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RELATÓRIO

Revisão de literatura sobre atenção primária e


relatório sobre o trabalho desenvolvido na unidade
básica de saúde Dom Aluísio Lorscheider

Discentes: Angela Evelyn Moreira Silva e Maria Cecília Oliveira da Silva |


Estágio em Promoção e Prevenção da Saúde em unidade de saúde mental I – 2019.2|
Docente: Israel Silva Sampaio
Introdução

O Estágio é o período de exercício pré-profissional, em que o graduando desenvolve


atitudes profissionalizantes fundamentais, é neste momento em que ele começa a
encontrar seu ritmo, sua forma de exercer sua profissão.

O Objetivo deste trabalho é fazer uma revisão da literatura e correlacionar com as


atividades realizada na UBS Dom Aluísio Lorscheider e que a principio é feito um
resgate da história da saúde no Brasil, e sobre a atuação do Psicológo na atenção
primária. Logo mais é feito o relato sobre as atividades desenvolvidas no estágio.

Pressupostos Práticos e Teóricos para atuação do Psicológo na Atenção


Primária

Antes de falamos sobre a atuação do psicológo na rede de atenção básica é necessário


compreender os processos envolvidos para a construção do que conhecemos como
Saúde, e principalmente conhecer o percursso trilhado para a criação e acesso ao
Sistema Único de Saúde (SUS). Esse conhecimento é primordial, pois dessa forma
alcançaremos o entendimento sobre a importância e a atuação do psicológo.
No período Colonial os cuidados da saúde era muito limitado, e os remédios eram
feitos do que a terra poderia oferecer como plantas e ervas, e o papel do médico era
desempenhado pelos curandeiros. Com a chegada da família Real no Brasil, houve a
necessidade de existir uma organização que pudesse dar conta de uma estrutura
sanitária mínima, na qual o interesse estava limitado a capital do império que na
época era o Rio de Janeiro. A existência do médico era quase inexistente, uma vez
que só havia 4 médicos na capital e em outras localidades do Brasil não havia
nenhum, o que deu espaço para os Boticários ( Farmacêuticos) que manipulavam os
remédios prescritos pelos médicos, mas que os mesmo muitas vezes indicavam.
Em 1808, foi fundado na Bahia o Colégio Médico – Cirúrgico no Real Hospital
Militar, e logo após no Rio de Janeiro foi fundado a Escola de Cirúrgia, anexada ao
Real Hospital Militar.
Com a Proclamação da República formou-se um novo modelo de organização,
contudo a saúde ainda era deixada de lado, havendo assim o aumento exarcebado de
epidemias. O que acabou resultando muitas consequências desastrosas tanto
economicamente, uma vez que os outros países não queriam nada que fosse
importado do Brasil (por medo do produtos estarem contaminados), como a própria
saúde da população de mode geral está acometida. Foi quando houve a nomeação de
Oswaldo Cruz como diretor do Departamente Federal de Saúde Pública, que propôs
erradicar a febre amarela, através de medidas sanitárias e com as vacinas.

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Em 1924, foi aprovado no pelo Congresso Nacional a Lei Eloi Chaves, que
representou o marco inicial da Previdência Social, além desta lei, foram criadas as
Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP’s), que proviam também atendimentos
médicos, e remédios por um valor mais baixo.
Em 1943, houve a consolidação das leis trabalhistas, o que acometeu uma
modificação na CAP’S, que acabou sendo substituída pelos Institutos de
Aposentadoria e Pensões (IAP) que organizou por categoria profissional e não por
empresa.
Em 1949, foi criado o Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência
(SAMDU).
Em 1953, foi Criado o Ministério da Sáude, que apesar de sua criação não houve
mudanças significativas.
Em 1964, se instaurou o Regime Militar, que fez diversas mudanças e que essas
mudanças culminaram na criação do Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência Social (INAMPS) em 1978. Cujo sua criação deu-se pelo aumento de
contribuintes.

Nascimento do SUS
A constituinte de 1988 no capítulo VIII da Ordem social e na secção II referente à
Saúde define no artigo 196 que: “A saúde é direito de todos e dever do estado,
garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua pro moção, proteção e recuperação.”

O SUS é definido pelo Art. 198 que diz:

“As ações e serviços público de saúde integram uma rede regionalizada e


hierarquizada, e constituem um sistema único, organizado com as
seguintes diretrizes:
I. Descentralização, com direção única em cada esfera do Governo;
II. Atendimento integral. Com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízos dos serviços assistenciais;
III. Participação da Comunidade.
Parágrafo único – o sistema único de saúde será financiado, com recursos
do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, além de outras fontes.”

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E como forma de organizar os pressupostos pelo SUS, ele é dividido em três níveis de
Atenção a Saúde, sendo eles Atenção Primária, que se configura como porta de
entrada para se ter acesso a rede do SUS e funcione de forma assistencialista, atenção
secundária atende casos de média complexidade e a atenção terciária atende casos de
alta complexidade.

Em 1948, a OMS definiu que saúde não é apenas ausência de doença, mas sim, um
estágio de bem-estar físico, mental e social. Ao final da Decáda de 1970 o psicológo
foi se inserindo aos poucos na saúde pública, podendo ser percebido que mesmo antes
da criação do SUS existia a necessidade de mudar a forma de olhar para a pessoas em
sofrimento. Apesar dessa inserção, o psicológo ainda, atualmente, encontra diversos
obstacúlos, como resistência por parte da equipe profissional que não entende o
trabalho proposto pelo psicológo, outros por parte da desinformação dos usuários que
muitas vezes acredita que só quem fala com psicológo é doido, ou como na maioria
das vezes nem tem conhecimento da existência do profissional na UBS. E esse último
ponto está atrelado ao fato da nossa profissão ter sido por um longo tempo destinada a
população de classe alta, gerando assim falsas noções sobre a Psicologia.

Sabemos que o ponto central do SUS, é a Atenção Primária, porque é através dela que
se alcança a maior parte da população, com ações de Promoção e Prevenção que não
visa apenas manter a saúde do indivíduo, mas sim da comunidade como um todo. E
por isso foram criados instrumentos de se aproximação desse público, como por
exemplo: Estratégia Saúde da Familia (ESF) , O Apoio Matricial trazendo um novo
olhar sobre o sujeito, e o Núcleo de Apoio à Saúde da Familía (NASF) que é
composto dos profissionais: Psicológo, Terapêuta Ocupacional, Educador Físico,
Médico, Fisioterapêuta, Nutricionista, Farmacêutico, Fonodiológo, Enfermeiro,
Assistente Social, Médico Veterinário e Agente Sanitário.

E é nesse contexto em que o psicológo está inserido, a forma de se fazer psicologia,


(completamente diferente do modelo convencional) por sua vez o trabalho é junto da
equipe, em consultas compartilhadas, visita domiciliares, grupos terapêuticos, e na
reunião de apoio matricial e quando surge uma necessidade/demanda espontânea a
escuta acontece em espaços poucos convencionais, por vezes de baixo de alguma
árvore ou em algum lugar “menos movimentado”, e com caráter breve focal.

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Descrição do campo de estágio e das atividades desenvolvidas

 Sala de espera

Sobre Setembro Amarelo, foi realizado intervenções, com caráter de psicoeducação,


com cartaz e informativos sobre a importância da prevenção do suicídio, mostrando
dados quantitativos, e falando sobre os tabus que ainda existem.

No mês de Outubro a sala de espera realizado na UBS e o tema voltado para o Câncer
de Mama e foram levantadas várias questões como:

 O que é ser mulher?


 Papéis sociais e a sobrecarga feminina
 Saúde Mental da Mulher
 Autoestima e AutoCuidado / Uma Psicoeducação na educação Primária

 Intervenção na Escola Municipal Projeto Nascente

Em parceria com os estágiarios de Fisioterapia foi levado a escola, para as turmas de


7º e 8º ano, uma palestra de psicoeducação sobre o suicídio, formas de como
identificar quando alguém está com ideação suicída, formas de como ajudar ( o que
fazer, o que falar), e informações de onde procurar ajuda.

 Visitas Domiciliares

As visitas foram realizadas ao lado Acs Norma e da Psicológa da equipe do Nasf, e o


foco principal foi fazer uma escuta qualificada na tentativa de compreender esse
usuário que está acometido por algum sofrimento, que estar atrelado as questões
econômicas, sociais e políticas. E ao fazer a visita pode se pensar em alguma medida
com outros profissionais que possa trazer algum tipo de bem-estar.

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 Planejamento para ação NASF ACOLHE

O planejamento ocorreu juntamente com a Equipe do NASF, para fazer uma ação de
manhã em que o principal objetivo era acolher a comunidade, proporcionando um
café da manhã e diversos atendimentos como: plantão psicológico, momento com a
nutricionista, tira dúvidas com assistente social, e serviços de massagem e ventosas
com os fisioterapêutas.

Conclusão

O Estágio Supervisionado tem como objetivo complementar a formação acadêmica,


possibilitando a integração entre teória e prática, através do contato direto entre aluno-
ambiente, mas ele dar oportunidade de ganhar mais do que horas complementares,
uma vez que a experiência é rica não apenas de formentação do conhecimento, mas
proporciona criação de laços e fortalecimento de vínculos, como também a certeza do
que se quer ou não, é no estágio que podemos nos reconhecer como indivíduos com
limites, o estágio é o reconhecimento do desconhecido, pois atráves das leituras feitas
ao longo da formação, criamos ideias, fazemos suposições, mas é na prática que
descobrimos o nosso fazer psicologia. O estágio mudou minha forma de compreender
a saúde, a elaboração deste relatório trouxe a tona sentimentos que por mim eram
desconhecidos, ver de perto as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da saúde, e
ainda sim, o amor por fazer saúde, pude perceber com o estágio que a saúde tem sim
suas limitações, mas percebo que saúde não é composta apenas por SUS e suas
estratégias, mas também depende do quanto os profissionais estão comprometidos, do
quanto à comunidade está interessada nessa saúde ofertada. Quando se fala do
conceito de clínica ampliada dentro da sala de aula, parece algo tão inalcansável,
parece ser algo utópico, entretanto ao fazer visita domiciliar, ao fazer a escuta na
ação, ao fazer a intervenção na escola, é algo tão próximo, a prática me proporcionou
muito além de horas acadêmica, ela me deu a oportunidade de adentrar esse espaço
tão pouco desejado por outros, mas que por mim é tão desejado, houve um
reconhecimento de pertencimento, e é assim que quero conceber e levar saúde.

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Referências bibliográfica

CINTRA, Marcela Spinardi; BERNADO, Marcia Hespanhol. Atuação do Psicólogo


na Atenção Básica do SUS e a Psicologia Social. Psicologia: Ciência e Profissão, São
Paulo, v. 4, n. 37, p. 833-855, dez./2017.

LIMA, N. T. et al. Saúde e democracia: história e Perspectivas do SUS. 20. ed. Rio
de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. p. 27-193.

Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Diretrizes do NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Brasília, DF:
Ministério da Saúde, 2009. (Textos Básicos de Saúde. Série B) (Cadernos de Atenção
Básica, n. 27

PAIM, J.S. Reforma sanitária brasileira: contribuição para compreensão crítica. 2007.
300 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Instituto de Saúde Coletiva,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2007.

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