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ATIVIDADE CRÍTICA-CONTEXTUAL

1- Para iniciar o nosso comparativo precisamos inicialmente determinar o que foi o


modelo campanhista/sanitário, que tinha o apoio militar; Foi um modelo cujo o objetivo
central era a prevenção de doenças por meio da vacinação e higiene, bem como
intervenções em áreas estatais (pertencentes ao estado). Visto isso, delimitamos agora
nossa história; Oswaldo Cruz propôs uma reforma para combater a Febre Amarela no
Rio de Janeiro, isso em 1903 por meio de um verdadeiro exército de desinfecção em
todas as áreas públicas, já entre 1904 a 1907 foi criado o serviço de profilaxia da febre
amarela e uma lei torna obrigatória a vacinação contra a varíola em 1904, ocasionando
nessa época a conhecida “Revolta da Vacina”, devido ao cunho extremamente violento
e arbitrário das ações implementadas pelo dirigente da ideia no caso Oswaldo Cruz;
Em 1907 a febre amarela foi erradicada no Rio de Janeiro, o que se mostrou um
grande feito dessa forma de abordagem da saúde o que permitiu que esse modelo
perdurasse por muitas décadas no território brasileiro.
O sucessor de Oswaldo Cruz foi Carlos Chagas em 1920, ele introduziu importantes
diferenças no modelo já utilizado, passou a utilizar por exemplo a educação e a
propaganda sanitária como técnica de sensibilização da população, reestruturou todo o
departamento nacional de saúde, criou órgãos especializados na luta contra a
tuberculose, a lepra e as doenças venéreas, ele também dividiu a assistência em
hospitalar, infantil e a saúde do trabalhador, além de expandir os serviços para outras
regiões além do Rio de Janeiro e criar a primeira escola de Enfermagem Anna Nery.
Essas mudanças inovaram, pois o modelo inicial de Oswaldo Cruz era puramente fiscal
e policial, além de centralizador, pois uma minoria recebia a devida assistência
necessária (MADRIGAL,2017).
2- A Lei Eloy Chaves foi um marco pois hoje é considerada como a percursora dos
direitos previdenciários, ou seja, da Previdência Social como conhecemos nos dias
atuais.

Naquela época foi implementada uma lei federal no setor privado que obrigou a cada
companhia ferroviária a criação de uma caixa de aposentadorias e pensões, as chamadas
CAPs, que passaram a recolher fundos de patrões e trabalhadores, alíquotas para o
pagamento futuro.

Para que pudesse receber, os empregados deveriam ter no mínimo 50 anos de idade e 30
anos de contribuição, dentro do setor ferroviário. Essa lei devemos nos atentar, veio
somente após muitas paralisações e greves dos ferroviários durante anos a fio, o que levou
a sua criação; Apesar disso no início muitas empresas burlaram as regras ou simplesmente
gastavam os valores arrecadados, mas após a fala do presidente na época em favor dessa
lei, ela foi finalmente cumprida e passou a ser aprimorada por exemplo com a ampliação
dos setores que passaram a ofertar as CAPs, como os setores da aviação, o setor
marítimo e s portuários (WESTIN, 2019).
3- Enquanto as CAPs foram criadas em 1923, os Institutos de Aposentadoria e Pensões
(IAps) teve seu início em 1933, e a principal diferença entre elas é que enquanto as
CAPs cuidam das aposentadorias de uma única empresa, as IAps beneficiam uma
categoria profissional inteira, como os bancários, comerciários e os pertencentes ao
setor industrial nacionalmente.
Somente na década de 60 houve uma unificação das CAPs e das IAps o que acabou
incluindo um valor máximo das contribuições e dos benefícios percebidos pelos
trabalhadores (WESTIN, 2019).
4- Em 1966 com a unificação das CAPs e das IAps foi criado o INPS ( Instituto Nacional
da Previdência Social), que nada mais é que a junção das duas formas de garantia de
previdência (WESTIN,2019). Em 1990 o INPS se fundiu ao Instituto de Administração
Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS) o que formula o Instituto
Nacional de Seguridade Social, dessa forma a assistência passou a ter caráter
assistencial e redistributivo, porém limitado aos trabalhadores com carteira assinada e
seus dependentes.
O Instituto de Assistência Médica da Previdência (INAMPS) tinha como
responsabilidade a prestação de assistência a Saúde de seus associados, o que
justificou a criação de unidades ambulatoriais e hospitalares, além da contratação de
serviços privados nos centros urbanos que eram onde a maioria de seus associados
estava localizada (SOUZA, 2003).
5- A década de 80 trouxe ao contexto diversas mudanças no âmbito social por meio da
retomada da reivindicação dos direitos e o fim do regime ditatorial, o direito a saúde
torna-se então protagonista; Em 1982, foi implementado o programa de Ações
Integradas da Saúde conhecido como PAIS, nele houve uma ênfase a atenção
primária, tendo a rede ambulatorial como a porta de entrada para os serviços de saúde.
Temos portanto aqui o que poderíamos chamar de primórdio do nosso já conhecido
SUS, pois foi com o fim da Ditadura que surgiu o movimento da reforma Sanitária
Brasileira que colocou a Saúde como protagonista do processo (SOUSA, 2014).

6- O movimento de consolidação dos direitos universais de saúde, da concepção


ampliada do conceito em saúde, teve início com a reforma sanitária realizada o Brasil
durante o período de redemocratização que teve como lema o tema: “Saúde e
Democracia”, esse movimento se tornou um ato contínuo, isso culminou em 1986 na 8
Conferência Nacional de Saúde na qual foi discutido pela primeira vez no Brasil a
criação de um Sistema Único de Saúde, com a participação de mais de 5 mil
representantes e que se tornou realidade na Assembleia Nacional Constituinte de
1988, foi portanto na promulgação da Constituição Federal de 1988 que os princípios
do SUS foram estabelecidos, expressos nos artigos 196 a 200, são eles: a
universalidade, a integralidade e a equidade de acesso aos serviços. Em especial o
artigo 196 nos traz a saúde como dever do Estado e Direito de todos os cidadãos
independente de nacionalidade ou contribuição.

Nesse mesmo momento se prevê a ampliação do sentido de saúde em que se deve


mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doenças e
outros agravos e a ampliação dos serviços para a promoção, proteção e recuperação,
tornando o significado de saúde algo além do estado de ausência de doenças
(SOUSA,2014).
7- Os Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS) foram criados em 1987,
como produto inicial da 8 Conferência Nacional de Saúde e já possuía como diretrizes:
a descentralização das ações de saúde, a integralidade dos cuidados assistenciais, a
equidade no acesso aos serviços de saúde, a universalização da saúde e a
implantação dos distritos sanitários (GIOVANELLA, 2009).
8- A Implantação do SUS dá-se início em 1990, com a promulgação da lei 8080, que é a
Lei Orgânica da Saúde, que dispões sobre as condições em que se dará a proteção, a
prevenção e a recuperação da saúde nos serviços de assistência, além de tratar sobre
a organização e o funcionamento dos serviços em saúde correspondentes além de
tomar outras providências, por exemplo a 8080 traz a definição em si dos deveres de
cada ente federado, porém, o centro da gestão será sempre o Ministério da Saúde;
Consonante a essa lei, temos a lei 8142, que complementa a 8080 da seguinte
maneira, trazendo a participação da comunidade como requisito essencial para a
gestão do SUS, criando assim os Conselhos e Conferências de Saúde em todas as
esferas de governo para controle social, além de normatizar sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros com vistas a manutenção dos serviços de
saúde ( SOUSA,2014).
9- Os desafios do SUS são inúmeros, seja pela questão territorial de nosso país, seja pela
distribuição dos recursos disponíveis, seja pelo acesso, ou até mesmo pelas
peculiaridades de nossa população; A consolidação desse modelo de assistência á
algo em que ainda levaremos tempo e muito esforço coletivo, principalmente se
quisermos manter e aprimorar esse modelo de Atenção á Saúde Familiar.
Necessitamos romper com as diversas barreiras culturais e de organização do modelo
assistencial hospitalocêntrico e privatista; Articular a atenção nos diversos níveis e
focar nas chamadas ESF (estratégia saúde da família) como porta referência para os
indivíduos; Precisamos de ampliação constante dos serviços de dos recursos
aplicados, necessitamos de pesquisas constantes, de um programa nacional de
capacitação permanente do nosso contingente de profissionais em saúde que
realmente alcance a todos os envolvidos e obviamente a luta continua pela Reforma
Sanitária e em Defesa do SUS em nosso país.
10- Os Pactos Pela Vida, em defesa do SUS e de gestão advêm do ano de 2006 durante
uma conferência da comissão Intergestores Tripartite em Saúde; No Pacto pela Vida
temos as propostas pela saúde da pessoa Idosa (a partir de 60 anos); o ênfase na
atenção primária a saúde com atenção prioritária aos ESF (estratégia saúde da família
e a qualificação dos profissionais da atenção básica); o controle do câncer de colo e
uterino com cobertura de ao menos 80% para os exames de preventivo, e ampliação
dos exames de mamografia para 60% da população, a redução da mortalidade
materna e infantil, por meio da redução da mortalidade neonatal em 5%, redução dos
óbitos em 20% por pneumonia e 50% em doença diarréica e a criação dos comitês de
óbito em municípios com 80 mil habitantes ou mais; promoção da saúde com foco na
atividade física e alimentação saudável e o fortalecimento de respostas ás doenças
emergentes como hanseníase (eliminando a doença), dengue (reduzindo a infestação),
tuberculose( controlando a doença e atingindo 85% de cura nos casos novos), malária
(reduzindo em 15% a incidência anual) e influenza( implantando o plano de
contingência e o sistema de informação) (BRASIL, 2006).
Isso tudo foi admitido como um compromisso entre os gestores do SUS em torno
dessas seis prioridades elencadas como de extremo impacto na saúde da população.
O Pacto em Defesa do SUS foi a busca pela repolitização da saúde por meio da
reforma sanitária dentro dos novos desafios do SUS, a promoção da cidadania como
estratégia social tendo a saúde como direito de todos, e a garantia de financiamento
das ações de acordo com a necessidade do Sistema (BRASIL,2006).
E no Pacto de Gestão temos o estabelecimento de diretrizes para a gestão do sistema
nos seguintes aspectos: Descentralização dos recursos de decisões, Regionalização
das ações e serviços de saúde, Financiamento, Planejamento, Programação Pactuada
e Integrada, Regulação, Participação e Controle Social, Gestão do Trabalho e
Educação na Saúde (BRASIL,2006).
Todas essas ações definidas pelos pactos pautados possuem a intenção principal de
fortalecer o SUS e de torná-lo realmente universal, com igualdade de acesso e integral
em sua assistência prestada. Vemos ainda que apesar dessas ações terem sido
definidas como foco em 2006, até hoje alguns objetivos elencados ainda aguardam
pela total efetivação como por um exemplo simples, a erradicação da hanseníase em
nosso território entre outros objetivos, portanto os pactos continuam atuais e com
necessidade de atenção de atenção prioritária.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à


Descentralização.
Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Descentralizada.
Diretrizes operacionais dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão /
Ministério da Saúde,
Secretaria Executiva, Departamento de Apoio à Descentralização. Coordenação-Geral
de Apoio à
Gestão Descentralizada. – Brasília:2006
76 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

GIOVANELLA, Lígia (org.)


Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. 2. ed. rev. e amp. / organizado por Lígia
Giovanella, Sarah
Escorel, Lenaura de Vasconcelos Costa Lobato et al.Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ,
2012.1100 p. il., tab., graf.ISBN: 978-85-7541-417-0

MADRIGAL, Gabriel Alexis. “As Políticas Públicas de Saúde no Brasil”.2017.


Pesquisado em:< https://www.jusbrasil.com.br/artigos/as-politicas-publicas-de-saude-
no-brasil/453983097>
Data do acesso: 02/12/2023

SOUSA, Maria Fátima de. “A Reforma Sanitária Brasileira e o Sistema único de


Saúde”. // Tempus, actas de saúde colet, Brasília, 8(1), 11-16, mar, 2014.// 11
Disponível em:
https://www.tempusactas.unb.br/index.php/tempus/article/view/1448/1291
Data do acesso: 02/12/2023

SOUZA, R. R. O sistema público de saúde brasileiro. “SEMINÁRIO


INTERNACIONAL – TENDÊNCIAS E DESAFIOS DOS SISTEMAS DE
SAÚDE NAS AMÉRICAS”, ago. 2002, São Paulo Brasília:
Ministério da Saúde, 2003.
Disponível em:
<http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/03_0149_M.pdf>.
Data do acesso : 02/12/2023

WESTIN, Ricardo. “Primeira lei da Previdência, de 1923, permitia aposentadoria


aos 50 anos”, edição 57,publicado em 03/06/2019.
Pesquisado em: https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/primeira-lei-
da-previdencia-de-1923-permitia-aposentadoria-aos-50-anos
Data do acesso: 02/12/2023

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