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//curso de

APERFEIÇOAMENTO
FORTALECIMENTO
DAS AÇÕES DE IMUNIZAÇÃO
NOS TERRITÓRIOS
MUNICIPAIS

MÓDULO II
Aula
11
// O SUS - VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA
//
Todos os direitos reservados. É permitida a
reprodução parcial ou total desta obra, desde
que citada a fonte e que não seja para venda
Créditos

ou qualquer fim comercial. O conteúdo desta


publicação foi desenvolvido e aperfeiçoado pela
equipe MaisCONASEMS e Faculdade São
Leopoldo Mandic.

Ficha
Catalográfica

Material de Referência. Mais CONASEMS. Curso de


Aperfeiçoamento Fortalecimento das Ações de Imunização nos
Territórios Municipais. Módulo II: Bases Imunológicas,
Epidemiológicas, Vigilância Epidemiológica e Cuidado em
Saúde. Aula 11: O SUS - Vigilância Epidemiológica.
Curadoria e Produção de Conteúdos
Mandic
André Ricardo Ribas Freitas
Ficha
Fabiana Medeiros Lopes de Oliveira Técnica
Giuliano Dimarzio
Laura Andrade Lagoa Nóbrega
Márcia Fonseca
Regina Célia de Menezes Succi
Este material foi
Gestor Educacional elaborado e desenvolvido
Rubensmidt Ramos Riani
pela equipe técnica e
Coordenação Técnica e Pedagógica pedagógica do Mais
Cristina Crespo CONASEMS em parceria
Valdívia Marçal com a Faculdade São
Leopoldo Mandic.
Coordenação Pedagógica – Faculdade
São Leopoldo Mandic
Fabiana Succi
Patricia Zen Tempski

Especialista em Educação a Distância


Kelly Santana Coordenação Geral
Priscila Rondas Conexões Consultoria em
Saúde Ltda.
Designer instrucional
Alexandra Gusmão Revisão textual
Carla Cristini Justino de Oliveira Gehilde Reis Paula de Moura
Juliana de Almeida Fortunato
Pollyanna Micheline Lucarelli
Simone Ferreira de Assis

Web Desenvolvedor
Aidan Bruno
Alexandre Itabayana
Cristina Perrone
Paloma Eveir
Vitor Almas de Moura
Olá!
Este é o seu Material de
Referência da Aula 11 do Módulo
II que apresenta de forma mais
aprofundada o conteúdo referente ao
tema O SUS – Vigilância
Epidemiológica. A proposta é agregar
mais conhecimento à sua
aprendizagem, por isso leia-o com
atenção e consulte-o sempre que
necessário!
Objetivos de
aprendizagem

01 Refletir sobre a importância da saúde como direito.

Conhecer os princípios e diretrizes do SUS e refletir


sobre seu impacto social. 02
Identificar as áreas da vigilância em saúde
03 (epidemiológica, sanitária, ambiental e saúde do
trabalhador).

Compreender o conceito de vigilância


epidemiológica: propósitos, funções, fonte de 04
dados e informações.

05 Conhecer a lista nacional das doenças e agravos de


notificação compulsória e os parâmetros utilizados
para inclusão de novas doenças e agravos de saúde.

Reconhecer a importância da integração da vigilância


em saúde e atenção básica. 06
Identificar as principais medidas de saúde coletiva e
07 compreender a importância de se mensurar o estado de
saúde da população para subsidiar as políticas públicas
de saúde.
Intro
dução
Na Aula 8, você iniciou os estudos sobre as Bases
Epidemiológicas enfatizando outros aspectos como: a
História Natural das Doenças; Elos da Cadeia de
Transmissão; Níveis de Prevenção; Surto; Epidemia e
Pandemia.
Na Aula 11, você dará continuidade ao estudo sobre o
Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, determinantes
sociais de saúde, Promoção da saúde, vigilância em
saúde e vigilância epidemiológica, doenças e agravos
de notificação compulsória, indicadores em saúde,
integração vigilância em saúde e atenção básica.

Boa leitura!
// SAÚDE COMO
DIREITO
O que é
saúde?

Segundo o conceito da Organização Mundial da Saúde


(OMS, 1947), de ampla divulgação e conhecimento em
nossa área, a saúde é definida como “um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas
a ausência de doença ou enfermidade”. Essa definição é
válida oficialmente até os dias de hoje, e tem recebido,
desde sua formulação, críticas e reflexões de muitos
profissionais, pesquisadores e outros protagonistas da
área da saúde. Esses, de modo geral, classificam-na
como “utópica” e “não-operacional”, caracterizando-a
mais como uma “declaração” do que propriamente uma
definição.

// Saúde como direito


Do ponto de vista “coletivo”, a saúde é encarada não
como a simples soma das condições orgânicas e
sociais de cada indivíduo isoladamente, mas sim como
a expressão de um processo social mais amplo, que
resulta de uma complexa trama de fatores e relações,
representados por condicionantes ou determinantes
do fenômeno nos vários níveis de análise:

Família Domicílio Microárea

Bairro Município Região

País Continente

Enxergando-se a condição de “saúde” segundo esse


plano mais amplo e coletivo, compreendemos melhor
porque somente em situações muito específicas, a
“saúde” resulta apenas da disponibilidade e do acesso
aos serviços de saúde. Assim, o “direito à saúde”
deveria ser entendido de forma mais abrangente do
que apenas o “direito ao acesso aos serviços de
saúde”.

// Saúde como direito


Constituição Federal

A nossa própria Constituição Federal de 1988, em


sua seção da saúde (Art. 196), define-a nesses
termos: “a saúde é um direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de
doenças e outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação”.

Assim, o SUS insere-se em um


contexto mais amplo da política
pública à seguridade social que
abrange, além das políticas de
saúde, as políticas de previdência
e assistência social.

// Saúde como direito


A definição do modelo de seguridade social no
Brasil significou a formulação, pela primeira vez na
história do país, de uma estrutura de proteção
social abrangente (universalidade da cobertura e do
atendimento); justa (uniformidade e equivalência
dos benefícios e serviços às populações urbanas e
rurais); equânime (equidade na forma de
participação do custeio) e democrática (caráter
democrático e descentralizado na gestão
administrativa), na qual cabe ao Estado a provisão e
o dever de atenção (Brasil, 1988, art. 194). Com
esse modelo, rompe-se definitivamente com o
padrão político anterior excludente e baseado no
mérito e afirma-se o compromisso com a
democracia.

O SUS foi peça-chave no processo de luta e


construção do modelo protetor brasileiro. Com a
sua instituição, o Estado assumiu a saúde como um
direito de todos e um dever do Estado, assegurado
mediante políticas sociais e econômicas que visem
à redução do risco de doença e de outros agravos,
uma política setorial de saúde capaz de garantir o
acesso universal e igualitário às ações e serviços
para promoção, proteção e recuperação da saúde
da população (Brasil, 1988, art. 196).

// Saúde como direito


// PRINCÍPIOS E
DIRETRIZES
DO SUS
Baseado nos preceitos constitucionais, a
construção do SUS norteia-se pelos seguintes:

Princípios
Doutrinários

UNIVERSALIDADE

EQUIDADE

INTEGRALIDADE

// Princípios e Diretrizes do SUS


Universalidade
É a garantia de atenção à saúde por
parte do sistema, a todo e qualquer
cidadão. Com a universalidade, o
indivíduo passa a ter direito de acesso
a todos os serviços públicos de saúde,
assim como àqueles contratados pelo
poder público. Saúde é direito de
cidadania e dever do Governo:
municipal, estadual e federal.

Equidade
É assegurar ações e serviços de todos
os níveis de acordo com a
complexidade que cada caso requeira,
sem privilégios e sem barreiras. Todo
cidadão é igual perante o SUS e será
atendido conforme suas necessidades
até o limite do que o sistema puder
oferecer para todos. Significa também
oferecer a cada um conforme a sua
necessidade.

// Princípios e Diretrizes do SUS


Integralidade
É o reconhecimento na prática dos
serviços de que: cada pessoa é um
todo indivisível e integrante de uma
comunidade; as ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde
formam também um todo indivisível e
não podem ser compartimentalizadas;
as unidades prestadoras de serviço,
com seus diversos graus de
complexidade, formam também um
todo indivisível configurando um
sistema capaz de prestar assistência
integral.

Enfim: “O homem é um ser


integral, biopsicossocial e deverá
ser atendido com esta visão integral
por um sistema de saúde também
integral, voltado a promover,
proteger e recuperar sua saúde.”

// Princípios e Diretrizes do SUS


Princípios
Organizacionais

Regionalização e
Hierarquização
PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS

Resolubilidade

Descentralização

Participação dos cidadãos e


controle social

Complementariedade do
setor privado

// Princípios e Diretrizes do SUS


01 Regionalização e
Hierarquização
Os serviços devem ser organizados em níveis de
complexidade tecnológica crescente, dispostos numa
área geográfica delimitada e com a definição da
população a ser atendida. Isso implica na capacidade
dos serviços em oferecer a uma determinada
população todas as modalidades de assistência, bem
como o acesso a todo tipo de tecnologia disponível,
possibilitando um ótimo grau de resolubilidade
(solução de seus problemas).

O acesso da população à rede deve se dar através dos


serviços de nível primário de atenção que devem estar
qualificados para atender e resolver os principais
problemas que demandam os serviços de saúde. Os
demais, deverão ser referenciados para os serviços de
maior complexidade.

A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada


e regionalizada, permite um conhecimento maior dos
problemas de saúde da população da área delimitada,
favorecendo ações de vigilância epidemiológica,
sanitária, controle de vetores, educação em saúde,
além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar
em todos os níveis de complexidade.

// Princípios e Diretrizes do SUS


02 Resolubilidade
É a exigência de que, quando um indivíduo busca o
atendimento ou quando surge um problema de
impacto coletivo sobre a saúde, o serviço
correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo
e resolvê-lo até o nível da sua competência.

03 Descentralização
É entendida como uma pactuação das
responsabilidades quanto às ações e aos serviços
de saúde entre as várias esferas de governo, a
partir da ideia de que quanto mais perto do fato a
decisão for tomada, mais chance haverá de acerto.
Assim, o que é abrangência de um município deve
ser de responsabilidade do governo municipal; o
que abrange um estado ou uma região estadual
deve estar sob responsabilidade do governo
estadual, e o que for de abrangência nacional será
de responsabilidade federal. Deverá haver uma
profunda redefinição das atribuições dos vários
níveis de governo com um nítido reforço do poder
municipal sobre a saúde - é o que se chama
municipalização da saúde.

Aos municípios cabe, portanto, a maior


responsabilidade na promoção das ações de saúde
diretamente voltadas aos seus cidadãos.

// Princípios e Diretrizes do SUS


04 Participação dos
cidadãos e controle
social
É a garantia constitucional de que a população, através
de suas entidades representativas, participará do
processo de formulação das políticas de saúde e do
controle da sua execução, em todos as esferas de
governo.

Essa participação deve se dar nos Conselhos de Saúde,


com representação paritária de usuários, governo,
profissionais de saúde e prestadores de serviço. Outra
forma de participação são as conferências de saúde,
periódicas, para definir prioridades e linhas de ação
sobre a saúde.

Deve ser também considerado como elemento do


processo participativo, o dever de as instituições
oferecerem as informações e conhecimentos
necessários para que a população se posicione sobre
as questões que dizem respeito à sua saúde.

// Princípios e Diretrizes do SUS


05 Complementariedade
do setor privado
A Constituição definiu que, quando, por insuficiência
do setor público, for necessária a contratação de
serviços privados, isso deve se dar sob três condições:

1ª - a celebração de contrato, conforme as normas de


direito público, ou seja, interesse público prevalecendo
sobre o particular;

2ª - a instituição privada deverá estar de acordo com


os princípios básicos e normas técnicas do SUS.
Prevalecem, assim, os princípios da universalidade,
equidade e integralidade, como se o serviço privado
fosse público, uma vez que, quando contratado, atua
em nome deste;

3ª - a integração dos serviços privados deverá se dar


na mesma lógica organizativa do SUS, em termos de
posição definida na rede regionalizada e hierarquizada
dos serviços. Dessa forma, em cada região, deverá
estar claramente estabelecido, considerando-se os
serviços públicos existentes e os serviços privados
contratados, quem vai fazer o que, em que nível e em
que lugar.

Dentre os serviços privados, devem ter preferência os


serviços não lucrativos, conforme determina a
Constituição Federal.

// Princípios e Diretrizes do SUS


// IMPACTO SOCIAL
PELO SUS
DETERMINANTES SOCIAIS
E PROMOÇÃO DA SAÚDE
A promoção da saúde foi nominada, pela primeira vez,
pelo sanitarista Henry Siegrist, ainda no início do
século XX. Ele elaborou as quatro funções da Medicina:
Promoção da Saúde, Prevenção das Doenças,
Tratamentos dos Doentes e Reabilitação. Segundo sua
concepção, a promoção da saúde envolveria ações de
educação em saúde e ações estruturais do Estado para
melhorar as condições de vida da população.

Um conceito mais contemporâneo de promoção da


saúde surgiu em 1986, quando a Organização Mundial
da Saúde (OMS) promoveu a Primeira Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde, em Ottawa,
Canadá. Consistiu numa resposta à crescente demanda
por uma nova concepção de Saúde Pública no mundo,
a qual pudesse responder à complexidade emergente
dos problemas de saúde, cujo entendimento não era
mais possível através do enfoque “preventivista”
tradicional – vinculação de determinada doença a
determinado agente ou grupo de agentes – mas que se
relaciona a questões como as condições e modos de
vida. Como produto da Conferência, foi emitida a Carta
de Ottawa para a Promoção da Saúde.

A Carta reforça o conceito ampliado de saúde e seus


determinantes para além do setor saúde, englobando
conjuntamente as condições biológicas, sociais,
econômicas, culturais, educacionais, políticas e
ambientais. Ficaram definidos como condições e
recursos fundamentais para a saúde: a paz, habitação,
educação, alimentação, renda, ecossistema estável,
recursos sustentáveis, justiça social e equidade.

// Impacto Social pelo SUS


A concepção mais moderna de “promoção da saúde”
é, então, o processo de fortalecimento e capacitação
de indivíduos e coletividades (municípios, associações,
escolas, entidades do comércio e da indústria,
organizações de trabalhadores, meios de
comunicação), no sentido de que ampliem suas
possibilidades de controlar os determinantes ou
condicionantes do Processo Saúde-Adoecimento (PSa)
e, com isso, ensejem uma mudança positiva nos níveis
de saúde. Implica na identificação dos obstáculos à
adoção das políticas públicas de saúde e num modo de
removê-los, além de considerar a intersetorialidade
das ações, a implementação de ações coletivas e
comunitárias e a reorientação dos serviços de saúde.

Assim, a “nova” promoção da saúde consiste em


proporcionar às pessoas e comunidades os meios
necessários para melhorar sua saúde e exercer um
maior controle sobre ela.

“PROMOÇÃO DA SAÚDE”

VERSUS

“PREVENÇÃO DE DOENÇAS”

// Impacto Social pelo SUS


Você sabe
qual a
diferença
entre
Promoção da Saúde e
Prevenção de doenças?

// Impacto Social pelo SUS


Promoção da Saúde
É importante salientarmos a diferença
entre “prevenção de doenças” e
“promoção da saúde”, lembrando que
ambas são importantes para a condição
de “saúde”.

Quadro 1- Diferenças principais entre Promoção da Saúde e


Prevenção de Doenças.

Prevenção de Doenças Promoção de Saúde


Trabalha no sentido de A Promoção da saúde
garantir proteção a mais moderna visa
doenças específicas, incrementar a saúde e o
reduzindo suas bem-estar gerais,
incidência e prevalência promovendo mudanças
nas populações. nas condições de vida e
de trabalho capazes de
beneficiar a saúde de
camadas mais amplas
da população, ou seja,
facilitar o acesso às
escolhas mais
saudáveis.

// Impacto Social pelo SUS


A promoção da saúde deve possuir enfoque mais
amplo e abrangente, pois deve trabalhar a partir da
identificação e enfrentamento dos
macrodeterminantes ou macrocondicionantes do
Processo Saúde Adoecimnetos, procurando
transformá-los favoravelmente na direção da
saúde. Para a prevenção, evitar a doença é o
objetivo final. Para a promoção, o objetivo
contínuo é um nível ótimo de vida e de saúde,
portanto a ausência de doenças não é suficiente.

Quadro 2: As principais diferenças entre “promoção da saúde” e


“prevenção de doenças”.

CATEGORIA PROMOÇÃO DA PREVENÇÃO DE


SAÚDE DOENÇAS
Conceito de Positivo, Ausência de doença
Saúde multidimensional
Modelo de Participativo, Profissional de saúde
Intervenção intersetorial
Alvo População e Grupos de alto risco
Ambiente

// Impacto Social pelo SUS


// VIGILÂNCIA EM
SAÚDE E VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA
A vigilância em saúde é caracterizada como um conjunto
articulado de ações destinadas a controlar
determinantes, riscos e danos à saúde de populações
que vivem em determinados territórios sob a ótica da
integralidade do cuidado, o que inclui tanto a
abordagem individual quanto a coletiva dos problemas
de saúde.

As ações específicas de vigilância epidemiológica,


vigilância sanitária, vigilância ambiental e vigilância em
saúde do trabalhador fazem parte da vigilância em
saúde, ao lado das ações de caráter individual
organizadas sob a forma de consultas e procedimentos.
Portanto, a vigilância em saúde busca contemplar os
princípios da integralidade e da atenção, combinando
diversas tecnologias para intervir sobre a realidade da
saúde.

COSEMS-RJ, LAPPIS/IMS/UERJ –
Rio de Janeiro:
Saiba
CEPESC/IMS/UERJ,
organizadores. – 2.ed. revisada,
mais!
ampliada. – Rio de Janeiro:
CEPESQ, 2019.424p.

// Vigilância em Saúde e Vigilância


Epidemiológica
// VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA:
PROPÓSITOS, FUNÇÕES, FONTE
DE DADOS E INFORMAÇÕES
A Vigilância Epidemiológica é definida pela Lei n.°
8.080/90 como “um conjunto de ações que
proporciona o conhecimento, a detecção ou
prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes de saúde
individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar as medidas de prevenção e
controle das doenças ou agravos”.

O objetivo principal é fornecer orientação técnica


permanente para os gestores e profissionais de
saúde, que têm a responsabilidade de planejar e
executar as ações de controle de doenças e
agravos, tornando disponíveis, para esse fim,
informações atualizadas sobre a ocorrência deles,
bem como dos fatores que os condicionam, numa
área geográfica ou população definida. Ainda,
constitui-se importante instrumento para o
planejamento, a organização e a operacionalização
dos serviços de saúde, como também para a
normatização de atividades técnicas afins.

// Vigilância Epidemiológica
São funções
da Vigilância
Epidemiológica:

// Vigilância Epidemiológica
Dentro do Programa Nacional de Imunizações
(PNI), a Vigilância Epidemiológica juntamente
com a Atenção Primária tem a responsabilidade
pelo planejamento, organização, supervisão e
operacionalização de ações de imunização,
incluindo a vacinação de rotina, de campanhas e
bloqueio em situações de surto, além da
capacitação e orientação dos profissionais
envolvidos. Além disso, a Vigilância
Epidemiológica acompanha as notificações de
eventos adversos pós-vacinação (EAPV), monitora
os indicadores de coberturas vacinais, faz a
gestão do estoque municipal de insumos do
Programa, armazenamento e distribuição de
imunobiológicos de rotina e especiais, capilariza
as normas técnicas, define fluxo de informação
entre os níveis, dentre outras atividades
pertinentes.

// Vigilância Epidemiológica
// LISTA NACIONAL DAS
DOENÇAS E AGRAVOS DE
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
E OS PARÂMETROS
UTILIZADOS PARA INCLUSÃO
DE NOVAS DOENÇAS E
AGRAVOS DE SAÚDE
SISTEMA DE
INFORMAÇÃO DE
AGRAVOS DE
NOTIFICAÇÃO - SINAN

Características

Coleta dados sobre agravos de notificação


compulsória. Foi instituído em 1996. Pode ser
ativado a partir do município ou estado. A
notificação compulsória tem sido a principal fonte
usada pela Vigilância Epidemiológica para
desencadear medidas de controle.

// Lista Nacional das Doenças


Os dados trabalhados referem-se às
seguintes doenças:
1. (a) Acidente de trabalho com exposição a
material biológico; (b) Acidente de trabalho grave
fatal e em crianças e adolescentes;

2. Acidente por animal peçonhento;

3. Acidente por animal potencialmente transmissor


da raiva;

4. Botulismo;

5. Cólera;

6. Coqueluche;

7. (a) Dengue- casos; (b) Dengue – óbitos;

8. Difteria;

9. (a) Doença de Chagas Aguda; (b) Doença de


Chagas Crônica;

10. Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ);

// Lista Nacional das Doenças


11. (a) Doença Invasiva por "Haemophilus
Influenza”; (b) Doença Meningocócica e outras
meningites;

12. Doenças com suspeita de disseminação


intencional: (a) Antraz pneumônico; (b) Tularemia;
(c) Varíola;

13. Doenças febris hemorrágicas


emergentes/reemergentes: (a) Arenavírus; (b)
Ebola; (c) Marburg; (d) Lassa; (e) Febre purpúrica
brasileira;

14. (a) Doença aguda pelo vírus Zika; (b) Doença


aguda pelo vírus Zika em gestante; (c) Óbito com
suspeita de doença pelo vírus Zika;

15. Esquistossomose;

16. Evento de Saúde Pública que se constitua


ameaça à saúde pública (definição no artigo 2º
desta portaria);

17. Eventos adversos graves ou óbitos pós-


vacinação;

18. Febre Amarela;

19. (a) Febre de Chikungunya; (b) Febre de


Chikungunya em áreas sem transmissão; (c) Óbito
com suspeita de Febre de Chikungunya;

// Lista Nacional das Doenças


20. Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de
importância em saúde pública;

21. Febre maculosa e outras Riquetsioses;

22. Febre tifoide;

23. Hanseníase;

24. Hantavirose;

25. Hepatites virais;

26. HIV/AIDS - Infecção pelo Vírus da


Imunodeficiência Humana ou Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida;

27. Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou


puérpera e criança exposta ao risco de transmissão
vertical do HIV;

28. Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência


Humana (HIV);

29. Influenza humana produzida por novo subtipo


viral;

30. Intoxicação Exógena (por substâncias químicas,


incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais
pesados);

// Lista Nacional das Doenças


31. Leishmaniose Tegumentar Americana;

32. Leishmaniose Visceral;

33. Leptospirose;

34. (a) Malária na região amazônica; (b) Malária na


região extra-amazônica;

35. Óbito: (a) infantil; (b) materno;

36. Poliomielite por poliovírus selvagem;

37. Peste;

38. Raiva humana;

39. Síndrome da Rubéola Congênita;

40. Doenças Exantemáticas: (a) Sarampo; (b)


Rubéola;

41. Sífilis: (a) adquirida; (b) congênita; (c) em


gestante;

42. Síndrome da Paralisia Flácida Aguda;

43. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada


ao Coronavírus: (a) SARS-CoV; (b) MERS- CoV;

// Lista Nacional das Doenças


44. Tétano: (a) acidental; (b) neonatal;

45. Toxoplasmose gestacional e congênita;

46. Tuberculose;

47. Varicela - caso grave internado ou óbito;

48. (a) Violência doméstica e/ou outras violências;


(b) Violência sexual e tentativa de suicídio.
!
Importante

Segundo a legislação: “... todo e


qualquer surto ou epidemia, assim
como a ocorrência de agravo inusitado,
independente de constar na lista de
doenças de notificação compulsória,
deve ser notificado, imediatamente, às
Secretarias Municipal e Estadual de
Saúde”.

// Lista Nacional das Doenças


O Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan) é alimentado, principalmente, pela notificação
e investigação de casos de doenças e agravos que
constam da lista nacional de doenças de notificação
compulsória (Portaria de Consolidação n.º 4, de 28 de
Setembro de 2017, anexo V - Capítulo I), mas é
facultado a estados e municípios incluir outros
problemas de saúde importantes em sua região,
como varicela no estado de Minas Gerais ou
difilobotríase no município de São Paulo. Sua
utilização efetiva permite a realização do diagnóstico
dinâmico da ocorrência de um evento na população,
podendo fornecer subsídios para explicações causais
dos agravos de notificação compulsória, além de vir a
indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas,
contribuindo assim, para a identificação da realidade
epidemiológica de determinada área geográfica. O
seu uso sistemático, de forma descentralizada,
contribui para a democratização da informação,
permitindo que todos os profissionais de saúde
tenham acesso a ela e tornem-na disponível para a
comunidade. É, portanto, um instrumento relevante
para auxiliar o planejamento da saúde, definir
prioridades de intervenção, além de permitir que seja
avaliado o impacto das intervenções.

Conteúdo extraído de:


http://www.portalsinan.saude.go Saiba
v.br/ Acesso em: 26 abr. 2021
Portaria: mais!
http://www.portalsinan.saude.go
v.br/images/documentos/Legislac
oes/Portaria_Consolidacao_4_28
_SETEMBRO_2017.pdf

// Lista Nacional das Doenças


// INTEGRAÇÃO
VIGILÂNCIA EM
SAÚDE E ATENÇÃO
BÁSICA
A integração das ações da vigilância em saúde (VS) com a
atenção básica (AB)¹ pode ser considerada um dos grandes
desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, em
todas as esferas de gestão. Embora diversas normativas e
estratégias tenham sido elaboradas no sentido de estimular
essa integração nas últimas décadas, e esforços
institucionais tenham sido empreendidos para viabilizar os
recursos financeiros e organizar estruturas técnico-
administrativas locais, a integração dessas duas áreas de
conhecimento ainda não se efetivou na sua totalidade,
especialmente no âmbito das equipes que atuam nas
Unidades Básicas de Saúde (UBS).

1 A atual Política Nacional da Atenção Básica (PNAB 2017) considera os termos Atenção Básica
- AB e Atenção Primária à Saúde - APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes, de
forma a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste documento.

// Integração Vigilância em Saúde e


Atenção Básica
Em diversos municípios, a
ausência ou insuficiência desta
integração provoca dificuldades
na identificação dos elementos
que exercem determinação
sobre o processo saúde-doença e
no efetivo controle das doenças
e dos agravos prioritários,
tornando distante a possibilidade
de colocar em prática o princípio
da integralidade da atenção na
esfera local.

// Integração Vigilância em Saúde e


Atenção Básica
As estratégias de integração devem estar
preferencialmente relacionadas à organização no
território e ao processo de trabalho das equipes que
atuam na Atenção Básica com o objetivo maior de
possibilitar uma nova prática de vigilância e atenção
básica com foco no cuidado ao indivíduo, à família, e
considerando o ambiente que os rodeia. Essas
diretrizes poderão ser adotadas ou adaptadas pelos
gestores e profissionais, a depender da realidade de
cada território. Lembrando que são consideradas
como equipes da Atenção Básica a equipe de Saúde
da Família (eSF), equipe de Atenção Básica (eAB),
equipe do Consultório na Rua (eCnR), equipe de
Saúde Bucal (eSB), os Núcleos Ampliados de Saúde
da Família (NASF-AB), equipe de Saúde da Família
Ribeirinhas (ESFR) e equipe de Saúde Prisional.
(Adaptado de Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria
de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Guia Política Nacional de Atenção Básica –
Módulo 1: Integração Atenção Básica e Vigilância em
Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde,
2018. 68 p. : il.)

// Integração Vigilância em Saúde e


Atenção Básica
// INDICADORES
DE SAÚDE
Indicadores de Saúde são instrumentos de
mensuração utilizados para diagnóstico de saúde
da população, subsidiando a implantação de
medidas de promoção e prevenção de doenças
coletivamente, ou seja, o planejamento em
saúde.

Os indicadores de saúde são expressos, em sua


maioria, através de proporções e de coeficientes
ou taxas. Uma proporção é a relação entre duas
frequências da mesma unidade, no numerador
são registradas as frequências absolutas de
eventos que constituem subconjuntos daquelas
que são registradas no denominador. Exemplos:
mortalidade proporcional por causas externas:
número de óbitos por causas externas em um
período determinado dividido pelo número total
de óbitos no período).

// Indicadores de Saúde
Um coeficiente ou taxa é a relação entre o número de
casos de um evento (doença ou morte) e uma
determinada população, num dado local e época. É a
medida que informa quanto ao “risco” de ocorrência
de um evento.

A seguir são apresentados os principais indicadores


de morbidade e mortalidade.

Medidas de
Morbidade

Incidência diz respeito à frequência com que


surgem novos casos de uma doença
num intervalo de tempo - a intensidade
com que acontece a morbidade em
uma população, portanto, é uma
medida dinâmica (Gomes, 2015).

// Indicadores de Saúde
A incidência é muito utilizada em investigações etiológicas
para elucidar relações de causa e efeito, avaliar o impacto
de uma política, ação ou serviço de saúde, além de
estudos de prognóstico (Boing, D’orsi, Reibnitz Jr, 2016).

Prevalência se refere ao número de casos


existentes de uma doença em um
dado momento; é uma “fotografia”
sobre a sua ocorrência, sendo assim
uma medida estática. São os casos já
existentes (antigos) somados aos
casos novos, numa dada população
durante um período.

// Indicadores de Saúde
Observação – a constante é uma potência com base
de 10 (100, 1.000, 100.000), pela qual se multiplica o
resultado para torná-lo mais compreensível. É muito
mais difícil compreender uma taxa de 0,10 morte por
1.000 habitantes a uma taxa de 10 mortes por 100.000
habitantes. Quanto menor for o numerador em relação
ao denominador, maior a constante utilizada.
Entre os principais usos das medidas de prevalência
estão: o planejamento de ações e serviços de saúde,
previsão de recursos humanos, diagnósticos e
terapêuticos.

Medidas de
Mortalidade

As medidas de mortalidade têm sido tradicionalmente


utilizadas como indicadores de saúde há mais de um
século. Historicamente, é o primeiro indicador utilizado
em avaliação de saúde coletiva; e ainda hoje, o mais
empregado. Isso pode ser explicado pelas facilidades
operacionais, pois a morte é definitiva, ao contrário da
doença, e cada óbito tem que ser registrado.

// Indicadores de Saúde
Coeficiente
é o indicador de mortalidade mais
ou Taxa de abrangente. É calculado dividindo-se o
Mortalidade total de óbitos, em determinado
período, pela população calculada para
Geral (CMG) a metade do período.

Fonte: Boing, D’orsi, Reibnitz Jr, 2016

Trata-se de um indicador muito utilizado para


descrever e comparar as condições de saúde das
populações, para definir prioridades na investigação
epidemiológica e para avaliar a eficácia de medidas
de saúde.

// Indicadores de Saúde
Normalmente, o coeficiente geral de mortalidade se
situa entre 6 e 12 óbitos por 1.000 habitantes. No
Brasil, em 2019, o Coeficiente de Mortalidade Geral
foi de 6,4 em 1.000 habitantes.

Taxas elevadas podem estar associadas a baixas


condições socioeconômicas ou refletir elevada
proporção de pessoas idosas na população total,
portanto, este indicador deve ser interpretado com
cautela, quando se realizam comparações entre
populações distintas, pois sofre a influência da
estrutura da população quanto à idade e ao sexo.

Podemos também calcular a mortalidade segundo


algumas características da população ou do óbito. Por
exemplo, é possível calcular a taxa de mortalidade por
sexo, por idade ou por causa.

Fonte: Boing, D’orsi, Reibnitz Jr, 2016

// Indicadores de Saúde
Coeficiente
ou Taxa de estima o risco de morte dos nascidos
Mortalidade vivos durante o seu primeiro ano de
vida.
Infantil
(CMI)

Fonte: Boing, D’orsi, Reibnitz Jr, 2016

Reflete, de maneira geral, as condições de desenvolvimento


socioeconômico e infraestrutura ambiental, bem como, o
acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à
saúde materna e da população infantil (REDE INTERAGENCIAL
DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE, 2008). A meta mundial,
estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) até 2030, é atingir até 12 mortes de recém-nascidos
para cada mil nascimentos. No Brasil, em 2019, o Coeficiente
de Mortalidade Infantil foi de 12,4 em 1.000 nascidos vivos.

// Indicadores de Saúde
A taxa de
mortalidade
infantil pode
ser subdividida
em componentes

Coeficiente
ou Taxa de
Mortalidade estima o risco de um nascido vivo
morrer durante a primeira semana de
Neonatal vida.
Precoce
(CMNNP)

Fonte: Boing, D’orsi, Reibnitz Jr, 2016

// Indicadores de Saúde
Coeficiente
ou Taxa de
Mortalidade estima o risco de um nascido vivo
morrer dos 7 aos 27 dias de vida.
Neonatal
Tardia
(CMNNT)

Fonte: Boing, D’orsi, Reibnitz Jr, 2016

Os indicadores neonatais (precoce e tardio) refletem


de maneira geral, as condições socioeconômicas e
de saúde da mãe, bem como a inadequada
assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido.

// Indicadores de Saúde
Coeficiente
ou Taxa de
Mortalidade estima o risco de um nascido vivo
morrer dos 28 aos 364 dias.
Pós-
neonatal
(CMPNN)

Fonte: Boing, D’orsi, Reibnitz Jr, 2016

De maneira geral, denota o desenvolvimento


socioeconômico e a infraestrutura ambiental, que
condicionam a desnutrição infantil e as infecções a ela
associadas. O acesso e a qualidade dos recursos
disponíveis para atenção à saúde materno-infantil são
também determinantes da mortalidade nesse grupo
etário. Quando a taxa de mortalidade infantil é alta, a
mortalidade pós-neonatal é, frequentemente, o
componente mais elevado. As vacinas podem interferir
de maneira significativa neste indicador, diminuindo a
morbimortalidade das doenças imunopreveníveis.

// Indicadores de Saúde
Coeficiente
mais comumente conhecida como
ou Taxa de Razão de Mortalidade Materna (RMM)):
Mortalidade é o número de óbitos maternos, por
100 mil nascidos vivos de mães
Materna residentes em determinado espaço
(CMM) geográfico, no ano considerado.

O conceito de morte materna estabelecido pela


Organização Mundial de Saúde é: morte de uma mulher
durante a gestação ou até 42 dias após o término da
gestação, independentemente da duração ou da
localização da gravidez, devido a qualquer causa
relacionada com ou agravada pela gravidez ou por
medidas em relação a ela, porém não devida a causas
acidentais ou incidentais. Portanto, este indicador estima
a frequência de óbitos femininos, ocorridos até 42 dias
após o término da gravidez, atribuídos a causas ligadas à
gravidez, ao parto e ao puerpério, em relação ao total de
nascidos vivos, sendo o número de nascidos vivos
adotado como uma aproximação do total de mulheres
grávidas.

// Indicadores de Saúde
Fonte: Boing, D’orsi, Reibnitz Jr, 2016

Este indicador reflete a qualidade da atenção à saúde da


mulher. Taxas elevadas de mortalidade materna estão
associadas à insatisfatória prestação de serviços de saúde
a esse grupo, desde o planejamento familiar e a
assistência pré-natal, até a assistência ao parto e ao
puerpério.

A meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável (ODS) é, até 2030, reduzir a taxa de
mortalidade materna global para menos de 70 mortes
por 100.000 nascidos vivos. No Brasil (2019), a
mortalidade materna foi de 55,3 óbitos para cada 100 mil
nascidos vivos, variando de 74,38/100.000 nascidos vivos
no Norte e 38,17/100.000 nascidos vivos no Sul.

// Indicadores de Saúde
Coeficiente é uma medida da gravidade da doença.
Algumas doenças apresentam
ou Taxa de letalidade nula, como, por exemplo,
Letalidade escabiose; já para outras, a letalidade é
igual ou próxima de 100%, como a raiva
(CL) humana.

A mortalidade proporcional, como o próprio nome


diz, é um indicador do tipo proporção, que apresenta,
no numerador, os óbitos (exemplos: por região, causa,
sexo ou idade), e, no denominador, o total de óbitos
cuja fração se deseja conhecer.

// Indicadores de Saúde
Mortalidade é a distribuição percentual de óbitos
por grupos de causas definidas, na
Proporcional população residente em determinado
por Grupo de espaço geográfico, no ano considerado.

Causas

Fonte: Boing, D’orsi, Reibnitz Jr, 2016

Mede a participação relativa dos principais grupos de


causas de morte no total de óbitos com causa
definida. De modo geral, é influenciado pela
participação de fatores que contribuem para
aumentar ou diminuir determinadas causas, alterando
a distribuição proporcional das demais: condições
socioeconômicas, perfil demográfico, infraestrutura
de serviços públicos, acesso e qualidade dos serviços
de saúde.

// Indicadores de Saúde
Razão de um indicador muito utilizado para
comparar regiões com diferentes graus
Mortalidade de desenvolvimento. Foi criado em
Proporcional 1957, por Swaroop e Uemura, como
também é conhecido (Índice de
(RMP) Swaroop-Uemura - ISU). Este indicador
é calculado dividindo-se o número de
óbitos em indivíduos com 50 anos ou
mais pelo total de óbitos da população.

// Indicadores de Saúde
Ele permite classificar regiões
ou países em quatro níveis de
desenvolvimento:

1º nível (RMP ≥75%): países ou regiões onde 75%


ou mais da população morrem com 50 anos ou mais,
padrão típico de países desenvolvidos;
2º nível (RMP entre 50% e 74%): países com certo
desenvolvimento econômico e regular organização
dos serviços de saúde;
3º nível (RMP entre 25% e 49%): países em
estágio atrasado de desenvolvimento das questões
econômicas e de saúde;
4º nível (RMP< 25%): países ou regiões onde 75%
ou mais dos óbitos ocorrem em pessoas abaixo de 50
anos.

// Indicadores de Saúde
Este indicador necessita revisão, uma vez que a
expectativa de vida nos últimos anos aumentou
consideravelmente. Foi sugerida a conveniência
de reformulação das classes propostas por
Swaroop e Uemura, definindo-se outras baseadas
na RMP dada por pessoas com 75 anos ou mais.
No Brasil (2019), a RMP foi de 80,3%.

Como observado, são muitos os indicadores de


mortalidade, e eles podem ser calculados de
diversas formas para atender a inúmeros
questionamentos epidemiológicos, de acordo
com a necessidade de cada serviço de saúde.

Em síntese, pode-se dizer que os indicadores de


saúde são elementos fundamentais para a
avaliação da situação de saúde e para a
identificação de problemas agudos e crônicos que
acometem a população. Sem eles, seria
impossível estabelecer metas, traçar objetivos,
executar ações de saúde e avaliar o impacto de
tais medidas sobre a saúde da população.

// Indicadores de Saúde
// Considerações
Finais
Chegamos ao final desta aula, e é
importante destacar os seguintes pontos
abordados:

• Os princípios doutrinários do SUS garantidos a


partir da Constituição Federal e pelas leis n.º 8080 e
n.º 8142 são Universalidade, Equidade e
Integralidade. Os princípios organizacionais são:
Regionalização e Hierarquização, Resolubilidade,
Descentralização, Controle Social e Participação
Popular.

• O conceito moderno de Promoção da Saúde é o


processo de fortalecimento e capacitação de
indivíduos e coletividades no sentido de que
ampliem suas possibilidades de controlar os
determinantes ou condicionantes do Processo
Saúde-Adoecimento e, com isso, ensejem uma
mudança positiva nos níveis de saúde.

• Os indicadores de morbidade mais relevantes são a


Incidência e a Prevalência. Incidência diz respeito à
frequência com que surgem novos casos de uma
doença num intervalo de tempo. Prevalência se
refere ao número de casos existentes de uma
doença em um dado momento; é uma “fotografia”
sobre a sua ocorrência.

// Considerações Finais
• Os Indicadores de mortalidade são ainda hoje o
primeiro indicador utilizado em avaliação de
saúde coletiva, com especial importância a
mortalidade infantil e subgrupos e a mortalidade
materna.

Até a
próxima!

// Considerações Finais
//
Almeida, L M. Da prevenção primordial à
prevenção quaternária. Revista Portuguesa de
referências

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Banco de imagens Freepik
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https://www.flaticon.com/

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