O documento discute a evolução do conceito de saúde no Brasil, passando de uma visão de ausência de doença para qualidade de vida. Isso levou à reforma psiquiátrica e ao Sistema Único de Saúde (SUS), que promove a saúde de forma integral através de ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde considerando determinantes sociais. O SUS baseia-se nos princípios de universalidade, equidade e integralidade para garantir a saúde como direito de todos.
O documento discute a evolução do conceito de saúde no Brasil, passando de uma visão de ausência de doença para qualidade de vida. Isso levou à reforma psiquiátrica e ao Sistema Único de Saúde (SUS), que promove a saúde de forma integral através de ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde considerando determinantes sociais. O SUS baseia-se nos princípios de universalidade, equidade e integralidade para garantir a saúde como direito de todos.
O documento discute a evolução do conceito de saúde no Brasil, passando de uma visão de ausência de doença para qualidade de vida. Isso levou à reforma psiquiátrica e ao Sistema Único de Saúde (SUS), que promove a saúde de forma integral através de ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde considerando determinantes sociais. O SUS baseia-se nos princípios de universalidade, equidade e integralidade para garantir a saúde como direito de todos.
SAÚDE 1. Saúde como ausência de doença (modelo curativista)
2. Saúde como qualidade de vida
(doutrinas e princípios do SUS;reforma psiquiátrica e promoção da saúde) SAÚDE COMO QUALIDADE DE VIDA No Brasil, a conceituação ampla de saúde assume destaque no Relatório Final da VIII CNS (1986): “Direito à saúde significa a garantia, pelo Estado, de condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, em todos os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade” (CNS, 1986:). Em 1988, com a promulgação da nova constituição federal e com o início da implantação do Sistema Único de Saúde, esse compromisso é legitimado e tornado política pública do Estado brasileiro. O que significa promoção da saúde? Passagem de uma visão da saúde como alvo para uma visão centrada no desenvolvimento integral do ser humano, facilitando a compreensão da saúde como parte integrante do desenvolvimento. A mudança de enfoque proposta transforma os promotores de saúde em promotores do desenvolvimento integral e sustentável. A abordagem agora é muito mais ampla: envolve o terreno da sociedade civil e os quatro tipos de desenvolvimento – social, ecológico, econômico e no centro, como finalidade última, o desenvolvimento humano. O setor saúde passa a ser apenas mais uma das dimensões do desenvolvimento humano integral, junto com a educação, a cultura, a integração social, etc. Implicações A PS implica uma ampliação da visão sobre o processo saúde-doença para além dos enfoques unicausais, e a conseqüente orientação das políticas de saúde incorporando questões sociais, econômicas e ambientais. Essa visão do processo saúde-doença acaba por reconhecer que os serviços de saúde, sozinhos, não conseguem enfrentar os múltiplos determinantes das condições de saúde. Em conseqüência, as ações em PS exigem, o estabelecimento de políticas intersetoriais. Promoção e proteção da saúde segundo o SUS promoção: educação em saúde, bons padrões de alimentação e nutrição, adoção de estilos de vida saudáveis, uso adequado e desenvolvimento de aptidões e capacidades, aconselhamentos específicos, como os de cunho genético e sexual. proteção: vigilância epidemiológica, vacinações, saneamento básico, vigilância sanitária, exames médicos e odontológicos periódicos, entre outros. O que é o SUS? É uma formulação política e organizacional para o ordenamento dos serviços e ações de saúde estabelecida pela Constituição de 1988. Por que sistema único? Porque ele segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo: federal, estadual e municipal. Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Esses elementos integrantes do sistema referem-se, ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. Princípios doutrinários do SUS Universalidade: É a garantia de atenção à saúde, por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania e dever do Governo: municipal, estadual e federal. Eqüidade: É assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades até o limite do que o sistema pode oferecer para todos. Integralidade: É o reconhecimento na prática dos serviços de que: - cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade; - as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também uma todo indivisível e não podem ser compartimentalizadas; - as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade, formam também um todo indivisível configurando um sistema capaz de prestar assistência integral; - o homem é um ser integral, bio-psico-social, e deverá ser atendido com esta visão integral por um sistema de saúde também integral, voltado a promover, proteger e recuperar sua saúde. Princípios que regem a organização do SUS Regionalização e hierarquização; Resolubilidade; Descentralização; Participação dos cidadãos. Regionalização e hierarquização Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com a definição da população a ser atendida. Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma determinada população todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tipo de tecnologia disponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade (solução de problemas). Resolubilidade É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência. Descentralização É entendida como uma redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da idéia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Reforço do poder municipal sobre a saúde - é o que se chama municipalização da saúde. Participação da população É a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Essa participação deve se dar nos conselhos de saúde, com representação paritária de usuários, governo, profissionais de saúde e prestadores de serviços. Outra forma de participação são as conferências de saúde, periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde. A qualidade de vida como horizonte O conceito de saúde, definido na Constituição, norteia a organização dos serviços de saúde, que deixam de se basear em um modelo assistencial, centrado na doença e baseado no atendimento a quem procura, para um modelo integral à saúde, onde haja a incorporação progressiva de ações de promoção e de proteção, ao lado daquelas de recuperação. O novo conceito de saúde, incorporado na Constituição de 1988 (e da Lei Orgânica da Saúde de n.º 8.080 e 8.142, entre outras leis), ultrapassa a idéia de saúde como ausência de doença, ampliando-o como resultante de determinantes sociais como; lazer, habitação, infra-estrutura básica, renda e educação, etc. Isto vem a reforçar a necessidade de uma política ampla, voltada à prevenção e satisfação das necessidades básicas da população. Implicações da idéia de saúde como qualidade de vida Ao definir a saúde a partir de seus princípios e doutrinas, o SUS coloca a promoção de saúde como a perspectiva estruturante dos seus dispositivos de ação (vide princípio da integralidade e conceito de saúde como qualidade de vida). Colocando-se a promoção de saúde como estruturante de todo o modelo (incluindo a recuperação e a prevenção), o conceito de saúde sofre importante modificação, deixando de ser tratado como a negação da doença – visão que se estrutura sob a ótica da recuperação - para se transformar em qualidade de vida - visão que introduz cunho político-social ao conceito. Isso significa, em outras palavras, que, em termos de parâmetros para as ações de saúde, não basta estar livre de doença para se ter saúde, e promover saúde deixa de ser apenas uma questão de assistência puramente médica. Promover saúde passa a dizer respeito ao bem estar global do indivíduo, o que inclui suas condições políticas, econômicas, sociais e afetivas de estar no mundo. Reforma Psiquiátrica Seus pressupostos são coerentes com a idéia de que a saúde não se reduz a ausência de doença (doença colocada entre parêntesis - Basaglia) A doença (mental) entre parêntesis conduz a necessidade de se construir formas mais complexas de se lidar com o sofrimento psíquico (atenção psicossocial, com base territorial, substitutivo ao modelo manicomial) Isso se traduz, resumidamente, nos vários dispositivos que compõem um serviço de saúde mental – CAPS; Residências Terapêuticas; Hospitais-Dia; etc. Há analogia e coerência entre os pressupostos da Reforma Psiquiátrica e a idéia de saúde como qualidade de vida A Lei Federal 10.216 (MS, 2002), sancionada em 6/4/2001, constitui a política de Saúde Mental oficial para o Ministério da Saúde, bem como para todas as unidades federativas (política pública de Estado). O que pretende a Reforma Psiquiátrica? Propõe transformar o modelo assistencial da saúde mental, ultrapassando o modelo unicausal das doenças, construindo em seu lugar um novo estatuto social para o louco, incluindo-o como ator de sua própria inserção na cultura cívica da sociedade. Não pretende acabar com o tratamento clínico da doença mental, mas sim eliminar a prática do internamento como forma prioritária para o tratamento. Para isso, propõe a substituição do modelo manicomial pela criação de uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial. Neste novo modelo de cuidado, os usuários dos serviços têm à sua disposição equipes multidisciplinares para o acompanhamento terapêutico. Adquirem também o status de agentes no próprio tratamento, e conquistam o direito de se organizar em associações que podem se conveniar a diversos serviços comunitários, promovendo a inserção social de seus membros. Quais serviços territoriais são esses? Para a Reforma Psiquiátrica, o tratamento das chamadas “doenças mentais” não envolve simplesmente um processo de “diagnóstico e cura”. O modelo de tratamento previsto pela Reforma Psiquiátrica pretende “cuidar” do portador de transtornos mentais sem se ocupar somente daquilo que pode ser considerado uma “doença”. Deste modo, tem o objetivo de atender as pessoas que necessitam de cuidados psíquicos em sua individualidade e em sua relação com o meio social. Para isso, a rede territorial de serviços inclui centros de atenção psicossocial, clubes de convivência e de lazer assistidos, cooperativas de trabalho protegido, oficinas de geração de renda e residências terapêuticas. Todos eles seguem a lógica da descentralização e da territorialização do atendimento em saúde, previstos na Lei Federal que institui o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Princípios da Reforma PSI 1. Princípios do SUS, apontados anteriormente; 2. Territorialização e tomada de responsabilidade; 3. Desinstitucionalização 4. Modalidades de cuidado que garantam a escuta, o vínculo, que potencializem as singularidades, as biografias, as raízes culturais, as redes de pertencimento e estejam atentas e recusem as formas de medicalização, psiquiatrização e psicologização; 5. Planejamento, desenvolvimento e avaliação das ações em equipe multiprofissional; 6. Desenvolvimento das ações de saúde mental nas unidades de saúde, nos domicílios, nos lugares e recursos comunitários; 7. Atendimento às pessoas em situações de gravidade, através de ações efetivas que viabilizem o acesso.