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CAP.

18: PROPRIEDADES TÉRMICAS E MOLECULARES DOS GASES


Neste capítulo estudaremos o comportamento macroscópico e
microscópico dos gases ideais. Compreende o resultado dos estudos de Boyle-
Mariotte(isotérmico, sec. XVII), Charles(isobárico, sec. XVIII),
Lussac(isocórico, sec. XVIII) e Clausius-Clapeyron(sec. XIX).
A matéria pode se apresentar na forma sólida, líquida ou gasosa.
Sólidos: têm forma e volumes definidos;
Líquidos: têm volume definido, mas não forma definida;
Gases: Não têm forma, nem volume definidos.
Gases são substâncias cujas moléculas se movem mais rapidamente que
as moléculas dos estados sólido e líquido da mesma substância. No modelo do
gás ideal, o gás é formado por um número N muito grande de moléculas, todas
de mesma massa m, movendo-se com velocidades altas(~1700 km/h), chocando-se
umas com as outras ou com as paredes do recipiente por meio de colisões
elásticas e com um volume muito pequeno em comparação ao volume V do
recipiente que as contém.
EQUAÇÕES DE ESTADO DO GÁS IDEAL
Considere 1 mol de um gás ideal no interior do recipiente abaixo:

A pressão P é o resultado dos choques das moléculas do gás com as paredes


internas do recipiente.
O volume V é o espaço interno do recipiente disponível para as moléculas.
A temperatura T é uma medida da agitação térmica das moléculas desse gás.
A experiência mostra que:
T P .V
P~ → =constante
V T
P. V
=R
T
Nas Condições Normais de Temperatura e Pressão(CNTPs), a pressão P,
o volume V e a temperatura T assumem os valores:
P=101325 Pa
{ V =22,413 L
T =273,15 K
Com isso encontramos o seguinte valor para a constante R, conhecida
como constante geral dos gases,
R=8,314 J / mol . K
Constante geral dos gases
Assim o volume V de 1 mol do gás fica dado por:
R.T
V=
P
Para n moles do gás esperamos que V seja,
R .T
V =n. ( )
P
Segue, portanto:
P .V =n. R .T
Equação de Clausius−Clapeyron
Considerando que n=m/M, temos que,
m
P. V = ( )
M
.R.T
m P. M
=
V R .T
P. M
ρ=
R .T
Densidade volumétrica de massa do gás
Suponha que esse gás passe por um processo que o leva desde o estado
inicial (1) ao estado final (2):

Considerando que nenhum gás escapa do recipiente então:


n1 =n2
P1 V 1 P2 V 2
=
R T1 R T2
P 1 V 1 P2 V 2
=
T1 T2
Equação Geral dos Gases
Juntas essas equações descrevem o comportamento dos gases ideais
quando passam por transformações que os levam de seu estado inicial ao seu
estado final.
BASES PARA O MODELO CINÉTICO
Nessa abordagem a matéria é formada por um número de muito grande de
átomos (diâmetro da ordem de 10-10 m) que se unem e formam as moléculas (as
maiores têm diâmetro da ordem de 10-6 m). Essa interação coulombiana que
formam as moléculas é denominada de força molecular e atua entre os átomos
da molécula.
Mol e Número de Avogadro
Mol significa quantidade de átomos presentes em 12 g de carbono 12.
O número de moléculas em um mol é denominado de número de Avogadro N A, cujo
valor é,
NA = 6,022.1023 moléculas/mol
Número de moléculas e massa molar
De um modo geral, o número de moléculas N é dado por N=n.NA. De
modo análogo, a massa molar é a massa em um mol de qualquer substância.
Assim M=mi.NA, onde mi é a massa de cada molécula. Assim a massa presente
em n moles de uma substância é mt=n.M ou mt=mi.N.
MODELO CINÉTICO MOLECULAR DO GÁS IDEAL
Nesse modelo o gás é formado por um número N muito grande de
moléculas, todas de massa m, puntiformes, que estão em constante movimento,
sofrendo colisões perfeitamente elásticas que se movem no interior de um
recipiente de paredes rígidas, de volume V. A pressão é P e a temperatura
do gás é T.
EQUAÇÕES DO MODELO CINÉTICO
Considere uma molécula movendo-se com
velocidade v que vai colidir com a parede num
tempo dt,
O momento linear ⃗ p é uma grandeza
vetorial definida por:
p x =mv x
⃗p =m ⃗v →
{ p y =mv y
p z =mv z
A variação do momento linear é dp=pf-pi.
dp x=2mv x
Num sistema real, temos várias moléculas
que colidirão com a parede. Observe a figura
abaixo:

1 N
Total de choques= ( )( )
2 V
.( A . v x . dt )
Assim a variação total do momento linear será:
1 N
dp x =
[( )( )
2 V ]
( A . v x . dt ) (2 mv x )
Pelo Teorema do Impulso-Momento Linear, temos que:
dp x N N
dt
= ( )
V
2
( A . m . v x )→ F=
V ( ) 2
( A . m . v x)
Como P=F/A, segue que:
N
P= ( )
V
2
(m. v x )
Essa é a pressão produzida pela componente x da velocidade. O vetor
velocidade tem módulo dado por v2=vx2+vy2+vz2. Como as moléculas se movem
muito rapidamente e têm massa muito pequena, podemos desprezar efeitos
gravitacionais e assumir que as componentes vx, vy e vz são iguais entre si.
Assim,
2
2 2 v 2
v =3 v →v =
x x
3
Logo,
2 2 2
N mv 2 N mv 2 mv
P=
V 3
→ P=
3V 2 ( )
→ PV =
3
N
2 ( )[ ]
2
PV = K tr
3
2
mv
Onde K tr = N é a energia cinética de translação total de todas as
2
moléculas do gás. Comparando com a equação do gás ideal, PV=nRT e
N=n.NA, temos que,
3 3
K tr = nRT (Para n moles) K tr = Nk B T (Para N moléculas)
2 2
Esse resultado é surpreendente, pois mostra que a energia cinética
de translação das moléculas do gás é diretamente proporcional à temperatura
do gás, uma informação antecipada no Capítulo 17 e que agora está mostrada
que realmente era assim.
A constante kB é chamada de constante de Boltzmann, cujo valor é
R 2
k B=
−23
→ k B=1,381.10 J /molécula . K . Como PV = K e N=n.NA,
NA 3 tr
segue que a Equação de Clausius-Clapeyron no Modelo Cinético assume a
forma:
PV =nRT (Por mol) PV =Nk B T (Por molécula)
Velocidade ao quadrado média, por mol e por molécula:
1 3 1 2 3
Mv2m= .1 . R .T (n=1 mol) mv = .1 . k B T (N=1 molécula)
2 2 2 m 2
2 3 RT 2 kBT
vm= (Por mol) vm= (Por molécula)
M m
Velocidade quadrática média, por mol e por molécula:
Essa velocidade é representada por vqm e é definida por:
2
v qm= √ v m
3 RT 3 kB T
vqm=
√ M
(Por mol)

Onde m é a massa de cada molécula e


vqm=
M
√ m
(Por moléculas)

a massa por mol(massa molar ou peso


molecular).
CALOR ESPECÍFICO MOLAR A VOLUME CONSTANTE
Suponha que temos n moles de um gás ideal monoatômico no interior de
um recipiente de volume constante. Fornecendo um calor dQ a esse gás,
esperamos que esse calor produza um aumento dKtr na energia cinética de
translação do gás. Assim:
dQ=dK tr
3
n . C V . dT = n . R . dT
2
3R J
CV = → C V =12,47
mol . K
2
(Gás Monoatômico )
Generalizando temos os seguintes valores de CV:
5R J
CV = → C V =20,785
mol . K
2
(Gás Diatômico)
7R J
CV = → C V =29,099 mol . K
2
(Gás Poliatômico)
J
C V =3 R → C V =24,942 mol . K
(Sólidos)
Esses valores informam o calor necessário que cada mol do gás deve
receber para aumentar sua temperatura em 1 K.
FASES DA MATÉRIA
A matéria pode se encontrar na fase sólida, líquida e gasosa e pode
passar por transições de fase. Num diagrama PxT, a maioria das substâncias
se comporta como no diagrama abaixo:
Identificamos nessa figura
as curvas de fusão, vaporização e
sublimação. O ponto triplo(PT)
corresponde aos valores da
pressão e temperatura nos quais a
substância se encontra nas três
fases simultaneamente. Veja
Tabela 18-3 do livro texto.
Analisando essa tabela, podemos
concluir que o CO2 quando exposto
às CNTPs passa do estado sólido
para o estado gasoso(sublimação).
O ponto crítico(PC) é aquele a
partir do qual a substância não
varia mais de fase, mesmo
submetida a valores maiores da
pressão e temperatura. Esse diagrama para a água se difere apenas pela
curva de fusão estar mais deslocada à esquerda.
Notas de aulas preparadas pelo professor Josevi Carvalho, tomando por base
o capítulo 18, volume 2, do livro Sears e Zemansky, Editora Pearson, 14 a
Edição, 2016.

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