Você está na página 1de 31

Saúde Pública

Noções de saúde coletiva

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, conheceremos os principais modelos de saúde, o papel do profissional da saúde enquanto
educador e as estratégias que favorecem o processo educacional.

Saúde Pública x Saúde Coletiva

Se resumirmos saúde pública, podemos defini-la como uma área do saber cujo foco é a doença e o adoecimento
populacional, que tem como objeto de análise a mortalidade, a morbidade e os agravos à saúde e que define uma
população saudável como uma população com baixa prevalência e incidência de doenças. 

Agora, resumindo a saúde coletiva, podemos dizer que é uma área de conhecimento com o foco no coletivo, não
no individual, a qual trabalha as necessidades sociais, familiares e individuais, criando um modelo mais
abrangente, no qual a saúde está voltada para a qualidade de vida e para o bem-estar biopsicossocial e espiritual.
Além disso, permite a participação social no seu planejamento de ações.

Sistema Único de Saúde (SUS)

O surgimento do SUS se dá durante o regime militar,


com o fim do período chamado “milagre econômico”,
momento que permitiu um movimento de busca por
mudanças e transformações na área da saúde: a
reforma sanitária, que buscou mudar todo um sistema
de atenção à saúde, voltando-se para a qualidade de
vida. 

Fonte: Shutterstock.

Após o fim do regime militar, esse movimento tomou forma e ganhou força, destacando-se na 8ª Conferência
Nacional de Saúde, que demostrou a necessidade de um sistema de saúde gerido pela esfera federal, favorecendo
as integralizações das ações, proporcionando uma regionalização e uma hierarquização das unidades e
finalizando com um novo conceito de saúde mais abrangente e que trazia o início da aplicação da saúde coletiva e
a criação do SUS. Este foi efetivamente criado juntamente com a nova Constituição de 1988, como um sistema
único que garantiria saúde para todos e que seria de responsabilidade do Estado. 

Modelos assistenciais

Primeiramente é importante destacar que não existe modelo errado ou certo, mas aquele que melhor se
enquadra na necessidade populacional. 

Os modelos mais citados atualmente são quatro: o sanitarista/de atenção voltada à saúde, o biomédico, o médico
familiar e o de democratização da saúde. Porém, os que são aplicados no território nacional e que mais se
destacam são o biomédico e o médico da família. Eles apresentam uma relação entre si muito parecida com a que
ocorre entre a saúde pública e a saúde coletiva, pois um se enquadra melhor na saúde coletiva e o outro na saúde
pública. 

O modelo biomédico trata a saúde como ausência de doença e trabalha o tratamento e o cuidado dos
indivíduos e as necessidades da população doente; e o médico da família trabalha com um conceito de saúde
mais abrangente, voltado à qualidade de vida e à atenção integral à população, tendo em vista um conceito
social e familiar que rege o indivíduo.

Conselho Gestor de Saúde

O Conselho Gestor de Saúde é um órgão colegiado composto por representantes dos segmentos: gestor,
trabalhador e usuários das Unidades de Saúde e das Supervisões Técnicas de Saúde. O Conselho é uma forma de
assegurar a participação popular na gestão dos serviços de saúde garantidos por lei, sendo parte da estrutura da
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Com ele a população, por meio do Conselho de Saúde, ajuda a
planejar a política de saúde e fiscaliza como o governo cuida da saúde e, também, verifica se as leis relacionadas
ao SUS estão sendo cumpridas (SÃO PAULO, 2016).

Além das informações que estão nesta webaula, você pode utilizar também algumas referências para ter
uma visão de contextos diferentes acerca da saúde coletiva e da saúde pública. Para tal, faça a leitura do
artigo Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas (CAMPOS, 2000).

Sobre as perspectivas de modelos assistenciais de saúde, você pode ler o livro Modelo assistencial e atenção
básica à saúde (FARIA et al., 2010).

E, para trazer uma perspectiva bem interessante a respeito da atuação da equipe multiprofissional na saúde
coletiva, recomenda-se o estudo do artigo Integralidade e transdisciplinaridade em equipes
multiprofissionais na saúde coletiva (SEVERO; SEMINOTTI, 2010).

Saúde Pública

Atenção à saúde

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, estudaremos a evolução do cenário da saúde nacional até os dias atuais com a implementação do
modelo saúde da família. Além disso, estudaremos a Atenção Primária ou Atenção Básica, o modelo de assistência
da saúde da família (ESF), e, por fim, o modelo de vigilância em saúde.

Evolução do cenário da saúde nacional

A evolução histórica do cenário da saúde tem seu marco a partir de 1978 com a Alma Ata. Isso culminou na
Assembleia Mundial de Saúde, em 1998, durante a qual os profissionais se propuseram a pensar em uma
estratégia que fornecesse saúde para todos e a discutir a geração de novas políticas de saúde, o que,
nacionalmente, gerou a criação da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Não podemos deixar de citar
nomes importantes como o médico sanitarista Oswaldo Cruz, com o papel de disseminação de vacinas e controle
sanitário. 

Atenção Primária (Atenção Básica)

A Atenção Primária ou Atenção Básica é responsável


cerca de 80 a 85% por todo atendimento fornecido
para o usuário do SUS. Podemos considerá-la a porta
de entrada do SUS, cujo papel é de educação em
saúde, de promoção, de prevenção e de garantia de
saúde para população através de diversas redes de
atenção e estratégias. 

Fonte: Shutterstock.

Modelo de assistência enquadrado na saúde da família (ESF)

Apresentamos indiciamento a formulação papel da NASF, como apoio ou suporte à ESF para ampliar sua
capacidade de resolutividade, compondo, então, a Unidade Saúde da Família (USF). E, após abordamos a ESF e seu
papel como centro da mudança na atenção à saúde básica nacional, a qual é utilizada como engrenagem central
para um atendimento humanizado e especializado, focado nas necessidades da comunidade de seu território, foi
apresentada sua composição profissional. 

Modelo de vigilância em saúde

O modelo de vigilância em saúde pode ser dividido quatro grandes grupos: 

Vigilância sanitária.

Vigilância epidemiológica.

Vigilância ambiental.

Saúde do trabalhador. 

Além disso, apresentamos sua importância no processo de controle, de prevenção e de promoção de agravos e
demonstramos como esse modelo é utilizado por diversas áreas para o desenvolvimento de planos de ação. 

Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)

Esta política norteia toda ação realizada pelo modelo de assistência, determinado como modelo saúde da família,
o qual especifica as responsabilidades de cada profissional, as funções da atenção básica, quais as redes de
atenção e suas funções, quais são os moldes e processos de aplicação e de instalação da Estratégia Saúde da
Família (ESF), como é a composição da equipe, por exemplo, determina os modelos para instalação das NASF e seu
papel, regimenta o processo de financiamento da atenção básica e outros.

PNAB (2012): sua última atualização estabelece as diretrizes e as normas para a organização da atenção básica,
para a ESF, para a inclusão da estratégia de atenção à saúde para populações de rua e população ribeirinha e o
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS).

Pode-se dizer, então, que a normativa sistematiza o processo da atenção básica no modelo atual de saúde
nacional.

Além das informações que estão nesta webaula, você pode utilizar também algumas referências para ter
uma visão mais aprofundada do papel de cada profissional de saúde que compõe básica. Para tal, sugiro a
leitura das páginas de 43 a 53 do documento PNAB - Política Nacional de Atenção Básica, do Ministério da
Saúde (BRASIL, 2012).

Conheça também, de maneira mais aprofundada, as características da ESF e do NASF, bem como a atuação
neste modelo de promoção de saúde, no material de Figueiredo (2010): Estratégia Saúde da Família e Núcleo
de Apoio à Saúde da Família: diretrizes e fundamentos.

Por fim, para entender mais sobre estratégias para gestão de saúde de grupos vulneráveis, sugere-se o artigo
de Nonato et al. (2020), Estratégias de gerenciamento na Atenção Primária à Saúde em territórios de
vulnerabilidade social expostos à violência.

Saúde Pública

Modelos explicativos de saúde-doença

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, conheceremos os principais modelos de saúde, o papel do profissional da saúde enquanto
educador e as estratégias que favorecem o processo educacional.

Principais modelos de saúde

A ideia do modelo de determinação social da doença nasce junto a um movimento denominado Medicina Social,
ainda no século XIX. Essa corrente afirmava, de maneira geral, que os indivíduos adoecem e morrem de acordo
com suas condições de vida. Tal modelo era muito popular na Europa até meados de 1870, quando a ideia
unicausal ganhou força e o modelo biomédico, que já estudamos, tornou-se hegemônico.

Partindo-se do princípio de que, conceitualmente, o modelo biomédico veio de ideias positivistas e ganhou mais
força entre os séculos XIX e XX, pode-se dizer que ele defendia a ciência como verdade absoluta e excluía fatores
sociais, culturais e econômicos como possíveis causas do adoecimento. Centralizava o cuidado médico voltado
para a doença e tornava o indivíduo passivo e sem poder de decisão no processo. 

Um marco importante no desenvolvimento do modelo biomédico ocorreu em 1910 quando Abraham


Flexner, um educador norte-americano, elaborou um relatório sobre o ensino da Medicina no país e
provocou uma reforma no ensino da área. Essa reforma fez com que o modelo biomédico também ficasse
conhecido como modelo flexneriano.

Ao avançarmos um pouco no tempo, mais precisamente até o período pós-Segunda Guerra Mundial, podemos
observar que esforços coletivos, de diversas lideranças mundiais, resultaram na criação da Organização das
Nações Unidas (ONU) e, posteriormente, da Organização Mundial da Saúde (OMS). É nesse período também que o
conceito de saúde é reformulado e ganha um significado mais abrangente. Nesse contexto de mudanças
conceituais e com base na obra Medicina Preventiva, surge o modelo da história natural da doença entre as
décadas de 50 e 70 do século XX, com uma explicação multicausal, que leva em consideração três fatores
principais: agente, hospedeiro e meio ambiente para explicar o adoecimento. 

Profissional da saúde enquanto


educador

Para que o processo de ensino-aprendizagem seja


efetivo ele deve conduzir o indivíduo à autonomia e
deve torná-lo capaz de tomar decisões que vão
impactar, de maneira positiva, seu estado de saúde.
Sabemos que a educação em saúde é ferramenta
indispensável na Atenção Primária à Saúde e, para que
o processo de ensino-aprendizagem ocorra de maneira
satisfatória, é preciso haver participação do educador e
do educando, sendo o resultado dessa interação, a
construção do conhecimento em saúde e a
transformação positiva das ações em saúde com Fonte: Shutterstock.

impactos no coletivo e no indivíduo. 

Estratégias que favorecem o processo educacional

Adotar práticas pedagógicas inovadoras de acordo com a necessidade e o contexto do indivíduo é um passo
importante para que ele adquira pensamento crítico-reflexivo e se torne ativo nas decisões que envolvem sua
saúde. As principais estratégias educativas utilizadas na APS são as oficinas educativas, que podem envolver
dinâmicas reflexivas e de criatividade; exibição de filmes e documentários; prática de culinária saudável; jogos e
dinâmicas em geral; palestras educativas; dramatização; concursos de arte, artesanato, entre outras
possibilidades. Além das visitas domiciliares, que também configuram momento ideal para educar em saúde e
não devem se restringir apenas às visitas de rotina nas casas dos usuários, mas devem também se estender a
visitas em instituições de ensino (escolas, creches, faculdades), em empresas e em outros estabelecimentos. 

Monteiro Lobato e a obra Urupês

O famoso escritor Monteiro Lobato, em sua obra intitulada Urupês, de 1918, escreve a estória do personagem Jeca
Tatu, um trabalhador da região rural do interior de São Paulo, que sofria de amarelão (mais tarde conhecida como
ancilostomose) e que retratava as condições precárias da população da época. Esse mesmo personagem foi
utilizado em campanhas sanitárias da época para educação em saúde, porém sob os moldes da educação
autoritária e biologista que atribuía a culpa da doença à população e ao indivíduo que adoecia, não levando em
consideração as condições sanitárias precárias da época, nem mesmo a responsabilidade coletiva para as
mudanças necessárias (VASCONCELOS, 2001).

Para finalizar esta webaula e para aprofundar os estudos nos modelos de saúde existentes, conhecendo
melhor os determinantes históricos envolvidos no desenvolvimento e na implementação da saúde coletiva,
leia o artigo Modelos explicativos em saúde coletiva: abordagem biopsicossocial e auto-organização, de
Puttini, Pereira Júnior e Oliveira (2010).

Para complementar o conhecimento adquirido, pesquise mais sobre outros modelos conceituais de saúde e
aprofunde seus conhecimentos nos determinantes sociais do processo saúde-doença. Como sugestão, leia o
material Modelos conceituais de saúde, determinação social do processo saúde e doença, promoção de
saúde, de Ceballos (2015).

Para visualizar o vídeo, acesse seu material digital.


Saúde Pública

Políticas públicas em saúde

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, compreenderemos o conceito e a importância de políticas públicas em saúde. Também


conheceremos a relação dos três poderes com a formulação, a execução e o controle das políticas públicas em
saúde; os objetivos do SUS e suas responsabilidades, e, por fim, entenderemos a organização básica do Sistema
Suplementar de Saúde no Brasil.

A importância de políticas públicas em saúde

As políticas públicas em saúde são quaisquer ações ou projetos feitos pelo governo com o objetivo de solucionar
problemas em saúde, de prevenir agravos e de promover saúde de maneira geral. 

A necessidade da política pública nasce de problemas identificados na sociedade: os pontos e assuntos


importantes são elencados, formula-se a política em cima dos problemas levantados (em forma de programas,
ações e outras estratégias de enfrentamento), em seguida ela é colocada em prática (implementada) e, por fim, a
fase de avaliação verifica se a política criada e implementada está sendo eficaz ou não e quais partes podem ser
ajustadas ou modificadas. 

A relação dos três poderes com a formulação, execução e controle das


políticas públicas em saúde

O governo brasileiro divide-se basicamente em três esferas de atuação: a federal, a estadual e a municipal. Cada
um desses representantes desempenha uma função específica dentro do que chamamos de três Poderes de
comando, são eles:

Legislativo 

O Poder Legislativo, que é responsável por criar leis, por fazer análises da gerência do estado e aprovar ou
reprovar as contas públicas, além de também poder questionar atos do Poder Executivo. 

Executivo 

O Poder Executivo, que é responsável por administrar o estado, governar o povo, executar as leis, propor
planos de ação e administrar os interesses públicos.

Judiciário 

O Poder Judiciário, que é responsável por interpretar as leis e julgar os casos de acordo com a Constituição e
com as leis criadas pelo Poder Legislativo. 

Esses papéis não se sobrepõem, ou seja, um poder não possui mais força que o outro, e eles devem atuar sempre
em conjunto para a elaboração, a aprovação, a implementação e a avaliação das políticas públicas em saúde. 

Cabe ainda ressaltar que as políticas públicas em saúde estão sob responsabilidade do SUS e que o
importante marco histórico de 1988, com a nova Constituição Federal, atribuiu ao Estado o dever de prover
saúde a todos os cidadãos em território nacional. O art. 196 diz que “A saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação” (BRASIL, 1988, [s. p.]). Fica claro, então, o compromisso do Estado brasileiro com relação à
saúde de seus cidadãos, direito previsto na Constituição. 

Os objetivos do SUS e suas responsabilidades

São objetivos do SUS:

“I- a Identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde” (BRASIL, 1990, [s. p.]).

“II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância
do disposto no § 1º do art. 2º desta lei” (BRASIL, 1990, [s. p.]). Temos, por exemplo, a criação de políticas
públicas em saúde como as políticas nacionais de atenção à mulher, ao idoso, à população indígena, ao
trabalhador, entre muitas outras.

“III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a
realização integrada das ações assistenciais e preventivas” (BRASIL, 1990, [s. p.]).

Além desses três objetivos, o SUS ainda tem outros campos de atuação, são alguns deles: 

A assistência terapêutica integral e a assistência farmacêutica. 

O controle e a fiscalização de alimentos, água e bebidas. 

A ordenação da formação de recursos humanos na área da saúde. 

A saúde do trabalhador. 

A vigilância epidemiológica, sanitária e nutricional, etc. 

Organização básica do Sistema Suplementar de Saúde no Brasil

O Sistema Suplementar de Saúde no Brasil conta com mais de 47 milhões de usuários no País e que é constituído
basicamente pelos serviços de planos e de seguros de saúde privados. É regulada pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS). São consideradas operadoras as seguradoras de saúde, as cooperativas, a medicina de grupo,
as instituições filantrópicas e as autogestões. O objetivo principal delas é o de promover a defesa do interesse
público na assistência suplementar à saúde, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no País. É
considerada como complementar quando firma contratos ou convênios junto ao Poder Público. Como exemplo
podemos citar as Santas Casas de Misericórdia. 

Políticas públicas: problemas específicos e populações vulneráveis

O SUS, como o maior projeto de saúde pública no Brasil, está em constante evolução, e diversas políticas públicas
em saúde foram criadas para atender problemas específicos e populações vulneráveis. Podemos citar várias
políticas públicas, como: Política Nacional de Atenção Integral da Mulher, do idoso, dos indígenas, de populações
ribeirinhas, LGBT, da população negra, do trabalhador, entre muitas outras. É por meio da elaboração de políticas
públicas que conseguimos, de maneira sistematizada, identificar problemas e traçar um plano com metas e ações
para intervir sobre problemas que atingem grupos populacionais ou a sociedade como um todo. 

Fonte: Shutterstock.

Para finalizar esta webaula, e, com o intuito de que você compreenda melhor a relação da responsabilidade
do Estado e a atuação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, recomenda-se a leitura do seguinte
estudo:

BAPTISTA, T. W. F.; MACHADO, C. V.; LIMA, L. D. Responsabilidade do Estado e direito à saúde no Brasil: um
balanço da atuação dos Poderes. Ciência saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 829-839, 2009.

Sobre os desafios, as lutas sociais no Brasil e o desafio da implantação do SUS sugere-se a leitura do artigo:

SANTOS, M. A. Lutas sociais pela saúde pública no Brasil frente aos desafios contemporâneos. Revista
Katálysis, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 233-240, 2013.

Saúde Pública

Bases legais e os princípios doutrinários do SUS

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, apresentaremos as leis que embasam o Sistema Único de Saúde. Também falaremos sobre os
Conselhos de Saúde e sobre os princípios da universalidade, da equidade e da integralidade propostos pelo SUS.

Leis que embasam o Sistema Único de Saúde (SUS)

As leis que embasam o Sistema Único de Saúde (SUS) são: 

Lei Orgânica de Saúde nº 8.080 de 1990, que, de maneira geral, fala sobre a organização e a gestão do SUS. 

Lei nº 8.142 de 1990, que discorre sobre a participação da população na gestão do SUS.

Lei nº 8.080/90 

A Lei nº 8.080/90 foi regulamentada em 1988 e dispõe sobre as condições para promoção, proteção e
recuperação de saúde, além de especificar o funcionamento e a organização dos serviços de saúde.

Lei nº 8.142/90 

A Lei nº 8.142/90 dispõe sobre a criação de dois importantes mecanismos de participação da comunidade no
SUS, são eles: os Conselhos de Saúde e as Conferências de Saúde.

Conselhos de Saúde

Os Conselhos de Saúde apresentam caráter deliberativo, isso significa que têm poder para tomar decisões. Atuam
na formulação de estratégias e no controle da execução das políticas nas diferentes esferas. As Conferências de
Saúde ocorrem a cada quatro anos, em todas as esferas do governo, com participação de diversos segmentos
sociais, e têm por objetivo avaliar a situação da saúde e propor novas diretrizes para formulações de políticas de
saúde. 

Princípios da universalidade, equidade e integralidade do SUS

Os princípios da universalidade, da equidade e da integralidade propostos pelo SUS são também chamados de
princípios doutrinários do SUS. Veremos mais sobre esses princípios a seguir.

Universalidade 

A universalidade de acesso à saúde é para todos os cidadãos e vai além do simples acesso ao serviço de
saúde, pois passa também pelo direito à vida e à igualdade de acesso independentemente da raça, da etnia,
da religião, do sexo, da orientação sexual ou de qualquer outro tipo de discriminação

Equidade 

A palavra equidade é a ferramenta reguladora das desigualdades existentes, ou seja, reconhece a pluralidade
dos grupos existentes, bem como os diferentes graus de necessidades que apresentam. É tratar os desiguais
de forma diferente, priorizando os mais necessitados. Não pode ser confundida com igualdade, pois não há
como tratar todos de maneira “igual” quando todos não são iguais e não têm as mesmas dificuldades,
g q g ,
principalmente no que diz respeito aos determinantes sociais e econômicos que interferem na saúde. 

Integralidade 

O princípio da integralidade leva em consideração um conceito mais abrangente de saúde, de modo que
trata o indivíduo em sua complexidade, isto é, como ser físico, mental, social e cultural. A integralidade diz
respeito, ainda, ao tratamento, ou seja, o cidadão terá acesso a um tratamento integral, incluindo as medidas
de promoção de saúde e de prevenção de doenças, sem prejuízo das ações curativas e de reabilitação. 

Maior sistema único de saúde pública do mundo

O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que conta com um sistema público
universal e totalmente gratuito. Outros países, como Reino Unido, Canadá, Suécia, Espanha, Portugal, Cuba e
Dinamarca, também possuem sistemas públicos de saúde universais, porém nenhum deles conta com mais de
100 milhões de habitantes. O que mais se aproxima desse número é o Reino Unido com 66,4 milhões de
habitantes.

Manter um sistema de saúde que abarque os mais de 210 milhões de brasileiros é um desafio sem precedentes
na história, tanto do ponto de vista da organização, quanto da gestão e, principalmente, do financiamento.

Propor novas formas de financiamento e de investimentos em saúde é vital para que o SUS continue a existir
como conhecemos.

Fonte: Shutterstock.

Para finalizar esta webaula, e, para compreender melhor os desafios envolvidos na gestão participativa do
SUS, principalmente na esfera municipal, recomenda-se a leitura do artigo:

MANOROV, M. et al. Bases legais do SUS no conselho municipal: Um desafio para efetivar a gestão
participativa na saúde. Revista Eletrônica de Extensão, Florianópolis, v. 14, n. 25, p. 61-72, 2017.

Recomenda-se também a leitura da Lei nº 8.080/90, mais especificamente os capítulos I (Dos objetivos e
atribuições) e II (Dos princípios e diretrizes): 

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras
providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1990.

Saúde Pública

Normas operacionais e os princípios organizativos do SUS

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, conheceremos as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso também conheceremos
as Normas Operacionais Básicas e de Assistência à Saúde do SUS.

Diretrizes do SUS

Podemos compreender como diretrizes do SUS os seguintes tópicos:

Diretriz da descentralização 

Pode ser entendida como aquela que busca a descentralização do poder e que trata de responsabilidades, de
recursos e, consequentemente, da gestão, a fim de garantir que ela seja democrática e que haja, de fato, a
participação da sociedade.

Diretriz da regionalização e da hierarquização 

Relaciona-se com a organização dos serviços de saúde locais e que considera os indicadores geopolíticos,
culturais, epidemiológicos e determinantes sociais locais para pautar as ações de saúde. A hierarquização diz
respeito ao fluxo do usuário dentro da rede, com convênios que incluem diversos serviços no município ou
em outras regiões a fim de garantir a integralidade no cuidado em todos os níveis de complexidade. 

Diretriz da participação da comunidade 

Atende o princípio de que a gestão do SUS deve ser descentralizada e com participação direta da população
em todas as esferas de governo.

Normas Operacionais Básicas e Assistência à Saúde no SUS

Veremos a seguir as NOB-SUS (Norma Operacional Básica).

NOB-SUS 91 

A primeira Norma Operacional Básica (NOB-SUS) publicada foi a NOB-SUS de 91. Dentre suas principais
características podemos destacar: a equiparação de prestadores públicos e privados na modalidade de
financiamento, de modo que o pagamento a ambos é feito pela produção de serviços; a centralização da
gestão do SUS, o que dificultou o processo de descentralização e de municipalização, previsto na Lei nº
8.142/90; e a criação do instrumento convenial para transferência de recursos entre o INAMPS, os estados, os
municípios, o Distrito Federal e a Implantação do Sistema de Informações ambulatoriais do SUS.

NOB-SUS 92 

O enfoque da NOB-SUS 92 ainda é assistencialista, como o da NOB anterior no que diz respeito ao
financiamento, porém é considerado um instrumento transicional, pois descreve melhor os princípios da
descentralização e o papel dos municípios.

NOB-SUS 93 
A NOB-SUS seguinte, de 1993, destaca os seguintes aspectos: a descentralização das ações dos serviços de
saúde para nível municipal com recebimento de recursos diretamente do governo federal (fundo a fundo); os
Estados passam a ter como função a gestão do sistema estadual de saúde; a definição do gerenciamento do
processo de descentralização por meio da Comissão Intergestores Tripartite, da Comissão Intergestores
Bipartites e dos Conselhos Municipais.

NOB-SUS 96 

A NOB-SUS 96 instituiu: o aumento no percentual do repasse de recursos da esfera federal, que se dá de


maneira regular e automática (fundo a fundo) para os estados e municípios; a criação do Piso de Atenção
Básica (PAB); a criação da Fração Ambulatorial Especializada (FAE); o aumento do repasse fundo a fundo dos
recursos federais, incluindo os mecanismos criados, como o PAB, a FAE e o incentivo ao Programa Saúde da
Família (PSF), ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), entre outros mecanismos. 

A Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS-SUS 01/2001 e 01/2002) destacava: a ampliação das
responsabilidades dos municípios na atenção básica em saúde; a operacionalização do processo de
regionalização da assistência; o fortalecimento da capacidade de gestão do SUS; e a atualização dos critérios
de habilitação, criados na NOB 96, de estados e de municípios. 

INAMPS
O INAMPS, criado em 1977 durante a Ditadura Militar, foi extinto pela Lei nº 8.689 de 1993 e, a partir daí, o
Ministério da Saúde passou a ser a única autoridade sanitária a nível federal, contanto com seus respectivos
equivalentes em nível estadual e municipal (Secretaria Estadual e Municipal de Saúde).

Para finalizar esta webaula, e, para entender melhor as diretrizes e princípios do SUS, desde o contexto
histórico de sua construção até a aplicação dos conceitos na prática, sugere-se a leitura das páginas de 12 a
20 do seguinte artigo: 

MATTA, G. C. Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. In: MATTA, G. C.; PONTES, A. L. de M. (org.).
Políticas de saúde: organização e operacionalização do sistema único de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV:
FIOCRUZ, 2007. p. 61-80.

Para visualizar o vídeo, acesse seu material digital.


Saúde Pública

Introdução à epidemiologia

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, você relembrará os principais tópicos desta seção: o conceito de epidemiologia, seu
desenvolvimento histórico enquanto área de estudo, estudos descritivos e medidas de ocorrência. 

Epidemiologia
O termo “epidemiologia” refere-se à ciência que estuda o processo saúde-doença e a distribuição dessas doenças
em populações. Além disso, a epidemiologia se preocupa também com a morbimortalidade e com os
determinantes sociais envolvidos. 

Os resultados de investigações epidemiológicas apontam prioridades em saúde e ajudam no planejamento,


na implementação e na avaliação de ações de controle e de tratamento para as doenças.

Pesquise mais

Desenvolvimento histórico

2000 anos atrás

Os primeiros registros datam de mais de dois milênios atrás, quando Hipócrates observou os fatores
ambientais que tinham impacto no desenvolvimento de doenças. 

Século XIX

A primeira investigação epidemiológica em larga escala, com grupos populacionais específicos, só ocorreu
no século XIX com o estudo de John Snow em Londres.

Século XX

Na segunda metade do século XX, as doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes e
câncer, começaram a ser investigadas também.

Estudos descritivos e medidas de ocorrência

A característica principal dos estudos descritivos é a não interferência do pesquisador, ou seja, a realidade é
apenas transcrita a partir da observação dos estudiosos. Uma das categorias básicas de estudos observacionais é
a de estudos descritivos, que avaliam os casos novos (incidência) ou os casos existentes (prevalência) de uma
condição de saúde ou doença.

Já as medidas de ocorrência são usadas para descrever uma situação existente ou, ainda, para avaliar mudanças
ou tendências durante um período de tempo. 

Medida transversal 

A medida transversal é feita a partir da observação de um momento específico no tempo. São um exemplo
de medida transversal os estudos de prevalência que informam o número de casos de uma doença no
momento em que foi realizado. Podemos calcular a prevalência pela fórmula a seguir, adaptada de OPAS
(2010, p. 39):

º í
n  de pessoas doentes num per odo
ê
T axa de Preval ncia =  x Fator

nº total de pessoas no mesmo perído

Com relação ao “fator”, este é usado com a finalidade de facilitar a comparação, expressando a proporção em
números inteiros e não decimais. 

Medida longitudinal 

As medidas longitudinais são obtidas quando os indivíduos são acompanhados por um período de tempo, a
exemplo dos estudos de incidência. É importante considerar que essa medida representa a velocidade com
que novos casos de uma doença aparecem. Dessa forma, demonstra a força da morbidade e da mortalidade
de uma doença quando avalia os óbitos que causou por exemplo. Podemos calcular a medida de incidência
pela seguinte equação (OPAS, 2010, p. 40):

º í
n  de casos novos em per odo
ê
T axa de Incid ncia =  x Fator
º ç í
n  total de em risco no come o do mesmo per odo

Saiba mais

Recentemente, a Fiocruz disponibilizou um portal de informação para ação, chamado Observatório Covid-19,
cujo objetivo é produzir informações de forma estruturada e colaborativa, com integração de diversos
laboratórios, grupos de pesquisa e outras cooperações, e com foco na realização de análises integradas,
soluções e propostas para o enfrentamento da pandemia de Covid-19 pelo SUS. Esse portal apresenta quatro
eixos principais: 

Cenários epidemiológicos.

Medidas de controle e organização dos serviços e de sistemas de saúde.

Qualidade do cuidado, da segurança do paciente e da saúde do trabalhador.

Impactos sociais da pandemia.

A produção e a divulgação dessas informações epidemiológicas por sistemas específicos representam elementos
importantes na construção da cidadania e no fortalecimento do controle social. A análise dessas informações
acumuladas em sistemas e bancos de dados permite pensar ações e elaborar políticas públicas para combate de
doenças e de agravos à saúde.

Estudar epidemiologia é de fundamental importância para o profissional da saúde, pois compreender os aspectos
que cercam diferentes sociedades e que podem interferir na saúde humana possibilita criar ações de promoção
de saúde que evitam a propagação de doenças as quais, em determinadas condições de saúde, podem colocar em
risco a vida humana.

Saúde Pública

Métodos epidemiológicos

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, você compreenderá o delineamento de pesquisa, além de conhecer possibilidades de estudos
analíticos, o erro aleatório, inferência estatística e relações de causalidade

Delineamento de pesquisa

Os estudos epidemiológicos são considerados alicerces dos saberes e das ações na área da saúde e são
desenvolvidos em diferentes níveis de complexidade. O ramo médico que se dedica ao estudo de metodologias de
pesquisa é chamado de epidemiologia clínica. Ele tem grande importância para o avanço médico desde seu
surgimento, pois utiliza as melhores evidências científicas disponíveis para conduzir decisões clínicas. 

Há diversas nomenclaturas para “Delineamento de pesquisa”, o que pode gerar desentendimento entre
estudantes e iniciantes no tema. Outros sinônimos para essa expressão são: “desenhos de pesquisa”, “modelos de
estudos”, “delineamentos de estudos”, “métodos epidemiológicos”, “tipos de estudos”, “tipos de investigação”,
entre outros possíveis. Dessa forma, em geral, os autores, quando utilizam as diferentes expressões citadas,
referem-se ao mesmo tema.

Estudos analíticos

Vamos conhecer os principais desenhos existentes quando falamos de estudos analíticos:

Estudos ecológicos 

Comparam a exposição a fatores de interesse e a ocorrência de doenças em diferentes grupos populacionais,


ou seja, os dados referem-se a grupos, e não a indivíduos.

Estudos transversais 

De maneira geral, representam uma fotografia da situação em determinado recorte de tempo e avaliam
exposição e condição de saúde simultaneamente.

Estudos de caso-controle 

São estudos retrospectivos que podem investigar a etiologia de doenças ou de condições de saúde. Os
participantes são divididos entre os que já possuem a doença (casos) e indivíduos que não têm a doença ou
condição (controles).

Estudos de coorte 

São estudos longitudinais que seguem, no tempo, uma população. Os participantes são divididos em dois
grupos: os que foram expostos e os que não foram expostos ao fator de interesse do estudo.

Estudos experimentais 

São estudos mais complexos metodologicamente e originam evidências científicas robustas sobre a eficácia
de drogas, de intervenções e de diferentes tratamentos. Os estudos de intervenção englobam os ensaios
clínicos randomizados, os ensaios de campo e as intervenções comunitárias. Os ensaios clínicos
d i d ã ili d f i d i õ ífi
randomizados são utilizados para testar os efeitos de intervenções específicas.

Saiba mais
O estudo mais antigo de coorte no Brasil teve início no fim da década de 1970. Nesse estudo, os
pesquisadores acompanharam, durante quarenta anos, os nascidos entre os anos de 1978 e 1979 no
município de Ribeirão Preto. 

Os resultados mostraram os desfechos relacionados às consequências da prematuridade e do baixo peso ao


nascer. Esse mesmo estudo também associou o aumento do número de partos cesariana à relação das
condições socioeconômicas, da escolaridade, do relacionamento familiar e da saúde psicoemocional com o
abuso de álcool e com drogas e gravidez na adolescência.

Erro aleatório

As medidas feitas em estudos epidemiológicos estão sujeitas a possibilidades de erros, que podem ser
classificados em aleatórios ou sistemáticos.

O erro aleatório ocorre quando um valor medido em determinada amostra do estudo é diferente do verdadeiro
valor da população, ou seja, é decorrente de uma imprecisão na medida da associação.

É impossível eliminar completamente o erro aleatório, gerado, principalmente, por erro de amostragem, que
ocorre normalmente por falta de representatividade suficiente da amostra. O tamanho amostral deve ser
suficiente para contemplar toda a variabilidade da população, por isso a melhor forma de reduzir esse erro é
aumentar o tamanho populacional.

Pesquise mais

Inferência estatística

A inferência estatística utiliza o método estatístico para, a partir de amostras populacionais, inferir conclusões
para populações, o que significa tirar conclusões, nesse caso, a partir de dados, já que é praticamente impossível e
logisticamente inviável estudar populações inteiras. 

Dessa forma, os estudos epidemiológicos selecionam uma porção dessa população, chamada amostra, que deve
ser suficiente para retratar o todo. Logo, podemos dizer que a inferência estatística é um conjunto de técnicas que
objetiva inferir características de uma população a partir do estudo de uma amostra. 

Causalidade Quando essas características ou condições são


Uma “causa” pode ser definida como qualquer afetadas por uma intervenção, modificam o risco
condição, característica ou evento que tenha função de desenvolver a doença. Assim, conhecer-lhe os
essencial na ocorrência de determinada doença, que, fatores causais auxilia na formulação de ações
em geral, está associada a um conjunto de fatores e para se evitar determinada doença ou situação
não apenas a um isolado. 
em saúde.

Nesta webaula, você conheceu alguns aspectos fundamentais da pesquisa epidemiológica, além de compreender
os erros aleatórios e as relações de causalidade. Conhecer epidemiologia é fundamental para o desempenho
profissional na área de saúde.

Saúde Pública

Epidemiologia nos serviços de saúde

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, nós estudaremos os principais indicadores de mortalidade e de morbidade, suas aplicabilidades e
as variáveis que compõem suas fórmulas. Aprofundaremos nossos conhecimentos sobre transição demográfica e
epidemiológica, além de refletir sobre o Sistema de Vigilância em Saúde.

Transição demográfica

Fatores importantes, como a industrialização e a demanda de força de trabalho nas grandes cidades, culminaram
no êxodo rural. As campanhas de controle de natalidade e de maior acesso à educação se comparado às décadas
anteriores e a outros fatores socioculturais transformaram a sociedade e o contexto familiar para algo próximo do
que conhecemos hoje.

Os grandes núcleos familiares, às vezes com cinco filhos ou mais, que ajudavam na força de trabalho no campo,
eram característicos até metade do século passado. Esse núcleo foi reduzindo gradualmente até chegar na
configuração que temos hoje, com uma média de um ou dois filhos por família.

A esse fenômeno de mudança do comportamento e de


composição da população, ou seja, menor participação
do grupo das crianças, devido à redução da taxa de
natalidade, e a ampliação do grupo de idosos, devido
ao aumento da longevidade, chamamos de transição
demográfica.

Fonte: Shutterstock.

A transição epidemiológica ocorre em sincronicidade com a transição demográfica.

O rápido avanço da ciência, o maior acesso a serviços de saúde e a outros serviços essenciais culminou na
redução de mortes materno-infantis, na erradicação de diversas doenças infectocontagiosas e,
consequentemente, no aumento da expectativa de vida da população.

Momentos da transição demográfica

Primeiro momento 

Há baixo crescimento populacional e elevados níveis de natalidade e de mortalidade.

Historicamente podemos entendê-lo ao lembrarmos que, no passado, havia um número muito maior de
nascimentos, porém havia também um maior número de óbitos, tanto em crianças quanto no resto da
população. As doenças infecciosas causavam muitos óbitos e os recursos sociais, econômicos e técnico-
científicos eram mais escassos.

Segundo momento 

Nessa fase há baixo crescimento populacional, ou estabilização, ou crescimento negativo. Diferentemente do


que ocorria no passado, as variáveis natalidade e mortalidade diminuem significativamente.

Isso se relaciona com o aumento da longevidade e com as mudanças sociais e econômicas das últimas
décadas.

Essas mudanças geram uma nova distribuição entre os três grupos etários, que são: de 0 a 14 anos, de 15 a
59 anos e 60 anos ou mais. A participação do grupo de 60 anos ou mais na sociedade passa a ser maior à
medida que cada vez mais pessoas o integram, o que ocorre de maneira mais intensa em países
desenvolvidos.

Pesquise mais

Mortalidade e morbidade

O coeficiente de mortalidade representa o risco ou probabilidade de óbito em uma determinada região ou


comunidade, num determinado período de tempo, e pode ser medido, de maneira geral, em grupos específicos
ou em agravos e doenças específicas.

Os indicadores de morbidade relacionam-se com doenças ou situações já existentes. Essas medidas são capazes
de avaliar o comportamento e as mudanças ao longo do tempo e de prever tendências futuras. São elas:
prevalência, incidência e taxa de ataque.

Sistemas de Vigilância em Saúde

As ações para controle de doenças e agravos estão estruturadas sobre os Sistemas de Vigilância em Saúde e são
definidas como um ciclo que inclui atividades específicas, intersetoriais e contínuas.

As principais etapas desse ciclo são: coleta e análise de dados e interpretação e difusão de informação.

Coleta de dados 

Inclui a detecção dos casos, a notificação, a classificação e a confirmação dos dados de doença ou agravo sob
vigilância. São responsáveis por essa etapa as autoridades locais de saúde.

Análise de dados 

Inclui a consolidação de dados e a análise de variáveis epidemiológicas básicas. É competência das


autoridades de saúde municipais, estaduais e nacionais.

Interpretação da informação 

Inclui a comparação com dados prévios e com outras informações de relevância local. É competência das
autoridades de saúde municipais, estaduais e nacionais.

Difusão da informação 
Inclui a elaboração de material com orientações e diretrizes para distintos níveis de decisão (por exemplo:
usuários, profissionais da saúde, gestores). Compete às autoridades de saúde municipais, estaduais e
nacionais.

Saiba mais
A fim de que as medidas de prevenção e de controle de doenças tenham um maior impacto epidemiológico
na população, é fundamental a padronização de procedimentos e condutas. São exemplos de padronização a
elaboração e a divulgação de manuais, as normas técnicas, entre outros. Além disso, há também a definição
de caso para cada doença, o que permite a todos os profissionais de saúde terem clareza quanto ao quadro
suspeito a ser notificado (COSTA, 2018).

Avaliar, regularmente, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e o sistema de vigilância


epidemiológica como um todo se faz necessário. Por meio dessa avaliação é que se torna possível identificar
não só os resultados positivos no combate às doenças transmissíveis e os agravos, mas também verificar
ações que devem ser corrigidas. A principal função da vigilância epidemiológica é acompanhar e informar,
com precisão, a situação das enfermidades, das tendências esperadas e do impacto das ações de controle.
Sendo assim, é utilizada, para avaliar esse sistema, a análise dos indicadores de morbidade e de mortalidade.
Os resultados dos indicadores demonstram os impactos sociais e econômicos das ações de vigilância, ou
seja, o número de vidas poupadas, casos prevenidos e custos de tratamento reduzidos (COSTA, 2018).

A epidemiologia constitui uma ferramenta importante para a vida em sociedade como a conhecemos, pois seus
métodos e indicadores permitem diagnosticar problemas de ordem coletiva e atuar com a formulação de políticas
públicas específicas para o controle e até mesmo para a prevenção de doenças e agravos.

Fundamentos da Geomorfologia e Geologia

Estatística descritiva e gráficos

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, estudaremos de maneira mais aprofundada, a estatística descritiva, que corresponde à análise
inicial mais básica de dados coletados. 

Estatística descritiva

A estatística descritiva é à análise inicial mais básica de dados coletados. É a partir dessa técnica estatística que é
possível organizar, sintetizar, descrever ou comparar, entre grupos, os principais aspectos dos dados coletados,
pois permite melhor interpretação de uma série de dados e de suas características observadas, seja por meio de
números percentuais, seja por meio de gráficos, tabelas, etc.

Medidas de posição

As medidas de posição possibilitam resumir um conjunto de elementos e encontrar um valor que o represente.
Esses valores ainda mais resumidos são capazes de caracterizar a tendência central dos dados e de sua dispersão.
As medidas de posição ou tendências centrais sintetizam os dados de um valor em torno do qual os dados do
conjunto observável se distribuem. As medidas de posição se dividem em:

Média: resultante da somatória de todos os elementos do conjunto, dividida pela soma do número total de
elementos.

Mediana: representa a posição central de um conjunto de dados.

Moda: representada pelo valor mais frequente em um conjunto de dados.

Desvio médio

O desvio médio pode ser definido como a média das distâncias dos valores de um conjunto em relação à média. O
desvio médio é igual à soma de cada um dos elementos do conjunto, menos a média, dividida pelo número total
de elementos do conjunto.

Todos os elementos são calculados em módulo, ou seja, não importa se o elemento é positivo ou negativo, já que
o objetivo, nesse caso, é conhecer a distância em que cada elemento do conjunto se encontra da média.

Diferentes frequências

Entre as diferentes frequências, destacam-se:

Absoluta, que nada mais é que o número de vezes que um evento ocorre em uma série de dados.

Frequência relativa, que é o quociente entre a frequência absoluta e o tamanho da amostra.

Frequência percentual, resultante da multiplicação da frequência relativa por 100.

Frequência acumulada, que é o total acumulado da soma de todas as classes anteriores até a classe atual.

Ferramentas de apresentação e de interpretação de dados: tabelas e


gráficos

As tabelas objetivam apresentar dados agrupados e simplificar sua compreensão. Ela deve ter descrições
suficientes a fim de que não haja necessidade de consulta ao texto para sua compreensão; deve ser apresentada
de forma simples e objetiva, contendo somente os dados necessários; e deve seguir uma ordenação lógica dos
dados. Já os gráficos são representações ilustrativas que servem para organizar e apresentar, de maneira mais
clara e objetiva, os dados. Deve ser composto por título, subtítulo, fonte e eixos vertical (y) e horizontal (x), que
podem ser visíveis ou não. Podem ser em barras, setorial, em linha, histograma e outros.

Saúde ambiental no Brasil

Embora diversos aspectos da dinâmica e das relações entre o meio ambiente e a saúde humana tenham sido
incorporados ao arcabouço legal do setor, ainda está por ser definido um projeto estratégico para a área de saúde
ambiental no Brasil, que expresse ações do governo e da sociedade, dando conta da complexidade de fatores
sociais e econômicos envolvidos na causalidade das condições de risco para a saúde da população (FINKELMAN,
2002). 

A partir da década de 1970, o desenvolvimento da saúde ambiental no País pode ser analisado em três períodos
distintos. O primeiro segue-se à conferência sobre meio ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972, que marca a
preocupação mundial com as questões ambientais e sua relação com a saúde humana. Nesse período, as
iniciativas brasileiras se expressaram no fortalecimento da capacidade institucional de órgãos ambientais e em
iniciativas do campo da saúde e do meio ambiente, destacando-se a criação do Centro de Saúde do Trabalhador e
Ecologia Humana, na Fundação Oswaldo Cruz, e de organizações governamentais de meio ambiente, no nível
estadual (FINKELMAN, 2002). 

Para finalizar esta webaula e para auxiliar no entendimento e na fixação do conteúdo, indica-se a leitura do
trecho do seguinte livro sobre estatística descritiva e sobre medidas de tendência central, disponível no
Scielo. O material conta com vários exemplos que o auxiliarão quanto à compreensão do tema. 

FEIJOO, A. M. L. C. de. Medidas de tendência central. In: FEIJOO, A. M. L. C. de. A pesquisa e a estatística na
psicologia e na educação. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010. p. 14-22. 

Saúde Pública

Probabilidade

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, estudaremos as medidas de dispersão e de probabilidade. Além disso, apresentaremos os testes
de hipótese e demais conceitos de estatística inferencial.

Medidas separatrizes

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) pode ser entendido como um instrumento de gestão ambiental, do qual se
objetiva planejar ações futuras relacionadas a empreendimentos de elevado grau de degradação ambiental. 

As medidas separatrizes são classificadas como quartis, decis e percentis. Nesse momentos dos nossos estudos,
daremos ênfase aos quartis, medidas de localização que dividem o rol em quatro partes iguais e são classificados
em primeiro, segundo e terceiro quartil (Q¹, Q² e Q³).

Os decis, por sua vez, dividem o rol em dez partes iguais, e os percentis em cem partes iguais.

Os quartis são valores dados a partir de uma série de elementos que devem estar dispostos em ordem crescente,
sendo “Q¹” o número que deixa 25% abaixo e 75% acima, “Q²” aquele sempre igual à mediana, deixando 50% das
observações abaixo e 50% acima e “Q³” o número que deixa 75% das observações abaixo e 25% acima.

Medidas de dispersão

As medidas de dispersão são capazes de demonstrar a distância em que os elementos de um conjunto se


encontram uns dos outros. Logo, podemos dizer que o objetivo das medidas de dispersão é encontrar um valor
que seja capaz de resumir a variabilidade de um conjunto de dados. Dentre as medidas de dispersão destacamos:

Amplitude 

É representada pela diferença entre o maior e o menor elemento do conjunto, ou seja, para encontrá-la, é
necessário subtrair o menor elemento do maior.

Variância 

É uma medida de dispersão que demonstra quão distantes os elementos do conjunto estão da média.

Desvio padrão 

Demonstra a uniformidade ou o grau de dispersão de uma série de dados. Quanto mais próximo esse valor
for de zero, maior será a homogeneidade dos dados e menor a sua dispersão.

Coeficiente de variação 

Nada mais é que o desvio padrão relativo. Demonstra, em porcentagem, a variabilidade dos dados em
relação à média. Quanto menor o coeficiente de variação é, mais homogêneo são os dados do conjunto.

Conceitos gerais de probabilidade

A probabilidade é o ramo matemático dedicado ao cálculo das chances de ocorrência de um fenômeno, como a
probabilidade de obter o resultado 6 na rolagem de um dado não viciado. Um dos termos mais importantes
utilizados em probabilidade, é o espaço amostral (Ω), que compreende o conjunto de todos os possíveis
resultados de um experimento e evento, que é o resultado esperado, ou seja, o evento ou fenômeno que se quer
investigar. Por exemplo, ao rolar um dado, qual a probabilidade de se obter um resultado par? Nesse caso, o
evento será os valores 2, 4 e 6, considerando um dado de 6 faces.

Intervalo e confiança

O conceito de intervalo de confiança é utilizado para indicar a confiabilidade de determinada estimativa (nível de
confiança), conseguido por meio de uma estimativa para um parâmetro populacional, obtidos a partir de
elementos amostrais, os quais espera-se que contenham o valor do parâmetro populacional com um nível de
confiança que, geralmente, vai de 90 a 99%. Dessa forma, se o nível de confiança para uma observação é de 95%,
o risco de erro da inferência estatística será de 5%.

Testes de hipótese

Os testes de hipótese é uma metodologia que auxilia na tomada de decisão sobre uma ou mais populações e que
é obtida a partir de informações extraídas de uma amostra, por meio de inferência estatística. É a partir do teste
de hipótese que podemos avaliar a veracidade de um ou mais parâmetros populacionais. Para o teste de hipótese,
deve-se inicialmente admitir um valor hipotético para um parâmetro populacional, geralmente extraído da
amostra. A partir disso e com as informações dessa amostra, é realizado um teste estatístico que aceitará ou
rejeitará esse valor hipotético assumido. São os dois tipos de hipótese: 

Hipótese nula (H0): possui uma afirmação de igualdade, ou seja, utilizará apenas afirmações do tipo “menor ou
igual, igual ou maior ou igual” (≤, = ou ≥). 

Hipótese alternativa (Ha): é o que complementa a hipótese nula. Será verdadeira caso a outra seja falsa e vice-
versa. Contém afirmação de desigualdade estrita, como “menor, diferente ou maior” (<, ≠ ou >).

Outros tipos de testes

Além do Teste T, existem diversos outros testes com diferentes aplicabilidades. Eis alguns exemplos:

Teste do qui-quadrado: teste de hipóteses que tem por objetivo encontrar o valor da dispersão para duas
variáveis categóricas nominais e verificar a associação entre variáveis qualitativas.

Teste de Mann-Whitney: teste indicado para se comparar dois grupos não pareados e verificar se pertencem
ou não à mesma população.

Teste ANOVA: pode ser utilizado para testar a diferença entre três grupos ou mais, enquanto o Teste T é
utilizado em até dois grupos.

Saiba mais
Para finalizar esta webaula e compreender melhor as medidas de dispersão, seus conceitos e cálculos e se
aprofundar em outras medidas existentes, sugere-se a leitura do material da Universidade de São Paulo,
principalmente das páginas 37 a 47.

GUEDES, T. A.; JANEIRO, V.; MARTINS, A. B. T.; ACORSI, C. R. L. Estatística descritiva. In: GUEDES, T. A.; JANEIRO,
V.; MARTINS, A. B. T.; ACORSI, C. R. L. Projeto de Ensino: aprender fazendo estatística. [S. l.: s. n.], 2005.

23 - Vídeo Encerramento
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Maecenas scelerisque eros lacus, in accumsan arcu
pellentesque scelerisque. Donec eleifend nunc vel ligula ullamcorper mollis. Nam suscipit volutpat dolor, quis
bibendum mi congue non. Curabitur maximus tempor sem, a lacinia ex scelerisque sit amet. Etiam non metus at
erat accumsan porta. Vivamus luctus nisl non pulvinar accumsan.
Para visualizar o vídeo, acesse seu material digital.
Saúde Pública

Noções básicas de estatística

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, estudaremos as definições gerais de bioestatística e conceituaremos os principais termos


utilizados em seu estudo.

Histórico da estatística

Os primeiros achados sobre a utilização da estatística como ciência datam de 2.000 anos antes de Cristo, segundo
levantamentos feitos na China. Para além disso, outras civilizações antigas, como a dos egípcios, e civilizações
como as dos incas, dos maias e dos astecas, também utilizaram informações estatísticas. Desde a Antiguidade,
dados estatísticos com informações populacionais e de riquezas eram utilizados pelos governantes para tomar
decisões sobre suas ações e movimentos políticos, principalmente nas áreas tributária e militar.

Etimologia
A palavra “estatística” deriva da palavra latina status, que, originalmente, era compreendida como “informações
úteis ao Estado”, ou seja, como questões relacionadas à composição demográfica, aos recursos, às taxações, etc.
Podemos conceituar estatística como a ciência que coleta, organiza e analisa dados quantitativos, de forma que
seja possível julgá-los ou interpretá-los racionalmente. Essa ciência se destaca pois é aplicada a todas as áreas do
conhecimento e tem por função principal auxiliar o método científico. Ela é que torna possível partir de um
conjunto de dados que serão transformados em informações passíveis de comparação com outros resultados. 

Bases de bioestatística

A fim de proporcionar melhor compreensão das bases de bioestatística, é necessário conceituar alguns termos
frequentemente utilizados na literatura da área, bem como em estudos que utilizam a ciência como ferramenta
auxiliar metodológica. São os termos:

Bioestatística 

Estatística aplicada a dados biológicos, seja de animais, de seres humanos ou de outros seres vivos.

População 

Representa um conjunto de pessoas ou de coisas que têm uma característica observável comum.

Amostra 

Representa um subconjunto da população, ou seja, são elementos da população de interesse selecionados


para determinada análise, já que estudar todos os componentes de uma população nem sempre é viável e
possível.

Dado 

São observações documentadas ou resultados de medições de características de interesse.

Variável 

É toda característica que pode diferir ou variar de indivíduo para indivíduo ou entre outros seres vivos ou
objetos. As variáveis podem ser divididas em dois tipos principais: qualitativas e quantitativas.

Variáveis qualitativas e quantitativas

As variáveis possuem diferentes características, que as classificam em dois tipos principais: as variáveis
qualitativas, também conhecidas como categóricas, representam um atributo ou qualidade do participante da
pesquisa e podem ser do tipo:

Nominal, quando não existe uma ordenação por valores quantitativos, mas são definidas por categorias que
classificam o indivíduo com uma determinada característica, como sexo, etnia, orientação sexual, etc.

Ordinal, quando há ordenação ou diferentes graus nos possíveis resultados, como grau de escolaridade
(ensino básico, fundamental, superior, pós-graduação) ou intensidade de dor (nenhuma, leve, moderada,
forte). 

As variáveis quantitativas, por sua vez, são aquelas que apresentam valores exprimidos por números ou
quantidades e que se dividem em dois grupos:

Discreta, quando os valores se apresentam como conjunto finito ou enumerável e não relacionado a uma
escala de medida específica, podendo-se citar como exemplo o número de habitantes ou o número de células
em uma cultura de laboratório.

Contínua, quando assumem valores que, frequentemente, formam um intervalo de números reais
resultantes de uma mensuração, como a altura dos participantes, medida em centímetros. 

Escalas e medidas

As escalas se dividem em quatro tipos principais:

Escala nominal 

A escala nominal, que compreende o tipo mais básico entre as escalas e que é meramente classificativa, sem
nenhuma informação relacionada a valor ou a quantidade.

Escala ordinal 

A escala ordinal, também classificativa como a nominal, mas que, ao contrário desta, apresenta diferentes
classes que se organizam em diferentes graus de acordo com critérios estabelecidos. Por exemplo:
estadiamento do câncer de grau I a IV. A escala ordinal, também classificativa como a nominal, mas que, ao
contrário desta, apresenta diferentes classes que se organizam em diferentes graus de acordo com critérios
estabelecidos. Por exemplo: estadiamento do câncer de grau I a IV.

Escala intervelar 

Escala intervalar, que constitui uma forma quantitativa de registrar a intensidade de determinado fenômeno
medido. Um ponto zero arbitrário (não verdadeiro) é instituído, e a aferição ocorre definindo-se a unidade de
medida e comparando o ponto zero e um segundo valor conhecido. Por exemplo: a escala de temperatura
em Celsius, em que zero significa a temperatura de congelamento da água.

Escala de proporcionalidade 

A escala de proporcionalidade ou razões, na qual há um zero absoluto (verdadeiro) que representa a total
ausência de uma característica ou propriedade. Por exemplo: o peso de um corpo, situação em que zero
significa a ausência da característica peso.

Os princípios de amostragem

Na amostragem não probabilística não se conhece a probabilidade de cada unidade amostral pertencer à
amostra, além disso a seleção dessa amostra dependerá do julgamento do pesquisador. Ela se divide ainda em
amostragem por conveniência, amostragem intencional e amostragem por cotas. Já na amostragem do tipo
probabilística, cada unidade amostral tem a mesma probabilidade de pertencer à amostra, de modo que é
utilizada alguma forma de sorteio para se determinar a amostra. Se apresenta em quatro tipos principais:
amostragem aleatória simples, amostragem sistemática, amostragem estratificada e amostragem por
conglomerados.

Estatística descritiva

Segundo Salvatore Beto Virgillito (2017), a estatística descritiva ocupa-se da ordenação das variáveis colhidas em
campo pelos pesquisadores, os quais extraem delas os primeiros cálculos que servirão para todo o processo
estatístico, seja este composto de técnicas somente desse segmento da estatística, seja composto de técnicas de
inferência, probabilidade ou amostragem. Como exemplo podemos citar a população de uma cidade ou de um
estado. Ao definirmos a população a ser analisada, devemos também estabelecer quais características queremos
estudar. Caso seja a idade das pessoas, é preciso observar que idade é um elemento variável numa escala de
unidades (idade mínima e máxima), o que dependerá da amostra extraída da população total e do objetivo do
estudo (VIRGILLITO, 2017).

Para finalizar esta webaula e para saber mais sobre os determinantes históricos e o desenvolvimento da
estatística e da bioestatística, sugere-se a leitura do seguinte artigo:

ZWARCWALD, C. L.; CASTILHO, E. A. Os caminhos da estatística e suas incursões pela epidemiologia. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 5-21, 1992.

Você também pode gostar