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Joana é médica da UBS Vila Esperança há 11 anos. Há pouco mais de três anos o município
adotou a Estratégia Saúde da Família (ESF) como modelo de atenção nas UBS. Joana passou
atuar como médica na equipe Saúde da Família, juntamente com outros profissionais de
saúde, todos com funções bem definidas. Há um mês foi implantado o Núcleo de Apoio à
Saúde da Família – AB (NASF-AB) na UBS. Na primeira reunião dos profissionais do NASF com a
equipe Saúde da Família, Dra. Joana manifestou preocupação e otimismo, visto que desde que
foi implantada a ESF seu trabalho se ampliou muito e ela quase não dá conta das atividades e
da demanda da equipe, mas acredita que poderá aprimorar os serviços prestados até então e
estimular o trabalho em equipe multiprofissional e o matriciamento em saúde.
PERGUNTAS/HIPÓTESES:
1) O que é ESF?
É uma estratégia que foca mais na atenção primária, na família e na
comunidade.
2) Como é composta a equipe da saúde da família?
Mínimo de um médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, dentista,
auxiliar de saúde bucal e agente comunitário de saúde.
3) O que é o NASF? Qual a sua composição?
São equipes multiprofissional que complementam as equipes da Estratégia
da Saúde da Família.
Exemplos: Psicólogos, farmacêuticos, nutricionista, fisioterapeuta, assistente
social, educador físico etc.
4) O que é e qual a importância do trabalho multiprofissional?
A importância do trabalho multiprofissional é uma maneira de por em
prática a integralidade do SUS, com múltiplos profissionais que trabalham
em conjunto.
5) O que é o matriciamento em saúde?
É a organização de profissionais da atenção básica que age de forma
compartilhada e integrada com foco nas necessidades dos usuários.
OBJETIVOS:
Cada equipe de Saúde da Família (ESF) deve ser responsável por, no máximo, 4.000
pessoas, sendo a média recomendada de 3.000 pessoas, respeitando critérios de
equidade para essa definição. Recomenda-se que o número de pessoas por equipe
considere o grau de vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo que,
quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de
pessoas por equipe.
As atribuições dos profissionais das equipes de atenção básica devem seguir as
referidas disposições legais que regulamentam o exercício de cada uma das profissões.
Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da
equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e
vulnerabilidade;
Manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos no sistema de
informação indicado pelo gestor municipal e utilizar, de forma sistemática, os dados
para a análise da situação de saúde, considerando as características sociais,
econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território, priorizando as
situações a serem acompanhadas no planejamento local;
Realizar o cuidado da saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito da
unidade de saúde, e, quando necessário, no domicílio e nos demais espaços
comunitários (escolas, associações, entre outros).
Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de saúde da população
local, bem como as previstas nas prioridades e protocolos da gestão local;
Garantir a atenção à saúde buscando a integralidade por meio da realização de
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos, e da
garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das ações
programáticas, coletivas e de vigilância à saúde.
Participar do acolhimento dos usuários realizando a escuta qualificada das
necessidades de saúde, procedendo à primeira avaliação (classificação de risco,
avaliação de vulnerabilidade, coleta de informações e sinais clínicos) e identificação
das necessidades de intervenções de cuidado, proporcionando atendimento
humanizado, responsabilizando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o
estabelecimento do vínculo;
Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória e de
outros agravos e situações de importância local
Responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a coordenação do cuidado
mesmo quando necessitar de atenção em outros pontos de atenção do sistema de
saúde
Praticar cuidado familiar e dirigido a coletividade e grupos sociais que visa a propor
intervenções que influenciam os processos de saúde-doença dos indivíduos, das
famílias, das coletividades e da própria comunidade
Realizar reuniões de equipes a fim de discutir em conjunto o planejamento e avaliação
das ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis
Acompanhar e avaliar sistematicamente as ações implementadas, visando à
readequação do processo de trabalho
Garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas de informação na
atenção básica
Realizar trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e
profissionais de diferentes formações
Realizar ações de educação em saúde à população adstrita, conforme planejamento
da equipe;
Participar das atividades de educação permanente
Promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando efetivar o
controle social;
Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações
intersetoriais
Realizar outras ações e atividades a serem definidas de acordo com as prioridades
locais.
Atribuições específicas
Enfermeiro
Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias cadastradas nas equipes e, quando
indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários
Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e conforme
protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão,
solicitar exames complementares, prescrever medicações e encaminhar, quando
necessário, usuários a outros serviços
Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea
Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS (Agente Comunitário
de Saúde) em conjunto com outros membros da equipe
Contribui, participar e realizar atividades de educação permanente da equipe de
enfermagem e outros membros da equipe
Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento
da UBS
Médico
Realizar atenção à saúde aos indivíduos sob sua responsabilidade
Realizar consultas clinicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em grupos
na UBS, e, quando indicado ou necessário, domicilio e/ou nos demais espações
comunitários (escolas...)
Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea
Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, respeitando
fluxos locais, mantendo sua responsabilidade pelo acompanhamento do plano
terapêutico deles;
Indicar, de forma compartilhada com outros pontos de atenção, a necessidade de
internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização pelo
acompanhamento do usuário
Contribuir, realizar e participar das atividades de educação permanente de todos os
membros da equipe (ACS, Auxiliares de enfermagem...)
Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento
da UBS.
Cirurgião-Dentista
Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epidemiológico para o
planejamento e a programação da saúde bucal
Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da saúde, prevenção de
agravos, diagnóstico, tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da
saúde) individual e coletiva a todas as famílias
Realizar procedimentos clínicos da atenção básica em saúde bucal, incluindo
atendimento de urgências, pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos
relacionados com a fase clínica da instalação de próteses dentárias elementares
Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção
de doenças bucais
Realizar supervisão técnica do técnico em saúde bucal e auxiliar em saúde bucal
Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento
da UBS
NASF 3 1 a 2 eSF e/ou eAB para Mínimo 80 horas semanais; Cada ocupação
populações específicas deve ter no mínimo 20h e no
(eCR, eSFR e eSFF) máximo 40h de carga horária semanal;
*eCR - Equipe Consultório na Rua; eSFR - Equipe Saúde da Família Ribeirinha; eSFF -
Equipe Saúde da Família Fluvial
Entende-se por matriciamento, o suporte realizado por profissionais das diversas áreas
especializadas dado a uma equipe, com o intuito de ampliar o campo de atuação e
qualificar suas ações.
Matriciamento é uma ferramenta de gestão objetivando a integralidade do cuidado,
um processo de construção compartilhada, por meio de uma proposta de intervenção
pedagógico-terapêutico.
Matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de produzir ações em saúde em
que duas ou mais equipes, num processo de construção coletiva, desenvolvem
trabalho compartilhado e colaborativo em pelo menos 2 dimensões: clínico-
assistencial e técnico-pedagógico.
Na Atenção Básica em Saúde (ABS), ele pode se conformar através da relação entre
equipes de Saúde da Família (equipes de SF) e Núcleos de Apoio à Saúde da Família
(NASF). O encontro de profissionais de distintas áreas, saberes e visões permite que se
construa uma compreensão integral do processo saúde e doença, ampliando e
estruturando melhores projetos terapêuticos para os usuários, e produzindo troca de
conhecimentos e construção de um conhecimento comum entre os profissionais,
sendo, por isso, também um instrumento potente de educação permanente.
Tradicionalmente, os sistemas de saúde se organizam de uma forma vertical
(hierárquica), com uma diferença de autoridade entre quem encaminha um caso e
quem o recebe, havendo uma transferência de responsabilidade ao encaminhar. A
comunicação entre esses níveis, muitas vezes, ocorre de forma precária e irregular. A
nova proposta é ações horizontais que estimula a produção de novos padrões de
relacionamento entre equipe e usuários e que amplia o compromisso dos profissionais
com a promoção da saúde, à medida que supera obstáculos organizacionais que
dificultam a comunicação.
Na horizontalização decorrente do processo de matriciamento, o sistema de saúde se
reestrutura em 2 tipos de equipes:
Equipe de referência
Equipe de apoio matricial
O matriciamento deve proporcionar a retaguarda especializada da assistência, assim
como um suporte técnico-pedagógico, um vínculo interpessoal e o apoio institucional
no processo de construção coletiva de projetos terapêuticos junto à população. Assim,
também se diferencia da supervisão, pois o matriciador pode participar ativamente do
projeto terapêutico.
São possibilidades de configuração das ações conjuntas:
Reuniões de matriciamento: reuniões periódicas, no mínimo realizadas
mensalmente, entre cada um dos profissionais do NASF com cada equipe de SF
vinculada, com o objetivo de discutir casos e temas, pactuar ações, avaliar seus
resultados e repactuar novas estratégias para a produção do cuidado. É a
partir das reuniões de matriciamento que são definidas as ações conjuntas que
serão realizadas, assim como as ações desenvolvidas especificamente pelos
profissionais do NASF, como, atendimentos individuais realizados apenas com
a presença destes profissionais e o usuário. Para que possam ser realizadas,
deve haver horário protegido na agenda dos profissionais envolvidos,
organização da equipe de SF para definição dos casos ou situações para
matriciamento e dos profissionais do NASF para devolutivas de casos
acompanhados especificamente pelo NASF à equipe de SF;
Atendimento individual compartilhado: é o atendimento a um indivíduo ou
família realizado conjuntamente por pelo menos um profissional do NASF e
um profissional da equipe de SF;
Atendimento domiciliar compartilhado: é o atendimento a um indivíduo ou
família realizado no domicílio com a presença de pelo menos um profissional
do NASF e um profissional da equipe de SF;
Atividade coletiva compartilhada: atividades em grupo realizadas na Unidade
Básica de Saúde ou em outros espaços do território, como associações de
moradores, contando com a presença de profissionais do NASF e da equipe de
SF. Podem ser de coordenação conjunta (por exemplo, fisioterapeuta e técnico
de enfermagem coordenando um grupo de postura corporal) ou, de
coordenação do profissional do NASF ou da equipe de SF contando com a
participação ocasional de outros profissionais da ABS/APS.
Discussão de temas: discussão de temas relacionados ao cuidado e/ou
organização da Atenção Básica em Saúde/ Atenção Primária em Saúde, em
que os saberes específicos dos profissionais do NASF podem contribuir para a
ampliação da capacidade de atuação das equipes de SF (por exemplo,
discussão sobre violência entre assistente social e psicólogo do NASF e equipes
apoiadas).
Ações compartilhadas no território: participação do NASF na territorialização
da área adscrita, desenvolvimento de ações intersetorias, de vigilância em
saúde e ações de controle social em conjunto com a equipe de SF
https://aps.bvs.br/aps/como-o-apoio-matricial-pode-ser-desenvolvido-na-atencao-basica-em-
saudeatencao-primaria-em-saude/