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SAÚDE COLETIVA II

PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)

CONCEITO

O Programa Saúde da Família (PSF) é conceituado como sendo uma estratégia que prioriza as ações de
promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da família, do recém-nascido ao idoso, sadios ou doentes,
de forma integral e contínua (BRASIL, 2001).

A partir de 1994, começam a ser formadas as primeiras equipes do Programa Saúde da Família, incorporando
e ampliando a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde. (BRASIL, 2001). Em 1996, com o surgimento da Norma
Operacional Básica (NOB – 96) incentivos são destinados aos Programas de Saúde da Família e de Agentes
Comunitários de Saúde:

A estratégia de atenção á saúde da família prevê a reversão do modelo vigente, onde a família passa a ser
objeto fundamental da atenção, entendida a partir do ambiente onde vive, que mais do que delimitação geográfica é o
espaço onde se constroem as relações intra e extrafamiliares e onde se desenvolvem as lutas pela melhoria nas
condições de vida.

O PSF não é uma intervenção vertical e paralela às atividades dos serviços de saúde: é uma estratégia que
possibilita a integração e promove a organização destas atividades em um território definido. A estratégia de saúde da
família reafirma e incorpora os princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS): universalização, descentralização,
integralidade e participação da comunidade (BRASIL, 2001).

A Saúde da Família como estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde tem provocado um
importante movimento com o intuito de reordenaro modelo de Atenção no SUS. Busca maior racionalidade na utilização
dos demais níveis assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde das populações
assistidas às equipes de saúde da família.

OBJETIVOS GERAIS

Contribuir para a reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica em conformidade com os
princípios do SUS, imprimindo uma nova dinâmica de atenção nas Unidades Básicas de Saúde, com definição de
responsabilidades entre os serviços de saúde e a população.

O desafio central do Programa é mostrar sua capacidade de integração com serviços locais de saúde bem
estruturados, redefinindo qualitativamente seu modelo de atuação, mostrando que ao contrário de simplificação, é um
alargamento da atenção primária à saúde em direção à incorporação de práticas preventivas, educativas, e curativas
mais próximas da vida cotidiana da população e, principalmente, de seus grupos vulneráveis (VASCONCELOS, 1999).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Prestar assistência integral à família na Unidade de Saúde e no domicílio;


 Eleger a família como núcleo básico de abordagem no atendimento à saúde.
 Humanizar a prática em saúde;
 Proporcionar o estabelecimento de parcerias através deações Inter setoriais;
 Contribuir na democratização do conhecimento do processo saúde-doença de organização de serviços e da
produção social da saúde;
 Fazer com que a saúde seja reconhecida para efeito do controle social.
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PRINCÍPIOS

A Unidade de Saúde da Família atua com base nos seguintes princípios:

 Caráter Substitutivo: Não significa a criação de novas estruturas de serviço, exceto em áreas desprovidas, e sim a
substituição de práticas convencionais de assistência por um novo processo de trabalho, cujo eixo está centrado na
vigilância em saúde.
 Integralidade e Hierarquização: a Unidade de Saúde da Família está inserida no primeiro nível de ações e
serviços do sistema local de saúde, denominado atenção básica. Deve estar vinculada à rede de serviços de forma que
se garanta atenção integral aos indivíduos e famílias e sejam asseguradas a referência e contra referência para os
diversos níveis do sistema, sempre que for requerida maior complexidade tecnológica para a resolução de situações ou
problemas identificados na atenção básica,
 Territorialização e adscrição de clientela: trabalha com o território de abrangência definido e é responsável pelo
acompanhamento de no máximo 4.000 habitantes. Segundo a Portaria de n° 648 de 28 de março de 2006, a média
recomendada é de 5.000 habitantes.
 Equipe multiprofissional: a equipe de Saúde da família é composta minimamente por um médico generalista ou
médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde (ACS).
O número de ACS varia de acordo com o número de pessoas sob responsabilidade da equipe - numa proporção média
de um agente para 550 pessoas acompanhadas.

Outros membros podem ser acrescidos à equipe multiprofissional, como por exemplo, odontólogos, de acordo
com as necessidades e possibilidades locais.

Uma Unidade de Saúde da família pode atuar com uma ou mais equipes, dependendo da concentração de
famílias no território de sua abrangência.

Cada equipe deve estar preparada para:

 Conhecer a realidade das famílias pelas quais é responsável, por meio do cadastramento destas e do diagnóstico
de suas características sociais, demográficas e epidemiológicas;
 Identificar os problemas de saúde prevalentes e situações de risco aos quais a população está exposta;
 Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para o enfrentamento dos determinantes do
processo saúde-doença;
 Prestar assistência integral respondendo de forma contínua e racionalizada à demanda organizada ou
espontânea, na Unidade de Saúde da Família, na comunidade, no domicílioe no acompanhamento ao atendimento nos
serviços de referência ambulatorial;
 Desenvolver ações educativas e intersetoriaispara o enfrentamento dos problemas de saúde identificados
(BRASIL, 2001).

Para conhecer a realidade das famílias, utilizamos alguns instrumentos. Conforme ressaltam Bertussi, Oliveira
e Lima (2001), os instrumentos disponíveis para obter conhecimento da realidade da população são: cadastramento das
famílias, oficinas de territorialização, visitas domiciliares, análise dos indicadores de mortalidade e morbidade, obtenção
de informações com informantes-chave da comunidade e análise de informações sobre a cobertura, produção e
produtividade de serviços realizados.

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ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO PSF

Enfermeiro

 Realizar cuidados diretos de enfermagem nas urgências e emergências clínicas, fazendo a indicação paracontinuidade
da assistência prestada;
 Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares, prescrever/transcrever medicações, conforme
protocolos estabelecidos nos Programas cio Ministério da Saúde e as disposições legais da profissão;
 Planejar, gerenciar, coordenar, executar e avaliar a Unidade de Saúde da Família;
 Executar as ações de assistência integral em todas as fases do ciclo de vida: criança, adolescente, mulher, adulto e
idoso;
 No nível de suas competências, executar assistência básica e ações de vigilância epidemiológica e sanitária;
 Realizar ações de saúde em diferentes ambientes, na Unidade de Saúde da Família e, quando necessário, no domicílio;
 Realizar as atividades correspondentes às áreas prioritárias de intervenção na atenção básica:
 Aliar a atuação clínica à prática de saúde coletiva;
 Organizar e coordenar a criação de grupos de patologias especifica como: hipertensos, de diabéticos, de saúde mental,
etc.;
 Supervisionar e coordenar ações para capacitação dos agentes comunitários de saúde e dos auxiliares de enfermagem,
com vistas ao desempenho de suas funções.

Auxiliar de Enfermagem:
 Realizar procedimentos de enfermagem dentro das suas competências técnicas e legais;
 Realizar procedimentos de enfermagem nos diferentes ambientes, Unidade de Saúde da Família e nos domicílios, dentro
cio planejamento de ações traçado pela equipe;
 Preparar o usuário para consultas médicas e de enfermagem, exames e tratamentos na Unidade de Saúde da Família;
 Zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de dependências da Unidade de Saúde da Família,
garantindo o controle da infecção;
 Realizar busca ativa de casos, como tuberculose, hanseníase e demais doenças de cunho epidemiológico;
 No nível de suas competências, executar assistência básica e ações de vigilância epidemiológica e sanitária;
 Realizar ações de educação em saúde aos grupos de patologias especificas e às famílias de risco, conforme
planejamento da Unidade ele Saúde de Família. (BRASIL,2001).

RESPONSABILIDADES

Os níveis de competência da estratégia de atenção á saúde da família são o nacional, o estadual e o


municipal. No âmbito nacional o gerenciamento do PSF compete à Coordenação de Saúde da comunidade e está
subordinada á Secretaria de Assistência á Saúde. Já a esfera estadual tem o papel de mediadora entre o Ministério da
Saúde e os municípios, compete a definição na sua estrutura organizacionalque setor terá responsabilidade de articular a
estratégia de atenção á saúde da família.

A coordenação do PSF, de acordo com o princípio de gestão descentralizada cio Sistema Único de Saúde,
esta sob responsabilidade das Secretarias Estaduais de Saúde (BRASIL, 2001).

O nível municipal é o espaço de execução do PSF para reorientaçãodas Unidades Básicas de Saúde,
elegendo as áreas prioritárias para a implementação do projeto, promovendo com apoio da Secretaria Estadual de
Saúde, a capacitação das equipes e o acompanhamento e avaliação sistemática do desempenho das Unidades de
Saúde da Família.

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RECURSOS FINANCEIROS

Os recursos financeiros do PSF são transferidos de forma automática e regular diretamente aos fundos
municipais pelo Fundo Nacional de Saúde, repasse fundo a fundo, sob a forma de incentivo financeiro do Piso de
Atenção Básica.

O monitoramento e a avaliação das atividades desenvolvidas no programa deverão ser realizados pelo Sistema
de informação de Atenção Básica (SIAB), o qual possui os seguintes, dados de alimentaçãoobrigatória:

 Dados cadastrais das equipes de saúde da família.


 Dados cadastrais das famílias acompanhadas pelo PSF.

A não alimentação do Sistema de Informação, por um período de 2 meses consecutivos ou 3 meses alternados
durante o ano, implicará na suspensão cadastramento do programa. Da mesma forma, a não alimentação do Sistema de
Informação sobre Agravos de Notificação (SINAN), do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Sistema de
Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) e do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) suspendem,
indiretamente, o repasse de recursos para o programa. Isso ocorre, urna vez que a alimentação dos referidos sistemas é
condição obrigatória para que o município se mantenha habilitado no Piso de Atenção Básica (PAB), e estar habilitado
em uma das condições de gestão do PAB previstas na Norma Operacional Básica, é uma das condições para
implementação do PSF. (BRASIL, 2001).

PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DA SAÚDE (PACS)

O programa é uma estratégia no aprimoramento e na consolidação do SUS, a partir da reorientação da


assistência ambulatorial e domiciliar. Sua meta se consubstancia na contribuição para a reorganização dos serviços
municipais de saúde e na integração das ações entre os diversos profissionais, com vistas à ligação efetiva entre a
comunidade e as unidades de saúde.

O desenvolvimento das principais ações deste programa se dá por meio dos agentes comunitários de saúde
(ACS), pessoas escolhidas dentro da própria comunidade para atuarem junto à população.

A rotina de um ACS, de forma resumida, envolve as seguintes tarefas:

 Cadastramento / diagnóstico: é a primeira etapa do trabalho junto à comunidade. Consiste em registrar na ficha de
cadastro do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) informações sobre cada membro da família assistida a
respeito de variáveis que influenciam a qualidade da saúde, como situação de moradia, condições de saúde, etc.
 Mapeamento: Esta fase consiste no registro em um mapa da localização de residências das áreas de risco para a
comunidade, assim como dos pontos de referência no dia-a-dia da comunidade, com o objetivo de facilitar o
planejamento e o desenvolvimento do trabalho do agente.
 Identificação de micro áreas de risco: uma vez realizado o mapeamento, o agente comunitário de saúde identifica setores
no território da comunidade que representam áreas de risco. Ou seja, locais que apresentam algum tipo de perigo para a
saúde das pessoas que moram ali, como inexistência ou precariedade do sistema de tratamento de esgoto sanitário, de
abastecimento de água, entre outros.
 Realização de visitas domiciliares: este é o principal instrumento de trabalho do ACS, Consiste de, no mínimo, uma visita
mensal a cada família residente na área de atuação do agente. A quantidade de visitas por residência varia em função

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das condições de saúde de seus habitantes da existência de crianças e gestantes, as quais recebem atenção especial
por comporem grupos prioritários.
 Ações Coletivas: com vistas a mobilizar a comunidade o ACS promove reuniões e encontros com grupos diferenciados -
gestantes, mães, pais, adolescentes, idosos, grupos de situações de risco ou portadores de doenças comuns - e
incentiva a participação das famílias na discussão do diagnóstico comunitário de saúde, no planejamento de ações e na
definição de prioridades.
 Ações Intersetorias: além de ações especificas na área de saúde, o agente poderá atuar em outras áreas como
educação (na identificação de crianças em idade escolar que não estão frequentando a sala de aula), cidadania / direitos
humanos (em ações humanitárias c solidárias que interfiram de forma positiva na melhoria da qualidade de vida).

As atividades desenvolvidas pelos agentes são acompanhadas e orientadas por um enfermeiro lotado em uma Unidade
de Saúde (na proporção máxima de 30 ACS para cada enfermeiro), o qual atua como instrutor - supervisar. Este
enfermeiro também é responsável pela capacitação dos ACS, que é desenvolvida de acordo com as necessidades
identificadas na comunidade. (BRASIL, 2001).

O atendimento à saúde da criança no Programa saúde da família (PSF)


 Adscrição da clientela
 Vínculo
 Acompanhamento
 Responsabilização
 Enfoque na promoção da saúde
O olhar ampliado

OUTROS PROGRAMAS

Alguns programas que apoiam a atenção Básica:

 Farmácia popular: É um programa do Ministério da Saúde, para a distribuição de medicamentos à população de todos os
municípios que tenham equipes do Programa Saúde da Família implantadas e em funcionamento. Cada equipe do PSF
recebe de três em três meses, do Ministério, um conjunto com 31 medicamentos, que compreendem: sais para
reidratação oral, antibióticos, anti-inflamatórios, diuréticos, antitérmicos, analgésicos, antibacterianos e medicamentos de
combate a asma, diabetes, hipertensão, dermatoses, úlcera gástrica e anemia.
 O Programa Bolsa Família: juntou os antigos programas do Governo, chamados remanescentes: Bolsa Escola, Bolsa
Alimentação, Cartão Alimentação e Auxílio Gás num Programa só. E tem como objetivo apoiar as famílias mais pobres e
garantir a elas o direito à alimentação e o acesso à educação e à saúde. O programa visa à inclusão social dessa faixa
da população brasileira, por meio da transferência de renda e da garantia de acesso a serviços essenciais.
A população alvo do programa é constituída por famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza. As famílias
extremamente pobres são aquelas que têm renda per capita de até R$ 77,00 por mês. As famílias pobres são aquelas
que têm a renda per capita entre R$ 77,01 a R$ 154,00 por mês, e que tenham em sua composição gestantes, nutrizes,
crianças ou adolescentes entre 0 e 17 anos.
Segundo o governo, o programa Bolsa Família tem por objetivos combater a fome e promover a segurança alimentar e
nutricional; combater a pobreza e outras formas de privação das famílias; promover o acesso à rede de serviços públicos,
em especial, saúde, educação, segurança alimentar e assistência social; e criar possibilidades de emancipação
sustentada dos grupos familiares e desenvolvimento local dos territórios.
 Saúde da mulher - humanização do pré-natal e nascimento: Objetivo deste programa é reduzir o número de mortes de
mulheres por causa da gravidez. E garantir que a gestante seja bem assistida, que o parto ocorra em situações normais,
seguras. E proteger a saúde das mulheres e das crianças que vão nascer,

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 Saúde da criança: São várias as ações do Ministério ela Saúde voltadas para a saúde elas crianças. Algumas delas:
aleitamento materno, carteiro amigo (distribuição de material educativo sobre aleitamento materno) e atenção às
doenças mais comuns na infância (diarreia, pneumonia, desnutrição).
 Projeto Alvorada: O objetivo deste projeto é diminuir, no Brasil, a desigualdade social, que se caracteriza pela existência
de cidades muito ricas e cidades muito pobres. Para diminuir a desigualdade, o projeto reserva recursos para as regiões
mais necessitadas dentro dos Estados mais necessitados. Este projeto atua com ações em saúde, educação, assistência
social, justiça, trabalho e agricultura (BRASIL, 2001).

PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO CÂNCER DE MAMA

APRESENTAÇÃO
O câncer de mama é um dos maiores incidente na população feminina mundial e brasileira. O objetivo é
oferecer aos gestores e aos profissionais de saúde subsídios para o avanço do planejamento das ações de controle
deste câncer, no contexto da atenção integral à saúde da mulher e da Estratégia de Saúde da Família como
coordenadora dos cuidados primários no Brasil.

CONCEITO
O câncer de mama é um grupo heterogêneo de doenças, com comportamentos distintos. A heterogeneidade
deste câncer pode ser observada pelas variadas manifestações clínicas e morfológicas, diferentes assinaturas genéticas
e consequentes diferenças nas respostas terapêuticas.
O carcinoma ductalinfiltrante é o tipo histológico mais comum e compreende entre 80 e 90% do total de casos.
O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular,
mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos. Outros sinais de câncer de mama são
edema cutâneo semelhante à casca de laranja; retração cutânea; dor, inversão do mamilo, hiperemia, descamação ou
ulceração do mamilo; e secreção papilar, especialmente quando é unilateral e espontânea. A secreção associada ao
câncer geralmente é transparente, podendo ser rosada ou avermelhada devido à presença de glóbulos vermelhos.
Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila.
Na medida em que as ações de rastreamento do câncer de mama forem expandidas na população-alvo, espera-
se que a apresentação da doença seja cada vez mais por imagem e menos por sintoma, ampliando-se as possibilidades
de intervenção conservadora e prognóstico favorável. Destaca-se, no entanto, que mesmo nos países com rastreamento
bem organizado e boa cobertura, aproximadamente metade dos casos são detectados em fase sintomática, o que
aponta a necessidade de valorização do diagnóstico precoce.

MAGNITUDE
A taxa de mortalidade por câncer de mama ajustada pela população mundial apresenta uma curva ascendente e
representa a primeira causa de morte por câncer na população feminina brasileira. Na mortalidade proporcional por
câncer em mulheres, os óbitos por câncer de mama ocupam o primeiro lugar no país, com 15,2%.
O câncer de mama é raro antes dos 40 anos e a partir dessa idade a incidência tende a crescer
progressivamente, a mortalidade também aumenta progressivamente com a idade.

FATORES DE RISCO
Os principais fatores de risco para o câncer de mama estão ligados a idade, fatores endócrinos e genéticos.

OBJETIVOS DO PROGRAMA
Reduzir a exposição a fatores de risco, diminuir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida da mulher com
câncer de mama.
Para o controle do câncer de mama, destaca-se em particular a importância de ações intersetoriais que
promovam acesso à informação. A redução das barreiras de acesso aos serviços de saúde para o alcance da cobertura
populacional adequada da população-alvo no rastreamento é também componente estratégico central, que requer a
qualificação contínua do Sistema Único de Saúde (SUS).

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O amplo acesso da população a informações claras, consistentes e culturalmente apropriadas deve ser uma
iniciativa dos serviços de saúde em todos os níveis.

PREVENÇÃO PRIMÁRIA
A prevenção primária do câncer de mama está relacionada ao controle dos fatores de risco reconhecidos. Os
fatores hereditários e os relacionados ao ciclo reprodutivo da mulher não são, em princípio, passíveis de mudança,
porém fatores relacionados ao estilo de vida como obesidade pós- -menopausa, sedentarismo, consumo excessivo de
álcool e terapia de reposição hormonal podem ser modificáveis. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e
atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de ter câncer de mama.

DETECÇÃO PRECOCE
O câncer de mama identificado em estágios iniciais, quando as lesões são menores de dois centímetros de
diâmetro, apresenta prognóstico mais favorável e elevado percentual de cura.
As estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce, ou abordagem de pessoas com sinais e/ou
sintomas da doença, e o rastreamento, aplicação de um teste ou exame numa população assintomática, aparentemente
saudável, com objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhar as mulheres com resultados alterados
para investigação e tratamento (WHO, 2007). Em ambas as estratégias é fundamental que a mulher esteja bem
informada e atenta às possíveis alterações nas mamas (breastawareness) e, em caso de anormalidades suspeitas,
busque prontamente o serviço de saúde.
 Diagnóstico Precoce
A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer. Nesta
estratégia destaca-se a importância da educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos
sinais e sintomas do câncer de mama, bem como do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde.
 Rastreamento
O rastreamento é uma estratégia dirigida às mulheres na faixa etária em que o balanço entre benefícios e riscos
do rastreamento é mais favorável, com maior impacto na redução da mortalidade.
A mamografia e o exame clínico das mamas (ECM) são os métodos preconizados para o rastreamento na rotina
de atenção integral à saúde da mulher.
O rastreamento pode ser oportunístico (exame de rastreio é ofertado às mulheres que oportunamente chegam
às unidades de saúde) ou organizado (dirigido às mulheres elegíveis de uma dada população que são formalmente
convidadas para os exames periódicos).
A recomendação para as mulheres de 50 a 69 anos é a realização de mamografia a cada dois anos e do exame
clínico das mamas anual.
Para as mulheres de 40 a 49 anos, a recomendação é o exame clínico anual e a mamografia diagnóstica em
caso de resultado alterado.
Além desses grupos, há também a recomendação para o rastreamento de mulheres com risco elevado que
deve se iniciar exames exame clínico das mamas e mamografia anuais aos 35 anos.
 SISMAMA - Sistema de Informação do Câncer de Mama
O Sistema de Informação do Câncer de Mama é ferramenta para gerenciar as ações de detecção precoce do
câncer de mama. Entrou em vigor em 2009. Os dados gerados pelo sistema permitem estimar a cobertura da população-
alvo e qualidade dos exames, a distribuição dos diagnósticos, a situação do seguimento das mulheres com exames
alterados, dentre outras informações relevantes ao acompanhamento e melhoria das ações de rastreamento, diagnóstico
e tratamento.
TRATAMENTO
O ideal é que a doença seja diagnosticada no início, pois o tratamento tem maior potencial curativo. Quando há
evidências de metástases, o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de
vida.
As modalidades de tratamento do câncer de mama podem ser divididas em:
 Tratamento local: cirurgia e radioterapia
 Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.

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SAÚDE DO ADULTO

O Programa de Atenção Integral à Saúde do Adulto (PAISA) se constitui como uma das iniciativas de priorização de
agravos específicos à saúde do adulto pelo Ministério da Saúde, pautadas no perfil epidemiológico da população, para
articular ações de caráter individual e coletivo. Ele atua na promoção dos cuidados primários de saúde junto à
comunidade adulta e enfoca preventivamente as complicações da hipertensão arterial e diabetes mellitus, bem como as
transformações pelas quais passam os indivíduos a partir da 5ª década de vida, com vistas à prevenção e ao controle
dos principais agravos crônicos não transmissíveis, que acometem a saúde do adulto, como: hipertensão arterial,
diabetes mellitus, tuberculose, hanseníase, DSTs, tabagismo, alcoolismo, violênciae a obesidade, para uma vida longa,
ativa e saudável. TambémCoordenar e monitorar a implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem, com vistas à ampliação do acesso aos serviços de saúde e à qualificação e humanização da assistência a esta
clientela.

PRINCIPAIS PROGRAMAS DESENVOLVIDOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Hanseníase
A hanseníase ainda se apresenta como um problema de saúde pública, o Brasil é o segundo país do mundo com
maior número de casos de hanseníase, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2012, 33.303 novos casos
de hanseníase. Em 1991 o Brasil assumiu o compromisso de eliminar de vezes este problema, e para isso conta com um
esforço conjunto dos setores público, privado e do terceiro setor de modo a superar fatores que dificultam uma ação
decisiva sobre a doença, entre os quais o diagnóstico e o tratamento tardios dos pacientes.
A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta e curável, causada pelo Mycobacterium leprae.
O comprometimento dos nervosperiféricos é a característica principal da doença, dando-lhe um grande potencial
para provocar incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades. Estas incapacidades e
deformidades podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da capacidade de trabalhar, limitação da vida
social e problemas psicológicos. São responsáveis também, pelo estigma e preconceito contra a doença.
É considerado caso de Hanseníasee requer tratamento quimioterápico o indivíduo que apresenta uma ou mais das
seguintes características:
 Lesão(lesões)de pele com alteração de sensibilidade;
 Acometimento de nervos com espessamento neural;
 Baciloscopia positiva.
A transmissão ocorre através de uma pessoa doente, com baciloscopia positiva, não tratada, que o elimina para o
meio exterior através dasvias aéreas superiores contagiando pessoas susceptíveis.
Condições socioeconômicas desfavoráveis, assim como condições precárias de vida e de saúde e o elevado
número de pessoas convivendo em um mesmo ambiente, constituem fatores predisponentes à doença.
O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo, e suas diferentes manifestações clínicas dependem
dentre outros fatores, da relação parasita-hospedeiro e pode ocorrer após um longo período de incubação, de 2 a 7 anos,
o que dificulta o seu diagnóstico.
A Hanseníase manifesta-se através de sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos que podem levar à dúvida
diagnóstica da doença. As alterações neurológicas, quando não diagnosticadas e tratadas inadequadamente, podem
causar incapacidadesfísicas que podem evoluir para deformidades.
Os sinais dermatológicos apresentam-se na forma de lesões de pele com diminuição (hipoestesia) ou ausência
(anesiesia) de sensibilidade, podendo também ocorrer aumento de sensibilidade (hiperestesia). As lesões mais comuns
são:
Manchas pigmentares oudiscrômicas: resultam da ausência, diminuição ou aumento de melanina ou depósito de
outros pigmentos ou substancias na pele.
 Placa: é lesão que se estende em superfície por vários centímetros, Pode ser individual ou constituir aglomerado de
placas.
 Infiltração: aumento da espessura e consistência da pele, com menorevidência dos sulcos, limites imprecisos,
acompanhando-se, às vezes, de eritema discreto.
 Tubérculo: designação em desuso significava pápula ou nódulo que evolui deixando cicatriz.
 Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, de 1 a 3 cm de tamanho. Pode ser lesão mais palpável que
visível.

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Essas lesões podem estar localizadas em qualquer região do corpo e podem, também, acometer a mucosa nasal e
a cavidade oral. Ocorrem, porém, com maior frequência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas.
A principal diferença entre as lesões da Hanseníase e as de outras doenças dermatológicas é que elas sempre
apresentam alteração de sensibilidade, enquanto as demais doenças nãoapresentam essa alteração.
Os sinais e sintomas neurológicos apresentam-se através de lesões nos nervos periféricos decorrentes de
processos inflamatórios nestes nervos (neurites), que podem ser causados tanto pela ação do bacilo nos nervos como
pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas. Elas manifestam-se através de:
 Dor e espessamento dos nervos periféricos;
 Perda de sensibilidade nas áreas inervadas por esses nervos, principalmente nos olhos, mãos e pés;
 Perda de forca nos músculos inervados por esses nervos principalmente nas pálpebras e nos membros superiores
e inferiores.
Quando o acometimento neural não é tratado pode provocar incapacidades e deformidades pela alteração de
sensibilidade nas áreas inervadas pelos nervos comprometidos.
Os objetivos do Programa de Controle da Hanseníase consistem em reduzir a mortalidade expressa pela incidência
prevalência da doença, e reduzir os danos causados pela doença, expressos pela gravidade das incapacidades físicase
psicossociais.
O diagnóstico precoce e a busca ativa de contatos, representam atividades prioritárias no combate à Hanseníase,
pois aceleram o início do tratamento e consequentemente reduzem risco de sequelase complicações futuras.
O diagnóstico clínico é realizado através do exame físico e procede-se uma avaliação dermatoneurológica,
buscando-se identificar os sinais clínicos da doença.
A quantidade de bacilos no organismo classifica os portares em: Paucibacilares (até 5 lesões) e Multibacilares (+ de
5 lesões). O que determina o tipo de tratamento quimioterápico a ser adotado.
Os portadores Paucibacilares apresentam maior resistência ao bacilo, e abrigam um pequeno número de bacilos no
organismo, insuficiente para infectar outras pessoas, portanto não são considerados importantes fontes de transmissão
da doença.
Osportadores Multibacilares, não apresentam resistência bacilo, que se multiplica no seu organismo passando a ser
eliminado para o meio exterior. São a fonte de infecção e manutenção da cadeia epidemiológica da doença.
Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ela deixa de ser transmissora da doença, pois as
primeiras doses da medicação matam os bacilos, e torna-os incapazes de infectar outras pessoas, e sendo realizado de
forma completa e correta, garante a cura da doença.
O tratamento específico da pessoa com Hanseníase, indicado pelo Ministério da Saúde, é a poliquimioterapia (PQT)
padronizada pela Organização Mundial de Saúde, constituída pelo conjunto dos seguintes medicamentos: rifampicina,
dapsona e clofazimina, com administração associada, o que evita a resistência medicamentosado bacilo que ocorre com
frequência quando se utiliza apenas um medicamento, impossibilitando a cura da doença.
A administração é realizada com base no esquema-padrão, de acordo com a classificação operacional do doente
em Pauciou Multibacilar. Para crianças com Hanseníase, a dose dos medicamentos do esquema-padrão é ajustada, de
acordo com a sua idade. Já no caso de pessoas com intolerância a um dos medicamentos do esquema-padrão, são
indicados esquemas alternativos.

Esquema Paucibacilar (PB)


 Rifampicina: uma dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração supervisionada;
 Dapsona: uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária auto administrada;
 Duração do tratamento: 6 doses mensais supervisionadas de rifampicina;
 Critério de Alta: 6 doses supervisionadas em até 9 meses.

EsquemaMultibacilar (MB)
 Rifampicina: uma dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada;
 Clofazimina: uma dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 100 mg) com administração supervisionada e uma
dose diária de 50mg auto administrada;
 Dapsona: uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária auto administrada;
 Duração do tratamento: 12 doses mensais supervisionadas de rifampicina;
 Critério de alta: 12 doses supervisionadas em até 18 meses.

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Tuberculose
A tuberculose (TB) é uma doença previnível e curável,intimamente associada com a pobreza, desnutrição e as
precárias condições de vida, o que faz com que seja tratada como um problema de saúde pública.
Em 1999, o Ministério da Saúde define a tuberculose como prioridade entre as políticas governamentais de saúde;
estabelecendo diretrizes para as ações e fixando metas para o alcance de seus objetivos. As ações para o controle da
tuberculose no Brasil têm como meta diagnosticar pelo menos 90% dos casos esperados e curar pelo menos 85% dos
casos diagnosticados,
A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch).
Sua transmissão se dá através da propagação aérea de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente com TB
pulmonar ao tossir, espirrar ou falar em voz alta.
Todos os órgãos podem ser acometidos pelo bacilo da tuberculose, porém, ocorre mais frequentemente nos
pulmões gânglios, pleura, rins, cérebro e ossos.
Os principais sinais e sintomas da tuberculose são:
 Tosse persistente seca ou produtiva por mais de 3 semanas; Falta de apetite (inapetência):
 Emagrecimento;
 Dor torácica;
 Sudorese noturna;
 Febre baixa, em geral à tarde;
 Cansaço fácil;
 Em alguns casos pode ocorrer escarro com sangue (hemoptise maciça).
O principal exame diagnóstico da tuberculose é a baciloscopia do escarro (BAAR: bacilo álcool ácido resistente),
que permite descobrir as fontes mais importantes de infecção -- os casos bacilíferos.
A cultura do escarro pode ser utilizada como método diagnóstico, sendo indicada quando o indivíduo apresenta os
sintomas, mas a baciloscopia tem resultado negativo, pois consegue detectar a presença do bacilo, quando este se
apresenta em quantidade insuficiente para ser detectado na baciloscopia do escaro e diagnosticar as formas
extrapulmonares - como meningoencefálica, renal, pleural, óssea ou ganglionar.
A radiografia do tórax é um exame auxiliar no diagnóstico da tuberculose, e permite observar as características e
extensão da lesão pulmonar, além de permitir a avaliação da evolução da lesão durante o tratamento.
A Prova Tuberculínica, quando reatora, isoladamente, indica a presença de infecção, mas não é suficiente para o
diagnóstico da tuberculose, pois não indica a tuberculose doença, porém pode ser usada como método auxiliar de
diagnóstico. Esta prova consiste na aplicação por via intradérmica, de 0,1 ml da tuberculina PPD T23, que é a utilizada
no Brasil, no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo. A aplicação gera uma reação descrita como uma
pequena área de limites precisos, pálida e de aspecto pontilhado como casca de laranja.
A interpretação da Prova Tuberculínica deve ser feita de 72 a 96 horas após a inoculação, medindo-se com régua
milimetrada o maior diâmetro transverso da área de endurecimento palpável. O resultado classifica o indivíduo em 3
categorias:
 0 a 4 mm - não reator: indivíduo não infectado pelo M. tuberculosis ou com hipersensibilidade reduzida;
 5 a 9 mm- reator fraco: indivíduo vacinado com BCG ou infectado pelo M. tuberculosis ou por outras microbactérias;
 10mm ou mais - reator forte: indivíduo infectado pelo M. tuberculosis, que pode estar doente ou não, e indivíduos
vacinados com BCG nos últimos dois anos.
Todo indivíduo com diagnóstico confirmado por baciloscopia ou cultura e aquele em que o médico, com base nos
dados clínico-epidemiológicos e no resultado de exames complementares, é considerado "caso de tuberculose". A partir
de então, o caso é classificado em:
Caso Novo: é o doente com tuberculose que nunca se submeteu a quimioterapia antituberculosa, fez uso de
tuberculostáticos por menos de 30 dias, ou submeteu-se ao tratamento para tuberculose há cinco anos ou mais.
Caso de Recidiva: é o doente com tuberculose em atividade que já se tratou anteriormente e recebeu alta por cura,
desde que a data da cura e data do diagnóstico de recidiva não ultrapassem cinco anos. Se esse intervalo exceder cinco
anos, o caso é considerado como "caso novo".
Caso de Abandono: é o doente que após iniciado o tratamento para tuberculose, deixou de comparecer à unidade
de saúde por mais de 30 dias consecutivos, após a data aprazada para seu retorno.

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Caso de Falência: é doente que no início do tratamento tem baciloscopia fortemente positiva (++ ou +++) e mantém
essa situação até o 4º mês, ou aqueles com positividade inicial seguida de negativação e nova positividade por dois
meses consecutivos, a partir do 1º mês de tratamento.
Esta classificação dos casos é importante, pois através dela é estabelecido o tipo de tratamento medicamentoso a
ser utilizado.
O tratamento dos bacilíferos, assim como a busca ativa de contatos, é atividade prioritária no controle da
tuberculose. Logo no início da quimioterapia aplicada corretamente os bacilos da tuberculose praticamente perdem seu
poder infectante, eliminando as principais fontes de infecção.
Com o objetivo de facilitar a adesão ao tratamento e consequentemente o sucesso deste, é importante e
necessário, que antes do início da quimioterapia, o paciente seja orientado sobre a importância do tratamento; as drogas
utilizadas e seus possíveis efeitos colaterais; a duração do tratamento; os benefícios do uso regular da medicação; e as'
consequências advindas do abandono do tratamento, principalmente quando se tratar de casos de retratamento após
abandono, mendigos, presidiários, doentes institucionalizados (asilos, manicômios) eetilistas.
Desde 1998, o Brasil adotou o tratamento supervisionado baseado na estratégia DOTS (Tratamento Diretamente
Observado de Curta Duração), conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde desde 1994, com o intuito de
reduzir os índices de abandono e consequentemente garantir a eficácia da quimioterapia. O tratamento supervisionado
consiste na supervisão feita pelo profissional de saúde da ingestão dos medicamentos, na unidade de saúde ou na
residência, assegurando-se que o doente os tome em uma única dose diária.
O acompanhamento do tratamento é feito através de avaliações periódicas da evolução da doença e da utilização
correta dos medicamentos. Essa avaliação é feita mensalmente, através de consultas médicas e de enfermagem;
realização de baciloscopia de controle, sendo indispensáveis as do 2º, 4º e 6º meses de tratamento; e exame radiológico
do tórax.
Os motivos de alta do tratamento variam, e são classificados de acordo com a forma em que este foi encerrado.
Alta por cura: para pacientes pulmonares inicialmente positivos, a alta por cura será dada quando ao completar o
tratamento o paciente apresentar duas baciloscopias negativas: uma na fase de acompanhamento e outra no final do
tratamento (cura).
Alta por completar o tratamento: será dada com base em critérios clínicos e radiológicos, quando o paciente não
tiver realizado o exame de escarro por ausência de expectoração, e tiver alta com base em dados clínicos e exames
complementares; em casos de tuberculose pulmonar inicialmente negativos; e em casos de tuberculose extrapulmonar.
Alta por abandono de tratamento: dada ao doente que deixou de comparecer à unidade por mais de 30 dias
consecutivos, após a data prevista para seu retomo. Nos casos de tratamento supervisionado, o prazo de 30 dias conta a
partir da última tomada da droga.
Alta por mudança de diagnóstico: será dada quando for constatado erro no diagnóstico.
Alta por óbito: será dada por ocasião do conhecimento da morte do paciente, durante o tratamento. E
independentemente da causa.
Alta por falência: será dada quando houver persistência da positividade do escarro ao final do 4º ou 5º mês de
tratamento. Os doentes que no início do tratamento são fortemente positivos (++ ou +++) e mantêm essa situação até o
4ºmês ou os que apresentam positividade inicial seguida de negativaçãoe nova positividade por dois meses
consecutivos, a partir do 4º mês de tratamento, são classificados como caso de falência.
Alta por transferência: será dada quandoo doente for transferido para outro serviço de saúde.
Atenção: quando o caso for encerrado por falência e o paciente iniciar novo tratamento, deverá ser registrado como
caso de retratamento no Livro de Registro e Controle de Tratamento dos Casos de Tuberculose.
As principais ações de prevenção da tuberculose são a investigação e acompanhamento dos contatos; imunização
com a vacina BCG; e quimioprolilaxia.

a.Investigação e Acompanhamento dos Contatos: o Ministério da Saúde define como contato: "toda pessoa,
parente ou não, que coabita com um doente de tuberculose ". Para estes indivíduos, a conduta a ser adotada é:
 BAAR, quando se tratar de um sintomático respiratório;
 PPD, quando se tratar de crianças menores de 5 anos não vacinados com BCG;
 Radiografia de tórax, sempre que disponível.

b.Vacina BCG: confere poder protetor às formas graves da primo infecção pelo M. tuberculosis sendo
prioritariamente indicada para crianças de 0 a 4 anos de idade, e obrigatória para menores de um ano, como dispõe a

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Portaria nº 452, de 6/12/76, elo Ministério da Saúde. Deve ser realizada segundo orientações do Programa Nacional de
Imunizações do Ministério da Saúde.

c.Quimioprofilaxia: deve ser direcionada aos grupos de alto risco de tuberculose, em especial o dos coinfectados
pelo HIV e pelo M. tuberculosis. As principais indicações de quimioprofilaxiasão para os casos de:
Recém-nascidos coabitantes de foco tuberculoso ativo;
Crianças menores de 15 anos, não vacinadas com BCG, que tiveram contato com um caso de tuberculose
pulmonar bacilífera, sem sinais compatíveis de tuberculose doença, reatores à tuberculina de 10 rnm ou mais;
Indivíduos com viragem tuberculínica recente (até 12 meses), isto é, que tiveram um aumento na resposta
tuberculínica de, no mínimo, 10 mm;
Imunodeprimidos por uso de drogas ou por doenças imunodepressoras e contatos intradomiciliares de
tuberculoses, sob criteriosa decisão médica;
Reatores fortes á tuberculina, sem sinais de tuberculose ativa, mas com condições clínicas associadas a alto risco
de desenvolvê-la, como: alcoolismo , Diabetes Mellitus .insulinodependente, dentre outros;
Co-infectadosHIV e M, tuberculosis - este grupo deve ser submetido à prova tuberculinica, sendo de 5 mm em vez
de 10 mm, o limite da reação ao PPD, para considerar-se uma pessoa infectada pelo M. tuberculosis.

PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NAS ATIVIDADES DE CONTROLE DA


TUBERCULOSE
a.Enfermeiro
Identificar os sintomáticos respiratórios;
Solicitar baciloscopia dos sintomáticos respiratórios para diagnóstico (duas amostras) e orientar quanto á coleta de
escarro.
Aplicar a vacina BCG,
Fazer teste tuberculínico (PPD):
Realizar consulta de enfermagemmensal;
Notificar todo caso de tuberculose que vai iniciar tratamento:
Convocar os comunicantes para investigação;
Dispensar os medicamentos para o doente eorientá-lo sobre seu uso, esclarecendo as dúvidas e desmistificando os
tabus eestigmas;
Programar os quantitativos de medicamentos necessários ao mês, para cada doente cadastrado na unidade básica
de saúde, de forma a assegurar o tratamento completo de todos;
Solicitar baciloscopia de controle (BAAR) para acompanhar o tratamento dos pulmonares bacilíferos;
Identificar reações adversas dos medicamentos e interações medicamentosas;
Transferir o doente da Unidade Básica de Saúde (UBS), quando necessário, com a ficha de referência e contra-
referência devidamente preenchida;
Encaminhar o doente para uma unidade de referência, quando necessário:
Realizar ações educativas junto à clientela da UBS e no domicílio;
Convocar o doente faltoso à consulta. Planejar visita domiciliar;
Preencher o Livro de Registro e Acompanhamento dos Casos de Tuberculose na Unidade Básica de Saúde;
Fazer, juntamente com a equipe, a análise de coorte trimestral;
Atualizar os sistemas de informação (Ex: SIAB-TB e SINAM);
Planejar, juntamente com a equipe e coordenação municipal, estratégias de controle da tuberculose na
comunidade.
b.Auxiliares eTécnicos de Enfermagem
Identificar os sintomáticos respiratórios em visita domiciliar na comunidade e na Unidade Básica de Saúde (UBS);
Convocar os comunicantes para consulta médica;
Orientar a coleta do escarro e encaminhar o material ao laboratório;
Receber o resultado do exame, protocolar e anexa-lo ao prontuário (fluxograma);
Aplicar a vacina BCG e teste tuberculínico (PPD), Caso não tenha capacitação para tal, providenciar junto ao gestor
da UBS a sua capacitação em outra unidade de saúde;
Fornecer medicação, orientar o seu uso e a importância do tratamento;
Supervisionar o uso correto da medicação nas visitas domiciliares e o comparecimento às consultas de acordo com
a rotina da equipe;
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Participar da programação e avaliação das ações,

Hipertensão Arterial e Diabetes (HIPERDIA)


As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morbimortalidade na população brasileira, e são
causadas por vários fatores de risco, sendoa hipertensão arterial e o diabetes mellitos dois dos principais, contribuindo
decisivamente para o agravamento deste cenário, em nível nacional.
Essas doenças apresentam uma série de complicações, podendo levar àinvalidez parcial ou total do indivíduo com
graves repercussões para o paciente sua família e a sociedade Estas complicações podem ser evitadas através do
diagnóstico precoce da doença. Sendo assim, as atividades de prevenção são importantes para a garantia da qualidade
de vida e também para evitar a hospitalização.
Com o objetivo de propiciar aos portadores destes agravos, o acompanhamento e tratamento adequados, o
Ministério da Saúde criou o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes mellitus.
A associação entre as duas patologias aqui discutidas é muito comum, por isso esta abordagem conjunta justificada
pelo fato de ambas apresentarem muitas características em comum, dentre as quais se destacam:
Etiopatogenia: identifica-se a presença, em ambas, de resistência insulínica, resistência vascular periférica
aumentada e disfunção endotelial;
Fatores de risco, tais como obesidade, dislipidemia e sedentarismo;
Cronicidade: doenças incuráveis, requerendo acompanhamento eficaz e permanente;
Apresentam complicações crônicas que podem ser evitadas, quando precocemente identificadas e adequadamente
tratadas;
Geralmente são assintomáticas;
Adesão ao tratamento dificultado por exigir mudanças nos hábitos de vida e participação ativa do indivíduo;
Alguns medicamentos em comum;
Diagnóstico simples.

a. Hipertensão Arterial
A definição de hipertensão arterial é feita com base nas avaliações dos níveis de pressão arterial e do risco
cardiovascular global. Sendo assim, define-se como pressão arterial ideal para a minimização do risco de problemas
cardiovasculares situa-se abaixo de 120/80 mmHg.
Valor ótimo de pressão arterial: <120 x 80 mmHg
Valor normal de pressão arterial: < 130/85 mmHg

A avaliação dos indivíduos portadores de hipertensão deve incluir anamnese, exame físico e avaliação clínico-
laboratorial, o que permite a classificação destes, de acordo com o grau de risco.
Anamnese: nesta etapa, busca-se identificar os hábitos de vida do indivíduo, seu histórico familiar patológico dentre
outros fatores.
Exame Físico: nesta etapa avalia-se principalmente os pulsos carotídeos (inclusive com ausculta) e o pulso dos 4
membros; a pressão arterial (PA) em ambos os membros superiores, com o paciente deitado, sentado e em pé
(ocorrência de doença arterial oclusiva e de hipotensão postural); e o peso (atual, habitual e ideal) e a altura, com
estabelecimento do Índice de Massa.
Avaliação Clínico-laboratorial: nesta etapa ocorre uma avaliação dos achados das etapas anteriores, para
confirmação do diagnóstico de hipertensão arterial. Os principais exames que constituem esta etapa são o de urina
(bioquímica e sedimento): Creatinina sérica: Potássio sérico; Glicemia sérica; Colesterol total e Eletrocardiograma de
repouso.

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A partir desta avaliação e confirmação do diagnóstico de hipertensão arterial, os indivíduos são categorizados de
acordo com o risco cardiovascular absoluto.
Baixo risco: é o grupo formado por homens com idade menor de 55 anos c mulheres com idade abaixo de 65 anos,
com hipertensão de grau I e sem fatores de risco.
Médio risco: grupo formado por portadores de HA grau I ou II, com um ou dois fatores de risco cardiovascular,
Alto risco: grupo que inclui portadores de HA grau I ou II que possuem três ou mais fatores de risco e são também
portadores de hipertensão grau III, sem fatores de risco.
Risco muito alto: inclui portadores de HA grau III, que possuem um ou mais fatores de risco, com doença
cardiovascular ou renal manifesta.

b. Diabetes Mellitus (DM)


O DM é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina
exercer adequadamente seus efeitos, caracterizada por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos
carboidratos, lipídeos e proteínas. A etiologia do DM caracteriza-o em tipos. São eles:
Diabetes Tipo I: resulta primariamente da destruição das células beta pancreáticas e tem tendência à cetoacidose.
Características clínicas: maior incidência em crianças, adolescentes e adultos jovens; facilidade para cetose e grandes
flutuações da glicemia; pouca influência hereditária; deterioração clínica, se não tratada imediatamente com insulina.
Diabetes Tipo2: resulta, em geral, de graus variáveis de resistência à insulina e de deficiência relativa de secreção
de insulina. Características clínicas: tem início insidioso, com sintomas inespecíficos; obesidade, especialmente de
distribuição abdominal; forte componente hereditário; mais comum após os 30 anos; pode não apresentar os sintomas
clássicos de hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento); não propensão à cetoacidose diabética,
exceto em situações especiais de estresse agudo (sepsis, infarto agudo do miocárdio, etc.).
Diabetes Gestacional: é a diminuição da tolerância à glicose, de magnitude variável, diagnosticada, pela primeira
vez, na gestação, podendo ou não persistir após o parto,
Outros tipos específicos: incluem várias formas de DM, decorrentes de defeitos genéticos associados com outras,
doenças ou com o uso de fármacos diabetogênicos.
Avaliação dos portadores de DM, assim como na hipertensão arterial inclui anamnese e exame físico.
Anamnese: deve-se investigar os hábitos de vida do indivíduo; sintomas (polidipsia, poliúria. polifagia,
emagrecimento), e história patológica pregressa dentre outros,
Exame Físico: avaliar o índice de massa corporal (IMC); atentar para presença de edemas em membros inferiores
elesões cutâneas; avaliar a pressão arterial, dentre outros,
Os principais :sinais e sintomas do DM são: poliúria / nictúria; polidipsia / boca seca; polifagia; emagrecimento
rápido; fraqueza / astenia / letargia; prurido vulvar ou balanopostite;diminuição brusca da acuidade visual; achado de
hiperglicemia ou glicosúria em exames de rotina,
O diagnóstico laboratorial do DM geralmente é feito através da medida da glicose plasmática em jejum (8 a 12
horas), devido á sua praticidade, mas em alguns casos faz-se o teste de intolerância à glicose: para confirmação do
diagnóstico. A partir deste diagnóstico, são considerados diabéticos os indivíduos que apresentam as seguintes
características:
 sintomas clássicos de DM e valores de glicemia de jejum iguais ou superiores a 126 mg/dl:
 sintomasclássicos de DM e valores de glicemia realizada em qualquer momento do dia, iguais ou superiores a 200 mg/dl;
 indivíduosassintomáticos, porém com níveis de glicemia de jejum iguais ou superiores a 126 mg/dl, em mais de uma
ocasião;
 indivíduos com valores de glicemia de jejum menores que 126mg/dl e, na segunda hora, após uma sobrecarga com75 g
de glicose via oral, iguais ou superiores a 200 mg/dl,
Omonitoramento do DM é feito através do teste de glicemia capilar (haemoglucoteste), que pode ser realizado pelo
próprio portador,

c. Tratamento e Prevenção da Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus e suas complicações


O tratamento do DM e da HA é feito principalmente através de atividades educativas, modificações dos hábitos de
vida e, se necessário, medicamentos.
A prevenção primordial da hipertensão arterial e do DM, e ainda das possíveis complicações cardiovasculares
oriundas destas doenças, engloba um conjunto de ações de promoção de saúde, que despertem o interesse e a
participação popular. Os objetivos das atividades de prevenção variam de acordo com seus tipos.

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Prevenção Primária: tem por objetivo eliminar os fatores de risco e é responsabilidade da equipe de saúde,
Estimula-se o controle do tabagismo, da obesidade, do sedentarismo, do consumo de sal e de bebidas alcoólicas e o
estimulo a uma alimentação saudável.
Prevenção Secundária: tem por objetivo detectar e tratar precocemente os portadores de hipertensão arterial e DM
e suas complicações.
Prevenção Terciária: tem por objetivo prevenir ouretardar o desenvolvimento de complicações agudas e crônicas do
DM e da HA; evitar mortes precoces; e reabilitar indivíduos já acometidos pelas complicações (insuficiência cardíaca,
insuficiência renal. retinopatia diabética e pé em risco de ulceração).
Quando não é possível fazer um controle eficaz da hipertensão arterial e do DM apenas através das alterações nos
hábitos de vida do indivíduo, recorre-se ao tratamento medicamentoso,
No caso da hipertensão arterial, o tratamento medicamentoso é realizado com a administração de anti-
hipertensivos, preconizados pelo Ministério da Saúde. São eles: diuréticos (hidroclorotiazida); inibidores simpáticos
(alfametildopa); beta bloqueadores (propanolol); vasodilatadores diretos (minoxidil);e os inibidores da enzimaconversora
da angiotensnaIECA(captopril),
Para o tratamento medicamentoso do DM existem duas opções: os antidiabéticos orais e as insulinas, A escolha é
feita com base nos seguintes fatores: grau de descontrole metabólico; condição geral do paciente (presença ou não de
outras doenças); capacidade de autocuidado: motivação e idade.
As complicações geradas pela hipertensão arterial são resultado da elevação crônica da PA, que provoca lesões
vasculares no coração, rins e cérebro. Sendo as principais: isquemia miocárdica, insuficiência cardíaca congestiva,
microaneurisma, microinfartos cerebrais, e insuficiência renal.
O DM pode gerar complicações agudas e crônicas.As agudas sãohipogliecemia, cetoacidose diabética e coma
hiperosmolar. As crônicas são decorrentes de alterações da microcirculação (retinopatia e nefropatia) e na
macrocirculação (cardiopatia isquêmica, doenças cerebrovuscular e vascular periférica), Vale lembrar que a complicação
mais devastadora do DM é o "pé-diabético", caracterizado por ulcerações nos pés, que quando não tratadas podem
evoluir para uma amputação.

d. .Atribuições da Equipe de Enfermagem

Auxiliares e técnicos de Enfermagem: verificar os níveis da pressão arterial, peso, altura e circunferência abdominal,
em indivíduos da demanda espontânea da unidade de saúde; orientar a comunidade sobre a importância das mudanças
nos hábitos de vida, ligadas à alimentação e à prática de atividade física rotineira; orientar as pessoas da comunidade
sobre os fatores de risco cardiovascular, em especial aqueles ligados à hipertensão arterial e diabetes; orientar pacientes
sobre a automonitorização (glicosúria e glicemia capilar) e técnica de aplicação de insulina; fornecer medicamentos para
o paciente em tratamento, quando da impossibilidade do farmacêutico.
Enfermeiro: capacitar os auxiliares de enfermagem e os agentes comunitários e supervisionar, de forma
permanente, suas atividades; realizar consulta de enfermagem, abordando fatores de risco, tratamentonão-
medicamentoso, adesão e possíveis .intercorrências ao tratamento, encaminhando o indivíduo ao médico, quando
necessário; desenvolver atividades educativas de promoção de saúde com todas as pessoas da comunidade;
desenvolver atividades educativas individuais ou em grupo com os pacientes hipertensos e diabéticos; estabelecer, junto
à equipe, estratégias que possam favorecer a adesão (grupos de hipertensos e diabéticos); solicitar, durante a consulta
de enfermagem, os exames mínimos-estabelecidos nos consensos e definidoscomo possíveis enecessários pelo médico
da equipe; repetia medicação de indivíduos controlados e sem intercorrências: encaminhar para consultas mensais, com
o médico da equipe, os indivíduos não-aderentes, de difícil controle e portadores de lesões em órgãos-alvo (cérebro,
coração, rins, olhos, vasos, pé diabético, etc.) ou comco-morbidades; encaminhar para consultas trimestrais, com o
médico da equipe, os indivíduos que mesmo apresentando controle dos níveis tensionais e do diabetes, sejam
portadores de lesões em órgãos-alvo ou co-morbidades; encaminhar para consultas semestrais, com o médico da
equipe, os indivíduos controlados e sem sinais de lesões em órgãos-alvo e sem co-morbidades; acrescentar, na consulta
de enfermagem, o exame dos membros inferiores para identificaçãodo pé em risco. Realizar, também, cuidados
específicos nos pés acometidos e nos pés em risco; realizar glicemia capilar dos pacientes diabéticos, a cada consulta, e
nos hipertensosnão-diabéticos, uma vez ao ano.

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SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

O Programa Saúde da Criança e Adolescente visa à promoção, proteção e recuperação da saúde neste ciclo da
vida, caracterizado pelo dinamismo do processo de crescimento e desenvolvimento. Conta com ações que contemplam o
acompanhamento diferenciado nas diferentes faixas etárias.

CICLO DE VIDA DA CRIANÇA


O ciclo de vida da criança compreende um ser que vivencia os diferentes riscos de adoecer e morrer, conforme
o momento do seu processo de crescimento e desenvolvimento e a sua inserção social Suas necessidades de saúde são
decorrentes da condição de ser criança em uma determinada sociedade e dos problemas relacionados a sua vivência
nos diferentes territórios

CICLO DE VIDA DA CRIANÇA


DA CONCEPÇÃO AO 1º MÊS VIDA - RECÉM-NASCIDO
1 MÊS AOS 2 ANOS DE IDADE - LACTENTE
2ANOS AOS 6 ANOS – PRÉ-ESCOLAR
6ANOS AOS 10 ANOS – ESCOLAR
10 ANOSAOS19 ANOS - ADOLESCENTE

ENFOQUE DE RISCO

VIGILÂNCIA DO CRESCIMENTO E DO DESENVOLVIMENTO


Monitorar o estado nutricional e o desenvolvimento
Avaliar a situação alimentar
Avaliar a imunização
Atender os principais agravos
Prevenir agravos e incentivar atitudes que promovam a saúde da criança.

CONHECENDO A CRIANÇA
O passado - pré-natal; parto, neonatal
A situação atual
 alimentação
 imunização
 desenvolvimento
 rotina de vida
Antecedentes mórbidos

CONHECENDO A FAMÍLIA
 composição
 condições de saúde
 antecedentes mórbidos
 ambiente de vida
 inserção social – grau de instrução dos pais - ocupação dos pais

PROSAD
A adolescência, faixa etária entre 10 e 19 anos, é o período da vida caracterizado por intenso crescimento
e desenvolvimento, que se manifesta por transformações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais.
Nessa faixa etária a vulnerabilidade aos agravos de saúde, bem como as questões econômicas e sociais,
nas suas vertentes de educação, cultura, trabalho, justiça, esporte, lazer e outros, determinam a necessidade de atenção
mais específica e abrangente. Os adolescentes brasileiros tem, como cidadãos, direito à saúde, e é dever do Estado
possibilitar esse acesso de forma universalizada, hierarquizada e regionalizada, dentro dos preceitos do Sistema Único
de Saúde (SUS). Dessa forma, o Ministério da Saúde define objetivos, diretrizes e estratégias para o Programa "Saúde
do Adolescente" (PROSAD) que tem a finalidade de promover, integrar, apoiar e incentivar práticas nos locais onde será

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feita a implantação e onde essas atividades já vem sendo desenvolvidas, seja nos estados, municípios, universidades,
organizações não-governamentais e outras instituições. Deve interagir com outros setores no sentido da promoção da
saúde, da identificação dos grupos de risco, detecção precoce dos agravos, tratamento adequado e reabilitação dos
indivíduos dessa faixa etária, sempre de forma integral, multisetorial e interdisciplinar. Sabedores de que a solução para
os problemas de todos os segmentos populacionais passa pela reestruturação das políticas sociais e econômicas e pela
verdadeira participação comunitária, reitera-se a importância do trabalho da equipe multidisciplinar nesse processo de
integração com instituições e comunidades.
O Programa "Saúde do Adolescente" (PROSAD) deverá ser executado dentro do princípio da integralidade
das ações de saúde, da necessária multidisciplinariedade no trato dessas questões e na integração intersetorial e
interinstitucional dos órgãos envolvidos, respeitando-se as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) apontadas na
Constituição Brasileira.
As ações básicas propostas pelo PROSAD fundamentam-se numa política de promoção de saúde,
identificação de grupos de risco, detecção precoce dos agravos, tratamento adequado e reabilitação. Deverá planejar e
desenvolver práticas educativas e participativas que permeiem todas as ações dirigidas aos adolescentes, assegurando
apropriação por parte destes de conhecimentos necessários a um maior controle de sua saúde.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Para a lei brasileira as crianças são os individuos de até onze anos de idade e, adolescentes são aquelas
pessoas que têm entre doze e dezoito anos. Por serem pessoas em desenvolvimento, crianças e adolescentes precisam
ser especialmente protegidos pela sociedade e pelo Estado e é isso que diz o artigo 227 da Constituição brasileira, citado
acima. Nesse sentido, a Constituição brasileira foi bastante inovadora já que se adianta às disposições da Convenção da
ONU sobre os Direitos da Criança
Para fazer valer o artigo 227 da Constituição Federal Brasileira, foi promulgada em 1990 uma Lei federal
(que vale para o Brasil inteiro). Os direitos das crianças e dos adolescentes, bem como as obrigações da família, da
sociedade e do governo para com eles estão descritos nessa lei que se chama "Estatuto da Criança e do Adolescente" e,
comumente é chamado de ECA. O essencial é que esta lei diz que a criança e o adolescente são prioridade no Estado
brasileiro e que devem receber todos os cuidados referentes à sua proteção e desenvolvimento.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade,
a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

NO ESTATUTO TAMBÉM ESTÁ PREVISTA A CRIAÇÃO DOS CONSELHOS TUTELARES EM CADA CIDADE

O Conselho Tutelar é o órgão responsável em fiscalizar se os direitos previstos no Estatuto da Criança e


do Adolescente estão sendo cumpridos. Cada cidade deve ter obrigatoriamente pelo menos um Conselho Tutelar,
sustentado pelo governo municipal (ou seja, é a prefeitura que deve pagar o aluguel, telefone, etc.). Em cada Conselho
trabalham cinco Conselheiros, escolhidos pela comunidade para um mandato de 3 anos. Os Conselheiros são os
principais responsáveis para fazer valer esses direitos e dar os encaminhamentos necessários para a solução dos
problemas referentes à infância e adolescência.
Podem ser encaminhados para o Conselho Tutelar casos de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão que tenham como vítimas crianças ou adolescentes. 

“A identidade humana não é dada pela natureza.


É uma construção estabelecida na relação com outro humano.”

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