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PROCESSO DE TRABALHO

EM SAÚDE
Escola Técnica Evolução

Professor: Mateus Ramos


Chalé, MG
2023
EMENTA
1. Compreender a filosofia, teoria e a ciência de Enfermagem;
2. O processo de Enfermagem;
3. Classificação dos resultados de Enfermagem;
4. Inovação e atualidades na Enfermagem.

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CARGA HORÁRIA DE 40HRS
Semestre: 100 pts Total de 48 aulas

1º Bimestre atribuídos um total de 50 pts

- 25 pts em formato de avaliação


- 5 pts atribuídos em comportamento, participação e colaboração com o desenvolvimento
das aulas.
- 10 pts distribuídos na apresentação de trabalhos e desenvolvimento em equipe.
- 10 pts em atividades e trabalhos de pesquisa individual.

2º Bimestre atribuídos um total de 50 pts

- 25 pts em formato de avaliação


- 5 pts atribuídos em comportamento, participação e colaboração com o desenvolvimento
das aulas.
- 10 pts distribuídos na apresentação de trabalhos e desenvolvimento em equipe.
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- 10 pts em atividades e trabalhos de pesquisa individual.
PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE

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PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE
O trabalho é um processo no qual o ser humano, por meio das suas ações,
controla e modifica a natureza, com a finalidade de produzir algo, ou seja, “a atividade
do homem opera uma transformação, subordinada a um determinado fim, no objeto
sobre que atua por meio do instrumental de trabalho”. E, nesse mesmo processo, o
ser humano modifica a si mesmo, pois imprime no trabalho as suas perspectivas de
resultado. O processo de trabalho, nesse entendimento, possui três elementos
principais: a finalidade (o porquê do trabalho), o objeto (o que passará por
transformação) e os instrumentos (o que auxilia na transformação).
O modo de produção em saúde, por pertencer ao setor de serviços, é operado
de maneira específica e diferente da produção material/industrial, classicamente
descrita na produção capitalista, especialmente, porque o produto do trabalho não é
tangível, não é material, e o resultado é a assistência em saúde que é produzida e
consumida concomitantemente. A enfermagem compõe o trabalho em saúde e
precisa ser entendida como um trabalho específico e de importância social ímpar,
para que o resultado de suas atividades também seja compreendido na complexidade
que o acompanha. 5
PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE
A finalidade principal do trabalho em saúde é a ação terapêutica de saúde.
Sendo assim, a finalidade do trabalho da enfermagem é o cuidado da pessoa, das
famílias ou de coletivos que necessitam de cuidados de enfermagem para
recuperação, reabilitação, prevenção de doenças e promoção da saúde. O resultado
é a assistência de enfermagem realizada em todos os âmbitos da atenção à saúde da
população.

Nessa vertente de pensamento, os elementos do processo de trabalho de


enfermagem podem ser assim entendidos:

Força de trabalho: composta de profissionais de enfermagem habilitados para o


exercício profissional, ou seja, “ao trabalhar, torna-se realmente no que antes era
apenas potencialmente: força de trabalho em ação, trabalhador”. No Brasil essa força
de trabalho é constituída por enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de
enfermagem, e o trabalho dos dois últimos é supervisionado pelo primeiro. 6
PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE
Objeto de trabalho: o objeto de trabalho da enfermagem é constituído por
indivíduos ou coletivos que necessitam dos cuidados de enfermagem, com toda a
complexidade e subjetividade dos seres humanos. Sendo assim, autores concordam
que o objeto de trabalho da enfermagem é o indivíduo ou grupo, que será
transformado por meio do cuidado de enfermagem, tanto nas atividades de educação
quanto nas de cuidado. Nas ações de gestão a transformação ocorre no ambiente
onde se realiza o trabalho, nas equipes e na própria organização do trabalho.
Instrumentos de trabalho: são os equipamentos, máquinas, materiais de consumo,
bem como os conhecimentos, modelos e técnicas que orientam as ações de
enfermagem.
O resultado do trabalho de enfermagem, algumas vezes, não sai como o
planejado a principio, e assim se configura em um erro de enfermagem, ou no
também denominado evento adverso, que pode acarretar danos aos pacientes. Esses
resultados negativos da assistência têm chamado atenção da sociedade, pois
geralmente, são danos irreversíveis que resultam em sequelas graves e óbitos. 7
PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE

O processo de trabalho em saúde tem ao mesmo tempo uma identidade de


processo, na medida em que contem todos os elementos citados, mas também é
composto de uma série de processos de trabalho, desempenhados por diversos
agentes. Analogamente, na Enfermagem também há mais de um processo de
trabalho, que pode ou não ser executado concomitantemente. o processo de trabalho
Assistir.
O processo de trabalho Assistir ou cuidar em Enfermagem tem como objeto o
cuidado demandado por indivíduos, famílias, grupos sociais, comunidades e
coletividades. Algumas pessoas entendem que o objeto de trabalho é o corpo
biológico desses indivíduos, mas a Enfermagem é uma ciência e uma prática que se
faz a partir do reconhecimento de que o ser humano demanda cuidados de natureza
física, psicológica, social e espiritual durante toda a vida, que são providos por seus
profissionais.
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HISTÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
No Brasil Imperial, não havia políticas oficiais de gestão da saúde. Havia
médicos, hospitais e clínicas que ofereciam serviços pagos e havia médicos e
hospitais filantrópicos, geralmente ligados a ordens religiosas, que atendiam a
população que não tinha condições de pagar pelos serviços.
Como a grande maioria das pessoas não podia pagar e o número das que
atendiam de maneira filantrópica era pequeno, a maioria da população não tinha
acesso adequado aos cuidados com a saúde. Boa parte dela recorria, inclusive, a
curandeiros e, quando tinha um mínimo de condições financeiras, aos
farmacêuticos, chamados antigamente de boticários.
Pela pouca oferta de serviços gratuitos e pelas péssimas condições
sanitárias das cidades brasileiras, as pessoas sofriam constantemente (e muitas
morriam) com doenças — algumas delas hoje consideradas de simples tratamento,
como verminoses, diarreia, gripe, tétano e gonorreia. As doenças mais graves,
como sífilis, malária e dengue, aterrorizavam ainda mais a população.
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HISTÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
A primeira política pública de atenção à saúde no Brasil foi promovida na
Primeira República, no governo do presidente Rodrigues Alves, em 1897. Foi criada,
nesse ano, a Diretoria Geral de Saúde Pública, órgão que, em 1903, foi chefiado
pelo grande sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz. As medidas centravam-se na
capital federal, que era a cidade do Rio de Janeiro.
Oswaldo Cruz iniciou um plano de organização sanitária da capital,
promovendo ações compulsórias, como a vacinação obrigatória e a fiscalização de
propriedades privadas a fim de eliminar focos de reprodução do mosquito Aedes
aegypt, que já era identificado como vetor da febre amarela.
Além das campanhas chefiadas por Oswaldo Cruz, o prefeito do Rio de
Janeiro na época, Francisco Pereira Passos, reestruturou a cidade, implementando
uma rede de esgoto e um sistema de coleta do lixo. O problema é que a
reestruturação manteve-se no centro da cidade, onde haviam os cortiços. Os
cortiços, moradias aglomeradas, apertadas e insalubres onde moravam os pobres,
foram dissolvidos e os moradores mandados para as periferias, transferindo para lá 10

o problema.
HISTÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Em 1923, após a grande epidemia de gripe espanhola, foi criado o
Departamento Nacional de Saúde, que visava ampliar as medidas sanitárias inspiradas
na atuação de Oswaldo Cruz a todo o Brasil. Ainda não havia a oferta de tratamentos de
saúde, apenas medidas sanitárias, como a implementação de tímidos sistemas de
saneamento e as campanhas de vacinação.
Esse sistema não era financiado pelo governo, mas por um sistema de
previdência social que também oferecia aos trabalhadores vinculados ao serviço privado
regular uma aposentadoria por meio das Caixas de Aposentadoria e Pensões. O
Departamento Nacional de Saúde estava vinculado ao Ministério da Justiça.
Em 1966, foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que visava
unificar as aposentadorias e os sistemas de previdência espalhados pelo país. Os
trabalhadores do setor privado segurados pelo INPS poderiam usar o serviço médico
oferecido a eles pelo instituto, mas o plano não durou muito por conta da contratação de
caros serviços particulares para atender aos trabalhadores. As pessoas que não
trabalhavam com carteira assinada e não tinham condições de pagar por serviços
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particulares não eram assistidas.
HISTÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Já na década de 1980, após o fim da ditadura civil-militar brasileira, iniciou-


se um processo de reestruturação da organização democrática federal. Com a
Assembleia Constituinte e a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve
também a preocupação em atender o que estava disposto no documento em
relação ao direito à saúde.
Como a Constituição diz que toda pessoa tem direito ao atendimento médico
e hospitalar e ao cuidado à saúde, oferecidos gratuitamente pelos estados,
municípios e pela Federação, tratou-se então de criar um sistema unificado que
conseguisse atender a todos. Para isso, no dia 19 de setembro de 1990, foi
sancionada a Lei 8.080, que implantou e regulamentou o SUS em nosso país.
Também há a Lei Orgânica da Saúde, que regulamenta as diretrizes nacionais do
SUS.

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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
O Sistema Único de Saúde trabalha de maneira integrada e opera a saúde brasileira
em todo o território nacional.

O SUS tem princípios para o seu funcionamento. São eles:

Universalidade: todas as pessoas têm direito ao atendimento médico, hospitalar e à


atenção à saúde, independentemente de qualquer característica distintiva, como
classe social, nacionalidade, gênero, raça etc.

Equidade: tratar com especificidade e maior atenção as pessoas mais vulneráveis,


que precisam mais do SUS. Nesse sentido, existem esforços maiores para atender
as populações de baixa renda, idosos, portadores de necessidades especiais,
portadores de doenças crônicas, portadores de doenças sistêmicas, pacientes em
tratamento do câncer, portadores de HIV, gestantes, crianças etc.
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PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS

Integralidade: entende-se que o cuidado à saúde não se resume ao hospital ou


consultório, nem que é preciso esperar que uma doença aconteça para que uma
medida seja tomada. Com isso, o SUS também promove campanhas educativas que
visam levar a informação às pessoas sobre cuidados pessoais, cuidados alimentares,
preservação do meio ambiente e ações sanitárias que reduzam a incidência de
doenças na população.

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SERVIÇOS OFERECIDOS

O SUS divide-se em diferentes níveis de atenção à saúde para uma melhor


organização do trabalho. Temos, nesse sentido, a atenção primária ou básica, que
atua no contato direto e regular com a população, realizando consultas e visitas de
atendimento domiciliar, campanhas de vacinação e campanhas de conscientização. A
atenção secundária é oferecida a pacientes que têm uma doença diagnosticada ou
sob suspeita e precisam de tratamento ou investigação de médicos especializados.

Atenção terciária é aquela que dá suporte a pacientes mais graves que


precisam de internação ou de tratamentos intensivos oferecidos em UTI (unidade de
tratamento intensivo) em hospitais. A reabilitação é o acompanhamento e o cuidado
posterior que o sistema oferece para quem já se tratou de uma doença, mas precisa
de avaliações ou até mesmo reabilitação motora fornecida por fisioterapeutas.
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SERVIÇOS OFERECIDOS

Para o efetivo funcionamento das quatro etapas de atendimento, temos locais


específicos para que o serviço seja promovido da melhor maneira possível. As
unidades básicas de saúde (UBS) e unidades de pronto atendimento (UPA) oferecem
suporte a uma saúde básica, integral e de leve intensidade. São locais adaptados
para receber os pacientes periodicamente para acompanhamento (UBS) e para tratar
casos menos complexos que necessitam de atendimentos de urgência (UPA), como
curativos, primeiros socorros e atendimento emergencial para quem se sente mal.

Os hospitais ficam reservados para os casos mais complexos, que


geralmente necessitam de internação ou atendimento emergencial complexo. Para
eles são levados os doentes que têm um quadro grave ou agravado e precisam de
internação, pessoas que passarão por cirurgias, acidentados, e pessoas que
precisam de exames mais complexos.
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SERVIÇOS OFERECIDOS

Também fazem parte da rede os laboratórios (que realizam exames


específicos de análise laboratorial), os centros de pesquisa em medicina, como a
Fundação Oswaldo Cruz, e os centros de pesquisa universitários, que buscam
implementar a investigação sobre tratamentos, vacinas e a atuação dos profissionais
da saúde. Por último, temos o SAMU, que é o Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência, especializado no atendimento emergencial primeiro (primeiros socorros) e
locomoção de pacientes em estado grave para hospitais.

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LEGISLAÇÕES BÁSICAS DO SUS

1. Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema


Único de Saúde – Portaria de Consolidação nº 02/2017
2. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema
Único de Saúde – Portaria de Consolidação nº 5, de 03/10/2017
3. Constituição Federal (artigos 196 a 200)
4. Decreto nº 7.508/2.011 – Regulamenta a Lei nº 8.080/1.990
5. Emenda Constitucional nº 29/2.000
6. Lei nº 8.080/1.990
7. Lei nº 8.142/1.990
8. Lei Complementar nº 141/2.012 (Conversão em lei da EC 29)
9. Portaria de Consolidação nº 6/2.017 – Consolida as normas sobre o
financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os
serviços de saúde do Sistema Único de Saúde
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LEI Nº 8080/1990
A Lei 8.080/90 dispõe sobre as condições para
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências
A referida lei foi promulgada em 19 de setembro de 1990, regulamentando o
Sistema Único de Saúde (SUS), criado na Constituição Federal de 1988. Junto com a
Lei 8.142/90, compõe o bloco das Leis Orgânicas da Saúde.
A saúde é vista como um direito fundamental do ser humano, e
é dever do Estado garantir as condições para a sua efetivação, através de políticas
econômicas e sociais com ênfase em reduzir riscos de doenças e agravos e
estabelecer o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para
a promoção, proteção e recuperação da saúde.
O dever do Estado não exclui a responsabilidade das pessoas, da família, das
empresas e da sociedade. A saúde tem como determinantes e condicionantes a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda,
a educação, a atividade física, o transporte, o lazer, o acesso aos bens e serviços
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essenciais, dentre outros.
LEI Nº 8080/1990
A Lei 8.080/90 define que o conjunto de ações e serviços de saúde prestados por
órgãos e instituições públicas da administração direta e indireta e das fundações
mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa
privada pode participar do SUS em caráter complementar.

São três os objetivos do SUS:

Identificar e divulgar Formular a política de Garantir às pessoas ações


os fatores saúde, promovendo, nos de promoção, proteção e
condicionantes e campos econômicos e recuperação da saúde,
determinantes da social, a redução dos riscos integrando ações
saúde. de doenças e agravos. assistenciais e preventivas.

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LEI Nº 8080/1990
No campo de atuação do SUS, estão incluídas as seguintes ações:

•Ações de vigilância: sanitária; epidemiológica; ambiental e nutricional;


•Ações de saúde do trabalhador;
•Assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
•Participação na formulação e na execução da política e nas ações de saneamento
básico;
•Ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;
•Proteção do meio ambiente, incluindo o ambiente de trabalho;
•Formulação da política de medicamentos, equipamentos e imunobiológicos e
participação em sua produção;
•Formulação e execução da política de sangue e seus derivados;
•Participação no controle e na fiscalização de toda cadeia produtiva de substâncias e
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
•Incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico. 21
LEI Nº 8142/1990

A Lei 8.142/1990 dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do


Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de
recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
A referida lei foi promulgada em 28 de dezembro de 1990, abordando parte
dos temas vetados na Lei 8.080/90 pelo presidente da época, Fernando Collor de
Mello. Regulamentando elementos indispensáveis para a gestão e funcionamento do
SUS, junto com a Lei 8.080/90, compõe o bloco das Leis Orgânicas da Saúde.
O SUS conta, em cada esfera de governo (Municipal, Estadual, Nacional e no
Distrito Federal), sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com instâncias
colegiadas, que são organizações para propor, avaliar, controlar e fiscalizar a
execução da política de saúde nos três níveis de gestão do SUS.

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LEI Nº 8142/1990

I – Conferência de Saúde: ocorre a cada quatro anos e tem como objetivo


principal avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da
política de saúde nos níveis correspondentes. É convocada pelo Poder Executivo
ou, extraordinariamente, pelo Conselho de Saúde ou pela própria Conferência de
Saúde.
II – Conselho de Saúde: é de caráter deliberativo e permanente, ou seja, tem
poder decisório, não existe um período para acontecer e não se dissolve. Atua
na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas
decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada
esfera do governo (Prefeito, Governador e Presidente).

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LEI Nº 8142/1990

A Lei 8.142/90 define que a composição das instâncias colegiadas do SUS


deve ser paritária, ou seja, deve existir um quantitativo equivalente de
usuários do Sistema em relação ao segmento de trabalhadores, gestores e
prestadores de serviços.

Usuários do SUS • Pode se dividir em representantes de movimentos e


organizações sociais, como o movimento negro,
(50%) LGBTQIA+, movimento de mulheres, dentre outros.

Trabalhadores da • Podem participar trabalhadores de diferentes


categorias profissionais, defendendo os interesses
Saúde (25%) dos trabalhadores.

Gestores e
• Participam os gestores e prestadores de serviço na
Prestadores de área da saúde da rede própria e conveniada.
serviços do SUS (25%) 24
LEI Nº 8142/1990
Os recursos financeiros do SUS são provenientes do Fundo Nacional de
Saúde (FNS), que é um fundo criado em 1969 para aprimorar a gestão dos recursos
destinados às ações e serviços em saúde. A transferência de recursos ocorre de
fundo a fundo, ou seja, o Fundo Nacional faz o repasse diretamente para os fundos
municipais, estaduais e do Distrito Federal. A Lei 8.142/90 define que os recursos do
FNS serão alocados como:

I – despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e


entidades, da administração direta e indireta;
II – investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e
aprovados pelo Congresso Nacional;
III – investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde;
IV – cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos
Municípios, Estados e Distrito Federal.
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LEI Nº 8142/1990
Pelo menos 70% dos recursos do FNS são repassados aos municípios, e
o restante é repassado aos Estados. Para receberem os recursos do FNS, os
municípios, estados e o Distrito Federal devem contar com os seguintes elementos:

I – Fundo de saúde;
II – Conselho de Saúde, com composição paritária;
III – Plano de Saúde;
IV – Relatórios de gestão que possibilitem controlar o repasse dos recursos;
V – Contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento;
VI – Comissão de elaboração do plano de carreira, cargos e salários.

Caso os municípios, estados e o Distrito Federal não atendam aos requisitos


mínimos para o repasse financeiro por parte do FNS, os recursos dessa esfera serão
administrados pelo Estado ou diretamente pela União.
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POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

A Política Nacional de Humanização (PNH) existe desde 2003 para efetivar os


princípios do SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a
saúde pública no Brasil e incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores
e usuários. A PNH deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e
programas do SUS. Promover a comunicação entre estes três grupos pode provocar
uma série de debates em direção a mudanças que proporcionem melhor forma de
cuidar e novas formas de organizar o trabalho.
A humanização é a valorização dos usuários, trabalhadores e gestores no
processo de produção de saúde. Valorizar os sujeitos é oportunizar uma maior
autonomia, a ampliação da sua capacidade de transformar a realidade em que
vivem, através da responsabilidade compartilhada, da criação de vínculos solidários,
da participação coletiva nos processos de gestão e de produção de saúde.

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POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

O HumanizaSUS, como também é conhecida a Política Nacional de


Humanização, aposta na inclusão de trabalhadores, usuários e gestores na produção
e gestão do cuidado e dos processos de trabalho.
A comunicação entre esses três atores do SUS provoca movimentos de
perturbação e inquietação que a PNH considera o “motor” de mudanças e que
também precisam ser incluídos como recursos para a produção de saúde.
Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferenças nos processos de
gestão e de cuidado. Tais mudanças são construídas não por uma pessoa ou grupo
isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir para estimular a produção de
novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho.

HUMANIZAR O SUS REQUER ESTRATÉGIAS QUE SÃO CONSTRUÍDAS


ENTRE OS TRABALHADORES, USUÁRIOS E GESTORES DO SERVIÇO DE
SAÚDE 28
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

O que é ACOLHER?
Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade
de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar a relação entre
equipes/serviços e usuários/ populações. Como valor das práticas de saúde, o
acolhimento é construído de forma coletiva, a partir da análise dos processos de
trabalho e tem como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso e
vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário com sua rede
socioafetiva.

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POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

COMO FAZER?

Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às necessidades


do usuário, é possível garantir o acesso oportuno desses usuários a tecnologias
adequadas às suas necessidades, ampliando a efetividade das práticas de saúde.
Isso assegura, por exemplo, que todos sejam atendidos com prioridades a partir da
avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco

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POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
•Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo brasileiro e a todos
oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção de idade, etnia, origem, gênero e
orientação sexual;
•Estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de
gestão;
•Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas e subjetivas de saúde;
•Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde:
usuários, trabalhadores e gestores;
•Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e dos coletivos;
•Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde e de sujeitos; 31
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
•Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua indissociabilidade, tendo como
foco as necessidades dos cidadãos, a produção de saúde e o próprio processo de
trabalho em saúde, valorizando os trabalhadores e as relações sociais no trabalho;
•Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais acolhedor, mais ágil e
mais resolutivo;
•Qualificação do ambiente, melhorando as condições de trabalho e de atendimento;
•Articulação dos processos de formação com os serviços e práticas de saúde;
•Luta por um SUS mais humano, porque construído com a participação de todos e
comprometido com a qualidade dos seus serviços e com a saúde integral para todos
e qualquer um. 32
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
Propósitos da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS

•Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as


diretrizes da humanização;

•Fortalecer iniciativas de humanização existentes;

•Desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de gestão e


de atenção;

•Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças


sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão;

•Implementar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes


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gerados no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas.
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
Três macro-objetivos do HumanizaSUS
•Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos gestores e aos
conselhos de saúde, priorizando a atenção básica/fundamental e hospitalar, com
ênfase nos hospitais de urgência e universitários;
•Incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS na agenda dos
gestores, dos conselhos de saúde e das organizações da sociedade civil;
•Divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os processos de formação e
produção de conhecimento em articulação com movimentos sociais e instituições.

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POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
Três macro-objetivos do HumanizaSUS
•Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos gestores e aos
conselhos de saúde, priorizando a atenção básica/fundamental e hospitalar, com
ênfase nos hospitais de urgência e universitários;
•Incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS na agenda dos
gestores, dos conselhos de saúde e das organizações da sociedade civil;
•Divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os processos de formação e
produção de conhecimento em articulação com movimentos sociais e instituições.

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POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
Política Nacional de Humanização busca

•Redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do acesso;


•Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critérios de risco;
•Implantação de modelo de atenção com responsabilização e vínculo;
•Garantia dos direitos dos usuários;
•Valorização do trabalho na saúde;
•Gestão participativa nos serviços.

36
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

Transversalidade

A Política Nacional de Humanização (PNH) deve se fazer presente e estar


inserida em todas as políticas e programas do SUS. A PNH busca transformar as
relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato e da comunicação
entre as pessoas e grupos, tirando-os do isolamento e das relações de poder
hierarquizadas.
Transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de
saúde podem conversar com a experiência daquele que é assistido. Juntos, esses
saberes podem produzir saúde de forma mais corresponsável.

37
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

Indissociabilidade entre atenção e gestão

As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à saúde. Por isso,


trabalhadores e usuários devem buscar conhecer como funciona a gestão dos
serviços e da rede de saúde, assim como participar ativamente do processo de
tomada de decisão nas organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao
mesmo tempo, o cuidado e a assistência em saúde não se restringem às
responsabilidades da equipe de saúde.

O usuário e sua rede sócio-familiar devem também se corresponsabilizar


pelo cuidado de si nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a
sua saúde e a daqueles que lhes são caros.

38
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos

Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se construída com a


ampliação da autonomia e vontade das pessoas envolvidas, que compartilham
responsabilidades. Os usuários não são só pacientes, os trabalhadores não só
cumprem ordens: as mudanças acontecem com o reconhecimento do papel de cada
um. Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos e
valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde.

39
OBRIGADO
Mateus Ramos
Enfermeiro

enf.mateusramos2023@gmail.com

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