Você está na página 1de 4

Consagrado na Constituição Federal Brasileira de 1988, o SUS foi instituído para

garantir a obrigação do Estado de prover saúde a todos os seus cidadãos. Nas décadas de
1970 e 1980, vários defensores da saúde se uniram para estabelecer um sistema público que
pudesse atender às necessidades da população e proteger seu direito universal à saúde.
Durante o período 1989/90, duas leis vitais foram elaboradas: a Lei 8.080 e a Lei
8.142. Elas são conhecidas coletivamente como Lei Orgânica da Saúde e estabelecem as
diretrizes para a promoção, proteção e reabilitação da saúde pública. Esta lei também rege a
organização e funcionamento dos serviços de saúde e regula o capítulo da saúde na
Constituição.
A Lei Orgânica da Saúde, sancionada pelo Congresso Nacional em 1990, estabeleceu
os princípios do sistema de saúde brasileiro, que permanecem até hoje. A lei garantiu o
direito à saúde gratuita e universal a todos os brasileiros, e o SUS atende de bom grado a
todos que procuram suas unidades de saúde, bem como aqueles que necessitam de assistência
médica urgente.
A intensa pressão dos defensores da saúde, liderada pelo Plenário Nacional de Saúde,
estimulou os líderes do Congresso e do Governo a chegarem a um acordo. Assim, nasceu a
Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990, rejuvenescendo o impulso de regulamentar a
participação (afirmando o caráter deliberativo dos Conselhos e Conferências) e as
transferências intergovernamentais das finanças da saúde (via Fundo Nacional de Saúde,
transferências automáticas e condições para os estados e municípios para acessar recursos
federais: conselho de saúde, planos de saúde, relatórios de gestão, fundos de contrapartida e
planos de cargos/salários).
Em 1991, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS) para reduzir as mortes infantis e maternas nas regiões menos favorecidas do
Norte e Nordeste. Ao expandir os serviços de saúde, o programa visava as áreas mais pobres.
Com base na implementação bem-sucedida do PACS no Ceará, o Ministério da Saúde
reconheceu sua importância. Os agentes da rede municipal de saúde passaram a focar a
família como um todo, e não apenas os indivíduos, ao introduzir o conceito de cobertura
familiar. Isso marcou o início do Programa de Saúde da Família, pensado para ser uma
iniciativa programática de saúde.
Em dezembro de 1993, o Gabinete do Ministro da Saúde Henrique Santillo organizou
uma conferência em Brasília, DF para tratar do tema "Saúde da Família". Apoiado pelo
UNICEF, o encontro teve como objetivo propor uma nova abordagem para os agentes
comunitários, a partir do sucesso do PACS. Para evitar o isolamento, novos profissionais
deveriam ser incluídos na equipe. Essa iniciativa foi implementada pela primeira vez no
Ceará, onde as enfermeiras começaram a supervisionar o trabalho do agente comunitário,
abrindo caminho para a incorporação de outros profissionais.
Em 1993, o Sistema de Informações do PNI passou por uma reestruturação com
formulários padronizados. Isso levou à criação de Centros de Referência para
Imunobiológicos Especiais (CRIE) no Ceará, São Paulo, Paraná e Distrito Federal. O
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), a Sociedade Brasileira de Pediatria SBP, o Grupo de Defesa
dos Direitos da Criança, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), o Conselho Pan-
Americano de Saúde Organização OPAS e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
publicaram e distribuíram A Criança, a Vacina e o Município. O documento destacou a
prioridade político-institucional da descentralização das ações e serviços de saúde da
Fundação Nacional de Saúde (FNS), conforme disposto na Portaria FNS nº 1.883 de
16/12/1993.
Já em 1994, foi sancionado o Regimento Interno dos órgãos que constituem a
Estrutura Regimental da Fundação Nacional de Saúde (Portaria GM/MS nº 1.835, de
11/01/1994). O Brasil obteve com sucesso o Certificado Internacional de Erradicação da
Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem. Com isso, o PNI passou a ter a
responsabilidade de administrar a vacinação contra a febre amarela. A implementação do
CRIE pode ser observada em várias regiões do Brasil, incluindo Mato Grosso do Sul, Santa
Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pará. O Guia Nacional de Vigilância Epidemiológica
passará por uma ampla revisão, com planos de atualização e expansão.
Já nos anos de 1995 e 1996, a estrutura regimental da Fundação Nacional de Saúde
obteve a aprovação dos códigos de suas unidades orgânicas, conforme publicado no Boletim
de Atendimento do MS nº 7, de 17/02/1995, p. 3º (conforme Portaria GM/MS nº 163, de
15/02/1995). O período também marcou a implantação do Subsistema de Controle e
Distribuição de Inventário de Imunobiológicos (EDI) e o início do Projeto de Redução da
Mortalidade Infantil (Prmi) do Programa Comunidade Solidária. As metas do PNI foram
integradas às atividades relevantes do setor saúde, sob a tutela da Presidência da República.
Além disso, a campanha nacional de imunização contra a hepatite B envolveu escolares e
dentistas, estes últimos em parceria com o Conselho Nacional de Odontologia. Além disso, o
CRIE foi implantado em mais três unidades federativas, a saber: Bahia, Espírito Santo e
Pernambuco.
Em 1998, a Secretaria de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde assumiu a
coordenação das ações de promoção, proteção e recuperação da saúde vinculadas à
pneumologia. O repasse partiu da Fundação Nacional de Saúde, tendo o Centro de Referência
Professor Hélio Fraga (CRPHF), no Rio de Janeiro, como órgão técnico e administrativo
dessas ações. Pela regulamentação da NOB/96, a responsabilidade primária pelos serviços de
vacinação em suas jurisdições era dos municípios, condicionada ao cumprimento dos
requisitos de Gestão Plena do Sistema Municipal e Gestão Plena da Atenção Básica.
Em 1999, o Ministério da Saúde formalizou a distribuição de suas competências para o
Sistema Nacional de Informações em Saúde. O FNS/Cenepi foi nomeado gestor do sistema,
supervisionando o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações
sobre Nascidos Vivos (Sinasc), Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação (Sinan)
e Sistema API de Avaliação do Programa de Imunizações. Além disso, o Centro Nacional de
Epidemiologia integrou atividades de vigilância epidemiológica em suas operações.
O objetivo final da Funasa, criada em 2000, é prestar serviços de alto nível para a
proteção da saúde pública por meio de ações holísticas de educação em saúde, prevenção e
controle de doenças e gerenciamento de lesões. Além disso, a agência está empenhada em
fornecer atendimento integral aos povos indígenas, melhorando assim a qualidade de vida
geral da população.
Em 2001, foi aprovada a Norma Operacional de Atenção à Saúde (NOAS-SUS
1/2001). Isso aumentou a responsabilidade dos municípios na atenção básica, definiu o
processo de regionalização da assistência e estabeleceu mecanismos para fortalecer a
capacidade de gestão do SUS. Adicionalmente, os critérios de qualificação para estados e
municípios foram atualizados por meio da Portaria GM/MS nº 95 de 26/01/2001. O Comitê
Gestor da Implantação do Cartão Nacional de Saúde foi instituído no âmbito do Ministério da
Saúde para assegurar a articulação entre as diversas áreas do Ministério e as
interfaces/responsabilidades no projeto, com um representante da Funasa.
Em 2002, foi implantado no âmbito do SUS o Programa Nacional de Prevenção e
Controle das Hepatites Virais, a ser administrado pelas três instâncias de gestão. A cada nível
foram atribuídas responsabilidades e atribuições específicas relativas à implementação e
supervisão do programa, incluindo a definição dos níveis de atendimento. A coordenação do
Sistema Epidemiológico das Hepatites Virais ficou a cargo da Funasa, e foram empregados
imunobiológicos para prevenir as hepatites virais. Além disso, medidas adicionais foram
implementadas.
Em 2003, foi instituído o Prêmio de Incentivo à Ciência e Tecnologia do Sistema
Único de Saúde (SUS). Este prêmio teve como objetivo promover pesquisas científicas e
tecnológicas que atendessem às necessidades do SUS, reconhecer e premiar pesquisadores por
sua contribuição à pesquisa fundamental e aplicada com potencial promissor para o SUS e
divulgar os resultados de pesquisas selecionadas no âmbito nacional e internacional. Um
representante da Funasa teve papel fundamental nessa iniciativa.
O ano de 2006 marcou o início de uma nova missão: iniciar medidas de saneamento
ambiental em todos os municípios do Brasil, proporcionando atendimento de saúde inclusivo
e holístico às populações indígenas. O objetivo era alcançar a saúde pública e a inclusão
social, seguindo padrões de gestão de alto nível, alinhados ao SUS e aos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio.
Em 2007 ficou marcado pela implementação de diretrizes e critérios técnicos para
priorizar as obras de saneamento básico em regiões urbanas e áreas indígenas. Essas normas
devem ser consideradas na elaboração dos planos das Coordenações Regionais e Distritos
Sanitários Especiais Indígenas.
A Funasa representou o Subgrupo de internalização e implementação do Protocolo de
Cartagena sobre Biossegurança no setor saúde em 2009, como parte do Grupo de Trabalho de
Assuntos Internacionais em Saúde e Meio Ambiente.
Já no ano de 2010, a função da Funasa passou por uma transformação, tornando-se
uma entidade de saúde responsável por zelar pela saúde pública por meio da criação e
implementação de medidas sanitárias para prevenção e controle de doenças. Também
formula e executa ações de promoção e proteção à saúde, em consonância com as diretrizes
do Subsistema Nacional de Vigilância Sanitária Ambiental.
Em 2011, foi constituído um Grupo de Trabalho para acompanhar a transferência de
bens permanentes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para o Ministério da Saúde. O
objetivo do grupo era coordenar a transferência de bens móveis, imóveis, imateriais, acervos
documentais e equipamentos destinados à proteção, promoção e recuperação da saúde das
populações indígenas, incluindo ações de saneamento ambiental em terras indígenas.
As políticas de saúde públicas tiveram aumento no fomento a partir de 2003 até os
dias atuais, com destaque, a implantação do SAMU, destinado a prestar atendimento pré-
hospitalar de emergência em todo o território nacional. O objetivo principal do plano era
melhorar o atendimento de emergência médica e melhorar o acesso a serviços de qualidade
nas áreas clínica, pediátrica, cirúrgica, traumatológica, ginecológica-obstétrica e de saúde
mental. Com cada SAMU dotado de central de regulação médica, equipe de especialistas e
ambulâncias de suporte básico ou intensivo, a cobertura pode ser municipal ou regional.
Enquanto o governo federal lida com questões regulatórias, ele também financia os centros, a
aquisição de ambulâncias e alguns serviços de manutenção em todo o país.
Já a partir de 2006, o programa passou por uma expansão significativa. Este foi
marcado pelo credenciamento de farmácias privadas na rede varejista em todo o país. O ritmo
de crescimento desta vertente do programa foi mais rápido do que a anterior, com mais de
6.000 estabelecimentos em 2008. A expansão desta rede teve profundas implicações na
cobertura nacional do programa e na assistência farmacêutica.
Nos dias atuais, há a atenção integral à saúde é um direito básico de todos, sem
qualquer forma de discriminação no sistema público de saúde. Este sistema descentralizado e
participativo é fortalecido por 100.000 conselheiros de saúde e cobre todas as fases da vida,
desde a gravidez até a reabilitação. Ele se concentra na promoção, proteção e restauração da
saúde.
A importância do SUS foi evidenciado no período pandêmico, a qual houve uma
superlotação e utilização de recursos de forma descentralizada, com a criação de inúmeros
leitos de UTI, bem como a criação de hospitais de campanha, o que fortaleceu a relevância
dos inúmeros anos de luta, o que proporcionou maior qualidade de vida e atende mais de 150
milhões de pessoas.

Você também pode gostar