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CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ANA KESSIA LOPES ABREU


ELLEN SILVA GALLOTTI
GEOFREDES ALVES DE OLIVEIRA
GLÊCE MARIA BARROZO MARQUES
IAN RAVIH ROLLEMBERG DE ARAGÃO
MARCOS GLAYRTON OLIVEIRA COSTA
PAULO VICTOR DOS SANTOS MOREIRA
RAISSA PINHO MORAIS
SOFIA MARIA TEIXEIRA DE MOURA
TAINÁ NASCIMENTO DE SOUZA
VICTORIA CRUZ GUIMARÃES BARRETO

Relato de Experiência do Estágio em Saúde:

Aracaju
2022
ANA KESSIA LOPES ABREU
ELLEN SILVA GALLOTTI
GEOFREDES ALVES DE OLIVEIRA
GLÊCE MARIA BARROZO MARQUES
IAN RAVIH ROLLEMBERG DE ARAGÃO
MARCOS GLAYRTON OLIVEIRA COSTA
PAULO VICTOR DOS SANTOS MOREIRA
RAISSA PINHO MORAIS
SOFIA MARIA TEIXEIRA DE MOURA
TAINÁ NASCIMENTO DE SOUZA
VICTORIA CRUZ GUIMARÃES BARRETO

Relato de Experiência do Estágio em Saúde:

Relato de experiência referente ao


estágio obrigatório em Psicologia da
Saúde supervisionado pela Prof.
Flavia dos Santos Nascimento como
avaliação da 2° unidade da
Universidade Tiradentes.

Aracaju
2022
1. INTRODUÇÃO
A princípio é relevante a compreensão da história da organização sanitária no
Brasil, que procedeu-se a partir do século XVI enquanto o Brasil era considerado
colônia de Portugal. Basicamente, os serviços de saúde eram de responsabilidade
local, sendo designado para a classe rica os médicos do exército de Portugal ou
médicos particulares, enquanto para aqueles que viviam à margem da sociedade as
únicas opções eram as casas de misericórdia e trabalhos de filantropia.
Foi então, com a Proclamação da República que a esfera da saúde passou a
ser de competência do estado, que por sua vez, deu-se início a Industrialização no
Brasil tendo como uma das principais mudanças a idealização da saúde como uma
questão social e não mais como um problema de cunho individual.
Mediante a Constituição da República de 1988, a saúde passou a ser
considerada um direito social inerente à condição cidadã, na qual se desprende de
quaisquer exclusão e preconceito, que deverá ser garantido e assegurado pelo
Estado.
Dessa forma, nasce o Sistema Único de Saúde (SUS), cujo programa é
pautado em 3 princípios básicos, são eles: universalidade do acesso, integralidade
da assistência e equidade. Que pretende garantir a promoção, proteção e
recuperação da saúde.
Juntamente com o processo de criação do SUS, houve outra transformação
bastante significativa para o mundo que conhecemos hoje. Que consiste no conceito
de saúde-doença, antes considerado como saúde apenas a ausência de uma
patologia e que passou a ser entendido em uma esfera global da vida do indivíduo.
Ou seja, a saúde significa qualidade de vida como um produto social
contemplando os seguintes aspectos: alimentação, moradia, saneamento básico,
meio ambiente, trabalho, renda, lazer e transporte.
Tendo isso em vista, os serviços de saúde do SUS se dividem em 3 níveis,
que são agrupados de acordo com a complexidade das medidas necessárias para
acolher a população, são eles: o primário, o secundário e o terciário.
O que nos cabe salientar aqui é sobre o nível primário que é
constituído pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), tendo um caráter preventivo
dentro de todas as suas ações. Nessas unidades é possível realizar consultas e
exames rotineiros, assim como ter acesso a vacinas e medicamentos gratuitos.
Neste nível, os profissionais se articulam para atuar não apenas nas unidades
de saúde, como também em espaços públicos da comunidade e principalmente nas
residências dos usuários. Levando em consideração sempre a saúde integral do
indivíduo, o considerando como um ser social inserido em sua família e comunidade.
Os profissionais necessários para o funcionamento de uma UBS são:
médico, enfermeiro (preferencialmente especialistas em saúde da família), auxiliar
ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. Todavia, geralmente há
também a participação de outros profissionais, como: psicólogo, nutricionista,
fisioterapeuta, assistente social, farmacêutico, educadores físicos, entre outros.
A atenção básica constitui o primeiro nível de atenção à saúde e engloba um
conjunto de ações individuais ou coletivas, que envolvem a promoção da saúde, a
prevenção de doenças, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação da comunidade
próxima, sendo realizada pelas Unidades Básicas de Saúde tradicionais e com o
Programa de Saúde da Família.

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) ainda hoje conhecidas como postos de


saúde surgiram na década de 1980 no contexto de organização dos serviços, como
possibilidade de maior eficácia de tratamento. Com a responsabilidade de uma
determinada área geográfica, às Unidades cabiam as ações básicas de promoção,
prevenção e recuperação, utilizando-se, quando necessário, da referência e
contrarreferência aos outros níveis de atenção, segundo a complexidade
considerada em cada caso (BRASIL, 1990).

Em uma UBS, o atendimento é regido pelos princípios propostos pela Política


Nacional de Atenção Básica (PNAB) como universalidade, da acessibilidade, do
vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da humanização,
da equidade e da participação social. Segundo tais preceitos estabelecidos pelo
Ministério da Saúde, a atenção primária à saúde deve ser a porta de entrada do
nosso sistema de saúde. Em função disso, médicos (as), enfermeiros (as), técnicos
(as) em enfermagem, agentes comunitários de saúde, psicólogos, por exemplo,
trabalham para proporcionar ao cidadão o melhor atendimento possível na Unidade
Básica.

Por ser a atenção primária “porta de entrada” não somente para a rede de
serviços de saúde, mas também para uma variedade de outras demandas sociais e
da vida, esse trabalho multiprofissional e a articulação intersetorial tornam-se
importantes.

As demandas psicológicas em uma UBS vão além dos atendimentos de


níveis sociais, elas estão integradas em todas as esferas dos atendimentos e estão
resguardadas nos princípios norteadores do SUS, nos quais, o princípio da
integralidade possibilita uma melhor compreensão dos atendimentos voltados para
essa necessidade, pois se trata de compreender o indivíduo nas suas
subjetividades, contemplando assim, o atendimento integral do usuário dos serviços,
cabendo ao prestador de serviço avaliar as reais necessidades do indivíduo e da
comunidade, oportunizando dessa forma a promoção e prevenção da saúde
(MATTOS, 2001).

O trabalho do psicólogo em UBS deve se pautar principalmente na promoção


e proteção à saúde, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e
manutenção da saúde, visando desenvolver uma atenção integral à população
atendida. Seus planos e práticas devem estar pautados em reflexões e decisões
interdisciplinares e que priorizam o coletivo.

2. INSTITUIÇÃO
A instituição em que o projeto será realizado é a Unidade Básica de Saúde -
Dr Roberto Paixão, localizada na Rua Laudelino Oliveira Freire, Bairro 17 de Março,
Aracaju-SE, CEP: 49003-313. Seu funcionamento se dá no período das 7:00 às
16:00 horas, sendo as atividades do projeto realizadas às sextas-feiras. Os
estagiários atendem os moradores do conjunto 17 de Março. A UBS foi inaugurada
em 6 de abril de 2019 e começou a funcionar no dia 8 do mesmo mês. Trata-se da
única unidade básica de Aracaju em que há uma parceria público-privada. A
Instituição comporta profissionais das áreas de Enfermagem, Medicina, Farmácia,
Psiquiatria, Assistência Social, sendo os serviços de Psicologia ofertados pelos
estagiários sob supervisão de sua preceptora.

3. JUSTIFICATIVA
A UBS - Dr. Roberto Paixão é uma unidade dentro da atenção básica da
cidade de Aracaju reconhecida enquanto modelo. Sua estrutura física, construída em
parceria entre a Prefeitura de Aracaju e a Universidade Tiradentes, é de qualidade
em comparação com outras unidades, e consequentemente, o atendimento à se dá
de maneira mais qualificada. Porém, apesar de ter boa estrutura física e uma equipe
qualificada, ainda mantém muitas vezes seus serviços concentrados em atuações
que seguem uma prioridade aos médicos e enfermeiros, profissionais importantes,
mas não capazes de abarcar todas as necessidades dos usuários.
O bairro 17 de março, local que está situada a UBS, é um bairro reconhecido
por ter boa parte de seus habitantes em situação de pobreza, vulnerabilidade social
e violências diversas. Todos esses fatores atingem esses sujeitos não apenas de
forma concreta, mas também de forma subjetiva, incidindo em diversas situações de
sofrimento psíquico, sendo este na maioria das vezes ligados a questões
econômicas, sociais, raciais, de gênero, etc.
Para lidar com isso, a UBS conta de maneira fixa apenas com uma psiquiatra
recém-chegada à unidade. Antes disso, os moradores eram atendidos apenas pelos
estagiários de Psicologia da Universidade Tiradentes, mas de maneira fragmentada
e subordinada aos planos de estágio. Logo, não era uma atuação contínua com os
moradores, sendo os alunos diferentes a cada semestre. Assim, a UBS possui uma
fila de espera para atendimento psicológico em que alguns usuários aguardam
desde a inauguração da unidade.
Muitas vezes, esses usuários acabavam condicionados a uma visão de saúde
mental subordinada a uma noção superficial de psicopatologia de clínicos gerais
alocados na UBS. O único tratamento disponibilizado era o medicamentoso, muitas
vezes sem nenhum tipo de orientação de uso ou acolhimento. Com a chegada da
psiquiatra à unidade, tem-se uma especialista no assunto a tratar dos pacientes. No
entanto, somente o uso dos fármacos não é um tratamento adequado para
transtornos mentais
Assim, a atuação dos estagiários de Psicologia chega para suprir exatamente
tais demandas. Eles trazem justamente a visão holística, biopsicossocial da
Psicologia para humanizar o processo de cuidado em saúde mental, além de
qualificá-lo. Sejam ações realizadas por meio de atendimento ambulatorial ou por
projetos grupais de promoção de saúde, a Psicologia pode consequentemente
cumprir esse papel de cuidado que apenas o uso de medicações não consegue dar
conta.
4. OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Construir um projeto de intervenção ampliado para atender as diversas
problemáticas encontradas na UBS Roberto Paixão.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Auxiliar professores na escuta e manejo com alunos em situação


de vulnerabilidade, orientando sobre as ações a serem
empreendidas tanto no processo de suspeição e/ou identificação
dos casos de violência doméstica.
● Realizar grupos terapêuticos visando a qualidade de vida das pessoas
da comunidade do bairro Dezessete de Março.
● Realizar encontro sociopsicodramático com sujeitos adictos para a
promoção da saúde mental.
● Capacitar os profissionais acerca da importância da autorregulação
como estratégia de busca de controle emocional em vista do
autocuidado.
● Realizar atendimento e acolhimento psicoterapêutico para os
profissionais e usuários, através de marcação eletiva e espontânea.

5. METODOLOGIA
A metodologia de intervenção foi dividida em diversas atividades, como
ações de conscientização e relaxamento de trabalhadores, atendimento psicológico
aos usuários da UBS, palestra de apoio à docentes na escola da comunidade,
grupos de apoio, bem como a criação de cadastro de psicotrópicos distribuídos na
instituição.
Sendo assim, as atividades foram divididas de acordo com a atividade
desenvolvida por cada grupo ou dupla de estagiários, de forma a contemplar o
atendimento do máximo do público frequentador da UBS e as comunidades ao redor.
Em um primeiro momento, consistiu na efetivação de uma triagem dos
pacientes com necessidades urgentes de atendimento psicológico a partir de uma
lista pré-existente na instituição. Os pacientes foram contactados, via telefone, para
que comparecessem à UBS e a partir da demanda apresentada após a entrevista, foi
criada uma lista de prioridades.
Cada dupla de estagiários ficou responsável pelo atendimento quinzenal de
pelo menos cinco usuários triados previamente, ficando um espaço livre na agenda
de cada, para livre demanda.
Os atendimentos foram realizados por ordem de chegada do paciente e em
salas disponibilizadas pela instituição sempre que não estavam sendo utilizadas por
outros profissionais, haja vista, não haver uma sala específica para a realização de
atendimentos psicológicos.
Outra metodologia utilizada consistiu na realização no dia 21 de outubro de
2022, de 2h (duas) horas de palestra para docentes, em uma escola da comunidade,
sobre o tema como lidar com a violência na escola. Foram utilizados recursos como
slides e um texto reflexivo trabalhado durante a ação.
Para trabalhar o estresse ocupacional entre os profissionais da UBS, foi
traçado um plano de ação com a realização de 8 encontros informais semanais,
sendo um tema para dois encontros, no período dos meses de outubro e novembro,
com as práticas nos dias de sexta-feira pela manhã, durante entre os dias 7 de
outubro à 25 de novembro, com duração de 15 minutos. Para tais ações foram
utilizados notebook, caixa de som, cadeiras,tablet e cartaz.
Já na proposta de trabalhar com os adictos e o psicodrama, visou um
encontro com o tempo médio de duração de 2 horas, realizado no dia 25 de
Novembro de 2022. Assim, tendo como estrutura básica a apresentação dos
participantes, equipe, do o que é Psicologia e relatar acerca do contrato de sigilo.
Também, o aquecimento inespecífico com o aquecimento para que o sujeito fique no
aqui e agora, através autopercepção e relaxamento. O Aquecimento específico, para
assim desenvolver questionamentos acerca das palavras e imagens, dessa forma
aquecendo-os para a dramatização. Isso tudo, através do jogo dramático “Jogo do
Contorno” (YOZO, 1996). Na dramatização buscou estimular a elaboração de cenas
através da questão norteadora e dramatização, a partir disso desenvolveram
estratégias para as demandas emergidas. Por fim, o compartilhamento estima que
os sujeitos compartilhem como se sentiram no decorrer do encontro e relatem sobre
como as estratégias os atingiram.
Mediante a proposta dos grupos terapêuticos foram realizados três
encontros de forma presencial na UBS no turno da tarde, com uma duração de 2h
cada. Acerca disso, os temas foram levantados a partir das maiores demandas
durante a triagem dos atendimentos. Dessa forma, foram desenvolvidas os seguintes
temas:
1) Como lidar com a ansiedade;
a) Início: Apresentar e solicitar que cada participante se apresente e em
seguida será realizada uma psicoeducação acerca da ansiedade sobre
seus sintomas, possíveis causas, diagnóstico e tratamento.
b) Meio: Roda de conversa para que cada participante compartilhe com
os demais suas experiências em situações de ansiedade.
c) Fim: Explanação e prática da técnica de respiração diafragmática,
objetivando ensinar para os participantes formas de lidar com a
ansiedade. Por fim, foi compartilhado umas com as outras como se
sentiu durante essa ação e se a técnica de respiração o(a) ajudou de
alguma forma.

2) Como lidar com problemas emocionais na família;


a) Início: Apresentação dos participantes e contextualização do tema.
b) Meio: Realização da dinâmica, onde cada pessoa irá anotar em um
pedaço de papel um problema que está evidente em sua vida familiar e
que ainda não foi solucionado. Depois, os papéis serão dobrados e
embaralhados para cada pessoa escolher um papel para si. Cada um
terá 10 min para pensar em uma ou mais formas de resolver tal
problema e após esse tempo cada pessoa deverá ler em voz alta o
que está escrito no papel e falar as estratégias em que pensou.
c) Fim: Compartilhamento das percepções e sentimentos decorridos do
encontro.
3) Relacionamentos abusivos.
a) Início: Apresentação dos participantes e contextualização do tema
sobre o que seria um relacionamento abusivo, como identificar, como
pedir ajuda e como ajudar caso seja um terceiro que tenha contato
com a vítima.
b) Meio: Realização de uma dinâmica com um violentômetro, no qual eles
irão ilustrar várias cenas e acontecimentos com pontuações embaixo e
os participantes irão marcando pontos a partir do momento que já
vivenciaram ou vivenciam aquela situação, sendo possível o relato de
alguma história de quem estiver confortável para tal. O momento de
compartilhamento não será obrigatório em nenhum momento
respeitando a questão do sigilo, porém os estagiários estarão a postos
para acolher caso ocorra a necessidade.
c) Fim: Compartilhamento das percepções e sentimentos decorridos do
encontro.

6. PÚBLICO-ALVO
Usuários do Sistema Único de Saúde alocados à UBS - Dr. Roberto Paixão.

7. RECURSOS
7.1 RECURSOS MATERIAIS
Serão utilizados os seguintes materiais: papéis, canetas, panfletos

7.2 RECURSOS HUMANOS


As intervenções serão realizadas pelos seguintes estagiários: Ana Kessia
Lopes Abreu, Ellen Silva Gallotti, Greofredes Alves de Oliveira, Glêce Maria Barrozo
Marques, Ian Ravih Rollemberg de Aragão, Marcos Glayrton Oliveira Costa, Paulo
Victor dos Santos Moreira, Raissa Pinho Morais, Sofia Maria Teixeira de Moura,
Taina Nascimento de Souza e Victoria Cruz Guimarães Barreto. São alunos do 8º
período do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes, que estão sob
supervisão da Psicóloga e Professora Flávia dos Santos Nascimento.
Tais estagiários dividiram-se em subgrupos para executar as seguintes
intervenções: Medicação Controlada (Ian Ravih e Geofredes), Grupo de Adictos
(Raissa Pinho, Sofia Maria e Ian Ravih), Grupo de Psicoeducação na Escola (Glêce
Maria, Marcos Glayrton, Paulo Victor e Victória Cruz), Grupos Terapêuticos (Ellen
Gallotti e Paulo Victor).

8. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
8.1 ATENÇÃO BÁSICA/ UBS

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são a porta de entrada preferencial do


Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, as principais estruturas físicas da Atenção
Básica, instaladas próximas da vida dos usuários, possibilitando a resolução de
grande parte das necessidades de saúde e caso seja necessário, encaminha os
usuários para outros níveis de atenção para que estes tenham a garantia de acesso
a uma saúde de qualidade. As UBS surgiram na década de 1980 no contexto de
organização dos serviços, como possibilidade de maior eficácia de tratamento
(SIQUEIRA, 2019). São responsáveis pelas ações básicas de promoção, prevenção
e recuperação, utilizando, se necessário, outros tratamentos, de acordo com a
complexidade considerada em cada caso.

Nas UBS são realizados vários serviços pelo SUS, incluindo: acolhimento com
classificação de risco, consultas de enfermagem, médicas e de saúde bucal,
distribuição e administração de medicamentos, vacinas, curativos, visitas
domiciliares, atividade em grupo nas escolas, educação em saúde, entre outras.
Serviços estes que revelam o grande avanço na política de saúde brasileira, pois o
SUS trouxe uma concepção de atenção à saúde pautada pelos princípios da
universalidade do acesso, integralidade da assistência, equidade, descentralização,
regionalização, hierarquização e participação social (BRASIL, 1990).

A Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Roberto Paixão, no Bairro 17 de


Março, Zona Sul de Aracaju, na Rua Laudelino Oliveira Freire, s/n, foi inaugurado no
dia 8 de abril de 2019 onde possui uma gestão compartilhada com a Universidade
Tiradentes. Segundo a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), a unidade beneficia
cerca de 20 mil usuários. Devido à parceria com a Unit, demandas ou múltiplas
dores psíquicas de moradores do bairro 17 de Março, assistidos da UBS Roberto
Paixão, são atendidas por acadêmicos do curso de psicologia. E são nestas
demandas que os estagiários atuaram durante o estágio supervisionado.

8.2 ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA ATENÇÃO BÁSICA


A atuação dos psicólogos nas UBS tem como proposta oferecer uma
importante contribuição na compreensão contextualizada e integral das pessoas,
familiares e toda a comunidade assistida. Através de ações conjuntas e específicas,
com a equipe multidisciplinar, sobretudo no campo da promoção e da prevenção da
saúde e no da atenção curativa, com foco na família e na comunidade.
Apontam Nepomuceno e Brandão: conhecendo o contexto onde as pessoas
vivem, bem como as situações socioeconômicas em vista de um plano de ação; na
elaboração de projetos que possam acolher essas pessoas de forma humanizada
nas equipes de saúde da família; nas visitas a domicílio em vista de identificar as
demandas psicológicas e fazer a escuta terapêutica, como também assistência à
saúde mental que irá englobar todos os tipos de terapia: com grupos psicoterápicos,
acompanhamento psicológico, atendimento individual, casal, família, grupos de
prevenção e promoção da saúde (NEPOMUCENO; BRANDÃO, 2011).

8.3 SAÚDE DO TRABALHADOR


O estresse ocupacional é considerado um desafio para a saúde mental dos
profissionais. E, práticas como autorregulação e autocuidado estão associadas a um
aumento de bem-estar físico e emocional e a uma menor percepção de estresse.

Os profissionais que atuam na UBS Roberto Paixão, localizado em uma região


de vulnerabilidade social e grande demanda de atendimentos dos usuários do SUS,
principalmente por parte dos trabalhadores da área da saúde, geram uma
sobrecarga os deixando mais vulneráveis, podendo facilmente desencadear níveis
elevados de stress disfuncional, facilitando o desequilíbrio emocional e potenciando
o aparecimento de problemas psicológicos. Destaca-se na literatura que os
trabalhadores da área da saúde, de ajuda, como os mais vulneráveis a estados de
esgotamento emocional, pois são continuamente confrontados com sofrimento e
fragilidade (VICENTE; OLIVEIRA; MAROCO, 2014).

Através da autorregulação e intervenções é possível promover o autocuidado,


tornando estes profissionais mais capacitados e conscientes dos sinais de estresse,
das reações emocionais e padrões de pensamento na relação consigo e com
colegas, enquanto pessoa e trabalhador. Dotar esses profissionais de
conhecimentos que possibilitem uma melhor apreciação de si e seja capaz de
reconhecer as suas capacidades e limitações é extremamente importante. Portanto,
faz-se necessário criar estratégias de apoio psicológico a estes trabalhadores, que
possibilitem um espaço de fala e acolhimento. Para trabalhar os comportamentos de
autocuidado coletivo, isto é, ações que são planeadas e desenvolvidas em
cooperação, entre os trabalhadores, que procuram um meio físico e social afetivo e
solidário.

8.4 ADICTOS E PSICODRAMA


A criação do SUS, no Brasil, foi desenvolvida a partir de um interesse em
promover um acesso universal à saúde, seguindo como base as discussões
desenvolvidas na Constituição Federal de 1988 que entendiam a saúde como um
direito de todos os brasileiros. Assim, foi desenvolvida a saúde a partir de noções de
atenção primária, secundária e terciária, de uma forma que o acesso à saúde fosse a
partir de diferentes eixos, de maneira universal e integral. A partir disso, pode-se
afirmar o comprometimento da nação com a saúde do sujeito adicto com atuações
do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSAd) (PAIM, 2015).
Logo, de acordo com a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas, as
drogas atendem a requisitos de determinados contextos socioculturais,
proporcionam respostas imediatas e intensas de prazer, que modificam a relação do
sujeito com o mundo. Contudo, seus efeitos imediatos provocam a busca por mais
doses, influenciando no comportamento da compulsão e até mesmo da dependência
(BRASIL, 2009). O uso abusivo de drogas causa efeitos tanto para o sujeito que as
usa quanto para as pessoas ao redor. Há, muitas vezes, um grande sofrimento
envolvido nos usuários. Seja pela abstinência, os julgamentos morais e religiosos
das pessoas, as relações familiares e de amizade afetadas, e o próprio processo de
destruição corporal e psíquica envolvido no uso.
Diante disso, a Psicologia tende a ser, durante seu desenvolvimento
histórico, uma ciência e profissão voltada para os interesses da burguesia
(YAMAMOTO, 1987). Inicialmente, tinha como função um processo de segregação,
de separação e classificação de sujeitos entre os mais e menos aptos.
Posteriormente, com seu desenvolvimento, se construiu a noção da psicologia
também como uma terapêutica, sendo cada vez mais sistematizada a atuação da
Psicologia como voltada ao cuidado. No entanto, um cuidado ainda restrito.
Logo, com esse pequeno avanço, a teoria socionômica, mais
especificamente o Psicodrama (abordagem da psicologia), traz como fundamentos
que o grupo e os protagonistas sejam facilitadores de transformação e
conjuntamente com o fator E (espontaneidade) destacam que o homem é capaz de
dar novas respostas adequadas a situações novas e antigas. Dito isso, a
espontaneidade se faz como catalisador de crescimento e desenvolvimento do
sujeito que passa por um processo de enfrentamento ao vício. Assim, abrem
possibilidades para mudanças, novas formas de desempenhar/perceber papéis e
elaborar estratégias de enfrentamento, logo, realizando uma revolução criadora e
permitindo-se libertar-se de conservas culturais (GAMBIN; ALMEIDA; VITALI, 2020).
Ainda, compreendendo o psicodrama como dentro de um paradigma
epistemológico calcado na Fenomenologia, entende-se que a atuação grupal
psicodramática tem a possibilidade de ampliar o campo de sentidos e experiências
dos que dela participam. Uma ampliação do campo de sentidos traz renovações em
processos existenciais cristalizados, dotados de rigidez (AMATUZZI, 2019). Esses
padrões cristalizados podem, muitas vezes, ser pilares para a manutenção do uso
das drogas.
Logo, um espaço de cuidado sob esses pressupostos permite um ambiente
acolhedor, sem julgamentos e com uma escuta qualificada capaz de dar vazão ao
que aparecer como relevante para o grupo. A partir do que emergir, se trabalha com
afinco em prol de um processo catártico ou elaborativo. Assim, o grupo de adictos
têm a possibilidade de catalisar e estimular processos transformativos.

8.5 GRUPOS TERAPÊUTICOS


Joseph Pratt deu início a psicoterapia de grupo, na qual ele atribui certa
significância à interação entre as pessoas para o processo terapêutico individual de
cada uma delas, presumindo que estar em um grupo que possui os mesmos
problemas e angústias poderia gerar um alívio para tais sujeitos (BECHELLI, 2004).
Ainda, para Rogers (1994), os sujeitos em grupo experienciam mudanças
profundas em decorrência da confiança e interação que são desenvolvidas ao
decorrer do processo grupal.
De acordo com Bechelli (2005), a atuação do psicólogo frente a um grupo
terapêutico transcorre na mediação de possíveis conflitos entre pares, no suporte
emocional dos mesmos, na atenção plena na fala do grupo e garantindo o
cumprimento das regras pré-estabelecidas.
Sobre o papel do psicólogo em grupos terapêuticos:

Desse modo, o psicólogo enquanto facilitador grupal, deve ater-se a uma


postura criativa, coerente com o grupo, flexível, espontânea, de modo a
facilitar a interação de seus membros. Tal postura adquire-se através de
um profundo contato com o aporte teórico de terapias de grupo,e também
através das vivências grupais, as quais são ricas fontes de experiência e
aprendizado. (MOLITERNO et al, 2012, p.96).

O termo facilitador é utilizado para:

denominar o profissional que possibilitará que o processo do grupo se


desenvolva. A ideia de agir desse profissional é de que este não irá
dirigir ou determinar o processo do grupo, mas tão somente
proporcionar condições facilitadoras para o seu desenvolvimento. O
facilitador não tem nenhum programa a priori para o grupo, ele não
chega com algo pronto e lança para o grupo. O que interessa à sua
proposta é que as pessoas, as realidades existenciais presentes no grupo
efetivamente se encontrem, e que os membros dos grupos possam se
descobrir uns aos outros e a si próprio. (MOLITERNO et al., 2012, p.96 -
97).

Segundo Joseph H. Pratt e Jacob Levy Moreno(1975), os grupos terapêuticos


acabam desenvolvendo diversas técnicas e práticas que possibilitam alcançar
diversas condições médicas e condições psicossociais, em diferentes formas de
atendimento a populações específicas dos pacientes.

Além da importância de estabelecer como:


objeto do trabalho em saúde o usuário, significa conceber os aspectos
subjetivos, e não somente os objetivos, que o caracterizam como sujeito
social portador de aspirações, desejos e histórias de vida” (MAFFACCIOLLI;
LOPES, 2011, p. 979)

O cenário de Atenção Básica, remete ao grupo terapêutico como:


uma intervenção psicossocial que pode contribuir para o enfrentamento do
estigma, ao propor discussões sobre a temática, acolher pessoas com
diferentes singularidades como pertencentes a um território comum e possuir
um viés não apenas terapêutico, mas também educativo, contemplando
diversos aspectos que caracterizam o trabalho com grupos de saúde mental
na AB” (BRUNOZI et al., 2019, p. 7)

Os trabalhos em grupo possibilitam “uma troca de experiências e


transformações subjetivas que não poderiam ser alcançadas em um atendimento
individualizado”. Características que certamente desenvolve “os sentimentos de
bem-estar, alívio e ânimo referidos pelas usuárias, que só foram possíveis no
encontro com os demais participantes (BRUNOZI, 2019, p. 7).
O grupo terapêutico também:
“O grupo terapêutico de convivência é uma intervenção psicossocial coletiva
que pode trazer benefícios para os participantes e profissionais envolvidos,
podendo contribuir para a redução de demandas por atendimentos
individualizados e constituindo um ambiente onde, o profissional atento,
identifica demandas específicas e realiza ações, igualmente significativas,
para promoção à saúde e prevenção de agravos, o que nem sempre é
possível no atendimento individual devido ao tempo disponível.” (BRUNOZI et
al., 2019, p. 7)

Em contrapartida, grupos com números menores de participantes possuem


vantagens, podendo assim ser considerado “mais protegido ou seguro, favorecendo
o diálogo e as trocas entre seus participantes.”(BRUNOZI, et al., 2019, v. 40)

8.6 SAÚDE NA ESCOLA


As Unidades Básicas de Saúde, que são as principais estruturas físicas da
Atenção Básica, dentro dessa perspectiva atender professores da região, que
necessitam de psicoeducação quanto ao manejo de temas como violência na
comunidade e na escola é tarefa de extensão das atividades de uma UBS, trazendo
benefícios à comunidade.
A partir do relato de alguns professores, acerca da necessidade de saber lidar
com as realidades dos seus alunos, do saber ouvir e lidar com as problemáticas
trazidas, sem adoecimento emocional, trouxemos a proposta deste plano de ação
com a tarefa de instrumentalizar esses docentes para uma escuta mais qualificada e
encaminhamentos necessários e assertivos.
É sabida a importância da escola no enfrentamento da violência doméstica e
intrafamiliar, devido ao contato diário e prolongado com a instituição e com seus
profissionais. Muitas vezes, o ambiente escolar se constitui na única fonte de
proteção, especialmente para as crianças e adolescentes que têm familiares como
agressores e não encontram, em outros membros da família, a confiança e o apoio
necessários à revelação da violência. (RISTUM, 2010).
Sendo assim, o intuito desta intervenção é de proporcionar oficinas de
psicoeducação sobre manejos e possíveis encaminhamentos em casos de relatos
ou suspeitas de violência sofridas pelos alunos. Diante da problemática citada é
sabido que as repercussões dessas violências tanto para os alunos vítimas quanto
para os professores que lidam com essa realidade perpassam a sala de aula, sendo
assim foi proposta essa intervenção em caráter orientador para que as tensões do
corpo docente sejam minimizadas.

9. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As primeiras duas semanas de estágio foram dedicadas à triagem dos
pacientes com maior prioridade, para então se pensar nas ações seguintes. A partir
desses atendimentos iniciais, foram identificados, na maioria dos usuários: sintomas
ansiosos; depressivos; problemas alimentares; violência no ambiente familiar;
agressividade; bullying e questões cognitivas relacionadas à aprendizagem e/ou
neurodesenvolvimento.
Foram então elencadas as prioridades para os atendimentos ambulatoriais
realizados por 5 duplas de estagiários, duas pela manhã e três à tarde. Vale-se
pontuar sobre a rotatividade desses pacientes, que mesmo estando em prioridade de
atendimento, alguns desistiram do processo terapêutico com uma média prevista de
4 a 5 sessões por paciente. Com isso, iam sendo chamados usuários da lista de
espera que também estavam como prioridade ou eram abertos mais horários para
demandas espontâneas, que especialmente no turno da manhã eram volumosas. Ou
seja, o processo de triagem para atendimento ambulatorial perdurou por todos os
dias de estágio, provocando um aumento contínuo da lista de espera.
A partir dessa realidade, foi pensado na formação de grupos terapêuticos,
buscando-se abarcar algumas das demandas supracitadas. As temáticas dos grupos
foram, então: “ansiedade” (primeiro encontro), “problemas na família” (segundo
encontro) e “relacionamentos abusivos” (terceiro encontro), sendo tratadas
separadamente em cada um dos 3 encontros, com participantes e metodologias
diferentes em cada dia.
No primeiro encontro, presenciamos uma boa compreensão referente ao
assunto, os presentes possuíam um conhecimento a respeito da ansiedade natural e
patológica, alguns com recursos de enfrentamento e auto regulação como prática de
esporte ou atividades causais de lazer. Fator este que apesar dos imprevistos como
realocação de espaço, invasão de pessoas de fora do grupo, interrupções no
momento de dinâmicas que exigiam silêncio entre outros. Foi possível atingir o
objetivo do encontro, tendo em vista que pode aproveitar das vivências dos
participantes de diversas idades exemplificando e compartilhando meios de
administrar a ansiedade.
O segundo encontro evidenciou a importância de estabelecer uma boa rede
de apoio, o papel e a figura social da família na sociedade sendo assim um exercício
sobre consciência social. Questões como violência simbólica, conflitos parentais e
geracionais foram assuntos focais ao longo da discussão, o que mostra como é
importante o momento de troca cultural entre as gerações e como o mesmo pode ser
um forte assistente terapêutico nas relações psicossociais do indivíduo. Sendo o
grupo como um forte potencial de sociabilidade, tendo em vista que os facilitadores
largaram o papel de protagonistas, adotado por diversas vezes falas menores em
comparação com os participantes.
O terceiro e último encontro acompanhou os grupos anteriores, possuindo
participantes de idades variadas, enriquecendo assim os pontos de vista referentes
ao tema. O grupo foi bem participativo ao mesmo tempo que diversos desabafos
carregavam um ponto de vista de um sofrimento recente, novamente aspectos
psicossociais como a figura social do que é um relacionamento apareceu, assim a
colocando em exercício promovendo uma psicoeducação a respeito do autocuidado
e políticas de prevenção como o uso do “violentômetro”. Foi perceptível a
participação dos presentes em compartilhar e combater as práticas de abuso, assim
o grupo atingiu o seu objetivo proposto se concluído num momento de feedback.
Quanto ao trabalho pensado para os adictos, o processo de formação desse
grupo seguiu caminho contrário aos anteriores, visto que não foi uma demanda
identificada durante a triagem. Sendo assim, apesar da divulgação da proposta do
grupo, efetuada por panfletagem na região e redes sociais, no dia marcado para o
encontro, não houve público para realização. Desse modo, vale a pena destacar que
o tema ainda gera um desconforto nos indivíduos por questões sociais e culturais.
Como também implica em fatores subjetivos de aceitação e reconhecimento como
ser adicto.
Já no processo terapêutico com os trabalhadores da UBS, pôde-se identificar
grande interesse pelas equipes alcançadas. Sob essa ótica, houve grande
dificuldade de atingir todos os colaboradores, principalmente do grupo de médicos.
Logo, os setores mais atingidos foram as salas de observação, curativo e vacina,
com média de sete colaboradores, contudo no último dia de intervenção ocorreu um
surto de COVID-19 que prejudicou o alcance, dessa forma havendo somente uma
pessoa. Apesar dessas intempéries, os objetivos do grupo foram alcançados e se
observou que os sujeitos perceberam a importância de se trabalhar com estratégias
de autorregulação e autocuidado, sobre isso, relataram também que irão ampliar as
técnicas aprendidas para além do ambiente do trabalho. Em face do exposto, é
essencial questionar a cobertura de profissionais atingidos e também do seu oposto,
ou seja, os colaboradores que entravam o acesso aos conteúdos apresentados.
O trabalho desenvolvido na escola Ensino Fundamental José Souza de Jesus,
com o objetivo principal de abarcar uma parcela maior da comunidade, partiu
inicialmente da escuta das demandas docentes e após o levantamento, verificamos
a necessidade de abarcar o tema em uma oficina com o tema: “Reflexões coletivas
sobre como lidar e enfrentar o tema violência nas escolas”.
Foi uma experiência rica, haja vista que, nos programamos para 1h de oficina
e a concluímos com 2h, devido a adesão dos docentes nas reflexões e debate sobre
o tema. O objetivo de auxiliar professores na escuta e manejo com alunos em
situação de vulnerabilidade, orientando sobre as ações a serem empreendidas tanto
no processo de suspeição e/ou identificação dos casos de violência doméstica foi
atendido.

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A partir das intervenções realizadas na Unidade Básica de Saúde Dr. Roberto
Paixão, pretendia-se atender as mais diversas demandas observadas nas triagens
no início do estágio. Tais demandas supracitadas referem-se às seguintes
problemáticas: Depressão, Ansiedade, Transtorno do Pânico, Esquizofrenia, Luto e
Abuso. Além disso, percebemos também a necessidade de realizar intervenções
voltadas para os profissionais da própria UBS, bem como para os professores da
EMEF José Souza de Jesus.
Ao final, em discussão com todos os estagiários e a preceptora Flávia
Nascimento, concluiu-se que a partir da soma de todas as intervenções e
atendimentos psicoterápicos realizados foi possível concretizar o objetivo geral
deste estágio.
Os desafios e dificuldades para a execução deste projeto de intervenção
estão baseados inicialmente na ausência de uma sala específica para atendimento
psicológico, o que resultou em uma organização improvisada em salas como a de
psiquiatria, odontologia e assistência social.
Outro fator que colaborou para uma mudança de planejamento faz-se
presente na indisponibilização do prontuário eletrônico para atualizar os dados dos
pacientes e efetivar a evolução dos mesmos. Sendo que, no início do estágio foi
garantido que esse sistema seria oferecido aos estagiários e quando não houve o
cumprimento desta ação tanto a coordenação de Psicologia como a diretora da UBS
solicitaram acesso ao sistema para a Secretária de Saúde mas não obtiveram
resposta. São diversos os prejuízos da ausência desse sistema, pois para
substituí-lo foi necessário produzir fichas de anamnese impressas, que serviram
tanto para fazer as triagens como para fazer as evoluções dos casos. Sendo assim,
os próximos estagiários assim como os próprios profissionais de saúde da UBS não
terão acesso a essas informações tão importantes para o banco de dados desse
campo.
Ademais, é necessário reiterar a alta demanda de casos complexos que se
encontravam na fila de espera acumulados durante dois anos, que fora
disponibilizados pela instituição. Dessa forma impossibilitou um acompanhamento
com continuidade adequada, haja vista que em todas as semanas surgiam novas
situações que exigiam readequação das listas de pacientes direcionados às duplas
de atendimento de casos urgentes já estabelecidos.
Se faz ainda necessário expor as dificuldades enfrentadas com relação as
interrupções feitas durante os atendimentos e reuniões, apesar de existir placas de
avisos nas portas.
Percebeu-se ainda a necessidade de existir a integração entre os
estagiários da UBS em suas diversas especialidades de atuação, pois o trabalho
multidisciplinar caracteriza um dos princípios da atenção primária de saúde na
prevenção e promoção da mesma. Sendo útil ao longo do processo de intervenção,
por meio de palestras, ações externas/internas além da psicoeducação.
Por fim, se mostrou ineficaz as tramitações nos encaminhamentos dos
pacientes que necessitavam de um tratamento mais especializado e contínuo por
parte da UBS. É necessário existir uma rede de atendimento com maior
possibilidade de direcionamento.
11. REFERÊNCIAS
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12. APÊNDICE

ANEXO
APÊNDICE

APÊNDICE A

LEVANTAMENTO DO QUANTITATIVO DE PACIENTES ATENDIDOS


NA UBS

DATA QUANTITATIVO

16/09

30/09

APÊNDICE B

ENCAMINHAMENTO PSICOLOGIA – UBS ROBERTO PAIXÃO

NOME PACIENTE ESPECIALIDADE

Andrea Maria Santana- Psiquiatra


Ana Lúcia Monteiro- Psiquiatra

Blanda Nogueira Gomes Psiquiatra – urgência

Joseane Santos da Conceição Psiquiatra

Jessica Dias de Moraes Psiquiatra e Nutricionista

Luanne de Fatima Caldas da Silva Psiquiatra

Maria Nildete dos Santos Neurologista

Magnete Teixeira dos Santos Psiquiatria e Nutricionista (auxilio

cesta básica)

Antônio Carlos Matos Silva Neurologista

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