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Janete Arcari
Programa Saúde da Família
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A Atenção Básica é conhecida como a porta de entrada dos usuários
nos sistemas de saúde e tem por objetivo orientar sobre a promoção,
prevenção de doenças e tratamento de agravos e direcionar os mais graves
para níveis de atendimento superiores em complexidade. O Programa de
Saúde da Família (PSF) foi instituído para a organização e o fortalecimento
da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde (SUS). A implantação do
PSF, começou em 1994 no nordeste do Brasil, nas cidades de Sobral e
Quixadá, no Ceará, e foi precedido pelo Programa Nacional de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS).
Em 2006, o PSF deixa de ser um programa e habilita-se a Estratégia da
Saúde da Família (ESF). Neste capítulo, abordaremos aspectos conceituais
e normativos do PACS e do PSF, além de aspectos práticos, como território
de abrangência, estrutura, composição e processo de trabalho.
PACS
Em 1987 o PACS teve início Ceará, em princípio como frente de trabalho em
situação crítica de seca. O sucesso provocado pelo trabalho realizado casa a
casa pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) fez com que, em 1991, o
Ministério da Saúde desse início ao Plano Nacional de Agentes Comunitários
de Saúde, obtendo impactos importantes na redução da mortalidade infantil,
no aumento do aleitamento materno exclusivo, no aumento da cobertura
vacinal em crianças e gestantes e na queda das doenças infectocontagiosas
de maneira geral.
Dadas as suas competências, o PACS teve um impacto positivo sobre os
indicadores de saúde, principalmente aqueles mais associados às famílias
carentes. A partir daí começa o enfoque na família como unidade de ação de
saúde, e não mais o indivíduo, além da introdução da noção de área de cobertura
por família. (MAGALHÃES, COELLHO, 2011; VIANA; DAL POZ, 2005).
A implantação do PSF começou em 1994 no nordeste do Brasil, nas ci-
dades de Sobral e Quixadá, no Ceará, e foi precedido pelo PACS, em 1991,
cuja experiência trouxe os ACS para compor as equipes de saúde da família,
provocando mudança significativa no processo de trabalho em saúde. Os ACS
eram escolhidos na própria comunidade onde viviam; deles, exigindo-se algum
grau de liderança e apenas saber ler e escrever.
Devido aos bons resultados atingidos com a implantação do PACS no estado
do Ceará, em 1988 a iniciativa se transformou em programa permanente e,
em meados de 1994, o Ministério da Saúde criou o PSF como proposta de
política pública com a finalidade de reestruturar as ações em saúde da APS
no Brasil (SOUSA, 2008).
A partir da experiência realizada no estado do Ceará com o Programa
de Agentes Comunitários, o Ministério da Saúde teve a percepção de que os
agentes poderiam também ser peça importante para a organização do serviço
básico de saúde nos municípios.
Na verdade, o ministério institucionalizou, nesse momento, as experi-
ências de práticas em saúde com agentes comunitários, que já vinham se
desenvolvendo de forma focalizada em diversas regiões do País, como nos
estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará, constituindo-se como uma
política de Estado.
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PSF
No final de dezembro de 1993, em Brasília/DF, ocorreu uma reunião sobre o
tema “Saúde da Família”, que discutiu uma nova proposta a partir do êxito do
PACS e da necessidade de agregar novos profissionais ao programa, a fim de
que os agentes comunitários não funcionassem isoladamente. A supervisão
do enfermeiro na experiência realizada no Ceará serviu de motivação para a
discussão de incorporação de novos profissionais.
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O território no PSF
A adscrição do território é um dos pressupostos básicos do trabalho do PSF.
Essa tarefa implica em pelo menos três fatores diferentes e complementares:
Figura 1. Mapeamento da área de atuação: trabalhar com mapas é uma forma de retratar e
aumentar o conhecimento sobre a comunidade. Nele deve constar o retrato do que existe
na comunidade: ruas, casas, escolas, serviços de saúde, pontes, córregos e outros pontos
que a equipe julgar importantes. A comunidade pode ajudar a construir o mapa. A equipe
de saúde deve ter sempre atualizado o mapa que retrata o território, onde acontecem as
mudanças constantemente; ele é dinâmico e deve estar sempre atualizado.
Entende-se por microárea de risco aqueles espaços dentro de um território que apre-
sentam condições mais favoráveis ao aparecimento de doenças e acidentes, como
áreas mais propensas à inundação ou próximas a encostas, áreas com esgoto a céu
aberto e sem água tratada e áreas com maior incidência de crimes e acidentes.
Leituras recomendadas
ALVES, V. S. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família:
pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface: Co-
municação, saúde, educação, v. 9, n. 16, p. 39-52, 2005.
GUEDES, J. da S.; SANTOS, R. M. B. dos; DI LORENZO, R. A. V. A implantação do Programa
de Saúde da Família (PSF) no Estado de São Paulo (1995-2002). Saúde e Sociedade, v.
20, n. 4, p. 875-883, 2011.
KILSZTAJN, S. Programa de saúde da família. Revista da Associação Médica Brasileira,
v. 47, n. 4, p. 285-286, 2001.
MENDES, E. V. Distritos Sanitários: processo social de mudanças nas práticas sanitárias
para o sistema único de saúde. São Paulo: Hucitec; Abrasco, 1993.
TEIXEIRA, C. F.; PAIM, J. S.; VILASBÔAS, AL. SUS, modelos assistenciais e Vigilância da
Saúde. In: ROZENFELD, S. (Org.). Fundamentos da Vigilância Sanitária. Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2000. p. 49-60.