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Assim temos que a força exercida pelas partículas com velocidade vx vale
dpx
F (vx ) = = 2nv mvx2 A: (3)
dt
Como é comum nos processos de muitas partículas, não devemos imaginar que
nenhum ente do sistema tenha precisamente uma velovidade vx , mas sim que
um certo número de entidades tenha sua velocidade entre vx e vx + dvx . Sendo
(vx ) dvx o número de partículas com velocidade entre vx e vx + dvx temos
1
nv = (vx ) dvx ; (4)
V
com isso
1
F (vx ) = 2m A (vx ) vx2 dvx ;
V
a força total vale
Z 1 Z 1
1 1
F = 2m A ( (vx )) vx2 dvx = m dA ( (vx )) vx2 dvx : (5)
V 0 V 1
temos
Z 1
1 N 2
F = 2m A ( (vx )) vx2 dvx = m vx A = mn vx2 A
V 0 V
onde n = N=V é a densidade de partículas. Assim, a pressão exercida no
elemento A vale
P = nm vx2 : (7)
1
No equilíbrio a pressão em todo a parede é a mesma e podemos escrever apenas
P = nm vx2 : (8)
com isso,
1 2 D m 2E 2 1
P = nm v 2 = n v = n hEk i ; Ek = mv 2 ; (10)
3 3 2 3 2
ou ainda
2N 2
P = hEk i ) P V = N hEk i : (11)
3V 3
O ponto é que desejamos que este modelo descreva um gás ideal (ou um gás
monoatômico em baixa pressão), com isso, devemos ter
P V = nRT ; (12)
N R
PV = RT = N KT ; K = ; (13)
NA NA
com K a constante de Boltazman. Com isso,
2 2 1
N hEk i = N KT ) T = hEk i : (14)
3 3K
Ou seja, a temperatura depende apenas da média da energia cinética.
Mais ainda, como as moléculas que constituem nosso gás não têm estrutura
interna (uma das aproximações), toda a sua energia é cinética. Com isso, a
energia interna do nosso gás vale
3
U = N hEk i = N KT ; (15)
2
2
ou ainda
U 3
u= = KT = u (T ) ; (16)
N 2
que depende apenas da temperatura. O que é consistente com a nossa
de…nição anterior de gás ideal.
Observe que um dos principais elementos desse desenvolvimento foi a pressão.
E essa, por sua vez, é determinada pelo momento transferido para as paredes.
Uma energia que não pode ser transferida para a parede (na forma de mo-
mento) simplesmente não contribui para a pressão. Ou seja, essa energia não
está atrelada a variável termodinâmica P . Num sistema P V T essa energia não
contabiliza para a energia interna. Ou seja, quando falamos “energia interna”
queremos dizer “energia interna termodinâmica” e não qualquer energia que
possa estar dentro do sistema. Por exemplo, a energia de ligação dos elétrons
com os núcleos (que é uma energia interna do sistema) não está sendo consid-
erada. Por outro lado, se a temperatura for grande o su…ciente para excitar os
átomos, então essa energia passa a contribuir para a energia interna termod-
inâmica. Por exemplo, você pode ter um átomo praticamente parado perto da
parede (praticamente sem energia cinética), mas num estado excitado pelo am-
biente. Mesmo “parado” esse átomo pode decair emitindo uma radiação (um
fóton) que transferirá momento para a parede (contribuindo com a pressão).
Nesse caso vemos que há um acoplamento entre a energia cinética (das enti-
dades) e a energia de ligação. Quando há esse acoplamento, a energia passa a
contribuir para a energia interna (termodinâmica). Obviamente o sistema desse
exemplo não é mais apenas um gás monoatômico, mas um sistema composto de
átomos com radiação.
Como resultado o modelo microscópico foi capaz de nos dar uma expressão
para a energia interna (o que a termodinâmica não pode fazer),
2 2
PV = N hEk i ) P V = U:
3 3
Remark 3 O resultado acima não pode ser obtido apenas com postulados ter-
modinâmicos. A termodinâmica a…rma apenas que U existe.
Problem 4 Como testar este resultado, se não temos como ver, ou medir, a
energia cinética de cada partícula?
dU = P dV : (17)
dU = P dV ; (19)
3
temos
2
P dV + V dP = ( P dV ) (20)
3
2
1+ P dV + V dP = 0 (21)
3
51 1
dV = dP (22)
3V P
5
d ln (V ) + d ln (P ) = 0 (23)
3h i
5
d ln V 3 + ln (P ) = 0 (24)
h 5
i
d ln P V 3 =0; (25)
com isso,
5
PV 3 = C0 : (26)
Lembrando que, para um processo adiabático,
PV =C ; (27)
com
Cp
= ; (28)
CV
podemos veri…car a veracidade do nosso modelo microscópico através das quan-
tidades mensuráveis Cp e CV . Efetivamente, medidas experimentais de CP =CV
para gases monoatômicos em baixa pressão fornecem
Cp 5
= (> 1) : (29)
CV 3
Assim, medidas experimentais de quantidades termodinâmicas comprovaram
a teoria microscópica.