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Física Quântica

Aula 04

Experimentos Corroborando
a Física Quântica dos átomos

Alex Gomes Dias

2 de março de 2016

Física Quântica
• A teoria de Bohr não permite o tratamento de átomos com mais de um

elétron, e também não pôde dar conta de certas propriedades reveladas pelos

experimentos. O modelo de Bohr foi superado com o desenvolvimento da

Mecânica Quântica. No entanto, a essência dos postulados permanece na

formulação da Mecânica Quântica.

O modelo atômico atual resulta da Mecânica Quântica.

• H. Moseley (1913) realizou um experimento em que se investigou a estrutura

atômica por meio do espectro de raios-X de átomos bem mais pesados que

o hidrogênio. Observa-se que há uma dependência do quadrado da carga do

núcleo, qnúcleo = Z | e |, em

!2
2
me Ze 1
En = −
2 4π0~ n2

Consequentemente, a raiz quadrada da frequência da luz emitida numa transição

de um elétron do átomo deve ter uma relação linear com Z

!2 
2
En − Em

me Ze 1 1
νn,m = = − 2
h 2 4π0~ m2 n
 s 
2  
1
2
e me 1 1
⇒ νn,m =Z× 2
− 2 
4π0~ 2 m n

Assim, observando os fótons advindos de transições especícas ( m e n) xos


1
deve-se constatar uma relação linear entre ν 2 e Z.

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• A interpretação dos resultados do experimento é feita considerando que os

elétrons nos átomos são distribuídos de forma a ocupar as órbitas permitidas

de menor energia, partindo de n = 1.

Fig. adaptada do livro de Tipler.

• O experimento constituiu em bombardear com elétrons substâncias de vários

elementos, partindo do alumínio ( Z = 13) até o ouro ( Z = 79). O fato

de se começar com Z = 13 é que as energias de ligação elétrons- núcleo

nesses casos passam a permitir a emissão de raios X nas transições atômicas.

A energia do fóton emitido numa transição n→m num átomo formado por

um núcleo com carga Ze mais um elétron é

 
2 1 1
Eγ = 13, 6 × Z − eV & keV
m2 n2
para m = 1, (2) e n > m

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Após ser acelerado o elétron colide e remove um elétron de uma dada camada do

átomo, criando uma lacuna. Um elétron de uma camada mais exterior transita

para ocupar a lacuna deixada pelo elétron ejetado, o que resulta na emissão de um

raio x. O espectro dos raio x emitidos revela a estrutura atômica.

Fig. adaptada do livro de Tipler.

• A constatação foi que as curvas obtidas se ajustavam a equação

1
ν 2 = An (Z − b)

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Fig. do livro de Tipler.

Os dois tipos séries, K e L, presentes nesse gráco são:

Séries do tipo K têm b=1

Kα são as linhas de transição de n=2 para m = 1.

Kβ são as linhas de transição de n=3 para m = 1.

O fato é que para um elemento de número atômico Z as séries do tipo

K se ajustam quando se coloca Z−1 na fórmula para a frequência de Bohr

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correspondente (como o núcleo é muito pesado em relação ao elétron a massa

reduzida é tal que µ ≈ me)

!2
2  
me e 2 1
νn,1 = (Z − 1) 1 − 2
4π~3 4π0 n
2 2
= An (Z − 1)

e para essas séries,

!2 
2 
2 me e 1
An = 1− 2
4π~3 4π0 n

Portanto, para a linha Kα (transição de n=2 para m = 1)

1
2
ν2,1 = A1 (Z − 1)

1 A21 2
= (Z − 1)
λ2,1 c

O fato de se ter Z − 1, b = 1, é explicado pela blindagem devida a


i. e.

um elétron restante na camada n = 1. A carga efetiva sentida pelo elétron que

transita para ocupar a lacuna deixada pelo elétron ejetado é Z − 1.

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Fig. adaptada do livro de Tipler.

Disso se concluiu que, para átomos com mais de um elétron, a camada

n=1 é ocupada por dois elétrons.

Séries do tipo L têm b = 7.4.

As linhas dessas séries resultam da transição ( n → m = 2) de um elétron

de de uma camada n≥3 para a camada m = 2.

Fig. adaptada do livro de Tipler.

- Lα são as linhas de transição de n=3 para m = 2.

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- Lβ são as linhas de transição de n=4 para m = 2.

- Lγ são as linhas de transição de n=5 para m = 2.

O fato de se ter b>1 nessa série observada é porque a carga nuclear sofre

uma blindagem maior devido a elétrons restantes nas camadas de n = 1 e n = 2.


O valor de b extraído da experiência indica que a carga do núcleo é nesse caso

blindada por mais elétrons.

 
2 1 1
νn,2 = cR∞ (Z − 7.4) − 2 , n≥2
22 n

• O trabalho de Moseley foi uma notável contribuição para a organização dos

elementos químicos na tabela periódica (veja livro de Tipler cap. 4). Os

elementos a partir do alumínio até o ouro foram caracterizados pelo número

atômico Z, em concordância com as propriedades químicas. Moseley também

previu a existência de elementos que faltavam, seguindo a regularidade de seus

resultados. O promécio, Z = 61, é um exemplo.

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Figura do livro P. A. Tipler, R. A. Llewellyn, Física Moderna. Em (a) os dois

pares das linhas Kα e Kβ do neodínio (Z=60) e samário (Z=62). Em (b) as

linhas Kα e Kβ do promécio (Z=61), elemento previsto pelo trabalho de Moseley

e depois conrmado. (c) as linhas Kα e Kβ dos três elementos juntos.

• Os elétrons nos átomos ocupam orbitais rotulados por:

- número quântico principal n, referente ao estado de energia,

- número quântico l, referente ao estado de momento angular.

Tais números são denidos pela solução equação de Schrodinger. Existem

ainda outros números quânticos como veremos.

n\l l=0 l=1 l=2 ...

n=1 1s (2 elétrons)

n=2 2s (2 elétrons) 2p (6 elétrons)

n=3 3s (2 elétrons) 3p (6 elétrons) 3d (10 elétrons)


..
.

Tabela 1: n e l para os orbitais atômicos.

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Experimento de Franck-Hertz

Outro experimento de conrmação dos níveis atômicos de energia foi realizado

por J. Franck e G. Hertz.

• O tubo é preenchido com vapor de mercúrio.

• Elétrons emitidos pelo cátodo C podem ser coletados em P , estabelecendo


uma corrente I que pode ser medida em função de V0 em P que é mantido a
um potencial V = V0 − ∆V com ∆V /V0  1.

Fig. do livro de Tipler.

• A grade, mantida a voltagem V0 em relação a C, coleta os elétrons que ao

realizar colisões perdem parte de sua energia cinética.

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• O que se observa é uma queda acentuada na corrente quando a voltagem atinge

o valor crítico V0 = 4.9 V .

Fig. do livro de Tipler.

Os elétrons acelerados têm energia cinética suciente para numa colisão inelástica

fazer com que o átomo saia estado fundamental (primeiro nível de energia) indo

para o primeiro estado excitado. Isso ocorre para energia de 4.9 eV . De fato,

é observado a emissão de fótons, vindos do tubo, com comprimento de onda

compatível com essa energia e resultantes da volta do átomo para o estado

fundamental, quando o potencial é tal que V0 ≥ 4.9 eV .

• As demais quedas na corrente ocorrem a partir de múltiplos inteiros da tensão

4.9 V porque o elétron pode ser acelerado novamente e adquirir energia

cinética suciente, a medida que a tensão é aumentada, para realizar mais

colisões inelásticas com os átomos. O mercúrio pode também levado ao

segundo estado excitado nas colisões com os elétrons mas o efeito disso não é

mostrado na gura.

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