LINHA DO TEMPO DA HISTÓRIA DA POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL
[AUSÊNCIA DE POLÍTICA ASSISTENCIAL VOLTADA À SAÚDE POR PARTE DO
ESTADO]
• 1923 - Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP’s).
De acordo com Westin (2019), devido a sucessivas greves dos
trabalhadores do setor ferroviário privado, foi criada a Lei Eloy Chaves, considerada a origem da previdência social, que obrigava as companhias ferroviárias do Brasil a criarem uma caixa de aposentadoria e pensão. O valor do benefício concedido seria um pouco menor do que a média dos últimos salários recebidos e o empregado precisaria de, no mínimo, 50 anos de idade e 30 anos de serviço no setor para estar apto a usufruir da quantia. • 1933 - Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP’s) por categoria profissional.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (2020), em julho de 1933 foi criado o
Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marinheiros (IAPM), seguido dos IAP de outras categorias, como a dos comerciários (IAPC), dos bancários (IAPB), dos industriários (IAPI) e em 1938 foi criado o Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado (IPASE). Diferentemente dos CAP’s, os institutos possuíam a interferência direta do governo, visto que quem nomeava o presidente dos mesmos era o próprio presidente da república.
• 1953: - Criação do Ministério da Saúde.
Segundo Bertolli Filho (2005), “Em maio de 1953, já no segundo período
presidencial de Getúlio Vargas, foi criado o Ministério da Saúde – resultado de sete anos de debates”. Apesar da criação da pasta, a verba destinada foi insuficiente para melhorar de fato as condições da saúde pública no país.
• 1966: - Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
No intuito de unificar todos os órgãos previdenciários existentes na época,
o governo criou o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que ficou subordinado ao Ministério do Trabalho e comandado por representantes vinculados ao regime militar (BERTOLLI FILHO, 2005, p. 54). Dessa forma, o INPS estava incumbido de tratar dos doentes individualmente, enquanto que o Ministério da Saúde se encarregaria de criar e executar programas sanitários para assistir à população na presença de epidemias.
• 1977 – 6ª Conferência Nacional da Saúde e interiorização dos serviços de
saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde (2011), em 1977 tivemos a 6ª
Conferência Nacional de Saúde, importante para as discussões acerca do controle das grandes endemias e para a interiorização dos serviços de saúde. Segundo a assessoria de comunicação da Fundação Nacional de Saúde (2017), no ano de 1977 os fatos mais marcantes relacionados a saúde no Brasil foram: a aprovação do modelo da Caderneta de Vacinação (Portaria GM/MS nº 85, de 4/4/1977); a ocorrência dos últimos casos de varíola registrados no mundo; a publicação do Manual de Vigilância Epidemiológica e Imunizações Normas e Instruções; a instituição do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (Portaria GM/MS nº 280, de 21/7/1977); a aprovação da meta de imunizar todas as crianças no mundo até 1990, pela Organização Mundial de Saúde (OMS); a definição das vacinas obrigatórias para os menores de um ano, em todo território nacional (Portaria Ministerial nº 452, de 1977).
•1986 - 8ª Conferência Nacional de Saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde (2011), a 8ª Conferência Nacional
de Saúde pode ser considerada como um marco da reforma sanitária, da reformulação do sistema de saúde nacional e financiamento do setor, firmando as bases para a criação do Sistema Único de Saúde.
•1988 – A Constituição Brasileira de 1988 e a Criação do SUS.
Com a Constituição Federal de 1988, estava definido que a saúde
passava a ser um direito de todos e um dever do Estado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). De acordo com Bertolli Filho (2005), o SUS era incumbido de organizar as ações do Ministério da Saúde, do Inamps e dos serviços de saúde dos estados e municípios.
•1990 – Regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os serviços, o financiamento e a participação da sociedade civil
referentes ao SUS foram regulamentados em 1990 através da Lei Federal 8.080/90 e da Lei 8.142/90, as chamadas leis orgânicas de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
• 1991 – Implantação do Programa de Agentes Comunitários da Saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde (2013), o Programa de Agentes Comunitários da Saúde (PACS) foi oficialmente implantado em 1991 após iniciativas em diversas áreas do Nordeste, e posteriormente de outros regiões, com o objetivo de levantar novas possibilidades para promover um aumento da saúde nas comunidades dessas localidades. Dessa forma, o programa permitiu a estruturação da rede de atenção básica em saúde e provocou o surgimento da profissão de Agente Comunitário de Saúde (ACS), que tanto é um membro da equipe de saúde como da comunidade, sendo responsável por intermediar a comunicação entre o governo e a população.
•1993 – Extinção do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social (Inamps).
Através da Lei nº 8.689 de 27 de julho de 1993, ficou estabelecida a
extinção do Inamps, tendo como consequência a descentralização e municipalização dos serviços de saúde, como mostra o trecho do documento a seguir: “as funções, competências, atividades e atribuições do Inamps serão absorvidas pelas instâncias federal, estadual e municipal gestoras do Sistema Único de Saúde” BRASIL (1993).
• 1994 – Estruturação da Saúde da Família através da implantação do
Programa Saúde da Família (PSF).
Com a implantação do PACS, começou-se a estruturar a rede de atenção
básica de saúde em comunidades, e no final do ano de 1993, houve outro marco importante nesse sentido, que foi a criação do Programa Saúde da Família (PSF). O programa recebeu aprovação técnica no Ministério da Saúde em reunião nos dias 27 e 28 de dezembro de 1993, mas só em 1994 foi viabilizada a forma de financiamento do programa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). O PSF tem como o objetivo geral “contribuir para a reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, em conformidade com os princípios do Sistema Único de Saúde”, além de humanizar as práticas de saúde através do estreitamento das relações entre profissionais da saúde e população e estimular a organização da comunidade, facilitando à comunicação com a administração pública para a solução de problemas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1997).
• 1996 – Acesso e distribuição de medicamentos aos portadores de HIV/Aids e
redefinição do modelo de gestão do SUS que disciplina as relações entre União, estados, municípios e Distrito Federal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
A redefinição do modelo de gestão do SUS ocorreu através da Portaria nº
2.203, de 5 de novembro de 1996, que aprovou a Norma Operacional Básica (NOB 1/96) que empreende a “redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e da União, avançando na consolidação dos princípios do SUS” (BRASIL, 1996).
• 2006 – Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão estabelecidos pelos
gestores das esferas federal, estadual e municipal, com objetivos e metas compartilhadas e criação da política de Saúde da Pessoa Idosa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
A partir do documento das Diretrizes, tem-se diversas mudanças
importantes quanto à execução do SUS, entre elas: a substituição do atual processo de habilitação pela adesão solidária aos Termos de Compromisso de Gestão; a Regionalização solidária e cooperativa como eixo estruturante do processo de Descentralização; a Integração das várias formas de repasse dos recursos federais; e a Unificação dos vários pactos hoje existentes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). A Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006 aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa com o objetivo de “recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde” (BRASIL, 2006).
• 2011 - Decreto 7.508 e PNAB
O Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011 regulamenta a Lei nº 8.080
de 19 de setembro de 1990 que dispõe sobre “a organização do SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências” (BRASIL, 2011a). A Portaria nº 2.488 de 21 de outubro de 2011 é responsável por aprovar a Política Nacional de Atenção Básica e estabelecer a revisão de diretrizes e normas para a organização de Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), (BRASIL, 2011b).
REFERÊNCIAS
BERTOLLI FILHO, Cláudio. História da Saúde Pública no Brasil. 4 ed. São Paulo: Editora Ática, 2005.
BRASIL. Lei nº 8.689 de 27 de julho de 1993. Dispõe sobre a extinção do Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) e dá outras providências. Casa Civil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8689.htm> Acesso em: 03 de mai. 2020.
______. Portaria nº 2.203 de 5 de novembro de 1996. Ministério da Saúde.
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1996/prt2203_05_11_1996.html>. Acesso em: 05 de mai. 2020.
______. Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006. aprova a Política Nacional de
Saúde da Pessoa Idosa. Ministério da Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt2528_19_10_2006.html>. Acesso em: 03 de mai. 2020.
______. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011a. Casa Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7508.htm>. Acesso em: 03 de mai. 2020.
______. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011b. Aprova a Política nacional de
Atenção básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da atenção básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Ministério da saúde. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>. Acesso em: 03 de mai. 2020.
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. A Era Vargas: dos anos 20 a 1925. Centro de
Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. 2020. Disponível em: <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/PoliticaSocial/ IAP>. Acesso em: 01 de mai. 2020.
FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE. Cronologia Histórica da Saúde Pública.
2017. Disponível em: <http://www.funasa.gov.br/cronologia-historica-da-saude- publica>. Acesso em: 01 de mai 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agente comunitário de Saúde. 2013. Disponível em: <
https://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/saude-da-familia/agente-comunitario- de-saude>. Acesso em: 03 de mai. 2020.
______. Diretrizes operacionais dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de
______. Memórias da saúde da família no Brasil. 2010. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/memorias_saude_familia_brasil.pdf>. Acesso em: 03 de mai. 2020.
______. Saúde da família: uma estratégia para a reorientação do modelo
assistencial. 1997. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_16.pdf>. Acesso em: 03 de mai. 2020. ______. SUS: a saúde do Brasil. 3 ed. Brasília: Editora MS, 2011. Disponível em: < https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_saude_brasil_3ed.pdf >. Acesso em: 01 de mai. 2020.
WESTIN, Ricardo. Primeira lei da Previdência, de 1923, permitia aposentadoria
aos 50 anos. Agência senado. 2019. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/primeira-lei-da- previdencia-de-1923-permitia-aposentadoria-aos-50-anos>. Acesso em: 19 de mar. 2020.