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4302401 – Mecânica Estatística

Gás Ideal Monoatômico

Referências: Reif, Sec. 2.5


Salinas, Sec. 4.4
Gás Monoatômico: Movimento Translacional

– Segundo a Mecânica Quântica, os níveis


de energia (cinética) da partícula, movendo-
se em uma dimensão, serão:

~2 ⇡ 2 2
En = 2
n , n = 1, 2, 3, · · ·
2mL

– A separação entre níveis de energia vizinhos será:

~2 ⇡ 2 2
En = En+1 En = [(n + 1) n2 ] =
2mL2
~2 ⇡ 2
= (2n + 1)
2mL2
– Para o hélio (4.00 g/mol), a constante que caracteriza a
quantização do movimento translacional, em um recipiente com L =
2.0 mm, é dada por:
~2 ⇡ 2 36
2
⇡ 2.1 ⇥ 10 J
2mL

– A temperatura de liquefação do He à pressão ambiente é T ≈ 4K. A


energia média por partícula é ~ kBT. Assim, a 4K:
23
kB T ⇡ 5.5 ⇥ 10 J
23 En
6 7
En ⇡ 5.5 ⇥ 10 J =) n ⇡ 5.1 ⇥ 10 =) ⇡ 3.9 ⇥ 10
En
– Mesmo para um gás com átomos leves, em temperatura muito
baixa, e confinado em 8 mm3, a quantização da energia translacional
é quase imperceptível. Nesse sentido, o gás monoatômico em
condições ambientes é um sistema clássico (energia é uma variável
contínua), mesmo em nível microscópico.
Gás Monoatômico: Número de Microestados

– Sistema Clássico. Estado caracterizado pelas coordenadas


canônicas das partículas (coordenadas e momentos generalizados,
{qi}, {pi}).
Mh0 = volume no espaço de fases
q p = h0 z }| {
M h0
p q ⌦ = = M
h0
p – Em geral, sendo V o volume no
espaço de fases:
⌦ / V
q – Limite contínuo com energia entre
E e E + δE:
⌦(E) = ⇢(E) E
Gás Monoatômico: Número de Microestados

– Energia. Por definição, no gás ideal não interações entre as


partículas (átomos):
XN 2 XN  XN X 3
pi 1 2 2 2 1 2
E= = (pix + piy + piz ) = pi↵
i=1
2m i=1
2m i=1 ↵=1
2m

– Gás monoatômico com volume V energia entre E e E + δE:

i) As posições dos átomos (ri) variam independentemente no volume


V do gás (não confundir com o volume V do espaço de fases):
Z
d3 ri = V , 8 i = 1, · · · , N
ii) As componentes Cartesianas de momento linear (piα) estão
restritas a uma casca hiperesférica (3N-dimensional), entre os raios
R = (2mE)1/2 e R’ = [2m(E+δE)]1/2. A figura abaixo ilustra o caso
bidimensional (1 partícula em 2 dimensões): piy

N X
X 3
2mE = p2i↵
i=1 ↵=1

E pix
– Número de Microestados:
E+ E
N
= V ⇥ V ··· ⇥ V = V
zZ }| Z { Z Z
⌦(E) / V = d3 r1 · · · d3 r N d3 p 1 · · · d3 p N
| {z }
N X
X 3
em 2mE  p2i↵  2m(E + E)
i=1 ↵=1
Z Z
⌦(E) / V N d3 p 1 · · · d3 pN ⌘ V N (E)
| {z }
N X
X 3
em 2mE  p2i↵  2m(E + E)
i=1 ↵=1

– χ(E) é o volume de uma casca hisperesférica 3N-dimensional.


Esse problema é tratado por Salinas no Apêndice A.4. Serão aqui
apresentados argumentos que podem ser demonstrados com rigor.

– Sendo V(n) o volume de uma esfera n-dimensional e S(n) a área


superficial de uma esfera de raio unitário n-dimensional.
Exploremos os casos conhecidos n = 2 e n = 3:

Z R Z 2⇡
V (2) = r dr d = ⇡R2
0
| 0 {z }
S (1)
Z R Z 2⇡ Z ⇡
(3) 2 4⇡ 3
V = r dr d sen✓ d✓ = R
0 3
|0 0
{z }
S (2)
Z R
– Em geral: V (n) = dr rn 1
S (n 1)
= Cn R n
0 | {z }
S (n 1) =nC
n

V (n) = Cn n Rn 1
R

– Sendo R = (2mE)1/2 e n = 3N na situação de interesse:

V = C3N (
3N (2mE) 2
3N 1
2 )VN [(2mE)1/2 ]
| {z }
1
(2m)1/2 E 1/2
E
2

3N C3N 3N
( 3N
1)
⌦(N, V, E) = 3N
(2m) 2 E 2 VN E
2 h0
Z
– Para obter o coeficiente Cn, R
é necessário avaliar S(n–1): V (n) = dr rn 1
S (n 1)
= Cn R n
0

– Integral Gaussiana em 2 dimensões, G(2):


Z 1 Z 1 Z 2⇡ Z 1
2 2
(2) (x +y ) r2
G = dx dy e = d re dr
1 1
| 0 {z } 0

S (1)

– Integral Gaussiana em 3 dimensões, G(3):


Z 1 Z 1 Z 1
(3) (x2 +y 2 +z 2 )
G = dx dy dz e =
1 1 1
Z 2⇡ Z ⇡ Z 1
2 r2
= d sen✓d✓ r e dr
|0 0
{z } 0

S (2)
– Integral Gaussiana em n dimensões, G(n):
Z 1 Z 1 Z 1
(n) (x21 +x22 +···+x2n )
G = dx1 dx2 · · · dxn e =
1 1 1
Z Z
1
n 1 r 2
(n 1) 1 ⇣ n ⌘ (n 1) n
= dr r e d⌦ = S = ⇡ 2
2 2
|0 {z } | {z }
representação de (½)Γ(n/2), S (n 1)

onde Γ(x) é uma função


especial bem conhecida
(generalização do fatorial para
argumentos não inteiros)

n 3N
(n 1) 2⇡ 2 ⇡ 2
S = ⇣ n ⌘ = nCn C3N = 3N
2 !
| {z2 }
n (n) = n!

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