificidades
De acordo com o artigo 6º, do Decreto nº 1.651/95, a Regionais é definida por cada CIB levando em conta os
comprovação da aplicação dos recursos transferidos do objetivos deste componente e pactuando projeto com
Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Estaduais e finalidade, critérios, distribuição e utilização dos recursos,
Municipais de Saúde, na forma do Decreto nº 1.232/94, que monitoramento e avaliação dos resultados. O projeto, os
trata das transferências, fundo a fundo, deve ser apresentada critérios bem como a lista de municípios contemplados com
ao Ministério da Saúde e ao Estado, por meio de relatório de seus respectivos valores deverão ser informados ao plenário
gestão, aprovado pelo respectivo Conselho de Saúde. da CIT. No caso do Distrito Federal, a proposta de aplicação
Da mesma forma, a prestação de contas dos valores deste recurso deverá ser submetida à aprovação pelo
recebidos e aplicados no período deve ser aprovada no Colegiado Gestor do Distrito Federal.
Conselho Municipal de Saúde e encaminhada ao Tribunal de Assim os municípios podem receber um recurso
Contas do Estado ou Município e à Câmara Municipal. complementar aos demais componentes do Bloco de AB
A demonstração da movimentação dos recursos de cada relacionados ao enfrentamento de especificidades geradoras
conta deverá ser efetuada, seja na Prestação de Contas, seja de iniquidade tais como: municípios mais pobres, com piores
quando solicitada pelos órgãos de controle, mediante a indicadores e maiores necessidades; municípios com maiores
apresentação de: dificuldades de atração e fixação de profissionais e
I - relatórios mensais da origem e da aplicação dos municípios isolados ou com dificuldade de acesso;
recursos; qualificação da atenção a populações sazonais, rurais,
II - demonstrativo sintético de execução orçamentária; quilombolas, tradicionais, assentadas, isoladas; projetos cuja
III - demonstrativo detalhado das principais despesas; e implantação se dá mediante adesão e estão ligados ao
IV - relatório de gestão. enfrentamento da iniquidade através de ações de educação
O Relatório de Gestão deverá demonstrar como a permanente, fortalecimento, modernização e qualificação da
aplicação dos recursos financeiros resultou em ações de gestão, implantação de ações e alternativas que enfrentem
saúde para a população, incluindo quantitativos mensais e iniquidades entre os municípios ligadas a qualquer um dos
anuais de produção de serviços de Atenção Básica. temas citados ou outros.

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Programa de Requalificação das Unidades Básica de cumprindo individualmente carga horária semanal de 30
Saúde: Recursos destinados à estruturação da rede de horas (equivalente a 01 (um) médico com jornada de 40 horas
serviços da atenção básica publicados em portaria específica semanais), com repasse integral do financiamento para uma
com o montante disponibilizado por Unidade da Federação e equipe de saúde da família modalidade I ou II.
cuja aplicação dos critérios de decisão é objeto de pactuação 1.3.2. 3 (três) médicos cumprindo individualmente carga
na CIT e nas CIB. Esses recursos serão transferidos fundo a horária semanal de 30 horas (equivalente a 02 (dois) médicos
fundo aos municípios que se adequarem a esses critérios, e com jornada de 40 horas, de duas equipes), com repasse
depositados em conta específica. integral do financiamento para duas equipes de saúde da
Recursos de Investimento/Estruturação: São recursos família modalidade I ou II.
destinados a estruturação dos serviços e ações da atenção 1.3.3. 4 (quatro) médicos com carga horária semanal de
básica, que podem ser repassados aos municípios/ estados 30 horas (equivalente a 03 (três) médicos com jornada de 40
fundo a fundo ou através de convênio. horas semanais, de 03 equipes), com repasse integral do
financiamento para três equipes de saúde da família
Recursos de Implantação: modalidade I ou II.
Na implantação das equipes de saúde da família, saúde 1.3.4. 2 (dois) médicos integrados a uma equipe,
bucal e dos NASF os municípios e/ou o Distrito Federal cumprindo individualmente jornada de 20 horas semanais, e
receberão recursos específicos para estruturação das demais profissionais com jornada de 40 horas semanais, com
Unidades Básicas de Saúde, visando à melhoria da repasse de 85% do financiamento para uma equipe de saúde
infraestrutura física e de equipamentos para o trabalho das da família modalidade I ou II.
equipes. 1.3.5. As equipes de Saúde da família na modalidade
Em caso de redução do número de equipes, o município transitória: 01 (um) médico cumprindo jornada de 20 horas
ou o Distrito Federal não farão jus a novos recursos de semanais e demais profissionais com jornada de 40 horas
implantação até que seja alcançado o número de equipes já semanais, o município receberá repasse mensal equivalente
implantado anteriormente. a 60% do valor do incentivo financeiro para uma equipe,
sendo vedada sua participação no Programa de melhoria de
D) Os recursos que estão condicionados à implantação de
acesso e da qualidade.
estratégias e programas prioritários, tais como os recursos
específicos para os municípios que implantarem as equipes de
Quando as Equipes de Saúde da Família forem
Saúde da Família, equipes de Saúde Bucal, de Agentes
compostas também por profissionais de Saúde Bucal, o
Comunitários de Saúde, dos Núcleos de Apoio à Saúde da
incentivo financeiro será transferido a cada mês, tendo como
Família, dos Consultórios na Rua, de Saúde da Família Fluviais e base:
Ribeirinhas, de Atenção Domiciliar, Programa Saúde na Escola I - a modalidade específica dos profissionais de Saúde
(PSE), microscopistas e a Academia da Saúde Bucal (ESB) que compõem a equipe de saúde da família e
estão registrados no cadastro do SCNES no mês anterior ao
1. Equipes de Saúde da Família (SF): os valores dos da respectiva competência financeira; e
incentivos financeiros para as Equipes de Saúde da Família II -a modalidade de toda a equipe de saúde da família,
implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base conforme descrito acima e relacionado às características dos
o número de Equipe de Saúde da Família (ESF) registrados municípios e da população atendida. Assim, se ela faz parte
no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao de uma equipe de saúde da família modalidade I tem 50% de
da respectiva competência financeira. São estabelecidas acréscimo no incentivo financeiro específico.
duas modalidades de financiamento para as ESF:
1.1. - Equipes de Saúde da família Modalidade 1: são as 2. Equipes Saúde da Família comunidades
ESF que atendem aos seguintes critérios: Ribeirinhas e Fluviais
I - estiverem implantadas em municípios com população 2.1 Equipes Saúde da Família Ribeirinhas; os valores dos
de até 50 mil habitantes nos Estados da Amazônia Legal e incentivos financeiros para as Equipes de Saúde da Família
até 30 mil habitantes nos demais Estados do País; e Ribeirinhas implantadas serão transferidos a cada mês, tendo
II - estiverem implantadas em municípios não incluídos no como base o número de Equipe de Saúde da Família
estabelecido na alínea I e atendam a população Ribeirinhas (ESFR) registrados no sistema de Cadastro
remanescente de quilombos ou residente em assentamentos Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva
de no mínimo 70 (setenta) pessoas, respeitado o número competência financeira.
máximo de equipes por município, publicado em portaria O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
específica. das Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas será publicado
As equipes que na data de publicação desta Portaria em portaria específica e poderá ser agregado um valor nos
recebem como modalidade 1 de financiamento, por qualquer casos em que a equipe necessite de transporte fluvial para
um dos motivos listados abaixo não terão decréscimo do acessar as comunidades ribeirinhas adscritas para execução
recurso repassado atualmente, ainda que não enquadradas de suas atividades.
nos critérios acima descritos: 2.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais: os valores dos
I - pertencerem a municípios que integraram o Programa de incentivos financeiros para as Equipes de Saúde da Família
Interiorização do Trabalho em Saúde (PITS); Fluviais implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como
II -pertencerem a municípios que têm índice de base o número de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF)
Desenvolvimento Humano (IDH) igual ou inferior a 0,7; e registrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês
III - estiverem nas áreas do Programa Nacional de anterior ao da respectiva competência financeira.
Segurança Pública com Cidadania - Pronasci. O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
1.2. Equipes de Saúde da família Modalidade 2: são as das Unidades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em
ESF implantadas em todo o território nacional que não se portaria específica, com uma modalidade sem profissionais
enquadram nos critérios da Modalidade 1. de saúde bucal e outra com estes profissionais. Os critérios
Quando um município, por aumento da população, deixar mínimos para o custeio das Unidades preexistentes ao
de ter direito ao valor da modalidade 1, deverá ser realizada Programa de Construção de Unidades Básicas de Saúde
etapa de transição durante o ano da mudança que busque Fluviais também serão publicados em portaria específica.
evitar a perda nominal acentuada de recursos do Bloco de
Atenção Básica. 3. - Equipes Consultório na Rua
1.3. As equipes de Saúde da Família com diferentes Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos
inserções do profissional médico receberão recursos de Consultórios na Rua implantadas serão transferidos a cada
acordo com sua modalidade e segundo a descrição abaixo: mês, tendo como base a modalidade e o número de equipes
1.3.1 2 (dois) médicos integrados a uma única equipe, cadastradas no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês
anterior ao da respectiva competência financeira.
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- SAÚDE PÚBLICA -
Os valores do repasse mensal que as equipes dos III - descumprimento da carga horária mínima prevista
Consultórios na Rua farão jus será definido em portaria para os profissionais das equipes; e
específica, conforme sua modalidade e a necessidade de custeio IV - ausência de alimentação de dados no Sistema de
para transporte da equipe de consultório de rua. Informação definidos pelo Ministério da saúde que
O início do repasse mensal do incentivo ocorrerá após a comprovem o início de suas atividades.
publicação de portaria de habilitação ao custeio que será Especificamente para as equipes de saúde da família
emitida pelo Ministério da Saúde após a demonstração, pelo com os profissionais de saúde bucal:
Município, do cadastramento da equipe consultório de rua no As equipes de Saúde da Família que sofrerem suspensão
sistema de Cadastro Nacional vigente e da alimentação de de recurso, por falta de profissional médico, enfermeiro ou
dados no Sistema de Informação indicado pelo Ministério da técnico/auxiliar de enfermagem conforme previsto acima,
saúde que comprovem o início de suas atividades. poderão manter os incentivos financeiros específicos para
saúde bucal, conforme modalidade de implantação, contanto
4. Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF) que adotem procedimento do SCNES preconizados pelo
O valor do incentivo federal para o custeio de cada NASF, Ministério da Saúde.
dependerá da sua categoria (1 ou 2) e será determinado em
portaria específica. Os valores dos incentivos financeiros para Especificamente para o NASF:
os NASF implantados serão transferidos a cada mês, tendo I - inexistência de no mínimo 02 (duas) Equipes de Saúde
como base o número de NASF cadastrados no SCNES. O da Família/Equipes de Atenção Básica para populações
registro de procedimentos referentes à produção de serviços específicas, vinculadas ao NASF 1 para municípios com
realizada pelos profissionais cadastrados nos NASF deverá menos de 100.000 hab. da Amazônia Legal ou;
ser realizado no sistema indicado pelo Ministério da Saúde, II - inexistência de no mínimo 04 (quatro) Equipes de
mas não gerarão créditos financeiros. Saúde da Família/Equipes de Atenção Básica para
populações específicas, vinculadas ao NASF 1 no restante do
5. Agentes Comunitários de Saúde (ACS) País ou; e
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de III - inexistência de no mínimo 01 (uma) Equipes de
ACS implantadas são transferidos a cada mês, tendo como Saúde da Família/Equipes de Atenção Básica para
base o número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), populações específicas, vinculadas ao NASF 2.
registrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês Sendo consideradas para esse fim as Equipes completas
anterior ao da respectiva competência financeira. Será de Saúde da Família/Equipes de Atenção Básica para
repassada uma parcela extra, no último trimestre de cada populações específicas, ou equipes incompletas por período
ano, cujo valor será calculado com base no número de de até 60 (sessenta) dias.
Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadastro de Especificamente para os Consultórios na Rua:
equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano Ausência de vinculação a Equipe de Saúde Bucal
vigente. cadastrada para o trabalho das equipes;
Da solicitação de crédito retroativo dos recursos
6. Microscopistas, Programa Saúde na Escola (PSE), referentes ao item D
Academia da Saúde e Atenção domiciliar Considerando a ocorrência de problemas na alimentação
O repasse do recurso para Microscopistas, Programa do SCNES, por parte dos estados, Distrito Federal e dos
Saúde na Escola (PSE), Academia da Saúde e Atenção municípios na transferência dos arquivos, realizada pelos
domiciliar, assim como seus respectivos valores serão municípios, o Distrito Federal e os estados, o Fundo Nacional
definidos em portarias específicas. Sobre a efetivação do de Saúde - FNS/SE/MS poderá efetuar crédito retroativo dos
repasse dos recursos referentes ao item D A efetivação da incentivos financeiros deste recurso variável (C), com base
transferência dos recursos financeiros descritos no item D em solicitação da Secretaria de Atenção à Saúde - SAS/MS.
tem por base os dados de alimentação obrigatória do Sistema Esta retroatividade se limitará aos seis meses anteriores ao
de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, cuja mês em curso.
responsabilidade de manutenção e atualização é dos Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o
gestores dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, Distrito Federal deverão:
estes devem : I - preencher a planilha constante do Anexo III a esta
I - transferir os dados mensalmente, para o Departamento Portaria, para informar o tipo de incentivo financeiro que não
de Informática do SUS - DATASUS, por via magnética, de foi creditado no Fundo Municipal de Saúde ou do Distrito
acordo com o cronograma definido anualmente pelo SCNES; Federal, discriminando a competência financeira
e correspondente e identificando a equipe, com os respectivos
II -a transferência dos dados para a Base Nacional do profissionais que a compõem;
sistema de Cadastro Nacional vigente se dará após geração do II - imprimir o relatório de produção das equipes de
atenção básica, referente à equipe e ao mês trabalhado que
arquivo pelo sistema de informação definido pelo Ministério da
não geraram a transferência dos recursos; e
Saúde para à Atenção Básica.
III - enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado,
Os valores dos componentes descritos acima serão
pleiteando a complementação de crédito, acompanhado da
definidos em portarias específicas pelo Ministério da Saúde.
planilha referida no item I e do relatório de produção
Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes
correspondente. No caso do Distrito Federal, o ofício deverá
ao item D ser encaminhado ao Departamento de Atenção Básica da
O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos SAS/MS.
incentivos referentes às equipes e aos serviços citados As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a
acima, nos casos em que forem constatadas, por meio do documentação recebida dos municípios, deverão encaminhar ao
monitoramento e/ou da supervisão direta do Ministério da Departamento de Atenção Básica da SAS/MS solicitação de
Saúde ou da Secretaria Estadual de Saúde ou por auditoria complementação de crédito dos incentivos tratados nesta
do DENASUS ou dos órgãos de controle competentes, Portaria, acompanhada dos documentos referidos nos itens I e II.
qualquer uma das seguintes situações: A Secretaria de Atenção à Saúde - SAS/MS, por meio do
I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada Departamento de Atenção Básica, procederá à análise das
para o trabalho das equipes e/ou; solicitações recebidas, verificando a adequação da
II - ausência, por um período superior a 60 dias, de documentação enviada, se houve suspensão do crédito em
qualquer um dos profissionais que compõem as equipes virtude da constatação de irregularidade no funcionamento
descritas no item D, com exceção dos períodos em que a das equipes e se a situação de qualificação do município ou
contratação de profissionais esteja impedida por legislação do Distrito Federal, na competência reclamada, permite o
específica, e/ou; repasse dos recursos pleiteados.

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- SAÚDE PÚBLICA -
E) Recursos condicionados a resultados e avaliação do trabalho das equipes;
acesso e da qualidade, tal como o do Programa Nacional de VII -A forma de recrutamento, seleção e contratação dos
Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ) profissionais das equipes, contemplando o cumprimento da
Há um esforço do Ministério da Saúde em fazer com que carga horária definida para cada profissional das equipes;
parte dos recursos induzam a ampliação do acesso, a VIII - Implantação do sistema de Informação para atenção
qualificação do serviço e a melhoria da atenção à saúde da básica vigente no momento da implantação da equipe da
população. Estes recursos devem ser repassados em função Atenção Básica, incluindo recursos humanos e materiais para
de programas que avaliem a implantação de processos e a operá-lo;
melhoria de resultados como o Programa Nacional de IX - Processo de avaliação do trabalho das equipes e a
Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ). forma de acompanhamento dos indicadores da Atenção
O PMAQ tem como objetivo ampliar o acesso e a Básica;
qualidade do cuidado na atenção básica. Ele se dará através X - A contrapartida de recursos dos municípios e do
de monitoramento e avaliação da atenção básica, e está Distrito Federal; e
atrelado a um incentivo financeiro para as gestões municipais XI - No caso das equipes do NASF: os profissionais que
que aderirem ao programa. O incentivo de qualidade é vão compor os NASF, incluindo as justificativas da escolha,
variável e dependente dos resultados alcançados pelas as identificação das Equipes que cada núcleo vai apoiar, o
equipes e pela gestão municipal. Este incentivo será planejamento e/ou a previsão de agenda compartilhada entre
transferido a cada mês, tendo como base o número de as diferentes equipes e a equipe dos NASF, que incluam
equipes cadastradas no programa e os critérios definidos em ações individuais e coletivas, de assistência, de apoio
portaria específica do PMAQ. pedagógico tanto das equipes quanto da comunidade e as
Requisitos mínimos para manutenção da transferência ações de visita domiciliar, em qual(ais) UBS. O NASF será
dos recursos do Bloco da Atenção Básica. cadastrado SCNES de acordo com o número de equipes que
Os requisitos mínimos para a manutenção da a ele está vinculado.
transferência do Bloco da Atenção Básica são aqueles
definidos pela legislação federal do SUS. PORTARIA Nº 1.820,
O Plano de Saúde municipal ou do Distrito Federal, e a DE 13 DE AGOSTO DE 2009
programação anual de saúde aprovado pelo respectivo
Conselho de Saúde, deve especificar a proposta de Dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da
organização da Atenção Básica e explicitar como serão saúde.
utilizados os recursos do Bloco da Atenção Básica. O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das
O Relatório de Gestão deverá demonstrar como a atribuições previstas no inciso II do parágrafo único do art. 87
aplicação dos recursos financeiros resultou em ações de da Constituição, e
saúde para a população, incluindo quantitativos mensais e Considerando os arts. 6º e 196 da Constituição Federal;
anuais de produção de serviços de Atenção Básica. Considerando a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
Da suspensão do repasse de recursos do Bloco da que dispõe sobre as condições para a promoção, a proteção
Atenção Básica e a recuperação da saúde a organização e funcionamento
O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recursos dos serviços correspondentes; e
do Bloco da Atenção Básica aos municípios e ao Distrito Considerando a Política Nacional de Humanização da
Federal, quando: Atenção e da Gestão do SUS, de 2003, do Ministério da
I - Não houver alimentação regular, por parte dos Saúde; e
municípios e do Distrito Federal, dos bancos de dados Considerando a Política Nacional de Gestão Estratégica e
nacionais de informação, relacionados na portaria no. 3462 Participativa no SUS, de 2007, do Ministério da Saúde,
de 11 de novembro de 2010; e resolve:
II-Forem detectados, por meio de auditoria federal ou
estadual, malversação ou desvio de finalidade na utilização Art. 1º Dispor sobre os direitos e deveres dos usuários da
dos recursos. saúde nos termos da legislação vigente.
A suspensão será mantida até a adequação das Art. 2º Toda pessoa tem direito ao acesso a bens e
irregularidades identificadas. serviços ordenados e organizados para garantia da
promoção, prevenção, proteção, tratamento e recuperação da
saúde.
ANEXO II
§ 1º O acesso será preferencialmente nos serviços de
O projeto de implantação das equipes de Saúde da
Atenção Básica integrados por centros de saúde, postos de
Família e/ou equipes de saúde bucal, equipes de agentes
saúde, unidades de saúde da família e unidades básicas de
comunitários, das Equipes de atenção básica para
saúde ou similares mais próximos de sua casa.
populações específicas e dos Núcleos de apoio a saúde da
§ 2º Nas situações de urgência/emergência, qualquer
família deve conter:
serviço de saúde deve receber e cuidar da pessoa bem como
I - O território a ser coberto, com estimativa da população encaminhá-la para outro serviço no caso de necessidade.
residente, definição do número de equipes que deverão atuar § 3º Em caso de risco de vida ou lesão grave, deverá ser
e com o mapeamento das áreas; assegurada a remoção do usuário, em tempo hábil e em
II - Infraestrutura incluindo área física, equipamentos e condições seguras para um serviço de saúde com capacidade
materiais disponíveis nas UBS onde atuarão as equipes, para resolver seu tipo de problema.
explicitando o número e o local das unidades onde irão atuar § 4º O encaminhamento às especialidades e aos
cada uma das equipes; hospitais, pela Atenção Básica, será estabelecido em função
III - O fluxo dos usuários para garantia da referência e da necessidade de saúde e indicação clínica, levando-se em
contra referência e cuidado em outros pontos de atenção, conta a gravidade do problema a ser analisado pelas centrais
incluindo apoio diagnóstico laboratorial e de imagem, levando de regulação.
em conta os padrões mínimos de oferta de serviços de § 5º Quando houver alguma dificuldade temporária para
acordo com RENASES e protocolos estabelecidos pelos atender as pessoas é da responsabilidade da direção e da
municípios, estados e pelo Ministério da Saúde; equipe do serviço, acolher, dar informações claras e encaminhá-
IV - A proposta para garantia da assistência farmacêutica las sem discriminação e privilégios.
básica; Art. 3º Toda pessoa tem direito ao tratamento adequado e
V - Descrição das principais ações a serem desenvolvidas no tempo certo para resolver o seu problema de saúde.
pelas equipes no âmbito da Atenção Básica, especialmente Parágrafo único. É direito da pessoa ter atendimento
nas áreas prioritárias definidas no âmbito nacional; adequado, com qualidade, no tempo certo e com garantia de
VI - Processo de gerenciamento e apoio institucional ao continuidade do tratamento, para isso deve ser assegurado:

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- SAÚDE PÚBLICA -
I - atendimento ágil, com tecnologia apropriada, por e) identificação da unidade de saúde que recebeu a
equipe multiprofissional capacitada e com condições pessoa, assim como da Unidade que está sendo
adequadas de atendimento; encaminhanda.
II - informações sobre o seu estado de saúde, de maneira Art. 4º Toda pessoa tem direito ao atendimento
clara, objetiva, respeitosa, compreensível quanto a: humanizado e acolhedor, realizado por profissionais
a) possíveis diagnósticos; qualificados, em ambiente limpo, confortável e acessível a
b) diagnósticos confirmados; todos.
c) tipos, justificativas e riscos dos exames solicitados; Parágrafo único. É direito da pessoa, na rede de serviços
d) resultados dos exames realizados; de saúde, ter atendimento humanizado, acolhedor, livre de
e) objetivos, riscos e benefícios de procedimentos qualquer discriminação, restrição ou negação em virtude de
diagnósticos, cirúrgicos, preventivos ou de tratamento; idade, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade
f) duração prevista do tratamento proposto; de gênero, condições econômicas ou sociais, estado de
g) quanto a procedimentos diagnósticos e tratamentos saúde, de anomalia, patologia ou deficiência, garantindo-lhe:
invasivos ou cirúrgicos; I - identificação pelo nome e sobrenome civil, devendo
h) a necessidade ou não de anestesia e seu tipo e existir em todo documento do usuário e usuária um campo
duração; para se registrar o nome social, independente do registro civil
i) partes do corpo afetadas pelos procedimentos, sendo assegurado o uso do nome de preferência, não
instrumental a ser utilizado, efeitos colaterais, riscos ou podendo ser identificado por número, nome ou código da
consequências indesejáveis; doença ou outras formas desrespeitosas ou preconceituosas;
j) duração prevista dos procedimentos e tempo de II - a identificação dos profissionais, por crachás visíveis,
recuperação; legíveis e/ou por outras formas de identificação de fácil
k) evolução provável do problema de saúde; percepção;
l) informações sobre o custo das intervenções das quais a III - nas consultas, nos procedimentos diagnósticos,
pessoa se beneficiou; preventivos, cirúrgicos, terapêuticos e internações, o
m) outras informações que forem necessárias; seguinte:
III - toda pessoa tem o direito de decidir se seus familiares a) a integridade física;
e acompanhantes deverão ser informados sobre seu estado b) a privacidade e ao conforto;
de saúde; c) a individualidade;
IV - registro atualizado e legível no prontuário, das d) aos seus valores éticos, culturais e religiosos;
seguintes informações: e) a confidencialidade de toda e qualquer informação
a) motivo do atendimento e/ou internação; pessoal;
b) dados de observação e da evolução clínica; f) a segurança do procedimento;
c) prescrição terapêutica; g) o bem-estar psíquico e emocional;
d) avaliações dos profissionais da equipe; IV - o atendimento agendado nos serviços de saúde,
e) procedimentos e cuidados de enfermagem; preferencialmente com hora marcada;
f) quando for o caso, procedimentos cirúrgicos e V - o direito a acompanhante, pessoa de sua livre
anestésicos, odontológicos, resultados de exames escolha, nas consultas e exames;
complementares laboratoriais e radiológicos; VI - o direito a acompanhante, nos casos de internação,
g) a quantidade de sangue recebida e dados que nos casos previstos em lei, assim como naqueles em que a
garantam a qualidade do sangue, como origem, sorologias autonomia da pessoa estiver comprometida;
efetuadas e prazo de validade; VII - o direito a visita diária não inferior a duas horas,
h) identificação do responsável pelas anotações; preferencialmente aberta em todas as unidades de
i) outras informações que se fizerem necessárias; internação, ressalvadas as situações técnicas não indicadas;
V - o acesso à anestesia em todas as situações em que VIII -a continuidade das atividades escolares, bem como
for indicada, bem como a medicações e procedimentos que o estímulo à recreação, em casos de internação de criança ou
possam aliviar a dor e o sofrimento; adolescente;
VI - o recebimento das receitas e prescrições IX - a informação a respeito de diferentes possibilidades
terapêuticas, devem conter: terapêuticas de acordo com sua condição clínica, baseado
a) o nome genérico das substâncias prescritas; nas evidências científicas e a relação custo-benefício das
b) clara indicação da dose e do modo de usar. alternativas de tratamento, com direito à recusa, atestado na
c) escrita impressa, datilografada ou digitada, ou em presença de testemunha;
caligrafia legível; X - a escolha do local de morte;
d) textos sem códigos ou abreviaturas; XI - o direito à escolha de alternativa de tratamento,
e) o nome legível do profissional e seu número de registro quando houver, e à consideração da recusa de tratamento
no conselho profissional; e proposto;
f) a assinatura do profissional e a data; XII - o recebimento de visita, quando internado, de outros
VII - recebimento, quando prescritos, dos medicamentos profissionais de saúde que não pertençam àquela unidade
que compõem a farmácia básica e, nos casos de necessidade hospitalar sendo facultado a esse profissional o acesso ao
de medicamentos de alto custo deve ser garantido o acesso prontuário;
conforme protocolos e normas do Ministério da Saúde; XIII - a opção de marcação de atendimento por telefone
VIII - o acesso à continuidade da atenção no domicílio, para pessoas com dificuldade de locomoção;
quando pertinente, com estímulo e orientação ao autocuidado XIV -o recebimento de visita de religiosos de qualquer
que fortaleça sua autonomia e a garantia de credo, sem que isso acarrete mudança da rotina de
acompanhamento em qualquer serviço que for necessário; tratamento e do estabelecimento e ameaça à segurança ou
IX - o encaminhamento para outros serviços de saúde perturbações a si ou aos outros;
deve ser por meio de um documento que contenha: XV -a não-limitação de acesso aos serviços de saúde por
a) caligrafia legível ou datilografada ou digitada ou por barreiras físicas, tecnológicas e de comunicação; e
meio eletrônico; XVI - a espera por atendimento em lugares protegidos,
b) resumo da história clínica, possíveis diagnósticos, limpos e ventilados, tendo à sua disposição água potável e
tratamento realizado, evolução e o motivo do sanitários, e devendo os serviços de saúde se organizarem
encaminhamento; de tal forma que seja evitada a demora nas filas.
c) linguagem clara evitando códigos ou abreviaturas; Art. 5º Toda pessoa deve ter seus valores, cultura e
d) nome legível do profissional e seu número de registro direitos respeitados na relação com os serviços de saúde,
no conselho profissional, assinado e datado; e garantindo-lhe:

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- SAÚDE PÚBLICA -
I -a escolha do tipo de plano de saúde que melhor lhe responsável sobre qualquer fato que ocorra em relação a sua
convier, de acordo com as exigências mínimas constantes da condição de saúde;
legislação e a informação pela operadora sobre a cobertura, V - assumir a responsabilidade pela recusa a
custos e condições do plano que está adquirindo; procedimentos, exames ou tratamentos recomendados e pelo
II -o sigilo e a confidencialidade de todas as informações descumprimento das orientações do profissional ou da equipe
pessoais, mesmo após a morte, salvo nos casos de risco à de saúde;
saúde pública; VI -contribuir para o bem-estar de todos nos serviços de
III - o acesso da pessoa ao conteúdo do seu prontuário ou saúde, evitando ruídos, uso de fumo e derivados do tabaco e
de pessoa por ele autorizada e a garantia de envio e bebidas alcoólicas, colaborando com a segurança e a limpeza
fornecimento de cópia, em caso de encaminhamento a outro do ambiente;
serviço ou mudança de domicilio; VII - adotar comportamento respeitoso e cordial com às
IV - a obtenção de laudo, relatório e atestado médico, demais pessoas que usam ou que trabalham no
sempre que justificado por sua situação de saúde; estabelecimento de saúde;
V - o consentimento livre, voluntário e esclarecido, a VIII - ter em mão seus documentos e, quando solicitados,
quaisquer procedimentos diagnósticos, preventivos ou os resultados de exames que estejam em seu poder;
terapêuticos, salvo nos casos que acarretem risco à saúde IX -cumprir as normas dos serviços de saúde que devem
pública, considerando que o consentimento anteriormente resguardar todos os princípios desta Portaria;
dado poderá ser revogado a qualquer instante, por decisão X - ficar atento às para situações de sua vida cotidiana
livre e esclarecida, sem que sejam imputadas à pessoa que coloquem em risco sua saúde e a da comunidade, e
sanções morais, financeiras ou legais; adotar medidas preventivas;
VI -a não-submissão a nenhum exame de saúde pré- XI - comunicar aos serviços de saúde, às ouvidorias ou à
admissional, periódico ou demissional, sem conhecimento e vigilância sanitária irregularidades relacionadas ao uso e à
consentimento, exceto nos casos de risco coletivo; oferta de produtos e serviços que afetem a saúde em
VII -a indicação de sua livre escolha, a quem confiará a ambientes públicos e privados;
tomada de decisões para a eventualidade de tornar-se XII - desenvolver hábitos, práticas e atividades que
incapaz de exercer sua autonomia; melhorem a sua saúde e qualidade de vida;
VIII - o recebimento ou a recusa à assistência religiosa, XIII - comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência
psicológica e social; de caso de doença transmissível, quando a situação requerer
IX - a liberdade, em qualquer fase do tratamento, de o isolamento ou quarentena da pessoa ou quando a doença
procurar segunda opinião ou parecer de outro profissional ou constar da relação do Ministério da Saúde; e
serviço sobre seu estado de saúde ou sobre procedimentos XIV - não dificultar a aplicação de medidas sanitárias,
recomendados; bem como as ações de fiscalização sanitária.
X -a não-participação em pesquisa que envolva ou não Art. 7º Toda pessoa tem direito à informação sobre os
tratamento experimental sem que tenha garantias claras da serviços de saúde e aos diversos mecanismos de
sua liberdade de escolha e, no caso de recusa em participar participação.
ou continuar na pesquisa, não poderá sofrer § 1º O direito previsto no caput deste artigo, inclui a
constrangimentos, punições ou sanções pelos serviços de informação, com linguagem e meios de comunicação
saúde, sendo necessário, para isso; adequados, sobre:
a) que o dirigente do serviço cuide dos aspectos éticos da I - o direito à saúde, o funcionamento dos serviços de
pesquisa e estabeleça mecanismos para garantir a decisão saúde e sobre o SUS;
livre e esclarecida da pessoa; II -os mecanismos de participação da sociedade na
b) que o pesquisador garanta, acompanhe e mantenha a formulação, acompanhamento e fiscalização das políticas e
integridade da saúde dos participantes de sua pesquisa, da gestão do SUS;
assegurandolhes os benefícios dos resultados encontrados; III - as ações de vigilância à saúde coletiva
c) que a pessoa assine o termo de consentimento livre e compreendendo a vigilância sanitária, epidemiológica e
esclarecido; ambiental; e
XI - o direito de se expressar e ser ouvido nas suas IV -a interferência das relações e das condições sociais,
queixas denúncias, necessidades, sugestões e outras econômicas, culturais, e ambientais na situação da saúde das
manifestações por meio das ouvidorias, urnas e qualquer pessoas e da coletividade.
outro mecanismo existente, sendo sempre respeitado na § 2º Os órgãos de saúde deverão informar as pessoas
privacidade, no sigilo e na confidencialidade; e sobre a rede SUS mediante os diversos meios de
XII - a participação nos processos de indicação e/ou comunicação, bem como nos serviços de saúde que
eleição de seus representantes nas conferências, nos compõem essa rede de participação popular, em relação a:
conselhos de saúde e nos conselhos gestores da rede SUS. I - endereços;
Art. 6º Toda pessoa tem responsabilidade para que seu II - telefones;
tratamento e recuperação sejam adequados e sem III - horários de funcionamento; e
interrupção. IV - ações e procedimentos disponíveis.
Parágrafo único. Para que seja cumprido o disposto no § 3º Em cada serviço de saúde deverá constar, em local
caput deste artigo, as pessoas deverão: visível à população:
I -prestar informações apropriadas nos atendimentos, nas I - nome do responsável pelo serviço;
consultas e nas internações sobre: II - nomes dos profissionais;
a) queixas; III - horário de trabalho de cada membro da equipe,
b) enfermidades e hospitalizações anteriores; inclusive do responsável pelo serviço; e
c) história de uso de medicamentos, drogas, reações IV - ações e procedimentos disponíveis.
alérgicas; § 4º As informações prestadas à população devem ser
d) demais informações sobre seu estado de saúde; claras, para propiciar a compreensão por toda e qualquer
II - expressar se compreendeu as informações e pessoa.
orientações recebidas e, caso ainda tenha dúvidas, solicitar § 5º Os conselhos de saúde deverão informar à
esclarecimento sobre elas; população sobre:
III - seguir o plano de tratamento proposto pelo I - formas de participação;
profissional ou pela equipe de saúde responsável pelo seu II - composição do conselho de saúde;
cuidado, que deve ser compreendido e aceito pela pessoa III - regimento interno dos conselhos;
que também é responsável pelo seu tratamento; IV - Conferências de Saúde;
IV-informar ao profissional de saúde ou à equipe V - data, local e pauta das reuniões; e

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- SAÚDE PÚBLICA -
VI - deliberações e ações desencadeadas. consulta pública pelo prazo de 90 (noventa) dias.
§ 6º O direito previsto no caput desse artigo inclui a Art. 3º As unidades do Ministério da Saúde, dentro no
participação de conselhos e conferências de saúde, o direito prazo de 6 (seis) meses, deverão obrigatoriamente
de representar e ser representado em todos os mecanismos manifestar-se sobre eventuais omissões, na Portaria Nº
de participação e de controle social do SUS. 2.048/GM, de 2009, de dispositivos dos atos normativos
Art. 8º Toda pessoa tem direito a participar dos conselhos consolidados, relativos à sua área de atuação, e propor a
e conferências de saúde e de exigir que os gestores cumpram exclusão formal dos que considerem tacitamente revogados.
os princípios anteriores. Art. 4º A Comissão Permanente de Consolidação e
Parágrafo único. Os gestores do SUS, das três esferas de Revisão de Atos Normativos do Ministério da Saúde analisará
governo, para observância desses princípios, comprometem- as sugestões recebidas e oferecerá, para ampla divulgação,
se a: acompanhado de relatório circunstanciado, minuta de texto
I - promover o respeito e o cumprimento desses direitos e final da consolidação, se houver de ser modificado.
deveres, com a adoção de medidas progressivas, para sua Art. 5º Fica excluída do artigo 3º da Portaria Nº 2.048/GM,
efetivação; de 2009, a expressão: “e as Resoluções do Conselho
II -adotar as providências necessárias para subsidiar a Nacional de Saúde Nº 196, de 10 de outubro de 1996; Nº
divulgação desta Portaria, inserindo em suas ações as 251, de 7 de julho de 1997; Nº 292, de 8 de julho de 1999 e
diretrizes relativas aos direitos e deveres das pessoas; Nº 340, de 8 de julho de 2004”, estaurados, por
III - incentivar e implementar formas de participação dos consequência, os efeitos desses atos normativos.
trabalhadores e usuários nas instâncias e participação de Art. 6º Fica restabelecida a vigência dos atos normativos
controle social do SUS; relacionados no art. 3º da Portaria Nº 2.048/GM, de 2009,
IV - promover atualizações necessárias nos regimentos e desde quando entraram em vigor.
estatutos dos serviços de saúde, adequando-os a esta Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua
Portaria; publicação.
V - adotar estratégias para o cumprimento efetivo da MÁRCIA BASSIT LAMEIRO DA COSTA MAZZOLI
legislação e das normatizações do Sistema Único de Saúde;
VI -promover melhorias contínuas, na rede SUS, como a PORTARIA Nº 2.048, DE 3 DE SETEMBRO DE 2009
informatização, para implantar o Cartão SUS e o Prontuário
Eletrônico com os objetivos de: Aprova o Regulamento do
a) otimizar o financiamento; Sistema Único de Saúde (SUS).
b) qualificar o atendimento aos serviços de saúde;
c) melhorar as condições de trabalho; O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da
d) reduzir filas; e atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do
e) ampliar e facilitar o acesso nos diferentes serviços de art. 87 da Constituição, e
saúde.
Art. 9º Os direitos e deveres dispostos nesta Portaria Considerando a Lei Complementar Nº 95, de 26 de
constitui em a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde. fevereiro de 1998, que dispõe sobre a elaboração, a redação,
Parágrafo único. A Carta dos Direitos dos Usuários da a alteração e a consolidação das Leis e estabelece normas
Saúde deverá ser disponibilizada a todas as pessoas por para a consolidação dos atos normativos;
meios físicos e na internet, no seguinte endereço eletrônico:
www.saude.gov.br. Considerando o Decreto Nº 4.176, de 28 de março de
Art. 10. Esta Portaria entra em vigor na data de sua
2002, que dispõe sobre os trabalhos de consolidação dos
publicação.
Art. 11. Fica revogada a Portaria nº 675, de 30 de março atos normativos no âmbito do Poder Executivo e determina,
de 2006, publicada no Diário Oficial da União nº 63 de 31 de em seu art. 43, a instituição de Comissões Permanentes de
março de 2006, seção 1, página 131. Consolidação e Revisão de Atos Normativos aos Ministérios e
JOSÉ GOMES TEMPORÃO aos órgãos da estrutura da Presidência da República;

PORTARIA Nº 2.230, DE 23 DE SETEMBRO DE 2009 Considerando a Portaria Nº 1.035, de 4 de junho de 2002,


do Ministério da Saúde, que cria a Comissão Permanente de
Dispõe sobre a aplicação da Portaria Nº 2.048/GM, de 3 Consolidação e Revisão de Atos Normativos do Ministério da
de setembro de 2009, que aprovou o Regulamento do Saúde, e a Portaria Nº 1.208, de 22 de maio de 2008, do
Sistema Único de Saúde (SUS) e dá outras providências. Ministério da Saúde, que a altera sua composição;
A MINISTRA DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINA, no
uso da atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo Considerando a Portaria Nº 815, de 29 de abril de 2008,
único do art. 87 da Constituição, e do Ministério da Saúde, que aprova o Regimento Interno da
Considerando que, em cumprimento à determinação Comissão Permanente de Consolidação e Revisão de Atos
constante do art. 43 do Decreto Nº 4.176, de 28 de março de Normativos do Ministério da Saúde, atribuindo a esta, no
2002, por proposta da Comissão Permanente de
inciso IV do art. 2º, a competência para elaborar e revisar,
Consolidação e Revisão de Atos Normativos, foi expedida a
periodicamente, o Regulamento do Sistema Único de Saúde
Portaria Nº 2.048/GM, de 3 de setembro de 2009; e
Considerando que as peculiaridades do processo de (SUS), a partir da legislação infralegal consolidada, dispondo
consolidação de atos normativos exigem a instituição de sobre sua organização e funcionamento; e
margem temporal para permitir maior conhecimento do texto
elaborado e sua atualização, resolve: Considerando a necessidade de promover o processo de
Art. 1º O art. 2º da Portaria Nº 2.048/GM, de 3 de conhecimento, identificação e valorização do Sistema Único
setembro de 2009, publicada no Diário Oficial da União Nº de Saúde, por meio da normatização infralegal pelo Ministério
170, de 4 de setembro de 2009, Seção 1, página 61, que da Saúde, gestor nacional do Sistema, resolve:
aprovou o Regulamento do Sistema Único de Saúde (SUS),
passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 1º Aprovar o Regulamento do Sistema Único de
“Art. 2º Esta Portaria entrará em vigor 1 (um) ano após a Saúde - SUS, nos termos do Anexo a esta Portaria.
sua publicação” (NR).
Art. 2º Esta Portaria entrará em vigor 1 (um) ano após a
Art. 2º O texto da Portaria, publicado no Diário Oficial da
União do dia 4 de setembro de 2009, estará disponibilizado sua publicação. (Alterado pela PORTARIA Nº 2.230, DE 23
no endereço www.saude.gov.br/sus, e permanecerá em DE SETEMBRO DE 2009)

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- SAÚDE PÚBLICA -

Art. 3º Ficam revogados os seguintes atos normativos’ do Portaria Nº 1683, de 13 de junho de 2007; Portaria Nº 1.569,
Ministério da Saúde: Portaria Nº 582, de 30 de junho de 1989; de 2 de julho de 2007; Portaria Nº 1.626, de 10 de julho de
Portaria Nº 980, de 26 de dezembro de 1989; Portaria Nº 796, 2007; Portaria Nº 1.767, de 25 de julho de 2007; Portaria Nº
de 29 de maio de 1992; Portaria Nº 545, de 20 de maio de 1.996, de 20 de agosto de 2007; Portaria Nº 2.656, de 18 de
1993; Portaria Nº 799, de 20 de julho 1993; Portaria Nº 1.016, outubro de 2007; Portaria Nº 2.759, de 26 de outubro de
de 26 de agosto de 1993; Portaria Nº 772, de 7 de abril de 2007, e a Instrução Normativa Nº 1, de 7 de março de 2005,
1994; Portaria Nº 2.163, de 29 de dezembro de 1994; Portaria todas do Ministério da Saúde, e as Resoluções do Conselho
Nº 2.415, de 12 de dezembro de 1996; Portaria Nº 3.040, de Nacional de Saúde Nº 196, de 10 de outubro de 1996; Nº
31 de junho de 1998; Portaria Nº 3.407, de 5 de agosto 1998; 251, de 7 de julho 1997; Nº 292, de 8 de julho de 1999 e Nº
Portaria Nº 3.916, de 30 de outubro de 1998; Portaria Nº 263, 340, de 8 de julho de 2004.
de 31 de março de 1999; Portaria Nº 5.153, de 7 de abril de JOSÉ GOMES TEMPORÃO
1999; Portaria Nº 710, de 10 de junho de 1999; Portaria Nº
935, de 22 de julho de 1999; Portaria Nº 937, de 22 de julho ANEXO
de 1999; Portaria Nº 985, de 5 de agosto de 1999; Portaria Nº REGULAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
1.091, de 25 de agosto de 1999; Portaria Nº 106, de 11 de Art. 1º O Regulamento do Sistema Único da Saúde - SUS
fevereiro de 2000; Portaria Nº 333, de 24 de março de 2000; consiste na sistematização e consolidação dos atos
Portaria Nº 486, de 16 de maio de 2000; Portaria Nº 569, de normativos expedidos no âmbito do Ministério da Saúde e de
1º de junho de 2000; Portaria Nº 799, de 19 de julho de 2000; suas entidades vinculadas que regulamentam o
Portaria Nº 901, de 16 de agosto de 2000; Portaria Nº 1.183, funcionamento, a organização e a operacionalização do
de 25 de outubro de 2000; Portaria Nº 1.315, de 30 de Sistema, dispondo sobre políticas e programas nacionais,
novembro de 2000; Portaria Nº 235, de 20 de fevereiro de diretrizes e estratégias que visem à redução do risco de
2001; Portaria Nº 401, de 29 de março de 2001; Portaria Nº doença e de outros agravos e ao acesso universal e
814, de 1º de junho de 2001; Portaria Nº 822, de 6 de junho igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
de 2001;Portaria Nº 1.531, de 4 de setembro de 2001; recuperação.
Portaria Nº 1.559, de 6 de setembro de 2001; Portaria Nº Art. 2º O Regulamento do SUS será publicado e revisado
1.893, de 15 de outubro de 2001; Portaria Nº 2.009, de 30 de periodicamente pela Comissão Permanente de Consolidação
outubro de 2001; Portaria Nº 2.309, de 19 de dezembro de e Revisão de Atos Normativos do Ministério da Saúde,
2001; Portaria Nº 1.968, de 25 de outubro de 2001; Portaria instituída pela Portaria nº 1.305, de 4 de junho de 2002, sob a
Nº 251, de 31 de janeiro de 2002; Portaria Nº 373, de 27 de coordenação da Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde.
fevereiro de 2002; Portaria Nº 371, de 4 de março de 2002; § 1º Da primeira publicação do Regulamento constarão
Portaria Nº 541, de 14 de março de 2002; Portaria Nº 703, de atos normativos expedidos no âmbito do Ministério da Saúde
12 de abril de 2002; Portaria Nº 816, de 30 de abril de 2002; no período compreendido entre os anos de 1989 a 2007.
Portaria Nº 305, de 3 de maio de 2002; Portaria Nº 1.060, de § 2º A partir da primeira edição, o Regulamento será
5 de julho de 2002; Portaria Nº 423, de 9 de julho de 2002; publicado e revisado a cada 2 (dois) anos pelo Ministério da
Portaria Nº 1.560, de 29 de agosto de 2002; Portaria Nº Saúde.
1.686, de 20 de setembro de 2002; Portaria Nº 2.104, de 19
de novembro de 2002; Portaria Nº 2391 de 26 de dezembro CAPÍTULO I
de 2002; Portaria Nº 653, de 28 de maio de 2003; Portaria Nº DA ORGANIZAÇÃO, DA GESTÃO
1.777, de 9 de setembro de 2003; Portaria Nº 1.863, de 29 de E DA ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE
setembro de 2003; Portaria Nº 1.864, de 29 de setembro de Seção I
2003; Portaria Nº 20, de 3 de outubro de 2003; Portaria Nº Da Gestão em Saúde
1.929, de 9 de outubro de 2003; Portaria Nº 2.325, de 8 de Art. 3º A Norma Operacional Básica - NOB - SUS 01/93,
dezembro de 2003; Portaria Nº 70, de 20 de janeiro de 2004; constante do Anexo I a este Regulamento, regulamenta o
Portaria Nº 586, de 6 de abril de 2004; Portaria Nº 1.035, de processo de descentralização da gestão dos serviços e ações
31 de maio de 2004; Portaria Nº 1.168, de 15 de junho de no âmbito do Sistema Único de Saúde e estabelece os
2004; Portaria Nº 1.169, de 15 de junho de 2004; Portaria Nº mecanismos de financiamento das ações de saúde, em
1.193, de 16 de junho de 2004; Portaria Nº 1426, de 14 de particular da assistência hospitalar e ambulatorial e das
julho de 2004; Portaria Nº 340, de 14 de julho de 2004; diretrizes para os investimentos no setor.
Portaria Nº 1679, de 13 de agosto de 2004; Portaria Nº 2.073, Art. 4º A Norma Operacional da Assistência à Saúde -
de 28 de setembro de 2004; Portaria Nº 2.197, de 14 de NOAS-SUS 01/2002, aprovada nos termos do Anexo II a este
outubro de 2004; Portaria Nº 2.406, de 5 de novembro de Regulamento:
2004; Portaria Nº 2.692, de 23 de dezembro de 2004; Portaria I - amplia as responsabilidades dos Municípios na
Nº 2.529, de 23 de novembro de 2004; Portaria Nº 221, de 15 Atenção Básica;
de fevereiro de 2005; Portaria Nº 343, de 7 de março de II - estabelece o processo de regionalização como
2005; Portaria Nº 382, de 10 de março de 2005; Portaria Nº estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de
401, de 16 de março de 2005; Portaria Nº 426, de 22 de busca de maior equidade;
março de 2005; Portaria Nº 1.161, de 7 de julho de 2005; III - cria mecanismos para o fortalecimento da capacidade
Portaria Nº 1.391 de 16 de agosto de 2005; Portaria Nº 2.439, de gestão do Sistema Único de Saúde; e
de 8 de dezembro de 2005; Portaria Nº 5, de 21 de fevereiro IV - atualiza os critérios de habilitação de Estados e
de 2006; Portaria 399, de 22 de fevereiro de 2006; Portaria Nº Municípios.
491, de 9 de março de 2006; Portaria Nº 648, de 28 de março Art. 5º A Política Nacional de Gestão Estratégica e
Participativa no SUS - PARTICIPASUS estará disponível no
de 2006; Portaria Nº 687, de 30 de março 2006; Portaria Nº
portal do Ministério da Saúde, www.saude.gov.br, mais
699, de 30 de março de 2006; Portaria Nº 931, de 2 de maio
especificamente na área da Secretaria de Gestão Estratégica
de 2006; Portaria Nº 971, de 3 de maio de 2006; Portaria Nº
e Participativa.
1.010, de 8 de maio 2006; Portaria Nº 1.097, de 22 de maio
de 2006; Portaria Nº 1.160, de 29 de maio de 2006; Portaria
Subseção I
Nº 29, de 11 de julho de 2006; Portaria Nº 363, de 11 de
Do Pacto pela Saúde
agosto de 2006; Portaria Nº 2.528, de 19 de outubro de 2006;
Art. 6º O Pacto pela Saúde 2006 - Consolidação do SUS -
Portaria Nº. 2.529 de 19 de outubro de 2006; Portaria Nº
está divulgado na forma do Anexo III a este Regulamento.
3.027, de 26 de novembro de 2006; Portaria Nº 3.085, de 1º
Art. 7º As Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde
de dezembro de 2006; Portaria Nº 3.125, de 7 de dezembro
em 2006 - Consolidação do SUS - com seus três
de 2006; Portaria Nº 3.332, de 28 de dezembro de 2006;
componentes, Pactos Pela Vida, em Defesa do SUS e de
Portaria Nº 204, de 29 de janeiro de 2007; Portaria Nº 487, de
Gestão, estão aprovadas na forma do Anexo IV a este
2 de março de 2007; Portaria Nº 487, de 2 março de 2007;
Regulamento.
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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 8º Ficam mantidas, até a assinatura do Termo de explicitando o valor correspondente a cada bloco.
Compromisso de Gestão constante nas Diretrizes § 1º No Termo do Limite Financeiro Global do Município,
Operacionais do Pacto pela Saúde 2006, as mesmas no que se refere ao Bloco da Média e Alta Complexidade,
prerrogativas e responsabilidades dos Municípios e Estados serão discriminados os recursos para a população própria e
que estão habilitados em Gestão Plena do Sistema, conforme os relativos à população referenciada.
estabelecido na Norma Operacional Básica - NOB SUS 01/96 § 2º Os recursos relativos ao Termo do Limite Financeiro
e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS Global do Município, do Estado e do Distrito Federal serão
SUS 01/2002, previstas na Seção I do Capítulo I deste transferidos pelo Ministério da Saúde, de forma regular e
Regulamento. automática, ao respectivo Fundo de Saúde, excetuando os
Art. 9º A regulamentação da implementação das recursos transferidos diretamente às unidades universitárias
Diretrizes Operacionais dos Pactos Pela Vida e de Gestão e federais e aqueles previstos no Termo de Cooperação entre
seus desdobramentos para o processo de gestão do SUS, Entes Públicos.
bem como a transição e o monitoramento dos Pactos, § 3º O Termo do Limite Financeiro Global do Município
unificando os processos de pactuação de indicadores e deverá explicitar também os recursos de custeios próprios
metas, obedecerão ao estabelecido neste Regulamento. das esferas municipal e estadual e, caso não seja possível
Art. 10. As responsabilidades sanitárias e atribuições do explicitá-los por blocos, dever-se-á informar apenas o total do
respectivo gestor, as metas e objetivos do Pacto pela Vida, recurso.
que definem as prioridades dos três gestores para o ano em Art. 14. O Relatório de Indicadores de Monitoramento
curso e os indicadores de monitoramento, que integram os será gerado por um sistema informatizado na forma de Anexo
diversos processos de pactuação de indicadores existentes ao Termo de Compromisso de Gestão.
serão afirmadas publicamente por meio dos Termos de Art. 15. Deverão ser obedecidas as seguintes normas
Compromisso de Gestão Municipal (Anexo V), Estadual para a definição, alteração e suspensão dos valores do Limite
(Anexo VI), do Distrito Federal (Anexo VII) e Federal (Anexo Financeiro Global do Município, Estado e Distrito Federal:
VIII). I - a alocação do recurso referente ao Bloco Financeiro de
§ 1º Nos Termos de Compromisso de Gestão Municipal, Média e Alta Complexidade da Assistência será definida de
do Distrito Federal e Estadual podem ser acrescentadas acordo com a Programação Pactuada e Integrada - PPI;
outras metas municipais, regionais e estaduais, conforme II - a alteração no valor do recurso Limite Financeiro
pactuação. Global do Município, Estado e Distrito Federal, deve ser
§ 2º As metas nacionais servem de referência para a aprovada na Comissão Intergestores Bipartite - CIB e
pactuação das metas municipais, estaduais e do Distrito encaminhada ao Ministério da Saúde para publicação; e
Federal, no que se refere às prioridades estabelecidas no III - as transferências, fundo a fundo, do Ministério da
Pacto pela Vida. Saúde para Estados, Distrito Federal e Municípios serão
§ 3º Deverá constar no verso dos documentos dos suspensas nas seguintes situações:
Termos de Compromisso de Gestão um glossário para a) não pagamento dos prestadores de serviços públicos
facilitar sua compreensão. ou privados, hospitalares e ambulatoriais, até o 5º (quinto) dia
§ 4º O Termo de Compromisso de Gestão terá os útil, após o Ministério da Saúde creditar na conta bancária do
seguintes Anexos, que ficam instituídos conforme os Fundo Estadual, do Distrito Federal ou Municipal de Saúde e
respectivos modelos: disponibilizar os arquivos de processamento do SIH/SUS, no
I - o extrato do Termo de Cooperação entre Entes BBS/MS, exceto as situações excepcionais devidamente
Públicos - Anexo IX; justificadas;
II - a Declaração da CIB de Comando Único do Sistema b) falta de alimentação dos Bancos de Dados Nacionais
pelo Gestor Municipal - Anexo X; estabelecidos como obrigatórios, por 2 (dois) meses
III - o Termo do Limite Financeiro Global do Município e consecutivos ou 3 (três) meses alternados, no prazo de 1
do Estado e do Distrito Federal - Anexos XI, XII e XIII; e (um) ano; e
IV - o relatório dos Indicadores de Monitoramento, a ser c) indicação de suspensão decorrente de relatório da
implantado a partir de 2007. auditoria realizada pelos componentes estadual ou nacional,
Art. 11. O Termo de Cooperação entre Entes Públicos, respeitado o prazo de defesa do Município, Distrito Federal ou
cujo conteúdo será pactuado entre Ministério da Saúde, Estado envolvido.
Conselho Nacional dos Secretários de Saúde - CONASS e Art. 16. A construção dos Termos de Compromisso de
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde - Gestão Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal
CONASEMS, em ato normativo próprio, é destinado à deve ser um processo de negociação e apoio entre os entes
formalização da relação entre gestores quando unidades federados diretamente envolvidos:
públicas prestadoras de serviço, situadas no território de um I - gestores municipal e estadual para o Termo de
Município, estão sob gerência de determinada esfera Compromisso de Gestão Municipal;
administrativa e gestão de outra. II - gestores estadual e federal para o Termo de
§ 1º O Termo de Cooperação entre Entes Públicos deve Compromisso de Gestão Estadual e do Distrito Federal;
conter as metas e um plano operativo do acordo. III - gestores federal, municipal e estadual para o Termo
§ 2º Os órgãos e entidades públicas prestadoras de de Compromisso de Gestão Federal;
serviço devem, preferencialmente, receber os recursos de IV - os gestores municipais devem acompanhar o
custeio correspondentes à realização das metas pactuadas processo de construção do Termo Estadual; e
no plano operativo e não por produção. VI - os gestores municipais e estaduais devem
§ 3º A transferência de recursos, objeto do Termo de acompanhar o processo de construção do Termo Federal.
Cooperação entre Entes Públicos, deverá ser feita conforme § 1º O Ministério da Saúde apoiará a negociação do
pactuação. Termo de Compromisso de Gestão Municipal, junto ao
§ 4º Quando não couber o Termo de Cooperação entre Município e Estado, quando solicitado.
Entes Públicos - TCEP, o Município deve encaminhar o § 2º Os Municípios, os Estados e o Distrito Federal,
Extrato do TCEP, assinalando a não-pertinência deste. quando não apresentarem condições de assumir
Art. 12. A Declaração da Comissão Intergestores Bipartite integralmente as responsabilidades atribuídas a todos no
- CIB de Comando Único do Sistema pelo Gestor Municipal é Termo de Compromisso de Gestão na data de sua
o documento que explicita a gestão dos estabelecimentos de assinatura, devem pactuar um cronograma, parte integrante
saúde situados no território de um determinado Município. do referido Termo de Compromisso, com vistas a assumi-las.
Art. 13. O Termo do Limite Financeiro Global do § 3º As outras responsabilidades atribuídas aos
Município, do Estado e do Distrito Federal refere-se aos Municípios serão pactuadas quando necessário, caso em que
recursos federais de custeio, referentes à unidade federada, será estabelecido um cronograma.

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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 4º As ações necessárias para apoiar os Municípios e/ou Relatório dos Indicadores de Monitoramento;
o Estado para a consecução do cronograma referido no § 2º, III - após receber os documentos, a CIT terá o prazo de
assim como para o alcance das metas e objetivos pactuados, 30 (trinta) dias, a partir da data do protocolo, para se
devem ser expressas nos respectivos Planos de Saúde. manifestar; e
§ 5º O Termo de Compromisso de Gestão Municipal deve IV - após homologação na CIT, esta encaminhará os
ser construído em sintonia com o Plano Municipal de Saúde, documentos citados no inciso II para o Ministério da Saúde,
em negociação com o Estado e os Municípios da sua região visando à publicação de ato normativo contendo informações
de saúde. sobre o Termo de Compromisso de Gestão do Distrito
§ 6º O Termo de Compromisso de Gestão Estadual deve Federal e o Termo do Limite Financeiro Global, para subsidiar
ser construído em sintonia com o Plano Estadual de Saúde, o processo de monitoramento.
em negociação com o gestor federal e o representante dos Art. 20. A aprovação do Termo de Compromisso de
gestores municipais de saúde, na Comissão Intergestores Gestão Federal deverá seguir o seguinte fluxo:
Bipartite - CIB. I - aprovação no Conselho Nacional de Saúde; e
§ 7º O Termo de Compromisso de Gestão do Distrito II - encaminhamento do Termo de Compromisso de
Federal deve ser construído em sintonia com o seu Plano de Gestão Federal (Anexo VIII) para a CIT, que terá 30 (trinta)
Saúde, em negociação com o gestor federal. dias para se posicionar.
§ 8º O Termo de Compromisso de Gestão Federal deve Art. 21. Dever-se-á observar as seguintes regras de
ser construído em sintonia com o Plano Nacional de Saúde, transição:
em negociação com representantes dos gestores estaduais e I - as responsabilidades e prerrogativas de Estados e
municipais, na Comissão Intergestores Tripartite - CIT. Municípios, habilitados nas condições de gestão
§ 9º Anualmente, no mês de março, serão revistas as estabelecidas pela NOB SUS 01/96 e pela NOAS SUS
metas, os objetivos e os indicadores dos Termos de 01/2002, previstas na Seção I do Capítulo I deste
Compromisso de Gestão Municipal, do Distrito Federal, Regulamento, ficam mantidas até à assinatura do respectivo
Estadual e Federal. Termo de Compromisso de Gestão;
Art. 17. A aprovação do Termo de Compromisso de II - os processos de habilitação de Municípios, conforme a
Gestão Municipal deverá seguir o seguinte fluxo: NOAS SUS 01/2002, prevista na Seção I do Capítulo I deste
I - aprovação no Conselho Municipal de Saúde; Regulamento, que já tenham sido pactuados nas respectivas
II - encaminhamento para a Comissão Intergestores CIB até 30 de março de 2006, poderão ser homologados pela
Bipartite - CIB; CIT;
III - após pactuação na Comissão Intergestores Bipartite, III - apenas os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
a Secretaria Estadual de Saúde encaminhará para a que assinarem o Termo de Compromisso de Gestão farão jus
Comissão Intergestores Tripartite o Extrato do Termo de às prerrogativas financeiras deste Pacto, tais como recursos
Compromisso de Gestão Municipal (Anexo XIV), juntamente para a gestão e regulação e terão prioridade para o
com o Extrato do Termo de Compromisso entre Entes recebimento dos recursos federais de investimentos,
Públicos (Anexo IX); a Declaração da CIB de Comando Único excetuando as emendas parlamentares e os vinculados a
do Gestor Municipal (Anexo X), observada a pactuação políticas específicas pactuadas e, além disso, o Ministério da
estabelecida; o Termo do Limite Financeiro Global do Saúde poderá propor à CIT outros incentivos para os entes
Município (Anexo XI); e o Relatório dos Indicadores de federados que assinaram o Termo de Compromisso de
Monitoramento; Gestão; e
IV - após receber os documentos, a CIB e a CIT terão o IV - após o término do prazo será feita uma avaliação
prazo de 30 (trinta) dias, a partir da data do protocolo, para se tripartite, pela CIT, sobre a situação dos Estados e dos
manifestar; e Municípios que não assinaram o Termo de Compromisso de
V - após homologação na CIT, esta encaminhará os Gestão no prazo estabelecido.
documentos citados no inciso III para o Ministério da Saúde, Art. 22. O processo de monitoramento do Pacto deverá
visando à publicação de ato normativo contendo informações seguir as seguintes diretrizes:
sobre o Termo de Compromisso de Gestão Municipal e o I - ser um processo permanente no âmbito de cada esfera
Termo do Limite Financeiro Global, para subsidiar o processo de governo, dos Estados com relação aos Municípios do seu
de monitoramento. território, dos Municípios com relação ao Estado, dos
Art. 18. A aprovação do Termo de Compromisso de Municípios e Estado com relação à União e da União com
Gestão Estadual deverá seguir o seguinte fluxo: relação aos Estados, Municípios e Distrito Federal;
I - aprovação no Conselho Estadual de Saúde; II - ser orientado pelos indicadores, objetivos, metas e
II - encaminhamento para a CIB; responsabilidades que compõem o respectivo Termo de
III - após pactuação na CIB, a Secretaria Estadual de Compromisso de Gestão;
Saúde encaminhará para a CIT o Termo de Compromisso de III - monitorar os cronogramas pactuados nas situações
Gestão Estadual (Anexo VI), juntamente com o Termo do em que o Município, o Estado e o Distrito Federal não tenham
Limite Financeiro Global do Estado (Anexo XII) e o Relatório condições de assumir plenamente suas responsabilidades no
dos Indicadores de Monitoramento; momento da assinatura do Termo de Compromisso de
IV - após receber os documentos, a CIB e a CIT terão o Gestão; e
prazo de 30 (trinta) dias, a partir da data do protocolo, para se IV - desenvolver ações de apoio para a qualificação do
manifestar; e processo de gestão.
V - após homologação na CIT, esta encaminhará os Parágrafo único. A operacionalização do processo de
documentos citados no inciso III para o Ministério da Saúde, monitoramento deve ser objeto de regulamentação específica
visando à publicação de portaria contendo informações sobre em cada esfera de governo, considerando as pactuações
o Termo de Compromisso de Gestão Estadual e o Termo do realizadas.
Limite Financeiro Global, para subsidiar o processo de Art. 23. Os processos de recursos dos Estados e dos
monitoramento. Municípios deverão obedecer às seguintes regras e fluxo:
Art. 19. A aprovação do Termo de Compromisso de I - definir que as instâncias de análise e decisão dos
Gestão do Distrito Federal deverá seguir o seguinte fluxo: processos de recursos dos Estados e dos Municípios,
I - aprovação no Conselho de Saúde do Distrito Federal; relativos à pactuação entre gestores do SUS no que se refere
II - após aprovação no Conselho de Saúde do Distrito à gestão e a aspectos operacionais de implantação das
Federal, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal normas do SUS, são a Comissão Intergestores Bipartite - CIB
encaminhará à CIT o Termo de Compromisso de Gestão do e a Comissão Intergestores Tripartite - CIT.
Distrito Federal (Anexo VII), juntamente com o Termo do § 1º Enquanto é analisado o recurso no fluxo
Limite Financeiro Global do Distrito Federal (Anexo XIII) e o estabelecido, prevalece a decisão inicial que o gerou.

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§ 2º Definir o seguinte fluxo para os recursos de Art. 25. São objetivos específicos do Sistema de
Municípios: Planejamento do SUS:
I - em caso de discordância em relação a decisões da I - pactuar diretrizes gerais para o processo de
Comissão Intergestores Bipartite - CIB, os Municípios planejamento no âmbito do SUS e os instrumentos a ser
poderão encaminhar recurso à própria CIB, com clara adotados pelas três esferas de gestão;
argumentação contida em exposição de motivos; II - formular metodologias e modelos básicos dos
II - permanecendo a discordância em relação à decisão instrumentos de planejamento, monitoramento e avaliação
da Comissão Intergestores Bipartite - CIB quanto ao recurso, que traduzam as diretrizes do SUS, com capacidade de
os Municípios poderão encaminhar o recurso à Secretaria adaptação às particularidades de cada esfera administrativa;
Técnica da Comissão Intergestores Tripartite - CIT para III - implementar e difundir uma cultura de planejamento
análise, pela sua Câmara Técnica, e encaminhamento ao que integre e qualifique as ações do SUS entre as três
plenário da CIT devidamente instruído; esferas de governo e subsidiar a tomada de decisão por parte
III - a Comissão Intergestores Bipartite e a Comissão de seus gestores;
Intergestores Tripartite deverão observar o prazo de até 45 IV - desenvolver e implementar uma rede de cooperação
(quarenta e cinco) dias contados a partir da data do protocolo entre os três entes federados, que permita um amplo
do recurso naqueles fóruns, para analisar, discutir e se compartilhamento de informações e experiências;
posicionar sobre o tema, em plenário; e V - apoiar e participar da avaliação periódica relativa à
IV - transcorrido o prazo mencionado no inciso III e sem a situação de saúde da população e ao funcionamento do SUS,
apreciação do recurso, os Municípios poderão enviá-lo para a provendo aos gestores informações que permitam o seu
instância seguinte, definida neste artigo. aperfeiçoamento e/ou redirecionamento;
§ 3º Definir o seguinte fluxo para os recursos de Estados: VI - promover a capacitação contínua dos profissionais
I - os Estados poderão encaminhar os recursos, com que atuam no contexto do planejamento do SUS; e
clara argumentação contida em exposição de motivos, à VII - monitorar e avaliar o processo de planejamento, as
Secretaria Técnica da Comissão Intergestores Tripartite para ações implementadas e os resultados alcançados, de modo a
análise, pela sua Câmara Técnica, e encaminhamento ao fortalecer o Sistema e a contribuir para a transparência do
plenário da CIT devidamente instruído; processo de gestão do SUS.
II - em caso de discordância em relação à decisão da Art. 26. Fica proposta a instituição de incentivo financeiro
Comissão Intergestores Tripartite, os Estados poderão para a implementação do Sistema de Planejamento do SUS,
encaminhar novo recurso à própria CIT; e a ser transferido de forma automática aos Fundos de Saúde,
III - a Comissão Intergestores Tripartite deverá observar o em parcela única.
prazo de até 45 (quarenta e cinco) dias, contados a partir da § 1º O incentivo de que trata o caput deste artigo destina-
data do protocolo do recurso, para analisar, discutir e se se a apoiar a organização e/ou a reorganização das ações de
posicionar sobre o tema, em plenário. planejamento dos Estados, do Distrito Federal e dos
§ 4º A Câmara Técnica da Comissão Intergestores Municípios, com vistas à efetivação do referido Sistema, com
Tripartite convocará o Grupo de Trabalho de Gestão do SUS, ênfase no desenvolvimento dos instrumentos básicos.
para analisar a admissibilidade do recurso e instruir o § 2º O repasse do incentivo será efetuado após
processo para o seu envio ao seu plenário. elaboração do programa de trabalho pactuado na respectiva
§ 5º Os recursos deverão ser protocolados na Secretaria Comissão Intergestores Bipartite - CIB.
Técnica da Comissão Intergestores Tripartite até 10 (dez) § 3º O programa de trabalho de que trata o parágrafo
dias antes da reunião da CIT, para que possam ser anterior deverá contemplar medidas que possibilitem a
analisados pelo Grupo de Trabalho. operacionalização do Sistema de Planejamento do SUS, na
§ 6º Será considerado o cumprimento do fluxo conformidade dos objetivos deste Sistema, descritos no art.
estabelecido neste Regulamento para julgar a admissibilidade 25 deste Regulamento.
do recurso no plenário da CIT. § 4º Caberá às Secretarias Estaduais de Saúde
§ 7º As entidades integrantes da Comissão Intergestores organizar, estruturar e/ou adequar o planejamento no seu
Tripartite podem apresentar recursos à CIT acerca de âmbito e prestar o apoio necessário aos Municípios, de modo
decisões tomadas nas Comissão Intergestores Bipartite a evitar a pulverização dos recursos e a promover o
visando suspender temporariamente os efeitos dessas funcionamento harmônico do Sistema de Planejamento do
decisões enquanto tramitam os recursos. SUS no Estado.
Art. 27. O Sistema de Planejamento do SUS terá
Subseção II expressão concreta, em especial, nos instrumentos básicos
Do Sistema de Planejamento do SUS resultantes do processo de planejamento nas três esferas de
Art. 24. O Sistema de Planejamento do Sistema Único de gestão do SUS.
Saúde - SUS obedecerá ao disposto neste Regulamento. § 1º São instrumentos básicos do Sistema de
§ 1º O Sistema de que trata o caput deste artigo é Planejamento do SUS:
representado pela atuação contínua, articulada, integrada e I - o Plano de Saúde e a respectiva Programação Anual
solidária do planejamento das três esferas de gestão do SUS. em Saúde; e
§ 2º O Sistema pressupõe que cada esfera de gestão II - o Relatório de Gestão.
realize o seu planejamento, articulando-se de forma a § 2º Os instrumentos mencionados no § 1º deste artigo,
fortalecer e consolidar os objetivos e as diretrizes do SUS, em cada esfera de gestão do SUS, deverão ser compatíveis
contemplando as peculiaridades, as necessidades e as com os respectivos Planos Plurianuais - PPA, a Lei de
realidades de saúde locorregionais. Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual -
§ 3º Como parte integrante do ciclo de gestão, o Sistema LOA, conforme dispositivos constitucionais e legais vigentes.
buscará, de forma tripartite, a pactuação de bases funcionais § 3º O Plano de Saúde é o instrumento básico que, em
do planejamento, do monitoramento e da avaliação, bem cada esfera, norteia a definição da Programação Anual das
como promoverá a participação social e a integração intra e ações e serviços de saúde prestados, assim como da gestão
intersetorial, considerando os determinantes e os do SUS.
condicionantes de saúde. § 4º O Relatório Anual de Gestão é o instrumento que
§ 4º No cumprimento da responsabilidade de apresenta os resultados alcançados e orienta eventuais
implementação do processo de planejamento, levar-se-ão em redirecionamentos que se fizerem necessários.
conta as diversidades existentes nas três esferas de governo, Art. 28. As orientações gerais relativas aos instrumentos
de modo a contribuir para a consolidação do SUS e para a básicos do Sistema de Planejamento do SUS estão previstas
resolubilidade e qualidade tanto de sua gestão quanto das nos termos deste Regulamento, a saber:
ações e serviços prestados à população brasileira. I - Plano de Saúde e as respectivas Programações
Anuais de Saúde; e
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II - Relatório Anual de Gestão. orçamentário e tem como bases legais para a sua elaboração
§ 1º A formulação e a implementação desses a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual.
instrumentos conferem expressão concreta ao processo de Art. 31. O Relatório Anual de Gestão é o instrumento que
planejamento do referido Sistema e devem ser desenvolvidos, apresenta os resultados alcançados com a execução da
em cada esfera de gestão, na conformidade de suas Programação Anual de Saúde e orienta eventuais
especificidades e necessidades. redirecionamentos que se fizerem necessários.
§ 2º Os instrumentos básicos adotados pelo Sistema de § 1º Os resultados alcançados são apurados com base
Planejamento do SUS devem ser compatíveis com o Plano no conjunto de indicadores, definidos na Programação para
Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei acompanhar o cumprimento das metas nela fixadas.
Orçamentária Anual, atentando-se para os períodos § 2º O Relatório Anual de Gestão deve ser elaborado na
estabelecidos para a sua formulação em cada esfera de conformidade da Programação e indicar, inclusive, as
gestão. eventuais necessidades de ajustes no Plano de Saúde.
§ 3º O Plano de Saúde, as respectivas Programações § 3º Em termos de estrutura, o Relatório deve conter:
Anuais de Saúde e o Relatório Anual de Gestão devem I - o resultado da apuração dos indicadores;
possibilitar a qualificação das práticas gerenciais do SUS e, II - a análise da execução da programação (física e
por via de consequência, a resolubilidade tanto da sua orçamentária/financeira); e
gestão, quanto das ações e serviços prestados à população III - as recomendações julgadas necessárias (como
brasileira. revisão de indicadores, reprogramação etc.).
Art. 29. O Plano de Saúde é o instrumento básico que, § 4º Esse Relatório é também instrumento das ações de
em cada esfera de gestão, norteia a definição da auditoria e de controle.
Programação Anual das ações e serviços de saúde, assim § 5º O Relatório de Gestão deve ser submetido à
como da gestão do SUS. apreciação e aprovação do Conselho de Saúde respectivo até
§ 1º O Plano de Saúde apresenta as intenções e os o final do primeiro trimestre do ano subsequente.
resultados a ser buscados no período de quatro anos, § 6º Os Relatórios Anuais de Gestão devem ser insumos
expressos em objetivos, diretrizes e metas. básicos para a avaliação do Plano de Saúde, findo o seu
§ 2º O Plano de Saúde, como instrumento referencial no período de vigência.
qual devem estar refletidas as necessidades e as § 7º Essa avaliação tem por objetivo subsidiar a
peculiaridades próprias de cada esfera, configura a base para elaboração do novo Plano, com as correções de rumos que
a execução, o acompanhamento, a avaliação e a gestão do se fizerem necessárias e a inserção de novos desafios ou
sistema de saúde. inovações.
§ 3º O Plano deve, assim, contemplar todas as áreas da § 8º Além de contemplar aspectos qualitativos e
atenção à saúde, de modo a garantir a integralidade dessa quantitativos, a referida avaliação envolve também uma
atenção. análise acerca do processo geral de desenvolvimento do
§ 4º No Plano, devem estar contidas todas as medidas Plano.
necessárias à execução e ao cumprimento dos prazos
acordados nos Termos de Compromissos de Gestão.
§ 5º A elaboração do Plano de Saúde compreende dois Seção II
momentos, a saber: Da Administração Orçamentária e Financeira Subseção I
I - o da análise situacional; e Dos Blocos de Financiamento
II - o da definição dos objetivos, diretrizes e metas para o Art. 32. O financiamento e a transferência dos recursos
período de quatro anos. federais para as ações e os serviços de saúde, na forma de
§ 6º A análise situacional e a formulação dos objetivos, blocos de financiamento, com o respectivo monitoramento e
diretrizes e metas têm por base os seguintes eixos: controle, obedecerão ao disposto neste Regulamento.
I - condições de saúde da população, em que estão Art. 33. O financiamento das ações e serviços de saúde é
concentrados os compromissos e responsabilidades de responsabilidade das três esferas de gestão do SUS,
exclusivas do setor saúde; observado o disposto na Constituição e na Lei Orgânica da
II - determinantes e condicionantes de saúde, em que Saúde.
estão concentradas medidas compartilhadas ou sob a Art. 34. Os recursos federais destinados às ações e aos
coordenação de outros setores, ou seja, a intersetorialidade; serviços de saúde passam a ser organizados e transferidos
e na forma de blocos de financiamento.
III - gestão em saúde. Parágrafo único. Os blocos de financiamento são
§ 7º O Plano de Saúde deve ser submetido à apreciação constituídos por componentes, conforme as especificidades
e aprovação do Conselho de Saúde respectivo. de suas ações e dos serviços de saúde pactuados.
Art. 30. A Programação Anual de Saúde é o instrumento Art. 35. Os seguintes blocos de financiamento se dividem
que operacionaliza as intenções expressas no Plano de em:
Saúde, cujo propósito é determinar o conjunto de ações I - Atenção Básica;
voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, bem II - Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
como da gestão do SUS. Hospitalar;
§ 1º A Programação Anual de Saúde deve conter: III - Vigilância em Saúde;
I - a definição das ações que, no ano específico, irão IV - Assistência Farmacêutica; e
garantir o alcance dos objetivos e o cumprimento das metas V - Gestão do SUS.
do Plano de Saúde; Art. 36. Os recursos federais que compõem cada bloco de
II - o estabelecimento das metas anuais relativas a cada financiamento serão transferidos aos Estados, ao Distrito
uma das ações definidas; Federal e aos Municípios, fundo a fundo, em conta única e
III - a identificação dos indicadores que serão utilizados específica para cada bloco de financiamento, observados os
para o monitoramento da Programação; e atos normativos específicos.
IV - a definição dos recursos orçamentários necessários § 1º Os recursos federais provenientes de acordos de
ao cumprimento da Programação. empréstimos internacionais serão transferidos conforme seus
§ 2º A Programação Anual de Saúde congrega de forma atos normativos, devendo ser movimentados, conforme
sistematizada, agregada e segundo a estrutura básica legislação vigente, em conta bancária específica, respeitadas
constante do § 1º deste artigo, as demais programações as normas estabelecidas em cada acordo firmado.
existentes em cada esfera de gestão. § 2º Os recursos do bloco da Assistência Farmacêutica
§ 3º O horizonte temporal da Programação Anual de devem ser movimentados em contas específicas para cada
Saúde coincide com o período definido para o exercício componente relativo ao bloco.

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Art. 37. Os recursos referentes a cada bloco de normativo específico.
financiamento devem ser aplicados nas ações e serviços de § 1º Os recursos do Componente PAB Variável serão
saúde relacionados ao próprio bloco. transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de
§ 1º Aos recursos relativos às unidades públicas próprias Saúde do Distrito Federal e dos Municípios, mediante adesão
não se aplicam as restrições previstas no caput deste artigo. e implementação das ações a que se destinam e desde que
§ 2º Os recursos referentes aos blocos da Atenção constantes no respectivo Plano de Saúde.
Básica, Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial § 2º Os recursos destinados à estratégia de
e Hospitalar, Vigilância em Saúde e de Gestão do SUS, Compensação de Especificidades Regionais correspondem a
devem ser utilizados considerando que fica vedada a 5% (cinco por cento) do valor mínimo do PAB Fixo
utilização desses recursos para pagamento de: multiplicado pela população do Estado.
I - servidores inativos; § 3º Os critérios de aplicação dos recursos de
II - servidores ativos, exceto aqueles contratados Compensação de Especificidades Regionais devem ser
exclusivamente para desempenhar funções relacionadas aos pactuados nas Comissões Intergestores Bipartite - CIB e
serviços relativos ao respectivo bloco, previstos no respectivo levados ao conhecimento do plenário da Comissão
Plano de Saúde; Intergestores Tripartite - CIT, devendo atender a
III - gratificação de função de cargos comissionados, especificidades estaduais e ser transferidos mediante ato
exceto aqueles diretamente ligados às funções relacionadas normativo específico do Ministério da Saúde.
aos serviços relativos ao respectivo bloco, previstos no § 4º Os recursos federais referentes aos incentivos para a
respectivo Plano de Saúde; Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário e para a Atenção
IV - pagamento de assessorias/consultorias prestadas por Integral à Saúde do Adolescente em conflito com a lei, em
servidores públicos pertencentes ao quadro do próprio regime de internação e internação provisória, poderão ser
Município ou do Estado; e transferidos ao Distrito Federal, aos Estados e aos
V - obras de construções novas, exceto as que se Municípios, conforme pactuação na CIB.
referem a reformas e adequações de imóveis já existentes, § 5º Os recursos do Componente PAB Variável
utilizados para a realização de ações e/ou serviços de saúde. correspondentes atualmente às ações de assistência
§ 3º Os recursos do bloco de financiamento da farmacêutica e de vigilância sanitária passam a integrar o
Assistência Farmacêutica devem ser aplicados, bloco de financiamento da Assistência Farmacêutica e o da
exclusivamente, nas ações definidas para cada componente Vigilância em Saúde, respectivamente.
do bloco. § 6º O detalhamento do financiamento referente ao bloco
§ 4º A possibilidade de remanejamento dos recursos da Atenção Básica está definido nos arts. nº 169 e 170, 321 a
entre os blocos será regulamentada em ato normativo 331, 336 a 353 e 465 a 477, e nas Portarias do Ministério da
específico. Saúde nº 649, de 28 de março de 2006, nº 650, de 28 de
Art. 38. Aos recursos de que tratam os componentes dos março de 2006, e nº 847, de 2 de junho de 2005.
blocos de financiamento poderão ser acrescidos recursos Art. 43. O bloco da Atenção de Média e Alta
específicos, para atender a situações emergenciais ou Complexidade Ambulatorial e Hospitalar será constituído por
inusitadas de riscos sanitários e epidemiológicos, devendo dois componentes:
ser aplicados, exclusivamente, em conformidade com o I - Componente Limite Financeiro da Média e Alta
respectivo ato normativo. Complexidade Ambulatorial e Hospitalar - MAC; e
Art. 39. Os recursos que compõem cada bloco de II - Componente Fundo de Ações Estratégicas e
financiamento poderão ser acrescidos de valores específicos, Compensação - FAEC.
conforme respectiva pactuação na Comissão Intergestores Art. 44. O Componente Limite Financeiro da Média e Alta
Tripartite - CIT. Complexidade Ambulatorial e Hospitalar - MAC dos Estados,
Art. 40. O bloco da Atenção Básica é constituído por dois do Distrito Federal e dos Municípios será destinado ao
componentes: financiamento de ações de média e alta complexidade em
I - Componente Piso da Atenção Básica Fixo - PAB Fixo; saúde e de incentivos transferidos mensalmente.
e § 1º Os incentivos do Componente Limite Financeiro MAC
II - Componente Piso da Atenção Básica Variável - PAB incluem aqueles atualmente designados:
Variável. I - Centro de Especialidades Odontológicas - CEO;
Art. 41. O Componente Piso da Atenção Básica - PAB II - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU;
Fixo refere-se ao financiamento de ações de Atenção Básica III - Centro de Referência em Saúde do Trabalhador;
à saúde, cujos recursos serão transferidos mensalmente, de IV - Adesão à Contratualização dos Hospitais de Ensino,
forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos dos Hospitais de Pequeno Porte e dos Hospitais
Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos Municípios. Filantrópicos;
Parágrafo único. Os recursos do incentivo à V - Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e da
descentralização de unidades de saúde da Fundação Pesquisa Universitária em Saúde - FIDEPS;
Nacional de Saúde - FUNASA, incorporados ao Componente VI - Programa de Incentivo de Assistência à População
PAB Fixo, podem ser aplicados no financiamento dessas Indígena - IAPI;
unidades. VII - Incentivo de Integração do SUS - INTEGRASUS; e
Art. 42. O Componente Piso da Atenção Básica Variável - VIII - outros que venham a ser instituídos por meio de ato
PAB Variável é constituído por recursos financeiros normativo.0
destinados ao financiamento de estratégias, realizadas no § 2º Os recursos federais de que trata o caput desse
âmbito da Atenção Básica em saúde, tais como: artigo serão transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos
I - Saúde da Família; Fundos de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos
II - Agentes Comunitários de Saúde; Municípios, conforme a Programação Pactuada e Integrada,
III - Saúde Bucal; publicada em ato normativo específico.
IV - Compensação de Especificidades Regionais; Art. 45. Os procedimentos ambulatoriais e hospitalares de
V - Fator de Incentivo da Atenção Básica aos Povos média e alta complexidade, atualmente financiados pelo
Indígenas; FAEC, serão gradativamente incorporados ao Componente
VI - Incentivo para a Atenção à Saúde no Sistema Limite Financeiro MAC dos Estados, do Distrito Federal e dos
Penitenciário; Municípios e devem ser publicados em atos normativos
VII - Incentivo para a Atenção Integral à Saúde do específicos, conforme cronograma e critérios a ser pactuados
Adolescente em conflito com a lei, em regime de internação e na CIT.
internação provisória; e Parágrafo único. Enquanto o procedimento não for
VIII - outros que venham a ser instituídos por meio de ato incorporado ao Componente Limite Financeiro MAC, este
será financiado pelo Componente FAEC.
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Art. 46. O Componente Fundo de Ações Estratégicas e às seguintes finalidades:
Compensação - FAEC, considerando o disposto no art. 45, I - fortalecimento da Gestão da Vigilância em Saúde nos
será composto pelos recursos destinados ao financiamento Estados, no Distrito Federal e nos Municípios (VIGISUS II); e
dos seguintes itens: II - Programa DST/AIDS.
I - procedimentos regulados pela Central Nacional de Art. 52. O Componente da Vigilância Sanitária refere-se
Regulação da Alta Complexidade - CNRAC; aos recursos federais destinados às ações de vigilância
II - transplantes e procedimentos vinculados; sanitária, denominado Teto Financeiro de Vigilância Sanitária
III - ações estratégicas ou emergenciais, de caráter - TFVISA, o qual será regulamentado em ato normativo
temporário, e implementadas com prazo pré-definido; e específico pelo Ministério da Saúde.
IV - novos procedimentos, não relacionados aos Art. 53. O detalhamento do financiamento referente ao
constantes da tabela vigente ou que não possuam bloco da Vigilância em Saúde está definido nas Portarias nºs
parâmetros para permitir a definição de limite de 1.172/GM, de 15 de junho de 2004, 2.529/GM, de 23 de
financiamento, por um período de seis meses, com vistas a novembro de 2004, 2.607/GM, de 28 de dezembro de 2005,
permitir a formação de série histórica necessária à sua 2.608/GM, de 28 de dezembro de 2005, 2.606/GM, de 28 de
agregação ao Componente Limite Financeiro da Atenção de dezembro de 2005.
Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar - MAC. Art. 54. O bloco de financiamento para a Assistência
§ 1º Projetos de Cirurgia Eletiva de Média Complexidade Farmacêutica será constituído por três componentes:
são financiados por meio do Componente FAEC, I - Componente Básico da Assistência Farmacêutica;
classificados no inciso III deste artigo. II - Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica;
Art. 47. Os procedimentos da Atenção Básica, atualmente e
financiados pelo FAEC, serão incorporados ao bloco de III - Componente de Medicamentos de Dispensação
Atenção Básica dos Municípios e do Distrito Federal, Excepcional.
conforme o cronograma previsto no art. 45 deste Art. 55. O Componente Básico da Assistência
Regulamento: Farmacêutica destina-se à aquisição de medicamentos e
I - 0705101-8 Coleta de material para exames insumos da assistência farmacêutica no âmbito da Atenção
citopatológicos; Básica em saúde e àqueles relacionados a agravos e
II - 0705103-4 Coleta de sangue para triagem neonatal; programas de saúde específicos, no âmbito da Atenção
III - 0707102-7 Adesão ao componente I - Incentivo à Básica.
Assistência Pré-Natal; e § 1º O Componente Básico da Assistência Farmacêutica
IV - 0707103-5 Conclusão da Assistência Pré-Natal. é composto de uma Parte Financeira Fixa e de uma Parte
Art. 48. Os recursos que compõem o Bloco Financeiro de Financeira Variável.
Vigilância em Saúde dos Municípios, do Distrito Federal e dos § 2º A Parte Financeira Fixa do Componente Básico da
Estados representam o agrupamento das ações da Vigilância Assistência Farmacêutica consiste em um valor per capita,
Epidemiológica e Ambiental em Saúde e Vigilância Sanitária. destinado à aquisição de medicamentos e insumos da
Art. 49. O bloco de financiamento para a Vigilância em assistência farmacêutica em Atenção Básica, transferido aos
Saúde é constituído por dois componentes: Estados, ao Distrito Federal e/ou os Municípios, conforme
I - Componente da Vigilância Epidemiológica e Ambiental pactuação nas Comissões Intergestores Bipartite - CIB.
em Saúde; e § 3º Os gestores estaduais e municipais devem compor o
II - Componente da Vigilância Sanitária. financiamento da Parte Fixa do Componente Básico, como
§ 1º Os recursos de um componente podem ser utilizados contrapartida, em recursos financeiros, medicamentos ou
em ações do outro componente. insumos, conforme pactuação na CIB e normatização da
§ 2º Os recursos deste bloco de financiamento devem ser Política de Assistência Farmacêutica vigente.
utilizados conforme a Programação Pactuada e Integrada e a § 4º A Parte Financeira Variável do Componente Básico
orientação do respectivo Plano de Saúde. da Assistência Farmacêutica consiste em valores per capita,
Art. 50. O Componente da Vigilância Epidemiológica e destinados à aquisição de medicamentos e insumos da
Ambiental em Saúde refere-se aos recursos federais assistência farmacêutica dos Programas de Hipertensão e
destinados às ações de Vigilância, Prevenção e Controle de Diabetes, Asma e Rinite, Saúde Mental, Saúde da Mulher,
Doenças, composto pelo atual Teto Financeiro de Vigilância Alimentação e Nutrição e Combate ao Tabagismo.
em Saúde - TFVS e também pelos seguintes incentivos: § 5º Os recursos da Parte Variável do Componente
I - Subsistema de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Básico da Assistência Farmacêutica referentes a
Hospitalar; medicamentos para os Programas de Asma e Rinite,
II - Laboratórios de Saúde Pública; Hipertensão e Diabetes, devem ser descentralizados para
III - Atividade de Promoção à Saúde; Estados, Distrito Federal ou Municípios, conforme pactuação
IV - Registro de Câncer de Base Populacional; na Comissão Intergestores Bipartite.
V - Serviço de Verificação de Óbito; § 6º Os demais recursos da Parte Variável do
VI - Campanhas de Vacinação; Componente Básico da Assistência Farmacêutica poderão
VII - Monitoramento de Resistência a Inseticidas para o ser executados centralizadamente pelo Ministério da Saúde
Aedes aegypti; ou descentralizados aos Estados, ao Distrito Federal e aos
VIII - Contratação dos Agentes de Campo; Municípios, conforme pactuação na Comissão Intergestores
IX - DST/Aids; e Tripartite e, posteriormente, nas Comissões Intergestores
X - outros que venham a ser instituídos por meio de ato Bipartite, mediante a implementação e a organização dos
normativo específico. serviços previstos nesses programas.
§ 1º Os recursos federais destinados à contratação de § 7º Os recursos destinados ao medicamento Insulina
pessoal para execução de atividades de campo no combate Humana, do grupo de medicamentos do Programa
ao vetor transmissor da dengue serão alocados ao Hipertensão e Diabetes, serão executados centralizadamente
Componente da Vigilância Epidemiológica e Ambiental em pelo Ministério da Saúde, conforme pactuação na CIT.
Saúde, na medida em que se comprove a efetiva contratação Art. 56. O Componente Estratégico da Assistência
dos agentes de campo. Farmacêutica destina-se ao financiamento de ações de
§ 2º Serão incorporados ao inciso II deste artigo - assistência farmacêutica dos seguintes programas de saúde
Laboratórios de Saúde Pública, os recursos da Vigilância estratégicos:
Sanitária destinados a ações de apoio laboratorial. I - controle de endemias, tais como a tuberculose, a
Art. 51. No Componente Vigilância Epidemiológica e hanseníase, a malária, a leishmaniose, a doença de Chagas
Ambiental em Saúde também estão incluídos recursos e outras doenças endêmicas de abrangência nacional ou
federais, provenientes de acordos internacionais, destinados regional;

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II - antirretrovirais do programa DST/AIDS; IX - implantação de Centros de Referência em Saúde do
III - sangue e hemoderivados; e Trabalhador;
IV - imunobiológicos. X - adesão à Contratualização dos Hospitais de Ensino; e
Art. 57. O Componente Medicamentos de Dispensação XI - outros que vierem a ser instituídos por meio de ato
Excepcional - CMDE - destina-se ao financiamento de normativo para fins de implantação de políticas específicas.
Medicamentos de Dispensação Excepcional, para aquisição e Parágrafo único. A transferência dos recursos do
distribuição do grupo de medicamentos, conforme critérios Componente de Implantação de Ações e Serviços de Saúde
estabelecidos em ato normativo específico. será efetivada em parcela única, respeitados os critérios
§ 1º O financiamento para aquisição dos medicamentos estabelecidos em cada política específica.
do Componente de Medicamentos de Dispensação Art. 62. A comprovação da aplicação dos recursos
Excepcional é de responsabilidade do Ministério da Saúde e repassados pelo Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de
dos Estados, conforme pactuação na Comissão Intergestores Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios far-
Tripartite. se-á ao Ministério da Saúde, mediante relatório de gestão,
§ 2º Os recursos do Ministério da Saúde aplicados no que deve ser elaborado anualmente e aprovado pelo
financiamento do CMDE terão como base a emissão e respectivo Conselho de Saúde.
aprovação das Autorizações de Procedimentos de Alta § 1º A regulamentação do Relatório de Gestão encontra-
Complexidade/Alto Custo - APAC, emitidas pelos gestores se nos arts. 28 a 31 deste Regulamento.
estaduais, vinculadas à efetiva dispensação do medicamento Art. 63. Os órgãos de monitoramento, regulação, controle
e de acordo com os critérios técnicos definidos na Portaria nº e avaliação do Ministério da Saúde devem proceder à análise
2.577/GM, de 27 de outubro de 2006, do Ministério da Saúde. dos relatórios de gestão, com vistas a identificar situações
§ 3º Trimestralmente, o Ministério da Saúde expedirá atos que possam subsidiar a atualização das políticas de saúde,
normativos com os valores a ser transferidos mensalmente às obter informações para a tomada de decisões na sua área de
Secretarias Estaduais de Saúde, apurados com base na competência e indicar a realização de auditoria e fiscalização
média trimestral das Autorizações de Procedimentos de Alta pelo componente federal do SNA, podendo ser integrada com
Complexidade/Alto Custo - APAC, emitidas e aprovadas os demais componentes.
conforme critérios e valores de referência indicados para o Art. 64. As despesas referentes ao recurso federal
Grupo 36 da Tabela SIA/SUS. transferido fundo a fundo devem ser efetuadas segundo as
Art. 58. O bloco de financiamento de Gestão do SUS tem exigências legais requeridas a quaisquer outras despesas da
a finalidade de apoiar a implementação de ações e serviços Administração Pública - processamento, empenho, liquidação
que contribuem para a organização e eficiência do sistema. e efetivação do pagamento - mantendo a respectiva
Art. 59. O bloco de financiamento para a Gestão do SUS documentação administrativa e fiscal pelo período mínimo
é constituído de dois componentes: legal exigido.
I - Componente para a Qualificação da Gestão do SUS; e Art. 65. Os recursos que formam cada bloco e os
II - Componente para a Implantação de Ações e Serviços respectivos componentes, bem como os montantes
de Saúde; financeiros transferidos aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Art. 60. O Componente para a Qualificação da Gestão do Municípios devem estar expressos em memórias de cálculo,
SUS apoiará as ações de: para fins de histórico e monitoramento, respeitada a
I - Regulação, Controle, Avaliação, Auditoria e especificidade de cada bloco.
Monitoramento; Art. 66. O controle e acompanhamento das ações e
II - Planejamento e Orçamento; serviços financiados pelos blocos de financiamento devem
III - Programação; ser efetuados por meio dos instrumentos específicos
IV - Regionalização; adotados pelo Ministério da Saúde, cabendo aos Estados, ao
V - Gestão do Trabalho; Distrito Federal e aos Municípios a prestação de informações,
VI - Educação em Saúde; de forma regular e sistemática, sem prejuízo do estabelecido
VII - Incentivo à Participação e Controle Social; no art. 58.
VIII - Informação e Informática em Saúde; Art. 67. As transferências, fundo a fundo, do Ministério da
IX - Estruturação de Serviços e Organização de Ações de Saúde para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Assistência Farmacêutica; e serão suspensas nas seguintes situações:
X - outros que vierem a ser instituídos por meio de ato I - referentes ao bloco da Atenção Básica, quando da falta
normativo específico. de alimentação dos Bancos de Dados Nacionais
§ 1º A transferência dos recursos no âmbito deste estabelecidos como obrigatórios, por dois meses
Componente dar-se-á mediante a adesão ao Pacto pela consecutivos ou três meses alternados, no prazo de um ano e
Saúde, por meio da assinatura do Termo de Compromisso de para o bloco da Atenção de Média e Alta Complexidade
Gestão e respeitados os critérios estabelecidos em ato Ambulatorial e Hospitalar quando se tratar dos Bancos de
normativo, com incentivo específico para cada ação que Dados Nacionais SIA, SIH e CNES;
integra o Componente. II - referentes ao bloco da Atenção de Média e Alta
Art. 61. O Componente para a Implantação de Ações e Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, quando do não-
Serviços de Saúde inclui os incentivos atualmente pagamento aos prestadores de serviços públicos ou privados,
designados: hospitalares e ambulatoriais, até o quinto dia útil, após o
I - implantação de Centros de Atenção Psicossocial; Ministério da Saúde creditar na conta bancária do Fundo
II - qualificação de Centros de Atenção Psicossocial; Estadual/Distrito Federal/Municipal de Saúde e disponibilizar
III - implantação de Residências Terapêuticas em Saúde os arquivos de processamento do SIH/SUS, no BBS/MS,
Mental; excetuando-se as situações excepcionais devidamente
IV - fomento para ações de redução de danos em CAPS justificadas;
AD; III - referentes ao bloco de Vigilância em Saúde, quando
V - inclusão social pelo trabalho para pessoas portadoras os recursos nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios
de transtornos mentais e outros transtornos decorrentes do estiverem sem movimentação bancária e com saldos
uso de álcool e outras drogas; correspondentes a seis meses de repasse, sem justificativa; e
VI - implantação de Centros de Especialidades IV - quando da indicação de suspensão decorrente de
Odontológicas - CEO;
relatório da auditoria realizada pelos componentes estadual
VII - implantação do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência - SAMU; ou nacional, respeitado o prazo de defesa do Estado, do
VIII - reestruturação dos Hospitais-Colônia de Distrito Federal ou do Município envolvido, para o bloco de
Hanseníase; Financiamento correspondente à ação da auditoria.

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Parágrafo único. A regularização do repasse da parcela quanto à aplicação de recursos e à qualidade e eficácia da
mensal do Bloco de Vigilância em Saúde dar-se-á a partir do assistência; e
mês de competência da apresentação dos documentos II - impacto de atuação em face das prioridades
comprobatórios do comprometimento de pelo menos 60% estabelecidas nas políticas de saúde.
(sessenta por cento) do saldo existente no bloco. Art. 75. Os componentes do SNA manterão banco de
Art. 68. Fica estabelecido o Termo de Ajuste Sanitário - dados das auditorias realizadas, que poderão ser acessados
TAS - como um instrumento formalizado entre os entes do pelo Município, pelo Estado e também pelo DENASUS.
Sistema Único de Saúde, no qual são constituídas obrigações Art. 76. O Diretor do DENASUS encaminhará os
para a correção de impropriedades no funcionamento do resultados das auditorias aos dirigentes dos órgãos e
sistema. entidades do Ministério da Saúde competentes para a adoção
Parágrafo único. Não será aplicável a utilização do TAS das providências de correção das irregularidades apontadas,
quando for comprovada a malversação de recursos. inclusive para apuração de responsabilidades, se couber,
Art. 69. Os recursos federais referentes aos cinco blocos dando ciência ao denunciante, quando for o caso.
de financiamento onerarão as ações detalhadas em ato Art. 77. Sem prejuízo do cumprimento das obrigações
específico. legais inerentes à sua condição funcional, os servidores do
SNA guardarão sigilo sobre o teor das denúncias que
Seção III conhecerem e sobre a identidade dos denunciantes.
Da Auditoria Art. 78. O Diretor do Departamento Nacional de Auditoria
Art. 70. As denúncias sobre possíveis irregularidades no do SUS fica autorizado a expedir normas complementares
Sistema Único de Saúde, enviadas ao Ministério da Saúde, para o cumprimento deste Regulamento.
devem ser encaminhadas imediatamente ao Departamento
Nacional de Auditoria do SUS - DENASUS. Seção IV
Art. 71. Serão apuradas diretamente pelo DENASUS as Da Ouvidoria
denúncias: Art. 79. A Ouvidoria-Geral da Saúde obedecerá ao
I - referentes aos serviços de saúde sob gestão federal; disposto neste Regulamento.
II - que envolvem os órgãos da estrutura regimental do Art. 80. À Ouvidoria-Geral incumbe receber, processar,
Ministério da Saúde ou a ele vinculados; examinar, propor soluções e encaminhar ao exame dos
III - referentes às gestões estadual e municipal do SUS; órgãos competentes as sugestões, queixas, reclamações e
IV - formuladas pelos gestores estaduais e municipais do denúncias, vedado o anonimato sobre questões que
SUS; envolvam o direito à saúde, garantido pela Constituição e
V - encaminhadas pelos órgãos de controle interno e pelas leis, bem como sobre aspectos relacionados com
externo do Governo Federal; e possíveis impropriedades e irregularidades na condução dos
VI - referentes às ações e aos serviços de saúde de assuntos administrativos e técnicos no Sistema Único de
abrangência nacional, de conformidade com a política Saúde.
nacional de saúde. Parágrafo único. O direito de que trata o caput deste
Parágrafo único. Poderá ser apurada, também pelo artigo poderá ser exercido a qualquer momento, objetivando a
DENASUS, a critério do seu dirigente, a ocorrência de defesa de interesses legalmente protegidos contra atos
qualquer fato que atente contra o regular funcionamento do ilícitos, erros, omissões ou abuso das autoridades
SUS. administrativas, especialmente da área de atuação do
Art. 72. O DENASUS encaminhará imediatamente ao Ministério da Saúde ou de suas entidades vinculadas.
componente estadual ou municipal do SUS, para apuração, Art. 81. As providências e esclarecimentos solicitados
as denúncias de ocorrências não contidas nas hipóteses pela Ouvidoria-Geral terão prioridade de atendimento pelos
previstas no artigo anterior. órgãos e entidades administrativas diretamente atingidas,
§ 1º O órgão destinatário concluirá o trabalho de sendo fixado um prazo limite para o fornecimento de
apuração no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data informações precisas sobre fatos e acontecimentos apurados,
do recebimento do expediente, e remeterá ao DENASUS em investigação ou em exame.
relatório circunstanciado dos fatos ocorridos e das Art. 82. A análise do material da reclamação e do
recomendações formuladas. esclarecimento está sujeita a novas providências ou
§ 2º Ocorrendo descumprimento do prazo citado no esclarecimentos, a critério da Coordenação da Ouvidoria, que
parágrafo anterior, o Diretor do DENASUS determinará a poderá enviá-las aos órgãos de controle interno ou externo,
imediata apuração da denúncia. de auditoria, da Advocacia-Geral da União ou do Ministério
Art. 73. Fica fixado o prazo de 15 (quinze) dias para que Público, conforme o caso.
as unidades locais do Sistema Nacional de Auditoria - SNA Art. 83. A Ouvidoria-Geral da Saúde funcionará como
enviem ao DENASUS respostas, informações ou órgão de assessoria especial, subordinado
esclarecimentos que lhes sejam solicitados, a contar da data administrativamente ao Gabinete do Ministro e manterá
do recebimento do pedido no órgão de destino. estreita relação operacional com a Assessoria de
Parágrafo único. Vencido o prazo previsto no caput deste Comunicação Social, que avaliará juntamente com a equipe
artigo, sem atendimento do pedido, ou com atendimento da Ouvidoria, a publicação dos relatórios de trabalho a cada
insatisfatório a critério do Diretor do DENASUS, este trimestre.
procederá conforme o estabelecido no § 2º do art. 72 deste Art. 84. A estrutura organizacional da Coordenação-Geral
Regulamento. do Sistema contará com recursos humanos qualificados e
Art. 74. Para cumprimento do disposto no Decreto nº especializados, designados para esse fim.
1.651, de 28 de setembro de 1995, o DENASUS executará Art. 85. O suporte técnico-administrativo, necessário ao
auditoria programada relativamente ao componente federal desempenho das tarefas e atribuições da Ouvidoria, será
do SNA, compreendendo Auditoria de Gestão e Auditoria viabilizado pela estrutura administrativa do Ministério da
Especializada. Saúde, mediante fundamentação de apoio requerida pela
Coordenação da Ouvidoria.
§ 1º A Auditoria de Gestão abrange a verificação das
Art. 86. Ao Departamento de Ouvidoria-Geral do SUS, da
estruturas administrativas, dos processos e métodos de
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, no exercício
trabalho, das ações finalísticas e dos resultados.
das competências que lhe são designadas pelo Decreto nº
§ 2º A Auditoria Especializada será organizada por campo
4.726, de 9 de junho de 2003, caberá centralizar o
de atuação médica, programa de saúde, ou por região
recebimento das denúncias formuladas por servidores e
geográfica, e observará os seguintes critérios, além de outros
cidadãos interessados, relativamente às atividades e
que se fizerem necessários em cada caso:
procedimentos internos, no âmbito do Sistema Único de
I - abordagem crítica das ações e serviços de saúde,
Saúde - SUS.
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Art. 87. Para facilitar e dinamizar o acesso dos cidadãos e saúde.
servidores, o Ministério da Saúde providenciará a criação de Art. 93. O Cartão Nacional de Saúde permitirá a
um link, no portal do Ministério - www.saude.gov.br -, com a identificação dos usuários das ações e serviços de saúde
exclusiva finalidade de recebimento das denúncias e perante o SUS, sendo de uso pessoal e intransferível, de
reclamações. acesso universal e gratuito.
Art. 88. Deverá também ser disponibilizado aos cidadãos Art. 94. O Sistema Cartão Nacional de Saúde, de validade
e servidores um número único nacional e gratuito, para que nacional e base de vinculação territorial fundada no domicílio
as denúncias e reclamações possam ser efetivadas por meio residencial do seu titular, é coordenado pelo Ministério da
telefônico. Saúde e permite o cadastramento dos usuários e
Art. 89. O Departamento de Ouvidoria-Geral do SUS, da profissionais de saúde e o acompanhamento contínuo dos
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, encaminhará atendimentos de saúde prestados à população.
ao Gabinete do Ministro, para providências cabíveis, com § 1º O Sistema Cartão Nacional de Saúde tem como
periodicidade mensal, relatório circunstanciado, narrando as objetivo vincular o atendimento prestado ao usuário, ao
denúncias recebidas e as medidas adotadas. profissional que o realizou e ao estabelecimento assistencial
Parágrafo único. As denúncias de cometimento de de saúde responsável pela sua realização, o que pressupõe a
infrações penais deverão ser enviadas, de imediato, à Chefia vinculação entre três cadastros:
de Gabinete do Ministro, para fins de encaminhamento ao I - o cadastro de Usuários do SUS, que permitirá a
Departamento de Polícia Federal e ao Ministério Público emissão do Cartão Nacional de Saúde, ou CARTÃO SUS,
Federal, sempre que necessário. com o número individual de identificação gerado com base no
Número de Identificação Social - NIS, administrado pela
Subseção I Caixa Econômica Federal, e acrescido de 4 dígitos de uso
Do Serviço de Atendimento ao Usuário do SUS exclusivo da saúde;
Art. 90. O Serviço de Atendimento ao Cidadão/ Usuário II - o Cadastro de Profissionais de Saúde, que permitirá a
do Sistema Único de Saúde - SAC/SUS, instituído no âmbito emissão do cartão do profissional contendo o número de
da Secretaria de Atenção à Saúde, obedecerá ao disposto identificação gerado com base no Número de Identificação
neste Regulamento. Social - NIS, administrado pela Caixa Econômica Federal, e
§ 1º O Serviço ora instituído tem como objetivo identificar acrescido de 4 dígitos de uso exclusivo da saúde;
a necessidade e/ou opinião do cidadão/usuário do SUS e III - o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde -
desenvolver os serviços, produtos e processos necessários CNES, que permitirá a emissão do número único de
ao seu atendimento. identificação do estabelecimento, administrado pela
§ 2º O SAC/SUS é composto de um sistema Secretária de Atenção à Saúde - SAS, do Ministério da
informatizado, com fluxo de informações via Internet, e Saúde.
compreende: § 2º O CARTÃO SUS será emitido pelo Ministério da
I - cartas aos usuários do SUS constando de dados Saúde e conterá, no mínimo, as seguintes informações:
referentes à assistência/tratamento; I - nome do cidadão;
II - demandas dos cidadãos/usuários; II - número do cartão;
III - programa Nacional de Avaliação dos Serviços III - data de nascimento;
Hospitalares - PNASH, instituído pela Portaria nº 3.408/GM, IV - unidade federada de residência;
de 5 de agosto de 1998, do Ministério da Saúde. V - município de residência; e
§ 3º O inciso II do § 2º deste artigo refere-se a todos os VI - gênero do Cidadão.
cidadãos brasileiros, não necessariamente usuários, que § 3º Em se tratando de pessoas incapazes, temporária ou
procuram o SUS para apresentar elogios, reclamações, definitivamente, e dos menores de idade, até 16 anos, as
denúncias, solicitações, sugestões e pedidos de informações, informações cadastrais serão de responsabilidade do
tratando de interesses próprios ou de terceiros. responsável legal.
Art. 91. Cabe ao Serviço de Atendimento ao Art. 95. Todos os brasileiros, natos ou naturalizados, bem
Cidadão/Usuário do Sistema Único de Saúde - SAC/SUS de como os estrangeiros com residência permanente no País,
que trata o art. 90 deste Regulamento: têm direito ao CARTÃO SUS, independentemente de sua
I - execução e coordenação das atividades do Sistema de idade.
Cartas aos Usuários do SUS; Art. 96. A ausência do CARTÃO SUS não poderá impedir
II - identificação, classificação e priorização de o atendimento à pessoa brasileira ou estrangeira, com
necessidades apresentadas pelos cidadãos/usuários do SUS; qualquer tipo de visto de entrada no País, em qualquer
III - planejamento, execução e verificação de ações unidade de saúde integrante do Sistema Único de Saúde, sob
visando atender às necessidades dos cidadãos/usuários do pena do cometimento de crime de omissão de socorro.
SUS; e Parágrafo único. O porte e o uso do Cartão Nacional de
IV - coordenação das atividades do Programa Nacional Saúde pela população devem ser estimulados pelo Ministério
de Avaliação dos Serviços Hospitalares - PNASH, que da Saúde e pelas Secretarias Estaduais e Municipais de
consiste na avaliação anual de todos os hospitais vinculados Saúde, mediante campanhas educativas e de esclarecimento,
ao SUS, de acordo com parâmetros estabelecidos e e sua utilização deverá ser observada sempre que o cidadão
divulgados, disponibilizados aos gestores de saúde via procurar serviços de saúde na rede pública e naquela
Internet. contratada e/ou conveniada com o SUS.
Parágrafo único. O coordenador do SAC/SUS será Art. 97. São princípios que informam o Sistema do
designado em ato próprio do Secretário de Atenção à Saúde CARTÃO SUS:
e as atividades a ser desenvolvidas pelo Serviço estarão I - pertencem à pessoa identificada no cartão todos os
diretamente subordinadas a esse titular. dados e informações individuais registradas no sistema
informatizado que compõe o CARTÃO SUS;
CAPÍTULO II II - todos os profissionais vinculados, sob qualquer forma,
DA ATENÇÃO À SAÚDE ao sistema de saúde estão obrigados a respeitar e garantir
Seção I que os dados e as informações individuais do atendimento,
captadas pelo sistema CARTÃO SUS sejam indevassáveis,
Do Acesso aos Serviços de Saúde
portanto sigilosas;
Subseção I
III - o sistema informatizado CARTÃO SUS, em âmbito
Do Cartão Nacional de Saúde
nacional, deve garantir a confidencialidade, a integralidade e
Art. 92. O Cartão Nacional de Saúde é o instrumento de
a segurança tecnológica no registro, na transmissão, no
identificação unívoca dos usuários do SUS e de informação
armazenamento e na utilização dos dados e informações
sobre o atendimento individual prestado pelos serviços de
individuais.
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Art. 98. Os gestores do SUS e os prestadores de serviços sujeito às penas previstas no art. 154 do Código Penal, além
contratados ou conveniados responsabilizam-se, na forma da das penalidades disciplinares previstas no código de ética de
legislação vigente e aplicável à espécie, pela guarda, sua profissão, cabendo à Administração Pública comunicar o
segurança e confidencialidade dos dados gerados e fato ao conselho profissional competente e ao Ministério
transmitidos no Sistema do Cartão Nacional de Saúde, Público.
comprometendo-se a não divulgar, sob nenhuma forma ou Art. 105. Compete ao servidor público orientar, instruir e
meio eletrônico, disquete, CD, fitas magnéticas, e-mail, papel, facilitar a expedição do CARTÃO SUS, sob pena de serem
fita cassete ou de vídeo, outras mídias existentes ou que adotadas medidas disciplinares, uma vez que qualquer ato
venham a ser criadas, quaisquer informações e dados que dificulte o atendimento do usuário será considerado como
individualizados, quer por seus dirigentes, prepostos e/ou infração disciplinar, punível na forma prevista nas leis que
funcionários de qualquer natureza. regulamentam o regime jurídico do servidor que atua no
§ 1º As restrições à divulgação dos dados e informações Sistema Único de Saúde, em qualquer esfera de governo.
do Sistema aplicam-se somente aos registros Art. 106. Qualquer ato tendente a dificultar o acesso de
individualizados, ou seja, aqueles que permitem a pessoa não portadora do Cartão Nacional de Saúde às ações
identificação do beneficiário do atendimento. e serviços de saúde constitui infração e deverá ser
§ 2º A divulgação de dados e informações consolidadas - considerado como inexecução contratual, no caso de
sem identificação do beneficiário - não é atingida por estas entidade prestadora de serviços ao SUS, na forma da
restrições e deve ser estimulada. legislação pertinente, cabendo ao empregado e dirigente
Art. 99. O Ministério da Saúde, mediante normatização dessas entidades envidarem todos os esforços para facilitar a
interna de Política de Acesso e tecnologia de segurança expedição do CARTÃO SUS.
implantada na guarda dos dados e na operação do Sistema Art. 107. Os Municípios e os Estados onde já estiver
Cartão Nacional de Saúde, cuidará para que os dados e as implantado o Sistema do Cartão Nacional de Saúde devem
informações sob sua responsabilidade não sejam violados, assegurar que todos os atendimentos do SUS realizados em
respeitando-se o direito constitucional à intimidade, à vida sua área de jurisdição, pela rede própria e/ou contratada e
privada, à integralidade das informações e à conveniada, sejam registrados e coletados de forma
confidencialidade dos dados. automatizada nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde,
§ 1º Cabe aos profissionais de saúde da rede pública e nos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde para o
privada, conveniada ou contratada pelo SUS, e aos Cartão.
servidores públicos, o respeito ao segredo profissional
previsto em códigos de ética profissionais, nas leis, decretos, Subseção II
regulamentos, portarias e estatutos de servidores. Da Internação Domiciliar
§ 2º Os Estados, os Municípios e as entidades privadas Art. 108. A Internação Domiciliar, no âmbito do Sistema
que participam do SUS de forma complementar, ficam Único de Saúde - SUS, obedecerá ao disposto neste
obrigados a garantir a mesma segurança tecnológica dos Regulamento.
dados sob incumbência do Ministério da Saúde, devendo Art. 109. A Internação Domiciliar, no âmbito do SUS, é o
seus profissionais de saúde, servidores públicos e conjunto de atividades prestadas no domicílio a pessoas
empregados, inclusive terceirizados, manter o segredo clinicamente estáveis que exijam intensidade de cuidados
profissional e a confidencialidade sobre os dados constantes acima das modalidades ambulatoriais, mas que possam ser
no cadastro e demais informações de atendimento individual mantidas em casa, por equipe exclusiva para este fim.
realizado. Art. 110. Os Serviços de Internação Domiciliar serão
§ 3º A contratação de entidades prestadoras de serviços integrados por:
de saúde que participam do SUS, sob forma de contrato ou I - Equipes Multiprofissionais de Internação Domiciliar,
convênio, deverá conter cláusulas definidoras desses compostas, no mínimo, por médico, enfermeiro e técnico ou
deveres, considerando-se como inexecução contratual ou de auxiliar de enfermagem; e
convênio, qualquer violação a esses princípios II - Equipes Matriciais de Apoio, podendo ser
constitucionais, sujeitando-se os infratores às penas previstas compartilhadas por várias equipes ou serviços de Internação
na legislação aplicável. Domiciliar, ou mesmo com a rede de serviços de saúde,
Art. 100. A implantação do Sistema Cartão Nacional de composta por outros profissionais de nível superior, levando
Saúde e a captação de informações sobre o atendimento não em consideração o perfil da atenção a ser prestada e os
substitui a obrigação de manutenção de prontuário do protocolos firmados.
paciente, conforme legislação em vigor. Art. 111. Uma Equipe Multiprofissional de Internação
Parágrafo único. Os dados dos pacientes deverão Domiciliar deverá se referir a uma população mínima de
permanecer armazenados sob sigilo, pelo prazo previsto no 100.000 (cem mil) habitantes.
art. 29 do Decreto nº 2.143, de 5 de fevereiro de 1997. Parágrafo único. Os Municípios poderão habilitar uma
Art. 101. O Sistema Cartão Nacional de Saúde equipe por grupo populacional de referência de 100.000 (cem
implementará, no prazo de 1 (um) ano, a Política de Acesso mil) habitantes.
aos Dados e Informações a ser definida em normatização Art. 112. Deverá ser alcançada a meta da média de 30
complementar. (trinta) internações/mês por equipe, com média de
Art. 102. Os Estados e os Municípios, como gestores do permanência de até 30 (trinta) dias.
SUS em seu âmbito de governo, ficam submetidos aos Art. 113. Os Serviços de Internação Domiciliar deverão
deveres de manter sob sigilo todos os dados informatizados garantir retaguarda no período da noite e nos finais de
componentes do Sistema Cartão Nacional de Saúde, semana para as pessoas sob cuidado das equipes.
devendo responder pelas faltas cometidas em seu âmbito de Art. 114. De acordo com os Anexos XV e XVI a este
atuação. Regulamento, o roteiro e as condições mínimas para
Art. 103. O servidor público que revelar informação obtida credenciamento dos Serviços de Internação Domiciliar
mediante acesso aos dados informatizados captados pelo deverão ser explicitados na elaboração dos programas locais
Sistema Cartão Nacional de Saúde, fica sujeito às penas do de internação domiciliar.
art. 325 do Código Penal, além das penalidades disciplinares Art. 115. Serão considerados como prioridade de eleição
previstas nos respectivos estatutos dos servidores públicos os seguintes grupos populacionais:
federal, estadual e municipal e Lei nº 8.159, de 8 de janeiro I - idoso;
de 1991. II - portadores de doenças crônico-degenerativas
Art. 104. O profissional de saúde sujeito ao segredo agudizadas;
profissional que revelar, sem justa causa, segredo de que tem III - portadores de patologias que necessitem de cuidados
ciência em razão do exercício de sua profissão ou ofício, fica paliativos; e

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IV - portadores de incapacidade funcional, provisória ou atenção às urgências, mediante a adequação criteriosa da
permanente. distribuição dos recursos assistenciais, conferindo concretude
Parágrafo único. Outras prioridades, além das definidas ao dimensionamento e implantação de sistemas estaduais,
neste artigo, poderão ser estabelecidas localmente. regionais e municipais e suas respectivas redes de atenção;
Art. 116. A exclusão de usuários deverá ser estabelecida III - desenvolver estratégias promocionais da qualidade
de acordo com a complexidade do modelo proposto: de vida e saúde capazes de prevenir agravos, proteger a
I - com necessidade de ventilação mecânica; vida, educar para a defesa da saúde e recuperar a saúde,
II - com necessidade de monitorização contínua; protegendo e desenvolvendo a autonomia e a equidade de
III - com necessidade de enfermagem intensiva; indivíduos e coletividades;
IV - com necessidade de propedêutica complementar com IV - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos
demanda potencial de realização de vários procedimentos de atendimento às necessidades coletivas em saúde, de
diagnósticos em sequência com urgência: caráter urgente e transitório, decorrentes de situações de
V - em uso de medicação complexa com efeitos colaterais perigo iminente, de calamidades públicas e de acidentes com
potencialmente graves ou de difícil administração; múltiplas vítimas, a partir da preparação de mapas de risco
VI - com necessidade de tratamento cirúrgico em caráter regionais e locais e da adoção de protocolos de prevenção,
de urgência; e atenção e mitigação dos eventos;
VII - que não tenham cuidador contínuo identificado. V - contribuir para o desenvolvimento de processos e
Parágrafo único. Outros critérios de exclusão serão métodos de coleta, análise e organização dos resultados das
definidos pelos protocolos locais. ações e serviços de urgência, permitindo que a partir de seu
Art. 117. Os serviços que preencherem os requisitos desempenho seja possível uma visão dinâmica do estado de
constantes neste Regulamento passarão a dispor das saúde da população e do desempenho do Sistema Único de
condições necessárias para se integrarem ao Sistema Único Saúde em seus três níveis de gestão;
de Saúde e receberão a remuneração por equipe em VI - integrar o complexo regulador do Sistema Único de
funcionamento, de acordo com os tetos financeiros previstos Saúde, promover intercâmbio com outros subsistemas de
pelo Ministério da Saúde para os Estados, o Distrito Federal e informações setoriais, implementando e aperfeiçoando
os Municípios. permanentemente a produção de dados e a democratização
Art. 118. Os recursos, no montante de R$ 20.000,00 das informações com a perspectiva de usá-las para alimentar
(vinte mil reais) por equipe, por mês, deverão ser estratégias promocionais;
incorporados aos limites financeiros anuais dos Estados, do VII - qualificar a assistência e promover a capacitação
Distrito Federal ou dos Municípios. continuada das equipes de saúde do Sistema Único de Saúde
Parágrafo único. Não serão admitidas superposições de na Atenção às Urgências, em acordo com os princípios da
equipes em uma mesma base territorial ou populacional. integralidade e humanização.
Art. 119. O incentivo financeiro para implementação e Art. 127. A Política Nacional de Atenção às Urgências
funcionamento das equipes de internação domiciliar será em deverá ser instituída a partir dos seguintes componentes
parcela única, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) fundamentais:
por equipe. I - adoção de estratégias promocionais de qualidade de
Art. 120. Os recursos orçamentários, ref. a internação vida, buscando identificar os determinantes e condicionantes
domiciliar, correrão por conta do orçamento do Ministério da das urgências e por meio de ações transetoriais de
Saúde, devendo onerar o Programa de Trabalho responsabilidade pública, sem excluir as responsabilidades
10.302.1220.8585-0035, Atenção à Saúde da População nos de toda a sociedade;
Municípios Habilitados em Gestão Plena do Sistema e nos II - organização de redes locorregionais de atenção
Estados Habilitados em Gestão Plena Avançada. integral às urgências, como elos da cadeia de manutenção da
Art. 121. Cabe à Secretaria de Atenção à Saúde - SAS a vida, tecendo-as em seus diversos componentes:
regulamentação sobre a Internação Domiciliar prevista nesta a) componente Pré-Hospitalar Fixo: Unidades Básicas de
subseção, bem como a adoção das medidas necessárias ao Saúde e Unidades de Saúde da Família, Equipes de Agentes
fiel cumprimento do que nele está disposto. Comunitários de Saúde, ambulatórios especializados,
serviços de diagnóstico e terapias, e Unidades Não-
Subseção III Hospitalares de Atendimento às Urgências, conforme a
Da Política Nacional de Atenção às Urgências Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002, do Ministério da
Art. 122. O conceito geral, os princípios e as diretrizes da Saúde;
Regulação Médica das Urgências estão estabelecidos nos b) componente Pré-Hospitalar Móvel: - SAMU - Serviço
termos do Anexo XVII a este Regulamento. de Atendimento Móvel de Urgência e serviços associados de
Art. 123. A Normatização dos Serviços de Atendimento salvamento e resgate, sob regulação médica de urgências e
Pré-Hospitalar Móvel de Urgências já existentes, bem como com número único nacional para urgências médicas - 192;
dos que venham a ser criados no País, está prevista nos c) componente Hospitalar: portas hospitalares de atenção
termos do Anexo XVIII a este Regulamento. às urgências das unidades hospitalares gerais de tipos I e II e
Art. 124. A Secretaria de Atenção à Saúde, dentro de das unidades hospitalares de referência tipos I, II e III, bem
seus respectivos limites de competência, deverá adotar como toda a gama de leitos de internação, passando pelos
providências necessárias à plena aplicação das leitos gerais e especializados de retaguarda, de longa
recomendações contidas neste Regulamento, no que tange à permanência e os de terapia semi-intensiva e intensiva,
mesmo que esses leitos estejam situados em unidades
Regulação Médica das Urgências.
hospitalares que atuem sem porta aberta às urgências; e
Art. 125. A Política Nacional de Atenção às Urgências
d) componente Pós-Hospitalar: modalidade de Atenção
deverá ser implantada em todas as unidades federadas,
Domiciliar, Hospitais-Dia e Projetos de Reabilitação Integral
respeitadas as competências das três esferas de gestão.
com componente de reabilitação de base comunitária;
Art. 126. A Política Nacional de Atenção às Urgências
III - instalação e operação das Centrais de Regulação
será composta pelos sistemas de atenção às urgências Médica das Urgências, integradas ao Complexo Regulador da
estaduais, regionais e municipais, devendo ser organizada de Atenção no SUS;
forma que permita: IV - capacitação e educação continuada das equipes de
I - garantir a universalidade, a equidade e a integralidade saúde de todos os âmbitos da atenção, a partir de um
no atendimento às urgências clínicas, cirúrgicas, gineco- enfoque estratégico promocional, abarcando toda a gestão e
obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e as relacionadas às atenção pré-hospitalar fixa e móvel, hospitalar e pós-
causas externas (traumatismos não-intencionais, violências e hospitalar, envolvendo os profissionais de nível superior e os
suicídios); de nível técnico, em acordo com as diretrizes do SUS e
II - consubstanciar as diretrizes de regionalização da alicerçada nos polos de educação permanente em saúde; e

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- SAÚDE PÚBLICA -
V - orientação geral segundo os princípios de população a ser atendida, nos seguintes parâmetros:
humanização da atenção. I - equipamentos:
Art. 128. A Secretaria de Atenção à Saúde, por intermédio a) para Municípios com população até 250.000 (duzentos
do Departamento de Atenção Especializada e da e cinquenta mil) habitantes: até R$ 100.000,00 (cem mil
Coordenação-Geral de Urgência e Emergência, deverá adotar reais);
todas as providências necessárias à plena estruturação da b) para Municípios com população entre 250.000
Política Nacional de Atenção às Urgências. (duzentos e cinquenta mil) e 500.000 (quinhentos mil)
Art. 129. O componente pré-hospitalar móvel previsto na habitantes: até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); e
Política Nacional de Atenção às Urgências, por meio da c) para Municípios com população acima de 500.000
implantação de Serviços de Atendimento Móvel de Urgência - (quinhentos mil) habitantes: até R$ 200.000,00 (duzentos mil
SAMU-192, suas Centrais de Regulação (Central SAMU-192) reais);
e seus Núcleos de Educação em Urgência, em Municípios e II - área física:
regiões de todo o território brasileiro, é a primeira etapa da a) para Municípios com população até 250.000 (duzentos
implantação da Política Nacional de Atenção às Urgências, e cinquenta mil) habitantes: até R$ 50.000,00 (cinquenta mil
conforme as orientações gerais previstas neste Regulamento. reais);
Art. 130. O financiamento para investimento e custeio do b) para Municípios com população entre 250.000
componente pré-hospitalar móvel visará à implantação e (duzentos e cinquenta mil) e 500.000 (quinhentos mil)
implementação dos SAMU - 192. habitantes: até R$ 100.000,00 (cem mil reais); e
Art. 131. Para a organização da primeira etapa de c) para Municípios com população acima de 500.000
implantação dos SAMUs, serão destinados recursos para a (quinhentos mil) habitantes: até R$ 150.000,00 (cento e
aquisição de 650 (seiscentos e cinquenta) unidades de cinquenta mil reais).
suporte básico de vida e 150 (cento e cinquenta) unidades de § 8º Os recursos a ser transferidos pelo Ministério da
suporte avançado de vida, equipamentos, construção, Saúde em decorrência do disposto neste artigo não poderão
reforma e/ou ampliação de até 152 (cento e cinquenta e duas) ser utilizados para o financiamento de prestadores da rede
Centrais SAMU-192 e estruturação de 27 (vinte e sete) privada, filantrópica e lucrativa.
Laboratórios de Ensino em Procedimentos de Saúde para os § 9º Os recursos de investimento e custeio terão seus
Núcleos de Educação em Urgência. repasses limitados às Secretarias de Saúde qualificadas que
§ 1º Os bens adquiridos e os serviços realizados com os se responsabilizarem pela gestão e gerência do SAMU e das
recursos de investimento previstos no caput deste artigo Centrais SAMU - 192.
deverão ser repassados às Secretarias de Saúde municipais Art. 132. As despesas de custeio do componente pré-
e estaduais e serão destinados exclusivamente à implantação hospitalar móvel previsto na Política Nacional de Atenção às
ou implementação do SAMU. Urgências serão de responsabilidade solidária, de forma
§ 2º Com os recursos de investimento previstos no caput tripartite, entre a União, os Estados e os Municípios,
deste artigo, o Ministério da Saúde poderá adquirir os correspondendo à União 50% (cinquenta por cento) do valor
veículos móveis (ambulâncias) e os respectivos
estimado para esses custos.
equipamentos necessários à instalação das unidades de
suporte básico de vida e de suporte avançado de vida, que § 1º O restante dos recursos necessários para o custeio
posteriormente serão transferidos aos Estados e aos das equipes será coberto pelos Estados e Municípios, em
Municípios, devidamente qualificados, em atendimento aos conformidade com a pactuação estabelecida em cada
termos de convênio de cessão a ser celebrado após a Comissão Intergestores Bipartite, e deverá estar expresso
aprovação dos projetos correspondentes, devendo esses nos projetos que serão enviados ao Ministério da Saúde,
bens transferidos observar a padronização visual constante incluindo os mecanismos adotados de repasse desses
do Anexo XIX - item F, a este Regulamento. recursos entre Estados e Municípios.
§ 3º As ambulâncias serão adquiridas na proporção de § 2º Os recursos de custeio repassados pelo Ministério da
um veículo de suporte básico à vida para cada grupo de Saúde deverão ser destinados exclusivamente à manutenção
100.000 (cem mil) a 150.000 (cento e cinquenta mil) e qualificação dos SAMU.
habitantes, e de um veículo de suporte avançado à vida para
Art. 133. O recebimento dos recursos de custeio para a
cada 400.000 (quatrocentos mil) a 450.000 (quatrocentos e
implantação do componente pré-hospitalar móvel previsto na
cinquenta mil) por habitantes.
§ 4º Com os recursos de investimento previstos no caput Política Nacional de Atenção às Urgências, implicará a
deste artigo, o Ministério da Saúde poderá adquirir interrupção e revisão dos mecanismos de financiamento
equipamentos necessários ao funcionamento do Laboratório atualmente estabelecidos, correspondentes às atividades de
de Ensino em Procedimentos de Saúde, que posteriormente atenção móvel às urgências.
serão transferidos aos Estados e aos Municípios, Parágrafo único. Para os efeitos do cumprimento do
devidamente qualificados, em atendimento aos termos de disposto neste artigo:
convênio a ser celebrado após a aprovação dos projetos I - aos SAMU não será autorizada a apresentação de
correspondentes, respeitados os critérios constantes no faturamento de serviços com base na tabela SIA-SUS, por
Anexo XIX, item D, a este Regulamento. intermédio dos procedimentos Trauma I e Trauma II, uma vez
§ 5º Os recursos para capacitação de multiplicadores que que seus custos devem estar previstos no projeto a ser
atuarão junto aos Núcleos de Educação em Urgências serão
contemplado no âmbito do componente da Política Nacional
repassados mediante convênio, no montante de até R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) por Núcleo. de Atenção às Urgências; e
§ 6º A compra de soluções para as adequações físicas, II - os Corpos de Bombeiros e Polícia Rodoviária Federal
equipamentos e softwares para as Centrais SAMU-192 será cadastrados no Sistema Único de Saúde e que atuam de
objeto de ato normativo específico, buscando contemplar as acordo com as recomendações previstas na Portaria nº
necessidades existentes nas diferentes realidades, sendo os 2.048/GM, de 5 de novembro de 2002, do Ministério da
equipamentos ou recursos financeiros disponibilizados Saúde, deverão continuar utilizando os procedimentos
mediante celebração de convênios, respeitados os critérios Trauma I e Trauma II da Tabela SIA-SUS, para efeitos de
de gestão constantes no Anexo XIX, item B, a este registro e faturamento de suas ações.
Regulamento. Art. 134. A captação dos recursos federais necessários à
§ 7º Para aquisição de equipamentos e adequação de implantação do componente pré-hospitalar móvel previsto na
áreas físicas das 152 (cento e cinquenta e duas) centrais de
Política Nacional de Atenção às Urgências ficará
regulação previstas no caput deste artigo, serão despendidos
condicionada à comprovação do cumprimento dos seguintes
recursos à medida do porte das centrais, proporcionalmente à
pré-requisitos e compromissos:
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- SAÚDE PÚBLICA -
I - elaboração, formalização e apresentação de Planos IX - os Municípios deverão comprovar capacidade de
Municipais ou Regionais de Atenção Integral às Urgências, realizar, no mínimo, os procedimentos PABA acrescidos dos
articulados ao Plano Estadual de Atenção às Urgências, procedimentos M1, conforme especificado no Anexo I, em
aprovados pelos respectivos conselhos de saúde e pela especial no que tange à atenção às urgências, conforme
Comissão Intergestores Bipartite, de acordo com as seguintes detalhado na Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002,
orientações: do Ministério da Saúde (Capítulo I - itens 1, 2 e 3, Capítulo III
a) os Planos de Atenção Integral às Urgências deverão - itens 1 e 2 e Capítulo V), para as Unidades Hospitalares
explicitar o compromisso de cada uma das unidades e Gerais de Tipo I;
serviços que comporão a rede de atenção e o sistema de X - apresentação trimestral de indicadores de
referência e contrarreferência, além da implantação da desempenho do serviço, baseados no tempo resposta e seus
política denominada "vaga zero" nas portas de urgência, componentes, casuística de atendimento e taxas de
conforme o disposto na Portaria nº 2.048, de 5 de dezembro mortalidade evitável e mortalidade geral no ambiente de
de 2002, do Ministério da Saúde; atenção pré-hospitalar, com avaliação do desempenho
b) os Planos deverão conter as grades de referência e segundo padrões de sobrevida e taxa de seqüelas e
contrarreferência, por especialidade ou área de atuação, seguimento no ambiente hospitalar, conforme o Anexo XIX,
envolvendo todos os serviços do sistema, desde as Unidades item A, a este Regulamento;
Básicas de Saúde - UBS e unidades saúde da família, as XI - comprovação de que a contratação dos recursos
unidades não-hospitalares de atenção às urgências, prontos- humanos respeita a legislação vigente, não sendo permitida a
socorros hospitalares e demais unidades, considerando seu precariedade de vínculo nas relações de trabalho;
papel potencial, seja como solicitantes ou receptoras, seja XII - apresentação de planejamento com vistas a ampliar
como unidades públicas ou contratadas ou conveniadas, a captação de órgãos destinados aos transplantes;
considerando os termos do Anexo XIX, item E, a este XIII - disponibilização do banco de dados dos SAMU para
Regulamento; implementar os registros de traumatismos não-intencionais e
c) nos casos em que a pactuação aponte a implantação violências em geral, traumatismos no trabalho e o controle
de sistemas regionais, a coordenação do processo de sobre doenças de notificação compulsória e outras condições
elaboração do Plano Regional será das Secretarias Estaduais de interesse para o desenvolvimento de estratégias
de Saúde, com a participação das Secretarias Municipais promocionais;
envolvidas; XIV - estabelecimento de parceria com os Conselhos
d) a coordenação do processo de elaboração do Plano Tutelares da Infância e da Adolescência, notificando
Estadual será das Secretarias Estaduais de Saúde, com a suspeitas de violência e negligências como prevê o Estatuto
participação dos Conselhos de Secretários Municipais de da Criança e do Adolescente;
Saúde - COSEMS; XV - implantação de ações que busquem a humanização
II - apresentação de projeto de do atendimento em urgências, com objetivo definido de
implantação/implementação do Serviço de Atendimento fortalecer as relações entre os trabalhadores de saúde e
Móvel de Urgência - SAMU, com a respectiva Central SAMU- destes com o doente e seus acompanhantes; e
192, de caráter local ou regional, com acesso gratuito pelo XVI - fomento, coordenação e execução de projetos
número nacional de urgências (192), em consonância com as estratégicos de atendimento às necessidades coletivas em
diretrizes contidas na Portaria nº 2048, 5 de novembro de saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes de
2002, do Ministério da Saúde; situações de perigo iminente, de calamidades públicas e de
III - apresentação de proposta de acidentes com múltiplas vítimas, a partir da construção de
implantação/implementação da área de Educação em mapas de risco regionais e locais e da adoção de protocolos
Urgências, com a respectiva proposta pedagógica de de prevenção, atenção e mitigação dos eventos.
capacitação dos profissionais de nível técnico, superior e § 1º O projeto de que trata o inciso II deste artigo deverá
agentes sociais que atuam/atuarão no setor, obedecidos os incluir a planta física proposta para a Central SAMU-192 e
conteúdos e cargas horárias mínimas contidas na Portaria nº seu custo respectivo.
2048, de 5 de novembro de 2002, do Ministério da Saúde; § 2º O Termo de que trata o inciso VI deste artigo deverá
IV - implantação das Coordenações Estaduais de afirmar compromissos e funções dos diferentes agentes
Urgência, das Coordenações Municipais de Urgência e das políticos, envolvendo-os em um processo de
Coordenações Regionais de Urgência, quando necessário; diagnóstico/adequação operacional de caráter permanente e
V - elaboração, formalização e apresentação de proposta dinâmico.
de estruturação e funcionamento do Comitê Gestor do § 3º Os Municípios e os Estados que atendam aos
Sistema de Atenção às Urgências, nos âmbitos Estadual, critérios estabelecidos neste artigo e que já possuam serviços
Regional e Municipal, conforme estrutura e atribuições de atendimento pré-hospitalar móvel, operados nos moldes
constantes no Anexo XIX, item C, a este Regulamento; da legislação vigente, poderão solicitar complementação dos
VI - apresentação de Termo de Adesão ao Plano recursos físicos e financeiros, fazendo jus, após aprovação do
Municipal ou Regional de Atenção às Urgências, assinado pleito, ao montante global dos recursos de custeio, incluída a
pelos gestores e pelos diretores e coordenadores dos parte já existente do serviço.
serviços que o compõem; Art. 135. As Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde
VII - apresentação do Termo de Ciência e Compromisso, com serviços de atenção pré-hospitalar e Central SAMU - 192
assinado pelo gestor estadual ou municipal, de que a já em funcionamento nos moldes da legislação vigente farão
Secretaria Municipal ou Estadual de Saúde aplicará os jus imediato aos recursos de custeio mediante apresentação
recursos transferidos pelo Ministério da Saúde, a título de ao Ministério da Saúde de projetos que contemplem:
custeio, no desenvolvimento das ações previstas neste I - breve histórico do serviço: data de inauguração,
projeto; localização (se tem sede própria ou não), principais avanços
VIII - submissão do pleito de qualificação para análise à e entraves observados na atenção pré-hospitalar móvel no
aprovação: Município ou Estado;
a) dos respectivos Comitês Gestores do Sistema de II - garantia de atenção integral às urgências (clínicas,
Urgências - municipal, estadual e regional, conforme o caso;
cirúrgicas, obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e
b) do Conselho de Saúde, comprovando por meio de ata
a aprovação do Plano de Atenção às Urgências e do Termo traumáticas), por intermédio de grades de referência com
de Adesão, devendo em projetos de abrangência regional, ser garantia de retaguarda pactuada;
apresentadas as atas dos respectivos Conselhos Municipais e III - cópia do ato formal de constituição do Comitê Gestor
do Conselho Estadual de Saúde; e do Sistema de Atenção às Urgências, seu regimento e
c) da Comissão Intergestores Bipartite; respectivos componentes;

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- SAÚDE PÚBLICA -
IV - cópia dos documentos de cada uma das Viaturas de Emergência, o projeto será encaminhado ao Departamento
Suporte Básico e Avançado de Vida em condições de uso de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas e à
que compõem sua frota, devendo estar com seus Diretoria-Executiva do Fundo Nacional de Saúde.
licenciamentos e seguros obrigatórios em dia; § 2º Os procedimentos de aquisição e transferência dos
V - contrato(s) de manutenção específico(s) ou veículos e equipamentos serão operacionalizados pela
declaração do gestor dando garantia de manutenção para a Subsecretaria de Assuntos Administrativos do Ministério da
frota do SAMU; Saúde, observado o disposto nas cláusulas dos convênios
VI - lista nominal de todos os profissionais que compõem celebrados.
a equipe, por categoria profissional, com suas modalidades § 3º Os projetos deverão ser encaminhados pelas
de contratação, indicando os nomes do Gerente do Serviço e Comissões Intergestores Bipartite Estaduais para a
das Chefias Médica e de Enfermagem, especificando as Coordenação-Geral de Urgência e Emergência do
demais, se houver; Departamento de Atenção Especializada da SAS.
VII - escala mensal dos últimos dois meses dos § 4º A partir do protocolo do projeto na Coordenação-
profissionais que compõem as equipes das viaturas e da Geral de Urgência e Emergência do DAE/SAS, essa
Central SAMU-192: Médicos Reguladores e Intervencionistas, Coordenação-Geral terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias
Enfermeiros, Técnicos e/ou Auxiliares de Enfermagem, para elaborar o parecer técnico.
Motoristas, Telefonistas, Auxiliares de Regulação e § 5º Os projetos selecionados pelo Ministério da Saúde
Operadores de Frota; e serão apresentados em reunião da Comissão Intergestores
VIII - Termo de Ciência e Compromisso, assinado pelo Tripartite- CIT e do Conselho Nacional de Saúde - CNS.
gestor estadual ou municipal, de que a Secretaria Municipal Art. 139. Os recursos orçamentários, contraparte da
ou Estadual de Saúde, dependendo da pactuação União no tocante à implementação do componente pré-
estabelecida, aplicará os recursos transferidos pelo Ministério hospitalar móvel, correrão por conta do orçamento do
da Saúde, referentes ao custeio, no desenvolvimento das Ministério da Saúde, nos seguintes programas de trabalho:
ações previstas para a implantação do componente pré- I - 10.302.0023.4306 - Atendimento Ambulatorial
hospitalar móvel; Emergencial e Hospitalar em regime de Gestão Plena do
Art. 136. O pleito de qualificação deve ser submetido à Sistema Único de Saúde; e
análise e aprovação: II - 10.302.0023.4307 - Atendimento Ambulatorial,
I - dos respectivos Comitês Gestores do Sistema de Emergencial e Hospitalar prestado pela Rede Cadastrada no
Urgências (municipal, estadual e regional, quando Sistema Único de Saúde - SUS.
necessário); Art. 140. Aos Municípios e Estados que possuírem
II - do Conselho de Saúde, comprovando por intermédio Atenção Pré-Hospitalar Móvel e Central SAMU - 192, em
de ata a aprovação do Plano de Atenção às Urgências e do conformidade com as especificações técnicas constantes da
Termo de Adesão, devendo que em projetos de abrangência Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002, do Ministério da
regional, ser apresentadas as atas dos respectivos conselhos Saúde, será garantido o custeio por meio do repasse mensal
municipais e do Conselho Estadual de Saúde, e regular e automático, fundo a fundo, desde que tenham seus
III - da Comissão Intergestores Bipartite. projetos qualificados, conforme requisitos estabelecidos no
Art. 137. Todas as instâncias de análise e seleção dos art. 7º.
projetos deverão utilizar, de acordo com os requisitos Parágrafo único. A liberação dos recursos de
estabelecidos no art. 134, os seguintes critérios de prioridade: investimento dos projetos aprovados ficará condicionada à
I - Municípios possuidores de serviços da área da saúde disponibilidade orçamentária e financeira do Ministério da
que realizem atenção integral às urgências, com atendimento Saúde.
pré-hospitalar móvel regulado por central médica, acessada Art. 141. A Secretaria de Atenção à Saúde, por intermédio
24 (vinte e quatro) horas por número telefônico gratuito - 192, do Departamento de Atenção Especializada e da
conforme o disposto na Portaria nº 2.048, de 5 de novembro Coordenação-Geral de Urgência e Emergência, deverá adotar
de 2002, do Ministério da Saúde; todas as providências necessárias à plena aplicação das
II - Municípios habilitados na condição de gestão plena do recomendações contidas neste Regulamento, no tocante ao
Sistema Municipal; e componente pré-hospitalar móvel.
III - Municípios com maior porte populacional; e Art. 142. As instâncias de recurso referentes ao processo
IV - Municípios polos regionais, definidos no PDR. de negociação, análise, aprovação e implantação do
§ 1º Com exceção do inciso I, que será preferencial, os componente pré-hospitalar móvel serão, por ordem,
demais critérios estabelecidos pelo caput deste artigo não resolvidas pelo Conselho Estadual de Saúde, pela Comissão
terão caráter hierárquico entre si. Intergestores Tripartite e pelo Conselho Nacional de Saúde.
§ 2º Os projetos previamente analisados e aprovados nas Art. 143. O Distrito Federal será considerado equivalente
Comissões Intergestores Bipartite deverão estar em ao Estado, no que couber, e de acordo com as suas
conformidade com os Planos Estaduais de Atenção às peculiaridades, nos termos da Constituição.
Urgências.
§ 3º Por meio de pactos entre Municípios e Estado, Subseção IV
poderão ser implantadas Centrais SAMU-192 de abrangência Da Avaliação e da Qualidade dos Serviços de Saúde
regional, promovendo a otimização do investimento e Art. 144. O Programa Nacional de Avaliação dos Serviços
favorecendo as possibilidades de financiamento tripartite. de Saúde - PNASS é o instrumento de avaliação qualitativa
Art. 138. Os projetos elaborados pelos Estados e das ações e dos serviços de saúde, bem como da satisfação
dos usuários do sistema.
Municípios, aprovados pelos respectivos conselhos e pela
Parágrafo único. O Programa será aplicado a cada dois
Comissão Intergestores Bipartite, que atenderem ao
anos, sendo que o primeiro ano destina-se à realização da
estabelecido nos arts. 134, 135 e 136 deste Regulamento,
coleta, à consolidação e à análise das informações, assim
deverão ser encaminhados, mediante a celebração de
como à divulgação dos resultados, e o segundo ano será
convênios para apreciação da Coordenação-Geral de
destinado à implementação de ações visando à melhoria da
Urgência e Emergência, do Departamento de Atenção qualidade do atendimento dos serviços de saúde.
Especializada, da Secretaria de Atenção à Saúde, Art. 145. Os recursos destinados às ações do PNASS
respeitadas as disposições contidas nas Normas de devem ser financiados por meio do Fundo de Ações
Cooperação Técnica e Financeira de Projetos e Programas, Estratégicas e Compensação - FAEC.
aprovadas pela Portaria nº 601, de 15 de maio de 2003, do Parágrafo único. O recurso estimado para a aplicação do
Ministério da Saúde. PNASS é da ordem de R$ 398.360,00 (trezentos e noventa e
§ 1º Em relação aos recursos de custeio, após análise oito mil trezentos e sessenta reais), conforme o discriminado
técnica efetuada pela Coordenação-Geral de Urgência e nos Anexos XX e XXI a este Regulamento.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 146. Os recursos, cujos montantes estão fixados nos deste Regulamento, levando em conta a situação sanitária e
Anexos XX e XXI a este Regulamento, devem ser transferidos os indicadores consolidados e divulgados pelo Ministério da
fundo a fundo, pelo Ministério da Saúde, aos Estados, ao Saúde;
Distrito Federal e aos Municípios em Gestão Plena do II - estabelecer a meta para cada indicador, a ser
Sistema. alcançada pelos Municípios não-habilitados nas formas de
Art. 147. A Secretaria de Atenção à Saúde - SAS/MS, por gestão definidas na NOB SUS 01/96, prevista na Seção I do
intermédio do Departamento de Regulação, Avaliação e Capítulo I deste Regulamento, ficando o gestor estadual
Controle - DRAC/SAS, é o órgão responsável pela responsável pelo seu cumprimento;
coordenação, implantação, implementação, capacitação e III - estabelecer a meta consolidada de cada indicador, a
desenvolvimento do PNASS. ser alcançada em 1999 pelo Estado;
§ 1º A SAS/MS poderá priorizar a avaliação dos serviços IV - submeter as metas municipais e o consolidado
de saúde, por área/especialidade, de acordo com critérios estadual de cada indicador à aprovação das Comissões
epidemiológicos. Intergestores Bipartite - CIB;
§ 2º O PNASS será executado de forma articulada pela V - encaminhar as metas de cada indicador e os Termos
SAS/MS, e pelas as Secretarias de Saúde dos Estados, do de Compromisso dos Municípios para conhecimento do
Distrito Federal e dos Municípios em Gestão Plena. Conselho Estadual de Saúde;
Art. 148. A Secretaria de Atenção à Saúde - SAS/MS VI - encaminhar os Termos de Compromisso do Estado
deverá adotar as medidas necessárias ao cumprimento do com os Municípios e as Planilhas de Metas Estaduais,
disposto neste Regulamento. constantes dos Anexos XXII e XXIII, à Secretaria de Atenção
Art. 149. Os recursos orçamentários de que trata este à Saúde/MS, por meio eletrônico;
Regulamento deverão correr por conta do orçamento do VII - desenvolver estratégias de acompanhamento da
Ministério da Saúde, devendo onerar os Programas de Atenção Básica à Saúde para apoiar os Municípios que
Trabalho: apresentarem mais dificuldades no cumprimento das metas
I - 10.302.1220.8585 - Atenção à Saúde da População acordadas;
nos Municípios Habilitados em Gestão Plena do Sistema e VIII - desenvolver, com a cooperação técnica e financeira
nos Estados Habilitados em Gestão Plena/Avançada; e do Ministério da Saúde, a descentralização dos sistemas de
II - 10.302.1220.8587 - Atenção à Saúde da População informações, que geram os indicadores de acompanhamento
nos Municípios Não-Habilitados em Gestão Plena do Sistema e de avaliação da Atenção Básica à Saúde e a qualificação
e nos Estados Não-Habilitados em Gestão Plena/Avançada. dos Municípios para sua operacionalização;
Art. 150. O processo de acompanhamento e de avaliação IX - avaliar, ao final do exercício, o desempenho dos
da Atenção Básica à Saúde, quanto aos resultados a ser indicadores de cada Município e do consolidado estadual; e
alcançados e quanto à oferta de serviços financiados pelo X - incorporar as metas dos indicadores no processo de
Piso de Atenção Básica PAB, conforme expresso na Norma elaboração do Plano Estadual de Saúde.
Operacional Básica do NOB-SUS nº 01/96/SAS, previstos na Parágrafo único. No tocante ao inciso I deste artigo, para
Seção I do Capítulo I, e no Manual para Organização da os indicadores de cobertura vacinal, a meta a ser definida
Atenção Básica à Saúde, aprovado pela Portaria nº 3.925, de deve estar adequada aos parâmetros estabelecidos pelo
17 de novembro de 1998, do Ministério da Saúde, obedecerá Centro Nacional de Epidemiologia, da Fundação Nacional de
ao disposto neste Regulamento. Saúde, do Ministério da Saúde.
Art. 151. Como estratégia para o acompanhamento e Art. 154. Cabe às Comissões Intergestores Bipartite, no
avaliação de resultados da Atenção Básica à Saúde, os processo de acompanhamento e de avaliação da Atenção
pactos que serão firmados entre os Estados e os Municípios Básica:
deverão ser formalizados por meio de Termo de I - aprovar as metas contidas nos Termos de
Compromisso e os pactos que serão firmados entre os Compromisso firmados entre os Municípios e o gestor
Estados e o Ministério da Saúde deverão ser formalizados por estadual;
meio de Planilha de Metas. II - aprovar as metas consolidadas para o Estado;
Art. 152. Os indicadores estabelecidos para acompanhar III - estabelecer estratégias e cronograma para a
a Atenção Básica à Saúde estão no Anexo II ao Manual para descentralização dos sistemas de informações e qualificação
Organização da Atenção Básica, aprovado pela Portaria nº dos Municípios para sua operacionalização; e
3.925, de 1998, do Ministério da Saúde. IV - avaliar as estratégias utilizadas para o cumprimento
§ 1º Dever-se-á substituir os indicadores 1, 2, 4, 8 e 9 do das metas pactuadas e propor os ajustes necessários nos
Anexo referido no caput deste artigo, pelos abaixo Municípios que, após a avaliação do desempenho anual,
discriminados, cujos dados para base de comparação serão apresentarem resultado insatisfatório.
encaminhados às Secretarias Estaduais de Saúde pelo Art. 155. Cabe ao Ministério da Saúde analisar as
Ministério da Saúde. planilhas de metas estaduais enviadas pelas Secretarias
§ 2º Dever-se-ão excluir os indicadores 3 e 5 do Anexo II Estaduais de Saúde e elaborar os Termos de Compromisso.
ao Manual para Organização da Atenção Básica, referentes a § 1º O Termo de Compromisso entre o Ministério da
hospitalizações por tétano acidental e por difteria. Saúde e cada Estado deverá refletir as metas estaduais
§ 3º Os Estados que já tiverem concluído o processo de pactuadas.
pactuação com seus Municípios estão liberados de definir § 2º Os Termos de Compromisso firmados entre o
metas para os novos indicadores apresentados no § 1º, Ministério da Saúde e os gestores estaduais deverão ser
desde que tenham encaminhado os Termos de Compromisso enviados, pela Secretaria de Atenção a Saúde, à Comissão
do Estado com os Municípios e as Planilhas de Metas Intergestores Tripartite - CIT e ao Conselho Nacional de
Estaduais à Secretaria de Atenção à Saúde/MS. Saúde - CNS.
§ 4º Os formulários referentes ao Termo de Compromisso Art. 156. Como estratégia para o acompanhamento e
e à Planilha de Metas são os constantes dos Anexos XXII e avaliação da oferta de serviços financiados pelo Piso da
XXIII a este Regulamento. Atenção Básica - PAB, deverá ser realizada a análise da
Art. 153. As Secretarias Estaduais de Saúde deverão, no capacidade instalada disponível e da produção de serviços
processo de acompanhamento e de avaliação da Atenção efetiva de cada Município habilitado, realizada pela rede
Básica: situada no próprio Município ou por meio de pacto explícito
I - propor a meta de cada indicador da Atenção Básica, com gestores de Municípios circunvizinhos, quanto às
incluindo aqueles relacionados às partes variáveis do Piso da responsabilidades assistenciais próprias da condição de
Atenção Básica, a ser alcançada pelos Municípios habilitados gestão Plena da Atenção Básica, conforme expresso no
nos termos da Norma Operacional Básica do Sistema Único Manual para Organização da Atenção Básica à Saúde e na
de Saúde - NOB-SUS 01/96, prevista na Seção I do Capítulo I NOB SUS 01/96, prevista na Seção I do Capítulo I deste
Regulamento.
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Art. 157. Cabe às Secretarias Estaduais de Saúde, no as diretrizes de organização de redes locorregionais de
processo de acompanhamento e de avaliação da oferta de atenção integral às urgências, definidas nos arts. 125 a 128,
serviços de Atenção Básica: relativos à Política Nacional de Atenção às Urgências, deverá
I - proceder à análise da adequação e suficiência das obedecer ao disposto neste Regulamento.
ações e procedimentos correspondentes ao Grupo Atenção Parágrafo único. O Programa de Qualificação da Atenção
Básica do SIA/SUS, ofertados por cada Município habilitado à às Urgências tem como foco ações nos componentes pré-
população sob sua responsabilidade; hospitalar fixos (nas Unidades Não-Hospitalares de Atenção
II - elaborar relatório analítico circunstanciado, nos casos às Urgências) e Hospitalar da Rede de Atenção às Urgências.
em que os Municípios habilitados há mais de 3 (três) meses à Art. 165. São diretrizes do Programa de Qualificação da
condição de gestão Plena da Atenção Básica não dispuserem Atenção Hospitalar de Urgência:
de oferta de serviços, próprios ou contratados a terceiros, ou I - estruturação da atenção à saúde nas urgências
não apresentarem produção, caracterizando sobrecarga aos mediante critérios de acolhimento, com dispositivos de
sistemas municipais circunvizinhos; classificação de riscos, vínculo, resolutividade, integralidade e
III - apresentar o relatório em questão à Comissão responsabilização entre trabalhadores, gestores e usuários na
Intergestores Bipartite - CIB, propondo a desabilitação do rede de serviços;
Município, até que este esteja capacitado ao pleno exercício II - implementação dos comitês gestores de urgência
das responsabilidades próprias da condição de gestão; municipais e regionais como espaço de integração, pactuação
IV - encaminhar cópia do relatório e da decisão da CIB e responsabilidades, articulados com os Complexos
sobre a desabilitação dos Municípios, para conhecimento do Reguladores e Centrais de Leitos Hospitalares;
Conselho Estadual de Saúde; e III - proporcionamento de ambiência que valorize os
V - desenvolver estratégias de acompanhamento e espaços acolhedores e que propiciem processo de trabalho
avaliação da oferta de serviços financiados pelo Piso da estabelecido a partir de níveis de necessidades nos serviços
Atenção Básica - PAB, para apoiar os Municípios que de saúde;
apresentarem mais dificuldades no exercício das IV - proporcionamento da ampliação e fortalecimento do
controle social, por meio da implantação da gestão
responsabilidades próprias da condição de gestão.
democrática e participativa nos serviços de saúde;
Art. 158. Cabe às Comissões Intergestores Bipartite, no
V - garantia da educação permanente dos trabalhadores
processo de acompanhamento e de avaliação da oferta de
das urgências com a inclusão de saberes que subsidiem as
serviços de Atenção Básica:
práticas da atenção resolutiva e humanizada no pré-hospitalar
I - aprovar o relatório proposto pela SES ou, se considerar
fixo, móvel e nos serviços hospitalares integrando os serviços
necessário, realizar avaliação complementar no local e junto com os Núcleos de Educação em Urgências e Centros
aos sistemas municipais circunvizinhos; e Formadores;
II - avaliar as estratégias propostas pela SES de apoio VI - oferecimento de condições tecnológicas aos Estados
aos Municípios, visando à superação de suas dificuldades. e aos Municípios para que desenvolvam uma efetiva
Art. 159. As Comissões Intergestores Bipartite deverão regulação, controle e avaliação de seus sistemas de saúde; e
desabilitar os Municípios que não firmarem o Termo de VII - diminuição de mortes evitáveis em situações de
Compromisso com o Estado, ou que não estejam capacitados urgências.
ao pleno exercício das responsabilidades assistenciais Art. 166. A proposta de Qualificação do Sistema de
próprias da condição de gestão, por meio de oferta de ações Atenção Integral às Urgências pressupõe a organização do
e serviços no seu próprio território ou de pacto explícito com sistema de saúde para esse tipo de atenção, estruturada por
os gestores dos Municípios circunvizinhos. meio da:
Parágrafo único. Na eventualidade da desabilitação de I - organização de atenção pré-hospitalar fixa, prestada
Municípios, caberá à Secretaria Estadual de Saúde o pela rede básica de atenção e também por uma rede de
conjunto de responsabilidades para assegurar a oferta de Unidades Não-Hospitalares de Atenção às Urgências;
serviços de Atenção Básica à população dos respectivos II - continuidade à implantação do atendimento pré-
Municípios. hospitalar móvel, por meio da ampliação e qualificação
Art. 160. Cabe ao Ministério da Saúde avaliar o progressiva da Rede Nacional SAMU-192, prevista nos arts.
desempenho de cada Estado no exercício das atribuições 128 a 141 deste Regulamento;
definidas neste Regulamento, e o resultado dessa avaliação III - organização e qualificação dos hospitais com portas
subsidiará a negociação das metas para o ano subsequente. abertas às urgências para dar suporte resolutivo ao Sistema
Parágrafo único. Os Estados que alcançarem resultados de Urgência, por meio da reorganização do processo de
positivos na avaliação realizada, após aprovação pela trabalho e implantação dos dispositivos mencionados no art.
Comissão Intergestores Tripartite, estarão habilitados a 162 deste Regulamento; e
receber o Índice de Valorização de Resultados - IVR, a ser IV - definição de leitos hospitalares dedicados à
regulamentado pelo Ministério da Saúde. recuperação definitiva dos pacientes após a estabilização da
Art. 161. Os procedimentos previstos neste Regulamento situação de urgência e de serviços de hospital-dia, centros de
deverão ser adequados às peculiaridades do Distrito Federal. reabilitação e de atenção domiciliar, a partir da política de
Art. 162. A Comissão de Acompanhamento dos regulação local e por intermédio dos complexos reguladores.
Indicadores da Atenção Básica, instituída no âmbito do Art. 167. A cooperação técnica e financeira entre os
Ministério da Saúde, é constituída de 1 (um) representante da gestores municipais, estaduais e federal deverá estar em
Secretaria de Atenção à Saúde - SAS e de 1 (um) consonância com a Política Nacional de Atenção às
representante da Fundação Nacional de Saúde. Urgências e à Política Nacional de Regulação.
§ 1º A Coordenação da Comissão fica a cargo da Art. 168. A Secretaria de Atenção à Saúde, por intermédio
Secretaria de Atenção à Saúde. do Departamento de Atenção Especializada, deverá adotar
§ 2º A formalização das indicações dos membros da todas as providências necessárias à plena estruturação do
Comissão será feita por meio de ato específico. Programa de Qualificação da Atenção às Urgências e ao fiel
Art. 163. As Secretarias Estaduais de Saúde e/ou as cumprimento do disposto neste Regulamento.
Comissões Intergestores Bipartite que tiverem propostas de
alteração dos indicadores de acompanhamento da Atenção Seção II
Básica à Saúde, assim como para a estratégia dos pactos, Da assistência à saúde
deverão encaminhá-las à Comissão de Acompanhamento dos Subseção I
Indicadores da Atenção Básica, de que trata o art. 162 deste Da Política Nacional de Atenção Básica
Regulamento. Art. 169. A Política Nacional de Atenção Básica, com
Art. 164. O Programa de Qualificação da Atenção às vistas à revisão da regulamentação, da implantação e da
Urgências no Sistema Único de Saúde, em consonância com operacionalização vigentes, está aprovada nos termos
constantes do Anexo XXIV a este Regulamento.
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Parágrafo único. A Secretaria de Atenção à Saúde, do ocorrência desses agravos, em conformidade com os
Ministério da Saúde, publicará manuais e guias com sistemas de informação em saúde disponíveis no País.
detalhamento operacional e orientações específicas da Art. 176. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá
Política Nacional de Atenção Básica. elaborar o Plano Nacional de Reorganização da Atenção, de
Art. 170. Os recursos orçamentários da Subseção I da que trata o art. 175 deste Regulamento.
Seção II do Regulamento deverão correr por conta do Art. 177. Deverá ser constituído comitê técnico, no âmbito
orçamento do Ministério da Saúde, devendo onerar os da Secretaria de Atenção à Saúde, com a finalidade de
seguintes Programas de Trabalho: assessorar na elaboração e no monitoramento do Plano
I - 10.301.1214.0589 - Incentivo Financeiro a Municípios Nacional de Reorganização de Atenção aos Segmentos
Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica; Populacionais Expostos e Portadores de Hipertensão Arterial
II - 10.301.1214.8577 - Atendimento Assistencial Básico e de Diabetes Mellitus, composto por representantes das
nos Municípios Brasileiros; e sociedades científicas, entidades nacionais representativas
III - 10.301.1214.8581 - Estruturação da Rede de de portadores desses agravos, Conselho Nacional de
Serviços de Atenção Básica de Saúde. Secretários de Saúde - CONASS e Conselho Nacional de
Secretários Municipais de Saúde - CONASEMS.
Subseção II Art. 178. A Campanha Nacional de Detecção de Casos
Do Programa Nacional de Controle do Tabagismo Suspeitos de Diabetes Mellitus será realizada em unidades
Art. 171. O acesso à abordagem e tratamento do básicas de saúde de todos os Municípios.
tabagismo integra a rede de Atenção Básica e de média § 1º O público alvo a que se destina essa Campanha é
complexidade do Sistema Único de Saúde - SUS, com o constituído por pessoas com idade igual ou superior a 40
objetivo de consolidar o Programa Nacional de Controle do (quarenta) anos.
Tabagismo. § 2º O Ministério da Saúde alocará recursos financeiros
Parágrafo único. O Programa Nacional de Controle do da ordem de R$ 40.285.000,00 (quarenta milhões, duzentos e
Tabagismo tem como uma de suas ações a abordagem e o oitenta e cinco mil reais) para a realização da referida
tratamento do tabagismo e será desenvolvido pelo Ministério Campanha.
da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Instituto Nacional Art. 179. Compete ao Ministério da Saúde, na Campanha
de Câncer em parceria com as Secretarias Estaduais e Nacional de Detecção de Suspeitos de Diabetes Mellitus:
Municipais de Saúde e do Distrito Federal. I - a garantia dos insumos necessários para a realização
Art. 172. As unidades de saúde credenciadas que de glicemia capilar;
comporão a rede hierarquizada e que efetuarão a abordagem II - a produção e a distribuição de material instrucional
e o tratamento do tabagismo deverão ter em seu quadro de para os profissionais envolvidos na Campanha e material
servidores, pelo menos, 1 (um) profissional de saúde, de nível informativo para a população; e
universitário, capacitado para a abordagem e o tratamento do III - a realização de ações de comunicação social para a
tabagismo. divulgação da Campanha em âmbito nacional;
§ 1º Considera-se abordagem e tratamento do tabagismo IV - o apoio às Secretarias Estaduais de Saúde no
a abordagem cognitivo-comportamental do fumante acompanhamento da Campanha junto aos Municípios.
obrigatória e o apoio medicamentoso, quando necessário, de Art. 180. Compete às Secretarias Estaduais de Saúde o
acordo com a metodologia preconizada pelo Ministério da assessoramento e o apoio aos Municípios na capacitação,
Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Instituto Nacional de divulgação e realização da Campanha.
Câncer. Art. 181. Compete às Secretarias Municipais de Saúde:
§ 2º Todo fumante que participar da abordagem cognitivo- I - a disponibilidade dos recursos físicos e humanos
comportamental deverá receber o material de apoio composto necessários à realização da Campanha; e
pelo manual com orientações sobre como deixar de fumar, II - o encaminhamento dos casos suspeitos para
prevenção de recaídas, entre outros documentos. confirmação diagnóstica.
Art. 173. Os medicamentos e os materiais de apoio para o
tratamento do fumante deverão ser disponibilizados pelo Subseção IV
Ministério da Saúde aos Municípios aos Estados com Dos Portadores
unidades credenciadas para esse fim. de Doença Renal
Art. 174. O Programa Nacional de Controle do Tabagismo Art. 182. A Política Nacional de Atenção ao Portador de
deverá ser regulamentado pela Secretaria de Atenção à Doença Renal deverá ser implantada em todas as unidades
Saúde do Ministério da Saúde. federadas, respeitadas as competências das três esferas de
gestão.
Subseção III Art. 183. A Política Nacional de Atenção ao Portador de
Dos Portadores de Hipertensão Doença Renal deverá ser organizada de forma articulada
e de Diabetes de Mellitus entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Estado da
Art. 175. A reorganização da atenção aos segmentos Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde, permitindo:
populacionais expostos e portadores de hipertensão arterial e I - desenvolver estratégias de promoção da qualidade de
de diabetes mellitus obedecerá às seguintes diretrizes: vida, educação, proteção e recuperação da saúde e
I - vinculação dos usuários do Sistema Único de Saúde - prevenção de danos, protegendo e desenvolvendo a
SUS portadores de hipertensão arterial e de diabetes mellitus autonomia e a equidade de indivíduos e coletividades;
a unidades básicas de saúde; II - organizar uma linha de cuidados integrais (promoção,
II - fomento à reorganização dos serviços de atenção prevenção, tratamento e recuperação) que perpasse todos os
especializada e hospitalar para o atendimento dos casos que níveis de atenção, promovendo, dessa forma, a inversão do
demandarem assistência de maior complexidade; modelo de atenção;
III - aperfeiçoamento do sistema de programação, III - identificar os determinantes e condicionantes das
aquisição e distribuição de insumos estratégicos para a principais patologias que levam à doença renal e ao
garantia da resolubilidade da atenção aos portadores de desenvolvimento de ações transetoriais de responsabilidade
hipertensão arterial e de diabetes mellitus; pública, sem excluir as responsabilidades de toda a
IV - intensificação e articulação das iniciativas existentes, sociedade;
no campo da promoção da saúde, de modo a contribuir na IV - definir critérios técnicos mínimos para o
adoção de estilos de vida saudáveis; funcionamento e avaliação dos serviços públicos e privados
V - promoção de ações de redução e controle de fatores que realizam diálise, bem como os mecanismos de sua
de risco relacionados à hipertensão e à diabetes; e monitoração com vistas a diminuir os riscos aos quais fica
VI - definição de elenco mínimo de informações sobre a exposto o portador de doença renal;

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V - ampliar cobertura no atendimento aos portadores de § 1º As ações de que trata o inciso I deste artigo terão
insuficiência renal crônica no Brasil, garantindo a lugar na rede de serviços básicos de saúde (Unidades
universalidade, a equidade, a integralidade, o controle social Básicas de Saúde e Equipes de Saúde da Família) e, de
e o acesso às diferentes modalidades de Terapia Renal acordo com a necessidade local, o gestor poderá instituir uma
Substitutiva (diálise peritoneal, hemodiálise e transplante); equipe de referência da Atenção Básica com a função de
VI - ampliar cobertura aos portadores de hipertensão tutoria e/ou de referência assistencial à rede de serviços
arterial e de diabetes mellitus, principais causas da básicos de saúde, cuja regulamentação será definida em
insuficiência renal crônica no Brasil; portaria da Secretaria de Atenção à Saúde.
VII - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos § 2º As ações de que trata o inciso II deste artigo devem
que visem ao estudo do custo-efetividade, eficácia e ser organizadas segundo o Plano Diretor de Regionalização
qualidade, bem como a incorporação tecnológica do processo (PDR) de cada unidade federada e os princípios e diretrizes
da Terapia Renal Substitutiva no Brasil; de universalidade, equidade, regionalização, hierarquização e
VIII - contribuir para o desenvolvimento de processos e integralidade da atenção à saúde e, para desempenhar as
métodos de coleta, análise e organização dos resultados das ações nesse nível de atenção, o gestor poderá instituir um
ações decorrentes da Política Nacional de Atenção ao Centro de Referência especializado em hipertensão e
Portador de Doença Renal, permitindo que a partir de seu diabetes, cuja regulamentação será definida em portaria da
desempenho seja possível um aprimoramento da gestão, Secretaria de Atenção à Saúde.
disseminação das informações e uma visão dinâmica do § 3º No tocante ao inciso III deste artigo, a assistência na
estado de saúde das pessoas com doença renal e dos alta complexidade dar-se-á por meio dos Serviços de
indivíduos transplantados; Nefrologia e dos Centros de Referência em Nefrologia, cuja
regulamentação será definida em portaria da Secretaria de
IX - promover intercâmbio com outros subsistemas de
Atenção à Saúde.
informações setoriais, implementando e aperfeiçoando
Art. 185. Fica criada a Câmara Técnica, subordinada à
permanentemente a produção de dados e garantindo a
Secretaria de Atenção à Saúde, com o objetivo de
democratização das informações; e
acompanhar a implantação e a implementação da Política
X - qualificar a assistência e promover a educação
Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal.
permanente dos profissionais de saúde envolvidos com a Art. 186. A Secretaria de Atenção à Saúde, isoladamente
implantação e implementação da Política de Atenção ao ou em conjunto com outros órgãos e entidades vinculados ao
Portador de Doença Renal, em acordo com os princípios da Ministério da Saúde, deverá adotar todas as providências
integralidade e da humanização. necessárias à plena estruturação da Política Nacional de
Art. 184. A Política Nacional de Atenção ao Portador de Atenção ao Portador de Doença Renal.
Doença Renal, de que trata o art. 181 deste Regulamento,
deverá ser instituída a partir dos seguintes componentes Subseção V
fundamentais: Da Política Nacional de Atenção Integral
I - Atenção Básica: realizar ações de caráter individual ou às Pessoas com Doença Falciforme
coletivo, voltadas para a promoção da saúde e prevenção dos Art. 187. A Política Nacional de Atenção Integral às
danos, bem como as ações clínicas para o controle da Pessoas com Doença Falciforme e outras
hipertensão arterial, do diabetes mellitus e das doenças do Hemoglobinopatias, instituída no âmbito do SUS, obedecerá
rim que possam ser realizadas nesse nível; às seguintes diretrizes:
II - Média Complexidade: realizar atenção diagnóstica e I - promoção e garantia do seguimento das pessoas
terapêutica especializada garantida a partir do processo de diagnosticadas com hemoglobinopatias pelo Programa
referência e contrarreferência do portador de hipertensão Nacional de Triagem Neonatal - PNTN, recebendo os
arterial, de diabetes mellitus e de doenças renais; pacientes e integrando-os na rede de assistência do Sistema
III - Alta Complexidade: garantir o acesso e assegurar a Único de Saúde - SUS a partir, prioritariamente, da
qualidade do processo de diálise visando alcançar impacto Hemorrede Pública e provendo assistência às pessoas com
positivo na sobrevida, na morbidade e na qualidade de vida e diagnóstico tardio de Doença Falciforme e outras
garantir equidade na entrada em lista de espera para Hemoglobinopatias, com a criação de um cadastro nacional
transplante renal; de doentes falciformes e outras hemoglobinopatias;
IV - plano de Prevenção e Tratamento das Doenças II - promoção e garantia da integralidade da atenção, por
Renais, que deve fazer parte integrante dos Planos intermédio do atendimento realizado por equipe
Municipais de Saúde e dos Planos de Desenvolvimento multidisciplinar, estabelecendo interfaces entre as diferentes
Regionais dos Estados e do Distrito Federal; áreas técnicas do Ministério da Saúde, visando à articulação
V - regulamentação suplementar e complementar por das demais ações que extrapolam a competência da
parte dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com Hemorrede;
o objetivo de regular a atenção ao portador de doença renal; III - instituição de uma política de capacitação de todos os
VI - a regulação, a fiscalização, o controle e a avaliação atores envolvidos que promova a educação permanente;
de ações de atenção ao portador de doença renal serão de IV - promoção do acesso à informação e ao
competência das três esferas de governo; aconselhamento genético aos familiares e às pessoas com a
VII - sistema de informação que possa oferecer ao gestor doença ou o traço falciforme;
subsídios para tomada de decisão para o processo de V - promoção da integração da Política Nacional de
planejamento, regulação, fiscalização, controle e avaliação e Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras
promover a disseminação da informação; Hemoglobinopatias com o Programa Nacional de Triagem
VIII - protocolos de conduta em todos os níveis de Neonatal, visando à implementação da fase II deste último e a
atenção que permitam o aprimoramento da atenção, atenção integral às pessoas com doença falciforme e outras
regulação, fiscalização, controle e avaliação; hemoglobinopatias;
IX - capacitação e educação permanente das equipes de VI - promoção da garantia de acesso aos medicamentos
essenciais, conforme protocolo, imunobiológicos especiais e
saúde de todos os âmbitos da atenção, a partir de um
insumos, como Filtro de Leucócitos e Bombas de Infusão; e
enfoque estratégico promocional, envolvendo os profissionais
VII - incentivo à pesquisa, com o objetivo de melhorar a
de nível superior e os de nível técnico, em acordo com as
qualidade de vida das pessoas com Doença Falciforme e
diretrizes do SUS e alicerçada nos polos de educação
outras Hemoglobinopatias.
permanente em saúde; e
Parágrafo único. As diretrizes de que trata este artigo
X - acesso aos medicamentos da assistência
apoiam-se na promoção, na prevenção, no diagnóstico
farmacêutica básica e aos medicamentos excepcionais,
precoce, no tratamento e na reabilitação de agravos à saúde,
previstos em portaria do Ministério da Saúde, disponibilizados
articulando as áreas técnicas cujas ações têm interface com o
pelo SUS.
atendimento hematológico e hemoterápico.
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Art. 188. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar Operacional da Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/2002,
todas as providências necessárias à implementação da prevista na Seção I do Capítulo I deste Regulamento, deverão
Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com adotar as providências necessárias à implantação das Redes
Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias. Estaduais e/ou Regionais de Atenção em Alta Complexidade
Cardiovascular, bem como a organização, habilitação,
Subseção VI credenciamento e integração das Unidades de Assistência
Da Saúde das Pessoas em Alta Complexidade Cardiovascular e dos Centros de
Portadoras de Distrofia Muscular Progressiva Referência em Alta Complexidade Cardiovascular que
Art. 189. O Programa de Assistência Ventilatória Não- comporão essas Redes.
Invasiva a Pacientes Portadores de Distrofia Muscular Art. 195. A Câmara Técnica, subordinada à Secretaria de
Progressiva, instituído no âmbito do SUS, obedecerá ao Atenção à Saúde, tem como objetivo o acompanhamento da
disposto neste Regulamento. implantação e implementação da Política Nacional de
Parágrafo único. As Secretarias de Saúde dos Estados, Atenção Cardiovascular de Alta Complexidade.
do Distrito Federal e dos Municípios em Gestão Plena do Art. 196. Deverão ser adotados os seguintes instrumentos
Sistema Municipal, deverão adotar as medidas seguintes de gestão:
necessárias: I - avaliação da qualidade das Unidades cadastradas e
I - ao cadastramento dos pacientes portadores de das Normas de Acompanhamento de Procedimentos de Alta
Distrofia Muscular Progressiva nos respectivos âmbitos de Complexidade; e
atuação; II - formulários de registros de preenchimento obrigatório:
II - à identificação daqueles pacientes em que a utilização "Registro Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular", "Registro
de ventilação nasal intermitente de pressão positiva esteja Brasileiro de Marcapasso, Desfibrilador e Ressincronizador
indicada; e Cardíacos", "Registro Brasileiro de Cirurgia Vascular",
III - ao cadastramento de serviços de saúde aptos a "Registro Brasileiro de Procedimentos de Cardiologia
realizar a manutenção e o acompanhamento domiciliar Intervencionista", "Registro Brasileiro de Procedimentos
desses pacientes e à viabilização desse tipo de assistência. Endovasculares Extracardíacos" e "Registro Brasileiro de
Art. 190. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá Procedimentos em Eletrofisiologia".
estabelecer os critérios técnicos de implantação do Programa Art. 197. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar
e deverá adotar as medidas necessárias ao fiel cumprimento as medidas necessárias à implantação da Política Nacional
do disposto neste Regulamento. de Atenção Cardiovascular de Alta Complexidade.
Art. 198. O quantitativo mínimo de procedimentos
Subseção VII regulamentados pela Secretaria de Atenção à Saúde, quando
Da Política Nacional de devidamente autorizados, deverá ter sua realização e
Atenção Cardiovascular em Alta Complexidade pagamento garantidos, com vistas à manutenção da
Art. 191. A Política Nacional de Atenção Cardiovascular qualidade do serviço.
de Alta Complexidade será organizada e implementada por
meio de Redes Estaduais e/ou Regionais de Atenção em Alta
Complexidade Cardiovascular, que serão compostas por Subseção VIII
serviços de assistência de Alta Complexidade Cardiovascular, Da Política Nacional de Atenção Oncológica
situados em Unidades de Assistência em Alta Complexidade Art. 199. A Política Nacional de Atenção Oncológica, que
Cardiovascular e Centros de Referência em Alta abrange a promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento,
Complexidade Cardiovascular, no território nacional. reabilitação e cuidados paliativos, deverá ser implantada em
Art. 192. As Secretarias de Estado da Saúde deverão todas as unidades federadas, respeitadas as competências
estabelecer um planejamento regional hierarquizado para das três esferas de gestão.
formar a Rede Estadual e/ou Regional de Atenção em Alta Art. 200. A Política Nacional de Atenção Oncológica
Complexidade Cardiovascular, com a finalidade de prestar deverá ser organizada de forma articulada com o Ministério
assistência aos portadores de doenças do sistema da Saúde e com as Secretarias de Saúde dos Estados e dos
cardiovascular que necessitem ser submetidos aos Municípios, permitindo:
procedimentos classificados como de Alta Complexidade. I - desenvolver estratégias coerentes com a Política
Parágrafo único. A Rede de Atenção em Alta Nacional de Promoção da Saúde voltadas para a identificação
Complexidade Cardiovascular será composta por: dos determinantes e condicionantes das principais neoplasias
I - Unidades de Assistência em Alta Complexidade malignas e orientadas para o desenvolvimento de ações
Cardiovascular; e intersetoriais de responsabilidade pública e da sociedade civil
II - Centros de Referência em Alta Complexidade que promovam a qualidade de vida e saúde, capazes de
Cardiovascular. prevenir fatores de risco, reduzir danos e proteger a vida de
Art. 193. As Unidades de Assistência em Alta forma a
Complexidade Cardiovascular e os Centros de Referência em II - organizar uma linha de cuidados que perpasse todos
Alta Complexidade Cardiovascular deverão oferecer os níveis de atenção - atenção básica e atenção
condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e especializada de média e alta complexidades e de
recursos humanos adequados à prestação de assistência atendimento - promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento,
especializada a portadores de patologias cardiovasculares e reabilitação e cuidados paliativos;
desenvolver forte articulação e integração com o sistema local
III - constituir Redes Estaduais ou Regionais de Atenção
e regional de atenção à saúde, incluindo, na sua solicitação
de credenciamento, os critérios da Política Nacional de Oncológica, formalizadas nos Planos Estaduais de Saúde,
Humanização. organizadas em níveis hierarquizados, com estabelecimento
Parágrafo único. As atribuições dos serviços de de fluxos de referência e contrarreferência, garantindo acesso
assistência de Alta Complexidade Cardiovascular situados em e atendimento integral;
Unidades de Assistência em Alta Complexidade IV - definir critérios técnicos adequados para o
Cardiovascular e nos Centros de Referência em Alta funcionamento e avaliação dos serviços públicos e privados
Complexidade Cardiovascular serão regulamentadas pela que atuam nos diversos níveis da atenção oncológica, bem
Secretaria de Atenção à Saúde em ato normativo específico. como os mecanismos de sua monitoração;
Art. 194. As Secretarias de Estado de Saúde e as V - ampliar a cobertura do atendimento aos doentes de
Secretarias Municipais de Saúde em Gestão Plena do câncer, garantindo a universalidade, a equidade, a
Sistema, de acordo com as respectivas condições de gestão
integralidade, o controle social e o acesso à assistência
e a divisão de responsabilidades definida na Norma
oncológica;
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VI - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos auxiliar, de caráter técnico, ao gestor do SUS nas políticas de
de incorporação tecnológica, mediante estudos de custo- atenção oncológica;
efetividade, eficácia e qualidade e avaliação tecnológica da VII - Plano de Controle do Tabagismo e outros Fatores de
atenção oncológica no Brasil; Risco do Câncer do Colo do Útero e da Mama: parte
VII - contribuir para o desenvolvimento de processos e integrante dos Planos Municipais e Estaduais de Saúde;
métodos de coleta, análise e organização dos resultados das VIII - regulamentação suplementar e complementar por
ações decorrentes da Política Nacional de Atenção parte dos Estados e dos Municípios, com o objetivo de regular
Oncológica, permitindo o aprimoramento da gestão e a a Atenção Oncológica;
disseminação das informações; IX - regulação, fiscalização, controle e avaliação das
VIII - promover intercâmbio com outros subsistemas de ações da Atenção Oncológica de competência das três
informações setoriais, implementando e aperfeiçoando esferas de governo;
permanentemente a produção de dados e a democratização X - sistema de informação que possa oferecer ao gestor
das informações com a perspectiva de usá-las para alimentar subsídios para tomada de decisão no processo de
estratégias promocionais da saúde; planejamento, regulação,
IX - qualificar a assistência e promover a educação XI - diretrizes nacionais para a atenção oncológica em
permanente dos profissionais de saúde envolvidos com a todos os níveis de atenção, que permitam o aprimoramento
implantação e a implementação da Política de Atenção da atenção, regulação, avaliação e controle;
Oncológica, em acordo com os princípios da integralidade e XII - avaliação tecnológica: oferecimento de subsídios
da humanização; para tomada de decisão no processo de incorporação de
X - fomentar a formação e a especialização de recursos novas tecnologias, articulando as diversas esferas do
humanos para a rede de atenção oncológica; e Ministério da Saúde;
XI - incentivar a pesquisa na atenção oncológica, de XIII - educação permanente e capacitação das equipes de
acordo com os objetivos da Política Nacional de Ciência e saúde em todos os âmbitos da atenção, considerando o
Tecnologia em Saúde. enfoque estratégico da promoção e envolvendo todos os
Art. 201. A Política Nacional de Atenção Oncológica profissionais de nível superior e os de nível técnico, de acordo
deverá ser constituída a partir dos seguintes componentes com as diretrizes do SUS e alicerçada nos Polos de
fundamentais: Educação Permanente em Saúde; e
I - promoção e vigilância em saúde: elaboração de XIV - pesquisa sobre o câncer: incentivo a pesquisas nas
políticas, estratégias e ações que ampliem os modos de viver diversas áreas da atenção oncológica.
mais favoráveis à saúde e à qualidade de vida e que superem Art. 202. O Instituto Nacional de Câncer será o Centro de
a fragmentação das ações de saúde, mediante articulação Referência de Alta Complexidade do Ministério da Saúde, em
intersetorial em busca de uma maior efetividade e eficiência; conformidade com a Portaria nº 2.123, de 7 de outubro de
II - ações de vigilância em saúde, em que se deverá: 2004, do Ministério da Saúde, para auxiliar na formulação e
a) utilizar estratégias para estimular a alimentação na execução da Política Nacional de Atenção Oncológica.
saudável e a prática da atividade física em consonância com Art. 203. A Secretaria de Atenção à Saúde, isoladamente
a Estratégia Global proposta pela Organização Mundial da ou em conjunto com outras Secretarias do Ministério da
Saúde; Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do
b) proporcionar a redução e o controle de fatores de risco Ministério da Saúde, deverão adotar todas as providências
para as neoplasias, como o tabagismo; necessárias à plena estruturação da Política Nacional de
c) desencadear ações que propiciem a preservação do Atenção Oncológica.
meio ambiente e a promoção de entornos e ambientes mais
seguros e saudáveis, incluindo o ambiente de trabalho dos Subseção IX
cidadãos e coletividades; Dos Serviços de Ortopedia,
d) implantar estratégias de vigilância e monitoramento Traumatologia e Reabilitação Pós-Operatória
dos fatores de risco e da morbimortalidade relativos ao câncer Art. 204. O Projeto de Estruturação e Qualificação dos
e às demais doenças e agravos não transmissíveis; Serviços Existentes de Ortopedia, Traumatologia e
e) desenvolver mecanismos e parâmetros de avaliação Reabilitação Pós-Operatória no Sistema Único de Saúde -
do impacto em curto, médio e longo prazos das ações e Projeto Suporte, obedecerá ao disposto neste Regulamento.
serviços prestados em todos os níveis da atenção à saúde; Parágrafo único. O objetivo do Projeto é promover a
III - atenção básica: realização, na Rede de Serviços estruturação de serviços de traumato-ortopedia e de
Básicos de Saúde - Unidade Básicas de Saúde e Equipes da reabilitação pós-operatória, por meio do apoio técnico e
Saúde da Família, de ações de caráter individual e coletivo, financeiro às Secretarias Estaduais e às Municipais de Saúde
voltadas à promoção da saúde e à prevenção do câncer, bem na implantação e implementação de serviços de ortopedia,
como ao diagnóstico precoce e ao apoio à terapêutica de traumatologia e reabilitação pós-operatória de média e alta
tumores, aos cuidados paliativos e às ações clínicas para o complexidade, prioritariamente nas regiões com baixa
seguimento de doentes tratados; capacidade de oferta e de produção nas referidas
IV - média complexidade: assistência diagnóstica e especialidades.
terapêutica especializada, inclusive cuidados paliativos, Art. 205. As ações necessárias à implementação do
garantida a partir do processo de referência e Projeto de Estruturação e Qualificação dos Serviços
contrarreferência dos pacientes, ações essas que devem ser Existentes de Ortopedia, Traumatologia e Reabilitação Pós-
organizadas segundo o planejamento de cada unidade Operatória deverão ser desenvolvidas, de forma integrada e
federada e os princípios e diretrizes de universalidade, pactuada, entre os gestores do Sistema Único de Saúde -
equidade, regionalização, hierarquização e integralidade da SUS.
atenção à saúde; Art. 206. As parcerias entre o Ministério da Saúde e as
V - alta complexidade: garantia do acesso dos doentes Secretarias Estaduais e as Municipais de Saúde deverão ser
com diagnóstico clínico ou com diagnóstico definitivo de firmadas por instrumento jurídico específico.
câncer a esse nível de atenção, determinando a extensão da Art. 207. Caberá ao Ministério da Saúde, representado
neoplasia (estadiamento), tratando, cuidando e assegurando pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia - INTO,
na medida das disponibilidades materiais e financeiro-
qualidade de acordo com rotinas e condutas estabelecidas,
orçamentária, a assessoria e execução do Projeto SUPORTE
assistência essa que se dará por meio de Unidades de
para:
Assistência de Alta Complexidade em Oncologia e Centros de
I - apoiar a organização da rede de atenção em traumato-
Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON);
ortopedia e a reabilitação de forma hierarquizada,
VI - Centros de Referência de Alta Complexidade em
contemplando os três níveis de atenção, e fomentar a sua
Oncologia: CACONs designados para exercer o papel
estruturação, de acordo com os princípios do SUS;
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- SAÚDE PÚBLICA -
II - elaborar protocolos operacionais de referência e para os profissionais do INTO, no prazo máximo de 15
contrarreferência e protocolos técnicos de procedimentos; (quinze) dias, após a realização dos procedimentos
III - realizar diagnóstico da oferta de serviços, que inclui cirúrgicos;
instalações físicas, equipamentos e profissionais de saúde; IX - selecionar, indicar e garantir a participação dos
IV - realizar diagnóstico da demanda e dos serviços profissionais de saúde que atuam nas áreas de traumato-
prestados, a partir da avaliação da fila de Tratamento Fora do ortopedia, anestesiologia, terapia intensiva, reabilitação pós-
Domicílio - TFD, dos dados disponíveis na Central Nacional operatória e enfermagem ortopédica nos programas de
de Regulação de Alta Complexidade - CNRAC e de outros educação permanente tanto na região como no INTO,
instrumentos congêneres, bem como da produção conforme cronograma estabelecido;
ambulatorial e hospitalar registrada no SIA/SUS e no X - garantir o deslocamento e a hospedagem dos
SIH/SUS; profissionais da região para os eventos de educação
V - apoiar financeiramente a estruturação dos serviços de permanente, conforme o cronograma estabelecido; e
traumato-ortopedia e de reabilitação pós-operatória, na XI - garantir os recursos logísticos na região para a
aquisição de equipamentos hospitalares, que serão realização dos eventos teóricos, tais como auditório, recursos
disponibilizados aos Estados e aos Municípios por meio de audiovisuais e outros.
instrumento jurídico próprio; Art. 210. As Secretarias Estaduais de Saúde e as
VI - apoiar a realização de procedimentos cirúrgicos em Secretarias Municipais de Saúde deverão apresentar à
traumato-ortopedia, preferencialmente em alta complexidade, Secretaria de Atenção à Saúde as necessidades quanto à
disponibilizando equipe multiprofissional, por períodos não estruturação de serviços de traumato-ortopedia e reabilitação
superiores a sete dias consecutivos, e insumos pós-operatória, de acordo com o art. 204 deste Regulamento,
especializados; acompanhadas de parecer favorável da Comissão
VII - deslocar a equipe e viabilizar o transporte dos Intergestores Bipartite.
materiais para realização dos procedimentos cirúrgicos do § 1º Serão priorizadas pela Secretaria de Atenção à
inciso V; Saúde as demandas para a realização das ações de caráter
VIII - promover a educação permanente durante a estrutural, organizativo e operacional provenientes dos
realização dos procedimentos cirúrgicos em traumato- Estados que compõem a Amazônia Legal.
ortopedia por meio de cursos teórico-práticos; § 2º As solicitações das demais regiões serão analisadas
IX - realizar assessoria a distância, via Internet, para pela Secretaria de Atenção à Saúde de acordo com
avaliação de casos clínicos; prioridades e disponibilidade orçamentária e financeira.
X - promover a educação permanente a distância, por Art. 211. Os recursos orçamentários para a estruturação
meio de videoconferência; desses serviços deverão correr por conta do Programa de
XI - assessorar a implantação de programas de Trabalho: 10.846.1216.0832 - Apoio à Estruturação de
residência médica em traumato-ortopedia e residência em Unidades de Atenção Especializada em Saúde.
enfermagem ortopédica das unidades da região; Art. 212. A Política Nacional de Atenção de Alta
XII - assessorar os programas de residência médica em Complexidade em Traumato-Ortopedia obedecerá ao
traumato-ortopedia e de especialização em enfermagem disposto neste Regulamento.
ortopédica das unidades da região; Art. 213. As Secretarias de Estado da Saúde deverão
XIII - disponibilizar bolsas para programas em conjunto de estabelecer um planejamento para formar uma rede
residência médica em traumato-ortopedia e de especialização hierarquizada, estadual ou regional, de atenção em alta
em enfermagem ortopédica; e complexidade em traumato-ortopedia, com a finalidade de
XIV - assessorar a padronização e aquisição de implantes prestar assistência a doentes com afecções do sistema
ortopédicos. musculoesquelético que necessitem ser submetidos aos
Art. 208. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá avaliar procedimentos classificados como de alta complexidade.
a execução da implementação dos serviços de que trata o § 1º A Rede de Atenção em Alta Complexidade em
parágrafo único do art. 204 deste Regulamento, por meio de Traumato-Ortopedia será composta por:
termos de compromisso e/ou convênios. I - Unidades de Assistência de Alta Complexidade em
Art. 209. Deverão constar dos termos de compromissos Traumato-Ortopedia; e
e/ou convênios, quando da adesão, que caberá às II - Centros de Referência de Alta Complexidade em
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde: Traumato-Ortopedia.
I - garantir o acesso às informações para realização dos § 2º As Unidades de Assistência de Alta Complexidade
diagnósticos de oferta e de demanda; em Traumato-Ortopedia e os Centros de Referência de Alta
II - implementar, quando necessário, instrumentos de Complexidade em Traumato-Ortopedia deverão:
registro e de sistematização de informações; I - oferecer condições técnicas, instalações físicas,
III - garantir a adequação da área física para implantação equipamentos e recursos humanos adequados à prestação
dos serviços de média e alta complexidade em traumato-
de assistência especializada a doentes de afecções do
ortopedia, de acordo com a normalização vigente;
IV - garantir a manutenção e o funcionamento dos sistema músculo-esquelético;
equipamentos hospitalares de que trata o inciso IV do art. 208 II - desenvolver articulação e integração com o sistema
deste Regulamento; local e regional de atenção à saúde; e
V - garantir quantitativo suficiente de profissionais de III - respeitar os critérios determinados pela Política
saúde para o desenvolvimento das atividades dos serviços de Nacional de Humanização do SUS.
média e alta complexidade em traumato-ortopedia e § 3º As Unidades de Assistência de Alta Complexidade
reabilitação pós-operatória; de Traumato-Ortopedia e os Centros de Referência de Alta
VI - garantir os recursos logísticos na unidade para a Complexidade em Traumato-Ortopedia prestarão os serviços
realização de procedimentos cirúrgicos em traumato- de assistência por meio do respectivo Serviço de Assistência
ortopedia pela equipe do INTO, disponibilizando equipe de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia.
multiprofissional, salas de cirurgia, leitos hospitalares e de
Art. 214. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá
terapia intensiva, central de material e esterilização, Serviço
regulamentar os atributos necessários ao
de Apoio Diagnóstico Terapêutico - SADT, insumos e demais
recursos necessários à adequada consecução dos credenciamento/habilitação:
procedimentos supramencionados; I - das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em
VII - garantir hospedagem individual e alimentação no Traumato-Ortopedia; e
local de trabalho para a equipe do INTO; II - dos Centros de Referência de Alta Complexidade em
VIII - garantir o pagamento integral da ajuda de custo Traumato-Ortopedia.

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Art. 215. As Secretarias de Estado de Saúde e as Municípios, da implantação e implementação das ações e
Secretarias Municipais de Saúde, habilitadas em Gestão serviços relativos às Práticas Integrativas e Complementares.
Plena do Sistema Municipal, deverão adotar as providências Art. 222. Os órgãos e entidades do Ministério da Saúde,
necessárias ao processo de credenciamento das Unidades de cujas ações se relacionem com o tema da PNPIC, deverão
Assistência de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia e promover a elaboração ou a readequação de seus planos,
da habilitação dos Centros de Referência de Alta programas, projetos e atividades, na conformidade das
Complexidade em Traumato-Ortopedia. diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas.
§ 1º Caberá às Secretarias de Estado de Saúde a
indicação para a habilitação dos Centros de Referência de Subseção XII
Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia. Do Controle, da Regulação e da
§ 2º As ações desenvolvidas deverão estar de acordo Avaliação da Assistência à Saúde
com as respectivas condições de gestão e a divisão de Art. 223. O detalhamento das atribuições básicas
responsabilidades definida na Norma Operacional da inerentes a cada nível do governo no controle, regulação e
Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/2002, prevista na Seção avaliação da Assistência à Saúde no SUS, está aprovado nos
I do Capítulo I deste Regulamento. termos do Anexo XXVII a este Regulamento.
Art. 216. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá manter Parágrafo único. O detalhamento de que trata o caput
uma Câmara Técnica com o objetivo de acompanhar a deste artigo contempla as diretrizes fundamentais para a
implantação e implementação da Política Nacional de organização das funções de controle, regulação e avaliação,
Atenção de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia. visando o fortalecimento da gestão do SUS na medida em
Art. 217. Competirá à Secretaria de Atenção à Saúde a que amplia o seu campo de domínio sobre os fatores que
regulamentação dos seguintes instrumentos de gestão: determinam o acesso dos cidadãos aos serviços.
I - Guia de Boas Práticas na especialidade de traumato- Art. 224. Os Departamentos de Controle e Avaliação de
ortopedia, contendo recomendações de indicação e Sistemas e de Descentralização da Gestão da Assistência
contraindicação de procedimentos de traumato-ortopedia deverão apresentar estudos relativos à criação de incentivos
constantes da tabela do SUS; financeiros destinados à coparticipação do Ministério da
II - indicadores de qualidade para avaliação das unidades Saúde no aperfeiçoamento da capacidade gerencial e
credenciadas; e operacional dos gestores do SUS, em especial, para a
III - Registro Brasileiro de Cirurgia Traumato-Ortopédica reorganização das atividades de controle, regulação e
para prover a Autorização de Internação Hospitalar - AIH - de avaliação assistencial.
dados para rastreamento e avaliação futura de
procedimentos, tornando-o de preenchimento obrigatório. Subseção XIII
Art. 218. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar Da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade
as medidas necessárias à implantação do disposto neste Art. 225. A Central Nacional de Regulação de Alta
Regulamento acerca da Política Nacional de Atenção de Alta Complexidade - CNRAC, instituída no âmbito da Secretaria
Complexidade em Traumato-Ortopedia. de Atenção à Saúde, tem como objetivo a coordenação da
referência interestadual de pacientes que necessitem de
Subseção X assistência hospitalar de alta complexidade.
Do Programa de Promoção da Atividade Física Parágrafo único. Os procedimentos da modalidade de
Art. 219. O Programa de Promoção da Atividade Física assistência de que trata o caput deste artigo são os definidos
será coordenado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, na Portaria SAS/MS/Nº 526, de 16 de novembro de 2001, do
constante do Anexo XXV a este Regulamento. Ministério da Saúde, que estabelece lista de procedimentos
Parágrafo único. O Programa de que trata o caput deste considerados de alta complexidade hospitalar, nas áreas de
artigo tem por objetivos: cardiologia, oncologia, ortopedia e neurologia.
I - conferir maior sustentabilidade e efetividade às ações Art. 226. O Ministério da Saúde financiará os
de prevenção e controle de doenças crônicas não procedimentos objeto do art. 225 deste Regulamento com
transmissíveis; e recursos do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação -
II - articular, promover e implementar projetos de FAEC, por meio da Câmara Nacional de Compensação, não
atividades físicas moderadas, de caráter regular, voltados a sendo onerados os limites financeiros estabelecidos para os
populações de hábitos sedentários. Estados e os Municípios.
Art. 220. A implementação do Programa de Promoção da Parágrafo único. Os recursos utilizados por Estados e
Atividade Física dar-se-á por intermédio de parcerias entre Municípios na assistência hospitalar de alta complexidade a
gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde - pacientes de outros Estados serão mantidos nos tetos
SUS, centros acadêmicos, profissionais da saúde e de áreas estaduais, podendo ser remanejados pelas Comissões
afins, bem como de organizações da sociedade civil. Intergestores Bipartite dos Estados.
Art. 227. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar
Subseção XI as providências necessárias para a operacionalização da
Da Política Nacional de Práticas Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade.
Integrativas e Complementares
Art. 221. A Política Nacional de Práticas Integrativas e Subseção XIV
Complementares - PNPIC, instituída no âmbito do Sistema Da Programação Pactuada e
Único de Saúde, está aprovada nos termos do Anexo XXVI a Integrada da Assistência em Saúde
este Regulamento. Art. 228. A Programação Pactuada e Integrada da
§ 1º A Política de que trata o caput deste artigo refere-se Assistência em Saúde é um processo instituído no âmbito do
aos recursos terapêuticos de medicina tradicional e Sistema Único de Saúde em que, em consonância com o
complementar/alternativa, buscando estimular os processo de planejamento, são definidas e quantificadas as
mecanismos naturais de prevenção de agravos e ações de saúde para a população residente em cada
recuperação da saúde, contemplando, entre outras território, bem como efetuados os pactos intergestores para
modalidades: garantia de acesso da população aos serviços de saúde.
I - medicina tradicional chinesa (acupuntura); Parágrafo único. A Programação Pactuada e Integrada da
II - homeopatia; Assistência em Saúde tem por objetivo organizar a rede de
III - plantas medicinais; e serviços, dando transparência aos fluxos estabelecidos, e
IV - fitoterapia. definir, a partir de critérios e parâmetros pactuados, os limites
§ 2º A PNPIC, de caráter nacional, implica adoção, pelas financeiros destinados à assistência da população própria e
Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos das referências recebidas de outros Municípios.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 229. A Programação Pactuada e Integrada da organizadas por áreas estratégicas deve ser orientada pela
Assistência em Saúde deverá se orientar pelo Manual estrutura da Tabela de Procedimentos, com flexibilidade no
"Diretrizes para a Programação Pactuada e Integrada da seu nível de agregação, permitindo, inclusive, a programação
Assistência em Saúde", a ser disponibilizado pelo Ministério de procedimentos que não estão previstos na tabela;
da Saúde. c) a programação hospitalar deve ser orientada pelas
Art. 230. Os objetivos gerais do processo de clínicas de acordo com a distribuição de leitos do Cadastro
Programação Pactuada e Integrada da Assistência em Saúde Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES;
são: d) os procedimentos financiados pelo Fundo de Ações
I - buscar a equidade de acesso da população brasileira Estratégicas e Compensação - FAEC devem ser
às ações e aos serviços de saúde em todos os níveis de programados de acordo com as aberturas programáticas
complexidade; definidas, bem como as ações executadas pelos serviços
II - orientar a alocação dos recursos financeiros de financiados por valores globais;
custeio da assistência à saúde pela lógica de atendimento às III - Parâmetros para Programação de Ações de Saúde:
necessidades de saúde da população; a) a programação das ações de atenção básica e média
III - definir os limites financeiros federais para a complexidade ambulatorial serão orientadas a partir de
assistência de média e alta complexidade de todos os parâmetros de concentração e cobertura populacional,
Municípios, compostos por parcela destinada ao atendimento sugeridos pelo Ministério da Saúde, conforme portaria
da população do próprio Município em seu território e pela específica a ser publicada;
parcela correspondente à programação das referências b) a programação das ações de alta complexidade dar-
recebidas de outros Municípios; se-á conforme parâmetros já definidos para a estruturação
IV - possibilitar a visualização da parcela dos recursos das redes de serviços de alta complexidade;
federais, estaduais e municipais, destinados ao custeio de IV - Integração das Programações: os agravos de
ações de assistência à saúde; relevância para a Vigilância em Saúde serão incorporados
V - fornecer subsídios para os processos de regulação do nas áreas estratégicas previstas na PPI da Assistência,
acesso aos serviços de saúde; considerando as metas traçadas anualmente na PPI da
VI - contribuir na organização das redes de serviços de Vigilância em Saúde;
saúde; e V - Composição das Fontes de Recursos Financeiros a
VII - possibilitar a transparência dos pactos intergestores ser Programados: visualização da parcela dos recursos
resultantes do processo de Programação Pactuada e federais, estaduais e municipais, destinados ao custeio de
Integrada da Assistência e assegurar que estejam ações de assistência à saúde; e
explicitados no "Termo Compromisso para Garantia de VI - Processo de Programação e Relação Intergestores:
Acesso", conforme o Anexo XXVIII a este Regulamento; definição das seguintes etapas no processo de programação:
§ 1º O Termo de Compromisso para Garantia de Acesso, a) Etapa Preliminar de Programação;
de que trata o inciso VII deste artigo, é o documento que, com b) Programação Municipal;
base no processo de Programação Pactuada e Integrada, c) Pactuação Regional; e
deve conter as metas físicas e orçamentárias das ações a ser d) Consolidação da PPI Estadual.
ofertadas nos Municípios de referência, que assumem o § 1º Quando necessário, será realizada a programação
compromisso de atender aos encaminhamentos acordados interestadual, com a participação dos Estados e dos
entre os gestores para atendimento da população residente Municípios envolvidos, com mediação do gestor federal e
em outros Municípios. aprovação nas respectivas Comissões Intergestores Bipartite,
§ 2º O Termo de Compromisso para Garantia de Acesso mantendo consonância com o processo de construção da
entre Municípios de uma mesma unidade federada deve ser regionalização.
aprovado na respectiva Comissão Intergestores Bipartite - § 2º A programação de Estados, de Municípios e do
CIB. Distrito Federal deve estar refletida na programação dos
§ 3º O Termo de Compromisso para Garantia de Acesso estabelecimentos de saúde sob sua gestão.
interestadual deve ser aprovado nas Comissões Intergestores § 3º Os gestores estaduais e municipais devem ter
Bipartite dos Estados envolvidos. flexibilidade na definição de parâmetros e prioridades que irão
Art. 231. Os pressupostos gerais que deverão nortear a orientar a programação, respeitando as pactuações nas
Programação Pactuada e Integrada - PPI da Assistência são Comissões Intergestores Bipartite - CIB e na Comissão
os seguintes: Intergestores Tripartite - CIT;
I - integrar o processo geral de planejamento em saúde
Art. 233. A programação nas regiões de fronteiras
de cada Estado e Município, de forma ascendente, coerente
com os Planos de Saúde em cada esfera de gestão; internacionais deve respeitar o Sistema Integrado de Saúde
II - orientar-se pelo diagnóstico dos principais problemas nas Fronteiras - SIS Fronteiras, instituído pela Portaria nº
de saúde, como base para a definição das prioridades; 1.120/GM, de 6 de julho de 2005, do Ministério da Saúde.
III - ser coordenado pelo gestor estadual com seus Art. 234. A Programação Pactuada e Integrada deverá ser
métodos, processos e resultados aprovados pela Comissão realizada no mínimo a cada gestão estadual, respeitando as
Intergestores Bipartite - CIB, em cada unidade federada; e pactuações nas Comissões Intergestores Bipartite, e revisada
IV - estar em consonância com o processo de construção periodicamente, sempre que necessário, em decorrência de
da regionalização. alterações de fluxo no atendimento ao usuário, de oferta de
Art. 232. Os eixos orientadores do processo de serviços, na tabela de procedimentos, nos limites financeiros,
Programação Pactuada e Integrada - PPI da assistência são entre outras.
os seguintes:
Parágrafo único. No início da gestão municipal deve ser
I - Centralidade da Atenção Básica: a programação da
efetuada uma revisão da PPI estadual em face dos novos
assistência deve partir das ações básicas em saúde, para
compor o rol de ações de maior complexidade tecnológica, Planos Municipais de Saúde.
estabelecendo os patamares mínimos de demanda orientada Art. 235. Ao final do processo de Programação Pactuada
pelos problemas e estratégias da atenção básica, não apenas e Integrada da Assistência em Saúde, a Secretaria de Estado
na sua dimensão assistencial, como também na de promoção da Saúde e do Distrito Federal deverão encaminhar à
e prevenção; Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, a
II - Conformação das Aberturas Programáticas: seguinte documentação acompanhada de ofício devidamente
a) a programação da atenção básica e da média assinado pelos Coordenadores Estadual e Municipal da CIB:
complexidade ambulatorial deve partir de áreas estratégicas; I - cópia da Resolução CIB que aprova a nova
b) a programação das ações ambulatoriais que não estão programação;

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- SAÚDE PÚBLICA -
II - quadros com os Limites Financeiros da Assistência de Intergestores Bipartite, antes da vigência da publicação de
Média e Alta Complexidade, conforme o Anexo XXIX a este portaria da SAS/MS, serão de exclusiva responsabilidade do
Regulamento, devidamente assinados pelos Coordenadores gestor do SUS que as adotar.
Estadual e Municipal da CIB; § 5º Nas situações em que não houver acordo na
III - quadro síntese dos critérios e parâmetros adotados; e Comissão Intergestores Bipartite, vale o disposto no
IV - memória dos pactos municipais realizados com regulamento do Pacto de Gestão, previsto na Subseção I da
explicitação das metas físicas e financeiras. Seção I deste Regulamento.
§ 1º As Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Art. 240. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar
Federal podem dispor de instrumentos próprios de as medidas necessárias à publicação dos Parâmetros para
programação, respeitando os padrões estabelecidos por este Programação de Ações de Assistência à Saúde.
Regulamento.
§ 2º O disposto nos incisos III e IV deste artigo pode ser Seção III
substituído pelo envio da base do sistema informatizado do Da Assistência Farmacêutica Subseção I
Ministério da Saúde aos Estados que optarem pela sua Da Política Nacional de Medicamentos
utilização. Art. 241. A Política Nacional de Medicamentos está
Art. 236. Alterações periódicas nos Limites Financeiros aprovada na forma do Anexo XXX a este Regulamento.
dos Recursos Assistenciais para Média e Alta Complexidade Art. 242. Os órgãos e entidades do Ministério da Saúde,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, cujas ações se relacionem com o tema objeto da Política
decorrentes de revisões na PPI, deverão ser aprovadas pelas Nacional de Medicamento, deverão promover a elaboração
respectivas Comissões Intergestores Bipartite e ou a readequação de seus planos, programas, projetos e
encaminhadas à Secretaria de Atenção à Saúde, pela atividades na conformidade das diretrizes, prioridades e
Secretaria de Estado da Saúde e do Distrito Federal, responsabilidades nela estabelecidas.
mediante ofício, devidamente assinadas pelos
Coordenadores Estadual e Municipal da CIB, acompanhadas
da seguinte documentação: Subseção II
I - cópia da Resolução da CIB que altera o(s) limite(s) Do Programa Farmácia Popular do Brasil
financeiro(s), justificando e explicitando os valores anuais do Art. 243. A expansão do Programa "Farmácia Popular do
Estado e dos Municípios envolvidos; e Brasil" consistirá no pagamento pelo Ministério da Saúde de
II - quadros com os Limites Financeiros da Assistência de porcentual do Valor de Referência - VR, por Unidade
Média e Alta Complexidade, conforme o Anexo XXIX a este Farmacotécnica - UF, do princípio ativo de medicamentos,
Regulamento, devidamente assinados pelos Coordenadores para dispensação diretamente no comércio farmacêutico,
Estadual e Municipal da CIB. mediante complementação, pelo paciente, da diferença para
Art. 237. Os documentos discriminados nos incisos dos o preço de venda da correspondente apresentação que lhe foi
arts. 235 e 236 desse Regulamento deverão ser postados à prescrita ou do genérico equivalente.
Secretaria de Atenção à Saúde, até o dia 25 do mês anterior Art. 244. O objetivo do Programa, na promoção da
à competência em que vigorará o novo limite financeiro de assistência terapêutica integral, é o de favorecer a aquisição
Média e Alta Complexidade - MAC. de medicamentos indicados para tratamento de doenças com
Parágrafo único. Os quadros referentes ao Anexo XXIX a maior prevalência na população ou destinados a ações de
este Regulamento também deverão ser encaminhados em saúde de amplo impacto social, com redução de seu custo
meio magnético à Secretaria de Atenção à Saúde,
para os usuários.
Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de
Sistemas, por meio do endereço eletrônico § 1º Cada princípio ativo, sua concentração, sua
ppiassistencial@saude.gov.br, até o dia 25 do mês anterior à indicação, e seu VR por UF, a respectiva metodologia de
competência em que vigorará o novo limite financeiro MAC. cálculo e o correspondente porcentual que será suportado
Art. 238. São da competência da Secretaria de Atenção à pelo Ministério da Saúde constam do Anexo XXXI a este
Saúde, por intermédio do Departamento de Regulação, Regulamento.
Avaliação e Controle de Sistemas, a conferência e a § 2º Quaisquer dados do Anexo XXXI a este
validação da documentação encaminhada pelos Estados e o Regulamento poderão ser modificados unilateralmente pelo
Distrito Federal, bem como a devida orientação às Ministério da Saúde, sem afetar a forma de fixação do preço
Secretarias Estaduais quanto ao seu correto preenchimento. de venda do medicamento, prevista em lei.
Art. 239. As alterações de limites financeiros, cumpridos § 3º Nas apresentações com preço de venda inferior ao
os trâmites e prazos estabelecidos neste Regulamento,
VR do princípio ativo, o Ministério da Saúde contribuirá com o
entram em vigor a partir da competência subsequente ao
mesmo porcentual encontrado pela aplicação do critério para
envio da documentação pela CIB, por intermédio de portaria
da Secretaria de Atenção à Saúde. calculá-lo, descrito neste Regulamento.
§ 1º Quando ocorrerem erros no preenchimento da § 4º A alternativa oferecida à conveniência do paciente
documentação, o Departamento de Regulação, Avaliação e não prejudica a obtenção do medicamento na rede pública de
Controle de Sistemas deverá comunicar à CIB, viabilizando assistência à saúde, onde será dispensado gratuitamente.
um prazo para regularização pela SES, não superior a cinco Art. 245. O paciente deverá apresentar, obrigatoriamente,
dias úteis, objetivando que a vigência da publicação não seja ao estabelecimento farmacêutico habilitado no Programa,
prejudicada. documento que comprove o número de sua inscrição no
§ 2º Não serão realizadas alterações de limites Cadastro de Pessoas Físicas - CPF, expedido pela Secretaria
financeiros, com efeitos retroativos em relação ao prazo da Receita Federal do Ministério da Fazenda - SRF.
estabelecido no art. 10, excetuando os casos excepcionais, Art. 246. A dispensação somente poderá ocorrer
devidamente justificados.
mediante apresentação de receita, de que conste,
§ 3º Os casos excepcionais deverão ser enviados à
Secretaria de Atenção à Saúde - SAS/MS, com as devidas claramente, o número da inscrição do médico assistente no
justificativas pela CIB Estadual e estarão condicionados à Conselho Regional de Medicina - CRM.
aprovação do Secretário de Atenção à Saúde, para posterior § 1º As prescrições terão validade de, no máximo, 180
processamento pelo Departamento de Regulação, Avaliação (cento e oitenta) dias, exceto para anticoncepcionais, que
e Controle de Sistemas. poderá abranger o período de 1 (um) ano.
§ 4º As mudanças operacionais/gerenciais, em relação § 2º A dispensação do medicamento deverá corresponder
aos limites financeiros, adotadas por Secretarias Estaduais à posologia mensal compatível com os consensos de
e/ou Municipais de Saúde ou ainda por Comissões tratamento dos casos para que é indicado.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 247. Recebido o pedido de compra, na conformidade § 2º Recebido o RTA, a SCTIE procederá à sua autuação
das instruções constantes do Anexo XXXII a este e conferirá as informações prestadas pelo estabelecimento
Regulamento e satisfeitas as condições estabelecidas pelo com as constantes de banco de dados, em que possa
Ministério da Saúde, o Departamento de Informática do confirmá-las.
Sistema Único de Saúde - DATASUS processará, por meio § 3º Verificada a correção das informações prestadas, o
eletrônico, a Autorização de Dispensação de Medicamento - processo será encaminhado ao DATASUS para cadastrar o
ADM, em tempo real. estabelecimento no Programa, com indicação do número
§ 1º O DATASUS organizará, para uso da Secretaria de correspondente no processo, que devolverá à SCTIE.
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos - SCTIE, § 4º Satisfeitas as exigências do art. 248, a SCTIE
responsável pela execução do Programa, cadastro atualizado deferirá a participação do estabelecimento no Programa, por
das apresentações dos medicamentos à base dos princípios despacho no processo, com vias destinadas:
ativos relacionados no Regulamento. I - à publicação;
§ 2º O cadastro será feito pelo código de barras - EAN da II - ao DATASUS, para, a partir de então, processar a
embalagem do medicamento, transmitido pelos fabricantes à dispensação de medicamentos no estabelecimento, nos
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que disponibilizará termos deste Regulamento; e
as informações ao DATASUS. III - ao estabelecimento, que, desde logo, passa a integrar
Art. 248. O cupom vinculado emitido pelo emissor de o Programa e a que se informará então o número de seu
cupom fiscal de cada dispensação deverá conter espaço para cadastro.
a assinatura do paciente a quem se entregará uma via, retida § 5º O RTA terá validade até 31 de dezembro do ano em
a outra pelo estabelecimento. que for firmado e a sua renovação, por iniciativa do
Parágrafo único. Os estabelecimentos habilitados no estabelecimento, deverá ser encaminhada à SCTIE com
Programa deverão manter por 5 (cinco) anos as vias retidas antecedência mínima de 30 (trinta) dias, para vigorar
do cupom vinculado, arquivadas em ordem cronológica de imediatamente após aquela data.
emissão, à disposição dos sistemas de controles instituídos, § 6º A qualquer tempo, o estabelecimento poderá
especialmente do Departamento Nacional de Auditoria do requerer a sua exclusão do Programa, que se efetivará no
Sistema Único de Saúde - DENASUS. prazo máximo de 30 (trinta) dias, observado o procedimento
Art. 249. Os estabelecimentos de comércio farmacêutico, estabelecido no § 3º deste artigo.
compreendidas as firmas individuais ou as empresas de rede Art. 251. O RTA, o subsequente despacho de habilitação
de farmácias ou drogarias, para participar do Programa, e a ADM configuram a relação contratual que assim se
deverão satisfazer os seguintes requisitos, conforme o caso: estabelece entre o Ministério da Saúde e o estabelecimento,
I - inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - na forma do art. 62 da Lei nº 8.666, de 1993, e respectivo §
CNPJ, da SRF; 4º, pela qual será regida.
II - autorização de funcionamento, emitida pela Agência Art. 252. Cumprido o disposto no § 4º do art. 250, o
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, ativa e válida, nos processo será remetido ao Fundo Nacional de Saúde, para
termos da Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 238, de emissão de empenho por estimativa em nome do
27 de dezembro de 2001, ou licença de funcionamento estabelecimento, e para abertura de conta bancária em seu
expedida pelo órgão de vigilância sanitária local ou regional; nome, vinculada ao Programa, de acordo com os dados
III - farmacêutico responsável, inscrito no Conselho previstos na ficha de cadastro constante deste Regulamento.
Regional de Farmácia - CRF, com o encargo de, além de Parágrafo único. O empenho da despesa será efetuado
suas atribuições legais, administrar, ali, as transações do na dotação prevista na Lei do Orçamento Geral da União, por
Programa, além de receber queixas ou reclamações e conta do Programa de Trabalho 10.303.1293.8415 -
estabelecer a interlocução com o Ministério da Saúde; Manutenção e Funcionamento das Farmácias Populares.
IV - registro na Junta Comercial; Art. 253. O DATASUS, até o 5º (quinto) dia após o mês
V - equipamento eletrônico, habilitado a emitir cupom vencido, emitirá relatório das compras processadas, por
fiscal e vinculado, para processar as dispensações, segundo estabelecimento habilitado ou, no caso de rede de farmácias
o sistema estabelecido neste Regulamento; e drogarias, como preferir a matriz, com indicação precisa do
VI - situação de regularidade com a Previdência Social; valor imputado ao Programa.
VII - pessoal treinado para atuar no Programa, de acordo Parágrafo único. O relatório será encaminhado à SCTIE
com as normas e procedimentos estabelecidos; e para atestar a realização das compras processadas, assim
VIII - preço do medicamento não superior ao autorizado liquidadas, e, em seguida, remetê-lo ao Fundo Nacional de
pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos do Saúde, que procederá ao seu pagamento até o 10º (décimo)
Ministério da Saúde - CMED. dia após o mês de competência, observadas as normas de
§ 1º Ressalvado o disposto no inciso VI deste artigo, é Administração Financeira.
dispensável, para a habilitação, a satisfação das exigências Art. 254. As ADMs serão verificadas sistematicamente
previstas nos arts. 28 a 31 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de pela SCTIE, segundo os dados processados pelo DATASUS
1993, por força do disposto em seu art. 32, § 1º para identificação de situações sugestivas de irregularidades.
§ 2º O acesso ao sítio do Programa, no meio eletrônico, e § 1º O DATASUS manterá à disposição dos sistemas de
a efetuação de todas as transações, que estabelece, ocorrerá controle instituídos, especialmente do DENASUS e da SCTIE,
mediante senha para uso do responsável indicado pelo as transações efetuadas, com todos os dados relativos a
estabelecimento, de conformidade com as instruções cada ADM, na forma do item 14 do Anexo XXXII.
constantes neste Regulamento. § 2º Diante de indícios de irregularidade, a SCTIE, de
Art. 250. No Programa, o estabelecimento interessado ofício ou por provocação procedente dos sistemas de
deverá encaminhar à SCTIE, na forma do Anexo XXXIII a controle, suspenderá preventivamente a habilitação
este Regulamento, Requerimento e Termo de Adesão - RTA, concedida ao estabelecimento, assim como os pagamentos
subscrito pelo proprietário, dirigente ou mandatário com que lhe são devidos, e solicitará ao DENAUS a apuração dos
poderes bastantes para firmá-lo, acompanhado de ficha de fatos.
cadastro e dos documentos comprobatórios da satisfação dos § 3º Confirmada a irregularidade, a SCTIE notificará o
estabelecimento para, no prazo de 30 (trinta) dias, apresentar
requisitos estabelecidos nos incisos II e III, exceto a
defesa e recolher os valores que tiverem sido impugnados.
autorização de funcionamento emitida pela ANVISA.
§ 4º Rejeitada a defesa, a habilitação será definitivamente
§ 1º A ficha de cadastro deverá conter os dados sobre os
cancelada, sem prejuízo da imposição ao estabelecimento,
requisitos previstos para habilitação ao Programa, mas não
quando for o caso, da penalidade cabível dentre as previstas
será necessário juntar, ressalvados os exigidos no caput
no art. 87 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, além da
deste artigo, os comprovantes correspondentes, que poderão
instauração de tomada de conta especial, se o valor do débito
ser exigidos a qualquer tempo.
apurado não tiver sido recolhido no prazo fixado.
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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 255. As farmácias e drogarias habilitadas devem, unidades vinculadas ao Programa;
obrigatoriamente, exibir em seus estabelecimentos peças II - coordenar as ações de formação e capacitação de
disponibilizadas pelo Ministério da Saúde para visualização recursos humanos para o desenvolvimento das atividades;
pelos pacientes, que identifiquem o Programa, indicadas a III - coordenar as ações de atenção e de informação ao
seguir: usuário, aos profissionais de saúde e aos parceiros;
I - adesivo externo, para vidro ou parede; IV - promover a avaliação permanente da lista de
II - display de balcão, cuja identificação se dará na própria produtos e serviços disponibilizados; e
peça, acompanhada de folders explicativos do Programa; e V - coordenar a elaboração de manuais e procedimentos
III - móbile de teto ou banner, que pode ser afixado em operacionais referentes a todas as atividades técnicas e às
qualquer local da farmácia. ações desenvolvidas nas farmácias.
Art. 256. Os casos omissos e as questões suscitadas Art. 264. À Gerência Administrativa do Programa
pelos estabelecimentos habilitados serão resolvidos pelo Farmácia Popular do Brasil, compete:
titular da SCTIE, ouvida, se necessário, a unidade do I - dar suporte à instalação e à manutenção de unidades
Ministério da Saúde que se entenda identificada com a mediante a celebração de convênios ou parceria entre o
natureza do assunto. Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz e os
Art. 257. Os conflitos entre o Ministério e os Municípios, os Estados e o Distrito Federal;
estabelecimentos habilitados, não resolvidos pela via II - acompanhar e monitorar o gerenciamento das
administrativa, serão dirimidos pela Justiça Federal da 1ª
farmácias do Programa;
Região da Circunscrição Judiciária do Distrito Federal, com
renúncia a qualquer outro foro, por mais privilegiado que seja. III - participar do planejamento de aquisição de produtos,
Art. 258. O texto deste Regulamento e outras informações de reposição de estoques de produtos, outros insumos
sobre o Programa estão disponíveis no endereço eletrônico materiais, equipamentos e contratação de serviços
www.saude.gov.br/sctie. necessários para implantação das unidades do Programa;
Art. 259. Estão mantidas as ações previstas para a IV - acompanhar os processos de logística referentes à
manutenção e instalação de farmácias do Programa guarda, ao transporte e à distribuição de medicamentos,
"Farmácia Popular do Brasil" em parceria com Estados, insumos diversos, materiais e equipamentos das unidades do
Municípios e entidades. Programa; e
Art. 260. O Programa Farmácia Popular do Brasil, V - aprovar os projetos das instalações e áreas físicas
realizado em ação conjunta entre o Ministério da Saúde e a das farmácias a ser implantadas pelos Municípios, Estados,
Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, será coordenado por
Distrito Federal e entidades conveniadas, visando à
um Conselho Gestor, vinculado diretamente à Secretaria de
adequação ao disposto no Manual Básico do Programa
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da
Saúde. Farmácia Popular do Brasil.
Parágrafo único. O Conselho Gestor do Programa Art. 265. Ao Departamento de Assistência Farmacêutica,
Farmácia Popular do Brasil terá a seguinte composição: da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
I - três representantes da Secretaria de Ciência, compete:
Tecnologia e Insumos Estratégicos, sendo um deles o Diretor I - estabelecer mecanismos de controle e monitoramento
do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos da implementação, do desenvolvimento e dos resultados do
Estratégicos, que o coordenará; e Programa;
II - três representantes indicados pela Presidência da II - supervisionar, por meio de suas gerências técnicas, as
FIOCRUZ. seguintes ações:
Art. 261. As atividades do Programa Farmácia Popular do a) instrução dos processos administrativos de habilitação
Brasil serão desenvolvidas de acordo com a Lei nº 10.858, de
de Municípios, Estados e Distrito Federal e pela celebração
13 de abril de 2004, por:
I - Fundação Oswaldo Cruz, por meio: de convênios com as instituições autorizadas;
a) Gerência Técnica; b) instrução dos processos administrativos de habilitação
b) Gerência Administrativa; de empresas parceiras, nos termos da Portaria nº 491, de 9
c) Programa Farmácia Popular do Brasil; e de março de 2006, do Ministério da Saúde;
II - Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de c) emissão dos pareceres sobre as solicitações de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, sob a habilitações de Municípios e Estados, segundo
responsabilidade do Departamento de Assistência procedimentos e critérios definidos no Manual Básico do
Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Programa;
Art. 262. Ao Conselho Gestor do Programa Farmácia d) emissão dos pareceres sobre as solicitações de
Popular do Brasil compete: celebração de convênios com instituições autorizadas,
I - aprovar anualmente o Plano de Metas e o Plano de
segundo procedimentos e critérios definidos no Manual
Desenvolvimento;
Básico do Programa; e
II - aprovar anualmente o Relatório de Gestão do
Programa; e) emissão dos pareceres sobre as solicitações de
III - monitorar a execução orçamentária e a habilitação de empresas parceiras nos termos da Portaria nº
movimentação financeira; 491/GM, de 9 de março de 2006.
IV - acompanhar as propostas de convênios com Art. 266. As despesas decorrentes das ações
instituições públicas ou privadas que visem apoiar o desencadeadas pelo Conselho Gestor do Programa Farmácia
desenvolvimento do Programa; Popular do Brasil incidirão sobre as seguintes Ações
V - aprovar o Manual Básico do Programa; Programáticas do Plano Plurianual - PPA 2004/2007:
VI - orientar e participar da formulação de indicadores de I - 10.303.1293.7660.0001 - Implantação de Farmácias
resultados e do impacto do Programa; Populares; e
VII - sugerir a habilitação de parceiros e a celebração de II - 10.303.1293.8415.0001 - Manutenção e
convênios que se façam necessárias, não-previstas ou
Funcionamento das Farmácias Populares.
contempladas nas normas e requisitos estabelecidos; e
VIII - propor o elenco de medicamentos a ser Art. 267. O Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo
disponibilizado pelo Programa. Cruz deverão indicar representantes para o Conselho Gestor
Art. 263. À Gerência Técnica do Programa Farmácia do Programa Farmácia Popular do Brasil, os quais serão
Popular do Brasil compete: designados por ato do Secretário de Ciência, Tecnologia e
I - monitorar a qualidade dos serviços prestados pelas Insumos Estratégicos do Ministério.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Subseção III dessas doenças;
Do Programa Nacional de Assistência Farmacêutica e) implantação de outras ações de promoção de hábitos e
para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus estilos de vida saudáveis voltados para a melhoria do controle
Art. 268. O Programa Nacional de Assistência clínico dessas doenças; e
Farmacêutica para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, f) guarda, gerenciamento e dispensação dos
parte integrante do Plano Nacional de Reorganização da medicamentos recebidos e vinculados ao Programa.
Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, obedecerá Art. 271. Os recursos orçamentários de que trata o
ao disposto neste Regulamento. presente Regulamento, no tocante ao Programa Nacional de
Parágrafo único. O referido Programa será financiado e Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial Diabetes
desenvolvido de maneira solidária e pactuada pela União, Mellitus, correrão por conta do orçamento do Ministério da
Estados e Municípios. Saúde, devendo onerar o Programa de Trabalho
Art. 269. O Programa a que se refere o art. 268 tem os 10.303.0005.4368.0001 - Atendimento à População com
seguintes objetivos: Medicamentos e Insumos Estratégicos.
I - implantar o cadastramento dos portadores de Art. 272. A Secretaria Executiva e a Secretaria de
hipertensão e diabetes mediante a instituição do Cadastro Atenção à Saúde deverão adotar, em conjunto, as medidas
Nacional de Portadores de Hipertensão e Diabetes a ser necessárias à operacionalização do Programa.
proposto pela Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da
Saúde e pactuado na Comissão Intergestores Tripartite - CIT; Seção IV
II - ofertar, de maneira contínua para a rede básica de Da Saúde da Mulher Subseção I
saúde, os medicamentos para hipertensão hidroclorotiazida Do Atendimento durante o Trabalho de Parto,
25 mg, propanolol 40 mg e captopril 25 mg e diabetes Parto e Pós-Parto Imediato
metformina 850 mg, glibenclamida 5mg e insulina definidos e Art. 273. O Centro de Parto Normal - CPN, instituído no
propostos pelo Ministério da Saúde, validados e pactuados âmbito do Sistema Único de Saúde, tem por finalidade o
pelo Comitê do Plano Nacional de Reorganização da Atenção atendimento à mulher no período gravídico-puerperal.
à Hipertensão Arterial e Diabetes e pela CIT; e § 1º Entende-se como Centro de Parto Normal a unidade
III - acompanhar e avaliar os impactos na de saúde que presta atendimento humanizado e de qualidade
morbimortalidade para essas doenças decorrentes da exclusivamente ao parto normal sem distocias.
implementação do Programa Nacional. § 2º O Centro de Parto Normal deverá estar inserido no
Art. 270. Para execução do Programa, ficam definidas as sistema de saúde local, atuando de maneira complementar às
seguintes responsabilidades: unidades de saúde existentes e organizado no sentido de
I - do gestor federal: promover a ampliação do acesso, do vínculo e do
a) elaboração e apresentação à CIT das diretrizes e das atendimento, humanizando a atenção ao parto e ao
modalidades de operacionalização do referido Programa; puerpério.
b) aquisição e fornecimento aos Municípios dos § 3º O Centro de Parto Normal poderá atuar física e
medicamentos padronizados para tratamento da Hipertensão funcionalmente integrado a um estabelecimento assistencial
Arterial e do Diabetes Mellitus de forma a contemplar todos os de saúde, a uma unidade intra-hospitalar ou como
pacientes cadastrados; estabelecimento autônomo - unidade isolada - desde que
c) desenvolvimento e disponibilização para os Municípios disponha de recursos materiais e humanos compatíveis para
de instrumento que permita o cadastramento e prestar assistência, conforme o disposto neste Regulamento.
acompanhamento dos portadores das doenças especificadas; Art. 274. Dever-se-á obedecer às seguintes normas e
d) coordenação nacional do Programa em conjunto com critérios de inclusão do Centro de Parto Normal no SUS:
as Secretarias Estaduais e as Municipais de Saúde; I - estar vinculado às Unidades Básicas de Saúde da sua
e) elaboração e manutenção da base nacional do área de abrangência, especialmente às Unidades de Saúde
Cadastro Nacional de Portadores de Hipertensão Arterial e da Família;
Diabetes; II - funcionar em parceria com o nível de referência
f) acompanhamento e avaliação do Programa quanto ao secundário, que garantirá o atendimento dos casos
custo benefício, modelos de gestão, adesão e identificados e encaminhados pelas unidades básicas às
operacionalização local, impactos epidemiológicos e quais está vinculado;
assistenciais; III - manter informados os Comitês de Mortalidade
II - das Secretarias Estaduais de Saúde: Materna e Neonatal da Secretaria Municipal e/ou Estadual de
a) coordenação estadual do Programa mediante Saúde a que estiver vinculado.
estratégias que fortaleçam a gestão das políticas de Art. 275. Ao Centro de Parto Normal - CPN compete as
prevenção e tratamento da hipertensão e diabetes; seguintes atribuições:
b) acompanhamento e assessoria aos Municípios no I - desenvolver atividades educativas e de humanização,
processo de adesão ao Programa Nacional particularmente visando à preparação das gestantes para o plano de parto
quanto às ações de prevenção e controle clínico dessas nos CPN e da amamentação do recém-nascido/RN;
doenças; II - acolher as gestantes e avaliar as condições de saúde
c) assessoria aos Municípios na implementação local do materna;
Cadastro Nacional de Portadores de Hipertensão e Diabetes; III - permitir a presença de acompanhante;
d) consolidação e manutenção no nível estadual do IV - avaliar a vitalidade fetal pela realização de
Cadastro Nacional de Portadores de Hipertensão Arterial e partograma e de exames complementares;
Diabetes; V - garantir a assistência ao parto normal sem distocias,
e) acompanhamento e avaliação do estoque e respeitando a individualidade da parturiente;
dispensação dos medicamentos vinculados ao Programa; e VI - garantir assistência ao RN normal;
III - das Secretarias Municipais de Saúde: VII - garantir assistência imediata ao RN em situações
a) implementação em nível local, com apoio das eventuais de risco, devendo, para tal, dispor de profissionais
Secretarias Estaduais de Saúde, do Cadastro Nacional de capacitados para prestar manobras básicas de ressuscitação,
Portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus; segundo protocolos clínicos estabelecidos pela Associação
b) cadastramento dos pacientes e manutenção do Brasileira de Pediatria;
Cadastro Nacional atualizado; VIII - garantir a remoção da gestante, nos casos
c) garantia de acesso ao tratamento clínico aos eventuais de risco ou intercorrências do parto, em unidades
portadores dessas doenças na rede básica de saúde; de transporte adequadas, no prazo máximo de 1 (uma) hora;
d) participação nos processos de capacitação dos IX - garantir a remoção dos RN de risco para serviços de
profissionais da rede básica para o acompanhamento clínico referência, em unidades de transporte adequadas, no prazo
máximo de 1 (uma) hora;
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- SAÚDE PÚBLICA -
X - acompanhar e monitorar o puerpério, por um período XXVI - oxímetro de pulso;
mínimo de 10 (dez) dias (puerpério mediato), e XXVII - sonda de aspiração traqueal;
XI - desenvolver ações conjuntas com as unidades de XXVIII - incubadora de transporte;
saúde de referência e com os programas de Saúde da XXIX - fonte de oxigênio na viatura; e
Família e de Agentes Comunitários de Saúde. XXX - ambulância.
Art. 276. O Centro de Parto Normal, no tocante às Art. 278. Os recursos humanos necessários ao
características físicas, deverá: funcionamento do CPN, são:
I - apresentar planta física adequada ao acesso da I - equipe mínima constituída por 1 (um) enfermeiro, com
gestante; especialidade em obstetrícia, 1 (um) auxiliar de enfermagem,
II - estar dotado de: 1 (um) auxiliar de serviços gerais e 1 (um) motorista de
a) sala de exame e admissão de parturientes; ambulância;
b) quarto para pré-parto/parto/pós-parto - PPP; II - o CPN poderá contar com equipe complementar,
c) área para lavagem das mãos; composta por 1 (um) médico pediatra ou neonatologista e 1
d) área de prescrição; (um) médico obstetra; e
e) sala de estar para parturientes em trabalho de parto e III - a parteira tradicional poderá atuar no Centro de Parto
para acompanhantes; Normal no qual as especificidades regionais e culturais sejam
f) área para assistência ao RN; determinantes para o acesso aos serviços de saúde.
III - possuir os seguintes ambientes de apoio: Art. 279. Para fins de remuneração das atividades
a) banheiro para parturientes com lavatório, bacia desenvolvidas pelo Centro de Parto Normal, ficarão incluídos
sanitária e chuveiro com água quente; na Tabela do Sistema de Informações Hospitalares - SIH/SUS
os seguintes Grupos de Procedimentos e procedimentos:
b) copa/cozinha;
I - 35.100.10-9 - Cirurgia Obstétrica X;
c) sala de utilidades;
II - 35.086.01-7 - Assistência ao período premonitório e ao
d) sanitário para funcionários e acompanhantes;
parto normal sem distocia em Centro de Parto Normal;
e) depósito de material de limpeza;
SH
f) depósito de equipamentos e materiais de consumo;
187,53
g) sala administrativa; III - 35.100-11-7 - Cirurgia Obstétrica XI; e
h) rouparia/armário; IV - 35.087.01-3 - Assistência ao período premonitório e
IV - atender aos requisitos quanto à estrutura física, ao parto normal sem distocia em Centro de Parto Normal com
previstos neste Regulamento, além das exigências atenção ao RN na sala de parto realizado por pediatra ou
estabelecidas em códigos, leis ou normas pertinentes, em neonatologista.
especial as normas do Ministério da Saúde, específicas para SH
projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde; 200,63
V - como unidade intra-hospitalar, pode compartilhar os Art. 280. Nenhum Centro de Parto Normal poderá
ambientes de apoio com outros setores do hospital, desde funcionar sem estar devidamente licenciado pela autoridade
que estejam situados em local próximo, de fácil acesso e sanitária competente do Estado ou do Município, atendendo
possuam dimensões compatíveis com a demanda de serviços aos requisitos constantes deste Regulamento e da legislação
a ser atendidos; pertinente.
VI - como unidade isolada, não poderá adotar a solução Art. 281. A construção, a reforma ou a ampliação na
de boxe individualizado; estrutura física do Centro de Parto Normal devem ser
VII - com referência às instalações prediais deve atender precedidas de aprovação do projeto junto à autoridade
às exigências técnicas das normas de funcionamento de sanitária local.
estabelecimentos assistenciais de saúde do Ministério da Parágrafo único. As unidades que preencherem os
Saúde e dos códigos de obras locais; e requisitos constantes desta Seção passarão a dispor das
VIII - adotar as exigências técnicas das normas para a condições necessárias para se integrar ao Sistema Único de
segregação, descarte, acondicionamento, coleta, transporte, Saúde, como Centro de Parto Normal, e receber a
tratamento e disposição final dos resíduos sólidos de serviços remuneração referente aos procedimentos de que trata art.
de saúde. 279 deste Regulamento.
Art. 277. O Centro de Parto Normal deverá possuir os Art. 282. As Secretarias Estaduais e as Municipais de
seguintes equipamentos mínimos: Saúde deverão encaminhar ao Ministério da Saúde propostas
I - mesa para exame ginecológico; de implantação de Centros de Parto Normal inseridos nos
II - berço comum; sistemas locais de saúde e de acordo com as prioridades de
III - mesa auxiliar; organização da assistência à gestação e ao parto, no âmbito
IV - cama de PPP; dos sistemas de saúde estaduais.
V - cadeira para acompanhante; Art. 283. Cabe ao gestor Estadual e/ou Municipal do SUS
VI - mesa de cabeceira; realizar as vistorias e adotar as providências necessárias ao
VII - fita métrica; cadastramento dos Centros de Parto Normal.
VIII - escadinha de dois lances; Art. 284. As Secretarias Estaduais e as Municipais de
IX - duas cadeiras; Saúde, com apoio técnico do Ministério da Saúde, deverão
X - estetoscópio de Pinard; estabelecer rotinas de acompanhamento, supervisão e
XI - estetoscópio clínico; controle que garantam o cumprimento dos objetivos dos
XII - esfignomanômetro; Centros de Parto Normal em promover a humanização e a
XIII - material de exames; qualidade do atendimento à mulher na assistência ao parto.
XIV - amnioscópio; Art. 285. O Programa de Humanização no Pré-natal e
XV - sonar; Nascimento, instituído no âmbito do Sistema Único de Saúde,
XVI - cardiotocógrafo; obedecerá ao disposto neste Regulamento.
XVII -aspirador de secreções; Parágrafo único. O Programa de que trata o caput deste
XVIII - berço aquecido; artigo será executado de forma articulada pelo Ministério da
XIX - fonte de oxigênio; Saúde e pelas Secretarias de Saúde dos Estados, dos
XX - balão autoinflável com reservatório de oxigênio e Municípios e do Distrito Federal e tem por objetivo o
válvula de segurança; desenvolvimento de ações de promoção, prevenção e
XXI - máscaras para neonatos; assistência à saúde de gestantes e recém-nascidos,
XXII - laringoscópio; promovendo a ampliação do acesso a essas ações, o
XXIII - 2 (duas) lâminas de laringoscópio retas (nºs 0 e 1); incremento da qualidade e da capacidade instalada da
XXIV - cânulas orotraqueais; assistência obstétrica e neonatal, bem como sua organização
XXV - extensões de borracha; e regulação no âmbito do Sistema Único de Saúde.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 286. Para estruturação do Programa de Humanização 10.302.0004.1823, 10.302.0004.1837, 10.302.0004.1867.
no Pré-natal e Nascimento deverão ser observados os Parágrafo único. A composição do montante global de
seguintes princípios e diretrizes: recursos destinados à implementação do Programa, de que
I - toda gestante tem direito ao acesso a atendimento trata o caput deste artigo, é a seguinte:
digno e de qualidade no decorrer da gestação, do parto e do I - R$ 123.000.000,00 (cento e vinte e três milhões de
puerpério; reais) anuais, oriundos do Orçamento do Ministério da Saúde,
II - toda gestante tem direito ao acompanhamento pré- destinados ao custeio do Componente
natal adequado de acordo com os princípios gerais e as I - Incentivo à Assistência Pré-natal, adicionais aos
condições estabelecidas no Anexo XXXIV a este recursos já despendidos nessa assistência;
Regulamento; II - R$ 134.038.000,00 (cento e trinta e quatro milhões e
III - toda gestante tem direito de saber e de ter trinta e oito mil reais) a ser investidos no primeiro ano de
assegurado o acesso à maternidade em que será atendida no implantação do Programa, sendo:
momento do parto; a) R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais) oriundos do
IV - toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao Orçamento do Ministério da Saúde e destinados ao
puerpério e que essa assistência seja realizada de forma Componente II - Organização, Regulação e Investimentos na
humanizada e segura, de acordo com os princípios gerais e Assistência Obstétrica e Neonatal;
as condições estabelecidas no Anexo XXXIV a este b) R$ 34.038.000,00 (trinta e quatro milhões e trinta e oito
Regulamento; mil reais) oriundos do empréstimo BID/BIRD/REFORSUS
V - todo recém-nascido tem direito à adequada destinados, dentro do Componente II, à aquisição de
assistência neonatal; e equipamentos para aparelhamento de unidades hospitalares
VI - as autoridades sanitárias dos âmbitos federal, cadastradas como referência para gestação de alto risco e de
estadual e municipal são responsáveis pela garantia dos UTIs neonatais; e
direitos enunciados nos incisos acima. c) R$ 310.000.000,00 (trezentos e dez milhões de reais)
Art. 287. O Programa de Humanização no Pré-Natal e anuais, oriundos do Orçamento do Ministério da Saúde,
Nascimento deverá ser constituído pelos seguintes destinados ao custeio do Componente III - Nova Sistemática
componentes, regulamentados em ato próprio do Ministério de Pagamento da Assistência Obstétrica e Neonatal,
da Saúde: adicionais aos recursos já despendidos nessa assistência.
I - Componente Art. 289. A cada nível de gestão do Sistema Único de
I - Incentivo à Assistência Pré-Natal; Saúde, caberá as seguintes atribuições para implementação
II - Componente do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento:
II - Organização, Regulação e Investimentos na I - são atribuições do Ministério da Saúde:
Assistência Obstétrica e Neonatal; e a) articular com Estados, Municípios e Distrito Federal a
III - Componente implantação do Programa e estabelecer mecanismos de
III - Nova Sistemática de Pagamento da Assistência ao controle, avaliação e acompanhamento do processo;
Parto. b) assessorar os Estados, os Municípios e o Distrito
§ 1º O Componente I - Incentivo à Assistência Pré-Natal, Federal na elaboração dos respectivos Programas Estaduais
tem o objetivo de estimular os Estados e os Municípios, de de Humanização no Pré-Natal e Nascimento, na estruturação
acordo com os princípios e critérios estabelecidos, a das Centrais de Regulação Obstétrica e Neonatal e na
realizarem o acompanhamento pré-natal completo e o implantação dos sistemas móveis de atendimento;
cadastramento das gestantes. c) estabelecer normas técnicas e critérios de elegibilidade
§ 2º O Componente II - Organização, Regulação e para inclusão no Programa;
Investimentos na Assistência Obstétrica e Neonatal, terá dois d) alocar recursos destinados ao cofinanciamento dos
componentes: componentes integrantes do Programa;
a) criação de condições técnicas, financeiras e II - são atribuições das Secretarias de Saúde dos Estados
operacionais que permitam o desenvolvimento de e do Distrito Federal:
mecanismos destinados à organização e à regulação da a) elaborar, em articulação com as respectivas
assistência obstétrica e neonatal por meio do estabelecimento Secretarias Municipais de Saúde e como condição
de protocolos de regulação, da estruturação de Centrais de indispensável à implantação do Programa Nacional, os
Regulação e estruturação de sistemas móveis de Programas Estaduais de Humanização no Pré-Natal e
atendimento pré e inter-hospitalares; e Nascimento, organizando seus sistemas estadual-regionais
b) financiamento do incremento da qualidade assistencial de assistência obstétrica e neonatal que contemplem ações
e da capacidade instalada obstétrica e neonatal de hospitais voltadas para a Atenção Básica, o apoio laboratorial, a
públicos e filantrópicos integrantes do Sistema Único de atenção ambulatorial especializada e a assistência hospitalar
Saúde que prestem este tipo de assistência e que cumpram obstétrica e neonatal, explicitando as unidades de referência
os requisitos e critérios de elegibilidade estabelecidos. para o diagnóstico, a atenção ambulatorial à gestação de alto
§ 3º O Componente III - a nova sistemática de pagamento risco e a assistência ao parto de baixo e alto risco;
da assistência ao parto tem a finalidade de melhorar as b) coordenar e executar, em articulação com as
condições do custeio desta assistência nos hospitais Secretarias Municipais de Saúde, a programação física e
cadastrados no Sistema de Informações Hospitalares do financeira da assistência obstétrica e neonatal;
Sistema Único de Saúde - SIH/SUS e terá dois componentes: c) estruturar e garantir o funcionamento das Centrais
a) alteração do valor e forma de remuneração da Estaduais de Regulação Obstétrica e Neonatal;
d) assessorar os Municípios na estruturação das
assistência ao parto; e
respectivas Centrais Municipais de Regulação Obstétrica e
b) pagamento de um adicional sobre o valor de que trata
Neonatal e na implantação dos sistemas móveis de
a alínea a para aqueles hospitais que prestarem assistência
atendimento;
ao parto a gestantes cadastradas no Programa de Incentivo à
e) assessorar os Municípios no processo de
Assistência Pré-Natal e que tenham o acompanhamento pré-
implementação do Programa e dos respectivos componentes
natal completo. e no desenvolvimento de mecanismos destinados a seu
Art. 288. Serão destinados recursos no montante de R$ controle, avaliação e acompanhamento;
567.038.000,00 (quinhentos e sessenta e sete milhões e trinta f) alocar, complementarmente, recursos financeiros
e oito mil reais) para o desenvolvimento dos componentes próprios para o desenvolvimento do Programa;
previstos no Programa de Humanização no Pré-Natal e g) monitorar o desempenho do respectivo programa e os
Nascimento, cujas despesas correrão por conta das dotações resultados alcançados, mediante o acompanhamento de
consignadas às seguintes atividades: 10.301.0001.0587, indicadores de morbimortalidade materna e neonatal, no
10.301.0001.0589, 10.302.0023.4306, 10.302.0023.4307, âmbito estadual;

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- SAÚDE PÚBLICA -
h) manter atualizados os bancos de dados que estejam Alimentação e Nutrição.
sob sua responsabilidade - Sistema de Informações sobre § 2º No nível regional, a Coordenação do Projeto caberá
Mortalidade - SIM, Sistema de Informações sobre Nascidos às Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal e,
Vivos - SINASC, e Sistema de Informação de Procedimentos no nível local, às Secretarias Municipais de Saúde, devendo
de Alta Complexidade - SIPAC; cada uma delas designar o respectivo coordenador escolhido
III - são atribuições das Secretarias Municipais de Saúde: entre os correspondentes estaduais e municipais dos
a) participar da elaboração do Programa Estadual de Programas referidos no parágrafo anterior.
Humanização no Pré-Natal e Nascimento; § 3º O Projeto deverá ser desenvolvido observando-se as
b) estruturar e garantir o funcionamento da Central diretrizes do Programa de Humanização do Pré-Natal e
Municipal de Regulação Obstétrica e Neonatal, naqueles Nascimento - PHPN e da Norma Operacional de Assistência
Municípios que cumpram os critérios de elegibilidade à Saúde - NOAS 01/2002, prevista na Seção I do Capítulo I
estabelecidos; deste Regulamento.
c) estruturar e garantir o funcionamento do sistema móvel Art. 292. As maternidades integrantes do Sistema Único
de atendimento pré e inter-hospitalar naqueles Municípios de Saúde deverão realizar as seguintes atividades previstas
que cumpram os critérios de elegibilidade estabelecidos; no Projeto Nascer-Maternidades:
d) garantir o atendimento pré-natal e do puerpério em seu I - testes laboratoriais para detecção da infecção pelo HIV
próprio território e realizar o cadastro de suas gestantes; (teste rápido);
e) identificar laboratórios e garantir a realização dos II - testes para sífilis (micro-hemaglutinação);
exames básicos e o acesso aos exames de seguimento do III - administração de inibidor de lactação (quando
pré-natal, em seu próprio território ou em outro Município, indicado); e
mediante programação regional; IV - profilaxia da transmissão vertical do HIV em
f) estabelecer a referência para a assistência ambulatorial gestantes com diagnóstico positivo para infecção pelo HIV.
e hospitalar à gestante de alto risco, em seu próprio território § 1º A testagem para o HIV será realizada naquelas
ou em outro Município, mediante programação regional; parturientes que, não tendo realizado essa testagem durante
g) alocar, complementarmente, recursos financeiros o pré-natal, autorizem sua realização após aconselhamento
próprios para o desenvolvimento do Programa; pela equipe de saúde, devendo o aconselhamento pré e pós
h) monitorar o desempenho do respectivo programa e os teste ser realizado por profissionais da área de saúde que
resultados alcançados mediante o acompanhamento de tenham recebido capacitação específica para essa atividade.
indicadores de morbimortalidade materna e neonatal, no § 2º A execução do teste rápido para a infecção pelo HIV
âmbito municipal; e deverá ocorrer utilizando-se o algoritmo constante do Anexo
i) manter atualizados os bancos de dados que estejam XXXV a este Regulamento, por profissionais de saúde e que
sob sua responsabilidade - SIM, SINASC, SIPAC. tenham recebido capacitação específica para essa atividade.
Art. 290. O Projeto Nascer-Maternidades, instituído no § 3º A execução do conjunto de procedimentos
âmbito do SUS, obedecerá ao disposto neste Regulamento. estabelecidos para profilaxia da transmissão vertical do HIV,
§ 1º Os objetivos gerais do Projeto de que trata o caput incluindo a inibição temporária ou definitiva da lactação,
deste artigo são: deverá ser realizada por médicos ou enfermeiros, devendo
I - reduzir a transmissão vertical do HIV; e sempre ser baseada no consentimento livre e esclarecido da
II - reduzir a morbimortalidade associada à sífilis puérpera.
congênita. § 4º A aplicação das rotinas de profilaxia da transmissão
§ 2º Os objetivos específicos do Projeto são: vertical do HIV deverá ocorrer conforme as normas do
I - estabelecer, mediante a testagem para o HIV no Ministério da Saúde.
período pré-parto imediato, e com consentimento informado § 5º A aplicação das rotinas de diagnóstico e tratamento
da gestante após aconselhamento, o status sorológico de da sífilis materna e da sífilis congênita deverá ocorrer
100% (cem por cento) das parturientes que não tenham conforme as normas do Ministério da Saúde.
realizado essa testagem durante o pré-natal; § 6º A aplicação das rotinas de melhoria da qualidade da
II - garantir medidas profiláticas de transmissão vertical do assistência à parturiente, puérpera e seus recém-nascidos,
HIV para 100% (cem por cento) das parturientes HIV positivas deverá ocorrer de acordo com as normas do Ministério da
detectadas e seus recém-natos; Saúde.
III - garantir o seguimento especializado das puérperas Art. 293. Para dar início ao desenvolvimento das
HIV positivas e de seus recém-natos; atividades previstas no Projeto Nascer-Maternidades, o
IV - testar para a sífilis 100% (cem por cento) das Ministério da Saúde tornará disponíveis às maternidades
parturientes atendidas no SUS; previamente identificadas, pelo período de 6 (seis) meses, os
V - garantir o tratamento adequado de 100% (cem por seguintes insumos:
cento) dos casos de sífilis adquirida em parturientes e de I - testes laboratoriais para detecção da infecção pelo HIV
sífilis congênita dos recém-natos diagnosticados; (teste rápido);
VI - criar mecanismos para a disponibilização de fórmula II - testes para sífilis (micro-hemaglutinação);
infantil a todos os recém-nascidos expostos ao HIV, desde o III - antirretrovirais;
seu nascimento até o sexto mês de idade, com vistas à IV - inibidor de lactação; e
promoção adequada de seu desenvolvimento pondero- V - fórmula infantil.
estatural; e § 1º A aquisição dos insumos será efetuada segundo a
VII - implementar rotinas de melhoria do atendimento à estimativa do número de partos realizados nas maternidades,
parturiente/puérpera e seus recém-nascidos, fortalecendo o na prevalência do HIV, na cobertura de testagem anti-HIV por
Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento. unidade federada e no número de maternidades identificadas
Art. 291. O Projeto Nascer-Maternidades será e cadastradas pelos Estados para fazerem parte do Projeto
desenvolvido de forma articulada pelo Ministério da Saúde, nesta primeira etapa.
pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e § 2º A Secretaria-Executiva, por meio da Diretoria de
dos Municípios e pelas maternidades integrantes do Sistema Programas Estratégicos em Saúde, para a implantação dos
Único de Saúde. seis primeiros meses do Projeto, conforme o estabelecido no
§ 1º No nível nacional, o Projeto será coordenado pela caput deste artigo, realizará os procedimentos necessários à
Secretaria de Vigilância em Saúde que, para o gerenciamento aquisição dos insumos listados nos incisos I, II, III e V.
dos trabalhos, deverá envolver a Coordenação Nacional de § 3º A Coordenação Nacional de DST/Aids se
DST e Aids, a Área Técnica de Saúde da Mulher, a Área responsabilizará pela distribuição desses insumos às
Técnica da Saúde da Criança, o Departamento de Atenção Coordenações Estaduais de DST/Aids, e estas às
Básica e a Coordenação-Geral da Política Nacional de maternidades identificadas.

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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 4º Findo o período definido no caput deste artigo, a de todos os Municípios, dos óbitos de mulheres em idade
totalidade das maternidades integrantes do Sistema Único de fértil cujas causas possam ocultar o óbito materno.
Saúde, desde que possuindo condições técnicas para tal, § 1º A referida investigação deverá ser iniciada, no
deverá realizar os procedimentos relacionados nos incisos I, II máximo, 30 (trinta) dias após a ocorrência do óbito.
e III do art. 292, devendo, para tanto, custear essas § 2º Em caso de óbito cujas informações registradas na
atividades pela cobrança dos respectivos procedimentos Declaração de Óbito - DO não permitiram, inicialmente, a
constantes da tabela de procedimentos do Sistema de classificação como morte materna, mas que, após a
Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde - investigação, comprovou-se tratar de óbito dessa natureza, as
SIH/SUS. Secretarias Estaduais e as Municipais de Saúde, de acordo
§ 5º Quanto à fórmula infantil, findo o período definido no com suas competências, devem incorporar as novas causas
caput deste artigo, deverá ser estabelecido pacto entre os ao banco de dados do SIM.
gestores para definir a sistemática de aquisição do insumo e Art. 299. O Centro Nacional de Epidemiologia - CENEPI,
sua distribuição aos serviços de saúde. da Fundação Nacional de Saúde, em conjunto com a Área
Art. 294. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar Técnica de Saúde da Mulher, do Departamento de Ações
as medidas necessárias à inclusão dos testes laboratoriais Programáticas Estratégicas, do Ministério da Saúde, definirá
para detecção da infecção pelo HIV (teste rápido), testes para os mecanismos para a operacionalização do disposto neste
sífilis (micro-hemaglutinação) e inibidor de lactação na Tabela Regulamento.
de Procedimentos do Sistema de Informações Hospitalares
do Sistema Único de Saúde - SIH/SUS. Subseção III
Art. 295. Os recursos orçamentários, destinados ao Da Violência contra a Mulher
Projeto Nascer-Maternidades, correrão por conta do Art. 300. O serviço de notificação compulsória de
orçamento do Ministério da Saúde, devendo onerar os violência contra a mulher deverá obedecer ao disposto neste
seguintes Programas de Trabalho: Regulamento.
I - 10.303.0005.4368 - Atendimento à População com § 1º Os serviços de referência serão instalados,
medicamentos e insumos estratégicos; inicialmente, em Municípios que possuam capacidade de
II - 10.302.0023.4306 - Atendimento Ambulatorial, gestão e que preencham critérios epidemiológicos definidos.
Emergencial e Hospitalar em Regime de Gestão Plena do § 2º Os serviços de que trata o caput deste artigo serão
Sistema Único de Saúde; monitorados e avaliados pela Secretaria de Vigilância em
III - 10.302.0023.4307 - Atendimento Ambulatorial, Saúde/MS, devendo a partir desse processo, ser programada
Emergencial e Hospitalar prestado pela Rede Cadastrada do sua expansão.
Sistema Único de Saúde; Art. 301. A Ficha de Notificação Compulsória de Violência
IV - 10.303.0003.4327 - Diagnóstico e Acompanhamento Contra a Mulher e Outras Violências Interpessoais será
em Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST, Vírus da utilizada em todo o território nacional.
Imunodeficiência Humana e Síndrome da Imunodeficiência Art. 302. A notificação compulsória de violência contra a
Adquirida - HIV/Aids nos Laboratórios da Rede Pública; mulher seguirá o seguinte fluxo:
V - 10.303.0003.4370 - Atendimento a população com I - o preenchimento ocorrerá na unidade de saúde onde
medicamentos para tratamento dos portadores da síndrome foi atendida a vítima;
da imunodeficiência adquirida - Aids - e das doenças II - a Ficha de Notificação é remetida ao Serviço de
sexualmente transmissíveis - DST; e Vigilância Epidemiológica ou serviço correlato da respectiva
VI - 10.305.0003.3954 - Promoção de práticas seguras Secretaria Municipal de Saúde, onde os dados serão
sobre prevenção e controle das doenças sexualmente inseridos em aplicativo próprio; e
transmissíveis - DST, do vírus da imunodeficiência humana - III - as informações consolidadas serão encaminhadas à
HIV e da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). Secretaria de Estado de Saúde e, posteriormente, à
Art. 296. As Normas Básicas para a implantação do Secretaria de Vigilância em Saúde/MS.
sistema "Alojamento Conjunto", estão aprovadas no Anexo Art. 303. A Secretaria de Vigilância em Saúde, em
XXXVI a este Regulamento. conjunto com a Secretaria de Atenção à Saúde, definirá as
Parágrafo único. O "Alojamento Conjunto" de que trata o diretrizes e os mecanismos de operacionalização dos
caput deste artigo é um sistema hospitalar em que o recém- serviços.
nascido sadio, logo após o nascimento, permanece ao lado Art. 304. Delega-se competência ao Secretário de
da mãe 24 (vinte e quatro) horas por dia, num mesmo Vigilância em Saúde para editar, quando necessário, normas
ambiente, até a alta hospitalar, de forma a possibilitar a regulamentadoras sobre a violência contra a mulher, em
prestação de todos os cuidados assistenciais, bem como a conformidade ao disposto nesta Seção do Regulamento.
orientação à mãe sobre a saúde do binômio mãe/filho.
Subseção IV
Subseção II Da Reprodução Humana Assistida
Da Mortalidade Materna Art. 305. A Política Nacional de Atenção Integral em
Art. 297. O óbito materno tem de ser considerado evento Reprodução Humana Assistida, no âmbito do Sistema Único
de notificação compulsória para a investigação dos fatores de Saúde - SUS, será implantada em todas as unidades
determinantes e as possíveis causas desses óbitos, assim federadas, respeitadas as competências das três esferas de
como para a adoção de medidas que possam evitar novas gestão.
mortes maternas. Art. 306. A Política Nacional de Atenção Integral em
§ 1º É considerado óbito materno aquele sofrido por uma Reprodução Humana Assistida será implantada de forma
mulher durante a gestação ou até 42 (quarenta e dois) dias articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de
após o término da gestação, independentemente da duração Estado de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde,
permitindo:
ou da localização da gravidez, causado por qualquer fator
I - organizar uma linha de cuidados integrais (promoção,
relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas
prevenção, tratamento e reabilitação) que perpasse todos os
tomadas em relação a ela.
níveis de atenção, promovendo, dessa forma, a atenção por
§ 2º O instrumento para notificação compulsória de que
intermédio de equipe multiprofissional, com atuação
trata o caput deste artigo é a declaração de óbito, que deve
interdisciplinar;
seguir o fluxo estabelecido nos arts. 10, 11, 12 e 13 da Seção
II - identificar os determinantes e os condicionantes dos
III da Portaria nº 474, de 31 de agosto de 2000, da Fundação
principais problemas de infertilidade em casais em sua vida
Nacional de Saúde, que regulamenta o Sistema de
fértil, e desenvolver ações transitórias de responsabilidade
Informações sobre Mortalidade - SIM.
pública, sem excluir as responsabilidades de toda a
Art. 298. Tem de ser obrigatória a investigação, por parte
sociedade;
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- SAÚDE PÚBLICA -
III - definir critérios técnicos mínimos para o do SUS e alicerçadas nos polos de educação permanente em
funcionamento, o monitoramento e a avaliação dos serviços saúde.
que realizam os procedimentos e as técnicas de reprodução Art. 310. A Secretaria de Atenção à Saúde - SAS,
humana assistida, necessários à viabilização da concepção isoladamente ou em conjunto com outras Secretarias do
tanto para casais com infertilidade como para aqueles que se Ministério da Saúde, deverá adotar todas as providências
beneficiem desses recursos para o controle da transmissão necessárias à plena estruturação da Política Nacional de
vertical e/ou horizontal de doenças; Atenção Integral em Reprodução Humana Assistida.
IV - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos
que visem ao estudo do custo-efetividade, eficácia e
qualidade, bem como a incorporação tecnológica na área da Subseção V
reprodução humana assistida no Brasil; Do Combate ao Câncer de Colo Uterino
V - promover intercâmbio com outros subsistemas de Art. 311. O Programa Nacional de Combate ao Câncer de
informações setoriais, implementando e aperfeiçoando Colo Uterino obedecerá ao disposto neste Regulamento.
permanentemente a produção de dados e garantindo a Art. 312. A Secretaria de Atenção à Saúde é o órgão
democratização das informações; e responsável pela coordenação do Programa.
VI - qualificar a assistência e promover a educação Art. 313. A Secretaria de Atenção à Saúde regulamentará
permanente dos profissionais de saúde envolvidos com a os procedimentos necessários ao Programa.
implantação e a implementação da Política de Atenção
Integral em Reprodução Humana Assistida, em conformidade Seção V
com os princípios da integralidade e da Política Nacional de Da Saúde do Neonatal,
Humanização - PNH. da Criança e do Adolescente
Art. 307. A Política Nacional de Atenção Integral em
Reprodução Humana Assistida, de que trata o art. 1º deste Subseção I
Regulamento, deverá ser constituída a partir dos seguintes Do Atendimento ao Neonatal
componentes fundamentais: Art. 314. A Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal,
I - Atenção Básica: é a porta de entrada para a instituída no âmbito do SUS, tem por finalidade o atendimento
identificação do casal infértil e na qual devem ser realizados a ao recém-nascido de médio risco.
anamnese, o exame clínico-ginecológico e um elenco de Parágrafo único. Entende-se como Unidade de Cuidados
exames complementares de diagnósticos básicos, afastando- Intermediários Neonatal a unidade destinada ao atendimento
se patologias, fatores concomitantes e qualquer situação que do recém-nascido nas seguintes situações:
interfira numa futura gestação e que ponha em risco a vida da I - que após a alta da UTI necessite de observação nas
mulher ou do feto; primeiras 24 (vinte e quatro) horas;
II - Média Complexidade: os serviços de referência de II - com desconforto respiratório leve que não necessite
Média Complexidade estarão habilitados a atender aos casos de assistência ventilatória mecânica;
encaminhados pela Atenção Básica, realizando III - que necessite de venóclise para infusão de glicose,
acompanhamento psicossocial e os demais procedimentos do eletrólitos, antibióticos e alimentação parenteral em transição;
elenco desse nível de atenção, e aos quais é facultativa e IV - em fototerapia com níveis de bilirrubinas próximos
desejável a realização de todos os procedimentos aos níveis de exsanguineotransfusão;
diagnósticos e terapêuticos relativos à reprodução humana V - que necessite realizar procedimento de
assistida, à exceção dos relacionados à fertilização in vitro; e exsanguineotransfusão;
III - Alta Complexidade: os serviços de referência de Alta VI - com peso superior a 1500 g e inferior a 2000 g que
Complexidade estarão habilitados a atender aos casos necessite de observação nas primeiras 72 (setenta e duas)
encaminhados pela Média Complexidade, estando horas; e
capacitados para realizar todos os procedimentos de Média VII - submetido a cirurgia de médio porte, estável.
Complexidade, bem como a fertilização in vitro e a Art. 315. As normas e critérios de inclusão da Unidade de
inseminação artificial. Cuidados Intermediários Neonatal no SUS estão
§ 1º A rede de atenção de Média e Alta Complexidade estabelecidas na forma do Anexo XXXVII a este
será composta por: Regulamento.
a) serviços de referência de Média e Alta Complexidade Art. 316. Cabe ao gestor estadual e/ou municipal do SUS
em reprodução humana assistida; e definir e cadastrar as Unidades de Cuidados Intermediários
b) serviços de Assistência Especializada - SAE que são Neonatal Parágrafo único. De acordo com o caput deste
de referência em DST/HIV/Aids. artigo, as necessidades de assistência da localidade onde
§ 2º Os componentes descritos no caput deste artigo estão inseridas e do conjunto das ações de saúde no âmbito
devem ser organizados segundo o Plano Diretor de dos Sistemas Estaduais deverão ser supridas após
Regionalização - PDR de cada unidade federada e segundo aprovação pela Comissão Intergestores Bipartite - CIB.
os princípios e diretrizes de universalidade, equidade, Art. 317. As unidades que preencherem os requisitos
regionalização, hierarquização e integralidade da atenção à contidos neste Regulamento passarão a dispor das condições
saúde. necessárias para se integrar ao Sistema Único de Saúde e
Art. 308. A regulamentação suplementar e complementar receber a remuneração pelos procedimentos realizados, de
do disposto neste Regulamento ficará a cargo dos Estados, acordo com os novos tetos financeiros previstos pelo
do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de Ministério da Saúde para os Estados e o Distrito Federal.
regular a atenção em reprodução humana assistida. Art. 318. Os recursos no montante de R$ 13.073.970,00
§ 1º A regulação, a fiscalização, o controle e a avaliação (treze milhões, setenta e três mil novecentos e setenta reais),
das ações de atenção em reprodução humana assistida serão a ser incorporados aos limites financeiros anuais dos Estados
de competência das três esferas de governo. e do Distrito Federal, na área de Assistência Ambulatorial, de
§ 2º Os componentes do caput deste artigo deverão ser média e alta complexidade, e Hospitalar, conforme
regulados por protocolos de conduta, de referência e de distribuição constante do Anexo XXXVIII, destinados ao
contrarreferência em todos os níveis de atenção que custeio das Unidades de Cuidados Intermediários Neonatal
permitam o aprimoramento da atenção, da regulação, do objeto do art. 313 deste Regulamento.
controle e da avaliação. Art. 319. As Secretarias Estaduais e os Municipais de
Art. 309. A capacitação e a educação permanente das Saúde, com apoio técnico do Ministério da Saúde, deverão
equipes de saúde de todos os âmbitos da atenção, estabelecer rotinas de acompanhamento, treinamento,
envolvendo os profissionais de nível superior e os de nível supervisão e controle que garantam a melhoria de qualidade
técnico, deverão ser realizadas de acordo com as diretrizes da assistência ao recém-nascido.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 320. A Secretaria-Executiva e a Secretaria de de todas as etapas do processo, e para tanto, utilizar a rede
Atenção à Saúde, mediante ato conjunto, regulamentarão os de coleta organizada na Fase I e organizar/cadastrar o(s)
procedimentos hospitalares do SIH/SUS, para fins de Serviço(s) Tipo III de Referência em Triagem
remuneração da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal/Acompanhamento e Tratamento de Doenças
Neonatal. Congênitas que garantam a realização da triagem, a
Art. 321. O Programa Nacional de Triagem Neonatal - confirmação diagnóstica e ainda o adequado
PNTN, instituído no âmbito do SUS, obedecerá ao disposto acompanhamento e tratamento dos pacientes triados.
neste Regulamento. Art. 323. As competências e atribuições relativas à
§ 1º O Programa Nacional de Triagem Neonatal deverá implantação/gestão do Programa Nacional de Triagem
ser executado de forma articulada pelo Ministério da Saúde e Neonatal de cada nível de gestão do Sistema Único de Saúde
pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e estão estabelecidas nos termos do Anexo XXXIX a este
dos Municípios e tem por objetivo o desenvolvimento de Regulamento e em conformidade com as respectivas
ações de triagem neonatal em fase pré-sintomática, condições de gestão e a divisão de responsabilidades
acompanhamento e tratamento das doenças congênitas definida na Norma Operacional de Assistência à Saúde -
detectadas, inseridas no Programa todos os nascidos vivos, NOAS-SUS 01/2001, prevista na Seção I do Capítulo I deste
promovendo o acesso, o incremento da qualidade e da Regulamento.
capacidade instalada dos laboratórios especializados e dos Art. 324. Os critérios a ser cumpridos pelos Estados e
serviços de atendimento, bem como organizar e regular o pelo Distrito Federal para habilitação nas fases de
conjunto dessas ações de saúde. Implantação do Programa Nacional de Triagem Neonatal
§ 2º O Programa Nacional de Triagem Neonatal se definidas no art. 322 deste Regulamento, estão estabelecidos
ocupará da triagem com detecção dos casos suspeitos, nos termos do Anexo XL.
confirmação diagnóstica, acompanhamento e tratamento dos Art. 325. As Secretarias de Saúde dos Estados, do
casos identificados nas seguintes doenças congênitas, de Distrito Federal e dos Municípios, de acordo com seu nível de
acordo com a respectiva Fase de Implantação do Programa: responsabilidade no Programa, deverão organizar Redes
I - fenilcetonúria; Estaduais de Triagem Neonatal que serão integradas por:
II - hipotireoidismo congênito; I - Postos de Coleta; e
III - doenças falciformes e outras hemoglobinopatias; e II - Serviços de Referência em Triagem
IV - fibrose cística. Neonatal/Acompanhamento e Tratamento de Doenças
§ 3º Em virtude dos diferentes níveis de organização das Congênitas Tipo I, II ou III;
redes assistenciais existentes nos Estados e no Distrito § 1º Compete aos Municípios a
Federal, da variação porcentual de cobertura dos nascidos organização/estruturação/cadastramento de tantos postos de
vivos da atual triagem neonatal e da diversidade das coleta quantos forem necessários para a adequada cobertura
características populacionais existentes no País, o Programa e acesso das respectivas populações, sendo obrigatória a
Nacional de Triagem Neonatal será implantado em fases, implantação de pelo menos 1 (um) Posto de Coleta por
estabelecidas neste Regulamento. Município (Municípios em que ocorram partos), em
Art. 322. A Implantação do Programa Nacional de conformidade com o estabelecido no Anexo XLI a este
Triagem Neonatal possuirá as seguintes fases. Regulamento.
I - Fase I - Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito: § 2º Compete aos Estados e ao Distrito Federal a
compreende a realização de triagem neonatal para organização das Redes Estaduais de Triagem Neonatal,
fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito, com a detecção designando um Coordenador Estadual do Programa Nacional
dos casos suspeitos, confirmação diagnóstica, de Triagem Neonatal, articulando os Postos de Coleta
acompanhamento e tratamento dos casos identificados, Municipais com o(s) Serviço(s) de Referência, os fluxos de
devendo os Estados e o Distrito Federal garantir a execução exames, a referência e a contrarreferência dos pacientes
de todas as etapas do processo e, para tanto, organizar uma triados.
Rede de Coleta de material para exame (envolvendo os § 3º Compete, ainda, aos Estados e ao Distrito Federal a
Municípios) e organizar/cadastrar o(s) Serviço(s) Tipo I de organização/estruturação/cadastramento de Serviço(s) de
Referência em Triagem Neonatal/Acompanhamento e Referência em Triagem Neonatal/Acompanhamento e
Tratamento de Doenças Congênitas que garantam a Tratamento de Doenças Congênitas, de acordo com a fase de
realização da triagem, a confirmação diagnóstica e ainda o implantação do Programa, respectivamente de Tipos I, II ou
adequado acompanhamento e tratamento dos pacientes III, que estejam aptos a realizar a triagem, a confirmação
triados; diagnóstica, o acompanhamento e o tratamento das doenças
II - Fase II - Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito + triadas na Fase de Implantação do Programa em que o
Doenças Falciformes e outras Hemoglobinopatias: Estado estiver, em conformidade com o estabelecido no
compreende a realização de triagem neonatal para Anexo XLI a este Regulamento, sendo obrigatória a
fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doenças falciformes implantação de pelo menos 1 (um) Serviço de Referência por
e outras hemoglobinopatias, com a detecção dos casos Estado no tipo adequado à sua fase de Implantação do
suspeitos, confirmação diagnóstica, acompanhamento e Programa.
tratamentos dos casos identificados, devendo os Estados e o Art. 326. As Normas de Funcionamento e Cadastramento
Distrito Federal garantir a execução de todas as etapas do de Postos de Coleta e de Serviços de Referência em Triagem
processo, e para tanto, utilizar a rede de coleta Neonatal/Acompanhamento e Tratamento de Doenças
organizada/definida na Fase I e organizar/cadastrar o(s) Congênitas estão previstas nos termos do Anexo XLI a este
Serviço(s) Tipo II de Referência em Triagem Regulamento.
Neonatal/Acompanhamento e Tratamento de Doenças Art. 327. Os Estados e o Distrito Federal, para que
Congênitas que garantam a realização da triagem, a possam executar as atividades previstas no Programa
confirmação diagnóstica e ainda o adequado Nacional de Triagem Neonatal, deverão se habilitar, pelo
acompanhamento e tratamento dos pacientes triados; e menos, na Fase I de Implantação do Programa.
III - Fase III - Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, Art. 328. Fica excluída da Tabela do Sistema de
Doenças Falciformes e outras Hemoglobinopatias + Fibrose Informações Ambulatoriais - SIA/SUS, a contar da
Cística: compreende a realização de triagem neonatal para competência setembro/2001, o procedimento de código
fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doenças falciformes, 11.052.11-2 - Teste de Triagem Neonatal (TSH e
outras hemoglobinopatias e fibrose cística com a detecção Fenilalanina).
dos casos suspeitos, confirmação diagnóstica, Art. 329. Fica incluída na Tabela do Sistema de
acompanhamento e tratamento dos casos identificados, Informações Ambulatoriais - SIA/SUS, a contar da
devendo os Estados e o Distrito Federal garantir a execução competência setembro/2001, os seguintes procedimentos:

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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 1º A Secretaria de Atenção à Saúde - SAS definirá, em primeira encaminhada ao Conselho Tutelar ou Juizado de
ato próprio, os serviços/classificação a que estarão Menores e a segunda anexada à Ficha de Atendimento ou
vinculados os procedimentos ora incluídos, suas Prontuário do paciente atendido, para os encaminhamentos
compatibilidades, instruções de realização e cobrança bem necessários ao serviço.
como outras orientações necessárias a sua plena
implementação. Subseção III
§ 2º Os procedimentos ora incluídos somente poderão ser Do Programa Saúde do Adolescente
realizados/cobrados por aqueles serviços habilitados para tal, Art. 335. O Programa Saúde do Adolescente - PROSAD
de acordo com a Fase de Implantação do Programa em que o fundamenta-se numa política de promoção de saúde, de
Estado estiver, em conformidade com as normas identificação dos grupos de risco, detecção precoce dos
complementares a este Regulamento, a ser publicadas em agravos e tratamentos adequados e reabilitação, respeitadas
ato da Secretaria de Atenção à Saúde - SAS. as diretrizes do Sistema Único de Saúde, estabelecidos na
Art. 330. Os recursos financeiros a ser destinados ao Constituição da República Federativa do Brasil.
financiamento das atividades estabelecidas neste
Regulamento, no montante de R$ 35.000.000,00 (trinta e Subseção IV
cinco milhões de reais), R$ 11.000.000,00 (onze milhões de Da Saúde dos Adolescentes em Conflito com a Lei
reais) correspondem a recursos adicionais aos atualmente Art. 336. As diretrizes para a implantação e
despendidos na Triagem Neonatal. implementação da atenção à saúde dos adolescentes em
§ 1º Os recursos adicionais de que trata o caput deste conflito com a lei com medida socioeducativa a ser cumprida,
artigo serão disponibilizados pelo Fundo de Ações em regime de internação e internação provisória, em
Estratégicas e Compensação - FAEC, e que sua incorporação unidades masculinas e femininas, obedecerão ao disposto
aos tetos financeiros dos Estados ocorrerá na medida em que neste Regulamento.
estes se habilitarem nas respectivas Fases de Implantação do § 1º As ações e os serviços decorrentes das diretrizes
Programa Nacional de Triagem Neonatal, em conformidade estabelecidas neste Regulamento terão por finalidade
com o estabelecido neste Regulamento. promover a saúde dos adolescentes, a que se refere o caput
§ 2º Os recursos orçamentários de que trata este deste artigo, oferecendo uma abordagem educativa, integral,
Regulamento ocorrerão por conta do orçamento do Ministério humanizada e de qualidade.
da Saúde, devendo onerar os Programas de Trabalho: § 2º Para o alcance dessa finalidade, são estabelecidas
I - 10.302.0023.4306 - Atendimento Ambulatorial, as seguintes prioridades:
Emergencial e Hospitalar em regime de Gestão Plena do I - implantação de estratégias de promoção da saúde,
Sistema Único de Saúde - SUS; e com o objetivo de promover ambiência saudável, estimular a
II - 10.302.0023.4307 - Atendimento Ambulatorial, autonomia, e desenvolver ações socioeducativas, atividades
Emergencial e Hospitalar prestado pela Rede Cadastrada no
corporais e de melhoria das relações interpessoais, bem
Sistema Único de Saúde - SUS.
Art. 331. A Secretaria de Atenção à Saúde terá que como o fortalecimento de redes de apoio aos adolescentes e
elaborar e publicar o Manual de Normas Técnicas e Rotinas suas famílias;
Operacionais do Programa Nacional de Triagem Neonatal e II - implantação de ações de prevenção e cuidados
adotar as demais medidas necessárias ao fiel cumprimento específicos, com prioridade para o desenvolvimento integral
do disposto neste Regulamento, definindo, se for o caso, a da adolescência, em particular, a saúde mental, a atenção
inclusão/alteração de procedimentos/medicamentos nas aos agravos psicossociais, a atenção aos agravos associados
Tabelas do SIA/SUS e SIH/SUS, pertinentes à adequada ao uso de álcool e outras drogas, sob a perspectiva da
assistência aos pacientes, determinação extensiva às redução de danos, a saúde sexual e a saúde reprodutiva, a
disposições constantes deste Regulamento. atenção às DST/HIV/Aids e às hepatites e a atenção aos
Art. 332. A Norma de Orientação para a Implantação do adolescentes com deficiências;
Método Canguru, destinado a promover a atenção
III - implementação de medidas de proteção específica,
humanizada ao recém-nascido de baixo peso, está aprovada
como a distribuição de preservativos e a vacinação contra a
nos termos do Anexo XLII a este Regulamento.
§ 1º O Método Canguru, de que trata o caput deste artigo, hepatite, a influenza, o tétano, a rubéola e a outras doenças,
é um modelo de assistência perinatal voltado para o cuidado de acordo com as padronizações da Secretaria de Vigilância
humanizado que reúne estratégias de intervenção em Saúde;
biopsicossocial que permite uma maior participação dos pais IV - garantia de acesso dos adolescentes a que se refere
e da família nos cuidados neonatais. o caput deste artigo em todos os níveis de atenção à saúde,
§ 2º A posição canguru consiste em manter o recém- por meio de referência e contrarreferência, que deverão estar
nascido de baixo peso, em contato pele-a-pele, na posição incluídas na Programação Pactuada Integrada - PPI estadual,
vertical junto ao peito dos pais ou de outros familiares, de mediante negociação nas Comissões Intergestores Bipartites
maneira orientada, segura e acompanhada de suporte - CIB;
assistencial por uma equipe de saúde adequadamente V - educação permanente, tanto das equipes de saúde e
treinada.
dos profissionais das unidades de internação e internação
Subseção II provisória, quanto dos profissionais que atuam nas unidades
Dos Maus-Tratos contra Crianças e Adolescentes de saúde de referência voltadas às especificidades de saúde
Art. 333. Os responsáveis técnicos de todas as entidades dessa população;
de saúde integrantes ou participantes, a qualquer título, do VI - garantia da inclusão, nos Sistemas de Informação de
Sistema Único de Saúde - SUS deverão comunicar aos Saúde do SUS, de dados e indicadores de saúde da
Conselhos Tutelares ou Juizado de Menores da localidade população de adolescentes em regime de internação e
todo caso de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra internação provisória; e
crianças e adolescentes, por elas atendidos. VII - reforma e a aquisição de equipamentos para as
Art. 334. A comunicação de que trata o art. 333 deste unidades de internação e internação provisória, visando ao
Regulamento deverá ser feita mediante a utilização de estabelecimento de unidade de saúde que atenda às
formulário próprio, constante do Anexo XLIII, observadas as necessidades da Atenção Básica, assim como a adequação
instruções e as cautelas nele indicadas para seu do espaço físico de todas as unidades às exigências do
preenchimento. Estatuto da Criança e do Adolescente e às Resoluções do
Parágrafo único. O formulário de que trata o caput deste Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente,
artigo deverá ser preenchido em 2 (duas) vias, sendo a garantindo condições de salubridade e área de lazer.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 337. Em cada unidade da Federação, as Secretarias § 1º No Plano Operativo Estadual deverão estar
de Saúde do Estado, do Distrito Federal e dos Municípios- contemplados os planos municipais de atenção à saúde dos
Sede das unidades de internação e internação provisória, em adolescentes em regime de internação e internação
conjunto com a secretaria gestora do sistema socioeducativo; provisória, conforme estabelece o art. 337 deste
deverão formular um Plano Operativo Estadual, conforme as Regulamento, exceto nos casos em que a Secretaria
normas a ser estabelecidas por meio de ato específico do Estadual de Saúde assuma a execução das ações e serviços
Ministério da Saúde. nele pactuados.
§ 1º A gestão e a gerência das ações e serviços de saúde § 2º A liberação das verbas oriundas do Ministério da
constantes do Plano Operativo Estadual serão pactuadas, no Saúde, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e da
âmbito de cada unidade federada, entre o gestor estadual de Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, para a
saúde, o gestor do sistema socioeducativo e os gestores implantação e implementação das ações e serviços previstos
municipais de saúde, respeitadas as condições de gestão. neste Regulamento, dar-se-á mediante a prévia aprovação do
§ 2º O fórum de pactuação entre as Secretarias de Saúde Plano Operativo Estadual.
do Estado e dos Municípios-Sede será a Comissão § 3º O Plano Operativo Estadual deverá incluir a definição
Intergestores Bipartite. das respectivas contrapartidas de todos os órgãos estaduais
§ 3º Os Planos Operativos Estaduais deverão ser e municipais envolvidos no financiamento e/ou no
submetidos à aprovação do respectivo Conselho Estadual de desenvolvimento das ações de atenção à saúde delineadas
Saúde e do Conselho dos Direitos da Criança e do neste Regulamento, na adequação das condições de
Adolescente. infraestrutura e funcionamento das unidades, na composição
§ 4º Nos casos em que as Secretarias Municipais de e no pagamento das equipes de saúde e na referência para a
Saúde assumirem a gestão e/ou a gerência das ações e média e a alta complexidade, conforme o Limite Financeiro de
serviços de saúde, deverá constar do Plano Operativo Assistência do Estado.
Estadual a aprovação dos Conselhos Municipais de Saúde e Art. 344. Será realizado, no âmbito nacional, o
dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do acompanhamento da implantação e implementação da
Adolescente. atenção à saúde de adolescentes em regime de internação e
Art. 338. Para a implementação das ações, o Ministério internação provisória, por uma Comissão de
da Saúde, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, a Acompanhamento, formalmente indicada e integrada por
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, as representantes das seguintes unidades:
Secretarias Estaduais de Saúde, as secretarias gestoras do I - do Ministério da Saúde:
sistema socioeducativo e as Secretarias Municipais de Saúde a) Secretaria-Executiva;
poderão estabelecer parcerias, acordos e convênios com b) Secretaria de Atenção à Saúde;
entidades privadas sem fins lucrativos, bem como com c) Secretaria de Vigilância em Saúde;
organizações não-governamentais, regularmente constituídas d) Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na
e registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança Saúde;
e do Adolescente, respeitados os critérios definidos no art. 91 II - da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
do Estatuto da Criança e do Adolescente, e que detenham Presidência da República:
experiência de trabalho com adolescentes, em conflito com a a) Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e
lei. do Adolescente;
Parágrafo único. As parcerias, os acordos, os convênios III - da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres:
ou outros mecanismos de cooperação de que trata o caput a) Subsecretaria de Monitoramento e Ações Temáticas;
deste artigo deverão ter um caráter de complementaridade. IV - do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Art. 339. O incentivo para a atenção à saúde de Adolescente - CONANDA;
adolescentes em regime de internação e internação V - do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde -
provisória, a ser financiado pelo Ministério da Saúde, tem o CONASS;
objetivo de complementar o financiamento das ações de VI - do Fórum Nacional de Dirigentes Governamentais de
atenção integral à saúde dessa população. Entidades Executoras da Política de Promoção e Defesa dos
Parágrafo único. Os recursos do Ministério da Saúde Direitos da Criança e do Adolescente - FONACRIAD;
serão repassados do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos VII - do Conselho Nacional de Secretários Municipais de
Estaduais e/ou aos Municipais de Saúde, de acordo com a Saúde - CONASEMS;
pactuação estabelecida no âmbito de cada unidade federada. VIII - do Conselho Nacional de Saúde; e
Art. 340. Compete à Secretaria Especial dos Direitos IX - do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
§ 1º Os instrumentos essenciais de trabalho dessa
Humanos alocar recursos para o financiamento da adequação
Comissão serão as diretrizes para a implantação e
do espaço físico referida no inciso VII do § 2º do art. 336
implementação da atenção à saúde dos adolescentes em
deste Regulamento, da reforma e/ou construção de unidades
regime de internação e internação provisória e os Planos
de saúde e aquisição de equipamentos, nas unidades de
Operativos Estaduais.
internação e internação provisória do sistema socioeducativo.
§ 2º A Comissão reunir-se-á quadrimestralmente para
Art. 341. Compete à Secretaria Especial de Políticas para
acompanhar a implementação dos Planos Operativos
as Mulheres alocar recursos para o financiamento da
Estaduais e avaliar o cumprimento dos compromissos
capacitação, em gênero, dos adolescentes e dos profissionais
assumidos, podendo propor ao Ministério da Saúde, à
envolvidos no atendimento aos adolescentes em regime de
Secretaria Especial dos Direitos Humanos, à Secretaria
internação e internação provisória.
Especial de Políticas para as Mulheres, às Secretarias
Art. 342. O processo de educação permanente das
Estaduais de Saúde, às secretarias gestoras do sistema
equipes de saúde e dos profissionais das unidades de
socioeducativo, ou às Secretarias Municipais de Saúde, os
internação e internação provisória será cofinanciado pela
ajustes que se fizerem necessários.
Secretaria Especial dos Direitos Humanos pela Secretaria
§ 3º A convocação e coordenação das reuniões da
Especial de Políticas para as Mulheres e pelo Ministério da
Comissão caberão ao Ministério da Saúde, à Secretaria
Saúde.
Especial dos Direitos Humanos e à Secretaria Especial de
Art. 343. A adesão e a habilitação das unidades
Políticas para as Mulheres.
federadas às diretrizes de implantação e implementação da
Art. 345. O Ministério da Saúde, por intermédio da
atenção à saúde dos adolescentes, a que se refere o art. 336
Secretaria de Atenção à Saúde, regulamentará as diretrizes
deste Regulamento, dar-se-á mediante a apresentação do
fixadas no presente Regulamento, visando à implantação e
Plano Operativo Estadual, conjuntamente pela Secretaria
implementação da atenção à saúde dos adolescentes, a que
Estadual de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde e
se refere o art. 336, no âmbito do Sistema Único de Saúde -
secretaria gestora do sistema socioeducativo.
SUS.
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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 346. As Normas para a Implantação e Implementação III - para atendimento acima de 101 (cento e um)
da Atenção à Saúde dos Adolescentes em Conflito com a Lei, adolescentes, a equipe de saúde será responsável por até
em Regime de Internação e Internação Provisória, em 180 adolescentes, e repassado o equivalente a 100% (cem
unidades masculinas e femininas, a Padronização Física do por cento) do valor resultante do somatório do incentivo da
Estabelecimento de Saúde nas Unidades de Internação e Saúde da Família, em sua faixa de cobertura 1 (0 - 4,9% da
Internação Provisória, o Plano Operativo Estadual de Atenção população), e do incentivo da Saúde Bucal, em sua faixa de
Integral à Saúde dos Adolescentes em Conflito com a Lei, em cobertura 1, por equipe de saúde implantada/ano.
Regime de Internação e Internação Provisória e o Termo de Parágrafo único. Para fins de cálculo do valor do
Adesão estão aprovados na forma dos Anexos XLIV, XLV, incentivo, as unidades de internação e internação provisória
XLVI e XLVII a este Regulamento. existentes e localizadas na mesma área física serão
Art. 347. A atenção a saúde dos adolescentes no âmbito contabilizadas como uma única unidade.
das unidades de internação e internação provisória Art. 352. Às unidades de internação e internação
compreenderá o desenvolvimento das ações de saúde provisória será garantido o quantitativo de medicamentos da
previstas no Anexo XLIV a este Regulamento e deverá ser assistência farmacêutica básica que compõe o elenco
realizada por equipe de saúde, de caráter multidisciplinar, destinado às equipes da Saúde da Família, conforme definido
composta por profissionais de nível médio e superior. no Anexo XLIV deste Regulamento.
§ 1º Visando garantir uma atenção à saúde humanizada e Art. 353. Os adolescentes que cumprem medidas
de qualidade, é recomendável que a equipe prevista no caput socioeducativas de semiliberdade, liberdade assistida e
deste artigo seja composta minimamente pelos seguintes prestação de serviços à comunidade serão assistidos pela
profissionais: rede do Sistema Único de Saúde.
I - médico;
Seção VI
II - enfermeiro;
III - cirurgião-dentista; Da Saúde do Idoso
Art. 354. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa
IV - psicólogo;
está aprovada nos termos do Anexo XLVIII a este
V - assistente social;
Regulamento.
VI - terapeuta ocupacional;
Art. 355. Os órgãos e entidades do Ministério da Saúde,
VII - auxiliar de enfermagem; e
cujas ações se relacionem com a Política de que trata o art.
VIII - auxiliar de consultório dentário.
354, devem promover a elaboração ou a readequação de
§ 2º Os profissionais de saúde vinculados às unidades de seus programas, projetos e atividades em conformidade com
internação e internação provisória antes da implantação das as diretrizes e as responsabilidades estabelecidas neste
normas previstas neste Regulamento integrarão a equipe de Regulamento.
saúde responsável pelas ações elencadas em seu Anexo Art. 356. O Programa Nacional de Cuidadores de Idosos
XLIV, que serão cadastrados no Cadastro Nacional de será coordenado por Comissão Interministerial, constituída
Estabelecimentos de Saúde - CNES, pela Secretaria Estadual por representantes da então Secretaria do Estado de
ou Municipal de Saúde. Assistência Social do Ministério da Previdência Social e da
§ 3º A composição da equipe de saúde das unidades de Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde.
internação e internação provisória, bem como sua respectiva Parágrafo único. A referida Comissão, responsável pelo
carga horária, deverá respeitar a dinâmica do atendimento e a desenvolvimento do Programa, deverá apresentar os
natureza dessas unidades. procedimentos de operacionalização.
Art. 348. Nos Municípios onde a soma do número de Art. 357. O Programa Nacional de Cuidadores de Idosos
adolescentes internos for inferior a 40 (quarenta), uma atuará de forma descentralizada, envolvendo os Secretários
mesma equipe poderá ser responsável pelas ações de saúde Estaduais, do Distrito Federal e Municipais das áreas
em mais de uma unidade, caso essas sejam circunvizinhas, correspondentes e os respectivos Conselhos Estaduais, do
devendo constar descrição e justificativa no Plano Operativo Distrito Federal e Municipais.
Estadual, conforme o Anexo XLVI a este Regulamento. Art. 358. Serão estabelecidos protocolos específicos com
Art. 349. A atenção à saúde dos adolescentes de que as universidades e entidades não-governamentais, de notória
trata este Regulamento será realizada em estabelecimento de competência, visando à capacitação de recursos humanos
saúde localizado dentro da unidade de internação ou de nas diferentes modalidades de cuidadores domiciliar (familiar
internação provisória, devidamente cadastrada no Cadastro e não-familiar) e institucional.
Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES. Art. 359. Para a implantação e a implementação do
Art. 350. O adolescente em conflito com a lei, em regime Programa Nacional de Cuidadores de Idosos, os Ministérios
de internação e internação provisória, em unidades contarão com recursos aprovados nos respectivos
masculinas e femininas terá garantia de acesso à assistência orçamentos.
de média e alta complexidade.
Parágrafo único. As referências deverão ser negociadas e Seção VII
pactuadas na Comissão Intergestores Bipartite - CIB e Da Saúde do Indígena
incluídas na Programação Pactuada e Integrada - PPI do Art. 360. As diretrizes da Gestão da Saúde Indígena
Estado. estão aprovadas nos termos do Anexo XLIX a este
Art. 351. O cálculo do valor do incentivo para a atenção Regulamento.
integral à saúde de adolescentes em conflito com a lei, em Art. 361. O planejamento, a coordenação e a execução
regime de internação e internação provisória será baseado das ações de atenção à saúde às comunidades indígenas
nos seguintes critérios: dar-se-ão por intermédio da Fundação Nacional de Saúde -
I - para atendimento até 40 (quarenta) adolescentes, será FUNASA, com a efetiva participação do controle social
repassado o equivalente a 25% (vinte e cinco por cento) do indígena em estreita articulação com a Secretaria de Atenção
valor resultante do somatório do incentivo da Saúde da à Saúde do Ministério da Saúde, e complementarmente pelas
Família, em sua faixa de cobertura 1 (0 - 4,9% da população), Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, em
e do incentivo da Saúde Bucal, em sua faixa de cobertura 1 conformidade com as políticas e as diretrizes definidas para
(um) por estabelecimento de saúde/ano; atenção à saúde dos povos indígenas.
II - para atendimento entre 41 (quarenta e um) e 100 Art. 362. O Fator de Incentivo de Atenção Básica aos
(cem) adolescentes, será repassado o equivalente a 60% povos indígenas e o Fator de Incentivo para a Assistência
(sessenta por cento) do valor resultante do somatório do Ambulatorial, Hospitalar e de Apoio Diagnóstico à População
incentivo da Saúde da Família, em sua faixa de cobertura 1 (0 Indígena passarão a ser denominados Incentivo de Atenção
- 4,9% da população), e do incentivo da Saúde Bucal, em sua Básica aos Povos Indígenas - IAB-PI e Incentivo para a
faixa de cobertura 1, por estabelecimento de saúde/ano; e Atenção Especializada aos Povos Indígenas - IAE-PI,
respectivamente.
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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 1º Os recursos de que trata o caput deste artigo serão responsável pela execução das ações básicas de atenção à
transferidos ao respectivo gestor na modalidade fundo a saúde indígena, composto por profissionais de saúde como:
fundo mediante pactuação. Enfermeiro, Auxiliar ou Técnico de Enfermagem, Médico,
§ 2º Os recursos do IAB-PI e do IAE-PI comporão blocos Odontólogo, Auxiliar de Consultório Dental, Técnico de
de financiamento da Atenção Básica e da Média e Alta Higiene Dental, Agente Indígena de Saúde, Agente Indígena
Complexidade, respectivamente, previstos nos arts. 32 a 69 de Saneamento, Técnico em Saneamento, Agentes de
deste Regulamento. Endemias e Microscopistas na Região da Amazônia Legal; e
Art. 363. A aplicação dos recursos do Incentivo da II - Núcleo Distrital de Atenção à Saúde Indígena -
Atenção Básica aos Povos Indígenas e do Incentivo para a responsável pela execução das ações de atenção integral à
Atenção Especializada aos Povos Indígenas deve estar em saúde da população indígena, sendo composto por
conformidade com o Plano Distrital de Saúde Indígena - PDSI profissionais que atuam na saúde indígena, não
e com os Planos de Saúde dos Estados e Municípios. contemplados na composição referida no inciso I deste artigo,
Parágrafo único. Os Planos Municipais e Estaduais de tais como Nutricionistas, Farmacêuticos/Bioquímicos,
Saúde devem inserir as ações voltadas à Saúde Indígena de Antropólogos, Assistentes Sociais e outros, tendo em vista as
forma compatível com o Plano Distrital de Saúde Indígena. necessidades específicas da população indígena.
Art. 364. O Incentivo de Atenção Básica aos Povos Parágrafo único. A definição de quais profissionais
Indígenas - IAB-PI será utilizado para ofertar consultas e deverão compor as Equipes Multidisciplinares de Atenção à
procedimentos de atenção básica às comunidades indígenas. Saúde Indígena - EMSI priorizará a situação epidemiológica,
§ 1º Os valores do IAB-PI serão calculados pela soma de as necessidades de saúde, as características geográficas, o
um valor fixo - parte fixa do IAB-PI acrescido de valor per acesso e o nível de organização dos serviços, respeitando as
capita regionalizado multiplicado pela população indígena de especificidades étnicas e culturais de cada povo indígena,
cada Município, conforme a relação da população indígena devendo atuar de forma articulada e integrada aos demais
cadastrada no SIASI/FUNASA e a proposta de distribuição serviços do SUS, com clientela adscrita e território
dos valores referentes ao IAB-PI, por Município - 2007, estabelecidos.
constantes do Anexo L a este Regulamento. Art. 366. O incentivo para a Atenção Especializada aos
§ 2º O valor do IAB-PI dividido pela população indígena Povos Indígenas - IAE-PI destina-se à implementação
do Município não poderá exceder o valor de R$ 1.000,00 (mil qualitativa e equânime da assistência ambulatorial e
reais) reais/habitante/ano, exceto para os Municípios da hospitalar, e ao apoio diagnóstico e terapêutico à população
Amazônia Legal com população indígena acima de 50 indígena.
habitantes. § 1º Os valores estabelecidos serão repassados aos
§ 3º O IAB-PI será transferido do Fundo Nacional de Municípios e aos Estados, de forma regular e automática, do
Saúde aos Fundos de Saúde dos Municípios, dos Estados e Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Municipais e Estaduais
do Distrito Federal. de Saúde.
§ 4º O valor da parte fixa do IAB-PI corresponde a: § 2º O incentivo de que trata o caput deste artigo incidirá
I - R$ 8.100,00 (oito mil e cem reais) mensais para sobre os procedimentos pagos do SIH/SUS, proporcionais à
Municípios com população indígena com 100 habitantes ou oferta de serviços prestados pelos estabelecimentos às
mais; e populações indígenas, no limite de até 30% (trinta por cento)
II - R$ 4.050,00 (quatro mil e cinquenta reais) mensais da produção total das AIH aprovadas.
para Municípios com população indígena inferior a 100 § 3º O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de
habitantes. Atenção à Saúde e da Fundação Nacional de Saúde,
§ 5º Ficam estabelecidos os seguintes valores per capita identificará os estabelecimentos assistenciais na rede do SUS
anuais por região: que melhor se enquadram ao perfil de referência à atenção
I - Municípios da Região da Amazônia Legal: R$ 300,00 especializada para as comunidades indígenas.
(trezentos reais); § 4º Para a identificação e recomendação dos
II - Municípios da Região Nordeste e dos Estados de estabelecimentos de que trata o § 3º, as unidades
Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais: R$ 150,00 (cento certificadas, conforme a Portaria nº 645/GM, de 27 de março
e cinquenta reais); e de 2006, do Ministério da Saúde, que institui o Certificado do
III - Municípios da Região Sul, demais Estados da Região Hospital Amigo do Índio, serão priorizadas.
Sudeste e do Distrito Federal: R$ 100,00 (cem reais). § 5º Fica o Ministério da Saúde, por meio da Fundação
§ 6º Os Municípios que estão recebendo, por meio da Nacional de Saúde e da Secretaria de Atenção à Saúde, em
legislação em vigor, valores superiores aos estabelecidos conjunto com o respectivo gestor, responsável por pactuar a
neste Regulamento, serão avaliados pela FUNASA com referência e a contrarreferência para a atenção especializada,
acompanhamento do Conselho Distrital de Saúde Indígena - ambulatorial e hospitalar na rede de serviços contemplando
CONDISI, que poderá readequar esses valores, desde que a as metas previstas na Programação Pactuada e Integrada -
aplicabilidade esteja de acordo com as responsabilidades PPI.
pactuadas e respeitados os limites orçamentários. Art. 367. Os incentivos objeto de que trata esta Seção
§ 7º Os Municípios poderão estabelecer consórcio, na serão repassados a Municípios e a Estados, mediante:
forma do disposto na legislação pertinente, em especial a Lei I - termo de pactuação em que constarão as
nº 11.107, de 6 de abril de 2005, ou outros mecanismos responsabilidades e as atribuições da atenção à saúde dos
legais em vigor, para o remanejamento de recursos, entre si, povos indígenas firmado entre a FUNASA, a SAS, os
para execução de ações e serviços de atenção à saúde Municípios ou os Estados, e os Conselhos Distritais de Saúde
indígena, em especial nos casos em que as aldeias ou terras Indígena o qual deverá ser apresentado e aprovado nos
indígenas estejam situadas em mais de um Município, com a respectivos Conselhos de Saúde Municipais ou Estaduais e,
participação da FUNASA e do Controle Social Indígena. posteriormente, ratificados na Comissão Intergestores
§ 8º Existindo Municípios que não disponham atualmente Bipartite - CIB com a participação de representantes dos
de condições técnico-operacionais para aderir às estratégias Distritos Sanitários Especiais Indígenas - DSEI e dos
específicas que se destinam à utilização dos recursos do IAB- Conselhos Distritais de Saúde Indígena (CONDISI);
PI, poderão as respectivas Secretarias Estaduais de Saúde II - cadastramento e atualização periódica no Cadastro
receber transitoriamente esses recursos para o Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES:
desenvolvimento dessas estratégias. a) dos estabelecimentos de saúde habilitados ao
Art. 365. A composição das Equipes Multidisciplinares de recebimento do IAE-PI; e
Atenção Básica à Saúde Indígena - EMSI dar-se-á a partir b) das unidades básicas de saúde com as respectivas
dos seguintes núcleos: EMSI, conforme a Portaria nº 511/SAS, de 29 de dezembro
I - Núcleo Básico de Atenção à Saúde Indígena - de 2000, do Ministério da Saúde, e legislação regulamentar.

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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 1º Os atos de pactuação dar-se-ão no âmbito do Distrito processos de capacitação, formação e educação permanente
Sanitário Especial Indígena - DSEI/Coordenação Regional - dos profissionais que atuam na Saúde Indígena, em
CORE/FUNASA. articulação com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da
§ 2º O Termo de Pactuação deverá ser parte integrante Educação na Saúde do Ministério da Saúde - SGTES/MS;
do Termo de Compromisso de Gestão que formaliza o Pacto XII - pactuar, junto aos Estados e aos Municípios, no
pela Saúde nas suas Dimensões pela Vida, em Defesa do âmbito do Plano Distrital que compõe o Termo de Pactuação
SUS e de Gestão, contendo os objetivos e as metas, as da Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, o seguinte:
atribuições e as responsabilidades sanitárias dos gestores a) os insumos necessários à execução das ações de
nos diferentes níveis e os indicadores de monitoramento e saúde de atenção à saúde dos povos indígenas;
avaliação. b) os meios de transporte para o deslocamento da Equipe
Art. 368. O Termo de Pactuação da Atenção Básica aos Multidisciplinar às comunidades e para a remoção de
Povos Indígenas deverá conter: pacientes que necessitem de procedimentos médicos (e/ou
I - a composição da equipe com a quantidade; exames) de maior complexidade, bem como para internação
II - a formação dos profissionais; hospitalar na área de abrangência do Distrito Sanitário
III - a carga horária; Especial Indígena de acordo com as referências
IV - o plano de trabalho; e estabelecidas;
V - os indicadores e metas a ser alcançados, de acordo c) infraestrutura e equipamentos necessários para
com o Plano Distrital e os indicadores da Atenção Básica do execução das ações de saúde nas comunidades;
Pacto pela Saúde. XIII - articular, junto à CIB, o fluxo de referência de
Art. 369. O Termo de Pactuação da Atenção pacientes de comunidades indígenas aos serviços de média e
Especializada aos Povos Indígenas deverá contemplar: alta complexidade do SUS;
I - a relação da oferta dos serviços; XIV - articular, junto às Secretarias Estaduais de Saúde e
II - a população indígena potencialmente beneficiária; à CIB, a criação de câmaras ou comissões técnicas de saúde
III - as metas quali-quantitativas e os respectivos valores; indígena;
e XV - realizar os investimentos necessários para dotar as
IV - definição do fluxo de referência e contrarreferência e aldeias de soluções adequadas de saneamento ambiental;
estratégias de acolhimento. XVI - realizar e manter o cadastro nacional da população
§ 1º Os estabelecimentos de saúde contratados ou indígena atualizado por meio da implementação do Sistema
conveniados com o SUS deverão assinar com o gestor de Informação de Atenção à Saúde Indígena;
estadual ou municipal o Termo de Compromisso do Prestador XVII - disponibilizar informações necessárias para o
de Serviços, devendo este ser parte integrante do Termo de cadastramento e atualização do Sistema do Cadastro
Pactuação da Atenção Especializada. Nacional dos Estabelecimentos de Saúde em conjunto com
§ 2º Em se tratando de Município ou Estado habilitado a os gestores responsáveis;
receber os dois incentivos, os termos de pactuação serão XVIII - abastecer, quando for o caso, e garantir que os
unificados. órgãos governamentais e não-governamentais que atuam na
Art. 370. Compete à Fundação Nacional de Saúde - Atenção à Saúde dos Povos Indígenas alimentem os
FUNASA: sistemas nacionais de informação do SUS, conforme normas
I - garantir o acesso e a integralidade do cuidado à saúde em vigor;
das comunidades indígenas; XIX - analisar o desempenho dos Municípios e dos
II - estabelecer diretrizes para a organização e a Estados no cumprimento das pactuações previstas neste
operacionalização da atenção em saúde com base no quadro Regulamento; e
epidemiológico e nas necessidades de saúde das XX - apoiar e cooperar tecnicamente com Estados e
comunidades indígenas; Municípios.
III - implementar os Distritos Sanitários Especiais Art. 371. Compete aos Estados:
Indígenas - DSEI por meio das Coordenações Regionais - I - prestar apoio técnico aos Municípios, às Coordenações
CORE e do Departamento de Saúde Indígena - Regionais da FUNASA e aos DSEIs;
DESAI/FUNASA, visando ao fortalecimento da interação entre II - atuar, de forma complementar, na execução das
polo-base e a rede local de atenção à saúde; ações de atenção à saúde indígena, conforme definido no
IV - realizar o gerenciamento das ações de saúde no Plano Distrital de Saúde Indígena, nos objetos dos Termos de
âmbito dos DSEIs; Pactuação da Atenção à Saúde aos Povos Indígenas e
V - garantir, em conjunto com a SAS, recursos financeiros descritas no respectivo Plano Estadual de Saúde, definindo
para o desenvolvimento das ações de atenção à saúde outras atribuições, caso necessário;
indígena; III - alimentar os sistemas nacionais de informação do
VI - garantir recursos humanos em quantidade e SUS, conforme normas em vigor, com os dados relativos à
qualidade necessárias para o desenvolvimento das ações de Atenção à Saúde Indígena, mantendo atualizado o cadastro
atenção à saúde dos povos indígenas, utilizando como de profissionais, de serviços e dos estabelecimentos de
estratégia complementar a articulação com Municípios, saúde contemplados nos Termos de Pactuação da Atenção à
Estados e organizações não-governamentais; Saúde aos Povos Indígenas;
VII - realizar acompanhamento, supervisão, avaliação e IV - consolidar, analisar e transferir os arquivos dos
controle das ações desenvolvidas no âmbito dos DSEIs, em sistemas de informação relativos à Atenção à Saúde Indígena
conjunto com os demais gestores do SUS; enviados pelos Municípios, de acordo com fluxo e prazos
VIII - articular, junto aos Municípios, Estados e Conselhos estabelecidos para cada sistema;
Locais e Distritais de Saúde Indígena, os atos de pactuações V - organizar, em conjunto com os DSEI's e as
das responsabilidades na prestação da atenção à saúde dos Secretarias Municipais de Saúde, fluxos de referência de
povos indígenas, em conjunto com a Secretaria de Atenção a acordo com o Plano Diretor de Regionalização - PDR e a
Saúde - SAS; Programação Pactuada e Integrada, respeitando os limites
financeiros estabelecidos;
IX - acompanhar e avaliar, em conjunto com a Secretaria
VI - garantir e regular o acesso dos povos indígenas aos
de Atenção à Saúde, os instrumentos de que tratam os arts.
serviços de média e alta complexidade ambulatorial e
368 e 369 deste Regulamento;
hospitalar conforme Programação Pactuada e Integrada;
X - encaminhar aos Conselhos de Saúde Indígena, para
VII - participar do Conselho Distrital de Saúde Indígena;
acompanhamento os Termos de Pactuação da Atenção
VIII - participar do acompanhamento e avaliação das
Básica e Atenção Especializada aos Povos Indígenas
ações de saúde dos povos indígenas, em conjunto com os
firmados;
DSEIs e as Secretarias Municipais de Saúde no território
XI - promover as condições necessárias para os
estadual; e
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IX - encaminhar os Termos de Pactuação da Atenção à Básica aos Povos Indígenas e o Incentivo da Atenção
Saúde aos Povos Indígenas para homologação na CIB. Especializada aos Povos Indígenas dar-se-á por meio da
Art. 372. Compete aos Municípios e ao Distrito Federal: verificação da utilização dos sistemas nacionais de
I - atuar de forma complementar na execução das ações informação a ser preenchidos e remetidos ao Ministério da
de atenção à saúde indígena, conforme definido no Plano Saúde pelos Municípios e Estados contemplados, conforme
Distrital de Saúde Indígena, nos objetos dos Termos de normas em vigor, a saber:
Pactuação da Atenção à Saúde aos Povos Indígenas e I - Informações no Cadastro Nacional dos
descritas no respectivo Plano Municipal de Saúde; Estabelecimentos de Saúde e Profissionais Habilitados;
II - alimentar os sistemas nacionais de informação do II - Sistema de Informação Ambulatorial - SIA;
SUS, conforme normas em vigor, com os dados relativos à III - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM;
Atenção à Saúde Indígena, mantendo atualizado o Cadastro IV - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos -
Nacional de Estabelecimentos de Saúde; SINASC;
III - assegurar a participação de representantes indígenas V - Sistema de Informações de Agravos sobre Notificação
e dos profissionais das equipes multidisciplinares de saúde - SINAN;
indígena no Conselho Municipal de Saúde, em especial nos VI - Sistema de Informações do Programa Nacional de
Municípios que firmarem os Termos de Pactuação para a Imunizações - SIS-PNI;
Atenção à Saúde dos Povos Indígenas; VII - Informação de Produção dos Estabelecimentos de
IV - participar do Conselho Distrital de Saúde Indígena; Saúde previstos nos termos de pactuação; e
V - avaliar e acompanhar, em conjunto com os DSEIs e VIII - Sistema de Informações Hospitalares - SIH, quando
os Estados as ações e os serviços de saúde realizados, for o caso.
previstos neste Regulamento; § 1º Os Municípios, os Estados e o Distrito Federal que
VI - participar da elaboração do Plano Distrital de Saúde não alimentarem regularmente os Sistemas de Informação
Indígena; em Saúde com o atendimento hospitalar e ambulatorial aos
VII - garantir a inserção das metas e ações de Atenção povos indígenas, por 2 (dois) meses consecutivos ou 3 (três)
Básica, voltadas às comunidades indígenas no Plano meses alternados, terão o repasse dos incentivos suspenso.
Municipal de Saúde; § 2º O repasse dos incentivos IAE-PI e IAB-PI será
VIII - enviar à CIB os Termos de Pactuação da Atenção à suspenso, caso seja detectados, por meio de auditoria federal
Saúde aos Povos Indígenas para avaliação e homologação; e ou estadual, malversação ou desvio de finalidade na
IX - definir, em conjunto com a FUNASA, o perfil dos utilização dos recursos.
profissionais que comporão as equipes multidisciplinares de Art. 377. Compete à Secretaria de Atenção a Saúde -
saúde indígena, de acordo com os Termos de Pactuação da SAS/MS e à FUNASA, por meio do Departamento de Saúde
Atenção à Saúde aos Povos Indígenas. Indígena - DESAI, o monitoramento da implantação e
Art. 373. São atribuições da participação complementar implementação da regulamentação de que trata este
para garantir a cobertura assistencial aos povos indígenas: Regulamento, com a participação das instâncias de controle
I - atuar, de forma complementar, enquanto as social.
disponibilidades dos serviços públicos de saúde forem Parágrafo único. Deverá ser criado, por ato específico do
insuficientes, na execução das ações de atenção à saúde Ministério da Saúde, Grupo de Trabalho Tripartite para o
indígena, conforme definido no Plano Distrital de Saúde desenvolvimento do trabalho de monitoramento de que trata
Indígena e nos respectivos Planos de Trabalho; este artigo.
II - alimentar os sistemas nacionais de informação do Art. 378. Os acompanhamentos e a avaliação da
SUS, conforme normas em vigor, com os dados relativos à aplicação dos recursos do IAB-PI e do IAE-PI dar-se-ão por
Atenção à Saúde Indígena, repassando ao respectivo gestor meio dos Conselhos Locais e Distritais de Saúde Indígena e
as informações; e dos Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde.
III - participar das reuniões do Conselho Distrital de Parágrafo único. Os Conselhos Municipais e os Estaduais
Saúde Indígena. de Saúde deverão fornecer aos Conselhos Locais e Distritais
Art. 374. Compete à Secretaria de Atenção à Saúde - de Saúde Indígena, quando solicitado, cópia da
SAS/MS: documentação relativa à prestação de contas anual referente
I - organizar, em conjunto com a FUNASA, os Estados e aos recursos do IAB-PI e do IAEPI.
os Municípios, a Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, no Art. 379. As pactuações em vigor que não estiverem de
âmbito nacional; acordo com a presente regulamentação, deverão ser
II - adequar os sistemas de informações do SUS para a repactuadas, observados os preceitos ora dispostos.
inclusão do registro da atenção à saúde indígena; Art. 380. Os Estados e os Municípios farão jus aos
III - viabilizar aos Estados e Municípios de regiões onde recursos previstos nesta Seção e deverão adequar-se aos
vivem os povos indígenas atuar complementarmente no preceitos definidos até outubro de 2008.
custeio e na execução das ações de atenção ao índio, Art. 381. A Secretaria de Atenção à Saúde - SAS e a
individual ou coletivamente, promovendo as adaptações Fundação Nacional de Saúde - FUNASA poderão
necessárias na estrutura e organização do SUS; e estabelecer, isoladamente ou em conjunto, mediante ato
IV - garantir que as populações indígenas tenham acesso específico, outras medidas necessárias à implementação
às ações e serviços do SUS, em qualquer nível que se faça deste Regulamento.
necessário, compreendendo a atenção primária, secundária e
Art. 382. A Política Nacional de Atenção à Saúde dos
terciária à saúde.
Parágrafo único. A recusa de quaisquer instituições, Povos Indígenas está disposta nos termos do Anexo LI a este
públicas ou privadas, ligadas ao SUS, em prestar assistência Regulamento.
aos índios e às comunidades indígenas configura ato ilícito e Art. 383. Os órgãos e entidades vinculados ao Ministério
é passível de punição pelos órgãos competentes. da Saúde, cujas ações se relacionem com o tema objeto da
Art. 375. Compete aos Conselhos Distritais e aos Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas
Conselhos Locais de Saúde Indígena: deverão promover a elaboração ou a readequação de seus
I - participar do processo de formulação das planos, programas, projetos e atividades na conformidade das
necessidades e metas a ser objeto dos Termos de Pactuação diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas.
expressas nos Planos Distritais de Saúde Indígena, em
conjunto com o Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI; e Subseção I
II - acompanhar as referidas pactuações no âmbito de
Da Saúde Mental da População Indígena
abrangência de seu Conselho.
Art. 384. São diretrizes gerais da Política de Atenção
Art. 376. O monitoramento do Incentivo de Atenção
Integral à Saúde Mental das Populações Indígenas:
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I - apoiar e respeitar a capacidade das diversas etnias e V - um representante da Secretaria de Vigilância em
das comunidades indígenas, com seus valores, economias, Saúde - SVS/MS;
tecnologias, modos de organização, de expressão e de VI - um representante do Conselho de Comunidades
produção de conhecimento, para identificar problemas, Indígenas das cinco regiões do País;
mobilizar recursos e criar alternativas que visem à solução VII - um pesquisador convidado, de universidade
dos problemas da comunidade; brasileira;
II - apoiar a organização de um processo de construção VIII - um representante do Conselho Nacional de
coletiva de consensos e de soluções, que envolva a Secretários de Saúde - CONASS;
participação de todos os atores sociais relevantes, em IX - um representante do Conselho Nacional de
especial o movimento social e as lideranças indígenas, que Secretários Municipais de Saúde - CONASEMS; e
considere e respeite as especificidades e a cultura de cada X - um representante da Fundação Nacional do Índio -
comunidade indígena envolvida, que respeite e convoque os FUNAI.
conhecimentos da medicina tradicional das comunidades, e
que crie alternativas viáveis e consensuais para a abordagem Seção VIII
dos problemas de saúde dessas comunidades; Da Saúde da Pessoa com Deficiência
III - considerar como atores sociais imprescindíveis para a Art. 387. A Política Nacional de Saúde da Pessoa com
construção desse processo os etnólogos e a comunidade Deficiência está aprovada nos termos do Anexo LII a este
acadêmica, na medida em que vêm acompanhando Regulamento.
sistematicamente o impacto do contato dessas comunidades Parágrafo único. A Política de que trata o caput deste
com as sociedades envolventes, apontando a complexidade artigo tem como objetivo a reabilitação da pessoa portadora
dos problemas das comunidades e das intervenções do de deficiência, a proteção a sua saúde e a prevenção dos
Estado brasileiro e produzindo conhecimento acerca da agravos que determinem o aparecimento de deficiências,
heterogeneidade dessas comunidades; mediante o desenvolvimento de um conjunto de ações
IV - garantir ações integradas, através da articulação articuladas entre os diversos setores da sociedade e a efetiva
institucional entre as diferentes esferas de governo (União, participação da sociedade.
Estado e Municípios); Art. 388. Os órgãos e entidades do Ministério da Saúde,
V - garantir acessibilidade, sobretudo através da cujas ações se relacionem com o tema objeto da Política
potencialização das ações de construção coletiva de soluções Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência,
para os problemas de saúde mental no nível da atenção deverão promover a elaboração ou a readequação de seus
básica e da potencialização dos CAPS, na realização coletiva planos, programas, projetos e atividades em conformidade
de ações em seu território, sobretudo em regiões com grande com as diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas.
concentração de comunidades indígenas;
VI - considerar como fundamento das propostas de Subseção I
intervenção a estratégia de pesquisa - ação participativa, que Da Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva
permita sistematizar informação epidemiológica, assim como Art. 389. A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva
os modelos explicativos e sistemas de ação que os indígenas deverá ser implantada em todas as unidades federadas,
implementam para a superação de seus problemas; respeitadas as competências das três esferas de gestão.
VII - garantir a criação de um sistema de monitoramento e Art. 390. A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva
avaliação das ações, que, além de inquéritos epidemiológicos deverá ser implantada de forma articulada entre o Ministério
específicos, inclua estudos qualitativos de avaliação das da Saúde, as Secretarias de Estado de Saúde e as
estratégias de intervenção, sejam estas intraculturais ou Secretarias Municipais de Saúde, permitindo:
externas à cultura local; e I - desenvolver estratégias de promoção da qualidade de
VIII - garantir que o Programa de Formação Permanente vida, educação, proteção e recuperação da saúde e
prevenção de danos, protegendo e desenvolvendo a
de Recursos Humanos para a Reforma Psiquiátrica, já em
autonomia e a equidade de indivíduos e coletividades;
andamento, absorva, especialmente em regiões com grande
II - organizar uma linha de cuidados integrais (promoção,
concentração de comunidades indígenas, a problemática da
prevenção, tratamento e reabilitação) que perpasse todos os
saúde mental indígena.
níveis de atenção, promovendo, dessa forma, a inversão do
Art. 385. Compete ao Comitê Gestor da Política de
modelo de atenção aos pacientes, com assistência
Atenção Integral à Saúde Mental das Populações Indígenas:
multiprofissional e interdisciplinar;
I - elaborar e pactuar com as instâncias implicadas, em 45
III - identificar os determinantes e condicionantes das
(quarenta) dias, uma norma que regulamente as ações de
principais patologias e situações de risco que levam à
atenção em Saúde Mental às populações indígenas, onde
deficiência auditiva e desenvolver ações transetoriais de
estejam implicadas estruturas da Secretaria de Atenção à
responsabilidade pública, sem excluir as responsabilidades
Saúde - SAS/MS, da Secretaria de Vigilância em Saúde -
de toda a sociedade;
SVS/MS, e da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA;
IV - definir critérios técnicos mínimos para o
II - coordenar as ações no âmbito do Ministério da Saúde,
funcionamento e a avaliação dos serviços que realizam
ouvidas as instâncias representativas de comunidades
reabilitação auditiva, bem como os mecanismos de sua
indígenas, para o enfrentamento das situações emergenciais
monitoração com vistas a potencializar os resultados da
da atenção à saúde mental indígena, como o alcoolismo, o
protetização;
suicídio e outros problemas prevalentes; e
V - promover a ampla cobertura no atendimento aos
III - elaborar um sistema de monitoramento e avaliação
pacientes portadores de deficiência auditiva no Brasil,
das ações de atenção em saúde mental às populações
garantindo a universalidade do acesso, a equidade, a
indígenas, em sua implantação e implementação.
integralidade e o controle social da saúde auditiva;
Art. 386. Integrará o Comitê, sob a coordenação do
VI - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos
primeiro, e a coordenação adjunta do segundo:
que visem ao estudo do custo-efetividade, eficácia e
I - um representante do Departamento de Saúde Indígena
qualidade, bem como a incorporação tecnológica do processo
da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA;
da reabilitação auditiva no Brasil;
II - um representante do Departamento de Ações
VII - contribuir para o desenvolvimento de processos e
Programáticas Estratégicas - Área Técnica de Saúde Mental -
métodos de coleta, análise e organização dos resultados das
DAPES/SAS/MS;
ações decorrentes da Política Nacional de Atenção à Saúde
III - um representante do Projeto VIGISUS -
Auditiva, permitindo que a partir de seu desempenho seja
Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de
Saúde - FUNASA; possível um aprimoramento da gestão, da disseminação das
IV - um representante do Departamento de Atenção informações e uma visão dinâmica do estado de saúde das
Básica - DAB/SAS/MS; pessoas portadoras de deficiência auditiva;

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VIII - promover intercâmbio com outros subsistemas de plena estruturação da Política Nacional de Atenção à Saúde
informações setoriais, implementando e aperfeiçoando Auditiva.
permanentemente a produção de dados e garantindo a
democratização das informações; e Seção IX
IX - qualificar a assistência e promover a educação Da Saúde Mental
continuada dos profissionais de saúde envolvidos com a Subseção I
implantação e a implementação da Política de Atenção à Da Política Nacional de Atenção
Saúde Auditiva, em acordo com os princípios da integralidade ao Portador de Doença Neurológica
e da humanização. Art. 394. A Política Nacional de Atenção ao Portador de
Art. 391. A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva Doença Neurológica deverá ser implantada em todas as
deverá ser constituída a partir dos seguintes componentes unidades federadas, respeitadas as competências das três
fundamentais: esferas de gestão.
I - atenção básica: realizar ações de caráter individual ou Art. 395. A Política Nacional de Atenção ao Portador de
coletivo, voltadas para a promoção da saúde auditiva, da Doença Neurológica deverá ser organizada de forma
prevenção e da identificação precoce dos problemas articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de
auditivos, bem como ações informativas, educativas e de Estado da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde,
orientação familiar; permitindo:
II - média complexidade: realizar triagem e monitoramento I - desenvolver estratégias de promoção da qualidade de
da audição, da atenção diagnóstica e da terapêutica vida, educação, proteção e recuperação da saúde e
especializada, garantidas a partir do processo de referência e prevenção de danos, protegendo e desenvolvendo a
contrarreferência do paciente portador de deficiência auditiva, autonomia e a equidade de indivíduos e coletividades;
excluindo o diagnóstico e a protetização de crianças até três II - organizar uma linha de cuidados integrais - promoção,
anos de idade, pacientes com afecções associadas prevenção, tratamento e recuperação - que perpasse todos
os níveis de atenção, promovendo, dessa forma, a inversão
(neurológicas, psicológicas, síndromes genéticas, cegueira,
do modelo de atenção;
visão subnormal) e perdas auditivas unilaterais, ações para
III - identificar os determinantes e condicionantes das
cujo desempenho neste nível de atenção será criado o
principais patologias que levam às doenças neurológicas e ao
Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Média
desenvolvimento de ações transetoriais de responsabilidade
Complexidade; e
pública, sem excluir as responsabilidades de toda a
III - alta complexidade: realizar atenção diagnóstica e sociedade;
terapêutica especializada, garantidas a partir do processo de IV - definir critérios técnicos mínimos para o
referência e contrarreferência do paciente portador de funcionamento e a avaliação dos serviços públicos e privados
deficiência auditiva, ações para cujo desempenho neste nível que realizam tratamento clínico, intervencionista e/ou
de atenção será criado o Serviço de Atenção à Saúde cirúrgico, bem como os mecanismos de sua monitoração com
Auditiva na Alta Complexidade. vistas a diminuir os riscos aos quais fica exposto o portador
§ 1º Os componentes descritos no caput deste artigo de doença neurológica;
devem ser organizados segundo o Plano Diretor de V - ampliar e qualificar a cobertura do atendimento aos
Regionalização - PDR de cada unidade federada e os portadores de doenças neurológicas no Brasil, garantindo a
princípios e diretrizes de universalidade, equidade, universalidade, a equidade, a integralidade, o controle social
regionalização, hierarquização e integralidade da atenção à e o acesso às diferentes modalidades terapêuticas;
saúde. VI - ampliar e qualificar a cobertura dos portadores de
§ 2º O Plano de Prevenção, Tratamento e Reabilitação hipertensão arterial e de diabetes mellitus, principais causas
Auditiva deve fazer parte integrante dos Planos Municipais de dos acidentes vasculares cerebrais no Brasil;
Saúde e dos Planos Diretores de Regionalização dos Estados VII - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos
e do Distrito Federal. que visem ao estudo do custo-efetividade, da eficácia e da
§ 3º A regulamentação suplementar e complementar qualidade, bem como a incorporação tecnológica do processo
deste Regulamento ficará a cargo dos Estados, do Distrito de diagnose e do tratamento clínico, intervencionista e/ou
Federal e dos Municípios, com o objetivo de regular a atenção cirúrgico no Brasil;
à saúde da pessoa portadora de deficiência auditiva. VIII - contribuir para o desenvolvimento de processos e
§ 4º A regulação, o controle e a avaliação de ações de métodos de coleta, análise e organização dos resultados das
atenção à saúde da pessoa portadora de deficiência auditiva ações decorrentes da Política Nacional de Atenção ao
serão de competência das três esferas de governo. Portador de Doença Neurológica, permitindo que a partir de
§ 5º Inclusão de dados que viabilizem a produção de seu desempenho seja possível um aprimoramento da gestão,
informações nos sistemas de informação existentes que disseminação das informações e uma visão dinâmica do
possam oferecer ao gestor subsídios para o planejamento, a estado de saúde das pessoas com doença neurológica;
regulação, o controle e a avaliação e promover a IX - promover intercâmbio com outros subsistemas de
disseminação da informação. informações setoriais, implementando e aperfeiçoando
§ 6º Os componentes do caput deste artigo deverão ser permanentemente a produção de dados e garantindo a
regulados por protocolos de conduta em todos os níveis de democratização das informações; e
atenção que permitam o aprimoramento da atenção, da X - qualificar a assistência e promover a educação
regulação, do controle e da avaliação. permanente dos profissionais de saúde envolvidos com a
§ 7º A capacitação e a educação continuada das equipes implantação e a implementação da Política Nacional de
de saúde de todos os âmbitos da atenção envolvendo os Atenção ao Portador de Doença Neurológica, em acordo com
profissionais de nível superior e os de nível técnico, deverá os princípios da integralidade e da humanização.
ser realizada de acordo com as diretrizes do SUS e Art. 396. A Política Nacional de Atenção ao Portador de
alicerçada nos polos de educação permanente em saúde. Doença Neurológica deverá ser implementada a partir dos
§ 8º Deverá ser garantido o acesso aos medicamentos da seguintes componentes fundamentais:
assistência farmacêutica disponibilizados pelo SUS. I - atenção básica, que consiste em realizar ações de
Art. 392. Dever-se-á criar uma Câmara Técnica caráter individual ou coletivo, voltadas à promoção da saúde
subordinada à Secretaria de Atenção à Saúde, com o objetivo e à prevenção dos danos, bem como ações clínicas para o
de acompanhar a implantação e a implementação da política atendimento pré-natal, o tratamento da desnutrição infantil e
instituída por este Regulamento. das doenças infecciosas, do controle da hipertensão arterial e
Art. 393. A Secretaria de Atenção à Saúde, isoladamente do diabetes mellitus que possam ser realizadas neste nível, e
ou em conjunto com outras Secretarias do Ministério da terão lugar na rede de serviços básicos de saúde - Centro de
Saúde, deverá adotar todas as providências necessárias à Saúde /Unidades Básicas de Saúde e Postos de Saúde e, em
especial, pelas Equipes de Saúde da Família;
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II - media complexidade, que consiste em realizar ações Ações Assistenciais em Saúde Mental das Secretarias
de atenção diagnóstica e terapêutica especializada, (Subseção IV desta Seção), podendo contar com outros
garantidas a partir do processo de referência e profissionais convocados por decisão do gestor local.
contrarreferência do portador da doença neurológica, Art. 402. A classificação como hospital psiquiátrico
hipertensão arterial e diabetes mellitus, bem como garantir a integrante do SUS ocorrerá após o resultado da avaliação
assistência ao parto, e devem ser organizadas segundo o realizada, em consonância com o art. 401 deste
Plano Diretor de Regionalização - PDR de cada unidade Regulamento, para a reavaliação dos hospitais que obtiverem
federada e os princípios e diretrizes de universalidade, pontuação de 40% (quarenta por cento) a 60% (sessenta por
equidade, regionalização, hierarquização e integralidade da cento) do PNASH, para verificação da adequação ao índice
atenção à saúde; mínimo de 61% (sessenta e um por cento).
III - alta complexidade, que consiste em garantir o acesso Parágrafo único. Os hospitais que obtiverem índice
aos procedimentos neurológicos, neurointervencionistas e inferior a 40% (quarenta por cento) do PNASH, assim como
neurocirúrgicos e assegurar a qualidade do processo, visando os hospitais que não alcançarem o índice mínimo de 61%
alcançar impacto positivo na sobrevida, na morbidade e na (sessenta e um por cento) do PNASH, após o processo de
qualidade de vida e cuja assistência se dará por meio de reavaliação, não serão classificados conforme o estabelecido
Unidades de Assistência de Alta Complexidade em neste Regulamento.
Neurocirurgia e de Centros de Referência de Alta Art. 403. Após a reavaliação de que trata o art. 402 deste
Complexidade em Neurocirurgia; Regulamento, o gestor local deverá adotar as providências
IV - Plano de Prevenção e Tratamento das Doenças necessárias para a suspensão de novas internações e a
Neurológicas, composto por atenção pré-natal, ao parto, ao substituição planificada do atendimento aos pacientes dos
hospitais que não obtiveram pontuação suficiente para a sua
neonato, ao desenvolvimento neuropsicomotor, prevenção do
classificação.
trauma, assistência nutricional infantil, controle da hipertensão
Parágrafo único. O gestor local, em conjunto com a
arterial sistêmica e do diabetes mellitus, que deve fazer parte
Secretaria de Estado da Saúde, elaborará um projeto técnico
integrante dos Planos Municipais de Saúde e dos Planos de
para a substituição do atendimento aos pacientes dos
Desenvolvimento Regionais dos Estados e do Distrito
hospitais não classificados, preferencialmente em serviços
Federal; extra-hospitalares, determinando o seu descredenciamento
V - regulamentação suplementar por parte dos estados, do Sistema.
do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de Art. 404. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá
regular a atenção ao portador de doenças neurológicas; promover a atualização dos procedimentos de atendimento
VI - a regulação, o controle e a avaliação de ações de em psiquiatria, de acordo com a classificação definida neste
atenção ao portador de doenças neurológicas serão de Regulamento, em substituição ao estabelecido na Portaria
competência das três esferas de governo; GM/MS nº 469, de 3 de abril de 2001, do Ministério da Saúde.
VII - sistema de informação que possa oferecer ao gestor Art. 405. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá incluir
subsídios para tomada de decisão no processo de na Tabela do Sistema de Informações Hospitalares do
planejamento, regulação, fiscalização, controle e avaliação, e Sistema Único de Saúde/SIH-SUS, procedimento específico
promover a disseminação da informação; para o processamento das Autorizações de Internação
VIII - diretrizes de conduta, em todos os níveis de Hospitalar - AIH dos hospitais não classificados de acordo
atenção, que permitam o aprimoramento da atenção, com os indicadores de qualidade aferidos pelo
regulação, controle e avaliação; PNASH/Psiquiatria, até a transferência de todos os pacientes
IX - capacitação e educação permanente das equipes de para outras unidades hospitalares ou serviços extra-
saúde de todos os âmbitos da atenção, a partir de um hospitalares, definidas pelo gestor local do SUS.
enfoque estratégico promocional, envolvendo os profissionais Art. 406. É atribuição intransferível do gestor local do
de nível superior e os de nível técnico, em acordo com as Sistema Único de Saúde estabelecer o limite das internações
diretrizes do SUS e alicerçada nos polos de educação em psiquiatria e o controle da porta de entrada das
permanente em saúde; e internações hospitalares, estabelecendo instrumentos e
X - acesso aos medicamentos da assistência mecanismos específicos e resolutivos de atendimento nas
farmacêutica básica e aos medicamentos excepcionais, situações de urgência/emergência, preferencialmente em
previstos em portaria do Ministério da Saúde, disponibilizados serviços extra-hospitalares ou na rede hospitalar não
pelo SUS. especializada.
Art. 397. Dever-se-á criar uma Câmara Técnica, § 1º Para a organização da porta de entrada, devem ser
subordinada à Secretaria de Atenção à Saúde, com o objetivo seguidas as recomendações contidas no Manual do Gestor
de acompanhar a implantação e a implementação da Política para Atendimento Territorial em Saúde Mental, instituído pela
Nacional de Atenção ao Portador de Doença Neurológica. Norma Operacional de Assistência à Saúde - NOAS-SUS
Art. 398. A Secretaria de Atenção à Saúde, isoladamente 01/2001, prevista na Seção I do Capítulo I deste
ou em conjunto com outros órgãos e entidades vinculadas ao Regulamento.
Ministério da Saúde, deverá adotar todas as providências § 2º O número mensal de internações e o limite de
necessárias à plena estruturação da Política Nacional de internações para cada Município ou região, estimadas de
Atenção ao Portador de Doença Neurológica. acordo com as metas estabelecidas, deverão constar do
Plano Diretor de Regionalização - PDR, definido pela Norma
Subseção II Operacional de Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/2001,
Da Assistência Hospitalar em Psiquiatria prevista na Seção I do Capítulo I deste Regulamento.
Art. 399. As diretrizes e normas para a regulamentação
da assistência hospitalar em psiquiatria no Sistema Único de Subseção III
Saúde - SUS estão previstas nos termos do Anexo LIII a este Das Internações Psiquiátricas
Regulamento. Art. 407. Os Serviços Residenciais Terapêuticos em
Art. 400. Dever-se-á respeitar a classificação para os Saúde Mental, instituídos no âmbito do Sistema Único de
hospitais psiquiátricos integrantes da rede do SUS, apurada Saúde, para atendimento ao portador de transtornos mentais,
pelos indicadores de qualidade aferidos pelo PNASH - obedecerão ao disposto neste Regulamento.
Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Parágrafo único. Entendem-se como Serviços
Hospitalares/Psiquiatria e o número de leitos do hospital, Residenciais Terapêuticos moradias ou casas inseridas,
constante do atual cadastro do Ministério da Saúde. preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos
Art. 401. Os hospitais psiquiátricos integrantes do SUS portadores de transtornos mentais, egressos de internações
deverão ser avaliados por meio do PNASH/Psiquiatria pelos psiquiátricas de longa permanência, que não possuam
Grupos Técnicos de Organização e Acompanhamento das suporte social e laços familiares e que viabilizem sua inserção
social.
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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 408. Os Serviços Residenciais Terapêuticos em e a boa comodidade dos usuários;
Saúde Mental constituem uma modalidade assistencial c) dormitórios devidamente equipados com cama e
substitutiva da internação psiquiátrica prolongada, de maneira armário;
que, a cada transferência de paciente do Hospital d) copa e cozinha para a execução das atividades
Especializado para o Serviço de Residência Terapêutica, domésticas com os equipamentos necessários (geladeira,
deve-se reduzir ou descredenciar do SUS igual número de fogão, filtros, armários etc.); e
leitos naquele hospital, realocando o recurso da AIH e) garantia de, no mínimo, três refeições diárias, café da
correspondente para os tetos orçamentários do Estado ou do manhã, almoço e jantar.
Município, que se responsabilizará pela assistência ao Art. 413. Os serviços ambulatoriais especializados em
paciente e pela rede substitutiva de cuidados em saúde saúde mental, aos quais os Serviços Residenciais
mental. Terapêuticos estejam vinculados, devem possuir equipe
Art. 409. Aos Serviços Residenciais Terapêuticos em técnica, que atuará na assistência e supervisão das
Saúde Mental cabe: atividades, constituída, no mínimo, pelos seguintes
I - garantir assistência aos portadores de transtornos profissionais:
mentais com grave dependência institucional que não tenham I - 1 (um) profissional de nível superior da área de saúde
possibilidade de desfrutar de inteira autonomia social e não com formação, especialidade ou experiência na área de
possuam vínculos familiares e de moradia; saúde mental; e
II - atuar como unidade de suporte destinada, II - 2 (dois) profissionais de nível médio com experiência
prioritariamente, aos portadores de transtornos mentais e/ou capacitação específica em reabilitação psicossocial.
submetidos a tratamento psiquiátrico em regime hospitalar Art. 414. Cabe ao gestor municipal /estadual do SUS
prolongado; e identificar os usuários em condições de serem beneficiados
III - promover a reinserção dessa clientela à vida por esta nova modalidade terapêutica, bem como instituir as
comunitária. medidas necessárias ao processo de transferência dos
Art. 410. Os Serviços Residenciais Terapêuticos em usuários dos hospitais psiquiátricos para os Serviços
Saúde Mental deverão ter um Projeto Terapêutico baseado Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental.
nos seguintes princípios e diretrizes: Art. 415. Para a implantação dos Serviços Residenciais
I - ser centrado nas necessidades dos usuários, visando à Terapêuticos em Saúde Mental, deverão ser priorizados os
construção progressiva da sua autonomia nas atividades da Municípios onde já existam outros serviços ambulatoriais de
vida cotidiana e à ampliação da inserção social; saúde mental de natureza substitutiva aos hospitais
II - ter como objetivo central contemplar os princípios da psiquiátricos, funcionando em consonância com os princípios
reabilitação psicossocial, oferecendo ao usuário um amplo da II Conferência Nacional de Saúde Mental e contemplados
projeto de reintegração social, por meio de programas de dentro de um plano de saúde mental, devidamente discutido e
alfabetização, de reinserção no trabalho, de mobilização de aprovado nas instâncias de gestão pública.
recursos comunitários, de autonomia para as atividades Art. 416. Para a inclusão dos Serviços Residenciais
domésticas e pessoais e de estímulo à formação de Terapêuticos em Saúde Mental no Cadastro do SUS, deverão
associações de usuários, familiares e voluntários; e ser cumpridas as normas gerais que vigoram para
III - respeitar os direitos do usuário como cidadão e como cadastramento no Sistema Único de Saúde e efetuada a
sujeito em condição de desenvolver uma vida com qualidade apresentação de documentação comprobatória aprovada
e integrada ao ambiente comunitário. pelas Comissões Intergestores Bipartite.
Art. 411. Para a inclusão dos Serviços Residenciais Art. 417. As Secretarias Estaduais e as Municipais de
Terapêuticos em Saúde Mental no SUS, será exigido dos Saúde e o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de
estabelecimentos, nos quais serão prestados os serviços, Atenção à Saúde - Área Técnica da Saúde Mental, deverão
que: encaminhar a relação dos Serviços Residenciais Terapêuticos
I - deverão ser exclusivamente de natureza pública; em Saúde Mental cadastrados no Estado, bem como a
II - poderão, a critério do gestor local, ser de natureza não referência do serviço ambulatorial e a equipe técnica aos
governamental, sem fins lucrativos, devendo, para isso, ter quais estejam vinculados, acompanhado das Fichas de
projetos terapêuticos específicos, aprovados pela Cadastro Ambulatorial - FCA e da atualização da Ficha de
Coordenação Nacional de Saúde Mental; Cadastro Hospitalar - FCH com a redução do número de
III - deverão estar integrados à rede de serviços do SUS leitos psiquiátricos, conforme o art. 408 deste Regulamento.
municipal, estadual ou por meio de consórcios Art. 418. As Secretarias Estaduais e as Secretarias
intermunicipais, cabendo ao gestor local a responsabilidade Municipais de Saúde, com apoio técnico do Ministério da
de oferecer uma assistência integral a esses usuários, Saúde, deverão estabelecer rotinas de acompanhamento,
planejando as ações de saúde de forma articulada nos supervisão, controle e avaliação para a garantia do
diversos níveis de complexidade da rede assistencial; funcionamento com qualidade dos Serviços Residenciais
IV - deverão, sob gestão preferencial do nível local, ser Terapêuticos em Saúde Mental.
vinculados, tecnicamente, ao serviço ambulatorial Art. 419. A Secretaria de Atenção à Saúde e a Secretaria-
especializado em saúde mental mais próximo; Executiva deverão regulamentar os procedimentos
V - a critério do gestor municipal/estadual de saúde, os assistenciais dos Serviços Residenciais Terapêuticos em
Serviços Residenciais Terapêuticos, poderão funcionar em Saúde Mental.
parceria com organizações não-governamentais - ONGs de Art. 420. Cabe aos gestores de saúde do SUS emitir
saúde ou de trabalhos sociais ou de pessoas físicas nos normas complementares que visem estimular as políticas de
moldes das famílias de acolhimento, sempre supervisionadas intercâmbio e cooperação com outras áreas de governo, com
por um serviço ambulatorial especializado em saúde mental. o Ministério Público e organizações não-governamentais, no
Art. 412. São características físico-funcionais dos sentido de ampliar a oferta de ações e de serviços voltados
Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental: para a assistência aos portadores de transtornos mentais, tais
I - apresentar estrutura física situada fora dos limites de como:
unidades hospitalares gerais ou especializadas seguindo I - desinterdição jurídica e social; e
critérios estabelecidos pelos gestores municipais e estaduais; II - bolsa-salário ou outra forma de benefício pecuniário,
II - existência de espaço físico que contemple de maneira inserção no mercado de trabalho.
mínima: Art. 421. Os estabelecimentos de saúde, integrantes ou
a) dimensões específicas compatíveis para abrigar um não do Sistema Único de Saúde, deverão observar o disposto
número de no máximo 8 (oito) usuários, acomodados na neste Regulamento para efetuarem as internações
proporção de até 3 (três) por dormitório; psiquiátricas voluntárias ou involuntárias, conforme o disposto
b) sala de estar com mobiliário adequado para o conforto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 422. A internação psiquiátrica deverá ocorrer I - numeração da IPI;
somente após todas as tentativas de utilização das demais II - data;
possibilidades terapêuticas e após esgotados todos os III - condições da alta; e
recursos extra-hospitalares disponíveis na rede assistencial, IV - encaminhamento do paciente.
com a menor duração temporal possível. Art. 429. Nas internações voluntárias, deverá ser
Art. 423. Ficam caracterizadas quatro modalidades de solicitado ao paciente que firme o Termo de Consentimento
internação: Livre e Esclarecido, modelo do Anexo LIV, que ficará sob a
I - Internação Psiquiátrica Involuntária - IPI; guarda do estabelecimento.
II - Internação Psiquiátrica Voluntária - IPV, Art. 430. O gestor estadual do SUS constituirá uma
III - Internação Psiquiátrica Voluntária que se torna Comissão Revisora das Internações Psiquiátricas
Involuntária - IPVI; e Involuntárias, com a participação de integrante designado
IV - Internação Psiquiátrica Compulsória - IPC. pelo Ministério Público Estadual, que fará o acompanhamento
§ 1º Internação Psiquiátrica Voluntária é aquela realizada dessas internações, no prazo de 72 (setenta e duas) horas
com o consentimento expresso do paciente. após o recebimento da comunicação pertinente.
§ 2º Internação Psiquiátrica Involuntária é aquela § 1º A Comissão de que trata o caput deste artigo deverá
realizada sem o consentimento expresso do paciente. ser multiprofissional, sendo integrantes dela, no mínimo, um
§ 3º A Internação Psiquiátrica Voluntária poderá tornar-se psiquiatra ou clínico geral com habilitação em Psiquiatria, e
involuntária quando o paciente internado exprimir sua um profissional de nível superior da área de saúde mental,
discordância com a manutenção da internação. não pertencentes ao corpo clínico do estabelecimento onde
§ 4º A Internação Psiquiátrica Compulsória é aquela ocorrer à internação, além de representante do Ministério
determinada por medida judicial e não será objeto da Público Estadual, devendo dela também participar
presente regulamentação. representantes de associações de direitos humanos ou de
Art. 424. As internações involuntárias, referidas no § 2º do usuários de serviços de saúde mental e familiares.
art. 423 deste Regulamento, deverão ser objeto de notificação § 2º Se necessário, poderão ser constituídas Comissões
às seguintes instâncias: Revisoras das Internações Psiquiátricas Involuntárias, em
I - ao Ministério Público Estadual ou do Distrito Federal e âmbito microrregional, municipal ou por regiões
Territórios onde o evento ocorrer; e administrativas de Municípios de grande porte.
II - à Comissão referida art. 430 deste Regulamento. Art. 431. O Ministério Público poderá solicitar informações
Art. 425. A Comunicação de Internação Psiquiátrica complementares ao autor do laudo e à direção do
Involuntária deverá ser feita, no prazo de 72 (setenta e duas) estabelecimento, bem como realizar entrevistas com o
horas, às instâncias referidas no artigo anterior, observado o internado, seus familiares ou quem mais julgar conveniente,
sigilo das informações, em formulário próprio - Termo de podendo autorizar outros especialistas a examinar o
Comunicação de Internação Psiquiátrica Involuntária, internado, com vistas a oferecerem parecer escrito.
constante do Anexo LIV a este Regulamento - que deverá Art. 432. A Comissão Revisora efetuará, até o sétimo dia
conter laudo de médico especialista pertencente ao quadro de da internação, a revisão de cada internação psiquiátrica
funcionários do estabelecimento de saúde responsável pela involuntária, emitindo laudo de confirmação ou suspensão do
internação. regime de tratamento adotado e remetendo cópia deste ao
Parágrafo único. O laudo médico é parte integrante da estabelecimento de saúde responsável pela internação, no
Comunicação de Internação Psiquiátrica Involuntária, que prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
deverá conter obrigatoriamente as seguintes informações: Art. 433. O Diretor do estabelecimento enviará
I - identificação do estabelecimento de saúde; mensalmente ao gestor estadual do SUS listagem contendo o
II - identificação do médico que autorizou a internação; nome do paciente internado e o número da notificação da
III - identificação do usuário e do seu responsável e Internação Psiquiátrica Involuntária - IPI - e da Internação
contatos da família; Psiquiátrica Voluntária que se torna Involuntária - IPVI,
IV - caracterização da internação como voluntária ou ressalvados os cuidados de sigilo.
involuntária;
V - motivo e justificativa da internação; Subseção IV
VI - descrição dos motivos de discordância do usuário Das Ações Assistenciais em Saúde Mental
sobre sua internação; Art. 434. O Programa Permanente de Organização e
VII - CID; Acompanhamento das Ações Assistenciais em Saúde Mental,
VIII - informações ou dados do usuário, pertinentes à instituído no âmbito do Sistema Único de Saúde, obedecerá
Previdência Social, Instituto Nacional do Seguro Social - ao disposto neste Regulamento.
INSS; Parágrafo único. O Programa de que trata este artigo
IX - capacidade jurídica do usuário, esclarecendo se é deverá contemplar as seguintes atividades:
interditado ou não; I - avaliação da assistência à saúde mental no País,
X - informações sobre o contexto familiar do usuário; e dentro do contexto de sistema global de atenção, promoção e
XI - previsão estimada do tempo de internação. recuperação da saúde mental;
Art. 426. Ao Ministério Público caberá o registro da
II - supervisão e avaliação, in loco, dos hospitais
notificação das Internações Psiquiátricas Involuntárias - IPI,
bem como das voluntárias que se tornam involuntárias - IPVI - psiquiátricos que compõem a rede assistencial do Sistema
, para controle e acompanhamento destas até a alta do Único de Saúde, tendo em vista a adoção de medidas que
paciente. reforcem a continuidade do processo de reversão do modelo
Art. 427. Se no decurso de uma internação voluntária o de atenção à saúde mental instituído no País;
paciente exprimir discordância quanto à sua internação, após III - análise, avaliação e proposição de alternativas
sucessivas tentativas de persuasão pela equipe terapêutica, assistenciais na área de saúde mental; e
passando a caracterizar-se uma internação involuntária, o IV - elaboração e proposição de protocolos de regulação
estabelecimento de saúde deverá enviar ao Ministério Público e de mecanismos de implementação de módulo de regulação
o Termo de Comunicação de Internação Involuntária, até 72 da assistência à saúde mental que venha a compor as
(setenta e duas) horas após aquela manifestação, Centrais de Regulação, com o objetivo de regular, ordenar e
devidamente assinado pelo paciente.
orientar essa assistência e com o princípio fundamental de
Art. 428. Caberá à instituição responsável pela internação
incrementar a capacidade do poder público de gerir o sistema
involuntária a comunicação da alta hospitalar, conforme
modelo de formulário constante do Anexo LIV, do qual de saúde e de responder, de forma qualificada e integrada, às
deverão constar, obrigatoriamente, as seguintes informações: demandas de saúde de toda a população.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 435. Compete à Secretaria de Atenção à Saúde - neste Regulamento.
SAS a estruturação de Grupo Técnico de Organização e
Acompanhamento das Ações Assistenciais em Saúde Mental Subseção V
e a designação dos membros que dele farão parte. Dos Portadores de Doença de Alzheimer
§ 1º A convite do Ministério da Saúde, a Comissão de Art. 440. O Programa de Assistência aos Portadores da
Direitos Humanos, da Câmara dos Deputados, indicará um doença de Alzheimer, instituído no âmbito do Sistema Único
dos seus componentes para acompanhar os trabalhos do de Saúde, obedecerá ao disposto neste Regulamento.
Grupo Técnico de que trata o caput deste artigo. Art. 441. O Programa de Assistência aos Portadores da
§ 2º O Grupo Técnico terá as seguintes atribuições e doença de Alzheimer será desenvolvido de forma articulada
competências: pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias de Saúde dos
I - coordenar a implementação do Programa Permanente Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em cooperação
de Organização e Acompanhamento das Ações Assistenciais com as respectivas Redes Estaduais de Assistência à Saúde
em Saúde Mental; do Idoso e seus Centros de Referência em Assistência à
II - coordenar e articular as ações que serão Saúde do Idoso.
desenvolvidas pelos Grupos Técnicos designados, com a Parágrafo único. Os Centros de Referência integrantes da
mesma finalidade, pelos Estados, Distrito Federal e Rede mencionada no caput deste artigo são os responsáveis
Municípios em Gestão Plena do Sistema Municipal; pelo diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos
III - promover a capacitação dos profissionais que pacientes, orientação a familiares e cuidadores e o que mais
desenvolverão as atividades inerentes ao Programa instituído, for necessário à adequada atenção aos pacientes portadores
especialmente daqueles integrantes dos Grupos Técnicos da doença de Alzheimer.
estaduais e municipais; e Art. 442. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá
IV - emitir relatórios técnicos contendo as análises, as estabelecer o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para
avaliações e os acompanhamentos realizados e propondo o tratamento da demência por doença de Alzheimer, incluindo
medidas corretivas e de aperfeiçoamento do sistema de os medicamentos utilizados nesse tratamento no rol dos
assistência em saúde mental. Medicamentos Excepcionais e deverá adotar as demais
Art. 436. As atividades dos Grupos Técnicos, tanto da medidas que forem necessárias ao fiel cumprimento do
Secretaria de Atenção à Saúde quanto dos Estados e dos disposto neste Regulamento.
Municípios, não substituem as ações e competências de
supervisão, controle, avaliação e auditoria dos gestores do
Sistema Único de Saúde - federal, estaduais e municipais. Subseção VI
Art. 437. As Secretarias de Saúde dos Estados, do Dos Portadores de Transtornos
Distrito Federal e dos Municípios em Gestão Plena do Decorrentes do Uso de Álcool e outras Drogas
Sistema Municipal, deverão estruturar, nos respectivos Art. 443. O Programa de Atenção Integral a Usuários de
âmbitos de atuação, Grupo Técnico de Organização e Álcool e outras Drogas, instituído no âmbito do SUS, será
Acompanhamento das Ações Assistenciais em Saúde Mental desenvolvido de forma articulada pelo Ministério da Saúde e
e deverão designar os membros que dele farão parte. pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e
§ 1º Os Grupos Técnicos deverão ser compostos, no dos Municípios.
mínimo, pelos seguintes técnicos: Art. 444. O Programa de Atenção Integral a Usuários de
I - nos Estados e no Distrito Federal: Álcool e outras Drogas terá como seus principais
a) - 1 (um) representante da equipe da saúde mental; componentes:
b) - 1 (um) representante da equipe de vigilância I - Atenção Básica;
sanitária; e II - atenção nos Centros de Atenção Psicossocial para
c) - 1 (um) representante da equipe de controle e Atenção a Usuários de Álcool e outras Drogas - CAPSad,
avaliação. ambulatórios e outras unidades extra-hospitalares
II - nos Municípios em Gestão Plena do Sistema especializadas;
Municipal: III - atenção hospitalar de referência; e
a) - 2 (dois) representantes da equipe da saúde mental (1 IV - rede de suporte social, como associações de ajuda
do Estado e 1 do Município); mútua e entidades da sociedade civil, complementar à rede
b) - 2 (dois) representantes da equipe de vigilância de serviços disponibilizados pelo SUS.
sanitária (1 do Estado e 1 do Município); e Art. 445. O componente da Atenção Básica, de que trata
c) - 1 (um) representante da equipe de controle e o inciso I do art. 444 deste Regulamento, refere-se à atenção
avaliação. integral aos usuários de álcool e outras drogas em unidades
§ 2º Os Grupos Técnicos terão as seguintes atribuições e de Atenção Básica, ambulatórios não-especializados,
competências: Programa Saúde da Família e Programa de Agentes
I - realizar, nos respectivos âmbitos de atuação e sob a Comunitários de Saúde, entre outros dispositivos de cuidados
coordenação do Grupo Técnico estruturado pela Secretaria possíveis, no âmbito da Atenção Básica, e deve ter como
de Atenção à Saúde, as atividades inerentes ao Programa principais características:
Permanente de Organização e Acompanhamento das Ações I - atuação articulada ao restante da rede de atenção
Assistenciais em Saúde Mental; integral aos usuários de álcool e outras drogas, bem como à
II - no caso dos Grupos Técnicos de Estados, articular as rede de cuidados em saúde mental, devendo ainda ser
ações que serão desenvolvidas pelos Grupos Técnicos implicada a rede de cuidados em DST/AIDS;
designados, com a mesma finalidade, pelos Municípios em II - atuação e inserção comunitárias, em maior nível de
Gestão Plena do Sistema Municipal; e capilaridade para ações como detecção precoce de casos de
III - emitir relatórios técnicos contendo as análises, as uso nocivo e/ou dependência de álcool e outras drogas, de
avaliações e os acompanhamentos realizados e propondo forma articulada a práticas
medidas corretivas e de aperfeiçoamento do respectivo terapêuticas/preventivas/educativas, tais como
sistema de assistência em saúde mental. aconselhamento breve e intervenções breves voltadas para a
Art. 438. A constatação de irregularidades ou do não- redução ou o cessar do consumo, contemplando ainda o
cumprimento das normas vigentes implicará, de conformidade encaminhamento precoce para intervenções mais
com o caso apresentado, instauração de auditoria pelo especializadas, ou para a abordagem de complicações
Ministério da Saúde e oferecimento de denúncia ao Ministério clínicas e/ou psiquiátricas decorrentes de tal consumo; e
Público. III - adoção da lógica de redução de danos, que é
Art. 439. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar estratégica para o êxito das ações desenvolvidas por essas
as medidas necessárias ao pleno cumprimento do disposto unidades.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 446. O componente da atenção nos CAPSad, curta permanência;
ambulatórios e outras unidades especializadas, objeto do VI - oferecer, nas situações descritas nos incisos III e IV
inciso II do art. 444 deste Regulamento, obedece a uma do art. 444 deste Regulamento, abordagem, suporte e
lógica de oferta de cuidados baseados na atenção integral, encaminhamento adequado aos usuários que, mediante
devendo ter como principais características: avaliação geral, evidenciarem indicativos de ocorrência de
I - oferta aos usuários de álcool e outras drogas e seus comorbidades de ordem clínica e/ou psíquica; e
familiares, de acolhimento, atenção integral (práticas VII - evitar a internação de usuários de álcool e outras
terapêuticas/preventivas/de promoção de drogas em hospitais psiquiátricos.
saúde/educativas/de reabilitação psicossocial) e estímulo à Art. 448. O componente da rede de suporte social,
sua integração social e familiar; previsto no inciso II do art. 444 deste Regulamento, inclui
II - inserção comunitária de práticas e serviços, os quais dispositivos comunitários de acolhida e cuidados, que devem
devem atender a uma população referida a um território ter as seguintes características:
específico; I - articulação à rede de cuidados do SUS, não sendo,
III - funcionamento, especialmente para os CAPSad, porém, componentes dessa rede, mas instância
segundo normas expressas nos arts. 454 a 464 deste complementar, como, por exemplo, os grupos de mútua
Regulamento e pelas Portarias nº 336/GM, de 19 de fevereiro ajuda, entidades congregadoras de usuários, associações
de 2002, nº 189/SAS, de 20 de março de 2002, e nº 305/SAS, comunitárias e demais entidades da sociedade civil
de 3 de maio de 2002, do Ministério da Saúde; organizada;
IV - articulação de todas essas unidades com o restante II - configuração da estrutura complementar à rede de
da rede de atenção integral aos usuários de álcool e outras serviços disponibilizados pelo SUS; e
drogas, bem como à rede de cuidados em saúde mental, III - respeito às determinações da Lei nº 10.216, de 2001,
devendo ainda ser considerada a rede de cuidados em no tocante às unidades não componentes da rede do SUS
DST/AIDS; e que trabalham com a permanência de pacientes em regime
V - adoção da lógica de redução de danos, como fechado.
estratégica para o êxito das ações desenvolvidas por essas Art. 449. Os objetivos descritos no art. 447 deste
unidades. Regulamento são direcionados prioritariamente a pessoas
§ 1º As outras unidades ambulatoriais mencionadas que fazem uso prejudicial de álcool, em face da magnitude
devem trabalhar seguindo orientação específica, porém, epidemiológica de seu uso e de suas consequências, porém,
dentro de sistemática similar à utilizada para os CAPSad, contemplando igualmente o conjunto de usuários de álcool e
quanto à proposta de atenção integral a usuários e familiares, outras drogas que apresente a maior demanda por cuidados,
à inserção comunitária e à lógica territorial desses serviços. no território de abrangência de cada serviço.
§ 2º A criação do Serviço Hospitalar de Referência para a Parágrafo único. O componente hospitalar do Programa
Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras Drogas - de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas
SHR-ad não exclui a obrigatoriedade da existência de leitos obedece às determinações da Lei nº 10.216, de 2001, que
para desintoxicação e repouso, conforme previsto pela são relativas à internação hospitalar, considerando em sua
Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002, do Ministério lógica de funcionamento somente internações hospitalares
da Saúde. que demandem por curta permanência dos usuários em suas
Art. 447. O componente de atenção hospitalar de unidades de referência.
referência, previsto no inciso III do art. 444 deste Art. 450. Os seguintes procedimentos específicos para a
Regulamento, compreende a instalação dos Serviços atenção hospitalar aos usuários de álcool e outras drogas
Hospitalares de Referência para a Atenção Integral aos realizados em Serviço Hospitalar de Referência para Atenção
Usuários de Álcool e outras Drogas - SHR-ad em Hospitais Integral aos Usuários de Álcool e outras Drogas - SHR-ad
Gerais e têm como objetivos: previamente habilitados, estão inseridos na tabela de
I - compor rede de atenção integral a usuários de álcool e procedimentos do SIH-SUS:
outras drogas, participando do sistema de organização e I - tratamento de intoxicação aguda, em Serviço
regulação das demandas e fluxos assistenciais, em área Hospitalar de Referência para a Atenção Integral aos
geográfica definida, respeitando as atribuições e Usuários de Álcool e outras Drogas - SHRad, com o tempo de
competências das instâncias do SUS para a sua implantação permanência de 24 (vinte e quatro) a 48 (quarenta e oito)
e gerenciamento; horas;
II - compor, na rede assistencial e em sua estrutura de II - tratamento da síndrome de abstinência do álcool, em
atendimento hospitalar de urgência e emergência, a rede Serviço Hospitalar de Referência para a Atenção Integral aos
hospitalar de retaguarda aos usuários de álcool e outras Usuários de Álcool e outras Drogas - SHRad, com o tempo de
drogas; permanência de 3 (três) a 7 (sete) dias; e
III - atuar respeitando as premissas do SUS e a lógica III - tratamento de dependência do álcool, com a presença
territorial, salvo em casos de ausência de recursos de intoxicação aguda com evolução para a instalação de
assistenciais similares, onde a clientela atendida poderá síndrome de abstinência grave, ou ainda outros quadros de
ultrapassar os limites territoriais previstos para a abrangência síndrome de abstinência seguidos por complicações clínicas,
do serviço; neurológicas e psiquiátricas, em Serviço Hospitalar de
IV - dar suporte à demanda assistencial caracterizada por Referência para a Atenção Integral aos Usuários de Álcool e
situações de urgência/emergência que sejam decorrentes do outras Drogas - SHRad, com o tempo de permanência de 3
consumo ou abstinência de álcool e/ou outras drogas, (três) a 15 (quinze) dias.
advindas da rede dos Centros de Atenção Psicossocial para a Parágrafo único. Ficam mantidos os procedimentos já
Atenção a Usuários de Álcool e outras Drogas - CAPSad, da contemplados na tabela SIH-SUS, relativos à atenção
rede básica de cuidados em saúde - Programa Saúde da hospitalar a usuários de álcool e outras drogas.
Família e Unidades Básicas de Saúde - e de serviços Art. 451. Em razão da existência de diferentes níveis de
ambulatoriais especializados e não-especializados; organização para as redes assistenciais locais e da variação
V - oferecer suporte hospitalar, por meio de internações da incidência e da gravidade dos transtornos decorrentes do
de curta duração para usuários de álcool e/ou outras drogas, uso de álcool e outras drogas, como primeira etapa do
em situações assistenciais para as quais os recursos extra- programa, deverão ser habilitados os Serviços Hospitalares
hospitalares disponíveis não tenham obtido a devida de Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras Drogas -
resolutividade, ou ainda em casos de necessidade imediata SRH-ad, de acordo com as prioridades abaixo estabelecidas:
de intervenção em ambiente hospitalar, sempre respeitadas I - regiões metropolitanas;
as determinações da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, e II - Municípios acima de 200.000 (duzentos mil)
sempre acolhendo os pacientes em regime de curtíssima e habitantes;

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III - Municípios que já possuam CAPSad em outras drogas.
funcionamento; e Art. 457. Os procedimentos realizados pelos Centros de
IV - Municípios onde já esteja implantado o Serviço de Atenção Psicossocial - CAPS e pelos Núcleos de Atenção
Atendimento Móvel de Urgência - SAMU - 192. Psicosossial - NAPS atualmente existentes, após o seu
Parágrafo único. Deverão, também, ser consideradas recadastramento, assim como os novos serviços que vierem
outras necessidades de ordem epidemiológica e estratégica a ser criados e cadastrados em conformidade com o
para a consolidação da rede assistencial aos usuários de estabelecido neste Regulamento, serão remunerados através
álcool e outras drogas. do Subsistema de Autorização de Procedimentos
Art. 452. Os recursos orçamentários relativos às ações Ambulatoriais de Alta Complexidade/Custo APAC/SIA,
relativas ao Programa de Atenção Integral a Usuários de conforme o estabelecido nas Portarias GM/MS nº 366, de 19
Álcool e outras Drogas correrão por conta do orçamento do de fevereiro de 2002, e SAS/MS nº 189, de 20 de março de
Ministério da Saúde, devendo onerar os seguintes Programas 2002, do Ministério da Saúde.
de Trabalho: Art. 458. Os Municípios e os Estados que implantarem
I - Apoio a Serviços Extra-Hospitalares para Transtornos novos serviços ou realizarem a adequação dos já existentes
de Saúde Mental e Decorrentes do Uso de Álcool e outras deverão receber um incentivo adicional de R$ 50.000,00
Drogas - 10.846.1312.0844; (cinquenta mil reais).
II - Atenção à Saúde dos Municípios Habilitados em Parágrafo único. O incentivo de que trata o caput deste
Gestão Plena do Sistema e nos Estados Habilitados em artigo será transferido aos Municípios após avaliação e
Gestão Plena/Avançada - 10.846.1312.0844; e inclusão das respectivas unidades no Programa Nacional de
III - Atenção à Saúde dos Municípios Não-Habilitados em Atenção Comunitária Integrada a Usuários de Álcool e outras
Gestão Plena do Sistema e nos Estados Não-Habilitados em Drogas, pela Assessoria Técnica da Secretaria de Atenção à
Gestão Plena/Avançada - 10.846.1220.0907. Saúde - ASTEC/SAS/MS.
Art. 453. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar Art. 459. O Programa Permanente de Capacitação de
as providências necessárias ao cumprimento e à Recursos Humanos da rede SUS para os Serviços de
regulamentação referente ao Programa de Atenção Integral a Atenção aos Pacientes com Transtornos causados pelo Uso
Usuários de Álcool e outras Drogas, no que se refere aos Prejudicial e/ou Dependência de Álcool e outras Drogas será
procedimentos a ser realizados pelos Serviços Hospitalares regulamentado em ato específico da Secretaria de Atenção à
de Referência para a Atenção Integral aos Usuários de Álcool Saúde/SAS/MS.
e outras Drogas - SHR-ad, aos critérios para habilitação e às Art. 460. Os recursos orçamentários de que trata o art.
normas de funcionamento. 459 deste Regulamento correrão por conta do orçamento do
Art. 454. O Programa Nacional de Atenção Comunitária Ministério da Saúde, devendo onerar os Programas de
Integrada a Usuários de Álcool e outras Drogas, instituído no Trabalho:
âmbito do Ministério da Saúde, será desenvolvido de forma I - Atendimento Ambulatorial, Emergencial e Hospitalar
articulada por este Ministério e pelas Secretarias de Saúde em Regime de Gestão Plena do SUS - 10.302.0023.4306; e
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, tendo por II - Atendimento Ambulatorial, Emergencial e Hospitalar
objetivos: prestado pela Rede Cadastrada no SUS - 10.302.0023.4307.
I - articulação das ações desenvolvidas pelas três esferas Art. 461. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar
de governo destinadas a promover a atenção aos pacientes as providências necessárias ao cumprimento do disposto
com dependência e/ou uso prejudicial de álcool ou outras nesta Subseção, referente ao Programa Nacional de Atenção
drogas; Comunitária Integrada a Usuários de Álcool e outras Drogas,
II - organização e implantação da rede estratégica de procedendo à sua respectiva regulamentação.
serviços extra-hospitalares de atenção aos pacientes com Art. 462. As Normas de Funcionamento e Cadastramento
esse tipo de transtorno, articulada à rede de atenção de Centros de Atenção Psicossocial para Atendimento de
psicossocial; Pacientes com Transtornos Causados pelo Uso Prejudicial
III - aperfeiçoamento das intervenções preventivas como e/ou Dependência de Álcool e outras Drogas estão dispostas
forma de reduzir os danos sociais e à saúde representados no Anexo LVI a este Regulamento.
pelo uso prejudicial de álcool e outras drogas; Parágrafo único. As Secretarias de Saúde dos Estados,
IV - realização de ações de atenção/assistência aos do Distrito Federal e dos Municípios em Gestão Plena do
pacientes e familiares, de forma integral e abrangente, com Sistema Municipal de Saúde deverão adotar as medidas
atendimento individual e em grupo, atividades comunitárias, necessárias à organização, habilitação e cadastramento dos
orientação profissional, suporte medicamentoso, Centros de que trata o caput deste artigo nos respectivos
psicoterápico, de orientação e outros; âmbitos de atuação.
V - organização e regulação das demandas e dos fluxos Art. 463. Os Centros de Referência designados nos
assistenciais; e Estados serão responsáveis, junto aos gestores estaduais e
VI - promoção, em articulação com instituições sob a coordenação de Grupo de Trabalho constituído pela
formadoras, da capacitação e supervisão das equipes de Secretaria de Atenção à Saúde, pela implementação da
atenção básica, dos serviços e dos programas de saúde primeira etapa do Programa Permanente de Capacitação
mental locais.
para a Rede de CAPSad, na forma descrita no Anexo LVII a
Art. 455. As competências e atribuições relativas à
implantação e gestão do Programa Nacional de Atenção este Regulamento.
Comunitária Integrada a Usuários de Álcool e outras Drogas Art. 464. Os gestores estaduais deverão efetivar o
de cada nível de gestão do SUS estão definidas na forma do cadastramento e/ou recadastramento dos Centros de Atenção
Anexo LV a este Regulamento, nas respectivas condições de Psicossocial para Atenção a Pacientes com Transtornos
gestão e na divisão de responsabilidades definida na Norma Decorrentes do Uso Prejudicial de Álcool e outras Drogas -
Operacional de Assistência à Saúde - NOAS - SUS 01/2002, CAPSad na forma deste Regulamento.
prevista na Seção I do Capítulo I deste Regulamento.
Art. 456. Em virtude dos diferentes níveis de organização Seção X
das redes assistenciais existentes nos Estados e no Distrito Da Saúde no Sistema Penitenciário
Federal, da diversidade das características populacionais Art. 465. O Plano Nacional de Saúde no Sistema
existentes no País e da variação da incidência dos
Penitenciário, constante do Anexo LVIII a este Regulamento,
transtornos causados pelo uso abusivo ou dependência de
destina-se a prover a atenção integral à saúde da população
álcool e outras drogas, deverão ser implantados no País
Centros de Atenção Psicossocial para Atendimento de prisional confinada em unidades masculinas e femininas, bem
Pacientes com dependência e/ou uso prejudicial de álcool e como nas psiquiátricas.

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Parágrafo único. As ações e serviços decorrentes do no Sistema Penitenciário, cabendo ao Ministério da Saúde
Plano de que trata o caput deste artigo terão por finalidade financiar o correspondente a 70% (setenta por cento) do
promover a saúde da população prisional e contribuir para o recurso e ao Ministério da Justiça o correspondente a 30%
controle e/ou redução dos agravos mais frequentes que a (trinta por cento).
acometem. § 1º Em unidades prisionais com o número acima de 100
Art. 466. São prioridades para implementação do Plano (cem) pessoas presas, serão implantadas equipes de saúde,
Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário: considerando uma equipe para até 500 (quinhentos) presos,
I - a reforma e o equipamento das unidades prisionais com incentivo anual correspondente a R$ 40.008,00
visando à estruturação de serviços ambulatoriais que (quarenta mil e oito reais) por equipe de saúde implantada.
atendam às necessidades de atenção no nível básico, mínimo § 2º Em unidades prisionais com o número de até 100
da assistência no nível da média complexidade, conforme a (cem) pessoas presas, as ações e serviços de saúde serão
NOAS/MS em seu Anexo III - Grupo 7, prevista na Seção I do realizadas por profissionais da Secretaria Municipal de
Capítulo I deste Regulamento, e componentes das urgências Saúde, à qual será repassado Incentivo, no valor de R$
e emergências em saúde, em consonância com as 20.004,00 (vinte mil e quatro reais) por ano por
especificidades do Sistema Penitenciário Nacional; estabelecimento prisional.
II - a organização do sistema de informação de saúde da § 3º O Incentivo de que trata o § 2º deste artigo
população penitenciária; financiará:
III - a implantação de ações de promoção da saúde, em I - as ações de promoção da saúde;
especial no âmbito da alimentação, atividades físicas, II - as ações de atenção no nível básico relativos a:
condições salubres de confinamento e acesso a atividades a) saúde bucal;
laborais; b) saúde da mulher;
IV - a implementação de medidas de proteção específica, c) doenças sexualmente transmissíveis e AIDS;
como a vacinação contra hepatites, influenza, tétano; d) saúde mental;
V - a implantação de ações para a prevenção de e) hepatites;
tuberculose, hanseníase, diabetes, hipertensão, hepatites, f) tuberculose;
DST/AIDS e dos agravos psicossociais decorrentes do g) hipertensão;
confinamento, bem como a distribuição de preservativos e h) diabetes;
insumos para a redução de danos associados ao uso de i) hanseníase;
drogas; j) assistência farmacêutica básica;
VI - a garantia do acesso da população penitenciária aos l) imunizações; e
demais níveis de atenção à saúde, por meio das referências, m) coleta de exames laboratoriais.
que deverão estar incluídas na Programação Pactuada § 4º Os créditos orçamentários e os recursos financeiros
Integrada (PPI) estadual, mediante negociação na Comissão provenientes do Fundo Penitenciário Nacional - FUNPEN do
Intergestores Bipartite - CIB. Ministério da Justiça, de que trata este artigo, serão
Art. 467. As Secretarias de Estado da Saúde e da Justiça repassados ao Fundo Nacional de Saúde, com vistas à sua
deverão formular o Plano Operativo Estadual, na forma do transferência aos Estados e/ou aos Municípios.
Anexo LIX a este Regulamento, e apresentá-lo ao Conselho § 5º Os recursos do Ministério da Saúde e do Ministério
Estadual de Saúde correspondente e à Comissão da Justiça poderão ser repassados do Fundo Nacional de
Intergestores Bipartite definindo metas e formas de gestão do Saúde aos Fundos Estaduais e/ou Municipais de Saúde,
referido Plano, bem como a gestão e a gerência das ações e dependendo da pactuação no âmbito de cada unidade
serviços. federada, para os respectivos serviços executores do Plano,
§ 1º A gestão e a gerência das ações e serviços de saúde de acordo com regulamentação do Ministério da Saúde.
de que trata o caput deste artigo serão pactuadas no âmbito § 6º A não-alimentação dos Sistemas de Informações,
de cada unidade federada, por meio da Comissão conforme orientações do Plano Nacional de Saúde no
Intergestores Bipartite e entre gestores estaduais de saúde e Sistema Penitenciário, por 2 (dois) meses consecutivos ou 3
justiça e gestores municipais de saúde. (três) meses alternados durante o ano, acarretará a
§ 2º Quando as Secretarias Municipais de Saúde suspensão do repasse do Incentivo.
assumirem a gestão e/ou a gerência das ações e serviços de Art. 471. O Ministério da Justiça alocará recursos
saúde, deverá constar do Plano Operativo Estadual a financeiros que serão utilizados no financiamento da reforma
aprovação do Conselho Municipal de Saúde. física e na aquisição de equipamentos para os
§ 3º O processo de credenciamento dos estabelecimentos de saúde das unidades prisionais, além
estabelecimentos de saúde das unidades prisionais e dos daqueles que compõem o Incentivo para a Atenção à Saúde
profissionais, por meio do Sistema de Cadastro Nacional de no Sistema Penitenciário.
Estabelecimentos de Saúde constante do Plano Operativo Art. 472. As Secretarias Estaduais de Saúde e de Justiça
Estadual, deverá ser realizado pela Secretaria Estadual de participarão do financiamento do Plano Nacional, fixando
Saúde, conforme orientações do Plano Nacional de Saúde no suas contrapartidas para o desenvolvimento das ações de
Sistema Penitenciário. Atenção Básica, promoção, prevenção e assistência à saúde,
§ 4º Para o desenvolvimento do respectivo Plano, as bem como aquelas relacionadas às condições de
Secretarias de Estado da Saúde e da Justiça poderão infraestrutura e funcionamento dos presídios, a composição e
estabelecer pactos de atuação conjunta com as Secretarias o pagamento das equipes de saúde e a referência para a
Municipais de Saúde. média e a alta complexidade, conforme o Limite Financeiro de
Art. 468. Para a implementação das ações contidas no Assistência do Estado.
Plano Nacional, o Ministério da Saúde, Ministério da Justiça, Parágrafo único. As Secretarias Municipais de Saúde
as Secretarias Estaduais de Saúde e de Justiça e as participarão do financiamento do Plano Nacional, definindo
Secretarias Municipais de Saúde poderão estabelecer suas contrapartidas para o desenvolvimento das ações de
parcerias, acordos, convênios ou outros mecanismos Atenção Básica, promoção, prevenção e assistência à saúde.
similares com organizações não-governamentais, Art. 473. A Atenção Básica de Saúde, a ser desenvolvida
regularmente constituídas, que detenham experiência de no âmbito das unidades penitenciárias, será realizada por
atuação no Sistema Penitenciário. equipe mínima, integrada por:
Art. 469. O financiamento das ações de saúde, no âmbito I - médico;
do Sistema Penitenciário, deverá ser compartilhado entre os II - enfermeiro;
órgãos gestores da saúde e da justiça e das esferas de III - odontólogo;
governo. IV - assistente social;
Art. 470. Fica criado o Incentivo para a Atenção à Saúde V - psicólogo;

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VI - auxiliar de enfermagem; e necessárias à operacionalização do Plano aprovado.
V - auxiliar de consultório dentário.
§ 1º Os profissionais da equipe de que trata o caput deste
artigo terão uma carga horária de 20 (vinte) horas semanais, Seção XI
tendo em conta as características deste atendimento. Dos Transplantes
§ 2º Cada equipe de saúde será responsável por até 500 Art. 478. A utilização de tecidos, órgãos ou partes do
(quinhentos) presos. corpo humano para fins científicos será permitida somente
§ 3º Nos estabelecimentos prisionais com até 100 (cem) depois de esgotadas as possibilidades de sua utilização em
pessoas, o atendimento será realizado no próprio transplantes.
estabelecimento por profissionais da Secretaria Municipal de Art. 479. As atividades de transplantes estão disciplinadas
Saúde, respeitando a composição de equipe de que trata o no Regulamento Técnico, disposto no Anexo LXI a este
caput deste artigo, e com carga horária mínima de 4 (quatro) Regulamento.
horas semanais. Art. 480. Todas as entidades, públicas ou privadas,
§ 4º Os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico interessadas na realização de transplantes ou enxertos de
serão beneficiados pelas ações previstas neste Regulamento partes, órgãos ou tecidos, para finalidades terapêuticas,
e, em razão de sua especificidade, serão objeto de norma deverão observar o disposto no Anexo LXI a este
própria. Regulamento.
§ 5º O Ministério da Saúde garantirá, a cada equipe Parágrafo único. Os procedimentos relacionados com os
implantada, o fornecimento regular de kit de medicamentos transplantes em estágio de avaliação tecnológica, quando
básicos. vencida a fase experimental, só poderão ser praticados após
Art. 474. Nos estabelecimentos de saúde em unidades a sua inclusão no Anexo LXI a este Regulamento.
prisionais classificadas como presídios, penitenciárias ou Art. 481. O Secretário de Atenção à Saúde poderá
colônias penais, as pessoas presas poderão ser selecionadas designar titular de cargo em comissão para responder pela
para trabalhar como agentes promotores de saúde. coordenação do órgão central do Sistema Nacional de
§ 1º A decisão de trabalhar com agentes promotores de Transplantes, a quem delegará as atribuições previstas nos
saúde deverá ser pactuada entre a direção do incisos I a IX do art. 4º do Decreto nº 2.268, de 30 de junho
estabelecimento prisional e a(s) equipe(s) de saúde. de 1997.
§ 2º Os agentes promotores de saúde, recrutados entre Art. 482. A Central de Notificação, Captação e
as pessoas presas, atuarão sob a supervisão da equipe de Distribuição de Órgãos - CNCDO de Santa Catarina, as
saúde. equipes especializadas e os estabelecimentos de saúde
§ 3º Será proposta ao Juízo da Execução Penal a deverão se adequar ao disposto no Anexo LXI a este
concessão do benefício da remição de pena para as pessoas Regulamento para revalidação dos credenciamentos e das
presas designadas como agentes promotores de saúde. autorizações.
Art. 475. O acompanhamento das ações voltadas à
atenção integral das pessoas presas será realizado, em Subseção I
âmbito nacional, por Comissão de Acompanhamento, Da Central de Notificação,
formalmente indicada e integrada por representantes: Captação e Distribuição de Órgãos
I - do Ministério da Saúde: Art. 483. A Central de Notificação, Captação e
a) Secretaria de Atenção à Saúde; Distribuição de Órgãos - CNCDO está subordinada à
b) Secretaria-Executiva; coordenação do órgão central do Sistema Nacional de
c) Fundação Nacional de Saúde; Transplantes, sendo sua auxiliar no desenvolvimento das
d) Agência Nacional de Vigilância Sanitária; seguintes atividades e atribuições:
II - do Ministério da Justiça I - gerenciamento da lista única nacional de receptores,
a) Secretaria Nacional de Justiça; com todas as indicações necessárias à busca, em todo o
b) Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; território nacional, de tecidos, órgãos e partes compatíveis
III - do Conselho Nacional de Secretários de Saúde - com suas condições orgânicas;
CONASS; II - implantação e gerenciamento do sistema nacional de
IV - do Conselho Nacional de Secretários Municipais de
informações em transplantes - listas de espera, captação e
Saúde - CONASEMS; e
V - do Fórum Nacional dos Secretários Estaduais de distribuição de órgãos, realização de transplantes e seus
Justiça. resultados;
§ 1º Caberá à Comissão de que trata o caput deste artigo III - articulação com as Centrais Estaduais/Regionais de
apoiar os Ministérios da Saúde e da Justiça no cumprimento Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e com os
de suas responsabilidades, relativas à atenção integral das demais integrantes do Sistema Nacional de Transplantes;
pessoas presas. IV - articulação da distribuição de órgãos entre Estados,
§ 2º Os instrumentos essenciais de trabalho da Comissão quando for o caso, fazendo-o em conformidade com a lista
serão: nacional de receptores, com as condições técnicas de
I - o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário; e transporte e distribuição e dos demais critérios estabelecidos
II - os Planos Operativos Estaduais. na legislação em vigor, de forma a garantir o melhor
§ 3º A Comissão reunir-se-á periodicamente, em
aproveitamento dos órgãos disponíveis e a equidade na sua
intervalos compatíveis ao acompanhamento, sobretudo, da
destinação; e
operacionalização dos Planos Operativos, avaliando a
tendência do cumprimento dos compromissos assumidos, V - auxílio às CNCDO na articulação dos meios que
podendo propor aos Ministérios da Saúde e da Justiça e às viabilizem o transporte dos órgãos captados quando se tratar
Secretarias Estaduais de Saúde e Justiça e às Secretarias de distribuição entre Estados.
Municipais de Saúde as modificações que eventualmente Parágrafo único. A Central de Notificação, Captação e
forem necessárias. Distribuição de Órgãos deverá funcionar, ininterruptamente,
Art. 476. O Termo de Adesão ao Plano Nacional, a ser nas 24 (vinte e quatro) horas do dia.
formalizado pelas respectivas Secretarias Estaduais de Art. 484. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá
Saúde e de Justiça, está aprovado nos termos do Anexo LX a estabelecer as normas de funcionamento e critérios técnicos
este Regulamento. a ser utilizados pela Central Nacional de que trata o art. 483
Art. 477. A Secretaria de Atenção à Saúde e a Secretaria- deste Regulamento e articular, com as correspondentes
Executiva, do Ministério da Saúde, deverão adotar, ouvido o
unidades do Ministério da Saúde, os meios necessários à sua
Ministério da Justiça, as providências complementares
operacionalização e funcionamento.
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Subseção II laboratórios e das demais informações necessárias à
Do Registro Nacional de Doadores de Órgãos e Tecidos implantação do cadastro, de acordo com o documento Termo
Art. 485. O Registro Nacional de Doadores de Órgãos e de Consentimento/Autorização de Exames/Resultados de
Tecidos tem como objetivo a coleta de manifestação favorável Exames, conforme modelo estabelecido no Anexo LXIII a este
à doação, post mortem, de órgãos e/ou tecidos para fins de Regulamento; e
transplantes, de todos os cidadãos que, voluntariamente, a VI - manutenção de arquivo contendo as informações
queiram fazer, de forma a consolidar, em nível nacional, um repassadas ao REDOME.
banco de dados que contenha a lista de todos os potenciais § 1º Na hipótese de não haver laboratório de
doadores de órgãos e/ou tecidos do País. histocompatibilidade cadastrado e/ou classificado como de
§ 1º O Registro Nacional de Doadores de Órgãos e Tipo II no Estado em que esteja instalada a CNCDO, a
Tecidos será gerenciado pela Coordenação-Geral do Sistema Secretaria Estadual de Saúde deverá estabelecer os
Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, com a mecanismos necessários para o envio, pelo Hemocentro, das
parceria das Secretarias Estaduais de Saúde e das Centrais amostras de sangue coletadas dos candidatos à doação a um
Estaduais e Regionais de Notificação, Captação e laboratório que esteja nessas condições, para a realização
Distribuição de Órgãos, que estabelecerão, em seus dos exames pertinentes.
respectivos âmbitos de atuação, os mecanismos necessários § 2º Aqueles Estados que não tenham CNCDO instalada
à obtenção da manifestação dos potenciais doadores. e em funcionamento poderão estabelecer fluxos alternativos
§ 2º A manifestação de vontade favorável à doação de que não envolvam a Central, obedecendo, no entanto, aos
órgãos e/ou tecidos poderá ser realizada, em vida, por demais preceitos estabelecidos neste Regulamento.
qualquer pessoa juridicamente capaz, junto ao Registro Art. 491. As Secretarias de Saúde dos Estados e do
Nacional de Doadores de Órgãos e Tecidos, conforme o Distrito Federal deverão estabelecer o rol de Hemocentros
estabelecido neste Regulamento. sob sua gestão que deverão fazer parte do processo de
§ 3º A manifestação de vontade a que se refere o § 2º cadastramento no REDOME, disponibilizando essa relação às
poderá ser retirada, a qualquer tempo, mediante solicitação suas respectivas CNCDO.
ao Registro Nacional de Doadores de Órgãos e Tecidos. Art. 492. As seguintes responsabilidades e atividades
Art. 486. Todos os cidadãos que se inscreverem no deverão ser assumidas e desenvolvidas pelos Hemocentros
Registro Nacional de Doadores de Órgãos farão jus ao designados no processo de cadastramento no REDOME,
recebimento de um Cartão de Identificação de Doador de conforme definido no art. 491 deste Regulamento:
Órgãos e Tecidos, cujo modelo será definido pela Secretaria I - receber os candidatos à doação encaminhados pela
de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde. CNCDO;
Parágrafo único. O Cartão de Identificação de que trata o II - orientar os candidatos no que se refere ao
caput deste artigo, que será emitido pelo Ministério da Saúde, procedimento de doação de medula propriamente dito,
identificará o potencial doador e explicitará sua condição conforme sugestão de texto básico contido no Anexo LXIV a
favorável à doação de órgãos e tecidos para fins de este Regulamento;
transplante. III - obter do candidato a formalização de sua disposição
Art. 487. A consulta e a autorização da família do de doação, no documento Termo de
potencial doador é indispensável à efetivação da retirada de Consentimento/Autorização de Exames/Resultados de
órgãos e/ou tecidos para fins de doação em qualquer Exames, conforme o modelo estabelecido no Anexo LXIII a
situação, seja na de cidadão com manifestação favorável à este Regulamento;
doação, inscrita no Registro Nacional de Doadores de Órgãos IV - coletar, processar e armazenar, de acordo com as
e Tecidos, seja na omissão desta manifestação. especificidades técnicas pertinentes, o material necessário à
Art. 488. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar realização dos exames de histocompatibilidade requeridos
as providências necessárias à operacionalização para para cadastramento do doador no REDOME;
manutenção do Registro Nacional de Doadores de Órgãos e V - enviar, adotados os adequados procedimentos de
Tecidos disposto neste Regulamento. acondicionamento e transporte, ao laboratório de
Art. 489. Os mecanismos destinados a organizar o fluxo histocompatibilidade cadastrado, de acordo com a grade de
de informações, de tipificação e cadastro de doadores no distribuição estabelecida pela CNCDO, o material a ser
Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea submetido aos exames de histocompatibilidade;
- REDOME estão aprovados nos termos do Anexo LXII a este VI - localizar e chamar o candidato à doação, no caso de,
Regulamento. após sua inscrição no REDOME, ele vier a ser selecionado
Art. 490. As Secretarias de Saúde dos Estados e do como possível doador para um determinado receptor, ocasião
Distrito Federal que tenham Central de Notificação, Captação em que coletará nova amostra de material para a realização
e Distribuição de Órgãos instalada e em funcionamento da 2ª etapa da identificação do doador (que será enviada ao
deverão adotar as medidas necessárias para que essas laboratório de histocompatibilidade) e realizará, no próprio
Centrais exerçam as seguintes atividades relativas à Hemocentro, os exames de sorologia do doador, informando
ampliação do REDOME: os resultados obtidos à CNCDO; e
I - organização dos fluxos de captação de doadores VII - manter arquivo contendo as informações relativas
voluntários; aos candidatos à doação recebidos e encaminhados.
II - organização do sistema de orientações aos § 1º Na eventualidade de o Hemocentro ter capacidade
candidatos; instalada, em sua própria estrutura, para a realização dos
III - organização do encaminhamento desses candidatos exames de histocompatibilidade, sendo seu laboratório
ao Hemocentro mais próximo, previamente designado pela cadastrado e classificado como de Tipo II, deverá fazê-lo
Secretaria de Saúde; esgotando, em primeiro lugar, essa capacidade e, se for o
IV - organização e informação ao(s) Hemocentro(s) de caso, enviando os exames excedentes aos laboratórios
grade de distribuição dos exames de histocompatibilidade aos cadastrados de acordo com a grade de distribuição
laboratórios devidamente cadastrados no SUS, classificados estabelecida pela CNCDO.
como de Tipo II, em conformidade com as Portarias GM/MS § 2º Aqueles exames de histocompatibilidade realizados
nºs 1.312 e 1.313, ambas de 30 de novembro de 2000, do pelo próprio Hemocentro deverão ser processados/faturados
de acordo com o estabelecido no art. 5º da Portaria GM/MS
Ministério da Saúde, de acordo com sua capacidade instalada
nº 1.314, de 30 de novembro de 2000, do Ministério da
contratada;
Saúde, e o resultado informado à CNCDO.
V - recepção e envio ao Registro Brasileiro de Doadores
§ 3º Na hipótese prevista no inciso VI deste artigo, os
Voluntários de Medula Óssea - REDOME, no Instituto
exames de sorologia realizados pelo Hemocentro poderão ser
Nacional de Câncer - INCA, do Ministério da Saúde, no Rio
processados/faturados de acordo com as normas e a tabela
de Janeiro, dos resultados dos exames realizados pelos
em vigor.
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§ 4º Em qualquer hipótese, a coleta, o processamento Técnicos de Receptores de Fígado - "listas únicas" - das
inicial, a armazenagem, o acondicionamento e o transporte de CNCDO em data anterior a 14 de março de 2002, com a
material colhido de candidatos à doação de medula óssea respectiva ordem de inscrição.
para envio aos laboratórios de histocompatibilidade com a Art. 498. As Secretarias de Saúde dos Estados e do
finalidade de cadastramento no REDOME, poderá ser Distrito Federal deverão criar, no âmbito das respectivas
processado/faturado pelo Hemocentro, conforme o CNCDO, onde são realizados transplantes de fígado, Câmara
estabelecido no art. 6º da Portaria GM/MS nº 1.314, de 30 de Técnica de Transplante de Fígado.
novembro de 2000, do Ministério da Saúde. § 1º As Câmaras previstas neste artigo deverão ser
§ 5º O material de que trata o inciso V deste artigo deverá criadas e instaladas, por ato do Secretário de Saúde.
ser acompanhado de autorização, para realização dos § 2º Enquanto não forem criadas as respectivas
exames contida no documento de que trata o inciso III (Anexo Câmaras, as solicitações de inscrição nos Cadastros
LXIII). Técnicos de Receptores de Fígado que dependam de
Art. 493. As seguintes responsabilidades e atividades aprovação dessas Câmaras deverão ser apreciadas pelos
deverão ser assumidas e desenvolvidas pelos Laboratórios órgãos técnicos da própria CNCDO.
de Histocompatibilidade (laboratórios de histocompatibiliade Art. 499. As Câmaras Técnicas de Transplante de Fígado
cadastrados no SUS e classificados como de Tipo II, em de que trata o art. 498 deste Regulamento deverão ser
conformidade com as Portarias GM/MS nºs 1.312 e 1.313, de constituídas, no mínimo, pelos seguintes membros:
30 de novembro de 2000, do Ministério da Saúde, no I - Coordenador da CNCDO - Coordenador da Câmara,
processo de cadastramento de doadores no REDOME: como membro nato;
I - receber o material a ser submetido aos exames de II - um representante do Conselho Regional de Medicina,
histocompatibilidade enviados pelo Hemocentro, indicado pelo Conselho e cuja escolha deverá recair sobre
acompanhado da autorização, para a realização desses médico que não seja integrante de equipe de transplante de
exames, contida no documento cuja forma consta do Anexo fígado;
LXIII a este Regulamento; III - hepatologistas/gastroenterologistas - clínicos ou
II - realizar os exames de histocompatibilidade previstos cirurgiões, que deverão ser escolhidos pelo gestor estadual
na 1ª Fase de identificação do doador, em conformidade com do SUS dentre aqueles que não sejam integrantes de equipe
o estabelecido no art. 5º da Portaria GM/MS nº 1.314, de 30 de transplante de fígado no respectivo Estado ou Distrito
de novembro de 2000, do Ministério da Saúde; Federal;
III - anotar os resultados dos exames no documento cuja IV - um ou mais representantes de equipes de transplante
forma consta do Anexo LXIII a este Regulamento; de fígado autorizadas pelo SNT no Estado, até o máximo de
IV - enviar, à CNCDO, o documento (Anexo LXIII), quatro equipes representadas.
devidamente preenchido e assinado pelo responsável técnico § 1º Nos Estados onde existam mais de 4 (quatro)
do laboratório; e equipes de transplante de fígado autorizadas pelo SNT,
V - no caso previsto no inciso VI do art. 492 deste deverá ser observado o rodízio anual das equipes
Regulamento, receber a nova amostra e realizar o exame representadas de maneira a permitir que todas, a seu tempo,
previsto na 2ª Fase de identificação do doador, em sejam representadas na Câmara.
conformidade com o estabelecido art. 5º da Portaria GM/MS § 2º A duração do mandato dos membros mencionados
nº 1.314, de 30 de novembro de 2000, do Ministério da nos incisos II, III e IV é de 1 (um) ano, vedada a recondução
Saúde, informando o resultado à CNCDO. no período imediatamente subsequente.
Parágrafo único. O laboratório processará/faturará os § 3º Deverá ser observada a paridade entre o número de
procedimentos realizados e autorizados pelo Hemocentro, por membros mencionados nos incisos III e IV.
meio de Autorização de Procedimentos Ambulatoriais de Alta § 4º As deliberações da Câmara Técnica deverão ser
Complexidade/Custo - APAC, de acordo com o estabelecido adotadas por consenso entre os seus membros.
art. 4º da Portaria GM/MS nº 1.314, de 30 de novembro de § 5º É de responsabilidade do gestor do SUS estadual e
2000, do Ministério da Saúde, informando o resultado à do Distrito Federal a viabilização dos meios para o pleno
CNCDO. funcionamento da Câmara Técnica.
Art. 494. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar Art. 500. Nos Estados, ou no Distrito Federal em que
as medidas necessárias ao cumprimento do disposto neste estejam criadas e em funcionamento CNCDO regionais,
Regulamento. poderá ser criada, para cada regional, a respectiva Câmara
Art. 495. Os procedimentos relativos à realização de Técnica Regional de Transplante de Fígado, observadas as
exames de histocompatibilidade e de coleta, processamento mesmas regras de constituição e funcionamento das
inicial, armazenagem, acondicionamento e transporte de Câmaras Estaduais ou do Distrito Federal.
material colhido de candidatos à doação de medula óssea Parágrafo único. As Câmaras Técnicas Regionais
pelo Hemocentro, estabelecidos na Portaria GM/MS nº 1.317, apreciarão, exclusivamente, os candidatos a receptor que
de 30 de novembro de 2000, do Ministério da Saúde, serão estejam em seu âmbito de atuação, nos casos previstos no
custeados com recursos do Fundo de Ações Estratégicas e art. 501 deste Regulamento.
Compensação - FAEC, devendo ser processados por meio de Art. 501. A aprovação de inscrição de candidatos a
APAC. receptores de fígado no Cadastro Técnico de Receptores de
Art. 496. Os critérios para Cadastramento de Candidatos Fígado - "lista única" - pelas Câmaras Técnicas de
a Receptores de Fígado - Doador Cadáver, no Cadastro Transplante de Fígado é obrigatória nos seguintes casos:
Técnico de Receptores de Fígado - "lista única" - das Centrais I - de pacientes em que os critérios aprovados por este
de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - CNCDO, Regulamento determinem expressamente a apreciação da
estão dispostos no Anexo LXV a este Regulamento. Câmara; e
Art. 497. É obrigatória a observância dos critérios II - de solicitação de inclusão na "lista única" de
aprovados para a inclusão de candidatos a receptores de transplante de fígado, por equipe de transplante, de pacientes
fígado nos Cadastros Técnicos de Receptores de Fígado - que não estejam contemplados nos critérios de inclusão
aprovados por este Regulamento.
"lista única" - por todas as CNCDO das Secretarias de Saúde
§ 1º É vedada a apreciação pela Câmara de pedidos de
dos Estados e do Distrito Federal em cujo âmbito de atuação
inscrição enquadrados naqueles casos em que esteja
haja esse Cadastro e sejam realizados transplantes de
contraindicado o cadastramento, conforme os critérios
fígado.
estabelecidos por este Regulamento.
§ 1º É vedado o estabelecimento de critérios próprios
§ 2º Os pedidos de inscrição deverão ser instruídos com
pelas CNCDO com a mesma finalidade.
relato do caso, laudos de exames complementares de
§ 2º Fica mantida a inscrição de todos os candidatos a
diagnóstico e demais documentos técnicos necessários para
receptores de fígado que tenham sido inscritos nos Cadastros
sua apreciação.
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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 3º Durante a avaliação inicial do pedido pela Câmara a) um cirurgião com treinamento em cirurgia pancreática
Técnica, o Coordenador da CNCDO deverá manter sigilo e em transplante de órgão sólido;
sobre a identidade do paciente e da equipe que solicita a b) um cirurgião urologista; e
inscrição, devendo o processo receber um número de c) um médico nefrologista.
identificação. § 2º Os estabelecimentos de saúde, para efeito de
§ 4º A Câmara Técnica poderá condicionar a apreciação exigência, enquadram-se na classe III, referida nos arts. 15 e
do pedido a: 16 do Regulamento aprovado nos termos do Anexo LXI,
I - apresentação de informações complementares pelas conforme o disposto na Seção XI do Capítulo II deste
equipes solicitantes; Regulamento, e devem dispor, também, das condições
II - realização de avaliação clínica de cada paciente por estabelecidas para o transplante de rim.
membros da Câmara, de exames complementares de Art. 509. Os pacientes com indicação de transplante
diagnóstico que julgar necessários, observados os preceitos conjunto de rim e pâncreas devem ser inscritos no sistema de
éticos e legais envolvidos; e lista única, formando um subconjunto do cadastro técnico
III - consulta a outros especialistas da área. para o transplante renal.
§ 5º Se necessária a avaliação clínica mediante exame Parágrafo único. Os pacientes já inscritos na lista de
do paciente, a identidade deste deverá ser revelada apenas distribuição de rim, ao ser transferidos para a lista de rim e
aos examinadores, que a deverão manter em sigilo perante pâncreas, terão mantidas as datas da inscrição original.
os demais membros da Câmara Técnica. Art. 510. O pâncreas e um rim serão oferecidos,
§ 6º Após a análise de cada caso cuja apreciação lhe preferencialmente, ao receptor de transplante combinado,
tenha sido submetida, a Câmara Técnica deverá emitir uma quando o doador preencher os seguintes critérios mínimos:
Ata de Deliberação em que fique claramente consubstanciada a) idade entre 10 (dez) e 45 (quarenta e cinco) anos;
a decisão adotada, que deverá ser enviada à coordenação da b) peso entre 30 (trinta) e 90 (noventa) kg; e
CNCDO e à equipe solicitante para a adoção das medidas c) ausência de antecedentes pessoais ou parentes em
pertinentes. primeiro grau com diabetes mellitus.
§ 7º As decisões proferidas pela Câmara poderão ser Parágrafo único. Caso o referido doador seja recusado
objeto de pedido de reconsideração, que deverá ser pelas equipes para transplantação de pâncreas e rim, os dois
apresentado à própria Câmara, instruído com razões que rins serão automaticamente alocados para a fila de
justifiquem uma eventual alteração da decisão tomada transplante renal isolado, seguindo-se critérios
anteriormente. preestabelecidos.
Art. 502. As CNCDO deverão enviar, mensalmente, à Art. 511. A seleção de pacientes para a distribuição do
Coordenação do Sistema Nacional de Transplante relato conjunto rim e pâncreas do mesmo doador deve ser feita
individual e sumário dos casos cuja inscrição nas "listas empregando-se os critérios mínimos a seguir:
únicas" tenham sido submetidos à apreciação da Câmara I - critérios excludentes:
Técnica de Transplante de Fígado, bem como cópia das a) amostra do soro do receptor fora do prazo de validade;
respectivas Atas de Deliberação. b) incompatibilidade sanguínea entre o receptor e o
doador, em relação ao Sistema ABO;
Subseção III II - critérios de classificação:
Da Importação de Órgãos e Tecidos a) tempo decorrido da inscrição na lista única; e
Art. 503. A importação de córneas será feita, b) casos de urgência, com justificativa prévia apresentada
exclusivamente, por paciente inscrito na respectiva lista de à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos -
espera da Central de Notificação, Captação e Distribuição de CNCDO.
Órgãos - CNCDO e vinculado a equipes e centros Parágrafo único. A ponderação dos critérios mínimos e a
transplantadores, cadastrados no Sistema Nacional de inclusão de critérios complementares dar-se-ão no âmbito das
Transplantes - SNT. CNCDO.
Art. 504. A anuência, pela Agência Nacional de Vigilância Art. 512. Deixando de existir as condições para a
Sanitária, à importação de córneas será efetuada por parecer realização do transplante conjugado de rim e pâncreas,
conclusivo da respectiva CNCDO estadual. compreendida a recusa do paciente, este poderá ser
Parágrafo único. Os resultados dos transplantes reinscrito na lista do transplante do rim, mantendo a data da
realizados com córneas importadas deverão ser inscrição original.
encaminhados a CNCDO nos relatórios mensais. Art. 513. Os critérios de distribuição instituídos por este
Art. 505. Os custos com a importação de córneas caberão Regulamento deverão ser reavaliados quando 90% (noventa
exclusivamente ao paciente. por cento) dos pacientes inscritos nas listas de espera para
Art. 506. A falência primária no transplante de córneas transplante de rim e conjugado de rim e pâncreas estiverem
importadas não será considerada urgência para um novo identificados em relação aos Antígenos Leucocitários
transplante com córneas locais. Humanos - HLA.
Art. 507. Os exames sorológicos realizados no doador de Art. 514. Os transplantes de pâncreas, pré ou pós-
órgãos, em conformidade com a legislação vigente no país de transplante renal ou isolados, devem ser realizados em
origem, serão aceitos para efeito de transplante com córnea conformidade com o disposto no § 1º do art. 17 e no art. 34
importada. do Regulamento Técnico aprovado nos termos do Anexo
Parágrafo único. A responsabilidade pela avaliação da LXVII, conforme o disposto na Seção XI do Capítulo II deste
qualidade da córnea importada a ser transplantada será da Regulamento.
equipe médica transplantadora. Parágrafo único. Ocorrendo, no âmbito de uma CNCDO,
a existência de um número maior de receptores, em relação
Subseção IV aos doadores de pâncreas, a Coordenação do SNT deverá
Do Transplante de Rins e Pâncreas ser comunicada para o estabelecimento dos critérios mínimos
Art. 508. A Coordenação do Sistema Nacional de de distribuição.
Transplantes - SNT concederá autorização às equipes
especializadas e aos estabelecimentos de saúde para a Subseção V
realização de transplante conjugado de rim e pâncreas, Do Transplante de Fígado
observando as disposições dos capítulos III e V do Art. 515. Dever-se-á proceder à modificação dos critérios
Regulamento Técnico aprovado nos termos do Anexo LXI, de distribuição de fígado de doadores cadáveres para
conforme o disposto na Seção XI do Capítulo II deste transplante, que estão estabelecidos nos termos deste
Regulamento. Regulamento, devendo-se implantar o critério de gravidade
§ 1º Cada equipe deverá ser composta, no mínimo, por: do estado clínico do paciente.

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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 1º Para aferir a variável de que trata o caput deste § 5º Os Bancos de Olhos deverão, mensalmente, prestar
artigo, será adotado o sistema Model for End-stage Liver contas à respectiva CNCDO das córneas
Disease - MELD/Pediatric End-Stage Liver Disease - PELD, captadas/processadas, viáveis e inviáveis para transplante.
conforme o constante no Anexo LXVI a este Regulamento. Art. 521. Os recursos necessários à operacionalização do
§ 2º Tanto os pacientes já inscritos quanto os que Programa Nacional de Implantação/Implementação de
venham a ser inscritos após a implantação do critério estarão Bancos de Olhos correrão por conta dos seguintes
sujeitos às novas regras de alocação de órgãos. programas:
Art. 516. Os exames - dosagens séricas de creatinina, I - 10.301.0017.4376;
bilirrubina total e determinação da Relação Normatizada II - 10.302.0004.3863; e
Internacional - RNI - da atividade da protrombina necessários III - 10.302.0004.3868.
para o cálculo do MELD, para adultos e adolescentes maiores Parágrafo único. Os recursos de que trata o caput deste
de 12 (doze) anos, e o valor de bilirrubina, valor de RNI e artigo serão da ordem de R$ 1.547.400,00 (um milhão,
valor de albumina são necessários para o cálculo do PELD quinhentos e quarenta e sete mil e quatrocentos reais).
para crianças menores de 12 (doze) anos, deverão ser Art. 522. Os recursos destinados ao Programa objeto
realizados em laboratórios reconhecidos pela Sociedade deste ato serão repassados aos Bancos de Olhos mediante
Brasileira de Patologia Clínica - SBPC ou por instituições convênio, na forma e critérios estabelecidos pela Secretaria-
hospitalares autorizadas pelo Sistema Nacional de Executiva e pela Secretaria de Atenção à Saúde, devendo
Transplantes para realização de transplante hepático. esses Bancos, para ser beneficiados, assumir formalmente,
Parágrafo único. Os diferentes exames necessários para no mínimo, os seguintes compromissos:
cada cálculo do MELD/PELD deverão ser realizados em I - cumprir e fazer cumprir a legislação em vigor que
amostra de uma única coleta de sangue do potencial regula o Sistema Nacional de Transplantes;
receptor. II - realizar seu trabalho dentro dos mais estritos padrões
Art. 517. A distribuição de fígado será realizada pelas morais, éticos, técnicos, de garantia de qualidade dos
Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - enxertos e de segurança para os receptores;
CNCDO, utilizando o Programa Informatizado de III - cumprir metas mensais/anuais de
gerenciamento da lista de espera indicado pelo Sistema captação/processamento de córneas a ser pactuadas entre
Nacional de Transplantes - DATASUS SNT 5.0 ou superior, cada Banco e a Coordenação do Sistema Nacional de
instituído pela Portaria nº 783/GM, de 12 de abril de 2006, do Transplantes;
Ministério da Saúde. IV - participar, efetivamente, do esforço de captação de
Art. 518. As inscrições no cadastro atual de receptores de córneas para transplante empreendido em sua área de
fígado em lista de espera, efetuadas antes de 29 de maio de atuação, em estreita articulação com a respectiva CNCDO;
2006, serão mantidas e estarão sujeitas aos novos critérios V - participar de eventuais campanhas de esclarecimento
definidos para alocação dos órgãos ofertados. público a respeito da doação de órgãos e realização de
Art. 519. É de responsabilidade da equipe de transplante, transplantes bem como de programas de educação
a qual o candidato está vinculado, a manutenção ou a continuada multiprofissional.
exclusão do paciente na lista, de acordo com a evolução da Parágrafo único. Todos os compromissos deverão ser
doença e a indicação do procedimento como medida formalmente assumidos pela entidade/Banco de Olhos
terapêutica. mediante a assinatura de Termo de Compromisso a ser
elaborado pela Secretaria de Atenção à Saúde, que deverá
Subseção VI ser parte integrante do Convênio a ser celebrado.
Dos Bancos de Órgãos e Tecidos Art. 523. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá
Art. 520. O Programa Nacional de selecionar as entidades/Bancos de Olhos que virão a ser
Implantação/Implementação de Bancos de Olhos, criado no incluídos no Programa Nacional de
âmbito do Sistema Nacional de Transplantes, obedecerá ao Implantação/Implementação de Bancos de Olhos e adotar as
disposto neste Regulamento. demais providências necessárias ao fiel cumprimento do
§ 1º O Programa ora criado tem por objetivo oferecer as disposto neste Regulamento.
condições para a implantação/implementação de 30 (trinta) Art. 524. Considera-se Banco de Tecidos Oculares
Bancos de Olhos a ser distribuídos, em locais estratégicos, no Humanos o serviço que, possuindo instalações físicas,
território nacional, como forma de viabilizar/estimular a equipamentos e profissionais que possibilitem o cumprimento
ampliação da captação de córneas para transplante, garantir das Normas Técnicas, seja destinado a captar e transportar,
adequadas condições técnicas e de segurança para esta dentro da área de abrangência, estabelecida pela Central de
captação e, por fim, ampliar a realização de procedimentos de
Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - CNCDO,
transplante de córnea no País, reduzindo, desta maneira, o
tempo de espera dos candidatos ao transplante. processar e armazenar tecidos oculares de procedência
§ 2º Entende-se por Banco de Olhos o serviço que, em humana para fins terapêuticos, de pesquisa (laboratorial ou
instalações físicas, de equipamentos, técnicas e profissionais, ensaio clínico, aprovados por comissões de ética) ou ensino.
seja destinado a captar, retirar, classificar, preparar e § 1º O serviço a que se refere ao caput deste artigo
conservar tecidos oculares de procedência humana para fins deverá funcionar em estabelecimento hospitalar que esteja
terapêuticos ou científicos, em conformidade com o autorizado pelo Ministério da Saúde a realizar captação e/ou
estabelecido na Portaria GM/MS nº 902, de 16 de agosto de retirada e/ou transplante e/ou enxerto de órgãos ou tecidos, e
2000, do Ministério da Saúde. esteja devidamente habilitado pela Secretaria de Atenção à
§ 3º Os Bancos de Olhos deverão cumprir o estabelecido Saúde/SAS/MS, conforme estabelecido neste Regulamento e
na Portaria GM/MS nº 902, de 16 de agosto de 2000, do que atenda, efetivamente, nas 24 (vinte e quatro) horas do
Ministério da Saúde, e ser cadastrados no Sistema Nacional
dia, a todos os chamados que venha a receber.
de Transplantes.
§ 2º Aplica-se, no que couber, aos Bancos de Tecidos
§ 4º Os Bancos de Olhos, integrantes ou não do
Programa ora criado, deverão ter estreita articulação com a Oculares Humanos o disposto no Decreto nº 2.268, de 30 de
Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - junho de 1997, e no Regulamento Técnico aprovado nos
CNCDO do Estado em que estejam instalados, ter como termos do Anexo LXVII, conforme o disposto na Seção XI do
referência os serviços habilitados à realização de transplantes Capítulo II a este Regulamento.
de córneas e destinar, na totalidade, as córneas Art. 525. As Normas Gerais para Instalação e
captadas/processadas viáveis para transplante ao Cadastramento/Autorização de Bancos de Tecidos Oculares
atendimento da Lista de Espera gerenciada pela respectiva Humanos estão estabelecidas nos termos do Anexo LXVII a
CNCDO. este Regulamento.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 526. A partir de 1º de janeiro de 2005, ficará sob a devidamente capacitados, sob a supervisão de um médico
responsabilidade das Centrais de Notificação, Captação e oftalmologista, sendo os tecidos oculares encaminhados ao
Distribuição de órgãos estaduais, a codificação para Banco mais próximo no mesmo Estado ou em Estado vizinho.
identificação e acompanhamento dos tecidos captados para Art. 531. O médico transplantador deve encaminhar para
transplantes. a CNCDO as informações sobre os receptores no prazo
§ 1º O código deverá ser alfanumérico, separado por máximo de 48 (quarenta e oito) horas após a realização do
hífen, devendo os dois primeiros dígitos identificar a unidade transplante.
da Federação - UF, os dois seguintes a região onde ocorreu a Parágrafo único. O não-encaminhamento das
captação (macrorregião do Estado), que corresponderá às informações no prazo estabelecido no caput deste artigo
regiões de distribuição, se houver no Estado. poderá acarretar ao médico transplantador o cancelamento
§ 2º Caso não haja divisão em regiões dentro do território da autorização para a realização de transplante de córnea
estadual, a região será única e receberá o código 01. emitida pelo Ministério da Saúde.
§ 3º O próximo campo deverá ser composto de cinco Art. 532. Nos casos de prioridade e/ou urgência para
dígitos, correspondendo à ordem sequencial de doações (o transplante de córnea, o botão corneano retirado do receptor
número se refere ao doador), naquele ano. deverá, obrigatoriamente, ser encaminhado, pelo médico
§ 4º Os dois dígitos seguintes identificarão o ano em que transplantador ao Banco de Olhos, em solução apropriada,
ocorreu a captação, ex: 2005 (05). para que possa ser providenciado o exame
§ 5º O campo final identificará qual a córnea, se direita anatomopatológico do tecido.
"D" ou esquerda "E", do doador em questão, conforme o § 1º O prazo máximo para envio do botão corneano do
exemplo: TO-02-00045-05-D: receptor ao Banco de Olhos é de 48 (quarenta e oito) horas
I - TO = UF; após a realização do transplante.
II - 02 = região do Estado, onde ocorrer a captação; § 2º O não-encaminhamento do botão corneano do
III - 00045 = numeração sequencial dos doadores de receptor priorizado, no prazo estabelecido, poderá acarretar
córnea, incluídos os doadores de órgãos que doarem ao médico transplantador o cancelamento da autorização
córneas; para a realização de transplante de córnea, emitida pelo
IV - 05 = ano em que ocorreu a captação; e Ministério da Saúde.
V - D = córnea direita. § 3º O resultado do exame anatomopatológico do botão
Art. 527. Os Bancos de Tecidos Oculares Humanos têm corneano, nesse caso, deve ser encaminhado pelo Banco à
as seguintes competências: respectiva CNCDO.
I - atuar, sob a coordenação da Central de Notificação, Art. 533. As renovações de autorização concedidas por
Captação e Distribuição de Órgãos - CNCDO do Estado, no meio deste Regulamento para Bancos de Tecidos Oculares
esforço de promover, divulgar e esclarecer a população a Humanos terão validade pelo prazo de 2 (dois) anos,
respeito da importância da doação de órgãos e tecidos, com o renováveis por períodos iguais e sucessivos, em
objetivo de incrementar o número de doações e captações de conformidade com o estabelecido nos arts. 5º, 6º, 7º e 8º do
tecidos oculares; Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997, e nos arts. 28, 29,
II - articular-se com a CNCDO do Estado, quanto à 30, 31 e 32 do Anexo LXVII a este Regulamento.
necessidade de receber os tecidos oculares captados em Art. 534. As Normas para Autorização de Funcionamento
uma determinada região de sua abrangência, para o devido e Cadastramento de Bancos de Tecidos Musculoesqueléticos
processamento; pelo Sistema Único de Saúde ficam aprovadas, na forma do
III - participar da captação dos tecidos oculares doados, Anexo LXVIII a este Regulamento.
nas áreas de abrangência definidas e obedecendo às normas § 1º Entende-se por Banco de Tecidos
e orientações da CNCDO a que estiver subordinado; Musculoesqueléticos o serviço que, com instalações físicas,
IV - receber tecidos oculares humanos obtidos por outras equipamentos, recursos humanos e técnicas adequadas, seja
equipes de captação devidamente autorizadas pela CNCDO; destinado à captação, triagem clínica, laboratorial e
V - respeitar a numeração dos tecidos oculares captados sorológica, coleta, identificação, processamento, estocagem e
a ser fornecida pela CNCDO do Estado, numeração essa que distribuição de tecido musculoesquelético de procedência
deverá acompanhar todas as etapas de processamento humana para fins terapêuticos ou de pesquisa.
desses tecidos e até a distribuição pelo sistema de lista única; § 2º Somente poderá funcionar, tanto em caráter privado
VI - encaminhar à CNCDO do Estado os documentos de quanto para a prestação de serviços ao Sistema Único de
autorização de doação, imediatamente após a captação; Saúde, aquele Banco que, com a respectiva licença de
VII - avaliar e processar tecidos oculares humanos para funcionamento emitida pela Vigilância Sanitária, seja
fins de utilização em transplantes ou enxertos; autorizado pelo Sistema Nacional de Transplantes, em
VIII - garantir a realização dos exames laboratoriais conformidade com as Normas de que trata o caput deste
necessários à identificação de possíveis contraindicações que artigo.
impossibilitem a utilização do enxerto; § 3º Para que seja autorizado a funcionar, além do
IX - disponibilizar todos os tecidos oculares obtidos, para cumprimento das normas contidas neste Regulamento, o
distribuição pela CNCDO do Estado; Banco deve comprovar que esteja aberto e em funcionamento
X - fornecer à equipe médica responsável pela realização para atendimento das demandas nas 24 (vinte e quatro)
do transplante ou enxerto todas as informações necessárias a horas do dia, todos os dias, e assegurar o controle e a
respeito do tecido a ser utilizado, bem como sobre seu garantia de qualidade dos procedimentos, equipamentos,
doador; e reagentes e correlatos.
XI - manter arquivo próprio com dados sobre os tecidos § 4º A garantia da qualidade dos tecidos
processados, seus doadores e receptores. musculoesqueléticos distribuídos ou disponibilizados é de
Art. 528. É da responsabilidade do Banco de Tecidos responsabilidade do Banco de Tecidos Musculoesqueléticos,
Oculares Humanos, de que trata o art. 424 deste e a responsabilidade médica e técnica final de sua utilização
Regulamento, a garantia da qualidade dos tecidos oculares é do cirurgião transplantador.
distribuídos, ficando a responsabilidade final por sua
§ 5º O Banco de Tecidos Musculoesqueléticos pode
utilização a cargo do cirurgião transplantador.
Art. 529. As Normas Técnicas para o funcionamento dos fornecer tecidos por ele processados para realização de
Bancos de Tecidos Oculares Humanos deverão ser definidas transplantes, tanto em caráter privado como pelo SUS,
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. somente a serviços que estejam devidamente autorizados
Art. 530. Nas localidades onde não houver banco, as pelo Sistema Nacional de Transplantes a realizar seu
retiradas poderão ocorrer, sob a autorização da CNCDO do implante, de acordo com o estabelecido nos arts. 479 a 482
Estado, por médicos oftalmologistas e/ou técnicos deste Regulamento.

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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 6º Aplica-se subsidiariamente, no que couber, aos Humanas o Serviço que, em instalações físicas, de
Bancos de Tecidos Musculoesqueléticos, o disposto no equipamentos, técnicas e profissionais, esteja destinado à
Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997, e no Regulamento retirada, preparo e conservação de partes do coração para
Técnico disposto no Anexo XLVII a este Regulamento e emprego em enxertos com finalidade terapêutica.
outras que a complementem ou substituam. § 2º O Serviço a que se refere o § 1º deverá funcionar em
Art. 535. As Rotinas para Captação, Ablação, Transporte, estabelecimento hospitalar que esteja autorizado pelo
Processamento, Estocagem, Disponibilização e Controle de Ministério da Saúde a realizar retirada e/ou transplante e/ou
Qualidade de Tecidos Musculoesqueléticos ficam aprovados, enxerto de órgão ou tecido, e devidamente cadastrado pela
na forma do Anexo LXIX a este Regulamento. Secretaria de Atenção à Saúde, conforme estabelecido neste
Parágrafo único. O Banco de Tecidos Regulamento.
Musculoesqueléticos deve cumprir as Rotinas ora aprovadas. § 3º Aplica-se, no que couber, aos Bancos de Valvas
Art. 536. Os Bancos de Tecidos Musculoesqueléticos Cardíacas Humanas, o disposto no Decreto nº 2.268, de 30
terão as seguintes competências/atribuições: de junho de 1997, e no Regulamento Técnico aprovado nos
I - participar, sob a coordenação da Central de termos do Anexo LXVII a este Regulamento.
Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - CNCDO do Art. 540. As Normas para Funcionamento e
Estado, do esforço de promover, divulgar e esclarecer a Cadastramento de Bancos de Valvas Cardíacas Humanas
população a respeito da importância da doação de órgãos; ficam aprovadas, na forma do Anexo LXX a este
II - efetuar a remoção dos tecidos musculoesqueléticos Regulamento.
doados, obedecendo às normas e orientações da CNCDO a Art. 541. Aos Bancos de Valvas Cardíacas Humanas
que estiver subordinado, e providenciar a adequada cabe:
reconstituição da forma física do doador cujo segmento ósseo I - efetuar a remoção de valvas cardíacas humanas,
foi removido, utilizando materiais sintéticos ou biológicos que obedecendo às normas e orientações da Central de
se aproximem da anatomia humana; Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - CNCDO a
III - receber tecidos musculoesqueléticos humanos que estiver subordinado;
obtidos pela equipe do próprio Banco de Tecido II - receber valvas cardíacas humanas obtidas por outras
Musculoesquelético ou de equipes devidamente treinadas e equipes de retirada de órgão devidamente autorizadas pela
atuando sob a responsabilidade do Banco e devidamente CNCDO;
autorizadas pela CNCDO; III - avaliar e processar valvas cardíacas humanas para
IV - avaliar clínica e laboratorialmente todos os tecidos fins de utilização em enxertos;
musculoesqueléticos, e quando aplicável, radiologicamente, a IV - providenciar a realização dos exames laboratoriais
fim de identificar possíveis contraindicações a seu emprego; necessários à identificação de possíveis contraindicações a
V - garantir, por meio de protocolos, a padronização seu emprego;
relativa aos processos e ao controle da qualidade dos tecidos V - garantir a qualidade e conservação das valvas
musculoesqueléticos humanos que estejam sob sua cardíacas humanas que estejam sob sua responsabilidade;
responsabilidade; VI - fornecer à equipe médica responsável pela realização
VI - manter registros dos processos de controle e garantia do implante todas as informações necessárias a respeito da
de qualidade dos procedimentos, equipamentos, reagentes e valva a ser utilizada, bem como sobre seu doador; e
correlatos; VII - manter arquivo próprio com dados sobre as valvas
VII - disponibilizar para a equipe médica responsável pelo processadas, seus doadores e receptores, enviando relatórios
transplante todas as informações necessárias a respeito do mensais à CNCDO.
tecido a ser utilizado, bem como sobre seu doador, mantendo
em sigilo a sua identidade; Subseção VII
VIII - manter arquivo próprio com todos os dados de Do Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas
identificação e técnicos sobre os receptores e tecidos - Art. 542. O Regulamento Técnico para Transplante de
captados, processados, armazenados e distribuídos - por no Células-Tronco Hematopoéticas está aprovado nos termos do
mínimo 25 anos, e enviar relatórios mensais à CNCDO sobre Anexo LXXI a este Regulamento.
as atividades de captação e distribuição de tecidos do Banco, Art. 543. As normas para autorização para funcionamento
garantindo assim sua rastreabilidade; e respectivas renovações de estabelecimentos de
IX - assegurar formação e aperfeiçoamento de recursos saúde/equipes para a realização de transplantes de células-
humanos responsáveis por todas as etapas envolvidas no tronco hematopoéticas e, no âmbito do Sistema Único de
processo - captação, triagens clínica, laboratorial e Saúde, seu credenciamento e habilitação estão estabelecidos
sorológica, coleta, identificação, processamento, nos termos do Anexo LXXII a este Regulamento.
armazenamento e distribuição - dos tecidos § 1º A inclusão no Cadastro Nacional de
musculoesqueléticos; e Estabelecimentos de Saúde - CNES e a autorização para
X - estabelecer programas de ensino, pesquisa e funcionamento são condições indispensáveis para todos os
desenvolvimento tecnológico nas áreas de interesse de banco estabelecimentos/equipes.
de tecidos e transplante de tecidos musculoesqueléticos. § 2º A autorização para funcionamento dar-se-á para
Art. 537. Os bancos de tecidos musculoesqueléticos, que instituições e equipes especializadas.
eventualmente se encontrem atualmente em funcionamento, § 3º O credenciamento e a habilitação no Sistema Único
deverão se adequar às normas estabelecidas neste de Saúde serão referentes ao estabelecimento hospitalar, que
Regulamento e obter autorização de funcionamento, junto ao deverá apresentar à equipe técnica a estrutura adequada ao
Sistema Nacional de Transplantes, sob pena de disposto no Anexo LXXI a este Regulamento.
responsabilidade e de interdição, sem prejuízo de outras Art. 544. O Regulamento Técnico de Hospital-Dia para
sanções cabíveis e previstas na legislação. Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas está
Art. 538. Ficam autorizados a funcionar, pelo Sistema aprovado nos termos do Anexo LXXIII a este Regulamento.
Nacional de Transplantes, os seguintes Bancos de Tecidos Art. 545. O Termo de Consentimento para Receptor de
Musculoesqueléticos: Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas está disposto
I - Banco de Tecidos Musculoesqueléticos do Instituto no Anexo LXXIV a este Regulamento.
Nacional de Traumatologia e Ortopedia - Rio de Janeiro/RJ - Art. 546. O formulário para encaminhamento de
CGC nº 00.394.544/0212-63; e informações referentes aos transplantes autólogos às
II - Banco de Tecidos Musculoesqueléticos do Hospital de Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos -
Clínicas da Universidade Federal do Paraná - Curitiba/PR - CNCDO e à Coordenação-Geral do Sistema Nacional de
CGC nº 75.095.679/0002-20. Transplantes - SNT, do Departamento de Atenção
Art. 539. Ficam criados, no âmbito do Sistema Único de Especializada/Secretaria de Atenção à Saúde/DAE/SAS/MS,
Saúde - SUS, os Bancos de Valvas Cardíacas Humanas. encontra-se no Anexo LXXV a este Regulamento.
§ 1º Entende-se por Banco de Valvas Cardíacas
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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 547. O Sistema Nacional de Transplantes - SNT tem CAPÍTULO III
como responsabilidade o controle, a avaliação e a regulação DA GESTÃO DA EDUCAÇÃO
das ações e atividades relativas ao Transplante de Células- E DO TRABALHO EM SAÚDE
Tronco Hematopoéticas - TCTH. Seção I
Parágrafo único. O SNT contará com a assessoria técnica Da Gestão da Educação em Saúde
do Instituto Nacional de Câncer - INCA nas atividades
relacionadas à TCTH. Subseção I
Art. 548. A busca, nacional ou internacional, de doador Da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde
não-aparentado de células-tronco hematopoéticas é Art. 555. As diretrizes e estratégias para a implementação
atribuição do Sistema Nacional de Transplantes, que se da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde
responsabilizará pelo seu ressarcimento. estão dispostas nos termos deste Regulamento e deverão
Parágrafo único. Fica delegada ao Instituto Nacional de adequar-se às diretrizes operacionais e ao Regulamento do
Câncer - INCA a gerência técnica e operacional dessa Pacto pela Saúde, previsto na Subseção I da Seção I do
atividade. Capítulo I deste Regulamento.
Art. 549. A busca internacional de precursores Parágrafo único. A Política Nacional de Educação
hematopoéticos deverá ser iniciada após pesquisa preliminar Permanente em Saúde deve considerar as especificidades
de doador compatível no Registro Brasileiro de Doadores regionais, a superação das desigualdades regionais, as
Voluntários de Medula Óssea - REDOME e no Registro necessidades de formação e desenvolvimento para o trabalho
Nacional de Sangue de Cordão Umbilical - RENACORD. em saúde e a capacidade já instalada de oferta institucional
§ 1º O RENACORD manterá comunicação com o de ações formais de educação na saúde.
REDOME, permitindo a busca de doadores não-aparentados Art. 556. A condução regional da Política Nacional de
voluntários e de unidades de sangue de cordão umbilical Educação Permanente em Saúde dar-se-á por meio dos
armazenadas pelo BRASILCORD. Colegiados de Gestão Regional, com a participação das
§ 2º O RENACORD ficará sob a gestão do Ministério da Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço -
Saúde. CIES.
Art. 550. As Autorizações de Internação Hospitalar § 1º Os Colegiados de Gestão Regional, considerando as
referentes a transplantes autólogos e alogênicos aparentados especificidades locais e a Política de Educação Permanente
somente poderão ser autorizadas para pacientes inscritos nos em Saúde nas três esferas de gestão (federal, estadual e
cadastros de transplante autólogo ou alogênico de células- municipal), elaborarão um Plano de Ação Regional de
tronco hematopoéticas da CNCDO do Estado onde se Educação Permanente em Saúde coerente com os Planos de
encontra estabelecido o hospital e na Coordenação-Geral do Saúde estadual e municipais, da referida região, no que tange
Sistema Nacional de Transplantes. à educação na saúde.
Art. 551. O programa informatizado de gerenciamento do § 2º As Comissões Permanentes de Integração Ensino-
Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea - Serviço - CIES são instâncias intersetoriais e
REREME proporcionará a organização dos fluxos de busca e interinstitucionais permanentes que participam da formulação,
a seleção de receptores para transplantes de células-tronco condução e desenvolvimento da Política de Educação
hematopoéticas alogênicos aparentados e não-aparentados, Permanente em Saúde prevista no art. 14 da Lei nº 8.080, de
conforme Regulamento Técnico definido no Anexo LXXI a 1990, e na NOB/RH - SUS.
este Regulamento. Art. 557. Os Colegiados de Gestão Regional, conforme o
Art. 552. O cadastro único para os pacientes candidatos a previsto nos arts. 5º, 6º, 7º e 8º deste Regulamento, são as
Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas alogênico, instâncias de pactuação permanente e co-gestão solidária e
cujo acesso ao TCTH deverá se dar por regulação do SNT e cooperativa, formadas pelos gestores municipais de saúde do
da CNCDO, por meio da Central Nacional de Regulação, conjunto de Municípios de uma determinada região de saúde
Avaliação e Controle - CNRAC do Ministério da Saúde, e por representantes do(s) gestor(es) estadual(ais).
considerando os critérios de priorização constantes do Anexo Parágrafo único. O Colegiado de Gestão Regional deve
LXXI a este Regulamento para a alocação de leitos instituir processo de planejamento regional para a Educação
hospitalares destinados à internação para o procedimento. Permanente em Saúde que defina as prioridades, as
Parágrafo único. Todos os leitos especializados responsabilidades de cada ente e o apoio para o processo de
autorizados para transplante alogênico de medula óssea, planejamento local, conforme as responsabilidades
integrantes ou não do SUS, estarão sujeitos à regulação pelo assumidas nos Termos de Compromissos e os Planos de
SNT, na sua alocação para atendimento aos pacientes Saúde dos entes federados participantes.
inscritos no cadastro único de receptores de TCTH alogênico Art. 558. São atribuições do Colegiado de Gestão
- REREME.
Regional, no âmbito da Educação Permanente em Saúde:
Art. 553. O INCA manterá os cadastros do REDOME que
I - construir coletivamente e definir o Plano de Ação
incluem os cadastros do Registro Nacional de Sangue e
Regional de Educação Permanente em Saúde para a região,
Cordão Umbilical - RENACORD e do Registro de Receptores
a partir das diretrizes nacionais, estaduais e municipais (de
de Medula Óssea - REREME, atualizados com as situações
sua área de abrangência) para a educação na saúde, dos
clínicas dos receptores e dos doadores.
Parágrafo único. Ficam mantidas as autorizações, os Termos de Compromisso de Gestão dos entes federados
credenciamentos e as habilitações dos estabelecimentos de participantes, do pactuado na Comissão Intergestores
saúde que na data da publicação deste ato se encontram Bipartite - CIB e das necessidades de formação e
validados. desenvolvimento dos trabalhadores da saúde;
II - submeter o Plano Regional de Educação Permanente
Subseção VIII em Saúde à Comissão Intergestores Bipartite - CIB para
Do Transplante de Órgãos homologação;
e Tecidos de Fetos Anencéfalos III - pactuar a gestão dos recursos financeiros no âmbito
Art. 554. A retirada de órgãos e/ou tecidos de neonato regional, que poderá ser realizada pelo Estado, pelo Distrito
anencéfalo para fins de transplante ou tratamento deverá ser Federal e por um ou mais Municípios de sua área de
precedida de diagnóstico de parada cardíaca irreversível. abrangência;
§ 1º O descumprimento ao disposto no caput deste artigo IV - incentivar e promover a participação, nas Comissões
constitui infração nos termos dos arts. 14, 16 e 17 da Lei nº de Integração Ensino-Serviço, dos gestores, dos serviços de
9.434, de 4 de fevereiro de 1997. saúde, das instituições que atuam na área de formação e
§ 2º Os infratores estão sujeitos às penalidades dos desenvolvimento de pessoal para o setor saúde, dos
artigos citados no § 1º, bem como às demais sanções trabalhadores da saúde, dos movimentos sociais e dos
cabíveis. conselhos de saúde de sua área de abrangência;

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- SAÚDE PÚBLICA -
V - acompanhar, monitorar e avaliar as ações e Art. 564. São atribuições dessa Comissão Permanente de
estratégias de educação em saúde implementadas na região; Integração Ensino-Serviço, vinculada à Comissão
e Intergestores Bipartite:
VI - avaliar periodicamente a composição, a dimensão e o I - assessorar a CIB nas discussões sobre Educação
trabalho das Comissões de Integração Ensino-Serviço e Permanente em Saúde, na elaboração de uma Política
propor alterações, caso necessário. Estadual de Educação Permanente em Saúde;
Art. 559. As Comissões Permanentes de Integração II - estimular a cooperação e a conjugação de esforços e
Ensino-Serviço - CIES deverão ser compostas pelos gestores a compatibilização das iniciativas estaduais no campo da
de saúde municipais, estaduais e do Distrito Federal e, ainda, educação na saúde, visando à integração das propostas; e
conforme as especificidades de cada região, por: III - contribuir com o acompanhamento, o monitoramento
I - gestores estaduais e municipais de educação e/ou de e a avaliação da implementação da Política de Formação e
seus representantes; Desenvolvimento no âmbito do SUS e das ações e
II - trabalhadores do SUS e/ou de suas entidades estratégias relativas à educação na saúde, constantes do
representativas; Plano Estadual de Saúde.
III - instituições de ensino com cursos na área da saúde, Art. 565. São atribuições da Comissão Intergestores
por meio de seus distintos segmentos; e Bipartite, no âmbito da Educação Permanente em Saúde:
IV - movimentos sociais ligados à gestão das políticas I - elaborar e pactuar o Plano Estadual de Educação
públicas de saúde e do controle social no SUS. Permanente em Saúde;
Parágrafo único. A estruturação e a dinâmica de II - definir o número e a abrangência das Comissões de
funcionamento das Comissões de Integração Ensino-Serviço, Integração Ensino-Serviço, sendo no mínimo uma e no
em cada região, devem obedecer às diretrizes do Anexo máximo o limite das regiões de saúde estabelecidas para o
LXXVII a este Regulamento. Estado;
Art. 560. São atribuições das Comissões Permanentes de III - pactuar os critérios para a distribuição, a alocação e o
Integração Ensino-Serviço: fluxo dos recursos financeiros no âmbito estadual;
I - apoiar e cooperar tecnicamente com os Colegiados de IV - homologar os Planos Regionais de Educação
Gestão Regional para a construção dos Planos Regionais de Permanente em Saúde;
Educação Permanente em Saúde da sua área de V - acompanhar e avaliar os Termos de Compromisso de
abrangência; Gestão estadual e municipais, no que se refere às
II - articular instituições para propor, de forma responsabilidades de educação na saúde; e
coordenada, estratégias de intervenção no campo da VI - avaliar periodicamente a composição, a dimensão e o
formação e desenvolvimento dos trabalhadores, à luz dos trabalho das Comissões de Integração Ensino-Serviço e
conceitos e princípios da Educação Permanente em Saúde, propor alterações, caso necessário.
da legislação vigente, e do Plano Regional para a Educação Parágrafo único. Os recursos financeiros serão
Permanente em Saúde, além do estabelecido nos Anexos transferidos aos Fundos Estaduais, do Distrito Federal ou de
LXXVI, LXXVII e LXXVIII a este Regulamento; um ou mais Municípios, conforme as pactuações
III - incentivar a adesão cooperativa e solidária de estabelecidas nos órgãos de gestão colegiada.
instituições de formação e desenvolvimento dos Art. 566. São atribuições do Conselho Estadual de Saúde,
trabalhadores de saúde aos princípios, à condução e ao no âmbito da Educação Permanente em Saúde:
desenvolvimento da Educação Permanente em Saúde, I - definir as diretrizes da Política Estadual e do Distrito
ampliando a capacidade pedagógica em toda a rede de Federal de Educação Permanente em Saúde;
saúde e educação; II - aprovar a Política e o Plano de Educação Permanente
IV - contribuir com o acompanhamento, o monitoramento em Saúde Estadual e do Distrito Federal, que deverão fazer
e a avaliação das ações e estratégias de Educação parte do Plano de Saúde Estadual e do Distrito Federal; e
Permanente em Saúde implementadas; e III - acompanhar e avaliar a execução do Plano de
V - apoiar e cooperar com os gestores na discussão Educação Permanente em Saúde Estadual e do Distrito
sobre Educação Permanente em Saúde, na proposição de Federal.
intervenções nesse campo e no planejamento e Art. 567. A formação dos trabalhadores de nível médio no
desenvolvimento de ações que contribuam para o âmbito do SUS deve seguir as diretrizes e orientações
cumprimento das responsabilidades assumidas nos constantes deste Regulamento.
respectivos Termos de Compromisso de Gestão. Parágrafo único. As diretrizes e as orientações para os
Art. 561. A abrangência do território de referência para as projetos de formação profissional de nível técnico constam do
Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço deve Anexo LXXVIII a este Regulamento.
seguir os mesmos princípios da regionalização instituída no Art. 568. Anualmente a Secretaria de Gestão do Trabalho
Pacto pela Saúde. e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, poderá
Parágrafo único. Nenhum Município, assim como nenhum propor indicadores para o acompanhamento da Política
Colegiado de Gestão Regional - CGR, deverá ficar sem sua Nacional de Educação Permanente em Saúde dentro do
referência a uma Comissão Permanente de Integração Processo da Pactuação Unificada de Indicadores, que serão
Ensino-Serviço. integrados aos Indicadores do Pacto pela Saúde após a
Art. 562. As Comissões Permanentes de Integração necessária pactuação tripartite.
Ensino-Serviço deverão contar com uma Secretaria Executiva Art. 569. O acompanhamento das responsabilidades de
para encaminhar as questões administrativas envolvidas na educação na saúde será realizado por meio dos Termos de
gestão dessa política no âmbito regional, devendo estar Compromisso de Gestão das respectivas esferas de gestão.
prevista no Plano de Ação Regional da Educação Art. 570. As Secretarias de Saúde dos Estados, do
Permanente em Saúde. Distrito Federal e dos Municípios manterão à disposição da
Art. 563. A Comissão Intergestores Bipartite deverá Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde -
contar com o apoio de uma Comissão Permanente de SGTES, do Ministério da Saúde, e dos órgãos de fiscalização
Integração Ensino-Serviço, formada por: e controle todas as informações relativas à execução das
I - representantes das Comissões de Integração Ensino- atividades de implementação da Política de Educação
Serviço no Estado; Permanente em Saúde.
II - gestores e técnicos (municipais, estaduais e do Distrito Art. 571. O financiamento do componente federal para a
Federal) indicados pela CIB para compor esse espaço; e Política Nacional de Educação Permanente em Saúde dar-se-
á por meio do Bloco de Gestão do SUS, instituído pelo Pacto
III - um representante de cada segmento que compõe as
Comissões de Integração Ensino-Serviço, conforme o art. 559 pela Saúde, e comporá o Limite Financeiro Global do Estado,
deste Regulamento. do Distrito Federal e do Município para execução dessas
ações.
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- SAÚDE PÚBLICA -
§ 1º Os critérios para alocação dos recursos financeiros Permanente em Saúde, com a atribuição de formular políticas
federais encontram-se no Anexo LXXVI a este Regulamento. nacionais e definir as prioridades nacionais em educação na
§ 2º O valor dos recursos financeiros federais referentes à saúde, a qual será composta por gestores das três esferas de
implementação da Política Nacional de Educação governo, além de atores do controle social, das instituições de
Permanente em Saúde no âmbito estadual e do Distrito ensino e de trabalhadores dos serviços e respectivas
Federal, constantes do Limite Financeiro dos Estados e do representações.
Distrito Federal, será publicado para viabilizar a pactuação
nas CIBs sobre o fluxo do financiamento dentro do Estado. CAPÍTULO IV
§ 3º A definição desse repasse no âmbito de cada DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM SAÚDE
unidade federada será objeto de pactuação na CIB, Seção I
encaminhado à Comissão Intergestores Tripartite para Tecnologia em Saúde
homologação. Subseção I
Art. 572. Os recursos financeiros de que trata esta Do Sistema Integrado de Apoio ao Desenvolvimento de
Subseção do Regulamento, relativos ao Limite Financeiro dos Procedimentos Tecnológicos em Saúde
Municípios, dos Estados e do Distrito Federal, serão Art. 577. O Sistema Integrado de Apoio ao
transferidos pelo Fundo Nacional de Saúde, de forma regular Desenvolvimento de Procedimentos Tecnológicos em Saúde -
e automática, aos respectivos Fundos de Saúde. SITECS tem como objetivo articular, integrar e coordenar as
§ 1º Eventuais alterações no valor do recurso Limite atividades voltadas para o desenvolvimento de procedimentos
Financeiro dos Municípios, dos Estados e do Distrito Federal tecnológicos em saúde, visando sua adequação às
devem ser aprovadas nas Comissões Intergestores Bipartites necessidades da rede de serviços.
- CIBs e encaminhadas ao Ministério da Saúde para Art. 578. O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria-
publicação. Executiva, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos
§ 2º As transferências do Fundo Nacional de Saúde aos Estratégicos - SCTIE e do Programa de Desenvolvimento
Fundos Estaduais, do Distrito Federal e aos Municipais Tecnológico em Saúde, promoverá, juntamente com o
poderão ser alteradas conforme as situações previstas nos Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio
arts. 9º ao 23 deste Regulamento. de Janeiro, o Departamento de Tecnologia da Fundação
Art. 573. O financiamento do componente federal da Hospitalar do Distrito Federal e a Fundação Euriclydes Jesus
Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, Zerbini, as medidas necessárias para a implementação e
consignado no orçamento do ano de 2007, prescindirá das implantação do SITECS, definindo o Sistema e os recursos
assinaturas dos Termos de Compromisso do Pacto pela necessários.
Saúde. Parágrafo único. O grupo coordenador do SITECS será
§ 1º Para viabilizar o repasse fundo a fundo dos recursos definido em portaria ministerial, e o conjunto das instituições
financeiros de 2007, as CIBs deverão enviar o resultado do integrantes comporão a sua Câmara Técnica.
processo de pactuação sobre a distribuição e alocação dos
recursos financeiros da Educação Permanente em Saúde CAPÍTULO V
para homologação na CIT. DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE
§ 2º A partir de 2008, os recursos financeiros seguirão a Seção I
dinâmica estabelecida no Regulamento do Pacto pela Saúde Da Política Nacional de Promoção da Saúde
e serão repassados apenas aos Estados, ao Distrito Federal Art. 579. A Política Nacional de Promoção da Saúde está
e aos Municípios que tiverem assinado seus Termos de aprovada conforme documento disponível no seguinte
Compromisso de Gestão. endereço eletrônico: www.saude.gov.br/svs.
Art. 574. O Ministério da Saúde e as Secretarias
Estaduais de Saúde garantirão cooperação e Seção II
assessoramento técnicos que se fizerem necessários para: Da Vigilância Epidemiológica
I - organização de um Sistema Nacional de Informação
com atualização permanente, com dados referentes à Subseção I
formação técnica/graduação/especialização; Do Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
II - elaboração do Plano de Ação Regional para Educação Art. 580. O Subsistema Nacional de Vigilância
Permanente em Saúde; Epidemiológica em Âmbito Hospitalar integra o Sistema
III - orientação das ações propostas à luz da Educação Nacional de Vigilância Epidemiológica.
Permanente em Saúde e da normatização vigente; Art. 581. O Subsistema Nacional de Vigilância
IV - qualificação técnica dos Colegiados de Gestão Epidemiológica em Âmbito Hospitalar é integrado por todo
Regional e das Comissões Intergestores Bipartites para a hospital em funcionamento no território nacional,
gestão da Política Nacional de Educação Permanente em independentemente de sua natureza e da existência de
Saúde; e relação para a prestação de serviços ao Sistema Único de
V - instituição de mecanismos de monitoramento e de Saúde - SUS.
avaliação institucional participativa nesta área. Art. 582. No Subsistema Nacional de Vigilância
Art. 575. O Ministério da Saúde e as Secretarias Epidemiológica em Âmbito Hospitalar, compete a todo
Estaduais e Municipais de Saúde serão responsáveis por: estabelecimento hospitalar:
I - planejar a formação e a educação permanente de I - preencher a Ficha Individual de Notificação quando da
trabalhadores em saúde necessários ao SUS no seu âmbito ocorrência de agravo inusitado à saúde e de surtos,
de gestão, contando com a colaboração das Comissões de encaminhando-a de acordo com o fluxo estabelecido;
Integração Ensino-Serviço; II - preencher a Ficha Individual de Notificação quando da
II - estimular, acompanhar e regular a utilização dos suspeita da ocorrência de problema de saúde de notificação
serviços de saúde em seu âmbito de gestão para atividades compulsória, encaminhando-a de acordo com o fluxo
curriculares e extracurriculares dos cursos técnicos, de estabelecido; e
graduação e pós-graduação na saúde; e III - preencher a Ficha de Notificação para a notificação
III - articular, junto às Instituições de Ensino Técnico e negativa de ocorrência de doenças de notificação
Universitário, mudanças em seus cursos técnicos, de compulsória, encaminhando-a de acordo com o fluxo
graduação e pós-graduação de acordo com as necessidades estabelecido.
do SUS, estimulando uma postura de corresponsabilidade Parágrafo único. Na impossibilidade de atender ao
sanitária. estabelecido no caput deste artigo, o hospital deverá realizar
Art. 576. Reativar a Comissão Nacional de a notificação ao gestor correspondente, o mais rápido
Acompanhamento da Política Nacional de Educação possível, utilizando os meios disponíveis.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 583. No Subsistema Nacional de Vigilância VIII - proceder à normalização técnica complementar à
Epidemiológica em Âmbito Hospitalar, compete ao Ministério esfera federal e estadual para seu território;
da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde - IX - consolidar os dados provenientes dos hospitais, por
SVS: meio do processamento do Sistema de Informação de
I - apoiar os hospitais na implantação de Núcleo Agravos de Notificação - SINAN, e divulgar as informações e
Hospitalar de Epidemiologia - NHE; análises epidemiológicas no âmbito hospitalar; e
II - elaborar e disseminar o processo de implantação X - monitorar e avaliar o desempenho dos NHE.
neste Regulamento; Art. 586. A gestão do Subsistema Nacional de Vigilância
III - prestar assessoria técnica e supervisão na Epidemiológica em Âmbito Hospitalar no Distrito Federal
implantação e funcionamento dos NHE; compreenderá, no que couber, simultaneamente, as
IV - garantir o fluxo de informações ao Ministério da competências referentes a Estados e Municípios.
Saúde; Art. 587. A Rede Nacional de Hospitais de Referência
V - apoiar as Secretarias Estaduais e as Municipais de para o Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em
Saúde e a do Distrito Federal na operacionalização/realização Âmbito Hospitalar obedecerá ao disposto neste Regulamento.
de treinamento continuado para os profissionais dos serviços, Art. 588. A Rede Nacional, fundamentada na distribuição
estimulando as ações de Vigilância Epidemiológica no por nível e por unidade da Federação, é constituída por 190
ambiente hospitalar; (cento e noventa) hospitais de referência, subdivididos em 3
VI - divulgar informações e análise de doenças notificadas (três) níveis e disposto na forma do Anexo LXXIX a este
pelos hospitais; Regulamento, fundamentada na distribuição por nível e por
VII - realizar sistematicamente reuniões com unidade da Federação.
responsáveis estaduais pela área técnica de vigilância Parágrafo único. A definição do quantitativo de hospitais
epidemiológica no âmbito hospitalar; de que trata o caput deste artigo - por unidade da Federação,
e sua distribuição por nível - está embasada na população e
VIII - realizar e apoiar estudos epidemiológicos em nível
na complexidade da rede hospitalar da mesma unidade.
nacional das Doenças de Notificação Compulsória (DNC) e
Art. 589. Os critérios para seleção dos Hospitais de
de outros agravos de interesse epidemiológico no ambiente
Referência com base em nível e as exigências a que os
hospitalar;
hospitais deverão atender, bem como suas competências,
IX - participar da elaboração e avaliação de protocolos
estão definidos na forma dos Anexos LXXX, LXXXI e LXXXII
clínicos assistenciais das DNC no ambiente hospitalar; a este Regulamento.
X - estabelecer o uso de indicadores de avaliação da Parágrafo único. No processo de seleção dos Hospitais
vigilância epidemiológica no âmbito hospitalar; de Referência, deverá ser conferida prioridade àqueles
XI - avaliar as ações de vigilância epidemiológica no especializados em doenças infecciosas, universitários ou de
ambiente hospitalar por meio de indicadores; e ensino, integrantes da Rede de Referência para a Síndrome
XII - monitorar e avaliar o desempenho dos NHE, em Respiratória Aguda Grave e de Hospitais Sentinela para a
articulação com os gestores estaduais e municipais. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Art. 584. Ao Gestor Estadual do SUS compete: Art. 590. O Fator de Incentivo para os Hospitais de
I - apoiar os hospitais na implantação do Núcleo Referência do Subsistema Nacional de Vigilância
Hospitalar de Epidemiologia - NHE; Epidemiológica em Âmbito Hospitalar - FIVEH é instituído
II - elaborar e disseminar o processo de implantação do para os estabelecimentos integrantes da Rede do SUS.
disposto neste Regulamento; § 1º O Fator de Incentivo será transferido mensalmente
III - prestar assessoria técnica e supervisão no do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Estadual ou
funcionamento dos NHE; Municipal de Saúde, que o repassará diretamente para a
IV - definir o responsável técnico pela gestão do conta bancária definida para o recebimento pelo hospital.
subsistema no Estado; § 2º O valor do Fator de Incentivo variará de acordo com
V - assessorar e supervisionar as ações de vigilância o nível do hospital, conforme o disposto no Anexo LXXXIII a
epidemiológica no âmbito hospitalar, de forma complementar este Regulamento.
à atuação dos Municípios; § 3º Nos dois primeiros meses, o Fator de Incentivo será
VI - definir o processo de estruturação do Sistema de pago em dobro, com o objetivo de apoiar o custeio das
Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar na esfera despesas de implantação da atividade.
estadual integrando-o às normas e rotinas já estabelecidas § 4º A regularidade do cumprimento das obrigações por
pelo Sistema Nacional de Agravos de Notificação; parte do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia é condição para
VII - proceder à normalização técnica complementar à do a continuidade do repasse do incentivo.
nível federal para o seu território; § 5º A unidade que não cumprir as obrigações previstas
VIII - divulgar informações e análise de doenças perderá a condição de Hospital de Referência para o
notificadas pelos hospitais; e Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em âmbito
IX - monitorar e avaliar o desempenho dos NHE, em Hospitalar e será substituída por outra que atenda às
articulação com os gestores municipais, quando cabível. condições para integrar a Rede.
Art. 585. Ao Gestor Municipal do SUS compete: § 6º A unidade que cumprir de modo satisfatório as
I - apoiar os hospitais na implantação do Núcleo obrigações decorrentes do seu nível de classificação e se
Hospitalar de Epidemiologia - NHE; qualificar para o desempenho de competências próprias de
II - elaborar e disseminar o processo de implantação do nível superior poderá ter sua classificação revista.
disposto neste Regulamento; Art. 591. O estabelecimento hospitalar que não preste
III - prestar assessoria técnica e supervisão no serviço aos SUS, mas que atenda aos critérios definidos
funcionamento dos NHE; neste Regulamento poderá integrar a Rede, porém sem fazer
IV - definir o responsável técnico pela gestão do jus ao Fator de Incentivo para os Hospitais de Referência do
subsistema no Município; Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em Âmbito
V - assessorar e supervisionar as ações de vigilância Hospitalar - FIVEH.
epidemiológica no âmbito hospitalar; Art. 592. A Secretaria Estadual de Saúde - SES,
VI - executar as ações de vigilância epidemiológica observando os critérios e os quantitativos definidos no
desencadeadas a partir das notificações realizadas pelos parágrafo único do art. 588 e no parágrafo único do art. 589,
hospitais; procederá à seleção preliminar das unidades que integrarão a
VII - definir o processo de estruturação do Sistema de Rede Nacional de Hospitais de Referência para o Subsistema
Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar na esfera Nacional de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar
municipal, integrando-o às normas e às rotinas já em seu território, com a respectiva classificação por nível,
estabelecidas pelo Sistema Nacional de Agravos de submetendo-as à aprovação da Comissão Intergestores
Notificação; Bipartite - CIB.
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§ 1º A SES, após aprovação da CIB, encaminhará para a enviada ao endereço notifica@saude.gov.br ou diretamente
SVS/MS a proposta de unidades que integrarão a Rede pelo sítio eletrônico da Secretaria de Vigilância em Saúde, no
Nacional de Hospitais de Referência para o Subsistema endereço eletrônico www.saude.gov.br/svs;
Nacional de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar II - serviço telefônico de notificação de emergências
em seu território, com a respectiva classificação. epidemiológicas - Disque-Notifica, funcionando 24 (vinte e
§ 2º Eventuais divergências entre a proposta apresentada quatro) horas ininterruptas, por meio de ligação para o
pela SES e a avaliação da SVS/MS que não obtiverem número nacional que será divulgado pela Secretaria de
entendimento, serão levadas à decisão da Comissão Vigilância em Saúde, sendo este serviço destinado aos
Intergestores Tripartite - CIT. profissionais de saúde cujo Município ou Estado não possua
Art. 593. A qualificação como integrantes da Rede serviço telefônico em regime de plantão para recebimento das
Nacional de Hospitais de Referência para o Subsistema notificações imediatas.
Nacional de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar, Art. 603. Os agravos de notificação imediata, constantes
nos respectivos níveis, será determinada por atos específicos do Anexo LXXXVI a este Regulamento, devem ser notificados
da Secretaria de Vigilância em Saúde. em, no máximo, 24 (vinte e quatro) horas a partir do momento
Art. 594. Fica delegada competência ao Secretário de da suspeita inicial.
Vigilância em Saúde para, observado o que estabelece o art. Parágrafo único. A notificação imediata de que trata o
590, incorporar, excluir e substituir estabelecimento na Rede caput deste artigo não substitui a necessidade de registro
Nacional de Hospitais de Referência para o Subsistema posterior das notificações em conformidade com o fluxo, a
Nacional de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar, periodicidade e os instrumentos utilizados pelo Sistema de
por meio de ato específico. Informação de Agravos de Notificação - SINAN.
Art. 595. Fica delegada competência ao Secretário de Art. 604. Os profissionais de saúde no exercício da
Vigilância em Saúde para, caso necessário, editar normas profissão, bem como os responsáveis por organizações e
orientadoras e complementares a este Regulamento. estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino,
em conformidade com a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de
Subseção II 1975, são obrigados a comunicar aos gestores do Sistema
Da Notificação Compulsória Único de Saúde a ocorrência de casos suspeitos ou
Art. 596. Os casos suspeitos ou confirmados das doenças confirmados das doenças relacionadas nos Anexos LXXXV,
constantes no Anexo LXXXIV a este Regulamento são de LXXXVI e LXXXVII a este Regulamento.
notificação compulsória às Secretarias Municipais e Estaduais Parágrafo único. O não cumprimento do descrito no caput
de Saúde e ao Ministério da Saúde. do artigo será comunicado aos conselhos de entidades de
Parágrafo único. A ocorrência de agravo inusitado à classe e ao Ministério Público para que sejam tomadas as
saúde, independentemente de constar desta relação, deverá medidas cabíveis.
também ser notificada imediatamente às autoridades Art. 605. Os resultados dos exames laboratoriais das
sanitárias mencionadas no caput deste artigo. doenças de notificação imediata relacionadas no Anexo
Art. 597. A definição de caso, o fluxo e instrumentos de LXXXVII a este Regulamento devem ser notificados, pelos
notificação para cada doença relacionados no Anexo LXXXIV laboratórios de referência nacional, regional e centrais de
a este Regulamento, deverão obedecer à padronização saúde pública de cada ente federado, concomitantemente às
definida pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério Secretarias Estaduais de Saúde às Secretarias Municipais de
da Saúde - SVS/MS. Saúde e à SVS/MS, conforme o estabelecido no art. 601
Art. 598. Os gestores municipais e estaduais do Sistema deste Regulamento.
Único de Saúde poderão incluir outras doenças e agravos no Art. 606. A definição de caso para cada doença
elenco de doenças de notificação compulsória, em seu âmbito relacionada no Anexo LXXXV a este Regulamento obedecerá
de competência, de acordo com o quadro epidemiológico à padronização definida pela SVS/MS.
local. Art. 607. É vedada a exclusão de doenças e agravos
Parágrafo único. A inclusão de outras doenças e agravos componentes da Lista Nacional de Doenças de Notificação
deverá ser definida conjuntamente entre os gestores Compulsória pelos gestores municipais e estaduais do SUS.
estaduais e municipais e a SVS/MS.
Art. 599. Fica delegada competência ao Secretário de
Vigilância em Saúde para editar normas regulamentadoras Subseção IV
deste Regulamento. Do Controle da Hanseníase
Art. 608. A eliminação da hanseníase implica um conjunto
Subseção III de ações e medidas instituídas no âmbito do SUS, a ser
Das Doenças e Agravos de Notificação Compulsória promovidas de forma compartilhada entre o Ministério da
Art. 600. A Lista Nacional de Doenças e Agravos de Saúde e as Secretarias de Saúde dos Estados, dos
Notificação Compulsória, aprovada nos termos do Anexo Municípios e do Distrito Federal, com a finalidade de
LXXXV a este Regulamento, inclui a notificação de casos fortalecer o desenvolvimento das ações de prevenção,
suspeitos ou confirmados de influenza humana por novo diagnóstico, tratamento, reabilitação e controle da
subtipo. hanseníase, tendo por objetivos:
Art. 601. A ocorrência de agravo inusitado, caracterizado I - ampliar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento nos
como a ocorrência de casos ou óbitos de doença de origem Municípios de maior endemicidade;
desconhecida ou alteração no padrão epidemiológico de II - garantir atenção integral aos pacientes em todos os
doença conhecida, independentemente de constar na Lista níveis de complexidade;
Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória, III - assegurar, nas unidades de saúde, tratamento
deverá também ser notificada às autoridades sanitárias. completo para as formas paucibacilar e multibacilar;
Art. 602. As doenças e agravos relacionados no Anexo IV - desenvolver ações de promoção à saúde e à
LXXXVI a este Regulamento, para todo o território nacional, vigilância epidemiológica, bem como de diagnóstico e
devem ser notificados, imediatamente, às Secretarias acompanhamento, tratamento e reabilitação das pessoas
Estaduais de Saúde, e estas deverão informar também, de atingidas pela doença;
forma imediata, à Secretaria de Vigilância em Saúde - V - promover a organização, a regulação, o
SVS/MS. acompanhamento e a avaliação do conjunto de ações de
Parágrafo único. A notificação imediata deverá ser saúde para a efetiva eliminação da hanseníase;
realizada por um dos seguintes meios de comunicação: VI - garantir informação acessível, atualizada e confiável,
I - serviço de notificação eletrônica de emergências como ferramenta de avaliação e acompanhamento do estágio
epidemiológicas, por meio de mensagem de correio eletrônico da eliminação para tomada de decisão;

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VII - responsabilizar os gestores e mobilizar a sociedade V - divulgar informações e análises epidemiológicas.
civil, na promoção do conhecimento sobre os sinais e Art. 619. Compete aos Estados:
sintomas da hanseníase; e I - consolidar os dados provenientes das unidades
VIII - ampliar a oferta de procedimentos de reabilitação notificadoras dos Municípios por meio de processamento
física aos pacientes portadores de eletrônico;
incapacidades/deformidades decorrentes da hanseníase. II - estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados
Art. 609. As ações de eliminação da hanseníase - pelo nível municipal;
diagnóstico e tratamento - estão integradas na Atenção III - remeter os dados ao nível federal, regularmente,
Básica, com o objetivo de promover o maior acesso das dentro dos prazos estabelecidos neste Regulamento;
pessoas atingidas pela doença, em especial nos Municípios IV - analisar os dados;
endêmicos. V - retroalimentar os dados para os integrantes dos
Art. 610. A Secretaria de Vigilância em Saúde e a Sistemas;
Secretaria de Atenção à Saúde deverão adotar as medidas VI - divulgar informações e análises epidemiológicas; e
necessárias ao cumprimento do disposto neste Regulamento. VII - normatizar aspectos técnicos em caráter
complementar à atuação do nível federal para o seu território.
Subseção V Art. 620. Compete aos Municípios:
Do Controle da Dengue I - coletar e consolidar os dados provenientes das
Art. 611. A situação de iminente perigo à saúde pública unidades notificantes;
caracteriza-se quando a presença do mosquito transmissor II - enviar os dados, observados os fluxos e prazos
da dengue - o Aedes aegypti - for constatada em 1% (um por estabelecidos pelos Estados;
cento) ou mais dos imóveis do Município, da localidade, do III - analisar os dados;
bairro ou do distrito. IV - retroalimentar os dados para os integrantes dos
Parágrafo único. A situação de que trata o caput deste Sistemas; e
artigo será caracterizada pela aferição do índice de infestação V - divulgar as informações e análises epidemiológicas.
predial, realizada pelo agente de saúde por meio de Art. 621. Compete ao Distrito Federal, no que couber, as
levantamento amostral, pesquisa dos criadouros e coleta de atribuições referentes aos Estados e aos Municípios.
larvas. Art. 622. Os Sistemas Informatizados, necessários ao
Art. 612. O gestor do Sistema Único de Saúde processamento dos dados coletados, estarão sob a
responsável pela execução das ações de campo de combate responsabilidade do Departamento da Análise de Situação de
ao vetor transmissor da dengue deverá, quando constatada a Saúde - DASIS, que distribuirá as versões atualizadas às
situação de que trata o artigo anterior, intensificar as ações Secretarias Estaduais de Saúde e estas a repassarão às
preconizadas no Programa Nacional de Controle da Dengue, Secretarias Municipais de Saúde, bem como realizará o
em especial a realização das visitas domiciliares para treinamento para implementação e operação dos sistemas.
eliminação do mosquito e de seus criadouros em todos os Art. 623. Deverá ser utilizado o formulário da Declaração
imóveis da área aferida, bem como a mobilização social para de Óbito - DO como documento padrão de uso obrigatório em
as ações preventivas. todo o País, para a coleta de dados sobre óbitos e
indispensável para a lavratura, pelo Cartório do Registro Civil,
Seção III da Certidão de Óbito.
Dos Sistemas de Informações em Saúde Art. 624. Deverá ser utilizado formulário da Declaração de
Art. 613. A Secretaria de Vigilância em Saúde é o órgão Nascidos Vivos - DN como documento padrão de uso
gestor dos sistemas de informação abaixo relacionados: obrigatório em todo o País, para a coleta de dados sobre
I - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM; nascidos vivos, considerando-o como o documento hábil para
II - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - os fins do inciso IV do art. 10 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
SINASC; e de 1990.
III - Sistema Nacional de Agravos de Notificação - SINAN. Parágrafo único. O Departamento de Análise de Situação
Parágrafo único. Entende-se como órgão gestor o de Saúde - DASIS elaborará e divulgará as rotinas e
responsável pela área finalística que determina o objetivo e procedimentos operacionais necessários ao preenchimento
os propósitos de um sistema de informações, garantindo que da DO e da DN.
ele cumpra as funções para as quais foi concebido, ou seja, Art. 625. A DO e a DN terão sua impressão, distribuição e
responsável pela definição de variáveis, fluxos de informação, controle sob a responsabilidade da Secretaria de Vigilância
críticas e agregações de dados, além da ordenação de em Saúde, que poderá delegar essas atividades às
alterações que se fizerem necessárias. Secretarias Estaduais de Saúde.
Art. 614. A SVS fica incumbida de prestar suporte técnico § 1º A DO e a DN serão impressas, em três vias,
às Secretarias de Saúde, sempre que se fizer necessário. conforme fotolito padronizado pela Secretaria de Vigilância
Art. 615. Fica delegada competência ao Secretário de em Saúde, que será fornecido pelas Secretarias Estaduais de
Vigilância em Saúde para editar normas regulamentadoras Saúde, sempre que houver delegação prevista neste artigo.
deste Regulamento. § 2º Cabe ao Departamento de Análise de Situação de
Art. 616. O conjunto de ações relativas à coleta e ao Saúde - DASIS, o controle da numeração a ser utilizada nos
processamento de dados, fluxo e divulgação de informações formulários de ambos os sistemas.
sobre os óbitos ocorridos no País compõem o Sistema de § 3º As Secretarias Estaduais de Saúde, que receberem
Informações sobre Mortalidade - SIM. a delegação prevista neste artigo, deverão solicitar ao DASIS,
Art. 617. O conjunto de ações relativas à coleta e ao sempre que for necessária, a impressão de novos formulários
processamento de dados, fluxo e divulgação de informações e a faixa numérica a ser utilizada.
sobre os nascidos vivos ocorridos no País compõe o Sistema Art. 626. As Secretarias Estaduais de Saúde ficarão
de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC. responsáveis pela distribuição das DO e DN às Secretarias
Art. 618. Compete à Secretaria de Vigilância em Saúde - Municipais de Saúde e estabelecerão controle sobre a
SVS, como gestora nacional dos Sistemas de Informações distribuição e utilização de cada um dos documentos-padrão,
SIM e SINASC: em sua esfera de gerenciamento dos sistemas.
I - estabelecer diretrizes e normas técnicas; § 1º As Secretarias Estaduais de Saúde ficarão
II - consolidar os dados provenientes dos Estados; responsáveis pelo fornecimento de formulários de DO para as
III - estabelecer prazos para o envio de dados pelo nível Unidades Notificadoras, a seguir relacionadas:
estadual; I - estabelecimento de saúde;
IV - retro alimentar os dados para os integrantes do II - Institutos Médico Legal - IML;
Sistema; e III - Serviço de Verificação de Óbitos - SVO; e

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IV - Cartório de Registro Civil. médica, a DN será preenchida pelo médico responsável que
§ 2º É permitida a distribuição de formulários de DO aos deverá dar a seguinte destinação:
médicos cadastrados pelas Secretarias Estaduais ou I - 1ª via: Secretaria Municipal de Saúde;
Municipais de Saúde, vedada a distribuição às empresas II - 2ªvia: pai ou responsável legal, para ser utilizada na
funerárias. obtenção da Certidão de Nascimento junto ao Cartório de
§ 3º As Secretarias Municipais de Saúde ficarão Registro Civil que reterá o documento; e
responsáveis pelo fornecimento de formulários de DN para as III - 3ª via: pai ou responsável legal, para ser apresentada
unidades notificatórias a seguir relacionadas: na primeira consulta em unidade de saúde.
I - estabelecimentos de saúde onde possam ocorrer Art. 634. No caso de partos domiciliares sem assistência
partos; e médica, a DN será preenchida pelo Cartório de Registro Civil
II - Cartórios de Registro Civil. mediante autorização dada em provimento da Corregedoria
Art. 627. Os dados constantes da DO e da DN deverão de Justiça do Estado e terá a seguinte destinação:
ser processados no Município onde ocorreu o evento. I -1ª via: Cartório de Registro Civil, até ser recolhida pela
Art. 628. No caso de óbitos naturais ocorridos em Secretaria Municipal de Saúde;
estabelecimentos de saúde, a DO será preenchida pela II - 2ª via: pai ou responsável legal, para ser utilizada na
Unidade Notificadora e terá a seguinte destinação: obtenção da Certidão de Nascimento junto ao Cartório de
I - 1ª via: Secretarias Municipais de Saúde; Registro Civil, que reterá o documento; e
II - 2ª via: representante/responsável da família do III - 3ª via: pai ou responsável legal, para ser apresentada
falecido para ser utilizada na obtenção de Certidão de Óbito na primeira consulta em unidade de saúde.
junto ao Cartório de Registro Civil, o qual reterá o documento; Parágrafo único. As Secretarias Municipais de Saúde
e deverão utilizar-se dos meios disponíveis na busca ativa de
III - 3ª via: Unidade Notificadora, para arquivar no casos não registrados, valendo-se inclusive, dos Agentes
prontuário do falecido. Comunitários de Saúde e de parteiras tradicionais.
Art. 629. No caso dos óbitos naturais ocorridos fora do Art. 635. As Secretarias Estaduais de Saúde poderão
estabelecimento de saúde e com assistência médica - DO adotar, em sua jurisdição, fluxos alternativos aos definidos
será preenchida pelo médico responsável, que deverá dar-lhe nos artigos constantes desta Seção, após consulta e
a seguinte destinação: aprovação da Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS.
I -1ª e 3ª vias: Secretarias Municipais de Saúde; Art. 636. As Secretarias Estaduais de Saúde remeterão,
II - 2ª via: representante/responsável da família do por meio eletrônico, os dados para o Departamento de
falecido para ser utilizada na obtenção de Certidão de Óbito Análise de Situação de Saúde - DASIS, consolidados
junto ao Cartório de Registro Civil, o qual reterá o documento. trimestralmente, no seguintes prazos;
§ 1º Nos casos de óbitos naturais, sem assistência I -1º trimestre: até 10 de abril;
médica, a DO deverá ser preenchida pelo médico do Serviço II - 2º trimestre: até 10 de julho;
de Verificação de Óbitos - SVO, destinando- se as vias III -3º trimestre: até 10 de outubro; e
conforme o disposto neste artigo. IV - 4º trimestre: até 10 de janeiro do ano seguinte.
§ 2º Onde não existir o SVO, a DO será preenchida por Parágrafo único. O fechamento do ano estatístico pela
médico da localidade, que deverá dar a destinação indicada SVS deverá ocorrer até o dia 3 de junho de cada ano,
neste artigo. relativamente aos dados do ano anterior.
Art. 630. Nos óbitos naturais, ocorridos em localidade Art. 637. Os arquivos enviados pelas Secretarias
sem médico, o responsável pelo falecido, acompanhado de Estaduais de Saúde à SVS deverão ser avaliados quanto à
duas testemunhas, comparecerá ao Cartório de Registro Civil qualidade, à integridade e à confidencialidade das bases de
e solicitará o preenchimento de três vias da DO, que terá a dados do SIM e do SINASC.
seguinte destinação: Art. 638. A falta de alimentação de dados no SIM e no
I - 1ª e 3ª vias: Cartório de Registro Civil, para posterior SINASC, por mais de 60 (sessenta) dias, ensejará a
coleta pela Secretaria Municipal de Saúde responsável pelo suspensão das transferências dos recursos do Piso da
processamento de dados; e Atenção Básica - PAB e o cancelamento da Certificação para
II - 2ª via: Cartório de Registro Civil, que emitirá a gestão das Ações de Epidemiologia e Controle de Doenças,
Certidão de Óbito a ser entregue ao bem como a consequente suspensão do repasse dos
representante/responsável pelo falecido. recursos do Teto Financeiro de Epidemiologia e Controle de
Parágrafo único. As Secretarias Municipais de Saúde Doenças - TFED.
deverão utilizar-se dos meios na busca ativa de casos não
registrados, valendo-se inclusive, dos Agentes Comunitários Seção IV
de Saúde. Do Programa Nacional de DST e AIDS
Art. 631. Nos casos de óbitos por acidentes e/ou Art. 639. As normas relativas ao Sistema de
violências, o médico legista do Instituto Medico Legal - IML ou Monitoramento da Política de Incentivo, no âmbito do
perito destinado a tal finalidade, nas localidades onde não Programa Nacional de DST e AIDS, estão previstas no Anexo
existir o IML, deverão preencher em três vias, que terão a LXXXVIII a este Regulamento.
seguinte destinação: § 1º O Sistema de Monitoramento, aprovado no caput
I - 1ª via: Secretaria Municipal de Saúde; deste artigo, compõe-se de instrumentos que devem ser
II - 2ª via: representante/responsável da família do preenchidos pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do
falecido para ser utilizada na obtenção de Certidão de Óbito Distrito Federal e dos Municípios qualificados para o Incentivo
junto ao Cartório de Registro Civil, o qual reterá o documento; no âmbito do Programa Nacional de HIV/AIDS e outras DST.
§ 2º No Anexo a este Regulamento, encontram-se as
e
orientações técnicas específicas para o preenchimento dos
III - 3ª via: Instituto Médico Legal - IML.
instrumentos, os fluxos da informação, os prazos para
Art. 632. No caso dos partos hospitalares, a DN será
preenchimento e encaminhamento dos instrumentos e
preenchida pela Unidade Notificadora e terá a seguinte
respectivas sanções, em caso do não-cumprimento das
destinação:
normas estabelecidas.
I - 1ª via: Secretaria Municipal de Saúde;
Art. 640. No primeiro trimestre de cada ano, o Programa
II - 2ª via: pai ou responsável legal, para ser utilizada na
Nacional de DST e Aids, da Secretaria de Vigilância em
obtenção da Certidão de Nascimento junto ao Cartório de
Saúde, procederá, juntamente com o Grupo de Trabalho de
Registro Civil, o qual reterá o documento; e
Vigilância em Saúde - GT-VS, da Câmara Técnica da
III - 3ª via: arquivo da unidade de saúde junto a outro
Comissão Intergestores Tripartite - CIT, à revisão dos
registro hospitalar da puérpera.
indicadores, constantes do item 2 do Anexo LXXXVIII a este
Art. 633. No caso de partos domiciliares com assistência
Regulamento.
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Subseção I VII - são consideradas como situações de risco para HIV,
Da Transmissão e Prevenção da Infecção pelo HIV/AIDS as mulheres:
Art. 641. Dever-se-ão observar as seguintes normas e a) usuárias de drogas injetáveis com compartilhamento
procedimentos: de agulhas/seringas e/ou com parceiros usuários de drogas
I - a realização de teste sorológico compulsório, prévio à injetáveis;
admissão ou matrícula de aluno, e a exigência de testes para b) que receberam transfusão de sangue ou
manutenção da matrícula e de sua frequência nas redes hemoderivados e/ou com parceiros que recebam transfusão
pública e privada de ensino de todos os níveis, são de sangue ou hemoderivados a partir de 1980;
injustificadas e não devem ser exigidas; c) que mantenham relações sexuais sem proteção com
II - da mesma forma não devem ser exigidos testes múltiplos parceiros e/ou com parceiros que mantenham
sorológicos prévios à contratação e manutenção do emprego relações sexuais sem proteção com um ou múltiplos parceiros
de professores e funcionários, por parte de estabelecimentos (homens e mulheres); e
de ensino; d) com histórico de doenças sexualmente transmissíveis
III - os indivíduos sorologicamente positivos, sejam e/ou parceiros com histórico de doenças sexualmente
alunos, professores ou funcionários, não estão obrigados a transmissíveis a partir de 1980.
informar sobre sua condição à direção, a funcionários ou a Art. 644. As orientações e critérios relativos à definição
qualquer membro da comunidade escolar; nacional de casos de AIDS, em indivíduos menores de 13
IV - a divulgação de diagnóstico de infecção pelo HIV ou (treze) anos de idade, para fins de vigilância epidemiológica,
de AIDS de que tenha conhecimento qualquer pessoa da constam do Anexo XC a este Regulamento.
comunidade escolar, entre alunos, professores e funcionários,
não deve ser feita; e Subseção II
V - não deve ser permitida a existência de classes Da Abordagem Consentida
especiais ou de escolas específicas para infectados pelo HIV. para os Testes de DST e HIV
Art. 642. Dever-se-á promover implantação, onde não Art. 645. Os procedimentos e as condutas para a
exista, e a manutenção e ampliação, onde já se executa, de abordagem de pessoas submetidas a testes capazes de
projeto educativo, enfatizando os aspectos de transmissão e diagnosticar o HIV e outras Doenças Sexualmente
prevenção da infecção pelo HIV e AIDS, dirigido a Transmissíveis - DST e que não retornam ao estabelecimento
professores, pais, alunos, funcionários e dirigentes das redes de saúde para dar conhecimento dos resultados dos exames,
oficial e privada de ensino de todos os níveis, na forma do bem como as que não comparecem ao tratamento já em
Anexo LXXXIX. curso, obedecerão ao disposto neste Regulamento.
§ 1º O projeto educativo de que trata o caput deste artigo § 1º A abordagem consentida é o contato, mediante
deverá ser desenvolvido em todos os estabelecimentos de autorização prévia obtida por meio do Termo de
ensino do País, em todos os níveis, com participação e apoio Consentimento Livre e Esclarecido, constante do Anexo XCI a
dos serviços que compõem o Sistema Único de Saúde. este Regulamento, com os usuários que não retornam às
§ 2º Os conteúdos programáticos do projeto educativo unidades de saúde para receber os resultados de testes
deverão estar em consonância com as diretrizes do Programa realizados para HIV e outras DST, ou com os que não
Nacional de Controle das Doenças Sexualmente comparecem ao tratamento.
Transmissíveis e AIDS, do Ministério da Saúde. § 2º Respeitado o direito à privacidade, será garantido ao
§ 3º Os resultados do projeto educativo serão avaliados usuário o direito de decidir pelo contato, ou não, bem como o
pela Coordenação do Programa Nacional de Controle das melhor meio de estabelecimento deste contato pelo serviço
Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS e seus de saúde.
relatórios, encaminhados periodicamente aos Ministros da Art. 646. A abordagem consentida, a ser executada por
Educação e da Saúde. profissionais de saúde capacitados para essa ação, deve ser
Art. 643. Para prevenção da contaminação pelo HIV, por realizada junto aos usuários que não compareceram para
intermédio do aleitamento materno, deverão ser consideradas receber os resultados dos testes realizados para HIV e outras
as seguintes medidas: DST, que só serão conhecidos com a presença do usuário no
I - o aleitamento materno cruzado não deve ser realizado, serviço de saúde.
incluindo aquele às vezes praticado nos sistemas de § 1º A abordagem consentida de pessoas que procuram
alojamento conjunto e pelas tradicionais amas-de-leite; os serviços de saúde com vistas a realizar testes de HIV e
II - as mulheres infectadas pelo HIV não deverão outras DST e não retornam para conhecer os resultados dos
amamentar seus próprios filhos nem doar leite; exames deverá limitar-se ao convite para o comparecimento
III - os filhos de mães infectadas pelo HIV que necessitam ao serviço de saúde.
do leite materno como fator de sobrevivência poderão receber § 2º Os resultados dos testes a que se refere o caput
leite de suas próprias mães, desde que adequadamente deste artigo só serão conhecidos com a presença do usuário
pasteurizados; no serviço de saúde.
IV - os Bancos de Leite Humano utilizarão somente leite Art. 647. O contato para comparecimento ao serviço de
ou colostro, após adequada pasteurização, com aquecimento saúde deve ser realizado diretamente com o usuário ou
a 62,5 ºC (sessenta e dois e meio graus) por 30 (trinta) excepcionalmente com alguém previamente autorizado pelo
minutos, observando que: usuário, mediante assinatura do Termo de Consentimento
a) essa prática constitui tratamento térmico capaz de Livre e Esclarecido, constante do Anexo XCI a este
inativar 100% (cem por cento) de todas as práticas de HIV Regulamento.
possíveis de serem encontradas no leite humano; Parágrafo único. Em hipótese alguma, o usuário deverá
b) o simples congelamento ou liofilização, sem ser exposto a qualquer forma de constrangimento.
pasteurização prévia, não garante a inativação do HIV; Art. 648. No processo de aconselhamento pré-teste, o
c) a pasteurização é uma prática obrigatória em todos os serviço de saúde apresentará ao usuário o Termo de
bancos de leite, segundo dispositivo da Portaria nº 322/MS, Consentimento Livre e Esclarecido para a abordagem
de 26 de maio de 1988, do Ministério da Saúde; consentida, bem como a forma de contato com o usuário que
V - a seleção dos doadores de bancos de leite deve será realizado por intermédio de correio, contato telefônico,
obedecer aos critérios estabelecidos na Portaria nº 322/MS, mensagem eletrônica ou visita domiciliar, devendo ser
de 26 de maio de 1988, do Ministério da Saúde; definida pelo usuário.
VI - as mães em situação de risco para HIV, antes de Parágrafo único. Na emissão do convite ao
amamentarem seus filhos, devem preferencialmente, no pré - comparecimento ao serviço de saúde, deverá ser restringido
natal, ser orientadas a se submeter a teste sorológico, o uso de logomarca, logotipo, símbolo, identificação visual,
devendo, para tal, realizar aconselhamento pré e pós-teste; e imagem corporativa.

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Art. 649. No Termo de Consentimento Esclarecido deverá disciplinada pela Secretaria de Vigilância em Saúde, e
constar a assinatura ou impressão digital da pessoa custeadas com os recursos provenientes do Teto Financeiro
abordada, com a especificação da técnica de contato ou, se de Vigilância em Saúde - TFVS, estabelecido na Portaria nº
for o caso, a sua recusa em firmá-lo, atitude que não poderá 1.172, de 17 de junho de 2004, do Ministério da Saúde.
motivar restrições a seu atendimento. Art. 658. Compete ao Ministério da Saúde, por intermédio
Parágrafo único. O Termo de Consentimento Livre e da Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS, gestora nacional
Esclarecido poderá ser revogado a qualquer momento, do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental:
quando do desejo do usuário do serviço de saúde. I - propor a Política Nacional de Vigilância em Saúde
Art. 650. A abordagem consentida, para os casos em que Ambiental;
não houver o comparecimento à consulta agendada para o II - participar na formulação e na implementação das
conhecimento dos resultados, deverá ser realizada após 15 políticas de controle dos fatores de risco no meio ambiente
(quinze) dias da referida falta. que interfiram na saúde humana;
Parágrafo único. Caso a primeira tentativa de contato III - coordenar as ações de monitoramento dos fatores
consentido não alcance êxito, deverá o serviço de saúde não biológicos que ocasionem riscos à saúde humana;
estabelecer novos contatos com o usuário por, pelo menos, IV - elaborar normas relativas às ações de prevenção e
três vezes. controle de fatores do meio ambiente ou dele decorrentes,
Art. 651. Para os usuários em tratamento, a abordagem que tenham repercussão na saúde humana;
consentida deverá ser realizada logo após a falta à consulta. V - normalizar os procedimentos de vigilância em saúde
Art. 652. Em todo o processo de abordagem consentida ambiental nos pontos de entrada no território nacional de
aos usuários que não comparecem aos serviços de saúde pessoas, meios de transporte e outros que possam ocasionar
para conhecimento dos resultados de exames realizados para riscos à saúde da população;
HIV e outras DST, ou que não estejam comparecendo ao VI - propor normas e mecanismos de controle a outras
tratamento, deverá ser mantida a confidencialidade das instituições, com atuação no meio ambiente, saneamento e
informações do usuário. saúde, em aspectos de interesse da saúde pública;
Art. 653. Fica determinado que a Secretaria de Vigilância VII - coordenar e supervisionar as ações de vigilância em
em Saúde adote as medidas necessárias ao cumprimento saúde ambiental, com ênfase naquelas que exijam
efetivo do disposto neste Regulamento. simultaneidade em mais de uma unidade da Federação;
Art. 654. Em conformidade com as respectivas condições VIII - executar ações de vigilância em saúde ambiental,
de gestão do Sistema Único de Saúde, caberá aos Estados e em caráter excepcional, de forma complementar à atuação
aos Municípios estabelecer normas complementares a este dos Estados, nas seguintes situações:
Regulamento para atender às especificidades regionais e a) em circunstâncias especiais de risco à saúde
locais. decorrentes de fatores ambientais, que superem a
capacidade de resposta do nível estadual; e/ou
Seção V b) que representem risco de disseminação nacional;
Da Vigilância Ambiental em Saúde IX - credenciar Centros Nacionais e Regionais de
Subseção I Referência em Vigilância em Saúde Ambiental;
Do Subsistema Nacional de X - estabelecer os padrões máximos aceitáveis ou
Vigilância em Saúde Ambiental permitidos e os níveis de concentração no ar, água e solo,
Art. 655. O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde dos fatores e características que possam ocasionar danos à
Ambiental - SINVSA compreende o conjunto de ações e saúde humana;
serviços prestados por órgãos e entidades públicas e XI - estabelecer normas, critérios e limites de exposição
privadas, relativos à vigilância em saúde ambiental, visando humana a riscos à saúde advindos de fatores químicos e
ao conhecimento e à detecção ou prevenção de qualquer físicos;
mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio XII - realizar avaliações de impacto e de risco à saúde da
ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade população, relacionadas ao emprego de novas tecnologias;
de recomendar e adotar medidas de promoção da saúde XIII - definir, normalizar, coordenar e implantar os
ambiental, prevenção e controle dos fatores de risco sistemas de informação relativos à vigilância de
relacionados às doenças e outros agravos à saúde, em contaminantes ambientais na água, ar e solo, de importância
especial: e repercussão na saúde pública, bem como à vigilância e
I - água para consumo humano; prevenção dos riscos decorrentes dos fatores físicos,
II - ar; ambiente de trabalho, desastres naturais e acidentes com
III - solo; produtos perigosos;
IV - contaminantes ambientais e substâncias químicas; XV - definir indicadores nacionais para o monitoramento
V - desastres naturais; de contaminantes ambientais na água, no ar e no solo de
VI - acidentes com produtos perigosos; importância e repercussão na saúde pública, bem como para
VII - fatores físicos; e a vigilância e prevenção dos riscos decorrentes dos fatores
VIII - ambiente de trabalho. físicos, ambiente de trabalho, desastres naturais, acidentes
Parágrafo único. Os procedimentos de vigilância com produtos perigosos;
epidemiológica das doenças e agravos à saúde humana XVI - coordenar e supervisionar as ações de vigilância em
associados a contaminantes ambientais, especialmente os saúde ambiental de contaminantes ambientais na água, no ar
relacionados com a exposição a agrotóxicos, amianto, e no solo de importância e repercussão na saúde pública,
mercúrio, benzeno e chumbo serão de responsabilidade da bem como a vigilância e a prevenção dos riscos decorrentes
Coordenação-Geral de Vigilância Ambiental em Saúde - dos fatores físicos, ambiente de trabalho, desastres naturais,
CGVAM. acidentes com produtos perigosos;
Art. 656. Compete à Secretaria de Vigilância em Saúde - XVII - coordenar e executar as atividades relativas à
SVS/MS, às Secretarias Estaduais e às Municipais de Saúde informação e à comunicação de risco à saúde decorrentes de
ou órgãos equivalentes nos Estados e Municípios, a gestão contaminação ambiental;
do componente federal, estadual e municipal do SINVSA, XVIII - promover, coordenar e executar estudos e
respectivamente, conforme definido neste Regulamento. pesquisas aplicadas na área de vigilância em saúde
Art. 657. As metas e as atividades de vigilância em saúde ambiental;
ambiental serão expressas na Programação Pactuada XIX - analisar e divulgar informações epidemiológicas
Integrada da Área de Vigilância em Saúde - PPIVS, a ser sobre fatores ambientais de risco à saúde;
elaborada pelos gestores do Subsistema Nacional de XX - prestar assessoria técnica em vigilância em saúde
Vigilância em Saúde Ambiental - SINVSA, na forma ambiental aos Estados e, excepcionalmente, aos Municípios;

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- SAÚDE PÚBLICA -
XXI - promover a cooperação técnica internacional na intermunicipal;
área de vigilância em saúde ambiental; XII - promover, coordenar e executar estudos e pesquisas
XXII - fomentar e executar programas de aplicadas na área de vigilância em saúde ambiental;
desenvolvimento de recursos humanos em vigilância em XIII - analisar e divulgar informações epidemiológicas
saúde ambiental; sobre fatores ambientais de risco à saúde;
XXIII - participar do financiamento das ações de vigilância XIV - prestar assessoria técnica em vigilância em saúde
em saúde ambiental; ambiental aos Municípios;
XXIV - realizar a vigilância epidemiológica das doenças e XV - fomentar e executar programas de desenvolvimento
agravos à saúde humana associados a contaminantes de recursos humanos em vigilância em saúde ambiental;
ambientais, especialmente os relacionados com a exposição XVI - participar do financiamento das ações de vigilância
a agrotóxicos, amianto, mercúrio, benzeno e chumbo; e em saúde ambiental, na forma estabelecida na Portaria nº
XXV - desenvolver estratégias e ações de Atenção 1.172, de 17 de junho de 2004; e
Primária em Saúde Ambiental em Articulação com Estados, XVII - executar as ações de vigilância em saúde
Distrito Federal, Municípios e sociedade civil organizada ambiental em Municípios não certificados, nas condições
como instrumento de implantação da Vigilância em Saúde estabelecidas na Portaria nº 1.172, de 2004, do Ministério da
Ambiental. Saúde.
Parágrafo único. Saúde ambiental compreende a área da Art. 660. Compete aos Municípios a gestão do
saúde pública afeta ao conhecimento científico e à componente municipal do Subsistema Nacional de Vigilância
formulação de políticas públicas relacionadas à interação em Saúde Ambiental - SINVSA, compreendendo as seguintes
entre a saúde humana e os fatores do meio ambiente natural ações:
e antrópico que a determinam, condicionam e influenciam, I - coordenar e executar as ações de monitoramento dos
com vistas a melhorar a qualidade de vida do ser humano, fatores não-biológicos que ocasionem riscos à saúde
sob o ponto de vista da sustentabilidade. humana;
Art. 659. Compete aos Estados a gestão do componente II - propor normas relativas às ações de prevenção e
estadual do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde controle de fatores do meio ambiente ou dele decorrentes,
Ambiental - SINVSA, compreendendo as seguintes ações: que tenham repercussão na saúde humana;
I - coordenar as ações de monitoramento dos fatores não III - propor normas e mecanismos de controle a outras
biológicos que ocasionem riscos à saúde humana; instituições, com atuação no meio ambiente, saneamento e
II - propor normas relativas às ações de prevenção e saúde, em aspectos de interesse de saúde pública;
controle de fatores do meio ambiente ou dele decorrentes, IV - coordenar a Rede Municipal de Laboratórios de
que tenham repercussão na saúde humana; Vigilância em Saúde Ambiental;
III - propor normas e mecanismos de controle a outras V - gerenciar os sistemas de informação relativos à
instituições, com atuação no meio ambiente, saneamento e vigilância de contaminantes ambientais na água, no ar e no
saúde, em aspectos de interesse da saúde pública; solo, de importância e repercussão na saúde pública, bem
IV - coordenar e supervisionar as ações de vigilância em como à vigilância e prevenção dos riscos decorrentes dos
saúde ambiental, com ênfase naquelas que exijam desastres naturais, acidentes com produtos perigosos, fatores
simultaneidade em mais de um Município; físicos, ambiente de trabalho, incluindo:
V - executar ações de vigilância em saúde ambiental, em a) coleta e consolidação dos dados provenientes de
caráter excepcional e complementar à atuação dos unidades notificantes do sistema de vigilância em saúde
Municípios, nas seguintes situações: ambiental;
a) em circunstâncias especiais de risco à saúde b) envio dos dados ao nível estadual, regularmente,
decorrentes de fatores ambientais, que superam a dentro dos prazos estabelecidos pelas normas de cada
capacidade de resposta do nível municipal; ou sistema;
b) que representem risco de disseminação estadual; c) análise dos dados; e
VI - normalizar e coordenar a Rede Estadual de d) retroalimentação dos dados.
Laboratórios de Vigilância em Saúde Ambiental; VI - coordenar as atividades de vigilância em saúde
VII - credenciar Centros Estaduais de Referência em ambiental de contaminantes ambientais na água, no ar e no
Vigilância em Saúde Ambiental; solo, de importância e repercussão na saúde pública, bem
VIII - gerenciar os sistemas de informação relativos à como dos riscos decorrentes dos desastres naturais,
vigilância de contaminantes ambientais na água, no ar e no acidentes com produtos perigosos, fatores físicos e ambiente
solo, de importância e repercussão na saúde pública, bem de trabalho;
como à vigilância e prevenção dos riscos decorrentes dos VII - executar as atividades de informação e comunicação
fatores físicos, ambiente de trabalho, desastres naturais e de risco à saúde decorrentes de contaminação ambiental de
acidentes com produtos perigosos, incluindo: abrangência municipal;
a) consolidação dos dados provenientes de unidades VIII - promover, coordenar e executar estudos e
notificantes e dos Municípios, por meio de processamento pesquisas aplicadas na área de vigilância em saúde
eletrônico, na forma definida pela SVS;
ambiental;
b) envio dos dados ao nível federal, regularmente, dentro
dos prazos estabelecidos pelas normas de cada sistema; IX - analisar e divulgar informações epidemiológicas
c) análise dos dados; sobre fatores ambientais de risco à saúde;
d) retroalimentação dos dados; X - fomentar e executar programas de desenvolvimento
IX - coordenar as atividades de vigilância em saúde de recursos humanos em vigilância em saúde ambiental;
ambiental de contaminantes ambientais na água, no ar e no XI - participar do financiamento das ações de vigilância
solo, de importância e repercussão na saúde pública, bem ambiental em saúde, na forma estabelecida na Portaria nº
como dos riscos decorrentes dos desastres naturais, 1.172, de 17 de junho de 2004; e
acidentes com produtos perigosos, fatores físicos, ambiente XII - coordenar, acompanhar e avaliar os procedimentos
de trabalho; laboratoriais realizados pelas unidades públicas e privadas,
X - monitorar, de forma complementar ou suplementar componentes da rede municipal de laboratórios, que realizam
aos Municípios, os fatores não-biológicos que ocasionem
exames relacionados à área de vigilância em saúde
riscos à saúde da população, observados os padrões
ambiental.
máximos de exposição aceitáveis ou permitidos;
XI - coordenar e executar as atividades relativas à Parágrafo único. As competências estabelecidas neste
informação e à comunicação de risco à saúde decorrente de artigo poderão ser exercidas pelos Estados nas condições
contaminação ambiental de abrangência estadual e pactuadas na Comissão Intergestores Bipartite - CIB.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Art. 661. A coordenação e a execução das ações de de um Comitê Consultivo, com o objetivo de assegurar
vigilância em saúde ambiental no Distrito Federal suporte técnico-científico e operacional à implementação das
compreenderão, no que couberem, simultaneamente, as medidas de intervenção instituídas por este Regulamento, do
competências referentes a Estados e Municípios. qual participarão:
Art. 662. As ações de promoção de saúde ambiental, I - profissionais de notório saber, nas áreas de saúde,
prevenção e controle dos fatores de riscos relacionados às alimentação e nutrição; e
doenças e outros agravos à saúde deverão ser realizadas em II - representações de organismos e entidades nacionais
articulação com fóruns intrassetoriais e intersetoriais e internacionais, relacionadas às áreas acima referidas.
relacionadas à questão ambiental, bem como com os fóruns Art. 670. As diretrizes para a atenção à saúde com vistas
de controle social. à prevenção da obesidade e assistência ao portador de
Art. 663. Os casos omissos e as dúvidas surgidas na obesidade, deverão ser implantadas em todas as unidades
aplicação deste Regulamento, no que concerne ao federadas, respeitadas as competências das três esferas de
Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, gestão.
serão dirimidos pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Art. 671. A prevenção da obesidade e a assistência ao
Ministério da Saúde - SVS/MS. portador de obesidade deve ser organizada de forma
articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de
CAPÍTULO VI Estado da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde,
DA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO permitindo:
Seção I I - desenvolver estratégias de promoção, proteção e de
Da Política Nacional de Alimentação e Nutrição recuperação da saúde e prevenção de danos, protegendo e
desenvolvendo a autonomia e a equidade de indivíduos e
Art. 664. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição
coletividades;
está aprovada nos termos do Anexo XCII a este
II - organizar a linha de cuidados ao portador da
Regulamento.
obesidade grave, em todos os níveis de atenção,
Art. 665. Os órgãos e entidades vinculados ao Ministério
promovendo, dessa forma, a integralidade da assistência;
da Saúde, cujas ações se relacionem com a Política Nacional
III - identificar os principais determinantes e
de Alimentação e Nutrição, deverão promover a elaboração condicionantes que levam à obesidade e ao desenvolvimento
ou a readequação de seus planos, programas, projetos e de ações transetoriais de atenção à saúde;
atividades na conformidade das diretrizes e responsabilidades IV - definir critérios técnicos mínimos para o
estabelecidas no Anexo XCII. funcionamento e a avaliação dos serviços que realizam
cirurgia bariátrica, bem como os mecanismos de sua
Seção II monitoração com vistas a diminuir os riscos aos quais fica
Dos Agravos à Saúde Relativos à Alimentação e Nutrição exposto o paciente após a realização da cirurgia;
Art. 666. A linha de atuação "Atendimento aos V - ampliar a cobertura do atendimento, garantindo a
Desnutridos e às Gestantes de Risco Nutricional", integrante universalidade, a equidade, a integralidade, o controle social
do Plano de Combate à Fome e à Miséria, instituída no e o acesso às diferentes modalidades de atenção aos
âmbito do Ministério da Saúde, possui os seguintes objetivos: portadores de obesidade no País;
I - tratar os casos detectados de desnutrição em crianças VI - fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos
e gestantes; que visem ao estudo do custo-efetividade, à eficácia e à
II - reduzir os riscos de recidivas em crianças tratadas, qualidade, bem como à incorporação tecnológica ao
bem como o aparecimento de desnutrição entre irmãos; tratamento da obesidade;
III - integrar aos procedimentos de atenção aos VII - contribuir para o desenvolvimento de processos e
desnutridos, as ações de prevenção e tratamento da métodos de coleta, análise e organização dos resultados das
hipovitaminose A e da anemia ferropriva; ações decorrentes das diretrizes para a atenção ao portador
IV - consolidar e assegurar a prestação de ações básicas de obesidade, permitindo que, a partir de seu desempenho,
de saúde e de alimentação e nutrição, em observância aos seja possível um aprimoramento da gestão, a disseminação
princípios do Sistema Único de Saúde. das informações e uma visão dinâmica do estado de saúde
Art. 667. A Comissão Executiva da referida linha de das pessoas com obesidade e aquelas em acompanhamento
atuação foi constituída com a finalidade de promover as pós-cirúrgico;
medidas necessárias à operacionalização da modalidade de VIII - promover intercâmbio com outros subsistemas de
atendimento específico definido para o setor saúde. informações setoriais, implementando e aperfeiçoando
Art. 668. A Comissão Executiva possui as seguintes permanentemente a produção de dados e garantindo a
atribuições: democratização das informações; e
I - formular programação anual de trabalho relativa às IX - qualificar a assistência e promover a educação
ações sob sua responsabilidade; permanente dos profissionais da saúde envolvidos com a
II - elaborar instrumentos de programação, observando implantação e a implementação das diretrizes para a atenção
diretrizes e prioridades definidas para a implementação do ao portador de obesidade, em acordo com os princípios da
programa; integralidade e da humanização.
III - promover a divulgação e a análise da proposta junto Art. 672. As diretrizes para a atenção à saúde com vistas
às instâncias estaduais e municipais, com o objetivo de à prevenção da obesidade e à assistência ao portador de
viabilizar a execução, negociando a adesão e as formas de obesidade, de que trata o art. 666 deste Regulamento, devem
contrapartida; ser operacionalizadas a partir dos seguintes componentes
IV - promover a cooperação técnica a Estados e fundamentais:
Municípios, tendo em vista a execução descentralizada das I - Atenção Básica: realizar ações de caráter individual e
ações, após aprovação dos projetos, garantido a flexibilidade coletivo, voltadas à promoção da saúde e à prevenção dos
operacional para adaptação às condições locais; danos, bem como as ações para o controle da obesidade e
suas comorbidades que possam ser realizadas nesse nível,
V - promover as atividades de acompanhamento, controle
ações essas que terão lugar na rede de serviços básicos de
e avaliação, em parceria com Estados e Municípios;
saúde;
VI - incrementar a articulação intersetorial e
II - Média Complexidade: realizar ações diagnósticas e
interinstitucional, com vistas ao encaminhamento de soluções
terapêuticas especializadas garantidas a partir do processo
dos problemas que transcendam o setor saúde; e
de referência e contrarreferência do portador de obesidade,
VII - desenvolver outras atividades de sua área de
que devem ser organizadas segundo o planejamento de cada
competência, que lhe sejam atribuídas pelo Ministro da
Saúde. unidade federada e os princípios e diretrizes de
Art. 669. Compete à Comissão Executiva a constituição universalidade, equidade, regionalização, hierarquização e
integralidade da atenção à saúde;
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- SAÚDE PÚBLICA -
III - Alta Complexidade: garantir o acesso e assegurar a incentivo ao consumo de frutas, legumes e verduras; e
qualidade das cirurgias bariátricas, visando alcançar impacto V - monitoramento da situação nutricional dos escolares.
positivo na sobrevida, na morbidade e na qualidade de vida e Art. 680. Os locais de produção e fornecimento de
garantir equidade na realização do tratamento cirúrgico da alimentos de que trata este Regulamento incluem refeitórios,
obesidade, cuja assistência nessa modalidade se dará por restaurantes, cantinas e lanchonetes que devem estar
meio dos hospitais credenciados como Unidades de adequados às boas práticas para os serviços de alimentação,
Assistência de Alta Complexidade ao Portador de Obesidade conforme definido nos regulamentos vigentes sobre boas
Grave; práticas para serviços de alimentação, como forma de
IV - regulamentação suplementar e complementar por garantir a segurança sanitária dos alimentos e das refeições.
parte dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com Parágrafo único. Os locais de que trata o caput deste
o objetivo de regular a atenção ao portador de obesidade; artigo devem redimensionar as ações desenvolvidas no
V - a regulação, o controle e a avaliação de ações de cotidiano escolar, valorizando a alimentação como estratégia
atenção ao portador de obesidade serão de competência das de promoção da saúde.
três esferas de governo; Art. 681. Para alcançar uma alimentação saudável no
VI - sistema de informação que possa oferecer ao gestor ambiente escolar, devem ser implementadas as seguintes
subsídios para tomada de decisão para o processo de ações:
planejamento, regulação, fiscalização, controle e avaliação e I - definir estratégias, em conjunto com a comunidade
promover a disseminação da informação; escolar, para favorecer escolhas saudáveis;
VII - protocolos de conduta em todos os níveis de atenção II - sensibilizar e capacitar os profissionais envolvidos
que permitam o aprimoramento da atenção, regulação, com alimentação na escola para produzir e oferecer alimentos
controle e avaliação; e mais saudáveis;
VIII - educação permanente e capacitação das equipes de III - desenvolver estratégias de informação às famílias,
saúde em todos os âmbitos da atenção, a partir de um enfatizando sua corresponsabilidade e a importância de sua
enfoque estratégico promocional, envolvendo os profissionais participação neste processo;
de nível superior e os de nível técnico, em acordo com as IV - conhecer, fomentar e criar condições para a
diretrizes do SUS e alicerçada nos polos de educação adequação dos locais de produção e fornecimento de
permanente em saúde. refeições às boas práticas para serviços de alimentação,
Art. 673. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá criar considerando a importância do uso da água potável para
uma câmara técnica, a ela subordinada, com o objetivo de consumo;
acompanhar a implantação e a implementação da política V - restringir a oferta e a venda de alimentos com alto teor
instituída no art. 666 deste Regulamento. de gordura, gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal
Art. 674. Fica estabelecido o Sistema de Informação de e desenvolver opções de alimentos e refeições saudáveis na
Agravos de Notificação - SINAN como via formal de registro escola;
dos casos graves e moderados da desnutrição em menores VI - aumentar a oferta e promover o consumo de frutas,
de 24 (vinte e quatro) meses. legumes e verduras;
Art. 675. Os ajustes e orientações pertinentes à VII - estimular e auxiliar os serviços de alimentação da
operacionalização do que determina o artigo imediatamente escola na divulgação de opções saudáveis e no
anterior serão promovidos pelo Ministério da Saúde. desenvolvimento de estratégias que possibilitem essas
Art. 676. O banco de dados gerado no âmbito do Sistema escolhas;
de Informação de Agravos de Notificação - SINAN, a partir VIII - divulgar a experiência da alimentação saudável para
dos registros a que se refere o art. 674 deste Regulamento, outras escolas, trocando informações e vivências;
constitui a primeira fase do processo de informatização do IX - desenvolver um programa contínuo de promoção de
Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN. hábitos alimentares saudáveis, considerando o
monitoramento do estado nutricional das crianças, com
Seção III ênfase no desenvolvimento de ações de prevenção e controle
Da Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas dos distúrbios nutricionais e educação nutricional; e
Art. 677. As diretrizes para a Promoção da Alimentação X - incorporar o tema alimentação saudável no projeto
Saudável nas Escolas de Educação Infantil, Fundamental e político pedagógico da escola, perpassando todas as áreas
Nível Médio das Redes Pública e Privada, em âmbito de estudo e propiciando experiências no cotidiano das
nacional, favorecendo o desenvolvimento de ações que atividades escolares.
promovam e garantam a adoção de práticas alimentares mais Art. 682. As responsabilidades inerentes ao processo de
saudáveis no ambiente escolar, obedecerão ao disposto implementação de alimentação saudável nas escolas devem
neste Regulamento. ser compartilhadas entre o Ministério da Saúde e a Agência
Art. 678. A alimentação saudável deve ser entendida Nacional de Vigilância Sanitária e o Ministério da Educação e
como direito humano, compreendendo um padrão alimentar o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
adequado às necessidades biológicas, sociais e culturais dos Art. 683. As competências das Secretarias Estaduais e
indivíduos, de acordo com as fases do curso da vida e com das Municipais de Saúde e de Educação, dos Conselhos
base em práticas alimentares que assumam os significados Municipais e dos Estaduais de Saúde, de Educação e
socioculturais dos alimentos. Alimentação Escolar devem ser pactuadas em fóruns locais
Art. 679. A promoção da alimentação saudável nas de acordo com as especificidades identificadas.
escolas possui os seguintes eixos prioritários: Art. 684. Os Centros Colaboradores em Alimentação e
I - ações de educação alimentar e nutricional, Nutrição, instituições e entidades de ensino e pesquisa
considerando os hábitos alimentares como expressão de devem prestar apoio técnico e operacional aos Estados e aos
manifestações culturais regionais e nacionais; Municípios na implementação da alimentação saudável nas
II - estímulo à produção de hortas escolares para a escolas, incluindo a capacitação de profissionais de saúde e
realização de atividades com os alunos e a utilização dos de educação, merendeiras, cantineiros, conselheiros de
alimentos produzidos na alimentação ofertada na escola; alimentação escolar e outros profissionais interessados.
III - estímulo à implantação de boas práticas de Parágrafo único. Para fins deste artigo, os órgãos
manipulação de alimentos nos locais de produção e envolvidos poderão celebrar convênio com as referidas
fornecimento de serviços de alimentação do ambiente instituições de ensino e pesquisa.
escolar; Art. 685. A avaliação de impacto da alimentação saudável
IV - restrição ao comércio e à promoção comercial no no ambiente escolar deve contemplar a análise de seus
ambiente escolar de alimentos e preparações com altos efeitos a curto, médio e longo prazos e deverá observar os
teores de gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e indicadores pactuados no Pacto de Gestão da Saúde.

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- SAÚDE PÚBLICA -
Seção IV CAPÍTULO VII
Da Alta Complexidade em Terapia Nutricional DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE
Art. 686. Ficam instituídos, no âmbito do Sistema Único Seção I
de Saúde, mecanismos para a organização e a implantação Da Ética em Pesquisa
da assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional. Subseção I
Parágrafo único. A assistência de Alta Complexidade em Das Pesquisas Envolvendo Seres Humanos
Terapia Nutricional será composta por: Art. 694. As diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisas envolvendo seres humanos obedecerão ao
I - Unidades de Assistência de Alta Complexidade em
disposto neste Regulamento.
Terapia Nutricional; e Parágrafo único. O preâmbulo das diretrizes e normas de
II - Centros de Referência de Alta Complexidade em que trata o caput deste artigo consta do Anexo XCIII a este
Terapia Nutricional. Regulamento.
Art. 687. As Unidades de Assistência de Alta Art. 695. Para fins deste Regulamento, no que concerne
Complexidade em Terapia Nutricional e os Centros de às pesquisas envolvendo seres humanos, são adotados os
Referência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional seguintes termos e definições:
deverão proporcionar condições técnicas, instalações físicas, I - pesquisa: classe de atividades cujo objetivo é
equipamentos e recursos humanos adequados à prestação desenvolver ou contribuir para o conhecimento generalizável,
de assistência hospitalar especializada a pacientes em risco que consiste em teorias, relações ou princípios ou no
nutricional ou desnutridos, incluindo, na sua solicitação de acúmulo de informações sobre as quais está baseado o que
possam ser corroborados por métodos científicos aceitos de
credenciamento, os critérios da Política Nacional de
observação e inferência;
Humanização.
II - pesquisa envolvendo seres humanos: pesquisas que,
Parágrafo único. As aptidões e as atribuições das individual ou coletivamente, envolvam o ser humano, de
Unidades e dos Centros de Referência de Alta Complexidade forma direta ou indireta, em sua totalidade ou partes dele,
em Terapia Nutricional serão regulamentadas pela Secretaria incluindo o manejo de informações ou materiais;
de Atenção à Saúde em ato próprio. III - pesquisas em reprodução humana: são aquelas que
Art. 688. As Secretarias de Saúde dos Estados, do se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor,
Distrito Federal e dos Municípios em Gestão Plena do procriação e fatores que afetam a saúde reprodutiva da
Sistema Municipal de Saúde deverão adotar, de acordo com pessoa humana;
as respectivas condições de gestão e a divisão de IV - protocolo de pesquisa: documento contemplando a
responsabilidades definida na Norma Operacional de descrição da pesquisa em seus aspectos fundamentais,
Assistência à Saúde - NOAS/01 - 2002, prevista na Seção I informações relativas ao sujeito da pesquisa, à qualificação
dos pesquisadores e a todas as instâncias responsáveis;
do Capítulo I deste Regulamento, as providências
V - pesquisador responsável: pessoa responsável pela
necessárias ao credenciamento das Unidades de Assistência coordenação e realização da pesquisa e pela integridade e
de Alta Complexidade em Terapia Nutricional e dos Centros bem-estar dos sujeitos da pesquisa;
de Referência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional. VI - instituição de pesquisa: organização, pública ou
Art. 689. A Câmara Técnica em Terapia Nutricional, privada, legitimamente constituída e habilitada na qual são
subordinada à Secretaria de Atenção à Saúde, tem por realizadas investigações científicas;
objetivo o acompanhamento da implantação e implementação VII - promotor: indivíduo ou instituição responsável pela
do disposto neste Regulamento acerca da assistência de Alta promoção da pesquisa;
Complexidade em Terapia Nutricional. VIII - patrocinador: pessoa física ou jurídica que apoia
Art. 690. A assistência de Alta Complexidade em Terapia financeiramente a pesquisa;
IX - risco da pesquisa: possibilidade de danos à dimensão
Nutricional possuirá os seguintes instrumentos de gestão,
física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual
regulamentados pela Secretaria de Atenção à Saúde: do ser humano, em qualquer fase de uma pesquisa e dela
I - Banco de Dados dos Usuários de Terapia Nutricional; e decorrente;
II - Protocolos de Triagem e Avaliação Nutricional, X - dano associado ou decorrente da pesquisa: agravo
Protocolos de Indicação de Terapia Nutricional e Protocolos imediato ou tardio, ao indivíduo ou à coletividade, com nexo
para o Acompanhamento dos Pacientes em Terapia causal comprovado, direto ou indireto, decorrente do estudo
Nutricional. científico;
Art. 691. A Secretaria de Atenção à Saúde deverá adotar XI - sujeito da pesquisa: é o(a) participante
as medidas necessárias à implantação do disposto neste pesquisado(a), individual ou coletivamente, de caráter
voluntário, vedada qualquer forma de remuneração;
Regulamento.
XII - consentimento livre e esclarecido: anuência do
Art. 692. Os processos de solicitação de habilitação dos sujeito da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de
estabelecimentos de saúde para realização dos vícios (simulação, fraude ou erro), dependência,
procedimentos em Terapia Nutricional deverão ser aprovados subordinação ou intimidação, após explicação completa e
pela Comissão Intergestores Bipartite - CIB e encaminhados pormenorizada sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos,
para apreciação da Coordenação-Geral de Alta métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo
Complexidade, do Departamento de Atenção Especializada - que esta possa acarretar, formulada em um termo de
DAE/SAS. consentimento, autorizando sua participação voluntária na
Art. 693. Os recursos orçamentários relativos à pesquisa;
XIII - indenização: cobertura material, em reparação a
assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional
dano imediato ou tardio, causado pela pesquisa ao ser
correrão por conta do orçamento do Ministério da Saúde, humano a ela submetida;
devendo onerar os Programas de Trabalho: XIV - ressarcimento: cobertura, em compensação,
I - Atenção à Saúde da População nos Municípios exclusiva de despesas decorrentes da participação do sujeito
Habilitados em Gestão Plena do Sistema e nos Estados na pesquisa;
Habilitados em Gestão Plena/Avançada - 10.302.1220.8585; XV - Comitês de Ética em Pesquisa - CEP: colegiados
e interdisciplinares e independentes, com múnus público, de
II - Atenção à Saúde da População nos Municípios Não- caráter consultivo, deliberativo e educativo, criados para
Habilitados em Gestão Plena do Sistema e nos Estados Não- defender os interesses dos sujeitos da pesquisa em sua
Habilitados em Gestão Plena/Avançada - 10.302.1220.8587. integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento
da pesquisa dentro de padrões éticos;

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- SAÚDE PÚBLICA -
XVI - vulnerabilidade: refere-se a estado de pessoas ou econômico-financeiro;
grupos que, por quaisquer razões ou motivos, tenham a sua X - ser desenvolvida preferencialmente em indivíduos
capacidade de autodeterminação reduzida, sobretudo no que com autonomia plena, com a ressalva de que indivíduos ou
se refere ao consentimento livre e esclarecido; e grupos vulneráveis não devem ser sujeitos de pesquisa
XVII - incapacidade: refere-se ao possível sujeito da quando a informação desejada puder ser obtida através de
pesquisa que não tenha capacidade civil para dar o seu sujeitos com plena autonomia, a menos que a investigação
consentimento livre e esclarecido, devendo ser assistido ou possa trazer benefícios diretos aos vulneráveis, casos em que
representado, de acordo com a legislação brasileira vigente. o direito dos indivíduos ou grupos que queiram participar da
Art. 696. As pesquisas envolvendo seres humanos devem pesquisa deve ser assegurado, desde que seja garantida a
atender às exigências éticas e científicas fundamentais. proteção à sua vulnerabilidade e incapacidade legalmente
Art. 697. A eticidade da pesquisa implica: definida;
I - consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e XI - respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais,
proteção a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes religiosos e éticos, bem como os hábitos e costumes quando
(autonomia), e neste último caso, a pesquisa envolvendo as pesquisas envolverem comunidades;
seres humanos deverá sempre tratá-los em sua dignidade, XII - garantir que as pesquisas em comunidades, sempre
respeitá-los em sua autonomia e defendê-los em sua que possível, se traduzirão em benefícios cujos efeitos
vulnerabilidade; continuem a se fazer sentir após sua conclusão, e que o
II - ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais projeto deve analisar as necessidades de cada um dos
como potenciais, individuais ou coletivos (beneficência), membros da comunidade e as diferenças presentes entre
comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo eles, explicitando como será assegurado o respeito a essas
de danos e riscos; diferenças;
III - garantia de que danos previsíveis serão evitados XIII - garantir o retorno dos benefícios obtidos através das
(não-maleficência); e pesquisas para as pessoas e as comunidades nas quais as
IV - relevância social da pesquisa com vantagens pesquisas forem realizadas e, quando no interesse da
significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do comunidade houver benefício real em incentivar ou estimular
ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual mudanças de costumes ou comportamentos, o protocolo de
consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o pesquisa deve incluir, sempre que possível, disposições para
sentido de sua destinação sócio-humanitária (justiça e comunicar tal benefício às pessoas e/ou às comunidades;
equidade). XIV - comunicar às autoridades sanitárias os resultados
Art. 698. Todo procedimento de qualquer natureza da pesquisa, sempre que eles puderem contribuir para a
envolvendo o ser humano, cuja aceitação não esteja ainda melhoria das condições de saúde da coletividade,
consagrada na literatura científica, será considerado como preservando, porém, a imagem e assegurando que os
pesquisa e, portanto, deverá obedecer às diretrizes deste sujeitos da pesquisa não sejam estigmatizados ou percam a
Regulamento. autoestima;
Parágrafo único. Os procedimentos referidos no caput XV - assegurar aos sujeitos da pesquisa os benefícios
deste artigo incluem, entre outros, os de natureza resultantes do projeto, seja em termos de retorno social, seja
instrumental, ambiental, nutricional, educacional, sociológica, no acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da
econômica, física, psíquica ou biológica, sejam eles pesquisa;
farmacológicos, clínicos ou cirúrgicos e de finalidade XVI - assegurar aos sujeitos da pesquisa as condições de
preventiva, diagnóstica ou terapêutica. acompanhamento, tratamento ou de orientação, conforme o
Art. 699. A pesquisa em qualquer área do conhecimento, caso, nas pesquisas de rastreamento, e demonstrar a
envolvendo seres humanos, deverá observar as seguintes preponderância de benefícios sobre riscos e custos;
exigências: XVII - assegurar a inexistência de conflito de interesses
I - ser adequada aos princípios científicos que a entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa ou patrocinador
justifiquem e com possibilidades concretas de responder a do projeto;
incertezas; XVIII - comprovar, nas pesquisas conduzidas do exterior
II - estar fundamentada na experimentação prévia ou com cooperação estrangeira, os compromissos e as
realizada em laboratórios, animais ou em outros fatos vantagens, para os sujeitos das pesquisas e para o Brasil,
científicos; decorrentes de sua realização, casos em que deve ser
III - ser realizada somente quando o conhecimento que se identificado o pesquisador e a instituição nacionais
pretende obter não possa ser obtido por outro meio; corresponsáveis pela pesquisa, e cujo protocolo deverá
IV - prevalecer sempre as probabilidades dos benefícios observar as exigências da Declaração de Helsinque e incluir
esperados sobre os riscos previsíveis; documento de aprovação, no país de origem, entre os
V - obedecer à metodologia adequada, se houver apresentados para avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa
necessidade de distribuição aleatória dos sujeitos da da instituição brasileira, que exigirá o cumprimento de seus
pesquisa em grupos experimentais e de controle, assegurar próprios referenciais éticos, devendo os estudos do exterior
que, a priori, não seja impossível estabelecer as vantagens também responder às necessidades de treinamento de
de um procedimento sobre outro através de revisão de pessoal no Brasil, para que o país possa desenvolver projetos
literatura, métodos observacionais ou métodos que não similares de forma independente;
envolvam seres humanos; XIX - utilizar o material biológico e os dados obtidos na
VI - ter plenamente justificada, quando for o caso, a pesquisa exclusivamente para a finalidade prevista no seu
utilização de placebo, em termos de não-maleficência e de protocolo;
necessidade metodológica; XX - levar em conta, nas pesquisas realizadas em
VII - contar com o consentimento livre e esclarecido do mulheres em idade fértil ou em mulheres grávidas, a
sujeito da pesquisa e/ou seu representante legal; avaliação de riscos e benefícios e as eventuais interferências
VIII - contar com os recursos humanos e materiais sobre a fertilidade, a gravidez, o embrião ou o feto, o trabalho
necessários que garantam o bem-estar do sujeito da de parto, o puerpério, a lactação e o recém-nascido;
pesquisa, devendo ainda haver adequação entre a XXI - considerar que as pesquisas em mulheres grávidas
competência do pesquisador e o projeto proposto; devem ser precedidas de pesquisas em mulheres fora do
IX - prever procedimentos que assegurem a período gestacional, exceto quando a gravidez for o objetivo
confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e a fundamental da pesquisa;
não-estigmatização, garantindo a não-utilização das XXII - propiciar, nos estudos multicêntricos, a participação
informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, dos pesquisadores que desenvolverão a pesquisa na
inclusive em termos de autoestima, de prestigio e/ou elaboração do delineamento geral do projeto; e

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XXIII - descontinuar o estudo somente após análise das (atestado de óbito);
razões da descontinuidade pelo Comitê de Ética e Pesquisa - b) consentimento explicito dos familiares e/ou do
CEP que a aprovou. responsável legal ou manifestação prévia da vontade da
Art. 700. O respeito devido à dignidade humana exige que pessoa;
toda pesquisa se processe após consentimento livre e c) respeito total à dignidade do ser humano sem
esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou mutilação ou violação do corpo;
por seus representantes legais manifestem a sua anuência à d) sem ônus econômico-financeiro adicional à família;
participação na pesquisa. e) sem prejuízo para outros pacientes aguardando
Art. 701. Exige-se que o esclarecimento dos sujeitos se internação ou tratamento;
faça em linguagem acessível e que inclua necessariamente f) possibilidade de obter conhecimento científico
os seguintes aspectos: relevante, novo e que não possa ser obtido de outra maneira;
I - a justificativa, os objetivos e os procedimentos que V - em comunidades culturalmente diferenciadas,
serão utilizados na pesquisa; inclusive indígenas, deve-se contar com a anuência
II - os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios antecipada da comunidade através dos seus próprios líderes,
esperados; não se dispensando, porém, esforços no sentido de obtenção
III - os métodos alternativos existentes; do consentimento individual; e
IV - a forma de acompanhamento e assistência, assim VI - quando o mérito da pesquisa depender de alguma
como seus responsáveis; restrição de informações aos sujeitos, tal fato deve ser
V - a garantia de esclarecimentos, antes e durante o devidamente explicitado, justificado pelo pesquisador e
curso da pesquisa, sobre a metodologia, informando a submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa.
possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo; Parágrafo único. Os dados obtidos a partir dos sujeitos da
VI - a liberdade do sujeito se recusar a participar ou retirar pesquisa não poderão ser usados para outros fins que os não
seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem previstos no protocolo e/ou no consentimento.
penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado; Art. 704. Considera-se que toda pesquisa envolvendo
VII - a garantia do sigilo que assegure a privacidade dos seres humanos envolve risco.
sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na Parágrafo único. O dano eventual, decorrente da
pesquisa; pesquisa, poderá ser imediato ou tardio, comprometendo o
VIII - as formas de ressarcimento das despesas indivíduo ou a coletividade.
decorrentes da participação na pesquisa; e Art. 705. Não obstante os riscos potenciais, as pesquisas
IX - as formas de indenização diante de eventuais danos envolvendo seres humanos serão admissíveis quando:
decorrentes da pesquisa. I - oferecerem elevada possibilidade de gerar
Art. 702. O termo de consentimento livre e esclarecido conhecimento para entender, prevenir ou aliviar um problema
obedecerá aos seguintes requisitos: que afete o bem-estar dos sujeitos da pesquisa e de outros
I - ser elaborado pelo pesquisador responsável, indivíduos;
expressando o cumprimento de cada uma das exigências II - o risco se justifique pela importância do benefício
acima; esperado; e
II - ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa que III - o benefício seja maior ou, no mínimo, igual a outras
referencia a investigação; alternativas já estabelecidas para a prevenção, o diagnóstico
III - ser assinado ou identificado por impressão e o tratamento.
dactiloscópica, por todos e cada um dos sujeitos da pesquisa Art. 706. As pesquisas sem benefício direto ao indivíduo
ou por seus representantes legais; e devem prever condições de ser bem suportadas pelos
IV - ser elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo sujeitos da pesquisa, considerando sua situação física,
sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma psicológica, social e educacional.
arquivada pelo pesquisador. Art. 707. O pesquisador responsável é obrigado a
Art. 703. Nos casos em que qualquer restrição à liberdade suspender a pesquisa imediatamente ao perceber algum risco
ou ao esclarecimento necessário para o adequado ou dano à saúde do sujeito participante da pesquisa não
consentimento, deve-se ainda observar: previsto no termo de consentimento.
I - em pesquisas envolvendo crianças e adolescentes, Parágrafo único. Do mesmo modo, tão logo seja
portadores de perturbação ou doença mental e sujeitos em constatada a superioridade de um método em estudo sobre
situação de substancial diminuição em suas capacidades de outro, o projeto deverá ser suspenso, oferecendo-se a todos
consentimento, deverá haver justificação clara da escolha dos os sujeitos os benefícios do melhor regime.
sujeitos da pesquisa, especificada no protocolo, aprovada Art. 708. O Comitê de Ética em Pesquisa da instituição
pelo Comitê de Ética em Pesquisa, e cumprir as exigências deverá ser informado de todos os efeitos adversos ou fatos
do consentimento livre e esclarecido, através dos relevantes que alterem o curso normal do estudo.
representantes legais dos referidos sujeitos, sem suspensão Art. 709. O pesquisador, o patrocinador e a instituição
do direito de informação do indivíduo, no limite de sua devem assumir a responsabilidade de dar assistência integral
capacidade;
às complicações e danos decorrentes dos riscos previstos.
II - a liberdade do consentimento deverá ser
particularmente garantida para aqueles sujeitos que, embora Art. 710. Os sujeitos da pesquisa que vierem a sofrer
adultos e capazes, estejam expostos a condicionamentos qualquer tipo de dano previsto ou não no termo de
específicos ou à influência de autoridade, especialmente consentimento e resultante de sua participação, além do
estudantes, militares, empregados, presidiários, internos em direito à assistência integral, têm direito à indenização.
centros de readaptação, casas-abrigo, asilos, associações Art. 711. Jamais poderá ser exigido do sujeito da
religiosas e semelhantes, assegurando-lhes a inteira pesquisa, sob qualquer argumento, renúncia ao direito à
liberdade de participar ou não da pesquisa, sem quaisquer indenização por dano.
represálias; Parágrafo único. O formulário do consentimento livre e
III - nos casos em que seja impossível registrar o esclarecido não deve conter nenhuma ressalva que afaste
consentimento livre e esclarecido, tal fato deve ser essa responsabilidade ou que implique ao sujeito da pesquisa
devidamente documentado, com explicação das causas da
abrir mão de seus direitos legais, incluindo o direito de
impossibilidade e parecer do Comitê de Ética em Pesquisa;
procurar obter indenização por danos eventuais.
IV - as pesquisas em pessoas com o diagnóstico de
morte encefálica só podem ser realizadas desde que estejam Art. 712. O protocolo a ser submetido à revisão ética
preenchidas as seguintes condições: somente poderá ser apreciado se estiver instruído com os
a) documento comprobatório da morte encefálica seguintes documentos, em português:

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I - folha de rosto: título do projeto, nome, número da h) apresentar previsão de ressarcimento de gastos aos
carteira de identidade, CPF, telefone e endereço para sujeitos da pesquisa, cuja respectiva importância não poderá
correspondência do pesquisador responsável e do ser de tal monta que possa interferir na autonomia da decisão
patrocinador, nome e assinaturas dos dirigentes da instituição do indivíduo ou responsável de participar ou não da pesquisa;
e/ou organização; IV - qualificação dos pesquisadores: curriculum vitae do
II - descrição da pesquisa, compreendendo os seguintes pesquisador responsável e dos demais participantes; e
itens: V - termo de compromisso do pesquisador responsável e
a) descrição dos propósitos e das hipóteses a ser da instituição de cumprir os termos deste Regulamento.
testadas; Art. 713. Toda pesquisa envolvendo seres humanos
b) antecedentes científicos e dados que justifiquem a deverá ser submetida à apreciação de um Comitê de Ética
pesquisa e, se o propósito for testar um novo produto ou em Pesquisa.
dispositivo para a saúde, de procedência estrangeira ou não, Art. 714. As instituições nas quais se realizem pesquisas
deverá ser indicada a situação atual de registro junto a envolvendo seres humanos deverão constituir um ou mais de
agências regulatórias do país de origem; um Comitê de Ética em Pesquisa - CEP, conforme suas
c) descrição detalhada e ordenada do projeto de pesquisa necessidades.
(material e métodos, casuística, resultados esperados e Parágrafo único. Na impossibilidade de se constituir CEP,
bibliografia); a instituição ou o pesquisador responsável deverá submeter o
d) análise crítica de riscos e benefícios; projeto à apreciação do CEP de outra instituição,
e) duração total da pesquisa, a partir da aprovação; preferencialmente dentre os indicados pela Comissão
f) explicação das responsabilidades do pesquisador, da Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP/MS.
instituição, do promotor e do patrocinador; Art. 715. A organização e criação do CEP será da
g) explicitação de critérios para suspender ou encerrar a competência da instituição, respeitadas as normas deste
pesquisa; Regulamento, assim como o provimento de condições
h) local da pesquisa: detalhar as instalações dos serviços, adequadas para o seu funcionamento.
centros, comunidades e instituições nos quais se processarão Art. 716. O CEP deverá ser constituído por colegiado com
as várias etapas da pesquisa; número não inferior a 7 (sete) membros, devendo sua
i) demonstrativo da existência de infraestrutura constituição incluir a participação de profissionais da área de
necessária ao desenvolvimento da pesquisa e para atender saúde, das ciências exatas, sociais e humanas, incluindo, por
eventuais problemas dela resultantes, com a concordância exemplo, juristas, teólogos, sociólogos, filósofos, bioeticistas
documentada da instituição; e, pelo menos, um membro da sociedade representando os
j) orçamento financeiro detalhado da pesquisa: recursos, usuários da instituição.
fontes e destinação, bem como a forma e o valor da Parágrafo único. Poderá variar na sua composição
remuneração do pesquisador; dependendo das especificidades da instituição e das linhas
l) explicitação de acordo preexistente quanto à de pesquisa a ser analisadas.
propriedade das informações geradas, demonstrando a Art. 717. O CEP terá sempre caráter multi e
inexistência de qualquer cláusula restritiva quanto à transdisciplinar, não devendo haver mais que metade de seus
divulgação pública dos resultados, a menos que se trate de membros pertencentes à mesma categoria profissional,
caso de obtenção de patenteamento, caso em que os participando pessoas dos dois sexos.
resultados devem se tornar públicos, tão logo se encerre a § 1º O CEP poderá ainda contar com consultores ad hoc,
etapa de patenteamento; pessoas pertencentes ou não à instituição, com a finalidade
m) declaração de que os resultados da pesquisa serão de fornecer subsídios técnicos.
tornados públicos, sejam eles favoráveis ou não; § 2º No caso de pesquisas em grupos vulneráveis,
n) declaração sobre o uso e a destinação do material e/ou comunidades e coletividades, deverá ser convidado um
dos dados coletados; representante, como membro ad hoc do CEP, para participar
III - informações relativas ao sujeito da pesquisa: da análise do projeto específico.
a) descrever as características da população a estudar: § 3º Nas pesquisas em população indígena, deverá
tamanho, faixa etária, sexo, cor (classificação do IBGE), participar um consultor familiarizado com os costumes e
estado geral de saúde, classes e grupos sociais etc., expondo tradições da comunidade.
as razões para a utilização de grupos vulneráveis; Art. 718. Os membros do CEP deverão isentar-se da
b) descrever os métodos que afetem diretamente os tomada de decisão quando diretamente envolvidos na
sujeitos da pesquisa; pesquisa em análise.
c) identificar as fontes de material de pesquisa, tais como Art. 719. A composição de cada CEP deverá ser definida
espécimes, registros e dados a ser obtidos de seres a critério da instituição, sendo, pelo menos metade dos
humanos, indicando se esse material será obtido membros com experiência em pesquisa, eleitos pelos seus
especificamente para os propósitos da pesquisa ou se será pares.
usado para outros fins; Parágrafo único. A escolha da coordenação de cada
d) descrever os planos para o recrutamento de indivíduos Comitê deverá ser feita pelos membros que compõem o
e os procedimentos a ser seguidos, fornecendo critérios de colegiado, durante a primeira reunião de trabalho, cuja
inclusão e exclusão; duração do mandato será de três anos, sendo permitida a
e) apresentar formulário ou termo de consentimento, recondução.
específico para a pesquisa, para apreciação do Comitê de Art. 720. Os membros do CEP não poderão ser
Ética em Pesquisa, incluindo informações sobre as remunerados no desempenho dessa tarefa, sendo
circunstâncias sob as quais o consentimento será obtido, recomendável, porém, que sejam dispensados nos horários
quem irá tratar de obtê-lo e a natureza da informação a ser de trabalho do Comitê das outras obrigações nas instituições
fornecida aos sujeitos da pesquisa; às quais prestam serviço, podendo receber ressarcimento de
f) descrever qualquer risco, avaliando sua possibilidade e despesas efetuadas com transporte, hospedagem e
gravidade; alimentação.
g) descrever as medidas para proteção ou minimização Art. 721. O CEP deverá manter em arquivo o projeto, o
de qualquer risco eventual, e quando apropriado, descrever protocolo e os relatórios correspondentes, por 5 (cinco) anos
as medidas para assegurar os necessários cuidados à saúde após o encerramento do estudo.
no caso de danos aos indivíduos, descrevendo também os Art. 722. Os membros dos CEPs deverão ter total
procedimentos para monitoramento da coleta de dados para independência na tomada das decisões no exercício das suas
prover a segurança dos indivíduos, incluindo as medidas de funções, mantendo sob caráter confidencial as informações
proteção à confidencialidade; recebidas.

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Parágrafo único. Dada a autonomia na tomada de I - a revisão ética de toda e qualquer proposta de
decisões, os membros dos CEPs não podem sofrer qualquer pesquisa envolvendo seres humanos não poderá ser
tipo de pressão por parte de superiores hierárquicos ou pelos dissociada da sua análise científica; e
interessados em determinada pesquisa, devem isentar-se de II - cada CEP deverá elaborar suas normas de
envolvimento financeiro e não devem estar submetidos a funcionamento, contendo metodologia de trabalho, a exemplo
conflito de interesses. de: elaboração das atas; planejamento anual de suas
Art. 723. São atribuições do CEP: atividades; periodicidade de reuniões; número mínimo de
I - revisar todos os protocolos de pesquisa envolvendo presentes para início das reuniões; prazos para emissão de
seres humanos, inclusive os multicêntricos, cabendo-lhe a pareceres; critérios para solicitação de consultas de experts
responsabilidade primária pelas decisões sobre a ética da na área em que se desejam informações técnicas; modelo de
pesquisa a ser desenvolvida na instituição, de modo a tomada de decisão etc.
garantir a integridade e os direitos dos voluntários Parágrafo único. No tocante ao inciso I deste artigo, a
participantes nas referidas pesquisas; pesquisa que não se faça acompanhar do respectivo
II - emitir parecer consubstanciado por escrito, no prazo protocolo não deve ser analisada pelo Comitê.
máximo de 30 (trinta) dias, identificando com clareza o Art. 726. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa -
ensaio, os documentos estudados e a data de revisão; CONEP/MS é uma instância colegiada, de natureza
III - manter a guarda confidencial de todos os dados consultiva, deliberativa, normativa, educativa, independente,
contidos na execução de sua tarefa e o arquivamento do vinculada ao Conselho Nacional de Saúde.
protocolo completo, que ficará à disposição das autoridades Parágrafo único. O Ministério da Saúde adotará as
sanitárias; medidas necessárias para o funcionamento pleno da
IV - acompanhar o desenvolvimento dos projetos através Comissão e de sua Secretaria-Executiva.
de relatórios anuais dos pesquisadores; Art. 727. A CONEP terá composição multi e
V - desempenhar papel consultivo e educativo, transdiciplinar, com pessoas de ambos os sexos e deverá ser
fomentando a reflexão em torno da ética na ciência; composta por 13 (treze) membros titulares e respectivos
VI - receber dos sujeitos da pesquisa ou de qualquer suplentes, sendo 5 (cinco) deles personalidades destacadas
outra parte denúncias de abusos ou notificação sobre fatos no campo da ética na pesquisa e na saúde e 8 (oito),
adversos que possam alterar o curso normal do estudo, personalidades com destacada atuação nos campos
decidindo pela continuidade, modificação ou suspensão da teológico, jurídico e outros, assegurando-se que pelo menos
pesquisa, devendo, se necessário, adequar o termo de um seja da área de gestão da saúde.
consentimento, considerando-se como antiética a pesquisa § 1º Os membros serão selecionados, a partir de listas
descontinuada sem justificativa aceita pelo CEP que a indicativas elaboradas pelas instituições que possuem CEPs
aprovou; registrados na CONEP, dos quais 7 (sete) serão escolhidos
VII - requerer instauração de sindicância à direção da pelo Conselho Nacional de Saúde e 6 (seis) serão definidos
instituição em caso de denúncias de irregularidades de por sorteio.
natureza ética nas pesquisas e, havendo comprovação, § 2º A CONEP poderá contar também com consultores e
comunicar à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - membros ad hoc, assegurada a representação dos usuários.
CONEP/MS e, no que couber, a outras instâncias; § 3º Cada CEP poderá indicar duas personalidades.
VIII - manter comunicação regular e permanente com a Art. 728. O mandato dos membros da CONEP será de
CONEP/MS; quatro anos com renovação alternada a cada dois anos, de
IX - examinar o protocolo, elaborar o parecer sete ou seis de seus membros.
consubstanciado e encaminhar ambos à CONEP com a Art. 729. Compete à CONEP o exame dos aspectos
documentação completa conforme a Resolução CNS nº éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, bem como a
196/1996, itens VII. 13.a, b e VIII. 4.c.2, nas pesquisas com adequação e a atualização das normas atinentes.
intervenção em: Art. 730. A CONEP consultará a sociedade sempre que
a) reprodução assistida; julgar necessário, cabendo-lhe, entre outras, as seguintes
b) anticoncepção; atribuições:
c) manipulação de gametas, pré-embriões, embriões e I - estimular a criação de CEPs institucionais e de outras
feto; e instâncias;
d) medicina fetal. II - registrar os CEPs institucionais e de outras instâncias;
§ 1º No tocante ao inciso II deste artigo, a revisão de III - aprovar, no prazo de 60 dias, e acompanhar os
cada protocolo culminará com seu enquadramento em uma protocolos de pesquisa em áreas temáticas especiais tais
das seguintes categorias: como:
I - aprovado; a) genética humana;
II - com pendência: quando o Comitê considera o b) reprodução humana;
protocolo como aceitável, porém identifica determinados c) fármacos, medicamentos, vacinas e testes diagnósticos
problemas no protocolo, no formulário do consentimento ou novos (fases I, II e III) ou não registrados no País (ainda que
em ambos, e recomenda uma revisão específica ou solicita fase IV), ou quando a pesquisa for referente a seu uso com
uma modificação ou informação relevante, que deverá ser modalidades, indicações, doses ou vias de administração
atendida em 60 (sessenta) dias pelos pesquisadores; diferentes daquelas estabelecidas, incluindo seu emprego em
III - retirado: quando, transcorrido o prazo, o protocolo combinações;
permanece pendente; d) equipamentos, insumos e dispositivos para a saúde,
IV - não-aprovado; e novos, ou não registrados no País;
V - aprovado e encaminhado, com o devido parecer, para e) novos procedimentos ainda não consagrados na
apreciação pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - literatura;
CONEP/MS, nos casos previstos no inciso III do art. 730 f) populações indígenas;
deste Regulamento. g) projetos que envolvam aspectos de biossegurança;
§ 2º Caberá à CONEP a aprovação final dos protocolos h) pesquisas coordenadas do exterior ou com
de que trata o inciso IX deste artigo. participação estrangeira e pesquisas que envolvam remessa
Art. 724. Fica delegada ao CEP a aprovação das de material biológico para o exterior;
pesquisas envolvendo outras áreas de reprodução humana. i) projetos que, a critério do CEP, devidamente
Parágrafo único. Nas pesquisas em Reprodução justificados, sejam julgados merecedores de análise pela
Humana, serão considerados "sujeitos da pesquisa" todos os CONEP;
que forem afetados pelos seus procedimentos. IV - prover normas específicas no campo da ética em
Art. 725. A atuação do CEP ocorrerá da seguinte forma: pesquisa, inclusive nas áreas temáticas especiais, bem como
recomendações para aplicação dessas normas;
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V - funcionar como instância final de recursos, a partir de CONEP, quando for o caso.
informações fornecidas sistematicamente, em caráter ex- Art. 739. Os CEPs institucionais deverão encaminhar
ofício ou a partir de denúncias ou de solicitação de partes trimestralmente à CONEP/MS a relação dos projetos de
interessadas, devendo manifestar-se em um prazo não pesquisa analisados, aprovados e concluídos, bem como dos
superior a 60 (sessenta) dias; projetos em andamento e, imediatamente, aqueles
VI - rever responsabilidades, proibir ou interromper suspensos.
pesquisas, definitiva ou temporariamente, podendo requisitar Art. 740. Os CEPs das instituições devem proceder, no
protocolos para revisão ética inclusive os já aprovados pelo prazo de 90 (noventa) dias, ao levantamento e análise, se for
CEP; o caso, dos projetos de pesquisa em seres humanos já em
VII - constituir um sistema de informação e andamento, devendo encaminhar à CONEP/MS a relação
acompanhamento dos aspectos éticos das pesquisas desses projetos.
envolvendo seres humanos em todo o território nacional,
mantendo atualizados os bancos de dados;
VIII - informar e assessorar o MS, o CNS e outras Subseção II
instâncias do SUS, bem como do governo e da sociedade, Das Pesquisas com Novos Fármacos,
sobre questões éticas relativas à pesquisa em seres Medicamentos e Testes Diagnósticos
humanos; Art. 741. As normas de pesquisa envolvendo seres
IX - divulgar esta e outras normas relativas à ética em humanos para a área temática de pesquisa com novos
pesquisa envolvendo seres humanos; fármacos, medicamentos e testes diagnósticos obedecerão
X - a CONEP, juntamente com outros setores do ao disposto neste Regulamento.
Ministério da Saúde, estabelecerá normas e critérios para o Parágrafo único. São consideradas pesquisas com novos
credenciamento de Centros de Pesquisa, credenciamento fármacos, medicamentos, vacinas ou testes diagnósticos as
este que deverá ser proposto pelos setores do Ministério da pesquisas com esses tipos de produtos em fase I, II ou III, ou
Saúde, de acordo com suas necessidades, e aprovado pelo não registrados no País, ainda que em fase IV, quando a
Conselho Nacional de Saúde; e pesquisa for referente ao seu uso com modalidades,
XI - estabelecer suas próprias normas de funcionamento. indicações, doses ou vias de administração diferentes
Art. 731. A CONEP submeterá ao CNS para sua daquelas estabelecidas quando da autorização do registro,
deliberação: incluindo seu emprego em combinações, bem como os
I - propostas de normas gerais a ser aplicadas às estudos de biodisponibilidade e/ou bioequivalência.
pesquisas envolvendo seres humanos, inclusive modificações Art. 742. Ficam incorporados, passando a fazer parte do
das normas contidas nesta Subseção; presente Regulamento, os termos a seguir referidos que
II - plano de trabalho anual; constam da Resolução do Grupo Mercado Comum (GMC nº
III - relatório anual de suas atividades, incluindo sumário 129/1996):
dos CEP estabelecidos e dos projetos analisados. I - Fase I: é o primeiro estudo em seres humanos em
Art. 732. Todo e qualquer projeto de pesquisa envolvendo pequenos grupos de pessoas voluntárias, em geral sadias, de
seres humanos deverá obedecer às recomendações deste um novo principio ativo, ou nova formulação, pesquisado
Regulamento e dos documentos endossados em seu geralmente em pessoas voluntárias, e envolve pesquisas que
preâmbulo. se propõem estabelecer uma evolução preliminar da
Parágrafo único. A responsabilidade do pesquisador é segurança e do perfil farmacocinético e, quando possível, um
indelegável e compreende os aspectos éticos e legais. perfil farmacodinâmico;
Art. 733. Ao pesquisador cabe: II - Fase II: é o Estudo Terapêutico Piloto, cujos objetivos
I - apresentar o protocolo, ao CEP, devidamente instruído, visam demonstrar a atividade e estabelecer a segurança a
aguardando o pronunciamento deste antes de iniciar a curto prazo do princípio ativo, em pacientes afetados por uma
pesquisa; determinada enfermidade ou condição patológica;
II - desenvolver o projeto conforme delineado; III - Fase III: é o Estudo Terapêutico Ampliado, o qual
III - elaborar a apresentar os relatórios parciais e final; consiste em estudos realizados em grandes e variados
IV - apresentar os dados solicitados pelo CEP, a qualquer grupos de pacientes, com o objetivo de determinar:
momento; a) o resultado do risco/beneficio a curto e longo prazos
V - manter em arquivo, sob sua guarda, por 5 anos, os das formulações do princípio ativo; e
dados da pesquisa, contendo fichas individuais e todos os b) de maneira global (geral) o valor terapêutico relativo.
demais documentos recomendados pelo CEP; IV - Fase IV: são pesquisas realizadas depois de
VI - encaminhar os resultados para publicação, com os comercializado o produto e/ou especialidade medicinal e
devidos créditos, aos pesquisadores associados e ao pessoal executadas com base nas características com que foi
técnico participante do projeto; e autorizado o medicamento e/ou especialidade medicinal,
VII - justificar, perante o CEP, interrupção do projeto ou a consistindo, geralmente, de estudos de vigilância pós-
não publicação dos resultados. comercialização, para estabelecer o valor terapêutico, o
Art. 734. O Comitê de Ética em Pesquisa institucional surgimento de novas reações adversas e/ou confirmação da
deverá estar registrado junto à CONEP/MS. frequência de surgimento das já conhecidas, e as estratégias
Art. 735. Uma vez aprovado o projeto, o CEP passa a ser de tratamento;
corresponsável no que se refere aos aspectos éticos da V - Farmacocinética: em geral, são todas as modificações
pesquisa. que um sistema biológico produz em um princípio ativo e,
Art. 736. Consideram-se autorizados para execução os operativamente, é o estudo da cinética (relação quantitativa
projetos aprovados pelo CEP, exceto os que se enquadrarem entre a variável independente tempo e a variável dependente
nas áreas temáticas especiais, os quais, após aprovação pelo concentração) dos processos de absorção, distribuição,
CEP institucional, deverão ser enviados à CONEP/MS, que biotransformação e excreção dos medicamentos (princípios
lhes dará o devido encaminhamento. ativos e/ou seus metabolitos);
Art. 737. As pesquisas com novos medicamentos, VI - Farmacodinâmica: são todas as modificações que um
vacinas, testes diagnósticos, equipamentos e dispositivos princípio ativo produz em um sistema biológico e, do ponto de
para a saúde deverão ser encaminhados do CEP à vista prático, é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos
CONEP/MS e deste, após parecer, à Secretaria de Vigilância dos medicamentos e seus mecanismos de ação;
em Saúde. VII - Margem de Segurança: é o indicador
Art. 738. As agências de fomento à pesquisa e o corpo farmacodinâmico que expressa a diferença entre a dose
editorial das revistas cientificas deverão exigir documentação tóxica (por exemplo DL 50) e a dose efetiva (por exemplo DE
comprobatória de aprovação do projeto pelo CEP e/ou pelo 50); e

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VIII - Margem Terapêutica: é a relação entre a dose investigação, incluindo a fórmula química e/ou estrutural e um
máxima tolerada, ou também tóxica, e a dose terapêutica breve sumário das propriedades físicas, químicas e
(dose tóxica/dose terapêutica) e, em farmacologia clínica, farmacêuticas relevantes, mencionado quaisquer
emprega-se como equivalente de Índice Terapêutico. semelhanças estruturais com outros compostos conhecidos;
§ 1º As pesquisas realizadas na Fase II de que trata o III - apresentação detalhada da informação pré-clínica
inciso II deste artigo realizam-se em um número limitado necessária para justificar a fase do projeto, contendo relato
(pequeno) de pessoas e frequentemente são seguidas de um dos estudos experimentais (materiais e métodos, animais
estudo de administração, sendo possível, também, utilizados, testes laboratoriais, dados referentes à
estabelecerem-se as relações dose-resposta, com o objetivo farmacodinâmica, margem de segurança, margem
de obter sólidos antecedentes para a descrição de estudos terapêutica, farmacocinética e toxicologia, no caso de drogas,
terapêuticos ampliados (Fase III). medicamentos ou vacinas), devendo os resultados pré-
§ 2º Exploram-se na Fase III, de que trata o inciso III clínicos ser acompanhados de uma discussão quanto à
deste artigo, o tipo e o perfil das reações adversas mais relevância dos achados em conexão com os efeitos
frequentes, assim como características especiais do terapêuticos esperados e os possíveis efeitos indesejados em
medicamento e/ou especialidade medicinal, por exemplo: humanos;
interações clinicamente relevantes e principais fatores IV - os dados referentes à toxicologia pré-clínica
modificatórios do efeito tais como idade etc. compreendem o estudo da toxicidade aguda, subaguda a
§ 3º Nas pesquisas de Fase IV, de que trata o inciso IV doses repetidas e toxicidade crônica (doses repetidas);
deste artigo, devem-se seguir as mesmas normas éticas e V - os estudos de toxicidade deverão ser realizados pelo
científicas aplicadas às pesquisas de fases anteriores. menos em 3 espécies animais, de ambos os sexos, das quais
§ 4º Depois que um medicamento e/ou especialidade uma deverá ser de mamífero não-roedor;
medicinal tiver sido comercializado, as pesquisas clínicas VI - no estudo da toxicidade aguda, deverão ser utilizadas
desenvolvidas (Fase IV) para explorar novas indicações, duas vias de administração, devendo uma delas estar
novos métodos de administração ou novas combinações relacionada com a recomendada para o uso terapêutico
(associações) etc. são consideradas como pesquisa de novo proposto e a outra, ser uma via que assegure a absorção do
medicamento e/ou especialidade medicinal. fármaco;
Art. 743. A responsabilidade indelegável e intransferível VII - no estudo da toxicidade subaguda e a doses
do pesquisador que realiza pesquisas com novos fármacos, repetidas e da toxicidade crônica, a via de administração
medicamentos, vacinas ou testes diagnósticos é a mesma deverá estar relacionada com a proposta de emprego
prevista na Subseção I da Seção I do Capítulo VII deste terapêutico: a duração do experimento deverá ser de no
Regulamento. mínimo 24 semanas;
Art. 744. O pesquisador responsável deverá: VIII - na fase pré-clínica, os estudos da toxicidade
I - apresentar ao Comitê de Ética em Pesquisa - CEP o deverão abranger também a análise dos efeitos sobre a
projeto de pesquisa completo, nos termos dispostos na fertilidade, a embriotoxicidade, a atividade mutagênica, o
Subseção I da Seção I do Capítulo VII deste Regulamento; potencial oncogênico (carcinogênico) e ainda outros estudos,
II - manter em arquivo, respeitando a confidencialidade e de acordo com a natureza do fármaco e da proposta
o sigilo as fichas correspondentes a cada sujeito incluído na terapêutica;
pesquisa, por 5 anos, após o término da pesquisa; IX - de acordo com a importância do projeto, tendo em
III - apresentar relatório detalhado, sempre que solicitado vista a premência de tempo, e na ausência de outros métodos
ou estabelecido pelo CEP, pela Comissão Nacional de Ética terapêuticos, o CEP poderá aprovar projetos sem
em Pesquisa - CONEP ou pela Secretaria de Vigilância em cumprimento de todas as fases da farmacologia clínica, caso
Saúde - SVS/MS; em que deverá haver também aprovação da CONEP e da
IV - comunicar ao CEP a ocorrência de efeitos colaterais
SVS/MS;
e/ou de reações adversas não esperadas;
V - comunicar também propostas de eventuais X - informação quanto à situação das pesquisas e do
modificações no projeto e/ou justificativa de interrupção, registro do produto no país de origem;
aguardando a apreciação do CEP, exceto em caso urgente XI - apresentação das informações clínicas detalhadas
para salvaguardar a proteção dos sujeitos da pesquisa, obtidas durante as fases prévias, relacionadas à segurança, à
devendo então ser comunicado o CEP a posteriori, na farmacodinâmica, à eficácia, à dose-resposta, observadas em
primeira oportunidade; estudos no ser humano, quer sejam voluntários sadios quer
VI - colocar à disposição do CEP, da CONEP e da sejam pacientes e, se possível, cada ensaio deve ser
SVS/MS toda informação devidamente requerida; resumido individualmente, com descrição de objetivos,
VII - proceder à análise contínua dos resultados, à desenho, método, resultados (segurança e eficácia) e
medida que prossegue a pesquisa, com o objetivo de detectar conclusões e, quando o número de estudos for elevado,
o mais cedo possível benefícios de um tratamento sobre outro
resumir em grupos por fase para facilitar a discussão dos
ou para evitar efeitos adversos em sujeitos de pesquisa;
resultados e de suas implicações;
VIII - apresentar relatórios periódicos dentro de prazos
estipulados pelo CEP havendo, no mínimo, relatório XII - justificativa para o uso de placebo e eventual
semestral e relatório final; suspensão de tratamento (washout);
IX - dar acesso aos resultados de exames e de XIII - assegurar, por parte do patrocinador ou, na sua
tratamento ao médico do paciente e/ou ao próprio paciente inexistência, por parte da instituição, pesquisador ou
sempre que solicitado e/ou indicado; e promotor, acesso ao medicamento em teste, caso se
X - recomendar que a mesma pessoa não seja sujeito de comprove sua superioridade em relação ao tratamento
pesquisa em novo projeto antes de decorrido um ano de sua convencional;
participação em pesquisa anterior, a menos que possa haver XIV - em estudos multicêntricos o pesquisador deve, na
benefício direto ao sujeito da pesquisa. medida do possível, participar do delineamento do projeto
Art. 745. O protocolo deve conter todos os itens referidos antes de ser iniciado e, caso não seja possível, deve declarar
no art. 712 deste Regulamento e ainda as informações
que concorda com o delineamento já elaborado e que o
farmacológicas básicas adequadas à fase do projeto, em
cumprimento da Res. GMC 129/1996 - Mercosul, incluindo: seguirá;
I - especificação e fundamentação da fase de pesquisa XV - o pesquisador deve receber do patrocinador todos
clínica na qual se realizará o estudo, demonstrando que fases os dados referentes ao fármaco;
anteriores já foram cumpridas; XVI - o financiamento não deve estar vinculado a
II - descrição da substância farmacológica ou produto em pagamento per capita dos sujeitos efetivamente recrutados;

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XVII - o protocolo deve ser acompanhado do termo de Art. 749. Em pesquisas que abrangem pacientes
consentimento: quando se tratar de sujeitos cuja capacidade submetidos a situações de emergência ou de urgência,
de autodeterminação não seja plena, além do consentimento caberá ao CEP aprovar previamente as condições ou limites
do responsável legal, deve ser levada em conta a em que se dará o consentimento livre e esclarecido, devendo
manifestação do próprio sujeito, ainda que com capacidade o pesquisador comunicar oportunamente ao sujeito da
reduzida (por exemplo, idoso) ou não desenvolvida (por pesquisa sua participação no projeto.
exemplo, criança); Art. 750. Caberá ao CEP avaliar se estão sendo
XVIII - pesquisa em pacientes psiquiátricos: o asseguradas todas as medidas adequadas, nos casos de
consentimento, sempre que possível, deve ser obtido do pesquisas em seres humanos cuja capacidade de
próprio paciente. autodeterminação seja ou esteja reduzida ou limitada.
Parágrafo único. No tocante ao inciso XVIII deste artigo, é Art. 751. A CONEP exercerá suas atribuições nos termos
imprescindível que, para cada paciente psiquiátrico candidato do previsto na Subseção I da Seção I do Capítulo VII deste
a participar da pesquisa, se estabeleça o grau de capacidade Regulamento, com destaque para as seguintes atividades:
de expressar o consentimento livre e esclarecido, avaliado I - organizar, com base nos dados fornecidos pelos CEPs
por profissional psiquiatra e que não seja pesquisador (parecer consubstanciado de aprovação, folha de rosto
envolvido no projeto e, no caso de drogas com ação devidamente preenchida, relatórios parciais e final etc.) o
psicofarmacológica, deve ser feita análise crítica quanto aos sistema de informação e acompanhamento;
riscos eventuais de se criar dependência. II - organizar sistema de avaliação e acompanhamento
Art. 746. Para incluir na pesquisa de sujeitos sadios, das atividades do CEP, sistema esse que deverá também
deve-se: servir para intercâmbio de informações e troca de experiência
I - justificar a necessidade de sua inclusão no projeto de entre os CEPs, e será disciplinado por normas específicas da
pesquisa, analisar criticamente os riscos envolvidos; CONEP, tendo, porém, a característica de atuação interpares,
II - descrever as formas de recrutamento, não devendo isto é, realizado por membros dos diversos CEPs, com
haver situação de dependência; e relatório à CONEP;
III - no caso de drogas com ação psicofarmacológica, III - comunicar às autoridades competentes, em particular
analisar criticamente os riscos de se criar dependência. à Secretária de Vigilância em Saúde/MS, para adoção das
Art. 747. Nas pesquisas com novos fármacos, medidas cabíveis, os casos de infração ética apurados na
medicamentos e testes diagnósticos, o CEP assumirá com o execução dos projetos de pesquisa;
pesquisador a corresponsabilidade pela preservação de IV - prestar as informações necessárias aos órgãos do
condutas eticamente corretas no projeto e no Ministério da Saúde, em particular à Secretaria de Vigilância
desenvolvimento da pesquisa, cabendo-lhe ainda: em Saúde, para o pleno exercício das suas respectivas
I - emitir parecer consubstanciado apreciando o atribuições, no que se refere às pesquisas abrangidas pelo
embasamento científico e a adequação dos estudos das presente Regulamento.
fases anteriores, inclusive pré-clínica, com ênfase na Art. 752. A Secretaria de Vigilância em Saúde, do
segurança, toxicidade, reações ou efeitos adversos, eficácia e Ministério da Saúde, exercerá suas atribuições nos termos do
resultados; disposto na Subseção I da Seção I do Capítulo VII deste
II - aprovar a justificativa do uso de placebo e washout; Regulamento, com destaque para as seguintes atividades:
III - solicitar ao pesquisador principal os relatórios parciais I - comunicar, por escrito, à CONEP os eventuais indícios
e final, estabelecendo os prazos (no mínimo um relatório de infração de natureza ética que sejam observados ou
semestral) de acordo com as características da pesquisa, detectados durante a execução dos projetos de pesquisa
enviando cópias dos relatórios à SVS/MS; abrangidos pelo presente Regulamento;
IV - no caso em que, para o recrutamento de sujeitos da II - prestar, quando solicitado ou julgado pertinente, as
pesquisa, se utilizem avisos em meios de comunicação, informações necessárias para o pleno exercício das
esses avisos deverão ser autorizados pelo CEP, não atribuições da CONEP;
indicando, de forma implícita ou explícita, que o produto em III - nos casos de pesquisas envolvendo situações para
investigação é eficaz e/ou seguro ou que é equivalente ou as quais não há tratamento consagrado ("uso humanitário" ou
melhor que outros produtos existentes; "por compaixão") poderá vir a ser autorizada a liberação do
V - convocar sujeitos da pesquisa para acompanhamento produto, em caráter de emergência, desde que tenha havido
e avaliação; aprovação pelo CEP, ratificada pela CONEP e pela SVS/MS;
VI - requerer à direção da instituição a instalação de IV - normatizar seus procedimentos operacionais internos,
sindicância, a suspensão ou interrupção da pesquisa, visando o efetivo controle sanitário dos produtos objeto de
comunicando o fato à CONEP e à SVS/MS; pesquisa clínica.
VII - qualquer indício de fraude ou infringência ética de
qualquer natureza deve levar o CEP a solicitar a instalação de Subseção III
Comissão de Sindicância e comunicar à CONEP, à SVS/MS e Das Pesquisas Envolvendo Genética Humana
aos demais órgãos (direção da instituição, Conselhos Art. 753. As diretrizes para a análise ética e a tramitação
Regionais pertinentes), os resultados; dos projetos de pesquisa da área temática especial de
VIII - comunicar à CONEP e à SVS/MS a ocorrência de genética humana estão previstas nos termos deste
eventos adversos graves; e Regulamento.
IX - comunicar à instituição a ocorrência ou existência de Art. 754. A pesquisa em genética humana é a que
problemas de responsabilidade administrativa que possam envolve a produção de dados genéticos ou proteômicos de
interferir com a ética da pesquisa, em seguida, dar ciência à seres humanos, podendo apresentar várias formas:
CONEP e à SVS/MS, e, se for o caso, aos Conselhos I - pesquisa de mecanismos genéticos básicos: estudos
Regionais. sobre localização, estrutura, função e expressão de genes
Art. 748. Fica delegado ao CEP a aprovação do ponto de humanos e da organização cromossômica;
vista da ética, dos projetos de pesquisa com novos fármacos, II - pesquisa em genética clínica: pesquisa que consiste
medicamentos e testes diagnósticos, devendo porém ser no estudo descritivo de sujeitos individualmente e/ou em suas
encaminhados à CONEP e à SVS/MS: famílias, visando elucidar determinadas condições de
I - cópia do parecer consubstanciado de aprovação, com provável etiologia genética, podendo envolver análise de
folha de rosto preenchida; informações clínicas e testes de material genético;
II - parecer sobre os relatórios parciais e final da III - pesquisa em genética de populações: estudos da
pesquisa; e variabilidade genética normal ou patológica em grupos de
III - outros documentos que, eventualmente, o próprio indivíduos e da relação entre esses grupos e uma condição
CEP, a CONEP ou a SVS considerem necessários. particular;

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IV - pesquisas moleculares humanas: pesquisas que utilizados para outros fins se for obtido o consentimento
envolvem testes moleculares associados ou não a doenças, prévio do indivíduo doador ou seu representante legal e
estudos genéticos ou epigenéticos dos ácidos nucleicos (DNA mediante a elaboração de novo protocolo de pesquisa, com
e RNA) ou de proteínas visando a novos tratamentos ou à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e, se for o caso,
prevenção de desordens genéticas, de outras patologias ou à da CONEP.
identificação de variabilidade molecular; Parágrafo único. Nos casos em que não for possível a
V - pesquisa em terapia gênica e celular: introdução de obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido -
moléculas de DNA ou RNA recombinante em células TCLE, deve ser apresentada justificativa para apreciação pelo
somáticas humanas in vivo (terapia gênica in vivo) ou células CEP.
somáticas humanas in vitro e posterior transferência dessas Art. 768. Quando houver fluxo de dados genéticos
células para o organismo (terapia gênica ex vivo) e pesquisas humanos entre instituições deve ser estabelecido acordo
com células-tronco humanas com modificações genéticas; e entre elas de modo a favorecer a cooperação e o acesso
VI - pesquisa em genética do comportamento: estudo equitativo aos dados.
com o objetivo de estabelecer possíveis relações entre Art. 769. Dados genéticos humanos não devem ser
características genéticas e comportamento humano. armazenados por pessoa física, requerendo a participação de
Parágrafo único. Todo procedimento relacionado à instituição idônea responsável que garanta proteção
genética humana, cuja aceitação não esteja ainda adequada.
consagrada na literatura científica, será considerado pesquisa Art. 770. Os benefícios do uso de dados genéticos
e, portanto, deverá obedecer às diretrizes deste humanos coletados no âmbito da pesquisa, incluindo os
Regulamento, incluindo-se procedimentos de genética em estudos de genética de populações, devem ser
reprodução assistida, não regulados pelo Conselho Federal compartilhados entre a comunidade envolvida, internacional
de Medicina. ou nacional, em seu conjunto.
Art. 755. No tocante aos aspectos éticos, a finalidade Art. 771. As pesquisas com intervenção para modificação
precípua das pesquisas em genética deve estar relacionada do genoma humano só poderão ser realizadas em células
ao acúmulo do conhecimento científico que permita aliviar o somáticas.
sofrimento e melhorar a saúde dos indivíduos e da Art. 772. Quanto aos protocolos de pesquisa, as
humanidade. pesquisas da área de genética humana devem ser
Art. 756. A pesquisa genética produz uma categoria submetidas à apreciação do CEP e, quando for o caso, da
especial de dados por conter informação médica, científica e CONEP com protocolos completos, de acordo com o art. 712
pessoal e deve por isso ser avaliado o impacto do seu deste Regulamento, não sendo aceitos como emenda,
conhecimento sobre o indivíduo, a família e a totalidade do adendo ou subestudo de protocolo de outra área, devendo
grupo a que o indivíduo pertença. ainda incluir:
Art. 757. Devem ser previstos mecanismos de proteção I - justificativa da pesquisa;
dos dados visando evitar a estigmatização e a discriminação II - como os genes/segmentos do DNA ou do RNA ou
de indivíduos, famílias ou grupos. produtos gênicos em estudo se relacionam com eventual
Art. 758. As pesquisas envolvendo testes preditivos condição do sujeito da pesquisa;
deverão ser precedidas, antes da coleta do material, de III - explicitação clara dos exames e testes que serão
esclarecimentos sobre o significado e o possível uso dos realizados e indicação dos genes/segmentos do DNA ou do
resultados previstos. RNA ou de produtos gênicos que serão estudados;
Art. 759. Aos sujeitos de pesquisa deve ser oferecida a IV - justificativa para a escolha e tamanho da amostra,
opção de escolher entre ser informados ou não sobre particularmente quando se tratar de população ou grupo
resultados de seus exames. vulnerável e de culturas diferenciadas (grupos indígenas, por
Art. 760. Os projetos de pesquisa deverão ser exemplo);
acompanhados de proposta de aconselhamento genético, V - formas de recrutamento dos sujeitos da pesquisa e de
quando for o caso. controles, quando for o caso;
Art. 761. Aos sujeitos de pesquisa, cabe autorizar ou não VI - análise criteriosa dos riscos e benefícios atuais e
o armazenamento de dados e materiais coletados no âmbito potenciais para o indivíduo, o grupo e gerações futuras,
da pesquisa, após informação dos procedimentos definidos quando couber;
na Resolução sobre armazenamento de materiais biológicos. VII - informações quanto ao uso, armazenamento ou
Art. 762. Todo indivíduo pode ter acesso a seus dados outros destinos do material biológico;
genéticos, assim como tem o direito de retirá-los de bancos VIII - medidas e cuidados para assegurar a privacidade e
onde se encontrem armazenados, a qualquer momento. evitar qualquer tipo ou situação de estigmatização e
Art. 763. Para que dados genéticos individuais sejam discriminação do sujeito da pesquisa, da família e do grupo;
irreversivelmente dissociados de qualquer indivíduo IX - explicitação de acordo preexistente quanto à
identificável, deve ser apresentada justificativa para tal propriedade das informações geradas e quanto à propriedade
procedimento para avaliação pelo CEP e pela CONEP. industrial, quando couber;
Art. 764. Nos casos de aprovação de desassociação de X - descrição do plano de aconselhamento genético e
dados genéticos pelo CEP e pela CONEP, deve haver acompanhamento clínico, quando indicado, incluindo nomes e
esclarecimento ao sujeito de pesquisa sobre as vantagens e contatos dos profissionais responsáveis, tipo de abordagens
desvantagens da dissociação e Termo de Consentimento de acordo com situações esperadas, consequências para os
específico para esse fim. sujeitos e condutas previstas, devendo os profissionais
Art. 765. Deve ser observado o art. 711 deste responsáveis pelo aconselhamento genético e
Regulamento, inclusive no que se refere a eventual registro acompanhamento clínico ter a formação profissional e as
de patentes. habilitações exigidas pelos conselhos profissionais e
Art. 766. Os dados genéticos resultantes de pesquisa sociedades de especialidade;
associados a um indivíduo identificável não poderão ser XI - justificativa de envio do material biológico e/ou dados
divulgados nem ficar acessíveis a terceiros, notadamente a obtidos para outras instituições, nacionais ou no exterior, com
empregadores, empresas seguradoras e instituições de indicação clara do tipo de material e/ou dados, bem como a
ensino, e também não devem ser fornecidos para cruzamento relação dos exames e testes a ser realizados, esclarecendo
com outros dados armazenados para propósitos judiciais ou as razões pelas quais os exames ou testes não podem ser
outros fins, exceto quando for obtido o consentimento do
realizados no Brasil, quando for o caso; e
sujeito da pesquisa.
Art. 767. Dados genéticos humanos coletados em XII - em projetos cooperativos internacionais, descrição
pesquisa com determinada finalidade só poderão ser das oportunidades de transferência de tecnologia.

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Art. 773. O TCLE deve ser elaborado de acordo com o Art. 779. A remessa de material para o exterior deve
disposto nos arts. 700 a 703 deste Regulamento, com obedecer às disposições normativas e legais do País.
enfoque especial nos seguintes itens:
I - explicitação clara dos exames e testes que serão Subseção IV
realizados, indicação dos genes/segmentos do DNA ou do Das Pesquisas com Armazenamento de Materiais
RNA ou produtos gênicos que serão estudados e sua relação Art. 780. A análise ética de projetos de pesquisa que
com eventual condição do sujeito da pesquisa; envolva armazenamento de materiais ou uso de materiais
II - garantia de sigilo, privacidade e, quando for o caso, armazenados em pesquisas anteriores obedecerá às
anonimato; seguintes diretrizes:
III - plano de aconselhamento genético e I - quando, em projetos de pesquisa, estiver previsto o
acompanhamento clínico, com a indicação dos responsáveis, armazenamento de materiais biológicos humanos para
sem custos para os sujeitos da pesquisa; investigações futuras, além dos pontos previstos na
IV - tipo e grau de acesso aos resultados por parte do Subseção I da Seção I do Capítulo VII deste Regulamento,
sujeito, com opção de tomar ou não conhecimento dessas devem ser apresentados:
informações; a) justificativa quanto à necessidade e oportunidade para
V - no caso de armazenamento do material, a informação usos futuros;
deve constar do TCLE, explicitando a possibilidade de ser b) consentimento dos sujeitos da pesquisa doadores do
usado em novo projeto de pesquisa, sendo indispensável que material biológico, autorizando a guarda do material;
conste também que o sujeito será contatado para conceder c) declaração de que toda nova pesquisa a ser feita com
ou não autorização para uso do material em futuros projetos e o material será submetida para aprovação do CEP da
que, quando não for possível, o fato será justificado perante o instituição e, quando for o caso, da Comissão Nacional de
CEP, explicitando também que o material somente será Ética em Pesquisa - CONEP;
utilizado mediante aprovação do novo projeto pelo CEP e d) norma ou regulamento elaborado pela instituição
pela CONEP (quando for o caso); depositária para armazenamento de materiais biológicos
VI - informação quanto a medidas de proteção de dados humanos.
individuais, resultados de exames e testes, bem como do II - o material biológico será armazenado sob a
prontuário, que somente serão acessíveis aos pesquisadores responsabilidade da instituição depositária, que deverá ter
envolvidos e que não será permitido o acesso a terceiros norma ou regulamento aprovado pelo CEP dessa instituição,
(seguradoras, empregadores, supervisores hierárquicos etc.); que deverá incluir:
VII - informação quanto a medidas de proteção contra a) definição dos responsáveis pela guarda e pela
qualquer tipo de discriminação e/ou estigmatização, individual autorização de uso do material;
ou coletiva; e b) mecanismos que garantam sigilo e respeito à
VIII - em investigações familiares deverá ser obtido o confidencialidade (codificação);
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de cada c) mecanismos que assegurem a possibilidade de contato
indivíduo estudado. com os doadores para fornecimento de informação de seu
Art. 774. Cabe ao CEP, conforme o disposto nos arts. 713 interesse (por exemplo, resultados de exames para
a 724 deste Regulamento, a análise dos projetos de acompanhamento clínico ou aconselhamento genético) ou
pesquisa, assumindo corresponsabilidade no que diz respeito para a obtenção de consentimento específico para uso em
aos aspectos éticos. novo projeto de pesquisa;
Art. 775. Cabe ao CEP devolver de imediato ao III - o armazenamento poderá ser autorizado pelo período
pesquisador o protocolo que não contiver todas as de 5 anos, quando houver aprovação do projeto pelo CEP e,
informações relevantes (art. 712 e arts. 755 a 772 deste quando for o caso, pela CONEP, podendo haver renovação
Regulamento). mediante solicitação da instituição depositária, acompanhada
Art. 776. Cabe à CONEP a aprovação final das pesquisas de justificativa e relatório das atividades de pesquisa
em genética humana que incluam: desenvolvidas com o material;
I - envio para o exterior de material genético ou qualquer IV - no caso de pesquisa envolvendo mais de uma
material biológico humano para obtenção de material instituição, deve haver acordo entre as instituições
genético; participantes, contemplando formas de operacionalização e
II - armazenamento de material biológico ou dados de utilização do material armazenado;
genéticos humanos no exterior e no País, quando de forma V - no caso de armazenamento e/ou formação do banco
conveniada com instituições estrangeiras ou em instituições de material biológico no exterior, deve ser obedecida a
comerciais; legislação vigente para remessa de material para o exterior e
III - alterações da estrutura genética de células humanas ser apresentado o regulamento para análise do CEP quanto
para utilização in vivo; ao atendimento dos requisitos do inciso II;
IV - pesquisas na área da genética da reprodução VI - sobre o uso de amostras armazenadas:
humana (reprogenética); a) amostras armazenadas podem ser usadas em novas
V - pesquisas em genética do comportamento; e pesquisas aprovadas pelo CEP e, quando for o caso, pela
VI - pesquisas em que esteja prevista a dissociação CONEP;
irreversível dos dados dos sujeitos da pesquisa. b) os protocolos de pesquisa que pretendam utilizar
Art. 777. Nos casos previstos no artigo imediatamente material armazenado devem incluir:
anterior o CEP deverá examinar o protocolo, elaborar o 1. justificativa do uso do material;
parecer consubstanciado e enviar ambos à CONEP com a 2. descrição da sistemática de coleta e armazenamento,
documentação completa, conforme o previsto nos incisos I e com definição de data de início ou período;
II do art. 772 e na alínea a do inciso III do art. 730 deste 3. cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido -
Regulamento. TCLE obtido quando da pesquisa em que foi colhido o
Parágrafo único. O pesquisador deve ser informado que material, incluindo autorização de armazenamento e possível
deverá aguardar o parecer da CONEP para início da uso futuro, se o armazenamento ocorreu a partir de pesquisa
execução do projeto. aprovada depois da Resolução CNS nº 196/1996;
Art. 778. Fica delegada ao CEP a aprovação final dos 4. TCLE específico para nova pesquisa: em caso de
projetos de genética humana que não se enquadrem no artigo impossibilidade da obtenção do consentimento específico
imediatamente anterior. para nova pesquisa (doador falecido, tentativas anteriores de
Parágrafo único. Nesses casos, o CEP deve enviar à contato sem sucesso ou outros) devem ser apresentadas as
CONEP a folha de rosto e o parecer consubstanciado final, justificativas como parte do protocolo para apreciação do
seja de aprovação seja de não-aprovação. CEP, que dispensará ou não o consentimento individual; e

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VII - no caso de material biológico para cujo protocolo para apreciação do CEP da instituição brasileira;
armazenamento se dispõe de normas da ANVISA, estas III - detalhamento dos recursos financeiros envolvidos:
devem também ser observadas. fontes (se internacional e estrangeira e se há contrapartida
Parágrafo único. No que diz respeito ao inciso V, o nacional/institucional), forma e valor de remuneração do
pesquisador e a instituição brasileiros deverão ser pesquisador e outros recursos humanos, gastos com
considerados como cotistas do banco, com direito de acesso infraestrutura e impacto na rotina do serviço de saúde da
a este para futuras pesquisas e o material armazenado não instituição onde se realizará, devendo-se evitar, na medida do
poderá ser considerado como propriedade exclusiva de país possível, que o aporte de recursos financeiros crie situações
ou instituição depositária. de discriminação entre profissionais e/ou entre usuários, uma
Subseção V vez que esses recursos podem conduzir a benefícios
Das Pesquisas Coordenadas do Exterior ou com extraordinários para os participantes e sujeitos da pesquisa;
Participação Estrangeira IV - declaração do promotor ou patrocinador, quando
Art. 781. As pesquisas coordenadas do exterior ou com houver, de compromisso em cumprir os termos das
participação estrangeira e as que envolvam remessa de resoluções do CNS relativas à ética na pesquisa que envolve
material biológico para o exterior obedecerão ao disposto seres humanos;
neste Regulamento, em complemento ao estabelecido na V - declaração do uso do material biológico e dos dados e
Subseção I da Seção I do Capítulo VII deste Regulamento. informações coletados exclusivamente para os fins previstos
§ 1º São consideradas pesquisas coordenadas do no protocolo, de todos os que vão manipular o material; e
exterior ou com participação estrangeira, as que envolvem, na VI - parecer do pesquisador sobre o protocolo, caso tenha
sua promoção e/ou execução: sido impossível a sua participação no delineamento do
I - a colaboração de pessoas físicas ou jurídicas projeto.
estrangeiras, sejam públicas ou privadas; Art. 788. Dentro das atribuições previstas na alínea h do
II - o envio e/ou recebimento de materiais biológicos inciso III do art. 730 deste Regulamento, cabe à CONEP,
oriundos do ser humano; após a aprovação do CEP institucional, apreciar as pesquisas
III - o envio e/ou recebimento de dados e informações enquadradas nessa área temática, ainda que
coletadas para agregação nos resultados da pesquisa; e simultaneamente enquadradas em outras.
IV - os estudos multicêntricos internacionais. Parágrafo único. Os casos omissos, referentes aos
§ 2º Respeitadas as condições acima, não se incluem aspectos éticos da pesquisa, serão resolvidos pela Comissão
nessa área temática: Nacional de Ética em Pesquisa.
I - pesquisas totalmente realizada no País por Seção II
pesquisador estrangeiro que pertença ao corpo técnico de Da Participação Comunitária
entidade nacional; Art. 789. A Política Nacional de Educação Permanente
II - pesquisas desenvolvidas por multinacional com sede para o Controle Social no Sistema Único de Saúde - SUS,
no País. para implementação nas três esferas de governo - federal,
Art. 782. Em todas as pesquisas deve-se: estadual e municipal -, obedecerá ao disposto no Anexo XCIV
I - comprovar a participação brasileira e identificar o a este Regulamento
pesquisador e instituição nacionais corresponsáveis;
II - explicitar as responsabilidades, os direitos e CAPÍTULO VIII
obrigações, mediante acordo entre as partes envolvidas. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 783. O disposto nesta Subseção incorpora todas as Art. 790. As dúvidas acerca deste Regulamento e os
disposições contidas na Subseção I da Seção I do Capítulo casos omissos serão resolvidos pela Comissão Permanente
VII deste Regulamento, da qual é parte complementar da de Consolidação e Revisão de Atos Normativos do Ministério
área temática específica. da Saúde.
Parágrafo único. As Resoluções do Conselho Nacional de
Saúde referentes a outras áreas temáticas simultaneamente ANEXOS
contempladas na pesquisa deverão ser cumpridas, no que DO REGULAMENTO DO SUS
couber. ANEXO I
Art. 784. Os ônus e benefícios advindos do processo de 1. INTRODUÇÃO
investigação e dos resultados da pesquisa devem ser Esta Norma Operacional Básica, do Ministério da Saúde,
distribuídos de forma justa entre as partes envolvidas, e tem como objetivo disciplinar o processo de descentralização
devem estar explicitados no protocolo. da gestão das ações e serviços de saúde na perspectiva de
Art. 785. O pesquisador e a instituição nacionais devem construção do Sistema Único de Saúde.
estar atentos às normas e disposições legais sobre remessa Fundamenta-se, para tanto, no texto constitucional, nas
de material para o exterior e às que protegem a propriedade leis que regulamentam o SUS - a Lei nº 8.080, de 19 de
industrial e/ou transferência tecnológica, mormente à Lei nº setembro de 1990, e a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de
9.279, de 14 de maio de 1996, que regula direitos e 1990, e no documento Descentralização das Ações e
obrigações relativos à propriedade industrial, e ao Decreto nº Serviços de Saúde: A Ousadia de Cumprir a Fazer Cumprir a
2.553, de 16 de abril de 1998, que a regulamenta, e à Lei nº
Lei, aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde, em 15 de
9.610, de 19 de fevereiro de 1998, sobre direito autoral,
explicitando, quando couber, os acordos estabelecidos, além abril de 1993.
das normas legais vigentes sobre remessa de material A construção do SUS é um processo, no qual a diretriz de
biológico para o exterior. descentralização das ações e serviços vem assumindo
Art. 786. Durante o decurso da pesquisa, os dimensões bastante complexas. Por essa razão, tem como
patrocinadores e os pesquisadores devem comunicar aos fundamentos os seguintes pressupostos:
Comitês de Ética em Pesquisa - CEP informações relevantes a) a descentralização deve ser entendida como um
de interesse público, independentemente dos relatórios processo que implica redistribuição de poder; redefinição de
periódicos previstos. papéis e estabelecimento de novas práticas entre as três
Art. 787. Na elaboração do protocolo, deve-se zelar de esferas de governo, reorganização institucional, reformulação
modo especial pela apresentação dos seguintes itens: de práticas; o controle social;
I - documento de aprovação emitido por Comitê de Ética
b) a descentralização envolve dimensões políticas,
em Pesquisa ou equivalente de instituição do país de origem,
sociais e culturais e sua efetivação pressupõe diálogo,
que promoverá ou que também executará o projeto;
II - quando não estiver previsto o desenvolvimento do negociação e pactuação entre os atores que vão constituir a
projeto no país de origem, a justificativa deve ser colocada no base de legitimação das decisões;

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- SAÚDE PÚBLICA -
c) o estabelecimento desta nova prática requer a Municipais de Saúde do Estado, deverá ser criada e
existência e o funcionamento regular dos Conselhos de formalizada através de portaria do Secretário Estadual de
Saúde, paritórios e deliberativos, como mecanismo Saúde, sendo a instância privilegiada de negociação e
privilegiado de participação e controle social; decisão quanto aos aspectos operacionais do SUS.
d) a responsabilidade pelo financiamento das ações de 2.2.1.1. O Secretário de Saúde do Município da capital
saúde tem que ser compartilhada pelas três esferas de será considerado membro nato desta Comissão.
governo, assegurando, regularmente, o aporte de recursos 2.2.1.2. Cada Estado contará com uma Comissão
fiscais aos Fundos de Saúde. Bipartite cujas definições e propostas deverão ser
e) a transformação do sistema de saúde comporta referendadas ou aprovadas pelo respectivo Conselho
rupturas bruscas que desorganizam as práticas atuais antes Estadual, submetendo-se ao seu poder deliberativo e
de se instaurarem novas, impondo, por isso, um período de fiscalizador.
transação no qual medidas de caráter inovador devem ser 2.2.2. Conselho Estadual de Saúde - instância
instituídas em todos os Estados e Municípios em intensidade permanente e deliberativa, atua na formação de estratégias
compatível com sua própria vontade e capacidade de no controle da execução da Política Estadual de Saúde, com
absorção de responsabilidades gerenciais e políticas, de composição e atribuições previstas em lei estadual,
modo a evitar solução de continuidade na atenção á saúde da observado o disposto na Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de
população. 1990.
f) o objetivo mais importante que se pretende alcançar 2.3. No âmbito municipal:
com a descentralização do SUS é a completa reformulação 2.3.1. Conselho Municipal de Saúde - instância
do modelo de assistência hoje dominante, centrado na permanente e deliberativa, atua na formulação de estratégias
assistência médico-hospitalar individual, assistemática, e no controle da execução da Política Municipal de Saúde,
fragmentada e sem garantia de qualidade, deslocando o eixo com composição e atribuições previstas em lei municipal de
deste modelo para a assistência integral universalizada e Saúde, observado o disposto na Lei nº 8.142, de 28 de
equânime, regionalizada e hierarquizada, e para a prática da dezembro de 1990.
responsabilidade sanitária em cada esfera de governo, em 2.4. Fluxo decisório Além do papel de cada um desses
todos os pontos do sistema. foros em seu âmbito próprio, a dinâmica do financiamento do
g) a regionalização deve ser entendida como articulação processo de descentralização requer uma articulação entre
e mobilização municipal que leve em consideração eles como segue.
características geográficas, fluxo de demanda, perfil 2.4.1. Todos os aspectos operacionais do processo de
epidemiológico, oferta de serviços e, acima de tudo, a descentralização no âmbito estadual serão objeto de
vontade política expressa pelos diversos Municípios de se regulamentação pela Comissão Bipartite. Na ocorrência de
consorciar ou estabelecer qualquer outra relação de caráter uma divergência não superada neste foro, a questão deverá
cooperativo. ser levada à deliberação do Conselho Estadual de Saúde. Na
Considerando que os Municípios, os Estados e os inexistência deste, o problema será submetido à Comissão
próprios órgãos do Ministério da Saúde encontram-se em Tripartite, quer do Conselho Estadual de Saúde, quer do
estágios diferentes em relação à descentralização do sistema, Conselho Nacional de Saúde para resolução.
esta forma define procedimentos e instrumentos operacionais 2.5. O Conselho Nacional de Saúde poderá ser tomado
que visam ampliar e aprimorar suas condições de gestão com como instância de recurso em qualquer tempo, ficando a seu
o sentido de efetivar o comando único do SUS nas três critério consultar ou delegar à Comissão Tripartite a resolução
esferas de governo. do problema.
Tais procedimentos e instrumentos configuram a 2.6. Os acordos firmados pela Comissão Bipartite e
convivência simultânea de situações diferenciadas de gestão aprovados pelo Conselho Nacional ou Estadual de Saúde
do SUS nos Municípios, dentro de um novo sistema de prevalecerão sobre as disposições desta Norma, desde que
relacionamento entre as três esferas de governo, descritas e não contrariem os dispositivos legais e considerem as
disciplinadas nos itens desta Norma e em outros instrumentos diretrizes contidas no documento Descentralização das Ações
complementares que se fizerem necessários. e Serviços de Saúde: A Ousadia de Cumprir e Fazer Cumprir
a Lei.
2. DO GERENCIAMENTO DO PROCESSO DE
DESCENTRALIZAÇÃO 3. DO FINANCIAMENTO COM RECURSOS
O gerenciamento do processo de descentralização no ARRECADADOS PELA UNIÃO
SUS, atendendo aos pressupostos apresentados, tem como 3.1. O financiamento das atividades ambulatoriais dar-se-
eixo a prática do planejamento integrado em cada esfera de á da seguinte forma:
governo e como foros de negociação e deliberação as 3.1.1. as ações e serviços ambulatoriais e privados, que
Comissões Intergestores e os Conselhos de Saúde, integram o Sistema Único de Saúde serão custeados através
respectivamente, estruturando funcionalmente a articulação do Sistema de Financiamento Ambulatorial, tendo como
descrita a seguir. instrumento operacional o Sistema de Informações
2.1. No âmbito nacional: Ambulatoriais - SIA/SUS e o formulário próprio para
2.1.1. Comissão Intergestores Tripartite - integrada Autorização de Procedimentos Ambulatoriais de Alto Custo -
paritariamente por representantes do Ministério da Saúde e APA, que constará em Ordem de Serviço específica e sua
dos órgãos de representação do conjunto dos Secretários emissão exclusivamente por encarregado pelo gestor para
Municipais de Saúde/CONASEMS, tem por finalidade assistir este fim.
o Ministério da Saúde na elaboração de propostas para a 3.1.2. A Unidade de Cobertura Ambulatorial - UCA,
implantação e operacionalização do SUS, submetendo-se ao destinada a definir os valores a ser repassados aos Estados,
poder deliberativo e fiscalizador do Conselho Nacional de ao Distrito e aos Municípios é fixada através de resolução da
Saúde. Secretaria de Atenção á Saúde/MS, considerando a
2.1.2. Conselho Nacional de Saúde - constituído em classificação dos Estados, com base nas características da
conformidade com o Decreto nº 99.438, de 7 de agosto de população, capacidade instalada, complexidade da rede,
1990, atua como órgão deliberativo na formulação de desempenho financeiro e desempenho da auditoria estadual
estratégias e no controle da execução, da Política Nacional do ano anterior, ouvida a Comissão Tripartite e aprovada pelo
de Saúde. Conselho Nacional de Saúde.
2.2. No âmbito estadual: 3.1.2.1. O valor nominal da UCA será atualizado de
2.2.1. Comissão Integestores Bipartite - integrada acordo com a política de diretrizes orçamentárias e
paritariamente por dirigentes da Secretaria Estadual de financeiras do Fundo Nacional de Saúde, como estabelecido
Saúde e do órgão de representação dos Secretários pelo Decreto nº 806, de 24 de abril de 1993.

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- SAÚDE PÚBLICA -
3.1.2.2. Sempre que os valores da tabela de duodécimo do montante encontrado.
procedimentos ambulatoriais forem alterados, o valor nominal 3.3. O financiamento das atividades hospitalares dar-se-á
da UCA sofrerá alteração para suprir a diferença constatada. da seguinte forma:
3.1.3. Os Recursos para Cobertura Ambulatorial - RCA, 3.3.1. as atividades assistenciais realizadas em regime de
destinados anualmente aos Estados e ao Distrito Federal, a internação hospitalar pelos serviços públicos e privados que
título de cobertura ambulatorial, serão obtidos através da integram o Sistema Único de Saúde terão custeio através do
multiplicação do valor da UCA pela população de cada sistema de financiamento hospitalar, tendo como investimento
unidade da Federação. operacional o Sistema de Informações Hospitalares/SIH-SUS
3.1.3.1. O valor anual calculado será divido em e seu formulário próprio, a Autorização de Internação
duodécimos, constituindo-se no RCA/mês. Hospitalar (AIH).
3.1.4. O Fator de Apoio ao Estado-FAE caracteriza-se 3.3.2. o teto quantitativo de AIH será proporcional à
como repasse de custeio aos Estados enquadrados nas população, cabendo às Secretarias de Saúde e aos
condições de gestão parcial e semiplena, utilizado nas Conselhos de Saúde o planejamento e a distribuição para os
atividades de Tratamento Fora do Domicilio, na aquisição de diferentes prestadores, segundo as necessidades da
medicamentos especiais e na provisão de órteses população, observando:
ambulatoriais, em programação aprovada pela Comissão 3.3.2.1. para os Municípios, o teto quantitativo mensal
Bipartite. será equivalente a um duodécimo de 8% de sua população,
3.1.4.1. O FAE será calculado da seguinte forma: enquanto que para os Estados será equivalente a um
- calcula-se o valor correspondente a 5% da UCA do duodécimo de 2% da população, acrescido dos quantitativos
Estado; aos seus Municípios que não estiverem inclusos nas
- este valor é multiplicado pelo número de habitantes do condições de gestão incipiente, parcial, ou semiplena.
Estado; 3.3.2.2. tais porcentuais devem ser modificados por
- o valor mensal a ser transferido corresponde a um proposição da Comissão Bipartite, aprovada no Conselho
duodécimo do montante encontrado. Estadual de Saúde, observado o limite de 10% que cabe ao
3.1.5. A base de cálculo para o estabelecimento de teto Estado;
financeiro mensal para os Municípios será a média de seu 3.3.2.3. o Teto financeiro de custeio das atividades
gasto histórico (janeiro a dezembro de 1992), corrigido pela hospitalares para o Estado será calculado através da
sua capacidade potencial de produção (equipamento x multiplicação do quantitativo de AIH pelo valor médio histórico
recursos humanos), pela população adscrita e pela da AIH no Estado (janeiro a dezembro de 1992), corrigido na
complexidade de rede. mesma proporção que a tabela básica de remuneração de
Os Municípios que dispuserem de rede ambulatorial, mas procedimentos hospitalares;
sem registro anterior de produção, serão avaliados segundo a 3.3.2.4. o teto financeiro de custeio das atividades
sua capacidade potencial de produção, pela população hospitalares para o Município calculado através da
adscrita e pela complexidade da rede para definição dos seus multiplicação do quantitativo de AIH pelo valor médio histórico
tetos. da AIH no Município (janeiro a dezembro de 1992), corrigido
3.1.5.1. Tal ajuste implica redistribuição do volume de na mesma proporção que a tabela básica de remuneração de
recursos já previsto no cálculo do RCA, não correspondendo, procedimentos hospitalares.
portanto, a um acréscimo no quantitativo financeiro devido ao 3.3.3. Os Conselhos de Saúde aprovarão os critérios de
Estado. programação dos quantitativos de AIH, por ordem de
3.1.5.2. Os valores desses tetos serão nos mesmos prioridade entre prestadores públicos, filantrópicos e privados,
percentuais que os valores da UCA do Estado a que pertence assegurado o acesso ao universo de prestadores existentes,
o Município. atendidos os requisitos de qualidade e respeitadas as
3.1.6. Para os Estados, o teto financeiro será calculado necessidades de cobertura identificadas no Plano de Saúde.
deduzindo-se de seu RCA/mês os tetos fixados para seus 3.3.4. A Comissão Bipartite, em cada Estado, definirá os
Municípios que estiverem inclusos nas condições de gestão quantitativos de AIH e o funcionamento de uma Câmara de
incipiente, parcial ou semiplena (item 4.1 - Da Compensação que viabilize a necessária circulação de AIH
Operacionalização). entre os Municípios, mantida a gestão da Secretaria Estadual
3.1.7. Os Conselhos de Saúde aprovarão critérios de de Saúde.
programação dos quantitativos dos serviços, por ordem de 3.3.5. Os Municípios poderão pleitear AIHs adicionais à
prioridade entre prestadores públicos, filantrópicos e privados, Câmara de Compensação da Secretaria Estadual ou a
assegurado o acesso ao universo de prestadores existentes Municípios vizinhos para unidades que atuem como
os requisitos de qualidade e respeitadas as necessidades de referência.
cobertura identificadas no Plano de Saúde. 3.4. Os recursos de investimento terão sua alocação
3.1.8. A programação físico orçamentária das atividades prevista no Plano Nacional de Prioridade em Investimento,
ambulatoriais deverá ser produto do trabalho conjunto dos após a avaliação, negociação e compatibização de Planos
Municípios e do Estado na Comissão Intergestores Bipartite, Municipais e Estaduais, aprovados pelos respectivos
sob à coordenação da Secretaria Estadual de Saúde, Conselhos de Saúde.
aprovada pelos Conselhos Municipais de Saúde e 3.4.1. Os Estados enquadrados nas condições de gestão
referendada pelo Conselho Estadual de Saúde. As parcial e semiplena receberão, prioritariamente em relação
prioridades, tetos, referências e contrarreferências devem ser aos demais, os recursos de investimento a ser por eles
definidas com base em dados epidemiológicos, gerenciados em consonância com a política nacional de
características demográficas e capacidade instalada, investimento em saúde e obedecendo ao plano estadual de
configurando uma rede regionalizada e hierarquizada de prioridades em investimento.
serviços. 3.5. O financiamento de ações de vigilância em saúde e
3.2. O Fator de Apoio Município - FAM caracteriza-se outras ações será definido no prazo de 90 dias, por
como repasse de recursos de custeio aos Municípios intermédio de normas complementares.
enquadrados nas condições de gestão incipiente, parcial e
semiplena. 4. DAS CONDIÇÕES DE GESTÃO
- 3.2.1. O valor do FAM será obtido da seguinte forma: O processo de descentralização, objetivo desta Norma,
- calcula-se o valor correspondente a 5% da UCA do dar-se-á através de diferentes sistemáticas de relacionamento
Estado: entre a esfera federal e as outras duas esferas político-
- este valor é multiplicado pelo número de habitantes do administrativas, propiciando a convivência de situações
Município; diferenciadas no que se refere às condições, de gestão do
- valor mensal a ser transferido, corresponde a um SUS nos Estados e Municípios.

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- SAÚDE PÚBLICA -
4.1. Sistemática de relacionamento para Municípios Saúde para pagamento, com uma cópia à Secretaria Estadual
4.1.1. Condição de gestão incipiente: de Saúde.
a) responsabilidades e prerrogativas - a Secretaria 4.1.2. Condição de gestão parcial:
Municipal de Saúde assume, imediata ou progressivamente, a) responsabilidades e prerrogativas - a Secretaria
de acordo com suas condições técnico-operacionais, um Municipal de Saúde assume a responsabilidade sobre a
cronograma de negociação com as Comissões Bipartites em autorização do cadastramento de prestadores; assume a
cada Estado, a responsabilidade sobre a contratação e a programação e autoriza a utilização dos quantitativos de AIH
autorização do cadastramento de prestadores; programação e dos procedimentos ambulatoriais a ser prestados por
e autorização da utilização dos quantitativos de AIH e dos unidade; controla e avalia os serviços ambulatoriais e
procedimentos ambulatoriais a ser prestados por unidade: hospitalares públicos e privados; assume o gerenciamento
controle e avaliação dos serviços ambulatoriais e hospitalares das unidades ambulatoriais públicas existentes no Município;
públicos e privados com ou sem fins lucrativos; demonstração incorpora à rede de serviços ações básicas de saúde,
de disposição e condição de assumir o gerenciamento das nutrição, educação de vigilância epidemiológica e sanitária;
unidades ambulatoriais públicas existentes no Município; assume a formulação, a execução das ações de vigilância de
incorporação à rede de serviços de ações básicas de saúde, ambientes e processos de trabalho e de assistência e
nutrição, educação, vigilância epidemiológica e sanitária; reabilitação do acidentado do trabalho de doença ocasionada
desenvolvimento de ações de vigilância de ambientes e pelo trabalho; recebe mensalmente recursos financeiros
processos de trabalho e de assistência e reabilitação do correspondentes à diferença entre o teto financeiro
trabalho e do portador de doença ocasionada pelo trabalho; estabelecido e o pagamento efetuado diretamente pela esfera
b) requisitos - para o enquadramento e a permanência federal às unidades hospitalares e ambulatoriais públicas e
nesta situação, são indispensáveis os itens b1, b2 e b3 e no privadas existentes no Município.
que for pertinente às responsabilidades prerrogativas por ele b) requisitos: para o enquadramento e permanência nesta
assumidas, o Município deve: situação, o Município deve:
b1) manifestar à Comissão Bipartite o interesse em
b1) manifestar à Comissão Bipartite o interesse em
assumir as responsabilidades caracterizadas nesta condição;
assumir as responsabilidades caracterizadas nesta condição;
b2) encaminhar à Comissão Bipartite proposta de
b2) dispor de Conselho Municipal de Saúde em
incorporação das unidades ambulatoriais públicas estaduais
funcionamento, comprovado semestralmente pela
ou federais ainda não cedidas ao Município;
apresentação de atas das reuniões:
b3) dispor de Conselho Municipal de Saúde em
b3) dispor de Fundo Municipal de Saúde ou Conta funcionamento, comprovado semestralmente pela
Especial, comprovada semestralmente por extratos apresentação de atas das reuniões;
bancários; b4) dispor de Fundo Municipal de Saúde em
b4) encaminhar à Comissão Bipartite a proposta de funcionamento, comprovado semestralmente por extratos
incorporação das unidades ambulatoriais públicas estaduais bancários;
ou federais ainda não cedidas ao Município, para assumir o b5) dispor de condições técnicas e materiais para
seu financiamento; programar, acompanhar e controlar a prestação de serviços;
b5) dispor de médico responsável pela emissão das b6) dispor de médico responsável pela emissão das
autorizações de internações hospitalares, que não seja autorizações de internações hospitalares, que não seja
credenciado pelo sistema nem tenha vínculo com prestador credenciado pelo sistema nem tenha vínculo com prestador
conveniado ou contratado. conveniado ou contratado.
b6) dispor de condições técnicas e materiais para b7) apresentar anualmente à Comissão Bipartite o Plano
programar, acompanhar e controlar a prestação de serviços; Municipal de Saúde atualizado;
b7) manter o registro e a remessa mensal de dados para b8) apresentar anualmente à Comissão Bipartite Relatório
manutenção e atualização dos bancos de dados de nascido de Gestão atualizado;
vivo, mortalidade, doenças de notificação compulsória, b9) comprovar anualmente à Comissão Bipartite a
registro de estabelecimentos e produtos de interesse para a contrapartida de recursos própria do Tesouro Municipal para
saúde, bem como de outros que venham a ser definidos pelas a saúde;
esferas federal e estadual; b10) apresentar à Comissão Bipartite comprovante da
c) operacionalização: existência de comissão de elaboração do Plano de Carreira,
c1) as unidades hospitalares serão cadastradas por meio Cargos e Salários - PCCS da saúde para o Município, ou o
da Ficha Cadastral de Hospital - FCH, assinada pelo gestor plano já elaborado;
municipal do SUS; b11) manter o registro e a remessa de dados para
c2) as unidades ambulatoriais serão cadastradas através manutenção e atualização dos bancos de dados de nascido
da Ficha de Cadastro Ambulatorial - FCA, assinada pelo vivo, mortalidade, doenças de notificação compulsória,
gestor municipal do SUS; registro de estabelecimentos e produtos de interesse para a
c3) a programação de cotas de Autorização de Internação saúde, bem como de outros que venham a ser definidos pelas
Hospitalar - AIH será feita pela Secretaria Municipal de Saúde esferas federal e estadual;
e aprovada pelo Conselho Municipal de Saúde; c) operacionalização:
c4) a emissão da AIH será autorizada exclusivamente por c1) as unidades hospitalares serão cadastradas através
médico encarregado para este fim pelo gestor municipal, de Ficha Cadastral de Hospital - FCH, assinada pelo gestor
respeitadas as restrições do item 4.1.1.b6; municipal do SUS;
c5) em relação aos serviços ambulatoriais, a Ficha de c2) as unidades ambulatoriais serão cadastradas através
Programação Físico-Orçamentária - FPO será preenchida sob da Ficha de Cadastro Ambulatorial - FCA, assinada pelo
a responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde e a gestor municipal do SUS;
totalização do montante orçado por unidade, aprovado pelo c3) a programação da cota de Autorização de Internação
Conselho Municipal de Saúde; Hospitalar - AIH será feita pela Secretaria Municipal de Saúde
c6) as unidades ambulatoriais encaminharão, e aprovada pelo Conselho Municipal de Saúde;
mensalmente, às Secretarias Municipais de Saúde, o Boletim c4) a emissão da AIH será autorizada exclusivamente por
de Proteção Ambulatorial - BPA. O BPA e o Boletim de médico encarregado para este fim pelo gestor municipal,
respeitadas as restrições do item 4.1.2.b6;
Diferença de Pagamento - BDP serão assinados pelo gestor
c5) em relação aos serviços ambulatoriais, a Ficha de
municipal que, com este ato, responderá pela veracidade dos
Programação Físico-Orçamentária - FPO será preenchida sob
dados nele contidos;
a responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde e a
c7) os hospitais deverão apresentar, mensalmente, as
totalização do montante, orçado por unidade, aí incluídas as
AIHs utilizadas à Secretaria Municipal de Saúde, que se
federais ou estaduais remanescentes, aprovadas pelo
encarregará de verificá-las e encaminhá-las ao Ministério da
Conselho Municipal de Saúde;
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c6) as unidades ambulatoriais privadas ou públicas dados estaduais e federais;
incluindo as unidades federais ou estaduais remanescentes c2) o repasse financeiro dos recursos relativos aos tetos
em seu território apresentarão mensalmente à Secretaria ambulatorial e hospitalar, bem como a respectiva prestação
Municipal de Saúde o Boletim de Produção Ambulatorial - de contas, serão feitos conforme legislação em vigor.
BPA. O BPA e o Boletim de Diferença de Pagamento - BDP 4.1.4. Os Municípios que, por avaliação da Comissão
serão assinados pelo gestor municipal que, com este ato, Bipartite, não tenham condições técnicas e materiais para
responderá pela veracidade dos dados neles contidos; enquadramento em nenhuma das condições descritas serão
c7) os hospitais deverão apresentar, mensalmente, as alvo de um programa de capacitação sob responsabilidade do
AIHs utilizadas à Secretaria Municipal de Saúde, que se Estado, para que possam assumir gradativamente as
encarregará de verificá-las e encaminhá-las ao Ministério da responsabilidades e prerrogativas que caracterizam a
Saúde, para pagamento, com cópia à Secretaria Estadual de condição de gestão incipiente, que venham a cumprir os
Saúde; requisitos para sua inclusão nesta sistemática.
c8) repasse financeiro dos saldos aos tetos ambulatorial e 4.1.5. Essas condições aplicam-se tão-somente a
hospitalar, bem como a respectiva prestação de contas, serão Municípios, o que não impede a formação de consórcios ou
feitos conforme legislação vigente. modalidades afins que visem à ampliação de possibilidades
4.1.3. Condição de gestão semiplena: políticas, técnicas e materiais do sistema de saúde.
a) responsabilidades e prerrogativas - a Secretaria 4.2. Sistemáticas de relacionamento para os Estados
Municipal de Saúde assume a completa responsabilidade 4.2.1. Condição de gestão parcial:
sobre a gestão da prestação de serviços; planejamento, a) responsabilidades e prerrogativas - a Secretaria
cadastramento, contratação, controle e pagamento de Estadual de Saúde assume a responsabilidade pela
prestadores ambulatoriais e hospitalares, públicos e privados; programação integrada com seus Municípios, abrangendo a
assume o gerenciamento de toda a rede pública existente no manutenção de serviços e investimentos, além da gestão dos
Município, exceto nas unidades hospitalares de referência recursos de investimentos próprios e os transferidos pela
sob gestão estadual; assume a execução e controle das esfera federal, respeitadas as responsabilidades e
ações básicas de saúde, nutrição e educação, de vigilância prerrogativas dos Municípios inclusos nas condições de
epidemiológica, de vigilância sanitária e de saúde do gestão incipiente, parcial e semiplena. A Secretaria Estadual
trabalhador no seu território, conforme definido na Comissão de Saúde assume o cadastramento, a programação, a
Bipartite; recebe mensalmente o total dos recursos distribuição de cotas ambulatoriais e hospitalares, o controle e
financeiros para custeio correspondente aos tetos a avaliação da rede de serviços públicos e privados; coordena
ambulatorial e hospitalar estabelecidos; a rede de referência estadual e os sistemas de alta
b) requisitos - para enquadramento e permanência nesta complexidade; formula e coordena as políticas relativas ao
situação o Município deve: Tratamento Fora do Domicilio, órteses e próteses
b1) manifestar à Comissão Bipartite o interesse em ambulatoriais e medicamentos especiais; no seu âmbito, as
assumir as responsabilidades caracterizadas nesta condição; ações de vigilância epidemiológica, os hemocentros e a rede
b2) dispor de condições técnicas e materiais para assumi- de laboratórios de saúde; assume a formulação, execução e
las; controle das ações de vigilância de ambientes e processos de
b3) dispor de Conselho Municipal de Saúde em trabalho e de assistência e reabilitação do acidentado do
funcionamento, comprovado semestralmente pela trabalho e do portador de doença ocasionada pelo trabalho;
apresentação de atas das reuniões; recebe mensalmente recursos financeiros correspondentes à
b4) dispor de Fundo Municipal de Saúde em diferença entre o teto financeiro estabelecido e o pagamento
funcionamento, comprovado semestralmente por extratos efetuado correspondente ao conjunto das unidades
bancários; hospitalares e ambulatoriais próprias, contratadas
b5) apresentar anualmente à Comissão Bipartite o Plano suplementarmente pelo Estado e aquelas dos Municípios que
Municipal de Saúde atualizado; não estiverem enquadrados nas condições de gestão
b6) apresentar anualmente à Comissão Bipartite o incipiente , parcial e semiplena;
Relatório de Gestão atualizado; b) requisitos - para o enquadramento e permanência
b7) comprovar anualmente à Comissão Bipartite a nesta situação o Estado deve:
contrapartida de recursos próprios do Tesouro Municipal para b1) manifestar à Comissão Tripartite o interesse em
a saúde;. assumir as responsabilidades caracterizadas nesta condição;
b8) apresentar à Comissão Bipartite comprovante de b2) dispor de condições técnicas e materiais para assumi-
existência da comissão de elaboração do Plano de Carreira, las;
Cargos e Salários - PCCS da Saúde para o Município, ou b3) dispor de Conselho Estadual de Saúde em
plano já elaborado; funcionamento, comprovado semestralmente pela
b9) apresentar a Comissão Bipartite os indicadores de apresentação de atas das reuniões;
resultados com que se compromete a ser avaliado. O b4) dispor de Fundo Estadual de Saúde em
descumprimento por dois anos sucessivos, atestado pela funcionamento, comprovado semestralmente por extratos
Comissão Bipartite, determina a perda da condição; bancários;
b10) os processos de habilitação de Municípios à b5) dispor de Comissão Bipartite em atividade,
condição semiplena, aprovados pela Comissão Bipartite, comprovada semestralmente por apresentação de atas das
serão apreciados pela Comissão Tripartite, à qual caberá a reuniões;
seleção final, respeitadas as restrições financeiras; b6) apresentar anualmente à Comissão Tripartite o Plano
b11) manter o registro e a remessa mensal de dados para Estadual de Saúde atualizado;
manutenção e atualização dos bancos de dados de nascido b7) apresentar anualmente à Comissão Tripartite
vivo, mortalidade, doença de notificação compulsória, Relatório de Gestão atualizado;
produção e morbidade hospitalar, produção ambulatorial, b8) comprovar anualmente à Comissão Tripartite a
registro de estabelecimento e produção; contrapartida de recursos próprios do Tesouro Estadual para
b12) manter permanentemente o Sistema de Informações a saúde;
Ambulatoriais - SIA/SUS e o Sistema de Informações b9) apresentar à Comissão Tripartite o Plano de Carreira,
Hospitalares - SIH/SUS; Cargos e Salários - PCCS da Saúde para o Estado, ou plano
c) operacionalização: já elaborado;
c1) nesta condição, os instrumentos relativos a todos os b10) apresentar anualmente à Comissão Tripartite a
procedimentos operacionais, incluído o processamento de Programação Pactuada Integrada, aprovada pelo órgão
dados pertinentes, serão definidos pelos Municípios, colegiado de gestores municipais e pelo Conselho Estadual
observada a necessidade de manutenção dos bancos de de Saúde;

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- SAÚDE PÚBLICA -
b11) apresentar à Comissão Tripartite Termo de Hospitalar - AIH, negociada na Comissão Bipartite, será feita
Compromisso , aprovado pelo Conselho Estadual de Saúde, pela Secretaria Estadual de Saúde e aprovada pelo Conselho
que contemple as metas que o gestor se propõe a cumprir no Estadual de Saúde:
período de um ano, submetendo essa comissão os c4) a emissão de AIH será autorizada exclusivamente por
indicadores de resultados com que se compromete a ser médico encarregado pelo gestor estadual, respeitadas as
avaliado. Dois descumprimentos sucessivos determinam a restrições do item 4.3.3.b4;
perda da condição; c5) em relação aos serviços ambulatoriais, a Ficha de
b12) manter permanentemente o Sistema de Informações Programação Físico-Orçamentária - FPO será preenchida sob
Ambulatoriais - SIA/SUS e o Sistema de Informações a responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde, e a
Hospitalares - SIH/SUS; totalização do montante orçado por Município aprovada pelo
b13) manter o registro e a remessa mensal de dados para Conselho Estadual de Saúde;
manutenção e atualização dos bancos de dados de c6) o Boletim de Proteção Ambulatorial - BPA e o Boletim
mortalidade, doenças de notificação compulsória, produção, de Diferença de Pagamento - BDP serão assinados pelo
morbidade hospitalar, produção ambulatorial, registro de gestor estadual do SUS que, com o ato, responderá pela
estabelecimentos e produtos de interesse para a saúde, bem veracidade dos dados nele contidos;
como de outros que venham a ser definidos pela esfera c7) os hospitais deverão apresentar as AIH utilizadas à
federal. Secretaria Estadual de Saúde, que se encarregará de
c) operacionalização: verificá-las e encaminhá-las ao Ministério da Saúde, para
c1) respeitados os procedimentos operacionais atribuídos pagamento.
aos Municípios inclusos nas condições de gestão incipiente,
parcial e semiplena, nesta condição, os instrumentos relativos 5. DISPOSIÇÕES FINAIS
a todos os procedimentos operacionais serão definidos pelos 5.1. Até que sejam editados novos instrumentos jurídicos
Estados, observando a necessidade de manutenção dos que regulamentem as transferências de recursos financeiros,
bancos de dados federais. materiais e humanos no Sistema Único de Saúde, deverão
c2) o repasse financeiro dos recursos relativos aos tetos ser observadas as disposições legais aplicáveis aos
ambulatorial e hospitalar, bem como a respectiva prestação convênios, acordos e ajustes.
de contas, serão feitos conforme legislação vigente. 5.1.1. Os bens móveis e imóveis, bem como os recursos
4.3.3. Os Estados que, por avaliação da Comissão humanos serão transferidos da esfera federal aos Estados e
Tripartite, não tenham possibilidades técnicas e materiais aos Municípios, mediante termos de cessão específicos.
para o enquadramento em nenhuma das condições descritas 5.2. O repasse financeiro dos recursos relativos aos tetos
permanecerão na condição de gestão incipiente, como segue; ambulatoriais para Estados e Municípios em condição de
a) responsabilidades e prerrogativas - respeitadas as gestão semiplena, bem como dos saldos relativos a esses
responsabilidades e prerrogativas dos Municípios inclusos tetos para os inclusos na situação parcial, será feito
nas condições de gestão incipiente, parcial e semiplena, a mensalmente, obedecido um cronograma a ser estabelecido
Secretaria Estadual de Saúde assume a responsabilidade pelas partes.
sobre a autorização do cadastramento de prestadores; 5.3. No prazo de 60 dias, a partir da data de publicação
programa e autorização dos quantitativos de AIH e dos desta Norma, o Ministério da Saúde reverá os termos de
procedimentos ambulatoriais a ser prestados por unidade; cessão de bens e de pessoal ora em vigor, bem como o
controla e avalia os serviços ambulatoriais e hospitalares convênio que lhes dá suporte, alterando-os, no que for
públicos e privados com ou sem fins lucrativos; coordena a pertinente, segundo o disposto nesta Norma.
execução das ações de vigilância epidemiológica e sanitária; 5.4. Até que seja elaborado o Plano Nacional de
desenvolve ações de vigilância de ambiente e processos de Prioridades em Investimentos, com base nos Planos
trabalho e de assistência e reabilitação do acidentado Estaduais e Municipais, os recursos de investimento do
trabalhador e do portador de doença ocasionada pelo Ministério da Saúde e de suas entidades vinculadas serão
trabalho; liberados mediante apresentação de parecer dos respectivos
b) obrigações: Conselhos de Saúde e os de suas entidades vinculadas serão
b1) dispor de Conselho Estadual de Saúde em liberados mediante a apresentação de parecer dos
funcionamento; respectivos Conselhos de Saúde.
b2) dispor de Fundo Estadual de Saúde; 5.5. Os recursos provenientes de serviços prestados
b3) dispor de Comissão Bipartite em atividade; pelas unidades assistências deverão ser identificados nos
b4) dispor de condições técnicas e materiais para Fundos de Saúde Estaduais e Municipais, como receitas
programar, acompanhar e controlar a prestação de serviços; operacionais provenientes do Federal e utilizados na
b5) dispor de médico responsável pela emissão das execução de ações de saúde previstas nos respectivos
Autorizações de Internações Hospitalares, que não seja Planos de Saúde.
credenciado pelo sistema, nem tenha vínculo com prestador 5.6. Até que sejam definidos critérios e mecanismos de
conveniado ou contratado. correção da série histórica pela Comissão Tripartite, o teto
b6) manter o Sistema de Informações Ambulatoriais - financeiro ambulatorial mensal para os Municípios será fixado
SIH/SUS; com base na média de seu gasto histórico (janeiro a
b7) manter o registro e a remessa mensal de dados para dezembro de 1992).
manutenção e atualização dos bancos de dados de nascido 5.7. A Guia de Autorização de Pagamento - GAP não
vivo, mortalidade, doenças e notificação compulsória, será aceita para pagamento de serviços ambulatoriais, após a
produção ambulatorial, registro de estabelecimentos e de expiração do prazo dos convênios celebrados entre o
produtos de interesse à saúde, bem como de outros que INAMPS e o Estado para implantação do Sistema de
venham a ser definidos na esfera federal; Informações Ambulatoriais - SIA/SUS.
c) operacionalização - respeitados os procedimentos 5.8. O teto financeiro hospitalar para Municípios e
operacionais atribuídos aos Municípios inclusos nas Estados só será estabelecido de imediato para os inclusos
condições de gestão incipiente, parcial e semiplena; nas condições de gestão parcial e semiplena.
c1) as unidades ambulatoriais serão cadastradas através 5.8.1. Para os demais Municípios, a série histórica,
correspondente ao gasto realizado entre a data de publicação
da Ficha de Cadastro Ambulatorial - FCA, assinada pelo
desta Norma e o dia 31 de dezembro de 1993, será utilizada
gestor estadual do SUS;
para a fixação de tetos.
c2) as unidades ambulatoriais serão cadastradas através
5.9. Com a publicação desta Norma, deixam de existir o
da Ficha de Cadastro Ambulatorial - FCA, assinada pelo
Fator de Estimulo à Municipalização - FEM e o Fator de
gestor estadual do SUS;
Estímulo a Gestão Estadual - FEGE, previstos na Portaria nº
c3) a distribuição de cotas de Autorização de Internação
234/1992 (NOB-SUS/1992).
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- SAÚDE PÚBLICA -
5.10. Em cada esfera de governo, os recursos representação tripartite, com a atribuição de detalhar o acordo
provenientes de taxas e multas aplicadas pela vigilância e incorporar à NOAS os pontos acordados, mantendo a
sanitária deverão ser alocados no respectivo Fundo de coerência do texto. Em 7 de dezembro de 2001, foi feito um
Saúde. relato, por representantes do Ministério da Saúde, do
5.11. Os Estados terão o prazo de 30 dias, a partir da CONASS e do CONASEMS, aos membros do Conselho
data de publicação desta Norma, para constituir a Comissão Nacional de Saúde, acerca da negociação realizada na CIT e
Bipartite, findo o qual a Comissão Tripartite incumbir-se-á de das alterações que dela resultaram.
avaliar o processo de enquadramento dos Municípios na nova Ainda como resultado do processo de elaboração da
sistemática até que os Estados se habilitem a fazê-lo. NOAS-SUS 01/02 e com o objetivo de facilitar sua utilização,
5.12. A partir da data de sua constituição, a Comissão este documento incorporou definições de regulamentação
Bipartite terá o prazo de 30 dias para submeter ao Conselho complementar relacionadas aos temas que foram objeto do
Estadual de Saúde a proposta de critérios que orientarão o acordo, que, na versão anterior, encontravam-se descritos em
processo de descentralização no Estado. documentos normativos específicos.
5.13. A Comissão Bipartite terá o prazo de 30 dias, a Enfim, cabe destacar que esta NOAS-SUS 01/02, ao
partir da data de entrega da solicitação de enquadramento em assegurar a manutenção das diretrizes organizativas
qualquer das condições de gestão pelo Município, para definidas pela NOAS-SUS 01/01, procura oferecer as
análise, manifestação e encaminhamento ao Ministério da alternativas necessárias à superação das dificuldades e
Saúde. impasses oriundos da dinâmica concreta de sua
5.14. No caso de o Estado que, permanecendo na implementação.
condição de gestão incipiente, não cumpra as obrigações
previstas, no prazo de 60 dias a partir da data de publicação CAPÍTULO I
desta Norma, a Comissão Tripartite encaminhará comunicado DA REGIONALIZAÇÃO
para manifestação do Conselho Nacional de Saúde. 1. Estabelecer o processo de regionalização como
5.15. Os Municípios que cumpriram o estabelecido na estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de
Portaria nº 234/1992 (NOB-SUS/1992), os "municipalizados", busca de maior equidade.
serão automaticamente incluídos na condição de gestão 1.1. O processo de regionalização deverá contemplar
parcial, desde que manifestem seu interesse por escrito ao uma lógica de planejamento integrado, compreendendo as
Ministério da Saúde. No prazo de 120 dias, a partir da data de noções de territorialidade, na identificação de prioridades de
publicação desta Norma, o Município comprovará à Comissão intervenção e de conformação de sistemas funcionais de
Bipartite o cumprimento de todos os requisitos pertinentes. A saúde, não necessariamente restritos à abrangência
não-comprovação implica perda temporária de condição, municipal, mas respeitando seus limites como unidade
cabendo à Comissão Bipartite reavaliar o caso. indivisível, de forma a garantir o acesso dos cidadãos a todas
5.16. Os casos omissos deverão ser dirimidos nas as ações e serviços necessários para a resolução de seus
Comissões Bipartite, no Conselho Estadual de Saúde ou na problemas de saúde, otimizando os recursos disponíveis.
Comissão Tripartite, conforme fluxo estabelecido nas
Disposições Preliminares desta Norma. I.1 DA ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE
REGIONALIZAÇÃO
ANEXO II 2. Instituir o Plano Diretor de Regionalização - PDR como
NORMA OPERACIONAL DA ASSISTÊNCIA instrumento de ordenamento do processo de regionalização
À SAÚDE / SUS - NOAS-SUS 01/02 da assistência em cada Estado e no Distrito Federal, baseado
INTRODUÇÃO nos objetivos de definição de prioridades de intervenção
A presente Norma Operacional da Assistência à Saúde coerentes com as necessidades de saúde da população e
01/2002 - NOAS-SUS 01/02 resulta do contínuo movimento garantia de acesso dos cidadãos a todos os níveis de
de pactuação entre os três níveis de gestão, visando ao atenção.
aprimoramento do Sistema Único de Saúde. 3. O PDR fundamenta-se na conformação de sistemas
A partir da publicação da NOAS-SUS 01/01, em 26 de funcionais e resolutivos de assistência à saúde, por meio da
janeiro de 2001, o Ministério da Saúde, as Secretarias organização dos territórios estaduais em
Estaduais de Saúde, através do CONASS, e as Secretarias regiões/microrregiões e módulos assistenciais; da
Municipais de Saúde, através do CONASEMS, conformação de redes hierarquizadas de serviços; do
desencadearam diversas atividades de planejamento e de estabelecimento de mecanismos e fluxos de referência e
adequação de seus modelos assistenciais e de gestão aos contrarreferência intermunicipais, objetivando garantir a
preceitos estabelecidos, ponderando criticamente os avanços integralidade da assistência e o acesso da população aos
e os desafios que novas diretrizes organizativas trariam para serviços e ações de saúde de acordo com suas
sua realidade concreta. necessidades.
Durante esse percurso, em algumas unidades da 4. O PDR deverá ser elaborado na perspectiva de
Federação, foram identificados entraves na operacionalização garantir:
de determinados itens, decorrentes das dificuldades para a) o acesso dos cidadãos, o mais próximo possível de
estabelecer o comando único sobre os prestadores de sua residência, a um conjunto de ações e serviços vinculados
serviços ao SUS e assegurar a totalidade da gestão municipal às seguintes responsabilidades mínimas:
nas sedes dos módulos assistenciais, bem como da - assistência pré-natal, parto e puerpério;
fragilidade para explicitação dos mecanismos necessários à - acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
efetivação da gestão estadual para as referências infantil;
intermunicipais. - cobertura universal do esquema preconizado pelo
Em decorrência da necessidade de viabilizar o debate Programa Nacional de Imunizações, para todas as faixas
sobre essas questões, identificadas como causadoras de etárias;
maior tensionamento na implantação da Norma, o processo - ações de promoção da saúde e prevenção de doenças;
de negociação foi reaberto durante o segundo semestre de - tratamento das intercorrências mais comuns na infância;
2001. Nesse sentido, a Comissão Intergestores Tripartite - - atendimento de afecções agudas de maior incidência;
CIT, em reunião realizada em 22 de novembro de 2001, - acompanhamento de pessoas com doenças crônicas de
firmou acordo contemplando propostas referentes ao alta prevalência;
comando único sobre os prestadores de serviços de média e - tratamento clínico e cirúrgico de casos de pequenas
alta complexidade e o fortalecimento da gestão dos Estados urgências ambulatoriais;
sobre as referências intermunicipais. Nessa mesma ocasião, - tratamento dos distúrbios mentais e psicossociais mais
deliberou-se pela constituição de um Grupo de Trabalho, com frequentes;

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- SAÚDE PÚBLICA -
- controle das doenças bucais mais comuns; b) a identificação das prioridades de intervenção em cada
- suprimento/dispensação dos medicamentos da região/microrregião;
Farmácia Básica; e c) o Plano Diretor de Investimentos para atender às
b) o acesso de todos os cidadãos aos serviços prioridades identificadas e conformar um sistema resolutivo e
necessários à resolução de seus problemas de saúde, em funcional de atenção à saúde, preferencialmente identificando
qualquer nível de atenção, diretamente ou mediante o cronograma e fontes de recursos;
estabelecimento de compromissos entre gestores para o d) a inserção e o papel de todos os Municípios nas
atendimento de referências intermunicipais. regiões/microrregiões de saúde, com identificação dos
5. Definir os seguintes conceitos-chaves para a Municípios-Sede, de sua área de abrangência e dos fluxos de
organização da assistência no âmbito estadual, que deverão referência;
ser observados no PDR: e) os mecanismos de relacionamento intermunicipal como
a) região de saúde - base territorial de planejamento da organização de fluxos de referência e contrarreferência e
atenção à saúde, não necessariamente coincidente com a implantação de estratégias de regulação visando à garantia
divisão administrativa do Estado, a ser definida pela do acesso da população aos serviços;
Secretaria Estadual de Saúde, de acordo com as f) a proposta de estruturação de redes de referência
especificidades e estratégias de regionalização da saúde em especializadas em áreas específicas; e
cada Estado, considerando as características demográficas, g) a identificação das necessidades e a proposta de fluxo
socioeconômicas, geográficas, sanitárias, epidemiológicas, de referência para outros Estados, no caso de serviços não-
oferta de serviços, relações entre Municípios, entre outras. disponíveis no território estadual.
Dependendo do modelo de regionalização adotado, um 6.1. Os produtos relativos à qualificação dos Estados e do
Estado pode se dividir em macrorregiões, regiões e/ou Distrito Federal aos requisitos desta Norma, no que tange à
microrregiões de saúde. Por sua vez, a menor base territorial sua elaboração, tramitação, requisitos e meios de verificação,
de planejamento regionalizado, seja uma região e/a uma obedecerão ao seguinte:
microrregião de saúde, pode compreender um ou mais 6.1.1 na sua elaboração:
módulos assistenciais. a) cabe às Secretarias de Saúde dos Estados e do
b) módulo assistencial - módulo territorial com Distrito Federal a elaboração do PDR, em consonância com o
resolubilidade correspondente ao primeiro nível de referência, Plano Estadual de Saúde, que deverá contemplar uma lógica
definida no item 8, Capítulo I desta Norma, constituído por um de planejamento que envolva os Municípios na definição dos
ou mais Municípios, com área de abrangência mínima a ser espaços regionais/microrregionais de assistência à saúde,
estabelecida para cada unidade da Federação, em dos fluxos de referência, bem como dos investimentos para a
regulamentação específica, e com as seguintes conformação de sistemas de saúde resolutivos e funcionais;
características: b) o PDR deve contemplar a perspectiva de redistribuição
- conjunto de Municípios, entre os quais há um Município- geográfica de recursos tecnológicos e humanos, explicitando
Sede, habilitado em Gestão Plena do Sistema Municipal - o desenho futuro e desejado da regionalização estadual,
GPSM ou em Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada - prevendo os investimentos necessários para a conformação
GPAB-A, com capacidade de ofertar a totalidade dos serviços dessas novas regiões/microrregiões e módulos assistenciais,
de que trata o item 8, Capítulo I desta Norma, com observando assim a diretriz de possibilitar o acesso do
suficiência, para sua população e para a população de outros cidadão a todas as ações e serviços necessários para a
Municípios a ele adscritos; ou - Município em Gestão Plena resolução de seus problemas de saúde, o mais próximo
do Sistema Municipal ou em Gestão Plena da Atenção Básica possível de sua residência;
Ampliada - GPAB-A, com capacidade de ofertar com c) o PDR subsidiará o processo de qualificação de
suficiência a totalidade dos serviços de que trata o item 8 regiões/microrregiões;
Capítulo I, para sua própria população, quando não 6.1.2 na tramitação:
necessitar desempenhar o papel de referência para outros a) a Secretaria de Saúde do Estado ou do Distrito Federal
municípios; deverá encaminhar os produtos à respectiva Comissão
c) Município-Sede do módulo assistencial (GPSM ou Intergestores Bipartite - CIB, que deverá convocar reunião
GPABA) - Município existente em um módulo assistencial que para análise e aprovação, após, no máximo, 30 (trinta) dias a
apresente a capacidade de ofertar a totalidade dos serviços contar da data de recebimento da proposta;
de que trata o item 8, Capítulo I, correspondente ao primeiro b) aprovado o Plano Diretor de Regionalização e os
nível de referência intermunicipal, com suficiência, para sua demais produtos, a CIB deverá remetê-los ao Conselho
população e para a população de outros Municípios a ele Estadual de Saúde - CES, que terá 30 (trinta) dias para
adscritos; apreciação e deliberação;
d) Município-Polo (GPSM ou GPAB-A) - Município que, c) após aprovado nas instâncias estaduais, a Secretaria
de acordo com a definição da estratégia de regionalização de Estadual de Saúde deverá encaminhar o PDR e os demais
cada Estado, apresente papel de referência para outros produtos à Secretaria Técnica da Comissão Intergestores
Municípios, em qualquer nível de atenção; e Tripartite - CIT, que encaminhará a documentação referida à
e) unidade territorial de qualificação na assistência à Secretaria de Atenção à Saúde - SAS/MS e à Secretaria de
saúde - representa a base territorial mínima a ser submetida à Políticas de Saúde - SPS/MS, para análise de conteúdo e
aprovação do Ministério da Saúde e à Comissão viabilidade, após o que procederão ao encaminhamento
Intergestores Tripartite para qualificação na assistência à destes, com parecer, à Comissão Intergestores Tripartite para
saúde. Deverá ser a menor base territorial de planejamento deliberação e homologação;
regionalizado com complexidade assistencial acima do d) caso não seja homologada pela CIT, a referida
módulo assistencial, conforme definido no PDR. Poderá ser documentação deverá ser devolvida à respectiva Secretaria
Estadual de Saúde, para ajuste e análise das recomendações
uma microrregião ou uma região de saúde, de acordo com o
e novamente submetida à apreciação da CIB e do CES; e
desenho adotado pelo Estado.
e) em caso de alteração do PDR pelo Estado ou pelo
6. Para se qualificarem aos requisitos da NOAS SUS
Distrito Federal, após sua homologação pela CIT, deverá ser
01/02, os Estados e o Distrito Federal deverão submeter à
observada a mesma tramitação definida para a proposta
CIT os produtos, bem como os meios de verificação
original.
correspondentes, definidos no Anexo 6 a este Anexo II,
contendo, no mínimo:
I.2. DA AMPLIAÇÃO DO ACESSO E DA QUALIDADE
a) a descrição da organização do território estadual em
DA ATENÇÃO BÁSICA
regiões/microrregiões de saúde e módulos assistenciais, com
7. Instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada -
a identificação dos Municípios-Sede, dos Municípios-Polo e
GPAB-A, como uma das condições de gestão dos sistemas
dos demais Municípios abrangidos;
municipais de saúde.
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- SAÚDE PÚBLICA -
7.1. Definir como áreas de atuação estratégicas mínimas mínimos da média complexidade (M1) na(s) sede(s) de
da condição de Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada: o módulo(s) assistencial(is).
controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase, o 9.5. nas microrregiões não qualificadas, o financiamento
controle da hipertensão arterial, o controle da diabetes dos procedimentos constantes do M1 desta Norma continuará
mellitus, a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde sendo feito de acordo com a lógica de pagamento por
bucal, conforme detalhamento apresentado no Anexo 1 a este produção.
Anexo II. 10. O repasse dos recursos de que trata o subitem 9.3,
7.2. As ações de que trata o Anexo 1 a este Anexo II item 9, Capítulo I, desta Norma, para a cobertura da
devem ser assumidas por todos os Municípios brasileiros, população de uma dada microrregião estará condicionado à
respeitado o seu perfil epidemiológico, como um componente aprovação pela CIT da qualificação da referida microrregião
essencial e mínimo para o cumprimento das metas do Pacto na assistência à saúde.
da Atenção Básica, instituído pela Portaria GM/MS nº 3.925, 11. A qualificação compreende o reconhecimento formal
de 13 de novembro de 1998, e regulamentado anualmente da constituição das regiões/microrregiões, da organização
em portaria específica. dos sistemas funcionais de assistência à saúde e do
7.3. O conjunto de procedimentos assistenciais que compromisso firmado entre o Estado e os Municípios
compõem as ações de Atenção Básica Ampliada é componentes dos módulos assistenciais, para a garantia do
compreendido por aqueles atualmente cobertos pelo Piso da acesso de toda a população residente nesses espaços
Atenção Básica (PAB), acrescidos dos procedimentos territoriais a um conjunto de ações e serviços correspondente
relacionados no Anexo 2 a este Anexo II. ao nível de assistência à saúde relativo ao M1, acrescidos de
7.4. Para o financiamento do elenco de procedimentos da um conjunto de serviços com complexidade acima do módulo
Atenção Básica Ampliada, foi instituído o PAB Ampliado, e assistencial, de acordo com o definido no PDR.
seu valor definido em portaria do Ministério da Saúde, sendo 12. Os requisitos para a qualificação de cada
que os Municípios que hoje já recebem o PAB Fixo em valor região/microrregião e respectivos instrumentos de
superior ao PAB Ampliado não sofrerão alteração no valor per comprovação estão listados no Anexo 7 a este Anexo II.
capita do PAB Fixo destinado ao seu Município. 13. A solicitação de qualificação de cada
7.5. Os municípios já habilitados nas condições de gestão região/microrregião de saúde deverá ser encaminhada à CIT,
da NOB 01/96 estarão aptos a receber o PAB Ampliado, após observando que:
assumirem a condição de Gestão Plena da Atenção Básica 13.1 o gestor estadual, juntamente com os gestores
Ampliada - GPAB-A, mediante avaliação pela Secretaria municipais da região a ser qualificada, deve encaminhar à
Estadual de Saúde, aprovação pela CIB, e homologação pela CIB solicitação de qualificação da região/microrregião;
CIT. 13.2 a CIB deverá analisar a solicitação que, se
7.6. A Secretaria de Políticas de Saúde/SPS é a unidade aprovada, deverá ser encaminhada ao CES, para
organizacional do Ministério da Saúde responsável pela conhecimento, e à Secretaria Técnica da CIT, para
regulamentação de critérios, fluxos e instrumentos do deliberação;
processo de avaliação da Atenção Básica para efeito de 13.3 a Secretaria Técnica da CIT deverá encaminhar
habilitação e manutenção nas condições de gestão definidas documentação à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério
nesta Norma. da Saúde, que procederá a respectiva análise, de acordo com
o PDR já aprovado;
I.3. DOS MÓDULOS ASSISTENCIAIS E DA 13.4 a SAS/MS deverá encaminhar parecer quanto ao
QUALIFICAÇÃO DAS MICRORREGIÕES processo de qualificação à CIT, para decisão quanto à sua
8. Definir um conjunto mínimo de procedimentos de homologação.
média complexidade como primeiro nível de referência 14. Após a homologação na CIT do processo de
intermunicipal, com acesso garantido a toda a população no qualificação de uma microrregião, o montante de recursos
âmbito microrregional, ofertados em um ou mais módulos correspondente ao financiamento dos procedimentos listados
assistenciais. no Anexo 3A a este Anexo II (M1) destinados à cobertura da
8.1. Esse conjunto mínimo de serviços de média população do Município-Sede de módulo, acrescido do
complexidade compreende as atividades ambulatoriais de montante de recursos referentes à cobertura da população
apoio diagnóstico e terapêutico (M1) e de internação residente nos Municípios a ele adscritos, passam a ser
hospitalar, detalhadas no Anexo 3 a este Anexo II. transferidos por uma das duas formas: (i) fundo a fundo, ao
9. O financiamento federal do conjunto de serviços do M1 Estado habilitado quando o Município-Sede de módulo for
adotará a seguinte lógica: habilitado em GPAB-A 2 e (ii) fundo a fundo, ao Município-
9.1. o financiamento das atividades ambulatoriais de Sede de cada módulo assistencial quando este for habilitado
apoio diagnóstico e terapêutico (M1) será feito com base na em Gestão Plena do Sistema Municipal de acordo com a
programação de um valor per capita nacional mínimo, Norma Operacional da Assistência à Saúde, ficando, neste
definido em portaria do Ministro da Saúde; caso, a parcela relativa à população residente nos Municípios
9.2. o financiamento das internações hospitalares será adscritos condicionada ao cumprimento de Termo de
feito de acordo com o processo de Programação Pactuada e Compromisso para a Garantia de Acesso, conforme
Integrada, conduzido pelo gestor estadual, respeitado o Limite normatizado nos itens 37 e 38, Capítulo II, desta Norma.
Financeiro Global da Assistência de cada unidade da 15. Em módulos nos quais a sede estiver sob gestão
Federação; municipal, caso exista um Município habilitado em Gestão
9.3. para apoiar o processo de qualificação das Plena da Atenção Básica Ampliada que disponha em seu
regiões/microrregiões e garantir os recursos per capita para o território de laboratório de patologia clínica ou serviço de
financiamento dos procedimentos mínimos da média radiologia ou ultrassonografia gineco-obstétrica, em
complexidade (M1) para toda a população brasileira, o quantidade suficiente e com qualidade adequada para o
Ministério da Saúde adicionará recursos ao Limite Financeiro atendimento de sua própria população, mas que não tenha o
dos Estados, conforme definido em portaria específica, sendo conjunto de serviços requeridos para ser sede de módulo
que a destinação desses recursos estará descrita na PPI dos assistencial, esse Município poderá celebrar um acordo com
Estados e do Distrito Federal, devendo sua incorporação ao o gestor do Município-Sede do módulo para, provisoriamente,
Limite Financeiro dos Estados ocorrer na medida em que atender sua própria população no referido serviço.
forem efetivadas as qualificações das regiões/microrregiões 16. A Secretaria de Atenção à Saúde é a unidade
assistenciais. organizacional do MS responsável pela análise técnica das
9.4. serão qualificadas apenas as regiões/microrregiões propostas de qualificação das microrregiões na assistência à
nas quais a PPI estadual tenha definido a alocação dos saúde, a ser submetidas à aprovação da CIT, de acordo com
recursos destinados ao financiamento dos procedimentos as regras estabelecidas nesta Norma.

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- SAÚDE PÚBLICA -
I.4. DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE MÉDIA evitar a superposição e proliferação indiscriminada e
COMPLEXIDADE desordenada de serviços, levando sempre em consideração
17. A Atenção de Média Complexidade (MC) compreende as condições de acessibilidade, qualidade e racionalidade na
um conjunto de ações e serviços ambulatoriais e hospitalares organização de serviços.
que visam atender aos principais problemas de saúde da 22.2. Deve-se buscar estabelecer as referências para a
população, cuja prática clínica demande a disponibilidade de média complexidade em um fluxo contínuo, dos Municípios de
profissionais especializados e a utilização de recursos menor complexidade para os de maior complexidade,
tecnológicos de apoio diagnóstico e terapêutico, que não computando, no Município de referência, as parcelas físicas e
justifique a sua oferta em todos os Municípios do País. financeiras correspondentes ao atendimento da população
18. Excetuando as ações mínimas da média dos Municípios de origem, conforme acordado no processo
complexidade (MC), que devem ser garantidas no âmbito dos de Programação Pactuada e Integrada entre os gestores.
módulos assistenciais, as demais ações assistenciais de
média complexidade, tanto ambulatoriais como hospitalares, I.5. DA POLÍTICA DE ATENÇÃO DE ALTA
podem ser garantidas no âmbito microrregional, regional ou COMPLEXIDADE/CUSTO NO SUS
mesmo estadual, de acordo com o tipo de serviço, a 23. A responsabilidade do Ministério da Saúde sobre a
disponibilidade tecnológica, as características do Estado e a política de alta complexidade/custo se traduz nas seguintes
definição no Plano Diretor de Regionalização do Estado. atribuições:
19. O gestor estadual deve adotar critérios para a a) definição de normas nacionais;
organização regionalizada das ações de média complexidade b) controle do cadastro nacional de prestadores de
que considerem: necessidade de qualificação e serviços;
especialização dos profissionais para o desenvolvimento das c) vistoria de serviços, quando lhe couber, de acordo com
ações, correspondência entre a prática clínica e a capacidade as normas de cadastramento estabelecidas pelo próprio
resolutiva diagnóstica e terapêutica, complexidade e custo Ministério da Saúde;
dos equipamentos, abrangência recomendável para cada tipo d) definição de incorporação dos procedimentos a serem
de serviço, economias de escala, métodos e técnicas ofertados à população pelo SUS;
requeridos para a realização das ações. e) definição do elenco de procedimentos de alta
20. Os subsídios à organização e programação da média complexidade;
complexidade, compreendendo grupos de programação e f) estabelecimento de estratégias que possibilitem o
critérios de classificação das ações desse nível de atenção acesso mais equânime diminuindo as diferenças regionais na
são descritos em instrumento a ser acordado pelas três alocação dos serviços;
esferas de governo e definido em portaria do MS. g) definição de mecanismos de garantia de acesso para
21. O processo de Programação Pactuada e Integrada as referências interestaduais, através da Central Nacional de
(PPI), coordenado pelo gestor estadual representa o principal Regulação para Procedimentos de Alta Complexidade;
instrumento para garantia de acesso da população aos h) formulação de mecanismos voltados à melhoria da
serviços de média complexidade não-disponíveis em seu qualidade dos serviços prestados; e
Município de residência, devendo orientar a alocação de i) financiamento das ações.
recursos e a definição de limites financeiros para todos os 23.1. A garantia de acesso aos procedimentos de alta
Municípios do Estado, independentemente de sua condição complexidade é de responsabilidade solidária entre o
de gestão. Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde dos Estados e
21.1. A programação das ações ambulatoriais de média do Distrito Federal.
complexidade deve compreender: identificação das 24. O gestor estadual é responsável pela gestão da
necessidades de saúde de sua população, definição de política de alta complexidade/custo no âmbito do Estado,
prioridades, aplicação de parâmetros físicos e financeiros mantendo vinculação com a política nacional, sendo
definidos nos Estados para os diferentes grupos de ações consideradas intransferíveis as funções de definição de
assistenciais - respeitados os limites financeiros estaduais - e prioridades assistenciais e programação da alta
estabelecimento de fluxos de referências entre Municípios. complexidade, incluindo:
21.2. A alocação de recursos referentes a cada grupo de a) a macroalocação de recursos orçamentários do Limite
programação de ações ambulatoriais de média complexidade Financeiro da Assistência do Estado para cada área de alta
para a população própria de um dado Município terá como complexidade;
limite financeiro o valor per capita estadual definido para cada b) a definição de prioridades de investimentos para
grupo, multiplicado pela população do Município. garantir o acesso da população a serviços de boa qualidade,
21.3. A programação de internações hospitalares deve o que pode, dependendo das características do Estado,
utilizar critérios homogêneos de estimativa de internações requerer desconcentração ou concentração para a otimização
necessárias para a população e considerar a distribuição e a da oferta de serviços, tendo em vista a melhor utilização dos
complexidade dos hospitais, o valor médio das internações recursos disponíveis, a garantia de economia de escala e
hospitalares, bem como os fluxos de referência entre melhor qualidade;
Municípios. c) a delimitação da área de abrangência dos serviços de
21.4. A alocação de recursos correspondentes às alta complexidade;
referências intermunicipais, ambulatoriais e hospitalares, d) a coordenação do processo de garantia de acesso
decorre do processo de programação pactuada integrada para a população de referência entre Municípios;
entre gestores e do estabelecimento de Termo de e) a definição de limites financeiros municipais para a alta
Compromisso de Garantia de Acesso implicando a separação complexidade, com explicitação da parcela correspondente
da parcela correspondente às referências no limite financeiro ao atendimento da população do Município onde está
do Município. localizado o serviço e da parcela correspondente às
22. Diferentemente do exigido para a organização das referências de outros Municípios;
referências intermunicipais no módulo assistencial, abordada f) a coordenação dos processos de remanejamentos
na Seção I.3, Capítulo I desta Norma, no caso das demais necessários na programação da alta complexidade, inclusive
ações de média complexidade, quando os serviços estiverem com mudanças nos limites financeiros municipais;
dispersos por vários Municípios, admite-se que um mesmo g) os processos de vistoria para inclusão de novos
serviços, no que lhe couber, em conformidade com as normas
Município encaminhe referências para mais de um Município
de cadastramento do MS;
Polo de média complexidade, dependendo da disponibilidade
h) a coordenação da implementação de mecanismos de
de oferta, condições de acesso e fluxos estabelecidos na PPI.
regulação da assistência em alta complexidade (centrais de
22.1. O gestor estadual, ao coordenar um processo de
regulação, implementação de protocolos clínicos, entre
planejamento global no Estado, deve adotar critérios para
outros);
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i) o controle e a avaliação do sistema, quanto à sua Diretor de Regionalização apontará as áreas de abrangência
resolubilidade e acessibilidade; dos Municípios-Polo e dos serviços de referência na Atenção
j) a otimização da oferta de serviços, tendo em vista a de Alta Complexidade.
otimização dos recursos disponíveis, a garantia de economia
de escala e melhor qualidade. CAPÍTULO II
24.1. A regulação da referência intermunicipal de alta DO FORTALECIMENTO
complexidade será sempre efetuada pelo gestor estadual. DA CAPACIDADE DE GESTÃO NO SUS
25. Os Municípios que tiverem em seu território serviços II.1. DO PROCESSO DE PROGRAMAÇÃO DA
de alta complexidade/custo, quando habilitados em Gestão ASSISTÊNCIA
Plena do Sistema Municipal, deverão desempenhar as 31. Cabe ao Ministério da Saúde a coordenação do
funções referentes à organização dos serviços de alta processo de programação da assistência à saúde em âmbito
complexidade em seu território, visando assegurar o comando nacional.
único sobre os prestadores, destacando-se: 31.1. As Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito
a) a programação das metas físicas e financeiras dos Federal deverão encaminhar ao Ministério da Saúde uma
prestadores de serviços, garantindo a possibilidade de acesso versão consolidada da Programação Pactuada e Integrada -
para a sua população e para a população referenciada PPI, conforme definido em portaria do Ministério da Saúde.
conforme o acordado na PPI e no Termo de Garantia de 31.2. As Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito
Acesso assinado com o Estado; Federal poderão dispor de instrumentos próprios de
b) realização de vistorias, no que lhe couber, de acordo programação adequados às suas especificidades,
com as normas do Ministério da Saúde; respeitados os princípios gerais e os requisitos da versão
c) condução do processo de contratação; consolidada a ser enviada ao Ministério da Saúde.
d) autorização para realização dos procedimentos e a 32. Cabe à SES a coordenação da Programação
efetivação dos pagamentos (créditos bancários); Pactuada e Integrada no âmbito do Estado, por meio do
e) definição de fluxos e rotinas intramunicipais estabelecimento de processos e métodos que assegurem:
compatíveis com as estaduais; a) que as diretrizes, objetivos e prioridades da política
f) controle, avaliação e auditoria de serviços. estadual de saúde e os parâmetros de programação, em
25.1. A regulação dos serviços de alta complexidade será sintonia com a Agenda de Saúde e Metas Nacionais, sejam
de responsabilidade do gestor municipal, quando o Município discutidos no âmbito da CIB com os gestores municipais,
se encontrar na condição de gestão plena do sistema aprovados pelos Conselhos Estaduais e implementados em
municipal, e de responsabilidade do gestor estadual, nas fóruns regionais e/ou microrregionais de negociação entre
demais situações. gestores;
25.2. A regulação dos serviços de alta complexidade, b) a alocação de recursos centrada em uma lógica de
localizados em Município habilitado em GPSM de acordo com atendimento às reais necessidades da população e jamais
as regras estabelecidas pela NOB SUS 01/96 em que orientada pelos interesses dos prestadores de serviços;
persista a divisão do comando sobre os prestadores, deverá c) a operacionalização do Plano Diretor de
ser assumida pelo Município ou pelo Estado, de acordo com o Regionalização e de estratégias de regulação do sistema,
cronograma de ajuste do comando único aprovado na CIB mediante a adequação dos critérios e instrumentos de
estadual, conforme previsto no item 66 desta Norma. alocação e pactuação dos recursos assistenciais e a adoção
25.3. Nos Municípios habilitados em Gestão Plena da de mecanismos que visem regular a oferta e a demanda de
Atenção Básica - GPAB ou na Gestão Plena da Atenção serviços, organizar os fluxos e garantir o acesso às
Básica-Ampliada - GPAB que tenham serviços de alta referências; e
complexidade em seu território, as funções de gestão e d) a explicitação do modelo de gestão com a definição
relacionamento com os prestadores de alta complexidade são das responsabilidades inerentes ao exercício do comando
de responsabilidade do gestor estadual, podendo este único de forma coerente com as condições de habilitação.
delegar aos gestores municipais as funções de controle e 33. A Programação Pactuada e Integrada, aprovada pela
avaliação dos prestadores, incluindo o processo autorizativo. Comissão Intergestores Bipartite, deverá nortear a alocação
26. As ações de alta complexidade e as ações de recursos federais da assistência entre Municípios pelo
estratégicas serão financiadas de acordo com portaria do gestor estadual, resultando na definição de limites financeiros
Ministério da Saúde. para todos os Municípios do Estado, independentemente da
27. O Ministério da Saúde definirá os valores de recursos sua condição de habilitação.
destinados ao custeio da assistência de alta complexidade 33.1. Define-se Limite Financeiro da Assistência por
para cada Estado. Município como o montante máximo de recursos federais que
28. Caberá aos Estados, de acordo com a PPI e dentro poderá ser gasto com o conjunto de serviços existentes em
do limite financeiro estadual, prever a parcela dos recursos a cada território municipal, sendo composto por duas parcelas
ser gastos em cada Município para cada área de alta separadas: recursos destinados ao atendimento da população
complexidade, destacando a parcela a ser utilizada com a própria e recursos destinados ao atendimento da população
população do próprio Município e a parcela a ser gasta com a referenciada de acordo com as negociações expressas na
população de referência. PPI.
29. A assistência de alta complexidade será programada 33.2. Esses recursos poderão estar sob gestão municipal,
no âmbito regional/estadual e, em alguns casos, quando o Município se encontrar em GPSM ou sob gestão
macrorregional, tendo em vista as características especiais estadual, quando o Município estiver em outra condição de
desse grupo - alta densidade tecnológica e alto custo, gestão;
economia de escala, escassez de profissionais 33.3. O Limite Financeiro da Assistência de cada Estado,
especializados e concentração de oferta em poucos assim como do Distrito Federal, no que couber,
Municípios. independentemente de sua condição de gestão, deverá ser
29.1. A programação deve prever, quando necessário, a programado e apresentado da seguinte forma:
referência de pacientes para outros Estados, assim como a) relação de todos os Municípios do Estado,
reconhecer o fluxo programado de pacientes de outros independentemente da sua condição de gestão;
Estados, devendo esta programação ser consolidada pela b) condição de Gestão do Município, nível de governo
SAS/MS. responsável pelo comando único de média e alta
complexidade;
30. A programação da Atenção de Alta Complexidade
c) parcela de recursos financeiros para o atendimento da
deverá ser precedida de estudos da distribuição regional de
população residente sob gestão municipal;
serviços e da proposição pela Secretaria Estadual de Saúde -
d) parcela de recursos financeiros para o atendimento das
SES de um limite financeiro claro para seu custeio e o Plano
referências intermunicipais;
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e) parcela de recursos financeiros para o atendimento da financeiro do Município em GPSM, nas seguintes situações,
população residente sob gestão estadual; detalhadas no Termo de Compromisso para Garantia de
f) Outros recursos sob gestão estadual, alocados aos Acesso:
Municípios ou à Secretaria Estadual de Saúde; e a) periodicamente, em consequência da revisão global da
g) Limite Financeiro Global da Unidade Federativa - soma PPI, conduzida pela SES e aprovada pela CIB;
dos itens C, D, E e F. b) trimestralmente, em decorrência do acompanhamento
33.4. Os limites financeiros da assistência por Município da execução do Termo e do fluxo de atendimento das
devem ser definidos globalmente, em cada Estado, a partir da referências, de forma a promover os ajustes necessários, a
aplicação de critérios e parâmetros de programação ser informados à CIB em sua reunião subsequente; e
ambulatorial e hospitalar, respeitado o Limite Financeiro c) pontualmente, por meio de alteração direta pela SES
estadual, bem como a definição de referências (respeitados os prazos de comunicação aos gestores
intermunicipais na PPI. Dessa forma, o Limite Financeiro por estabelecidos no Termo de Compromisso, conforme
Município deve ser gerado pela programação para o detalhado no ANEXO 4 a este Anexo II), sendo a CIB
atendimento da própria população, deduzida da necessidade informada em sua reunião subsequente, nos seguintes casos:
de encaminhamento para outros Municípios e acrescida da abertura de novo serviço em Município que anteriormente
programação para atendimento de referências recebidas de encaminhava sua população para outro; redirecionamento do
outros Municípios. fluxo de referência da população de um Município-Polo para
33.5. Os municípios habilitados ou que vierem a se outro, solicitado pelo gestor municipal; problemas no
habilitar na condição de Gestão Plena do Sistema Municipal atendimento da população referenciada ou descumprimento
devem receber diretamente, em seu Fundo Municipal de pelo Município em GPSM dos acordos estabelecidos no
Saúde, o total de recursos federais correspondente ao limite Termo de Compromisso para Garantia de Acesso.
financeiro programado para aquele Município, 38.1. Nas situações em que os recursos de média e alta
compreendendo a parcela destinada ao atendimento da complexidade de Municípios que efetuem atendimento das
população própria e, condicionada ao cumprimento efetivo do referências intermunicipais estejam sob gestão estadual, e os
Termo de Compromisso para Garantia de Acesso celebrado mecanismos de garantia de acesso não forem cumpridos pelo
com o gestor estadual, a parcela destinada ao atendimento Estado, os Municípios que se sentirem prejudicados deverão
da população referenciada.
acionar a CIB para que essa Comissão tome as providências
33.6. Em regiões/microrregiões qualificadas, os recursos
referentes ao M1 alocados ao Município-Sede serão cabíveis.
repassados ao Fundo Municipal de Saúde quando o 39. Quaisquer alterações nos limites financeiros dos
Município-Sede estiver habilitado em GPSM ou ao Fundo Municípios em Gestão Plena do Sistema Municipal,
Estadual de Saúde quando o Município-Sede estiver decorrentes de ajuste ou revisão da programação e do Termo
habilitado em GPAB-A. de Compromisso para Garantia do Acesso serão
33.7. Os limites financeiros da assistência por Município comunicadas pelas SES à SAS/MS, para que esta altere os
estão sujeitos à reprogramação em consequência da revisão valores a ser transferidos ao Fundo Municipal de Saúde
periódica da PPI, coordenada pelo gestor estadual. correspondente.
Particularmente, a parcela correspondente às referências 40. Para habilitar-se ou permanecer habilitado na
intermunicipais poderá ser alterada pelo gestor estadual, condição de GPSM, o Município deverá assumir o comando
trimestralmente, em decorrência de ajustes no Termo de
único sobre os prestadores do seu território e participar do
Compromisso e, pontualmente, em uma série de situações
processo de programação e quando necessário, garantir o
específicas, detalhadas no Item 38, Capítulo II.
34. A SES deverá encaminhar ao Ministério da Saúde os atendimento à população de referência, conforme acordado
produtos do processo de programação da assistência, na PPI e consolidado por meio da assinatura do referido
conforme definidos em portaria do Ministério da Saúde. Termo de Compromisso para a Garantia do Acesso.

II.2. DAS RESPONSABILIDADES DE CADA NÍVEL DE II.3. DO PROCESSO DE CONTROLE, REGULAÇÃO E


GOVERNO NA GARANTIA DE ACESSO DA POPULAÇÃO AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
REFERENCIADA 41. As funções de controle, regulação e avaliação devem
35. O Ministério da Saúde assume, de forma solidária ser coerentes com os processos de planejamento,
com as Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito programação e alocação de recursos em saúde tendo em
Federal, a responsabilidade pelo atendimento a pacientes vista sua importância para a revisão de prioridades e
referenciados entre Estados.
contribuindo para o alcance de melhores resultados em
36. A garantia de acesso da população aos serviços não-
disponíveis em seu Município de residência é de termos de impacto na saúde da população.
responsabilidade do gestor estadual, de forma solidária com 41.1.1. As atribuições do Controle, Regulação e Avaliação
os municípios de referência, observados os limites são definidas conforme as pactuações efetuadas pelos três
financeiros, devendo o gestor organizar o sistema de níveis de governo.
referência utilizando mecanismos e instrumentos necessários, 42. O fortalecimento das funções de controle e avaliação
compatíveis com a condição de gestão do Município onde os dos gestores do SUS deve se dar principalmente nas
serviços estiverem localizados. seguintes dimensões:
37. A garantia do atendimento à população referenciada a) avaliação da organização do sistema e do modelo de
será objeto de um Termo de Compromisso para Garantia de gestão;
Acesso a ser assinado pelo gestor municipal e pelo gestor b) relação com os prestadores de serviços;
estadual quando o Município-Sede de módulo ou Município-
c) qualidade da assistência e satisfação dos usuários; e
Polo estiver em GPSM.
d) resultados e impacto sobre a saúde da população.
37.1. O Termo de Compromisso de Garantia de Acesso
tem como base o processo de programação e contém as 43. Todos os níveis de governo devem avaliar o
metas físicas e orçamentárias das ações definidas na PPI a funcionamento do sistema de saúde, no que diz respeito ao
ser ofertadas nos Municípios Polo, os compromissos desempenho nos processos de gestão, formas de
assumidos pela SES e pela SMS, os mecanismos de garantia organização e modelo de atenção, tendo como eixo
de acesso, o processo de acompanhamento e revisão do orientador a promoção da equidade no acesso à alocação
Termo e sanções previstas. dos recursos, e como instrumento básico para o
38. A SES poderá alterar a parcela de recursos acompanhamento e avaliação dos sistemas de saúde, o
correspondente às referências intermunicipais no limite Relatório de Gestão.

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44. O controle e a avaliação dos prestadores de serviços, necessidade do cidadão, de forma equânime, ordenada,
a ser exercidos pelo gestor do SUS responsável de acordo oportuna e qualificada, pressupõe:
com a condição de habilitação e modelo de gestão adotado, a) a realização prévia de um processo de avaliação das
compreende o conhecimento global dos estabelecimentos de necessidades de saúde e de planejamento/programação, que
saúde localizados em seu território, o cadastramento de considere aspectos epidemiológicos, os recursos
serviços, a condução de processos de compra e assistenciais disponíveis e as condições de acesso às
contratualização de serviços de acordo com as necessidades unidades de referência;
identificadas e a legislação específica, o acompanhamento do b) a definição da estratégia de regionalização que
faturamento, a quantidade e a qualidade dos serviços explicite a responsabilização e o papel dos vários Municípios,
prestados, entre outras atribuições. bem como a inserção das diversas unidades assistenciais na
44.1. O cadastro completo e fidedigno de unidades rede;
prestadoras de serviços de saúde é um requisito básico para c) a delegação pelo gestor competente de autoridade
programação de serviços assistenciais, competindo ao gestor sanitária ao médico regulador, para que exerça a
do SUS, responsável pelo relacionamento com cada unidade responsabilidade sobre a regulação da assistência,
própria, contratada ou conveniada, a garantia da atualização instrumentalizada por protocolos técnico-operacionais;
permanente dos dados cadastrais e de alimentação dos d) a definição das interfaces da estratégia de regulação
bancos de dados nacionais do SUS. da assistência com o processo de planejamento,
44.2. O interesse público e a identificação de programação e outros instrumentos de controle e avaliação.
necessidades assistenciais devem pautar o processo de
compra de serviços na rede privada, que deve seguir a II.4. DOS HOSPITAIS PÚBLICOS SOB GESTÃO DE
legislação, as normas administrativas específicas e os fluxos OUTRO NÍVEL DE GOVERNO:
de aprovação definidos na Comissão Intergestores Bipartite, 49. Definir que unidades hospitalares públicas sob a
quando a disponibilidade da rede pública for insuficiente para gerência de um nível de governo e a gestão de outro,
o atendimento da população. preferencialmente, deixem de ser remuneradas por produção
44.3. Os contratos de prestação de serviços devem de serviços e passem a receber recursos correspondentes à
representar instrumentos efetivos de responsabilização dos realização de metas estabelecidas de comum acordo.
prestadores com os objetivos, atividades e metas 50. Aprovar, na forma do Anexo 5 a este Anexo II, modelo
estabelecidos pelos gestores de acordo com as necessidades contendo cláusulas mínimas do termo de compromisso a ser
de saúde identificadas. firmado entre as partes envolvidas, com o objetivo de regular
44.4. Os procedimentos técnico-administrativos prévios à a contratualização dos serviços oferecidos e a forma de
realização de serviços e à ordenação dos respectivos pagamento das unidades hospitalares.
pagamentos, especialmente a autorização de internações e 51. Os recursos financeiros para cobrir o citado termo de
de procedimentos ambulatoriais de alta complexidade e/ou de compromisso devem ser subtraídos das parcelas
alto custo, devem ser organizados de forma a facilitar o correspondentes à população própria e à população
acesso dos usuários e permitir o monitoramento adequado da referenciada do limite financeiro do município/estado, e
produção e faturamento de serviços. repassados diretamente ao ente público gerente da unidade,
44.5. Outros mecanismos de controle e avaliação devem em conta específica para esta finalidade aberta em seu fundo
ser adotados pelo gestor público, como o acompanhamento de saúde.
dos orçamentos públicos em saúde, a análise da coerência
entre a programação, a produção e o faturamento
apresentados e a implementação de críticas possibilitadas CAPÍTULO III
pelos sistemas informatizados quanto à consistência e à DOS CRITÉRIOS DE HABILITAÇÃO
confiabilidade das informações disponibilizadas pelos E DESABILITAÇÃO DE MUNICÍPIOS E ESTADOS
prestadores. III.1. CONDIÇÕES DE HABILITAÇÃO DE MUNICÍPIOS
45. A avaliação da qualidade da atenção pelos gestores E ESTADOS
deve envolver tanto a implementação de indicadores objetivos A presente Norma atualiza as condições de gestão
baseados em critérios técnicos como a adoção de estabelecidas na NOB SUS 01/96, explicitando as
instrumentos de avaliação da satisfação dos usuários do responsabilidades, os requisitos relativos às modalidades de
sistema, que considerem a acessibilidade, a integralidade da gestão e as prerrogativas dos gestores municipais e
atenção, a resolubilidade e a qualidade dos serviços estaduais.
prestados. 52. A habilitação dos Municípios e Estados às diferentes
46. A avaliação dos resultados da atenção e do impacto condições de gestão significa a declaração dos
na saúde deve envolver o acompanhamento dos resultados compromissos assumidos por parte do gestor perante os
alcançados em consequência dos objetivos, indicadores e outros gestores e perante a população sob sua
metas apontados no plano de saúde, voltados para a responsabilidade.
melhoria do nível de saúde da população.
III.1.1. Com relação ao processo de habilitação dos
47. Os Estados e os Municípios deverão elaborar os
respectivos planos de controle, regulação e avaliação que Municípios
consistem no planejamento do conjunto de estratégias e 53. A partir da publicação desta Norma os Municípios
instrumentos a ser empregados para o fortalecimento da poderão habilitar-se em duas condições:
capacidade de gestão. - GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA AMPLIADA;
47.1. Ao gestor do SUS responsável pelo relacionamento - GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL.
com cada unidade, conforme sua condição de habilitação e 53.1. Todos os Municípios que vierem a ser habilitados
qualificação, cabe programar e regular os serviços e o acesso em Gestão Plena do Sistema Municipal, nos termos desta
da população de acordo com as necessidades identificadas, Norma, estarão também habilitados em Gestão Plena da
respeitando os pactos firmados na PPI e os termos de Atenção Básica Ampliada.
compromisso para a garantia de acesso. 53.2. Cabe a Secretaria Estadual de Saúde a gestão do
47.2. A regulação da assistência deverá ser efetivada por
SUS nos Municípios não habilitados, enquanto for mantida a
meio da implantação de complexos reguladores que
situação de não habilitação.
congreguem unidades de trabalho responsáveis pela
regulação das urgências, consultas, leitos e outros que se 54. Os Municípios, para se habilitarem à Gestão Plena da
fizerem necessários. Atenção Básica Ampliada, deverão assumir as
48. A regulação da assistência, voltada para a responsabilidades, cumprir os requisitos e gozar das
disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à prerrogativas definidas a seguir:

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Responsabilidades mecanismos de comunicação;
a) elaboração do Plano Municipal de Saúde, a ser e) comprovar, por meio da alimentação do Sistema de
submetido à aprovação do Conselho Municipal de Saúde, que Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde - SIOPS,
deve contemplar a Agenda de Saúde Municipal, harmonizada a dotação orçamentária do ano e o dispêndio realizado no
com as agendas nacional e estadual, bem como o Quadro de ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos
Metas, mediante o qual será efetuado o acompanhamento financeiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a
dos Relatórios de Gestão; Emenda Constitucional nº 29, de 14 de setembro de 2000;
b) integração e articulação do Município na rede estadual f) estabelecimento do Pacto da Atenção Básica para o
e respectivas responsabilidades na PPI do Estado, incluindo ano em curso;
detalhamento da programação de ações e serviços que g) comprovar, para efeito de avaliação da Atenção Básica
compõem o sistema municipal; a ser realizada pela Secretaria Estadual de Saúde e validada
c) gerência de unidades ambulatoriais próprias; pela SPS/MS, para encaminhamento à CIT:
d) gerência de unidades ambulatoriais transferidas pelo 1. desempenho satisfatório nos indicadores do Pacto da
Estado ou pela União; Atenção Básica do ano anterior;
e) organização da Rede de Atenção Básica, incluída a 2. alimentação regular dos Sistemas Nacionais de
gestão de prestadores privados, quando excepcionalmente Informação em Saúde já existentes e dos que vierem a ser
houver prestadores privados nesse nível de atenção; criados conforme portaria;
f) cumprimento das responsabilidades definidas no 3. disponibilidade de serviços (estrutura física e recursos
subitem 7.1, item 7, Capítulo I, desta Norma; humanos) em seu território, para executar as ações
g) disponibilização, em qualidade e quantidade suficiente estratégicas mínimas;
para a sua população, de serviços capazes de oferecer 4. disponibilidade de serviços para realização do Elenco
atendimento conforme o descrito no subitem 7.3, item 7, de Procedimentos Básicos Ampliado - EPBA;
Capítulo I, desta Norma; h) comprovar a capacidade para o desenvolvimento de
h) desenvolvimento do cadastramento nacional dos Ações Básicas de Vigilância Sanitária, conforme
usuários do SUS, segundo a estratégia de implantação do normatização da ANVISA;
Cartão Nacional de Saúde, com vistas à vinculação de i) comprovar a capacidade para o desenvolvimento de
clientela e à sistematização da oferta dos serviços; Ações Básicas de Vigilância Epidemiológica;
i) prestação dos serviços relacionados aos procedimentos j) formalizar, junto a CIB, após aprovação pelo CMS, o
cobertos pelo PAB Ampliado e acompanhamento, no caso de pleito de habilitação, atestando o cumprimento dos requisitos
referência interna ou externa ao Município, dos demais relativos à condição de gestão pleiteada;
serviços prestados aos seus munícipes, conforme a PPI, Prerrogativas:
mediado pela SES; a) transferência, regular e automática, dos recursos
j) desenvolver as atividades de: realização do cadastro, referentes ao Piso da Atenção Básica Ampliado - PAB-A,
contratação, controle, avaliação, auditoria e pagamento aos correspondente ao financiamento do Elenco de
prestadores dos serviços contidos no PAB-A, localizados em Procedimentos Básicos e do incentivo de Vigilância Sanitária;
seu território e vinculados ao SUS; b) gestão municipal de todas as unidades básicas de
k) operação do SIA/SUS e o SIAB, quando aplicável, saúde, públicas ou privadas (lucrativas e filantrópicas)
conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentação junto integrantes do SUS, localizadas no território municipal; e
à Secretaria Estadual de Saúde, dos bancos de dados c) transferência, regular e automática, dos recursos
nacionais; referentes ao PAB variável, desde que qualificado conforme
l) autorização, desde que não haja definição contrária por as normas vigentes.
parte da CIB, das internações hospitalares e dos 55. Os Municípios, para se habilitarem à Gestão Plena do
procedimentos ambulatoriais especializados, realizados no Sistema Municipal, deverão assumir as responsabilidades,
Município, que continuam sendo pagos por produção de cumprir os requisitos e gozar das prerrogativas definidas a
serviços; seguir:
m) manutenção do cadastro atualizado das unidades Responsabilidades:
assistenciais sob sua gestão, segundo normas do MS; a) elaboração do Plano Municipal de Saúde, a ser
n) realização de avaliação permanente do impacto das submetido à aprovação do Conselho Municipal de Saúde, que
ações do Sistema sobre as condições de saúde dos seus deve contemplar a Agenda de Saúde Municipal, harmonizada
munícipes e sobre o seu meio ambiente, incluindo o com as agendas nacional e estadual, bem como o Quadro de
cumprimento do Pacto de Indicadores da Atenção Básica. Metas, mediante o qual será efetuado o acompanhamento
o) execução das Ações Básicas de Vigilância Sanitária, dos Relatórios de Gestão, que deverá ser aprovado
de acordo com a legislação em vigor e a normatização da anualmente pelo Conselho Municipal de Saúde;
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA; b) integração e articulação do município na rede estadual
p) execução das ações básicas de epidemiologia, de e respectivas responsabilidades na PPI do Estado, incluindo
controle de doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes detalhamento da programação de ações e serviços que
de causas externas, como acidentes, violências e outras, de compõem o sistema municipal;
acordo com normatização vigente; c) gerência de unidades próprias, ambulatoriais e
q) elaboração do relatório anual de gestão e aprovação hospitalares;
pelo Conselho Municipal de Saúde - CMS; d) gerência de unidades assistenciais transferidas pelo
r) firmar o Pacto de Indicadores da Atenção Básica com o Estado e pela União;
Estado; e) gestão de todo o sistema municipal, incluindo a gestão
Requisitos: sobre os prestadores de serviços de saúde vinculados ao
a) comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde SUS, independentemente da sua natureza jurídica ou do nível
b) comprovar o funcionamento do CMS; de complexidade, exercendo o comando único, ressalvando
c) apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo as unidades públicas e privadas de
CMS, que deve contemplar a Agenda de Saúde Municipal,
hemonúcleos/hemocentros e os laboratórios de saúde
harmonizada com as agendas nacional e estadual, bem como
o Quadro de Metas, mediante o qual será efetuado o pública, em consonância com o disposto na letra c do item 57,
acompanhamento dos Relatórios de Gestão; Capítulo III, desta Norma;
d) comprovar, formalmente, capacidade técnica e f) desenvolvimento do cadastramento nacional dos
administrativa para o desempenho das atividades de controle usuários do SUS segundo a estratégia de implantação do
e avaliação, através da definição de estrutura física e Cartão Nacional de Saúde, com vistas à vinculação da
administrativa, recursos humanos, equipamentos e clientela e à sistematização da oferta dos serviços;

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g) garantia do atendimento em seu território para sua vigilância sanitária e a capacidade para o desenvolvimento de
população e para a população referenciada por outros ações de vigilância sanitária, de acordo com a legislação em
Municípios, disponibilizando serviços necessários, conforme vigor e a pactuação estabelecida com a Agência Nacional de
definido na PPI, e transformado em Termo de Compromisso Vigilância Sanitária;
para a Garantia de Acesso, assim como a organização do l) comprovar a estruturação de serviços e atividades de
encaminhamento das referências para garantir o acesso de vigilância epidemiológica e de controle de zoonoses, de
sua população a serviços não disponíveis em seu território; acordo com a pactuação estabelecida com a Fundação
h) Integração dos serviços existentes no Município aos Nacional de Saúde;
mecanismos de regulação ambulatoriais e hospitalares; m) apresentar o Relatório de Gestão do ano anterior à
i) desenvolver as atividades de realização do cadastro, solicitação do pleito, devidamente aprovado pelo CMS;
contratação, controle, avaliação, auditoria e pagamento de n) comprovar o comando único sobre a totalidade dos
todos os prestadores dos serviços localizados em seu prestadores de serviços ao SUS localizados no território
território e vinculados ao SUS; municipal;
j) operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do o) comprovar oferta das ações do primeiro nível de média
MS, e alimentação, junto à SES, dos bancos de dados de complexidade (M1) e de leitos hospitalares;
interesse nacional e estadual; p) comprovar Adesão ao Cadastramento Nacional dos
k) manutenção do cadastro atualizado de unidades Usuários do SUS Cartão SUS;
assistenciais em seu território, segundo normas do MS; q) formalizar, junto à CIB, após aprovação pelo CMS, o
l) avaliação permanente do impacto das ações do pleito de habilitação, atestando o cumprimento dos requisitos
Sistema sobre as condições de saúde dos seus munícipes e relativos à condição de GPSM;
sobre o meio ambiente; Prerrogativas:
m) execução das Ações Básicas, de Média e Alta a) transferência, regular e automática, dos recursos
Complexidade em Vigilância Sanitária, pactuadas na CIB; referentes ao valor per capita definido para o financiamento
n) Execução de ações de epidemiologia, de controle de dos procedimentos do M1, após qualificação da microrregião
doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas na qual está inserido, para sua própria população e, caso seja
externas, como acidentes, violências e outras pactuadas na sede de módulo assistencial, para a sua própria população e
CIB; a população dos municípios abrangidos;
o) firmar o Pacto da Atenção Básica com o Estado; b) receber, diretamente no Fundo Municipal de Saúde, o
Requisitos: montante total de recursos federais correspondente ao limite
a) comprovar o funcionamento do CMS; financeiro programado para o Município, compreendendo a
b) comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde e parcela destinada ao atendimento da população própria e
a disponibilidade orçamentária suficiente, bem como aquela destinada ao atendimento à população referenciada,
mecanismos para pagamento de prestadores públicos e condicionado ao cumprimento efetivo do Termo de
privados de saúde; Compromisso para Garantia de Acesso firmado; e
c) apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo c) gestão do conjunto das unidades prestadoras de
CMS, que deve contemplar a Agenda de Saúde Municipal, serviços ao SUS ambulatoriais especializadas e hospitalares,
harmonizada com as agendas nacional e estadual, bem como estatais e privadas, estabelecidas no território municipal.
o Quadro de Metas, mediante o qual será efetuado o III.1.2. Do processo de habilitação dos Estados 56. A
acompanhamento dos Relatórios de Gestão; partir da publicação desta Norma, os estados podem habilitar-
d) estabelecimento do Pacto da Atenção Básica para o se em duas condições:
ano em curso; - GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL
e) comprovar, para efeito de avaliação da Atenção Básica - GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL
a ser realizada pela Secretaria Estadual de Saúde e validada 57. São atributos da condição de gestão avançada do
pela SPS/MS, para encaminhamento à CIT: sistema estadual:
1. desempenho satisfatório nos indicadores do Pacto da Responsabilidades:
Atenção Básica do ano anterior; a) elaboração do Plano Estadual de Saúde, e do Plano
2. alimentação regular dos Sistemas Nacionais de Diretor de Regionalização, incluindo o Plano Diretor de
Informação em Saúde já existentes e dos que vierem a ser Investimentos e Programação Pactuada e Integrada;
criados conforme portaria; b) coordenação da PPI do Estado, contendo a referência
3. disponibilidade de serviços (estrutura física e recursos intermunicipal e os pactos de negociação na CIB para
humanos) em seu território, para executar as ações alocação dos recursos, conforme expresso no item que
estratégicas mínimas; descreve a PPI, nos termos desta Norma;
4. disponibilidade de serviços para realização do Elenco c) gerência de unidades públicas de
de Procedimentos Básicos Ampliado - EPBA; hemonúcleos/hemocentros e de laboratórios de referência
f) firmar Termo de Compromisso para Garantia de Acesso para controle de qualidade, vigilância sanitária e vigilância
com a Secretaria Estadual de Saúde; epidemiológica e gestão sobre o sistema de
g) comprovar a estruturação do componente municipal do hemonúcleos/hemocentros (públicos e privados) e
Sistema Nacional de Auditoria - SNA; laboratórios de saúde pública;
h) participar da elaboração e da implementação da PPI do d) formulação e execução da política de sangue e
Estado, bem como da alocação de recursos expressa na hemoderivados, de acordo com a política nacional;
programação; e) coordenação do sistema de referências
i) comprovar, formalmente, capacidade técnica, intermunicipais, organizando o acesso da população,
administrativa e operacional para o desempenho das viabilizando com os Municípios-Sede de módulos
atividades de controle regulação, e avaliação por intermédio assistenciais e polos os Termos de Compromisso para a
da definição de estrutura física, administrativa, recursos Garantia de Acesso;
humanos, equipamentos e mecanismos de comunicação f) gestão dos sistemas municipais nos Municípios não-
(linha telefônica e acesso à internet); habilitados em nenhuma das condições de gestão vigentes no
j) comprovar, por meio da alimentação do Sistema de SUS;
Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde - SIOPS, g) gestão das atividades referentes a Tratamento Fora de
a dotação orçamentária do ano e o dispêndio realizado no Domicílio para Referência Interestadual, Medicamentos
ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos Excepcionais e Central de Transplantes, cujas funções o
financeiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a Estado poderá delegar aos Municípios em GPSM;
Emenda Constitucional nº 29, de 14 de setembro de 2000. h) formulação e execução da política estadual de
k) comprovar o funcionamento de serviço estruturado de assistência farmacêutica, de acordo com a política nacional;

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- SAÚDE PÚBLICA -
i) normalização complementar de mecanismos e ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos
instrumentos de administração da oferta e controle da financeiros próprios do Tesouro Estadual, de acordo com a
prestação de serviços ambulatoriais, hospitalares, de alto Emenda Constitucional, nº 29, de 14 de setembro de 2000;
custo, do tratamento fora do domicílio e dos medicamentos e e) comprovar o funcionamento da CIB;
insumos especiais; f) comprovar o funcionamento do CES;
j) manutenção do cadastro atualizado de unidades g) comprovar a operação do Fundo Estadual de Saúde e
assistenciais sob sua gestão, segundo normas do MS, e a disponibilidade orçamentária suficiente, bem como os
coordenação do cadastro estadual de prestadores; mecanismos para pagamento de prestadores públicos e
k) organização e gestão do Sistema Estadual de Controle, privados de saúde;
Avaliação e Regulação; h) apresentar relatório de gestão aprovado pelo CES,
l) cooperação técnica e financeira com o conjunto de relativo ao ano anterior à solicitação do pleito;
Municípios, objetivando a consolidação do processo de i) comprovar a descentralização para os Municípios
descentralização, a organização da rede regionalizada e habilitados da rede de Unidades Assistenciais Básicas;
hierarquizada de serviços, a realização de ações de j) comprovar a transferência da gestão da atenção
epidemiologia, de controle de doenças, de vigilância sanitária, hospitalar e ambulatorial aos Municípios habilitados em
assim como o pleno exercício das funções gestoras de GPSM, nos termos desta Norma;
planejamento, controle, avaliação e auditoria; k) comprovar a estruturação do componente estadual do
m) estruturação e operação do Componente Estadual do SNA;
SNA; l) comprovar, formalmente, capacidade técnica,
n) implementação de políticas de integração das ações de administrativa e operacional para o desempenho das
saneamento às ações de saúde; atividades de controle, regulação e avaliação através da
o) coordenação das atividades de vigilância definição de estrutura física, administrativa, recursos
epidemiológica e de controle de doenças e execução humanos, equipamentos e mecanismos de comunicação
complementar conforme pactuação estabelecida com a (linha telefônica e acesso à internet), e comprovar, também, a
Fundação Nacional de Saúde; estruturação e a operacionalização de mecanismos e
p) execução de operações complexas voltadas ao instrumentos de regulação de serviços ambulatoriais e
controle de doenças que possam se beneficiar da economia hospitalares;
de escala; m) comprovar a certificação do processo de
q) coordenação das atividades de vigilância sanitária e descentralização das ações de epidemiologia e controle de
execução complementar, conforme a legislação em vigor e doenças;
pactuação estabelecida com a ANVISA; n) comprovar o funcionamento do serviço de vigilância
r) execução das Ações Básicas de Vigilância Sanitária, sanitária no Estado, organizado segundo a legislação e a
referentes aos Municípios não-habilitados nas condições de capacidade de desenvolvimento de Ações de Vigilância
gestão estabelecidas nesta Norma; Sanitária;
s) execução das ações de média e alta complexidade de o) estabelecimento do Pacto de Indicadores da Atenção
vigilância sanitária, exceto as realizadas pelos Municípios Básica;
habilitados na condição de Gestão Plena de Sistema p) apresentar à CIT a formalização do pleito, devidamente
Municipal; aprovado pela CIB e pelo CES, atestando o cumprimento dos
t) apoio logístico e estratégico às atividades de Atenção à requisitos relativos à condição de gestão pleiteada;
Saúde das Populações Indígenas, na conformidade de Prerrogativas:
critérios estabelecidos pela CIT; a) transferência, regular e automática, dos recursos
u) operação dos Sistemas Nacionais de Informação, correspondentes ao Piso da Atenção Básica - PAB relativos
conforme normas do MS, e alimentação dos bancos de dados aos Municípios não-habilitados, nos termos da NOB SUS
de interesse nacional; 01/96; e
v) coordenação do processo de pactuação dos b) transferência regular e automática dos recursos
indicadores da Atenção Básica com os Municípios, correspondentes ao financiamento per capita do M1 em
informação das metas pactuadas ao Ministério da Saúde e regiões qualificadas, nos casos em que o Município-Sede
acompanhamento da evolução dos indicadores pactuados; estiver habilitado somente em Gestão Plena da Atenção
Requisitos: Básica Ampliada.
a) apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo
58. Além dos atributos da condição de gestão avançada
CES, contendo minimamente:
- Quadro de Metas, compatível com a Agenda de Saúde, do sistema estadual, ficam estabelecidos os seguintes
por meio do qual a execução do Plano será acompanhada atributos específicos à Gestão Plena do Sistema Estadual:
anualmente nos relatórios de gestão; Responsabilidade:
- programação integrada das ações ambulatoriais, a) cadastro, contratação, controle, avaliação e auditoria e
hospitalares e de alto custo, de epidemiologia e de controle pagamento aos prestadores do conjunto dos serviços sob
de doenças - incluindo, entre outras, as atividades de gestão estadual;
vacinação, de controle de vetores e de reservatórios - de Requisito:
saneamento, de pesquisa e desenvolvimento; a) dispor de 50% do valor do Limite Financeiro da
- estratégias de descentralização das ações de saúde Assistência do Estado comprometido com transferências
para Municípios; regulares e automáticas aos Municípios;
- estratégias de reorganização do modelo de atenção; Pressogativa:
b) apresentar o Plano Diretor de Regionalização, nos a) transferência, regular e automática, dos recursos
termos desta Norma; correspondentes ao valor do Limite Financeiro da Assistência,
c) comprovar a implementação da Programação deduzidas as transferências, fundo a fundo, realizadas a
Pactuada e Integrada das ações ambulatoriais, hospitalares e Municípios habilitados.
de alto custo, contendo a referência intermunicipal e os
critérios para sua elaboração, bem como proposição de III.2. DA DESABILITAÇÃO
estratégias de monitoramento e garantia de referências III.2.1. Da desabilitação dos Municípios
intermunicipais e critérios de revisão periódica dos limites 59. Cabe à Comissão Intergestores Bipartite Estadual a
financeiros dos Municípios; desabilitação dos Municípios, que deverá ser homologada
d) comprovar, por meio da alimentação do Sistema de pela Comissão Intergestores Tripartite.
Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde - SIOPS, III.2.1.1. Da condição de Gestão Plena da Atenção Básica
a dotação orçamentária do ano e o dispêndio realizado no Ampliada,

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- SAÚDE PÚBLICA -
60. Os Municípios habilitados em Gestão Plena da III.2.2. Da desabilitação dos Estados e da suspensão do
Atenção Básica Ampliada estarão passíveis de desabilitação repasse financeiro
quando: 62. Os Estados que não cumprirem as responsabilidades
a) descumprirem as responsabilidades assumidas na definidas para a forma de gestão em que se encontrarem
habilitação do Município; habilitados estarão passíveis de desabilitação pela CIT.
b) apresentarem situação irregular na alimentação dos 62.1. São motivos de suspensão imediata pelo MS dos
Bancos de Dados Nacionais, estabelecidos como obrigatórios repasses financeiros a ser transferidos, mensalmente, fundo a
pelo MS, por 2 (dois) meses consecutivos ou 3 (três) meses
fundo, para os Estados:
alternados;
c) não cumprirem as metas de cobertura vacinal para a) não-pagamento aos prestadores de serviços sob sua
avaliação da Atenção Básica; gestão, públicos ou privados, hospitalares e ambulatoriais, até
d) não cumprirem os demais critérios de avaliação da o quinto dia útil, após o cumprimento pelo Ministério da Saúde
Atenção Básica, para manutenção da condição de gestão, das seguintes condições:
pactuados na Comissão Intergestores Tripartite e publicados - crédito na conta bancária do Fundo Estadual/Municipal
em regulamentação complementar a esta Norma; de Saúde pelo Fundo Nacional de Saúde;
e) não firmarem o Pacto de Indicadores da Atenção - disponibilização dos arquivos de processamento do
Básica; e SIH/SUS, no BBS/MS, pelo DATASUS.
f) apresentarem irregularidades que comprometam a b) indicação de suspensão por auditoria realizada pelos
gestão municipal, identificadas pelo componente estadual componentes nacionais do SNA, homologada pela CIT,
e/ou nacional do SNA.
apontando irregularidades graves;
60.1. São motivos de suspensão imediata, pelo Ministério
c) não-alimentação dos Bancos de Dados Nacionais,
da Saúde, dos repasses financeiros transferidos
mensalmente, fundo a fundo, para os Municípios: estabelecidos como obrigatórios pelo MS; e
a) não pagamento aos prestadores de serviços sob sua d) não firmar o Pacto da Atenção Básica.
gestão, públicos ou privados, hospitalares e ambulatoriais, até
o quinto dia útil, após o cumprimento pelo Ministério da Saúde CAPÍTULO IV
das seguintes condições: DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
- crédito na conta bancária do Fundo Estadual/Municipal 63. Os requisitos e os instrumentos de comprovação
de Saúde, pelo Fundo Nacional de Saúde; referentes ao processo de habilitação para os Municípios
- disponibilização dos arquivos de processamento do habilitados em GPSM, conforme a NOB SUS 01/96,
SIH/SUS, no BBS/MS pelo DATASUS; pleiteantes a GPSM desta NOAS estão definidos no Anexo II
b) falta de alimentação dos Bancos de Dados Nacionais, à Instrução Normativa nº 01/02.
estabelecidos como obrigatórios, por 2 (dois) meses
64. Os instrumentos de comprovação, fluxos e prazos
consecutivos ou 3 (três) meses alternados; e
c) indicação de suspensão por auditoria realizada pelos para operacionalização dos processos de habilitação e
componentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o desabilitação de Municípios e Estados estão definidos na IN
prazo de defesa do Município envolvido. nº 01/2002.
III.2.1.2. Da condição de Gestão Plena do Sistema 65. Os Municípios que se considerarem em condições de
Municipal pleitear habilitação em GPSM em Estados que não tiverem
61. Os Municípios habilitados na gestão Plena do Sistema concluído seus respectivos PDR, PDI e PPI deverão
Municipal estarão passíveis de desabilitação quando: apresentar requerimento à CIB estadual para que essa
a) enquadrarem-se na situação de desabilitação prevista Comissão oficialize o cronograma para conclusão desses
no item 60, Capítulo III, desta Norma; ou processos.
b) não cumprirem as responsabilidades definidas para a 65.1. Caso a respectiva CIB não se pronuncie em prazo
Gestão Plena do Sistema Municipal, particularmente aquelas
de 30 (trinta) dias ou apresente encaminhamento considerado
que se referem a:
inadequado pelo Município, este poderá apresentar recurso à
B.1 - cumprimento do Termo de Compromisso para
Garantia do Acesso; CIT, que tomará as medidas pertinentes.
B.2 - disponibilidade do conjunto de serviços do M1; 66. Os Municípios atualmente habilitados em Gestão
B.3 - atendimento às referências intermunicipais Plena do Sistema Municipal, localizados em Estados em que
resultantes do PDR e da PPI; e a gestão se encontra compartilhada entre o gestor estadual e
B.4 - comando único da gestão sobre os prestadores de o municipal, deverão se adequar ao comando único, com a
serviço em seu território. transferência da gestão para a esfera municipal ou estadual,
61.1. A desabilitação de Municípios em GPSM implicará se for o caso, de acordo com cronograma previamente
permanência apenas em GPAB-A, desde que o motivo da estabelecido na CIB estadual.
desabilitação não tenha sido referente às responsabilidades 67. Os impasses com relação ao ajuste do comando
atribuídas à Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada. único não solucionados na CIB estadual deverão ser
61.2. São motivos de suspensão imediata, pelo MS, dos
encaminhados ao CES. Persistindo o impasse, o problema
repasses financeiros a serem transferidos, mensalmente,
fundo a fundo, para os Municípios: deverá ser encaminhado à CIT, que definirá uma comissão
a) não pagamento aos prestadores de serviços sob sua para encaminhar sua resolução.
gestão, públicos ou privados, hospitalares e ambulatoriais, até 68. Os Estados atualmente habilitados nas condições de
o quinto dia útil, após o cumprimento pelo Ministério da Saúde Gestão Plena do Sistema Estadual deverão adequar-se aos
das seguintes condições: requisitos desta Norma até o dia 29.03.2002, em
- crédito na conta bancária do Fundo Estadual/Municipal conformidade com o que se encontra disposto na Portaria
de Saúde, pelo Fundo Nacional de Saúde; GM/MS nº 129, de 18 de janeiro de 2002.
- disponibilização dos arquivos de processamento do 69. As instâncias de recurso para questões relativas à
SIH/SUS, no BBS/MS pelo DATASUS; implementação desta Norma são consecutivamente a CIB
b) falta de alimentação dos Bancos de Dados Nacionais, estadual, o CES, a CIT e, em última instância, o CNS.
estabelecidos como obrigatórios pelo MS, por 2 (dois) meses
70. No que concerne à regulamentação da assistência à
consecutivos ou 3 (três) meses alternados; e
saúde, o disposto nesta NOAS-SUS atualiza as definições
c) indicação de suspensão por auditoria realizada pelos
componentes estadual ou nacional do SNA, respeitado o constantes da Portaria GM/MS nº 95, de 26 de janeiro de
prazo de defesa do Município envolvido. 2001.

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ESPAÇO DESTINADO PARA ANOTAÇÕES ESPAÇO DESTINADO PARA ANOTAÇÕES

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