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Capitulo I

Mecânica estatística Clássica

Cap. 10
Alonso & Finn - Volumen III

IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2007/2


Equilíbrio Estatístico
• Sistema Isolado composto por um grande número de
‘partículas’ N
– ‘Partícula’ é um termo geral que pode significar elétrons, átomos,
moléculas, ou seja, cada entidade constituinte do sistema.
• Cada partícula do sistema tem a sua disposição vários
estados de energia possíveis E1, E2, E3, ...
• Em um determinado instante as partículas estão distribuidas
nos estados de energia com ni partículas em cada estado
Ei.
• O número total de partículas e a energia interna do sistema
são dados por:

N = ∑ ni U = ∑ n i Ei + ∑ ij ∑ ijk + 
E p
+ E p

i i pares trios

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• Casos específicos:
– Partículas não interagentes:
U = ∑ n i Ei + ∑ ij ∑ ijk + 
E p
+ E p
U = ∑ n i Ei
i pares trios i

– Cada partícula sente um ‘campo médio’ das


outras partículas:
U = ∑ n i Ei + ∑ ij ∑ ijk + 
E p
+ E p

i pares trios

E′i = Eki + Epi


Epij ≈ Epi
U = ∑ n i E′i
i
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• Se o sistema esta isolado, ou seja, não
existe troca de energia do sistema de N
partículas com o ‘mundo exterior’, então a
energia U deve se conservar.
– Mas as partículas podem trocar de ‘estado’
via colisões e outras interações entre elas,
mas a soma de todas as energias deve se
conservar.
– Ou seja, n1, n2, n3, ... pode mudar de um
instante para outro.
• O conjunto {ni} forma o que definimos
como partição.
ão

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• A Mec Estatística considera que existe uma
partição mais provável para um sistema dadas
as condições de partida do sistema (número de
partículas, energia total, forma de interação, etc.).
• Uma vez atingida a partição mais provável,
dizemos que o sistema está em equilíbrio
estatístico.
stico
• Num sistema isolado, a distribuição média das
partículas nos diferentes níveis de energia deve
permanecer constante (a menos de pequenas
flutuações estatísticas).
• Um sistema em equilíbrio estatístico só poderá
mudar a sua partição mais provável se for
perturbado por um agente externo
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• O problema fundamental da Mec
Estatística é encontrar qual é esta partição
mais provável, também chamada de Lei
de Distribuição de um sistema isolado
dada a sua composição e as condições
iniciais.

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Lei de Distribuição de Maxwell-Boltzmann
James C. Maxwell (1831-1879) - Ludwig Boltzmann (1844-1906)

• Sistema de partículas idênticas,


indistinguíveis e não interagentes:
– Idênticas = as partículas tem a mesma estrutura
interna e composição.
– indistinguíveis = é impossível distinguir entre
uma partícula e outra, é impossível ‘marcar’
cada uma das partículas idênticas.
– Idênticas e indistinguíveis – parece óbvio???

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• Representaremos uma E6

determinada partição {ni} de E5


forma geométrica com na E4
figura. E3

• Partição da figura: E2
E1
– n1=3, n2=n3=2, n4=n5=n6=1

• Hipótese I: Todos os estados do sistema tem a mesma


chance de serem ocupados. Ou, todos os estados são
igualmente acessíveis.
• Hipótese II: A probabilidade de uma dada partição é
proporcional ao número de maneiras diferentes em que
as partículas podem ser distribuídas entre os estados
disponíveis de energia para gerar a partição.
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• Consideremos primeiro que as E6
partículas são distinguíveis
(podemos “marcar” cada uma E5
delas!) E4
• De quantas maneiras diferentes E3
podemos então obter a partição E2
d e
da figura? E1
• Ou, de quantas maneiras
diferentes podemos obter n1=3, a b c
E6
n2=n3=2, n4=n5=n6=1 com as 10
partículas ? E5
– Permutar partículas entre níveis
E4
diferentes gera ‘configuração’
diferente, E3
– Permutar partículas no mesmo nível E2
não gera configurações diferente. b e
E1

a d c
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• Começando então com E6
o estado E1:
E5
– Existem N maneiras E4
diferentes de escolher a E3
1ª partícula deste estado, E2
(N-1) de escolher a 2ª E1
partícula e (N-2) de
escolher a 3ª partícula. • Como podemos
– Então os modos escolher qquer uma das
diferentes de se popular combinações possíveis
o 1º estado com três de permutação das 3
partículas é dado por: partículas do estado E1,
devemos dividir por 3!
N! N!
N ( N − 1)( N − 2 ) =
( N − 3) ! 3 ! ( N − 3) !
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• Para o estado E2: ( N − n1 ) !
n 2 ! ( N − n1 − n 2 ) !

• Para o Estado E3: ( N − n1 − n 2 ) !


n3 ! ( N − n1 − n 2 − n3 ) !

• ...
• Probabilidade Total então:

P=
N!

( N − n1 ) !

( N − n1 − n 2 ) !

n1 ! ( N − n1 ) ! n 2 ! ( N − n1 − n 2 ) ! n3 ! ( N − n1 − n 2 − n3 ) !

N!
P=
n1 !n 2 !n3 !
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• ‘Desfazendo a Hipótese I’: Os estados do sistema podem ter chances ou
probabilidades diferentes de serem ocupados. Cada estado tem
probabilidade intrínseca gi.
• Se gi é a probabilidade de encontrar uma partícula no estado Ei, então a
probabilidade de encontrar duas partículas é gixgi = gi2 ... ni partículas ->
gini
• Então a probabilidade de uma determinada partição é agora:
n1 n2 n3
N!ig g g  1 2 3
P=
n1 !n 2 !n3 !
• Considerando agora as partículas indistinguíveis, ou seja não é possível
diferenciar se a partícula a está no estado 1 e a partícula b no estado 2
ou vice-versa.
• A permutação das N partículas não geram mais partições diferentes
portanto devemos dividir por N!
n1 n2 n3 N ni Probabilidade de uma partição na
g g g  g Estatísitica de Maxwell – Boltzmann:
Boltzmann
P= 1 2
=∏3 i
Conjunto de partículas idênticas e
n1 !n 2 !n3 ! i =1 n i ! indistinguíveis
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• Qual é a partição mais provável na Estatística de
Maxwell-Boltzmann?
– Exemplo 10.1 (pg 452) + apêndice VI (pg 592 –
Multiplicadores de Lagrange) ou material do Fleming
(http://fma.if.usp.br/~fleming/lagrange/lagrange.html)
– Achar o máximo de P em relação aos ni.
N
g ni i ∂  N g ni i 
P=∏ ⇒ dP = ∑ ∏ dn i = 0
i =1 n i ! i ∂n i  i =1 n i ! 
– Podemos facilitar as coisas lembrando que o máximo
de P corresponde ao máximo de lnP.
 N g ni i 
ln P = ln  ∏  ⇒ ln P = ∑ ( n i ln g i − ln n i !)
 i =1 n i !  i
– Usando a aproximação de Stirling para o ln(ni!)
ln x! ≈ x ln x − x para x muito grande
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• Usando então a aproximação de Stirling:
 ni 
ln P = ∑ ( n i ln g i − n i ln n i + n i ) = N − ∑  n i ln 
i i  gi 
• Calculando agora dlnP:
 ∂  ni  
d ( ln P ) = −∑   n i ln  dn i 
 ∂n i 
i  gi  
 ni   1 
d ( ln P ) = −∑  ln dn i − ∑  n i  dn i
i  gi  i  ni 
 ni 
d ( ln P ) = −∑  ln dn i − ∑ dn i
i  gi  i

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• Mas os ni’s não são todos independentes já que:

N = ∑ ni e U = ∑ n i Ei
i i
• Como o sistema é isolado, tanto N qto U se
conservam, ou seja, dN=0 e dU=0.
• O problema então que temos para resolver é
como achar o máximo de lnP com as condição N
e U constante, chamadas de equações de
vínculo:
dN = ∑ dn i = 0 e dU = ∑ Ei dn i = 0
i i
• Resposta: usando o método dos multiplicadores
de Lagrange. (explicar o método)

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• A função que queremos maximizar é lnP:
 ni 
ln P = N − ∑  n i ln 
i  gi 
• Com os vínculos:
N − ∑ ni = 0 e U − ∑ n i Ei = 0
i i

• Seguindo a ‘receita’, fazemos:


 ni     
f + αv1 + β v 2 = N − ∑  n i ln  + α  N − ∑ n i  + β  U − ∑ n i Ei 
i  gi   i   i 

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• Derivando agora em relação a cada ni:
∂ n1
( f + αv1 + βv 2 ) = ln + 1 + α + βE1 = 0
∂n1 g1
∂ n2
( f + αv1 + βv 2 ) = ln + 1 + α + βE2 = 0
∂n 2 g2

∂ ni
( f + αv1 + βv 2 ) = ln + 1 + α + βEi = 0
∂n i gi

• Então a diferencial total da função
(f+α v1+βv2) é:
 ni 
d ( f + αv1 + βv 2 ) = ∑  ln + 1 + α + βEi  dn i = 0
i  gi 
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• Para que a relação seja válida para todo ni:
ni
ln + 1 + α + βEi = 0
gi

• Redefinindo (1+α)→α:
ni
ln + α + β Ei = 0
gi

−α −βEi
ni = gie e
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• Qual o significado de α?
N = ∑ n i = ∑ g i e−α e−βE i

i i

 −β Ei 
N = e  ∑ gie
−α

 i 
N = e−α Z onde Z = ∑ g i e −βEi
i

• Z é um número que depende da


constituição interna do sistema, também
chamado de função de partição.ão
N
então e−α = e
Z Lei de distribuição de
Maxwell-Boltzmann
N −βEi
ni = gie
Z
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Aplicações da Lei de Distribuição de Maxwell-Boltzmann

• Valores médios de uma grandeza física F(E)


por partícula do sistema
– Para um determinada partição {ni}:
1 
F =  ∑ n i F ( Ei ) 
N i 
– Para a distribuição mais provável no equilíbrio:
1
F = ∑ g i F ( Ei ) e −βEi

Z i

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• Sistema de N partículas com 2 níveis de
energia.
– Qual o valor da energia média do sistema?
E1 = +ε E2 = −ε
Z = 2 cosh βε
1
E=
Z
( )
εe −βε − εeβε = −εtghβε

– Qual o valor da energia interna do sistema?

U = NE = −Nεtghβε

(Podemos então achar β como função de U e interpretar o significado do parâmetro!)

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• Exemplo 10.2 (pg453)
– 4000 partículas distribuidas em 3 níveis de energia
igualmente espaçados 0, ε e 2 ε, todos com a mesmo
g=1. (Átomo de momento angular =1 num campo B!)
– Comparar as probabilidades de 2 partições:
• {2000, 1700, 300} e {2001, 1698, 301} (transferência de 2
partículas do nível intermediário para os dois exteriores –
conserva energia !!!!)
g 4000 g 4000
P1 = P2 =
2000 !1700 ! 300 ! 2001!1698 ! 301!
P2 1700 ×1699
= = 4, 8
P1 2001× 301

A mudança de 2 partículas em 4000 causa uma modificação de um fator 4,8 na


probabilidade! Isto só pode significar que nenhuma das 2 partições representam
a partição mais provável ou de equilíbrio !!!

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• Exemplo 10.3
– Qual é a partição mais provável então?
– Calcular U total com base em Ex10.2
– Escrever ni’s e escrever equações de conservação de
partículas e energia
– Escrever x=e-βε e obter equação para x
– Solução: x teste equacao
0,5034 0,00225892 n1 2277
n2 1146
n3 577

4000
– Mudando 1 partícula do nível médio:
P/P' 0,997

O que prova que a partição em questão é a de equilíbrio!


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O significado do parâmetro β - Temperatura
• O parâmetro β deve ter a dimensão de J-1 ou
eV-1, ou seja, (energia)-1.
• A U de um sistema é dado por:
U = ∑ n i Ei
i

N −β Ei 
U =  ∑ g i Ei e 
Z i 
• Usando a definição de Z, temos:
N d  −β Ei  N dZ d
U=−  ∑
Z dβ  i
gie 

=−
Z dβ
= −N ( lnZ )

U d
• A energia média por partícula é: E = = − ( lnZ )
N dβ

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• Portanto, dado um sistema físico formado por N
partículas com níveis de energia Ei com
probabilidade intrínseca gi, a energia interna U e
a energia média por partícula (e Z) são funções
do parâmetro β.
• Isto significa que β pode ser usado para
caracterizar a energia interna do sistema ou a
forma como a energia interna se distribui entre
as partículas.
• Vamos definir uma quantidade física ‘T’,
temperatura absoluta da seguinte forma:
1
kT =
β
• Com k – constante de Boltzmann
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• Como kT tem unidade de energia, T tem unidade
de temperatura em Kelvin e k unidade J/K ou eV/K.
• Esta definição “Estatística” da temperatura implica
que a menor temperatura possível é Zero, ou ‘zero
absoluto’.
– O que aconteceria se existisse T<0? (alguns casos
‘especiais’ se comportam como se T<0!!!)
• Esta definição de T só é formalmente aplicável para
sistemas em equilíbrio estatístico, já que foi definido
a partir deste!
• Qdo o sistema não está em equilíbrio mas as
transformações são lentas o suficiente para que
cada estágio pode ser considerado em ‘quase-
equilíbrio’, tbém podemos usar a noção de T
estatística associada com a energia interna do
sistema.
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• Usando a definição de T podemos re-
escrever a distribuição de M-B como:
N −Ei kT
ni = gie
Z
• Podemos escrever para U:
d
U = kNT ( lnZ )
2

dT
• Podemos escrever E médio:
d
E = kT ( lnZ )
2

dT
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1,0

0,8

T1000
0,6 T5000
n/N

T10000
0,4 T15000
T20000
T50000
0,2

0,0
2 4 6 8 10

E (eV)
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• Exemplo 10.5 (pg 459):
– Polarização de um sistema de moléculas polares na
presença de um campo elétrico estático.
 p0ε  kT ⇒ p ≈ p0
  p0ε  kT  
p = p0 coth   −  ⇒  p0 2ε
  kT  p0ε   p0ε  kT ⇒ p ≈
 3kT
Polarização média como função do Campo Aplicado Polarização média como função da temperatura
1,0 1,0

0,8 0,8
1,0
0,8
0,6 0,6 0,6
0,3
<p>/p0

0,4

0,4
0,2
<p>/p0 0,4 0,2
0,0
0,1 0,0 0,5 1,0 1,5

0,2 0,0 0,2


0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

0,0 0,0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
(p0ε)/(kT) (p0ε)/(kT)
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Equilíbrio Térmico
• Considerar um sistema composto por 2 grupos de
partículas idênticas, que chamaremos de subsistema.
• Cada um dos subsistemas é composto por partículas
idênticas, indistinguíveis e não interagentes.
– Exemplo:
• Mistura de dois gases rarefeitos
• Entre os dois subsistemas existe troca de energia
através das colisões entre os dois tipos de partículas
• Considerando que o sistema todo é isolado, a
quantidade total de partículas de cada subsistema e a
energia total são constantes.
N = ∑ n i = cte N′ = ∑ n′j = cte Ei e E’i são os estado
i j disponíveis para cada

U = ∑ n i Ei + ∑ n′jE′j = cte
uma das partículas
(1) dos subsistemas.
i j
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• A probabilidade de uma partição para o
sistema pode ser obtida do produto das  g  ni  g ′n′j

 ×  ∏ 
j
probabilidades de determinada combinação P = ∏ i

de distribuição das partículas nos dois  i n i !   j n′j ! 


subsistemas.
• Podemos obter a participação mais provável maximizando lnP com os
vínculos (1), ou seja, conservando no número de partículas em cada um
dos subsistemas e a energia total.
 ni   n′j 
ln P = N + N′ − ∑ n i ln   − ∑ n′jln  
 gi  j  g′j 
i  
Usando método dos Multiplicadores de Lagrange:
      
f = ln P → f ′ =  ln P + α  N − ∑ n i  + α′  N′ − ∑ n′j  + β  U − ∑ Ei n i + ∑ E′jn′j  
   
 i  j   i j 
∂f ′ ∂f ′  ni   n′i 
=0 e = 0 ⇒ ln   + α + βEi = 0 ln   + α′ + β E′i = 0
∂n i ′
∂n i  gi   g′i 
N − Ei kT  N′ − Ei kT 

∴ ni = e n′i = e
Z Z′
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• Conseqüências:
– Para que os dois subsistemas estejam em equilíbrio estatístico, a
temperatura absoluta tem que ser a mesma. (“Lei Zero” da
Termodinâmica).

– No equilíbrio estatístico (ou equilíbrio térmico), cada um dos


subsistemas esta na partição mais provável que teria se o
subsistema estivesse isolado na mesma T. Isto significa que apesar
dos subsistemas estarem em contato, no equilíbrio térmico a troca
líquida de energia entre os subsistemas é zero.

– Isto significa que quando as duas partes do sistema são colocadas


em contacto, existe troca energia até atingir o equilíbrio térmico e
deste instante em diante as trocas líquidas de energia cessam.

– Este fenômeno é então similar a ‘Temperatura’ termodinâmica e é a


base do próprio processo de medição de temperatura que usa este
efeito. O ‘bulbo’ do termômetro é encostado no corpo que se deseja
medir até que o corpo + termômetro entram em equilíbrio e o
termômetro então registra a T de equilíbrio.

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Gás Ideal Monoatômico
• “Gás ideal”: partículas não interagentes
• Monoatômicos: termos rotacionais e
vibracionais não precisam ser considerados.
– A energia envolvida é apenas cinética de translação.
• Quais são os níveis de energia disponíveis para
uma partícula em uma caixa de volume V?
ˆ =−  2
ˆ ˆ 0 , r na caixa de dimensões a,b,c
H pˆ 2 + V(r) V(r) = 
2m ∞, fora da caixa
π2  2  k12 k 22 k 32  πk1x πk 2 y πk 3z
E=  + +  ψ k1k 2 k 3 ( x, y, z ) = Csen sen sen
2m  a 2 b 2 c 2  a b c
π2  2 2 π2  2 2
Se for um cubo: a=b=c e E=
2ma 2 ( 2 2
)
k1 + k 2 + k 3 =
2ma 2
k

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• Estados são degenerados:
Energia Combinação de k1, k2 e k3 degenerescência

3E1 (1,1,1) 1

6E1 (2,1,1) (1,2,1) (1,1,2) 3

9E1 (2,2,1) (2,1,2) (1,2,2) 3

11E1 (3,1,1) (1,3,1) (1,1,3) 3

12E1 (2,2,2) 1
(3,2,1) (3,1,2) (2,3,1) (2,1,3) (1,2,3)
14E1 6
(1,3,2)

π2  2 2 π2h 2
E=
2ma 2
(
k 1 + k 2
2 + k 2
3 = E1)
k 2
E1 =
2ma 2
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• Como cada estado tem um grau de
degenerescência diferente, a
probabilidade intrínseca gi de cada nível Ei
será diferente. Níveis com maior grau de
degenerescência devem ter maior
probabilidade intrínseca.

• Como determinar a gi ? Ou, como


determinar o grau de degenerescência de
cada nível?
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• Vamos considerar primeiro que a ‘caixa’ que contém os
átomos do gás é muito grande (comparada com as
dimensões atômicas ou com a distância média entre os
átomos).
• Se a é grande, o espaçamento entre os níveis diminui, já
que E1 depende de a-2.
• Os níveis podem ser considerados, em primeira
aproximação, como um contínuo.
• Devemos então contar o número de estados existentes num
intervalo dE.
• No ‘espaço dos momentos’, podemos considerar os
números quânticos k1, k2 e k3, como coordenadas que
variam continuamente. No espaço dos momentos, só temos
o octante dos x, y e z positivos , já que os k’s são inteiros
positivos.
• Cada tríade (k1, k2 e k3) representa um estado.
• Como a energia depende somente do módulo do vetor k, ou
seja, E∝∝k2, todos os estados na calota esférica de raio k
terão a mesma energia e todos os estados dentro do volume
do octante positivo da esfera terão energia entre 0 e E.
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• A quantidade de estados k3

entre 0 e E é: E=
π2  2
k 2
2
2ma
3

1  4 3  π  2ma  2 2

N ( E ) =  πk  =  2 2 E  k2
8 3  6 π  
3
k1
Como V=a ,vem:
3
π  2mE  2 V 8πV 1

( )
3
N (E) = V  2 2  = ( ) 2 3 2 3
2mE = 2m E 2

6 π   6πh3 3h 3

dN
A densidade de estados g(E)= , é então:
dE
1

g (E) =
4πV 2m ( 3
) 2

E
1
2

h3
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Voltando então ao ∞
nosso ‘gás ideal ( -E )
Z= ∫ e kT g(E)dE
monoatômico’ e
0
calculando a função
de partição Z: 4πV 2m 3 ∞
( -E )

1
kT
Z= 3
E e dE
2

∫x e
0
2 −α x 2
dx =
1 π
4 α3
h 0
1
Fazendo: x 2 = E α =

4πV 2m3 1
kT
2 xdx = dE 3

∫ Ee
(
− E
kT

) dE = 2 x 2 e−α x dx = 2 × 1

2 π Z= 3
× π ( kT )
0

=
1
0

π ( kT )
3
4 α3
h 2
2
3

Função de partição de um
V ( 2πmkT ) 2

gás ideal monoatômico em


Z= 3
função do volume do gás e h
da temperatura
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• Energia média E=kT 2
( lnZ )
por molécula: ∂T
 
3

E=kT 2 ∂
 ln
V ( 2πmkT ) 2


∂T  h 3

 
∂  3 
E=kT 2  lnC+ lnT 
∂T  2 
31
E=kT 2
2T
3
E= kT
2

IntroMecEst – Mário E G Valerio – 2007/2


• A energia média por molécula de um gás ideal
depende diretamente da temperatura.
• A energia média só depende da T e não depende do
volume!
• Esta expressão na verdade foi proposta inicialmente
no século 19, em conexão com a teoria cinética dos
gases, e é a partir dela que pudemos relacionar β
com T!
• A energia total do gás de N átomos é então:
U=NE= 32 NkT
• Se η é o número de mols do gás e NA=6,022x1023, o
número de Avogadro, podemos escrever:
U= 32 ηN A kT= 32 ηRT
onde R=N A k é a constante universal do gases.
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• Quem é “n(E)”?
• Como E é contínuo, calculamos dn, o número
de átomos do gás com energia E e E+dE:
N ( -E )
dn= g ( E ) e kT dE
Z
1

dn=
N 4πV 2m( 3
) 2

(1-E )
E e kT dE
2

Z h3
3
V ( 2πmkT ) 2

como Z= 3
, podemos escrever:
h
1

dn
=N
h 3 4πV 2m ( 3
) 2
1 ( -E )
E e kT
2
3
dE V ( 2πmkT ) 2 h3
dn
=
2πN 1 ( -E )
kT
3 E e
2

dE ( πkT ) 2

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• Como testar se a distribuição de
Maxwell-Boltzmann é um bom modelo
para ‘gases ideais’ reais?
• Podemos verificar se a distribuição da
densidade de partículas em função de E
representa a realidade
• Um teste indireto pode ser feito comparando a velocidade
de reação química entre duas substâncias em diferentes
temperaturas.
– Considerarmos que a reação ocorre somente se os átomos dos
gases se chocarem com uma determinada energia, acima do limiar
Ea.
– A velocidade de reação a uma dada temperatura vai depender da
fração de átomos que tem energia maior do que Ea.
– Notamos que existem mais moléculas com E>Ea para T mais alta.
– Podemos calcular então a dependência da velocidade da reação
em função de T, estimando o número de reações que depende da
área sob a curva dn/dE.
– Resultados teóricos concordam muito bem com os experimentais
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• Outra forma é usar o arranjo experimental
chamado de ‘seletor de velocidades’

• Os átomos que passarão pelos dois discos


cortadores terão velocidade v=sω/θ ± ∆v, onde o
∆v depende do tamanho dos dois rasgos feitos
nos discos.
• Qual é a distribuição esperada das velocidades
dos átomos?
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dn dn dE dn
= =mv
dv dE dv dE
1
dn
=mv •
2πN 1 2 ( 2
- mv
2
2kT )
3  2 mv  e
dv ( πkT ) 2  
3
 m  2 ( )
2 2
dn - mv
2kT
=4πN   ve
dv  2πkT 
• Os valores medidos no detector então podem ser
comparados diretamente com a curva da figura
para diferentes T.
• Esta idéia é usada em reatores nucleares para se
obter um feixe monoenergético de nêutrons.
– Porque a estatística de M-B vale para nêutrons?

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3

• Exemplo 10.7 (pg  m  2 ( )


2 2
dn - mv
2kT
=4πN   ve
dv  2πkT 
467)
dn 2πN 1 ( -E )
– Calcular os valores
kT
= 3 E e
2

dE ( πkT ) 2
em T ambiente !!!

• Exemplo 10.8 (pg


467)

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