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POLÍTICAS PÚBLICAS DE ALIMENTAÇÃO

E NUTRIÇÃO

MODELOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE


Micheline Veras de Moura

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Olá!
Você está na Unidade Políticas Públicas de Alimentação e Nutrição. Conheça aqui alguns conceitos

relacionados a Modelos Assistenciais de Saúde como vigilância em saúde; pacto pela saúde; e política nacional

de atenção básica. Conheça ainda suas diretrizes, políticas, programas, históricos e atualizações.

Bons estudos!

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1. Modelo Assistenciais de Saúde
O desenvolvimento social, econômico, e a particularidade do indivíduo estão diretamente relacionadas com a

saúde e suas políticas. Várias discussões já foram realizadas sobre a necessidade de evolução e desenvolvimento

para a saúde do indivíduo, família e coletividade (BUSS, 2007).

Um marco importante foi a Conferência Internacional sobre promoção da saúde, que aconteceu na década de

80, em Ottawa, tendo como objetivos principais implementar políticas públicas saudáveis, criação de ambientes

favoráveis, reforço da ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação do sistema de

saúde, e assim contribuir com a melhoria da qualidade do atendimento. Isso remete a modelos assistenciais de

saúde que promovam melhorias e mudanças (BUSS, 2007). Nesse sentido, você entenderá mais sobre:

modelos de saúde;

estratégia de saúde da família;

conceito de saúde.

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1.1 Modelos de Saúde

Entre os modelos de saúde para reorientação da prática de saúde no Brasil, existem modelos predominantes

como o suplementar e o sanitarista. Movimentos criados para reorientar o modelo de saúde.

O termo modelo possui acepções diferenciadas, variadas, com significados diversos, e utilizadas em conjunturas

e contextos diferentes por indivíduos ou grupo de pessoas diferentes. Pode ser empregado de forma empírica

com todo embasamento científico. Pode ser conceituado como algo padronizado, ou até como um paradigma,

averiguado com atenção e certo. Pode até ser o representante de uma figura pública ou um ídolo (SCLIAR,

2007).

Com o movimento da reforma sanitária e a promulgação da Lei Orgânica da saúde 8080/90 (BRASIL, 1990), na

Constituição Federal de 1988, muitas foram as melhorias em saúde, inclusive as estratégias utilizadas pelo

Ministério da Saúde, como o programa ESF (Estratégia de Saúde da Família), um modelo em saúde que

reorientou as práticas de saúde (MACINKO; HARRIS, 2015).

Macinko e Harris (2015) descrevem que as ESF desenvolvem a prática da saúde-doença, amplia o

atendimento tradicional curativo-preventivo, procurando incluir a qualidade de vida na coletividade, ir além de

um estado de doenças, mas de bem-estar físico, emocional e social, pois este modelo é responsável por um

território. Procura-se ir além do modelo biomédico hegemônico, o qual vinha limitado a implementação de

ações de cura e controle dos sintomas, com gradativa fragmentação e medicalização do cuidado.

No ano de 1994, com o objetivo de reorganizar a atenção primária em saúde, o MS (Ministério da Saúde)

implantou um modelo de atenção, denominado PSF (Programa de Saúde da Família), hoje, denominado de ESF

(Estratégia de Saúde da Família), o principal intuito é a reorientação do modelo de saúde. Anterior ao ESF, o

Ministério da Saúde criou o PACS (Programa de Agentes Comunitários em Saúde), para contribuir nessa

melhoria da qualidade da assistência. Com isso, o MS busca uma prática atuante nas UBS (Unidades Básica de

Saúde), em compatibilidade com os princípios do SUS.

Uma estratégia que melhorou a qualidade de vida do indivíduo, da família e da coletividade foi a implantação nas

UBS da saúde bucal. Essa estratégia, entretanto, foi incorporada à ESF somente em 2000 na tentativa de se

alcançar uma atenção. O MS busca um impacto epidemiológico, resultado de novas mudanças em saúde com

melhorias para a coletividade (BRASIL, 2004).

A reorientação do modelo de atenção à saúde tem como regente os princípios do SUS: universalidade,

equidade e integralidade; imprimindo uma nova dinâmica de atuação nas UB, com definição de

responsabilidades entre os serviços de saúde e a população (DALPIAZ; STEDILE, 2011).

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De acordo com Rosa e Labate (2005), a busca por novos modelos de atenção para a saúde se deu pela não

resposta satisfatória dos modelos hospitalocêntricos que existiam. Foi um momento histórico que envolvia não

só a saúde, mas o social. O novo modelo de estratégia (ESF) trouxe consigo a promoção, prevenção e o cuidado

integral não somente para o indivíduo, mas para famílias e o bem em saúde para a coletividade.

Assista aí

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/c576ed2e6f28888b4f51d47a5df25697

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1.2 Estratégia de Saúde da Família (ESF)

O MS implementou um novo modelo de atenção à saúde, com ações direcionadas, territorializadas, com

população definida, com diretrizes que foram determinadas em 1997, pelo próprio MS. Essas diretrizes

são relacionadas ao programa de saúde da família e a atribuição do ESF é a sua implementação (BRASIL,

1997).

Segundo o Ministério da Saúde (1997), as diretrizes que compõe o ESF e são de sua responsabilidade são as de

realizar o cadastramento de toda uma população, a qual seja pertencente àquele território; hierarquização;

caráter substitutivo; complementariedade; e adscrição da clientela; as instalações e estrutura também são de

responsabilidade do MS.

Também tem, em suas atribuições, a atenção contínua do atendimento a nível social e estruturar uma equipe

multidisciplinar para o acompanhamento do indivíduo, da família e da comunidade, incluindo a proteção,

promoção e recuperação da saúde (BRASIL, 1997).

Figura 1 - Atenção Básica


Fonte: ISTOCK - 1136660816, 2020.

#PraCegoVer: A imagem mostra um homem sentado e gesticulando com as mãos. Sentada à frente dele está

uma mulher que aparenta ser uma profissional de saúde, fazendo anotações com uma caneta em um papel que

está apoiado em uma prancheta.

De acordo com Campos e Guerrero (2010), o objetivo da ESF é a averiguação continua e permanente da

conjunção da saúde e do social como complemento da coletividade. Ressalta ainda a conformação e

efetivação das práticas propostas nas políticas de saúde e nas diretrizes desde 1997. Essas práticas de saúde

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compõem a vigilância em saúde, promoção, prevenção e controle das doenças e agravos, essas devem ser

totalmente embasadas em entendimento e técnicas vindos da epidemiologia, do planejamento e das ciências

sociais.

Fique de olho
Aprofunde mais seus conhecimentos sobre a ESF, acessando http://189.28.128.100/dab/docs
/legislacao/portaria1886_18_12_97.pdf, conhecendo em detalhes a Portaria que aprovou o
ESF.

As diretrizes do ESF são operacionais e são interligadas aos ACS (Agentes Comunitários de Saúde). De acordo

com a Portaria GM/MS 1997, um ACS tem responsabilidade de acompanhar e dar assistência a, no máximo, 150

famílias.

A Secretaria do Estado de Saúde é responsável por selecionar o ACS, a seleção deve ocorrer por meio de processo

seletivo. Essa deve ocorrer no próprio município no qual está a ESF.

Algumas considerações devem ser levadas em conta para essa seleção, esse ACS deve residir na área onde

executar as ações com as famílias, há pelo menos dois anos, saber ler e escrever, ser maior de dezoito Az\anos e

ter disponibilidade de tempo integral para exercer suas atividades.

Esse ACS deverá fortalecer e expandir as atividades e ações de prevenção das doenças e agravos em saúde; irá

também realizar visitas domiciliares para assim alcançar esses objetivos, com orientações, ações direcionadas

em educação; educação tanto individual, quanto coletivas tanto na residência do indivíduo, quanto na

coletividade. Todas essas atribuições do ACS serão supervisionadas pelo enfermeiro da área. A educação

continuada do Agente de Saúde deve acontecer no horário do trabalho, com participação multidisciplinar.

Cada território tem seus problemas estabelecidos; com foco nesses problemas, devem ser direcionadas as

estratégias e conteúdo da capacitação do ACS. Também, quando houver o recrutamento do ACS, existem algumas

situações em que se deve chamar o suplente, como se o titular deixou de residir na área de sua atuação; assume

outra atividade que comprometa a carga horária necessária para desempenho de suas atividades; não cumpre os

compromissos e atribuições assumidas; gera conflitos ou rejeição junto a sua comunidade; o próprio ACS, por

motivos particulares, requeira seu afastamento (BRASIL, 1997).

De acordo com a mesma portaria (BRASIL, 1997), quando houver necessidade de substituição, a situação deve

ser colocada em pauta na reunião do conselho local ou municipal de saúde. O acompanhamento e averiguação

das ações desenvolvidas pelo programa deverá ser realizado pelo Sistema de Informação da Atenção Básica –

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SIAB, ou transitoriamente pelo Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde – SIPACS,

ou ainda por outro sistema de informações implantado pelo município, contanto que alimente a base de dados

do sistema preconizado ao programa pelo Ministério da Saúde (SIAB ou SIPACS) (BRASIL, 1997).

A portaria do MS esclarece que, para atuação do ESF, o município deve entender e cumprir a regra de que as

equipes devem realizar o cadastramento das famílias, com visitas aos domicílios, segundo a definição territorial

pré-estabelecida.

Vamos entende um pouco como essa equipe deve funcionar, ser estruturada e estabelecida conforme regula a

portaria do MS (BRASIL, 1997).

Uma equipe de profissionais de saúde da família pode ser responsável, no âmbito de abrangência de uma

unidade de saúde da família, por uma área onde resida, no máximo, 1000 (mil) famílias ou 4.500 (quatro mil e

quinhentas) pessoas.

Determina ainda que a equipe do Estratégia de Saúde da Família seja composta de uma equipe de médicos,

enfermeiros, técnicos de enfermagem e os agentes comunitários de saúde. Lembrando que cada agente só

responde a no máximo 150 famílias, com isso ficam de acordo com a portaria para recebimento dos recursos e

incentivos do Ministério da Saúde (BRASIL, 1997).

No Sistema Único de Saúde, a entrada primordial para os pacientes é a Atenção Básica em Saúde. Este é o

primeiro lugar do SUS em que o paciente consegue estabelecer vínculos. Esse atendimento tem por finalidade o

atendimento integral ao paciente (ANDRADE, 2012).

Dados revelam que, até 2016, o Brasil já possuía em seu quadro 40.307 equipes de Estratégia de Saúde da

Família, isso é equiparado a 63,9% da cobertura de todo o país, ainda se tem a necessidade de avanço, pois com

isso é perceptível que existem populações sem cobertura e sem atendimento integral. Essa equipe deve ser

multiprofissional para um atendimento integral e com qualidade (BRASIL, 2016).

Após várias discussões e elaborações de políticas, o Ministério da Saúde resolveu criar, com o intuito de apoiar o

ESF, os NASF (Núcleos de Atenção à Saúde da Família).

O NASF foi promulgado pela Portaria do Ministério da Saúde (BRASIL, 2008), desde 2008, que estabelece que

deve ser uma equipe multiprofissional, e realizar as ações em paralelo com os profissionais da ESF. Em 2012, o

Ministério da Saúde reorganizou as políticas referente aos NASF, a Portaria Ministerial 3.124/12 (BRASIL, 2012)

estabelece modalidades 1, 2 e 3, como diferenciais. Diante disso, segundo Brasil (2014), as modalidades são

compostas por:

• NASF 1

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pode conter de 5 a 9 equipes de saúde da família e/ou equipes de Atenção Básica para populações

específicas, isso inclui os consultórios de rua, equipe ribeirinha e fluvial;

• NASF 2

composto por 3 a 4 equipes de saúde da família e/ou equipes de Atenção Básica para populações

específicas;

• NASF 3

são vinculadas de 1 a 2 equipes de saúde da família e/ou de Atenção Básica para populações específicas.

De acordo com Brasil (2014), tem sido crescente o aumento das equipes. O NASF pode ter uma composição de

profissionais como: assistente social; profissional de educação física; farmacêutico; fisioterapeuta;

fonoaudiólogo; profissional com formação em arte e educação (arte educador); nutricionista; psicólogo;

terapeuta ocupacional; médico ginecologista/ obstetra; médico homeopata; médico pediatra; médico

veterinário; médico psiquiatra; médico geriatra; médico internista (clínica médica); médico do trabalho;

médico acupunturista; e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde

com pós-graduação em saúde pública ou coletiva, ou graduado diretamente em uma dessas áreas. Com isso, a

qualidade do atendimento e a integralidade como um todo tem sido alcançada no indivíduo e na coletividade.

O NASF tem uma proposta de estabelecer espaços de discussão, para elaboração de planos terapêuticos que são

divididos entre as equipes de profissionais, para um entendimento das reais necessidades e o que se tem

conseguido alcançar para melhoria do atendimento. Com isso, é relevante a implementação e participação dos

NASF no apoio ao ESF (BRASIL, 2014).

Figura 2 - NASF
Fonte: ROMAN ZAIETS, Shutterstock, 2020.

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#PraCegoVer: A imagem mostra um homem de jaleco branco, segurando e observando uma ressonância

magnética. Ao fundo, é possível ver uma máquina de ressonância magnética.

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1.3 Vigilância em Saúde

De acordo com Scliar (2007), a saúde é um estado que representa a situação atual, podendo ser tanto político,

quanto econômico e mais ainda social de uma população. Também tem influência do local, da região, dos

princípios e riquezas de um povo, às vezes, depende do ponto de vista religioso, histórico, cultural e da

classe social.

O conceito da OMS sobre saúde foi difundido na carta de princípios de 7 de abril de 1948, por isso comemora-se

o Dia Mundial da Saúde nessa data. Isso resultou no direito que o cidadão possui de a saúde ser obrigação do

Estado na promoção e proteção da saúde, garantido pela Constituição Federal de 1988 (SCLIAR, 2007).

A saúde passou a ser conceituada pela OMS como: “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e

social e não apenas a ausência de enfermidade e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a

promoção, proteção e recuperação” (SCLIAR, 2007).

A Vigilância em Saúde é outro assunto que reflete a saúde do país, iniciou-se desde a criação do SUS, com

estímulo desde a oficialização da Constituição Federal em 1988, ressaltando seu fortalecimento com a Lei

Orgânica da Saúde de 1990. Porém, mesmo com as conquistas, a situação epidemiológica do país não estava

satisfatória (BRITO, 2007).

A Portaria GM 1378/2013 (BRASIL, 2013) conceitua a Vigilância em Saúde como uma metodologia de

organização dos serviços regularizada, realiza coleta de dados, consolida e a partir daí efetua análise e dissemina

essas intervenções, através da elaboração de políticas de saúde em prol da melhoria, proteção e promoção da

saúde, controle de riscos, agravos e doenças.

Um dos modelos de atenção à saúde é a Vigilância em Saúde, responsável pela intervenção sobre problemas de

saúde, monitoramento contínuo dos problemas em saúde e evidências dos problemas relacionados às execuções

de atividades em saúde, promoção da saúde e articulação de estratégias para prevenção da doença. Também a

vigilância em saúde, considera os princípios do SUS como a hierarquização e a regionalização dos serviços de

saúde, com isso, tendo o objetivo de alcançar o princípio da integralidade na sua totalidade (FREITAS, 2003).

De acordo com Fracolli et al. (2008), atualmente, as ações e intervenções da vigilância em saúde têm servido

para reflexão de uma política de tomadas de decisões estratégicas a nível federal.

Na visão de Rosen (1994), no passado, a vigilância se continha na vigilância contínua de pessoas, que eram

expostas a contaminação em viagens, ou a exposição de alguma doença. Historicamente, somente o isolamento

era a prática para não disseminação de doenças. Na Europa, existiam práticas em vigilância que espelharam

algumas práticas de hoje, como a polícia médica ou medicina de estado.

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Podemos aliar a tudo isso a vivência da precursora da enfermagem, Florence Nightingale, primeira a oficializar a

profissão no mundo, inserindo valores e ciência à categoria. Ela serviu na Guerra da Criméia, reduzindo a

infecção em soldados de guerra, e foi a construtora da teoria ambientalista, que visava à vigilância dos

ambientes, aplicou essa teoria nos ambientes de campanha na Guerra da Criméia (NULAND, 2005).

A vigilância é fundamentada em processos de trabalho que envolvem os problemas de saúde, que estão

ampliados em doenças, doentes, necessidades e determinantes e condicionantes sociais da saúde, lembrando

ainda dos riscos, causas e danos. Com grande importância para a articulação de estratégias para a

Intersetorialidade, possibilidade de interação e integração de diferentes setores responsáveis pela produção de

saúde; práticas sanitárias, tudo aliado e com foco na melhoria da saúde do indivíduo, da família e da coletividade

(PAIM, 2002).

A vigilância tem produção e fluxo de coleta, análise e sistematização de dados, realiza a produção de dados para

análise e intervenções de saúde pública. Os dados são gerados pelos 3 níveis de esfera de governo, seguindo o

princípio da regionalização: entender os problemas de saúde de uma região com delimitação de território

(PAIM, 2002).

A Vigilância em Saúde realiza processos com métodos de monitoramento e análise de informações, para assim

fornecer subsídios para as elaborações de políticas de saúde e sociais, e ainda as intervenções em saúde por

meio da epidemiologia. Também por meio da Estratégia de Saúde da Família, procura organizar os processos dos

serviços, interlocução com as redes e trabalha pela gestão do sistema de saúde (OLIVEIRA; CASANOVA, 2009).

Como descreve Paim (1997), quando houve a reforma sanitária e outras lutas com interesses na reorientação do

modelo em saúde, que englobasse de forma universal e de qualidade,, era pretendido também um modelo

descentralizado, com protagonismo do nível local, especificamente voltado para a vigilância e controle de

doenças e riscos epidemiológicos.

Historicamente, as patologias e agravos transmissíveis, durante muito tempo, tiveram probabilidade de

cronicidade, em média 30 anos. Em meados do século XIX, as epidemias e pestes causaram grande impacto na

saúde da população, com o conhecimento da época em saúde pública, as intervenções realizadas eram apenas o

isolamento e a quarentena (GAZIANO, 2010).

No século seguinte, passou-se a se a ampliar o conhecimento em saúde, houve também o desenvolvimento da

tecnologia que foi significativo para as ações em saúde. Esse desenvolvimento pôde ampliar e melhorar a

qualidade das ações em prevenção e controle das doenças, principalmente com a vacina e combate ao vetor

(GAZIANO, 2010).

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Para oficializar a Vigilância em Saúde no Brasil, o órgão responsável foi instituído em 1975, o SNVE (Sistema

Nacional de Vigilância Epidemiológica), assim como hoje, a notificação de doenças era compulsória, com a

diferença da limitação dessa lista de doenças que era bem pequena.

Diante disso, as ações e intervenções que deveriam ser de responsabilidade da vigilância epidemiológica, era

realizada por outros órgãos do governo, sendo alguns deles o Departamento Nacional de Endemias Rurais

/DNERU, Campanha Contra Varíola, Campanha Contra Tuberculose, Campanha contra Lepra, dentre outras, que

realizavam suas atividades através de campanhas sanitárias (TEIXEIRA, 1998).

Com a implementação do SNVE, parte das atribuições e responsabilidades da vigilância e controle destas

doenças foram sendo repassadas para as Secretarias Estaduais de Saúde, estruturadas sob a forma de Programas

Especiais, ao exemplo do Programa Nacional de Imunizações, que estabeleceu um modelo piramidal que

mantinha o nível local sem recursos e sem protagonismo no processo de resolução de seus problemas de saúde.

Entretanto, as denominadas endemias (esquistossomose, doença de Chagas, malária, tracoma, etc.) ficaram sob a

responsabilidade da SUCAM (Superintendência de Campanhas), órgão da administração direta do Ministério da

Saúde. Deste modo, a formulação, a coordenação e a execução das atividades de prevenção e controle de

doenças transmissíveis eram realizadas segundo a lógica de programas verticais (TEIXEIRA, 1998).

Com a oficialização da Lei Orgânica em Saúde 8080/90 (BRASIL, 1990), o governo investiu em uma fundação

denominada Funasa (Fundação Nacional de Saúde), com um órgão em sua estrutura o Centro Nacional de

Epidemiologia/CENEPI, cujo objetivo era ser a parte pensante, ou seja, uma área de inteligência em

intervenções epidemiológicas, desagrupando ações de controle e prevenção de doenças, com capacidade e

habilidade para destrinchar a epidemiologia em todas as áreas do SUS e esferas do governo. Com esse

departamento, a vigilância em saúde deveria articular e elaborar estratégias para prevenção de doenças e

agravos (SILVA, 2004).

Pouco a pouco, a vigilância em saúde vem tomando seu espaço, por meio de medidas de intervenções baseadas e

fundamentadas na coleta e análise dos dados das doenças e agravos em saúde, e com isso só refina

consequentemente a qualidade do trabalho.

A vigilância em saúde possui bases de dados informatizadas, onde se tem acesso aos resultados desta coleta e

análise, esses são intitulados como SIM, SINASC, SINAN, entre outros, que favoreceram à produção de análises

epidemiológicas sobre a situação de saúde da população, mais próximas da realidade, pois a análise é feita com

base em problemas reais da população (ABRASCO, 2006).

Concernente a todas as responsabilidades da vigilância em saúde, os casos de emergência como situações

inusitadas, surtos e epidemia, também são de sua responsabilidade. Existe uma rede de respostas rápidas para

esses atendimentos (TEIXEIRA et al., 2018).

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Podemos ver que o SUS é dotado de políticas de saúde para melhoria do atendimento, para que seja prestado

mediante as diretrizes e princípios do SUS, como a universalidade, integralidade, acessibilidade, equidade,

hierarquização, descentralização e territorialização. Com isso, vamos estudar um pouco sobre o pacto pela

saúde e a política nacional de atenção básica.

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2. O pacto pela Saúde e a Política Nacional de Atenção
Básica, como estratégias para o atendimento integral
totalizado
Os princípios da regionalização e descentralização, promulgados na Constituição Federal de 1988, estão

promulgados na Lei Orgânica de 1990 (BRASIL, 1990). Estes estão direcionados para organização dos processos

político-territoriais do SUS (AFFONSO; SILVA, 1995).

A descentralização acontece em cada esfera do governo, sendo de responsabilidade de cada um, de modo

individualizado. Anteriormente, todo o poder era centralizado no governo federal, com a descentralização,

acontece a transferência do poder de tomada de decisão para o município. Com isso, se melhora a

democratização no sentido de fortalecimento (RIBEIRO, 2009).

Existem as pactuações firmadas pelas três esferas do governo, ou seja, municipal, estadual e federal.

Aconteceram várias reformas institucionais do SUS, e a junção delas é o Pacto pela Saúde (CNS, 2006). Esse pacto

tem como finalidade favorecer, desenvolver e fomentar instrumentos e inovação para as ações da gestão,

com o intuito de atingir maior agilidade na qualidade dos feedbacks para o SUS. Porém, o Pacto pela Saúde

direciona-se para cada gestor de cada esfera do governo, com foco nos problemas de cada região e população,

com o pensamento da equidade (CNS, 2006).

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2.1 Pacto pela saúde

De acordo com o Conselho Nacional de Saúde (2006), o projeto descrito no Pacto pela Saúde traz consigo

mudanças significativas para as tomadas de decisões e as execuções das ações do SUS. A portaria de 2006

descreve os principais diferenciais que o pacto trouxe para o SUS, sendo eles apontados como:

a substituição do atual processo de habilitação pela adesão solidária aos Termos de Compromisso de Gestão;

a regionalização solidária e cooperativa como eixo estruturante do processo de descentralização;

a integração das várias formas de repasse dos recursos federais;

e a unificação dos vários pactos hoje existentes.

O Pacto pela Saúde é um documento oficializado pelo país, sendo resultado de lutas e esforços, aliados a muitas

discussões, em média uma discussão a cada dois anos, para se obter esse projeto em prol do SUS. As reuniões

com as discussões aconteciam com a participação do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde –

CONASEMS, e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS, que foram aprovados na reunião da

Comissão Intergestores Tripartite, de 26 de janeiro de 2006, e na reunião de 9 de fevereiro de 2006, pelo

Conselho Nacional de Saúde (CNS, 2006)

O CNS (2006) relata que quase 20 anos se passaram da promulgação do SUS, e durante esse tempo grandes

conquistas e melhorias aconteceram. Principalmente a descentralização dos serviços. Com a descentralização, a

interação, estratégias e a própria intersetorialidade evoluíram com melhorias na saúde, política e social.

O Conselho de Nacional de Secretários de Saúde e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde,

diante das necessidades apresentadas pelo Ministério da Saúde em contribuir com a resolução dos problemas de

saúde, pactuaram responsabilidades entre os três gestores do SUS, no campo da gestão do Sistema e da atenção à

saúde.

O estabelecimento do Pacto pela Saúde foi pactuado nas três dimensões da esfera do governo, ou seja, a nível

municipal, estadual e federal, pela defesa do SUS. Com o objetivo de implementar inovações em saúde e

instrumentos que possibilitassem a melhoria da gestão em saúde (CNS, 2006).

Existem prioridades de ações que apresentam impacto na saúde da população do Brasil. Essas prioridades são

destacadas e priorizadas entre os gestores, e o Pacto pela Vida é a pactuação dos gestores do SUS para

prioridade e resolução dessas prioridades (CNS, 2006).

A construção dessa pactuação é condicionada por metas, que podem ser municipais, estaduais ou federais.

Segundo CNS (2006), existem seis prioridades na Pactuação pela Vida, sendo elas:

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Saúde do Idoso; Controle do câncer do colo do útero e da mama; Redução da mortalidade infantil e materna;

Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue,

hanseníase, tuberculose, malária e influenza; Promoção da Saúde e Fortalecimento da Atenção Básica.

De acordo com o CNS (2006), a Saúde do Idoso é uma prioridade no Pacto e, para alinhar os critérios, foi

considerado como pessoa idosa aquelas com 60 anos ou mais, para a construção do projeto.

Foram elencadas diretrizes para seguir com as melhorias em saúde:

atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa; incentivo às ações intersetoriais, fazendo com

que haja articulação de ações entre as políticas, instituições e órgãos, visando a integralidade da

atenção; a implantação de serviços de atenção domiciliar; ainda o acolhimento preferencial em

unidades de saúde, respeitado o critério de risco; Provimento de recursos capazes de assegurar

qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; Fortalecimento da participação social; pensando em

saúde não só como ausência de doença; Formação e educação permanente dos profissionais de

saúde do SUS com educação continuada em saúde, focada na área de saúde da pessoa idosa;

Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de

saúde, gestores e usuários do SUS; Promoção da cooperação nacional e internacional das

experiências na atenção à saúde da pessoa idosa; Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas

(CNS, 2006).

Assista aí

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O documento do pacto CNS (2006), descreve em relação à diretriz de controle do Câncer do Colo do Útero e da

Mama:

deverá haver uma cobertura de 80% para o exame preventivo do câncer do colo do útero, conforme

protocolo. Também prover a realização da cirurgia de alta frequência, técnica que utiliza um

instrumental especial para a retirada de lesões ou parte do colo uterino comprometido como as

lesões intra-epiteliais de alto grau, com menor perda aceitável, podendo ser a nível ambulatorial.

Ainda em apoio à diretriz de Redução de Mortalidade Materna, traz os objetivos de:

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redução da mortalidade infantil, limitar a mortalidade neonatal em 5%, em 2006. Dizimar em 50%

os óbitos por doença diarréica e 20% por pneumonia. Apoiar a elaboração de propostas de

intervenção para a qualificação da atenção às doenças prevalentes. Criação de comitês de vigilância

do óbito em 80% dos municípios com população acima de 80.000 habitantes (CNS, 2006).

Também, descreve os objetivos para a diretriz sobre o fortalecimento da capacidade de resposta às doenças

emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza.

Um apoio importante foi o Fortalecimento da Atenção Básica, com a inclusão de objetivos que consolidam como

método de assumir a:

estratégia de Saúde da Família como estratégia prioritária para o fortalecimento da atenção básica,

devendo seu desenvolvimento considerar as diferenças loco-regionais; Desenvolver ações de

qualificação dos profissionais da atenção básica por meio de estratégias de educação permanente e

de oferta de cursos de especialização e residência multiprofissional e em medicina da família;

consolidar e qualificar a estratégia de Saúde da Família nos pequenos e médios municípios; Ampliar

e qualificar a estratégia de Saúde da Família nos grandes centros urbanos.

Garantir a infraestrutura necessária ao funcionamento das Unidades Básicas de Saúde, dotando-as

de recursos materiais, equipamentos e insumos suficientes para o conjunto de ações propostas para

estes serviços; garantir o financiamento da Atenção Básica como responsabilidade das três esferas

de gestão do SUS; Aprimorar a inserção dos profissionais da Atenção Básica nas redes locais de

saúde, por meio de vínculos de trabalho que favoreçam o provimento e fixação dos profissionais.

Implantar o processo de monitoramento e avaliação da Atenção Básica nas três esferas de governo,

com vistas à qualificação da gestão descentralizada; apoiar diferentes modos de organização e

fortalecimento da Atenção Básica que considere os princípios da estratégia de Saúde da Família,

respeitando as especificidades loco-regionais (CNS, 2006).

Na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica de 1990, O que se deve priorizar, é a articulação entre os

gestores, nos diferentes níveis do sistema, para que os princípios do SUS possam fluir com benefícios à

população para a saúde e o social. Preferencialmente, em dois colegiados de negociação: a Comissão

Intergestores Tripartite - CIT e a Comissão Intergestores Bipartite - CIB, que pactuarão sobre a organização,

direção e gestão da saúde (CNS, 2006).

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2.2 Política Nacional de Atenção Básica

A PNAB (Política Nacional de Atenção Básica) é considerada uma política recente, promulgada pela Portaria Nº

2436 de 21 de setembro de 2017 que estabelece a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no

âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2017).

A PNAB, traz uma atualização da normatização e estabelecimento de normas e diretrizes operacionais

funcionastes no SUS, priorizando as orientações da atenção básica em saúde.

De acordo com a Portaria Ministerial de 2017 (BRASIL, 2017), a Política Nacional de Atenção Básica acredita que

as diretrizes dos termos e conteúdos da Atenção Primária à Saúde - APS, nos recentes pontos de vista, são

semelhantes, de modo que devem andar em conjunto. Conceitua ainda a Atenção Básica como uma reunião que

se estabelece para discussões dos problemas de saúde e social e resolução desses, sejam individuais, em família

ou na coletividade, com inclusão de promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação,

redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado

integrado e gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em território

definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária, com fundamentação nos princípios do

SUS, para melhoria do atendimento integral em sua totalidade (BRASIL, 2017).

O Ministério da Saúde deixa claro que a Atenção Básica deve ser a referência principal para a entrada e para os

centros de comunicação da RAS (Rede de Atenção à Saúde), fazendo a gestão do cuidado, e preparando e

organizando as ações e serviços disponibilizados na rede (BRASIL, 2017).

O Ministério da Saúde elencou, na Portaria 2436 da Política Nacional da Atenção Básica, os princípios e diretrizes

do SUS e da RAS a serem instrumentalizados na Atenção Básica. Os princípios, são os que estão na constituição

federal 1988 e na lei orgânica da saúde 8080/90 Universalidade, Equidade; e Integralidade e as Diretrizes:

Regionalização e Hierarquização: Territorialização; População Adstrita; Cuidado centrado na pessoa;

Resolutividade; Longitudinalidade do cuidado; Coordenação do cuidado; Ordenação da rede; e Participação da

comunidade (BRASIL, 2017).

Ressaltando que a PNAB tem na Saúde da Família suas articulações, ações e tomadas de decisões, e estratégia

prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica (BRASIL, 2017). Também serão declaradas outras

estratégias de Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes previstos nesta portaria e tenham

caráter transitório, sendo que devem ser modificadas para Estratégia Saúde da Família. As prioridades e

necessidades da população dependem do cumprimento da junção da Vigilância em Saúde e Atenção Básica,

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só assim os objetivos e metas serão alcançados para avanço e desenvolvimento da saúde da população, na ótica

da integralidade da atenção à saúde e visando a estabelecer processos de trabalho que considerem os

determinantes, os riscos e danos à saúde, na perspectiva da Intra e Intersetorialidade (BRASIL, 2017).

De acordo com a Portaria Nº 2436, as Unidades Básicas de Saúde são locais que devem incentivar e praticar

formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS. Todos

os estabelecimentos de saúde que prestem ações e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com

esta portaria, serão denominados Unidade Básica de Saúde - UBS.

O Ministério da Saúde descreve na portaria as responsabilidades que são de atributos de todos os níveis da

esfera do governo, sendo elas: apoiar, cooperar e participar para a reorientação do modelo de atenção e de

gestão, com base nos princípios e nas diretrizes contidas nesta portaria; fomentar a adoção da Estratégia Saúde

da Família - ESF como estratégia prioritária de expansão, consolidação e qualificação da Atenção Básica;

garantir a infraestrutura adequada e com boas condições para o funcionamento das UBS, certificando-se e

responsabilizando-se pelo espaço, mobiliário e equipamentos, além de acessibilidade de pessoas com deficiência,

de acordo com as normas vigentes; também colaborar, auxiliar e participar no financiamento tripartite para

fortalecimento da Atenção Básica; por fim, garantir e assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e

ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, além disto, outras atribuições que venham a ser pactuadas pelas

Comissões Intergestoras.

A portaria ainda determina que deve-se estabelecer, nos respectivos planos Municipais, Estaduais e Nacional de

Saúde, prioridades, objetivos, metas, atribuições e estratégias para a organização da Atenção Básica; com

isso, desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organizacionais de qualificação da força de trabalho para

gestão e atenção à saúde; estimular e viabilizar a formação, educação permanente e continuada dos

profissionais; garantir direitos trabalhistas e previdenciários; qualificar os vínculos de trabalho e implantar

carreiras que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação dos serviços ofertados às pessoas;

fortalecer a rede, garantindo o abastecimento e estratégias de fixação de profissionais de saúde para a Atenção

Básica, com vistas a promover ofertas de cuidado e o vínculo; ampliar, possibilitar e implantar os Sistemas de

Informação da Atenção Básica vigentes, propiciando mecanismos que assegurem o uso qualificado dessas

ferramentas nas UBS, de acordo com suas responsabilidades; certificar os dispositivos para transporte em saúde,

permitindo que as equipes possam funcionar de forma operacional, garantindo o cuidado integral, holístico na

RAS (BRASIL, 2017).

Com tudo descrito, o Ministério da Saúde enfatiza e percebe a necessidade de planejamento dos gestores em

saúde e o monitoramento aliado às avaliações das ações executadas na atenção básica em saúde. Devendo, ainda,

organizar ferramentas para autoavaliação, controle, regulação e acompanhamento total e sistemático dos

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resultados alcançados pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de planejamento e

programação; é importante e significativa a necessidade de divulgar as informações e os resultados alcançados

pelas equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a utilização dos dados para o planejamento das ações;

estabelece que deve-se promover o intercâmbio de experiências entre gestores e entre trabalhadores, por meio

de cooperação horizontal, e estimular o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o

aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos voltados à Atenção Básica; determina que se

deve estimular a participação popular e o controle social; recomenda que se garanta espaços físicos e ambientes

adequados para a formação de estudantes e profissionais de saúde, para a formação em serviço e para a

educação permanente e continuada nas Unidades Básicas de Saúde; estimular e fomentar o desenvolvimento das

ações de assistência farmacêutica e do uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e acesso a

medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME, os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e

com a relação específica complementar estadual, municipal, da união, ou do Distrito Federal de medicamentos

nos pontos de atenção, visando a integralidade do cuidado; que sejam adotadas estratégias para garantir um

amplo escopo de ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, compatíveis com as necessidades de

saúde de cada localidade; estabelecer mecanismos regulares de autoavaliação para as equipes que atuam na

Atenção Básica, a fim de fomentar as práticas de monitoramento, avaliação e planejamento em saúde; e

articulação com o subsistema indígena nas ações de educação permanente e gestão da rede assistencial (CNS,

2017).

Figura 3 - PNAB
Fonte: WINUI, Shutterstock, 2020.

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#PraCegoVer: A imagem mostra uma mão segurando uma caneta e desenhando bonecos de gravata, com

interrogações acima de suas cabeças.

O Ministério da Saúde, na Portaria sobre a Política Nacional de Atenção Básica, descreve que a política é vivência

acumulada por um conjunto de atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a consolidação do

Sistema Único de Saúde, com os movimentos sociais, população, trabalhadores e gestores das três esferas de

governo (BRASIL, 2017).

Lembrando que, como determina a portaria a Atenção Básica, deve ser escolhida como o primeiro e principal

acesso à entrada no sistema, onde a regulação deve acontecer de forma a organizar os fluxos e contrafluxos de

pessoas, produtos e informações em todos os pontos de atenção à saúde. Preconiza ainda priorizar a ESF como

instrumento, ações e estratégia principal para executar as atividades em saúde na Atenção Básica, ressaltando

que os territórios devem se fundamentar nos princípios e diretrizes do SUS. Salientando a necessidade do

território e a existência de populações específicas, itinerantes e dispersas, que são responsáveis por essas

equipes, enquanto estiverem presentes no território, em consonância com a política de promoção da equidade

em saúde (BRASIL, 2017).

As Políticas Públicas e os Modelos de Atenção à Saúde, bem como a própria Gestão à Saúde são estruturas e

ações em conjunto de programas e políticas que resultam em tomadas de decisão para melhoria da saúde do

indivíduo, família e coletividade.Pudemos apreender que, no que se refere à saúde, o SUS possui princípios e

diretrizes, que os sistemas de saúde devem seguir para se ter uma evolução em saúde, uma rede de ações e

serviços regionalizada e hierarquizada no território nacional.

Assista aí

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/360d0775336b05564c889c2a95c5a38e

é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• entender as Políticas Públicas de Alimentação e Nutrição;
• conhecer os Modelos Assistenciais de Saúde;
• conhecer e entender os conceitos de Vigilância em Saúde, Pacto pela Saúde e Política Nacional de
Atenção Básica;

• conhecer um pouco sobre a Estratégia Saúde da Família e o Pacto pela Vida.

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• conhecer um pouco sobre a Estratégia Saúde da Família e o Pacto pela Vida.

Referências
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